183: O que temos na caminhada? Uma percepção sobre a saúde do trabalhador
Debatedor: A definir
Data: 02/06/2018    Local: ICB Sala 09 - Maloca    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1141 PERCEPÇÃO DO USUÁRIO E DO TRABALHADOR DA SAÚDE SOBRE ACOLHIMENTO: VIDEOGRAFIA COMO INSTRUMENTO MOBILIZADOR
Vanessa Freitas Amorim, Paula dos Santos Brito, Paula dos Santos Brito, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira

PERCEPÇÃO DO USUÁRIO E DO TRABALHADOR DA SAÚDE SOBRE ACOLHIMENTO: VIDEOGRAFIA COMO INSTRUMENTO MOBILIZADOR

Autores: Vanessa Freitas Amorim, Paula dos Santos Brito, Paula dos Santos Brito, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira

Introdução: De acordo com Alves (2001), a comunicação é uma forma de trocar informações, das quais difundidas por mensagens propiciando o entendimento entre os sujeitos. Direcionando a saúde, a partir de 2003, com a Política Nacional de Humanização, tem-se a inclusão de trabalhadores, usuários e gestores na produção, gestão do cuidado e processos de trabalho. Considerados atores do SUS, a comunicação entre os mesmos faz-se essencial para impulsionar mudanças, que possibilitem a reformulação e o aprimoramento, através do desenvolvimento de estratégicas para as correções necessárias e manutenção do padrão de qualidade dos serviços prestados (BRASIL, 2013; SOUZA, 2010). Este trabalho objetivou torna-se um instrumento de avaliação e transformação em função das necessidades sociais, sob a ótica do utilizador dos serviços de saúde e do propiciador desses serviços, através da percepção destes do acolhimento para garantir o acesso oportuno ao que a política nos traz e principalmente proporcionar mudanças que visem à ambiência e melhoria do atendimento prestado. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, qualitativo com abordagem descritivo – analítico, realizado através de um vídeo documentário de autoria própria, com usuários, profissionais e membros do projeto Acolher, nas Unidades Básicas de Saúde onde o projeto é atuante. Os relatos resultaram da entrevista aos mesmos, por meio de videogravação para posteriormente transforma-los em documentário. O estudo foi estruturado e editado pelas acadêmicas de enfermagem da UFMA, bolsistas do projeto Acolher/PROEX. Resultados e discussões: Observa-se durante as entrevistas, que o acolhimento é visto como uma boa recepção e tratamento para com o usuário, sabendo direcioná-lo de acordo aos serviços demandados naquela situação/momento. É o profissional/gestor saber ouvir e valorizar o que o usuário tem a dizer, além do seu agravo de saúde. Pois, conforme Silva (2008), as instituições de saúde são entidades fornecedoras de serviços contiguamente consumidos, que necessitam visibilizar as representações dos usuários, visto que a determinação da qualidade ressai diante dos olhos de quem a vivencia, por meio dos problemas, sugestões e elogios. Com a formulação do vídeo-documentário, tem-se uma forma de garantia ao usuário, para que participe de forma crítica, do processo de formação do serviço de saúde, buscando principalmente conduzir positivamente, sem a intenção de denegrir o serviço ou os profissionais, mas, estimulá-los a melhorar a qualidade e ampliar a efetividade de suas práticas de saúde. Considerações Finais: Faz-se perceptível a importância de se ouvir diferentes pessoas, sejam essas usuárias do serviço de saúde ou mesmo os trabalhadores da área, pois, cada um traz um entendimento diferente, de acordo com as suas experiências. Tal vídeo pode e deve ser utilizado como um instrumento mobilizador capaz de incitar a participação conjunta em busca de melhorias, levada não como algo passível de punição para os atores, mas, algo que vise à otimização da qualidade do serviço de saúde.

1466 Promoção à Saúde dos Servidores da UFAM: uma intervenção em construção
ROBERTA DE LIMA SOUSA VIEIRA, ALANA MENEZES DE LIMA, LAÍS GONÇALVES DE JESUS, LÚCIA DE FÁTIMA OLIVEIRA AIRES, PRÍSCILA MENDES E SILVA, KAROLAINE BARROSO TAVARES

Promoção à Saúde dos Servidores da UFAM: uma intervenção em construção

Autores: ROBERTA DE LIMA SOUSA VIEIRA, ALANA MENEZES DE LIMA, LAÍS GONÇALVES DE JESUS, LÚCIA DE FÁTIMA OLIVEIRA AIRES, PRÍSCILA MENDES E SILVA, KAROLAINE BARROSO TAVARES

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar o histórico e a evolução da Coordenação de Desenvolvimento Social (CDS), bem como compartilhar a experiência da equipe em sua atuação junto aos servidores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A atenção à saúde do servidor da UFAM teve seu início em 1986 com a criação do Departamento de Apoio e Assistência ao Servidor, impulsionado pelo Plano de Apoio ao Servidor, elaborado em 1989, prevendo a divisão deste departamento em Divisão de Desenvolvimento Social (DDS) e a Divisão de Saúde e Segurança do Trabalho (DSST). Nestes vinte e oito anos de existência, a DDS mudou não só sua nomenclatura, passando a se chamar Coordenação de Desenvolvimento Social, mas também sua atuação e seu olhar sobre os servidores. Tais alterações são reflexos das mudanças políticas e sociais no Brasil e no mundo, como a Constituição de 1988 e a Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho e Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal – SIASS e o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do Servidor, em 2009. O ano de 2017 trouxe duas mudanças significativas para a CDS: a definição de uma equipe exclusiva para a coordenação, que até então dividia sua atuação com a assistência estudantil, e a inclusão de profissionais de psicologia na equipe. A coordenação hoje tem uma equipe composta por assistentes sociais e psicólogas que atuam objetivando o desenvolvimento psicossocial dos/as servidores/as ativos e aposentados/as, na perspectiva da prevenção aos riscos e agravos da saúde, bem como da promoção à saúde. E, entre setembro de 2016 e outubro de 2017, realizou três grandes atividades voltadas para o servidor (1) Prepara UFAM para Aposentadoria e UFAM te Reconhece, que fazem parte do Programa de Preparação para Aposentadoria dos servidores; (2) Semana de Qualidade de Vida no Trabalho: Reflexão e Prática, realizada com os servidores da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas; e (3) I Semana do Servidor UFAM, planejada e executada em parceria com a Coordenação de Treinamento e Desenvolvimento, a Coordenação de Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde e a Psicóloga Organizacional e do Trabalho. Estas ações resultaram em relatórios que demonstram os anseios dos servidores pelo desenvolvimento de ações voltadas para eles e o feedback é positivo. Porém há importantes dificuldades vivenciadas pela equipe, como a baixa adesão dos servidores às atividades; a dificuldade de liberação da chefia para que os trabalhadores participem das ações; a necessidade de realizar um estudo para conhecer e compreender as demandas dos trabalhadores; e a necessidade da construção de um diálogo a nível nacional dos setores que atuam com promoção à saúde do servidor público das universidades e institutos federais. A Coordenação tem (re)construído diariamente sua identidade e esta necessita ser fortalecida, tanto no âmbito nacional, como no local, a fim de atuar de forma eficaz e eficiente.

3023 INCLUINDO A SINGULARIDADE DOS FEIRANTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Priscila Picanço Horta, David José Conceição Vila, Ingrid dos Santos Araújo, João Victor Oliveira de Melo, Pedro Salazar Costa, Rebeka Bustamante Rocha, Rosevelto Maia Borges, Antonio de Pádua Quirino Ramalho

INCLUINDO A SINGULARIDADE DOS FEIRANTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Autores: Priscila Picanço Horta, David José Conceição Vila, Ingrid dos Santos Araújo, João Victor Oliveira de Melo, Pedro Salazar Costa, Rebeka Bustamante Rocha, Rosevelto Maia Borges, Antonio de Pádua Quirino Ramalho

Um breve passeio a partir de uma aula nos fez encontrar uma realidade escondida:Em 2013, o número de feirantes, só na capital, passava de oito mil e as feiras municipais eram em 44, fazendo desses trabalhadores um significante grupo economicamente ativo, responsável por trazer e comercializar produtos de natureza agrícola, pecuária e pesqueira, geralmente gêneros alimentícios ou produtos de baixo grau de manufatura. Para tal, se submetem a uma carga horária pouco convencional: extensa e, geralmente, incompatível com o horário de atendimento dos serviços públicos. Tem um estilo de vida atípico, passando longos períodos sentados, em um ambiente de trabalho abafado e com muita poeira, além de uma dieta pouco saudável, contrastando com a abundância de frutas e verduras presente no universo em que estão inseridos. Importante ressaltar ainda, o relevante papel socioeconômico desse grupo, os quais, sejam homens ou mulheres, são os únicos responsáveis econômicos pelo sustento de suas famílias, estabelecendo uma relação extremamente frágil de segurança econômica. Além disso, as feiras, por geralmente serem organizadas em locais fechados e de pouca ventilação, transitadas por muitas pessoas, se tornam um ambiente propício à disseminação de doenças; colocando o feirante em uma zona de risco. Nesse ínterim, o adoecimento de um desses indivíduos afeta a saúde de toda comunidade, ampliando a necessidade de cuidados voltados a esses trabalhadores. Rotinas extensas e exaustivas, fazem que simples exames habituais deixem de ser feitos e que complicações mínimas e evitáveis evoluam para doenças graves. É de extrema importância que se consiga trazer atenção à saúde primária para a realidade específica dessa população, integrando ações preventivas e curativas, não só ao próprio feirante, mas também ao local em que trabalha, coautor do processo de seu adoecimento, para que assim seja possível proporcionar maior acolhimento dessa classe ao SUS (Sistema Único de Saúde). Ainda que o SUS deva oferecer serviços a todo cidadão brasileiro com acesso integral, universal e gratuito; existem grupos mais suscetíveis a riscos relativos à saúde ou com particularidades. Ações específicas podem se mostrar mais eficientes se respeitarem a diversidade social, cultural e epidemiológica da mesma. O objetivo do presente trabalho é apontar indícios que justifiquem uma política específica de atenção primária e promoção da saúde. Através do reconhecimento dos determinantes sociais no processo de saúde e doença no contexto de não só identificar particularidades, mas adaptar todo processo para torná-lo acessível. Assim, é urgente que essa população participe ativamente da formulação e implementação de ações que solucionem seus problemas e necessidades. E no caso dos feirantes, acredita-se que o maior problema não está no onde e sim no quando, uma vez que a incompatibilidade de horário e o estilo de vida limitam o acesso à atenção primária. Entende-se, pois,  que os feirantes apresentam características tão peculiares que demandam atenção diferenciada mesmo dentro da esfera da Saúde do Trabalhador, gerando a hipótese de que configuraram um grupo específico para o qual deveria ser construída  uma política própria de atenção integral à sua saúde.

3152 PERCEPÇÕES SOBRE O PROCESSO DO ADOECIMENTO: UMA ABORDAGEM COM TAXISTAS NO MUNICIPIO DE SANTARÉM, PA
SIMONE Aguiar da Silva Figueira, Leandro da Silva Galvão, Adrilane Raclícia da Silva Freitas, Ilma Pastana Ferreira

PERCEPÇÕES SOBRE O PROCESSO DO ADOECIMENTO: UMA ABORDAGEM COM TAXISTAS NO MUNICIPIO DE SANTARÉM, PA

Autores: SIMONE Aguiar da Silva Figueira, Leandro da Silva Galvão, Adrilane Raclícia da Silva Freitas, Ilma Pastana Ferreira

APRESENTAÇÃO: A saúde do homem tem sido negligenciada por diversos âmbitos de atenção à saúde, haja vista que estes sujeitos ainda são vistos pela sociedade como seres fortes, inabaláveis e que raramente adoecem. Seus métodos voltados à promoção e prevenção de saúde ainda são escassos, onde a maioria desses indivíduos, somente adere aos serviços de saúde quando não conseguem mais lidar com os agravos da doença. Ao analisar as taxas de mortalidade, independente das causas, pode ser observado que os indivíduos do gênero masculino morrem mais do que do gênero feminino. Os dados epidemiológicos mostram que a mortalidade masculina no Brasil é 50% maior do que a feminina, assumindo seu maior índice na faixa etária dos 20 aos 39 anos. Com a elaboração da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem – PNAISH culminou no primeiro passo tomado, para adequar mudanças nos atendimentos voltados à população desse gênero. Essa política enfatiza a necessidade de uma abordagem holística, que contemple a saúde do homem em todos seus aspectos biopsicossociais, oportunizando sua inserção nos serviços de saúde. Porém, o que se observa em seu desenvolvimento na pratica é que ainda não conseguiu ser amplamente efetivada, pois ainda há a necessidade de criação de programas específicos, direcionados a este público, especificamente na atenção primária. Ressalta-se que muitos profissionais de saúde, ainda apresentam dificuldades de abordagem durante a captação e atendimento do gênero masculino, buscando em sua maioria realizá-los apenas em períodos de campanhas como, por exemplo, a do novembro azul. Desta forma nota-se a necessidade em realizar atividades e ações que visem à atualização desses profissionais, assim como proporcionar o interesse da população masculina na busca de atendimentos a sua saúde. Diante desse contexto, esse estudo tem como intuito discutir a saúde do homem com taxistas que atuam no município de Santarém- PA, buscando conhecer suas percepções acerca do processo de doença. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de uma pesquisa qualitativa- descritiva, recorte de um Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, em que para obtenção dos dados, utilizou-se de uma entrevista semiestruturada, posteriormente submetida à análise de conteúdo. Esta pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, no dia 14 de Junho de 2017, sob o número de parecer, 2119402. RESULTADOS: Os dados deste estudo foram alcançados com a participação de 17 taxistas, em que por meio da análise de conteúdo permitiu identificar a categoria: Tratando de doença em suas dimensões, perfazendo assim suas sucessíveis subcategorias, uma delas a correlação do adoecimento aos sintomas presentes, o estado de doença/adoecimento na maioria das vezes pode ser compreendido por sinais e sintomas clássicos de uma determinada enfermidade, não necessitando por vez de um conhecimento cientifico para assimilação, na maioria das respostas obtidas, os taxistas associaram o aparecimento de anormalidades como sugestivos do processo de doença, em que podemos presumir que essas falas, partem de um conhecimento empírico. Percebeu-se que os entrevistados empregavam-se de sinais clínicos para a detecção de enfermidade, quando relataram o cansaço, adjunto do mal estar e a funcionalidade do corpo prejudicada pela indisposição, congregando a primícia de que possuem conhecimento no processo de adoecimento, no entanto, é possível constatar que os mesmos, compreendem o adoecimento no comprometimento não só do biológico, e sim de outras dimensões do corpo, constatado através de falas que atribuíam o adoecimento com também ligado ao fator psicológico, inteirando que dentre as compreensões, consolida-se a edificação de um entendimento acerca de doença mais amplo. Dentre os achados nos discursos dos participantes, pressentimos que havia uma pluralidade de concepções acerca do processo doença, entretanto, todas constituídas por evidencias unificadas aos sinais e sintomas que esses indivíduos mantinham sobre o tema. As concepções de doença que os taxistas detinham, perfazem um entendimento cabível, contudo essa compreensão mostra-se variável, quando identificamos em outra subcategoria, que existe uma compreensão da doença como fator intrínseco para a incapacidade de trabalho, para os entrevistados, o processo do adoecimento também está intimamente relacionado a questões econômico-salariais, representando um mal estar relativo ao próprio contexto de vida, observável, quando os entrevistados expuseram em suas falas a relação da doença com a impossibilidade de trabalhar, ou seja, considerando a atividade laboral como um termômetro para avaliar se os mesmos se encontravam com saúde ou não. Desse modo é perceptível que os taxistas por possuírem uma relação totalmente integrada ao trabalho, pelo fato de serem os provedores de suas famílias e necessariamente buscarem cuidar dessas obrigações, necessitam gozar de um estado pleno de saúde para a execução de sua atividade laboral. Em meio às compreensões do adoecimento, emergiu que os entrevistados, facilitavam para adoecerem, tendo a negligência como um determinante para o adoecimento, haja vista, que os mesmos não aderem aos serviços de saúde, assim como aos cuidados preventivos que visam manter uma saúde de qualidade, constatado nos depoimentos colhidos, que os homens se descuidam de sua saúde, onde afirmavam a não procura por serviços de saúde, chegando a ficar até mais de dez anos sem procurar qualquer tipo de consulta de saúde, priorizando a automedicação, ou seja, buscando resolver a sintomatologia presente no momento através de práticas caseiras ou medicações adquiridas sem prescrição médica. Na percepção de um depoente, percebeu-se que o mesmo não mantinha nenhuma prática, seja preventiva ou curativa para manutenção de sua própria saúde, alicerçada por um pensamento ilusório que por não apresentar nem uma manifestação sintomática de adoecimento, possuía a uma saúde perfeita. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados nos permitiram conhecer as percepções sobre o adoecimento entre a população do gênero masculino atuantes como taxistas no município de Santarém, compreendemos através desta pesquisa que suas percepções são pautadas em uma vasta gama de associações de conceitos construídos ao longo de suas histórias de vida, fazendo com que apresentem e descrevam um entendimento universal acerca do processo que pode levar ao adoecimento. Inferimos também, que apesar de possuírem percepções coesas acerca do tema pesquisado, agem muitas vezes com negligência quando estão doentes, cometendo atos de imperícia com a própria saúde. Diante disso, torna-se necessário uma abordagem mais educativa com este público fazendo com que tornem prática, os conhecimentos que tem sobre a temática.

3220 Avaliação do estilo de vida de trabalhadores portuários do município de Santarém-PA
Andreza Cavalcante de Almeida Lopes, Cristiano Gonçalves Morais, Antonia Irisley da Silva Blandes, Géssica Rodrigues Silveira, Gisele Ferreira de Sousa, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Avaliação do estilo de vida de trabalhadores portuários do município de Santarém-PA

Autores: Andreza Cavalcante de Almeida Lopes, Cristiano Gonçalves Morais, Antonia Irisley da Silva Blandes, Géssica Rodrigues Silveira, Gisele Ferreira de Sousa, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Apresentação: Há vários aspectos que englobam e são levados em consideração na avaliação do estilo de vida, tais quais alimentação, relações sociais, atividade física, além destes há outros hábitos e aspectos comportamentais avaliados quando a temática é estilo de vida. Com o processo de industrialização esses aspectos sofreram modificações, o estilo de vida das pessoas passou a possuir como característica a ingesta desregrada de alimentos pouco saudáveis, inatividade física e consumo de substâncias psicoativas. Estas características contribuem para a maior incidência de doenças crônico degenerativas oriundas desses hábitos e comportamentos que influenciam diretamente na qualidade de vida de cada indivíduo. Objetivo: Avaliar o estilo de vida de trabalhadores portuários de uma exportadora de grãos do município de Santarém-PA. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa de campo, transversal, com abordagem quantitativa, foi realizada no mês de julho, com profissionais portuários do gênero masculino. Utilizou-se de um questionário presente no trabalho de Magalhães (2007), composto por 15 questões divididas em 5 tópicos abordando aspectos relacionados ao estilo de vida, esse instrumento foi aplicado após o consentimento dos participantes, que se voluntariaram para a pesquisa, após assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com base nos critérios étnicos vigentes, os dados obtidos foram analisados e tabulados no software Excel 2013. Resultados e/ou impactos: Dos participantes da pesquisa 56% eram solteiros, em relação a religiosidade 91% afirmaram crer em algo. Associado ao estilo de vida 53% foram classificados como “Moderadamente Desejável” diante disso o quesito nutrição juntamente com à atividade física destacou-se na classificação “Pouco desejável” com 26%, associado ao aspecto social 26% apresentaram conduta “Próximo ao desejável”, em relação ao stress 44% apresentou comportamento “Desejável”, no entanto, relacionado ao comportamento preventivo notou-se que 29% dos participantes o consideraram como “Pouco desejável”. Conclusão: A saúde do trabalhador em particular o estilo de vida é um cenário de pesquisa importante a ser evidenciado, visto que, as repercussões que os hábitos e comportamentos tem na promoção e na qualidade de vida dos indivíduos tem efeito direto na produção de serviços realizadas por estes trabalhadores.

3340 AVALIAÇÃO FUNCIONAL DOS ACIDENTADOS DE TRÂNSITO ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE PARNAÍBA-PI
Jadiel Marinho Cardoso, Paulo Renato Moraes do Nascimento, Dandara Marques Duarte, Samara Sousa Vasconcelos, Edildete Sene Pacheco, silmaria Bandeira do Nascimento

AVALIAÇÃO FUNCIONAL DOS ACIDENTADOS DE TRÂNSITO ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE PARNAÍBA-PI

Autores: Jadiel Marinho Cardoso, Paulo Renato Moraes do Nascimento, Dandara Marques Duarte, Samara Sousa Vasconcelos, Edildete Sene Pacheco, silmaria Bandeira do Nascimento

Introdução Em virtude do elevado número de automóveis em circulação a cada ano, os acidentes de trânsito crescem por negligência dos condutores de veículos causando repercussões físicas, econômicas, psicológicas e sociais para todos envolvidos. Devido as repercussões físicas e psicológicas causadas pelos acidentes de transito torna-se necessário métodos para avaliar de forma objetiva os níveis de independência de pessoas que sofreram traumas externos. Dentre esses métodos existem a Medida de Independência Funcional (MIF) que mensura a capacidade funcional,  estimando o grau de dificuldade ou limitações atribuídas a cada pessoa e a  Escala de Participação Social (EPS) que possibilita quantificar se o individuo apresenta alguma restrição social devido a morbidades ou patologias causadas ou não por acidentes de transito.Objetivo: Avaliar a independência funcional e a participação social de pacientes acometidos por acidentes de trânsito que foram atendidos na Clínica Escola de fisioterapia da Universidade Federal do Piauí no período de janeiro a maio de 2015. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e analítico de abordagem quantitativa, realizado com pacientes atendidos na Clínica Escola de fisioterapia da UFPI, em Parnaíba. Compuseram a amostra 25 pacientes de ambos os sexos, com idade variando de 18 a 70 anos, que receberam tratamento fisioterápico, vítimas de acidente automobilístico. inicialmente foram realizadas apreciações descritivas dos dados sociodemográficos e clínicos. Com o objetivo de correlacionar a Escala MIF e EPS foi utilizado o teste de Pearson e, para testar a normalidade das variáveis, utilizou-se previamente o teste de Kolmogorov-Smirnov. Resultados e Discussão: O escore médio obtido para MIF total foi 86,5 ± 26,8 ; para MIF motora obteve-se o valor de 54,7 ± 22,9; e, para MIF cognitiva, o escore 31,9 ± 6,4. O escore médio obtido na participação social foi de 35,7± 15,5 tendo uma amplitude de 0 a 84 pontos nos pacientes entrevistados. A MIF motora e a EPS tiveram uma distribuição normal e realizou-se o teste de correlação de Pearson objetivando detectar o grau de associação entre os valores obtidos nas escalas MIF e de Participação Social, Obteve-se uma correlação negativa moderada (-0,49) estatisticamente significante (p <0,012) entre essas variáveis. Ou seja, elas apresentaram-se de formas opostas, à medida que ocorrem valores mais altos da MIF total, representando uma melhor independência funcional, ocorrem valores mais baixos da Participação Social, representando uma menor restrição de participação. Conclusão: o Estudo mostra que a MIF é eficiente em avaliar o comprometimento físico causado por essas comorbidades e que um maior grau de dependência funcional pode estar diretamente relacionado a uma participação social limitada.

4433 Subjetividade no trabalho de cuidadores sociais na cidade de Manaus-AM
Tamara Menezes

Subjetividade no trabalho de cuidadores sociais na cidade de Manaus-AM

Autores: Tamara Menezes

O trabalho de cuidar envolve diferentes dimensões e perpassa por instituições e seus processos de institucionalização. De acordo com a Psicodinâmica do Trabalho – PDT, a dimensão subjetiva do cuidador social é implicada por relações sociais de classe, raça, etnia, idade, gênero. A subjetividade é instituída socialmente e refere-se ao que é único, pessoal e intransferível. O trabalho possui uma função na constituição do trabalhador enquanto sujeito, sendo central na vida humana e produtor de identidade no mundo. A presente pesquisa propôs o estudo das vivências subjetivas no trabalho de cuidadores sociais de um serviço de acolhimento institucional da cidade de Manaus-AM, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Trata-se de uma pesquisa-ação, de natureza qualitativa que teve como objetivo geral analisar as vivências subjetivas no trabalho de cuidadores sociais com vistas à promoção da saúde destes trabalhadores. O método utilizado foi a Clínica do Trabalho, proposta por Christophe Dejours, contexto no qual se privilegia o espaço da fala e os discursos construídos no coletivo. Partiu-se inicialmente das categorias de análise propostas pela PDT, com a análise da organização do trabalho, identificando as estratégias individuais e coletivas de defesa, o trabalho prescrito e o trabalho real, as vivências subjetivas de prazer e sofrimento no trabalho, buscando posteriormente compreender as relações socioprofissionais estabelecidas e suas implicações na construção de identidade deste coletivo de trabalho. O estudo refere-se aos resultados parciais de uma pesquisa em desenvolvimento. Relativo aos resultados, a fala dos cuidadores traz a falta de autonomia como geradora de sofrimento no trabalho, agravados pela precariedade nas condições de trabalho. A pesquisa permitiu que o coletivo de cuidadores sociais refletisse sobre a organização do trabalho, através do discurso construído coletivamente no contexto da clínica do trabalho. Na ação do trabalhar do cuidador social, há o engajamento da subjetividade em sua totalidade. Nesse sentido, é possível dizer que o trabalho do cuidador social consiste em uma proteção da subjetividade com relação ao mundo, haja vista a constituição de sua identidade estar relacionada ao seu fazer. As estratégias de defesa são observadas predominantemente na dimensão individual, com o uso da inteligência prática. O estudo sinaliza para a importância no aprofundamento das questões teórico-metodológicas da PDT e contribui para a expansão desta abordagem de pesquisa em psicologia. Essa pesquisa contribui na ampliação do olhar para as possibilidades de delinear um caminho na (re)significação do(s) sentido(s) do trabalho de cuidar, promovendo um espaço de escuta qualificada e auxiliando os cuidadores na mobilização subjetiva frente às situações que agravam o sofrimento no trabalho.

4920 Vivências de prazer e sofrimento de trabalhadores informais na cidade de Manaus/Am
Giselle Maria Menezes da Silva

Vivências de prazer e sofrimento de trabalhadores informais na cidade de Manaus/Am

Autores: Giselle Maria Menezes da Silva

O estudo teve por objetivo compreender os mobilizadores de prazer e identificar possíveis agravantes de sofrimento nas atividades laborais de trabalhadores informais na cidade de Manaus/AM. Utilizou-se a metodologia qualitativa, realizando a metanálise dos resultados de duas pesquisas empíricas desenvolvidas nos anos 2010 e 2015. A base teórica dos estudos foi a Psicodinâmica do Trabalho, proposta por Christophe Dejours. As pesquisas adotaram como método de coleta de dados as entrevistas individuais semi-estruturadas com roteiro previamente confeccionado. No que tange à análise de dados, uma das pesquisas utilizou-se da adaptação da sistemática Grounded Theory – Análise de Comparação Constante e a outra fez uso da análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin, com adaptações de Maria Cecília de Souza Minayo (1993). Os participantes das pesquisas abrangeram dez trabalhadores vendedores e outros doze trabalhadores informais em situação de rua usuários dos serviços de Assistência Social. Os resultados apontaram para vivências de prazer marcadas pela flexibilidade da organização do trabalho, reestruturação de laços interpessoais e cooperação entre pares. A flexibilidade, apontada como importante mobilizador de prazer, confere liberdade aos trabalhadores que podem gerenciar seus próprios horários e autonomia para organizar o trabalho da forma que lhes for mais conveniente, sendo, portanto, benéfica ao aparelho psíquico. Já os ganhos nas relações interpessoais dizem respeito aos laços de amizade e cortesia que estabelecem com clientes e outros trabalhadores, sendo a cooperação entre pares evidenciada em situações de ajuda mútua ao realizar determinadas tarefas. Por outro lado, entre os fatores relacionados às vivências de sofrimento estão as condições de trabalho inapropriadas e ausência de direitos trabalhistas e garantias sociais, características de trabalhos informais. Vulnerabilidade à violência, preconceito, estigma, falta de confiança entre alguns moradores de rua e disputa por território foram ainda outros propulsores de sofrimento associados. As condições laborais figuram como mobilizadoras de sofrimento por serem precárias, submetendo os trabalhadores às intempéries climáticas, chuva e altas temperaturas. A violência se identifica através de vivências de medo por serem subjugados, seja pela polícia, seja por outros moradores de rua ou mesmo por outros membros da sociedade. O sofrimento relacionado ao preconceito está evidenciado nos estigmas relacionados aos trabalhadores em situação de rua, cujas imagens estão associadas à de bandidos e malfeitores. Apesar das vivências de sofrimento, o trabalho é apontado pelos trabalhadores como fator imprescindível para que se identifiquem enquanto cidadãos, fortalecendo a identidade e conferindo espaço de reconhecimento social. A flexibilidade no trabalho confere espaços de subversão de sofrimento em prazer, especialmente aos vendedores, que conseguem satisfatoriamente construir estratégias para lidar com o real do trabalho. Embora ainda haja muitas barreiras a serem ultrapassadas pelos trabalhadores informais em situações de rua, os relatos apontam para uma possível fonte substancial de transformação do sofrimento: o reconhecimento e legitimação do valor que esses trabalhadores possuem no âmbito social, sendo resguardados os seus direitos enquanto cidadãos e suas dignidades enquanto seres humanos.

5036 Câncer de mama masculino como doença ocupacional: um relato de caso em ourives aposentado
eliane cristina da silva da silva pinto carneiro

Câncer de mama masculino como doença ocupacional: um relato de caso em ourives aposentado

Autores: eliane cristina da silva da silva pinto carneiro

Eliane Cristina da Silva Pinto Carneiro1 Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva2 Eliane Ramos Pereira3 Nelson dos Santos Nunes4 Diomedia  Zacarias Teixeira5 Mônica Moura da Silveira Lima6   Palavras-chave: câncer mama homem, ourives   Introdução: A ourivesaria inclui a produção de relógios, moedas, filigrana e joias e a inserção ou trabalho em joias semi-preciosas (SANTOS, 2017). Os principais fatores de risco associados a essa atividade são a exposição a agentes químicos, questões ergonômicas e o esforço visual (SANTOS, 2017). No que concerne às doenças profissionais, destacam-se a silicose e as consequências da hipertermia. O calor é risco físico presente em processos com liberação de grande quantidade de energia térmica e está presente em várias atividades como a ouriveraria no momento da fundição. A hipertermia pode ter como resultantes taquicardia, cansaço, irritação, prostração térmica, intermação, prejuízo das funções digestivas (NR9) e da espermatogênese. O aumento da temperatura dos testículos pode impedir a espermatogênese, por causar degeneração da maioria das células dos túbulos seminíferos além das espermatogônias (GUYTON, 2015). A diminuição da espermatogênese leva a diminuição dos níveis de testosterona e aumento da SHBG, globulina ligadora de hormônios sexuais (MARTITTS, 2004). A globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG) é uma glicoproteína plasmática ligadora específica dos esteróides sexuais, e não somente a concentração da SHBG influencia no efeito biológico da testosterona e do estradiol, como esses esteróides parecem ser os principais reguladores fisiológicos dessa proteína (TEIXEIRA, 2002). Com a redução de níveis de testosterona e elevação de hormônios com atividade esteroide-símile, haveria estímulo ao desenvolvimento da mama masculina e indução da carcinogênese em decorrência da exposição ocupacional excessiva ao calor. Os Estrógenos , afinal, estão entre os principais hormônios mamógenos, isto é , indutores do desenvolvimento mamário na puberdade. A exposição ocupacional ao calor pode ser postulada e radiação eletromagnética com resultantes danos testiculares pode se constituir em fator de risco para o câncer de mama no homem(  HAAS, 2009). O câncer de mama masculino é doença rara, mas sua incidência vem aumentando entre homens mais jovens. A média de idade no momento do diagnóstico costuma ser 67 anos. Os principais fatores de risco são insuficiência hepática, antecedentes familiares, tratamentos hormonais, tumores de testículo, orquite, traumas testiculares, tumores de próstata,, alterações de cariótipo (síndrome de klinefelter, por exemplo) e a presença de ginecomastia. Existem associações entre mutações do BRCA2 e câncer de mama masculino. Como antes exposto, postula-se a exposição ocupacional ao calor e à radiação eletromagnética como fator de risco para o câncer de mama no homem, devido aos danos testiculares advindos (HAAS, 2009).   Objetivo: apresentar caso de homem que trabalhou por trinta anos como ourives, com relato de exposição severa a altas temperaturas, e que se apresentou em hospital oncológico situado no Rio de Janeiro com diagnóstico de câncer de mama; correlacionar epidemiologicamente a relação exposição ocupacional ao calor, dano testicular e câncer de mama no homem em aula expositiva   Metodologia: expor relato de caso através de dados obtidos de anamnese ocupacional e coleta de dados de prontuário médico de hospital de oncologia conveniado ao Sistema Único de Saúde localizado na cidade do Rio de Janeiro, capital fluminense.   Relato de Caso:  J.S.S., 63 anos, masculino, negando tabagismo e história familiar de neoplasia de mama ou em outros órgãos relata que trabalhara cerca de 12 horas diárias como ourives. Negou história familiar relacionada ao câncer de mama, assim como outras patologias que aumentassem o risco de ter a doença.Fazia menção a intensa exposição ao calor. Ao exame de mama, apresentava nódulo pétreo de 4 cm retroareolar em mama esquerda.O exame de cadeias linfonodais axilares, cervicais e supraclaviculares se mostrou negativo.  A core biópsia guiada por ultrassonografia foi feita, devido a mamografia esquerda, evidenciando nódulo de mama Birads IV. O exame histopatológico de nódulo de mama esquerda evidenciou carcinoma ductal invasor sem outra especificação. À imunohistoquímica havia positividade em 50% de receptores de estrogênio. Os exames de estadiamento, a saber cintilografia óssea, ultrassonografia de abdômen total e radiografia de tórax foram todos negativos para metástase. A proposta de tratamento foi então curativa, com encaminhamento do usuário à cirurgia. Foi realizada a mastectomia radical modificada a esquerda, em que toda glândula mamária é ressecada com dissecção da axila. A tumoração de mama media 5 cm em seu maior eixo e dos 12 linfonodos axilares ressecados, apenas dois foram metastáticos. Evolui com lesão de nervo de Bell, decorrente do procedimento cirúrgico ora citado, fato este não relacionado a doença avançada, levando o paciente a experimentar impotência funcional de membro superior homolateral à neoplasia de mama tratada. Após, foi encaminhado à radioterapia e hormonioterapia com tamoxifeno, para bloqueio de receptores estrogênicos.   Conclusão: Vale destacar a relação epidemiológica possível do câncer de mama em homens a exposição ao calor. Assim, quando da anamnese e tendo em vista a maior agressividade do câncer de mama em homem, há que se atentar não só a fatores genéticos e de história familiar. Vale enfatizar no câncer de mama masculino a exposição ocupacional ao calor como em ourivesaria, indústrias e motoristas. Os testículos se colocam em situação de vulnerabilidade com possíveis danos a espermatogênese ,quando da exposição ao calor excessivo.               REFERÊNCIAS   ALMEIDA, A.; SANTOS, M. Ourivesaria,joalharia e relojoaria: principais riscos e fatores de risco laborais, doenças profissionais associadas e medidas de proteção recomendadas. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional OnLine. Jan/2017. Disponível em WWW.rpso.pt/ ourivesaria-joalharia-e-relojoaria-principais-risc... HAAS, Patrícia; COSTA, Alessandra Bortoluzzi; SOUZA, Aline Proença. Epidemiologia do câncer de mama em homens. Revista do Instituto Adolf Lutz. V.68, n.3, São Paulo, 2009. DOS SANTOS, Zalaene. Segurança no Trabalho e meio ambiente. NR9, Riscos Ambientais. Programa de Controle Médico de Saúde Ambientais. GUYTON, Arthur. Tratado de Fisiologia Médica. Funções reprodutivas e hormonais no homem. Guanabara Koogan, 2015. TEIXEIRA, Rosimere; DIMETZ, Trude; BORDALLO, Maria Alice; GUIMARAES, Marilia M.. Papel dos Androgênios Adrenais e periféricos na modulação dos níveis da globulina ligadora dos hormônios sexuais na pubarca precoce. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, v.46, n.5; Rio de Janeiro, 2002. MARTITS, Anna Maria; COSTA, Elaine Maria Frade. Hipogonadismo Masculino tardio ou andropausa. Revista da Associação Médica Brasileira, v.50, n.4, out/dez; São Paulo, 2004.  

5120 ALGIAS E LESÕES OSTEOMUSCULARES EM BAILARINOS DE JAZZ
Pedro Oliveira Pinheiro, Regiane Edwiges Antunes de Barros, Liana Rocha Praça, Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro, Jéssica Karen de Oliveira Maia, Raimunda Magalhães da Silva, Neide Rodrigues dos Santos, Érika Porto Xavier

ALGIAS E LESÕES OSTEOMUSCULARES EM BAILARINOS DE JAZZ

Autores: Pedro Oliveira Pinheiro, Regiane Edwiges Antunes de Barros, Liana Rocha Praça, Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro, Jéssica Karen de Oliveira Maia, Raimunda Magalhães da Silva, Neide Rodrigues dos Santos, Érika Porto Xavier

Introdução: A dança é uma das artes mais antigas, com o passar dos tempos, ela vem se tornando complexa, surgindo diferentes formas de executá-la, tanto em grupos, como individualmente. Os princípios básicos da dança são: postura ereta; uso do “en dehors “(rotação externa dos membros inferiores), verticalidade corporal, e simetria. Assim como em qualquer outra atividade corporal, a dança exige um bom condicionamento físico do bailarino, podendo surgir, ao longo de seu treinamento, diferentes tipos de lesões. Assim deve-se estar atento a certos riscos e tomar providências para controlar os fatores que possam aumentá-los. Objetivo: Investigar queixas álgicas e lesões osteomusculares em bailarinos de jazz em uma companhia de dança em uma escola de Fortaleza- Ceará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de campo, de caráter exploratório, transversal e prospectivo, com análise quantitativa de dados. Realizada em uma companhia de dança de uma escola de Fortaleza-CE cuja coleta de dados deu-se no período de 01 a 30 de outubro de 2017. A população compreendeu a 36 bailarinos, com amostra 20 bailarinos em consequência ao atender dos critérios de inclusão, os quais eram a idade entre 13 e 27 anos idade e a pratica  somente da dança jazz , podendo ser  de ambos os sexos. Como critérios de exclusão definiu-se pela a prática de outra dança além do jazz e terem menos de  dois anos  de prática de dança. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário, com 13 questões, criado especificamente para esse estudo. As variáveis envolvidas no questionário foram: sociodemográficas como o gênero, idade, tempo de prática da dança jazz e manifestações clinicas como dor e lesão osteomusculares. Por se tratar de um estudo envolvendo seres humanos, a pesquisa respeitou os aspectos éticos, sendo submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Centro Universitário Estácio do Ceará e aprovado com número do parecer 2.318.001, respeitando a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e do Código de Ética do Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional- COFFITO 6 (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional). Resultados: Identificou-se que a maioria dos bailarinos, 65%, eram do sexo feminino. Essa desproporção entre homens e mulheres pode estar relacionada à procura ainda ser maior do sexo feminino pela dança. A prevalência de idade dos bailarinos estudados foi de 13 anos de idade, 25%, seguida de 14 e 16 anos respectivamente cada um com 15%. A incidência de lesões tende a crescer proporcionalmente ao aumento da idade e de tempo de treinamento, devido a maior dificuldade das performances que são atribuídas a bailarinos mais experientes. Grande parte dos bailarinos, 60%, praticavam jazz a mais de quatro anos, 15% a mais de um ano, 15 % a menos de um ano. A rotina de treinamento de três a seis horas diária tem maior índice de lesões e dores. A frequência com que se praticam as aulas eram de duas vezes na semana 90% e apenas 10% faziam aula mais de três vezes na semana. A exaustão, a repetição e o aumento das horas de ensaio em busca da perfeição dos movimentos são motivos para a aquisição de novas ou repetidas lesões.  Um percentual de 70% dos bailarinos relatou fazer quase sempre um aquecimento ou alongamento prévio antes de todas as aulas enquanto um percentual menor de apenas 30% respondeu que sempre realizam um aquecimento ou alongamento. O alongamento é considerado importante para o desenvolvimento de uma boa técnica. Com relação a infraestrutura das salas de treinamento 90% consideraram o seu lugar de ensaios adequado para prática com segurança. Sentir dor ou se lesionar durante alguma aula é algo frequente em 95% da amostra. Acredita-se que alguns dos fatores, na opinião dos bailarinos, que causaram mais lesões são: palcos e solos impróprios, coreografias com repetição contínua, elevada intensidade de treino, salas mal aquecidas, elevada frequência de treino e coreografias com movimentos novos. As áreas mais acometidas por dores ou machucados foram: joelho e quadril com 75%, coluna com 60%, tornozelo e pé com 50% e ombros e punhos com 10%. O joelho está constantemente em risco de sofrer lesão, seja pelo bailarino aplicar incorretamente a técnica, como o en dehors forçado no joelho (rotação externa de quadril, joelho e tornozelo), seja por hiperextensão dos joelhos ou por alteração no alinhamento dos segmentos articulares do membro inferior. Além disso, inúmeros fatores podem contribuir para sobrecarga dessa articulação, podendo destacar, treino impróprio, saltos repetitivos e locais inadequados para aulas e ensaios, ou seja, com piso sem amortecimento. A dor lombar em bailarinas pode estar associada a fatores como rotação da coluna e disfunções de outras articulações, como sacroilíaca e pés, execução inadequada da técnica e desequilíbrios musculares desses bailarinos. Após a aula 90% deles demonstraram sentir mais dor, comparado ao seguimento da aula, 30%, não existindo queixas prévias. Apenas 15% dos bailarinos relataram ter se lesionado gravemente durante a prática da dança, enquanto a maioria, 85%, não teve lesões graves. Foi possível perceber retorno sintomático de dor ou machucados durante as suas atividades em um percentual de 95%. Os bailarinos geralmente negligenciam a prevenção e o tratamento das suas próprias lesões, ignorando frequentemente os alertas que os seus corpos exprimem. As danças, assim como outros esportes, podem exercer uma sobre carga excessiva aos praticantes, e suas as lesões podem estar diretamente relacionadas ao excesso de treino. Considerações finais: Este estudo revelou uma elevada prevalência de queixas dolorosas dos bailarinos, sendo o joelho e quadril o local anatômico com maiores índices de dores e lesões. A incidência de quadros álgicos foi maior após os ensaios, e as lesões ocorriam principalmente durante as aulas o que nos levam a pensar que, a intensidade e frequência das aulas seja um fator para os índices de dor e lesões destes bailarinos como também a técnica realizada de forma incorreta possa contribuir para que isso aconteça. Pode-se observar ainda que houve uma relação entre regiões de lesão e dor, e que a dor está diretamente relacionada à lesão, porém não existem dados que comprovem quais os fatores para tal resultado, o que nos levam a crer que novas pesquisas mais aprofundadas com populações maiores e de outras regiões nos permitam avaliar com maior precisão o quadro álgico e  lesões em bailarinos de jazz, para que se possa determinar as causas diretas ou indiretas dessas queixas muito frequentes em bailarinos.

3077 Investigação do perfil de enfermeiros atuantes no centro cirúrgico e da unidade de terapia intensiva de hospital público no interior da Amazônia
Monica Karla Vojta Miranda, Cristiano Gonçalves Morais, Antonia Irisley da Silva Blandes, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Investigação do perfil de enfermeiros atuantes no centro cirúrgico e da unidade de terapia intensiva de hospital público no interior da Amazônia

Autores: Monica Karla Vojta Miranda, Cristiano Gonçalves Morais, Antonia Irisley da Silva Blandes, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Apresentação: O ambiente hospitalar é um local que exigir do profissional enfermeiro agilidade, destreza e acima de tudo conhecimento técnico cientifico, uma vez que, é um local que lida diariamente com pessoas em seu estado mais vulneral. A pressão sobre esses profissionais é considerável, pois eles são cobrados por um excelente desempenho em suas atribuições, não só em seu local de trabalho, mas também por toda sociedade. Além disso, é notório que o enfermeiro é o profissional que sempre está na linha de frente, é ele que realiza os principais cuidados ao paciente, assim como é o principal responsável por elaborar medidas terapêuticas para melhor assistir o quadro clinico do paciente. Devido ao avanço da tecnologia e a complexidade das atividades atribuídas ao profissional de enfermagem, é que estes profissionais necessitem constantes atualizações técnico científicos. Diante disso e por conta da demanda excessiva de serviços imposta aos enfermeiros é que há índices alarmantes de doenças ocupacionais associadas a esta classe trabalhista. Outros fatores que contribuem para este quadro é a presença de condutas adversas a saúde como poucas horas de descanso, extensas jornadas de trabalho que resultam em fastas no ambiente de trabalho por motivos de saúde e que prejudicam os serviços disponibilizados por estes profissionais. Em meio a isto este trabalho tem por objetivo caracterizar o perfil de enfermeiros atuantes no centro cirúrgico e da unidade de terapia intensiva de hospital público do interior da Amazônia. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de campo, descritivo, transversal de cunho quantitativo. Este estudo é um recorte de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Enfermagem, intitulada “Doenças ocupacionais: O estresse como o produto do trabalho de Enfermagem”, foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus XII, com o parecer n° 2.119.371. Tendo como público alvo enfermeiros atuantes no ambiente hospitalar em particular nos setores de centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva e urgência e emergência de um hospital de média complexidade do município de Santarém, Pará. O público alvo do estudo foram enfermeiros atuantes nos setores de unidade de terapia intensiva e centro cirúrgico, totalizando 6 enfermeiros que se dispuseram a participar desta pesquisa, que correspondem a maior parte da equipe atuante nestes setores, sendo excluídos desta pesquisa apenas os enfermeiros que não se disponibilizaram a participar deste estudo. A coleta de dados deste estudo se deu através de dois meios: entrevista em que na instituição de saúde local da pesquisa os enfermeiros eram abordados e sensibilizados quanto aos objetivos, riscos e benefícios envolvidos na pesquisa e após o consentimento livre e esclarecido era realizada o preenchimento do instrumento de pesquisa, caso não houvesse viabilidade da coleta de dados na instituição de saúde ou em foi disponibilizado ao participante a oportunidade da entrega do instrumento preenchido em local e data previamente acordados entre os pesquisadores e os participantes. Foram excluídos deste estudo enfermeiros em férias. O instrumento de coleta de dados era composto por questões relacionadas as características sociodemograficas (sexo, estado civil, filhos dependentes), características de formação (tempo de formação, tempo de formado, pós-graduação), além disso variáveis evolvendo vínculo empregatício, jornada semanal, absenteísmo e presença alguma sintomatologia recorrente do dia-a-dia. A análise dos dados obtidos foi realizada no software Excel 2016. Resultados e/ou impactos: Com relação aos dados obtidos e analisados foi possível avaliar que referentes as características sociodemograficas que cerca de 80% dos enfermeiros atuantes nestes setores eram do sexo feminino e os 20% restantes eram compostos por homens. Com relação ao estado civil foi observado que 33% dos enfermeiros eram casados ou solteiros. Notou-se que 50% dos enfermeiros informaram possuir filhos dependentes. Quanto ao tempo de formado cerca de 67% dos enfermeiros apresentavam tempo de formado igual ou superior a 6 anos. Referente ainda as características apresentadas por estes enfermeiros cerca de 17% informaram nunca ter realizado especialização, em contrapartida a isto cerca de 83% informaram ter realizado algum tipo de especialização, das quais 34% destas especializações foram realizadas em suas respectivas áreas de atuação centro cirúrgico ou unidade de terapia intensiva. Com relação ao vínculo empregatício cerca de 67% apresentavam apenas vínculo com a instituição de saúde pesquisada e 33% dos enfermeiros apresentavam vínculo com outras instituições de saúde públicas e/ou particulares localizada no município em que esta pesquisa foi realizada. Foi avaliado junto aos participantes deste estudo as horas semanais destinadas as atividades no centro cirúrgico e unidade de terapia intensiva, sendo observado que cerca 100% dos enfermeiros informaram trabalhar semanalmente carga horária superior a 35 horas, tendo tempo mínimo de horas trabalhadas de 35 horas e máximo de superior a 40 horas. Foi verificado com os pesquisados a ocorrência de afastamento do ambiente de trabalho cerca de 67% dos enfermeiros informaram terem se afastado por algum período de tempo superior ou igual a 1 dia, dos motivos elencados houve 83% que informaram motivos de saúde e 17% motivos familiares. Foi avaliado sintomas frequentes observados pelos enfermeiros durante a execução das atividades diárias de trabalho, notou-se que 67% dos enfermeiros apresentavam sintomas (dor cabeça, impaciência e insônia) haviam sido afastados nos últimos meses do ambiente de trabalho. Considerações finais: O enfermeiro é um profissional indispensável no ambiente hospitalar, desenvolve ações direcionadas em dois eixos principais, que são: A assistência ao paciente e o gerenciamento do setor sob sua responsabilidade. Para que possa cumprir com êxito suas atribuições, este precisa estar bem de saúde, ter habilidades técnicas e conhecimento técnico cientifico para torna-se aptos ao trabalho. Este estudo mostrou um expressivo quantitativo de profissionais que apresenta especialização em alguma área da saúde, fato este importante de ser ressaltado pois tem relação com a busca por qualificação e aprimoramento no desenvolver das atividades cotidianas. Além disso notou-se que os enfermeiros deste estudo apesar de não apresentarem jornadas de trabalho em diferentes instituições em demasia, demonstraram-se realizar longos períodos de trabalho dentro das instituições de saúde aos quais possuem vínculo empregatício, associado ao fato da presença de absenteísmo e de sintomas frequentes de doença se caracterizam por ser o ambiente ideal para o desenvolvimento de doenças ocupacionais. Neste contexto se fazem necessários mais estudos voltados para caracterização destes profissionais nos setores de centro cirúrgico e unidade de terapia intensiva visto que ambos são áreas hospitalares que requerem e consumem muito do tempo e comprometimento dos profissionais atuantes, oportunizando a ocorrência situações de risco para o surgimento de doenças ocupacionais.

2918 AS CONDIÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR AGRÍCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Sarah Regina Aloise, Nayara da Costa de Souza, Gabriela Barbosa Silveira, Giovana da Costa Teles, Sara de Sales Cruz, Thais Moreira Gomes, Ana Katly Martins Gualberto Vaz

AS CONDIÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR AGRÍCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Sarah Regina Aloise, Nayara da Costa de Souza, Gabriela Barbosa Silveira, Giovana da Costa Teles, Sara de Sales Cruz, Thais Moreira Gomes, Ana Katly Martins Gualberto Vaz

APRESENTAÇÃO: A vigilância em saúde do trabalhador (VISAT) visa à promoção da saúde e a redução da morbimortalidade do trabalhador por meio de ações voltadas para os agravos, atuando de acordo com os princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS). A VISAT caracteriza o perfil da saúde dos trabalhadores, identificando os fatores de risco e agravos a fim de elaborar um plano de intervenções. Dessa forma, percebemos a vigilância em saúde do trabalhador como essencial, pois a incidência de casos de acidentes e doenças decorrentes do trabalho no mundo é alta. Nesse sentido, foi realizada uma visita técnica à Comunidade Valparaíso, na qual foi possível entrevistar uma família de agricultores e questioná-los a respeito de suas condições de trabalho, de saúde e exposição aos agrotóxicos. OBJETIVO: Descrever a experiência pedagógica em Vigilância em Saúde do Trabalhador durante uma visita técnica à Comunidade Valparaíso. DESENVOLVIMENTO: A visita ocorreu na Comunidade Valparaíso, localizada no bairro Jorge Teixeira, zona leste de Manaus, Amazonas. Inicialmente os acadêmicos conheceram a comunidade e o cotidiano dos trabalhadores locais. Segundo informações do líder comunitário, lá vivem cerca de 150 famílias de produtores que cultivam hortaliças, principalmente o cheiro verde. Durante a entrevista foram abordadas as seguintes temáticas: 1) condições de trabalho; 2) exposição aos agrotóxicos e; 3) condições de saúde. Após a análise de tais aspectos, tornou-se viável o reconhecimento dos riscos e agravos à saúde desses trabalhadores, de modo que as observações relatadas neste trabalho podem direcionar ações e serviços da VISAT na tentativa de solucionar os referidos problemas. RESULTADOS/IMPACTOS: Em relação às condições de trabalho local, observou-se que necessitam do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), o hábito de não utilizá-los põe em risco a saúde dos trabalhadores, visto que os EPI’s protegem de possíveis riscos relacionados à exposição a agrotóxicos e acidentes de trabalho. Identificou-se que os agricultores utilizam parcialmente os EPI’s, apenas botas, máscara e chapéus para proteger do sol, alegando que o uso de luvas dificulta o manuseio das plantas. Todavia, é necessário, conforme a peculiaridade da atividade, utilizar os devidos equipamentos de proteção da cabeça, dos olhos, da face, dos ouvidos, da pele, das vias respiratórias, dos membros superiores e inferiores, do tronco, proteção contra quedas entre outros. A criminalidade foi outro fator alarmante, os moradores relataram insegurança e aumento de casos de roubo e violência na região. Essa falta de segurança os levou a alterar suas rotinas de trabalho, aumentando o tempo de intervalo de descanso e diminuindo, assim, o tempo de trabalho necessário na lavoura. Em relação à exposição dos agricultores aos agrotóxicos, ao serem perguntados sobre o uso destes, informaram que somente utilizavam adubo químico e/o adubo orgânico, não vendo a necessidade de utilizar agrotóxicos em suas plantações, tendo em vista que é muito raro ocorrerem pragas em sua lavoura. Um dos agricultores informou que faz pulverização leve antes e logo após plantar. Também foi questionado se os mesmos recebiam alguma orientação a respeito do produto e ambos disseram que não, só apareciam pessoas para fazerem tentativas de orientá-los em época de eleição. Um dos agricultores relatou utilizar o agrotóxico de forma empírica e que não lê as instruções que vêm na embalagem do produto. Esses relatos apontam que há uma problemática em relação à educação em saúde e à disponibilização de orientação e treinamento para utilização correta do agrotóxico e para o uso de EPI’s. Sobre as condições de saúde, pôde-se perceber a falta de suporte na saúde dentro desta categoria de trabalho, pois além de não existirem unidades básicas de saúde próximas à comunidade, também não existem orientações de como proceder nas atividades do trabalho para se preservar a saúde e prevenir possíveis doenças por esforço ou repetição. Segundo os relatos, as patologias que representam as maiores ocorrências entre os produtores agrícolas são as lesões e desvios na coluna, proveniente da enorme quantidade de carga que precisam carregar, por isso é quase unânime as reclamações de dor na região lombar; bem como as lesões em tecidos moles, como artrite e tendinite. Além disso, tem-se o risco de ocorrer acidentes de trabalho, como: lesões na pele, luxações, fraturas, etc. Evidencia-se, ainda, o perigo de contaminações e doenças respiratórias, provenientes dos agrotóxicos usados de modo não adequado durante as plantações, contudo os entrevistados negaram qualquer problema relacionado ao uso de agrotóxicos. Esses relatos revelam a falta de preparo dos profissionais agrícolas relacionado à prevenção de agravos à saúde e, como já mencionado, o uso inadequado e/ou ausência dos EPI’s, que são de extrema importância para evitar ocorrências desagradáveis. Foram encontrados alguns riscos para a saúde da comunidade, como: caixas de água descobertas, sendo um possível foco para a reprodução de vetores como o Aedes aegypti (que transmite os vírus causadores da Dengue, Zika e Chikungunya) e o Anopheles (que transmite o parasita da malária); lixo sendo descartado próximo aos locais de plantação; criação de animais soltos na área agrícola, podendo contaminar as plantas com parasitas. A saúde dos agricultores tem tido fragilidades ao longo dos anos, prova disso são os relatos da realização de tratamentos para artrite e tendinite, condições de saúde adquiridas possivelmente por esforço repetitivo, o que demonstra claramente que os maiores problemas relacionados à saúde desses trabalhadores se devem à falta de ergonomia no processo de produção. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante do exposto, pôde-se constatar que há riscos apara a saúde dos agricultores da comunidade Val Paraíso, abrindo campo de atuação para a VISAT, de modo que se realizem intervenções preventivas e corretivas sobre estes agravos e promova a saúde dessas famílias. Vale ressaltar que, ao contrário das hipóteses prévias, o que mais aflige a saúde desses trabalhadores são as questões ergonômicas, de modo que, dentre as atuações de todas as vigilâncias, a da VISAT é a que se faz mais emergente. É preciso integração com a Atenção Primária, de modo a incluir esses trabalhadores na área de abrangência de alguma Unidade Básica de Saúde (UBS). Vale ressaltar que ações de educação em saúde são de fundamental importância nesse contexto. É necessário também uma maior articulação com os cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), para dar suporte às questões patológicas, ergonômicas e educação sobre os agrotóxicos. Foi informado que o curso de agronomia já atua na comunidade através de pesquisas, porém observou-se que falta o retorno dos resultados obtidos. Por conseguinte, ressalta-se que foi uma grande experiência participar dessa atividade prática, observou-se o quão desamparada a comunidade está, sem instruções de saúde e de segurança, buscando conhecimento por conta própria gastando seus recursos e lutando por uma melhor qualidade de vida.

3056 Avaliação da Síndrome de Burnout em trabalhadores portuários
Monica Karla Vojta Miranda, Cristiano Gonçalves Morais, Antonia Irisley da Silva Blandes, Géssica Rodrigues Silveira, Gisele Ferreira de Sousa, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Avaliação da Síndrome de Burnout em trabalhadores portuários

Autores: Monica Karla Vojta Miranda, Cristiano Gonçalves Morais, Antonia Irisley da Silva Blandes, Géssica Rodrigues Silveira, Gisele Ferreira de Sousa, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Apresentação: Burnout é uma enfermidade que surge no ambiente de trabalho como resultado do desgaste do profissional, que afeta sua vida nos aspectos biopsicossociais, comprometendo a vida do indivíduo e consequentemente seu desempenho no trabalho. Objetivo: Traçar a influência da síndrome de Burnout em profissionais portuários e a relação com o estilo de vida dos participantes. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva, transversal de cunho quantitativo, foi desenvolvida pelos discentes e docentes do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará Campus XII, contou 25 voluntários, que participaram mediante ao prévio consentimento, obtido através do termo de consentimento livre e esclarecido. Após o esclarecimento dos objetivos da pesquisa e aquisição do consentimento, houve o preenchimento de um questionário para avaliar a Síndrome de Burnout, estilo de vida com ênfase nas variáveis: consumo de drogas psicotrópicas, atividade física e sexo.  A análise dos dados se deu pelo software Excel 2016. Resultados e/ou impactos: Dos participantes cerca de 76% da amostra era de homens e 24% mulheres, quanto a escolaridade 32% informaram ter cursado o nível superior completo, com relação ao estado civil cerca de 60% informaram ser solteiros. Em relação as dimensões de Burnout tanto na exaustão emocional, despersonalização e diminuição da eficácia profissional os resultados obtidos foram predominantemente de nível baixo com respectivas porcentagens de 76%, 72% e 80%. Com relação a prática de atividade física os participantes que informaram muito satisfeitos com a atividade física apresentaram baixa exaustão emocional e despersonalização com representativa 24% e 20% das respostas obtidas. Relacionado ao uso consumo de drogas psicotrópicas foi observado níveis baixos em todas as dimensões avaliadas com 100%, 100% e 80%. Considerações finais: É importante destacar a necessidade de estudos voltados para saúde do trabalhador e a Síndrome de Burnout, visto que esta é uma enfermidade que tem crescido e tem sido bastante abordada em profissões assistenciais, porém há escassez de estudos voltados para esse público, o que impossibilita o entendimento da real situação desta enfermidade no âmbito da saúde do trabalhador portuário.

3421 Situação de Trabalho e Saúde de Professores de Ensino Superior Público
Ana Cláudia Leal Vasconcelos

Situação de Trabalho e Saúde de Professores de Ensino Superior Público

Autores: Ana Cláudia Leal Vasconcelos

Com o objetivo analisar a situação de trabalho docente em unidades de instituição pública de ensino superior, colocando em discussão os valores, as normas, as regulações e suas implicações na atividade de trabalho e na vida dos professores, realizamos uma pesquisa-intervenção tendo a Ergologia, a Psicodinâmica do Trabalho e a Ergonomia da Atividade como aportes teórico-metodológicos. A pesquisa teve início com uma análise global a partir de vinte e sete entrevistas individuais, análise de documentos e de observações da atividade de trabalho docente em uma universidade pública. A partir daí, foi possível organizar o material que mobilizou a discussão coletiva em seis Encontros sobre o Trabalho em uma unidade acadêmica. Esses encontros – inspirados em Durrive (2010) – buscaram possibilitar a construção de uma “comunidade dialógica”, em que cada participante pudesse apresentar/discutir/trocar com os demais, a maneira como veem suas atividades e a dos outros. Os diálogos empreendidos com os professores possibilitaram reflexões sobre vários aspectos da atividade docente em universidades públicas, dentre os quais, permitiram compreender como esses professores realizam a atividade e fazem escolhas coletivas, diante das exigências e pressões dos sistemas avaliativos e de financiamento; e, ampliar a reflexão sobre como essas escolhas coletivas têm afetado a saúde e a vida desses professores. A discussão sobre os constrangimentos sistêmicos ao trabalho docente no ensino superior – avaliação quantitativa, limites à autonomia, condições de trabalho, financiamento etc. – dá indícios de intensificadores do sofrimento que têm afetado os professores. Entre as exigências do trabalho e as escolhas para executá-las, vivencia-se a sobrecarga de trabalho. A autonomia sofre duras restrições pelas múltiplas exigências e pressões, que têm constrangido no sentido de produção, excelência e desempenho. Esse excesso de atividade tem conduzido alguns dos professores a sentirem que não dão conta de realizar as tarefas prescritas; ou que, para darem conta, têm que trabalhar mais, aumentar o tempo no local de trabalho (chegar mais cedo e/ou sair mais tarde) e ampliar, também, o tempo de realização de tarefas desenvolvidas no espaço doméstico. Colocou-se em discussão o sofrimento intensificado pela sobrecarga de trabalho. A partir das reflexões oriundas dessa discussão, identificou-se que, diante das pressões e constrangimentos, a sobrecarga de trabalho foi apontada pelos professores como intensificadora do sofrimento vivenciado como: (a) ansiedade (aflição); (b) esgotamento físico e mental; (c) culpa; (d) ressentimento ou frustração diante da injustiça e (e) frustração por fazer um trabalho aquém do que poderiam. A ansiedade, diante das pressões por produção e do tempo limitado para a realização de complexas tarefas, foi mencionada com “aflição”. Mas, além da ansiedade, os professores revelaram preocupação com a possibilidade de esgotamento físico e mental, dada a sobrecarga de trabalho. A “culpa” foi sinalizada, especialmente, em relação ao tempo “subtraído” do trabalho para dar conta dos cuidados com os filhos e, vice-versa, do tempo que se deixa de cuidar dos filhos para trabalhar. O trabalho complexo e invisível – no âmbito do qual você sempre pode fazer algo mais – continua existindo, mesmo quando você não está mais na Universidade. E manter-se produtivo, sem deixar atender às demandas familiares, é tarefa árdua e, nesse caso, implica sofrimento, vivenciado como “culpa”. Ao dividir o tempo entre trabalho e família, a culpa aparece como vivência de sofrimento, pois, quando se dedica a um dos polos, esses professores sentem-se como privando o outro polo de seu tempo e de sua dedicação. Em relação à injustiça, ela apareceu, na discussão sobre a divisão sexual do trabalho, em que as professoras sinalizaram para a insatisfação diante das desvantagens em relação aos homens e foi mencionado o ressentimento diante dessa injustiça. A frustração diante da injustiça também foi mencionada em relação às avaliações e quando da rejeição de artigos. Dejours (2011d) alerta que, dada a intensificação do sofrimento, o trabalho pode implicar desestabilização do equilíbrio psicossomático e resultar em inúmeras doenças. A esse respeito, os professores fizeram referência a situações em que a intensificação do trabalho tem implicado alguns sinais ou formas de adoecimento, diante dos quais, têm desenvolvido algumas estratégias individuais. Por outro lado, Dejours (2011d) sinaliza para o potencial estruturante da identidade e da subjetividade, que o trabalho comporta, podendo o trabalho ser promotor de prazer, sentido e saúde. A aposta desse autor é que o equilíbrio psicossomático é dinâmico e a saúde configura-se como processo de luta, capacidade de enfrentar, criativamente, imprevistos, obstáculos e constrangimentos da realidade. Diante dos riscos à saúde e reflexões sobre como lidar com a sobrecarga de trabalho, alguns professores listam algumas estratégias individuais que têm implementado, dentre as quais: (a) gestão do tempo, no sentido de limitar o trabalho a 40 horas semanais; (b) fazer atividades físicas e de lazer; (c) desligar celular, ao sair do trabalho, e não checar e-mails nos finais de semana. Enfim, algumas estratégias têm sido construídas, individualmente, no sentido de limitar a sobrecarga de trabalho, minimizar os riscos de adoecimento na luta no sentido da saúde. O relato de cada uma dessas estratégias individuais, durante os Encontros, despertava o interesse e a curiosidade dos demais. A discussão sobre sofrimento e estratégias de enfrentamento em relação à sobrecarga de trabalho abriu espaço para conhecer as formas de trabalhar e fazer a gestão das infidelidades dessa situação de trabalho. Mas, sobretudo, permitiu a fala e a escuta acerca do sofrimento, das singularidades e dos limites do outro; o que iniciou um processo de cuidado, também, com a saúde do outro. Em alguns momentos, os professores sinalizaram para a possibilidade de dividir algumas tarefas, inclusive, oferecendo-se para ajudar. Um momento emblemático deu-se, quando um dos professores fala do sofrimento e de suas dificuldades em lidar com as demandas e ansiedade em atendê-las; e alguns colegas chegaram a um consenso em limitar essas demandas, no sentido de minimizar a ansiedade do professor em questão e acordaram de evitar, quando possível, demandas de última hora para este professor. Sobre como os aspectos relacionados às singularidades desses professores têm contribuído para a manutenção da mobilização em relação à atividade, a aposta é que esse trabalho também tem sido propulsor de sentido, prazer e, consequentemente, saúde. Dentre os aspectos mencionados como os que atribuem sentido e prazer ao trabalho docente no Ensino Superior Público, os professores fizeram referência: (a) à autonomia para gerir as tarefas e o tempo de trabalho; (b) às próprias atividades-fim da Universidade: pesquisa, ensino e extensão; (c) à cooperação e ao “sentir-se pertencente a um coletivo de trabalho”. Além da flexibilidade em gerir o tempo dedicado ao trabalho, os professores falaram sobre a oportunidade que tiveram em escolher o trabalho e as atividades a privilegiar.  A cooperação e o “sentir-se pertencente a um coletivo de trabalho” também foram relatados como promotores de prazer. Colocar em discussão, a forma como esses professores vivenciam, defendem-se e enfrentam as relações entre saúde, gênero e trabalho, permitiu abrir espaço para conhecer, reconhecer o trabalho do outro; e contribuiu para algumas primeiras reflexões no sentido da criação de estratégias mais coletivas diante da sobrecarga de trabalho.

5406 A potência da criação de espaços público de trocas e interação na complexa situação de trabalho docente no Ensino Superior Público Federal: os Encontros sobre o Trabalho como dispositivo de pesquisa e intervenção.
Ana Cláudia Vasconcelos

A potência da criação de espaços público de trocas e interação na complexa situação de trabalho docente no Ensino Superior Público Federal: os Encontros sobre o Trabalho como dispositivo de pesquisa e intervenção.

Autores: Ana Cláudia Vasconcelos

Encontrar o melhor caminho para se aproximar, compreender e intervir em uma situação de trabalho é tarefa árdua. Escolher uma abordagem possibilita uma aproximação maior de determinados aspectos, mas, como toda escolha, implica em abrir mão de outras possibilidades, outras análises. Diante dessa difícil tarefa, a Ergologia, a Psicodinâmica do Trabalho e a Ergonomia da Atividade, foram convocadas como aportes para a escolha de dispositivos que permitissem desenvolver uma pesquisa-intervenção acerca do complexo trabalho docente em uma unidade acadêmica Ensino Superior Público Federal. A Ergonomia da Atividade propõe a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) que parte de uma análise da situação global em que a demanda é reformulada e define-se situações a analisar. Os focos selecionados passam por análise dos processos técnicos das tarefas, análise da atividade, formulação e difusão de diagnóstico e formulação de recomendações. Assim, no sentido de “compreender para transformar”, a AET parte da análise da demanda e constrói, junto aos trabalhadores da situação em questão, conhecimentos para uma ação transformadora. (DANIELLOU, 2004b). A Psicodinâmica do Trabalho pressupõe um planejamento sistemático caracterizado em três fases: a pré-enquete, a enquete propriamente dita e a análise/validação dos resultados. A pré-enquete consiste em, a partir do acolhimento de uma demanda: (a) definir um grupo de pesquisadores e um coletivo de trabalhadores para participar da pesquisa; (b) reunir informações - a partir de documentos técnicos, econômicos e científicos – sobre o processo de trabalho e suas transformações; (c) realizar visitas para observações livres ou guiadas no sentido de obter bases concretas para compreensão do que falam os trabalhadores, bem como obter uma imagem das condições ambientais; (d) desenvolver um trabalho sobre a demanda que permita acordos e de compromisso entre pesquisadores e trabalhadores para a realização da enquete propriamente dita (DEJOURS,2011c; DEJOURS; BÈGUE, 2010). A enquete propriamente dita acontece a partir da constituição de um espaço de discussão por meio de sessões coletivas com o grupo de trabalhadores, mediadas por um coletivo de pesquisadores. É nesse espaço que se espera acontecer a elaboração coletiva. As sessões clínicas desenvolvidas com um grupo trabalhadores alterna-se com reuniões entre os pesquisadores que vão a campo e o coletivo de controle que discutem relatórios elaborados a partir das sessões e observações clínicas dos pesquisadores (DEJOURS, 2011c). Já a Ergologia propõe-se um esforço de compreender  transformar a vida e o trabalho, a partir de um “dispositivo dinâmico de três polos” (DD3P), um regime de produção de saberes que se dá pela dupla confrontação. A confrontação de saberes acadêmicos-científicos e tecnológicos entre si (polo 1) e os saberes mobilizados e renormatizados pelos trabalhadores em atividade (polo 2). Confrontação sempre mediada por um terceiro polo ético-epistêmico. A perspectiva ergológica permite mobilizar e reprocessar patrimônios de técnicas; criar novas formas de pesquisar e intervir em situações de trabalho. A partir desse patrimônio, foi proposta, aos professores de uma Unidade Acadêmica de Ensino Superior Federal, a criação de uma Comunidade Ampliada de Pesquisa e Intervenção (CAPI) (NEVES, et al., 2015). Participaram diretamente da pesquisa 27 (vinte e sete) professores, além da Coordenadora Administrativa e de uma secretária da Unidade. Essa proposta dividiu-se em dois momentos: o primeiro momento, destinado a uma análise global, de construção de vínculos, e de produção de temas propulsores da discussão; e o segundo momento de criação de um espaço de discussão coletiva, os Encontros sobre o Trabalho (DURRIVE, 2010). A análise geral contou com a realização de visitas à unidade, nas quais foi possível ter acesso a alguns documentos, permitiram uma certa aproximação da situação de trabalho, bem como iniciar a construção de vínculos com os professores. Além das visitas, foram realizadas dezoito entrevistas e oito observações de atividade de trabalho. Esse primeiro momento da pesquisa permitiu a aproximação da situação de trabalho, mas, principalmente, possibilitou a elaboração de um material propulsor do diálogo com os professores, nos Encontros sobre o Trabalho. Em seguida foram realizados (06) seis Encontros sobre o Trabalho, nos quais participaram, ao todo, 24 (vinte e quatro) professores e a Coordenadora Administrativa. Os Encontros sobre o Trabalho tiveram duração média de 1h40min, contaram com a participação que variou entre 6 e 14 participantes por encontro; versaram sobre temas como: Princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; Autonomia universitárias; Subjetividade, saúde e trabalho docente; Divisão Sexual do Trabalho. No que se refere ao coletivo de campo desta pesquisa, além da autora deste texto, contou-se com a participação de mais três pesquisadoras auxiliares. Assim, foi possível que ao menos duas pesquisadoras estivessem presentes em cada um dos seis Encontros. Para a realização da análise e sistematização dos materiais dos Encontros, além do coletivo de campo, foi possível contar com a participação de outros interlocutores que potencializaram os Encontros sobre o Trabalho, com relevantes contribuições ao polo dos conceitos e cuidados éticos. Os espaços de discussão coletivos, na academia, permitiram o fortalecimento de competências, de saberes técnicos, bem como da antecipação e planejamento dos Encontros subsequentes. Assim, diante do coletivo de professores e de seus saberes da experiência (investidos, engendrados na prática cotidiana), se apresentava um coletivo de pesquisa-intervenção que dispunha de um patrimônio, que se construía e se reformulava no encontro com outros pesquisadores acadêmicos. Construiu-se, assim, uma sistemática de Encontros de saberes que articulou os professores da Unidade e o coletivo de pesquisadores no sentido de uma coanálise acerca da atividade docente no Ensino Superior Público Federal. Esses Encontros eram intercalados com momentos de análise e sistematização dos materiais. Cada Encontro era seguido da construção de um memorial para discussão no Encontro subsequente, buscando-se uma alternância entre saberes disciplinares e os saberes da experiência, na construção do conhecimento sobre a situação de trabalho investigada. Compôs-se, portanto, uma “Comunidade Dialógica de Pesquisa”, a partir de um esforço de colaboração, de colocar em dialogo diferentes formas de raciocínio e linguagem (FRANÇA, 2007). Nos aproximamos, para tal, da ideia de análise proposta por Faïta (2002) como uma metodologia diretamente articulada com os ambientes e com as situações de trabalho. Ele sinaliza para a necessidade de evidenciar a complexidade das relações estabelecidas entre os componentes da atividade a partir de informações sobre a sequência, o contexto, a intensão para fundamentar interpretações. Assim, partiu-se do engajamento conjunto no âmbito das situações de trabalho, na avaliação dos avanços recíprocos a partir das trocas e interações possibilitadas pelos Encontros. Essa análise, requer, portanto, a capacidade do pesquisador e sua própria implicação no processo (FAÏTA, 2002). A realização dos Encontros sobre o Trabalho possibilitou convocar reflexões sobre construções teóricas e uma experiência marcada por sofrimento, mobilizações e, principalmente, gestão na atividade docente. Permitiu colocar em debate diferentes formas de lidar com a avaliação e o financiamento do Ensino Superior, produzindo novas reflexões. Além disso, ao colocar em discussão, a forma como os professores vivenciam, defendem-se e enfrentam as relações entre saúde, gênero e trabalho, permitiu abrir espaço para conhecer, reconhecer o trabalho do outro. E contribuíu para algumas primeiras reflexões no sentido da criação de estratégias mais coletivas, em relação ao sofrimento decorrente da sobrecarga de trabalho, e das desvantagens conferida pela Divisão Sexual do Trabalho.