122: Atenção básica criando laços com a comunidade e o ensino: experiências dialógicas
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: ICB Sala 03 - Cacimba    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
1596 RELATO DE EXPERIÊNCIA: ATENÇÃO PRIMÁRIA COMO PALCO PRIVILEGIADO NO DESENVOLVIMENTO DE PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
THAMIRES PALHETA DE SOUZA, THAIS DA PAIXÃO FURTADO, ERIKA BEATRIZ BORGES SILVA, ELAINE PRISCILA ÂNGELO ZAGALO, DHIULY ANNE FERNANDES DA SILVA, THAMYRES BATISTA PROCÓPIO, JULLIANA SANTOS ALBUQUERQUE RIBEIRO, ELISÂNGELA DA SILVA FERREIRA

RELATO DE EXPERIÊNCIA: ATENÇÃO PRIMÁRIA COMO PALCO PRIVILEGIADO NO DESENVOLVIMENTO DE PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Autores: THAMIRES PALHETA DE SOUZA, THAIS DA PAIXÃO FURTADO, ERIKA BEATRIZ BORGES SILVA, ELAINE PRISCILA ÂNGELO ZAGALO, DHIULY ANNE FERNANDES DA SILVA, THAMYRES BATISTA PROCÓPIO, JULLIANA SANTOS ALBUQUERQUE RIBEIRO, ELISÂNGELA DA SILVA FERREIRA

Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) definida como condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial é um grave problema de saúde pública no Brasil. Dessa maneira, o profissional enfermeiro e demais profissionais exercem um papel relevante frente a essa realidade, colaborando de maneira hábil, didática, com linguagem acessível e principalmente fundamentada na ciência, visto que também exerce papel de educador na atenção básica de saúde. O presente resumo tem como objetivo relatar a experiência e a reflexão de acadêmicos de enfermagem durante consulta a um paciente hipertenso, não orientado a respeito de sua doença, bem como sua não aceitação a hábitos de vida saudáveis. Levando em consideração fatores socioeconômicos e biopsicossociais do mesmo. Avaliando a importância de uma consulta esclarecedora, orientações acessíveis visando um emponderamento do paciente no seu cuidado. Descrição da experiência: O estudo foi efetivado na unidade municipal de saúde do Guamá, localizada na cidade de Belém do Pará. Onde foi realizada uma consulta de enfermagem a um senhor de 59 anos, ensino fundamental incompleto, hipertenso e sem esclarecimentos sobre a sua condição crônica. Posteriormente houve uma reflexão dos dados coletados com a finalidade de compreender o conteúdo das informações colhidas. Fez-se necessário ler e refletir sobre os achados usando o que já havia sido registrado, buscando atribuir significados frente a esse aprendizado. Resultados: O engajamento do enfermeiro na atenção primária de saúde frente a consultas e orientações tem colaborado de maneira importantíssima para a melhoria da qualidade de vida da população, através da promoção, proteção da saúde e a prevenção de agravos. Desse modo, as orientações repassadas durante as consultas de forma esclarecedora e acessível, o planejamento de tecnologias educativas e a formação de vínculo entre profissional e usuário são de suma valia na busca do engajamento do cliente no seu processo de saúde-doença. Os profissionais de saúde que atuam na atenção primária são capazes de promover mudanças significativas na realidade dos usuários do Sistema Único de Saúde, e para isso devem estar em formação e apropriação contínua de manobras que consigam alcançar um atendimento diferenciado. Conclusão: A atenção básica pode ser considerada um palco privilegiado para o desenvolvimento de práticas que promovam a educação em saúde, pois em vários momentos existe contato oportuno entre profissional e usuário. A atuação da enfermagem na promoção à saúde causou ao usuário a sensação de felicidade, por estar aprendendo sobre a sua patologia, modo de prevenção e controle. Desse modo, tornando-o multiplicador de saberes saudáveis.

2059 ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS PARA O CUIDADO INTEGRAL NO CONTEXTO DA SAÚDE DA FAMÍLIA
Pedro Alves de Araújo Filho, Danielly Maia de Queiroz, Lúcia Conde de Oliveira, Maria Rocineide Ferreira da Silva

ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS PARA O CUIDADO INTEGRAL NO CONTEXTO DA SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Pedro Alves de Araújo Filho, Danielly Maia de Queiroz, Lúcia Conde de Oliveira, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Introdução O cuidado integral de pessoas e coletivos deve ter como premissa o entendimento do usuário como sujeito histórico, social e político. Nesse sentido, a produção do cuidado deve ser articulada ao seu contexto familiar e à sociedade em que vive. As estratégias e ferramentas que orientam o processo de trabalho na Saúde da Família estão inseridas no campo das tecnologias relacionais, proporcionando a construção de vínculo, autonomia e protagonismo, estreitando as relações entre profissionais e indivíduos/famílias, promovendo a compreensão do indivíduo e suas relações com a família e seu contexto sociocomunitário, possibilitando assim, oferecer respostas abrangentes e adequadas às suas necessidades de saúde, seja individuais ou coletivas, na perspectiva da integralidade e da corresponsabilização do cuidado integral, contínuo e longitudinal. Objetivo Relatar a vivência na Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade, no período de 2011 a 2013. O programa era executado pela Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, chancelado pela Universidade Estadual do Ceará. Resultados e Discussão Tomando como referencial os princípios e diretrizes da ESF, o programa adotava o processo de territorialização e planejamento participativo como estratégias para organização do processo de trabalho e produção do cuidado das situações de saúde mais prevalentes e contextualizadas com as necessidades dos indivíduos, famílias e grupos sociais do território. Os residentes eram organizados em equipe multidisciplinar composta por: duas enfermeiras, dois dentistas, uma assistente social, uma fisioterapeuta, uma nutricionista e uma psicóloga. Além disso, levando em consideração aspectos operativos e filosóficos da clínica ampliada como forma de (re)significar a clínica e cuidado ofertado às pessoas e coletivos, compunham o seu cotidiano de trabalho as seguintes estratégias/ferramentas: reunião de equipe semanal, na qual se pactuava, dentre outras coisas, a agenda de trabalho com ações de núcleo e campo; discussão e estudo de casos considerados complexos e que necessitavam de uma abordagem multidisciplinar e/ou intersetorial que, na maioria das vezes, o “complexo” estava relacionado ao critério de “vulnerabilidade”; ações coletivas de educação em saúde na unidade de saúde e/ou em equipamentos sociais institucionais ou comunitários do território; momentos de educação permanente; apoio matricial como, por exemplo, o matriciamento em saúde mental; construção compartilhada de projetos terapêuticos singulares (PTS) e de projetos de saúde no território (PST); planejamento e facilitação de rodas de gestão, alicerçadas no referencial do Método Paidéia; realização de grupos educativos e terapêuticos; além de atendimentos individuais e compartilhados. Considerações finais As estratégias e as ferramentas para organização do processo de trabalho e de produção do cuidado em saúde são utilizadas com o objetivo de qualificar a organização do processo de trabalho e auxiliar na produção do cuidado integral, corresponsável e resolutivo. O tempo da residência foi um tempo de experimentações de invenção e reinvenção do próprio processo de trabalho em saúde e de ressignificação de saberes e práticas dos profissionais de saúde que vivenciaram esse processo de ensino-aprendizagem pelo trabalho, tento como eixo norteador a implicação com o outro e com a vida. 

2798 CUIDANDO DO CUIDADOR DA ATENÇÃO DOMICILIAR
Ana Lúcia De Grandi, Kátia Santos Oliveira, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Josiane Vivian Camargo de Lima, Maria Lucia da Silva Lopes, Sarah Beatriz Coceiro Meirelles Felix, Regina Melchior

CUIDANDO DO CUIDADOR DA ATENÇÃO DOMICILIAR

Autores: Ana Lúcia De Grandi, Kátia Santos Oliveira, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Josiane Vivian Camargo de Lima, Maria Lucia da Silva Lopes, Sarah Beatriz Coceiro Meirelles Felix, Regina Melchior

Apresentação: O cuidado da saúde no domicílio é uma prática milenar, porém com o advento da medicina científica, no século XIX, as pessoas passaram a ser pacientes e serem levadas para um local chamado hospital, onde deveriam ser cuidadas. Com o surgimento do hospital, o domicílio deixa de ser o lugar de manifestação do sofrimento e a família perde a autoridade sobre a maneira de cuidar. Com o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônico-degenerativas, aumenta-se o número de hospitalizações. O serviço de atenção domiciliar (SAD) surge como alternativa à internação hospitalar e como um novo espaço de cuidado, além de ser uma possibilidade de trazer o cuidado novamente ao domicílio. No entanto, para que esta mudança aconteça, faz-se necessário que o usuário da atenção domiciliar tenha um cuidador disponível, conforme descrito nas portarias que regimentam o SAD. Tais normativas estabelecem ainda, que o cuidador seja uma pessoa, que pode ou não ter vínculo familiar com o usuário, mas que o auxilie em suas necessidades e atividades da vida cotidiana. Assim, é considerada pessoa chave para o SAD. Reconhecendo o papel do cuidador como primordial na ação do SAD, buscamos vivenciar o cuidado produzido pela equipe ao cuidador. Desenvolvimento: Esta pesquisa faz parte do Observatório de Práticas de Cuidado em Redes Atenção Domiciliar e Atenção Básica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo referencial de abordagem do campo é a pesquisa cartográfica. Cartográfica no sentido apresentado pelos autores proponentes que se distancia da compreensão da geografia que busca retratar as paisagens na natureza com o maior detalhamento possível, aqui a proposta metodológica utilizada trata-se de outra cartografia, uma cartografia que busca desenhar cenas sociais buscando perceber e descrever linhas e intensidades relacionais, processos de subjetivação, disputas como se fosse um mapa geográfico. Nesse caminhar, a cartografia pode disparar um processo de desterritorialização, no qual ocorra a ampliação subjetiva, assim compreende-se que no campo científico essa abordagem para instaurar um novo jeito de produzir conhecimento, jeito criativo, artístico e que explicita a implicação do pesquisador/autor/cartógrafo. Para o trabalho de campo, utilizou-se um período de aproximadamente quatro meses de vivências com as equipes SAD de um município do sul do Brasil, seguido da escolha, em conjunto com as equipes, de um cuidador. Essa cuidadora, mulher, passou a ser chamada de cuidador-guia, que é como um fio condutor pelo complexo labirinto do cuidado em saúde, ou seja, um dispositivo que permite olhar como o cuidado é realizado, a partir do olhar da cuidadora do usuário do serviço. No trabalho de campo, foram desenvolvidas narrativas dos profissionais do SAD, da atenção básica e do cuidador-guia, bem como o acompanhamento do seu cotidiano. Resultados: A cuidadora guia escolhida é ex-mulher do usuário do SAD, que deixa seu emprego e volta para casa para ajudar os filhos, que já não moram na mesma residência que o pai, a cuidarem do mesmo que sofreu um acidente e fica dependente. O primeiro tema que apareceu com destaque nas narrativas foi o fato da equipe de atenção domiciliar olhar com atenção para a cuidadora. Os profissionais do SAD estavam planejando a alta do usuário no momento em que o namorado da cuidadora faleceu acidentalmente. Considerando esse acontecimento, a fragilidade emocional da cuidadora e o fato do namorado auxiliá-la nos cuidados com o ex-marido, a equipe de atenção domiciliar suspendeu a alta como apoio à cuidadora. Três meses depois, com a alta, outro tema emerge nas narrativas da cuidadora, agora quanto ao cuidado fornecido pela atenção básica, que no momento não atende suas necessidades. A coordenação da unidade e o ACS da equipe, em seus relatos, citam ações que realizaram para atender a cuidadora, mas reconhecem que as necessidades da mesma são maiores do que conseguem suprir. Outro tema narrado foi a solidão em ser cuidadora única. Em vários momentos, a cuidadora relata a falta de ter uma pessoa para dividir os cuidados com o usuário e poder olhar para si, para o seu cuidado. Diante da privação de contato social, uma de suas estratégias é ligar para um número de telefone qualquer e tentar conversar com a pessoa que atender. Alguns entendem o sofrimento e promovem conforto ao ouvi-la, outros possuem dificuldades em compreender e desligam. Com a melhora do quadro clínico do usuário, outra estratégia utilizada pela cuidadora são saídas curtas e rápidas para conversar com familiares que residem próximo a ela, deixando o usuário amarrado na poltrona, pois seus familiares não a visitam. Isso é visto pela cuidadora como um cuidado com a segurança do usuário, pois assim o mesmo não corre risco de cair e se machucar durante sua ausência. Essa mesma estratégia tem sido utilizada para a realização de um trabalho informal próximo a sua casa. A dificuldade financeira aparece desde o início das narrativas, pois os filhos não auxiliam nem no cuidado da mãe e do pai, nem com as despesas financeiras. Assim, a cuidadora consegue um emprego na vizinhança para complementar a renda e, para a realização do mesmo, ela amarra o usuário. A ausência de ajuda dos filhos leva a cuidadora a construir redes a partir de outros lugares, como por exemplo, com a igreja, que durante alguns meses a ajudou com o pagamento do aluguel e comprando remédios que não são fornecidos pela atenção básica. Alguns medicamentos ainda são fornecidos pela igreja. Uma das irmãs da cuidadora consegue dar suporte em algumas de suas saídas, mas como possui o esposo e um filho dependente, também não consegue ajudar todas às vezes. Devido às dificuldades constantes, a cuidadora decide acionar judicialmente os filhos. A decisão foi pensada e adiada por várias vezes, mas as necessidades vividas diariamente prevaleceram, pois como mãe, a cuidadora tentou poupar os filhos tanto do cuidado como da ajuda financeira, mas a sobrecarga de estar sozinha no cuidado sobressai decidindo por acionar judicialmente os filhos. Sua face se entristece ao relatar que deixa o usuário amarrado para se deslocar ao Ministério Público e solicitar a abertura de processo contra os filhos. Considerações finais: Percebemos até o momento, um forte vínculo da equipe do SAD com seus usuários e, mesmo não sendo uma obrigatoriedade legal da atuação do SAD, esses trabalhadores também cuidam dos cuidadores dos seus usuários. Outro ponto destacado é o esforço da AB para suprir as necessidades de cuidado tanto da cuidadora quanto do usuário, porém isoladamente. A própria cuidadora consegue construir redes de cuidado tanto para si, quanto para o usuário de acordo com suas possibilidades. Como mãe, tentou realizar todo o trabalho sozinha, mas a ausência contínua dos filhos faz com que tome providências. Destacamos a necessidade de um trabalho articulado em rede, pois as necessidades do usuário/cuidador vão para além do estritamente clínico.

2976 CURSO TÉCNICO EM GERÊNCIA DE SAÚDE: UMA ABORDAGEM REFLEXIVA PARA O FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE
Valdirene Silva Pires Macena, Catiucia Aparecida Silva, Halex Mairton Barbosa Gomes e Silva, Nagele Maria Garcia Hadid, Renata Moraes Correa, Silvana Aparecida Ferraz, Valdinei Pereira de Souza, Pedro Augusto Pacheco de Miranda, Deisy Adania Zanoni, Davi de Oliveira Santos

CURSO TÉCNICO EM GERÊNCIA DE SAÚDE: UMA ABORDAGEM REFLEXIVA PARA O FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE

Autores: Valdirene Silva Pires Macena, Catiucia Aparecida Silva, Halex Mairton Barbosa Gomes e Silva, Nagele Maria Garcia Hadid, Renata Moraes Correa, Silvana Aparecida Ferraz, Valdinei Pereira de Souza, Pedro Augusto Pacheco de Miranda, Deisy Adania Zanoni, Davi de Oliveira Santos

INTRODUÇÃO A Atenção Básica (AB) é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. A Atenção Básica é considerada a principal porta de entrada e centro de comunicação das Redes de Atenção à Saúde (RAS) e ela oferta integralmente e gratuitamente os serviços de saúde a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e demandas do território, considerando os determinantes e condicionantes de saúde. Portanto, para melhorar a qualidade dos atendimentos prestados aos usuários na Atenção Básica, o Ministério da Saúde criou o Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ - AB) com o objetivo de incentivar os gestores a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) por meio das equipes de Atenção Básica à Saúde. A meta do programa é garantir um padrão de qualidade por meio de um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. Para a consolidação os trabalhos realizados aos usuários no Sistema Único de Saúde (SUS), o Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ - AB) eleva os recursos do incentivo federal para os municípios participantes, que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento. Neste contexto, denota-se que para ser gerente, se faz necessário planejar, controlar e avaliar a implementação de programas de saúde para atender de forma integral e equânime todos os usuários do Sistema Único de Saúde. Quando os gerentes em saúde são capacitados eles adquirem autonomia para gerenciar os serviços e as unidades de saúde de forma mais humanizada, colaboram para desenvolver projetos de gestão em saúde, realizam estudos de custos e viabilidade, realizam previsão e provisão do sistema de estoque, compras e distribuição de material sem causar desperdícios aos cobres públicos e alimentam estatísticas de indicadores de saúde. OBJETIVO Motivar os gerentes em saúde a realizarem o curso de capacitação para reestruturar o Sistema Único de Saúde de forma empreendedora para inovar as ações de coordenação e gerência das unidades de saúde. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA Trata-se de um relato de experiência vivenciado por 07 docentes do Curso Técnico em Gerência de Saúde e por 03 avaliadores do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ - AB) no Estado de Mato Grosso do Sul. RESULTADOS E/OU IMPACTOS Compreende-se que gerenciar as unidades de saúde na Atenção Básica não é uma tarefa fácil porque exige preparo prévio dos profissionais de saúde que irão atuar como gerentes nos estabelecimentos de saúde que prestam ações e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS. Para ser gerente em saúde, o profissional necessita receber instruções para consolidar melhorias nas unidades, diminuir gastos públicos, reduzir a insatisfação dos usuários, conhecer as particularidades do Sistema Único de Saúde e saber direcionar os usuários de alta e média complexidade às Redes de Atenção à Saúde. Sabendo das competências e habilidades exigidas para o cargo de gerência em saúde, verificou-se nas observações que os gerentes inseridos na Atenção Básica no Estado de Mato Grosso do Sul, enfrentam vários nós-críticos: 01) Os cargos de gerência são por indicação política; 02) Conforme a gestão municipal há uma grande rotatividade de gerentes; 03) Embora a Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul ofertar gratuitamente o Curso Técnico em Gerência de Saúde à comunidade, observa-se nos cursos que não há o interesse dos gerentes das unidades em participar. Este fato é um aspecto negativo para fortalecera Atenção Básica de Saúde no Estado porque gerenciar não é apenas representar a unidade, mas sim, conhecer como funciona o Sistema Único de Saúde na íntegra, compreender que para promover, proteger e recuperar a saúde dos usuários e realizar o controle social é preciso conhecer as Leis Orgânicas do SUS: 8.080/1990 e 8.142/1990, buscar implantar a Política Nacional de Humanização (PNH) no dia-a-dia de trabalho, estar compromissado com a sua comunidade, saber realizar Educação em Saúde aos usuários mais vulneráveis ao risco de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Doenças Crônicas Não Transmissíveis, identificar as atribuições de cada profissional de saúde. Enquanto avaliadores do PMAQ observou-se que a figura do gerente nem sempre existe na Atenção Básica, e, quando tem o gerente a maioria das vezes são cargos políticos. Ao avaliar as unidades, notou-se pouco preparo e interesse do mesmo em relação as suas funções, gerando certo comodismo e falta de comprometimento em buscar capacitações, treinamentos e oficinas que viriam com o intuito de elucidar o seu papel enquanto gestor. CONSIDERAÇÕES FINAIS Espera-se que através do curso de capacitação, os gerentes técnicos em saúde, recebam uma formação adequada voltada à saúde pública, adquirindo uma maior compreensão dos desafios a serem enfrentados e de uma gestão transparente, compreendo a necessidade do emprego correto dos recursos financeiros e de recursos humanos sempre levando em consideração o cliente que receberá o resultado desta boa gestão em formato de uma assistência humanizada, esperando também uma gestão participativa que envolva toda a equipe nas tomadas de decisões, pensando sempre no coletivo, na equipe multiprofissional que tem muito a contribuir no processo de gerenciamento das unidades de saúde, e o gestor que não se põe no papel de chefe, mas, que se coloca como líder, saberá utilizar de todos os recursos a ele disposto empregando da melhor maneira, criando um ambiente prazeroso para o desempenho de suas funções, valorizando a sua equipe, criando empatia e demonstrando cuidado com a satisfação do servidor e não apenas dos usuários, levando sempre em consideração a participação popular através dos conselhos, sendo assim refletirá em uma gestão que servirá de exemplo a seu município, estado e a nível federal, pois bons exemplos de gestão devem ser multiplicados, e procurando sempre aprimorá-los.REFERÊNCIAS BRASIL. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Portal Saúde, 2012. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pmaq.php>. Acesso em: 15 dez. 2017. BRASIL. Portaria nº. 1.645, de 2 de outubro de 2015. Dispõe sobre o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 3 out. 2015. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=legislacoes/pmaq>. Acesso em: 15 dez. 2017. BRASIL. Portaria nº. 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, seção 1, nº 183, set. 2017. p.68.

3149 Classificação de risco de vulnerabilidade biológica e social de famílias com cobertura da Estratégia Saúde da Família em Tefé - AM
Thayana Oliveira Miranda, Edinilza Ribeiro dos Santos, Frandison Gean Souza Soares

Classificação de risco de vulnerabilidade biológica e social de famílias com cobertura da Estratégia Saúde da Família em Tefé - AM

Autores: Thayana Oliveira Miranda, Edinilza Ribeiro dos Santos, Frandison Gean Souza Soares

Introdução. A Atenção Primária à Saúde (APS) desenvolvida na lógica da Estratégia Saúde da Família (ESF) tem contribuído para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). A visita domiciliar, entendida como tecnologia do cuidado multidisciplinar à família e à comunidade, é um instrumento fundamental de intervenção. Objetivo. Classificar o grau de risco de vulnerabilidade biológica e social das famílias de duas áreas da ESF da zona urbana do município de Tefé, identificando as dimensões de vulnerabilidade de maior peso para os níveis de classificação de risco das famílias avaliadas. Método. Estudo observacional transversal retrospectivo descritivo, com dados secundários, cujas fontes de informação foram as fichas do e-SUS de cadastro domiciliar e individual de duas Áreas da ESF da zona urbana do município de Tefé (N=1.333 domicílios/famílias cadastrados, sendo: área A=795 e área B=538). A coleta de dados foi conduzida em agosto e setembro de 2017. Foi utilizada a Escala de Coelho e Savassi para avaliação e classificação de risco de vulnerabilidade biológica e social das famílias, as quais foram classificadas em quatro grupos conforme pontos de corte no escore total, conforme modelo de análise proposto: Risco habitual (0-4), Risco Menor (5-6), Risco Médio (7-8) e Risco Máximo (≥ 9). Resultados.  Foi observada uma alta proporção de fichas do e-SUS incompletas e/ou com falhas (50,6%). As proporções, sobre o total de famílias cadastradas com informações que permitiram a avaliação (n=658), por categorias da classificação de risco foram: 53,5% em Risco habitual, 26,0% em Risco Menor, 13,5 em Risco Médio e 6,9 em Risco Máximo. Considerados os três níveis de risco (menor, médio e alto), a proporção de famílias em algum grau de risco foi de 46,5%, ou seja, a proporção de famílias que requerem algum tipo de intervenção. As dimensões de vulnerabilidade social e biológica que mais contribuíram para os níveis de risco mais altos foram as condições de saneamento, relação morador por cômodo, drogadição e desemprego. Considerações finais. Os resultados apontaram para a necessidade de qualificação sobre o sistema de informação e-SUS, em especial para os Agentes Comunitários de Saúde; mostraram que quase metade da população (46,5%) apresenta algum nível de risco (biológico e/ou social), demandando alguma intervenção e que os principais fatores de vulnerabilidade são modificáveis com políticas públicas intersetoriais.

3259 “COBERTUDA DA ATENÇÃO BÁSICA NA AMAZÔNIA”: UMA SÉRIE HISTÓRICA
Paulo Martins, Rodrigo Tobias de Souza Lima

“COBERTUDA DA ATENÇÃO BÁSICA NA AMAZÔNIA”: UMA SÉRIE HISTÓRICA

Autores: Paulo Martins, Rodrigo Tobias de Souza Lima

Desde o início da década de 2000, o Amazonas tem apresentado um constante aumento na sua cobertura de atenção básica. Contudo, é especial refletirmos a que se atribui o aumento da cobertura da atenção básica no Amazonas, dada as características específicas da região. O presente estudo tem como objetivo analisar o aumento da cobertura da atenção básica no Amazonas à luz do princípio da equidade da política nacional da atenção básica. Trata-se de um estudo transversal, descritivo-analítico, baseado na análise de informações disponíveis nas bases de dados do DATASUS nos anos 2000 a 2017. Todos os seus sessenta e dois municípios apresentam os programas de Agentes Comunitários de Saúde, de Saúde Bucal e, principalmente, da Estratégia de Saúde da Família. O número de municípios com Agentes Comunitários de Saúde cresceu aproximadamente cinquenta por cento, o de Equipes de Saúde da Família foi quase triplicado e as Equipes de Saúde Bucal passaram a existir, implantando-se em todos os municípios do estado em pouco menos de dez anos. Esse crescimento exorbitante pode ser atribuído à implantação da Política Nacional de Atenção Básica no estado, em especial à implantação de políticas de saúde que consideram as características diferenciadoras dos municípios do estado do Amazonas, como as Equipes de Saúde Familiar Ribeirinhas e as Equipes de Saúde Familiar Fluviais, implantadas no estado por conta do território característico da região, por vezes chamado território líquido. Claro que muitos outros fatores podem ter contribuído para um crescimento tão significativo em um período de tempo relativamente curto. Esse crescimento é refletido no número de habitantes do estado que se encontram dentro da cobertura de atenção básica do estado, que é estimado em aproximadamente dois terços da população. Esse fato traz à discussão a realidade que o crescimento, por maior que tenha sido, ainda não conseguiu alcançar a totalidade da população amazonense, implicando a necessidade do reforço das políticas vigentes, ou da possível criação de novas políticas.

3367 ATENÇÃO DOMICILIAR: RELATO DE PESQUISA
lizandra alvares felix barros, DÉBORA CARDOSO BONFIM CARBONE, DÉBORA CARDOSO BONFIM CARBONE, MARIA DE LOURDES OSHIRO, MARIA DE LOURDES OSHIRO, TAMARA NICOLETTI DA MATA, TAMARA NICOLETTI DA MATA, Adrielly Campos da Silva, Adrielly Campos da Silva, Carlos Lucas Alves de Souza, Carlos Lucas Alves de Souza, Lara Geovanna Ferreira Calvis, Lara Geovanna Ferreira Calvis, JESSICA BARBOSA FERREIRA, JESSICA BARBOSA FERREIRA

ATENÇÃO DOMICILIAR: RELATO DE PESQUISA

Autores: lizandra alvares felix barros, DÉBORA CARDOSO BONFIM CARBONE, DÉBORA CARDOSO BONFIM CARBONE, MARIA DE LOURDES OSHIRO, MARIA DE LOURDES OSHIRO, TAMARA NICOLETTI DA MATA, TAMARA NICOLETTI DA MATA, Adrielly Campos da Silva, Adrielly Campos da Silva, Carlos Lucas Alves de Souza, Carlos Lucas Alves de Souza, Lara Geovanna Ferreira Calvis, Lara Geovanna Ferreira Calvis, JESSICA BARBOSA FERREIRA, JESSICA BARBOSA FERREIRA

Apresentação: Este relato de caso trata das experiências obtidas na execução de um projeto de pesquisa que objetivou analisar o contexto que permeia a vida do indivíduo que necessita de cuidados domiciliares por meio de uma atuação com perspectiva interdisciplinar. Desenvolvimento do trabalho: O presente estudo foi desenvolvido no período compreendido entre os meses de agosto de 2016 a julho de 2017 com os pacientes domiciliados cadastrados em Unidades de Estratégia de Saúde da Família (UESF) e Unidade Básica da Família (UBS) localizadas na região próxima a uma universidade privada, localizada no município de Campo Grande – MS. No primeiro semestre de desenvolvimento do projeto foram realizadas reuniões para orientação e planejamento na juntamente com a equipe de pesquisadores docentes composta por 2 enfermeiros, 1 farmacêutico e 1 bióloga. Os acadêmicos selecionados foram orientados por cada docente pesquisador a elaborar uma revisão bibliográfica com o objetivo de apropriar-se do tema a ser conduzidos em cada um dos planos de trabalho. O projeto foi encaminhado para autorização da Secretaria Municipal de Saúde Pública e posteriormente, Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB, com aprovação em dezembro de 2016. A segunda fase do projeto foi iniciada com o planejamento das atividades junto a UESF, juntamente com a equipe multiprofissional. Foi solicitado o levantamento dos dados referentes pacientes acamadas, portadores de lesão e crianças menores de 5 anos para planejamento das visitas domiciliares. O início das visitas domiciliares aconteceu em abril de 2016, onde foram selecionados os pacientes que participariam do estudo. 3 Planos de trabalho foram desenvolvidos a partir de visitas domiciliares aos pacientes com patologias crônicas ou com grau variado de dependência. Foram fornecidos pela ESF do Seminário o endereço de 20 pacientes que atendiam a esse perfil. Entretanto, apenas 8 aceitaram participar do estudo. Os demais foram caracterizados como ausentes (4), não encontrado o endereço (3), mudança de residência (2) óbito (2) e melhora do quadro clínico (1). Dessa forma, viu-se a necessidade de aumentar a área de abrangência do estudo, contemplando também a UBS mais próxima, onde foram indicados mais 15 pacientes, com a seleção de 10 pacientes para condução do estudo, considerando os critérios de inclusão. Outros 3 Planos de trabalho foram desenvolvidos a partir do cadastro geral de crianças menores de 5 anos e demais moradores da região atendida pela UESF, contemplando a partir de visitas, 50 residências, com entrevista direta a 58 famílias, compostas no total por 150 pessoas. Resultados e/ou impactos: Durante o ciclo de pesquisa, a equipe de pesquisadores teve dificuldades quanto ao acesso às residências, pois muitos moradores se recusaram a receber os alunos; e também, quanto a organização dos endereços fornecidos pelas Unidades de Saúde, considerando que muitos não foram encontrados. Outro fator relevante foi que, dos 35 endereços fornecidos, 4 já tinham tido troca de endereço, 3 se encontravam internados e 3 tinham ido a óbito, demonstrando a importância de manutenção dos cadastros atualizados pela equipe de saúde. A análise geral dos resultados apontou a importância da atenção domiciliar sob uma perspectiva multiprofissional. No total, foram analisados 68 domicílios no projeto de pesquisa, sendo 18 com pacientes em grau variado de dependência e patologia principal, e 50 sob o contexto do uso de medicamentos e condições sociodemográficas, e acompanhamento de crianças menores de 5 anos, totalizando dados de 150 indivíduos. Entre os pacientes domiciliados, 3 pacientes foram selecionados para o acompanhamento das lesões de pele, considerando que somadas as lesões da cada paciente, seriam acompanhadas 8 lesões. Entretanto, um dos pacientes, portador de 3 lesões, após triagem e diagnóstico microbiológico, não foi mais encontrado na residência em 3 visitas pela equipe, (sendo a primeira agendada), o que foi caracterizado como desistência, uma vez que o mesmo já havia assinado o TCLE e tinha acesso ao telefone da equipe. No acompanhamento dos demais, houve significativa evolução, considerando a evolução da retração cicatricial (35% da área inicial) em um dos pacientes e total cura do outro (100%) em aproximadamente 27 dias de abordagem terapêutica. Outros dados se tornaram relevantes, considerando ainda, que a partir da abordagem terapêutica, houve controle dos seguintes fatores: dor, infecção, risco de contaminação, autoestima rebaixada, capacidade funcional diminuída. Esses dados demonstraram o impacto positivo da visita domiciliar em pacientes portadores de lesão de pele quando conduzidas sob uma perspectiva científica, holística e humanizada. O risco ambiental e prevalência de diagnósticos de enfermagem foi investigado em 13 domicílios onde haviam pacientes domiciliados. Entretanto, destaca-se o empenho familiar em conduzir a maioria dos casos como fator positivo, apesar das condições sociais e econômicas não serem favoráveis. Outro fator de impacto é a falta de acompanhamento rotineiro das equipes de saúde da Unidades de Saúde responsáveis pela área em 3 residências, onde os determinantes sociais e de saúde alterados poderiam ser contemplados em ações previstas na Política Nacional de Saúde Básica. Entre os demais domicílios estudados, destacou-se a falta de informação sobre o uso racional de medicamentos, as condições socioeconômicas e o comportamento de risco como fatores a serem considerados para o planejamento das ações locais de promoção da saúde e prevenção de doenças. No entanto, destaca-se o papel positivo da escolaridade na adoção de hábitos saudáveis (alimentação) e também a taxa de adesão ao tratamento prescrito para duas enfermidades crônicas de grande importância no contexto da vigilância em saúde: hipertensão e diabetes (95% e 98% respectivamente). Considerações finais: Dessa forma, os dados obtidos a partir do desenvolvimento do projeto permitiram reconhecer vários aspectos do contexto familiar e a importância da atenção domiciliar para o acompanhamento e planejamento das ações de saúde de um determinado território sob uma abordagem multiprofissional, uma vez que os determinantes de saúde não contemplam somente as especificidades profissionais. Para melhores resultados, é explícito que as profissões façam recortes de expertise para construção de um projeto de atenção à saúde pautados nos domínios biopsicossociais do indivíduo, família e comunidade, garantindo assim, aplicabilidade das ações e qualidade nos resultados. Os resultados obtidos pela pesquisa repercutiram da maneira positiva para produção de conhecimento científico por oferecer subsídios para o planejamento de ações de prevenção e promoção da saúde na comunidade em torno da UCDB. A atenção domiciliar quando executada da maneira preconizada pelo Ministério da Saúde, pode lançar dados significativos para os profissionais de saúde da atenção básica planejarem suas ações, assim como a comunidade acadêmica da universidade. Uma vez fortalecida a atenção à saúde dentro do ambiente domiciliar, diminui-se a internação e a necessidade de atenção especializada de média e alta complexidade em saúde, uma vez que muitos dos problemas que conduzem à procura desses serviços, podem ser acompanhados pela Atenção Básica, e havendo resolutividade, diminui-se os custos da saúde, além dos impactos na vida do sujeito que vivencia o problema, com repercussão direta no seu conforto e qualidade de vida.

3513 O USO DA “FERRAMENTA DE FLUXOGRAMA ANALISADOR DO MODELO DE ATENÇÃO” PARA GESTÃO DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.
Luana Keity Lima Silva, Dayanne Holanda Maurício Maia, Karine Almeida Guerreiro, Antonio Charles Oliveira Nogueira, Ellen Rafaella Costa Silva, Ana Paula Ântero Lobo, Sabrina Silva Santos, Liz Coe Gurgel Lima Pinto

O USO DA “FERRAMENTA DE FLUXOGRAMA ANALISADOR DO MODELO DE ATENÇÃO” PARA GESTÃO DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.

Autores: Luana Keity Lima Silva, Dayanne Holanda Maurício Maia, Karine Almeida Guerreiro, Antonio Charles Oliveira Nogueira, Ellen Rafaella Costa Silva, Ana Paula Ântero Lobo, Sabrina Silva Santos, Liz Coe Gurgel Lima Pinto

O processo de trabalho em saúde estrutura-se por meio das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), ofertando serviços de saúde que devem comprometer-se com a defesa da vida individual e coletiva. O “fazer a saúde” permite pensar como é o trabalho no dia-a-dia dos serviços, o que lhe é próprio, por quem é feito, para quem é feito e qual a serventia. Neste ponto, trabalhar com ferramentas que auxiliem na análise de todas as questões envolvendo trabalho em saúde possibilita a formulação de algumas respostas, e confecção de novas perguntas, dando abertura para novas reflexões a fim de respondê-las. O “fluxograma analisador” (FA) consiste numa ferramenta muito simples, formado por um diagrama e utilizado em várias áreas do conhecimento, tendo como perspectiva ilustrar certo modo de organização de um conjunto de processos de trabalhos, que são interligados entre si em torno de determinada cadeia de produção. Esta ferramenta analisadora procura representar o que acontece com qualquer serviço, particularmente aqueles conectados a um trabalho diretamente “assistencial” permitindo esquematizar de um modo básico, como uma “janela síntese” de todos os processos chaves que ocorrem e caracterizam um determinado serviço de saúde, e que possa servir de “guia” para construção dos outros processos nele presentes. O objetivo deste estudo foi analisar o processo de trabalho com a construção do “fluxograma analisador do modelo de atenção” aplicado em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde no município de Icapuí, Ceará. Este trabalho consiste num relato de experiência que foi realizado em agosto de 2017, como atividade produto do curso de residência em Estratégia Saúde da Família (ESF) da Escola de Saúde Pública do Ceará. Primeiramente ocorreu uma roda de conversa com os profissionais da equipe de saúde da família do local, sendo levantadas informações básicas do funcionamento da Unidade Básica de Saúde (UBS), como escalas de atendimento, fluxos, protocolos presentes e documentos da unidade. Após a explicação do uso da ferramenta e com bases nas informações colhidas, os profissionais da equipe foram convidados a confeccionar o fluxograma analisador do seu processo de trabalho, identificando os nós críticos e debatendo sobre possíveis estratégias de superação em cada nível. Com a construção do fluxograma foi possível perceber que não existe boa relação de colaboração interprofissional e comunicação entre os membros da equipe, fator que dificulta o processo de trabalho, repercutindo negativamente na formação de vínculos com o usuário e resolubilidade do serviço, assim como torna frágil à educação permanente em saúde com a equipe. Outro impasse observado foi a desorganização dos prontuários, quanto ao preenchimento de dados e a perca dos mesmos. Como resultado, foram observadas várias vias de entrada ao serviço pelos usuários, como a Agente Comunitária de Saúde (ACS), Enfermeira, Gerente e a Técnica em Enfermagem, por possuírem maior vínculo com os mesmos. Na recepção, realizada na própria UBS, há a entrega de fichas de atendimento, tornando o acesso dos usuários ao serviço de saúde limitado e pouco resolutivo. No que se refere ao acolhimento, este não se restringe somente a um profissional, nesse sentido, entendendo que o mesmo constitui-se em uma prática de Estratégia de Saúde da Família, torna-se relevante que todos os profissionais o realizem, pois o acolher, embora incorpore a dimensão da clínica, não se restringe a ela, porém devido à falta de espaço e de profissionais capacitados representa um dos “nós” para que o mesmo ocorra de maneira satisfatória. Em relação à decisão de ofertas, o usuário tem autonomia para escolher com base no cardápio de ofertas, qual a melhor conduta se encaixa à sua necessidade. Entretanto, o profissional enfermeiro e a recepcionista da unidade são fundamentais para o melhor direcionamento dos usuários, com base na realidade de cada indivíduo que procura a Unidade Básica de Saúde. Vale mencionar, que o cardápio de ofertas é confeccionado com base nos programas do Ministério da Saúde e ações executadas pelos profissionais da rede de assistência à saúde (Núcleo de Assistência à Saúde da Família - NASF e equipe ESF). A insuficiência na oferta de serviços para atender à demanda, tanto em quantidade limitada de atendimentos (fichas limitadas de atendimento) quanto pela ausência de programas/ações voltadas para determinados grupos (saúde do homem, saúde do idoso, climatério) consiste numa fragilidade abordada pela equipe. No que se refere à saída do paciente da UBS, seja por abandono ou fim do tratamento, percebeu-se que em alguns casos, a unidade de saúde perde o vínculo com o mesmo e, quando há casos de transferência ou encaminhamentos dos pacientes para outros serviços, a equipe de saúde fica sem informações por não haver contra referência. Esses foram os principais nós que foi possível perceber na unidade com a aplicação do FA, atividade que teve sua importância reconhecida pelos profissionais da unidade e que possibilitou a discussão de formas de enfrentamentos para as principais fragilidades elencadas nessa oficina. Na dinâmica do fluxograma analisador, a equipe de residentes, junto com a equipe da UBS, discutiram e propuseram que fosse adotado o agendamento desses usuários, de forma a facilitar o acesso dos mesmos aos serviços de saúde da unidade, uma vez que, a distribuição de fichas não estava contemplando esse serviço de forma adequada. Em relação ao relacionamento de equipe foi proposta a intensificação do diálogo e da comunicação entre os mesmos, com rodas de conversa e dinâmicas de interação, visto que cada profissional tem sua importância dentro da Unidade, e refletindo assim, de forma positiva diante do processo de trabalho. O olhar crítico também se volta para o atendimento ao usuário, o qual deve ser atendido de forma integral e acolhedora, preferencialmente. Um artificio proposto pela equipe de residentes foi que a mesma iria capacitar os profissionais da UBS, segundo o caderno de acolhimento do Ministério da Saúde. Concluímos que este exercício constituiu-se como um disparador de reflexões e de instrumentalização da equipe para avaliação do seu processo de trabalho e que, à medida que este instrumento é utilizado de forma longitudinal, sua análise tende a uma maior qualidade, base para uma gestão estratégica de pessoas, para consolidação dos ideais do SUS.

3553 A TEORIA DA ADAPTAÇÃO NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ABORDAGEM VOLTADA À CIPESC.
Jaqueline Pinheiro Morais, Ruhan da Conceição Sacramento, Alícia Laura Lobo Modesto, Beatriz Duarte de Oliveira, Larissa Renata Bittencourt Pantoja, Marcos José Risuenho Brito, Mattheus Lucas Neves de Carvalho, Margarete Feio Boulhosa

A TEORIA DA ADAPTAÇÃO NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ABORDAGEM VOLTADA À CIPESC.

Autores: Jaqueline Pinheiro Morais, Ruhan da Conceição Sacramento, Alícia Laura Lobo Modesto, Beatriz Duarte de Oliveira, Larissa Renata Bittencourt Pantoja, Marcos José Risuenho Brito, Mattheus Lucas Neves de Carvalho, Margarete Feio Boulhosa

APRESENTAÇÃO: A teoria da adaptação de Callista Roy possui o homem como foco e seu objetivo é ,promover a adaptação do mesmo em situações de saúde e doença. Desse modo, entende-se que as pessoas são sistemas adaptativos vivos que apresentam comportamentos classificados como respostas adaptativas ou ineficientes. A teoria detém quatro elementos fundamentais, tais como: a) a pessoa; b) o ambiente; c) a saúde; e d) a enfermagem. Esses quatro elementos inserem-se nos cuidados de enfermagem, os quais são designados a um receptor. Nesse contexto, ressalta-se o elemento pessoa, pois o mesmo apresenta quatro modos adaptativos, os quais interferem nos processos de adaptação, como: a) Fisiológico; b) Autoconceito; c) Função do Papel e d) Interdependência. Realizar a adaptação à uma nova condição clínica é uma ação que deve acontecer gradualmente. Assim, é imprescindível que a relação usuário-equipe de saúde se dê de modo adequado. Nessa conjuntura, a Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC) surge como mecanismo que viabiliza a adequação as situações apresentadas pelo usuário, pois possibilita traçar os diagnósticos de enfermagem relacionados à pessoa, os quais desempenham influência na promoção a saúde e prevenção de doenças do mesmo e da coletividade que o cerca. Desse modo, o objetivo do presente trabalho é relatar a experiência vivenciada por acadêmicos acerca da prestação de cuidados de enfermagem na saúde coletiva em consonância com a Teoria da Adaptação utilizando os preceitos da CIPESC. DESENVOLVIMENTO: O presente estudo trata-se de um relato de experiência com abordagem qualitativa, realizado em uma Unidade de Saúde da Família (USF), localizada em Belém do Pará ocorrido no mês de abril de 2017. A atividade foi estruturada na visita a USF, onde os discentes obtiveram o caso de uma usuária hipertensa em controle no programa HIPERDIA, realizando a Consulta de Enfermagem, alicerçada no Processo de Enfermagem (PE). Desse modo, foi possível perpassar pela anamnese e exame físico, apurando as devidas informações para estabelecer os Diagnósticos de Enfermagem (DE), as intervenções e avaliação de enfermagem. Sendo assim, utilizou-se como referencial teórico, a Teoria da Adaptação, por meio da qual deu-se foco aos elementos essenciais da teoria como modo fundamentador aos Diagnóstico de Enfermagem, visando atender as demandas que interferiam no processo saúde-doença da usuária. Dessa maneira, o estudo do caso obtido propiciou a construção do plano de cuidados, o qual foi embasado de acordo com o inventário vocabular da CIPESC culminando, portanto, na sistematização da assistência à usuária, bem como a coletividade que a cerca. RESULTADOS: Conforme a Consulta de Enfermagem, destacam-se como resultados iniciais os dados pertinentes colhidos por meio do PE, tais como: a usuária mora em casa de alvenaria onde residem seis pessoas, a mesma está em reforma, pois afirma que morar sozinha irá ajudar a adaptar sua alimentação. Possui dois filhos, um do sexo masculino que reside com ela e outra do sexo feminino que mora na França. Comunica-se frequentemente com os filhos, encontrando dificuldade em se comunicar com a filha. Aceita dieta por via oral, realizando quatro refeições ao dia, ingerindo pouca quantidade de alimento em longos períodos de tempo. Ingere pouca quantidade de água durante o dia. Apresenta irregularidade em seu sono devido à cefaleia proveniente da pressão arterial e à preocupação que sente com a filha que mora em outro país. Faz uso de anti-hipertensivo há cinco anos (Propanolol: um comprimido de 40mg de 12/12h). Relatou princípio de acidente vascular encefálico duas vezes. Portanto, após análise dos dados obtidos por meio da investigação realizada na consulta, tem-se como resultados os diagnósticos de enfermagem estabelecidos de acordo com os preceitos da CIPESC de modo a proporcionar a adaptação com base na teoria de Roy, visando os elementos essenciais que fundamentam a mesma, sendo eles: a) pessoa; b) o ambiente; c) a saúde e d) a enfermagem. Desse modo, os diagnósticos traçados foram Ingestão alimentar alterada; Apoio familiar prejudicado e Vínculo mãe e filho comprometido. Tais diagnósticos interferem diretamente na adaptação da usuária à sua condição clínica de hipertensão e se relacionam com os elementos essenciais da teoria em questão. Sendo assim, o DE referente à ingestão alimentar alterada se relaciona com o elemento pessoa repercutindo em alguns modos adaptativos, como o modo fisiológico no aspecto referente à nutrição e o de autoconceito à medida que a imagem corporal da usuária atinja os padrões estabelecidos de acordo com sua altura e peso. O elemento ambiente se faz presente pois ouve a preocupação com a avaliação do meio socioeconômico no qual a usuária está inserida para a adaptação da dieta à sua condição clínica, pois o mesmo pode desempenhar influencias na adesão da alimentação adequada. A saúde da usuária atingirá satisfatória adaptação de acordo com o alcance dos resultados de enfermagem. A enfermagem atua de modo a possibilitar a promoção das respostas adaptativas por meio das intervenções de enfermagem. Em relação ao diagnóstico de apoio familiar prejudicado, a usuária – como elemento pessoa – encontra-se afetada diretamente pela ausência de apoio da família no que tange a questões ligadas à alimentação, interferindo nos modos adaptativos fisiológico e de interdependência. O ambiente, nesse caso, atua como fator estimulante para a não adequação da alimentação diante do apoio familiar prejudicado. Portanto, a saúde apresenta-se comprometida diante do contexto no qual a usuária está inserida. Desse modo a enfermagem deve intervir de maneira a promover as respostas adaptativas necessárias por meio das intervenções de enfermagem prescritas no plano de cuidados, como exemplo, visita domiciliar à família com foco na educação em saúde. Durante a realização da anamnese a usuária relatou dificuldade de comunicação com a filha que mora na França, tornando evidente o diagnóstico de vínculo mãe e filho comprometido. Nesse contexto, os modos adaptativos fisiológico e de interdependência estão afetados, ocasionando ansiedade e cefaleia recorrente. Os estímulos advindos do ambiente tornam propício o comprometimento do vínculo entre a usuária e sua filha culminando no quadro de ansiedade interferindo sobre o elemento saúde, tendo em vista a condição clínica da usuária. Diante das intervenções de enfermagem, além de favorecer o contato e vínculo adequado, espera-se atenuar os fatores que geram a ansiedade e suas intercorrências por meio da sugestão de atividades que favoreçam a distração, como participar de grupos de pintura, dança ou outras atividades ofertadas pelo centro comunitário. Desse modo, percebe-se a relação dos elementos da teoria da adaptação, como a pessoa e seus modos adaptativos, o ambiente e a saúde, os quais culminam no último componente que é a enfermagem, em que a mesma irá desempenhar seu papel por meio de suas intervenções. Diante disso, a utilização da teoria da adaptação com a CIPESC, auxiliaram na sistematização da assistência de enfermagem na saúde coletiva traçando diagnósticos de enfermagem, cujas intervenções viabilizarão a adaptação da usuária e da família as mudanças necessárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, sistematizar a assistência de enfermagem na atenção básica, torna-se uma prática imprescindível no cotidiano de trabalho da enfermagem ao utilizar uma teoria de enfermagem, como a Teoria da Adaptação, aliado aos mecanismos como a CIPESC; pois, facilita a prestação de cuidados ao usuário da saúde coletiva. Dessa maneira, cabe a esse trabalho um papel importante no auxílio do desenvolvimento do processo de trabalho da enfermagem no contexto da atenção primária.

3567 INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO E ARTICULAÇÃO DA REDE DE SAUDE: REFLEXÕES A PARTIR DOS PROFISSIONAIS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Danielly Maia de Queiroz, Delane Felinto Pitombeira, Márcia Andréia Barros Mourá Fé, Lúcia Conde de Oliveira

INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO E ARTICULAÇÃO DA REDE DE SAUDE: REFLEXÕES A PARTIR DOS PROFISSIONAIS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Autores: Danielly Maia de Queiroz, Delane Felinto Pitombeira, Márcia Andréia Barros Mourá Fé, Lúcia Conde de Oliveira

INTRODUÇÃO: Integralidade é um termo polissêmico, que pode ser compreendido por conjuntos de atributos, tais como propôs Mattos (2009): atributos das práticas dos profissionais de saúde, denominadas pelo autor como “boas práticas”; atributos da organização dos serviços; e ainda respostas do governo aos problemas de saúde. Em qualquer dos eixos que se trabalhe, o autor aponta a importância de se opor a reducionismos e à objetivação dos sujeitos, buscando voltar-se ao diálogo, à compreensão das necessidades dos sujeitos, e à melhor forma de atender a essas necessidades. Com vistas a garantir as condições de possibilidade para efetivação da integralidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido organizado em redes de atenção, tendo a atenção primária à saúde (APS) como ponto de partida da dimensão sistêmica do cuidado em rede, processo que implica a proposição de arranjos regulatórios e a coordenação e gestão do cuidado, possibilitando a articulação e a interlocução entre os diversos serviços. Cecílio (2009) nomeia o processo de “integralidade ampliada” como a capacidade de articulação em rede dos diversos serviços de saúde e ainda as ações intersetoriais. Concretizar tais processos no cotidiano dos serviços é desafiador, pois a literatura já aponta a adversidade dos incipientes mecanismos de referência e contrarreferência, dos ruídos de comunicação entre os diversos serviços e até mesmo a dificuldade de efetivação do acompanhamento longitudinal dos usuários. Feuerwerker (2011) considera que a “cadeia de cuidado em saúde” envolve arranjos que articulam acesso, vínculo e continuidade do cuidado, norteando-se pela integralidade e pelas necessidades de saúde. A autora afirma que mesmo diante da possibilidade de desencontros de expectativas e de relações nem sempre simétricas, a gestão do cuidado se propõe a superar: as insuficiências de conhecimento sobre a situação de vida das pessoas, a pobreza dos vínculos, a referência sem responsabilização, a contrarreferência não efetivada e os protocolos construídos unilateralmente que acabam não sendo adotados. OBJETIVO: Partindo dessa compreensão, o presente trabalho tem como objetivo apresentar as percepções de profissionais de duas unidades de saúde sobre a articulação da APS junto à rede de atenção, tendo como cenário o município de Fortaleza. METODOLOGIA: Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 22 profissionais (sendo 12 de nível médio e 10 de nível superior), as quais foram gravadas e transcritas, no período de julho 2015 a agosto de 2016. O material produzido foi analisado a partir de categorias temáticas. Ressalta-se que esse estudo faz parte da pesquisa “Organização das Redes de Atenção à Saúde no Ceará: desafios da universalidade do acesso e da integralidade da atenção”, desenvolvida pelo Laboratório de Seguridade Social e Serviço Social (LASSOSS) da Universidade Estadual do Ceará (UECE), e obedeceu às normas que regem a pesquisa com seres humanos, conforme resolução N° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UECE, CAAE n° 36453414.0.3002.5684. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pode-se perceber que a integralidade do cuidado constitui um grande desafio a ser enfrentado pelo sistema, uma vez que os entrevistados apontaram dificuldades tanto no acesso aos serviços, quanto fragilidades na comunicação entre eles. Embora se reconheça a APS como porta de entrada, verifica-se uma deficiência na articulação com os outros pontos da rede. Ainda se percebe uma distância entre os diferentes níveis da atenção, fato que compromete a dimensão integral dos cuidados em saúde, além da função da APS como coordenadora da rede. A demora em conseguir realizar procedimentos (consultas e/ou exames) com alguns especialistas é mencionada pelos profissionais como dificultador do cuidado, uma vez que não se observou ampliação significativa da rede de serviços. O acesso a redes de outras linhas de cuidado, a exemplo da atenção psicossocial, também foi aspecto relevante, principalmente por nem sempre a rede dispor de haver profissionais que atendam às necessidades dos usuários. Em relação a isso, considera-se importante ressaltar a existência de poucas equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) no município, as quais seriam fundamentais para ampliar as ações da APS, inclusive no incremento das ações de promoção e prevenção à saúde, tornando-a mais resolutiva. Esse é um fator considerado importante, uma vez que parece haver um incremento de ações mais alinhadas com o âmbito individual dentro da perspectiva curativa, fragilizando a dimensão coletiva e dialógica necessária à compreensão integral da saúde, bem como à formação de equipes interprofissionais e interdisciplinares. Além disso, a observação da fragilização do controle social e da participação da população na conquista (e garantia) de direitos tem suscitado questionamentos, uma vez que fortalece uma postura menos ativa da sociedade, distanciando a dimensão política dos processos de cuidado e assistência. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante disso, considera-se que a articulação e a coordenação dos processos de cuidado em rede pela APS representa um grande desafio para a integralidade do cuidado, tanto no sentido do atendimento às necessidades da população, quanto na perspectiva de sua função dentro do sistema de saúde brasileiro. Mesmo com os avanços evidenciados por pesquisas e pela literatura, vive-se um profundo tensionamento fruto da apresentação da nova política lançada no ano de 2017. A Estratégia Saúde da Família se encontra ameaçada enquanto modelo fundamental e prioritário na organização da APS, colocando em xeque toda a construção e o reconhecimento da importância da mesma como mais alinhada à perspectiva integral, tomando por base o acolhimento e o vínculo entre profissional/equipe e usuário/comunidade.  Sua função como ordenadora da rede e coordenadora do cuidado, embora fragilizada em muitos contextos, necessita, antes de tudo, de mais investimentos para que se possa cumprir a função que lhe foi atribuída. As dificuldades que foram encontradas na pesquisa realizada fazem refletir sobre a forma de organização e resolução para o cuidado dentro da rede de atenção, mas, em nenhum momento, negam a relevância da APS dentro do sistema. Em oposição a isto, reconhece-se a complexidade e os desafios que são postos cotidianamente ao SUS, e mais especificamente à APS, reafirmando a importância de uma APS ampliada, integrada e participativa, para que cada vez mais se garanta o cuidado integral à população e se fortaleça os princípios de uma saúde pública e de qualidade.

3662 Aplicação de Técnicas de Atenção Plena em Saúde
Isabella Segatto

Aplicação de Técnicas de Atenção Plena em Saúde

Autores: Isabella Segatto

Este ano demos início a um projeto de extensão na Escola de Medicina e Cirurgia, da UniRio, construído através de conhecimento compartilhado e de experiência em atenção em saúde. Em contato com Gabriela Freire, médica de família da equipe Praia da unidade de saúde Dom Hélder Câmara de Botafogo, e em parceria com a professora Carla Albuquerque e outro aluno voluntário, Gabriel Avellar, pensamos na ideia de aplicar e ensinar técnicas meditativas e de concentração, ao qual dá-se o nome de “ Atenção Plena”. Do inglês, “Mindfullness”  é um estado de consciência que envolve estar atento as experiências, momento a momento, de forma receptiva e sem julgamento. A prática se torna um meio eficaz para preparar as pessoas para os desafios diários. Os benefícios se estendem para o bem estar emocional e saúde, promovendo qualidade de vida. Utilizada como um método para observar como a mente cria sofrimento e pensamentos momento a momento, levando a sabedoria e introspecção, aliviando o sofrimento criado pela própria mente. A atenção plena é um conceito que vai além da meditação. É um estado de consciência, que envolve estar plenamente atento na experiência que se vive, momento a momento. Essa consciência emerge através da ação de prestar atenção a um propósito, sem sofrer a influencia de julgamentos ou do desejo que as coisas sejam diferentes. Pesquisas científicas apontam os benefícios dessa prática em diversos campos, como clínico, acompanhamento psicológico, neurociências, medicina, educação e no ambiente laboral. Utilizando como base a meditação, exercícios corporais, práticas de observação e respiração, sendo estruturados de acordo com procedimentos que pretendem focar a atenção no momento presente da experiência vivida. Acompanhando os atendimentos na unidade, e tendo em vista a grande parcela de usuários idosos que a frequentam, e que constantemente apresentam queixas como: dor, cansaço, estresse, solidão e insônia, acreditamos que a prática poderia ser útil como ferramenta para promover tranquilidade, relaxamento e melhora da concentração e memória. Sendo assim, buscamos na unidade um local e um grupo onde pudéssemos ensinar algumas das técnicas que a atenção plena oferece. Encontramos, em contato com a servidora social da unidade, Odete, um grupo de idosos que praticava uma série de atividades , lúdicas, clínicas e educacionais, contando com a presença de professores de dança, fonoaudiólogos entre outros profissionais. Este grupo acontece toda quarta -feira, a partir das 14 horas. Foi a oportunidade que precisávamos para demonstrar a técnica ! E assim fizemos, inicialmente nos apresentando e perguntando se o grupo aceitava a nossa presença e gostaria de aprender a técnica. Com uma resposta positiva, iniciamos nosso trabalho. Durante os meses que aplicamos a técnica no grupo o retorno dos usuários foi muito positivo. Os relatos foram de melhora da concentração, memória e alívio de tensões. Casos de insônia que melhoraram significativamente com a técnica também foram relatados. O grupo continuou pedindo a nossa presença, e assim continuamos indo e ensinando técnicas diferenciadas. Práticas de atenção a respiração e observação com objetos foram ensinadas, assim como a técnica de escaneamento corporal.

3779 PRECEPTORIA EM FISIOTERAPIA NA APS: DESAFIOS E REALIZAÇÕES PARA UMA ATUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO
Arthur Deyvison Melo Santana, Sanderson José Costa de Assis José, Nathalia Oliveira Barreto, Marina Latorre Lima

PRECEPTORIA EM FISIOTERAPIA NA APS: DESAFIOS E REALIZAÇÕES PARA UMA ATUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO

Autores: Arthur Deyvison Melo Santana, Sanderson José Costa de Assis José, Nathalia Oliveira Barreto, Marina Latorre Lima

RESUMO: Introdução: O fisioterapeuta vem destinando suas ações quase que exclusivamente voltada para a cura e reabilitação, em um modelo biologicista e pautada em princípios flexnerianos. Neste sentido faz-se necessária à mudança na formação profissional, com a gradual substituição da ênfase curativo/reabilitadora para uma lógica promocional/preventiva, apresenta-se como condição indispensável à implementação de um novo modelo de atuação.  O fortalecimento e a implantação da fisioterapia na Atenção Primária à Saúde (APS) dependem diretamente da formação de fisioterapeutas que atuem neste nível de complexidade. Desta forma, este trabalho objetivou relatar às experiências de formação em Fisioterapia na APS, tendo como objeto de reflexão o desenvolvimento de preceptores no âmbito da formação de fisioterapeutas. Descrição metodológica: Trata-se de um trabalho descritivo,  da experiência de dois preceptores, vivenciada ao longo de três semestres na formação de novos fisioterapeutas com cuidados voltados a APS. Os estágios aconteceram em três unidades básicas de saúde, sendo uma em Parnamirim/RN e outras duas em Natal/RN. Os acompanhamentos dos alunos eram realizados na proporção de três alunos por preceptor e ações eram realizadas com os estudantes em grupo e de forma individual. Resultados: Dentro do cenário da APS nos locais desenvolvido o trabalho criou-se demanda pelos preceptores em conjunto com os discentes, propiciando espaços de ensino e aprendizado nas unidades de saúde, dentro de um modelo de educação emergente, articulando os diferentes atores deste, entre os quais o conceito de conhecimento na atenção primária; a relação preceptor-estudante; a correlação teoria e prática; a avaliação processual; a interdisciplinaridade; o trabalho em equipe e a interinstitucionalidade na integração ensino-serviço. Desta forma foram realizadas atividades de educação em saúde; atividade de grupo, exemplo grupo de hipertensos, diabéticos e fumantes; capacitações com Agentes comunitários em saúde e cuidadores; bem como visitas domiciliares junto com a equipe da unidade, dentre outras. Conclusão: Assim, destaca-se a importância de uma formação voltada para atuação da fisioterapia na APS, para o seu fortalecimento neste nível de complexidade.   Descritores: Atenção Primária à Saúde; Fisioterapia  

5137 INTEGRAÇÃO ENSINO, SERVIÇO E COMUNIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA: A IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO EM FISIOTERAPIA
Danyelle Nóbrega de Farias, Patrícia Martiniano da Silva Alves, Aryadnne Raylla Sousa de Oliveira, Yluska Kenia Ferreira de Oliveira, Nathalia Moura Gouveia Henrique, Dyego Anderson Alves Farias

INTEGRAÇÃO ENSINO, SERVIÇO E COMUNIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA: A IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Autores: Danyelle Nóbrega de Farias, Patrícia Martiniano da Silva Alves, Aryadnne Raylla Sousa de Oliveira, Yluska Kenia Ferreira de Oliveira, Nathalia Moura Gouveia Henrique, Dyego Anderson Alves Farias

Apresentação: A formação dos profissionais de saúde, em especial de fisioterapia tem buscado incentivar os discentes a refletir sobre a realidade de trabalho, a produção de cuidado, e a construção de novos conhecimentos.  Com esse intuito, a disciplina Integração Ensino, Serviço e Comunidade introduz os discentes nos serviços de saúde, buscando a formação de profissionais transformadores e que atuem com foco na assistência integral em todos os níveis. Descrição da experiência: Como parte integrante da disciplina Integração Ensino, Serviço e Comunidade, os alunos do primeiro período do curso de Fisioterapia da FACENE em João Pessoa-PB, realizaram visitas para acompanhamento da rotina de funcionamento de Unidades de Saúde da Família, com foco na atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica. Dentre as atividades vivenciadas, destacam-se o matriciamento dos discentes a respeito das atribuições dos profissionais da equipe, discussão sobre escuta qualificada e acolhimento, interdisciplinaridade, e o papel do fisioterapeuta nas equipes do Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Além disso, os discentes participaram de forma ativa do grupo de idosos em uma das unidades visitadas, permitindo a integração com a equipe, vivenciando a prática do fisioterapeuta, gerando vínculo com os usuários, e promovendo saúde. Impactos: Houve um enriquecimento, principalmente no que diz respeito à formação profissional e pessoal, com o compartilhamento de saberes e trocas de experiências entre profissionais e discentes além da integração com os usuários das unidades de saúde. Considerações finais: A vivência no serviço possibilitou ao estudante de fisioterapia o conhecimento sobre o funcionamento de uma Unidade de Saúde da Família, com foco na atuação do fisioterapeuta, fomentando a formação do futuro profissional e ampliando o olhar sobre o serviço de Atenção Básica.

5226 Trabalho e formação na atenção básica: o trabalho vivo e a vida no trabalho
Jaqueline Tittoni, Saionara Araujo Wagner

Trabalho e formação na atenção básica: o trabalho vivo e a vida no trabalho

Autores: Jaqueline Tittoni, Saionara Araujo Wagner

Este relato discute alguns impactos da experiência na disciplina “Práticas Integradas em Saúde I” no trabalho da equipe e na formação de estudantes e professores dos cursos de graduação na área da saúde. Esta disciplina reúne quatorze cursos da área da saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e desenvolve-se semestralmente e juntamente com os serviços de saúde, de modo que dois professores e oito alunos de diferentes cursos, em média, realizem experiências de aprendizagem em unidades de saúde da família na cidade de Porto Alegre. A disciplina tem como objetivos vivenciar o trabalho em equipe multiprofissional, conhecer o cotidiano de trabalho na atenção básica e explorar a potência da noção de território na compreensão da saúde e seus processos. O foco de nossas reflexões são os impactos da presença de estudantes e professores no trabalho das unidades, bem como os efeitos desta experiência no entendimento sobre o trabalho entre estudantes e professores participantes. Tomamos  como referencia, o trabalho realizado em uma unidade de saúde específica, onde estudantes vem sendo orientados pelas proponentes deste estudo, nos ultimos três anos e, mais precisamente, os portfolios dos alunos e alunas e os relatos de profissionais de saúde que acompanham o grupo. Foram analisados 95 portfolios, a partir das referencias feitas ao tema “trabalho”. Nesta analise chama atenção que identificam a  disciplina como importante para vivenciar o trabalho em equipe e seus desafios, algo pouco realizado usualmente em sua formação, com exceção de estudantes de enfermagem, que sugerem vivenciar os cotidianos das unidades desde que ingressam no curso de graduação. Outro  aspecto importante é a complexificação do entendimento da saúde, a partir das atividades de promoção e prevenção propostas nas unidades. Esta  complexificação leva estudantes e professores a compreender as tecnologias leves, o trabalho em rede e os fluxos de trabalho, pouco evidenciados nos cursos de graduação. Do ponto de vista da equipe, agregar a atividade de formação aos seus cotidianos de trabalho, materializados na presença de estudantes e professores, provoca uma maior visibilização e reconhecimento do trabalho da equipe, sobretudo em seu aspecto prático e tácito. Estes aspectos muitas vezes  invisibilizados pela organização do trabalho, ganham força e potência no encontro com a temática da formação. Este encontro provoca as experiências de trabalho, revestindo de vida e de sentido certas experiências de trabalho, por vezes, desvalorizadas. Com isto, pode-se concluir que a potência do encontro ensino-serviço amplia-se dos efeitos positivos na formação, provocando o trabalho no seu caráter de trabalho vivo e na sua potência de invenção e afirmação de modos de trabalhar.

2856 A PRODUÇÃO DO CUIDADO E USUÁRIO GUIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Ana Lúcia De Grandi, Maria Eduarda Romanin Seti, Lucimara Victorino Cardoso Pais dos Santos, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Melchior

A PRODUÇÃO DO CUIDADO E USUÁRIO GUIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores: Ana Lúcia De Grandi, Maria Eduarda Romanin Seti, Lucimara Victorino Cardoso Pais dos Santos, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Melchior

Apresentação: As necessidades de saúde, que são amplas, vão desde as boas condições de vida, ao direito de ser acolhido, escutado, desenvolver vínculo com uma equipe que se responsabilize pelo cuidado continuamente e ter acesso a todos os serviços e tecnologias que se façam necessários. Na área da saúde temos uma supervalorização do trabalho hegemônico, centrado nas tecnologias duras e leveduras. A produção do cuidado em saúde não se deve limitar à realização de procedimentos técnicos, visto que, há uma relação entre o usuário e o trabalhador. Uns cenários oferecem mais tempo e várias possibilidades de encontro, outros cenários são mais duros, proporcionam encontros pontuais. Sempre há intensidade nos encontros e deve-se produzir uma estratégia, para que a vida que vem junto com o usuário possa ser levada em consideração e para que o usuário seja parte fundamental da produção do cuidado. No processo de trabalho em saúde há um encontro de conhecimentos e concepções distintas entre o agente produtor e o consumidor. O agente consumidor, com suas subjetividades, no meio no qual está inserido tem um papel importante no resultado final, pois é um agente ativo do processo de saúde e é, em parte, objeto do ato produtivo. É no plano da vida e da produção de vida que o cuidado se efetiva, uma ferramenta para analisar a produção do cuidado é o usuário guia, que se trata da narrativa de um encontro. Todos estes encontros aos poucos vão escrevendo uma história centrada em um referencial, o usuário. O usuário guia tem as características de um caso traçador do cuidado- louco muito louco- escolhido entre os usuários que circulam nas redes e estações de cuidado. Este usuário, considerado louco muito louco, é considerado aquele que demanda muitas redes de cuidado, um caso que desestabiliza a equipe, onde os profissionais ficam perdidos e não sabem o que fazer, desta forma o objetivo do estudo foi conhecer como o usuário guia aparece na produção do cuidado da área da saúde. A escolha do usuário guia se faz utilizando como critério central ser um caso de alta complexidade para a rede de cuidado, em situação de crise, que traz como consequência o fato de ser um grande utilizador de práticas cuidadoras nas redes em oferta. A dinâmica traz á tona e dá visibilidade aos desconfortos e dificuldades causados pelo usuário durante o seu percurso pelo serviço. O usuário serve de base para a formação de uma cartografia, que se preocupa mais com os encontros e com os afetos que eles produziram. Uma cartografia de como o cuidado se produziu. Assim, o usuário-guia é uma das possibilidades para colocar em análise a produção do cuidado, que não é simples de ser estudado, já que ele é produzido em ato pelos profissionais da saúde, e também é consumido em ato. Portanto, o usuário é tomado como principal referência. Desenvolvimento: A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão integrativa, que permite a síntese de múltiplos assuntos, contribui para o agrupamento de dados e análise dos resultados, visando à compreensão de um determinado tema a partir de outros estudos independentes. As etapas metodológicas utilizadas para a revisão integrativa foram identificação do tema, seleção da pergunta norteadora e hipóteses; estabelecimento do objetivo de pesquisa; estabelecimento de critérios de exclusão e inclusão, com base na pergunta norteadora, análise dos títulos e resumos. Quando os títulos e resumos não foram suficientes para definir a seleção inicial, foi realizada a leitura na íntegra do artigo/texto. Com isso, ocorreu a escolha das informações a serem retiradas dos estudos, avaliação e análise dos estudos incluídos na revisão, interpretação dos resultados e apresentação da síntese. A busca de artigos e textos para o embasamento do projeto não teve especificação de tempo, por se tratar de um tema novo e com pouca produção científica.  Foi realizada a busca nas bases de dados Scielo (Scientific Eletronic Library On-line), Google, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), produções gerais de área da saúde, onde as palavras chaves procuradas foram “usuário guia”, “produção do cuidado”. Resultados e impactos: A partir da análise proposta, chegou-se a 465 artigos, 113 artigos foram excluídos por duplicidade, após a primeira revisão interpares, 217 artigos foram excluídos na leitura dos títulos, por não trazerem a temática do estudo, 90 artigos foram excluídos após a leitura dos resumos, por não terem trazido a temática do usuário guia, chegou-se a 23 artigos para a leitura na íntegra. Os artigos selecionados para a leitura na íntegra trouxeram como eixos temáticos em comum o usuário guia e a sua importância na produção do cuidado, além da experiência da cartografia e da troca de subjetividades entre os profissionais da área da saúde e os usuários. O usuário-guia é uma das possibilidades para colocar em análise a produção do cuidado, que não é simples de ser estudado, já que ele é produzido em ato pelos profissionais da saúde, e também é consumido em ato. Considerações finais: A literatura aponta que o usuário guia tem grande importância no estudo da produção do cuidado, pois se trata de uma cartografia dos encontros dos usuários, profissionais da saúde e todas as outras pessoas envolvidas neste encontro, além disso, possibilita pensar e inventar fora das regras, protocolos e das certezas, abrindo espaços para os momentos imprevisíveis.  Podemos notar que a produção do cuidado vai muito além da realização de procedimentos, e ocorre também nos encontros. A produção do cuidado em ato permite a troca entre atores sociais, que nesse contexto do cuidado é representada por cuidador e usuário que podem, ou não, realizar mutuamente trocas por meio de processos de subjetivação. Podemos acompanhar a trajetória do usuário guia por meio da cartografia, que é produzida ao mesmo tempo em que ocorre a desconstrução de conceitos de certos mundos e a formação de outros, que são criados para expressar afetos. O pesquisador deixa de ser neutro e é atravessado pela produção dos encontros e pelos diferentes tipos de subjetividades. A cartografia difere dos modelos tradicionais de produção do conhecimento, o cartógrafo, no momento em que é atravessado pela produção dos encontros, mergulha nas intensidades, interpreta e digere os mapas instituídos, dando voz aos afetos que são produzidos na relação entre o usuário e o pesquisador, compondo os movimentos da pesquisa. No entanto o tema apresenta pouca produção científica, por se tratar de um tema novo e ainda pouco estudado.