192: Ensino das profissões da saúde como abertura de fronteiras: a interprofissionalidade por dentro das profissões
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 02 Sala 07 - Jiquitaia    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
4992 Produzindo pesquisa, formação, saúde e educação na integração ensino serviço e comunidade
Lucas Santos, Eliana Goldfarb Cyrino, Victoria Bravo, Antonio Cyrino, Tiago Pinto, Marina Villardi

Produzindo pesquisa, formação, saúde e educação na integração ensino serviço e comunidade

Autores: Lucas Santos, Eliana Goldfarb Cyrino, Victoria Bravo, Antonio Cyrino, Tiago Pinto, Marina Villardi

Em 2010, a Faculdade de Medicina de Botucatu foi selecionada no edital nº 24/2010/Capes, parceria entre o Ministério da Saúde (MS) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Essa iniciativa, concebida no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Ensino e à Pesquisa em Áreas Estratégicas (PRONAP) compôs uma série de políticas e ações indutoras, realizadas pelo MS em parceria com o Ministério da Educação (MEC), com vistas à consolidação do SUS. Este processo objetivou estimular e ampliar a formação de professores e o desenvolvimento de pesquisas sobre ensino nas diferentes áreas da saúde no interior dos programas de pós-graduação existentes e consolidados e estava inserida na Política Nacional de Formação dos Profissionais da Saúde, implementada, a partir de 2003, no MS. O presente trabalho trata de relato de experiência sobre o desenvolvimento de pesquisas, produção de conhecimento e formação na interface universidade e serviços de saúde, a partir do  programa Pró-ensino na Saúde. Apresenta a educação problematizadora, a formação interprofissional, a educação permanente de professores e profissionais de saúde e as Diretrizes Curriculares Nacionais como mobilizadoras à formação profissional comprometida com o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde, especificamente na valorização da integração universidade pública com serviços de saúde. As pesquisas desenvolvidas abordaram diferentes dimensões do ensino na Atenção Primária à Saúde envolvendo práticas pedagógicas, formação e desenvolvimento docente, atuação do profissional de saúde como professor, inovações pedagógicas e questões relacionadas a prática do trabalho em saúde. Na riqueza e diversidade dos estudos aponta-se fragilidade na relação orgânica entre Universidade/Atenção Primária e observa-se inovações que caminham à ruptura do ensino instituído.

5057 VIVÊNCIAS COMUNITÁRIAS: POTÊNCIAS INDUTORAS DE LUTAS SOCIAIS E DA SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL
Bianka Evelyn Caixeta de Oliveira, Flávia Christiane de Azevedo Machado, Luiz Fernandes do Rêgo Neto

VIVÊNCIAS COMUNITÁRIAS: POTÊNCIAS INDUTORAS DE LUTAS SOCIAIS E DA SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL

Autores: Bianka Evelyn Caixeta de Oliveira, Flávia Christiane de Azevedo Machado, Luiz Fernandes do Rêgo Neto

INTRODUÇÃO: A história de saúde do Brasil perpassou por contextos de luta popular em prol da conquista da saúde como direito. Em 1904, a população se rebelou contra a vacinação obrigatória, movimento da Revolta da vacina; em 1964 iniciou-se a ditadura militar, culminando no movimento das “Diretas já” em meio aos cortes em saúde e educação. Nos anos de 1970 inicia-se o movimento da reforma sanitária, reivindicando melhorias na assistência à saúde, tendo por consequência, a materialização da saúde como direito na Constituição Federal de 1988. Tais fatos evidenciam a importância das lutas políticas para a melhoria social. Nesse contexto, surge a importância das vivências comunitárias, construídas a partir de preocupações da sociedade atual, como a conjuntura política, alternativas conscientes para promoção do desenvolvimento sustentável, entre outras. Assim o principal objetivo dessas passa a ser reforçar a cultura de um território local, a importância da valorização da terra, da luta para se conquistar os direitos da população, bem como conscientização sociopolítica de um modo geral. Sendo assim, o processo de autoconhecimento passa pelo nível da relação de um sujeito com o outro semelhante a si, um outro eu. Na relação indivíduo e comunidade se estabelece o ambiente onde a vivência empática pode estabelecer a base para uma vivência ética. A formação da pessoa humana acontece somente dentro de um ambiente relacional comunitário e não há como negar ao homem a relação, pois de certa forma ela é universalizada por ser comum a todos os homens. Não obstante, em 2002, surge o programa “Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde”, VER-SUS, que se propõe a incentivar movimentos sociais, para qualificar a saúde e outros direitos sociais. Assim, a proposta do Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Unida, com a Rede Governo Colaborativo em Saúde/UFRGS, com a UNE, com o CONASS e com o CONASEMS, é de realizar estágios de vivência no SUS para que os participantes possam ter a oportunidade de vivenciar e debater acerca da realidade do SUS. Para tanto, preconiza uma aprendizagem significativa e o despertar da inércia e desejo de ação. OBJETIVO: Assim, este relato objetiva problematizar acerca de como as vivências comunitárias, tal como o VER-SUS, podem incentivar processos participativos de mobilização popular para melhoria da qualidade de vida da população. MÉTODO: A vivência alvo do relato ocorreu no Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES/UFRN), município de Caicó, Rio Grande do Norte, no período de 14 a 23 de dezembro de 2016, envolvendo 30 viventes e oito facilitadores, além da comissão organizadora, composta por três pessoas. As vivências basearam-se no método pedagógico criado pelo Instituto Josué de Castro (IEJEC). Tal método segue os pressupostos de Paulo Freire e Pistrak, sendo categorias de destaque nesta pedagogia o enfoque de classe, a autogestão, a conjugação do ensino com o trabalho produtivo e o estudante-trabalhador. Na perspectiva da autogestão, o IEJEC é gerido nos aspectos pedagógico, político, administrativo e orçamentário por alunos, professores e funcionários. Dentre as instâncias organizacionais, destacam-se os Núcleos de Base (NB) compostos apenas por estudantes. Assim, o VER-SUS, fundamenta-se no protagonismo dos estudantes e na pedagogia da alternância: processo educativo focado no tempo escola (alunos ficam no Instituto e desenvolvem um conjunto de atividades do curso e a participação na gestão da escola) e o tempo comunidade (realização de tarefas que foram delegadas pelo IEJC nos assentamentos e acampamentos). Com base nesta proposta, os participantes foram aleatoriamente divididos em quatro Núcleos de Base (NB), desenvolvendo atividades de: formação política, debates, teatro e dinâmicas para problematização dos temas sociais abordados na roda de discussão (tempo escola) e vivências nos locais pré-selecionados no município de Caicó (tempo comunidade). RESULTADOS: O VER-SUS tem a educação como bem social, emancipador e produtor de autonomia, além de defender e estimular a luta pelas reformas estruturais. Assim, seu principal enfoque é buscar a retomada do Movimento de Reforma Sanitária, organizando o povo nas ruas e nos instrumentos de organização popular (sindicatos, movimentos populares, União Nacional dos Estudantes). Sendo assim, as vivências viabilizaram contextualizar a saúde pública do Brasil, suscitando compreensões da conjuntura atual. Após análise, foi apreendido o caráter histórico e cíclico dos fatos e como esta análise pode auxiliar na interpretação dos problemas vigentes e busca de alternativas. Hoje, no Brasil, vive-se um momento de tensão política, econômica e social, semelhante aos tempos da ditadura. O tempo comunidade permitiu identificar a precariedade do hospital regional, estrutura frágil das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dificuldade de acesso, ferindo neste e em outros aspectos o direito à saúde, conferido à população brasileira por meio da Constituição Federal de 1988. Além disso, a ausência de saneamento básico, aterros sanitários, entre outros tantos recursos, bem como espaços de lazer e acesso à educação para a população do território explorado ao longo das vivências, enfocaram a grande discrepância que existe entre as condições de vida oferecidas para a classe mais abastada e aquela detentora de menor poder econômico. A vivência comunitária destacada neste relato teve também momentos de discussão sobre a luta antimanicomial, a qual deve permanecer como essa bandeira erguida pelos profissionais da saúde, visto que mesmo os novos locais de acolhimento ao público portador de transtornos mentais, construídos como parte desse novo modelo de atenção à saúde mental, continuam portando traços inerentes ao modelo anterior à reforma psiquiátrica. Não obstante a discussão dos pontos já citados, o VER-SUS, enquanto vivência comunitária com enfoque na formação de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde mais conscientes,  permitiu longo caminho a ser trilhado quanto às temáticas abordadas CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por fim, o VER-SUS evidenciou a força que os movimentos populares possuem força para estimular as pessoas a lutarem por um Brasil melhor; sensibilizou os estudantes para a militância pró-SUS e, assim, tentar instituir um sistema público de qualidade e promotor de uma vida digna a população. Ademais, as vivências comunitárias como um todo são de extrema importância, se revelando como potenciais meios de estímulo e crescimento da luta política na Brasil, gerando uma população menos passiva e mais consciente dos seus direitos.

840 Projeto Papo Reto: educação social e em saúde com adolescentes na UBS Caeté-Açu (Vale do Capão), Palmeiras, BA
Nathália de Mattos Santos, Hugo Nilo Alecrim Pinheiro, Raimundo Cirilo Marques Neto

Projeto Papo Reto: educação social e em saúde com adolescentes na UBS Caeté-Açu (Vale do Capão), Palmeiras, BA

Autores: Nathália de Mattos Santos, Hugo Nilo Alecrim Pinheiro, Raimundo Cirilo Marques Neto

O Projeto Papo Reto foi desenvolvido na UBS Caeté-Açu como contribuição do estágio em Saúde Preventiva de dois estudantes de medicina da Universidade Federal de Sergipe. A partir do diálogo com a equipe de saúde e da análise da dinâmica local, identificou-se que os adolescentes da comunidade, em geral, acessam esse serviço apenas em demandas urgentes, acompanhamento obrigatório para beneficiários de programas sociais ou realização de pré-natal. Desse modo, visando estabelecer um vínculo entre eles e a Unidade através de atividades educativas, com temas de caráter social e/ou de saúde pertinentes à faixa etária, idealizou-se o referido projeto – posteriormente, denominado Papo Reto pelos participantes. Inicialmente, os estagiários responsáveis reuniram-se com o corpo docente da escola municipal do distrito Caeté-Açu – via escolhida para acessar o público-alvo – para apresentar a proposta e conhecer as principais demandas a serem trabalhadas com os estudantes. Para compreender melhor a realidade onde o projeto viria a adentrar, participaram de reuniões entre pais, professores e coordenadores da escola. Foi realizada, então, a primeira atividade: oficina sobre Gênero, Sexualidade e Educação Sexual, na escola, com as turmas do ensino médio. A partir desse contato, propôs-se encontros semanais na UBS semelhantes a esse e, conforme a disponibilidade deles, foi escolhida a tarde das segundas-feiras. Sob a assessoria dos idealizadores, aconteceram seis encontros com os seguintes temas: Desafios da Adolescência, Machismo e Violência, Drogas – consumo e efeitos, Setembro Amarelo – cuidados com a saúde mental e prevenção do suicídio (dividido em duas etapas) e Desconstrução de Estereótipos e Preconceitos; o público atingido foi de 14 participantes, de 13 a 18 anos. As atividades foram construídas coletivamente, ao passo que os adolescentes sugeriam temas e outras ideias; com metodologia participativa, utilizando recursos como dinâmicas, músicas, vídeos, filmes e confecção de cartazes; condução sem avaliação moral e com linguagem acessível; e ampla divulgação, através de papeis informativos colados nos murais da escola e lembrete por parte dos professores em sala de aula. O Projeto foi registrado detalhadamente e disponibilizado tanto virtualmente quanto por escrito em um caderno para que outros estagiários dessem continuidade ao trabalho. A partir da implantação do Projeto, a UBS Caeté-Açu passou a ter a realização de atividades educativas – de suma importância à promoção de saúde – como parte do cronograma semanal. Além disso, houve a consolidação do objetivo central: o fortalecimento do vínculo entre a UBS e os adolescentes, bem como com a escola municipal – um passo muito importante para a comunidade, visto que se trata de duas das principais instituições locais. Por fim, as discussões realizadas contribuíram bastante com a formação pessoal dos envolvidos, já que abordaram temas comumente tratados como tabus e/ou negligenciados nos ambientes escolar e familiar; também fomentaram neles o anseio de estender essas informações aos meios onde estão inseridos – conforme relataram por escrito na dinâmica de avaliação do Projeto –, compreendendo o papel social de educadores populares na construção de uma sociedade mais justa e equânime.

2604 A humanização no curso de medicina: o atendimento a moradores de rua como forma de inserção social
Leonardo Maquiné Hermont, Beatriz Mella Soares Pessoa, José Lucas Quadros de Sá, Dayana Raquel Marques Pinto, Ana Paula Siqueira Moreira Gil, Adson Martins Pinto Junior, Antonio De Padua Quirino Ramalho

A humanização no curso de medicina: o atendimento a moradores de rua como forma de inserção social

Autores: Leonardo Maquiné Hermont, Beatriz Mella Soares Pessoa, José Lucas Quadros de Sá, Dayana Raquel Marques Pinto, Ana Paula Siqueira Moreira Gil, Adson Martins Pinto Junior, Antonio De Padua Quirino Ramalho

Apresentação: Um dos grandes desafios do SUS é garantir o direito à saúde a todos os brasileiros, pois, muitas vezes, algumas populações acabam sendo negligenciadas. É o caso, por exemplo, de moradores de rua, cujos hábitos de vida os tornam mais expostos a adquirir doenças, porém com pouca frequência recebem atendimento médico para o cuidado da saúde. O objetivo deste relato é retratar a experiência de atendimento a moradores de rua e mostrar a importância dessas atividades para humanizar o exercício da Medicina e fornecer melhoria de vida a esse grupo. Desenvolvimento: As atividades práticas foram desenvolvidas no Centro de Manaus- AM, aos sábados, por alunos de medicina da Universidade Federal do Amazonas, referente às aulas da disciplina de Saúde Coletiva IV. Durante a atividade, realizou-se atendimento a moradores de rua, que consistia na avaliação integral da saúde do indivíduo, quando constatada alguma alteração, eram levantadas hipóteses diagnósticas e caso necessário, posterior encaminhamento para ambulatório especializado. A realização da atividade contou com a supervisão de um professor, médico, responsável pela disciplina. Resultados: A atividade promoveu o aprendizado em responsabilidade social e manejo de situações de saúde. O contato direto dos alunos com grupos sociais vulneráveis a diversos problemas de saúde contribui para o desenvolvimento do senso crítico e compreensão dos fatores envolvidos no processo saúde-doença. Através da atividade, fica claro a importância da análise da história pregressa do paciente e seu papel em doenças crônicas que foram identificadas pelos acadêmicos , como hipertensão arterial sistêmica e doença renal crônica. A presença de distúrbios osteomusculares e lesões por esforço repetitivo foi identificada em muitos dos moradores de rua que trabalhavam como manejadores de carga e carregadores, geralmente no porto da cidade, submetendo-se a intensos esforços e estresses de seu sistema musculoesquelético. Foram divulgadas informações a respeito da prevenção das principais doenças que acometem essa parcela da população: tuberculose, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e escabiose para os pacientes. Considerações Finais: Através do contato com os moradores de rua, notou-se um crescimento no âmbito profissional e pessoal dos acadêmicos, uma vez que foi observado a negligência sofrida por tal população. A falta de informação acerca dos serviços de saúde é um dos principais fatores desencadeante do processo de doença, já que os moradores de rua não procuram unidades de saúde para ter um acompanhamento por profissionais como médicos, enfermeiros, nutricionistas, entre outros. Outro ponto importante é a dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde, que, quando procurados, não se mostram eficientes e capacitados para atender os usuários. Nos atendimentos realizados no centro da cidade, pôde-se perceber como certas queixas poderiam ser facilmente tratadas se identificadas e acompanhadas por profissionais capacitados.