182: Cuidando do ambiente de trabalho, a diversidade como possibilidade
Debatedor: A definir
Data: 02/06/2018    Local: ICB Sala 08 - Igapó    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1199 Análise de experiências em vigilância em saúde pública a partir da noção de modos tecnológicos de intervenção em saúde
Marcilio Sandro Medeiros, Maria Jacirema Ferreira Gonçalves, Inez Siqueira Santiago Neta

Análise de experiências em vigilância em saúde pública a partir da noção de modos tecnológicos de intervenção em saúde

Autores: Marcilio Sandro Medeiros, Maria Jacirema Ferreira Gonçalves, Inez Siqueira Santiago Neta

A análise dos conhecimentos e saberes que orientam o processo de trabalho na Vigilância em Saúde Pública, isto é, o de como são produzidas técnica e socialmente o cuidado em saúde, permite aferir, por exemplo, quais experiências estão orientadas para identificação de necessidades e problemas sócio sanitários nos territórios de vida das populações, a partir a participação popular, a interdisciplinaridade e a integração com outras políticas públicas, sem perder de vista questões éticas e culturais, e atendendo aos princípios de universalidade, integralidade e equidade do SUS. Os Modelos Assistenciais ou Modelos de Atenção à Saúde ou ainda Modos Tecnológicos de Intervenção em Saúde, conforme denomina Mendes-Gonçalves, referem-se à criação de um modo de ação intervencionista a partir dos problemas e necessidades detectados em determinada sociedade, organizando-se conhecimentos, saberes e instrumentos comuns às práticas em saúde. A perspectiva formulada é baseada na Teoria do Processo de Trabalho em Saúde que elege a categoria “trabalho” como central para analisar a ação humana e a ação humana em saúde. Diante do exposto, analisasse uma tendência atual de “Vigilância da Saúde” superar os modelos médico-hospitalar e assistencial sanitarista, atuando na promoção e prevenção de forma participativa, sem perder de vista questões éticas e culturais da população, e atendendo aos princípios de universalidade, integralidade e equidade do SUS. O trabalho objetiva analisar sob a perspectiva da noção de Modos Tecnológicos de Intervenção em Saúde experiências de Vigilância em Saúde Públicas documentadas na literatura científica. Para análise metodológica aplicou-se as quatro dimensões de modos tecnológicos que são: (i) objeto do trabalho diz respeito de como estão sendo diagnosticadas as necessidade e problemas de saúde das populações sobre determinado território; (ii) instrumentos de trabalho são as técnicas empregadas para construção, análise, entre outros meios, que serão capazes de manipular o objeto ou chegar a determinado diagnostico; (iii) organização do trabalho diz respeito a execução das ações sobre o objeto; e (iv) produto do trabalho são os efeitos almejados. Os resultados foram obtidos da pesquisa na base de dados informatizadas disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde que selecionadas 3 das 8 experiências identificados na revisão da literatura cujo os títulos são: (i) Vigilância popular da saúde. Cartografia dos riscos e vulnerabilidades socioambientais no contexto de implantação da mineração de urânio e fosfato no Ceará; (ii) Um olhar sobre o Programa de Saúde da Família: a perspectiva Ecológica na Psicologia do Desenvolvimento segundo Bronfebrenner e o modelo da Vigilância da Saúde; (iii) Por uma Pedagogia dos Satisfatores para a Promoção da Saúde: dos Espaços Estruturais de Boaventura de Souza Santos às Necessidades Humanas de Max-Neef. A primeira experiência trata-se de proposta teórica de articulação da abordagem ecológica do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner com o modelo de vigilância da saúde aplicado no Programa Saúde da Família. Aplicando as dimensões da noção do modo tecnológico de intervenção em saúde, identifica como objeto de trabalho dessa experiência os determinantes e riscos socioambientais que afetam o grupo família e comunidade, no qual o indivíduo está inserido. Os meios de trabalho usados, ou seja, os instrumentos para diagnostico, consiste em auscultar a família, sendo este o informante do objeto a ser transformado. A organizações do trabalho consiste nas ações de promoção da saúde, intervenções sociais organizadas, políticas públicas transetoriais, ações articuladas entre as equipes de saúde e a população. O produto almejado dessa experiência é o retrato da realidade por meio da identificação dos determinantes, priorização de problemas e a incorporação da família como agente/sujeito do seu próprio cuidado em prol do Desenvolvimento Humano. A segunda foi coordenada pelo grupo de pesquisa Trabalho, Meio Ambiente e Saúde (Tramas) da Universidade Federal do Ceará, sendo realizada em cinco comunidades tipicamente rurais (Poço da Pedra, Santa Teresinha, Lagoa do Mato e Porteiras) próximas as minas de urânio e fosfato localizadas entre os municípios de Itatira e Santa Quitéria no Estado do Ceará. O objeto dessa experiência são iniquidades e vulnerabilidades socioambientais e institucionais. Os meios de trabalho utilizados baseiam-se na produção compartilhada de conhecimento com sujeitos do território, com a formação de um grupo crítico, para identificação de potencialidades e necessidades sociais e a articulação com os movimentos sociais. O trabalho acontece a partir das perspectivas da Educação Popular e Monitoramento Participativo. O produto é uma vigilância participativa que considera a cultura e história local. A terceira experiência produzida na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca possui um caráter empírico e exploratório, que a partir da teoria do Desenvolvimento Voltado às Necessidades Humanas de Manfred A. Max-Neff, foi aplicada como estratégia pedagógica de produção de conhecimento por meio de uma visão indissociável da saúde e do ambiente aos alunos do ensino médio residentes em uma comunidade do bairro de Manguinhos, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Na análise foi identificada como objeto de trabalho as necessidades humanas fundamentais. O instrumento de trabalho utiliza tecnologias leves, como exemplo, a construção compartilhada do conhecimento em uma matriz de necessidades e satisfatores. A organização do trabalho se constitui de ações de promoção no cotidiano das populações. Apresenta como produto a realização das necessidades humanas fundamentais e aumento da qualidade de vida. Como considerações finais, entendemos que as três experiências identificadas poderão contribuir para a estruturação de uma vigilância do desenvolvimento humano, com ênfase nas necessidades humanas, que estaria deste modo, contribuindo na identificação de problemas emergentes em saúde em populações vulneráveis a partir da participação popular. A ideia de vigilância da saúde como modelo de atenção, posiciona-se contra a estagnação de um modelo assistencial trabalhado apenas em indicadores em saúde e abre-se para a participação no planejamento das ações em saúde mais ampliada. Presume-se que as informações processadas permitam conhecer o território e, consequentemente, problemas emergentes.

1317 LEVANDO EDUCAÇÃO E SAÚDE NO AMBIENTE DE TRABALHO
Roseli Werner

LEVANDO EDUCAÇÃO E SAÚDE NO AMBIENTE DE TRABALHO

Autores: Roseli Werner

A Unidade de Saúde das Capitais, no município de Timbó-SC, conta hoje com uma população de aproximadamente 5.397 habitantes. Está organizada a partir de duas áreas de abrangência com duas equipes de saúde da família (ESF). Em reuniões realizadas pelas duas equipes e também em visitas domiciliares, os profissionais perceberam a baixa adesão dos usuários em relação ao tratamento correto com os medicamentos, as rotinas, atividades físicas, atividades feitas em grupo, calendário vacinal em atraso e resultado dos exames retirados. Vários fatores contribuem para a baixa adesão dos usuários nas atividades em grupos, entre eles: fator social, socioeconômico, cultural, jornada de trabalho, pressão da chefia para não faltar ao trabalho. A educação em saúde é uma das responsabilidades atribuídas aos profissionais da equipe de saúde da família, cujos pressupostos estão centrados num conjunto de saberes e práticas orientadas para a prevenção de doenças e promoção da saúde. Tendo em vista que já havia um cronograma de atividades pré estabelecido, foi sugerido na equipe fazer grupos de orientações nos locais de trabalho com pré agendamento feito pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), para levar as informações aos diferentes grupos de pessoas com dificuldades de comparecer nos dias agendados, para participar das atividades. Principalmente quem trabalha em horário comercial, foi elaborado um sistema de agendamento, logo no primeiro horário. Também foram oferecidos os testes rápidos, a coleta do papanicolau com agendas abertas para facilitar o acesso ao usuário e evitar que esse se desloque várias vezes até a Unidade. O objetivo deste trabalho foi garantir e ampliar a participação dos usuários nas atividades educativas, fortalecer o vínculo entre a equipe e da população. Os momentos de educação em saúde foram acontecendo semanalmente, sendo agendados pelos ACS nas empresas. Os temas eram discutidos em roda, com duração entre 40 e 60 minutos e mediados pelo ACS e mais um profissional de saúde. Temas como: rotina e calendário vacinal em dia, importância dos  testes rápidos, cartilhas de hepatites foram levados às empresas. A proposta deste trabalho teve inicio no segundo semestre de 2017 e até hoje participaram 6 empresas, das 25 contidas na área de abrangência (empresas de pequeno e médio porte), contando com a participação de mais de 140 trabalhadores. Percebemos  que houve um interesse significativo dos trabalhadores em cuidar da sua saúde demonstrado por falas e atitudes proativas. Além disso, foram realizados mais de 700 exames dentre eles: papanicolau, testes rápidos, laboratoriais.

1749 Saúde do trabalhador no SUS: intervenção nos hábitos de vida dos servidores de um Centro de Saúde de uma capital do Centro-Oeste Brasileiro
Gleydson Ferreira de Melo, Vanusa Claudete Anastácio Usier Leite, Maria Alves Barbosa, Fernanda de Lima Brito, Gleicy Kelle Alves Damas, Cynthia Ferreira de Melo, Valdecina Quirino, Maria Aparecida Silva

Saúde do trabalhador no SUS: intervenção nos hábitos de vida dos servidores de um Centro de Saúde de uma capital do Centro-Oeste Brasileiro

Autores: Gleydson Ferreira de Melo, Vanusa Claudete Anastácio Usier Leite, Maria Alves Barbosa, Fernanda de Lima Brito, Gleicy Kelle Alves Damas, Cynthia Ferreira de Melo, Valdecina Quirino, Maria Aparecida Silva

Apresentação: O serviço de saúde pública, atualmente, possui uma larga demanda exigindo mais do trabalhador, e o estresse desenvolvido pelo ofício, seja ele físico ou mental, pode desencadear uma série de patologias. A rotina de trabalho prejudica ainda os hábitos alimentares dessa população, fator altamente ligado ao desempenho. O estado nutricional e de saúde são proporcionais à produtividade, capacidade raciocínio e de sociabilidade do profissional, produzindo reflexos inclusive econômicos. Ademais, esses hábitos alimentares advindos do ritmo acelerado do dia a dia e dos avanços tecnológicos, têm contribuído para a elevada ingestão de produtos industrializados, que podem trazer desvantagens a saúde por apresentarem elevadas concentrações de açúcares, gorduras e sódio, aumentando assim, o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Portanto, diante deste cenário decidiu-se realizar uma avaliação do estado nutricional e identificação dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de DCNT em um grupo de colaboradores pertencentes a um Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (CIAMS) da capital Goiânia, para assim, intervir propondo mudanças específicas de hábitos. Objetivo: Oferecer aos servidores assistência e atenção em saúde, o que consequentemente, poderá contribuir para melhoria da qualidade de vida e dos serviços prestados ao usuário. Metodologia: Foi idealizado um projeto de intervenção pontual com os trabalhadores de um CIAMS de Goiânia, no qual foram propostas atividades no âmbito da nutrição e da fisioterapia, onde cada especialidade trabalhará assuntos característicos, além de produzir materiais educativos que serão entregues para alcançar o objetivo proposto. A equipe de nutrição realizará avaliação antropométrica do público alvo, utilizando os dados de peso e estatura para analisar o Índice de Massa Corporal, sendo esse um indicador do estado nutricional, e também a circunferência da cintura, parâmetro utilizado para identificar maior risco de doenças cardiovasculares. Por meio de conversa individual com cada servidor, a equipe de nutrição aplicará ainda um questionário de frequência alimentar proveniente do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), que nos dará de forma subjetiva os hábitos alimentares do mesmo, bem como hábitos de vida e presença de doença, e mediante avaliação rápida serão propostas metas específicas a serem cumpridas em curto prazo, que pretende-se culminar em uma reeducação alimentar. Para além dessas metas, elaborar-se-á metas padrões para todos os servidores, aplicáveis a qualquer indivíduo adulto, e que são consideradas benéficas para a saúde, como: diminuir o consumo de óleo, sal, produtos industrializados, prática de exercício físico, dentre outras. Resultados esperados: Espera-se a adoção de um estilo de vida mais saudável, redução no consumo de alimentos ricos em colesterol, lipídios, gorduras saturadas, gorduras trans, açúcares e sódio, e aumento no consumo daqueles que apresentam quantidades consideráveis de fibras e compostos bioativos. Concomitante redução do IMC, da circunferência da cintura, diminuição no índice de adoecimento dos servidores atuantes na Unidade de Saúde e consequentemente, um aumento da produtividade, com melhor qualidade dos serviços prestados ao usuário.

2016 PROBLEMAS DE SAÚDE E O USO DE MEDICAMENTOS ENTRE MULHERES QUE TRABALHAM COMO AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO MUNICÍPIO DE COARI-AMAZONAS.
Mariana Paula da Silva, Victor Linec Maciel Barbosa, Ananias Facundes Guimarães, Paula Andreza Viana Lima, Rodrigo Damasceno Costa, Jéssica Karoline Alves Portugal, Marcelo Henrique da Silva Reis, Abel Santiago Muri Gama

PROBLEMAS DE SAÚDE E O USO DE MEDICAMENTOS ENTRE MULHERES QUE TRABALHAM COMO AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO MUNICÍPIO DE COARI-AMAZONAS.

Autores: Mariana Paula da Silva, Victor Linec Maciel Barbosa, Ananias Facundes Guimarães, Paula Andreza Viana Lima, Rodrigo Damasceno Costa, Jéssica Karoline Alves Portugal, Marcelo Henrique da Silva Reis, Abel Santiago Muri Gama

Apresentação: As mulheres que são Agentes Comunitários de Saúde e que trabalham e moram em áreas rurais do município estão mais sujeitas a desenvolver algum tipo de enfermidade devido as áreas de exposições e carga horária de trabalho, pois muitas se deslocam distantemente de suas residências para buscar auxilio para aqueles que necessitam. Estudos apontam que as mulheres vivem mais do que os homens, porém adoe­cem mais frequentemente. Desta forma, a saúde e a doença estão intimamente relacionadas e constituem um processo cuja resultante está determinada pela atuação de fatores sociais, econômicos, culturais e históricos. Isso implica em afirmar que o perfil de saúde e doença varia no tempo e no espaço, de acordo com o grau de desenvolvimento econômico, social e humano de cada região. As mulheres cuidam-se mais do que os homens e buscam mais os serviços de saúde, no entanto, existe várias doenças que são muito mais frequentes entre elas, desta forma, recorrem mais ao uso de medicamentos. Estes medicamentos são importantes no tratamento das enfermidades, sendo responsáveis pela melhora da qualidade de vida da população, mas devem ser usados de forma correta. Portanto, o objetivo deste trabalho foi descrever os principais problemas de saúde e o consumo de medicamentos entre mulheres que trabalham como Agente Comunitário de Saúde. Desenvolvimento do trabalho: Estudo transversal que faz parte de um projeto maior, intitulado “Saúde e práticas terapêuticas entre Agentes Comunitários de Saúde do município de Coari – Amazonas”. Participaram da pesquisa 111 ACS da zona rural e foi utilizado um instrumento de coleta de dados previamente elaborado pela a equipe do projeto, contendo perguntas fechadas sobre características socioeconômicas e demográficas, condições de saúde e consumo de medicamentos. Resultados: Dentre os 111 entrevistados, 53 eram do sexo feminino com idade entre 22 a 61 anos. Entre as mulheres participantes do estudo, 30 (56,6%) relataram que tiveram problemas de saúde nos 30 dias anteriores as entrevistas e 44 (83,0%) consumiram medicamentos. Em relação aos problemas de saúde, foram citados 113 problemas entre as entrevistadas, destacando-se as dores de cabeça (8,8%), dores nas costas (4,4%) e dores no estômago (1,8%). Ainda houve a prevalência de infecção urinária (3,5%), hipertensão (3,5%) e febres (2,7%). Quando questionadas sobre os tipos de medicamentos mais utilizados houve a prevalência de analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios não-esteroide, antibióticos, hipotensores arteriais e anticoagulantes. Entre eles estão: paracetamol (14,9%), torsilax (10,8%), Dipirona (6,8%), Ibuprofeno (5,4%), omeprazol (5,4%), Losartana (5,4%) e AAS (2,7%). Considerações Finais: As ACS da zona rural do município de Coari apresentaram muitos problemas de saúde que podem estar relacionados a qualidade de vida, ao desempenho de múltiplas tarefas, entre trabalho e as obrigações com a casa, família e atividades e responsabilidades. O uso elevado de medicamento alopático feito por elas pode estar relativo ao alivio de dores diárias e a eliminação de infecções e prevenção de agravos daquelas que possuem doenças crônicas.

2206 FATORES DE RISCOS ASSOCIADOS À EXPOSIÇÃO SOLAR EM AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
GRACIANA de Sousa LOPES, Monike Emyline Andrade RODRIGUES, Ivy Araujo Barros dos Santos, Luciana Barros de Lima Matuchewski, Silvana Nunes Figueiredo, Ana Carolina de Moraes Cruz, Christina Amaral Costa Amaral Costa, Áquila Fernandes de Souza

FATORES DE RISCOS ASSOCIADOS À EXPOSIÇÃO SOLAR EM AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE

Autores: GRACIANA de Sousa LOPES, Monike Emyline Andrade RODRIGUES, Ivy Araujo Barros dos Santos, Luciana Barros de Lima Matuchewski, Silvana Nunes Figueiredo, Ana Carolina de Moraes Cruz, Christina Amaral Costa Amaral Costa, Áquila Fernandes de Souza

Introdução O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve seu início em 1991, implantado pelo Ministério da Saúde com a intenção de aumentar a acessibilidade ao Sistema Único de Saúde (SUS) e melhorar as ações de prevenção e promoção. Ao longo do tempo o PACS foi incorporado ao Programa Saúde da Família (PSF) que posteriormente passaria a ser chamado de Estratégia Saúde da Família (ESF). Nesse cenário o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o ator principal da Estratégia, pois é ele quem visita diariamente o usuário em sua residência, levando para a equipe de saúde suas principais queixas. Objetivo Descrever os fatores de riscos associados à exposição solar em agentes comunitários de saúde. Metodologia Estudo do tipo revisão integrativa de literatura, teve como base de dados a LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências) utilizando os seguintes descritores: agente comunitário de saúde, radiação solar e saúde do trabalhador. Como critério de elegibilidade foram incluídos os textos completos, e idiomas em português e inglês publicados no período de 2007 a 2017. Como critério de inelegibilidade, foram consideradas as pesquisas que não evidenciassem os descritores e publicados anteriormente à 2007. Resultados Os resultados apontaram que 92% dos profissionais ficam mais de 6 horas expostos ao sol, que condições de riscos no trabalho como a falta de uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) como: óculos de sol, protetor solar, chapéus, guarda chuvas e roupas que possam proteger de forma mais adequada o corpo, são alguns dos fatores que prejudicam a saúde dos ACS em relação a exposição solar. Considerações finais Percebeu-se que cabe ao profissional Enfermeiro, como líder da equipe da ESF, elaborar uma escala com horários que favoreçam a visita domiciliar desse ACS a população e que evitem muita exposição solar em horários de temperaturas muito elevadas. Incentivá-los quanto ao uso dos EPIs, e da importância quanto ao uso de protetor solar, para que dessa forma possam ter uma melhor qualidade de vida e de saúde dentro do seu ambiente de trabalho.

2215 IMPORTÂNCIA DO USO DE EPI’s NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS
Sabrina Cristina Pinheiro Queiroz, Jociléia da Silva Bezerra

IMPORTÂNCIA DO USO DE EPI’s NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS

Autores: Sabrina Cristina Pinheiro Queiroz, Jociléia da Silva Bezerra

As condições do ambiente de trabalho e as atividades profissionais exercidas podem ser geradoras de acidentes de trabalho ou doenças profissionais com grande frequência por razão da pouca informação repassada aos trabalhadores e também das más condições físicas do local, dentre outras situações. O uso dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s é importante, pois atuam dentro de determinados limites para os quais foram projetados, construídos e testados com principal objetivo de proteger o profissional e o paciente. Este projeto teve como finalidade disponibilizar informações básicas e necessárias para a segurança e prevenção dos profissionais de saúde no ambiente de trabalho, assim como identificar os motivos desses profissionais não utilizarem EPI’s, saber à respeito de suas dúvidas e incentivar o uso diário dos equipamentos de proteção. Trata-se de um relato de experiência acerca do projeto interdisciplinar apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES, onde foi desenvolvido na Unidade Básica de Saúde do bairro do Maracanã da cidade de Santarém, no período de fevereiro a junho do ano de 2016. Nas palestras realizadas foi discutida principalmente a importância do uso de equipamento de proteção, para segurança dos profissionais quanto dos pacientes. Por ser uma unidade que atende uma grande área de um bairro muito grande e apenas um posto de saúde. Através das conversas com os profissionais observou-se que o não uso de EPI’s é principalmente pelo motivo de não ter insumos suficientes. Porém foi realizada uma arrecadação de dinheiro entre os acadêmicos da instituição e envolvidos no projeto, e o valor arrecadado foi comprado insumos básicos e entregue aos profissionais da unidade. Além de proporcionar melhores informações, observamos que os profissionais esclareceram suas dúvidas e compreenderam a real importância do uso de EPI’s. Assim conclui-se que a atividade alcançou os seus objetivos que eram além de estimular o uso de equipamentos de proteção nos atendimentos, favoreceu momentos de descontração em todas as ações.

3395 A Educação Física como produção do cuidado na saúde do trabalhador: significados e percepções das práticas corporais na atenção básica.
MARCELO PEREIRA GONÇALVES, EDUARDO OLIVEIRA BORGES, ROGÉRIO CRUZ DE OLIVEIRA

A Educação Física como produção do cuidado na saúde do trabalhador: significados e percepções das práticas corporais na atenção básica.

Autores: MARCELO PEREIRA GONÇALVES, EDUARDO OLIVEIRA BORGES, ROGÉRIO CRUZ DE OLIVEIRA

A saúde pública no Brasil passou por diversas mudanças desde a década de 70, dentre elas a reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) regulamentada pela lei 8.080/1990.Na mesma esteira, ainda na década de 1990, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), através da resolução N.º 218 de 6 de março de 1997, buscou reconhecer como profissionais da saúde algumas categorias profissionais de nível superior, na qual o profissional de Educação Física (PEF) se insere como uma delas. Tal marco legal evidenciou a pertinência da atividade física e do profissional de Educação Física (PEF) nos diversos cenários de práticas de cuidado em saúde numa perspectiva interdisciplinar, haja vista que, de acordo com a própria resolução, há o reconhecimento de que as ações realizadas pelos diferentes profissionais de nível superior constituem um avanço no que tange à concepção de saúde e a integralidade.Atualmente no âmbito da graduação, pós-graduação e grupos de pesquisa que abordam a Educação Física e Saúde, é possível notar a implementação de uma figura conceitual, cada vez mais presente no cenário do SUS: “práticas corporais”, este conceito está diretamente associado à crítica contemporânea em relação às práticas de saúde, e tem se mostrado como um contraponto à discussão e intervenção centralizada na atividade física.Dessa forma, o conceito de práticas corporais apresenta maior potencialidade para intervir no processo saúde-doença de modo mais articulado aos princípios do SUS. Compondo de maneira mais ampla as estratégias de atenção básica em saúde e apontam outras perspectivas de intervenção que parecem mais pautadas as necessidades da Política Nacional de Promoção à Saúde.Vale ressaltar que esse estudo assume o termo práticas corporais no título, pois entendemos que práticas corporais dialoga com as ciências humanas e sociais, e vai ao encontro das diretrizes e princípios do SUS com uma visão mais integral da saúde na atuação do PEF na Atenção Básica em Saúde.Pelo que já foi exposto anteriormente, levando-se em consideração que o reconhecimento do PEF como sendo um profissional da saúde e o uso do termo práticas corporais é relativamente recente, pretendemos expor nesse relato de experiência vivenciado por um residente de uma equipe multiprofissional, as percepções e significados da intervenção junto aos profissionais em uma unidade básica de saúde no município do Rio de Janeiro.No que diz respeito aos participantes do grupo, há uma predominância dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), sendo esse profissional o primeiro a criar vínculo com o usuário, ser o responsável pelo estreitamento da relação do território com a UBS e muita das vezes estar sobrecarregado com funções administrativas que prejudicam sua principal atribuição que são as visitas domiciliares, e ainda são atravessados pela violência dos territórios por residirem no mesmo local apresentando sintomas de adoecimento.As práticas corporais realizadas durante o período da manhã, vem trazendo relatos positivos desses profissionais com a oferta desse cuidado com o outro. 

4163 BIOSSEGURANÇA: A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM QUANTO AO USO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI’s) EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Juliane Pereira de Oliveira Corga, Rodrigo de Morais Torres, Carla Oliveira Shubert, Wanderson Patrick da Conceição Nogueira

BIOSSEGURANÇA: A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM QUANTO AO USO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI’s) EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Autores: Juliane Pereira de Oliveira Corga, Rodrigo de Morais Torres, Carla Oliveira Shubert, Wanderson Patrick da Conceição Nogueira

O presente trabalho tem como tema a percepção da equipe de enfermagem quanto à utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e estará inserido na linha de pesquisa O cuidar no processo saúde doença nas diferentes fases do ciclo vital, tendo por área predominante Enfermagem no cuidado ao cliente critico adulto/emergência. A motivação para pesquisa surgiu, quando o grupo pesquisador percebeu a não utilização e/ou utilização inadequada de EPI’s durante os procedimentos de enfermagem realizados em uma UTI. O fato ocorreu durante a realização de visitas técnicas do curso de graduação em enfermagem, mas especificamente nas práticas realizadas no Ensino Clínico VII. Com isso, houve o surgimento da seguinte questão norteadora: Qual a percepção da equipe de enfermagem quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual? Logo, o objetivo foi Identificar a percepção da equipe de enfermagem de uma UTI quanto ao uso dos Equipamentos Proteção Individual. Como metodologia, utilizaram-se artigos publicados em base de dados virtuais. Utilizou-se a Biblioteca Virtual de Saúde, nas bases de informações LILACS, MEDLINE e SCIELO, com recorte temporal de 2007 a 2017. Utilizamos como descritores: Exposição a agentes biológicos; Equipamento de Proteção Individual; Enfermagem; Cuidados Críticos. A pesquisa tem grande relevância social, visto que o uso correto dos EPI’s diminuem consideravelmente as chances de contaminação cruzada e de acidentes com perfuro cortantes e materiais biológicos. Os profissionais de enfermagem de uma UTI estão altamente suscetíveis a se acidentarem com materiais biológicos, os acidentes na maioria das vezes envolvem sangue e fluidos corporais, devido participarem diretamente da assistência aos clientes e estarem intimamente ligados a procedimentos que exijam cautela e atenção, e que requer atenção a medidas de segurança, como por exemplo, o uso correto dos EPI’s e a certeza e manutenção de práticas seguras. De acordo com dados da Inspeção em Segurança e Saúde no Trabalho, no ano de 2013 no setor econômico de saúde foram realizadas 3563 ações fiscais e foram analisados 26 acidentes, Já de Janeiro à Novembro de 2016, foram realizadas 1180 atividades de atenção à saúde humana e foram 8 acidentes analisados. (BRASIL, 2013). As atividades desenvolvidas em diversos setores envolvendo uma gama de riscos com materiais biológicos e exposição a fluidos corporais, tem sido a maior causa de acidentes com perfuros cortantes e acidentes com materiais biológicos. A utilização indevida ou a não utilização dos equipamentos de proteção individual, Preconizados pela NR 32, tem sido observado entre os profissionais, uma vez que o seu uso é, na maioria das vezes, negligenciado, acreditando-se quase sempre no fator sorte ou até mesmo menosprezando o risco que aquele procedimento apresenta, podendo trazer-lhes muitas vezes, um prejuízo parcial ou total à sua saúde e/ou a de outras pessoas. Concluimos que as boas práticas de biossegurança estão intimamente ligadas à diminuição dos riscos de acidentes com materiais biológicos, visto que o uso correto dos EPI’s diminuem consideravelmente as chances de contaminação cruzada e de acidentes com perfuro cortantes e materiais biológicos e diminuem os danos caso ocorram.

4281 FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE E SUAS INFLEXÕES PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Herivânia de Melo Ferreira e Oliveira, Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Fernanda Marques de Souza, Priscílla da Fonsêca Nascimento

FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE E SUAS INFLEXÕES PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Autores: Herivânia de Melo Ferreira e Oliveira, Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Fernanda Marques de Souza, Priscílla da Fonsêca Nascimento

APRESENTAÇÃO: O presente artigo tem por objetivo discutir como o atual cenário de crise no capitalismo contemporâneo e suas formas de reestruturação têm atingido incisivamente o exercício profissional dos profissionais de saúde no Brasil. Para tanto, parte-se da hipótese que a ofensiva do capitalismo na contemporaneidade precariza e intensifica o trabalho em saúde já que a inovação tecnológica neste ramo de atividade não suprimiu o uso da força de trabalho acarretando à desvalorização do trabalho e do trabalhador. DESENVOLVIMENTO: Metodologicamente, realizou-se uma breve análise de conjuntura a partir de uma revisão de literatura acerca do tema exposto. A partir dos anos de 1970, inicia-se a crise estrutural do capital, cujas respostas principais no que tange à produção foram à acumulação flexível e o toyotismo, enfatizando novas formas de organização e gestão do trabalho, e no plano econômico-social a globalização e flexibilização como mecanismos para a reversão da queda nas taxas de lucro do capital e redução dos custos da força de trabalho. As mudanças oriundas da acumulação flexível trouxeram alterações trágicas e regressivas aos que vivem do trabalho com desmonte de políticas e direitos sociais, impactos sobre os contratos de trabalho (com ênfase na contratação de temporários, terceirizados, dentre outros), maior rotatividade de trabalhadores, intensificação do trabalho e precarização do emprego. No que concerne ao trabalho em saúde, o Estado, para responder ao capital mundializado, flexibilizou as relações de trabalho incorporando-o a lógica lucrativa com o enxugamento da máquina estatal, expondo os trabalhadores em saúde a desproteção social, polivalência, acúmulo e variabilidade de tarefas.  RESULTADOS: A partir dessa análise, infere-se que tais mudanças ocorridas no cenário nacional a partir da década de 1990 com o avanço da contrarreforma do Estado a partir do Plano Diretor do Estado gerido pelo Ministro Bresser Pereira, implantado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e estendido pelos dias atuais com o intuito de atender a lógica mercantil estabelecida pelas agências internacionais (Banco Mundial, FMI, dentre outros) para a política de saúde dos países periféricos, precarizaram e intensificaram o trabalho em saúde levando ao seu aviltamento, alicerçando-se na desregulamentação do trabalho, representada pela segregação da proteção social do trabalho através da imposição de uma lógica mercantil e produtivista que desvalorizou o trabalho nesse setor de serviço através da intensificação do uso da força de trabalho, como pela captura de sua subjetividade e pela sempre presente ameaça de desemprego e desproteção social. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Desta feita, considera-se que mesmo mediante uma conjuntura que preza pela substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto através da incorporação de novas tecnologias e uso das antigas, onde flexibilizar tem se tornado como pedra de toque para os trabalhadores em saúde, o que de fato se tem é a instauração de um processo de agudização da precarização do trabalho em saúde, já que este não pode ser totalmente substituído pelas novas tecnologias, sendo o lugar especifico onde o trabalho humano mantém a sua centralidade, utilizado de forma intensiva e insubstituível.      

4297 UMA ANÁLISE DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO DE OPERADORAS DE CAIXA DE SUPERMERCADO
Ana Carolina Secco de Andrade Mélou, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Laura Soares Martins Nogueira, Éric Campos Alvarenga, José Mário Barbosa de Brito

UMA ANÁLISE DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO DE OPERADORAS DE CAIXA DE SUPERMERCADO

Autores: Ana Carolina Secco de Andrade Mélou, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Laura Soares Martins Nogueira, Éric Campos Alvarenga, José Mário Barbosa de Brito

O objetivo desta pesquisa foi realizar uma análise da Psicodinâmica do Trabalho de operadoras de caixa de supermercado, analisando a organização do trabalho e investigando a dinâmica prazer-sofrimento psíquico. A demanda desta pesquisa partiu da pesquisadora em função de sua trajetória profissional e implicação com o tema. Contudo, as operadoras foram convidadas a participar, sendo condição a voluntária aceitação destas mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O acesso às participantes ocorreu por intermédio do Sindicato dos Trabalhadores de Supermercado de Belém (SINTCVAPA). Fizeram parte desta pesquisa o total de quinze operadoras de caixa de quatro diferentes supermercados da cidade de Belém-PA. Foi feito uso da metodologia qualitativa, tendo a Psicodinâmica do Trabalho como aporte teórico central. Esta teoria foi cunhada pelo médico e psicanalista francês Christophe Dejours, e estuda a saúde psíquica no trabalho, com foco na a inter-relação entre sofrimento psíquico e as estratégias de defesa mobilizadas pelos sujeitos para suportar o sofrimento, transformando o trabalho em fonte de prazer. A pesquisa clássica em Psicodinâmica do Trabalho é dividida em três etapas: 1) Pré-pesquisa e Análise da demanda; 2) Pesquisa Propriamente Dita; 3) Validação.  É importante destacar que a Psicodinâmica do Trabalho privilegia um método científico peculiar, mas não é escrava dele. O contexto brasileiro, no que tange a realização de pesquisas relacionadas ao estudo da saúde psíquica dos/as trabalhadores/trabalhadoras, certamente apresenta diferenças das condições vivenciadas na França, especialmente sobre a solicitação e demanda inicial de intervenção e pesquisa. Assim, são propostas algumas variações e adaptações, que embora tecnicamente diferentes da clínica do trabalho proposta pelo pensamento dejouriano, mantêm os princípios centrais da Psicodinâmica, ou seja, são capazes de revelar o trabalho e a sua complexidade, desvelando mediações, contradições e intersubjetividade. Nesta pesquisa o trabalho de campo consistiu na realização de quinze entrevistas individuais. A quantidade de entrevistas foi definida segundo o critério de saturação, sendo que todas foram gravadas. Também foi usado um diário de campo para registrar informações que não foram obtidas com as entrevistas, mas pela observação clínica da pesquisadora. As entrevistas foram feitas com base na técnica específica de pesquisa e intervenção da Psicodinâmica do Trabalho, por meio de um roteiro semiestruturado. Utilizou-se a técnica de Análise de Núcleo de Sentido (ANS) para examinar o material registrado. Assim, foram identificados os Núcleos de Sentido e seus respectivos temas através no conteúdo expresso nas falas das operadoras. Ao final das análises foi feita uma devolutiva para as operadoras participantes, a fim de validar as análises e possibilitar um espaço para que elas refletissem sobre suas relações com o trabalho e manifestassem suas opiniões. A análise do material possibilita afirmar que há fatores nas condições de trabalho das operadoras de caixa de supermercado que impactam negativamente na saúde destas. Os problemas gastrointestinais, as enxaquecas, as dores na coluna, nos braços e mãos constituíram um ponto comum nas entrevistas, sendo que as próprias operadoras atribuíram a ocorrência destes sintomas às inadequações das condições de trabalho, como: a cadeira desconfortável, o não funcionamento da esteira do caixa, o barulho do ambiente de frente de loja e a água de má qualidade ofertada pelo supermercado que é destinada ao consumo das trabalhadoras. Quanto à organização do trabalho das operadoras de caixa, é possível afirmar que se caracteriza como rígida e oferece pouco espaço para que elas expressem as dificuldades vivenciadas no desempenho de suas atividades laborais. Verifica-se também uma clara divisão sexual do trabalho, uma vez que a maioria das entrevistadas afirmou que no supermercado existem somente mulheres operando o caixa. Apenas algumas disseram haver homens como operadores, contudo são pouquíssimos, mostrando uma preferência em preencher este cargo com mão-de-obra feminina. Ainda sobre as dificuldades presentes na organização do trabalho expressas nas falas das operadoras, evidenciam-se também a insatisfação referente ao relacionamento com as chefias, que habitualmente são autoritárias e apresentam comportamentos ríspidos ao repreender as trabalhadoras. O acúmulo de atividades, como a embalagem das compras, também foi apontado de forma unânime. Percebe-se que a imposição à operadora de caixa de ter que embalar ocorre por várias razões: o quadro deficiente de embaladores mantido pela empresa, a demanda direta das chefias para que elas embalem e a pressa dos clientes. Este cenário espelha uma precarização do trabalho, fazendo com que as operadoras sejam pressionadas e cobradas em demasia, causando-lhes sobrecarga física e sofrimento psíquico. A falta de reconhecimento no trabalho, a escassez de possibilidade de ascensão funcional, a ocorrência de assédio sexual praticados pelos chefes, assim como os constrangimentos e agressões sofridas na relação com os clientes, também compuseram as dificuldades apontadas pelas entrevistadas. Neste sentido, evidencia-se a existência de sofrimento psíquico relacionado ao trabalho, com poucas possibilidades de transformação deste sofrimento em vivências de prazer, sendo o prazer essencialmente vivenciado na relação com os pares. Embora a relação com a clientela tenha sido majoritariamente referenciada como uma fonte de sofrimento, o relacionamento com os “bons clientes” foi citado como como fonte de prazer no trabalho, dentre eles, os clientes idosos são apontados como os que mais gostam de conversar com as operadoras. Assim, conhecer estas pessoas pode tornar o trabalho gratificante. No enfrentamento das situações geradoras de sofrimento psíquico, as operadoras mobilizam tanto mecanismos individuais, como também estratégias coletivas de defesa. Quanto aos mecanismos individuais de defesa surge a autoaceleração no ritmo de trabalho. Quanto às estratégias coletivas de defesa, o comportamento submisso, o apego à crença religiosa e o riso aparecem como formas para suportar as adversidades presentes no cotidiano de trabalho. Mediante ao exposto, a necessidade de escuta destas trabalhadoras se mostra bastante pertinente. Ao final das entrevistas, era perguntado como havia sido participar da pesquisa e falar sobre o trabalho e, de forma geral, as respostas eram de que havia sido bom, que tinha sido um desabafo e que pelo menos alguém as havia escutado e por isso voltariam para casa “mais leve”. Portanto, aponta-se como necessárias as intervenções na organização do trabalho de operadoras de caixa de supermercado, a fim de promover a manutenção da saúde mental destas trabalhadoras. Desta forma, as constatações desta pesquisa podem, por exemplo, servir de indicativos para que o setor de Recursos Humanos estruture ações de reconhecimento e promoção funcional, melhoria da comunicação entre chefias e subordinados, oferta de suporte psicológico às funcionárias quanto às dificuldades vivenciadas no atendimento dos clientes, promoção de uma relação mais humanizada entre os funcionários, combate ao assédio sexual no trabalho, dentre tantas outras que podem ser pensadas.

4302 O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS SOCORRISTAS DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA NA CIDADE DE SANTARÉM-PARÁ
Rodrigues Ferreira de Souza, André Augusto Ramos Pinheiro Lemos, Greice Nara Viana dos Santos, Greice Nivea Viana dos Santos

O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS SOCORRISTAS DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA NA CIDADE DE SANTARÉM-PARÁ

Autores: Rodrigues Ferreira de Souza, André Augusto Ramos Pinheiro Lemos, Greice Nara Viana dos Santos, Greice Nivea Viana dos Santos

Apresentação: O estresse pode ser definido como um estado que resulta da modificação do ambiente ou de sua adaptação ao mesmo, é uma situação notada como algo ameaçador e desafiador podendo se tornar no decorrer desse processo algo lesivo ao equilíbrio dinâmico e estrutural para o ser humano. No contexto da assistência a saúde, a maioria dos profissionais são bastante acometidos pelo estresse no ambiente em que trabalham se expondo a grandes cargas de pressão no lugar em que exercem sua profissão. O estresse é capaz de promover a redução da disposição dos profissionais que desenvolvia com eficiência as suas atividades, fato esse que acaba por gerar prejuízos no que diz respeito ao atendimento aos clientes bem como ocasionando danos aos próprios profissionais. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o estresse presente no ambiente de trabalho de profissionais socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Método: Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo. A pesquisa foi realizada na unidade do SAMU em Santarém, localizado na Avenida Marechal Rondon, Nº 1628, bairro Santa Clara ao lado do pronto socorro municipal, sob autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Santarém-SEMSA. A unidade do SAMU em Santarém-PA conta com um corpo de 55 funcionários, destes, 30 são envolvidos no resgate. A coleta de dados se deu no mês de fevereiro de 2017. Utilizou-se um questionário contendo 6 perguntas fechadas de múltipla escolha. E ainda, para complementação das informações foi aplicado o Inventário de Sintomas de Stress-ISS de Lipp. Resultados e/ou impactos: Verificou-se que houve um predomínio do gênero masculino (89,7%) em relação ao feminino (10,3%), com relação a idade, a faixa etária de maior prevalência é 30 a 39 anos (51,7%). Sobre o tempo de atuação no SAMU, 55,2% tem entre 1 a 4 anos de atuação. O tempo de atuação poderá indicar que os profissionais que trabalham há um certo tempo em determinado serviço demonstram se comparados aos que se integraram a equipe de forma recente, mais conhecimento e familiaridade com as normas, rotinas e procedimentos, aprimora a compreensão e assimilação de suas funções e responsabilidades e relacionamento mais estabilizado com os colegas de trabalho. As falsas ocorrências-trotes, (57%) foram as mais relatadas pelos socorristas, já que nos serviços de urgência tem o costume de ser em grande frequência, pois as chamadas são gratuitas, os índices de falsas chamadas alcançam 70%, dificultando imensamente a identificação das ocorrências que realmente necessitam ser atendido, o que causa um prejuízo duplo para a sociedade, em virtude das ambulâncias se deslocarem de forma desnecessária gerando um alto custo para a sociedade, além de uma situação de real urgência não ser atendido, o que coloca as vidas em risco. A falta de equipamento também se destaca como situação de maior estresse com 43%. Este é um dado que merece atenção uma vez que o trabalho pode ter consequência negativa, pois acaba impedindo muitas vezes a realização de um trabalho eficiente e que pode salvar vidas. Observou-se que 52,9% dos profissionais socorristas do SAMU consomem café e cerca de 26,5% fazem ingesta de suco natural, em geral, as frutas são fontes ricas em compostos antioxidantes. Quando questionado sobre atividades físicas e práticas de modalidades esportivas (42%) são soluções buscadas pelos socorristas para promover sua saúde mental, seguida por lazer (32%) e músicas (26%). A realização de atividades físicas regulares acarreta em vários benefícios para um indivíduo, a exemplo, diminuir o risco de doenças coronarianas, cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes e osteoporose. De acordo com os dados pesquisados, 86% dos profissionais socorristas do SAMU afirmam ter uma alimentação saudável, 7% alimentam-se de fast-food, mesmo percentual para os socorristas que não possuem um tempo para realizar refeições adequadas. Estudos nessa linha de pesquisa apontam que a ingesta adequada de nutrientes proporciona a energia necessária para a manutenção dos tecidos muscular e ósseo, além de aumentar o desempenho de atividades do dia a dia, sejam elas tanto intelectuais como físicas. Observou-se que 38% do público pesquisado possui seis horas de sono por dia, 28% tem oito ou mais horas de sono , 21% tem 7 horas de sono, seguida de 14% com menos de 6 horas. O indivíduo necessita minimamente de uma quantidade de seis horas diárias de sono, afim de que proporcionem os benefícios fisiológicos e psicológicos mínimos pelo sono. Ficou em evidência que nos momentos de folga, os socorristas tem preferência em ficar com a família em casa (56%), seguido por atividades físicas (20%), “ir a praia ou passeio com a família ou amigos” (17%) e apenas (7%) tem preferencia por festas nos seus momentos de folga. Pesquisas apontam que a carga horária de trabalho é um aspecto fundamental no que diz respeito às influências que esta tem no tempo disponível para com as famílias. De um total de 45 respostas, 31% dos profissionais apresentaram nas últimas 24 horas o sintoma de tensão muscular, e 22 % refere ter insônia, 27% apresentou o sintoma de desgaste físico constante e 16% afirmou ter cansaço constante. Tendo em vista que é imprevisível o surgimento de ocorrências, os profissionais ficam sempre em alerta, e muitas vezes são chamados para situações de urgência na hora das refeições, o que altera o horário das refeições. Verificou que de um total de 48 respostas, 23% dos profissionais socorristas não tiveram nenhum sintoma de estresse no último mês, não se encaixando na fase de exaustão. Considerações Finais: O presente estudo permitiu concluir os principais fatores estressores dos profissionais socorristas do SAMU de Santarém-PA. Estudos sobre a temática em questão são de grande relevância, pois contribui para identificar fatores estressores que podem levar o profissional de saúde do Atendimento Pré-Hospitalar a desenvolver tanto o estresse físico quanto o psicológico. Neste estudo, pode-se concluir que, os profissionais socorristas do SAMU da cidade de Santarém-PA, encontram-se na fase inicial do estresse conhecido como a fase de ‘Alerta’ conforme evidenciado nos resultados. Dessa forma, esses profissionais prestam um serviço de melhor qualidade, já que buscam soluções para o enfrentamento e dissolução dos fatores estressores.

594 Condições biomecânicas de trabalho nas cerâmicas e olarias da Serra Gaúcha
Ben Hur, Monson Chamorra, Ida Marisa Straus Dri, Glediston Perottoni

Condições biomecânicas de trabalho nas cerâmicas e olarias da Serra Gaúcha

Autores: Ben Hur, Monson Chamorra, Ida Marisa Straus Dri, Glediston Perottoni

As empresas cerâmicas possuem participação relevante na indústria de materiais de construção mesmo sendo empresas de caráter familiar, pequeno e médio porte com sistema produtivo pouco desenvolvido. Neste contexto, os trabalhadores da indústria cerâmica estão expostos a vários riscos ocupacionais necessitando de melhorias na questão saúde e segurança. Este estudo pretende expor os fatores de risco biomecânico presentes nas cerâmicas da região da Serra Gaúcha através da abordagem qualitativa da análise de documentos produzidos pelo Cerest/Serra, a partir das vigilâncias em ambientes de trabalho, no ano de 2015. Os resultados obtidos demonstram a existência de fatores de risco biomecânico frequentes nessas empresas, como posturas inadequadas e movimentação manual de carga repetitiva asociados fatores organizacionais 1.Justificativa. Os Produtos Cerâmicos possuem uma relevância considerável para a indústria de Materiais de Construção, dados que em 2015 era o 3° segmento na participação em vendas e no PIB e o 1° em pessoal ocupado. Os produtos cerâmicos envolviam 156.423 empregados formais, conforme a ABRAMAT. Esses aspectos socioeconômicos e os métodos produtivos podem interferir na saúde e segurança dos trabalhadores desse ramo e o assunto “riscos laborais” é pouco explorado. O Cerest/Serra realizou ações nas olarias e cerâmicas vermelhas da Serra Gaúcha que demandaram inspeções nos ambientes de trabalho no ano de 2015. Em torno desta reflexão que esta pesquisa vem questionar sobre quais os fatores de risco biomecânicos foram identificados e qual sua frequência nas olarias e cerâmicas da região, considerando a metodologia utilizada.Objetivo Geral: Pretende-se expor a existência dos fatores de risco biomecânicos frequentes em empresas do ramo da fabricação de produtos cerâmicos na Serra Gaúcha. Objetivos Específicos: Investigar a descrição dos fatores de risco biomecânicos em ambientes de trabalho no ramo da fabricação de produtos cerâmicos. Investigar os métodos utilizados para a identificação dos fatores de risco biomecânicos.2. Fundamentação Teórica Internacionalmente a norma ISO 11228- 1 estabelece parâmetros e limites de criticidade para risco de distúrbios lombares por movimentações manuais de carga. Colombini e Occhipint (2012) relatam que o objetivo da ISO 11228-1 é especificar limites recomendados para a massa dos objetos movimentados em relação às posturas de trabalho, à frequência e à duração do levantamento, considerando o esforço que os executores estão submetidos. Esses autores descrevem a ISO 11228-2 como uma norma com indicações para determinação dos perigos e dos riscos potenciais associados ao puxar e empurrar considerando tabelas psicofísicas. E a norma ISO 11228-3 é constituída por aspectos relacionados à movimentação de cargas leves em alta frequência trazendo fatores de risco para distúrbios osteomusculares de membros superiores. Nacionalmente, a NR n° 17 prevê a consideração das características psicofisiológicas dos trabalhadores nas condições de trabalho apresentando determinações sobre os aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. A FIEMG (2013) relata que os trabalhadores da indústria cerâmica são expostos a variados riscos ocupacionais decorrentes dos equipamentos ou máquinas, dos processos, ambientes e das relações de trabalho. E cita como agentes ambientais: levantamento de peso, esforço físico, postura inadequada, estresse, jornada prolongada e repetitividade. 3. Metodologia Esta é uma pesquisa aplicada quanto a sua natureza e exploratória conforme seus objetivos. Possui abordagem qualitativa e é classificada como análise documental quanto aos procedimentos técnicos. A metodologia incluiu análise dos arquivos do Cerest Serra a respeito das vigilâncias em ambientes de trabalho nas olarias ou cerâmicas em 2015. 4. Resultados e discussão Foram visitadas 23 empresas compostas de 535 trabalhadores ao total. Em 09 empresas havia apenas o processo de secagem natural, conferindo grande suscetibilidade à interferência do clima. E 14 delas produziam um ou dois tipos de produtos apenas, ou seja, pouca variação de produtos. Analisadas as condições de trabalho descritas nos documentos das 23 empresas pesquisadas, podem-se observar, a respeito de fatores de risco ergonômicos, as seguintes informações obtidas de forma qualitativa: - As 23 empresas não possuíam análise ergonômica do trabalho (AET); possuíam estruturas (estantes, vagonetas, vagões e pilhas de tijolos) que não respeitam a antropometria; posturas inadequadas; as movimentações manuais de carga estão presentes de forma repetitiva, não havendo tempo apropriado ao descanso muscular quanto às estas movimentações e a duração destas são longas. - Em 19 empresas havia posturas inadequadas especificamente de tronco (flexão e inclinação de tronco) além das relacionadas a ombros (elevação acima de 90°) durante as tarefas realizadas. E em 13 destas havia frequência acima de 09 levantamentos de carga por minuto nas tarefas exercidas no momento da vistoria. - A instabilidade da base dos pés durante movimentações manuais de carga foi observada no momento da vistoria em 08 empresas, pois em 06 delas havia utilização de bancos ou tábuas para alcance das últimas prateleiras e 02 delas possuíam irregularidades no chão onde realizavam as tarefas. Além destes documentos, para avaliar o manuseio de peso, encontrado em todas as empresas, realizou-se o método Niosh by Ocra que respeita a norma internacional 11228-1. E da análise destas planilhas, observou-se que 21 empresas possuem tarefas com levantamento de peso acima do recomendado, sendo que as duas empresas que não apresentaram este resultado não estavam trabalhando com tijolos durante a vistoria, mas com telhas. O resultado final das análises do método utilizado apontou limite de peso recomendado excedido por fatores críticos (preponderantes) em 18 empresas. Destas, 11 por frequência de levantamento elevada, 14 por fatores estruturais de lay-out (distâncias horizontais e verticais acima dos limites antropométricos) sendo que destas, 07 apresentavam ambos os fatores5. Conclusão O ramo produtivo de cerâmica vermelha na Serra Gaúcha ainda encontra-se atrasado quanto à prevenção de agravos à saúde dos trabalhadores. Não há o cumprimento da legislação nacional de saúde e segurança no trabalho e os próprios trabalhadores do ramo demonstram receio do assunto. As posturas inadequadas por problemas de lay-out, as movimentações manuais de carga repetitivas e a ausência de pausas para descanso muscular (organização do trabalho) foram frequentes, observadas in-loco e registradas em fotografias e vídeos sendo a análise qualitativa realizada em cada empresa. O fator de risco biomecânico mais relevante para o setor foi o limite para levantamento de peso recomendado excedido estando presente em tarefas de 21 das 23 empresas sendo aferido por método científico. Este método permitiu verificar a presença de lay-out inadequado e alta frequência de levantamentos de carga como fatores críticos para o resultado encontrado. Portanto, a pesquisa atingiu seus objetivos e durante este trabalho, observou-se que outros fatores das condições de trabalho podem ser estudados através destes documentos. E também, será possível realizar estudos a respeito das medidas adotadas ou não pelas empresas no futuro

3101 Desafios dos (as) trabalhadores (as) rurais e a relação de trabalho e saúde no campo
FABIANA DA SILVA ALCÂNTARA

Desafios dos (as) trabalhadores (as) rurais e a relação de trabalho e saúde no campo

Autores: FABIANA DA SILVA ALCÂNTARA

O presente artigo tem o objetivo de compreender os desafios enfrentados pelos (as) trabalhadores (as) rurais e os impactos do trabalho na sua saúde, para entendermos melhor a complexidade do assunto, destacamos três pontos cruciais. 1. Relevância do trabalho para o homem e para construção da sociedade; 2. As doenças mais frequentes em trabalhadores (as) rurais; 3. Atuação da enfermagem na atenção básica como método de prevenção a acidentes de trabalhos rurais. A partir desses três pontos iremos buscar compreender o sentido do trabalho para o homem, abordando diversas ideias e conceitos já classificados por variados autores sobre trabalho, trazendo contextos e realidades distintas, tendo como foco o (a) trabalhador (a) rural, os impactos na sua saúde, visto que é uma das categorias com maior risco de acidente de trabalho, buscando analisar a sua individualidade no setor trabalhista e a atuação da enfermagem neste contexto. O trabalho no setor rural tem especificidades bastante peculiares, o que se faz fundamental entender esse cenário para compreendermos as suas necessidades únicas e exclusivas. Método: Este é um trabalho de revisão bibliográfica, em que foram selecionados artigos nos principais bancos de pesquisa online sobre o tema, realizando uma leitura de todos os resumos para em seguida diminuir o grupo de artigos analisados. Resultados e discursão: Ao serem analisados podemos perceber que o trabalho vem ao decorrer dos tempos se tornando uma ferramenta valiosa para o homem, tendo esta como forma de evolução física e intelectual, mas também  vem tornando-se produto do capitalismo, com consequência trazendo a desigualdade e exploração, o que é facilmente percebido em estudos voltados para trabalhadores rurais, junto a isso danos à saúde dos (as) trabalhadores (as), podendo afirmar que as principais complicações são musculoesquelética, devido ao seu trabalho árduo e que exige muito esforço muscular e de repetições, deixado implícito a falta de uso de EPIs. Considerações finais: É importante conhecermos melhor a realidade dos trabalhadores rurais na perspectiva de otimizar o fardo de trabalho que acarreta na sua saúde, pensado no método mais eficaz para minimizar as marcas de trabalho que vão sendo deixadas em seu físico e mental, sendo que, sempre o melhor remédio é a prevenção.

915 Prazer e Sofrimento no Trabalho: um estudo com enfermeiros da atenção básica de um município da região centro-oeste de Minas Gerais
Bruno Alvarenga Ribeiro, Silvia Sidnéia da Silva

Prazer e Sofrimento no Trabalho: um estudo com enfermeiros da atenção básica de um município da região centro-oeste de Minas Gerais

Autores: Bruno Alvarenga Ribeiro, Silvia Sidnéia da Silva

Apresentação   O sofrimento no trabalho do enfermeiro vem sendo objeto de diversas investigações. Esta temática vem chamando a atenção dos pesquisadores porque revela que o sofrimento é parte do cotidiano destes profissionais, responsáveis pelo cuidado no campo da saúde. Deste modo, é necessário que se realizem estudos que esclareçam a relação entre trabalho e sofrimento apontando, frente às vivências profissionais, para as condições precárias de trabalho na saúde pública como um conjunto de fatores que comparecem como fontes potenciais de sofrimento, que resultam, provavelmente, do processo de desmonte dos direitos sociais. Por outro lado, o trabalho também pode proporcionar prazer que, muitas vezes, está associado ao reconhecimento do trabalho do enfermeiro por parte dos pacientes e da possibilidade de poder ajudá-los. Desta forma, pesquisas sobre o prazer e sofrimento no trabalho podem ajudar a fortalecer a categoria profissional, além, de muni-la com as ferramentas para lutar por melhores condições de trabalho. Portanto, o presente estudo, produto de uma dissertação de mestrado em andamento, tem como objetivo apresentar as situações causadoras de prazer e sofrimento no trabalho do enfermeiro que atua na atenção básica do município de Formiga/MG. Acredita-se que o conhecimento das condições geradoras de sofrimento e prazer no trabalho pode subsidiar intervenções que levem os enfermeiros a transformarem o seu próprio trabalho, o que resultaria, consequentemente, em maior empoderamento desses profissionais.   Desenvolvimento do Trabalho Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa e de caráter descritivo-exploratório. Algo de peculiar no objeto de estudo torna a pesquisa qualitativa um meio elegível para a abordagem do problema, de forma que sua utilização ajuda a desnudar as nuances das redes de determinação em que este objeto está inserido. Neste caso, trata-se da compreensão de como prazer e sofrimento se articulam através dos modos como os enfermeiros, que atuam na atenção básica do município de Formiga/MG, expressam suas subjetividades no contexto do trabalho. A população que compõe a investigação é formada por dezoito enfermeiros que gerenciam as unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESFs) no município de Formiga/MG. A coleta dos dados foi feita mediante a utilização de um roteiro de entrevista semiestruturada, composto por dois momentos: perguntas fechadas para a caracterização dos perfis dos entrevistados e perguntas abertas direcionadas ao levantamento de informações sobre o cotidiano do trabalho dos enfermeiros que trabalham nas ESFs de Formiga/MG. Por fim, é importante registrar que a pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Ribeirão Preto/SP (UNAERP), sob o parecer número 2.294.497. Este estudo discorre sobre dados fornecidos por 08 enfermeiros que atuam nas ESFs, já entrevistados, que constituem a amostra. Os dados foram analisados à luz da análise do discurso, utilizando, a análise temática pautada no modelo aberto, em que as categorias de análise tomam forma durante a realização do estudo.   Resultados e/ou Impactos   A média de idade dos entrevistados é de aproximadamente 38 anos com um desvio padrão de 3,94. O tempo médio de formação é de 12 anos com desvio padrão de 3,20. Dos oito profissionais entrevistados, 75% trabalham como enfermeiro há mais de nove anos; 12,5% entre 7 a 9 anos e outros 12,5% enfermeiros entre 3 a 5 anos. A informação sobre o tempo de atuação na atenção básica se aproxima do tempo de atuação como enfermeiro sendo que 75% deles atauam na atenção básica há mais de 9 anos, o que nos permite inferir que a maioria concluiu a graduação e logo ingressou na saúde pública por meio de concurso público, pois 75% deles são concursados; 25% são contratados via processo seletivo, sendo que 12,5% corresponde à faixa entre 7 e 9 anos e os outros 12,5% entre 1 e 3 anos. É interessante notar que 100% dos profissionais entrevistados trabalham privativamente na atenção básica, portanto, não possuem outros vínculos empregatícios. A exclusividade ajuda a entender a última reformulação da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) que estabelece como obrigatoriedade a contratação de enfermeiros assistenciais e gerenciais para a coordenação das ESFs. Outras categorias profissionais, como médicos e dentistas, costumam ter outros vínculos profissionais para além da carreira no serviço público. O enfermeiro, profissional que normalmente cumpre uma jornada de 08 horas diárias de trabalho na atenção básica, mantém com o trabalho uma relação de singularidade, e, por isso, as mudanças na PNAB incluíram manter o profissional da Enfermagem como gerente das ESFs, dividindo, a partir de então, a Enfermagem Assistencial da Enfermagem Gerencial. Chama atenção, esse momento de coleta de dados, as condições de precarização do trabalho, que se expressam pela falta de materiais, de insumos, pela ausência de manutenção física dos prédios e pela formação de equipes com a quantidade mínima de profissionais, que comparecem, portanto, como as situações que frequentemente estão associadas às experiências de sofrimento no trabalho. Diante dessas condições, o sentimento de impotência é muito comum, pois o profissional é privado da possibilidade de colocar em prática a assistência em saúde. Mas, há que se salientar que o trabalho não é apenas sofrimento. Mesmo em meio à precariedade os enfermeiros conseguem ressignificar de tal modo o trabalho, que ele também proporciona experiências de prazer. São fontes de prazer no trabalho o sentimento de dever cumprido, que se concretiza no sentimento resultante do atendimento às demandas dos usuários e o reconhecimento apresentados por eles, mediante a resolução e/ou minimização dos seus problemas.  Considerações Finais O avanço da agenda neoliberal e a consequente consolidação do processo de desmonte dos direitos sociais vem resultando na precarização das políticas sociais. A saúde pública está incluída neste processo e vem sendo atingida em todos os seus níveis de complexidade, onde inclui-se a atenção básica. Deste modo, a fragilização da atenção básica se constitui como um dos maiores obstáculos para os profissionais que atuam neste nível de complexidade. Para o enfermeiro, que atua com a assistência em saúde e também no gerenciamento das ESFs, estes obstáculos se transformam em situações causadoras de sofrimento. No entanto, as experiências de sofrimento são equilibradas pelas experiências de prazer, que geralmente estão associadas ao atendimento das demandas dos usuários. Neste sentido, o atendimento ao usuário é marcado por uma relação dialética. Por um lado, a precarização da atenção básica dificulta a sua realização, por outro, quando ele é realizado, acaba proporcionando aos profissionais, experiências que levam à realização emocional e profissional. Portanto, prazer e sofrimento são experiências que fazem parte do trabalho do enfermeiro da atenção básica no município onde se realiza a pesquisa. Conhecer os seus determinantes é fundamental, pois pode contribuir na busca por estratégias de empoderamento da categoria profissional dos enfermeiros, subsidiando, ainda, intervenções que tenham condições de produzir mudanças no processo de trabalho.