121: Agentes comunitários de saúde: o cotidiano do trabalho na atenção básica
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FEFF Sala 03 - Tipiti    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
1795 COMO ABORDAR E ACOLHER NA ATENÇÃO PRIMARIA A SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA COM AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Nayara da Costa Souza, Aryanne Lira dos Santos Chaves, Fernanda Serrão Pereira, Gabriella Martins Soares, Indira Silva dos Santos, Tamiris Moraes Siqueira, Gisele Reis Dias, Thiago Gomes

COMO ABORDAR E ACOLHER NA ATENÇÃO PRIMARIA A SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA COM AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE

Autores: Nayara da Costa Souza, Aryanne Lira dos Santos Chaves, Fernanda Serrão Pereira, Gabriella Martins Soares, Indira Silva dos Santos, Tamiris Moraes Siqueira, Gisele Reis Dias, Thiago Gomes

APRESENTAÇÃO: A Atenção Primaria à Saúde (APS) é uma estratégia de organização da atenção à saúde, que busca atender as necessidades da população através de ações preventivas e curativas, resolvendo os problemas ainda na atenção básica sem a necessidade adentrar o âmbito hospitalar. A APS é o primeiro contato dos indivíduos, famílias e comunidades ao sistema de atenção à saúde, constituindo-se como a porta de entrada. E para conseguir atender as necessidades da população, uma das estratégias usadas é o acolhimento, que faz parte da Política Nacional de Humanização (PNH), sendo definido como um processo onde o profissional de saúde ou a equipe se torna responsável pelo usuário, desde a sua chegada até sua saúde, fazendo uso da escuta ativa e qualificada, ouvindo todas as queixas do paciente. O acolhimento é uma prática presente nas relações de cuidado, entre os profissionais da saúde e os usuários, no ato de receber e escutar, no entanto é algo que pode acontecer de diversas maneiras. E releva-se principalmente através das práticas. Dessa forma, o acolhimento vai acontecer em todas as relações, mas de formas diversificadas. Na prática do dia-a-dia, algumas atitudes dos profissionais podem tornar-se mecânicas, uma das maneiras de fortalecer e enfatizar os ensinamentos aprendidos é a educação permanente, que trabalha em cima de situações vivenciados buscando aprimorar o trabalho dos profissionais. Dessa forma, a educação permanente surge como estratégia para o desenvolvimento de relações entre o ambiente de trabalho e a educação, melhorando a qualidade da assistência. É aliada no fortalecimento e aprimoramento dos conhecimentos sobre abordagem e acolhimento, essenciais para que o atendimento humanizado seja concretizado. Dessa forma, buscamos fazer uma atividade ressaltando a importancia da abordagem e acolhimento na APS com os funcionarios de uma Unidade Básica de Saúde - UBS.OBJETIVO: Elucidar uma atividade de educação permanente sobre abordagem e acolhimento com Agentes Comunitários de Saúde (ACS). DESENVOLVIMENTO: Relato de experiência de acadêmicos de enfermagem da Escola de Enfermagem de Manaus – EEM da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, sobre uma atividade educativa realizada durante as aulas práticas da disciplina de Saúde Coletiva II, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), localizada no bairro São Raimundo, zona oeste da cidade de Manaus, no período de junho de 2017. A atividade tinha como público alvo todos os funcionários da UBS, no entanto, somente os agentes comunitários de saúde (ACS’s) puderam comparecer. A atividade educativa foi realizada em três momentos: roda de conversa, educação permanente e por fim uma dinâmica de reflexão denominada nó humano. No primeiro momento, foi realizado uma roda de conversa, onde os profissionais foram questionados sobre suas expectativas referente a atividade, surgiram muitas respostas positivas. Também foram questionados sobre seu conhecimento prévio a respeito de abordagem e acolhimento, onde demostraram o interesse em adquirir mais conhecimento. Na educação permanente, os discentes participantes fizeram uma explanação sobre o tema abordado, fazendo colocações baseados na literatura, enfatizando sobre a importância de fazer uma boa abordagem e acolhimento, bem como seus responsáveis na atenção básica de saúde. Por fim, após a dinâmica do nó humano, os profissionais expressaram seu reconhecimento pelo trabalho em equipe, e sua importância para um atendimento de qualidade. RESULTADOS/IMPACTOS: Através do convívio com os profissionais, foi possível observar a necessidade de fortalecer os conhecimentos da equipe acerca do assunto abordagem e acolhimento, essencial para que a APS consiga alcançar seu objetivo de desafogar os serviços hospitalares. Ao decorrer da atividade, os ACS’s foram muito participativos, demostraram ter um conhecimento prévio sobre o tema discutido e contribuíram bastante, falando seus pontos de vista, questionaram sobre o acolhimento que era diferente entre alguns profissionais da UBS e fizeram uma reflexão sobre o seu tipo de abordagem e acolhimento. Demonstravam interesse em aprender mais para que pudessem exercer seu serviço com mais qualidade, fazendo colocações e perguntas pertinentes. No entanto, também reconheceram a dificuldade de lidar com os colegas e suas diferenças no ambiente de trabalho, onde muitas vezes deixaram que essas dificuldades superassem a importância de se trabalhar em equipe. No entanto, os ACS’s acham importante que haja momentos no ambiente de trabalho que proporcione a interação entre todos os profissionais da equipe de saúde. Essa dinâmica impactou de forma positiva os que participaram, visto que puderam refletir sobre o trabalho em equipe para uma melhor abordagem e acolhimento, bem como refletir o seu trabalho de forma individual. Uma das ACS’s relatou que a sobrecarga de trabalho é um dos principais motivos para que o atendimento se torne mecânico, ressaltando a importância desse assunto ser fortalecido no âmbito profissional. Também falaram sobre a importância de acolher os pacientes que chegam fora do horário de triagem, algo que muitos profissionais se recusam a fazer, mas que é essencial para o cumprimento dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), pois devemos considerar a equidade nos atendimentos prestados. Por fim, os ACS’s expressaram à aspiração por mais momentos como este que aconteceu, onde houve essa troca de conhecimentos. Dessa forma, observa-se que a utilidade da educação permanente engloba a aplicabilidade dos conhecimentos para melhorar os serviços prestados, bem como para fortalecer os laços entre os profissionais. Quando há essa melhoria nas relações interpessoais – trabalho em equipe – os serviços prestados aos indivíduos possuem mais qualidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observa-se que a utilidade da educação permanente engloba a aplicabilidade dos conhecimentos para melhorar os serviços prestados, bem como para fortalecer os laços entre os profissionais. Quando há essa melhoria nas relações interpessoais – trabalho em equipe – os serviços prestados aos indivíduos possuem mais qualidade. Pode-se destacar como pontos positivos a disponibilidade, atenção e participação dos ACS na atividade realizada. E como ponto negativo, a falta de interesse dos demais profissionais da unidade em participar.  A atividade contribuiu para o fortalecimento dos laços entre os profissionais da unidade, bem como entre os discentes que participaram e os profissionais, também serviu para que os profissionais fizessem uma autoavaliação de si mesmos e da sua assistência prestada. Por fim, acrescentou ao grupo uma conexão com a realidade do Sistema Único de Saúde – SUS, e uma visão tanto na condição de usuário quanto na condição de futuros profissionais da saúde.

2038 QUALIDADE DE VIDA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DE COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO MUNICÍPIO DE COARI – AMAZONAS.
Jéssica Karoline Alves Portugal, Mariana Paula da Silva, Marcelo Henrique da Silva Reis, Victor Linec Maciel Barbosa, Rodrigo Damasceno Costa, Ananias Facundes Guimarães, Paula Andreza Viana Lima, Abel Santiago Muri Gama

QUALIDADE DE VIDA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DE COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO MUNICÍPIO DE COARI – AMAZONAS.

Autores: Jéssica Karoline Alves Portugal, Mariana Paula da Silva, Marcelo Henrique da Silva Reis, Victor Linec Maciel Barbosa, Rodrigo Damasceno Costa, Ananias Facundes Guimarães, Paula Andreza Viana Lima, Abel Santiago Muri Gama

Apresentação: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de vida é a autopercepção do indivíduo quanto aos seus padrões de vida, objetivos, expectativas, preocupações e desejos. Compreende a saúde física, psicológica, relações sociais, crenças e meio ambiente, em relação ao contexto em que vive. Desta forma, considerando as inúmeras atribuições dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), vários fatores podem interferir em sua qualidade de vida, como as condições salariais precárias, aumento da sobrecarga de trabalho e ambiente de trabalho atípico, podendo implicar em diversos problemas de saúde e consequentemente diminuindo a satisfação pessoal quanto a qualidade de vida desses profissionais. Neste contexto, o objetivo desse trabalho é descrever a qualidade de vida de Agentes Comunitários de Saúde que trabalham em comunidades ribeirinhas do município de Coari – Amazonas. Desenvolvimento do trabalho: Estudo transversal realizado com Agentes Comunitários de Saúde de comunidades ribeirinhas do município de Coari – Amazonas. A coleta de dados foi realizada durante uma reunião mensal de entrega de produções, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, que autorizou a realização da pesquisa. Foi utilizado um questionário avaliativo com perguntas relacionadas a questões socioeconômicas e demográficas, condições de saúde e qualidade de vida. Para a avaliação da qualidade de vida, utilizou-se o instrumento WHOQOL-bref, que se refere a satisfação com a saúde, relações pessoais, meio ambiente e domínio físico e psicológico. A pesquisa foi realizada durante os meses de outubro e novembro de 2017 e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados: Participaram do estudo 111 Agente Comunitários de Saúde, com média de idade de 43,6 anos, A maioria dos participantes era do sexo masculino (53,2%) e possuíam renda individual mensal em média de 1 salário mínimo. Em relação a percepção dos indivíduos quanto a sua qualidade de vida, a maioria (65,8%) avaliou como boa, 55,9% relatou estar satisfeito com sua saúde, e 44,1 % informaram que possuem pouco dinheiro para satisfazer suas necessidades pessoais, em relação ao acesso aos serviços de saúde, 18,0% alegaram estar insatisfeitos. Considerações finais: O estudo apontou que esses profissionais necessitam de uma atenção maior quanto as suas condições salariais para que possam desenvolver suas atividades de forma mais satisfaria e consequentemente apresentarem melhores resultados no desenvolvimento do trabalho e suas condições de vida. Fica evidente que este trabalhador, por ser o único profissional responsável pela promoção de saúde nas comunidades ribeirinhas, necessitam de melhores condições de trabalho e maior valorização por parte da gestão municipal. Neste contexto, esta pesquisa, tem como meta, contribuir para o conhecimento acerca da qualidade de vida dos Agentes Comunitários de Saúde, possibilitando a adoção de estratégias que visem a melhoria das condições de vida e saúde desses profissionais.  

2797 Desenvolvimento da resiliência como estratégia de enfrentamento à violência urbana na APS de Manaus-AM – relato de experiência de profissionais de saúde
Ana Beatriz Werneck, Tatiane Lima Aguiar

Desenvolvimento da resiliência como estratégia de enfrentamento à violência urbana na APS de Manaus-AM – relato de experiência de profissionais de saúde

Autores: Ana Beatriz Werneck, Tatiane Lima Aguiar

APRESENTAÇÃO: O trabalho na área da saúde possui características peculiares que, em determinadas situações, podem ser agentes estressores e prejudicar o bem-estar dos profissionais. Além do estresse inerente ao trabalho em saúde, causas externas como o elevado índice de violência nos principais centros urbanos do Brasil também contribuem para aumentar o nível de estresse ocupacional em nosso meio. Em Manaus-AM, um total de 169 Unidades Básicas de Saúde (UBS) foram vítimas de assaltos no período de 2015 a maio de 2017. Neste cenário, profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) estão expostos à violência urbana no próprio local trabalho, o que pode gerar consequências para o desempenho profissional e, em última instância, ao cuidado dispensado à população. Para o enfrentamento deste cenário adverso, alguns estudos demonstram a importância do desenvolvimento de mecanismos de resiliência entre os profissionais de saúde. Resiliência pode ser definida como a competência que uma pessoa tem de cultivar padrões de crenças, devidamente estruturados, para lidar e superar adversidades por meio de forças e virtudes, de tal modo, que resulte em comportamentos resilientes e no amadurecimento pessoal. RELATO DA EXPERIÊNCIA: Em julho de 2017, a UBSF L30, no bairro do Coroado, zona Leste de Manaus, sofreu uma tentativa de assalto na qual funcionários e usuários foram rendidos por três homens armados. A tentativa foi frustrada por comunitários que perceberam a movimentação e renderam os assaltantes. Durante o incidente, dois assaltantes foram baleados e um deles foi a óbito no local. A unidade permaneceu fechada por alguns dias e nesse período a equipe, conjuntamente com o Distrito de Saúde, por meio de psicólogos e gestores, realizou um trabalho de apoio mútuo e ressignificação do trabalho. A equipe retornou à unidade em respeito à comunidade que esteve a seu lado no momento de crise, com disposição para retornar às atividades regulares. Em outubro, houve uma grande mobilização dos comunitários e profissionais da unidade, que disponibilizaram recursos humanos e financeiros para realizar ações de cunho social e recreativo. Foram realizadas coleta de preventivo, corte de cabelo, design de sobrancelha, limpeza de pele e assessoria jurídica. As atividades foram finalizadas com uma aula de zumba e distribuição de lanche. IMPACTOS: Devido a características do trabalho na APS, especialmente no que se refere à imersão dos profissionais em comunidades com alto índice de vulnerabilidade e exposição à violência urbana, causas externas de estresse são comuns e podem influenciar o cuidado prestado à comunidade por profissionais expostos a agentes estressores. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O desenvolvimento da resiliência da equipe multidisciplinar na APS é uma estratégia de enfrentamento a estressores ocupacionais que também pode ser de grande utilidade quando aplicada em casos de agentes externos como a violência urbana. Contudo, são necessários mais estudos que avaliem a utilização de estratégias de resiliência para estes fim e cenário específicos. 

3068 AVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM UMA CAPITAL DA AMAZÔNIA
Ana Emanuela de Carvalho Chagas, Kátia Fernanda Alves Moreira, Landerson Laife Gutierrez Batista

AVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM UMA CAPITAL DA AMAZÔNIA

Autores: Ana Emanuela de Carvalho Chagas, Kátia Fernanda Alves Moreira, Landerson Laife Gutierrez Batista

A Atenção Primária em Saúde ganhou visibilidade mundial pela primeira vez durante a  8ª Conferência de Saúde realizada em Alma Ata, no ano de 1978. O lema da Conferência era “saúde para todos no ano 2000” e propunha uma reformulação do modelo médico-assistencial vigente naquele período, o qual era pautado em práticas centradas na doença e se mostrava ineficaz para sanar as necessidades de saúde da população na época, além disto tinha por objetivo garantir maior participação do Estado, sobretudo no tocante ao financiamento das ações em saúde a serem ofertadas.  Os preceitos instituídos pela Declaração de Alma Ata influenciaram significativamente o movimento de Reforma Sanitária brasileiro, que culminou na criação do Sistema Único de Saúde cuja lógica de trabalho proposta era a de clínica ampliada, considerando os aspectos biológico, psíquico e social que influenciam o processo de saúde-doença dos sujeitos que teriam garantidos acesso universal às ações ofertadas nos serviços de saúde. Assim, a Estratégia de Saúde da Família foi instituída como alternativa para a organização e ordenamento desses serviços a fim de se consolidar a Atenção Primária em Saúde no país. Este nível de atenção em saúde, orienta-se por eixos estruturantes denominados atributos que se subdividem em essenciais, sendo eles: atenção ao primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação; e derivados: orientação familiar, comunitária e competência cultural. A incorporação de tais atributos na prática dos profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família eleva a qualidade dos serviços favorecendo a consolidação do Sistema Único de Saúde, uma vez que permitem ações mais resolutivas pois, estão ajustadas ao contexto de reais necessidades e potencialidades da comunidade e indivíduos aos quais se assiste, isto consequentemente melhora os indicadores de saúde de uma população. Frente a isto, este estudo teve como objetivo avaliar a incorporação dos atributos acesso de primeiro contato, longitudinalidade e orientação familiar na prática de profissionais de nível superior que atuam nas equipes de Saúde da Família da zona Leste de Porto Velho, Rondônia. Trata-se de um estudo avaliativo, transversal de abordagem quantitativa desenvolvido mediante dados coletados em sete Unidades de Saúde da Família da zona leste mais uma da zona norte do município de Porto Velho. Participaram deste estudo 23 enfermeiros, 22 médicos e 14 odontólogos que atuam na assistência direta aos usuários na Estratégia de Saúde da Família. A coleta de dados se deu através de questionário estruturado que aborda o perfil acadêmico e profissional dos participantes e o Primary Care Assessment-Tool (PCATool-Brasil) versão para profissionais. O tratamento dos dados se deu com utilização do Software Statistical Package for Social Sciences 20.0 (SPSS) e para identificar associação entre profissão, área de pós-graduação, participação em atividades de qualificação profissional e os indicadores de qualidade do serviço (escores obtidos) foi adotado o teste qui-quadrado, teste exato de Fisher ou teste de Pearson considerando um nível de significância de 5%, rejeitando as hipóteses nulas de ausências de associação quando o p-valor encontrado foi menor que 0,05. Os resultados demonstraram que 91,5% dos profissionais participantes são pós-graduados, sendo 62,7% na área de Atenção Primária em Saúde. Pouco mais da metade (54,2%) dos profissionais informaram não ter participado de eventos de qualificação profissional mas, dos que a efetuaram, 70,4% consideraram que estes eventos contribuiram para o aperfeiçoamento de sua conduta profissional. A predominância de especialização na área de Atenção Primária em Saúde entre os profissionais participantes, pode estar associada ao fato de que no município cenário desta pesquisa, a ESF sofreu um processo de expansão maior nos últimos 10 anos, e dentre outros investimentos, foram realizados seis concursos públicos, nesse intervalo de tempo, para provisão de recursos humanos que visava atender à necessidade das novas USF e isto pode ter sido um estímulo para os profissionais em buscar aperfeiçoamento na área que foram contratados para atuar ou que já estavam atuando mas, agora ganhando maior visibilidade. No tocante a avaliação dos atributos da Atenção Primária em Saúde, foi evidenciado alto escore para os atributos “longitudinalidade” (6,6) e “orientação familiar” (7,9) mas, um escore insatisfatório (3,3) do atributo “acesso de primeiro contato”. Partindo da premissa de que a longitudinalidade expressa a existência de fonte regular de cuidado às necessidades de saúde que surgem  no decorrer do ciclo de vida dos usuários do serviço, é provável que a incorporação satisfatória deste atributo no serviço de APS avaliado seja em decorrência do tempo de atuação dos profissionais nas equipes de Saúde da Família e Unidades de Saúde da Família avaliadas. A grande parcela dos profissionais participantes deste estudo, apresenta um tempo de atuação na mesma equipe igual ou superior a dois anos, o que pode contribuir com o acompanhamento baseado em vínculo e consequente noção das reais necessidades evidenciadas em um diagnóstico situacional da população a qual se conhece, ao longo do tempo. Além disto, há que se considerar que o instrumento PCATool versão para profissionais, mensura a incorporação do atributo acesso de primeiro contato sob uma abordagem que se limita aos aspectos organizacionais do serviço, que não são obrigatoriamente inerentes à atuação dos profissionais de saúde, enquanto que abrange aspectos da longitudinalidade e orientação familiar que estão intimamente relacionados ao processo de trabalho, mais especificamente às relações interpessoais estabelecidas entre usuário e profissional durante a assistência prestada seja no espaço da USF, domicílio ou outro espaço na comunidade. Portanto, fatores como a oferta de ações e serviços no horário das 7h00 às 19h00, apenas em dias úteis da semana, bem como falta de mecanismos que agilizem o agendamento de consultas acabam limitando o acesso da população trabalhadora, que não encontra acolhimento para suas demandas de saúde, o que pode ter contribuído para resultado insatisfatório quanto ao atributo “acesso de primeiro contato”. Em contrapartida, a incorporação satisfatória dos demais atributos nos permite supor que, embora em meio aos fatores que dificultam o acesso dos usuários ao serviço de saúde, a maioria dos profissionais, quando qualificados, conseguem ofertar de forma satisfatória e com regularidade o cuidado àqueles usuários que conseguem acessar o serviço. Além disto, foi evidenciado associação significativa (p= 0,016; p< 0,05) entre a variável “especialização na área de Atenção Primária em Saúde” e alto escore do atributo “longitudinalidade”. Conclui-se que há de se priorizar investimentos na estrutura e no processo de assistência relativos ao atributo pior avaliado (acesso de primeiro contato) bem como, fomentar ações de educação continuada e/ou permanente com vistas a incentivar maior nível de qualificação profissional para fortalecimento da Atenção Primária em Saúde no âmbito municipal. Ademais, observou-se a necessidade de realização de outras pesquisas cujo objetivo seja avaliar os serviços de Atenção Primária em Saúde sob a percepção de usuários  e assim obter uma análise mais abrangente e talvez consistente da qualidade da atenção que está sendo ofertada no âmbito da ESF, no município.

3828 Implantação do Prontuário eletrônico na Atenção Básica: Percepções e desafios profissionais
Adriane Gama de Lima

Implantação do Prontuário eletrônico na Atenção Básica: Percepções e desafios profissionais

Autores: Adriane Gama de Lima

Introdução: O Prontuário eletrônico é uma nova realidade dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que otimiza o fluxo, facilita o acesso e humaniza o atendimento. Antes da implantação do prontuário eletrônico existiam dificuldades como a perda do prontuário, demora na procura e acúmulo de papéis. O Ministério da Saúde preconiza que toda UBS deve realizar atendimento através do prontuário eletrônico, que de fato trouxe inúmeros benefícios para a assistência á saúde na rede. Objetivo: O objetivo desse estudo é relatar a experiência da nova realidade de atendimento após a implantação do prontuário eletrônico e refletir sobre os desafios, as vantagens e desvantagens deste recurso em uma UBS no Município de Tefé. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo descritivo através do relato de experiência sobre a percepção e os desafios do prontuário eletrônico no atendimento. Resultados: Observa-se que após a implantação do prontuário eletrônico, o fluxo dos atendimentos ofertados na UBS apresentou maior agilidade, pois diminuiu o tempo de espera na unidade, permitindo o agendamento imediato para exames e consultas, além da facilidade do acesso ao cadastro individual e domiciliar para a inserção no sistema, das visitas domiciliares, emissão de cartão nacional do SUS e vacinação direta no sistema. Conclusão: Os atendimentos realizados na Unidade são todos interligados, recepção, triagem, consultas médicas, de enfermagem, odontológicas e vacina. Com isso podemos ter um melhor acompanhamento sobre o atendimento dos clientes, com o compartilhamento do atendimento pela equipe multiprofissional de saúde, melhor compreensão das prescrições médicas, além da diminuição de impressos para ser preenchidos pelos profissionais para todos os procedimentos realizados.

4179 Construção histórica do Agente Comunitário de Saúde e a incerteza do futuro
Raquel De Castro Alves nepomuceno, Francisco Wagner Pereira Menezes, Ivana Cristina de Holanda Cunha Barreto

Construção histórica do Agente Comunitário de Saúde e a incerteza do futuro

Autores: Raquel De Castro Alves nepomuceno, Francisco Wagner Pereira Menezes, Ivana Cristina de Holanda Cunha Barreto

A construção histórica da profissão do Agente Comunitário de Saúde (ACS) tem suas raízes no Ceará, quando em 1987, em regiões afetadas pela seca, essa atividade foi estruturada com objeto duplo de empregar as mulheres e diminuir a mortalidade infantil, e foi adotada pelo Ministério da Saúde (MS) para o restante do Brasil como Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), em 1991. Este novo personagem da saúde pública faz parte da comunidade, trabalha para ela e com ela, o que, com o respaldo de pesquisas já realizadas,  nos autoriza a afirmar que é o profissional da saúde que mais conhece as formas cotidianas de viver e de se comportar das famílias . Este programa possibilitou o surgimento do Programa Saúde da Família (PSF) em 1994, que incorporou e ampliou a atuação deste profissional como o elo entre a equipe de medico, enfermeiro e técnico de enfermagem com a comunidade, por estar em contato permanente com as famílias, facilitando o trabalho de vigilância e promoção da saúde. A função, exercida com sucesso, de mediar relações entre a comunidade e os serviços de saúde, implicaram em inúmeras atribuições que foram sendo reformuladas e acumulada ao longo dos últimos 30 anos. A discussão sobre sua pratica no decorrer desta trajetória tem crescido com as propostas políticas de  reorganização do Sistema Único de Saúde (SUS). Recentemente, foi aprovada a revisão da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que estabelece mudanças na organização da atenção básica afetando diretamente os ACS. Este trabalho tem o objetivo de refletir sobre a trajetória do ACS e os desafios para os próximos anos. Recorreu-se a revisão documental de base legal relacionadas aos ACS surgidas durante toda sua trajetória através dos sites do MS, Câmara e Senado Federal, bem como, a busca da literatura de artigos científicos, utilizando as palavras chave “agente comunitário de saúde”, “promoção da saúde” e “saúde da família” feitas nos sites Scielo, BVS e Lilasc. Vinculado inicialmente à Fundação Nacional de Saúde, com a previsão de repasses de recursos para custeio do programa e o pagamento dos agentes no valor de um salário mínimo, o ACS passa à gestão da Secretaria de Atenção à Saúde do MS somente em 1994, quando foi instituído o PSF. Cada vez mais a atividade do ACS é reconhecida como estratégica para o aprimoramento e  consolidação do SUS, a partir da reorientação da assistência ambulatorial e domiciliar.  Novas atribuições foram sendo inseridas na sua atividade, como por exemplo, as ações de vigilância à saúde, incluindo o dialogo com à população sobre a prevenção e o controle da malária e da dengue na portaria nº 44/2002. No entanto, a profissão só foi criada em termos de lei em 2002. Em   2006  através da Lei nº 11.350 o ACS foi reconhecido como profissional de saúde. A mesma lei regulamentou o aproveitamento de pessoal que já estava em serviço.  Reafirmou-se como atividades de sua competência a prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS. A contratação de ACS passou a ser precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos. O tempo prestado pelos ACS, independentemente da forma de seu vínculo e desde que tenha sido efetuado o devido recolhimento da contribuição previdenciária, foi considerado para fins de concessão de benefícios e contagem recíproca pelos regimes de previdência. O piso salarial profissional nacional foi fixado no valor de R$ 1.014,00 mensais para a jornada de 40 horas semanais.   Observa-se maior efervescência na luta da categoria pelos seus direitos a partir desse momento. Através da Emenda Constitucional  Nº 63 de 2010 e da Lei nº 12.994/2014 de 2014 estabeleceu-se o regime jurídico e a instituição do piso salarial e diretrizes para o Plano de Cargos e Carreiras.  Decreto e novas portarias foram publicados dispondo sobre a assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a ser prestada pela União, para o cumprimento do piso salarial profissional e sobre o incentivo financeiro para o fortalecimento de políticas afetas à atuação de ACS e de Agentes de Combate às Endemias (ACE). Desde 2011, tramita uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dispondo sobre a responsabilidade financeira da União na política remuneratória e na valorização dos profissionais que exercem atividades de ACS e ACE, que fixa regras para o pagamento dos ACS,  piso salarial de R$ 1.600,00 para jornada de 40 horas, data base em 1º de janeiro e reajuste pela variação do INPC. Após o golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016, o MS, por meio das portarias 958 e 959/2016, sob os argumentos de ampliar as possibilidades de composição das Equipes e aumentar a capacidade clínica na unidade básica e o cuidado no domicílio, extingue a obrigatoriedade de contratação do profissional ACS para equipes de saúde da família.  No entanto, após pressão da categoria e de instituições ligadas a Saúde Coletiva, alegando que esta medida restringiria o trabalho em equipe na Estratégia Saúde da Família (ESF) e reforçava a precarização do trabalho no SUS, a referida portaria foi revogada. Concretamente estamos sofrendo gradual subversão da prioridade de construção de um sistema nacional público, universal e de qualidade.  Em poucos meses e com pouco diálogo com a sociedade civil e controle social, o governo reformulou a PNAB publicada através da portaria nº 2436/2017, fragilizando a ESF, criando uma nova modalidade de equipe “Atenção Básica”, composta minimamente por médico, enfermeiro, auxiliares e/ou técnicos de enfermagem, sem a obrigação do ACS na equipe. Normatiza ainda outras atribuições aos ACS como a possibilidade de realizarem aferição de pressão, medição da glicemia capilar e realização de técnicas de curativos, atividades típicas de técnicos de enfermagem, respaldadas mais recentemente através da Lei 13.595/2018.  Para efetivação dessa mudança de perfil profissional, o MS pretende instituir o Programa de Formação Técnica para ACS – PROFAGS, para oferta de curso de formação técnica em enfermagem através da Portaria nº 83, de 10 de janeiro de 2018. Sabemos dos desafios cotidianos da ESF, no entanto, pesquisas recentes reafirmam a importância do ACS na equipe, pois é quem ajuda a mediar a comunicação entre profissionais de saúde e a família, que se encontra em situação de vulnerabilidade. É a  partir desta interação, entre ACS e profissionais graduados da ESF, que ocorre mudança paradigmática do olhar sobre a família. Além disto, por viver na comunidade, o ACS conhece de perto seus problemas, e tem atuado em diversas políticas públicas, como as de ação social, adquirindo uma atuação de perspectiva intersetorial. Neste sentido, a ESF destaca-se como inovadora e reestruturante  de ações e serviços de saúde. Analisando a trajetória dos ACS, marcada na luta pelo reconhecimento profissional, e diante de alterações recentes na organização da Atenção Básica, fortalecendo o modelo  assistencial biomédico, faz -se necessário refletir sobre o futuro incerto desta profissão, que se projetava em direção à promoção da saúde. Os autores afirmam que os ganhos obtidos pela atuação do ACS como elo ESF/comunidade e articulador de políticas sociais no território, será esvaziado caso estas mudanças se concretizem. A mobilização social em defesa do SUS e da ESF é a única solução possível.

4930 PERFIL SOCIAL DEMOGRÁFICO DE PACIENTES B-24 NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA
Sílvia Maria Farias dos Santos, Ana Paula Costa Diniz, Filipe Augusto Oliveira da Silva, Antenor Matos de Carvalho Junior, Lane Souza da Silva, Hitamar Almeida dos Santos Junior, Cláudio de Albuquerque Lisboa, Rodrigo Ruan Costa de Matos

PERFIL SOCIAL DEMOGRÁFICO DE PACIENTES B-24 NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA

Autores: Sílvia Maria Farias dos Santos, Ana Paula Costa Diniz, Filipe Augusto Oliveira da Silva, Antenor Matos de Carvalho Junior, Lane Souza da Silva, Hitamar Almeida dos Santos Junior, Cláudio de Albuquerque Lisboa, Rodrigo Ruan Costa de Matos

A epidemia de AIDS no país se revelou, nos últimos anos, extremamente dinâmica e vem mudando seu perfil de indivíduos mais afetados, que outrora ficavam em sua maioria restritos as grandes cidades e a grupos de risco (hemofílicos, homossexuais, usuários de drogas injetáveis, etc.), passando a partir em direção a cidades mais interioranas, com menos condições e estruturas para lidar com a mesma, e grupos de pessoas outrora não tão afetadas, mas que hoje são altamente vulneráveis ao vírus. A cidade de Santarém, no interior da Amazônia, se encaixa nesse novo perfil e, portanto, foi escolhida para ser avaliada neste estudo, com o objetivo de traçar um perfil social e demográfico dos portadores de HIV/AIDS no período de 2003 a 2014. Tomando por base dados disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), este trabalho é de caráter exploratório, quantitativo, documental, longitudinal e retrospectivo. Ao longo do estudo, observou-se a taxa média de 20.6 detecções de casos de HIV para 100 mil habitantes, sob o mesmo parâmetro a taxa entre homens é de 25,3 e de 15,6 entre mulheres, ambos dados se sobrepõem a media nacional. Quanto a incidência de casos entre menores de 5 anos o município também se destaca negativamente se comparada a incidência nacional, mantendo uma taxa média de 4,5 casos para 100 mil habitantes, revelando uma transmissão vertical da doença ainda presente e preocupante. Contraditoriamente, a taxa de detecção em gestantes está muito abaixo da media nacional, com uma media de 6,5 casos absolutos no município. No tocante a mortalidade, Santarém também revela números positivos com média de aproximadamente 10 óbitos por ano. Como disposto acima em alguns aspectos o município de Santarém se destaca positivamente em relação ao restante do país de modo geral, revelando que políticas públicas voltadas para a região (como a instalação de CTA próprio) são capazes de mostrar bons resultados ao longo dos anos. Porém, muitos dados ainda permanecem negativos e preocupantes o que revela que ainda há certa carência nas políticas publicas implantadas, tanto quanto a estruturas (falta de material, de profissionais adequados), quanto na divulgação de informações, um serviço tão importante na prevenção dessa doença e que muitas vezes é ignorado pelo Estado. Ora, mais proveitoso do que tratar aqueles já afetados pela doença, prolongando e melhorando sua qualidade de vida, é evitar que novos casos ocorram, principalmente nesse novo grupo de risco que tem se formado na região (homens e mulheres heterossexuais, pardos e de maior escolaridade). Para tanto, é necessário também manter a presença de profissionais que vão prestar esse auxilio, desde a prevenção até a eventual necessidade de apresentar o diagnostico e ajudar os pacientes a conviverem com ele da melhor maneira possível. Nesse contexto, além da participação do Estado, trabalhos como este são de fundamental relevância, pois ajudam a traçar um perfil vulnerável para o qual se deve voltar maior atenção e cuidado para que, futuramente, esse quadro se revele mais positivo do que o atual.

5035 ESTUDO E APRIMORAMENTO DO TRABALHO DOS AGENTES DE CONTROLE DE ENDEMIAS NO MUNICÍPIO DO CANTÁ- RR
Sandra Maria Rabelo Huzek, Regia Cristina Macedo Silva

ESTUDO E APRIMORAMENTO DO TRABALHO DOS AGENTES DE CONTROLE DE ENDEMIAS NO MUNICÍPIO DO CANTÁ- RR

Autores: Sandra Maria Rabelo Huzek, Regia Cristina Macedo Silva

ESTUDO E APRIMORAMENTO DO TRABALHO DOS AGENTES DE CONTROLE DE ENDEMIAS NO MUNICÍPIO DO CANTÁ- RR   Huzek, Sandra Maria  shuzek@hotmail.com Silva, Regia Cristina Macedo da regiacrisadm@yahoo.com.br Viveiro, Caroline Keser Abreu karoline_kesse@hotmail.com Machado, Josiel David Salinas  josiel10_machado@hotmail.com     Agentes de controle de endemias são profissionais que trabalham em contato direto com a população, mas para a garantia da qualidade dos serviços prestados torna-se fundamental investir em capacitações, treinamentos e equipamentos para que assim seja possível alcançar êxito no trabalho.  A profissão do Agente de Controle de Endemias, trabalhador de nível fundamental,  tiveram suas atividades regulamentadas apenas em 2006, através da Lei 11.356, que define as atribuições desenvolvidas pelos Agentes de Controle de Endemias.  Estes profissionais  são servidores do âmbito municipal, e   que estão prontos para qualquer tipo de endemias e devem trabalhar de forma integrada às equipes de atenção básica na Estratégia Saúde da Família, participando das reuniões e trabalhando sempre em parceria com o Agente Comunitário de Saúde. No entanto, diante das situações em que o Brasil vive, decorrente de uma variante de doenças endêmicas que muitas das vezes mata sem limites, um dos principais fatores para o surgimento dessas doenças é falta de controle e cuidado que as pessoas não tem em combater, ressaltando, neste caso, ainda mais a importância desses profissionais para o combate de  criadouros e focos dessas endemias. Nesta ótica a pesquisa pode vivenciar em loco o trabalho dos agentes de controle de endemias pelos acadêmicos do curso de Gestão Hospitalar do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima.  Desta forma na pesquisa em pauta, o município do Cantá [i], que fica localizado no estado de Roraima, foi possível conhecer de perto as funções e o trabalho realizado pelos agentes, suas visitas de casa em casa de acordo com sua micro área e suas dificuldades.  OBJETIVO GERAL apresentar relato de uma experiência de iniciativa para capacitar os agentes de controle de endemias para agir no contexto atual de saúde, relacionado a uma possível epidemia de zika vírus no município do Canta-RR. MÉTODOS o estudo do tipo exploratória-descritivo, teve como amostra 06 Agentes Controle de Endemias  onde buscou-se através da observação das atividades diárias uma compreensão melhor das ações desenvolvidas e a interação com o publico de suas áreas adstritas.  .  Para o desenvolvimento da pesquisa em um  primeiro momento  realizou-se um levantamento bibliográfico através de leituras  de livros, artigos e revistas eletrônicas que  forneceu base teórica  para a estruturação do projeto, de acordo com (CRISTIANE 2005 p.03).  Ressalta-se, assim, que, por meio de um levantamento bibliográfico não se pretende encontrar uma grande quantidade de textos sobre um conceito genérico, mas encontrar informação precisa e relevante relacionada ao tema da pesquisa, em quantidade razoável a fim de que possa ser lida e analisada durante parte do tempo de realização de uma pesquisa. Durantes as atividades de pesquisa  foram analisadas todas atividades dos  agentes de endemias do município do Canta-RR, por meio de observação e aplicação de   instrumento   visando a compreender  à forma como trabalham e do conhecimento que tem em relação as diversas endemias que ocorrem no município. CONCLUSÕES  verificou-se falta de treinamentos e capacitações para os agentes, que de tal forma vêm a  comprometer a eficiência das atividades desenvolvidas. Também se pode observar  o desconhecimento por parte da população do papel dos agentes de controle de endemias, bem como suas atribuições. Cabe destaque a ausência de material de segurança de uso individual (Equipamento de Proteção Individual-EPI), considerando as diversas situações a que os agentes são expostos durante a realização de suas atividades.   Agentes de Controle de Endemias (ACEs),  trabalham diretamente com substancias  tais como aplicação de larvicidas e inseticidas. Ressaltamos que os agentes de controle de endemias necessitam ser  reconhecidos não  apenas em decorrência  da  lei que os ampara, mas também pela população que necessita de tais serviços. A realidade observada durante o desenvolvimento do projeto demonstrou que a população desconhece amplamente o trabalho dos agentes de controle de endemias, ou seja, suas atribuições, perfil e competências entre outras atividades. A dimensão do trabalhos destes profissionais vai muito além  de apenas  agentes da Dengue.  Sabemos que os Agentes Controle de Endemias exercem um contato direto com a população e esse é um dos fatores mais importantes para garantir o sucesso do trabalho por eles desenvolvido. Cabe destaque que nesse sentido, se houver todo um processo de melhoria nas atividades desenvolvidas por esses agentes, o resultado poderá refletir diretamente na diminuição de gastos com internações de pacientes em hospitais, que para o Sistema Único de Saúde -  SUS chega a ter custos elevadíssimos. Todas as atividades trabalhadas com os agentes de controle de endemias serviram para mostrar que muito ainda precisa ser feito com esses profissionais que trabalham inteiramente com a população Sabemos que os Agentes Controle de Endemias exerce inúmeras atividades, que não se limitam apenas em vistoriar quintais a procura de criadouros da dengue.  Portanto, sugeriu-se a proposta de capacitação e o uso de ferramenta que pudessem melhorar a qualidade de suas funções para com população, ressaltando que a valorização, ampliar a capacitação correta desse profissional, o que certamente trará  resultados positivos para os municípios e minimização dos gastos hospitalares com a saúde das pessoas. Concluindo, as atividades desenvolveu-se uma proposta de trabalho baseada na matriz de SWOT[ii] visando apresenta-la como uma ferramenta útil para o gestor municipal realizar análises de cenário ou análises de ambiente, como base para a gestão e o planejamento estratégico da equipe de endemias.  Sendo assim faz-se necessário que esse tema seja posto em discussão de forma mais ampliada, com o intuito de mostrar aos gestores públicos a  importância de valorização  desses profissionais.   Palavras chaves. Agentes de controle de endemias. Doenças endêmicas. Capacitação. [i] Município brasileiro do estado de Roraima, integrante da Região Metropolitana de Boa Vista. Sua população, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 16.977 habitantes em  01/07/2017.   [ii] A matriz de  SWOT serve para posicionar ou verificar a situação e a posição estratégica da empresa no ambiente em que atua (MCCREADIE, 2008).

5186 DESAFIOS DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE PARA ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
Thaís Fernanda Fernandes Amorim, Raylane Marques de Barros Cruz, Adriano Maia dos Santos, Jaqueline Kluge, Nôemia Fernanda Fernanda Santos Fernandes

DESAFIOS DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE PARA ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Autores: Thaís Fernanda Fernandes Amorim, Raylane Marques de Barros Cruz, Adriano Maia dos Santos, Jaqueline Kluge, Nôemia Fernanda Fernanda Santos Fernandes

APRESENTAÇÃO: O Programa Bolsa Família (PBF) é o maior programa de transferência direta de renda do Brasil, tendo como objetivo em curto prazo, o alívio imediato da pobreza extrema. Associando a transferência do benefício financeiro as condicionalidades de saúde, educação e assistência social contribuem para alcance de direitos sociais básicos de cidadania, por meio do acesso a esses serviços. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) desempenham as principais ações para o cumprimento das condicionalidades de saúde do PBF. Para tanto, trabalham identificando pessoas em situações de vulnerabilidade social na comunidade, realizam vigilância do crescimento e desenvolvimento da criança menor de sete anos, fazem o acompanhamento do cartão de vacina, identificam e acompanham gestantes para o pré-natal, além de prestar orientações pós-parto. O ACS realiza suas atividades na comunidade, o que os expõe a várias situações complexas que dificultam a realização das suas funções. Logo, objetivou-se identificar e discutir as dificuldades no trabalho dos ACS para que consigam acompanhar o cumprimento, pelos beneficiários, das condicionalidades de saúde do PBF. DESENVOLVIMENTO: O estudo é de caráter qualitativo; realizado em duas Unidades de Atenção Básica de um município da Bahia, escolhidas por possuírem o maior número de famílias cadastradas no programa no período de estudo. Para conformar os sujeitos, utilizou-se quatro grupos de representação selecionados intencionalmente: I) gestores do PBF; II) profissionais de saúde de nível superior; III) ACS; IV) beneficiários do PBF. Com os grupos I, II e IV foram realizadas entrevistas semiestruturadas e para o grupo III foram realizados dois grupos focais. A análise de dados foi orientada pela análise de conteúdo temática. RESULTADOS: O trabalho do ACS é de fundamental importância, mas muitos são os desafios encontrados por eles para sua execução. Apesar da portaria 2.488, de 21/10/2011, que inclui entre suas atribuições o acompanhamento das condicionalidades do PBF, notou-se uma resistência dos ACS em realizar tal atividade. Os ACS compreendiam como atividade que não deveria ser executado por eles e, referiram não se sentirem capacitados reconhecendo assim, a ausência de familiaridade com o funcionamento do PBF. Fatores como a violência da localidade constituía uma situação de desafio no trabalho, originando medo e dificultando o acesso aos domicílios durante as visitas, principalmente quando o assunto abordado era sobre o PBF. Os ACS ressaltaram a insatisfação com o material enviado pelos gestores do PBF, como exemplo, as fichas de coleta, que não eram suficientes e desatualizadas. Dificuldades de relacionamento com a EqSF, também, os impediam de realizar um bom trabalho por se sentirem submissos e sem direito a voz. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo sinaliza a necessidade de política de educação permanente para os ACS, para que ele possa qualificar o acompanhamento com as famílias participantes do PBF. Para tanto, faz-se necessário a aproximação dos gestores com as demandas dos ACS para elucidar problemas que, ainda, são presentes no fazer cotidiano sobre o funcionamento do PBF.

5379 A cadeia de Valor em Saúde: Discutindo valor para o Usuário da APS
Leandro dos Reis Lage, Aluísio Gomes da Silva Júnior

A cadeia de Valor em Saúde: Discutindo valor para o Usuário da APS

Autores: Leandro dos Reis Lage, Aluísio Gomes da Silva Júnior

A cadeia de valor em se propõe a criar um fluxo de atividades, sejam elas assistenciais ou gerenciais afim de agregar valor ao processo de cuidado. Cadeia de Valor ou Fluxo de Valor são as ações presentes no processo de produção, que Segundo Rother e Shook (2003) podem ou não agregar valor ao produto final. Para Womack e Jones (2004) são ações que passam por três passos gerenciais críticos em qualquer organização: solução de problemas, gerenciamento da informação e transformação física. Para Merhy (2007, p79) “o sentido último de qualquer serviço de saúde é o de se centrar no usuário e intervir a partir de seus problemas, procurando contribuir para um caminhar mais autônomo daquele, no seu modo de andar a vida”, portanto analisar o conceito de valor e propor uma cadeia de valor que ajude a organizar a assistência à saúde e as práticas de cuidado a partir da percepção do usuário pode um modo de consolidar os princípios do SUS, e oferecer um serviço de qualidade centrado no que o usuário necessita. A percepção por parte dos usuários é um componente importante dos processos avaliativos da qualidade do cuidado. (Mascarenhas, 2003; Silva Junior e Mascarenhas, 2004).  Valor é a definição inicial do Pensamento Enxuto, uma vez que todo o processo é definido a partir do que o cliente considera necessário ao produto final, valor é aquilo que é importante ao cliente, ou seja, tudo aquilo quer não agrega valor ao cliente é uma oportunidade de racionalizar, eliminar perdas. Existem diversos conceitos de valor, porém partindo da perspectiva de valor para o paciente o presente estudo toma como definição de valor: : Apreço atribuído, importância dada a um determinado bem ou serviço no qual é tido como objeto de desejo, ou seja, um conjunto de princípios que representa o ideal buscado. Diante do exposto o presente estudo tem como Objetivo Geral, Discutir a cadeia de valor em saúde a partir do conceito de valor para o usuário da atenção primária em saúde; e como objetivo secundário levantar e identificar na literatura os elementos de uma cadeia de valor em saúde voltada para o conceito de valor para o usuário da APS.O levantamento bibliográfico sobre cadeia de valor e Atenção Primária à Saúde  realizou-se no período de 15 á 20 de dezembro de 2017 realizou-se nos seguintes bancos de dados: da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) onde estão contidas quatro bases: LILACS SCIELO e MEDLINE com os descritores: (“value chain") AND ( primary health care OR health services OR basic health care)  e no  Periódicos CAPES/MEC [qualquer] [contém] (“valuechain") [qualquer] [contém] (“healthcare”)Foram selcionados como critérios de inclusão obras dos últimos 20 anos, de língua Inglesa, Espanhola e Portuguesa, e excluídas obras repetidas e que não utilizava os conceitos de valor para o usuário ou não o incluíam no processo. Foram encontradas 540 obras que após a exclusão de duplicatas resultaram em 520 que tiveram seus resumos e títulos lidos resultando em um total de 40 obras que foram lidas na íntegra resultando em 3 obras selecionadas, já que as demais não consideravam o conceito de valor do para o paciente conforme a definição do estudo.Rollow e Cucchiara (2016) elucidam 4 atividades críticas para criação de valor: (1) assegurar o acesso e a continuidade dos cuidados; (2) desenvolver uma relação terapêutica; (3) fornecer diagnósticos e tratamentos planejados e baseados em evidências; e (4) Envolver os pacientes através do planejamento de cuidados. Para os autores os usuários procuram os serviços de saúde valorizando as pré-condições de saúde, a cura, recuperação, a própria saúde e a experiência do cuidado, assim, recomendam 3 diretrizes para a implementação da cadeia de valor da atenção primária: 1) A utilização de métricas para a avaliação que reflitam melhor o que os pacientes valorizam. 2) Um modelo de cuidado contínuo centrado no valor do paciente. 3) Recursos substanciais que consigam apoiar novas práticas e cuidados. Steinhart e Alsup (2001), afirmam que parcerias devem ser realizadas entres os atores envolvidos no proceso de cuidado durante as atividades da cadeia e elencam 5 elementos essenciais para o sucesso das parcerias na cadeia de valor em saúde: Confiança, Comunicação eficaz, monitoramento, relacionamento de longo prazo e valores compartilhados. Korne et al (2009), propõe três eixos que integram os processos de cuidado: Avaliação do acesso do paciente nos processos de cuidado, Monitorização das informações referentes à saúde do paciente, e Informação; E propõe que as várias partes interessadas cheguem a um acordo sobre o que constitui o valor do paciente. O conceito de acesso aparece de diversas formas nos textos, sendo um consenso em todos os autores, uma vez que se como diretriz das atividades escolhidas para integrar uma cadeia de valor o usuário é o centro da cadeia, para isso o acesso não se limita apenas a uma posição geográfica diferenciada, e sim como escuta qualificada, oferta de serviços, comunicação eficaz e principalmente acesso a informação. A continuidade do cuidado depende segundos os autores do planejamento das ações, que criam vínculo, que garantem um relacionamento a longo prazo do usuário com o sistema, envolvendo- o cada vez mais em seu processo decisório no plano de cuidados, assegurando que seu conceito de valor esteja presente nas atividades da cadeia, estimulando a confiança do usuário no trabalho da equipe da APS. “O bem estar dos membros de uma cadeia de valor é fundamental para o fluxo da cadeia”; “os serviços de saúde devem ser integrados como peças de um quebra cabeça, criando elos com o paciente ao longo da cadeia”. (Steinhart e Alsup ,2001 p. 79),Apesar da discussão ainda em andamento, podemos perceber que a informação se constitui como principal diretriz de fluxo das atividades, uma vez que permite aos profissionais entenderem o conceito de valor que os usuários demandam ao sistema, assim como ferramenta essencial para criação de vínculo do usuário como o sistema e de criação de parcerias entres os demais profissionais envolvidos no processo de cuidado. O bom funcionamento das atividades assistenciais dentro de uma cadeia de valor exige um perfil profissional que consiga entender o processo saúde doença do usuário, uma vez que compartilham de valores constroem um modelo assistencial voltado para as necessidades do usuário. É necessário avaliação constantes das atividades envolvidas na cadeia de valor, uma vez que o conceito de valor é uma constante mutável, que depende diretamente da sua experiência e condições sociais, ambientais e culturais do usuário ao longo da vida, onde novas práticas podem se fazer necessárias, assim como mudanças físicas, gerenciais e organizacionais para atender as demandas trazidas pelos usuários ao longo da produção de cuidado.

1535 Trabalho em equipe na saúde: uma utopia?
SILVIA HELENA MENDONÇA DE MORAES, Adriana Masset Tobal, Débora Dupas Gonçalves do nascimento, Dinaci Vieira Marques Ranzi, Priscila Maria Marcheti Fiorin

Trabalho em equipe na saúde: uma utopia?

Autores: SILVIA HELENA MENDONÇA DE MORAES, Adriana Masset Tobal, Débora Dupas Gonçalves do nascimento, Dinaci Vieira Marques Ranzi, Priscila Maria Marcheti Fiorin

A nossa experiência no Observatório Microvetorial e com o método cartográfico foi iniciada em 2017 com a pesquisa sobre o Programa Mais Médicos no município de Costa Rica, em Mato Grosso do Sul. Este município possui 100% de cobertura de Estratégia de Saúde da Família (ESF), com 6 equipes completas (05 urbanas e 01 rural). As equipes contam ainda com fisioterapeutas, farmacêuticos, recepcionistas, auxiliar administrativo (faturista), além do apoio do NASF, que tem em sua composição 2 terapeutas ocupacionais, 1 psicólogo, 1 educador físico e 1 fonoaudiólogo. Todos os profissionais médicos da ESF fazem parte do Programa Mais Médicos (PMM), 100% com nacionalidade cubana e já estão há mais de 2 anos na cidade. Nosso grupo (composto por quatro pesquisadoras) realizou, até o momento, quatro visitas à Costa Rica. Essas visitas nos proporcionaram vários encontros com diversas pessoas (motorista, prefeito, médicos cubanos, médicos brasileiros (especialistas da rede), enfermeiros, ACS, usuários...) e produziram em nós (e talvez neles também) diversas afetações, inclusive alguns estranhamentos. Mas o mais intrigante e instigante de tudo isso é que cada um em seu contexto e com “suas vistas do ponto”, tinha uma palavra, uma percepção, uma opinião, uma experiência vivida...agregadora, detalhada, fascinante, ressabiada, limitada... cada qual com seu modo de ver e sentir o cuidado em saúde e a organização do SUS neste município. Fomos afetadas em relação ao vínculo que os médicos cubanos demonstraram ter com a comunidade e esta com eles. Fomos afetadas ao perceber a diferença entre a relação que os médicos cubanos tinham com os trabalhadores de saúde das unidades e a relação dos médicos brasileiros com esses mesmos trabalhadores. Fomos afetadas quando “descobrimos” que a fila do único hospital da cidade diminuiu, pois, os médicos cubanos faziam pequenos procedimentos cirúrgicos e sutura na própria UBSF. Fomos prazerosamente afetadas quando nos contaram que a forma de realizar o pré-natal mudou drasticamente e os indicadores melhoraram após a vinda dos médicos do PMM. Mas, alguns estranhamentos tomaram conta de nosso corpo vibrátil... estranhamos perceber que nem todos os usuários gostavam e aceitavam o cuidado realizado por um médico cubano. Estranhamos o fato da puericultura não ser realizada de forma integral na ESF, mas apenas no centro de especialidade médica com o pediatra. Por que uma equipe de saúde tão bem estruturada não fazia o acompanhamento da criança segundo o protocolo do Ministério da Saúde? Essa experiência tem nos levado também a olhar em outras perspectivas para grande parte das coisas que víamos apenas com um único olhar (o olhar pelo qual fomos capturados há muito tempo, o olhar da academia, do instituído). Na verdade, essa experiência tem nos desafiado a sair deste instituído, para nos jogarmos no incerto, no que (ainda) não está construído. Isso tem ampliado nossos olhares, nossas experiências, nossos afetamentos. Não tem sido uma jornada fácil, mas certamente, tem sido muito instigante e desafiadora. Um exemplo de ampliação deste olhar foi em relação ao trabalho em equipe na saúde. Frequentemente temos ouvido que o trabalho em equipe não acontecia porque os médicos não participavam das reuniões, não ficavam na unidade o tempo todo, não dialogavam com os demais membros da equipe. Costa Rica nos deslocou e nos provocou a repensar nas questões necessárias para um efetivo trabalho em equipe. O que vivenciamos naquele município nos fez pensar que ali era um ambiente extremamente propício para a sistematização do cuidado integral e em equipe, uma vez que os médicos cubanos estavam presentes e atuantes nas equipes de Saúde da Família, são abertos, atenciosos, amorosos, afetivos, disponíveis tanto com os usuários como com os demais membros da equipe de saúde, utilizavam outros meios de tratamento complementar ao tratamento medicamentoso, faziam visita domiciliar e possuiam vínculo com a comunidade. O que mais seria necessário para que o trabalho em equipe ocorresse? Incomodamo-nos porque não víamos “aquele” trabalho em equipe acontecendo da forma como havíamos aprendido. Para nós, agora não tinha desculpas: se todos os profissionais ficam na unidade as 8h diárias; se o médico cubano tem um bom relacionamento com todos da equipe (conversa com todo mundo, come junto com os demais na copa, é educado, etc.) porque o trabalho em equipe não acontecia? Por que as ações estavam centradas apenas no médico e não ocorriam reuniões periódicas da equipe para conversarem sobre a melhor forma de abordarem os problemas de saúde dos usuários? Mas que trabalho em equipe é este que estamos falando? Do “normativo”? Será que o trabalho em equipe ocorre somente num momento determinado, quando todos estão sentados e dialogando/discutindo sobre algum tema/problema/caso? Ou o trabalho em equipe pode (e deve) acontecer também no dia a dia, na conversa do cafezinho, quando 2-3 trabalhadores se encontram e conversam sobre um determinado assunto em comum voltado para as questões do trabalho e combinam a forma como irão enfrentar essa situação? Podemos afirmar que essa “conversa informal” pode-se configurar também como um trabalho em equipe? Mas isso não entra na produção! Mais um barreira a ser transposta...será que esta conversa “informal” não pode ser ou realmente é mais produtiva e geradora de cuidados efetivos e integrais do que a pré determinada às 8h ou com toda equipe na última sexta–feira do mês? O fato de termos (culturalmente) um processo de trabalho em saúde centrado no médico, na doença e na medicalização seria utópico pensar em um trabalho em equipe de forma como se é proposto nos textos acadêmicos? São essas as indagações resultantes de outros olhares dos quais fomos (e somos) instigados a ter neste processo de pesquisa. Somos desafiados a sair do comum e ir para outros lugares impensáveis. Toda essa movimentação nos proporciona outros afetos, nos possibilitando descontruir e reconstruir, desmontando a noção da verdade, nós sacudindo a repensar o olhar da gestão e da técnica, rever o estabelecido, questionar as verdades descritas no cotidiano das atividades do cuidado, trabalhar a ousadia e a nossa inquietude de fazer a mudança. Não sabemos para onde isso nos levará, mas, certamente, estamos bem empolgadas com a possibilidade desta “viagem” que ainda não tem prazo para terminar.

1420 PERFIL ANTROPOMÉTRICO E PRESSÓRICO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE URUGUAIANA-RS
Fausto Pereira de Pereira, Alex dos Santos Carvalho

PERFIL ANTROPOMÉTRICO E PRESSÓRICO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE URUGUAIANA-RS

Autores: Fausto Pereira de Pereira, Alex dos Santos Carvalho

É possível visitar a literatura atual para encontrar vários estudos relacionados a perfil antropométrico, indicadores de pressão arterial, doenças crônicas não transmissíveis, dentre outros (OLIVEIRA et. al. 2015; LIMA et. al. 2016; OLIVEIRA et. al. 2013; COLOMBO e DERQUIN, 2008; FERRAZ e AERTS, 2005). Porém, ainda não se tem muita informação sobre esses dados em profissionais da área da saúde, principalmente nos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pessoas estas que lidam diariamente com vários tipos de doenças, sejam elas transmissíveis e não transmissíveis, são estes trabalhadores quem realmente tem o contato diário com esse público, tanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), quanto dirigindo-se em suas casas, nas visitas domiciliares. No estudo de Porto et. al. (2016), foram identificados achados que sugerem que estes indivíduos reconhecem os riscos à sua saúde, sobretudo a partir dos indicadores morfológicos, mas ignoram a importância de manter valores relacionados a pressão arterial adequados e de ter uma prática regular de Atividade Física (AF) com o intuito de postergar o surgimento de alguma condição crônica, maléficas ao organismo, o que poderá influenciar na sua autopercepção da saúde num futuro não muito distante. Contudo, devemos lançar um olhar profundo nesta população, pois, além de darem instruções de saúde à população, eles também deveriam cuidar de sua própria saúde, e em muitos casos vemos que isto não vem ocorrendo. Esta é uma pesquisa quantitativa de caráter descritivo e transversal. Quantitativa: Pois ela traduz em números as opiniões e informações adquiridas para serem classificadas e analisadas no referido estudo. Utilizam-se de técnicas estatísticas (RODRIGUES, 2007). Descritiva: Pois, segundo Gaya (2008) a pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a frequência com que o fenômeno acontece. A População da pesquisa segundo a Secretaria de Saúde do município de Uruguaiana é de 105 ACS que encontram-se em atividade atualmente no 2º semestre de 2017, e a amostra foi composta por 61 ACS trabalhadores nas ESFs do município de Uruguaiana-RS, totalizando 58% da população geral, dando mais veracidade e validade aos nossos dados. Os demais ACS não demonstraram interesse em participar, ou não se encontravam presentes nas EFSs no momento da coleta dos dados. No estudo realizamos avaliação antropométrica da região da cintura e do quadril, a avaliação do IMC, através da altura e do peso, e ainda, a aferição da pressão arterial dos ACS no momento da coleta dos dados. As avaliações foram realizadas no próprio local de trabalho dos ACS, ou seja, nas ESFs. Foram utilizados como matérias de avaliações, 1 (uma) balança da marca “Omron HBF 214 Digital”, para até 150 Kg. A estatura foi aferida com estadiômetro de parede, que estão presentes em todas as ESFs. O IMC foi calculado com as medidas de massa corporal e estatura. Os pontos de corte de IMC adotados foram os preconizados pela Organização Mundial da Saúde, (1997). A RCQ foi calculada a partir da divisão do valor obtido na circunferência de cintura pela da circunferência de quadril, medidas estas obtidas com o uso de 1 (uma) fita métrica de 1,5 metros, exclusiva para avaliação de medidas antropométricas. Os pontos de corte adotados foram os preconizados pela Organização Mundial de Saúde (2000). Para a mensuração da pressão arterial, foi utilizado o método auscultatório com auxílio de Esfigmomanômetro aneróide da marca “G-TECH/Premium”, com Estetoscópio ESFHS50, certificados pelo “Inmetro”,  após o avaliado manter repouso na posição sentada por cerca de 5 minutos. A classificação dos resultados encontrados foi realizada segundo critérios da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010). Também foi perguntado se o avaliado possuía alguma doença crônica não transmissível. Através das verificações de massa corporal e estatura para a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC), podemos destacar que o valor mínimo encontrado na amostra foi de 19,4 kg/m² e o valor máximo foi de 46,8 kg/m², onde destacamos que a média geral do IMC da amostra, foi de 28,1 kg/m². Destacamos que no estudo, apenas 16,39% dos ACS estão no peso adequado, segundo a tabela da organização mundial de saúde, 24,59% estão levemente acima do peso. Um dado que nos preocupa é que 32,79% estão com grau I de obesidade e 26,22% da amostra estão em níveis de obesidade graus II e III, que os coloca em níveis altos de risco para a qualidade de vida e saúde. Corroborando com a pesquisa (ANJOS, 2006) onde, aproximadamente 50% da população brasileira apresentam algum grau de excesso de massa corporal (sobrepeso/obesidade) segundo o Índice de Massa Corporal – IMC, o que coloca ao Brasil um sério problema nutricional. Segundo Monteiro e Conde (2000), o aumento dos índices de obesidade tem sido atribuído aos rápidos declínios no gasto energético dos indivíduos decorrentes das mudanças dos hábitos de vida e de trabalho, com a redução da atividade física e predomínio das ocupações que demandam menor esforço físico. Em relação aos fatores de risco referente à Relação Cintura x Quadril, destacamos em nosso estudo, que a maioria, 55,74% dos ACS tem alto risco de adquirir doenças cardiovasculares, e apenas 44,26% da amostra encontra-se no grupo de baixo risco, segundo o Ministério da Saúde. Estudos prospectivos mostram que a gordura localizada no abdômen é fator de risco para doenças cardiovasculares e, consequentemente, o maior risco de morbidade e mortalidade quando não tratadas essas alterações (REZENDE et al., 2006). O excesso de peso e, especialmente, a obesidade abdominal correlaciona-se com a maioria dos fatores de risco cardiovascular, principalmente com níveis elevados de triglicérides e reduzidos de HDL e o aumento do LDL, apresentando maior impacto sobre a elevação da Pressão Arterial. Através da variável, pressão arterial, observamos que 44,26% da amostra encontra-se com níveis de pressão normal, 26,23% têm os níveis baixo de pressão arterial, 9,84% estão classificados como limítrofe e 19,67% dos ACS, estão com níveis considerados de Risco (Hipertensos, estágios 1, 2 e 3) segundo o Ministério da Saúde. Corroborando com a nossa pesquisa, Contanzi et. al. (2009), dizem que a hipertensão arterial tem atingido cerca de 30% dos indivíduos adultos em nosso país. Constituindo-se entre o grupo de doenças cardiovasculares como um dos principais fatores que mais ocasionam mortes. Ainda segundo os autores, estudos têm apresentado indícios de que a hipertensão arterial sistêmica no adulto é uma patologia que se pode iniciar durante a infância. Neste mesmo sentido, Porto et. al. (2016) encontram em seu estudo níveis parecidos, onde 56% foram considerados com pressão arterial ótima e 44% não ótima. A hipertensão arterial é considerada como uma doença que associa-se a um agregado de distúrbios metabólicos, entre eles estão: a obesidade, o aumento da resistência a insulina, o diabetes mellitus. Segundo Nascente e colaboradores (2010) estudos epidemiológicos tem identificado a associação positiva da hipertensão arterial às características sociodemográficas, ao consumo de álcool, à ingestão de sódio, ao estresse, ao diabetes, à obesidade e ao sedentarismo.

3011 PERFIL SOCIOECONÔMICO DE ESTUDADES DE GRADUAÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO INTERIOR DO AMAZONAS
Jéssica Karoline Alves Portugal, Mariana Paula da Silva, Marcelo Henrique da Silva Reis, Paula Andreza Viana Lima, Rodrigo Damasceno Costa, Ananias Facundes Guimarães, Victor Linec Maciel Barbosa, Abel Santiago Muri Gama

PERFIL SOCIOECONÔMICO DE ESTUDADES DE GRADUAÇÃO DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO INTERIOR DO AMAZONAS

Autores: Jéssica Karoline Alves Portugal, Mariana Paula da Silva, Marcelo Henrique da Silva Reis, Paula Andreza Viana Lima, Rodrigo Damasceno Costa, Ananias Facundes Guimarães, Victor Linec Maciel Barbosa, Abel Santiago Muri Gama

Apresentação: No decorrer dos anos, o cenário acadêmico sofreu diversas mudanças, principalmente no que diz respeito ao perfil dos estudantes que ingressam em uma Universidade em busca de uma profissão. O que antes era apenas uma oportunidade para indivíduos com maior poder aquisitivo, atualmente passa a ser a realidade de milhões de jovens no mundo inteiro. No entanto, apesar dessa grande conquista para a população economicamente desfavorecida, a Universidade ainda é considerada um grande desafio para milhares de pessoas, principalmente devido as dificuldades socioeconômicas. Embora atualmente exista um grande número de universidades públicas em todo o Brasil, ainda há uma quantidade significativa de indivíduos de desistem da faculdade por falta de condições financeiras, pois não conseguem conciliar o trabalho com as atividades acadêmicas. No município de Coari, interior do Amazonas, grande parte dos estudantes são de outras localidades, o que dificulta mais ainda a permanência dessas pessoas até o final do curso. Dessa forma, o objetivo desse trabalho, é descrever o perfil socioeconômico de estudantes de graduação da Universidade Federal do Amazonas, Campos Coari. Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo, transversal e de abordagem quantitativa, realizado com alunos de graduação do Campus avançado da Universidade Federal do Amazonas, o Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB), no município de Coari. O estudo foi realizado com 360 estudantes de diferentes cursos de graduação. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário autoaplicável, com perguntas referentes a informações socioeconômicas e demográficas, vida acadêmica, consumo de medicamentos e qualidade de vida. A pesquisa foi realizada nos meses de outubro e novembro de 2017 e cada participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados foram analisados no software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) 22.0 for Windows. Resultados: dos 360 estudantes entrevistados, a maioria era do sexo feminino (59,4%) com média de idade de 21,35 anos, solteiros (84,7%) e a maioria possuía renda individual mensal de menos que um salário mínimo, referente ao auxílio acadêmico e auxílio moradia que recebem da instituição. Quanto ao transporte utilizado para descolamento até a Universidade, 21,7% informou utilizar serviços de moto-taxistas, ressaltando que o valor de cada corrida é três reais por pessoa. Em relação ao progresso acadêmico, foi identificado que 22,5% dos alunos estavam atrasados em seus respectivos cursos. Considerações finais: O estudo apontou que a maioria dos estudantes possuem poucos recursos financeiros, o que pode influenciar em seu desempenho acadêmico, uma vez que muitos são de outras cidades e possuem gastos excessivos com aluguel e transporte até a universidade. Tendo em vista as inúmeras dificuldades que esses acadêmicos enfrentam, cabe aos gestores da Universidade, adotarem medidas que busquem a maior permanência desses alunos na instituição, diminuindo o número de desistências em decorrências de problemas socioeconômicos.