176: Parcerias e redes: a transversalidade dos setores
Debatedor: A definir
Data: 01/06/2018    Local: ICB Sala 08 - Igapó    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1194 Rede de Dormir: contribuições para prevenção de lesões por pressão
Ricardo Luiz Ramos, Paulo Sérgio Silva, Cleiry Simone Silva, Ana Sousa Falcão, Cleidson Junio Silva, Fabríco Barreto, Nebia Maria Figueiredo

Rede de Dormir: contribuições para prevenção de lesões por pressão

Autores: Ricardo Luiz Ramos, Paulo Sérgio Silva, Cleiry Simone Silva, Ana Sousa Falcão, Cleidson Junio Silva, Fabríco Barreto, Nebia Maria Figueiredo

Introdução: A opção em estudar a Rede de dormir (Rd), invariavelmente nos posiciona em domínios de saberes e práticas em saúde que nos desafiam, como: parar e pensar a produção do cuidado nos diversos níveis de assistência à saúde nos multivariados cenários do cuidado em que ela está presente. Contextualmente a Rd é considerada uma cama criada pelos indígenas brasileiros, registros arqueológicos, na América do Sul, datam desenhos da Rd em utensílios cerâmicos com idade aproximada de 5000 anos1. Em algumas culturas indígenas e não indígenas das regiões norte e nordeste do Brasil a Rd é usada como cama-leito para os doentes “acamados”. Pensando nas especificidades desses pacientes que carecem de cuidados as literaturas sublinham que o repouso prolongado na cama propicia a formação das lesões por pressão (LP), sendo as principais causas a compressão de interface em uma proeminência óssea entre o peso do corpo e superfície de apoio e a umidade da pele decorrente do suor por elevação da temperatura da pele devida a pouca aeração dos colchões hospitalares (Ch)2. Dessa forma, emerge o seguinte questionamento: e as pessoas “acamadas” na Rd são acometidas pelos mesmos fatores que a cama? Para responder esta questão-problema foi delimitado o seguinte objetivo: conhecer as diferenças térmicas e pressão de interface entre a superfície de apoio da Rd e do Ch nas proeminências ósseas das regiões trocantéricas. Metodologia: Estudo experimental com seres humanos onde cada participante foi seu próprio controle. Os experimentos foram realizados no Laboratório de Pesquisas em Enfermagem da Universidade Estadual de Roraima – UERR, no período de julho de 2015 a março de 2016. O estudo foi dividido em dois momentos: primeiro foi realizado estudo piloto com 10 participantes, para testar a climatização do laboratório, definir o tempo de repouso nos experimentos térmicos e testar os materiais selecionados e confeccionados para a coleta dos dados. Os materiais selecionados foram: Ch densidade 28, revestido em napa azul creditado com selo do Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), uma Rd em algodão cru, dois termos higrômetros Minipa, modelo MT-241, termômetro digital infravermelho com mira laser e balança antropométrica. Os materiais confeccionados foram: camisolas em algodão e um sistema pneumático com manômetro analógico para aferir as pressões de interface. O segundo momento foi caracterizado pelo experimento propriamente dito, sendo 40 participantes nos experimentos de aeração e 41 nos testes de pressão de interface. Os participantes elegíveis foram pessoas com mais de 18 anos de idade, não indígenas, ambos os sexos, declaradas saudáveis, possuir hábito de dormir na Rd e na cama. Somente nos experimentos de pressão de interface foram exigidos participantes com peso de 60 até 90 Kg. Altura mínima de 150 cm, conforme exigências do biotipo para colchões D-28, preconizado na norma NBR 135793. Os dados produzidos foram tabulados na planilha do EXCEL e analisados no software estatístico R. Resultados: Os efeitos percebidos decorrentes do experimento apontam que no estudo piloto os dez (10) participantes ficaram confortáveis com temperatura ambiente de 24º C. O tempo máximo de repouso, sem queixas de desconforto, foi de 30 minutos. Esse foi o período estipulado de repouso na Rd igualado na cama com Ch. Nos experimentos térmicos para avaliar a aeração da Rd e Ch. A temperatura da pele, na região trocantérica, mostrou que a Rd após os primeiros 20 minutos de experimento, estabilizou e a média de elevação ficou em 1ºC acima da temperatura corporal inicial. No Ch, ao término dos 30 minutos de experimento, a temperatura estava em elevação, em média 3ºC acima da temperatura corporal inicial. A análise estatística, para estes dois grupos de variáveis dependentes foi realizado a partir do teste Shapiro Wilk, que revelou distribuição não normal. Assim, o teste de hipótese, confirmatório, selecionado foi de Wilkoxon que demonstrou diferença significativa nos valores térmicos entre as superfícies de apoio para p < 0,05. Esses resultados demonstraram que a Rd em relação ao Ch apresenta vantagem na manutenção de um dos fatores do microclima da pele para prevenção das LP. Nos experimentos de pressão na interface, corpo e superfície de apoio, os valores foram registrados em milímetros de mercúrio (mmHg). Os resultados mostraram que a superfície de apoio da Rd produz menor pressão que o Ch, o valor médio da diferença de pressão foi de 40 mmHg. Ao realizar a representação gráfica de Box plot as evidências apontam não haver sobreposição de valores das pressões de interface entre a Rd e Ch. Cabe destacar novamente que foram realizados os testes de Shapiro Wilk demonstrando que estes dois grupos de variáveis dependentes não têm distribuição normal e o teste de hipótese de Wilkoxon confirmou a diferença significativa entre as pressões de interface da Rd e Ch para p < 0,05. Ainda que as diferenças das pressões de interface entre o Ch e a Rd sejam significativas, é preciso registrar que não foi possível estabelecer parâmetros que mostrassem o comportamento dos vasos sanguíneos nas regiões trocantéricas submetidas às pressões de interface, o que é considerado uma limitação desta investigação. Outro fator elementar é a forma que a Rd é armada e a maneira que a pessoa deita. Estudos recentes demonstram que a Rd adequadamente armada e a pessoa ao se posicionar corretamente nela o corpo fica completamente alinhado, igual ou melhor que a cama4. Considerações finais: Os critérios metodológicos permitiram afirmar que a Rd em relação ao Ch, proporciona vantagens significativas de aeração e redução da pressão na região trocantérica. Isso demonstra seu potencial para ser usada em benefício às pessoas acamadas, no senário de cuidado  domiciliar ou mesmo no hospital. Em especial no domicílio, por ser de fácil transporte e limpeza, baixo custo econômico, pode ser armada nos diversos espaços da casa ou quintal, melhorando a interação e proximidade do doente com os familiares. Ainda que, esses resultados sejam os primeiros passos de novas possibilidades de estudos sobre a Rd, é possível, até este momento, estarmos próximo da afirmativa que o estudo contribuiu positivamente para melhorar as práticas de cuidar em saúde, sobretudo as que são desenvolvidas pelos profissionais de Enfermagem. Acreditamos que muitas outras vantagens da Rd no espaço terapêutico, seja hospitalar ou domiciliar, pode ser (des)dobradas em novas investigações. Com a certeza do inacabado e inquieto por novos ensaios investigativos continuamos nossos rastreios na produção do cuidado em saúde com a seguinte acepção: talvez as limitações no uso da Rd não estejam no objeto em si, mas no arquétipo criado sobre ela. Referências: 1- Köpf J, Baldinger AS. Die welt der hängematte. Eigenverlag; Füssen: Jobek; 2005. 2 - JAGT, Thyrza. Modeling the interaction between micro-climate factors and moisture-related skin-support friction during patient repositioning in bed. [Internet] 2015 [cited 08 Jan 2016]. Disponível em: http://ta.twi.tudelft.nl/nw/users/vuik/numanal/jagt_presentation2.pdf 3 - ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. Tabela transcrita da Norma NBR 13579 - Colchão e colchonete de espuma flexível de poliuretano, de adequação entre biotipo e densidade (D) do colchão. [Internet]. [cited 05 jan 2013] Disponível em:  www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=87771 4 -  Ramos RL, Silva PS, Bastos L, Figueiredo NM. Vantagens do uso da Rede de dormir: Contribuições da Enfermagem para a vida.. Revista Cubana de Enfermería [revista en Internet]. 2017 [citado 2017 Dic 4];33(1):[aprox. 0 p.]. Disponible en: http://www.revenfermeria.sld.cu/index.php/enf/article/view/984

1866 PROJETO EDUCA-ART SAÚDE: PARTILHANDO A ARTETERAPIA NA COMUNIDADE DE SANTARÉM-PA
Rebeka Santos da Fonseca, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoíse Gisela Gato Lopes, Jéssica Naiara Silva Vieira, Fabiana Santarém Duarte, Suan Kell dos Santos Lopes, Ana Eliza Ferreira Pinto, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

PROJETO EDUCA-ART SAÚDE: PARTILHANDO A ARTETERAPIA NA COMUNIDADE DE SANTARÉM-PA

Autores: Rebeka Santos da Fonseca, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoíse Gisela Gato Lopes, Jéssica Naiara Silva Vieira, Fabiana Santarém Duarte, Suan Kell dos Santos Lopes, Ana Eliza Ferreira Pinto, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Apresentação: O projeto EDUCA-ART Saúde por meio da arte utiliza-se de técnicas como pinturas e mandalas, para desenvolver terapia de relaxamento, descontração e alívio de estresse. As pessoas vivem na correria do dia-a-dia, passam por momentos de estresse nos trabalhos, na família, nos estudos e não se preocupam com a saúde, em especial a saúde psicológica. Muitas deixam-se levar por problemas de depressão, de alto estresse, de cansaço entre outros, problemas que refletem diretamente no corpo físico, e levar ações a essas pessoas da comunidade, atuando desde a universidade desenvolvendo atividades humanitárias estimulam a melhora no quadro emocional e psicológico. Assim pessoas que se permitem participar dessas ações externam suas emoções, seus desejos e seu eu interior presentes em seu inconsciente podendo compartilhar suas vivências com os que estão partilhando do mesmo momento de descontração e relaxamento. Sendo, portanto uma ferramenta importante por transformar o meio em que as pessoas vivem, emponderam e estimulam a capacidade criativa dos participantes. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência de uma ação em saúde, ocorrida no dia 20 de outubro de 2017, onde acadêmicos de enfermagem e fisioterapia participantes do Projeto EDUCA-ART Saúde desenvolveram técnicas de arteterapia na orla de Santarém, a partir de um convite da coordenação de extensão da Universidade do Estado do Pará (UEPA) para participação no projeto “UEPA na Comunidade”, sendo uma forma dos acadêmicos da interagirem com a comunidade e a realidade da região na qual a instituição está inserida. A partir do convite, a tenda montada pelos acadêmicos veio com a proposta de trazer um momento terapêutico às pessoas que estavam na orla tanto a trabalhado quanto em seu lazer, parando alguns minutos sua caminhada pela orla para produzirem mandalas e pinturas dependendo exclusivamente de sua vontade e criatividade, podendo ficar confortáveis nos colchonetes dispostos ao redor da tenda ou nas cadeiras. Para isso, os acadêmicos os abordavam e falavam do projeto e os levavam à tenda, ou as pessoas se interessavam ao passar pela ação e por curiosidade desenvolviam as técnicas de arteterapia. A técnica mandala foi desenvolvida com acompanhamento dos acadêmicos até o momento em que a pessoa se sentisse segura para seguir a técnica sozinha, tendo autonomia na escolha das cores dos fios e tamanho da mandala de sua preferência. A pintura foi realizada no papel A4 com diversos lápis de cor, sendo estimulada a criatividade da pessoa durante a terapia. O local de escolha para a tenda Educa-Art foi próximo ao rio Tapajós que banha a cidade, por ser um local sereno e harmonioso com a natureza, ao som de músicas tranquilas para o desenvolvimento da arteterapia de uma forma bem natural por parte dos participantes. Ao final da arteterapia os participantes podiam levar o objeto artístico produzido ou deixar como artigo decorativo para a tenda. Resultados e/ou discussão: O momento terapêutico ofertado ao público que transitava pela orla da cidade, relaxou, descontraiu e desestressou os participantes, como exposto por eles. A arteterapia é uma importante aliada no tratamento de indivíduos que passam ou passaram por situações de desestruturação psíquica e emocional. A técnica mandala juntamente com a pintura, tem esse intuito, de promover um bem – estar em quem estar realizando como produção artística dando a estes liberdade e independência criativa. A arteterapia está ganhando cada vez mais espaço na comunidade Santarena. Através do projeto, a população pôde participar, desenvolver e conhecer melhor técnicas que são comprovadamente terapêutica. Diferentemente de outras ações, nessa as crianças participaram ativamente na produção da terapia mandala. Isso por que as infantis que chegavam na tenda, sentiam a vontade de realizar a produção. Percebeu – se também que as a arteterapia influenciava no pensamento lógico das crianças, visto que a técnica seguia um percurso de produção. Enquanto os pais realizavam a mandala, os filhos escolhiam em fazer pintavam ou a mandala. O contato das pessoas com o que é “novo” foi aceito de forma exporadicamente por parte das pessoas que chegavam a tenda. De início, alguns chegavam e apenas observavam, porém, depois acabavam se rendendo a produção da arteterapia, e faziam mais de uma mandala. Ademais, alguns participantes encontraram dificuldades em produzir a mandala, por não possuírem muita habilidade a princípio, porém, foi incentivado para que eles não desistissem, dessa forma, foi possível que concluíssem seu trabalho. Os recursos expressivos utilizados como forma de expressar o seu universo foi muito presente através das pinturas das crianças. O espaço que foi realizado a ação também contribuiu, pelo fato de ser um ambiente aberto, no qual transita um elevado número de pessoas seja para correr, caminhar e/ou contemplar as belezas da natureza. Além disso, a arteterapia possibilitou os participantes se colocarem frente aos seus medos, dificuldades, angústias. O público que participou pôde expressar sua criatividade através de sua produção. Considerações Finais: A arte como terapia é uma atividade que pode ser praticada por todas as pessoas, de diversas faixas etárias, essa abrangência se dá devido às variadas metodologias de atividades, como pintura, artesanato, entre outros. Algumas pessoas podem não conhecer os efeitos terapêuticos que as práticas artísticas proporcionam ao seu bem-estar físico e mental, isso se torna uma barreira para que a pessoa decida participar das atividades propostas, ou até mesmo o pensamento de incapacidade de conseguir confeccionar o artesanato, ou qualquer tipo de arte. Levar essas atividades a um público diversificado é uma boa forma de disseminar o conhecimento a respeito dessa terapia ocupacional. É uma forma de arte livre, no qual o participante usará sua criatividade para as produções, sem a preocupação de objetivar a beleza estética, também. A pratica dessa atividade em um ambiente amplo possibilitou uma maior interação entre diversas pessoas, é uma forma de se socializar, principalmente em um tempo em que a relação interpessoal ficou muito restrita.

1921 Promoção da saúde por meio do lazer
Silvane Rasador

Promoção da saúde por meio do lazer

Autores: Silvane Rasador

A promoção da saúde pode ser entendida como um conjunto de ações direcionadas a atuar na melhoria da qualidade de vida e bem-estar da população. Este trabalho traduz a experiência de uma equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF) localizada no município de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul que há alguns anos realiza atividades de lazer com os usuários como forma de promover a saúde. O lazer é considerado como um dos componentes determinantes da saúde da população e está expresso na lei Orgânica da Saúde sendo um campo de manifestações e vivências culturais. Entre as atividades desenvolvidas pela equipe de ESF na comunidade estão os grupos de educação em saúde que priorizam o atendimento ao pré-natal, às doenças crônicas não transmissíveis e à saúde mental. O cronograma das ações desenvolvidas nos grupos é construído juntamente com os participantes no início de cada ano e compõe uma atividade de lazer que consiste em um passeio organizado pela equipe de saúde com os grupos existentes e com a comunidade em geral. Este passeio é realizado em alguns locais do município e redondezas previamente escolhidos pelo grupo, visto que a cidade faz parte da região turística que compõe a Serra Gaúcha e é conhecida pela produção de vinhos, sendo berço da colonização italiana. O objetivo da atividade é proporcionar aos usuários uma rotina diferente da realizada comumente nos grupos de educação em saúde, estimulando sua capacidade criativa, fortalecendo o coletivo e promovendo acesso da comunidade à cultura local. Como pontos positivos dessa experiência observou-se uma maior integração entre a equipe de ESF (enfermeiro, médico, técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde) e a comunidade que ocorre além do serviço de saúde, configurando-se como um momento que possibilita experiências agradáveis, como sensação de liberdade, alegria, redução de quadros de ansiedade além de proporcionar conhecimento dos costumes locais contribuindo para a promoção do bem-estar e da saúde mental do usuário. Observamos ainda que a adesão da comunidade a essa atividade tem aumentado com o passar dos anos e inclui usuários de todas as faixas etárias, desde aqueles que vivem sozinhos até grupos familiares. Apesar dos poucos trabalhos e publicações que relacionam o lazer como um dispositivo de promoção da saúde, acredita-se que a aproximação deste com o campo da saúde pode trazer efeitos positivos na qualidade de vida da população, como aumento da socialização, já evidenciado em estudos anteriores. Entendemos que iniciativas como esta são importantes para a atenção primária à saúde uma vez que reforçam o caráter multidisciplinar. Sugere-se ainda a discussão deste tema pelos gestores públicos e responsáveis pela implementação das políticas públicas do setor da saúde à medida que essas atividades mostram-se diretamente ligadas ao desenvolvimento de hábitos saudáveis para toda a população.

2645 Off-sinas: brincar é coisa séria
Isabela Vilela Chimeli, Simonete Torres Aguiar, Clarissa Torres Aguiar

Off-sinas: brincar é coisa séria

Autores: Isabela Vilela Chimeli, Simonete Torres Aguiar, Clarissa Torres Aguiar

ApresentaçãoA criança, ao entrar em um consultório de pediatria, leva consigo a trajetória de uma família, a realidade de um contexto social e os valores de uma cultura – esferas em meio às quais ela, exclusiva em suas características, emoções e desejos, estrutura sua forma de ser, de sentir e de agir. A criança chega, então, com um corpo que conta a história de suas relações, complexas e profundas, com outros indivíduos, ambientes e situações. Histórias que por vezes parecem destinos inevitáveis - uma sina. Mas que, como toda história, permanece sempre aberta para releituras e, portanto, para a reescrita de sua continuidade. A invenção do neologismo Off-sinas aponta para o objetivo do presente trabalho: ofertar variadas possibilidades lúdicas, em um ambiente de muito acolhimento, para que as crianças possam narrar livremente seus desígnios. Através das artes e das brincadeiras, elas representam suas questões mais profundas, seus conflitos mais escondidos, cabendo aos “off-sineiros” deixar-se conduzir por suas mãos. As intervenções são feitas quando se abrem brechas para a reorientação da criança em sua própria existência. E muitas vezes são desnecessárias, já que a livre expressão é, por si só, uma poderosa e eficiente intervenção.Descrição da experiênciaIdealizado e orientado pela pediatra e homeopata Simonete Torres Aguiar, o projeto Off-sinas é fruto de sua ampla experiência no campo da pediatra. Nenete, como é conhecida, atuou em várias frentes até chegar ao consultório. Ao longo de sua trajetória, foi-se tornando evidente a necessidade de compreender a raiz dos sintomas físicos, levando-a a aprofundar o estudo e a observação das relações entre os adoecimentos, as emoções e as interpretações das crianças sobre suas experiências. Foi-se tornando também notória a eficácia da prática da escuta na prevenção dos sintomas e na recuperação da saúde. As Off-sinas foram então concebidas, enquanto tempos e espaços de valorização da expressividade, da percepção de si nas situações de vida e da conexão consigo. As Off-sinas acontecem em um amplo quintal, repleto de brinquedos e materiais artísticos de toda ordem. As crianças lá brincam semanalmente, individualmente ou em grupos de até 4, sendo acompanhadas por 1 ou 2 “off-sineiros”. Elas dão o tom, a cor e o caminho das brincadeiras, que são sérias e, muitas vezes, impactantes. Criam suas metáforas, definem os papéis a serem vividos por si e pelos “off-sineiros”, representando suas angústias, receios e anseios. O projeto vem sendo desenvolvido há 17 anos, na Clínica Curandar, em Belo Horizonte, Minas Gerais, contemplando hoje uma média de 30 crianças, entre 3 e 13 anos de idade.  Em geral, as Off-sinas são indicadas para crianças que apresentam adoecimentos recorrentes ou que atravessam momentos de dificuldade.A equipe de “off-sineiros” é multidisciplinar, composta atualmente pela Dra. Simonete Torres, por Juliana Chimeli (terapeuta ocupacional e leiturista corporal); Ana Nicodemo (artista plástica, arte terapeuta e terapeuta sistêmica); Davi Gardone (musicista, artista plástico e psicólogo); Clarissa Torres (cientista social); Ana Luiza Pereira (cientista social e estudante de psicanálise); Juliana Valadares (psicóloga) e Isabela Chimeli (cientista social, mestre em saúde coletiva e leiturista corporal). O caso de cada criança é cuidadosamente refletido e construído por toda a equipe, que se reúne semanalmente e conta com supervisões esporádicas, com o psiquiatra e psicanalista Stélio Lage; com Nereida Vilela (criadora da Leitura Corporal, vertente que estuda as relações entre os sintomas físicos e as emoções) e com a psicóloga e psicanalista Mônica Brandão. Com os “off-sineiros” é realizado um trabalho de constante formação e orientação, para que o olhar sobre as crianças seja cada vez mais expandido e diversificado, e para que as intervenções sejam cada vez mais adequadas e precisas. É também constante o cuidado com as questões pessoais dos membros da equipe, não raro suscitadas por esse envolvente trabalho. As famílias são vinculadas ao processo através de encontros com a coordenadora e com os “off-sineiros” responsáveis, onde se busca construir pontes de compreensão e de acolhimento para as questões das crianças. Sempre preservando a privacidade do que acontece no espaço e no tempo das Off-sinas, o diálogo com os cuidadores intenciona trazer à tona as necessidades singulares de cada um, traçando rotas possíveis de atuação.As Off-sinas, embora oficialmente dedicada às crianças, se desdobram como um trabalho terapêutico para todos os envolvidos. Brincar com o real facilita e, muitas vezes, ameniza o contato com aquilo que precisa ser visto, ordenado ou modificado.ResultadosRecebemos uma criança que havia perdido o pai, depois de 4 meses doente. A filha, com 5 anos, ficara um pouco esquecida, entre tantos problemas mais urgentes. Chegando para a Off-sina, escreveu dentro de um coração: “Ufa!!! Finalmente chegou meu dia!”. E lá, brincamos algumas vezes de enterrar as cinzas do pai, a seu pedido. Seu pai era bonequeiro e, ela passou a fazer vários teatros, construindo bonecos incríveis de papel. Com isto, sua tristeza foi sendo encaminhada. Outra criança que perdeu a mãe ao nascer, nas Off-sinas construiu várias possibilidades de ir ao céu - de trem, de avião, como borboleta. Foi e voltou várias vezes, até descobrir que prefere a Terra, e que pode ser feliz com sua mamãe daqui.Mais uma, que quando convidada para brincar de teatro, responde: “Ah não! Vamos brincar de vida real!”. “Ok! E como vamos brincar de vida real?”. “Finge que você é nossa mãe e nos abandona!”. Seguimos com essa brincadeira até que passou seu medo tão sofrido do abandono materno.São muitas, diversas e profundas as questões que a ludicidade faz surgir. Geralmente, em vigências do trabalho, as crianças param de adoecer. Sintomas recorrentes como bronquites, otites, infecções urinárias, dermatites, sinusites, etc. – todos, sem exceção, vão se tornando desnecessários. Uma vez expressos, os temas subjacentes aos sintomas podem ser reordenados, os sentimentos e pensamentos ressignificados, e o organismo – que abriga todas essas dimensões – tende a se reequilibrar.Entendemos a saúde como um movimento dinâmico de capacitação para a travessia da vida. O alívio de poder falar, pintar, representar, desenhar e espernear as experiências mal digeridas ajudam as crianças na localização de si, nas suas próprias histórias e nas histórias daqueles que as cercam. Assim elas aprendem a se posicionar com presença e autenticidade e a lidar com as situações rotineiras e inesperadas da vida, desatando os nós que desordenam suas vivênciasConsiderações finaisA infância é o começo de todo indivíduo, de todo cidadão, de toda sociedade organizada. Para que os alicerces desta sociedade e sua cultura sejam firmes, bem estruturantes, é preciso rever o que traz saúde à infância, numa visão mais ampla e integrada. A “criança” é uma categoria abstrata – o que existem são crianças, variadas em suas complexas e específicas interações entre desejos, interpretações, liberdades e proibições, além de toda a ambientação familiar, social e cultural. As intervenções no âmbito da saúde necessitam do compromisso com a singularidade e com a qualidade dos relacionamentos entre criança e cuidadores. A construção de vias para a prevenção e para a reestruturação da saúde é para cada indivíduo original, e quanto maior o grau de comprometimento de todos os envolvidos, mais perto da raiz dos adoecimentos -  e, portanto, dos processos de cura -  podemos chegar.

2858 IDENTIDADE, INTERSECCIONALIDADE E PROMOÇÃO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO MAPEAMENTO DE PSICÓLOGAS NEGRAS NO CUIDADO EM SAÚDE EM TERRITÓRIO NACIONAL
Laura Augusta Almeida

IDENTIDADE, INTERSECCIONALIDADE E PROMOÇÃO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO MAPEAMENTO DE PSICÓLOGAS NEGRAS NO CUIDADO EM SAÚDE EM TERRITÓRIO NACIONAL

Autores: Laura Augusta Almeida

Este relato visa apresentar o mapeamento de psicólogas negras e os desdobramentos dessa iniciativa realizada pela Rede Dandaras¹ em Junho de 2017 como ação de promoção de saúde e cidadania, compreendendo o fortalecimento da rede de profissionais negras no combate às iniquidades sociais e o cuidado em saúde como trabalho vivo, que envolve transformar condições de vida. O norte teórico-epistemológico sobre promoção de saúde que orienta este trabalho parte da discussão fomentada por Czeresnia (2003), que afirma que promover saúde envolve o fortalecimento da capacidade individual e coletiva de transformar realidades e as dimensões de cuidado onde o ato da saúde é produzido e promovido e lidar com a multiplicidade dos determinantes e condicionantes da saúde através de ações que atendam as dimensões social e existencial dos sujeitos.  A metodologia utilizada através de mapeamento, questionário estruturado, formação de eixos e contato em rede. As profissionais mapeadas são trabalhadoras e usuárias do SUS e reconhecem o olhar interseccional² no seu trabalho como fator estruturante para a  ética do seu exercício profissional. Nesse sentido, a Rede Dandaras compreende os desdobramentos da iniciativa como tecnologias leves, que colocam os usuários desta como agentes ativos na produção de sua saúde (Merhy e Feuerwerker, 2010) e amplia os olhares das profissionais envolvidas para um conceito ampliado de saúde e para construção de novas estratégias de atuação mais equânimes. A partir desta discussão sobre a tríade saúde, autonomia e determinantes e condicionantes da saúde chega-se a noção de identidade. Tratando-se da identidade, além da nacionalidade que reúne a todas e todos, estamos atravessadas por pertencimentos de raça, etnias, classe, sexo, religião, gênero, idade, etc., cuja expressão depende do contexto relacional. A identidade afro-brasileira negra passa, necessária e absolutamente, pela negritude enquanto categoria sócio-histórica, e não biológica e pela situação social do negro num universo racista. (MUNANGA,2012). A política de atenção integral à saúde da mulher pressupõe que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam compreendidos como direitos humanos, assim como levar em conta a diversidade e as necessidades específicas da população feminina. Portanto, é necessário que em qualquer planejamento de ações de saúde da mulher, além do enfoque de gênero, sejam incorporadas também as questões relativas à raça/etnia na saúde, visando que todos os indicadores de saúde considerem estas variáveis.

2880 IMAGENS DE DENTRO: Da intimidade do processo terapêutico em Arteterapia, ao acaso da experiência estética de uma exposição plástica de trabalhos produzidos em atendimento.
Patrícia Casqueiro Gois, Rogerio da Silva Ferreira

IMAGENS DE DENTRO: Da intimidade do processo terapêutico em Arteterapia, ao acaso da experiência estética de uma exposição plástica de trabalhos produzidos em atendimento.

Autores: Patrícia Casqueiro Gois, Rogerio da Silva Ferreira

Este trabalho apresenta um método de atendimento de grupo em Arteterapia, de processo terapêutico contínuo, que ocorre no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas – CAPS AD III Antônio Carlos Mussum - RJ; e que por força de expressão dos processos pessoais, culminou numa exposição plástica – nada intencionada previamente -, desdobrando-se na experiência que usuárias e usuários estão vivendo, de dialogar mais intimamente com a linguagem e o formato de trabalho artístico semelhante aos que são desenvolvidos em museus e galerias de arte. Objetivamos, assim, enfatizar o potencial de saúde produzida pelas práticas de acompanhamento psicológico no âmbito psicossocial, que rompem com modelos ortodoxos e/ou mais restritivos de cuidado, com estruturas hospitalocêntricas, e que seguem na direção da humanização e ressignificação cultural do cuidado, especialmente na Saúde Mental, em constante árdua luta pela afirmação de uma Reforma Psiquiátrica contundente e atuante. O método de atendimento, nomeado Ateliê de Composições em Colagem, é realizado nas linhas teórico-práticas da Arteterapia (práxis fundamentada na Psicologia Analítica, de Carl Gustav Jung, e nas metodologias de práticas artísticas tais como de teatro, dança, poesia, pintura, desenho, modelagem, composições em colagem e música), que enfatiza prioritariamente seu propósito desencadeador de processos psicológicos, a partir do campo simbólico das imagens expressadas por cada indivíduo, instrumentado de meios criativos adequados à produção plástica dos conteúdos. Este atendimento integra Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) de usuárias e usuários que recebem estes atendimentos com duração média de 2h/2h30, uma vez por semana. O grupo é fechado, restrito ao atendimento regular de oito pessoas, para que uma ligação íntima proporcione um ambiente emocionalmente seguro, acolhedor e afetivo, catalisador dos processos individuais no exercício coletivo. Conforme os ciclos individuais de tratamento, periodicamente, a restrição a oito pessoas se recicla. Deste modo, a despeito dessa limitação por sessão, contabilizamos que em cerca de dez meses, o Ateliê de Composições em Colagem integrou ativamente quase trinta PTS, observando efeitos clínicos relevantes em todos os casos nos quais a adesão à proposta de tratamento foi sustentada satisfatoriamente. Observando o desenvolvimento terapêutico das pessoas atendidas, propusemos ao grupo que levássemos algumas produções à esfera pública numa exposição. Ideia recebida com entusiasmo. Assim, realizamos uma experiência estética artística elaborando texto de curadoria, pensando iluminação minimamente adequada à valorização das produções, no diálogo dos trabalhos com a estrutura espacial do CAPS e transformando dois amplos corredores da unidade em modestas galerias de arte incorporadas num serviço de saúde. Em 12 de dezembro de 2017, foi lançada a exposição “Imagens de Dentro - Tornar visível o invisível é tornar dizível o indizível”. Usuárias e usuários têm se experimentado da esfera íntima, privada, do processo terapêutico, à esfera pública e cultural recolhendo outros efeitos sobre si. Para além da clínica, a ambiência da unidade de saúde – outrora parte de um violento complexo manicomial -, foi radicalmente transformada, expandindo o processo de humanização das dependências do serviço.

2974 INTERCONSULTA: ARTICULANDO OS NÚCLEOS PROFISSIONAIS NO CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE
JOSE CARLOS ARAUJO FONTENELE, Viviane Oliveira Mendes Cavalcante, Sanayla Maria Albuquerque Queiroz, Patricia Thays Alves Pereira, Hanna Pontes Linhares, Lisandra Teixeira Rios, Jéssica Brito Rodrigues, Marilia Gabriela Santos Bezerra

INTERCONSULTA: ARTICULANDO OS NÚCLEOS PROFISSIONAIS NO CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE

Autores: JOSE CARLOS ARAUJO FONTENELE, Viviane Oliveira Mendes Cavalcante, Sanayla Maria Albuquerque Queiroz, Patricia Thays Alves Pereira, Hanna Pontes Linhares, Lisandra Teixeira Rios, Jéssica Brito Rodrigues, Marilia Gabriela Santos Bezerra

A interconsulta é uma tecnologia leve, facilitadora e potencializadora para a integralidade do trabalho em saúde, sendo um instrumento que facilita o diálogo entre várias categorias profissionais, melhorando o trabalho em saúde. Entende-se que os diferentes campos da saúde podem adotar esta ferramenta e implementá-la, com vista à integralidade do cuidado. Objetiva Potencializar o atendimento tendo em vista a resolutividade do cuidado em saúde de forma interprofissional. Trata-se de um relato de experiência realizado pelo Fisioterapeuta e a Profissional de Educação Física da Residência Multiprofissional em Saúde da Família, do Centro de Saúde da Família do bairro Junco, no município de Sobral/CE, durante os atendimentos compartilhados de usuários com queixas osteomioarticularess relacionadas à atividade física ou falta dela, por sedentarismo, excesso de atividade ou falta de alongamentos ou falta de instrução ao desenvolver as atividades. A aproximação dos profissionais em saúde para as intervenções ocorreu através da clínica ampliada, sendo realizados atendimentos referentes às duas categorias profissionais (Fisioterapia e Profissional de Educação Física no cuidado à pacientes com dores relacionadas à atividade física, visando a resolutividade dos atendimentos. A interconsulta mostrou-se bastante eficaz no que tange à integralidade, pois o sujeito era visto não só por suas queixas álgicas, mas sim por todo contexto social em que está inserido, de acordo com as necessidades.  Notou-se que após realização de atendimento através da interconsulta a efetividade das orientações dadas sobre alongamento, atividades físicas mais apropriadas, orientações dentro do campo do saber de cada profissional envolvido na consulta, mostrou-se  mais exitosa, pois os mesmos foram orientados em relação ao quadro álgico e quais medidas tomar para melhora e simultâneo a isso, qual atividade física estar realizando, a forma e o tempo correta de fazer. No cotidiano de intervenção observa-se que a interconsulta e suas diversas modalidades, possibilitam realizar um cuidado pautado na integralidade e na corresponsabilização do cuidado entre a equipe, paciente e família. 

2975 A alteridade como interrogação às práticas em saúde
Hevelyn Rosa Machert da Conceição, Augusta Thereza de Alvarenga

A alteridade como interrogação às práticas em saúde

Autores: Hevelyn Rosa Machert da Conceição, Augusta Thereza de Alvarenga

Título: A alteridade como interrogação às práticas em saúde Apresentação: O resumo apresentado a seguir integra uma pesquisa de doutorado em Saúde Pública em andamento, cujo objetivo é analisar a potência problematizadora do conceito de alteridade em referência às práticas em saúde em um diálogo com a Antropologia. Desenvolvimento do trabalho: De modo a nos aproximar do tema, trazemos à cena uma experiência vivida pelo antropólogo Pierre Clastres, acompanhada por um breve reconhecimento da questão da alteridade. Em um segundo momento, tecemos considerações sobre as potenciais implicações para o trabalho em saúde a partir do conceito de alteridade. A análise do discurso proposta por Michel Foucault compõe nossa principal baliza na construção dos procedimentos metodológicos, sendo que a fim de operacionalizar o estudo, realizou-se pesquisa bibliográfica e documental. Após alguns meses vivendo entre os índios Guayaki no Paraguai, Pierre Clastres, antropólogo francês, sente-se desencorajado face ao silêncio e à indiferença com os quais era tratado pelas pessoas dessa tribo. Clastres não percebia nenhuma acolhida entre os índios e com o passar do tempo ficou clara a distinção que faziam dele - um homem branco estrangeiro - em relação a outros índios, inclusive de diferentes tribos. Diante disso, o projeto de pesquisa por ele construído quando da vinda para as terras paraguaias sofreu um revés responsável por trazer à própria pesquisa questões que não se achavam ali incluídas. Pierre Clastres descobre que estudar os Guayaki implicava algo a mais do que deslocar-se até seu território e conviver por vários meses com eles. O antropólogo constata que não é somente seu conhecimento que traçará as linhas sobre as quais a relação com os índios vai acontecer, pois, no encontro com os índios ele se depara com a alteridade que também trará implicações para o conhecimento que será produzido. Esse processo vivido pelo antropólogo francês longe de ser apresentado como um percalço no caminho de sua pesquisa aparece para resituar a postura do pesquisador, levando-o a considerar a relevância do outro na construção de seu percurso. Nesse sentido, Clastres afirma um modo de produzir conhecimento que procura realizar-se através de um diálogo com o outro, de uma co-produção, e não tanto por meio apenas da construção de um discurso sobre esse outro. Esses achados de Pierre Clastres em sua jornada antropológica, que remetem ao encontro com o outro, ecoam para nossos fazeres na área da saúde de que formas? Aceitando o convite ofertado por essa interrogação é que o problema aqui apresentado vai ganhando forma. O outro, que nessa experiência do antropólogo residia nos índios Guayaki, oferece-nos o vislumbre de outros mundos possíveis, criando condições para que o pensamento entre em contato com a diferença, desestabilizando certezas prévias e possibilitando o surgimento de novos problemas e novos olhares. Considerando a potência problematizadora da alteridade, torna-se questão relevante interrogar como lidamos com as diferenças na área da saúde, especialmente no encontro entre profissional e usuário dos serviços assistenciais. O encontro, elemento fundamental na área da saúde nos remete ao momento inescapável em que uma pessoa que demanda um serviço está diante de outra que o recebe. Entendemos que o trabalho em saúde se desenvolve necessariamente em rede, em relação. A micropolítica da organização do trabalho percebe a criação de fluxos de conexão nas relações entre os profissionais como as rotas que a produção do cuidado percorre, para além da estrutura normativa. Portanto, quando consideramos o processo de trabalho na saúde, acionamos ferramentas sensíveis à dinâmica das relações e ao fluxo de comunicação que se dão no cotidiano de um serviço em saúde. Sobre os encontros na saúde, entendemos que se trata de um espaço privilegiado para pensarmos a questão da alteridade. É ali, em relação, que trabalhador e usuário operam com suas ferramentas de modo a manejar processos de saúde e doença. Levando em conta que a complexidade na Saúde Coletiva tem se mostrado cada vez mais presente em todas as dimensões do campo - teóricas, práticas e institucionais -, o encontro torna-se um dispositivo estratégico para a construção de um cuidado mais singular. Por outro lado, ao passo que a complexidade dos problemas enfrentados aumenta, nota-se também a imposição de limites para manejá-los de acordo com os parâmetros da ciência tradicional positivista e disciplinar. Temas como violência, sustentabilidade, subjetividade e sexualidade, por exemplo, constituem-se como sérios desafios a investigações filiadas ao paradigma clássico de ciência por manifestarem-se como objetos complexos não passíveis de esgotamento dentro de um único campo disciplinar, demandando a integração de diferentes disciplinas e, por vezes, diferentes racionalidades para uma abordagem consistente. Resultados e/ou impactos: Nessa perspectiva, os resultados preliminares desta pesquisa apresentam-se em três eixos: a definição de alteridade; o papel da Antropologia na Saúde; implicações da articulação entre Saúde e Antropologia para o campo da Saúde Coletiva. O primeiro eixo, diz respeito aos significados atribuídos à alteridade; no segundo ocupa-se de buscar compreender qual o lugar construído para a Antropologia no debate em Saúde. Por fim, no último eixo levantamos quais as implicações para o campo da Saúde quando este campo articula-se à Antropologia com a finalidade de discutir a alteridade. A articulação com a Antropologia se dá pelo lugar privilegiado com o qual esse campo dedica-se à questão da alteridade. E que, por sua interface com a saúde, pode oferecer instrumental valioso ao possibilitar a inserção de perspectivas e práticas em saúde no contexto cultural, desnaturalizando-os e, assim, fazendo o caminho inverso da ciência tradicional que procura lançar seus procedimentos em um plano destacado da sociedade. Trata-se de uma oportunidade de desnaturalizar a produção da saúde para que a análise da alteridade não se limite a fornecer instrumentos para traduzir um ponto de vista diferente a fim de submetê-lo à hierarquia do saber sanitário. Já que é na intersecção entre Antropologia e Saúde que nos posicionamos, outra contribuição desta pesquisa consiste em tomar a alteridade como questão que se interpõe em encontros dentro de uma mesma sociedade, sem que corresponda apenas ao contexto relacional entre povos de diferentes etnias. Demarcar tal posicionamento na proposta é importante, uma vez que através dessa posição chamamos a atenção para a alteridade que reside no encontro entre quaisquer pessoas que habitem uma mesma sociedade. Considerações finais: É importante destacar a complexidade e multidimensionalidade dos problemas em saúde e a sua relação com o processo de trabalho na área. Aproximar-se dessa realidade exige ferramentas e teorias que suportem a consideração de tantos aspectos diferentes, sendo que uma das saídas possíveis pode residir em reconhecer a dimensão da imprevisibilidade na produção de conhecimento científico através de uma outra maneira de se relacionar com os objetos de pesquisa. A oferta que as práticas interdisciplinares e transdisciplinares trazem à área da saúde é, segundo Luz (2009), a de integrar conhecimento gerado a partir de pesquisas experimentais, quantitativas, qualitativas e aplicadas com aquele advindo das práticas dos sujeitos - como usuários de serviços de saúde, por exemplo.

3326 Prevenção de doenças infecciosas e parasitárias em uma escola publica sob a ótica da teoria transcultural
Monique lameira araujo Lima, Alice Moraes, Camila Leão do Carmo, Lais Cristina Pereira da Costa Gomes, Sandy Coelho, Thayane Michelle Cravo do Nascimento

Prevenção de doenças infecciosas e parasitárias em uma escola publica sob a ótica da teoria transcultural

Autores: Monique lameira araujo Lima, Alice Moraes, Camila Leão do Carmo, Lais Cristina Pereira da Costa Gomes, Sandy Coelho, Thayane Michelle Cravo do Nascimento

INTRODUÇÃO: Madeleine Leininger, pioneira no estudo da enfermagem transcultural, percebeu que o cuidado se diferenciava para cada criança em particular e o fator diferencial era a cultura. Desta forma, Leininger concluiu que a base para enfermagem que estava faltando para praticar o cuidado individual e eficaz era o entendimento da cultura do cliente. Diante deste contexto, este trabalho foi realizado em uma comunidade, localizada na periferia da cidade de Ananindeua. Fatores aliados a hábitos culturais advindos do meio familiar e social, podem interferir no processo saúde-doença dessa população, principalmente de crianças, pois, levam a uma suscetibilidade abrangente para a transmissão de doenças infecciosas e parasitárias (DIP). OBJETIVO: Prevenir doenças infecciosas e parasitárias em uma escola pública de ensino fundamental sob a ótica da Teoria Transcultural. MÉTODO: Este trabalho trata-se de um relato de experiência desenvolvido em uma escola pública de ensino fundamental da comunidade Curuçambá Rural no município de Ananindeua, onde se aplicou técnicas pedagógicas em 3 turmas da instituição para a abordagem de temas referentes a educação ambiental, higienização alimentar e pessoal na prevenção das principais DIPs, levando em consideração o contexto cultural dos envolvidos. RESULTADOS: A ação educativa teve a aceitação de forma positiva das turmas quanto à aplicação da metodologia ativa visto que a maioria interagiu nas técnicas pedagógicas. Na dinâmica do certo e errado, foi possível observar dados como, cerca de 80% dos alunos participantes não tinham conhecimento sobre a relação entre a preservação e o cuidado do ambiente com a prevenção de diversas doenças. Na dinâmica da lavagem das mãos a maioria demonstrou assimilação da forma correta de lavar analisando-se como eles repetiam os passos e respondiam perguntas como “Por que é importante lavar as mãos?”. Por fim, nos cuidados básicos de alimentos, os alunos interagiam nas indagações sobe seu conhecimento prévio no assunto, como “O que devemos olhar primeiramente no produto que vamos comprar? ” o qual a maioria sabia a resposta no entanto não tinham consciência do real propósito dessas orientações. CONCLUSÃO: Assim, este trabalho, por meio das três temáticas abordadas e associadas à Teoria Transcultural, conseguiu promover a educação em saúde para um grupo de alunos levando em consideração o contexto cultural em que eles estão inseridos e assim garantir a prevenção das DIPs na comunidade estudada. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: O conhecimento dessa teoria é de suma importância para o profissional de enfermagem, visto que, a teoria de Leningner promove um olhar humanizado dando enfoque às particularidades do indivíduo ou de uma comunidade. Ressaltando a importância da integralidade entre os setores escola e sistema de saúde, no âmbito da atenção básica, para a garantia da promoção em saúde e prevenção de agravos que acometem crianças e adolescentes em fase escolar. Afinal, trata-se de um princípio fundamental preconizado pelo Sistema Único de Saúde e indispensável na formação acadêmica dos futuros profissionais da enfermagem.

3572 Cuidando de quem cuida: ações multiprofissionais de promoção em saúde num hospital de urgência e emergência
Audenir Tavares Xavier Moreira, Jordana Rodrigues Moreira, Lucas Queiroz dos Santos

Cuidando de quem cuida: ações multiprofissionais de promoção em saúde num hospital de urgência e emergência

Autores: Audenir Tavares Xavier Moreira, Jordana Rodrigues Moreira, Lucas Queiroz dos Santos

Este trabalho trata-se de um relato de experiência vivenciado no Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza – CE. Hospital da rede de saúde pública, de nível terciário, 100% custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de urgência e emergência, referência Norte e Nordeste no socorro às vítimas de traumas de alta complexidade, com fraturas múltiplas, lesões vasculares e neurológicas graves, queimaduras e intoxicação exógena. Conhecido popularmente como hospital de grandes traumas, o IJF recebe diariamente pacientes vítimas de acidentes automobilísticos e por perfuração de projétil de arma de fogo (PAF) e de perfuração por arma branca (PAB). Como profissionais residentes da IV turma em urgência e emergência pela Escola de Saúde Pública do Ceará no período (2017 – 2019) pudemos, articular atividades de educação em saúde no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ). Este funciona no 7º andar e os pacientes, na sua grande maioria têm direito a acompanhantes e ficam internados por um longo período de tempo; sendo assim, pacientes de longa permanência. Nós, residentes em saúde, obedecemos a uma escala de rodízio, e no período que estivemos no CTQ procuramos desenvolver o projeto: Cuidando de quem cuida, porque percebemos as reais demandas e necessidades desses acompanhantes que vivem, nesse momento, em prol dos pacientes. É como se eles se doassem completamente para o outro e esquecem-se do seu autocuidado. Nesse contexto de dor, doação e sofrimento, pois o CTQ é uma unidade de alta complexidade, porque nela observamos desde pequenas queimaduras até grandes queimados, E esses pacientes passam por um tratamento chamado balneoterapia ou comumente conhecido nessa unidade como “banho anestésico”. A balneoterapia é um procedimento realizado em mesa de aço inoxidável normalmente com o paciente em jejum desde a noite anterior. A balneoterapia também chamado de banho anestésico é a limpeza das feridas, realizada pelo enfermeiro, sob supervisão da equipe médica. Antes da administração de drogas anestésicas, observa-se o estado geral do paciente, emprega-se a aplicação de soluções antissépticas e é feita a escovação de todo o corpo do paciente, não se restringido, portanto, as áreas queimadas. São realizados pequenos desbridamentos pelos cirurgiões. Dessa forma, a balneoterapia é um procedimento bastante delicado, pois envolve escarotomias, coleta de material para exames, trocas de acesso, enxertos, condutas que são potencialmente dolorosas para o paciente e refletem diretamente no cuidado desse pelo acompanhante. O objetivo desse projeto: despertar práticas do autocuidado para os acompanhantes de pacientes internados no CTQ, visto que este é um lugar restrito, uma unidade fechada, onde os acompanhantes têm contato direto com a dor de outro ser humano, que  muitas vezes trata-se de um familiar, um amigo ou conhecido. Desenvolvimento do trabalho: Nessa unidade de saúde e cuidado conhecida como CTQ, fizemos algumas intervenções por meio do grupo intitulado: Cuidado de quem cuida. Ele funcionava sempre às quintas-feiras, nos dois turnos: manhã e tarde, sendo que no horário da tarde fazíamos as reuniões com os acompanhantes sempre após o horário da visita para que não houvesse nenhum empecilho. O projeto funcionava na sala da Fisioterapia por ser um lugar espaçoso, onde poderíamos reunir os acompanhantes para o trabalho de cuidado em saúde. Fazíamos um dia de planejamento entre nós, residente, para vermos as temáticas interessantes. Começávamos com dinâmicas de “quebra gelo”, exercícios de alongamentos e depois discutíamos com os acompanhantes, temáticas como: hipertensão, diabetes, alimentação saudável, direitos previdenciários, higiene bucal, higiene corporal, higiene das mãos, equipamentos de proteção individual, normas da unidade, direitos e deveres do acompanhante, dentre outras. Para fazer o convite para os acompanhantes comparecerem, saíamos dois profissionais residentes em cada enfermaria, avisando o horário e o local da reunião. A maioria se mostrava receptiva, com exceção dos acompanhantes de alguns pacientes que estavam mais dependentes, devido os banhos anestésicos e sequelas mais graves. Quando terminávamos e voltávamos à sala da Fisioterapia, os acompanhantes já iam começando a chegar. Esperávamos, então, pelos que ficaram de comparecer para darmos início a atividade. Resultados: Nos encontros com os acompanhantes, percebemos o quanto esse momento de autocuidado era importante para eles. Nos encontros notávamos que muitos desabavam as suas lamúrias, falavam um pouco de si, e até choravam, como forma de alívio.     Os únicos acompanhantes que não participam eram os que ficavam com crianças por não terem com quem deixa-las. Nos dias dos encontros iam cerca de 10 a 18 acompanhantes e procurávamos colocar as cadeiras em forma de círculo para que todos pudessem ser ouvidos e percebidos. O autocuidado parte do interior é uma motivação que precisa ser despertada pela própria pessoa. Não podemos quantificar esse cuidado em saúde; mas podemos qualificar como um bem-estar, um protagonismo do sujeito que se sente emponderado, que se sente partícipe e capaz de expressar suas emoções, seus enfrentamentos, e acima de tudo compartilhar o cuidado, sem abrir mão de seu autocuidado. Essa vivência no CTQ foi exitosa, pois ampliou a visão de saúde como condicionantes e determinantes sociais. Trouxe os atores do cuidado para o cenário e os colocou debaixo do holofote de uma equipe de Residência Multiprofissional formada por enfermeiro, dentista, assistente social, nutricionista, psicóloga, fisioterapeuta, farmacêutica. O Cuidando de quem cuida foi um fazer saúde de forma humanizada, acessível e igualitária, onde todos os que cuidavam também  precisam ser cuidados. É uma forma de promover saúde e prevenir doenças num hospital de grande porte e terciário, onde o cuidador ou acompanhante não é o paciente e por isso não é acolhido e tratado pelos profissionais de saúde. Considerações finais: O projeto apresentado foi um marco inovador do cuidado em saúde no IJF, na unidade de queimados, Pudemos compreender e perceber a grandeza que uma equipe de residentes em saúde pode e deve promover no cuidado em saúde no ambiente hospitalar; sendo assim, apesar dos entraves que impediram o prosseguimento desse projeto. Este mostrou a sua motivação, cuidar de quem cuida. As vezes que esse projeto aconteceu foram suficientes para enxergarmos o outro, que é acompanhante, como pessoa digna do cuidado em saúde. A saúde foi promovida de forma multiprofissional no CTQ do IJF. Vivenciamos os princípios do SUS: universalidade, igualdade, equidade, integralidade. A promoção da saúde também acontece no nível terciário, em hospital de grandes traumas de urgência e emergência.                

3873 CONTRIBUIÇÕES DA FISIOTERAPIA PARA A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTE COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Hermon Nogueira Lopes, Kelem Costa Oliveira, Tereza Raquel de Lima Alencar, Cristina das Neves Pereira

CONTRIBUIÇÕES DA FISIOTERAPIA PARA A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTE COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Hermon Nogueira Lopes, Kelem Costa Oliveira, Tereza Raquel de Lima Alencar, Cristina das Neves Pereira

Este artigo relata a experiência do desenvolvimento de um projeto de pesquisa pelo Centro Universitário do Norte (UniNorte Laureate) acerca dos efeitos da atuação fisioterapêutica na qualidade de vida em um paciente com diagnóstico clínico de Distrofia Muscular de Duchenne (DMD), o qual compõe a amostra do estudo. Descreve as práticas fisioterapêuticas utilizadas durante os atendimentos ao paciente e os efeitos da terapêutica na qualidade de vida do indivíduo, levando em consideração o quadro clínico apresentado pelo portador de DMD. Considera-se a DMD uma doença degenerativa e não-curativa, com progressão das complicações que levam a morbidade dos indivíduos acometidos, majoritariamente do sexo masculino, levando-os a óbito por volta da segunda ou terceira década de vida. A fisioterapia e suas vertentes terapêuticas objetivam retardar o avanço da doença e consequentemente promover a manutenção da qualidade de vida em pacientes com DMD. São indivíduos distróficos, ou seja, perdem massa muscular constantemente e a capacidade efetiva de movimentar-se e realizar as AVDs, portanto, tornam-se dependentes com o avanço dos anos e progressão da doença, conferindo-os a cadeira de rodas, adotando posturas viciosas que geram contraturas e deformidades que comprometem a biomecânica corporal e a atuação de sistemas reguladores da atividade metabólica como o trato respiratório. Devido o encurtamento dos músculos respiratórios e redução da mobilidade da caixa torácica, a fisioterapia busca retardar os defeitos sinérgicos gerados pela progressão da doença, como estimular a força contrátil dos músculos respiratórios, alongar a musculatura patologicamente retraída e promover integridade as vias respiratórias, prolongando a vida do indivíduo, considerando que a insuficiência respiratória é a principal causa de óbito entre indivíduos com DMD. O estudo em questão aborda a intervenção fisioterapêutica desenvolvida entre agosto e dezembro de 2017 por 4 acadêmicos de fisioterapia supervisionados pela professora da instituição responsável pelo desenvolvimento do estudo, o qual foi apresentado e aceito pelo CEP que analisou o projeto. As intervenções fisioterapêuticas consistiram em 60 sessões, realizadas três vezes durante a semana, onde dois atendimentos eram realizados na residência do paciente localizada na região metropolitana de Manaus e um atendimento realizado na Clínica Escola de Fisioterapia da UniNorte destinado a Hidroterapia. Os atendimentos residenciais foram destinados a cinesioterapia e a manutenção da biomecânica respiratória, sendo realizadas as segundas e quartas feiras, as sextas foram destinadas a hidrocinesioterapia. As intervenções foram descritas pelos acadêmicos nas evoluções realizadas posteriores a cada atendimento. No primeiro contato com paciente, foram explicados o objetivo do estudo assim como os possíveis benefícios do tratamento fisioterapêutico ao paciente e aos seus responsáveis, levando em consideração que se encontrava na faixa etária correspondente a adolescência segundo a OMS, dos 12 aos 19 anos, e legalmente necessitava-se da aprovação dos responsáveis para inclusão na pesquisa. Após assinatura dos termos correspondentes a efetivação da pesquisa e posterior aval do CEP, os acadêmicos juntamente a professora/fisioterapeuta responsável iniciaram a intervenção fisioterapêutica a partir de uma minuciosa anamnese e avaliação física do paciente o que incluiu a goniometria, manovacuometria, teste de força muscular, avaliação do tônus muscular e avaliação da dor, os quais foram pontuados a partir de escalas evidenciadas cientificamente. O quadro clínico do indivíduo era de total dependência, não frequentava a escola, devido a morbidade que o resguardava ao leito. Sua mobilidade era restrita a cadeira de rodas, a força muscular não vencia a gravidade, hipotônico, apresentava deformidades como pé equino bilateralmente e escoliose toracolombar o que lhe causava dores na coluna e nas regiões adjacentes devido o encurtamento da musculatura local, comprometendo também a mecânica ventilatória a qual de acordo com a manuvacuometria apresentava fraqueza muscular tanto em músculos responsáveis pela inspiração e pela expiração. Durante os atendimentos que se procederam, foram utilizadas técnicas de mobilização e alongamento no pé equino favorecendo a circulação, ativação das fibras musculares afetadas e retardando o agravamento da deformidade. Alongamentos na musculatura encurtada decorrente da escoliose assim como dos músculos da respiração e exercícios respiratórios como técnicas de reexpansão pulmonar: inspiração em tempos, soluços inspiratórios, expiração fracionada, utilizou-se também espirometria de incentivo com o Respiron e técnicas lúdicas como encher balões a partir do volume pulmonar, soprar cata-ventos e línguas de sogra, foram técnicas utilizadas durante a intervenção, assim como manobras de higiene brônquica quando necessário. Exercícios ativo-assistidos eram incentivados e realizados pelo paciente favorecendo a contratilidade muscular e retardando a perda da consciência corporal, as mudanças de posicionamento eram constantes com o estimulo a sedestação. A hidroterapia foi um diferencial ao atendimento, paramentado por instrumentos hidroterápicos e assistido pelos acadêmicos foi estimulada a movimentação ativo-assistida do paciente utilizando a força de flutuação, arraste e a resistência encontrada pela água promovendo o retardo das aderências articulares, estimulou-se a contratilidade muscular com as manobras de Bad Ragaz e Watsu, objetivando o relaxamento da tensão psicomotora a qual o paciente é constantemente submetido. Com o avanço dos atendimentos era notória a colaboração e aceitação da inserção da fisioterapia no cotidiano do paciente, que inicialmente tímido as práticas incisivas mostrou-se colaborativo e coeso com a equipe que o assistia. As complicações advindas da progressão da doença são irreversíveis e obedecem a evolução natural da doença, porém atestar o aumento do estimulo contrátil nas musculaturas aparentemente fracas com o decorrer da propedêutica é satisfatório. A possibilidade de movimentação mesmo que mínima no ambiente aquático revelou melhora dos estímulos contrateis em relação aos atendimentos anteriores principalmente em membros inferiores. No ambiente aquático foram realizados exercícios respiratórios otimizados pela pressão hidrostática exercendo sobre o corpo, precisamente a caixa torácica, resistência, potencializando o trabalho respiratório com o cuidado em não fadigar excessivamente o paciente, consultado durante o decorrer do atendimento. A segunda avaliação realizada com o paciente ao final de 30 sessões mostrou melhora na força dos músculos inspiratórios, porém manteve-se o potencial de fraqueza em músculos expiratórios. Paciente mantinha-se em sedestação em um maior período de tempo, posicionamento o qual referia incomodo anteriormente ao manter-se durante um curto período de tempo. Considerando os profissionais fisioterapeutas com ampla habilidade em cuidar e promover saúde, a experiência em atender um paciente com DMD, trouxe aos acadêmicos a capacidade em compreender as necessidades de um paciente com DMD, assim como intervir com pudor as técnicas conferidas ao tratamento proposto que foi idealizado juntamente a professora responsável pela pesquisa. O paciente restrito torna-se dependente, comprometendo a estabilidade psicossocial e a qualidade de vida. Abraçou-se a possibilidade em reinserir o paciente ao âmbito social, prolongando a vida deste indivíduo na sociedade. Mostra-se satisfação em possibilitar esperança através da fisioterapia.

4246 Neurolúdica: proposta vivencial para ações preventivas sobre álcool e drogas
Elvira Eliza França, Lênia Elane Cintra Lemos

Neurolúdica: proposta vivencial para ações preventivas sobre álcool e drogas

Autores: Elvira Eliza França, Lênia Elane Cintra Lemos

APRESENTAÇÃO: As ações preventivas sobre álcool e drogas geralmente adotam a abordagem comportamental dos usuários e dependentes na relação consigo (ansiedade, inquietude, impulsividade, negligência com a aparência) e com os outros (descontrole ou inibição no uso da linguagem, agressividade e danos físicos e materiais, tendência a atos ilícitos, dificuldade de controle da vontade etc.). Contudo, nem sempre considera os efeitos das substâncias tóxicas e os danos estruturais e químicos que ocorrem no cérebro e no sistema nervoso. Por isso, a mudança de comportamento parece ser um processo fácil, que requer boa vontade e determinação do usuário/dependente. O objetivo desse trabalho é repassar informações básicas sobre neurociências com a metodologia Neurolúdicaâ, nas ações preventivas sobre álcool e drogas com populações com baixa escolaridade. A metodologia foi criada para compensar a carência de recursos materiais e tecnológicos de ambientes pobres em que mães levavam crianças que corriam e brincavam durante as palestras. A inserção das crianças nas demonstrações lúdicas ajudou as mulheres a compreender os danos ao cérebro dos filhos e companheiros em decorrência do estresse, uso de álcool e drogas. Essa metodologia foi ampliada para o trabalho com outros profissionais, na compreensão da importância da história de vida, desde a fase intrauterina, infância e adolescência, até a situação atual da dependência química. DESENVOLVIMENTO: Durante a atividade são utilizados materiais simples: pedaço de papel e emborrachado, pinceis, faixas para curativos e, principalmente, o corpo em movimento. Alguns participantes fazem o papel de células para simular a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, a migração celular, a desorganização dos neurônios, e a possibilidade da ocorrência de transtornos neurológicos e psiquiátricos (epilepsia, déficit de atenção e hiperatividade, esquizofrenia, depressão etc). Também simulam a poda neuronal na puberdade e adolescência para intuir as possíveis alterações causadas pelo estresse, álcool e outras drogas na química cerebral, e riscos de desenvolvimento de transtornos mentais. Ainda simulam como as drogas entram na corrente sanguínea e os vários riscos das quedas, ferimentos, traumas, acidente vascular etc. RESULTADOS: Com base nos relatos dos participantes, desde o ano de 2000, a Neurolúdicaâ ajuda a manter os participantes atentos e despertos durante a aprendizagem, passando a compreender melhor as consequências danosas do estresse, álcool e outras drogas nas funções nervosas. O processo favorece o entendimento dos porquês dos comportamentos desatentos, agitados, agressivos das crianças/adolescentes em casa e na escola e dos adultos na vida social. Há maior compreensão sobre os motivos das alterações comportamentais de usuários/dependentes e o porquê de não conseguirem controlar o uso das substâncias tóxicas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O entendimento sobre os mecanismos complexos da dependência química com a Neurolúdicaâ ajuda a aumentar o sentimento de respeito, a solidariedade e a disponibilidade de apoio entre os familiares e pessoas da comunidade no trato dos que sofrem da dependência química e precisam se tratar. Com isso, aumenta-se a rede social de apoio.

1838 Educa-Art Saúde: Instigando Arteterapia em um Shopping em Santarém-PA
Fabiana Santarém Duarte, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoíse Gisela Gato Lopes, Jéssica Naiara Silva Vieira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Educa-Art Saúde: Instigando Arteterapia em um Shopping em Santarém-PA

Autores: Fabiana Santarém Duarte, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoíse Gisela Gato Lopes, Jéssica Naiara Silva Vieira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Apresentação: A arteterapia utiliza-se de técnicas terapêuticas, as quais, permite ao indivíduo manifestar suas emoções de diferentes formas, possibilitando a utilização de várias ferramentas na produção de arte. Sua utilização como estratégia terapêutica tem contribuído para promoção e prevenção da saúde. A sensibilização por meio da arte vinculada a saúde possibilita não somente relaxamento, alivio de estresse, compartilhamento de vivências, mas também uma melhor qualidade de vida para os usuários de diferentes faixas etárias.  É importante frisar que o ambiente utilizado para a realização da arteterapia se faz fundamental ser pensado para que seja um lugar propício e acessível a todas as classes sociais, sem exclusão, haja vista que o projeto é um ato inclusivo para a sociedade como um todo. A saúde emocional e o autoconhecimento podem ser exteriorizados através da arte confeccionada pelas pessoas que se permitem se mostrar através de suas produções pois, somente a arte proporciona liberdade de expressão, é uma técnica que envolve imaginação e criatividade, sem necessidade de haver perfeição nas artes produzidas. Existem várias formas de se realizar, utilizando-se de vários recursos, como pintura, desenho, poemas, artesanato entre outros. Essas são algumas formas de desestressar e estimular a exteriorização do que a pessoa está sentindo, além disso, possibilita a interação entre as pessoas. Com isso, o projeto busca não somente proporcionar uma saúde física e/ou mental, mas também possibilitar momentos de lazer e interação entre as famílias e a comunidade.  Desenvolvimento do trabalho: Trata-se um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado em um Shopping de Santarém-Pará. As atividades foram desenvolvidas por meio do projeto de extensão “UEPA na comunidade”, este promove atendimentos em saúde para a comunidade Santarena. No dia 31 de maio de 2016, as atividades de artes realizadas tiveram o intuito de tornar o ambiente mais dinâmico e promover bem-estar para as pessoas que estavam participando. As técnicas utilizadas foram: pintura e mandala. Para a realização das práticas terapêuticas foram utilizados: lápis de cor, giz de cera, desenhos do livro anti-estresse, palitos, tesoura, fios coloridos e colchonetes para as pessoas se sentirem mais confortáveis na hora de confeccionar as suas artes. Os participantes eram livres para escolher a técnica que queriam produzir. Quando chegavam à tenda, quem escolhia a mandala, era explicado como fazer e dessa forma promover a saúde através das artes. O público foi compostos por crianças, jovens e adultos. Resultados e/ou impactos: Pôde-se observar que tanto os pais quanto os filhos participaram das terapias realizadas durante a ação realizada no shopping. Enquanto os pais desenvolviam as mandalas na tenda, os filhos realizavam a pintura de imagens do livro antiestresse, que surgiram no meio editorial com o intuito de promover relaxamento em pessoas de diversas faixas etárias, já que colorir auxilia na diminuição da ansiedade, do humor, aumentando também a capacidade de atenção e na facilitação para dormir, o que gerou bastante curiosidade na pessoas no mundo na época em que foi lançado. A utilização dessa técnica foi bastante impactante para o projeto, visto que isso ainda não tinha ocorrido em outros lugares na cidade, o que tornou bastante pertinente o interesse dos pais e dos filhos na tenda do projeto “EDUCA-ART Saúde”, justamente por ser algo novo no local onde prestam serviços de bens de consumo diversos e lazer, porém há sempre a cobrança de taxa nos momentos de lazer tanto para os adultos como para as crianças. Na tenda foi disponibilizada a utilização de colchonetes, o que possibilitou que os participantes ficassem mais a vontade para realizar o processo terapêutico, porém as pessoas que se permitiram participar da ação que escolhiam se sentavam neste ou nas cadeiras também dispostas no espaço. Vale ressaltar, que nem todos os participantes escolheram o colchonete, por diversos motivos, porém, diziam-se sentirem-se confortáveis nas cadeiras. A Arteterapia realizada pelas pessoas que ali passavam lhe trouxeram muitos benefícios, além da alegria em ver um projeto que se preocupa com a saúde mental, psicologia e física eles se sentiram bastante confortáveis no ambiente que lhes foi proporcionado desenvolvendo suas mandalas e relatando relaxamento se esquecendo dos problemas externos, além de ser observado que compartilhavam suas vivências uns com os outros que ali produziam arte. Nas crianças que estavam colorindo o livro antiestresse foi observada a questão do bem-estar e concentração que foi proporcionado, além de ser trabalhado também o cognitivo, o livro de colorir tem essa influencia de exigir a concentração deixando as pessoas desligadas do que está acontecendo ao redor obrigando a estes que os produz foco e atenção estimulando assim a criatividade e consequentemente o conhecimento e percepção o que favorece o crescimento dessas crianças. Considerações Finais: O atendimento de serviços básicos a comunidade é muito importante para a promoção de saúde. Através dessas práticas é possível detectar problemas no âmbito da saúde que envolve a população local. Associar essas práticas com a arteterapia é uma forma de promover a saúde duas vezes mais. Isso por que as técnicas são uma forma complementar de auxílio e promoção a saúde dos indivíduos. Realizar mais projetos como esse para a comunidade em geral é uma forma de blindar as pessoas contra futuras doenças mentais e psicossomáticas. Além disso, promover esse tipo de ação em lugares diversificados nos quais frequentam variados tipos de pessoas, é uma estratégia importante quando se quer realizar arteterapia. A comunidade santarena pôde através da tenda do projeto EDUCA-ART Saúde a oportunidade de conhecer a arteterapia. Essa ainda não é muito conhecida por parte da população, que por mais que tenha o artesanato como uma das fontes de renda, não conhece as técnicas como terapia. Com isso, inserir essas atividades, em uma ação em um shopping que tem como frequentadoras pessoas de diversos bairros da cidade foi uma forma de promover o conhecimento da arteterapia, bem como, saúde física e mental.

2816 DIÁLOGO COM HOMENS NA PERSPECTIVA DE AÇÕES DE CUIDADO EM SAÚDE, NA LOCALIDADE DO BOQUEIRÃO, SOBRAL – CE. UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
JOSE CARLOS ARAUJO FONTENELE, Hanna Pontes Linhares, Sanayla Maria Albuquerque Queiroz, Lisandra Teixeira Rios, Patricia Thays Alves Pereira, Marilia Gabriela Santos Bezerra, Jessica Rodrigues Brito, Silvinha de Sousa Vasconcelos Costa

DIÁLOGO COM HOMENS NA PERSPECTIVA DE AÇÕES DE CUIDADO EM SAÚDE, NA LOCALIDADE DO BOQUEIRÃO, SOBRAL – CE. UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: JOSE CARLOS ARAUJO FONTENELE, Hanna Pontes Linhares, Sanayla Maria Albuquerque Queiroz, Lisandra Teixeira Rios, Patricia Thays Alves Pereira, Marilia Gabriela Santos Bezerra, Jessica Rodrigues Brito, Silvinha de Sousa Vasconcelos Costa

As questões de gênero mostram uma barreira no que tange à saúde, diferenciando homens de mulheres, pois os mesmos estão sujeitos a altos índices de morte e adoecimento, por falta de cuidado e percepção com sua saúde. Pode-se dizer afirmar que os homens não buscam serviços em âmbito preventivo, dificultando o cuidado e prevenção de doenças e/ou causas externas. Objetivamos proporcionar um diálogo com homens para conhecer os motivos que levam estes a não buscarem o cuidado à saúde de forma preventiva e proporcionar uma autorreflexão por parte dos mesmos. Trata-se de um relato de experiência, a partir de um momento da campanha Novembro Azul, que ocorreu em novembro de 2017, na localidade do Boqueirão, na cidade de Sobral – Ce, com dois profissionais da Residência Multiprofissional em Saúde da Família, um Fisioterapeuta e uma Terapeuta Ocupacional. O momento contou com a participação de cerca de 30 homens, de diferentes idades. Iniciou-se com uma breve apresentação da proposta do Novembro Azul, em seguida foi utilizada metodologia ativa, usando um papel madeira com a frase “O que é ser homem pra você?” e pedia para eles falarem palavras que vem a cabeça quando se fala de saúde do homem e o porquê dessa não procura, de forma espontânea eles foram falando as palavras. As palavras ditas por eles foram as mais diversas, podendo citar: preconceito, teimoso, falta de tempo, descuidado, machista, forte, dentre outras. Quando todos falaram e foram anotadas as palavras, de forma coletiva lemos todas para iniciar a discussão sobre a temática saúde do homem, onde foram relatadas histórias de vida, com usuários presentes que já presenciaram ou passaram por algum tratamento e aconselharam os demais a se cuidarem. O momento foi enriquecedor, pois a partir da construção coletiva, dos homens presentes, com histórias de vida dos mesmos e palavras ou situações vinda deles, pudemos pensar o quanto este grupo populacional é carente e necessita de cuidado e atenção. A partir do diálogo, da utilização de metodologias ativas, onde os sujeitos são atores da construção, pode-se observar a importância de debater a temática saúde do homem ainda tão pouco cuidada, quando os mesmos expõem a partir das suas vivências a sua percepção do seu corpo e saúde, podemos entender que o diálogo acerca da temática é relevante na construção de saberes e mudanças nas conduções dos processos profissionais, gerando então novos encargos, mostrando que ações com utilização de tecnologias leves, proporcionam um momento de cuidado, compartilhamento de saberes que podem de alguma forma gerar alguma mudança no cenário.  

1585 A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO DO GANHO PONDERAL NA GESTAÇÃO E A CONSCIENTIZAÇÃO DA GESTANTE SOBRE SUAS IMPLICAÇÕES: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Fabiana Santarém Duarte, Ana Eliza Ferreira Pinto, Gabriela Oliveira de Nazaré, Rebeka Santos da Fonseca, Suan Kell dos Santos Lopes, Simone Aguiar da Silva Figueira

A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO DO GANHO PONDERAL NA GESTAÇÃO E A CONSCIENTIZAÇÃO DA GESTANTE SOBRE SUAS IMPLICAÇÕES: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Fabiana Santarém Duarte, Ana Eliza Ferreira Pinto, Gabriela Oliveira de Nazaré, Rebeka Santos da Fonseca, Suan Kell dos Santos Lopes, Simone Aguiar da Silva Figueira

Apresentação: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é caracterizada como acúmulo excessivo de tecido adiposo que pode levar a prejuízos para a saúde. Na gestação, a obesidade pode atuar como desencadeante ou agravante, quando esta for pré-existente. Sendo um fator de risco para desenvolver uma gama de patologias, principalmente nas gestantes como: distócias, hipertensão, diabetes e aumento do risco para parto cesariano. No início do pré-natal, deve ser realizada a avaliação do estado nutricional da gestante, com cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC) para estimativa do ganho ponderal durante esse período, seguido das orientações de uma dieta adequada. Dessa forma, o objetivo deste relato é expor a importância do acompanhamento do ganho ponderal na gestação. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, desenvolvido por acadêmicas e uma docente do curso de enfermagem durante aula prática da disciplina saúde da mulher na atenção primária em uma unidade de referência no munícipio de Santarém- PA. No dia da inscrição do pré-natal de uma gestante foram realizados os procedimentos de mensuração antropométrica de rotina como: verificação de peso, estatura e pressão arterial (PA). No decorrer da consulta de enfermagem fôra realizadas perguntas a despeito de antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos, obstétricos e dados socioeconômicos, assim como investigado sobre suas queixas, diurese, evacuações e realizado o exame físico com minuciosa investigação clínica para fatores de risco na gestação. Resultados: Durante a consulta, as discentes realizaram o preenchimento da caderneta da gestante com o IMC, e a partir disto, orientaram segundo sua classificação que deve apresentar inclinação ascendente a faixa inferior de obesidade, pois já iniciou o pré- natal com a classificação nutricional de obesidade e necessitará de mudanças em seus hábitos alimentares para manter seu ganho ponderal adequado. Observou-se a partir dos dados socioeconômicos da gestante um padrão de vida classe média e instrução de ensino superior, no entanto, demonstrou resistência quanto às orientações de ganho ponderal, pois relatava que seus hábitos alimentares continham bastante massa, fritura, açucares e a mesma não tinha interesse por mudá-los. Ao ser questionada sobre seu peso em gestações anteriores a mesma informou um ganho cumulativo, isto é, a paciente demonstra sempre ganhar e manter ganho de tecido adiposo de uma gestação para outra, podendo implicar em futuras complicações na gravidez, com riscos maternos fetais, até mesmo podendo influenciar nas condições de nascimento do neonato. Considerações finais: O período gestacional requer cuidados vigilantes, tanto do profissional quanto da gestante, e isso implica em orientações claras e concisas repassadas à grávida de acordo com o trimestre tendo em vista seu quadro de riscos biológicos, econômicos ou sociais, feito isso, deve-se avaliar o nível de compreensão e aceitação desta mulher, verificando de forma multiprofissional se as metas planejadas estão sendo obtidas. Conforme a vivencia deste estudo, nota-se que a equipe de saúde faz suas atribuições para concluir com excelência este acompanhamento, mas, no entanto, é necessária a sensibilização da gestante no entendimento da importância do cuidado nutricional para minimizar possíveis desfechos negativos.