200: O ensino como dobra: quando o preconceito precisa ser quebrado na formação
Ativador: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FCA 02 Sala 08 - Tucandeira    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
4879 Desmitologizando a história: reflexões sobre violência epistêmica, proibicionismo e educação em saúde
VITOR ARAÚJO

Desmitologizando a história: reflexões sobre violência epistêmica, proibicionismo e educação em saúde

Autores: VITOR ARAÚJO

Apresentação   A saúde pública – e num contexto maior, as ciências sociais – foram desenvolvidas historicamente sob inúmeros pilares excludentes. A fabricação deste campo científico se deu num contexto europeu de controle dos corpos e disciplinarização das massas pelos Estados. As ciências sociais carregam em sua origem, portanto, estruturas dominadoras que legitimaram uma séria de violências materiais e simbólicas contra diversas pessoas. Desmitologizando estas legitimações, inúmeros paradigmas científicos recentes vêm contestando a mentalidade por detrás das ciências e dos campos do saber do status quo que construíram e corroboraram violências. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre a violência epistêmica, seus efeitos na teoria e na prática da Saúde Pública, utilizando o caso do proibicionismo. Além disto, trazer reflexões para a educação em saúde e para a produção de conhecimento na Saúde Coletiva.   Desenvolvimento do trabalho   Para tais objetivos, esta pesquisa é qualitativa, analítica e se utilizará de reflexões pós coloniais e sobre micropolítica. A abordagem de autores pós coloniais é de dar poder às vozes oprimidas, às agências locais, que  disputam com a cultura do status quo, para produzir um conhecimento que subverta os pressupostos da episteme que violenta. Podemos falar de contraculturas e contra-discursos, no sentido de serem culturas e discursos outros, que afrontam e deslegitimam o status quo. Como um exemplo adequado deste processo dialético entre violência epistêmica e contra-discursos, está o caso do proibicionismo às drogas. As raízes da construção do proibicionismo estão, principalmente, na fabricação da doença do vício durante o século XIX. As construções epistêmicas do século XIX que auxiliariam a institucionalização da política proibicionista teve em seus pilares uma lógica subjetiva racista, classista e colonialista. Foi necessária a construção de um imaginário que deturpasse a imagem concebida das pessoas que usam drogas, amparado cientificamente e posto em prática institucionalmente pelo Estado.   Resultados:   As contraculturas e as contra-narrativas que surgiram das pessoas que usam drogas, dos cientistas sociais, dos defensores da Reforma Psiquiátrica, entre tantos outros, desafiaram a episteme violenta que demonizava o uso de drogas, disputaram terreno cultural e epistemológico com o status quo e isto refletiu-se na construção de imaginários e políticas outras – como a redução de danos e os consultórios na rua, por exemplo. As proposições pós-coloniais, as etnografias que dão voz aos oprimidos e os estudos sobre micropolítica, todos eles se aproximam ao desmitologizar a episteme que violenta e instaurar na ciência discursos que reflitam a potência de vida dos subalternos. Suas imaginações, agências, performances e vidas produzem modos de existir que disputam com o status quo e é aí que abrem-se caminhos epistemológicos para se produzir um conhecimento genuinamente local, criando meios de dar voz à subalternidade.   Considerações finais   Tais impactos mostram que tanto a Saúde Coletiva quanto a educação em saúde são campos que precisam ser disputados por e com epistemologias outras, que partam das existências das pessoas, das redes vivas, para apostarem em serviços, práticas e políticas que contemplem a produção de vida. 

3644 ENSINAR E APRENDER EM SAÚDE MENTAL NA PERSPECTIVA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Francisca Fátima Santos Freire, Viviane Pereira Ljma Verde Leal, Vânia Barbosa Nascimento, Cosmo Helder Ferreira Silva, Francisca Bertilia Chaves Costa, July Grassiely Oliveira Branco, Ana Kelly Silva Oliveira, Ana Linhares Pinto

ENSINAR E APRENDER EM SAÚDE MENTAL NA PERSPECTIVA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Autores: Francisca Fátima Santos Freire, Viviane Pereira Ljma Verde Leal, Vânia Barbosa Nascimento, Cosmo Helder Ferreira Silva, Francisca Bertilia Chaves Costa, July Grassiely Oliveira Branco, Ana Kelly Silva Oliveira, Ana Linhares Pinto

Atualmente um dos grandes desafios acerca da questão da saúde/doença mental no Brasil com vistas á reforma psiquiátrica, repousam na conduta dos profissionais em saúde e na sociedade. Há seis anos atuando como enfermeira e profissional do Sistema Único de Saúde, na assistência e no ensino em saúde, trilhei o caminho com mais singularidade no campo da Saúde Mental, por acreditar nos ideais de uma cultura antimanicomial. Militante na proposta, acreditei na efetivação de uma política integral e humanizada na área. Entendia-se, que a escola, o Centro de Atenção Psicossocial, o teatro ou qualquer lugar poderia vir a ser espaço de diálogo, de pesquisa, espaço de construção de novos conhecimentos. Na área de saúde, surgem questionamentos sobre o perfil do profissional formado, principalmente, com a preocupação relativa à tendência à especialização precoce e ao ensino marcado, ao longo dos anos, assim, se reveste de relevância social o presente trabalho por defender que é necessário intervir ainda na formação dos profissionais em saúde, por acreditar-se que a escola é espaço de transformação social por excelência. Este artigo é resultado de uma experiência realizada em na escola de ensino profissionalizante Manoel Mano- EEP- Manoel Mano, em tempo integral no estado do Ceará, que teve como objetivo geral desenvolver uma ação colaborativa nas aulas de saúde mental. Esse estudo se caracteriza como pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa do tipo pesquisa-ação, que nos possibilita um olhar abrangente e profundo sobre o tema. Fruto do trabalho de conclusão de curso de especialização em Docência do Ensino Profissionalizante, ofertado pelo Instituto Federal do Ceará- IFCE. O referido estudo foi realizado no município de Crateús-Ce, no período de 12 a 29 de Novembro de 2013, na Escola Estadual de Educação Profissional Manoel Mano, que está situada na Rua Dr. Júlio Lima, no bairro Fátima II, no município de Crateús na região dos Sertões de Crateús do Estado do Ceará, área considerada de risco social. Utilizou-se, essa proposta no espaço da sala de aula, no ensino médio, no módulo de Saúde Mental, com vistas a contribuir para a formação de futuros profissionais de saúde. A motivação veio pela insatisfação com a metodologia tecnicista e tradicional utilizada nas aulas observadas no período do estágio, quando percebeu-se que os alunos mostravam-se apáticos à temática, desmotivados e que acima de tudo demonstravam aversão e temor com a abordagem ao paciente em sofrimento psíquico. Oportunizando situações que facilitem ao aluno a discussão e reavaliação de conceitos e práticas que os instigue a uma consciência crítica. Os sujeitos da pesquisa foram 33 alunos, do 2º Ano do curso Técnico em enfermagem, a professora da disciplina, e 04 professores orientadores de estágio. No período de estágio realizou-se observações diretas e indiretas, registros rigorosos, grupos tutoriais, nos dias 9, 10 e 11 de dezembro de 2013. Os resultados foram apresentados e discutidos destacando-se as informações colhidas, pelo depoimento dos sujeitos, transcreveu-se cinco depoimentos de alunos no primeiro encontro e, no final do módulo, seus discursos foram novamente analisados, devendo-se ressaltar que as impressões do professor e de um orientador de estágio, também foram analisadas. Os resultados colhidos foram organizados em duas categorias: Conhecendo a realidade e Intervenções relevantes no lócus da pesquisa. Os resultados foram apresentados e discutidos destacando-se as informações colhidas pelo depoimento dos sujeitos, tendo como fundamento para discussão a literatura revisitada. As condutas éticas foram preservadas. Analisar a realidade pedagógica institucional é uma ousadia, mas no intuito de contribuir com a formação dos futuros profissionais de saúde iniciou-se nossa caminhada por caminhos inicialmente circunscritos ao Eixo gestor, aos órgãos colegiados, aos indicadores da secretaria, ao projeto político pedagógico da instituição, ás séries históricas dos índices de evasão e aprovações externas e por fim as observações em sala de aula, na condição de pesquisador. Essa abordagem nos remete ao contexto das mudanças vivenciadas na história da Educação profissional no Brasil, nos fez redobrar as buscas na literatura e pesquisas, para que as argumentações aqui apresentadas tivessem respaldo. A turma é composta por 36 alunos sendo apenas 05 do sexo masculino, com faixa etária entre 16 e 17 anos. Segundo as informações colhidas no diagnóstico sócio- econômico da turma,  a renda média está entre 01 salário mínimo a 03 salários, 62% dos alunos entrevistados informam que possuem computador/internet para realizarem pesquisas no domicílio. Verificou-se que as notas do eixo profissional sobrepõem-se as notas da base comum, sinalizando maior envolvimento dos alunos com os temas profissionais. Observou-se também que os desempenhos das verificações parciais estão abaixo do esperado, 35% estão com desempenho satisfatório, porém, os professores que lecionam nessa turma salientam que essa sala foi admitida na instituição com grandes limitações na 1ªsérie do ensino médio, sendo resultado de um 9ºano deficiente.  Mas conforme os exames internos a turma tem melhorado os resultados. Nesta argumentação erigimos o presente estudo, encontrando respaldo nas correntes sóciointeracionistas, nas metodologias ativas e problematizadoras, desvelando-se grandes arestas ao abordar essa temática. Identificou-se que as matrizes curriculares dos cursos em saúde estão voltadas realmente para o tecnicismo, implicando na vertente apenas do aprender a fazer, defendeu-se a necessidade do aprender a ser, buscando-se a formação de um ser crítico e reflexivo, capaz de interferir nos cenários a que pertencem. Nesse sentido, percebe-se o grande desafio dos profissionais de saúde que integram os serviços atualmente, pois a maioria não estudou em seus currículos metodologias interativas, são reprodutores de uma educação autoritária em seu espaço de trabalho, reproduzindo gratuitamente a ineficiência, inoperância e indiferença nos espaços que atuam. Durante a vivência observou-se que existem muitos entraves que dificultam o sucesso das atividades, percebeu-se também, o quão importante é planejar as atividades e observar o impacto na formação do aluno. Nas reuniões intercalares os alunos foram enfáticos em manter a disciplina e a ordem durante as atividades propostas.  Há diversos desafios que interferem no processo de mudança da educação, apontando para a necessidade de romper com a cultura tradicional e cristalizada no ensino em saúde, resgatando a formação holística, com foco no humano, visto que  ensinar saúde mental visto que os alunos apoiem as propostas da política de humanização da assistência, ainda é um desafio, para os processo de ensino e aprendizagem. Urge, portanto, uma reformulação que busque a produção do conhecimento por meio de conteúdos que instiguem o aluno a aprender, tornando essa aprendizagem significativa para sua vida pessoal e profissional.

4943 A INFLUÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE GÊNERO NO PERFIL DO HOMEM AGRESSOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Ana Karoline Souza da Silva, Vera Lucia Azevedo Lima, Brenda Jamille costa Dias, Victor Assis Pereira Paixão, Adria Vanessa Silva, Euriane Castro Costa

A INFLUÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE GÊNERO NO PERFIL DO HOMEM AGRESSOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: Ana Karoline Souza da Silva, Vera Lucia Azevedo Lima, Brenda Jamille costa Dias, Victor Assis Pereira Paixão, Adria Vanessa Silva, Euriane Castro Costa

Apresentação: Ao se investigar a violência contra mulher torna-se importante considerar que esta é atravessada pela questão de iniquidade entre gênero, protagonizado por desigualdades de poder dentro das relações homem-mulher. Espaços para a discursão de gênero são válidos, pois permitem o esclarecimento de questões consideradas transgeracionais para construção da violência. Tratar dessas temáticas em ambientes de formação escolar possibilita a desconstrução de padrões estabelecidos e estruturados ao longo de sua formação psicossocial, fomentando as discussões voltadas a equidade de gênero e articulando meios para desmistificar questões isoladas e ainda pouco entendidas dentro do meio social. Assim, objetiva-se relatar a experiência vivenciada em uma ação socioeducativa sobre a importância da discussão de gênero nas escolas para promoção da equidade e diminuição da violência. Descrição da Experiência: Trata-se de estudo descritivo com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, realizada por acadêmicos de Enfermagem do Programa de Extensão intitulado Empoderamento e Fortalecimento da Mulher Amazônica Frente a Violência Doméstica e Intrafamiliar da Universidade Federal do Pará, para alunos do ensino médio da Escola de Aplicação da UFPA, localizada no município de Belém-Pa, no período de outubro de 2017. Os recursos utilizados foram notebooks e projetor para reprodução de vídeos. A ação ocorreu através de um cine debate subdividida em três momentos: acolhimento, reprodução de curtas metragem e roda de conversa. O acolhimento consistiu na aproximação e construção de vínculo, apresentação inicial do grupo e da temática a ser abordada. No segundo momento, houve a reprodução de dois curtas metragem no qual foram abordados assuntos como a construção de gênero, diferença entre sexo e gênero e orientação sexual. Por fim, foi realizado uma roda de conversa onde os alunos participaram da discursão sobre as temáticas apresentadas, ocorrendo esclarecimento de dúvidas pelos acadêmicos. Resultados e/ou impactos: A participação dos alunos foi importante para o andamento da ação. Notou-se que de fato houve uma aproximação do público com os extensionistas, tendo influenciado posteriormente na roda de conversa, pois facilitou a interação e até mesmo a discursão. Foi possível perceber durante a execução da ação alguns pontos voltados a temática ainda causam confusão no entendimento dos jovens, uma vez que há o pressuposto de que a violência contra mulheres é socialmente construída, por influência de uma cultura machista e patriarcal, ou seja, quebrar determinados conceitos significa modificar atos e sentimentos apreendidos socioculturalmente. No entanto, essa discursão se distância da realidade de muitos jovens, sendo necessário a realização de mais ações voltadas às questões de gênero, por causar impactos positivos na desconstrução de paradigmas voltados a violência e suas implicações para a sociedade. Considerações Finais: Informações compartilhadas por meio do uso de metodologias participativas, constituem um mecanismo essencial para conhecer e refletir sobre problemas pertinentes a nossa realidade social, dentre eles a violência. Compreende-se, que o cine-debato é uma estratégia de desconstrução de lógicas destrutivas da vida humana, fortalecendo um projeto coletivo de transformação social, possibilitando ainda experiência enriquecedora para acadêmicos e participantes.

1315 ENCONTROS COM A LOUCURA: GRUPO DE ESTUDOS DO CAPS UNINDO PROFISSIONAIS E POPULAÇÃO
Fernanda Vicenzi Pavan, Margot Friedmann Zetzsche, Jorge Schlichting Neto, Isabella Goulart Bittencourt, Andreia Jeanine Garcia Oss-Emer

ENCONTROS COM A LOUCURA: GRUPO DE ESTUDOS DO CAPS UNINDO PROFISSIONAIS E POPULAÇÃO

Autores: Fernanda Vicenzi Pavan, Margot Friedmann Zetzsche, Jorge Schlichting Neto, Isabella Goulart Bittencourt, Andreia Jeanine Garcia Oss-Emer

A Educação Permanente, como uma das premissas do Sistema Único de Saúde (SUS) – motivou o processo de encontro, que já acontece no CAPS de Timbó-SC há mais de 5 anos. A ideia surgiu entre os profissionais como um desejo de refletir sobre os processos de trabalho vivenciados e suas perplexidades. O contato diário com a loucura poderia constituir-se em aprendizado? Como a gravidade das situações vividas poderia ser traduzida em cuidados e prevenção para as equipes de saúde e para a própria saúde mental dos membros das equipes? Como é a concepção de saúde e de saúde mental? Pode-se perceber, a partir da história, que a maneira de entender o processo saúde-doença determina as ações para resolução dos problemas em saúde. Durante as duas últimas décadas, o cenário de saúde mudou profundamente. As principais causas de morte e invalidez são as doenças não transmissíveis em adultos. O trabalho com a condição crônica e severa de saúde mental constitui um sinalizador que proporciona um rico campo de estudos e compartilhamento de saberes entre as equipes de saúde e a rede de atenção psicossocial. A insanidade ou loucura rompe com este limiar e provoca um desconforto que vai para além da clínica e de suas possibilidades. A perplexidade do profissional ante o rompimento da barreira “daquilo que todos tentam calar” e que para o louco se constitui em manifestação de defesa absolutamente necessária. Como “dar conta” de processos saúde-doença tão complexos? O cuidado de pessoas com doenças crônicas deve ocorrer de maneira integral. As práticas que utilizam propostas de cuidado formatadas anteriormente não têm obtido sucesso por não conseguir chegar ao singular de cada indivíduo. E o que seria mais inacabado que o preparo do profissional de saúde para dar conta de um arcabouço tão complexo de situações que se apresentam no atendimento diário das equipes de uma rede municipal de saúde? As situações apresentadas são tão variadas e complexas que não há uma semana em que não se apresente uma situação absolutamente inusitada, mesmo para os profissionais mais experientes. O Artigo 196 da Constituição Federal de 1988, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), garante a saúde como um direito de todos e dever do estado. O artigo 200, inciso III, confere ao sistema público o ordenamento da formação de recursos humanos na área da saúde. A educação é um importante componente estratégico da gestão do SUS, já que provoca reais transformações no estilo de vida dos usuários e interfere na formação dos profissionais de saúde, a partir das situações vivenciadas no cotidiano de trabalho. Neste contexto, surge a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, instituída pela portaria 198/GM, em 13 de fevereiro de 2004, orientando a criação de colegiados e núcleos para discussão da formação dos profissionais da saúde, sempre dentro da lógica do ensino-serviço e no cotidiano do Sistema Único de Saúde. Além disso, a Política Nacional de Humanização, em suas diretrizes de ação, dá atenção à criação de espaços de aprendizagem nos serviços, reiterando a inseparabilidade entre atenção e gestão. Buscando a integração destas duas políticas criaram-se, no Médio Vale do Itajaí, os Núcleos de Educação Permanente em Saúde e Humanização (NEPSHU). O município de Timbó (SC) conta com um NEPSHU, implantado em 2014. Desde então, as ações de Educação Permanente são pensadas, planejadas e executadas como extensão da Comissão de Integração Ensino-Serviço. Considerando que a educação permanente é baseada nos problemas diários dos trabalhadores e nas experiências e conhecimentos prévios destes, foi desenvolvido o grupo de estudos no Centro de Atenção Psicossocial Microrregional (CAPS I) localizado em Timbó (SC), o qual se mostra uma estratégia relevante para a prática profissional, pois contribui para a construção de novos sentidos e significados a respeito de vivências e situações cotidianas do trabalho, o que pode gerar caminhos diferentes para transformação e atuação profissional e não apenas para a reprodução acrítica de ações diante das realidades que se apresentam, conforme apontam os autores citados anteriormente. O trabalho em saúde é, antes de tudo, um encontro entre aquele que demanda por atenção/cuidado em saúde e aquele que possui o saber técnico (o profissional de saúde). Esse encontro é permeado por história de vida, valores, sentimentos, de ambos os lados. Os grupos de estudo do CAPS propiciam um terreno para praticar tais atitudes. São espaços preciosos de troca e interlocução – sobre o adoecimento em si, e sobre o imponderável que afeta o profissional de saúde (e ser humano) no exercício diário de sua prática profissional. Este grupo pode ser considerado aberto e operativo, ou seja, centrado em uma tarefa que, neste caso, é a de ensino-aprendizagem. As estratégias grupais podem auxiliar na resolução de alguns conflitos e na superação dos problemas, pois em cada encontro – único e peculiar –a interação entre os membros do grupo possibilita a percepção diferente do contexto em que cada sujeito está. Observamos no grupo pessoas que vêm em busca de suas próprias questões e também para compartilhar sua perplexidade perante esse enfrentamento. A participação de diversos atores, como enfermeiros, agentes comunitários de saúde, dentistas da ESF, técnico em informática, acadêmicos de cursos técnicos e universitários deixam os encontros ainda melhores, criando um espaço criativo e reflexivo. Os encontros do grupo de estudos do CAPS acontecem mensalmente, na última sexta-feira do mês, desde o ano de 2010, e têm aproximadamente duas horas de duração. Ocorrem, preferencialmente, nas dependências do CAPS, mas, quando solicitado ou necessário, os encontros podem ocorrer em outros locais, como unidades de saúde. Geralmente, participam, em média, oito profissionais de diversas áreas, como médicos, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e assistentes sociais, estando presentes também técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, conselheiros tutelares, usuários do SUS e estudantes de diferentes cursos de graduação. Os temas abordados são levantados em cada encontro e as discussões são disparadas a partir de textos, artigos, filmes, sugeridos pelos participantes. Até o momento vários assuntos foram discutidos, como: depressão, suicídio, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, saúde mental dos profissionais da saúde,esquizofrenia, uso de álcool e outras drogas, esquizofrenia, entre outros. Os encontros são realizados em roda para que cada participante se sinta acolhido e ouvido pelos demais. Neste relato de experiência, pretendeu-se demonstrar o quão valioso é o espaço do grupo de estudos do CAPS do município de Timbó (SC), possibilitando a discussão pelo quadrilátero (profissionais, usuários, ensino e gestão) na realidade do trabalho, criando novas possibilidades de atenção e cuidado. As vivências geradas pelos encontros do grupo de estudos fortalecem o compromisso com a saúde dos usuários. Ali, as pessoas investem seu tempo em dialogar, repensar sua prática e, por isso, encontram formas diferentes e criativas de atender às necessidades das pessoas. Acredita-se que este grupo de estudos tem um grande poder de replicabilidade e continuidade, visto que não são necessários recursos financeiros para que ele ocorra; bastam pessoas envolvidas e comprometidas com as questões de saúde mental. Assim, o grupo de estudos propicia o acolhimento de demandas e dúvidas e o compartilhamento de experiências, vivências, sentimentos e conhecimentos, o que pode contribuir para a saúde do trabalhador, sua motivação em relação ao trabalho e, consequentemente, para um melhor e mais qualificado tratamento do usuário dos serviços do SUS.