175: Compreensão do processo saúde-doença e o Programa Mais Médicos: o melhor que vem dos territórios
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: ICB Sala 09 - Maloca    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
559 O CAMPO DA ATENÇÃO BÁSICA SOB A ÓTICA BOURDIEUSIANA: REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS
tarciso feijó da silva, Tatiana Cabral da Silva Ramos, Mariana de Almeida Jorge de Azevedo, Ana Carolina Lopes Neves, Susana Reis Ferreira, Helena Maria Scherlowski Leal David

O CAMPO DA ATENÇÃO BÁSICA SOB A ÓTICA BOURDIEUSIANA: REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS

Autores: tarciso feijó da silva, Tatiana Cabral da Silva Ramos, Mariana de Almeida Jorge de Azevedo, Ana Carolina Lopes Neves, Susana Reis Ferreira, Helena Maria Scherlowski Leal David

Introdução: A Atenção Básica na rede de atenção em saúde tem assumido a responsabilidade pela ordenação e coordenação do cuidado o que confirma sua relevância para os serviços de saúde no Brasil. O conceito de campo de Pierre Bourdieu, nesta perspectiva, permitiu reconstruir sentidos sobre a Atenção Básica como campo. Objetivo: Estabelecer uma relação dialética entre o conceito de campo de Bourdieu, suas características e o campo da Atenção Básica. Métodos: O estudo foi desenvolvido a partir da reflexão sobre a gênese do conceito de campo, suas diferentes concepções e características apreendidas e discutidas a partir das obras do teórico Pierre Bourdieu em aproximação com o campo da saúde, especificamente com o campo da Atenção Básica.  Resultados: Identificou-se que à luz de Bourdieu o campo da Atenção Básica pode ser visto como um campo estruturado por diferentes posições com propriedades específicas e objetos em disputa, assim como um espaço social para produção do cuidado e do conhecimento. Conclusão: Percebeu-se que os modelos de atenção em saúde adotados ao longo do tempo emergiram como sendo responsáveis por orientar o campo da Atenção Básica, por determinar as características do mesmo, assim como por construir sentido sobre as ações desenvolvidas pelos agentes que nele atuam.

863 Compreensão do processo saúde-doença: bases para intervenções em enfermagem.
Elielson paiva sousa, jessica soares barbosa, dayana de nazaré antunes Fernandes, Jayme renato maia abreu cordeiro, leila gabrielle costa macedo, barbara Cybelle monteiro lopes, erika rego da cruz, Vera Lúcia de azevedo lima

Compreensão do processo saúde-doença: bases para intervenções em enfermagem.

Autores: Elielson paiva sousa, jessica soares barbosa, dayana de nazaré antunes Fernandes, Jayme renato maia abreu cordeiro, leila gabrielle costa macedo, barbara Cybelle monteiro lopes, erika rego da cruz, Vera Lúcia de azevedo lima

A concepção acerca do processo saúde-doença é dinâmica e varia conforme a trajetória da história, oriunda de percepções relacionadas a fatores culturais, históricos, sociais, econômicos, ambientais e até políticos. Cada indivíduo tem uma percepção sobre os processos que envolvem o adoecimento e reestabelecimento da saúde, isso significa que conceituar saúde e doença é no mínimo complexo por existir diversas dimensões que vão muito além do significado das palavras. Nesse âmbito a epidemiologia tem papel relevante na construção do conhecimento acerca do processo saúde-doença no âmbito das populações, por meio do seu método de gerar dados concretos que podem fornecer apoio para a saúde pública de forma geral. Mas, é no âmbito do ensino das bases epidemiológicas na graduação dos cursos de saúde que se entende quão relevante é sua introdução quando se analisa a significação do processo saúde-doença no tocante a população e seu contexto, ou seja, o ensino da epidemiologia acomoda bases que proporcionarão aos estudantes de saúde, como por exemplo, futuros enfermeiros, a entender o significado de adoecimento e reestabelecimento da saúde em todas as dimensões existentes para aplicar intervenções futuras no que diz respeito à saúde do indivíduo e comunidade. Diante de tal contexto, propõe-se como questionamento: Como os indivíduos percebem o processo saúde-doença? Isso pode ajudar em futuras intervenções realizadas por parte de futuros profissionais de saúde? Objetiva-se, portanto, compreender as diferentes percepções sobre o processo saúde-doença e os fatores associados o determina a fim de instigar como o futuro profissional de enfermagem pode incluir as noções desse processo na assistência e intervenção. Método do estudo: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa e qualitativa, realizado no período de 01 de outubro a 31 de dezembro de 2016, aplicando-se 12 questionários para com indivíduos residentes atualmente na cidade de Belém do Pará. As perguntas que nortearam a pesquisa e estudo foram: O que significa na sua concepção ter saúde? E o que contribui para que as pessoas tenham saúde? O que significa na sua concepção estar doente? E o que faz com que as pessoas adoeçam? Com bases nas entrevistas concretizadas foram incluídos todos os 12 indivíduos do grupo amostral, escolhidos de forma aleatória. A partir do questionário, as informações foram condensadas, analisadas pelo crivo matemático, utilizando estatísticas e porcentagens, e colocadas em forma de tabelas e quadros, utilizando o programa Microsoft Office Excel, para promover a leitura e a identificação de dados relevantes que incluíam iniciais do nome, idade, sexo, religião, renda, naturalidade, estado civil, escolaridade e profissão somadas às respectivas respostas dos entrevistados acerca do processo saúde-doença. Resultados: Este estudo verificou a avaliação das diferentes percepções acerca do processo saúde-doença que cada indivíduo dentro do grupo amostral pesquisado, apresenta, de forma a possibilitar que tais concepções do senso comum são importantes na prática dos futuros profissionais de Enfermagem. A maioria das pessoas entrevistadas no questionário aplicado citou a questão da atividade física, o que é um ponto positivo, mesmo elas não possuindo um aporte de conhecimento científico e visão profissional que correlacionasse manutenção da saúde e exercício físico. É importante frisar que os dois idosos entrevistados não citaram atividade física na concepção sobre saúde. Isso revela que é necessário promover esse ideal para com pessoas de tal faixa etária. No que diz respeito à outra correlação feita para com o processo saúde-doença, a nutrição adequada e correta foi um fator citado e lembrado pela maioria dos entrevistados, assim como no aspecto do que eles entendem por doença. A falta de certos nutrientes, assim como hábito alimentar incorreto, com excesso de gorduras é bem apreendida pelo senso comum como fator influenciador direto no processo saúde-doença. Os participantes deste estudo percebem também que a questão do bem-estar com si mesmo é relevante no que eles entendem por processo saúde-doença. Isso revela que âmbito psicológico merece atenção. Os entrevistados em sua maioria compreendem o quão a saúde mental, psique e autoconceito são importantes para uma pessoa. Exemplo disso, quando uma mulher sofre violência psíquica por não se enquadrar em determinado padrão de beleza, esta não se encontra em bem estar, logo não há totalidade em saúde. Já a questão da variável ambiente foi outro ponto abordado pelos participantes do estudo fazendo parte da concepção saúde-doença. Isso é importante, pois se o ambiente ao qual se encontra a pessoa é poluído ou é escasso o saneamento básico, as chances de ocorrência de doença são maiores. Evidenciou-se que apenas duas pessoas, dentro do grupo amostral do presente estudo, citaram diretamente o quesito renda quando se perguntou sobre a concepção saúde-doença, isso revela que nem sempre todo o dimensionamento que abrange tal processo é apreendido pelas pessoas. Ter renda satisfatória contribui para que os indivíduos tenham qualidade de vida, pois, em comunidades de baixa renda algumas doenças são mais prevalentes. Considerações finais: Nesse sentido, é necessário que o futuro profissional da enfermagem se prepare para entender as diversas percepções sobre saúde-doença e as variáveis envolvidas a elas, uma vez que as intervenções devem levar em consideração o indivíduo em suas peculiaridades e o ambiente ao qual se encontra. O futuro profissional de enfermagem deve captar durante a graduação aspectos que busquem entender o que cada pessoa pensa sobre processo saúde-doença a fim de oferecer assistência para com o indivíduo e compartilhar de percepções do mesmo processo com o intuito de orientar o usuário de saúde de acordo com suas peculiaridades dentro de todo um contexto social, econômico e cultural, e, na pesquisa realizada o grupo amostral pesquisado soube observar os vários determinantes que influenciam a saúde-doença, utilizando aporte do conhecimento oriundo do cotidiano, assim como seus conhecimentos provenientes dos mais variados níveis de escolaridade. As questões que envolviam sexo, renda, estado civil e religiosidade da pessoa entrevistada ajudaram a esclarecer se alguns desses aspectos influenciariam na concepção saúde-doença que as pessoas têm, mas de forma geral as respostas eram semelhantes, visto que tiveram percepção ampla sobre o processo saúde-doença, apesar de algumas ressalvas. Desse modo, é necessário que os indivíduos compreendam os fatores que afetam a saúde para manter esse estado, assim como o profissional deve entender isso a fim de orientá-los na promoção da saúde.

918 A produção do cuidado e usuário guia : uma revisão integrativa
Lucimara Victorino Cardoso Pais dos Santos, Maria Eduarda Romanin Seti, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Melchior

A produção do cuidado e usuário guia : uma revisão integrativa

Autores: Lucimara Victorino Cardoso Pais dos Santos, Maria Eduarda Romanin Seti, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Melchior

Apresentação As necessidades de saúde, que são amplas, vão desde as boas condições de vida, ao direito de ser acolhido, escutado, desenvolver vínculo com uma equipe que se responsabilize pelo cuidado continuamente e ter acesso a todos os serviços e tecnologias que se façam necessários. Na área da saúde temos uma supervalorização do trabalho hegemônico, centrado nas tecnologias duras e leve-duras. A produção do cuidado em saúde não se deve limitar à realização de procedimentos técnicos, visto que, há uma relação entre o usuário e o trabalhador. Uns cenários oferecem mais tempo e várias possibilidades de encontro, outros cenários são mais duros, proporcionam encontros pontuais. Sempre há intensidade nos encontros e deve-se produzir uma estratégia, para que a vida que vem junto com o usuário possa ser levada em consideração e para que o usuário  sejam parte fundamental da  produção do cuidado. No processo de trabalho em saúde há um encontro de conhecimentos e concepções distintas entre o agente produtor e o consumidor. O agente consumidor, com suas subjetividades, no meio no qual está inserido tem um papel importante no resultado final, pois é um agente ativo do processo de saúde e é, em parte, objeto do ato produtivo. É no plano da vida e da produção de vida que o cuidado se efetiva, uma ferramenta para analisar a produção do cuidado é o usuário guia, que se trata da narrativa de um encontro. Todos estes encontros aos poucos vão escrevendo uma história centrada em um referencial, o usuário. O usuário guia tem as características de um caso traçador do cuidado- louco muito louco- escolhido entre os usuários que circulam nas redes e estações de cuidado. Este usuário, considerado louco muito louco, é considerado aquele que demanda muitas redes de cuidado, um caso que desestabiliza a equipe, onde os profissionais ficam perdidos e não sabem o que fazer, desta forma o objetivo do estudo foi  conhecer como o usuário guia aparece na produção do cuidado da área da saúde. A escolha do usuário guia se faz utilizando como critério central ser um caso de alta complexidade para a rede de cuidado, em situação de crise, que traz como consequência o fato de ser um grande utilizador de práticas cuidadoras nas redes em oferta. A dinâmica traz á tona e dá visibilidade aos desconfortos e dificuldades causados pelo usuário durante o seu percurso pelo serviço.O usuário serve de base para a formação de uma cartografia, que se preocupa mais com os encontros e com os afetos que eles produziram. Uma cartografia de como o cuidado se produziu. Assim, o usuário-guia é uma das possibilidades para colocar em análise a produção do cuidado, que não é simples de ser estudado, já que ele é produzido em ato pelos profissionais da saúde, e também é consumido em ato. Portanto, o usuário é tomado como principal referência. Desenvolvimento A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão integrativa, onde permite a síntese de múltiplos assuntos, contribui para o agrupamento de dados e análise dos resultados, visando à compreensão de um determinado tema a partir de outros estudos independentes. As etapas metodológicas utilizadas para a revisão integrativa foram, identificação do tema, seleção da pergunta norteadora e hipóteses; estabelecimento do objetivo de pesquisa; estabelecimento de critérios de exclusão e inclusão, com base na pergunta norteadora, análise dos títulos e resumos. Caso os títulos e resumos não sejam suficientes para definir a seleção inicial, será realizada a leitura integra do artigo/texto. Portanto ocorrerá a escolha das informações a serem retiradas dos estudos, avaliação e análise dos estudos incluídos na revisão, interpretação dos resultados e apresentação da síntese. A busca de artigos e textos para o embasamento do projeto não teve especificação de tempo, por se tratar de um tema novo e com pouca produção científica.  Foi realizada a busca nas bases de dados Scielo (Scientific Eletronic Library On-line), Google, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), produções gerais de área da saúde, onde as palavras chaves procuradas foram “usuário guia”, “produção do cuidado”. Resultados e impactos A partir da análise proposta, chegou-se a 465 artigos, 113 artigos foram excluídos por duplicidade, após a primeira revisão interpares 217 artigos foram excluídos na leitura dos títulos, por não trazerem a temática do estudo,  90 artigos foram excluídos após a leitura dos resumos, por não terem trazido a temática do usuário guia, chegou-se a 23 artigos para a leitura na íntegra. Os artigos selecionados para a leitura na íntegra trouxeram como eixos temáticos em comum o usuário guia e a sua importância na produção do cuidado, além da experiência da cartografia e da troca de subjetividades entre os profissionais da área da saúde e os usuários. O usuário-guia é uma das possibilidades para colocar em análise a produção do cuidado, que não é simples de ser estudado, já que ele é produzido em ato pelos profissionais da saúde, e também é consumido em ato. Considerações finais A literatura aponta que o usuário guia tem grande importância no estudo da produção do cuidado, pois se trata de uma cartografia dos encontros dos usuários, profissionais da saúde e todas as outras pessoas envolvidas neste encontro, além disso, possibilita pensar e inventar fora das regras, protocolos e das certezas, abrindo espaços para os momentos imprevisíveis.  Podemos notar que a produção do cuidado vai muito além da realização de procedimentos, e ocorre também nos encontros. A produção do cuidado em ato permite a troca entre atores sociais, que nesse contexto do cuidado é representada por cuidador e usuário que podem, ou não, realizar mutuamente trocas por meio de processos de subjetivação. Podemos acompanhar a trajetória do usuário guia por meio da cartografia, que é produzida ao mesmo tempo em que ocorre a desconstrução de conceitos de certos mundos e a formação de outros, que são criados para expressar afetos. O pesquisador deixa de ser neutro e é atravessado pela produção dos encontros e pelos diferentes tipos de subjetividades. A cartografia difere dos modelos tradicionais de produção do conhecimento, o cartógrafo, no momento em que é atravessado pela produção dos encontros, mergulha nas intensidades, interpreta e digere os mapas instituídos, dando voz aos afetos que são produzidos na relação entre o usuário e o pesquisador, compondo os movimentos da pesquisa. No entanto o tema apresenta pouca produção científica, por se tratar de um tema novo e ainda pouco estudado.  

1104 A IMPORTÂNCIA DA SEMIOLOGIA NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE CUIDAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Daniele Moura Vinente, Diego da Silva Tamaturgo, Reny Bastos Martins

A IMPORTÂNCIA DA SEMIOLOGIA NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE CUIDAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Daniele Moura Vinente, Diego da Silva Tamaturgo, Reny Bastos Martins

Introdução: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), número 9.394/96 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, define no artigo 43 que o ensino superior estimule a criação cultural, o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo do desenvolvimento da sociedade, atribui também ao ensino superior a missão de colaborar na formação contínua, incentivando o trabalho de pesquisa e investigação científica; estimular o conhecimento dos problemas atuais do mundo, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer, com esta, uma relação de reciprocidade (1). Com isso podemos atribuir um espaço formal como a sala de aula, um instrumento do ensino que propicia ao discente base científica para que o mesmo possa fundamentar seus conhecimentos e técnicas especializadas, correlacionando teoria à prática na realização as atividades que são de sua responsabilidade. A Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, regulamentada pelo Ministério da Educação (MEC), dispõe sobre o estágio de estudantes, o que possibilita executar seus conhecimentos teóricos, favorecendo o desenvolvimento das suas habilidades (2), reforçando o pressuposto de que é necessário que o discente de enfermagem passe por estágios supervisionados, sendo uma das primeiras vivências destes na disciplina de Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem, que busca enfatizar a sistematização do processo de enfermagem e o processo de cuidar do indivíduo. Objetivo: O objetivo deste trabalho é descrever a experiência e a importância da pratica hospitalar na disciplina de Semiologia em Enfermagem na construção do processo de cuidar. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, uma forma metodológica que permite descrever as experiências vivenciadas. Apresenta-se como um estudo de caráter qualitativo, o qual evidencia aspectos subjetivos coletados dentro do ambiente hospitalar (3). Este relato de experiência realizou-se com base na prática hospitalar de dois acadêmicos de enfermagem no decorrer da disciplina de Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem, no 4º semestre do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas. As atividades práticas foram desenvolvidas na enfermaria clínica de um hospital público na cidade de Manaus, durante o 1 o semestre do ano de 2016. Os acadêmicos tiveram a oportunidade de realizar atividades relacionadas a assistência de enfermagem e ao acompanhamento da evolução do quadro clinico dos pacientes durante as aulas práticas. As atividades eram realizadas supervisionadas pela da professora/preceptora da disciplina e no final de cada dia da pratica hospitalar os acadêmicos realizavam em uma roda de conversa discussões sobre os casos clínicos dos quais eles prestavam a assistência de enfermagem e correções da sistematização de enfermagem individualmente. Resultados e Discussão: Inicialmente os alunos eram apresentados ao campo prático, conhecendo estruturas, equipamentos, materiais utilizados no decorrer das atividades e funcionários da instituição acolhedora. Procedendo, se dividiram duplas para o decorrer dos dias a serem cumpridos na instituição, assim como dadas orientações a cerca das formas de atendimento, divisão de tarefas, e revisão de técnicas utilizadas no cotidiano de uma enfermaria clínica. Dentro da divisão de tarefas, durante os dias de atividade prática, as duplas eram divididas para realização de procedimentos e acompanhamento sistemático de pacientes internados na enfermaria, onde o principal instrumento utilizado para o acompanhamento destes pacientes se tratava do Processo de Enfermagem. Dentre os diversos procedimentos rotineiros realizados em uma enfermaria, os alunos também eram submetidos a um processo de educação em saúde, onde os mesmos eram desafiados a realizar atividades educadoras que englobassem tanto funcionários da instituição, quanto pacientes e seus acompanhantes. Atividades estas que se referiam principalmente à diminuição de índices de infecção hospitalar por meio de práticas de higiene como, por exemplo, a lavagem de mãos, e também a diversas reações medicamentosas que podem ser encontradas rotineiramente em um ambiente hospitalar. Durante todo o período de atividade prática, ao fim de cada dia eram realizadas rodas de conversa dentro do grupo, onde se discutia cada caso abordado, descrevendo condutas terapêuticas de enfermagem, colocando e prática a Sistematização da Assistência de Enfermagem, e principalmente debatendo ocorrências e evolução de cada paciente acompanhado. Percebeu-se que durante a realização de tais rodas de conversa, o aluno se sentia bastante confortado para descrever a sua vivência diária, de forma que tal elemento se tornasse bastante agradável e de importante relevância na formação acadêmica, considerando o fato de que o aprendizado conjunto é um passo para difusão de conhecimento. Conclusões: Por muitas vezes em um primeiro contato com o paciente, o aluno se apresenta ansioso, de forma que tal ocorrência possa vir a afetar no seu atendimento, porém com boa base teórica vemos que existem certos desafios que podem ser superados rotineiramente por alunos acompanhados de perto e com uma boa instrução. A principal dificuldade encontrada no decorrer das atividades práticas, se trata justamente do fato de se associar na maioria das vezes o que se aprende em sala de aula com o contato real, onde tudo é diferente, e muitas vezes não se encontra suporte necessário para realização de uma assistência de excelência, principalmente quando se relaciona tal afirmação à falta de materiais e equipamentos que vivenciamos em todo país. Notou-se que a disciplina em si, traz consigo uma carga de aprendizagem bastante satisfatória para o aluno que vivencia tal experiência, onde o mesmo torna-se capaz de desenvolver diversas habilidades que são de grande importância na carreira profissional, seja de raciocínio clínico e crítico, ou mesmo no desenvolvimento iniciativa para tomadas de decisão, liderança e autonomia.

1441 Sistematização da assistência de enfermagem (SAE): Os desafios e seus paradigmas sob uma revisão bibliográfica.
ANDREIA AMARAL ALVES, Ana Paula ALMEIDA Alvarenga, maria da conceição cavalcante farias, ANA CARINA DINIZ CAVALCANTE, JHENIFFER EMANUELLA CARVALHO DOS SANTOS

Sistematização da assistência de enfermagem (SAE): Os desafios e seus paradigmas sob uma revisão bibliográfica.

Autores: ANDREIA AMARAL ALVES, Ana Paula ALMEIDA Alvarenga, maria da conceição cavalcante farias, ANA CARINA DINIZ CAVALCANTE, JHENIFFER EMANUELLA CARVALHO DOS SANTOS

INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas a enfermagem vem passando por significativas transformações tanto em suas práticas como em suas teorias, a SAE como instrumento de trabalho tem alcançado novos objetivos no sentindo de melhorar a qualidade no atendimento ao indivíduo. A sistematização organiza a assistência das ações, as quais são baseadas no desenvolvimento de metas e resultados, bem como a de um plano de cuidados destinados a assistir o cliente na resolução dos problemas diagnosticados. Verificou-se, que o modelo mais usado e seguido no Brasil, é do processo de enfermagem, autores conceituados afirmam que a SAE melhora a qualidade da assistência e dá maior autonomia aos profissionais de enfermagem. OBJETIVO: Através deste trabalho queremos refletir sobre os desafios e paradigmas que a enfermagem precisa superar para realizar a implementação da SAE. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada através de sites de indexação cientifica Scientific Electronic Library Online (SciELO) BVS , PUBMED, LILACS e Bireme, no período de agosto a setembro de 2016, utilizaram-se 11artigos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Evidenciou-se que durante a realização da SAE muitos enfermeiros se deparam com diversos fatores cruciais na sua implantação, necessitando de uma adequação da mesma à realidade do momento e da instituição de saúde, uma vez que muitas apresentam problemas administrativos e assistenciais, principalmente, nas organizações públicas, sendo considerada como entraves na melhoria da qualidade assistencial, a falta de correlação entre as fases constitui uma barreira de utilização do processo de enfermagem, levando a uma redução da valorização da SAE. QUANDO APLICADOS: Para uma efetiva implementação da SAE, é necessário haver o comprometimento da chefia de enfermagem, promovendo reuniões para elaborar um plano de ações, incluindo a sensibilização da equipe para a importância dessa metodologia, deve também construir coletivamente os meios para viabilizar a execução do processo. CONCLUSÃO: A SAE deve ser reconhecida por todos os profissionais de enfermagem como uma metodologia de trabalho que visa promover o cuidado sistematizado ao cliente, portanto para que haja a compreensão de sua relevância e a plena efetivação de suas etapas, é necessário que toda equipe esteja envolvida nesse processo. Por fim, cabe destacar que nada adianta utilizar a SAE como “receita de bolo”, mas sim adequá-la de acordo com a realidade de cada instituição, assim contemplando à resistência de alguns enfermeiros e quebrando o tabu de que esse instrumento veio para somar e avigorar a autonomia do profissional.

4339 INDICADORES, METAS E RESULTADOS COMO ANALISADORES DO TRABALHO DO APOIADOR INSTITUCIONAL: INDICATIVOS DA NOVA GESTÃO PÚBLICA NA SAÚDE?
Cinira Magali Fortuna, MARISTEL SILVA KASPER, MÔNICA VILCHEZ DA SILVA, ERIKA CRISTINA DINIZ, GLÁUCIA TAMBURÚ BRAGHETTO, GABRIELA ALVAREZ CAMACHO, MÁRCIA NIITUMA OGATA, ADRIANA BARBIERI FELICIANO

INDICADORES, METAS E RESULTADOS COMO ANALISADORES DO TRABALHO DO APOIADOR INSTITUCIONAL: INDICATIVOS DA NOVA GESTÃO PÚBLICA NA SAÚDE?

Autores: Cinira Magali Fortuna, MARISTEL SILVA KASPER, MÔNICA VILCHEZ DA SILVA, ERIKA CRISTINA DINIZ, GLÁUCIA TAMBURÚ BRAGHETTO, GABRIELA ALVAREZ CAMACHO, MÁRCIA NIITUMA OGATA, ADRIANA BARBIERI FELICIANO

Apresentação: Os diferentes modos de gestão dos processos de trabalho desvelam modelos teóricos e arranjos institucionais que representam, em grande medida, a permanente dialética entre capital e o trabalho. Dentre os referidos modelos, as teorias da administração e as teorias gerenciais carregam importantes disputas entre saberes e poderes antagônicos. Nos anos 2000, um novo modelo de gestão oriundo da área da administração vem sendo introduzido nas áreas da saúde e educação sob a designação de “Nova Gestão Pública” (POLLITT; BOUCKAERT, 2002, FLYNN; STREHL, 2003). O modelo traz como conceitos a qualidade, a eficácia, a construção de indicadores e avaliação, com a valorização de dados objetivos/quantificáveis em detrimento das relações subjetivas/qualitativas indispensáveis nas relações entre gestão-trabalhador de saúde-usuário. Em 1995, o Brasil e o Chile foram os países pioneiros da América Latina a iniciarem a reforma gerencial (BRESSER-PEREIRA, 2017). Em curso, aparece o Programa de Melhoria de Gestão (PMG) do Chile, com o propósito de modernização da administração pública. No Brasil, podemos dizer que vivemos a implementação do SUS influenciadas por essa lógica. No contraponto desse modelo gerencial, no mesmo período, alguns estudiosos brasileiros da área da saúde analisaram contextos e práticas com a centralidade no usuário e a valorização do trabalhador, desenvolvendo projetos, dispositivos,métodos de planejamento, organização do trabalho, processos gerenciais e de gestão com base nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (MERHY, 1997, CAMPOS, 2000, FRANCO; MERHY, 2003, MALTA; MERHY, 2003, FELLI; PEDUZZI, 2005, MERHY, 2005). Alguns desses autores destacaram a precarização do trabalho, a alienação, o comando do trabalho pelas tecnologias duras em detrimento das tecnologias leves e leve-duras, a hiperespecialização, dentre inúmeros outros efeitos sentidos nos primeiros anos da década de 2000. O objetivo deste trabalho é refletir sobre indicadores, metas e resultados como analisadores do trabalho do apoiador institucional. Desenvolvimento do trabalho: Consiste na apresentação de dados parciais da pesquisa “Apoio Institucional e Educação Permanente em Saúde em uma região de saúde do interior de São Paulo: uma pesquisa intervenção” (PPSUS-FAPESP 2016/15199-5), realizada com 34 apoiadores da Política Nacional de Humanização (PNH) e articuladores da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), de 24 municípios do Departamento Regional de Saúde de Araraquara/SP (DRS-III). A pesquisa utiliza o referencial teórico-metodológico da Análise Institucional (LOURAU, 2014), linha Socioclínica (MONCEAU, 2013). Tal referencial indica a atenção aos analisadores como um dos princípios do trabalho na análise institucional. O analisadorconsiste em elementos ou ações que fazem a instituição "falar", ou seja, que mostram o que é oculto na instituição, podendo ser por meio de atitudes, da fala e dos gestos praticados pelos sujeitos (LOURAU, 2014). A produção dos dados da pesquisa tem ocorrido por meio de sessões de grupos de discussão entre os pesquisadores, articuladores de EPS e apoiadores da PNH, com periodicidade mensal, intercaladas com sessões de restituição das análises. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética, sob Protocolo nº CAEE 68438217.8.0000.5393, Parecer nº 2.151.677. Resultados e/ou impactos: A questão da precarização das relações de trabalho representa um grande desafio à atuação dos apoiadores. Essa situação pode desencadear a resistência dos trabalhadores para a participação nas atividades propostas pelos apoiadores. Este é um problema de difícil governabilidade podendo acarretar inseguranças e descontinuidade no trabalho conforme evidenciam as falas a seguir: “[...] Porém nesse momento, a gente teve um processo judicial [...] vai ter que desmembrar alguns funcionários que não são concursados. Apesar de estarem com a gente há muito tempo, eles terão que ser dispensados. Então e querendo ou a gente tá meio em stand-by nesse começo de ano... pra ver se vai haver concurso, se vai haver ingresso desses funcionários como concursados. Então vai ser feito e a gestão tem até junho para se posicionar efetivamente. Então a gente, nesse começo de ano, a gente ainda até suspendeu as reuniões [...]” (Grupo 2 - 16/03/2017). “[...] porque o nosso último prefeito, ele queria que os funcionários rodassem: “ah não tá bom aqui? Três meses aqui, três meses lá [...]” (Grupo 2 - 16/03/2017). Apontam também que o cuidado tem sido operado pela necessidade de cumprimento de indicadores, levando ao produtivismo pelo produtivismo. A perseguição e o cumprimento de indicadores parece ser objeto de atuação e intervenção dos gestores. Por vezes, esta questão é gerada nas demandas do próprio Ministério da Saúde que tem sido indutor dos indicadores que os municípios devem pactuar e cumprir nos seus processos de gestão. Esse cumprir de metas  atravessa o trabalho e a atuação dos apoiadores. A questão que se coloca não é o cumprir ou não as metas, masa finalidade do trabalho em saúde que parece se deslocar ainda mais do cuidado para a realização de procedimentos. Problematizar o cumprimento das metas junto aos gestores e trabalhadores pode ser um caminho de atuação aos apoiadores. Um dos municípios realiza encontros denominados “Café com Resultados”, os quais são restritos aos gestores que ficam com a atribuição de compartilhar com os trabalhadores: “[...] café com resultados”. Toda última sexta feira do mês. A gente fez um... Onde os gestores estão aprendendo junto a olhar os seus números, os seus faturamentos, as suas produções, o que um faz o outro poderia fazer […]” (Grupo 2 - 16/03/2017). Práticas roteirizadas tendem a reforçar o produtivismo e esvaziam a construção de processos de trabalho participativos podendo gerar uma certa alienação do trabalhador, da produção do cuidado em saúde, segundo as necessidades demandadas em cada território, uma vez que se uma equipe cumpre determinado quantidade de procedimentos, isto é tomado como estímulo para que outras equipes cumpram também. Tem-se percebido práticas de gestão que expropriam o trabalhador dos espaços de construção dos processos em saúde, mas impõem sobre esses exigências de produtivismo e resultados.  Considerações finais: Os indicadores, metas e resultados atravessam o trabalho do apoiador institucional, podendo constituir-se como analisadores. A reflexão sobre esses aspectos é fundamental e auxilia na compreensão de que esses indicadores, vindos do novo modo de gestão pública, se tomados de forma acrítica, podem não refletir na melhoria da qualidade do cuidado. Pelo contrário, podem comprometer construções sociais ligadas ao bem público e favorecer a abertura irrestrita a modelos de gestão que estão a serviço do capital e não, propriamente, do trabalho em saúde.

1006 A integralidade nas práticas do Programa Mais Médicos no Rio de Janeiro
Cassiano Franco, Patty Almeida, Lígia Giovanella, Inara Russoni

A integralidade nas práticas do Programa Mais Médicos no Rio de Janeiro

Autores: Cassiano Franco, Patty Almeida, Lígia Giovanella, Inara Russoni

A baixa oferta de médicos em áreas remotas e desfavorecidas é um obstáculo ao acesso universal e à garantia da qualidade do cuidado em saúde. O Programa Mais Médicos (PMM), até o ano de 2015, incorporou 18 mil profissionais ao Sistema Único de Saúde para atuação na atenção primária à saúde, sendo 79% cubanos. A incorporação de médicos estrangeiros suscitou debates quanto a abrangência e o escopo das práticas destes profissionais. Este estudo analisou a integralidade das práticas dos médicos cubanos no PMM por meio de pesquisa qualitativa, realizada em território selecionado no município do Rio de Janeiro, através de entrevistas com médicos cubanos (24) e grupo focal com supervisoras do PMM (4). A integralidade nas práticas, de acordo com a literatura utilizada pelos autores, foi analisada em duas dimensões: abordagem biopsicossocial do cuidado, com orientação comunitária; e elenco de ações de promoção, prevenção e assistência. A atuação dos médicos cubanos apresentou elementos condizentes à integralidade das práticas na atenção primária, com prestação de um leque amplo de ações e serviços, coerente com a complexidade dos problemas de saúde e pluralidade dos cenários. Os profissionais possuem marcada capacidade de inserção comunitária, enfoque preventivo, planejamento de ações e bom relacionamento interpessoal na equipe, identificando-se posturas e técnicas de acolhimento, vínculo e responsabilização. Desafios foram sinalizados quanto à promoção de práticas participativas, ampliação da autonomia de usuários nas decisões clínicas, manejo de problemas de ordem psíquica, sistematização de metodologias e modelos de conduta e realização de procedimentos invasivos. Os resultados indicam que o PMM, além do acesso às consultas médicas, oferta cuidados integrais em saúde e contribui para o fortalecimento da atenção básica no país.

1851 Atenção básica na Tríplice Fronteira Amazônica: uma análise sob a ótica da atuação do Programa Mais Médicos
Camila Soares Teixeira, Rodrigo Tobias de Sousa Lima, Júlio César Schweickardt, Michele Rocha de Araújo El Kadri

Atenção básica na Tríplice Fronteira Amazônica: uma análise sob a ótica da atuação do Programa Mais Médicos

Autores: Camila Soares Teixeira, Rodrigo Tobias de Sousa Lima, Júlio César Schweickardt, Michele Rocha de Araújo El Kadri

O interesse pelas dinâmicas migratórias e de demandas pelo uso dos serviços de saúde que ocorre nas faixas de fronteira, vem crescendo potencialmente, principalmente pelo enfoque da potencialização da atenção básica dada a implantação do Programa Mais Médicos. A relação entre espaços geográficos e a incidência de doenças levam em consideração que a doença não pode ser isolada do contexto social, físico e cultural.  No contexto das três macrorregiões de fronteira, são eles: Arco Norte, Arco Central e Arco Sul, totalizando mais de 15 mil km de fronteira, e divisa com 10 países. Dados demográficos revelam que, o Arco Norte possui menos de 16% da população fronteiriça. As interações transfronteiriças entre esses países constituem o objeto de discussão deste estudo, uma vez que é necessário identificar e compreender a efetividade dos sistemas de saúde locais, bem como as ações de prevenção e controle de doenças e promoção de saúde. Ressalta-se que a universalização assistencial permanece como característica do sistema de saúde brasileiro, dessa forma supõe-se que os efeitos do PMM nas regiões de fronteira auxiliaram na dinâmica assistencial dos outros países, uma vez que a livre mobilidade fronteiriça faz com que pessoas de diferentes nacionalidades sejam atendidas através dos serviços brasileiros. Logo, faz-se necessário identificar e caracterizar o atendimento desses profissionais, como ferramenta para melhor compreensão da Política Nacional da Atenção Básica e sua articulação com as redes assistenciais paralelas. Dessa forma, em 2013 inicia-se a implementação do Programa Mais Médicos, como meio estratégico, principalmente, para cobertura assistencial de populações, como essa, em situação de vulnerabilidade. O objetivo do trabalho consistiu na análise dos efeitos do PMM na atenção básica na região de tríplice fronteira do Arco Norte, Amazonas, a partir da avaliação dos indicadores contidos no Rol de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores 2013-2015, anos de atuação dos primeiros ciclos do Programa Mais Médicos. Portanto, trata-se de estudo transversal, realizado no cenário da tríplice fronteira amazônica, com dados epidemiológicos secundários, coletados em dezembro de 2017, em que se realizou a análise descritiva dos dados. A presença do PMM em regiões de fronteira fortaleceu a atenção básica brasileira, entretanto pouco se tem conhecimento de seus efeitos para a população dos outros países. Tais dificuldades de isolamento, refletem principalmente no Arco Norte, onde as características geográficas restringem o acesso da população aos serviços de saúde e que o Programa Mais Médicos apresentou resultados positivos nestas localidades específicas. Entende-se ainda que a região de fronteira apresenta dois grandes desafios, o primeiro consiste nas interações capilares, onde reside o maior risco de transmissão de doenças; o segundo é observado nas regiões mais vulneráveis, aquelas isoladas, que apresentam baixa cobertura assistencial e profissional, em que as políticas públicas sociais e de saúde não conseguem ser executadas em sua totalidade.

2761 A Estratégia de Saúde da família na atenção na atenção a gestante e o Programa Mais Médicos
Nayara Maksoud, Rodrigo Lima, Tiótrefis Fernandes Fernandes

A Estratégia de Saúde da família na atenção na atenção a gestante e o Programa Mais Médicos

Autores: Nayara Maksoud, Rodrigo Lima, Tiótrefis Fernandes Fernandes

Analisar a contribuição do PMM no desempenho das ESF, a partir das variáveis que perpassam pelo cotidiano do trabalho na atenção a gestante, nas regiões consideradas prioritárias pelo SUS, nos dois primeiros anos de implantação do Programa. Métodos. Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, sobre a produção de trabalho das equipes de Estratégia de Saúde da Família, pertencentes ou não ao PMM nos anos de 2013 e 2014, com base em protocolos de validação, a partir de dados secundários oriundos de dois sistemas de informação do Sistema Único de Saúde (SUS) – SIAB, ESUS, ambas de acesso público.  Foram analisados indicadores, como a proporção de gestantes cadastradas e acompanhadas, proporção de gestantes com vacina em dia, proporção de gestante com pré-natal no mês, -proporção de atendimento de gestante com pré-natal no primeiro trimestre, proporção de gestante cadastrada de 10 a 19 anos. Resultados: O Programa Mais Médicos oportunizou maior acesso as gestantes na atenção ao pré-natal, inclusive em áreas de maior vulnerabilidade social. Alta proporção de gestantes na faixa etária de 10 a 19 anos e com maior concentração nas regiões mais vulneráveis do país, e nas equipes PMM e as capitais brasileiras com menor desempenho nas variáveis analisadas quando comparadas aos demais estratos de municípios, Conclusão: Os resultados sugerem que o PMM contribuiu para a ampliação do acesso a gestante ao pré-natal e a maior equidade na oferta deste serviço, além do estudo ratificar que o cuidado a gestante é imperativo e precisa ser prioridade na agenda dos profissionais de saúde.  

4917 O cotidiano do Programa Mais Médicos em Campo Grande/MS: manifestações e agenciamentos em curso
Jacinta de Fátima Franco Pereira Machado, Mara Lisiane de Moraes Santos, Leila Simone Foerster Merey, Vera Lúcia Kodjaoglanian

O cotidiano do Programa Mais Médicos em Campo Grande/MS: manifestações e agenciamentos em curso

Autores: Jacinta de Fátima Franco Pereira Machado, Mara Lisiane de Moraes Santos, Leila Simone Foerster Merey, Vera Lúcia Kodjaoglanian

Apresentação Em geral, as políticas indutoras de mudanças no modelo tecnoassistencial em atenção primária no SUS carecem de dispositivos de desterritorialização, cujos agenciamentos pouco contribuem com as transformações propostas. No município de Campo Grande/MS, o Programa Mais Médicos figura como objeto de pesquisa do Observatório Microvetorial de Políticas Públicas de Saúde e Educação em Saúde-Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma pesquisa cartográfica junto aos médicos, gestores, trabalhadores de saúde e usuários do Programa Mais Médicos, durante os agenciamentos realizados nesse contexto. Esta pesquisa aborda as afecções manifestadas pelos sujeitos do trabalho em seus enfrentamentos cotidianos no ato de cuidar, seus problemas relevantes, potencialidades e fragilidades no decurso desse programa. Objetivo Analisar as manifestações e problematizações dos participantes da segunda Oficina do Programa Mais Médicos no município de Campo Grande/MS. Método O estado de Mato Grosso do Sul realizou em 27/10/2017 a segunda oficina Mais Médicos, reunindo médicos, membros das equipes e gestores de unidades de saúde da família do município de Campo Grande, visando a problematização do cotidiano do trabalho desses asujeitos. As questões que nortearam a discussão focaram os desafios do trabalho, suas potencialidades, fragilidades, bem como enfrentamento dos problemas elencados, mediante elaboração de um plano de ação. Os participantes foram divididos em grupos de discussão, onde deveriam refletir sobre o cotidiano do processo de trabalho em saúde da família, elencar potencialidades e fragilidades e elaborar um plano de ação. As conversas trouxeram diferentes olhares, embates e afecções sobre os modos de acolher e cuidar. Os principais assuntos que emergiram nos grupos de trabalho foram sistematizados e apresentados a seguir. Resultados No grupo representado pelas UBSF São Conrado, Jardim Batistão, Zé Pereira, Serradinho, o conceito de acessibilidade variava quanto às formas de acolher o usuário. As UBSF São Conrado e Serradinho utilizavam o acolhimento como dispositivo de triagem e controle de demanda, com agendamento programado semanal e/ou mensal. Em outras (Jdim Batistão e Zé Pereira), as práticas do acolhimento traziam a perspectiva de inclusão da pessoa, segundo critérios de vulnerabilidade e risco. Em todas essas unidades, as visitas domiciliares têm sido diárias para determinados membros das equipes, que acionam outros profissionais segundo critérios de vulnerabilidade e risco biopsicossocial. Nesse grupo, apenas uma unidade mantinha agenda fixa para ações programáticas (hiperdia, idosos, tabagismo, gestantes, planejamento familiar), sendo um sinal positivo de ruptura com o paradigma da atenção fragmentada. Houve consenso no grupo acerca da reunião de equipe se desenvolver semanalmente por equipe, e mensalmente interequipes, pautando cronograma semanal/mensal, discussão de casos/PTS, planejamento de ações, capacitações, etc. A explicitação das potencialidades traduziu um bom fluxo de afetos entre os profissionais das equipes e comprometimento na produção do cuidado organizado. A precarização do trabalho em questões estruturantes, tais como equipes incompletas, falta de medicamentos, materiais de consumo, comprometia a resolubilidade. Outro ponto relevante apontado foi a baixa cobertura da ESF em campo Grande (44%), e, a conversão lenta ao E-SUS, acarretando retrabalho aos profissionais por digitação dupla dos procedimentos. O plano de ação proposto pelo grupo foi ampliar a resolutividade da AB, com ações de capacitação, telessaúde, matriciamento. O segundo grupo foi representado pelas UBSF Ana Maria do Couto, Mário Covas, Vila Fernanda, Paulo Coelho, São Conrado, Tarumã. O cotidiano de trabalho dessas equipes perpassava pelo acolhimento com escuta qualificada, que consensualmente era realizado em todas as unidades. No entanto, o sentido de acolhimento variava, ora como auxiliar de triagem para controle de demanda, ora como dispositivo de inclusão, conforme a necessidade de saúde. Por exemplo, a UBSF Ana Maria do Couto e São Conrado realizavam acolhimento uma vez na semana, com agendamento previsto para semana seguinte. Mário Covas e Tarumã realizavam acolhimento quinzenalmente. Paulo Coelho e Vila Fernanda, diariamente. Apenas Paulo Coelho conjugou o dispositivo de escuta qualificada de modo a diferenciar demanda e necessidade de saúde. Ora, se o acolhimento traz implícito o princípio de inclusão, sem hora nem dia marcado para acontecer, parece um contrassenso transformá-lo em ação programática. Quando ausente de escuta da demanda, restringe-se a acessibilidade. As reuniões de equipe acontecem semanal e quinzenalmente e todos os membros das equipes participam, exceto na UBSF Tarumã, que convida os ACS somente quando pauta assuntos pertinentes às suas atribuições. Não relataram os objetivos de tais reuniões. Ora, se a reunião de equipe representa um espaço aberto à revisão das práticas, deveria ter objetivos definidos e incluir todos os profissionais das equipes. Foram referidas boas condições em ambiência nas unidades e comprometimento dos profissionais com a produção do cuidado, ainda contabilizado por produção de procedimentos. A precarização da situação do trabalho foi manifestada por equipes incompletas, falta de insumos básicos e fragilidade na coordenação e continuidade do cuidado. O plano de ação focou no problema da atenção ao público masculino e propôs acolhimento e cuidado em horários estendidos uma vez na semana para atividades de atenção urológica, saúde sexual e reprodutiva, IST, tabagismo, alcoolismo, condições crônicas. Em relação aos problemas de gestão, o foco foi na melhoria do acesso à média e alta complexidade, implementação das equipes e provimento de insumos indispensáveis aos serviços. O terceiro Grupo referiu realização de agendamento semanal e relevou o compromisso das equipes e parcerias intersetoriais com NASF, academia e equipamentos sociais de apoio. A precarização do trabalho foi manifestada por equipes incompletas, áreas descobertas, alguns locais com estrutura física inadequada, falta de insumos básicos e produtos inerentes ao serviço. Nesse grupo, o plano de ação considerou a necessidade de enfrentamento ao problema de falta de informação do usuário e da participação do conselho local de saúde. A atividades propunham adoção de acolhimento e melhoria das informações ao usuário, bem como a implementação da reunião de equipe em discussão de casos e trocas de experiências. O grupo quatro explicitou organização da atenção por demanda espontânea e programada, porém ainda com dificuldade na classificação de risco e escuta qualificada, resultando em disparidade no agendamento programático e espontâneo, em visita domiciliar e reunião de equipe. As potencialidades enalteceram a união entre as equipes, o comprometimento e o trabalho em grupos. As fragilidades elencadas traduziram a precarização do trabalho por equipes incompletas, falta de materiais e insumos, a classificação de risco e questões culturais, tais como a desinformação e má educação do usuário diante do desequilíbrio entre oferta e demanda. A desordem crescente da demanda com epidemias de DST e condições crônicas. Problemas de desordem na gestão: falta de RH, insumos e duplicidade de sistemas de informação. O plano de ação contextualizou o problema da dificuldade de corresponsabilização do usuário e profissional de saúde com a promoção do cuidado. As atividades elencadas foram no sentido de aumentar a resolutividade da atenção básica, criar ambulatório diário de apoio ao acolhimento. Os processos grupais de agenciamentos do saber, poder e subjetivação valorizam os picos de desterritorialização, enquanto buscam fomentar novas associações no sentido de atualizar a potência desejante dos sujeitos e coletivos. Tais processos merecem ser considerados à luz da teoria do dispositivo, para que se possa analisar melhor seus efeitos.  

5111 Direitos Humanos, o SUS e o Programa Mais Médicos
Camila Soares Teixeira, Rodrigo Tobias de Sousa Lima, Rodrigo Tobias de Sousa Lima

Direitos Humanos, o SUS e o Programa Mais Médicos

Autores: Camila Soares Teixeira, Rodrigo Tobias de Sousa Lima, Rodrigo Tobias de Sousa Lima

Os direitos humanos consistem em garantias jurídicas universais e atuam como ferramenta de proteção social, buscando reduzir as desigualdades e discriminações, garantindo a todos uma cidadania plena conquistada a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) em 1948. Ainda na década de 1940, a constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a DUDH reconheceram a saúde como direito inalienável. Dessa forma, progressivamente diversos estados iniciaram o processo de garantia desses direitos através de suas constituições. No Brasil, a Reforma Sanitária proporcionou a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) através da Constituição Brasileira, e consagração da saúde como direito de todos e dever do Estado. Ressalta-se que, o direito à saúde, deve garantir a consolidação de políticas públicas que promoverão condições de vida e saúde, a fim de extinguir as desigualdades sociais, concretizando a justiça social.  Entretanto, faz-se visível que mesmo após 29 anos da publicação da nossa Constituição, o acesso universal à saúde não é exercido como direto fundamental. Diferentes cenários brasileiros, apresentam diferentes serviços, e complexos arranjos nas redes assistenciais, o que dificulta a autonomia dos indivíduos e a efetividade dos serviços. Ao longo da história da saúde pública brasileira diversos programas e estratégias foram utilizadas para efetivação desse direito, mais recentemente tem-se o Programa Mais Médicos (PMM), que levou profissionais médicos a regiões de vulnerabilidade e escassez profissional. Entende-se que o provimento de recursos humanos deve ampliar o acesso à saúde, entretanto questiona-se, como a presença do PMM garantiu a aplicabilidade do direito à saúde, nas regiões onde esteve presente, e quais medidas são efetivas, para que esse direito seja garantido de forma igualitária. Logo, o presente trabalho busca refletir sobre a relação da política de provimento de recursos humanos na atenção básica, como vetor de potencialização da garantia à saúde, com base na DUDH e na Constituição Brasileira. Entretanto, os princípios formadores do PMM não são apenas quantitativos, investe-se também na qualidade do atendimento, de forma a consolidar as equipes e os profissionais como fonte de cuidado e garantia de cumprimento dos princípios estruturantes do SUS. O que se observa é que apesar das dificuldades na implementação do PMM, o mesmo destacou-se a partir da valorização dos usuários e ampliação do acesso à serviços de saúde. A presença do profissional trinta e duas horas semanais na unidade básica de saúde, proporcionou a oportunidade de concretização dos três pilares do SUS, a universalidade, equidade e integralidade. Bem como, torna possível adequar os serviços de saúde de acordo com a população, valorizando suas particularidades sociais e culturais, garantindo eficiência diante do enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis, vinculação dos usuários com os serviços de saúde e acompanhamento da situação de saúde regional. Dessa forma, o PMM mostra-se eficaz diante da concessão deste direito à população brasileira, entretanto, os desafios vão além daqueles enfrentados pelo programa, afinal a gestão e coordenação intersetorial permanecem como dificuldades para a fixação de profissionais e equipes de saúde, nos diversos cenários nacionais.

4422 O protocolo de morte encefálica no sistema de saúde do Brasil
Mylla Christie de Oliveira Paschoalino

O protocolo de morte encefálica no sistema de saúde do Brasil

Autores: Mylla Christie de Oliveira Paschoalino

A morte cerebral é definida como a perda irreversível de todos funções cerebrais, incluindo o cerebelo e o tronco cerebral. A confirmação da morte cerebral tornou-se um conceito mundialmente aceito e há diretrizes práticas em quase todos países, as quais divergem quanto aos procedimentos utilizados para definir a morte cerebral. O exame clínico neurológico deve demonstrar ausência de respostas ou atividade cerebral e é realizado, no Brasil, conforme recomendações da Sociedade Brasileira de Neurologia. A utilização de exames complementares na confirmação de morte encefálica é controversa quanto a sua eficácia, entretanto, seu uso é obrigatório no Brasil durante o protocolo. Em contrapartida, em outros países como Estados Unidos, o protocolo de morte encefálica não prevê a necessidade de exame complementar para o diagnóstico, uma vez que a eficiência dos mesmos não são consenso no meio científico, além da possibilidade de postergar a morte do paciente, postergar a doação de órgãos, quando for o caso, e o sofrimento dos familiares. Foi demonstrado, através de um estudo brasileiro multicêntrico com pacientes pediátricos, que o tempo de retirada do suporte de vida após o diagnóstico de morte encefálica foi exageradamente longo, chegando a ultrapassar 24h em 40% dos pacientes das regiões Sudeste e Nordeste. Sabendo das limitações de muitas unidades de saúde pública para realização de exames complementares, o uso destes como parte obrigatória do protocolo de morte encefálica permite uma forma de distanásia ou protege os pacientes na realidade da saúde brasileira? Métodos Foi realizada uma revisão de literatura cujas fontes primárias de consulta foram as bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Embase e MEDLINE®, por meio do acesso ao serviço PubMed de Pesquisa Bibliográfica em Publicações Médicas a fim de analisar as evidências acerca do tempo de manutenção do suporte em paciente de morte encefálica, além de fatores favoráveis e contrários à utilização de exames complementares no protocolo de morte encefálica na realidade do sistema de saúde pública brasileira. Resultados O prolongamento do corpo em situação de morte encefálica não é apoiado, salvo casos de doação de órgãos. Ainda nesse contexto, o prolongamento do suporte de vida é limitado. Bates D. et al. acompanharam prospectivamente 310 pacientes com diagnóstico de morte encefálica que foram mantidos sob suporte intensivo mesmo após o diagnóstico. Observou-se que 88% evoluíram para parada cardíaca em até 24 horas e 100% em até cinco dias. Além disso, após o diagnóstico de ME, quanto mais longo for o tempo em que se mantém o suporte, mais possibilidades há de surgirem reflexos medulares, dificultando a aceitação da família do paciente. No Brasil, pode-se destacar o uso de Angiotomografia, angiografia invasiva e eletroencefalograma (EEG) como exames complementares no protocolo de morte encefálica, os quais, além das limitações inerentes ao exame como a interferência elétrica no ambiente da UTI no caso do EEG, possuem custo elevado e, muitas vezes, não estão disponíveis de forma imediata na Unidade de saúde. Sua realização, porém, quando em concordância com o exame clínico a favor da morte encefálica, auxilia os familiares no processo de aceitação, conforme demonstrado em recente estudo randomizado no qual as famílias dos pacientes demonstraram maior compreensão e satisfação quando o diagnóstico de morte cerebral foi explicado como ausência de fluxo sanguíneo cerebral (apoiado por um teste auxiliar) em vez de se basear inteiramente no exame clínico. Outros fatores favoráveis ao uso de exames complementares é a possibilidade de salvaguarda contra erro diagnóstico, uma vez que há considerável variação nos protocolos e a combinação do exame clínico e exame complementar é um padrão mais rigoroso para o diagnóstico de morte cerebral. Em contrapartida, é defendido também que a morte cerebral foi originalmente definida como um estado clínico, não sendo, portanto, necessários exames auxiliares, pois cada exame complementar individual tem importantes limitações. A American Academy of Neurology defende em seu recente guideline que exames auxiliares podem ser usados quando há incerteza sobre a confiabilidade de partes do exame neurológico ou quando o teste de apneia não pode ser realizado.  Dentre controvérsias, é certo que os clínicos devem ter um julgamento acurado ao aplicar o protocolo aprovado em seu país nas diferentes circunstancias do paciente, atentando para cada critério em questão. Considerações finais Do ponto de vista científico e ético, não há dúvidas de que a morte encefálica equivale à morte do indivíduo. Nos EUA, os critérios que definem a morte encefálica foram publicados em 1981, ao passo que, no Brasil, esses critérios foram legalmente adotados a partir de 1997. A necessidade de estabelecer critérios que definam morte encefálica e legalizá-los surgiu com o objetivo de incentivar e normatizar a doação de órgãos, assim como permitir a retirada do suporte de vida de pacientes não doadores com quadro de coma irreversível. A ventilação mecânica, instituída desde os anos 50, associada ao suporte básico e avançado de vida, permitiu abordagem capaz de expandir os cuidados aos pacientes graves. Nesse novo contexto de suporte da vida surgiu uma condição clínica até o momento desconhecida de pacientes com encéfalo irremediavelmente comprometido que, porém, ainda mantinham preservadas suas principais funções hemodinâmicas e ventilatórias, exclusivamente devido à intervenção da tecnologia médica. Como diferenciar esses pacientes das vítimas de grave dano cerebral, entretanto, com possibilidade de alguma recuperação neurológica? Na realidade da saúde brasileira, com desvalorização médica e condições de trabalho e atendimento não favoráveis, é compreensível a escolha por obrigatoriedade de exames complementares para a realização do protocolo, porém há outras possibilidades a serem exploradas a fim de otimizar esse processo. Qualificar examinadores médicos para que estejam atualizados e treinados, com base em critérios uniformes, através de educação continuada, é o mais importante passo. Além disso, o investimento científico também possibilita o experimento de métodos mais baratos e eficientes de exame complementar para a morte encefálica, como é o caso do uso de ultrassonografia, ainda em estudo. Assim, o prolongamento do suporte de vida em paciente de morte encefálica no Brasil parece ser de causa multifatorial, onde o uso de exames complementares, com todas suas limitações, certamente contribui. Ainda assim, por enquanto, é importante a manutenção de tal procedimento nos protocolos, uma vez que muitas vezes permite maior segurança para os familiares, ao receber o diagnóstico, e mesmo para alguns profissionais de saúde.

2777 O Programa Mais Médicos e o impacto na Atenção Básica
Karen Calvo, Alcindo Antônio Ferla, Frederico Viana Machado, Erica Rosalba Malmann Duarte, Luciana Barcellos Teixeira

O Programa Mais Médicos e o impacto na Atenção Básica

Autores: Karen Calvo, Alcindo Antônio Ferla, Frederico Viana Machado, Erica Rosalba Malmann Duarte, Luciana Barcellos Teixeira

Introdução: O Programa Mais Médicos faz parte das iniciativas da gestão federal do Sistema Único de Saúde (SUS) para fortalecer a atenção primária. A qualificação da atenção básica está entre as principais necessidades de saúde da população brasileira, em particular áreas remotas com dificuldades de fixação de profissionais. Neste sentido, o programa visa prover profissionais médicos em regiões de saúde prioritárias, formar profissionais em nível de graduação e residência, além de investir na infraestrutura e proporcionar uma expansão do acesso das populações mais vulneráveis aos serviços de saúde pública. Objetivo: Analisar o impacto do Programa Mais Médico na Atenção Básica (AB) referente ao número de consultas ofertadas à população. Método: Este trabalho se insere num projeto de maior amplitude com abordagens - quali e quantitativa, voltados para a análise de implementação de políticas. O presente estudo é um trabalho quantitativo, descritivo, de série histórica. Os dados foram extraídos dos sistemas nacionais de informação em saúde do DATASUS. Os municípios foram agregados em cinco categorias, conforme a regulamentação do programa no que diz respeito à política de equidade, sendo as categorias: 20% pobreza, G 100, Regiões metropolitanas, capitais e Distrito Sanitário Especial Indígena. O projeto foi desenvolvido respeitando-se as considerações sobre ética em pesquisa da Resolução CNS nº 466/12. Resultados: Considerando as UFs, o percentual de adesão dos municípios dentro de cada UF variou de 53% (Tocantins) até 100% (Roraima, Amapá e DF). Dos 5.570 municípios existentes no país, até maio de 2016, 4.058 municípios aderiram ao programa (73%), com um total de 18.240 vagas de médicos. Além das equipes tradicionais, os médicos foram distribuídos em equipes de atenção às comunidades remanescentes de quilombo, assentamentos rurais e comunidades ribeirinhas. Evidenciou-se aumento do número de consulta médicas, no período do estudo, na Atenção Básica, nas cinco regiões do país. O incremento do número de consultas no Norte foi de 15,3% (n=2.721.427), no Nordeste foi de 12,1% (n=10.663.635), na região Centro-Oeste observou-se aumento de 10,4% (n=1.566.043), no Sul de 9,3% (n=3.573.921) e no Sudeste de 7,5% (n=6.042.738). Considerando a divisão dos municípios..., aqueles classificados com pelo menos 20% pobreza tiveram um incremento de 16,44% (n=9.126.329) no total de consultas, aqueles classificados como capital apresentaram um aumento de 5,68% (n=2.463.190), G100 apresentou um aumento de 10,08% (n=2.285.984), região metropolitana apresentou um aumento de 9,85% (n=3.463.906) e demais localidades apresentou um incremento de 8,71% (n=7.228.355). Considerações finais: Este estudo evidencia que o programa exerce impacto na AB, principalmente na expansão do acesso à assistência, uma vez que as regiões com grande vulnerabilidade estão sendo beneficiadas com o aumento das consultas. Os dados demonstram que o Programa Mais Médicos está contribuindo na qualificação da atenção básica, oportunizando uma qualidade de vida aos cidadãos que precisam e usam frequentemente os serviços de saúde do SUS.

1989 O QUE PENSEI E O QUE ENCONTREI! A PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS DO MUNICÍPIO DE PARINTINS.
Luene Silva Costa, Solane Pinto de Souza, Elaine Pires Soares

O QUE PENSEI E O QUE ENCONTREI! A PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS DO MUNICÍPIO DE PARINTINS.

Autores: Luene Silva Costa, Solane Pinto de Souza, Elaine Pires Soares

Apresentação: O Programa Mais Médicos foi criado em 2013 no Brasil com objetivo de atender as necessidades e dificuldades do país em atrair e fixar médicos na Atenção Básica principalmente em localidades com maiores vulnerabilidades econômicas e sociais, longe de centros urbanos, além de reorientar a formação médica no Brasil. Nesta perspectiva, o município de Parintins aderiu ao Programa Mais Médicos (PMM) e os primeiros médicos começaram a chegar em outubro de 2013.  O município é conhecido mundialmente por apresentar o maior Festival Folclórico a céu aberto da América Latina, onde no mês de junho a cidade recebe milhares de pessoas de diferentes estados e países para prestigiarem a apresentação dos bois Garantido e Caprichoso na arena do bumbódromo. Apresenta uma estimativa de 113.832 mil habitantes no ano de 2017 segundo o IBGE, e está localizado há 368,8 quilômetros a leste da capital do estado do Amazonas, Manaus. Parintins é considerado prioritário para aderir ao programa por apresentar 22,41% da população vivendo em extrema pobreza, seguindo critérios estabelecidos pela a Portaria Interministerial 1.377 de 13 de junho de 2011. Atualmente o município possui um quantitativo de 14 profissionais sendo: 09 médicos de nacionalidades cubana, 01 médico colombiano e 4 brasileiros, destes 10 atuam na zona urbana e 4 na zona rural, o que corresponde a 56% dos médicos que atuam na atenção básica. O programa veio contribuir no intuito de sanar a necessidade do município em atrair e fixar médicos, seja na zona rural ou zona urbana, sendo a zona rural a principal contemplada, pois apesar de já ter vivenciado a presença do médico em momentos esporádicos, atendendo necessidades momentâneas, curativas, com a presença do médico do programa mais médicos, a população ribeirinha passou a vivenciar a presença constante do médico, podendo usufruir de atividades básicas como educação em saúde e um atendimento multidisciplinar.  O município passa a partir de 2013 a vivenciar um momento importante nas equipes de saúde da família, a presença do médico de forma continua, gera impacto na saúde da população, no cotidiano de vida e de trabalho e nas equipes de saúde da família. De fato, a presença do médico gera impacto, seja no cotidiano dos serviços de saúde, seja nos serviços oferecidos a população como mostram estudos A partir da fala dos profissionais, esse trabalho visa mostrar a partir do relato dos mesmos, as mudanças ocorridas no cotidiano do profissional médico estrangeiro do programa mais médicos no município de Parintins. Desenvolvimento: Trata-se de um trabalho descritivo, qualitativo, sistematizado para responder algumas indagações no intuito de conhecer qual a expectativa dos médicos estrangeiros ao terem conhecimento que vinham para o município e a percepção dos mesmos após sua chegada e trabalho no município. Para a construção deste relato, foi realizado levantamento do quantitativo dos médicos do PMM atuantes no município e destes quais eram estrangeiros, pois o objetivo era mostrar a percepção daqueles que não vivenciaram tal realidade. Em seguida, foi realizado agendamento de entrevista para aqueles que aceitaram participar do estudo. Resultados: A maioria dos médicos estrangeiros atuantes no município vieram da Cuba e já haviam vivenciado outras experiências em países como África e Venezuela, que segundo eles eram realidades bem diferentes das que encontraram aqui no Brasil. Souberam do programa através de amigos médicos que já tinham participado em outro momento de atividades como esta, mas também citam as propagandas de televisão e outras mídias. Quando entraram no programa e souberam que viriam para o Brasil, a maioria mostra entusiasmo na fala e pontuam a alegria, por ser um país alegre, há quem diga que é um sonho conhecer e trabalhar no maior país da América do Sul. Referem que só tiveram conhecimento em que localidade do país iriam trabalhar quando chegaram em Brasília. Sobre o município, a princípio por se tratar do Amazonas, o que veio a mente dos entrevistados é que iriam conhecer o Rio Amazonas, o maior rio do mundo, ou iriam ver anacondas, piranhas e jacarés, nada diferente do que ouvimos falar quando nos deparamos com visitantes de outros países e até mesmo de outros estados do Brasil, como alguns estados da região sudeste, por exemplo. Ainda em Brasília tentam extrair o máximo de informações sobre a cidade, fazem buscas na internet, perguntam  como sãos as características de saúde do município, as pessoas, a cultura e a partir dessas informações criam-se expectativas que em sua grande maioria são superadas pelo que encontraram de fato na cidade. Como agentes de mudanças, todos referem ter causado alguma transformação no território a qual foram inseridos, uns referem que a simples presença do médico em locais que antes não havia, já é uma grande mudança para aquela população; há quem diga que a mudança não é só para os que recebem a assistência, mas para os mesmos, pois são transformados pelo que aprendem e vivenciam com as novas experiências e novos saberes compartilhados. A maioria relata que não havia tratado pacientes com leishmaniose e malária em nenhum momento de sua trajetória médica. A tuberculose também é algo que preocupa os médicos cubanos, pela alta incidência de casos no município, assim como a hipertensão e o diabetes, que na percepção deles está relacionada ao consumo excessivo de carboidrato, uma vez que, a farinha de mandioca é à base da alimentação do caboclo em qualquer lugar do Amazonas. Quando questionados sobre a relação com a equipe de saúde a qual fazem parte, os entrevistados relatam boa relação com todos os membros da equipe, porém é com o agente comunitário de saúde que demonstram maior entrosamento. Foram indagados se existe algo que dificulta a resolutividade de assistência prestada ao usuário, os mesmos citam com maior ênfase a demora na realização de exames complementares, a deficiência de espacialidades no município e o idioma, que foi citado por alguns como uma barreira que no início dificultava a comunicação médico-paciente, mas que com o passar do tempo vai sendo superado, citam também as palavras locais como dialetos e as palavras indígenas que às vezes não compreendem e necessitam de ajuda dos nativos, como por exemplo, a palavra curumim que quer dizer menino; mãe-do-corpo que esta relacionada à questão uterina entre outros. Considerações Finais: O programa mais médicos traz consigo muitas expectativas quanto aos avanços na atenção básica, seja nas possibilidades de expansão de equipes de saúde da família ou mudanças no cotidiano da assistência. Por outro lado, entender as percepções deste profissional quanto as mudanças no seu cotidiano, seja pessoal e/ou profissional a partir de sua entrada no programa no país, possibilita traçar estratégias para facilitar a permanência dos mesmos no país e garantir sua continuidade nas equipes, assim como servir de subsídios e mudanças na própria dinâmica das equipes de saúde da família. O programa gera impacto positivo principalmente em localidades mais distantes de centros urbanos como Parintins, e acolher esse profissional nas suas diferentes realidades faz parte do processo de construção de uma sistema único e igualitário a partir de estratégias inovadoras como o PMM.

3345 Programa Mais Médicos para o Brasil na Secretaria Municipal de Saúde de Manaus: um cenário de ensino-aprendizagem
juliana freitas

Programa Mais Médicos para o Brasil na Secretaria Municipal de Saúde de Manaus: um cenário de ensino-aprendizagem

Autores: juliana freitas

Introdução: O Programa Mais Médicos (PMM) visa melhorar o atendimento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) levando mais médicos para regiões onde há escassez ou ausência desses profissionais. Além de fortalecer a Atenção Básica, que é a porta de entrada preferencial do SUS, estando presente em todos os municipios e é neste atendimento que 80% dos problemas de saúde são resolvidos. Objetivo: Relatar a experiência do médico bolsista deste Programa atuante na Unidade Básica de Saúde Silas Oliveira Santos, pertencente a SEMSA, como parte integrante da Equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF) L112. Desenvolvimento: A unidade de saúde situa-se no bairro Gilberto Mestrino, Conjunto Castanheiras na zona leste de Manaus e é composto por três Equipes da Estratégia Saúde da Família e um Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF). A ESF Ll12 é composta por seis microáreas, com 1.085 famílias cadastradas e em torno de 3.700 pessoas no território de abrangência. Atualmente fazem parte do quadro funcional desta equipe uma médica e seis agentes comunitários de saúde. A integração do médico se deu desde Junho de 2017 e as atividades desenvolvidas consistiram em atendimento de demanda programada e espontânea, atividades na Escola Municipal Zenaira Monteiro Bentes Pastor tais como antropometria, acuidade visual e palestras educativas através do Programa Saúde na Escola, visitas domiciliares, atendimento multidisciplinar com o apoio do NASF, rodas de conversas e outros. Em relação aos atendimentos individuais a maior demanda da comunidade foram os hipertensos, diabéticos e gestantes. Vale lembrar, que ainda há um quantitativo grande de pacientes atendidos que não são cadastrados na área de abrangência da referida equipe. Resultados: A participação no PMM permitiu vivenciar a prática da medicina centrada na pessoa bem como o conhecimento de toda a comunidade garantindo um processo de cuidado continuado dos usuários. Além de ser uma experiência enriquecedora para o médico que é atuar de forma multidisciplinar e preventiva. Considerações Finais: Participar deste Programa foi fundamental para conhecer a realidade da atenção básica e constatar que há a real necessidade do profissional médico nesse nível de atenção à saúde e quanto é gratificante exercer este tipo de medicina dentro do SUS.