197: Formação profissional como obra de arte: aprendizagem nos serviços e artesania de saúdes
Ativador: A definir
Data: 02/06/2018    Local: FCA 01 Sala 05 - Buriti    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
739 Formação em serviço e a atenção à saúde de povos indígenas na região de Dourados: relato de experiência
Bruna Tadeusa Genaro Martins de Oliveira, Catia Paranhos Martins

Formação em serviço e a atenção à saúde de povos indígenas na região de Dourados: relato de experiência

Autores: Bruna Tadeusa Genaro Martins de Oliveira, Catia Paranhos Martins

Apresentação: Este trabalho traz reflexões sobre os processos de educação em serviço, tendo como base vivências no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde - Atenção à Saúde Indígena, do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU/UFGD). Trata-se de um relato de experiência, cujo objetivo é apresentar a proposta de formação do programa supracitado e discutir as possibilidades e desafios da atuação multiprofissional no cuidado à saúde dos povos indígenas da região de Dourados, Mato Grosso do Sul.  Desenvolvimento: Por meio de atividades teóricas e práticas, a Residência HU/UFGD busca operar mudanças nos processos de formação e de trabalho em saúde e, com ênfase na Atenção à Saúde Indígena, pretende capacitar enfermeiros, psicólogos e nutricionistas para uma atuação que contemple as especificidades destes povos, considerando que seus processos de saúde-doença estão  relacionados à questão da posse de seus territórios tradicionais, ao uso de recursos naturais, à proteção de suas crenças e modos de vida, etc. Para tal, propicia experiências de trabalho, sempre em equipe multiprofissional, nos diferentes pontos da rede assistencial – alguns setores do HU/UFGD, postos de saúde localizados na Reserva Indígena de Dourados (RID), Hospital e Maternidade Porta da Esperança-Missão Presbiteriana Caiuá, Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF) – e também incentiva a participação em eventos e congressos, de modo a promover a aproximação com estes povos, sua realidade e seus saberes. Resultados: A Residência HU/UFGD ainda enfrenta o desafio de conciliar teoria e prática em saúde, diminuindo a distância entre o fazer e o pensar, sobretudo no que tange ao trabalho multiprofissional. Principalmente na atenção hospitalar, o trabalho ainda é fragmentado, burocratizado e centrado na técnica. Quanto à produção de um cuidado ético direcionado à comunidade indígena, persistem inúmeros obstáculos, que são reflexos da conjuntura em que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS) e o país, e estes vão desde a falta de infraestrutura para o desenvolvimento do trabalho nos territórios, até as limitações da rede para garantir um cuidado baseado nos princípios da universalidade, equidade e integralidade. O estado do Mato Grosso do Sul é cenário de constantes conflitos envolvendo a posse de terras e estes influenciam diretamente a saúde dos indígenas desta região. Neste contexto, atuar em parceria com as equipes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) é uma experiência enriquecedora, pois permite uma melhor compreensão desta realidade e possibilita repensar a pertinência das teorias e técnicas que direcionam o trabalho multiprofissional, a fim de criar estratégias ampliadas para a proteção e promoção da saúde destas comunidades. Considerações Finais: Não obstante os desafios colocados à Residência HU/UFGD, ela proporciona vivências que traçam um caminho feito de encontros e desencontros que ampliam olhares, permitem desconstruir ideias, reconhecer a importância da pluralidade de saberes e ensinam sobre resistência, força e luta. Consiste, portanto, em uma potente experiência de formação em serviço, capaz de transformar os processos de trabalho e de construção do conhecimento.  

4479 Formação de Promotores em Saúde da População Negra no Município de Porto Alegre, RS: sexta edição.
Camila Melo Marques da Silva, Deborah Alline de Matos Lacerda, Elaine Oliveira Soares, Kátia Valença Correia Leandro da Silva

Formação de Promotores em Saúde da População Negra no Município de Porto Alegre, RS: sexta edição.

Autores: Camila Melo Marques da Silva, Deborah Alline de Matos Lacerda, Elaine Oliveira Soares, Kátia Valença Correia Leandro da Silva

Introdução: No Brasil, a PORTARIA Nº 992 DE 13 DE MAIO DE 2009 do Ministério da Saúde, estabelece a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) assegurando a prestação dos serviços pautada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) com universalidade do acesso, integralidade e equidade da atenção, combatendo a iniquidade racial, socioeconômica e cultural que atinge a população negra no Brasil. Objetivo: O “Curso Promotores em Saúde da População Negra” visa fortalecer a execução da PNSIPN no município de Porto Alegre. Desenvolvimento: A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade Factum e apoio do Ministério da Saúde promoveram a sexta edição do referido curso. Teve início em agosto e término em dezembro de 2017, totalizando 96 horas-aula, distribuídas em cinco módulos. Ofertaram-se 100 vagas para trabalhadores, gestores, estudantes e controle social divididas em duas turmas. As inscrições para trabalhadores foram direcionadas conforme a pactuação do Plano Municipal de Saúde, onde estava previsto que todas as unidades e serviços de saúde do município contassem com um trabalhador formado neste curso. Os módulos foram ministrados através de aulas expositivas dialogadas e dinâmicas de grupo. Módulo 1 iniciou com Contextualização do processo histórico do Brasil: ideologia de raça, relações raciais no período escravagista, racismo científico, estrutural, institucional e o mito da democracia racial. No módulo 2 foi abordado o tema Luta por cidadania: movimentos sociais negros, os marcos legais na garantia de Políticas Públicas e a importância do quesito raça/cor nos âmbitos institucionais. O módulo 3 foi distribuído em quatro partes: A rede de saúde em Porto Alegre sobre a Doença Falciforme, Saúde dos Povos Indígenas, sofrimento psíquico dos sujeitos negros e os impactos na Saúde Mental e Iniquidades e assistência à saúde da mulher negra. No módulo 4 discutiu-se os temas de Equidade em Saúde: direitos humanos, sexuais e reprodutivos, relação de gênero, sexualidade e raça e práticas não discriminatórias no SUS. Módulo 5, encerramento do curso, o primeiro dia de vivência ocorreu em espaços de cultura e resistência, como o Terreiro do Bábà Diba, Quilombo dos Alpes e Aldeia Kaingang Morro do Osso. O segundo dia contou com a participação de representantes do Conselho Municipal em Saúde e dos Comitês Técnicos em Saúde da População Negra, e o planejamento de ações e atividades específicas para a melhoria dos indicadores de saúde da população negra e a implementação da PNSIPN. Resultados: O curso problematizou a dimensão étnico-racial, o reconhecimento da existência do racismo, da participação de cada pessoa na manutenção da discriminação racial e os efeitos do racismo na saúde e sociedade. Assim, os promotores tornam-se multiplicadores e criadores de estratégias para promoção da saúde da população negra dentro dos seus serviços e territórios. Considerações finais: Em 2018, haverá a 7ª edição do curso visando alcançar a meta pactuada no Plano Municipal de Saúde na busca do combate ao racismo e a discriminação nas instituições e serviços do SUS.

4979 A Clínica de Odontologia Ampliada da Univates-RS: Muito Além do Céu da Boca
Maurício Teixeira, Olinda Maria de fátima Lechmann Saldanha, Andreas Rucks Varvaki Rados, Alessandro Menna Alves, Fábio Guarnieri, João Augusto Peixoto de Oliveira, Eduardo Sehnem, Thaise Gomes e Nobrega Alves

A Clínica de Odontologia Ampliada da Univates-RS: Muito Além do Céu da Boca

Autores: Maurício Teixeira, Olinda Maria de fátima Lechmann Saldanha, Andreas Rucks Varvaki Rados, Alessandro Menna Alves, Fábio Guarnieri, João Augusto Peixoto de Oliveira, Eduardo Sehnem, Thaise Gomes e Nobrega Alves

Introdução: O curso de Odontologia da Univates iniciou em 2015 com uma proposta inovadora no seu Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Este currículo foi pensado a partir das diretrizes curriculares para os curso de Odontologia e tem como premissas o desenvolvimento do pensamento crítico, autonomia dos sujeitos e aprendizagem significativa. Está organizado através de um currículo modular integrado e o uso de metodologias ativas de ensino e de aprendizagem para a formação de habilidades e desenvolvimento de competências capazes de formar cidadãos humanistas, generalistas, capazes de atuar nos diversos níveis de atenção à saúde a partir de princípios éticos. Para isto, trabalhamos com a proposta de utilizar princípios da Clínica Ampliada e da humanização do cuidado, no processo de formação dos  futuros profissionais. Para a execução de uma clínica ampliada capaz de prestar atenção aos sujeitos, rompendo com o modelo de formação centrado na doença, os estudantes são inseridos no primeiro módulo (semestre) do curso na CURES (Clínica Universitária Regional de Educação em Saúde) para atividades e atendimentos interdisciplinares como acolhimento, discussão de casos para a proposição de Projeto Terapêutico Singular (PTS), reunião de equipe, entre outras. Neste espaço, estudantes dos cursos da saúde de diversos tempos de formação interagem com usuários da rede de saúde da região. No segundo módulo, participam do planejamento e execução de atividades de promoção de saúde numa escola de ensino fundamental, as propostas vão desde exames e escovações dentárias supervisionadas até análises de diários alimentares. No terceiro módulo estudam e participam das reuniões do conselho municipal e de pelo menos uma reunião do conselho estadual de saúde na busca do entendimento da importância da participação social na construção do Sistema Único de Saúde. A partir do quarto módulo, quando começam as atividades clínicas específicas de odontologia, os estudantes têm encontros periódicos com uma professora de psicologia para estudar conceitos e problematizar situações do campo da saúde mental, que possam estar atravessadas no atendimento odontológico, afetando tanto os estudantes quanto os usuários do serviço. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de um docente da área da psicologia problematizando com os estudantes do curso de Odontologia os desafios de professores, estudantes e usuários, nos primeiros semestres da clínica de odontologia de um curso novo, na implementação dos princípios da clínica ampliada.Metodologia: Entre o quarto e o sétimo semestre os estudantes têm encontros quinzenais com uma professora de psicologia atuando de forma integrada com os professores da clínica para discussão de temas relacionados ao campo da Psicologia e ao sofrimento psíquico, observados nos primeiros atendimentos odontológicos. Os encontros seguem os temas propostos pelo PPC, mas também acolhem as demandas e necessidades apresentadas pelos estudantes, a partir das vivências na clínica, nos encontros com usuários de diversas faixas etárias, com os profissionais das equipes dos serviços onde desenvolvem as práticas e ainda, dos temas estudados com os demais professores. Os encontros oportunizaram a promoção da escuta e do compartilhamento de sentimentos entre os estudantes e a docente, seguidos do estudo de temas relacionados aos processos de subjetivação do sujeito, ao luto e as diversas formas de reação dos sujeitos diante das perdas, cuidados paliativos do paciente terminal e apoio aos familiares; os cuidados e a promoção de saúde mental dos profissionais de saúde, entre outros. Neste sentido, a partir das demandas dos estudantes foram estudados diferentes temas, por meio de debates, projeção e análise de filmes e outras atividades que oportunizaram diálogo, escuta, problematizações, além de produção de sínteses críticas, proposição de novas estratégias de intervenção e cuidado. As ações de cuidado foram planejadas para os usuários e seus familiares, assim como para os profissionais de saúde, considerando o contexto de cada situação.Resultados: Os temas foram abordados a partir das vivências dos estudantes no decorrer do semestre, destacando tanto os resultados positivos, assim como as dificuldades de continuidade no tratamento de alguns usuários e por diagnósticos com prognósticos pouco favoráveis. Estes últimos geraram dúvidas, assim como sofrimento nos estudantes e foram analisados de maneira articulada com os docentes que desenvolvem conteúdos da estomatologia e diagnóstico de câncer, discutidas estratégias de acompanhamento a usuários diagnosticados com estas patologias. A partir das discussões referentes à Clínica Ampliada foram iniciados estudos sobre as Práticas Integrativas e Complementares.Discussão: Ao iniciar o quarto módulo do curso as habilidades a serem desenvolvidas pelos estudantes, de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso, são: -Desenvolvimento de postura crítica em relação à tomada de decisão referente ao tratamento e terapêutica odontológicos; -Capacidade de análise holística do desequilíbrio do processo saúde-doença, considerando os determinantes sociais da saúde; -Compreensão das fases do desenvolvimento humano e os diferentes significados e a intervenção nos cuidados em saúde. Para o quinto módulo as habilidades são: -Identificação e reconhecimento do indivíduo como um ser bio-psico-social que apresenta necessidades em saúde; -Identificação e reconhecimento das doenças mais prevalentes e distúrbios relacionados à saúde bucal e realização de procedimentos adequados para suas investigações, prevenção, tratamento e controle; -Identificação das práticas integrativas e complementares e reconhecimento da homeopatia como uma destas práticas; -Obtenção e registro de informações confiáveis e avaliação objetiva, mantendo a confidencialidade delas na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral; -Emprego das decisões clínicas de forma humanística, baseados na ética e de acordo com evidências científicas atuais. Durante o planejamento do curso o que buscamos sempre foi o desenvolvimento do pensamento crítico a partir da autonomia dos estudantes e da aprendizagem significativa. O currículo modular integrado e o uso de metodologias ativas de ensino e de aprendizagem facilitam a identificação do ser bio-psico-social não só nos usuários mas também no autoconhecimento e na tomada de decisões clínicas pautadas pela ética. Considerações finais: O estudo dos temas do campo da saúde mental contribuem com o processo de formação dos estudantes de odontologia e favorecem melhor compreensão sobre  os sentimentos, angústias e necessidades de saúde dos usuários. Ampliar a clínica diz respeito a, além de escutar os usuários de forma ampliada, se perceber como sujeitos de seu próprio aprendizado. Fica clara a percepção de que ao estudar as reações do outro, os estudantes projetam seus próprios dilemas em uma época crucial do ensino da Odontologia, na qual estão desenvolvendo os primeiros raciocínios clínicos.

2783 A perspectiva do brincar como terapêutica em um ambulatório de Psicologia Médica: Relato de experiência
Karolliny Correa Baraúna, Carlos Eduardo Colares Soares, Thaise Farias Rodrigues

A perspectiva do brincar como terapêutica em um ambulatório de Psicologia Médica: Relato de experiência

Autores: Karolliny Correa Baraúna, Carlos Eduardo Colares Soares, Thaise Farias Rodrigues

Introdução: a terapêutica em um ambulatório de psicologia infantil mostra-se desafiadora frente às diversas formas de uma criança se comunicar. O brincar apresenta-se como um diálogo pressuposto entre adultos e crianças, posto que, mediado pelos brinquedos, a criança pode tentar se expressar de maneira a apresentar significações a tal diálogo. Objetivos: relatar experiência no contexto ludodiagnóstico e ludoterapia e seus impactos a fim de proceder com terapêutica adequada aos pacientes infantis a partir do que os mesmos expressam por meio de brinquedos e do processo de brincar. Relato de Experiência: as atividades foram realizadas com pacientes infantis do Ambulatório Araújo Lima em Manaus-AM, realizadas às sextas-feiras de 8h-12h, na disciplina de psicologia médica.  São realizadas atividades lúdicas individuais e/ou coletivas em que os pacientes infantis, acompanhados dos alunos e psicóloga, sentem-se mais confortáveis para se expressar, mediada pelos brinquedos, suas vivências, preocupações, dificuldades, entre outras expressões. Essa construção de linguagem é um índice de grande valia na elaboração de um diagnóstico e planejamento de uma intervenção terapêutica adequada. Resultados: as atividades desenvolvidas no ambulatório revelaram-se altamente efetivas, visto que se conseguiu, a partir delas, obter um diálogo mais amplo com os pacientes infantis e ajudar em terapêuticas adequadas através do mesmo. Importa ressaltar que os pacientes apresentaram abertura comunicacional ampla no decorrer das atividades, elencando significação positiva ao diálogo estabelecido, desenvolvendo grande vínculo com os profissionais e alunos que participaram das atividades. Considerações finais: o presente trabalho exprime a possibilidade de adequar meios terapêuticos às necessidades individuais e coletivas de pacientes infantis de um ambulatório de psicologia médica, além de mostrar que muito se pode depreender através de um estabelecimento adequado de diálogo com os pacientes em questão.