150: Diálogo no território intersetorial em busca da integralidade na atenção
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: ICB Sala 04 - Canarana    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
830 Impactos do Programa Bolsa Família (PBF) na saúde de seus beneficiários
Raianne Carvalho Rêgo, Fabiana Grossi, Anchielle Crislane Henrique Silva

Impactos do Programa Bolsa Família (PBF) na saúde de seus beneficiários

Autores: Raianne Carvalho Rêgo, Fabiana Grossi, Anchielle Crislane Henrique Silva

O Programa Bolsa família trouxe mudanças para a vida de várias famílias brasileiras, tendo em vista que beneficia pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza.  A finalidade do estudo foi analisar os impactos trazidos pelo programa bolsa família na saúde dos beneficiários brasileiros. Trata-se de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL) realizada a partir da análise de 19 artigos científicos selecionados dentre 68 trabalhos encontrados por mecanismos de buscas nas bases de dados: Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em ciências da saúde) e Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), incluindo os seguintes descritores “saúde” combinada com “Bolsa Família”, que tiveram como critérios de inclusão: a) estar publicado nas bases de dados selecionadas em formato de artigos; c) ter sido publicado entre janeiro de 2013 a maio 2017. Os critérios de exclusão foram: a) estudos não disponíveis na íntegra; b) artigos repetidos nas bases de dados selecionadas; c) publicações de caráter teórico e/ou reflexivo (não empírico); e d) não ter relevância para os objetivos do estudo. Os resultados comprovam que todos os trabalhos foram realizados entre 2013 e 2015. Em 2016 e 2017 não houve nenhum artigo produzido, representando uma desaceleração na produção de estudos envolvendo impactos do programa bolsa família na saúde. Quanto às regiões do Brasil, o Sudeste foi o que mais produziu conhecimento na temática (68%), acompanhado pela região Sul do país (16%), Centro Oeste (11%) e região nordeste (5%). Os principais impactos apresentados como resultados foram na alimentação, com nove artigos, que demostram que o PBF pode auxiliar na promoção da segurança alimentar e nutricional das famílias beneficiárias, ao propiciar às populações em vulnerabilidade maior capacidade de acesso aos alimentos. Dois artigos que trazem a necessidade de inclusão da saúde bucal nas condicionalidades do PBF, visto que as família beneficiárias têm mais acesso à saúde, mas não o suficiente em saúde bucal. Seis artigos trazem sobre a melhoria da qualidade de vida como um todo, mostrando que os principais objetivos do programa são: diminuir a fome e a pobreza, promover a segurança alimentar e nutricional e ampliar o acesso aos serviços públicos como saúde, educação e assistência social, conseguindo possivelmente melhorar a qualidade de vida. O PBF promove um incentivo à inserção das jovens em programas como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Também representa garantia necessária de renda mínima para o idoso em situação de vulnerabilidade social, influenciando assim sua saúde, permitindo residir em casa própria e diminuir a dependência de familiares. A conclusão mostra que o programa trouxe um grande avanço para as classes menos favorecidas de modo que consigam superar a situação de vulnerabilidade e risco social e também garantiu a milhares de famílias brasileiras pobres e extremamente pobre o direito à alimentação, acesso à educação e à saúde.

935 RELATO DAS PERCEPÇOES E EXPERIÊNCIAS DE DISCENTES NO ACOMPANHAMENTO DA EQUIPE DE ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL NAS CLÍNICAS DE UM HOSPITAL EM UMA REGIÃO NA AMAZÔNIA
Gabriel Sousa de Paiva, Françoíse Gisela Gato Lopes, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Gabriela Noronha Fortes

RELATO DAS PERCEPÇOES E EXPERIÊNCIAS DE DISCENTES NO ACOMPANHAMENTO DA EQUIPE DE ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL NAS CLÍNICAS DE UM HOSPITAL EM UMA REGIÃO NA AMAZÔNIA

Autores: Gabriel Sousa de Paiva, Françoíse Gisela Gato Lopes, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Gabriela Noronha Fortes

Apresentação: O apoio espiritual a pessoa doente, já faz parte da prática da sociedade desde a antiguidade. Essa forma de cuidado humanizado, possibilita que a pessoa aceite ou se adapte a situação em que se encontra. A espiritualidade é uma forma de lidar com as problemáticas de âmbito físico e mental. A dor atinge somente partes do corpo e pode ser solucionada com auxílio de medicamentos, enquanto o sofrimento abrange o corpo como um todo, e exige que seja dado um sentido para as coisas. A equipe de espiritualidade pode proporcionar ao paciente uma melhora na qualidade de vida, um apoio social, motivacional, emocional e espiritual para que o mesmo consiga encontrar motivos felizes acima de qualquer obstáculo a se enfrentar. O objetivo da vivência foi o de observar o trabalho voluntário das equipes religiosas de um hospital público localizado na região amazônica, e fomentar reflexões sobre a necessidade psíco-espiritual do paciente. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência desenvolvido por meio de uma Atividade Integrada em Saúde (AIS), sendo esta, parte do projeto político do curso (PPC) de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará – Campus XII. Foram realizadas visitas no mês de outubro de 2017 no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), sendo este localizado no município de Santarém – Pará, com o intuito de observar como ocorre e quais os impactos do acompanhamento religioso aos pacientes ali internados, uma vez que esse hospital conta com um projeto de assistência espiritual para os pacientes. O acompanhamento durante as visitas foi realizado juntamente com grupos de religiosos. O projeto é acompanhado por seis denominações de igrejas diferentes, e somente aquelas que possuem autorização do hospital, por participarem de treinamento interno prévio, podem realizar orações junto aos pacientes. Para que os religiosos se tornem voluntários devem desenvolver um projeto que será avaliado, para depois serem submetidos ao treinamento elaborado pelo HRBA, onde recebem orientações sobre normas internas da SCIH, SESMT e Núcleo de Qualidade e sobre deveres e limitações frente ao comportamento a ser tomado com o paciente, respeitando a aceitação ou não do acolhimento, já que diversas religiões podem ser encontradas, deve-se também respeitar o estado emocional e a necessidade de proteção contra infecções. Os acadêmicos e a equipe visitaram quartos da clínica médica, clínica cirúrgica, clínica oncológica adulto e clínica oncológica pediátrica. Cada grupo é escalado a uma determinada área a cada dia da semana, para que todos os pacientes possam ser assistidos de forma adequada pelos grupos voluntários. A princípio o líder religioso se apresentava, depois pedia permissão para que levasse uma mensagem de fé para as pessoas ali presentes. Posteriormente, ele lia trechos da bíblia e depois fazia uma oração. O grupo sempre dava uma palavra de conforto segundo seus conhecimentos bíblicos, e deram oportunidade para que os acadêmicos pudessem estar participando com eles desse momento, pedindo que os mesmos participassem das orações. Em cada quarto era sempre uma oração diferente, um momento distinto. Todos os meses, uma vez por mês, os líderes se reúnem com a coordenadora do projeto no hospital, para discutir sobre a desenvoltura e necessidades das atividades realizadas. Resultados e/ou impactos: As visitas nos leitos foram muito produtivas, foi possível perceber as necessidades dos pacientes e acompanhantes, e os efeitos que os momentos religiosos tem perante as difíceis situações encontradas. Durante todo o acompanhamento foi percebido a aceitação por parte dos usuários, tanto os pacientes quanto os familiares foram muito receptivos, e aceitaram as orações oferecidas pela equipe. Alguns no início pareciam demonstrar pequena resistência ao dar atenção, mas com a intervenção do pastor diminuía, e ao final dos momentos de orações todos se demonstravam satisfeitos com a presença do grupo. Uma acompanhante oriunda de outra cidade relatou o quanto se sentia satisfeita com o trabalho religioso realizado, e disse que isso deveria ser algo que acompanhasse os pacientes de forma mais individual, já que se sentiam sozinhos no período de internação. Esse relato demonstra que os pacientes e acompanhantes precisam de um apoio biopsicossocial e espiritual para enfrentar as dificuldades do adoecimento e da internação, principalmente os que são de outras cidades, e não possuem a presença de amigos e familiares. A rotina de um hospital é bem intensa, os profissionais da saúde sempre estão atarefados e apressados, e por isso fica difícil uma interação mais próxima com os pacientes. É notório o quanto eles precisam dessa assistência, para ter alguém com quem conversar, ouvir suas histórias, expressar seus sentimentos, e receber o apoio necessário que vai além da equipe multiprofissional de um hospital. Esse trabalho realizado auxilia no combate a possíveis casos de depressões de usuários que se encontram por longo período de internação, e se vêem muitas vezes incapacitados, ou em fases terminais. Em uma das visitas, uma acompanhante que aparentemente estava distraída com cuidados de seu parente, começou a chorar, recebendo então conforto da equipe e apresentando melhora aparente. É esse o objetivo da equipe, demonstrar preocupação com o próximo, levando uma palavra de ânimo, conforto, carinho e amor. Com o incentivo da fé, os pacientes são estimulados a serem otimistas, a acreditarem na cura. A crença de que a fé vai curar, faz com que muitos pacientes consigam sublimar a dor, o estresse e outros problemas que enfrentam durante a doença. O apoio voltado aos que estão em fase terminal direciona-se a aceitação e ao modo de como encarar a morte, sempre buscando qualidade de vida até o final. Considerações Finais: O acompanhamento religioso não tem a finalidade de impor uma religião, e sim tem o propósito de contribuir para a melhora tanto física como mental dos usuários do hospital. Foi visto que a fé é uma grande consoladora de quem se encontra num momento de adoecimento e sofrimento, pois as pessoas entregam as dificuldades as suas crenças e acreditam que os problemas podem se resolver. O papel dos religiosos voluntários é levar conforto, esperança e mostrar aos pacientes e acompanhantes que eles não estão sozinhos. Muitas vezes escutar suas queixas, suas dificuldades já é confortante. O acompanhamento religioso não é de serventia apenas para os pacientes ali internados, mas também para os acompanhantes, que precisam de forças e esperança para continuar ajudando o seu familiar. Por isso, é importante que a gestão dos hospitais estejam sensíveis a dar esse apoio espiritual aos seus clientes, haja vista que esse cuidado com a mente dos pacientes propiciam uma internação com mais qualidade e conforto, e consequentemente uma maior adesão ao tratamento por estar sendo mais humanizado e eficaz.

1497 Título: Acompanhante Terapêutica – Encantos e Desencantos de ser AT de uma Mulher no cárcere - Relato de Experiência de AT do Projeto Redes – Mulher FIOCRUZ-SENAD
Patrícia Ludmila Barbosa de Melo

Título: Acompanhante Terapêutica – Encantos e Desencantos de ser AT de uma Mulher no cárcere - Relato de Experiência de AT do Projeto Redes – Mulher FIOCRUZ-SENAD

Autores: Patrícia Ludmila Barbosa de Melo

Apresentação: De acordo com o site (http://ittc.org.br/wp-content/uploads/2017/03/relatorio_final_online.pdf) a população carcerária no Brasil tem crescido ao longo dos anos, estando o Brasil colocado como o quarto país com maior população prisional. As razões são prisões baseada no flagrante, uso excessivo da prisão provisória e baixo acesso à defesa técnica de qualidade. Quando se trata de mulheres a situação piora. Mulheres constituem a população cuja taxa de crescimento foi mais acelerada nos últimos anos no sistema prisional. Roraima não difere do restante do Brasil e o aumento de mulheres na cadeia, prioritariamente jovens, pobres e negras, tem sido marcante. É justamente neste cenário que se insere o caso de Acompanhamento Terapêutico – AT que será abordado no presente trabalho. Desenvolvimento do trabalho: Fazer o AT de pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas não é algo simples, porém quando este acompanhamento é dirigido a uma mulher do sistema prisional o desafio toma uma dimensão que não se tem noção quando não se está inserido. Este relato traz a experiência de uma articuladora social do Projeto Redes - Mulher da FIOCRUZ/SENAD na prática clínica de acompanhamento terapêutico com uma mulher de 36 anos, cearense, criada no Norte, mãe de sete filhos, avó, que apresenta relação problemática com uso de drogas, ideação suicida, usuária do CAPS ad III de Boa Vista e encontra-se há cinco meses no sistema carcerário de Roraima. Ré primária, preventivada, detida ao tentar levar cocaína para um “companheiro”, que havia conhecido na prisão, durante um programa (profissional do sexo). Com todo o histórico da usuária (chamarei de Riso), que tem laudo atestando problemas de saúde mental há vários anos decorrentes de fatores diversos, usuária da Rede de Atenção Psicossocial e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) por incapacidade para o trabalho há vários anos, tentativas sucessivas de suicídio na prisão, até o momento permanece na cadeia feminina, com vários pedidos de habeas corpus negado. O caso foi recorrido ao Supremo Tribunal Federal. Ao longo de quatro meses, vigência do Projeto Redes da FIOCRUZ/SENAD no município de Boa Vista, sob a coordenação e supervisão de uma equipe técnica (interlocutor, coordenadora e supervisoras) exerci a função de Acompanhante Terapêutica (AT) de Riso e, por conseguinte, de seus familiares. Como Riso chegou até mim? Quem é ela? Como “chegar junto” e “emprestar o corpo” a alguém que não se pode encontrar na hora que se quer? Como ser AT de alguém separada de nós por um muro físico e duro associado a um muro que não se enxerga, mas se sente? Como articular a rede intersetorial para que esta percebesse Riso ainda como cidadã, apesar de estar no sistema carcerário? Como fazer a voz de Riso ser ouvida por quem não acredita que a justiça comete injustiças? Como juntar a rede existente para que elas comecem a se enxergar como corresponsáveis pelo cuidado de Riso? Quais os encantos e desencantos dessa prática? Estes foram alguns dos desafios e questionamentos iniciais que fiz. Apesar do cenário e das forças que demandavam que eu desistisse, decidi seguir acreditando que seria sim, possível fazer o AT nessas condições, pois a primeira coisa que esse caso precisava era de alguém que o visse e que a rede enxergasse Riso, a ouvisse e principalmente percebesse a série de equívocos e injustiças cometidas desde sua prisão. Mergulhei e me permiti ser, estar, sentir, partilhar, escutar, olhar e caminhar ao lado de Riso, mesmo com a barreira dos altos muros da prisão. Resultados e/ou impactos: Apesar dos anos de experiência como trabalhadora da Saúde Mental, tanto na assistência, como em processos formativos, adentrar o mundo e vivenciar a prática em ato do Acompanhamento Terapêutico de uma mulher em conflito com a lei, vivendo na cadeia feminina de Boa Vista foi uma experiência que me marcou de tal maneira, que não consigo mais imaginar um serviço de saúde mental sem a possibilidade de ofertar essa estratégia de cuidado. Não podemos deixar de enxergar o cenário preocupante e de injustiça em que as mulheres estão expostas nas prisões no Brasil. Me permitir ser afetada por Riso sem as amarras do meu saber prévio fez sentido para mim e foi uma das estratégias que usei a cada encontro com ela, com os familiares e com os dispositivos para articular o seu cuidado em rede e principalmente para sua saída da prisão. Fomos “pintando as nossas telas juntas” e de mansinho, experimentando e admirando a forma que cada gota de tinta assumia ao cair no tecido e a mudança ao se misturar com outros tons. Às vezes, as cores e formas não tomavam caminhos interessantes. Chegar devagar, se permitindo ao novo, ao inesperado, aos desafios de olhar nos olhos de alguém, que nunca havia visto e enxergar para além do que lhe é apresentado foi uma das bases da minha prática e por mais que planejamentos fossem traçados, a cada encontro era algo novo, que me levava a reaprender para agir, evidenciando que a Educação Permanente se dá no encontro com o outro, como diz o mestre Merhy. Muitos acúmulos foram incorporados à minha bagagem de afecções e ferramentas, impactando no meu pensar e no meu agir. Considerações finais: Aprendi e sigo aprendendo e certamente deixei marcas em Riso, em seus familiares e nos trabalhadores dos serviços ativados / articulados para compor a rede de cuidado dela. Porém é necessário ampliar o debate acerca dessa questão e mudar as práticas excludentes. Parece redundante, mas mulheres que estão no sistema prisional necessitam de saúde, assistência social, justiça, educação, porque continuam na condição de cidadãs, mesmo que essa não seja a percepção geral. Importante ressaltar que o AT de Riso foi sempre conversado e debatido com os serviços / equipamentos da rede, pois a ideia é que haja a corresponsabilização do cuidado e que os itinerários terapêuticos sejam assumidos por todos, independentemente da existência do Projeto REDES no território. Muito ainda precisa ser percorrido para diminuir a invibilização das mulheres em conflito com a Lei. Ao torná-la invisível, os problemas que demandam soluções e arranjos mais complexos, “desaparecem” também. Precisamos exigir a garantia de direitos às mulheres, pois ainda há milhares de brasileiras que lotam as prisões, à espera de julgamento, enfrentando violação de direitos, enquanto poderiam estar em prisões domiciliares (já previstas no Código Penal Brasileiro) perto de filhos e demais familiares.

1720 SIGNIFICADO DAS AÇÕES DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA PARA AS EQUIPES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA DO SERVIÇO DE SAÚDE COMUNITÁRIA DO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO EM PORTO ALEGRE
Helena Weschenfelder

SIGNIFICADO DAS AÇÕES DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA PARA AS EQUIPES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA DO SERVIÇO DE SAÚDE COMUNITÁRIA DO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO EM PORTO ALEGRE

Autores: Helena Weschenfelder

Apresentação: O Programa Saúde na Escola (PSE) foi instituído em 2007 no âmbito dos Ministérios da Educação e da Saúde, propondo-se articular as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) às das redes de educação pública, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias. O trabalho conjunto entre os profissionais das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e escola pode trazer novos sentidos para a produção do cuidado em saúde, por possibilitar a construção de redes de produção de saberes entre profissionais e comunidade. Objetivo: Compreender o significado das ações do PSE para as equipes de Atenção Primária à Saúde (APS) do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, cuja produção de informações envolveu a realização de entrevistas semiestruturadas individuais com os coordenadores do PSE das 12 Unidades de Saúde do GHC, totalizando 13 entrevistados. As entrevistas foram gravadas e transcritas. O material textual produzido foi interpretado pela análise de conteúdo de Bardin. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do GHC e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Os coordenadores reconhecem que o trabalho de prevenção e promoção da saúde realizado no PSE é parte fundamental das ações das equipes no contexto da APS. Percebem, entretanto, que apesar da saúde e educação possuírem um diálogo importante para a construção de uma rede de cuidado intersetorial, a participação da escola no PSE ainda fica restrita ao planejamento e organização do espaço escolar, cabendo aos profissionais da ESF a execução das ações, determinando um trabalho intersetorial fragmentado. Em relação aos desafios, os coordenadores apontam que não há um trabalho adequado realizado com os dados obtidos anualmente sobre a situação da saúde dos escolares, o que gera frustrações e desvalorização do Programa pela equipe. É um contexto que favorece o trabalho em saúde focado na clínica ambulatorial. Os coordenadores reforçam a ideia de que o PSE é fundamental para instigar os profissionais a trabalharem com a promoção da saúde fora do espaço da unidade de saúde. Como potencialidades, os coordenadores relataram que percebem que os escolares identificados no exame do programa com demandas de tratamento, melhoram seu estado de saúde após o encaminhamento, determinando o importante papel do PSE na intervenção de agravos à saúde tanto na criança quanto no adolescente. Também reconhecem a relevância do vínculo proporcionado pelo Programa entre os profissionais da saúde e da escola para a realização de um trabalho oportuno, além da equipe de saúde poder ser um suporte e auxílio para a discussão de assuntos relacionados à saúde/doença. Considerações finais: Apesar dos desafios identificados pelos coordenadores na realização do PSE, o alcance proporcionado pelo Programa estimula avanços no trabalho intersetorial em equipe. 

1797 Cuidados em Saúde Bucal em Escolares na Cidade de Manaus/AM no Ano de 2017
ROSICLEI DE SOUZA LOURENÇO, PATRÍCIA SÂMEA LÊDO LIMA MILÉRIO, ELUANA GOMES DE LUCAS FREITAS

Cuidados em Saúde Bucal em Escolares na Cidade de Manaus/AM no Ano de 2017

Autores: ROSICLEI DE SOUZA LOURENÇO, PATRÍCIA SÂMEA LÊDO LIMA MILÉRIO, ELUANA GOMES DE LUCAS FREITAS

Apresentação: A Atenção Primária é considerada estratégia essencial para a reorganização dos processos de educação em saúde no Sistema Único de Saúde, assumindo a Epidemiologia papel importante nesse processo, pois ao estudar o processo saúde-doença fornece indicadores de análise para o planejamento de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. A cárie dentária é uma das doenças mais comuns em saúde bucal caracterizando-se como infecciosa, transmissível e multifatorial podendo ocasionar dor, perda dentária, problemas de sociabilidade e absenteísmo. O conhecimento do perfil epidemiológico em saúde bucal torna-se imprescindível para o cuidado em saúde e, as ações intersetoriais potencializam a ampliação desse cuidado. A atuação do Cirurgião-Dentista no Programa Saúde na Escola tem demonstrado as escolas como espaços privilegiados para a promoção em saúde. Nesse sentido, a partir da vivência das autoras no SUS, o presente trabalho objetivou realizar um estudo sobre cuidados em saúde bucal, considerando a prevalência de cárie em estudantes de uma escola pública municipal da zona oeste de Manaus. Desenvolvimento do trabalho: A partir das ações de saúde na Escola desenvolvidas pelas autoras no período de maio a setembro de 2017, os dados foram coletados por meio de levantamento epidemiológico em crianças. No exame epidemiológico, foram usadas espátulas de madeira, luvas e lanterna. Os dados foram consolidados em planilha de Excel e a análise teve como indicadores: CPO-D e ceo-d. As demais ações desenvolvidas referem-se a atividades educativas e preventivas em saúde bucal às crianças com orientações sobre higiene bucal e dieta cariogênica. Foram também supervisionadas em escovação e receberam aplicação tópica de flúor em dois momentos. Uma vez identificada a necessidade de tratamento, iniciou-se a orientação aos professores e aos pais das crianças com relação a necessidade de continuidade do cuidado, por meio da referência ao atendimento odontológico na unidade de saúde. Resultados e/ou impactos: Foram examinadas 250 crianças, na faixa etária de 05 a 12 anos, sendo 51,2% do sexo masculino e 48,2% feminino. As idades predominantes foram de 7 e 10 anos. O componente “c” apresentou valor elevado - 274 e o componente “C” o valor 90, consideravelmente relevante para a doença cárie. Os dados obtidos revelaram que 70,4% dos estudantes avaliados apresentaram alterações em seu estado de saúde bucal, necessitando de cuidado. Os valores do CPO-D e ceo-d foram respectivamente 0,42 e 1,28. Quanto às ações de educação em saúde, observou-se a aceitação das crianças, da equipe pedagógica e dos pais, demonstrando um impacto positivo para a melhoria de saúde dos envolvidos. Considerações finais: A relevância desse estudo está em contribuir para o conhecimento da situação de saúde bucal em crianças, a fim de subsidiar profissionais e gestores para o planejamento de ações e intervenções relativas à prevalência de cárie dentária. O estudo demonstra que a promoção de saúde em escolas é uma estratégia importante a ser desenvolvida em programas coletivos de promoção de saúde bucal para crianças, possibilitando um impacto positivo sobre as iniquidades em saúde. Dessa forma, faz-se necessária a investigação de determinantes mais amplos de saúde.

3758 Articulação entre a mini equipe Manguinhos do Centro de Atenção Psicossocial Magal e Clínica da Saúde da Família Victor Valla: o desafio da construção de novos saberes.
Ana Cristina Gomes Engstrom

Articulação entre a mini equipe Manguinhos do Centro de Atenção Psicossocial Magal e Clínica da Saúde da Família Victor Valla: o desafio da construção de novos saberes.

Autores: Ana Cristina Gomes Engstrom

Dentre os desafios na reforma psiquiátrica está a inserção da saúde mental na atenção básica e ao CAPS é designada a função de supervisionar e capacitar tanto as equipes de atenção básica como os serviços e programas de saúde mental, no âmbito do seu território. Mas para que o CAPS não seja mais que um lugar de bom tratamento para os portadores de sofrimento psíquico é necessário que o CAPS consiga sair de dentro da instituição. Os CAPS precisam se inscrever de forma mais ampla na transformação social e cultura no espaço onde atua.   Objetivo   Analisar a integração entre um serviço especializado (CAPS) e a Atenção Básica (ESF) no cuidado integral à saúde mental dos usuários da mini-equipe de Manguinhos.   Metodologia   Metodologia qualitativa será definida como estudo de caso. O lócus principal de investigação é a atividade realizada entre a mini equipe de Manguinhos do CAPS Magal e a CF Victor Valla em seu processo de articulação. Serão especialmente observados desdobramentos dos casos discutidos entre as equipes e sua continuidade.   Resultados esperados Pensar o cuidado integral/longitudinal em saúde mental para a atenção básica é um desafio para os trabalhadores não só da própria Saúde Mental como também para a Atenção Primária. As práticas de saúde mental na Atenção Básica podem e devem ser realizadas por todos os profissionais da Estratégia de Saúde da Família, com vistas a propiciar uma atenção integral e sensível às demandas e necessidades das pessoas envolvidas e às particularidades que permeiam os sofrimentos psíquicos. O que se espera é contribuir para a produção de evidência científica sobre a importância de uma prática de inclusão de ações de saúde mental na Atenção Básica, como um dos caminhos para o exercício de uma clínica integral do sujeito.   Conclusões   Considero importante, buscar soluções concretas para questões relacionadas ao impacto da articulação saúde mental e Atenção Básica para a melhoria do cuidado aos portadores de sofrimento psíquico, colocando foco para integralidade e cuidado longitudinal. Priorizando, como eixo transversal, ações de cuidado compartilhado buscando interação entre os serviços, ampliando e transformando em cada ação uma oportunidade para construção da integralidade.  

3984 A intersetorialidade sob a ótica e prática dos profissionais de saúde de um ambulatório de média e alta complexidade na cidade de Manaus – AM
Gabriela Duan Farias Costa, Hamida Assunção Pinheiro

A intersetorialidade sob a ótica e prática dos profissionais de saúde de um ambulatório de média e alta complexidade na cidade de Manaus – AM

Autores: Gabriela Duan Farias Costa, Hamida Assunção Pinheiro

A intersetorialidade nas políticas sociais representa uma perspectiva de integralidade entre as políticas setoriais, objetivando a garantia de acesso aos serviços de tais políticas, visto que os sujeitos apresentam demandas complexas na realidade em razão de suas condições socioeconômicas. Neste aspecto, os Determinantes Sociais de Saúde influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. O enfoque desta pesquisa está voltado às políticas de saúde e assistência social. O Sistema Único de Saúde – SUS e o Sistema Único da Assistência Social – SUAS são sistemas que preveem uma prática intersetorial com vistas a conceder maior alcance dos serviços aos usuários. A presente pesquisa teve como propósito analisar a intersetorialidade entre as políticas de Saúde e Assistência a partir da prática e da visão dos profissionais de saúde de um ambulatório de média e alta complexidade na cidade de Manaus – AM, destacando a discussão sobre intersetorialidade entre as políticas de saúde e assistência social no exercício profissional dos servidores do ambulatório; a percepção dos profissionais de saúde em relação ao seu exercício profissional na dimensão intersetorial para a viabilização de direitos e a identificação dos dissensos e consensos entre as concepções de intersetorialidade dos profissionais de saúde desse ambulatório. Para isso, a investigação se apoiou na pesquisa bibliográfica, na pesquisa documental e na pesquisa de campo. Para a coleta de dados e informações foi aplicado um formulário, com questões abertas e fechadas aos profissionais da saúde desse ambulatório de média e alta complexidade. A pesquisa preocupou-se em entender a percepção dos profissionais sobre a intersetorialidade e a sua importância para a viabilização de direitos. Constatou-se que existem desafios para a construção de uma ação intersetorial entre as políticas públicas, além das discrepâncias relacionadas ao conceito de intersetorialidade e por fim, os obstáculos para a ocorrência da dimensão intersetorial na rotina dos profissionais que atuam no ambulatório. No entanto, apesar dos desafios para a efetivação da intersetorialidade, existem possibilidades para sua construção, em função do investimento em educação e saúde.

4128 Analise Dos Benefícios Da Implantação Do PSE Em Nova Olinda Do Norte-Am
Liliam Rafaelle Souza da Silva, arlei barbosa da costa, erllen rayssa vaz da silva, valeria oliveira lima da silva

Analise Dos Benefícios Da Implantação Do PSE Em Nova Olinda Do Norte-Am

Autores: Liliam Rafaelle Souza da Silva, arlei barbosa da costa, erllen rayssa vaz da silva, valeria oliveira lima da silva

Apresentação O presente estudo objetivou analisar a relevância social da implantação do PSE no Município de Nova Olinda do norte conforme o processo de trabalho desde a adesão do programa, sua execução e os resultados obtidos. Levando em consideração os benefícios para o processo de aprendizagem dos educandos da rede publica de ensino no município, a partir do estabelecimento do impacto da implantação dos serviços de saúde integralizados ao âmbito escolar. O estudo foi realizado através de uma investigação quantitativa tendo como instrumento de pesquisa os relatórios anuais do ciclo de trabalho do ano 2016 ainda referente à adesão do ano de 2014/2016,  fornecidos pela Coordenação Municipal do Programa Saúde na Escola com apoio institucional da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal de Educação. Descrição da experiência O PSE foi implantado com a finalidade de prevenir e promover saúde nas instituições de ensino para reduzir os agravos que acometem a saúde dos nossos educandos além de ofertar o cuidado integral à saúde de cada um visando melhorias na qualidade de vida para favorecer o nível de aprendizagem dos alunos tendo em vista que o Ministério da Saúde (2009) afirma que a escola é formadora de opiniões de crianças, adolescentes e de suas famílias, sendo um dispositivo social a ser utilizado como cenário e ferramenta da educação em saúde, buscando formar cidadãos conscientes e responsáveis por suas escolhas e comportamentos. Inicialmente foi implantado o grupo de trabalho Intersetorial municipal (GTI-M) formado por representantes de vários setores e entre eles estavam os secretários municipais de saúde e de educação, os coordenadores municipais representantes de cada setor prioritário do programa, o responsável da coordenadoria regional de ensino estadual e representante da secretaria estadual de ensino, representante do conselho municipal da criança e do adolescente, coordenador municipal da atenção básica, representante da secretaria municipal de assistência social, representante do conselho municipal de saúde e representante do conselho tutelar. Depois de ser formado o GTI-M, foi organizado um encontro com os membros para verificar as condições municipais e para providenciar a seleção das escolas e suas respectivas equipes de saúde, bem como as ações que deveriam ser desenvolvidas. No total as ações foram pactuadas para serem desenvolvidas em 18 instituições de ensino publico beneficiando 6477 educandos matriculados no município, localizados em 11 escolas na zona urbana sendo elas estaduais e municipais e 07 escolas municipais na zona rural. Após a vinculação das instituições de ensino junto às instituições de saúde o GTI-M procurou elaborar os materiais de apoio para o empoderamento dos profissionais iniciando pelo Termo de compromisso do programa para que todos tivessem conhecimento das decisões municipais e para conhecerem o PSE e suas diretrizes. Dessa forma a ideia central foi tornar os principais atores envolvidos nesse sistema em agentes multiplicadores de informações relacionadas à adesão municipal do programa saúde na escola. As avaliações são realizadas pelas equipes de saúde com apoio das equipes pedagógicas, após a avaliação a escola recebe os resultados de cada aluno e tem como função comunicar aos pais e/ou responsáveis sobre as alterações que seus filhos estão apresentando seja de comunicação, acuidade visual, estado nutricional, saúde bucal ou de qualquer outro resultado de avaliação clinica. Com isso acredita-se que as famílias após serem notificadas sobre a alteração encontrada no seu filho irá procurar a sua unidade de saúde de referencia para iniciar o acompanhamento do educando com o profissional indicado para a alteração apresentada.. Impactos Os números analisados nos revelam que em 2016 de 6477 educandos apenas 4145 foram avaliados pelo programa saúde na escola, ressaltando que desse total foram encontradas 704 (17%) alunos com alterações nutricionais, nas quais se destacou o numero elevado de sobre peso e obesidade, 308 (9%) alterações de acuidade visual, 64 (4,5%) alterações de linguagem, 251 (7,5%) alterações de pele, 62 (4,4%) alterações de pressão arterial e assustadoramente 3412 (85%) de alterações de saúde bucal. Esses dados nos revelam que essas crianças estavam estudando com possíveis prejuízos de aprendizagem, afinal, como pode uma pessoa em qualquer idade estando com dor e/ou algum incomodo conseguir aprender e/ou reter uma nova informação. Podemos compreender que o diagnostico e tratamento de agravos à saúde em qualquer faixa etária melhora as condições de aprendizagem dos alunos, embora, essa resolutividade só terá sucesso com a intervenção das equipes de saúde e pedagógica em conjunto com os pais e/ou responsáveis. Infelizmente aproximadamente 60% dos alunos encaminhados para as unidades básicas de saúde não compareceram para atendimento clinico, o que demonstra uma falha nas estratégias de inserção das famílias no programa. Por outro lado, após os resultados apresentados se tornou possível reavaliar as estratégias utilizadas e traçar metas para intensificar as ações conforme a necessidade de cada escola.   Considerações finais Os resultados confirmam a importância do programa saúde na escola como uma estratégia de melhoria na qualidade de assistência integral a saúde dos educandos beneficiando-os através de avaliações clinicas, prevenções e promoções aos agravos à saúde as quais comprometem o processo de aprendizagem, como as alterações nutricionais, de linguagem e oftalmológicas que interferem diretamente no desempenho escolar. As informações obtidas com a pesquisa apontam a necessidade de implementações no trabalho Intersetorial para o fortalecimento de vínculos entre as equipes de saúde e educação, promoção de educação continuada em loco para as equipes pedagógicas, elaboração de projetos municipais de intervenção direcionados para cada escola conforme a demanda existente, a criação de estratégias de saúde bucal destinadas ao aumento de ações preventivas dentro e fora das escolas e novas abordagens para inserir as famílias dos educandos no programa. Embora os resultados ainda demonstre que se faz imprescindível novas adequações no processo de trabalho, o grupo de trabalho intersetorial municipal acredita ser indispensável à implantação do programa saúde na escola nos demais municípios sendo relevante para o aumento no desempenho escolar dos educandos, melhorias no processo de aprendizagem, diminuição da evasão escolar, promoções e prevenções de agravos a saúde dos alunos e assistência no desenvolvimento físico e psicossocial do corpo discente pelas equipes de saúde associadas às equipes de educação com a necessidade primordial do apoio familiar.  

4304 A CRISE ECONÔMICA E O RECRUDESCIMENTO DO PROCESSO DE TRABALHO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA
renata assis nunes benevides

A CRISE ECONÔMICA E O RECRUDESCIMENTO DO PROCESSO DE TRABALHO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Autores: renata assis nunes benevides

Na interseção da crise econômica e do panorama político nacional, gerir o trabalho de Vigilância Sanitária, entendendo a subjetividade inerente a cada ator, que emprega a força de seu trabalho na construção de um processo fundamentado em tecnologias leve-moles e leve-duras, mas com carga legal alta, é complexo, pois ao longo da história, apesar de sua importância e ação, o setor ficou muitas vezes à margem do processo saúde doença. O recrudescimento do processo de trabalho da Vigilância Sanitária, para os trabalhadores e gestão é um resgate fundamental, haja vista que independente das atualizações legais as Vigilâncias Sanitárias Municipais (VISAM) aumentaram sua atuação sócio econômico além da sua práxis regulatória, buscando um processo de trabalho intersetorial em atendimento as necessidades humanas, qualidade de vida além da melhoria os serviços prestados no território. A importância deste estudo confirma-se tanto por grande parte das VISAM não possuírem qualidade na gestão do trabalho, a serem fundamentados em um planejamento integralizado, crítico e entendedor das subjetividades inseridas nos processos, quanto pelo grau de valoração das ações executadas por seus trabalhadores serem mensuradas discrepantemente por gestores, trabalhadores do SUS, setores regulados e pelos próprios atores executores, em toda inserção político e econômica atual. Neste relato objetiva-se descrever a experiência do recrudescimento do processo laboral da Vigilância Sanitária de um município de pequeno porte frente à atual conjuntura econômico política.  Este estudo comparativo descritivo foi desenvolvido no município de Itajuípe-BA, cidade de pequeno porte localizada na região sul da Bahia. Adotou-se como período a análise retroativa do processo de trabalho (2013 a 2016) comparando-o com o espaço-tempo presente (2017). O resultado descritivo obtido ao se analisar os períodos do estudo demonstram que a logística dispensada a este setor é complexa, mesmo se referindo a um município de menos de 22 mil habitantes haja vista que as ações executadas auxiliam na mudança de padrões e relações de produção, intervindo diretamente nos processos de trabalho de setores meio e fim, na política, economia, cultura e sociedade. A ausência de priorização na logística dispensada a este setor, incluindo a disponibilização de insumos, equipamentos e da própria ambiência do local de trabalho, de 2013 a 2016 impossibilitaram o bom andamento no processo laboral em VISA no período. O processo de trabalho da Vigilância precisa ser associado conjuntamente a uma logística precisa, pois agrupa vários saberes, sendo vasto o conhecimento nas áreas de ação e de apoio que perfilam objetivos muitas vezes dicotômicos (crescimento econômico e proibição de funcionamento), mas que precisam ser reordenados legalmente para minimizar ou anular os riscos sobre a população e meio ambiente. A abordagem da VISA municipal, foi trabalhada em aperfeiçoamentos ao longo de 15 anos, sendo que em 2011 se tornou diferenciada, sendo vista e sentida pela equipe que atua como algo além, que ultrapassa a humanização instituída, associando o conhecimento da realidade na construção da ferramenta de intervenção que une o poder de polícia (amparado nas bases legais) e a observância das relações humanas nos ambientes regulados e de convívio. A importância dada pela gestão a VISA municipal de Itajuípe, incluindo o dito anteriori, a exemplo da disponibilização logística dos recursos financeiros, equipamentos e insumos, de 2013 a 2016 e 2017 foram diferenciadas. No primeiro período (2013 a 2016) nota-se um decréscimo cronológico nas ações e intervenções da VISA na sociedade apesar de ter ampliado sua tecnologia leve-dura e atuado fortemente no nível de produção científica (de conhecimento) extramuros e no fortalecimento do setor. Na rígida arena de convívio (2013 a 2016) as informações não eram integralizadas e excluíam a ação da VISA requisitada, apenas em ações mais complexas.  A logística necessária não era mais dispensada ao setor. Pondera-se ainda que no período de 2017, inversamente ao espaço-tempo anterior, a gestão reconhece a VISA como base do alicerce intersetorial para o processo da construção qualitativa do SUS, envolvendo a equipe da VISA nas mínimas ações e inteirando-a dos processos de saúde a serem construídos e consolidados no território. Tal fato catalisou o recrudescimento e mensuração alta do processo de trabalho dada pelos atores sociais da VISA no direcionamento da sua força de trabalho para um objetivo comum e próprio a todos, o de diagnosticar e reduzir ou sanar os riscos sanitários a nível municipal por meio de um esforço conjunto. Tal fato pode ser mensurado e valorado quantitativamente, pela análise crítica das metas pactuadas nestes períodos, e alcançadas em sua totalidade. Observou-se neste período, 100% de inspeções realizadas, com aumento na liberação de Alvarás Sanitários devido a conformidades dos setores regulados, ações conjuntas educativas, sociais que beneficiaram economicamente o município e reduziram os riscos de saúde e ambientais no espaço de governabilidade da VISA Municipal. O crescimento científico, com produção de artigo, apresentação de trabalhos em congressos e simpósios, participação direta em conferências estadual e federal, fizeram com que a VISA de Itajuípe fosse entendida como exemplo e potência, tendo visibilidade a nível estadual. No ano de 2017, os recursos financeiros destinados a VISA (taxa de arrecadação, contrapartida Municipal e Piso estruturante) teve um percentual disponibilizado em benefício das ações e compromissos do setor. A análise sanitária realizada de 2013 a 2016 aponta interferência discreta nas dimensões sociais, atuando apenas em problemas e contextos isolados. Este fato não pode ser desmerecido, haja vista que neste período o município viveu momentos de risco iminente, sanados e minimizados diretamente pela ação da VISA (enchentes, estiagem prolongada, etc). A VISAM, com apropriação do seu processo construtivo de trabalho, elaborou projetos de reestruturação de setores específicos do território e a complementação e readequação do código de postura municipal (sem apoio externo), reconhecendo todo o seu território, desenhando o mapa de risco sanitário e descrevendo anualmente o perfil epidemiológico e socioeconômico, ultrapassando a meralidade das ações básicas, e não menos importantes, do cadastramento, vistoria e inspeção dos setores regulados e recebimento de denúncias. Com base no contexto político e econômico, da última análise quadri anual, a VISA desencadeou ações, desenhadas por uma parcela de atores sociais (80%), devido à maioria (20%) não mais se enxergarem como co-responsáveis e gerentes de sua força de trabalho ou por estarem desvalorizados e com isso desvalorizaram o serviço e as atribuições a eles atribuídas. Secundariamente torna-se necessário a re-inclusão destes como atores ativos nos processos decisórios da saúde, valoração da força de trabalho e da produção pela gestão e principalmente a redefinição da malha de atuação territorial dos entes envolvidos na VISA. Considera-se finalmente que a importância atribuída a VISA pela gestão é fundamental para que o processo de trabalho vivo seja recrudescido efetivamente. O entendimento das subjetividades, singularidades das atribuições de VISA fornece parâmetros para a gestão intervir positivamente neste processo. A logística montada em torno da vinculação da equipe da VISA ao serviço, inserindo-a nas ações do território ação são a chave para o gerenciamento qualitativo das mudanças na realidade de saúde do território, já que esta influencia diretamente as operacionalidades sociais, políticas, culturais, econômicas e ambientais do espaço de atuação. Portanto, a intervenção harmoniosa e estrategicamente elaborada no processo de trabalho da VISA oportunizam melhorias sustentáveis não só in locus, mas na realidade de saúde local.

4456 ÁGUA E SAÚDE
Izaunalia Tenutes, Maria Teixeira Cardoso

ÁGUA E SAÚDE

Autores: Izaunalia Tenutes, Maria Teixeira Cardoso

Apresentação:: EXPERIÊNCIA DE ESTUDO DE UMA NASCENTE NO PEDRA 90, CUIABÁ - MT. A água é o recurso de maior utilidade humana, pois, é utilizada para praticamente todas as suas atividades, porém a falta de conscientização da população, no que se refere ao desperdício desse recurso, a sua poluição e ausência, são algumas das principais agressões que este bem está sujeito. Objetiva-se nesse trabalho relatar experiência de desenvolvimento de trabalho avaliativo sobre a degradação ambiental de uma nascente fluvial. Munimo-nos do relato de experiência para descrever a atuação das autoras na avaliação de uma nascente situada na primeira etapa do bairro Pedra 90, Cuiabá – MT, no ano de 2015, como requisito avaliativo na disciplina Eixo Integrador II, do Curso de Graduação em Saúde Coletiva. A nascente estudada ocupava seu espaço com o lixo e localizava-se próximo à residências que utilizam fossas negras. Sua água escorria pela rua sem nenhum cuidado e alguns moradores à consumiam, para suas necessidades domésticas. Era comum na população da área doenças como verminoses e dengue, e a unidade de saúde de abrangência realizava constantemente atividades conscientizadoras, por meio de palestras e rodas de conversa sobre o consumo de água, destinação de lixo, esgoto, entre outros temas.Resultado: O estudo da nascente localizada na primeira etapa do Pedra 90 em Cuiabá nos permitiu considerar que, apesar da população informar que tem conhecimento do que é uma nascente, poucos sabem de nascentes localizadas no bairro, transformando-as em depósitos de lixo e consequentemente, facilitando processos de adoecimento no bairro.Considerações Gerais: Experiencia ímpar com a população e o territorio em estudo, uma aula de organização em grupo de estudo na disciplina Eixo e tratar de forma conscientizadora sobre o meio ambiente e respectivamente as nascentes do Rio Cuiabá.

5105 Experiências Intersetoriais de Desinstitucionalização: territórios da construção do cuidado em liberdade.
Ana Carolina Rios Simoni, Claudia Tallemberg, Carolina Nunes Port, Károl Veiga Cabral, Paula Emília Adamy

Experiências Intersetoriais de Desinstitucionalização: territórios da construção do cuidado em liberdade.

Autores: Ana Carolina Rios Simoni, Claudia Tallemberg, Carolina Nunes Port, Károl Veiga Cabral, Paula Emília Adamy

Este trabalho aborda uma experiência na gestão estadual da Política de Saúde Mental do RS no período de 2012 a 2014, ao nos depararmos com um fenômeno entranhado na maior parte das regiões do estado: o asilamento de pessoas com diagnósticos psiquiátricos em instituições de longa permanência para idosos. Cachoeira do Sul, município situado na região central do Estado, apresenta um quadro emblemático desta situação, ao sediar dezenas de instituições de longa permanência para idosos (ILPI), sem alvará sanitário, com centenas de pessoas (em torno de 650) oriundas de cerca de 62 municípios do Estado, cujas condições de vida desumanas lembram, sem sombra de dúvida, os locais mais terríveis do encarceramento manicomial. Boa parte destas pessoas foram encaminhadas para estes locais por serviços da rede de saúde e de assistência social dos municípios. Nuances desta realidade concernem a uma diversidade de outros municípios do RS, colocando perguntas para as políticas públicas e para a Justiça. Em articulação com o Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, a Secretaria de Estado da Saúde estabeleceu, em 2014, uma série de ações de desinstitucionalização destas pessoas, das quais participamos como gestoras e trabalhadoras de políticas públicas, que envolveram a utilização da metodologia do Censo Clínico Psicossocial (CCP) e a articulação das redes de Saúde e Assistência Social para a construção de planos terapêuticos singulares de desinstitucionalização. O Censo Clínico Psicossocial é uma ferramenta-dispositivo de gestão e do cuidado, utilizado pela Política Estadual de Saúde Mental do RS, que tem por uma de suas funções dar a conhecer a situação de saúde e psicossocial de pessoas institucionalizadas sob o argumento da doença mental, resgatando a história de vida, as condições de dependência e autonomia para a organização da vida cotidiana, as relações interpessoais e familiares, mapeando recursos sociais e econômicos, com a finalidade de subsidiar processos singulares de desinstitucionalização. Estas histórias, condições e recursos possíveis eram recolhidos no contato direto com as pessoas institucionalizadas, familiares, trabalhadores das instituições e das redes do município, leitura de prontuários – que pouco ou nada diziam sobre a vida concreta das pessoas institucionalizadas –, e no acompanhamento do cotidiano das institucionalizações. Como ferramenta-dispositivo, em contraposição à lógica tecnicista da aplicação de questionários e instrumentos de coleta de dados que primam pela precisão e controle das circunstâncias de seu uso, o CCP operou de forma aberta ao inusitado, permeável às realidades em que adentramos e dos encontros que ali aconteciam. Nesta lógica processual, abriam-se territórios de construção da expressão de singularidades potentes e silenciadas pelos processos manicomiais. Mesmo pessoas que literalmente não falavam, constituíram formas de se expressar à medida que a metodologia do censo se modificava para acolher estas diferentes formas de contar histórias de vida e de desejar outros futuros. Assim, o CCP operou como um dispositivo deflagrador de processos de interferências no socius e na produção da vida. As informações registradas a partir do CCP deram visibilidade para algo que se camuflava nos laudos psiquiátricos das pessoas institucionalizadas: elas tinham histórias marcadas por inúmeras formas de exclusão e de violação de direitos, mais ligadas a estigmas forjados em contextos de preconceito, nos quais os diagnósticos psiquiátricos surgiam como argumentos para internações vitalícias, que atendiam aos interesses do mercado da loucura, agora atualizado, na contramão das políticas públicas que foram, progressivamente, ao  longo de uma década e meia desinvestindo no setor de contratação de serviços privados complementares. Mulheres com histórico de violência, homens com história de décadas de trabalho precário no campo no cultivo do fumo, pessoas com deficiência mental ou física oriundas de famílias muito pobres, adultos que foram crianças institucionalizadas em instituições de assistência social, onde enlouqueceram, tiveram sua existência medicalizada e passaram a ser considerados incapazes para a vida em sociedade. Este era o retrato das vidas aprisionadas, sob o argumento da proteção e do cuidado, nas instituições irregulares para idosos em que se realizou o CCP. A lógica do capital e do mercado produziu naquele contexto uma necessidade de intervenção social e clínica ardilosamente construídas nas bordas das legislações vigentes, sustentadas, paradoxalmente, com recursos públicos, oriundos de estratégias para produção de equidade, apoio à cidadania e reinserção social como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Programa de Volta para Casa (PVC), que eram utilizados para o pagamento das mensalidades dos asilos, pervertendo seu mandato ético, social e político. Neste sentido, desinstitucionalizar também é questão de visibilizar os marcadores de poder dos novos procedimentos manicomiais. O desafio da desinstitucionalização se renovava a cada ato, seja quando nos encontramos com os preconceitos de proprietários e vizinhança de imóveis que sediariam residências terapêuticas em implantação, seja quando funcionários das instituições asilares sob nossa intervenção defendiam com unhas e dentes seus estabelecimentos. O argumento da morte como possibilidade sempre surgia nestes contextos: “se saírem podem morrer”; “aqui é a casa deles”. Proteger a vida biológica era o que interessava: mas qual vida? Uma vida capturada por um dispositivo arquitetônico-discursivo-institucional que massacra a singularidade com a organização repetitiva do tempo e do espaço, a captura nosográfica, a interpretação patologizante e o olhar segregador do dispositivo psiquiátrico. Os processos do CCP tornaram ainda visível o fato de que os trabalhadores das políticas públicas e do direito continuam sendo forjados na lógica moral e identitária, cujo foco é a aquisição de técnicas de adaptação dos sujeitos aos ideais sociais. Reféns de seus preconceitos e da imagem congelada de seus parâmetros de atuação, muitos deles têm medo de ousar apostar no encontro com a alteridade e acabam por reproduzir estereótipos sociais com os quais se defendem das singularidades. Nesse contexto, a interdição ao diálogo, pela imputação de uma sobrecarga de tarefas no cotidiano de trabalho e pelo controle dos tempos da atuação do profissional, se fez presente incontáveis vezes, cristalizando ainda mais as relações de saber-poder e hierarquizando suas práticas, o que nos pôs a pensar sobre os modos como as prescrições disciplinares atingem não apenas os usuários, mas também os agentes das ações, produzindo efeitos de coisificação de ambos os lados. Por outro lado, nas reuniões e ações intersetoriais onde se abordavam os casos de desinstitucionalização em andamento, com participação do Ministério Público do RS, percebemos os efeitos formativos destes encontros híbridos de intersetorialidade, na direção dos atores envolvidos. Espaços híbridos, que colocam em contato saberes heterogêneos, superfícies intersetoriais e territoriais que se perturbam, se afetam, produzem ressonâncias, desacomodam, dando suporte à produção de lugares de existência para o que, em outro contexto, seria facilmente tomado no quadrante do anormal. Nestes itinerários intersetoriais da desinstitucionalização, não se trata de tomar a experiência singular no registro dos saberes das ciências da saúde, mas de acolher o ponto em que ela desconstrói os saberes vigentes, ao mesmo tempo que cria novos modos de trabalhar nas políticas públicas. Assim, este relato se constitui como uma forma de documentar um momento crucial da Reforma Psiquiátrica no RS, ao tomar a desinstitucionalização das novas/velhas instituições asilares como dispositivo de educação permanente em saúde, mas sobretudo busca testemunhar processos de subjetivação e produção da vida, os territórios do cuidado em liberdade, desmontando o arranjo jurídico-assistencial-sanitário e político que insiste em produzir a morte em vida de singularidades dissonantes sob o argumento da proteção social e do cuidado.

1266 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: ESTRATÉGIA DE INTERSETORIALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS ESTUDANTES.
Pettra Matos, Amanda Medeiros, Andrea Marassi, Dimitra Castelo, Liliane Nascimento, Alessandra tavares

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: ESTRATÉGIA DE INTERSETORIALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS ESTUDANTES.

Autores: Pettra Matos, Amanda Medeiros, Andrea Marassi, Dimitra Castelo, Liliane Nascimento, Alessandra tavares

Introdução: O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma política intersetorial do Ministério da Saúde e da Educação, instituído em 2007, por decreto presidencial, tendo como finalidade contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde; sendo seus principais objetivos: promover a saúde e a cultura da paz; articular as ações da rede pública de saúde e de Educação Básica, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias; contribuir para a constituição de condições para a formação integral de educandos e para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos; fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar; promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde; fortalecer a participação comunitária nas políticas de Educação Básica e saúde, nos três níveis de governo. Em seu artigo 4º, o decreto cita as ações de saúde previstas no âmbito do PSE, e que devem considerar atividades de promoção, prevenção e assistência em saúde, em conformidade com os princípios e diretrizes do SUS. A relação entre os setores de Educação e Saúde possui muitas afinidades no campo das políticas públicas por serem baseados na universalização de direitos fundamentais. A escola é um importante espaço para o desenvolvimento de um programa de educação para a saúde; principalmente quando exerce papel fundamental na formação do cidadão crítico, estimulando a autonomia, o exercício de direitos e deveres, o controle das condições de saúde e qualidade de vida, tornando os escolares melhor capacitados para escolhas mais saudáveis. Objetivos: Apresentar relato de experiência de cirurgiões-dentistas discentes do Programa de Residência Multiprofissional em Estratégia Saúde da Família da Universidade do Estado do Pará no Programa Saúde da Escola, narrando as atividades intersetoriais de educação e de saúde realizadas em uma escola da rede estadual de ensino. Descrição da Experiência: As atividades foram desenvolvidas na E.E.E.F Nova Águas Lindas, no município de Ananindeua-PA; visando sensibilizar os escolares às condições de saúde e qualidade de vida, e os tornarem multiplicadores dos conhecimentos adquiridos ao seu ambiente familiar e de sua comunidade. O público-alvo foram os estudantes do 1º ao 9º ano, sendo crianças com faixa etária de 6 a 9 anos e pré-adolescente de 10 a 15 anos. As atividades foram desenvolvidas em equipe multiprofissional (cirurgiãs-dentista, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais). Realizou-se reunião com a coordenação, corpo docente e pais/responsáveis, para explicar o objetivo das atividades e ouví-los quanto às temáticas mais observadas nos escolares. As atividades foram aplicadas todas as terças-feiras pela manhã de março à junho de 2017, nas salas de aula ou hall da escola. Para os alunos do 1º ano, abordou-se o tema de higiene oral com o uso de recurso de vídeo educativo e dinâmica de aprendizado através do jogo da batata quente; no qual as crianças discorreram sobre o tema. Com os alunos do 2º ano trabalhou-se a reflexão da educação no cotidiano para a formação profissional, onde a turma foi organizada em grupos; onde um aluno representante de cada grupo recebeu uma profissão para expressá-la corporalmente, para o restante do grupo então descobrir qual a profissão desenvolvida. O objetivo foi favorecer a interação grupal e estimular a criatividade e a reflexão da educação no cotidiano para formação de futuros profissionais. Aos alunos do 3º ano foi abordado o tema de higiene geral com o objetivo de estimular nos alunos a importância de hábitos de higiene geral e a sua incorporação no seu dia-a-dia. Nesse intuito, foram realizados dramatizações de comportamentos com hábitos de higiene e de falta de higiene; onde os alunos tiveram que julgar sobre tais comportamentos e fazer referência ao ato certo ou errado; promovendo neles a capacidade de reconhecer e absorver a importância de hábitos de higiene para a saúde geral. Com os alunos do 4º e 5º ano, foi lidado com o tema respeito e desrespeito com o objetivo de estimular nos alunos a importância de um bom relacionamento com a família, a escola, a comunidade que vivem e com o meio ambiente; sensibilizando a socialização e a integração grupal. Para isso, foi realizado uma interação onde os alunos reconheceram atitudes consideradas respeitosas e desrespeitosas e montaram um mural para exposição na sala de aula. Os alunos do 6º ao 9º ano debateram sobre respeito às adversidades e bullying; no propósito de reconhecer atitudes de violência física e psicológica, e favorecer uma reflexão e adoção de comportamentos favoráveis a uma melhor integração social. Para tal utilizou-se recurso de vídeo educativo e trabalhou-se situações-problemas; onde os alunos foram organizados em grupos para discussão, identificando o problema e buscando possíveis alternativas para sua prevenção e resolução. Com essas turmas,  solicitou-se a presença dos responsáveis para a execução das atividades em conjunto; visto que a temática preconceito/bullying muitas vezes é proveniente do ambiente familiar ou de residência; porém, poucos responsáveis estiveram presentes. Resultados: Durante a execução das atividades, se observou os escolares bastante envolvidos e interessados em adquirir novos conhecimentos; relatando em muitas ocasiões, que seus pais não os ensinavam em casa sobre determinados pontos abordados; demonstrando que é um desafio estabelecer que os conhecimentos adquiridos sejam perpetuados pelos familiares. Outro desafio muito observado é a questão de vulnerabilidade social na qual esses escolares se encontram envolvida, visto que residem e convivem em comunidade de fragilidade material e moral; contribuindo na maioria das vezes, a não favorecer a importância da educação e da saúde, principalmente o autocuidado. Ainda se observou a falta de coparticipação de alguns professores, que não manifestaram interesse em participar da realização das atividades e deixando a notar que seu compromisso é apenas em repassar o conteúdo didático das disciplinas; sem engajamento com a formação do cidadão e com as ações da política do Programa Saúde na Escola. Considerações Finais: A educação em saúde é traduzida em mudança de hábitos e comportamentos, que devem ser incentivados em todos os momentos da vida e em todos os setores. Nesse contexto se faz muito importante a intersetorialidade das ações de educação e saúde, através do Programa Saúde na Escola, contribuindo para a valorização da promoção e prevenção da saúde de maneira integral; visto que a importância da educação no processo de transformação social e sua relação com a área da saúde, onde o conhecimento de ambas as áreas se integram, pode promover mudanças na vida dos indivíduos e de uma sociedade.

540 A CONSTRUÇÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR ATRAVÉS DA INTERSETORIALIDADE
Michelle Claudino da Silva Takahashi, Anderson Luiz Collesel, Patricia Mudrey Gorchinsky, Karine Oliveira Jabur, Maria de Fátima da Silva Lourenço, Francyne Roberta A. Martins, Ana Paula Almeida Rocha Ohata

A CONSTRUÇÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR ATRAVÉS DA INTERSETORIALIDADE

Autores: Michelle Claudino da Silva Takahashi, Anderson Luiz Collesel, Patricia Mudrey Gorchinsky, Karine Oliveira Jabur, Maria de Fátima da Silva Lourenço, Francyne Roberta A. Martins, Ana Paula Almeida Rocha Ohata

INTRODUÇÃO A presente descrição vivenciada no Sistema Único de Saúde (SUS), apresenta algumas reflexões sobre a importância da relação terapêutica da equipe de referência e suas ações no fortalecimento do vínculo. Nesta experiência, através de tecnologias de baixa exigência surgiu um modelo de cuidado diferenciado. A rede de saúde apresenta frequentemente situações que envolvem abandono, estigmas, baixo acesso a serviço de saúde e assistência, além de baixa adesão ao projeto terapêutico. A fragmentação da rede com serviços desarticulados, contribui para a dificuldade em desenvolver ações de cuidado para casos complexos. Precisa-se compreender que a experiência da doença não é apenas uma questão orgânica, mas uma vivência complexa de sofrimento, onde o serviço de saúde deve fazer parte do processo de coprodução do cuidado de modo que exista disponibilidade dos profissionais para a escuta e acolhimento valorizando a singularidade do sujeito. É difícil definir a solução “certa” para situações complexas, entretanto, elas expressam uma característica comum “apresentam tensão entre a necessidade da pessoa que sofre e a necessidade de se manter a harmonia da ordem social; ou seja, sempre há uma tensão entre o que é melhor para a pessoa que sofre e o que a sociedade espera do serviço. (ARAÚJO, 2014) O estudo tem por finalidade a descrição de uma experiência de cuidado em saúde mental de alta complexidade em decorrência de várias situações de vulnerabilidades, propõem também o fortalecimento da rede e a reflexão sobre a qualificação do acolhimento, bem como a construção do PTS (Projeto Terapêutico Singular) envolvendo a intersetorialidade.DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA OU MÉTODO DO ESTUDO Em sua prática diária o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS-ad) busca atender os usuários de forma singular valorizando a história da pessoa e suas necessidades. Neste estudo de caso a UBS (Unidade Básica de Saúde), solicita ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS-ad) apoio para o manejo de um caso complexo, a ação se desenvolveu no segundo semestre de 2016 quando a epidemia de dengue encontrava-se em fase latente, se instalou uma situação de alerta neste território, segundo relato da UBS um morador vinha causando transtorno à comunidade, acumulando em sua residência lixo orgânico e recicle em grande quantidade. Sendo este um usuário psicótico que há mais de 2 anos estava desassistido pela rede de saúde, por ser considerado violento, agressivo, usuário de drogas e de difícil relacionamento. Recebeu-se da UBS a informação que o usuário residia sozinho e tinha algumas características peculiares, andava sempre pintado com tinta verde, puxando um carrinho de mão feito de madeira, acompanhado de três cachorros bem cuidados. O primeiro contato foi realizado através de busca ativa, na rua, entendeu-se que uma das estratégias de aproximação seria acolher e cuidar também de seus cachorros, pois foi através desta estratégia que o vínculo foi se formando, a partir daí inicia-se um processo de cuidado diferenciado, respeitando o direito do usuário. Quando se tem a percepção que a baixa exigência no acolhimento e a alta qualidade de ofertas e serviços constituem uma ferramenta fantástica se consegue mapear estratégias de cuidado baseadas em uma das diretrizes do SUS, a equidade. RESULTADOS E IMPACTOS Percebe-se que muitas vezes na busca por resultados passa-se despercebido o sofrimento psíquico do indivíduo e a sua demanda de cuidado. Desta forma através da singularidade das ações observa-se que as necessidades do sujeito são legitimadas e não as necessidades das instituições. Neste estudo identificou-se que a comunidade e os demais serviços da rede tinham um único direcionamento de ações, o acumulo de lixo, sem pactuar ações com o usuário. Qualquer que seja a iniciativa, dentro ou fora do serviço, ela só adquire sentido na promoção do acesso, quando a prática reflete compromisso com a vida, expresso pelo respeito às diferenças e aos direitos humanos. (ARAÚJO, 2014) Destaca-se também nesse relato a participação intersetorial com alguns serviços da rede do município através da articulação do CAPS-AD, como: Zoonose, UBS, Vigilância Sanitária e Ponta Grossa Ambiental (empresa que transporta lixo), enfatizando o sujeito e sensibilizando os demais envolvidos para o eixo do cuidado que é o vínculo. Aos poucos foi se adquirindo confiança e fortalecimento de laços, distante de violência e agressividade encontrou-se um ser humano fragilizado necessitando de cuidado. Inicia-se então o processo de oferta de atendimento onde o paciente abre as portas da sua casa e da sua vida, vínculo fortalecido resolutividade na construção do Projeto Terapêutico. “Criar vínculos implica ter relações tão próximas e tão claras, que nos sensibilizamos com todo o sofrimento daquele outro, sentindo-se responsável pela vida e morte do paciente, possibilitando uma intervenção nem burocrática e nem impessoal” (MERHY, 1994, p.138). Como principal resultado observa-se um aprendizado coletivo na lógica da co responsabilização entre usuário, equipe de referência e rede de assistência do município, quando se atua baseado na clínica ampliada se propõem um grande desafio a promoção a Saúde e pactuação do cuidado que foi selado através do acolhimento de baixa exigência quando se aceita os animais de estimação como bem maior desse indivíduo. A partir dessa ferramenta inicia-se a construção de dispositivos terapêuticos, usuário começa a frequentar o CAPS acompanhado de seus animais, com seu consentimento foi realizado um mutirão para limpeza de sua residência, atualmente encontra-se um novo cenário: usuário estabilizado e medicado; casa e terreno limpos e organizados; trazendo um novo olhar da comunidade e resultando no fortalecimento do vínculo com a rede.CONSIDERAÇÕES FINAIS Em Saúde Mental nossa ferramenta de trabalho é o Projeto Terapêutico Singular, porém jamais encontraremos resultados estáticos da mesma forma não existe PTS sem vínculo. Com laços estabelecidos e sem pré-conceitos conseguiu-se antecipar a crise e negociar novas estratégias de cuidado que sempre estarão em construção no nosso processo de trabalho tendo como objetivo maior oferecer saúde e melhorar a qualidade de vida do usuário, dentro da sua singularidade. Salienta-se a importância da construção de uma rede de atenção psicossocial, de modo que haja uma efetivação do projeto terapêutico singular dos pacientes da saúde mental, a partir da construção de um processo em saúde. Diante do expoxto percebe-se a intersetorialidade como uma ferramenta imprescíndivel e indisocíavel para a atenção integral aos sujeitos em sofrimento psíquico. REFERÊNCIAS ARAÚJO, L.; SILVA, M. M. C.; BARREIROS, G. B. Organização dos serviços para garantir acesso e promover vinculação do usuário de drogas. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Saúde Pública. Curso de Atualização em Álcool e Outras Drogas, da Coerção à Coesão. Florianópolis, 2014.MERHY, E. E. Em busca da qualidade dos serviços de saúde: Os serviços de porta aberta para a saúde e o modelo tecno-assistencial em defesa da vida (ou como aproveitar os ruídos do cotidiano dos serviços de saúde e colegiadamente reorganizar o processo de trabalho na busca da qualidade das ações de saúde). In: Inventando a mudança na saúde (L. C. O. Cecílio, org.), São Paulo: Editora HUCITEC,1994.