No Espírito Santo, se faz saúde e inovação: livros descrevem ações para superar as crises

12/21/2022 1:05 p.m.
News image

 

No Espírito Santo, se faz saúde e inovação: livros descrevem ações para superar as crises, com produção de conhecimento e desenvolvimento tecnológico.

 

Livros lançados nesta terça-feira, dia 20/12/2022 apresentam estudos e pesquisas sobre o sistema estadual de saúde no Espírito Santo que mobilizaram aproximadamente 250 trabalhadores e especialistas nos anos de 2021 e 2022.

 

A Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, por meio do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPI), em parceria com a Associação Rede Unida e da Organização Panamericana da Saúde (OPAS), lança nessa terça-feira, dia 20 de dezembro de 2022, seis livros originados de manuscritos feitos no Sistema Único de Saúde do Espírito Santo (SUS ES). O lançamento materializa um esforço do sistema estadual de saúde em refletir sobre o trabalho realizado nos últimos anos, a sistematização das inovações e tecnologias desenvolvidas no estado e, também, o compartilhamento das iniciativas, como ação solidária com trabalhadores e trabalhadoras da atenção, da gestão e do ensino, que fazem o SUS no cotidiano, de mãos dadas com a defesa da vida e das melhores evidências da ciência.

O primeiro livro lançado, intitulado “Inovações na Gestão em Saúde e a Resiliência do SUS: a experiência capixaba na resposta à Covid-19”, organizado por Adriano Massuda e Elisandréa Sguario Kemper, contém estudos sobre a resposta do SUS ES à pandemia que foram elaborados por especialistas de renome internacional.

Cinco livros completam a publicação dos manuscritos selecionados da Chamada Pública nº 01/2021, que mobilizou o sistema estadual de saúde do Espírito Santo, tendo como resultado 68 artigos de trabalhadores e trabalhadoras de serviços, sistemas municipais, secretaria estadual, movimento sociais. No livro “Aprendizagem significativa para desenvolvimento dos sistemas locais de saúde: a experiência da inovação-formação em serviço do Espírito Santo”, organizado por Italo dos Santos Rocha, Fabiano Ribeiro dos Santos, Quelen Tanize Alves da Silva e Alcindo Antônio Ferla, onze capítulos resultam da produção de aproximadamente 50 autores do cotidiano do sistema estadual de saúde. São relatadas e analisadas as experiências de formação de trabalhadores para o desenvolvimento e inovação da saúde no estado. Leitura fundamental para interessados no tema da inovação na saúde, ensino da saúde e desenvolvimento do trabalho na saúde. Para os organizadores, os capítulos selecionados para o livro permitem compreender a aposta da gestão estadual de “colocar a educação permanente em saúde como catalisadora de uma política de saúde na construção de processos disruptivos com os modelos hegemônicos de cuidado em saúde. A ruptura aqui é superação responsável, sem descontinuar o cuidado e a produção de redes de atenção nos territórios”. Nas experiências, “a educação permanente disputa pela atualização cotidiana das práticas e, ao mesmo tempo, insere-se na construção de relações e processos que vão do interior das equipes em atuação conjunta às práticas organizacionais e às práticas interinstitucionias e/ou intersetoriais; implicando políticas públicas que contemplam o conceito ampliado de saúde”, segundo os organizadores.

Por sua vez, o livro “A pandemia e os territórios capixabas: encontros e inovação na produção de saúde”, organizado por Fabiano Ribeiro dos Santos, Italo dos Santos Rocha, Quelen Tanize Alves da Silva e Alcindo Antônio Ferla, que também é composto por 11 capítulos, mobilizou mais de 50 autores e autoras com iniciativas de enfrentamento à pandemia no Espírito Santo. As experiências analisadas apresentam iniciativas em diferentes territórios, mas, segundo os organizadores, o que chama mais a atenção é que as experiências aparecem no livro “como reflexão densa, como metodologia ou tecnologia formulada a partir da reflexão sobre a experiência”, ou seja, “o que o conjunto de textos apresenta é a ação propositiva da gestão, embasada nas orientações técnicas, nas recomendações da ciência e na sistematização de evidências no cotidiano do território”. Para os organizadores, a “descentralização da gestão no Sistema Único de Saúde (SUS) fala da construção de capacidade de decidir as melhores ações necessárias em cada território. Particularmente em relação à gestão estadual, sempre uma incógnita nas análises sobre a organização do SUS, temos aqui um protagonismo que se faz num trabalho colaborativo com os gestores municipais e com uma primorosa equipe de trabalhadores na gestão, na atenção à saúde, nos territórios e na produção de inovações no ensino e no cotidiano do trabalho”.

O livro “Gestão do trabalho nas redes de saúde: aprendizagens no desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no Espírito Santo”, teve organização de Fabiano Ribeiro dos Santos, Italo dos Santos Rocha, Jaqueline Miotto Guarnieri e Virgínia de Menezes Portes, é composto por 14 capítulos e envolveu 56 autores. No livro “Redes intersetoriais e a produção de saúde: percursos no território capixaba”, organizado por Fabiano Ribeiro dos Santos, Italo dos Santos Rocha, Quelen Tanize Alves da Silva, Renata Riffel Bitencourt, foram colecionados 13 capítulos, envolvendo 48 autores. Por sua vez, o livro “Educação na saúde como inovação: a experiência capixaba de fortalecimento do Sistema Único de Saúde”, organizado por Fabiano Ribeiro dos Santos, Italo dos Santos Rocha, Jaqueline Miotto Guarnieri e Roger Flores Ceccon, foram mobilizados 49 autores, compondo um total de 15 capítulos.

A contribuição do “conjunto da obra” contida nos livros lançados, como se costuma dizer na avaliação das performances artísticas, é de esperançamento em relação à gestão e a aprendizagem significativa, que também precisa de grande agilidade no tempo da pandemia, para colocar em movimento os serviços, redes e sistemas territoriais de atenção. A inovação como esperançamento se traduz aqui como iniciativa de enfrentamento ágil do desconhecido (a pandemia chegou rápido e produziu mortes e convulsão dos serviços em todo mundo, particularmente no Brasil), buscando ampliar o conhecimento disponível, desenvolver tecnologias e metodologias com o melhor da evidência da ciência e do cotidiano, gerar conexão com as melhores iniciativas conhecidas e respeitar os territórios. O respeito, aqui, fala de uma dupla reação: a) a radical defesa da saúde e das vidas em cada localidade; e b) a implementação de um duplo trabalho, de cuidar das pessoas e controlar ao máximo a exposição à doença e, ao mesmo tempo, de implementar iniciativas de produção de conhecimentos e tecnologias próprias para cada território e natureza de serviços. Alianças fortes, como um processo de dar as mãos, tornaram viáveis a inovação e a capacidade de enfrentar a pandemia e os problemas crônicos e estruturais dos sistemas públicos de saúde.

A experiência refletida, entretanto, não serve apenas para documentar. Serve, ainda mais, para compartilhar e colocar em circulação. Por certo, o SUS no Espírito Santo demonstra um reconhecimento nacional e internacional para além dos números. Também é necessário reconhecer a mobilização do trabalho no seu interior, seja na gestão, seja no cuidado às pessoas doentes, como nas intervenções de promoção à saúde nos territórios. A solidariedade e a defesa da vida, como no ato de dar as mãos, constrói bases para um processo civilizatório mais democrático e inclusivo do que estamos vivendo nesses tempos atuais.

Os livros são de acesso gratuito e estarão disponíveis nos sites institucionais da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo e na biblioteca virtual da Editora Rede Unida (https://editora.redeunida.org.br).