158: Educação e promoção da saúde no campo da política da saúde mental
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: ICB Sala 13 - Ajuri    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1938 OFICINA TERAPÊUTICA COMO INSTRUMENTO DE RESILIÊNCIA NOS CONFLITOS INERENTES A SAÚDE MENTAL: um relato de experiência.
Anderson Júnior dos Santos Aragão, Karina Faine da Silva Freitas, Cristiane Barbosa da Cruz, Joyce Gama Souza, Nazaré do Socorro Oliveira Afonso, Yanka Macapuna Fontel

OFICINA TERAPÊUTICA COMO INSTRUMENTO DE RESILIÊNCIA NOS CONFLITOS INERENTES A SAÚDE MENTAL: um relato de experiência.

Autores: Anderson Júnior dos Santos Aragão, Karina Faine da Silva Freitas, Cristiane Barbosa da Cruz, Joyce Gama Souza, Nazaré do Socorro Oliveira Afonso, Yanka Macapuna Fontel

Apresentação: A atenção psicossocial direciona suas ações para a construção da cidadania, da autoestima e da interação do indivíduo com a sociedade. Nesta realidade, a reprodução social do sujeito em sofrimento psíquico perpassa a prática clínica e constitui um processo complexo. Nesse sentido, o desenvolvimento das abordagens terapêuticas no trabalho em saúde mental ocorre com proposito a melhorar o enfrentamento do transtorno psíquico, sendo as oficinas terapêuticas um instrumento importante de ressocialização e inserção individual em grupos, visto que propõe o trabalho, o agir e o pensar em grupo, conferidos por uma lógica inerente ao paradigma psicossocial que é respeitar a diversidade, a subjetividade e a capacidade de cada sujeito. Nesse panorama atual um dos integrantes da Rede de Atenção Psicossocial são o Centros de Atenção Psicossocial que possuem como alicerce modulador a seu funcionamento o objetivo de promover a reinserção do portador de transtornos mentais na sociedade por meio da criação de estratégias para a efetivação de ações e métodos terapêuticos que visam resgatar ou proporcionar autonomia dos usuário ao meio em que vivem, por meio por exemplo da criação de grupos terapêuticos que é uma forma de criar meios e situações que possibilitam as trocas dialógicas e o compartilhamento de experiências resultando na melhoria da adaptação do modo de vida individual e coletivo, melhorando o enfrentamento mediante a situações conflitantes. Desse modo, este trabalho visa relatar a experiência de acadêmicos da Universidade Federal do Pará, durante uma oficina terapêutica realizada na prática de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria. Oficina terapêutica que teve por objetivos melhorar a interação grupal através do diálogo, estimular as habilidades manuais, corporais e motoras por meio da fabricação de um porta-retratos artesanal, além de proporcionar a externalização de sentimentos e conflitos através da pintura, a qual proporcionou aos participantes o pleno exercício da cidadania, adquirindo dentro do grupo terapêutico novas relações sociais, respeitando as diferenças e singularidades de cada usuário. Desenvolvimento do trabalho: A atividade terapêutica foi realizada no mês de marco de 2017 em um Cento de Atenção Psicossocial III localizado no Município de Belém, Estado do Pará. No transcorrer da oficina foram confeccionados porta-retratos em uma atividade alusiva ao dia Internacional da mulher. Participaram da oficina 13 usuárias do Cento de Atenção Psicossocial em questão que no plano terapêutico participavam de oficinas que trabalhavam com obras manuais. Os materiais utilizados foram: pincéis; palitos de picolé; cola de silicone; régua; tinta guache; cola glitter; e imagem alusiva ao dia da mulher, sendo que os materiais utilizados foram levados pelos discentes. Didaticamente, a atividade foi dividida em momentos: inicialmente os discentes foram apresentados às usuárias e fizeram um breve comentário ressaltando a importância do dia internacional da mulher enfatizando as conquistas históricas e os desafios atuais.  Posteriormente explicou-se o propósito e objetivos da oficina, bem como o passo-a-passo da confecção dos porta-retratos. Subsequentemente iniciou-se a montagem do porta retrato, sendo entregues kits as usuárias com os materiais que seriam necessários na atividade.  Nesse momento vale ressaltar que enquanto um discente explicava o passo- a-passo da atividade os outros discentes ajudavam as usuárias com maior dificuldade na execução ou no entendimento do que estava sendo proposto. Um exemplo da dificuldade encontrada ocorreu no uso da régua para fazer as dimensões do porta retrato, bem como na colagem dos palitos seguindo a quantificação medida, trabalhando a coordenação motora dos usuários. Após a montagem do armação do porta retrato bem como da base do mesmo seguiu-se para o momento da oficina terapêutica a qual os envolvidos tiveram a oportunidade de se expressar por meio da pintura do seu porta retrato, isso segundo suas escolhas, gostos e preferencias, sendo que após a secagem algumas usuárias utilizaram a cola glitter para dar mais brilho ao porta retrato, finalizando a oficina por meio da escolha de imagens com mensagens alusivas ao dia internacional  da mulher que foram inseridas em sua obra de arte. Resultados: A oficina realizada configurou-se como uma importante estratégia no que tange o cuidado e reabilitação biopsicossocial dos usuários do Cento de Atenção Psicossocial visando sua autonomia e reinserção social, visto que proporcionou por meio de uma confecção artesanal trabalhar o desenvolvimento motor, intelectual, social e artístico dos clientes envolvidos na atividade. Nesse proposito vale enfatizar que o desenvolvimento de oficinas terapêuticas no Cento de Atenção Psicossocial possibilita a projeção de conflitos internos e externos por meio de atividades artísticas, com a valorização do potencial criativo, imaginativo e expressivo do usuário, além do fortalecimento da autoestima e da autoconfiança, a miscigenação de saberes e a expressão da subjetividade. No decorrer da atividade terapêutica foi notório e satisfatório o envolvimento e participação dos usuários que viam a atividade proposta como uma oportunidade de troca de experiencias, aprendizados e valores, aos quais os usuários com maior comprometimento da coordenação motora fina (evidenciada por solavancos musculares) e da acuidade visual recebiam auxilio na execução de etapas aos quais julgavam incapaz de realizar, apoio este vindo tanto por parte dos instrutores quanto por parte dos próprios colegas em um sistema de ajuda e incentivo mutuo que resultou em um maior enfrentamento das limitações físicas e cognitivas de cada envolvido, sendo que presenciar e ser agente atuante nessa interação, conquista e vitória de cada envolvido é algo que nos marca, que nos cativa e faz-nos refletir sobre a subjetividade de nossas vidas bem como a nossa relevância como futuros profissionais de saúde. Considerações finais: Através dessa experiência enriquecedora, pode-se perceber a importância das oficinas terapêuticas no cuidado aos usuários com transtorno mentas, na medida em que essas atividades possibilitam sua adesão ao tratamento e consequentemente, proporcionam melhor qualidade de vida. Além disso, podemos nos sensibilizar que as oficinas terapêuticas são um instrumento importante de ressocialização e inserção dos usuários, visto que propõe o trabalho, o fazer e o pensar coletivos, sobretudo, respeitando a diversidade, a subjetividade e a capacidade de cada indivíduo. Como futuros profissionais de saúde a atividade em questão possui grande relevância no que tange nossa formação acadêmica e de vida, pois nos possibilitou refletir a cerca na definição de saúde no aspecto biológico, psicológico e social, compreendendo a correlação e interdependência desses fatores no que concerne o estado de saúde ou de doença de um indivíduos, isso por meio de uma visão holística, crítica, reflexiva e isenta de julgamento de valores e preceitos equivocados de princípios de vida. 

592 Promoção da Saúde Mental em tempos de desmonte à saúde : um Desafio à Residência Integrada Multiprofissional
monique scapinello, Carine Capra ramos

Promoção da Saúde Mental em tempos de desmonte à saúde : um Desafio à Residência Integrada Multiprofissional

Autores: monique scapinello, Carine Capra ramos

Introdução: A partir das Reformas Sanitária e Psiquiátrica, novos paradigmas de atenção, assistência e cuidado à saúde foram instaurados, sendo promoção um dos elos condutores. No entanto, em tempos de esvaziamento das políticas públicas e desrespeito aos direitos humanos básicos, faz-se necessária a discussão do lugar da promoção da saúde nos dispositivos do SUS. Objetivo: Elucidar a experiência de residentes multiprofissionais a partir das suas apostas na promoção da saúde em espaços de cuidado em saúde mental.Metodologia: Relato de experiência de residentes em saúde mental inseridas nos serviços de atenção psicossoial (CAPS II, Equipe de Saúde Mental e Atenção Básica) dos municípios de Porto Alegre e de São Leopoldo, RS. Resultados: Percebemos que muitos serviços da rede têm trabalhado na lógica de resposta às demandas relacionadas a proteção e recuperação de saúde, algumas vezes deixando as ações e discussões acerca da importância da promoção em saúde como coadjuvante. A inserção de residentes nestes espaços possibilitou um olhar ampliado à temática, possibilitando-se trabalhar a integralidade dos cuidados em saúde, bem como diversificar as ações oferecidas aos usuários. Nesta perspectiva, podemos citar iniciativas como grupos de jardinagem e oficinas de horta, de habilidades sociais, artes, rodas de conversa nos dispositivos comunitários frequentados pelos usuários.Discussão: Se faz necessário discutir e problematizar as práticas psi nos serviços. Oferecer uma escuta individual, prestar informações e trabalhar o sofrimento psíquico não devem ser os únicos alicerces da promoção em saúde mental. A clínica ampliada, uma vez que parte de uma perspectiva integrativa, requer vínculo, proximidade do território existencial e físico do usuário, além de tensionamento entre núcleo e campo.Considerações Finais: Práticas de base comunitária, multiprofissional e de caráter territorial e coletivo são uma alternativa às práticas hospitalocêntricas e ambulatoriais e individualistas. A promoção da saúde mental se faz em todas os níveis de atenção, devendo perpassar questões como o exercício da cidadania, os riscos da cronificação e da segregação atreladas aos usuários de saúde mental, bem como as demais atividades e práticas a fim de abarcar o sujeito e as subjetividade de maneira integral

819 "Oficinas do Cuidado”: Uma Experiência de Cuidado em Saúde Mental com Estudantes de Graduação de um Curso de Medicina
Alessandra Aniceto Ferreira de Figueiredo, Mônica Gomes de Andrade

"Oficinas do Cuidado”: Uma Experiência de Cuidado em Saúde Mental com Estudantes de Graduação de um Curso de Medicina

Autores: Alessandra Aniceto Ferreira de Figueiredo, Mônica Gomes de Andrade

A proposta de desenvolvimento de um Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e da abertura de vagas para estudantes em várias universidade do país, tem possibilitado, cada vez mais, a entrada de jovens no ensino superior, em especial, com as propostas de inserção pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que propicia o acesso às universidades públicas do país, e pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), que concede bolsas de estudo integrais e parciais em instituições privadas de ensino superior . Contudo, nesse processo também pode ser observado um número significativo de estudantes de graduação que tem queixas de intenso sofrimento psíquico. A necessidade de deslocamento desse(a)s estudantes para realizar sua graduação em outras cidades, em alguns casos, em centros urbanos distantes dos locais onde residem, contribui para a fragilidade dos laços sociais, conferindo extrema vulnerabilidade psicossocial a este grupo. Somado a isso, há ainda o processo de disciplinamento dos corpos e de incentivo a competitividade e a individualidade que o ambiente acadêmico, muitas vezes, propicia. Mediante o quadro descrito, estão sendo desenvolvidos grupos com estudantes de graduação do curso de Medicina da UFRJ, para construção de espaços em que esses possam falar sobre si e seu sofrimento, como também para funcionar como local que possibilite o fortalecimento de laços sociais e a construção de afetos entre aqueles que fazem parte do grupo. Esses grupos, denominados Oficinas do Cuidado, tiveram início em março de 2014, como uma atividade prática para o oitavo período do curso de Medicina da UFRJ, Macaé. Inicialmente, foram desenvolvidas como um grupo de reflexão voltado para o cuidado de si, que utilizava arte e filosofia como disparador para a conversa. A construção do diálogo se dava no “aqui e agora” do grupo, com as demandas que o(a)s estudantes apresentavam. Em agosto de 2016, com o interesse e entusiasmo dos professores da disciplina de Saúde Mental, o trabalho se expandiu. A partir então, estão sendo realizadas Oficinas do Cuidado no primeiro, segundo, terceiro, quarto, oitavo períodos e no internato do curso de Medicina, com encontros quinzenais, tendo uma duração média de uma hora e meia; o número de participantes em cada grupo varia entre cinco e quinze pessoas, por particularidades de cada turma. Em alguns desses encontros são utilizados recursos, como textos, músicas, canetas, lápis de cor, folhas em branco, filmes, dentre outros materiais que servem como disparadores para a realização do diálogo e da reflexão. Considera-se que a realização desses grupos contribui para o desenvolvimento de espaços de fala que os estudantes necessitam, os quais podem auxiliar na construção de estratégias coletivas para o enfrentamento das dificuldades do cotidiano, no fortalecimento de vínculos interpessoais, na produção de autonomia e na prevenção ao sofrimento mental. Nesse sentido, se constitui enquanto um importante espaço de cuidado, que pode servir como mobilizador para a construção de outras práticas de cuidado, para além do âmbito acadêmico.

1118 A construção coletiva de conhecimento e o trabalho em saúde mental
Emanuella Cajado Joca, Glaucilândia Perreira Nunes, Maria Rocineide Ferreira da Silva, Clarissa Dantas de Carvalho

A construção coletiva de conhecimento e o trabalho em saúde mental

Autores: Emanuella Cajado Joca, Glaucilândia Perreira Nunes, Maria Rocineide Ferreira da Silva, Clarissa Dantas de Carvalho

Este resumo apresenta um momento do processo de pesquisa em Saúde Coletiva que propôs junto a trabalhadores da saúde construir conhecimento acerca do Teatro do Oprimido na saúde mental. Metodologicamente o estudo é referenciado na epistemologia qualitativa de Gonzalez Rey (2002; 2015) e fundamenta-se em três princípios gerais: o caráter construtivo-interpretativo do conhecimento; a legitimação do singular como instância de produção de conhecimento científico e o ato de compreender em pesquisa, como um processo de comunicação, um processo dialógico. Na busca de construção de inteligibilidade acerca do Teatro do Oprimido na Saúde Mental foi proposto uma Oficina de Conversação Coletiva aos trabalhadores que estiveram envolvidos direta ou indiretamente com as atividades desta abordagem teatral em um serviço CAPS Geral tipo II, no município de Fortaleza, nos anos de 2013-2016. Esse momento, foi inspirado também na proposta da Pesquisa Colaborativa e caracteriza-se como uma pesquisa com desenvolvimento profissional que articula o processo de investigação acadêmica com a formação. Propõe uma imbricação entre pesquisa e atuação profissional, no qual a investigação do campo de prática seja uma ação coletiva, para que o trabalhador possa construir significados a sua atividade. Nesta pesquisa eles foram chamados de pesquisatores-trabalhadores. Como dispositivo de conversação foi utilizado o Diário de Campo de facilitação de um grupo de Teatro do Oprimido que acontecia no serviço CAPS. Através do diálogo estabelecido entre trabalhadores foram elencadas quatro categorias: 1. Compreensões sobre o Teatro do Oprimido na Saúde Mental; 2. Proposição teórico-prática do Teatro do Oprimido; 3. Trabalho na saúde mental; 4. A experiência com a Oficina de conversação coletiva. Nessa apresentação foca-se a última categoria, em que foi abordado a questão de estar no processo de pesquisa. As falas abordaram a leitura do dispositivo de conversação com prazer, dificuldades/limites e propostas. Os trabalhadores falaram que participar de um diálogo coletivo acerca da experiência de trabalho em saúde mental é considerada como importante para o profissional e de desenvolvimento de si e de sua prática. Coloca-se que fazer pesquisa foi importante para colocar em análise alguns dos desafios que estão presentes na saúde mental, como o cuidado em liberdade, a superação da tutelagem, a busca de terapêuticas bem como a inclusão social. Desafios e dificuldades enfrentadas pela prática de cuidado em saúde mental que se não problematizadas coletivamente fica restrita a práticas isoladas, pouco efetivas e desestimulantes ao conjunto de trabalhadores. A conversação que foi proposta na pesquisa pode revelar necessidades seja de supervisão clínica institucional, de educação permanente ou mesmo de que a saúde mental como campo com suas dimensões tem a peculiaridade de estar sempre necessitando novas criações para uma atenção ampliada e integral. Considera-se por fim que o conhecimento construído coletivamente mobilizou as reflexões dos trabalhadores acerca dos processos de cuidado que põem em prática, proporcionando outros olhares e experiências.

2470 Psicoeducação como ferramenta de promoção e ação para saúde mental do trabalhador
Anuska Irene de Alencar, Larissa Maria Galvão Rodrigues Moura, Donália Cândida Nobre, Walissen Tadashi Hattori

Psicoeducação como ferramenta de promoção e ação para saúde mental do trabalhador

Autores: Anuska Irene de Alencar, Larissa Maria Galvão Rodrigues Moura, Donália Cândida Nobre, Walissen Tadashi Hattori

O presente trabalho trata-se de um relato de um recorte do projeto de extensão: “avaliação psicossocial do trabalho” desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de 2015 a 2017. Este recorte diz respeito a atividades de promoção à saúde desenvolvidas durante estes anos. Considerando que ser trabalhador é uma condição importante no cotidiano das pessoas e a interferência das atividades laborais na gestão de vida de cada trabalhador pode tanto desenvolver melhorias quanto agravos na saúde. As ações de psicoeducação neste projeto teve (e tem) como objetivo ajudar os trabalhadores que participaram das ações a reconhecer os riscos psicossociais do trabalho e evitar os agravos e melhorar a qualidade de vida no trabalho. Realizamos atividades de promoção à saúde, especialmente à saúde mental, na UFRN e em alguns órgãos federais e estaduais com o objetivo fornecer aos servidores ferramentas para manutenção da sua saúde mental. Os temas foram introduzidos na sala de espera da Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS) - diretoria que é responsável pelas ações de saúde na UFRN-, palestras e rodas de conversa em diversos setores. Utilizamos como ferramenta a psicoeducação. Discutimos sobre os riscos psicossociais no trabalho, depressão, motivação, sono, ansiedade entre outros. Os temas foram escolhidos por serem temas verbalizados como preocupantes aos servidores.   Entendemos que quando as relações de e com o trabalho não é bem gerida pode desenvolver alterações físicas e psicológicas que promovam estresse, depressão, ansiedade bem como problemas físicos.  Verificamos uma recepção por parte dos servidores e uma frequência considerável nas atividades nas quais os servidores necessitavam ir aos locais dos eventos, bem como as atividades realizadas na sala de espera da DAS. Acreditamos que sendo feito uma boa gestão entre o conhecimento do indivíduo acerca dos riscos psicossociais e agravos, e as necessidades das atividades laborais podemos evitar a necessidade de intervenções mais intensas como psicoterapias e uso abusivo de medicamentos, no entanto estas atividades devem ser constantes e não pontuais ou após acontecimentos graves no ambiente de trabalho como acidentes ou licenças para tratamento de saúde.  Neste sentido, entendemos que atividades de psicoeducação podem auxiliar na saúde mental dos trabalhadores desde que haja uma constância nas ações.

3261 DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E AS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM ACERCA DOS CAMPOS DE PRÁTICA EM UMA RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA
Letícia Góes, Lília Araújo, Paula Castro, Rennan Bastos, Ruan Freitas, Suelem Santos, Kevin Rodrigues, Thaís Flexa

DESINSTITUCIONALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E AS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM ACERCA DOS CAMPOS DE PRÁTICA EM UMA RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA

Autores: Letícia Góes, Lília Araújo, Paula Castro, Rennan Bastos, Ruan Freitas, Suelem Santos, Kevin Rodrigues, Thaís Flexa

Apresentação: A Reforma Psiquiátrica é entendida como um movimento social que mudou a assistência de acordo com os novos pressupostos técnicos e éticos, visando a extinção dos manicômios e substituição destes por serviços territoriais e comunitários de saúde mental em liberdade. No Brasil, este movimento iniciou-se no fim da década de 70 mobilizado por profissionais da saúde mental e por familiares dos pacientes portadores de transtornos mentais, e contribuiu para a criação da Lei 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtorno mental, redirecionando o modelo assistencial em saúde mental. Sendo assim, a desinstitucionalização, entendida como um processo de desconstrução de práticas manicomiais e construção de novos saberes, é tarefa que o SistemaÚnico de Saúde(SUS) vem se dedicando juntamente com tratamento biopsicossociais de reintegração dos pacientes graves na comunidade. O Serviço Residencial Terapêutico (SRT), ou residência terapêutica ou simplesmente “moradia”, surge como uma casa com o intuito de responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves. Os beneficiários podem ser pessoas que estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos por falta de alternativas que viabilizem sua reinserção na comunidade; os egressos de internação em Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico; pessoas em acompanhamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) os quais têm problema de moradia; e moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos em projetos terapêuticos especiais acompanhados nos CAPS. Também existem usuários sem históricos de internação de longa duração, porém, por determinados motivos, precisam de uma moradia pra atender suas necessidades. Portanto, o processo de reabilitação psicossocial deve contribuir para a inserção do usuário do serviço na comunidade, e o papel dos SRT’s é iniciar esse processo progressivo de inclusão social. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência dos acadêmicos de enfermagem, da Universidade Federal do Pará, durante uma visita ao Serviço de Residência Terapêutica no município de Belém-PA. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um trabalho descritivo, do tipo relato de experiência, das atividades práticas do módulo de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria, da Faculdade de Enfermagem, da Universidade Federal do Pará. O trabalho desenvolve-se a partir de uma visita ao Serviço de Residência Terapêutica, no período de junho de 2017. Para o delineamento da visita, primeiramente, foi necessário estudar sobre o assunto em sala de aula, buscando conhecer, analisar e compreender as características de uma residência terapêutica; seu conceito; origem e perspectivas dos SRT’s no Brasil; beneficiários; regulamentação; quais os tipos de SRT’s existentes; a equipe necessária para o acompanhamento; o cotidiano da residência e o estabelecimento de parcerias. Durante a visita, os acadêmicos desenvolveram suas atividades com base na análise do ambiente; localidade da casa; perfil dos moradores; convivência entre eles e entre os cuidadores; perfil dos cuidadores; como se dava o cuidar para eles; e, principalmente, a importância da casa para os moradores e como os acadêmicos poderiam contribuir na reinserção social dos mesmos. Resultados e/ou impactos: A SRT visitada pelos acadêmicos é uma casa como qualquer outra da rua, localizada em uma alameda no município de Belém. A casa oferece dignidade e conforto aos seus moradores, não expressando qualquer semelhança com os manicômios ou hospitais psiquiátricos. A aura do local era de um verdadeiro lar com vínculos e afetuosidade entre os residentes. Os profissionais se dedicam mais aos afazeres domésticos, como cuidados com a limpeza da casa e o preparo de alimentos, pois a maioria dos moradores eram providos de grande independência para com suas atividades diárias, alguns, inclusive, responsáveis pela lavagem de suas próprias roupas, porém, devido ao longo período de internação, alguns apresentavam limitações necessitando, assim, de uma atenção maior. A maioria dos quartos eram compartilhados, mas respeitando o espaço e individualidade de cada um. Todos os moradores faziam acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) próximo da residência que, além do tratamento dos moradores, também cuidava da gestão da residência e manutenção da casa. A maior parte dos residentes era oriunda de hospitais psiquiátricos ou manicômios e haviam passado por longos períodos de internação; um dos moradores passou a vida inteira dentro de uma instituição psiquiátrica. A residência terapêutica propiciou a essas pessoas uma desinstitucionalização e as reinseriu na sociedade, proporcionando acesso a um tratamento mais eficaz e uma vida digna. Essas pessoas sofreram não apenas em decorrência dos transtornos mentais, mas, também, por conta de privações e tratamentos inadequados que receberam em decorrência dos seus problemas mentais. Alguns dos pacientes que ali se encontram sofreram diversos tipos de violência, rejeição e até mesmo exploração sexual por conta de familiares, levando-os a quebra de vínculos afetivos e ao isolamento total da maior parte dos pacientes com os seus familiares. A recepção foi bastante calorosa para com os acadêmicos, estavam todos empolgadas em mostrar os seus espaços individuais na casa, a piscina e falar um pouco sobre a sua história e a transformação do seu cotidiano através do seu novo modo de vida. Os acadêmicos puseram-se dispostos a ouvir atentamente e tentar entender o novo habitar, sendo necessário estar com o coração aberto e um olhar humanizado para os moradores e para entender as características da casa. Ainda, os moradores estavam acostumados a receber os alunos em sua casa, uma vez que isso sempre se dava pelos grupos de prática a cada semestre, o que contribuiu positivamente para uma recepção calorosa e divertida. A aproximação entre todos os membros se deu a partir da sensibilização dos alunos, contribuindo para o alcance de vínculos que auxiliaram no andamento da visita. Considerações finais: O Serviço de Residência Terapêutica é uma representação do avanço da Reforma Psiquiátrica na luta antimanicomial que embora já seja uma realidade, se faz necessário a avaliação e estudo contínuo para melhoria e correções nos serviços, por isso a importância do contato prático pelos acadêmicos de enfermagem, para se discutir e contribuir para a construção do conhecimento na comunidade científica. Além da experiência também influenciar positivamente nos serviços que posteriormente serão prestados pelos enfermeiros, visto que proporciona reflexões acerca da realidade, das mudanças necessárias, do atendimento humanizado e do papel fundamental do enfermeiro como integrante da equipe multiprofissional na Rede de Atenção Psicossocial. A residência terapêutica é uma conquista no processo de desinstitucionalização dessas pessoas, de modo que elas possam desenvolver autonomia para ocupar um lugar no mundo, exercer sua individualidade e gostos e ter sua condição de paciente de saúde mental respeitada e tratada adequadamente.

3446 Cartografias de uma estagiária de psicologia em um CAPS AD
Daniela Pereira da Costa de Menezes, Karla Conceição Acosta, Simone Edi Chaves, Maria de Fátima Bueno Fischer, Vinicius Tonollier Pereira

Cartografias de uma estagiária de psicologia em um CAPS AD

Autores: Daniela Pereira da Costa de Menezes, Karla Conceição Acosta, Simone Edi Chaves, Maria de Fátima Bueno Fischer, Vinicius Tonollier Pereira

APRESENTAÇÃO O objetivo desta escrita é cartografar os fluxos, sentidos e experimentações de uma estagiária de psicologia em um CAPS AD da cidade de São Leopoldo. São duas intervenções produzidas no estágio profissional: a coordenação de dois grupos, o Grupo Portas Abertas (Grupo PA) e Grupo Preparação para o Final de Semana (Grupo PFS). Este ensaio cartográfico narra os sentidos que foram sendo construídos e que me ancoram para tornar-me psicóloga e trabalhadora da saúde. É também através deste relato de experiência que narro a invenção de ferramentas de cuidado à sujeitos que estão usuário de drogas, evidenciando que a clínica que se faz na área de álcool, crack e outras drogas é inventiva, plural, operadora de sentidos e é feita de artesanias entre todos os agentes (usuários, técnicos e território). DESENVOLVIMENTO O grupo PA é para usuários que estão em uso intenso de álcool, crack e outras drogas, tendo um importante papel para quem está acessando pela primeira vez ou reincidentemente o serviço. Já o Grupo PFS busca inventar estratégias de redução de danos, seja para o usuário que está em uso intenso organizar seu uso, mas também para aquele usuário que está abstinente ou organizado com seu uso. O grupo PA acontece às segundas-feiras e o PFS acontece às sextas-feiras, esta organização não é aleatória, ela se circunscreve na necessidade dos usuários de terem um espaço de escuta, de fala e invenção pós final de semana e início da semana, assim como nas vésperas do final de semana. Minha andança neste tempo de experimentações no CAPS AD, me convocam a propor o grupo como lugar onde se produzem sentidos ao invés de buscar significados, fabricar novos e outros modos de subjetivação. Outrossim, concebê-los como cartografias grupais, as quais se fazem através de devires, longe das polaridades e afeto aos processos singulares e maleáveis das grupalidades. Estes dois grupos-dispositivos se interseccionam através de um singular modo de operar: “Parar Pra Pensar”. Expressão que surge como uma grande ferramenta de produção de desejo, de possibilitar outras formas de inventar a vida, onde torna-se impossível conceber outra forma de trabalho que não seja a de dispositivo, a de provocar fissuras. Trabalhar com o propósito de dar passagem a desejos e afetos, é possibilitar que os sujeitos que estão usuários de drogas, possam se apropriar de si e se desvencilhar das amarras sociais que os aprisionam, permitindo-se experimentar a vida e protagonizá-la, dando passagem para serem devires, para virem-a-ser, e descolaram-se do que a sociedade os rotula ou que os inquiri sobre o que lhes é faltante. Tirando as amarras e mordaças da sociedade e a régua que parametriza a vida, ir para um espaço ético onde não caiba a moralidade da regra, é o que me proponho ao conceber o grupo como dispositivo, como rizoma; é não intervir no grupo como objeto dado e que de antemão teria uma teoria para decifrá-lo. A intenção e a crença nos movimentos e fluxos da vida, me permite encontrar nessa proposta não uma estagiária que aplica uma intervenção, mas substancialmente uma cartógrafa.  É nesse lugar de movimento cartográfico, que me disponho aos fluxos dos encontros, provocando o usuário de droga a transvalorar seu lugar marginal, e com isso convidá-lo à experiência do devir, de tantos outros devires que lhe são possíveis, e assim viver o encontro grupal como processo de criação de outros de nós. Convidar os sujeitos dos grupos PA e PFS a afetarem-se com a vida e suas forças, fazendo com que a sua condição transitória de usuário de droga seja um dispositivo de criar novos modos de vida, desgrudados do parâmetro da normalidade é minha intenção em tomar o grupo como dispositivo. Destarte, é através desse posicionamento ético-estético-político que emerge a ferramenta-parar-pra-pensar, a qual opera desterritorializações subjetivas. É neste compasso que acontecem deslocamentos dos estigmas que cristalizam o usuário de drogas e disparam outros sentidos, que molecularmente engendram novas formas de pensar, agir e caminhar. Ademais, é possibilitar que se acione afetos e desejos, é provocar fissuras e colocar os sujeitos como infinitos possíveis. RESULTADOS Na perspectiva de grupo-dispositivo, não há a busca de um produto final, pois não há produto, assim como não há modo certo ou errado, há possibilidades, há processos, há a oportunidade de vivenciar o desejo e este por si só é produtor de sentidos. A cada semana compomos, eu e meus companheiros de percurso, reflexões performáticas que nos possibilitam momentos-instantes, criação, afetos e movimentos. É a partir dessa pluralidade de ótica, de corpos e de invenções, que percebo semanalmente, de forma exponencial, recrudescer nos sujeitos que estão usuários de drogas a autoestima, a alteridade, a vontade de se perceber como uma máquina em movimento, máquina de produção de outros possíveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dessas impressões, me arrisco a afirmar que pude, ao longo de cada encontro grupal, ir me inventando como estagiária e psicóloga em formação, afetando e sendo afetada pelos afetos, forças e intensidades das potências dos bons encontros. Das (des)territorializações que foram rasgando meu corpo, fui vivendo meus devires: devir-estudante, devir-artesã, devir-psicóloga e tantos outros que vivi e que advirão destes. Com o mesmo fulgor me esforcei em ser agente de saúde e disponibilizei meu corpo para passagem de desejos e afetos dos usuários deste serviço. Busquei a cada instante ser difusora dos anseios, máquina-de-fluir devires, corpo-passagem de angústias e máquina-tradutora, máquina-inventora de outros possíveis para os usuários deste serviço, os quais são os atores protagonistas de meu percurso, os quais são os meus inventores e meus (des)formadores. Entendo também que todos esses movimentos e disrupturas provocados em mim são vivenciados e experimentados pelos usuários do serviço que congregam nesses grupos. Pois não há afetos e sentidos isolados, há sim um espiral que nos perpassa, e que tudo aquilo que movimento em um reverbera nos outros.Ao usar meu corpo para falar das experiências vividas, tomo-o como lugar público e aberto que se integra por vias sensíveis aos demais corpos que compõe comigo minha formação de estagiária de psicologia.

3519 SUBJETIVIDADES À DERIVA: diálogos possíveis com os trabalhadores de saúde mental e o conjunto de práticas teóricas, técnicas e políticas
Daniele Tavares Alves, José Jackson Coelho Sampaio

SUBJETIVIDADES À DERIVA: diálogos possíveis com os trabalhadores de saúde mental e o conjunto de práticas teóricas, técnicas e políticas

Autores: Daniele Tavares Alves, José Jackson Coelho Sampaio

Este trabalho é um recorte da pesquisa de dissertação SUBJETIVIDADES À DERIVA: diálogos possíveis com os trabalhadores de saúde mental e o conjunto de práticas teóricas, técnicas e políticas. Esta pesquisa abordou a temática da subjetividade em trabalhadores de saúde mental, tendo por objeto os trabalhadores de saúde mental no conjunto de práticas teóricas, técnicas e políticas. Esse objeto teve como motivação a experiência da pesquisadora na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Fortaleza por mais de uma década, o que suscitou como principal questionamento: será antimanicomial o conjunto de práticas dos trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)?  Para dialogar com esta questão, a pesquisa teve como objetivo geral: compreender as relações entre a subjetividade e as práticas dos trabalhadores de saúde mental na atenção psicossocial territorial, e como específicos: analisar as matrizes políticas, técnicas e teóricas oferecidas aos trabalhadores pelo Movimento Brasileiro de Reforma Psiquiátrica (MBRP) e pela RAPS; analisar as práticas dos trabalhadores na concretude de um caso; comparar as matrizes e as práticas concretas na perspectiva dos trabalhadores do caso; sistematizar as identificações, lacunas e contradições entre as matrizes políticas, técnicas e teóricas e as práticas analisadas, comparadas e criticadas. Apresentaram-se as seguintes perguntas norteadoras: a) qual sua opinião sobre os princípios, as diretrizes e formas de trabalho dos hospitais psiquiátricos clássicos e da proposta dos CAPS? b) em sua opinião, quais identificações, lacunas e contradições ocorrem entre o que se propõe e o que se faz nos CAPS?  O delineamento desta pesquisa se constituiu como um estudo de caso, qualitativo, analítico-crítico, que se operacionalizou etnograficamente, apoiando-se em observação participante, entrevista em profundidade, grupo-experimentação, diário de campo e fotografia. O caso escolhido foi o primeiro CAPS Geral de Fortaleza. Os sujeitos foram os trabalhadores deste serviço, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.   A equipe técnica desse serviço, total de 35 trabalhadores, em seguida listados conforme quantitativo e categoria profissional: dois agentes administrativos, um artista, dois vigilantes, um zelador, um assistente de gestão, cinco auxiliares administrativos, um auxiliar de serviços gerais, um cozinheiro, dois técnicos de enfermagem, cinco assistentes sociais, três enfermeiros, uma farmacêutica, uma massoterapeuta, quatro médicos, quatro psicólogos e uma terapeuta ocupacional. Foram identificados 23 como participantes, pela exclusão de quem estava de férias, licença ou contrato de trabalho inferior a seis meses. Foram aplicadas, adicionalmente, entrevistas a três gestores: a gestora da unidade; a articuladora de saúde mental da Regional e a coordenadora da célula de saúde mental da SMS/FOR. Os áudios das entrevistas foram transcritos com intuito de salvaguardar a fidedignidade das informações produzidas em campo. Em seguida, as transcrições foram categorizadas para análise e discussão dos resultados. As entrevistas com os gestores, realizadas primeiramente, possibilitaram pistas sobre a organização dos processos de trabalho na unidade, bem como das prioridades e lacunas da política municipal de saúde mental. A partir da regularidade da permanência no serviço, a observação participante foi adensada e agendadas as entrevistas. No primeiro encontro do grupo experimentação, a pesquisadora trabalhou com um memorial estético das experiências dos trabalhadores de saúde mental no contexto do serviço. No segundo encontro o objetivo foi a ampliação do olhar sobre o campo da Saúde Mental. Para isso, utilizaram-se, enquanto linguagem estética, as artes visuais da fotografia e do rabisco A pesquisadora iniciou o processo de escrita do diário de campo desde o momento em que com ele interagiu pela primeira vez. Um fluxo constante de uma escrita que, mesmo quando não estava em movimento no papel, mantinha-se em movimento na pesquisadora de forma rizomática, altercando e sustentando o trabalho de pesquisa. No trajeto de carro, ou caminhando até o serviço CAPS, as imagens de um território vivo e pulsante formavam linhas de força que atravessaram também a pesquisadora e a fez escrever e pensar o campo e seus habitantes. O olhar foi desafiado a adquirir várias perspectivas pelas imagens capturadas, o que permitiram também a construção de um pensamento em perspectiva, resgatado do maniqueísmo. A análise e discussão dos resultados foi inspirada na modalidade de técnica de análise temática de Minayo. Inicialmente, foi feita leitura flutuante do material produzido que consistiu em entrevistas em profundidade, observação participante, fotografias e grupo-experimentação. Nesse momento, a pesquisadora se deixou capturar pelo material produzido e pelos afetos, sensações, percepções, sentimentos e pensamentos produzidos a partir da leitura. O momento foi importante para pensar em como organizar o material produzido, os títulos dos capítulos, os títulos de itens e subitens, bem como as analogias com o navegar em alto-mar. O segundo momento foi a exploração do material, em que os discursos foram sendo recortados e divididos em resposta às perguntas feitas . Em seguida, foram identificadas categorias empíricas que tanto emanaram da realidade como foram elaboradas pela pesquisadora.As categorias temáticas foram organizadas a partir das categorias teóricas conceituais e das categorias operacionais. As primeiras trouxeram elementos para sustentar a problematização dos discursos dos trabalhadores-pássaros, proporcionando diálogo transversal com os teóricos utilizados em associação aos temas: Psiquiatria Clássica; Reforma Psiquiátrica; Atenção Psicossocial Territorial; Saúde Mental; Trabalho/Trabalhador de Saúde Mental; Subjetividade.As categorias operacionais foram utilizadas para guiar as observações participantes e convocadas para contribuir nas análises dos dados: a) a estrutura física e ambiência no serviço; b)  as práticas realizadas no CAPS; c)  os dispositivos de cuidado ; d) a inserção do serviço no território; e) a articulação do serviço com a intersetorialidade e as redes de atenção; f) os tipos de vínculos trabalhistas dos profissionais; g) a política de educação permanente adotada; h) os processos de trabalho; i) a integralidade do cuidado; j) escuta, vínculo e acolhimento; k) o PTS dos usuários; l) o Conselho Local de Saúde; m) o Apoio Matricial; n) a Roda de Gestão. Junto com as categorias, foi realizada análise de conjuntura política, mundial, nacional e local, para discutir os efeitos no projeto da RP e na PSM.  Os achados da pesquisa, após análise e discussão, foram apresentados em uma síntese em três “nós”: a precarização na forma de recrutamento dos trabalhadores de saúde mental; a carência de um espaço dialógico, teórico e vivencial que possibilite aos trabalhadores se fortalecer enquanto um coletivo singular; e a problematização do cuidado ofertado neste serviço que ainda se apresenta como médico centrado. Portanto, a pesquisa vislumbrou, como pressuposto, que a dimensão da subjetividade do trabalhador de saúde mental poderá construir práticas asilares ou antimanicomiais nas políticas públicas de saúde mental, mesmo quando constituídas a partir de perspectivas antimanicomiais.   

3955 A EDUCAÇÃO CONTINUADA COMO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE TRANSTORNO MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.
Adriely Alciany Miranda dos Santos, Ingrid Aparecida Rodrigues Vieira, Sônia Mara Oliveira da Silva, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Carmem Lúcia Pacheco de Sena, Alessandra Araújo Melo Barbosa, Isadora Menezes Franco, Walber da Silva Nogueira

A EDUCAÇÃO CONTINUADA COMO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE TRANSTORNO MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.

Autores: Adriely Alciany Miranda dos Santos, Ingrid Aparecida Rodrigues Vieira, Sônia Mara Oliveira da Silva, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Carmem Lúcia Pacheco de Sena, Alessandra Araújo Melo Barbosa, Isadora Menezes Franco, Walber da Silva Nogueira

Apresentação: É notória a necessidade de conhecimento sobre saúde mental para uma boa atuação do enfermeiro, por isso é de suma importância que as instituições de saúde e os gestores de enfermagem preocupem-se em oferecer elementos que possibilitem a atualização desses profissionaispara uma melhor assistência aos portadores de transtornos mentais.A educação continuada é vista como um processo permanente e inicia-se após a formação básica, destinada a melhorar a capacidade do individuo ou grupo em determinado trabalho. Para a enfermagem, é imprescindívela frequente qualificação profissional, em razão disso, esse estudo apresenta como objetivo a implantaçãoda educação continuada para os profissionais da atenção primária de saúde visando à melhora da assistência aoindivíduo com processos mentais afetados. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado em um centro saúde escola localizado no município de Belém, com atendimentos da atenção básica e de especialidades. O público alvo foram 06 enfermeiros da atenção primária de saúde. A educação continuada ocorreu durante 3 dias pelo período de 2 horasno próprio local de trabalho dos participantes, por meio de um curso de capacitação aos profissionaiscom intuito de melhorar o atendimento aos usuários com alterações mentais.O curso foi realizado por meio de lightningtalk (palestra relâmpago) sobre três questões pertinentes ao assunto saúde mental: o enfermeiro não consegue reconhecer o usuário portador de transtorno mental; o profissional de saúde não apresenta competência para assistir o usuário por falta de conhecimento; e a pouquidadede empatiano atendimento prestado. Houve uma abordagem prática corroborando com o ministrado em cada palestraproposta: estudos de caso no qual os profissionais exercitaram a identificaçãodas funções psíquicasque geralmente são afetadas e as respectivas alterações, organização de vários planos de intervenção voltados para os transtornos; e uma dinâmica que levou os profissionais ao entendimentoda importância de realizar uma assistência humanizada. Resultados: Os enfermeiros da atenção primária que participaram da educação continuada demonstraram maior habilidade em reconhecer o usuário portador de transtorno mental, assim como maiorconvicção ao atender o usuário após o conhecimento adquirido e demonstraram maior humanização na assistência. Considerações finais: Constatou-se que a implantação da educação continuada para os profissionais da atenção primária de saúde é uma proposta de intervenção essencial para o aperfeiçoamento da assistência aoindivíduo portador de transtornos mentais, pois esse processo garante aos enfermeiros envolvidos maior autonomia para lidar com a questão supracitada.

5257 DEZEMBRO VERMELHO: A EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM OFICINAS TERAPÊUTICAS NO ÂMBITO DA SAÚDE MENTAL
Roberta Brelaz do Carmo, Joyce Petrina Moura Santos, Geyse Aline Rodrigues Dias, Karina Faine da Silva Freitas, Mácia Maria Bragança Lopes

DEZEMBRO VERMELHO: A EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM OFICINAS TERAPÊUTICAS NO ÂMBITO DA SAÚDE MENTAL

Autores: Roberta Brelaz do Carmo, Joyce Petrina Moura Santos, Geyse Aline Rodrigues Dias, Karina Faine da Silva Freitas, Mácia Maria Bragança Lopes

Apresentação: O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que afeta gradativamente o sistema imunológico dos indivíduos, podendo ocasionar a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e a propensão a coinfecções que podem gerar graves consequências à saúde. Como o HIV não é passível de cura, infere-se que o empoderamento da sociedade quanto as formas de prevenção é a melhor estratégia a ser adotada para mudar o elevado índice de mortes em soropositivos diante dos quadros estatísticos anuais, sendo responsabilidade da equipe multiprofissional, em especial a enfermagem por ter a educação como um de seus processos de trabalho, apoderar e munir de informações necessárias tais cidadãos, seja de forma individual ou coletiva, visando a transformação da realidade vigente por intermédio de uma maior autonomia dos cuidados de saúde dos mesmos. Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) são caracterizados como um campo rico para se realizar ações educativas diante da percepção Freiriana, ou seja, realizando o diálogo transformador de acordo com o conhecimento prévio que os usuários têm. Contudo, quando se trata de oficinas terapêuticas dentro do âmbito da saúde mental, é importante levar em consideração a cognição dos indivíduos. Essa importância em conhecer como se dá o processo de aprendizado dos usuários provém do fato de que alguns transtornos psicológicos e medicamentos acabam por ocasionar um déficit cognitivo ou tornam as pessoas apáticas, devendo o profissional saber lidar e entender que, muitas vezes, isso é um processo que provém da fisiopatologia da doença ou do tratamento realizado. Diante deste contexto, é notória a indispensabilidade em tratar sobre HIV/AIDS, levando em consideração o grau de vulnerabilidade que as pessoas com transtornos mentais apresentam, principalmente nos surtos psicóticos, conglobado a um conjunto de fatores que os levam a contrair o vírus, tais como a dificuldade em estabelecer uniões estáveis, ser vítima de abuso sexual, estar com o juízo crítico prejudicado, hipersexualidade, impulsividade, baixa autoestima, entre outros. Frente aos motivos que predispõem esse perfil de público a adquirir o HIV, objetiva-se relatar a experiência vivida em uma ação educativa sobre HIV/AIDS a luz da Concepção Pedagógica Humanista, a qual valoriza as relações interpessoais, sendo mediada por facilitadores da aprendizagem, sempre buscando compreender as necessidades e expectativas dos alunos, possibilitando assim discutir as formas de infecção, tratamento e prevenção, considerando o saber prévio dos educandos. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência que ocorreu no mês de dezembro com usuários matriculados em um Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS), localizado em Belém-Pará, e que participam da oficina expressiva terapêutica, a qual enfatiza a necessidade de expressão acerca da temática abordada por meio da fala ou qualquer tipo de arte. Visto que o mês em questão é considerado como um marco na prevenção da AIDS, sendo conhecido como mês vermelho, a oficina teve como tema norteador esta temática de grande relevância social e epidemiológica, abordando, em dois momentos distintos, a diferença entre HIV e AIDS, formas de contágio, modos de se prevenir e a importância em realizar o teste Anti-HIV. Inicialmente, deu-se início à primeira fase da ação educativa, onde todos se sentaram ao redor de uma mesa para que pudessem escrever ou desenhar o que conheciam sobre a AIDS em uma folha de papel que lhes foi entregue. Feito isso, um a um, os usuários foram se apresentando e expondo o que haviam expressado na folha, sendo importante enfatizar que todos escolheram a opção de escrita para discorrer sobre o assunto. Essa estratégia visou estar a par do conhecimento prévio que eles tinham sobre o tema, com vistas a acrescentar informações importantes, levando em consideração a aprendizagem significativa, a qual tem como pressuposto que o conhecimento se faz mediante a ancoragem de novas informações, tendo os condutores da ação como facilitadores desse processo por meio do diálogo. Posteriormente, teve início a segunda etapa da oficina, onde foi informado que iria ser tocada uma música e os usuários participantes deveriam passar de mão em mão uma cartela de preservativos até que a música parasse. A pessoa que estivesse segurando o objeto neste momento de pausa deveria responder uma pergunta. As perguntas norteadoras dessa etapa da oficina foram: “O que é a AIDS?”, “Como se contrai o HIV?”, “Quais são as formas de transmissão?”, “Como se dá o tratamento contra o HIV?”, “Como evitar o HIV?” e “Você conhece e já fez o teste Anti-HIV?”. Resultados: A oficina expressiva em questão contou com a participação de 11 usuários, sendo 9 do sexo feminino e 2 do sexo masculino. Destes, duas usuárias não quiseram participar ativamente, mas ficaram como ouvintes, e uma terceira pessoa foi liberada pela sua técnica responsável, após alegar não estar se sentindo bem. Durante a primeira etapa da oficina, pôde-se notar que todos tinham o conhecimento básico do assunto, tais como o fato de ser uma IST ocasionada por um vírus, que não há cura e que a forma de prevenção é o preservativo. Porém, na segunda etapa, verificou-se a presença de muitas dúvidas que cerceavam o tema HIV/AIDS, tais como “Por que o HIV mata e o vírus da gripe não, se os dois são vírus?”, “Como se usa o preservativo feminino?”, “Por que a mãe pode contaminar o bebê na gestação ou amamentando?”, “Por que se contamina pelo sexo, se não há presença de sangue?” e “É possível adquirir o vírus pela saliva?”. Tais dúvidas surgiam conforme as respostas emitidas pelos usuários às perguntas preparadas para a dinâmica. Essa situação de dúvidas e questionamentos é de grande relevância para o processo de educação em saúde dialógico, e os condutores educadores esclareceram-nas de forma didática. Após isso, foram entregues cartelas de preservativos masculinos aos usuários, enfatizando o uso coerente, correto e indispensável durante o sexo vaginal, anal e oral assim como a importância da divulgação dos conhecimentos adquiridos para os conhecidos e familiares. Considerações finais: Trabalhar os conhecimentos sobre a HIV/AIDS com usuários com transtorno mental é de extrema importância, uma vez que estes são vulneráveis ao acometimento de tal infecção, devido os riscos e variações de humor que o seu estado mental apresenta. Para isso, fornecer informações sobre as características e o combate contra a AIDS utilizando-se de educação bancária não é suficiente para que se obtenha uma estabilidade cognitiva sobre o assunto sendo necessário lançar mão de atitudes que proporcionem a aprendizagem significativa e a escuta ativa, assim como a utilização de processos dinâmicos e divertidos permitindo que expressem suas emoções, dúvidas e sugestões de prevenção para que os conhecimentos prévios e os novos adquiridos possam ter efeito sobre a vida e autonomia no cuidado desses usuários.

2636 Desinstitucionalização: dimensões ética, política e formativa no percurso da Residência Multiprofissional em Saúde Mental
Camila Macedo Martins, Deivid Ferreira Lima

Desinstitucionalização: dimensões ética, política e formativa no percurso da Residência Multiprofissional em Saúde Mental

Autores: Camila Macedo Martins, Deivid Ferreira Lima

A Reforma Psiquiátrica brasileira, complexo processo ético-político-institucional, tem como uma de suas principais premissas a construção de um novo lugar social para a loucura. Não se busca apenas desconstruir o aparato manicomial, mas transformar as relações do sujeito em sofrimento mental com a cidade, retirando-o da histórica segregação que lhe foi imposta e conferindo-lhe estatuto de cidadão, sujeito de direitos. Neste cenário, a desinstitucionalização se constitui não somente como uma prática mas, sobretudo, como um operador do cuidado em saúde mental. A partir da experiência de dois residentes multiprofissionais no Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB/UFRJ), localizado na cidade do Rio de Janeiro, o presente trabalho busca analisar o processo de desinstitucionalização através de três eixos principais: o protagonismo do sujeito, a produção de desejo e oferta de escolhas e o trabalho com os familiares. Para tal análise, optou-se por realizar o estudo de um caso acompanhado por ambos os residentes durante o período de um ano, no qual foi possível promover a transição de um sujeito em internação de longa permanência para uma residência terapêutica. O estudo de caso tem como objetivo constituir-se, portanto, enquanto um analisador do processo de desinstitucionalização, de modo que ao invés de concentrar-nos no biográfico, propomos realizá-lo como possibilidade de análise das estruturas sociais por ele denunciadas. Pretende-se, ainda, analisar a importância deste processo no percurso formativo do residente multiprofissional em saúde mental, compreendendo que o programa de residência tem como objetivo formar no SUS e para o SUS profissionais comprometidos ética e politicamente com as diretrizes da Reforma Psiquiátrica e da Saúde Pública brasileira.  

2965 Intervenções em saúde mental em uma escola de saúde: um relato de experiência
Rafaela Barros Bessa, Maria Beatriz Pedrett Costa, Aline Lima de Souza, Maria Luiza Marialva Rodrigues, Geisly Manuele Schwatey, Zahilla Cunha de Araújo Maia, Juliana Jamylli Lima Magalhães Melo, Gabriel Pinheiro Souza dos Santos

Intervenções em saúde mental em uma escola de saúde: um relato de experiência

Autores: Rafaela Barros Bessa, Maria Beatriz Pedrett Costa, Aline Lima de Souza, Maria Luiza Marialva Rodrigues, Geisly Manuele Schwatey, Zahilla Cunha de Araújo Maia, Juliana Jamylli Lima Magalhães Melo, Gabriel Pinheiro Souza dos Santos

As exigências e obrigações da vida universitária mostram que o estudante deve ter condições cognitivas e psicológicas para enfrentar esse novo ambiente em que está inserido, e com os crescentes números de suicídio entre estudantes de medicina e jovens profissionais médicos, percebemos que isto pode não estar ocorrendo com este grupo acadêmico. Considerando a busca pelo sucesso acadêmico e profissional, as exigências do mercado de trabalho, além de expectativas pessoais, não é incomum encontrar queixas e casos de problemas psicoafetivos que ocorrem nessa área, como ansiedade, depressão e burnout. Tendo isso em vista, a resolução de um projeto que gere debate sobre o assunto, que mostre os indicadores e ainda consiga despertar a sensibilidade nos acadêmicos para os possíveis sinais dos mesmos, é de extrema importância.Este estudo consiste em um relato de experiência de uma ação realizada por coordenadores locais do comitê IFMSA Brazil LC UEA - organização estudantil internacional que tem a missão de promover impactos positivos na sociedade e ser referência na formação de estudantes de medicina mais humanizados - no mês de setembro de 2017, sendo ela feita com campanhas e workshops voltados à saúde mental. As atividades realizadas foram: Free Hugs (distribuição de abraços com o objetivo de aumentar a interação entre os seres); uma campanha em que foi colocada uma caixa com frases motivacionais no hall de entrada; e um workshop de inteligência emocional com dois dias de duração, sendo divididos em parte teórica, no qual foram palestrados temas como ansiedade, depressão e síndrome de burnout, e parte prática, sendo várias salas com psicólogos e psiquiatras abordando os mesmos temas com técnicas diferentes, como dinâmicas, rodas de conversa e role play; todas estas ações foram realizadas na Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (ESA/UEA). Durante este meio tempo, tivemos reuniões para avaliar nossa percepção sobre os temas e sobre a interação dos acadêmicos da UEA com os eventos a que nos propúnhamos a realizar.Dos resultados obtidos, percebe-se que contamos com participação mais efetiva dos acadêmicos durante o Free Hugs e percebemos uma grande interação com a caixa de mensagens motivacionais. Durante o Workshop de Inteligência Emocional, apesar de ter se mostrado muito efetivo para os que participaram, percebemos pouca adesão de acadêmicos de medicina ao evento, o que talvez demonstre o desinteresse em relação aos temas abordados.Desse modo, o Comitê percebeu que ainda é necessário debater sobre saúde mental, principalmente no nosso meio, pois cada vez mais são expostos casos de problemas relacionados a isso enquanto poucas ações são feitas para trabalhar o tema. Com isso, futuras ações com a mesma temática muito provavelmente serão feitas com a esperança de que mais acadêmicos se interessem e participem dos eventos.

3956 QUALIDADE DE VIDA DOS FAMILIARES CUIDADORES DE PESSOAS COM SOFRIMENTO PSÍQUICO
Adriely Alciany Miranda dos Santos, Carmem Lúcia Pacheco de Sena, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Alessandra Araújo Melo Barbosa, Ingrid Aparecida Rodrigues Vieira, Mayara da Silva Carvalho, Maicon de Araújo Nogueira, Walber da Silva Nogueira

QUALIDADE DE VIDA DOS FAMILIARES CUIDADORES DE PESSOAS COM SOFRIMENTO PSÍQUICO

Autores: Adriely Alciany Miranda dos Santos, Carmem Lúcia Pacheco de Sena, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Alessandra Araújo Melo Barbosa, Ingrid Aparecida Rodrigues Vieira, Mayara da Silva Carvalho, Maicon de Araújo Nogueira, Walber da Silva Nogueira

Apresentação: O movimento de des-hospitalização inerente ao processo de implantação da Reforma Psiquiátrica, está gerando comprometimento das famílias no cuidado das pessoas em sofrimento psíquico. Por outro lado, estudos sobre famílias cuidadoras têm evidenciado que esta responsabilidade nem sempre é compartilhada, sendo que frequentemente algum indivíduo passa a exercer esta função isoladamente. Esse estudo objetiva conhecer as vivências dos familiares de pessoas com sofrimento psíquico desinstitucionalizado e inserido na família e avaliar a qualidade de vida deste cuidador. Desenvolvimento: Triangulação de abordagem quantitativa e qualitativa usando a técnica de entrevista para a coleta dos dados. Os instrumentos para registro dos dados foram: Roteiro para Entrevista Semi-estruturada e WHOQOL Bref. Os sujeitos da pesquisa foram os familiares de pacientes com sofrimento psíquico que frequentam um grupo no Centro de Apoio Psicosocial(CAPS). Foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Univali com cadastro n.º657/07. Resultados: Participaram treze familiares de pacientes com transtornos psíquicos que frequentaram o grupo de famílias em um Centro de Atenção Psicosocial. Houve predomínio de mulheres cuidadoras, com média de idade na faixa dos 50 anos. No domínio I – físico, verificou-se, que a pontuação mínima alcançada foi de 61, a máxima de 100, sendo que 07 sujeitos apresentarem valores menores que 70, ficando em uma escala na região de indefinição entre o fracasso e o sucesso. No domínio II–psicológico, a pontuação variou entre 55 e 88, com média de 70. Quanto ao domínio III–relações sociais, a média ficou em 79 sendo que a pontuação mínima foi de 67 e a máxima de 100. O meio ambiente, investigado através do domínio IV teve valor mínimo 50, e máximo 85, com média de 67. Dos quatro domínios esta foi a menor média, evento esse que pode estar ligado ao fato de ser o domínio com mais facetas. Considerações Finais: A interação entre os dados quantificáveis possibilitou perceber como se estabelece a qualidade de vida do familiar cuidador do paciente com transtorno psíquico, confirmando tendências e evidenciando contradições, levando-nos a concluir a importância de complementar as informações obtidas através do Whoqol  com um diálogo estabelecido entre pesquisador e sujeito pesquisado. Este estudo pode dar sustentação para a implantação de novas estratégias para a melhoria das condições de vida dos cuidadores e servir de motivação para novas pesquisas.

2882 REDE DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NO TRABALHO FRENTE À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE TUMOR INTRACRANIANO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Letícia Góes, Lília Araújo, Paula Castro, Rennan Bastos, Ruan Freitas, Suelem Santos, Irene Silva

REDE DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NO TRABALHO FRENTE À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE TUMOR INTRACRANIANO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Letícia Góes, Lília Araújo, Paula Castro, Rennan Bastos, Ruan Freitas, Suelem Santos, Irene Silva

Apresentação: Os tumores do sistema nervoso central (SNC) são um grupo heterogêneo de condições neoplásicas. Sua classificação vai depender da célula que o origina. Estas neoplasias podem ocorrer em todos os pontos anatômicos cerebrais ou medulares e faixas etárias. Os tumores cerebrais representam a segunda maior causa de morte relacionada a doenças neurológicas ficando atrás somente do acidente vascular cerebral (AVC). Os meningiomas representam o tumor de SNC mais comum, comprometendo principalmente adultos acima de 65 anos, sendo incomuns em crianças, e duas vezes mais frequentes no sexo feminino. Pacientes diagnosticados com tumores cerebrais geralmente apresentam sintomas neurológicos como cefaleias, convulsões e alterações. Os sinais e sintomas relacionados a neoplasias do SNC se dão devido à invasão ou compressão do tecido cerebral pelo tumor. O objetivo do trabalho é relatar a experiência vivenciada por acadêmicos de Enfermagem da UFPA, a partir integração ensino-serviço e a utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), ao portador de tumor intracraniano. Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por acadêmicos de Enfermagem da UFPA. O local do estudo foi no hospital de ensino, referência em oncologia no estado do Pará, e campo de prática hospitalar, realizada no mês de agosto de 2017. Para o desenvolvimento do relato, aplicou-se o Processo de Enfermagem, através da SAE. Os dados foram coletados através de entrevista e do prontuário e analisados. Posteriormente foram identificados os diagnósticos de enfermagem, implementadas as intervenções. Verificados os resultados esperados, utilizando-se da taxonomia NANDA, NIC e NOC, Manual Diagnóstico de Enfermagem e a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta. A paciente foi selecionada de forma aleatória para o estudo eaceitou participar espontaneamente do relato de experiência. Ao primeiro contato com a paciente foram coletadas as informações sobre o seu estado atual. Esta se apresentava consciente e orientada no tempo e espaço, verbalizando, hipocorada, com presença de edema de face, normotérmica, normocárdica, normotensa, eupneica e respirando em ar ambiente. Observada cicatriz cirúrgica de mastectomia radical da mama esquerda com cicatrização de primeira intenção. Apresentava acesso venoso no MSD. Referiu cefaleia, náuseas, cólicas na região do abdômen. Eliminação urinária normal e constipação. Relata, ainda, que a ingestão hídrica recorrente melhora sua dor de cabeça. Posteriormente, consultamos o prontuário para identificar o histórico da paciente: M. H., 51 anos, diagnosticada com Meningioma, ensino superior incompleto, cozinheira, evangélica, de Icoaraci, tem 2 filhos. Em 2015, a paciente foi diagnosticada com câncer de mama. Realizou mastectomia total esquerda e, após uma sessão de quimioterapia em março de 2017, iniciou um quadro de cefaléia em região orbital a direita, em aperto, de moderada a intensa diariamente. Tornava-se mais intensa com movimentação da cabeça, associada aêmese. Progressivamente piorou, necessitando de várias consultas na unidade de atendimento de emergência (UAI). Em junho de 2017, após consulta na UAI, realizou tomografia de crânio e, após a avaliação, foi solicitada a internação. A paciente nega alergias, etilismo, tabagismo. Refere hipertensão arterial sistêmica, em uso de losartana12/12 horas. Realizou mastectomia em agosto de 2016, oito sessões quimioterapia, vinte e cinco sessões de radioterapia. Retornou à quimioterapia e fez mais três sessões, sendo a última em 03/05/2017. Antecedentes familiares: mãe e pai com hipertensão arterial sistêmica. Ao exame físico: consciente e orientada, força em membro superior direito e esquerdo, apresenta linfoedemaimportante em membros inferiores. Sensibilidade e reflexos preservados; apresenta desvio da rima labial para a direita, acuidade visual OD: 20/200 OE: 20/200. Resultados e/ou impactos: Após análise dos problemas de saúde foram identificados os seguintes diagnósticos de enfermagem: deglutição prejudicada; dor aguda; náusea; nutrição menor que as necessidades corporais; ansiedade relacionada com crises situacionais; constipação relacionada com a ingestão inadequada de líquidos e fibras; deambulação prejudicada. Em seguida, foram implementadas as intervenções de enfermagem: elevar a cabeceira do leito 90• durante o horário da refeição e por 30 minutos depois do término de uma refeição, a fim de diminuir o risco de aspiração;posicionar a paciente em decúbito lateral quando deitada para diminuir o risco de aspiração, e consultar um nutricionista para modificar a dieta da paciente e realizar uma contagem de calorias, se necessário, para estabilizar os requisitos nutricionais; avaliar os sinais e sintomas de dor e administrar analgésicos conforme a prescriçãomédica; administrar medicamentos antieméticos, conforme a prescrição, para alivio da náusea e observar a ingestão de alimentos e líquidos da paciente, registrando os achados; obter e registrar o peso da paciente no mesmo horário, a cada dia, para obter leituras exatas, monitorar o balanço hídrico porque o peso corporal pode aumentar em consequência da retenção de líquidos, fornecer dieta prescrita para condição específica da paciente, a fim de melhorar seu estado nutricional e aumentar o peso; escutar ativamente, permitir a paciente expressar seus sentimentos verbalmente, solicitar que defina quais tipos de atividade promovem sentimentos de conforto e incentivar a realizá-las, incluir a paciente nas decisões relacionadas ao cuidado sempre que possível; consultar nutricionista sobre um aumento de fibras e volume da dieta prescrita pelo médico, monitorar e registrar a frequência e características das fezes, ensinar a paciente adelicadamente, massagear ao longo do cólon transverso e descendente para estimular o reflexo espástico do intestino e ajudar na passagem das fezes; referir a paciente para um fisioterapeuta para o desenvolvimento de um programa de promoção da deambulação, monitorar e registrar evidência diária das complicações relacionadas a deambulação alterada, identificar o nível de independência da paciente com uso da escala de mobilidade funcional. Considerações finais: Após a execução da SAE, espera-se atingir os seguintes resultados: alcançar a ingestão nutricional adequada, melhorar o peso e maximizar a deglutição; alívio da dor dentro de um intervalo de tempo razoável depois da administração do medicamento prescrito; ingestão de nutrientes suficientes para manter a saúde; evitar diarréia e hiperglicemia; lidar com a condição clínica atual sem demonstrar sinais severos de ansiedade; retorno normal do padrão de eliminação da paciente; manter ou melhorar a força muscular e a amplitude de movimento articular, e sem complicações associadas a deambulação prejudicada, como alteração na integridade da pele, contraturas, estase venosa ou formação de trombo. Os acadêmicos puderam vivenciar a importância da implementação dos cuidados na melhora da qualidade de vida do paciente e entender que, somente é possível a prestação de um cuidado de Enfermagem de qualidade, quando o profissional se atrela a visão holística do paciente/cliente, que está sob seus cuidados integralizados em uma rede de encontros interdisciplinares em ensino-serviço sob a ótica do trabalho humanizado.Desafios necessários que contempla a da interdisciplinaridade no cotidiano do trabalho em saúde no contexto Amazônico.