154: A micropolítica e o cuidado em saúde mental: produção de re-existências
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: ICB Sala 08 - Igapó    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
504 Matriciamento em Saúde Mental na Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Itacoatiara-AM
Neicy Arraes Suwa, José Suwa de Oliveira

Matriciamento em Saúde Mental na Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Itacoatiara-AM

Autores: Neicy Arraes Suwa, José Suwa de Oliveira

O Centro de Atenção Psicossocial – CAPS São Lucas da Secretaria de Saúde do Município de Itacoatiara-AM foi inaugurado em 20 de dezembro de 2012 e desde janeiro de 2017 está promovendo ações de apoio matricial com as equipes da Estratégia Saúde da Família, oferecendo oportunidade de dialogar sobre o cuidado em saúde mental na atenção primária. O apoio matricial em saúde objetiva assegurar apoio especializado a equipes e profissionais encarregados da atenção a problemas de saúde, oferecendo tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnico pedagógico às equipes de referência. O trabalho começou através de interconsulta entre a equipe matricial do CAPS São Lucas e as equipes de referência da Estratégia Saúde da Família, por meio de discussões de casos, consulta conjunta e visita domiciliar conjunta. No segundo momento promovemos encontros em forma de rodas de conversa abordando temas como Território e construção de mapas de saúde, Redes de Atenção a Saúde, Acolhimento, Projeto Terapêutico Singular, Genograma e Ecomapas. Essas ações foram importantes na construção do cuidado compartilhado entre as duas equipes e na melhoria do acesso e da qualidade dos serviços de saúde mental nas respectivas áreas de abrangências de cada Unidade Básica de Saúde. O trabalho do CAPS São Lucas é realizado por uma equipe multiprofissional composta por Assistente Social, Médico Psiquiatra, Psicólogo, Enfermeiros, Pedagogo e Auxiliares de nível médio. Por meio desse trabalho observou-se um processo de descentralização do cuidado em saúde mental, respeitando os níveis de complexidade de cada caso e maior autonomia no cuidado ofertado pelas equipes da Estratégia Saúde da Família, promovendo o acolhimento aos usuários em seu território e levando em consideração as suas rotinas e seu cotidiano. Através desse trabalho foi possível melhorar a qualidade da assistência em saúde mental prestada pelas equipes de saúde da família, facilitando o acesso ao cuidado em seu território e diminuindo o número de atendimento de baixa complexidade no CAPS, fortalecendo desse modo, os pontos de apoio em saúde mental que compõem a Rede de Atenção Psicossocial – RAPS.

749 COMPORTAMENTO GOVERNADO POR REGRAS NO CONTEXTO HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO
Anchielle Crislane Henrique Silva, Jarbas Reis Da Paz, Lídia Teixeira Machado, Betânia Cardênia De Souza, Jaciany Mota

COMPORTAMENTO GOVERNADO POR REGRAS NO CONTEXTO HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO

Autores: Anchielle Crislane Henrique Silva, Jarbas Reis Da Paz, Lídia Teixeira Machado, Betânia Cardênia De Souza, Jaciany Mota

  Pessoas interagem em distintos contextos conforme suas vivencias e regras vigentes em todos os momentos. Existe duas maneiras dos seres humanos aprenderem a se comportar. Uma delas é realizando ações sob as situações e sofrendo suas consequências, chamado de comportamento modelado por contingências. E a outra maneira de aprender, é através de instruções emitidas por outras pessoas (falante), ao qual nomeia-se de comportamento governado por regras. As instruções aumentam a probabilidade das pessoas aprenderem de forma mais rápida e eficaz a se comportarem em contextos específicos. Vale ressaltar que regras ou instruções são descrições de relações entre eventos (e.g. situações) que influenciam/alteram as ações de um ouvinte (quem pode ou não seguir a regra). São exemplos de regras: orientações, ordens, avisos, leis, pedidos, mandos, receitas, prescrições medicas, instruções, entre outras. O hospital, é um dos contextos ao qual ocorre várias situações em que é necessário estabelecer regras entre ouvinte e falante. As regras têm características múltiplas e não a garantias que uma pessoa vá seguir conforme a instrução pronunciada. Além disso, saber quais as contingências favorecem o comportamento de seguir uma regra é essencial para a interação entre profissionais, paciente-profissional, paciente-paciente, paciente-família. Ditar regras nesse contexto é de grande valia, pois, poderá proporcionar maior probabilidade de eficácia para as interações dos envolvidos no ambiente hospital. Com isso, o presente trabalho tem o intuito de descrever a funcionalidade do estabelecimento de regras para diminuir o comportamento inadequado de um paciente no contexto hospitalar. O presente trabalho trata-se de um estudo do caso acompanhado no ambiente hospitalar, por terapia breve e de apoio. Em que usou-se de procedimentos psicológicos: escuta terapêutica, estabelecimento de regras, psicoeduação e momento lúdico. E como materiais estratégicos para auxilio dos atendimentos: figuras de expressões de emoções, desenho com níveis de emoções. Foram realizados 5 atendimentos, sendo um por semana. Paciente do sexo masculino, com idade de 12 anos encaminhado pela equipe médica, por apresentar gritos constantes, mesmo medicado e com hipótese de uma reação incongruente em relação a própria dor física. No primeiro contato foi realizado uma escuta terapêutica com a acompanhante (avó), pois, o paciente se encontrava dormindo sob efeito do medicamento. Por sua vez, buscou-se obter informações através de sua acompanhante, sendo: Severino (nome fictício) admitido no hospital devido sofrer atropelamento em que lesionou o membro inferior esquerdo com possibilidade de amputação. Sua mãe morreu no momento de seu parto e seu pai é desconhecido. Mora com sua avó, irmãos/ãs (filhos de outro pai) e com os tios. A solicitação de atendimento psicológico foi demandada pelo fato do paciente apresentar gritos muito altos clamando pela enfermeira, se debatendo na maca, incomodando toda a clínica pediátrica. Com isso, foi levantada a hipótese de que o paciente se comportava de tal modo por sentir dor ao lembrar ou ter sensações que levem-no a recordar do momento do acidente. No segundo atendimento, usou-se figuras de expressões de emoções para incentivar as conversas sobre os sentimentos e emoções do paciente relacionados ao comportamento problema (gritar). O paciente apenas respondeu os nomes das emoções expressas e não aos questionamentos relacionados a emoção, justificando está sentindo dores e iniciando gritos clamando pela enfermeira e pelo maqueiro. Analisando a situação, ditou-se uma regra que descrevia eventos reforçadores para o paciente, que foi: “caso você fique sem realizar gritos por alguns instantes, irei conversar com a enfermeira e o maqueiro (reforçadores) para te levar ao local onde será feito os procedimentos que você tanto deseja, certo? ” O paciente respondeu “sim”, e apesar de relatar sentir dor, o mesmo parou de gritar. Então, o estagiário retirou-se da enfermaria e ficou durante 5 minutos no corredor conversando com a enfermeira sobre o caso e atentando se iria ocorrer o descumprimento da regra. Antes da chegada do maqueiro, aproveitando o momento do comportamento de seguir regra do paciente, realizou-se a psicoeducação. Procurou-se descrever as condições desfavoráveis do comportamento de gritar: “Sabemos que você está sentindo dor, mas não é necessário gritar a todo momento, pois se continuar assim, os profissionais não irão saber o momento certo de vir até você e a intensidade da sua dor, entendeu?”. “Quando sentir dor e quiser chamar a enfermeira, apenas peça para a sua acompanhante chama-la e descreva o que você está sentindo, certo? Fazendo isso terá maior probabilidade da enfermeira vir até você”. Para o terceiro atendimento, utilizou-se de desenhos com níveis de expressões de emoções em conjunto com a figura de um termômetro. Com isso, era perguntado como ele  sentiu-se durante os dias da semana, qual a intensidade da emoções que sentiu. Em meio a isso, foi perguntado ao paciente o que faz ele se acalmar, o mesmo descreve que a presença da enfermeira, pois ela faz passar a dor (aplica os medicamentos), além disso, essa profissional dedicava parte do tempo para assistir desenhos com o paciente e brincar. Neste encontro o paciente encontrava-se tranquilo, porém nos dias anteriores ainda realizou comportamentos apontado pela equipe e outros pacientes como inadequados. O quarto atendimento, teve o intuito de coletar informações sobre os gostos do paciente. Para isso, foi realizado momento lúdico utilizando-se de desenhos para estimular o paciente a falar sobre os seus gostos. Após isso, estabeleceu-se nova regra para o paciente, descrevendo consequências reforçadora e punitiva: “Olha, tenho uma proposta para você! Se você não gritar durante essa semana, irei te recompensar com algumas das coisas que você disse tanto gostar, certo? Mas, caso não o faça isso, não receberá a recompensa, combinado? Enquanto isso, sua acompanhante e a enfermeira estarão te observando e irá dizer se você ganhará ou não, a recompensa”. No quinto atendimento, realizou uma escuta de verificação dos comportamentos inadequados no paciente durante a semana e momento lúdico. Conforme a acompanhante, enfermeira e o paciente, descreveram ter extinguido o comportado de gritar a todo momento, com isso, foram discutidas com o paciente as vantagens de tal comportamento apesar de sentir dor. Após a confirmação de “bom comportamento” foi entregue a recompensa seguida de elogios e no momento lúdico, o paciente realizou um desenho ao qual entregou para o estagiário, o que afirma o bom vínculo criado entre ambos. Além disso, fora conversado sobre o processo de amputação da perna esquerda, o paciente e acompanhante apresentavam-se cientes do procedimento, mostrando boas expectativas futuras expondo-se naquele momento tranquilidade. O paciente passou pelo procedimento cirúrgico, obtendo alta hospitalar antes do próximo atendimento, impossibilitando o acampamento pós cirúrgico. O presente trabalho teve o intuito de descrever a funcionalidade do estabelecimento de regras para diminuir o comportamento inadequado de um paciente no contexto hospitalar. Percebeu-se que a intervenção baseada no estabelecimento de regras foi eficiente, na medida em que descreveu quais consequências poderiam correr. Vale ressalta, que todo o conjunto de procedimentos e materiais utilizados contribuíram para a intervenção, pois foram pertinentes para a busca de informações que fizeram compreender o comportamento problema e a elaboração de uma intervenção efetiva.

843 DESENHANDO A TEIA: O PAPEL DO PSICÓLOGO DA ATENÇÃO BÁSICA NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Djuliane Maria Gil Schaeken Rosseti, Munique Therense Costa de Morais Pontes, Alessandro Sampaio Ribeiro, Socorro de Fátima Moraes Nina

DESENHANDO A TEIA: O PAPEL DO PSICÓLOGO DA ATENÇÃO BÁSICA NA ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Autores: Djuliane Maria Gil Schaeken Rosseti, Munique Therense Costa de Morais Pontes, Alessandro Sampaio Ribeiro, Socorro de Fátima Moraes Nina

Pouco se discute ainda a atuação da psicologia no âmbito das políticas públicas em saúde no Amazonas. Diante da perceptível lacuna sobre o tema na grade curricular das instituições de ensino superior do estado, o profissional da saúde mental não se sente preparado para atuar na esfera pública, em especial na atenção básica. Construído a partir da experiência da primeira turma de psicologia da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade da Universidade do Estado do Amazonas, este estudo visou discutir o papel do psicólogo inserido na atenção básica, bem como as suas possibilidades de atuação junto à crianças e adolescentes assistidos pela Rede de Atenção à Saúde do Amazonas. Para tal, optou-se por uma pesquisa de cunho qualitativo, sob a ótica do método etnográfico, que abriu espaço para a elaboração de um diário de campo, entrevista com as famílias e com os psicólogos inseridos no NASF e no CAPS e realização de grupo focal com a equipe multiprofissional de cada instituição. A articulação desses instrumentos favoreceu uma reflexão continuada acerca das múltiplas dimensões da prática em saúde e a abertura de um espaço para o questionamento sistemático acerca da atuação do psicólogo na atenção básica. A análise dos dados coletados permitiu a elaboração de cinco argumentos: 1) a atuação do psicólogo na Atenção Básica do Amazonas está direcionado ao público adulto, assumindo um viés adultocêntrico; 2) a reduzida articulação entre a ESF-NASF pode estar facilitando a consolidação desse viés, em detrimento a uma abordagem direcionada para a família; 3) a articulação entre NASF-CAPSi pode ser pensada como uma atribuição dos psicólogos que compõem as equipes técnicas, haja vista o desejo expresso de fortalecimento da rede de contato interinstitucional; 4) a ausência do mapeamento das demandas infanto-juvenis pode estar contribuindo para a invisibilidade delas; 5) existe uma necessidade de ampliar a compreensão do que constitui a saúde mental infanto-juvenil. Ao longo de toda a pesquisa, foi possível perceber que a articulação para o trabalho em rede ainda está em processo de construção. Ainda há de se contextualizar e problematizar as ações do psicólogo de modo que sua atuação favoreça o acesso do usuário aos serviços disponibilizados pela rede, como também possibilite maior responsabilização por parte dos profissionais e a superação da fragmentação do cuidado. Desta forma, há uma urgência de se construir espaços para que seja beneficiado o diálogo e troca de saberes entre todos os profissionais inseridos na Rede de Atenção à Saúde do Amazonas.

917 ATENDIMENTO INFANTOJUVENIL DE SAÚDE MENTAL, EXPERIÊNCIA DA POLICLÍNICA CODAJÁS/MANAUS
Fabiane Oliveira Gomes Vasques, Rosangela Miranda Aufiero

ATENDIMENTO INFANTOJUVENIL DE SAÚDE MENTAL, EXPERIÊNCIA DA POLICLÍNICA CODAJÁS/MANAUS

Autores: Fabiane Oliveira Gomes Vasques, Rosangela Miranda Aufiero

A Lei da Reforma Psiquiátrica no. 10216/2001, prevê o fim dos manicômios e busca consolidar ummodelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária, garantindo a livre circulação daspessoas com transtornos mentais pelos serviços e pelo território em que habita. A Portaria da Rede deAtenção Psicossocial n. 3088/2011 vem assegurar que os mesmos sejam assistidos por todos os atoresdos dispositivos da rede. No Amazonas, acrescentamos as Policlínicas Estaduais na cidade de Manaus,como uma adaptação para o funcionamento da rede de atenção psicossocial, onde destacamos a Policlínica Codajás com o serviço em saúde mental infanto-juvenil e de adultos. O trabalho de Saúde Mental neste ambulatório é desenvolvido por equipe multiprofissional (Neurologistas, Psicólogos,Fonoaudiólogos, Assistentes Sociais e Psiquiatras). O presente artigo pretende abordar o trabalho realizado pela equipe de Psicologia no Ambulatório de Saúde Mental Infanto-juvenil, identificando suas dificuldades, estratégias e perfil da clientela assistida.  Acolher, Avaliar, Encaminhar, Acompanhar e o Projeto Terapêutico Singular/PTS são etapas do serviço de saúde mental, realizados com a clientela e seus respectivos responsáveis. Além disso, ocorre ainda o diálogo com a Escola e demais dispositivos da rede educacional de avaliação multiprofissional. Mensalmente realizamos o trabalho de Encontro com os pais, no qual discutimos impasses e dúvidas sobre o tratamento de seus filhos. Outrossim, observamos uma grande demanda ao mesmo tempo que há uma volumosa desistência. E ainda, o número de meninos assistidos é o dobro do número de meninas. O excesso de medicalização e exames desnecessários, são outros pontos a destacar. A equipe busca ainda ampliar as possibilidades de desenvolvimento da clientela assistida, como buscar na rede atividades esportivas ou culturais.

951 Saúde Mental e Ortopedia
Ágata Castanheda

Saúde Mental e Ortopedia

Autores: Ágata Castanheda

O objetivo deste trabalho é ressaltar duas especificidades do atendimento psicológico hospitalar em instituição ortopédica. A importância e a necessidade da dimensão humana no cuidado e do sofrimento no âmbito da saúde, especificamente no hospital, o acompanhamento psicológico e o suporte emocional oferecidos a esses pacientes fazem com que esses indivíduos fragilizados suportem esse ciclo incômodo. Essa percepção de alívio ou suposta melhora, deu-se através das narrativas do próprio paciente sobre sua patologia e processo de internação. A “categoria de sofrimento” parece constituir um significante flutuante, que comporta contradições de significados, variando entre significados concretos e abstratos. O local onde é desenvolvida esta práxis é o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), referência nacional em ortopedia e reabilitação de média à alta complexidade onde, quase 100% dos pacientes internados são submetidos, em um primeiro momento, a uma avaliação psicológica inicial; a fim de identificar como o paciente encontra-se, psíquica e socialmente, no momento da internação. A equipe de saúde mental é composta por psicólogos e psiquiatra, subordinada à coordenação de assistência hospitalar. O primeiro eixo de discussão refere-se a uma leitura da lógica institucional e das armadilhas impostas pela concepção biomédica de sujeito, que aparece ainda mais compartimentada e dissociada em ortopedia do que em muitas outras especialidades médicas; busca-se ainda identificar como a ostensiva fragmentação do atendimento através de subespecialidades em centros de atenção especializada (CAES) pode ser contrabalançada com uma efetiva ação interdisciplinar. A prática é marcada por efetivas discussões clínicas em que os profissionais de diversas áreas pensam conjuntamente a melhor indicação de tratamento para o paciente. Já o segundo eixo busca evidenciar como o profissional de psicologia deixa sua marca de atuação dentro da equipe interdisciplinar, mediando por muitas vezes o diálogo entre os diferentes saberes e desse modo garantindo que o sujeito sempre seja visto de modo integral tendo sua singularidade valorizada.  

986 DESAFIOS NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE DE SANTA CATARINA: A VISÃO DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DO CAPS I
FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ, JOÃO LUIZ GURGEL CALVET DA SILVEIRA, JUDITE HENNEMANN BERTONCINI

DESAFIOS NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE DE SANTA CATARINA: A VISÃO DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DO CAPS I

Autores: FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ, JOÃO LUIZ GURGEL CALVET DA SILVEIRA, JUDITE HENNEMANN BERTONCINI

APRESENTAÇÃO: Este estudo trata-se de uma pesquisa realizada como dissertação do curso de Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Regional de Blumenau, Santa Catarina. A Reforma Psiquiátrica propõe a substituição do modelo manicomial por um tratamento de base territorial e comunitária e a principal estratégia para sua consolidação são os CAPS – Centros de Atenção Psicossocial. Nesse cenário de mudanças na saúde mental os municípios ficam responsáveis por prestar o atendimento integral à população de seu território. Porém, sabe-se que muitos municípios brasileiros não dispõem de todos os recursos para prestar esse atendimento e a situação é ainda mais crítica nos municípios de pequeno porte onde o critério da regionalidade exige uma população mínima ou uma pactuação intermunicipal para a implantação dos serviços e garantia dos recursos necessários. Considerando esta realidade, importa conhecer a situação da atenção psicossocial em municípios de pequeno porte, buscando saber quais desafios são encontrados em termos de estrutura e processos de trabalho, bem como quais soluções ou estratégias podem ser apontadas para aumentar o impacto positivo dos CAPS na autonomia e empoderamento dos usuários.  OBJETIVO: Discutir quais são os desafios da atenção psicossocial em um município de pequeno porte a partir da visão dos usuários e dos profissionais do CAPS de Itaiópolis, município localizado em Santa Catarina. METODOLOGIA: Foram coletados dados sobre estrutura física e perfil epidemiológico da clientela atendida no CAPS através de um questionário. Também foram aplicados questionários dirigidos com cinco profissionais e realizou-se dois grupos focais com dez usuários do serviço. Os dados foram tratados com abordagem qualitativa por meio de análise de conteúdo segundo Bardin, sendo os resultados discutidos com base em normas, leis, portarias nacionais e referenciais da reforma psiquiátrica brasileira. Foram identificados pontos fortes em atenção à crise, acolhimento e nos resultados percebidos pelos usuários. É necessário avançar em questões relacionadas ao trabalho em rede, projeto terapêutico singular, preconceito e estigma. Na percepção dos usuários denota-se um reconhecimento positivo do serviço prestado no CAPS. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Concluiu-se que muitos desafios foram superados, mas na visão dos profissionais o trabalho em rede em município de pequeno porte ainda encontra-se fragilizado pela carência de pontos de atenção e falta de conhecimentos em saúde mental. Aponta-se a educação permanente e o matriciamento como estratégias para superar esses impasses.

1033 Clínica Ampliada em Grupos Terapêuticos com Adolescentes em Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil
Gisele Cristina Resende, Marcela Pessoa Silva, Erika Augusta do Amaral Coelho Bezerra, Edilson Álvaro Custódio Júnior, Ana Cristina Furtado de Carvalho Régis, Elivandra Franco Mendes

Clínica Ampliada em Grupos Terapêuticos com Adolescentes em Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil

Autores: Gisele Cristina Resende, Marcela Pessoa Silva, Erika Augusta do Amaral Coelho Bezerra, Edilson Álvaro Custódio Júnior, Ana Cristina Furtado de Carvalho Régis, Elivandra Franco Mendes

A clínica ampliada é uma ferramenta utilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) que articula diferentes enfoques e disciplinas, reconhecendo o valor da integração de vários saberes e profissionais em equipe organizada e com uma proposta de trabalho voltada para as necessidades dos usuários.  O funcionamento das equipes ocorre em ambientes de saúde, como nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial, voltados para o cuidado em saúde mental para usuários com transtornos mentais graves e persistentes. Por meio das equipes de saúde dos CAPS decorre o trabalho em clínica ampliada em função da saúde dos usuários e da elaboração de um projeto terapêutico singular.  Nesse projeto terapêutico singular, são compreendidas/diagnosticadas as situações psicossociais que precisam de intervenção para o desenvolvimento do usuário em diversas áreas de sua vida em seu território. A partir da elaboração do projeto terapêutico é que os grupos se mostram como propostas para a atuação de equipes em clínica ampliada. O presente trabalho, se insere nessa perspectiva de clínica ampliada por meio de grupo terapêutico. O grupo terapêutico foi realizado com adolescentes de 15 a 17 anos de ambos os sexos, que apresentaram sofrimento psíquico (tentativas de suicídio, autolesão – cutting, depressão e ansiedade) e procuraram ajuda no Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil Leste em Manaus (CAPSi Leste).   A equipe profissional que promoveu o grupo foi formada por duas fonoaudiólogas, um terapeuta ocupacional, uma enfermeira e uma psicóloga, que juntos analisaram os casos acolhidos no CAPSi e formaram o grupo de acordo com o perfil pré-definido. A equipe multiprofissional trabalhou na perspectiva da clínica ampliada, pois por meio dos diversos saberes planejaram as ações para o grupo com metodologia diversificada, como por exemplo, rodas de conversa sobre temas diversos (saúde, sexualidade, bullying, conflitos geracionais, organização das rotinas de vida, sentimentos e relacionamentos), dinâmicas de grupo, passeios recreativos e informativos sobre a cultura local (em museus e parques na cidade).  O objetivo central do grupo foi promover a saúde, de modo que os adolescentes tomassem consciência de si e das dificuldades vividas, para que ressignificassem suas experiências e pudessem vencer o sofrimento com o desenvolvimento da autonomia e da criatividade, inseridos em sua família e no território (comunidade). Os resultados da ação foram visualizados na saúde dos jovens, que não mais utilizaram de estratégias autodestrutivas, (suicídio e cutting), houve remissão de sintomas depressivos e de ansiedade, visualizou-se maior maturidade para o enfrentamento das adversidades da vida e o desenvolvimento de habilidades sociais (escuta, compreensão e comportamento mais adequado).  Para os profissionais envolvidos, os resultados foram: uma equipe mais integrada, que promoveu discussões de casos com olhares diferenciados, elaboração de ações e projetos terapêuticos mais coerentes e voltados para a saúde do usuário. Houve a melhora da relação interpessoal entre a equipe e o sentimento colaborativo e de co-responsabilidade foram desenvolvidos. O trabalho na perspectiva de clínica ampliada foi uma metodologia ativa e favoreceu o desenvolvimento e a efetividade das ações promovidas no grupo terapêutico no CAPSi Leste. 

2163 O Matriciamento como tecnologia de cuidado em saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial em Porto Velho-RO
Adriana Dias Silva, Maria Angelica Almeida Peres, Junniene Beckman Barbosa, Fernanda Leite da Silva, Jaqueline Costa Cruz, Mauricio Viana Gomes de Oliveira, Katia Fernanda Alves Moreira

O Matriciamento como tecnologia de cuidado em saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial em Porto Velho-RO

Autores: Adriana Dias Silva, Maria Angelica Almeida Peres, Junniene Beckman Barbosa, Fernanda Leite da Silva, Jaqueline Costa Cruz, Mauricio Viana Gomes de Oliveira, Katia Fernanda Alves Moreira

Apresentação: trata-se de um estudo realizado por ocasião da elaboração de um Trabalho de Conclusão do Curso sobre o matriciamento em saúde mental no contexto da Rede de Atenção Psicossocial no município de Porto Velho, estado de Rondônia. É um estudo que visa identificar o funcionamento do apoio matricial existente entre um Centro de Atenção Psicossocial e uma Clinica Psiquiátrica com enfoque nas morbidades em saúde mental. Desenvolvimento do trabalho: pesquisa de abordagem quantiqualitativa, de caráter descritivo e exploratório que aplicou um questionário semiestruturado entre os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial- CAPS Madeira Mamoré e da Clínica Psiquiátrica do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro. Foi realizada a partir de um projeto matriz intitulado como: “Estudo sobre morbidades em Rondônia”, cuja autorização do CEP com número do parecer do CAAE: 46586315.9.0000.5300, com data de aprovação em 28 de agosto de 2015. Foram respondidos quatro questionários semiestruturados por profissionais atuantes no CAPS Madeira Mamoré e na Clínica Psiquiátrica do Hospital de Base. Buscou informações que permitiram identificar a atuação conjunta dos profissionais em relação a pacientes matriciados entre as duas unidades de saúde e também quanto à compreensão destes sobre o tema.   Resultados e impactos: foram identificadas conceituações bem similares a respeito de apoio matricial, sendo que apenas um profissional apresentou opinião divergente. Em relação a como acontece o apoio matricial entre essas duas unidades de saúde envolvidas, segundo dados coletados os profissionais atuam principalmente na realização de reuniões quinzenais onde ocorrem discussões de casos e definição de condutas; as principais dificuldades enfrentadas para a implementação do Apoio Matricial são a demanda ambulatorial, número reduzido de profissionais, falta de transporte próprio das unidades, sendo essas as mais citadas. As morbidades mais prevalentes elencadas através da pesquisa para serem matriciadas corresponderam a esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar; quanto aos critérios de inclusão do paciente e a percepção da equipe à adesão ao tratamento do usuário matriciado, esta é positiva; os profissionais relataram melhora no seguimento ao tratamento e redução do número de internações. Considerações finais: o trabalho do apoiador matricial implica em dimensões subjetivas dos sujeitos, seus conflitos, suas relações e vínculos com os demais membros da equipe e com o próprio trabalho.

2491 Trabalhando com pacientes de um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico no município do Estado do Rio de Janeiro
MÓNICA MONTUANO GONÇALVES RAMOS MATTOS

Trabalhando com pacientes de um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico no município do Estado do Rio de Janeiro

Autores: MÓNICA MONTUANO GONÇALVES RAMOS MATTOS

Nosso relato de experiência nasceu durante período de estágio supervisionado em saúde mental de uma universidade privada no município de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico onde percebemos necessidade de desatar a dependência física, emocional e social outrora estabelecida com vínculo na unidade de internação, construindo novo olhar para estes pacientes. Foram quatro anos de dedicação na construção do atelier favorecendo entrada e saída dos pacientes livres, aguardando seus familiares virem buscá-los na casa de transição. Objetivos: relatar a experiência de estágio supervisionado em saúde mental em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico com alunos de graduação da disciplina de saúde mental de uma instituição de ensino-saúde privada, onde percebemos necessidade de desatar a dependência física, emocional e social outrora estabelecida com vínculo na unidade de internação, construindo novo olhar para estes pacientes a partir de atividades de artes, arteterapia e cidadania. Métodos: atividades de artes, criatividade, cinema com pipoca, passeios nos mercados e lojas entorno da unidade de saúde prisional, idas aos museus, visita domiciliária, ensinamentos a mexer com a moeda atual brasileira para fazer compras, etc, foram construídas auxiliando na promoção da saúde mental e ocupando tempo livre com tarefas produtivas, lúdicas e educativas de ensinamento e autonomia cidadã. Resultados: após atividades no Ateliê oferecemos certificado e reconhecimento técnico de artesão, proporcionando qualificação profissional ao paciente que está na iminência de receber saída definitiva hospitalar psiquiátrica. Conclusão: ao sair terá como gerar renda, ajudar família e, não voltar a cometer delitos.

3108 O MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA COMO FERRAMENTA DOS PROCESSOS DE TRABALHO NA CIDADE DE PARNAÍBA-PI
Edildete Sene Pacheco, Silmaria Bandeira do Nascimento, Jadiel Marinho Cardoso

O MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA COMO FERRAMENTA DOS PROCESSOS DE TRABALHO NA CIDADE DE PARNAÍBA-PI

Autores: Edildete Sene Pacheco, Silmaria Bandeira do Nascimento, Jadiel Marinho Cardoso

O matriciamento implica em discussões sobre um determinado assunto entre vários profissionais de especialidades diferentes com o intuito de compartilhar conhecimento sobre determinada necessidade. Nesse sentido, chamam-se de matriciadores aqueles profissionais que possuem um conhecimento sobre algo e matricia esse conhecimento compartilhando com outros profissionais de áreas diferentes que não sabem como atuar com determinada demanda. Essa ferramenta é importante, por que possibilita compartilhar experiências e ao mesmo tempo possibilita uma maior integração entre os dispositivos de saúde, facilitando assim a comunicação entre os dispositivos de saúde. Esse estudo tem por objetivo compreender as implicações do matriciamento em saúde mental na atenção básica e de conhecer as dificuldades e potencialidades do trabalho matricial entre o Centro de Atenção Psicossocial e as Unidades Básicas de Saúde. Trata-se de um relato de experiência desenvolvido com um grupo de profissionais integrantes de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), tais como, psiquiatra, enfermeiro, psicólogo, assistente social e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A pesquisa foi desenvolvida durante um período março a junho de 2016 em horários pré-estabelecidos com os profissionais de ambos os serviços. Para a coleta de dados foram utilizadas reuniões com a equipe, rodas de conversas, com registros em diários de campo. Durante o percurso, foram encontradas algumas dificuldades por parte dos profissionais da UBS em compreender a importância do matriciamento em saúde mental e como coloca-las em prática utilizando as redes de serviço do município. Além da falta de apoio da gestão municipal em apoiar e se envolver de forma horizontal.  E como potencialidade encontrou-se a disposição dos profissionais em fazer busca ativa de casos no território, e a construção de um espaço de diálogo entre as redes de atenção. Verificou-se pelas falas dos entrevistados a necessidade de fazer entender que a atenção básica também deve cuidar da pessoa com transtorno, entendendo que a política de saúde mental apoia-se na comunidade, de que a tendência do cenário atual é a transformação do modelo hospitalar para uma ampliação de uma rede extra- hospitalar para uma base comunitária, além de vários outros fatores. Dessa forma, a experiência desta pesquisa permitiu conhecer a complexidade do objeto de estudo e várias possibilidades de análise e discussão dos resultados diante da abrangência e relevância do tema. Portanto, esta experiência proporcionou diferentes concepções de matriciamento entre profissionais do CAPS e UBS como formas que se constituem não apenas sobre o olhar de algo repetitivo, mas como algo necessário e preciso, a fim de garantir a continuidade do cuidado de forma universal.

3895 EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS: UM DESAFIO PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Kamile Da Silva Cerqueira, Thais da Silva Cerqueira, Sabrina Cristina Pinheiro Queiroz, Simone Gomes da Silva Vieira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício, Jocileia da Silva Bezerra, Aline Glaser

EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS: UM DESAFIO PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Autores: Kamile Da Silva Cerqueira, Thais da Silva Cerqueira, Sabrina Cristina Pinheiro Queiroz, Simone Gomes da Silva Vieira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício, Jocileia da Silva Bezerra, Aline Glaser

APRESENTAÇÃO: As emergências psiquiátricas são consideradas prioridade nos serviços de urgência e emergência, devido à instabilidade do cliente em crise. Caracteriza-se pelo risco eminente de morte ou injuria grave cometida contra se mesmo e/ou a outros, nesse tipo de atendimento, requer da equipe habilidade da equipe de saúde, tanto para fazer um diagnóstico preciso, quanto para decidir a respeito da terapêutica adequada buscando estabilização do quadro psiquiátrico, de modo a garantir a integridade física da equipe multiprofissional durante o atendimento. Este estudo tem como objetivo descrever os desafios no atendimento ao paciente psiquiátrico durante as aulas prática no setor de Urgência e Emergência de um hospital público. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Estudo de natureza descritiva, do tipo relato de experiência, com analise critica reflexiva, a vivenciada se deu durante as aulas práticas da disciplina de Enfermagem em Urgência e Emergência, no período de novembro de 2017, em um hospital público do município de Santarém- Pará. Neste período, os acadêmicos de enfermagem tiveram a oportunidade de observar e atuar juntamente a equipe do setor de classificação de risco, no qual os pacientes são triados com base no Protocolo de Manchester, levando em consideração fatores como a gravidade da sintomatologia apresentada. Durante o período, diversas situações de emergência destacaram-se tais como: emergência clínica, obstétricas e psiquiátricas. IMPACTOS DA EXPERIÊNCIA: A prática possibilitou contato direto com os pacientes psiquiátricos em surto psicótico, onde percebeu-se uma barreira na comunicação com o paciente em crise, falta de uma ambiente adequado o para o atendimento ao portador de transtorno mental, recursos materiais e recursos humanos limitados,requerendo dos profissionais enfermeiros um posicionamento firme durante abordagem do caso,devido ao comportamento agressivo comumente observado nas emergências psiquiátricas, deixando claro a necessidade de contenção física e farmacológica para posterior intervenção terapêutica, que representa um desafio para o enfermeiro em formação e equipe de enfermagem pelo quadro reduzido de profissionais atuantes por plantão. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experiência foi muito relevante, uma vez que, permitiu perceber a importância da boa estruturação do setor de urgência e emergência para o acolhimento adequado do paciente psiquiátrico é de suma importância para garantir a integridade física do paciente, equipe atuante no setor de urgência e emergência e os usuários presentes nesse setor, bem como a necessidade de capacitações periódicas e educação continuada voltada para a assistência ao paciente psiquiátrico, pois apesar do contato com a psiquiatria existir durante a graduação, ainda é deficiente a ação dos profissionais de saúde, uma vez que o conhecimento teórico e o agir do profissional em relação ao paciente psiquiátrico resume-se somente ao período de formação acadêmica. EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS: UM DESAFIO PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

4905 Cartografia de um cotidiano de trabalho e atenção à crise no CAPS ad III
Leiliana Maria Rodrigues dos Santos, Maria Paula Cerqueira Gomes, Marcelo Santos Cruz, Leila Vianna dos Reis

Cartografia de um cotidiano de trabalho e atenção à crise no CAPS ad III

Autores: Leiliana Maria Rodrigues dos Santos, Maria Paula Cerqueira Gomes, Marcelo Santos Cruz, Leila Vianna dos Reis

Reconhece-se que a construção de uma rede substitutiva de dispositivos comunitários para a saúde mental no país tem ocorrido de maneira significativa desde a década de 90. Sendo o CAPS III e o Acolhimento Noturno propostas organizacionais estratégicos para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Nesse sentido o Caps ad é um serviço de saúde que tem a função de operacionalizar uma política construída tanto para aqueles que desejam parar de usar drogas como para os que não desejam, cuja ênfase da atenção recai sobre as relações estabelecidas entre sujeito, droga e contexto sócio-político que produz e condiciona tais relações. Norteada pela Redução de Danos. Esse estudo tem como objativo identificar e analisar as ações estratégicas da equipe de um CAPS ad III para atenção à crise no cuidado em saúde mental, álcool e outras drogas e a micropolítica do trabalho vivo. Foi realizado utilizando a cartografia e a observação participativa, com suporte do diário de campo, assim como entrevistas aos principais gestores do serviço desde a implatação. Ao olhar sobre a organização do trabalho encontramos um processo que possui movimentos e dinâmicas próprios, onde estão em ação atores que se aliam, mas que também se confrontam. A porta de entrada da unidade, ou seja, o acolhimento de primeira vez, é fundamental para todo o cuidado da pessoa que está chegando no serviço. Esse encontro pode acontecer a qualquer hora. A implantação de um serviço com Acolhimento Noturno representa mais um recurso no arsenal terapêutico e por permitir a continuidade do cuidado. Identificamos também que a valorização do vínculo entre profissionais e pacientes, e a escuta e a troca de práticas que contemplam a compreensão do contexto em que as pessoas estão inseridas, além do reconhecimento do papel do CAPS ad III para acolhimento e apoio para as situações de maior gravidade. A importância de os profissionais conhecerem pessoalmente os demais atores da rede, para que no momento da crise o risco da interrupção do fluxo de trabalho seja menor. É frequente o acolhimento em leito-noite para usuários novos, sem contato prévio com a unidade, e o estabelecimento de parcerias com outros serviços, principalmente encaminhados pela emergência psiquiátrica. O cuidado intensivo realizado pelos CAPS III, antes da utilização do pernoite. Essa estratégia inclui a participação em várias das atividades e garante a administração da medicação durante o dia, visitas domiciliares, contando com a rede de apoio do usuário. Os CAPS ad III no município do Rio de Janeiro apresentaram realidades distintas, conforme suas histórias de implantação, localização e gestão. Apesar do município ter porte populacional para implantação de CAPS III deparamos com uma rede “híbrida’, ou seja, com a presença de todas as modalidades de CAPS em sua composição. A presença dos CAPS III motiva a construção de uma “clínica antimanicomial”, pois propõem a utilização de recursos terapêuticos como estratégia de desinstitucionalização das práticas para os novos serviços, com ênfase no cuidado individualizado e no contexto da cidade. Assim vimos que o acolhimento noturno como dispositivo importante, porém não único, para acolher esse momento de crise. Podendo ser retaguarda de outros serviços da rede de saúde.

3712 O Trabalho em “Ato Vivo” no CAPS Benjamim Matias Fernandes: vivenciando o cotidiano do cuidado às famílias a partir das visitas domiciliares e ações de Apoio Matricial no território.
Nayandra Stéphanie Souza Barbosa, Rejeane Melo Lima Barros, Silvia Batista Nery

O Trabalho em “Ato Vivo” no CAPS Benjamim Matias Fernandes: vivenciando o cotidiano do cuidado às famílias a partir das visitas domiciliares e ações de Apoio Matricial no território.

Autores: Nayandra Stéphanie Souza Barbosa, Rejeane Melo Lima Barros, Silvia Batista Nery

Apresentação: O presente relato tem como objetivo explicitar as experiências de visitas domiciliares e ações de Apoio Matricial vivenciadas por profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Benjamim Matias Fernandes (CAPS III), localizado na zona centro sul de Manaus, incluindo seu território de abrangência. Esse ponto de atenção à saúde caracteriza-se enquanto um serviço especializado em saúde mental da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Em funcionamento 24 h, a unidade conta com a atuação de uma equipe multiprofissional (psicólogos, assistente social, educadores físicos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionista, psiquiatras), realizando acompanhamentos aos usuários e suas famílias através de acolhimentos, oficinas terapêuticas (práticas expressivas, corporais, cidadania, etc.), grupos de psicoterapia com usuários, grupos de apoio ao familiar, plantão psicológico, acompanhamento nutricional, orientação social, consulta psiquiátrica, intervenções em rede (visitas institucionais, apoio matricial) e visitas domiciliares, sendo essas últimas as principais práticas interventivas que favoreceram a observação da dinâmica de articulação de rede no território. Para tanto, salientamos que o conceito de território é fundamental no contexto da saúde mental por se tratar não somente da definição de uma área geográfica de responsabilidade dos serviços, mas também pela proximidade dos contextos reais das pessoas, favorecendo seu acesso, além de propiciar o conhecimento e a interação com as dimensões da vida cotidiana dos sujeitos e de sua rede social. Dessa forma, trabalhar no território do sujeito requer conhecer e operar com os recursos e saberes das pessoas, das famílias, bem como das instituições públicas e sua comunidade. Assim, atendendo aos propósitos deste relato de experiência, apresentaremos algumas vivências de ações que estavam sendo ofertadas para além dos muros institucionais, enfatizando particularmente aquelas utilizadas pela equipe para a efetivação da assistência às famílias em âmbito domiciliar e em território, buscando observar os aspectos psicossociais em situação e refletir sobre a potência de práticas de trabalho em “Ato Vivo”. Desenvolvimento do trabalho: As práticas de cuidado que visavam contemplar estas especificidades de demandas estavam sendo realizadas por uma equipe nomeada de Equipe de Apoio Matricial, composta por uma assistente social, uma psicóloga, uma psiquiatra, por meio de visitas domiciliares e ações de Apoio Matricial, sobretudo quando havia a necessidade do CAPS articular com os serviços da Atenção Básica de Saúde (ABS), a saber, Unidades Básicas de Saúde (UBS), Estratégias Saúde da Família (ESF ou UBSF) e Núcleos de Apoio à Família (NASF). Quanto à metodologia, as intervenções extramuros eram planejadas de acordo com as demandas que chegavam ao serviço, havendo uma agenda de marcação de visitas (domiciliares e institucionais), as quais eram realizadas as segundas e quartas-feiras, somente no horário matutino e quando tinham transporte disponível, geralmente cedido pela Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA). Assim, este relato traz algumas observações realizadas em um universo de seis visitas domiciliares distintas e quatro ações de Apoio Matricial, que possam contribuir na nossa discussão, favorecendo reflexões também sobre quais as demandas que levam à realização de ações de cuidados em âmbito familiar e quais os diálogos que emergem quando há a busca destes serviços em prol das famílias em foco. Resultados e/ou impactos: A partir de nossas vivências, constatamos que ainda estar em construção esse processo de cuidado extramuros e que a pouca cobertura de serviços de saúde comunitária territorializados em Manaus dificulta essa continuidade de forma efetiva, havendo apenas um ou outro caso em que essa continuidade é garantida, sobretudo quando há a existência de UBS, ESF, NASF ou policlínicas no território do sujeito. E são estes casos que gostaríamos de apresentar, pois dentre as vivências que o trabalho no CAPS nos possibilitou, as experiências analisadas neste relato tomam uma significação especial por se tratar das ações de Apoio Matricial em sua essência, inéditas entre os serviços envolvidos, e tão igualmente enriquecedoras e essenciais a todos os sujeitos (usuários, familiares, trabalhadores, pesquisadores, comunidade) que compuseram estas cenas e as tornaram exemplos reais de Apoio Matricial em Manaus. Cabe destacar, que ao adentrar em cada um desses encontros, mantivemos nosso olhar atento ao cotidiano de cuidados nas famílias, buscando desta forma observar os aspectos psicossociais e fatores que emergiam nestas ações, que pudessem implicar em seus acompanhamentos de saúde. Por isso, consideramos pertinente caracterizar os casos de acordo com o “lugar” em que estas famílias apareceram no discurso, nas práticas e no imaginário dos sujeitos em cena. Assim, observamos três tipos de concepções distintas no que tange aos núcleos familiares visitados: como apoio, como problema e como necessidade. Nesse contexto, as duas primeiras concepções nos fazem pensar sobre como a “presença da família” tanto pode ser um fator protetivo, como pode ser um fator de risco no cuidado à saúde, em contrapartida, a terceira concepção nos leva a refletir que a “ausência da família” também é ponto de discussão, pois observamos que “não ter família”, por si só, era fator de preocupação para as equipes, dependendo da gravidade do caso. Tais observações nos fazem pensar que apesar dos inúmeros desafios que se apresentam aos profissionais para que consigam atuar de forma satisfatória e levar até os sujeitos melhorias nos processos de saúde-doença vivenciados, acreditamos que a atuação em território através das visitas domiciliares e, sobretudo, do Apoio Matricial em contato com a rede de cuidados do sujeito e sua família, mostrou-se uma potente maneira de minimizar as lacunas existentes no cuidado cotidiano às famílias, a partir do momento que se propõe o estabelecimento de um trabalho em conjunto, coletivo, compartilhado, possibilitando a construção de um novo olhar sobre os sujeitos e seus meios. Considerações finais: Diante destas observações, consideramos que essas experiências podem servir como “casos exemplares” de que o matriciamento deu certo! Que é possível ele funcionar na nossa realidade manauara mesmo com um déficit de 16 CAPS para uma cobertura considerada ideal e com menos de 60% de cobertura de Atenção Básica, considerando nosso índice populacional. Para tanto, acreditamos que a melhor maneira de fortalecer essa esperança em tempos melhores na saúde mental e potencializar essa prática é compartilhando nossas vivências, sensibilizando outros profissionais e dando continuidade ao acompanhamento, à participação e às práticas de Trabalho em Ato Vivo na articulação de rede entre CAPS e ABS. Ressaltamos, portanto, que estas unidades da Atenção Básica, demonstraram um admirável trabalho, ao passo que quando há uma articulação de forma efetiva, a inserção da família – sujeito incluído – no seu território de abrangência é facilitada, na medida em que cria vínculos em toda a rede e que tanto os serviços da ABS, como os CAPS e outros pontos da rede intersetorial, corresponsabilizam-se pelo cuidado, beneficiando o acompanhamento dos sujeitos e sua circulação na rede, em consonância com as especificidades de seus cotidianos de cuidados familiares.

3078 "A construção da saúde mental como campo na Estratégia de Saúde da Família"
Silvana Amaral dos Reis, Clara da Silva Camatta, Caroline Gradim Moraes, Beatriz Farias do Nascimento, Hannah Carolina Tavares Domingos, Marcelo Pereira Gonçalves

"A construção da saúde mental como campo na Estratégia de Saúde da Família"

Autores: Silvana Amaral dos Reis, Clara da Silva Camatta, Caroline Gradim Moraes, Beatriz Farias do Nascimento, Hannah Carolina Tavares Domingos, Marcelo Pereira Gonçalves

Este trabalho se propõe a discutir, tomando como referência a noção de clínica ampliada trabalhada por Gastão Wagner e Emerson Merhy, o cuidado em saúde mental na Estratégia de Saúde da Família (ESF). Para tanto, partimos da nossa experiência de inserção como residentes multiprofissionais em uma equipe de saúde da família, que nos provocou a pensar sobre a separação produzida entre a saúde e a saúde mental nas práticas experimentadas. Essa separação se baseia historicamente em uma divisão sócio-técnica do trabalho que, no contexto da ciência moderna, produz especialistas, restringindo o acesso a saberes e fazendo operar uma relação poder-saber que legitima o conhecimento de uns sobre os outros, num jogo de produção de verdade. Esse processo tornou a saúde mental um campo de saber restrito ao núcleo das categorias psis, o que possui efeitos até hoje. No contexto da ESF, trabalhamos segundo uma noção de saúde ampliada, que compreende a saúde como um objeto complexo, polissêmico e multideterminado, não sendo apenas a ausência de doenças. Essa noção ecológica de saúde como completo bem-estar biopsicossocial inclui uma dimensão da saúde mental em sua própria definição. No entanto, quando nos deparamos com a realidade dos serviços, observamos práticas ainda muito médico-centradas, pautadas em uma lógica queixa-conduta que dificulta o vínculo e a longitudinalidade: elementos essenciais para o cuidado em saúde mental. Desse modo, pela sobrecarga dos serviços acaba-se por considerar que os sofrimentos afetivos (ou psíquicos) devem ser todos trabalhados em conjunto com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), mais especificamente, ao núcleo de saúde mental do NASF (psicólogas e psiquiatras). O caderno 27 do Ministério da Saúde, ao orientar sobre a atuação do NASF apresenta o trabalho desses profissionais segundo os núcleos de especialidades. Já o caderno 39, mais atual, apresenta uma proposta de trabalho em equipe NASF que desmonta a lógica dos especialismos, compreendendo que processos de saúde-doença-cuidado como compostos por diferentes saberes, borrando as linhas do núcleo e investindo novamente na concepção de saúde como campo – aqui inclusa a saúde mental. Nessa perspectiva, a produção de atos de cuidado envolve não apenas o corpo biológico, orgânico que adoece, mas também o sujeito que o habita. Como construir um trabalho na ESF que inclua esse sujeito e outras categorias profissionais, entendendo saúde mental como saúde ampliada? A proposta do matriciamento em saúde mental parece querer indicar a produção dessa sensibilidade, no entanto, será que essa sensibilidade é restritiva ao campo psi ou o próprio campo psi reforça esse lugar restritivo? Se a proposta da ESF é trabalhar com tecnologias leves e leve-duras, não estaria aqui já pressuposta tal sensibilidade? Como desmontar entre os profissionais essa ideia de que a saúde mental se conforma como núcleo distinto do campo da saúde? Nos parece, que a ESF precisa urgentemente introduzir a saúde mental no campo da saúde, sem desmontá-la completamente enquanto núcleo. Há algo que borra as fronteiras entre os saberes, mas há algo, historicamente, que permanece, dificultando o transitar entre as diferentes perspectivas sobre a saúde.

583 NÍVEL DE DEPRESSÃO E RISCO SUICIDÁRIO EM JOVENS ESTUDANTES PORTUGUESES
Maria Helena de Agrela Gonçalves Jardim, Geraldo Bezerra da Silva Júnior, Rita Baptista Silva, José Manuel Peixoto Caldas, July Grassiely de Oliveira Branco, Francisca Bertilia Chaves Costa

NÍVEL DE DEPRESSÃO E RISCO SUICIDÁRIO EM JOVENS ESTUDANTES PORTUGUESES

Autores: Maria Helena de Agrela Gonçalves Jardim, Geraldo Bezerra da Silva Júnior, Rita Baptista Silva, José Manuel Peixoto Caldas, July Grassiely de Oliveira Branco, Francisca Bertilia Chaves Costa

Introdução Na contemporaneidade, os fenômenos da depressão e da ideação suicida encontram-se em todos os espaços sociais, afetando os indivíduos independentemente do sexo, faixa etária, etnia, classe socioeconómica, cultura ou zona geográfica. A depressão pode ser considerada atualmente um dos principais problemas deste século, sendo um dos transtornos psiquiátricos mais comuns na adolescência. Na Região Autônoma da Madeira, Portugal, os adolescentes subsistem num meio relativamente conservador em termos de princípios e valores, porém não estão imunes à solidão, competição, inveja, desemprego, xenofobia, abuso das redes sociais, acessibilidade no consumo de drogas, álcool e outros. Em complementaridade a esta análise dados do Instituto Nacional de Estatística na Madeira, estimam, de um modo genérico, que os jovens são quem protagonizam os comportamentos parassuicidários no nosso país, constituindo um grupo de elevada vulnerabilidade, dada a precocidade cronológica do ciclo de vida em que estas situações ocorrem. Os jovens estão entre os mais afetados sendo gradualmente vulneráveis aos comportamentos desviantes. Em todo o mundo, o suicídio é uma das três principais causas de morte na faixa etária economicamente mais produtiva (15-44 anos) e a segunda principal causa de morte na faixa etária de 15 a 29 anos. O objetivo do estudo foi avaliar o nível de depressão e risco suicidário de jovens estudantes de 12 a 18 anos, das ilhas da Madeira e Porto Santo, Portugal. Metodologia A nossa população foi constituída por uma amostra (n=1557) representativa dos estudantes dos 12 aos 18 anos de idade, de ambos os sexos, até à data do preenchimento da recolha de dados (Ano Letivo 2014-2015), integrados em escolas básicas e secundárias oficiais das Ilhas da Madeira e Porto Santo, Portugal. Como critérios de Inclusão, abarcámos os jovens que frequentavam a escolaridade normal, estudantes a partir do 7º ano de escolaridade, dos 12 aos 18 anos, sem queixas psiquiátricas. Foram excluídos os estudantes com tratamento psiquiátrico, com idades inferiores a 12 e superiores a 18 anos, bem como aqueles que não preencheram corretamente o questionário dos dados sociodemográficos ou os instrumentos de medida utilizados neste estudo. Os instrumentos de coleta de dados incluíram questões de caraterização (em particular: sexo; idade; saúde; escolaridade; insucesso escolar; consumo de álcool e drogas; convívio com os colegas e prática de desporto) e duas escalas de medida: uma para a depressão e outra para o risco suicidário. A Escala de Depressão de Autoavaliação de Zung (ZDS) é composta por 20 itens e mede a depressão expressa pelo próprio entrevistado. As pontuações fornecem indicativos para calcular a gravidade da depressão, sendo que os scores se distribuem pelos seguintes intervalos: 20 - 49 depressão afetiva normal; 50 - 59 depressão leve ou humor depressivo; 60 - 69 depressão moderada e ≥ 70 depressão severa. A Escala de risco suicidário de J. Stork é composta por 76 itens. Esta escala, em função da pontuação obtida pelos sujeitos, fornece cinco níveis de risco: 0 – 63 Estado Normal; 64 – 79 Estado Intermédio ou Duvidoso; 80 – 97 Fraco Risco; 98 – 107 Risco Suicidário Importante e acima de 107 Risco Suicidário Extremamente Importante. Todos os participantes foram elucidados da confidencialidade e anonimato dos resultados obtidos, dos objetivos do estudo e previsão da divulgação consequente, dando o seu consentimento informado no momento do preenchimento dos questionários. No tratamento estatístico de dados utilizou-se a estatística descritiva, correlacional, análise fatorial e estatística inferencial. A normalidade da distribuição das variáveis em estudo foi testada através do teste de Kolmogrov-Smirnov. A homogeneidade das variâncias foi testada através do teste de Levene. Os cálculos estatísticos efetuaram-se com recurso ao programa IBM SPSS Statistics 22. Resultados Os instrumentos de medida selecionados evidenciaram elevada consistência interna e demonstraram boa fiabilidade, na Escala de depressão de Zung (α=0.80) e na Escala de risco suicidário de Stork (α=0.91). A distribuição média de idades foi 15.20, com um desvio-padrão de 1,7 (tabela 1), sendo a maioria (55,2%) do género feminino. Tabela 1: Estatística descritiva da idade dos adolescentes Nº Mínimo Máximo Média Desvio Padrão IDADE 1557 12 18 15,20 1,70   Ao analisarmos a tabela 2, nomeadamente a escala de risco suicidário de Stork, constatou-se que a maioria dos adolescentes (67,7%) manifesta um estado “normal”. Realça-se o facto de 16,8% dos jovens deverem ser alvo de preocupação dado que 10,1% revelam fraco risco, 4,0% evidenciaram risco suicidário importante e 2,7% risco suicidário extremamente importante. Analogamente, no que concerne à depressão, não se patenteia na maioria dos jovens (81,5%), todavia realça-se que 18,5% apresentam humor depressivo (18,2%) e depressão “major” (0,3%). Tabela 2 - Características da amostra em termos de risco suicidário e de depressão Variável n % Escalão de risco suicidário Estado “normal” Estado intermédio ou duvidoso Fraco risco Risco suicidário importante Risco suicidário extremamente importante   1054 241 158 62 42   67.7 15.5 10.1 4.0 2.7 = 51.49; Md = 48.00; s = 27.29; xmin = 2.00; xmáx = 146.00; p = 0.000 Nível de depressão Estado “normal” Distimia Depressão “major”   1270 283 4   81.5 18.2 0.3 = 41.68; Md = 41.00; s = 8.76; xmin = 21.00; xmáx = 71.00; p = 0.000   Mediante o estudo da correlação entre o risco suicidário e a depressão (Tabela 3), inferiu-se que existe associação altamente significativa (p=0.000) entre estas duas perturbações mentais, o que corroborou a maioria da literatura consultada, que salienta que os jovens que têm ideações suicidas sofrem de depressão.   Tabela 3 - Correlação entre o risco suicidário e a depressão Variável Depressão n r p Risco suicidário 1557 +0.67 0.000   Os resultados obtidos neste estudo também mostraram que existe diferença significativa entre o risco suicido e a idade (p = 0.000), o sexo (p = 0.000) e o nível de escolaridade (p = 0,004), sendo mais evidente nos adolescentes mais velhos (15 a 18 anos), do género feminino, conforme aumenta a escolaridade e se os seus pais não são casados. O estado de saúde, uso de drogas, álcool e falta de convívio com os colegas influenciaram significativamente no surgimento do risco suicido (p = 0.000). Resultados estes que estão em sincronismo com a maioria da literatura consultada. Conclusão Os transtornos mentais dos jovens exigem que as escolas, bem como a família reivindiquem a sua primazia de espaços privilegiados, onde os problemas e angústias dos jovens podem ser minimizados. Por conseguinte, torna-se fundamental o fortalecimento de redes de apoio dos jovens, envolvendo principalmente a família, os colegas e a escola, promovendo relações mais satisfatórias e maior bem-estar, visando a melhoria das relações pessoais e a assunção dos valores universais. A presença destes transtornos mentais tão cedo na vida demanda não só uma intervenção psicossocial com estratégias eficazes e concertadas para reduzir futuras repercussões prejudiciais, como por exemplo o sofrimento psicológico, comportamentos desviantes, violência/agressão, abuso de álcool e outras substâncias psicoativas, como também o desenvolvimento/implementação de programas estratégicos educativos, visando a promoção da saúde mental nos jovens universitários e nas políticas socioeducativas.