201: Equidade, gênero e formação: a formação profissional como dispositivo para a produção da equidade
Ativador: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FCA 02 Sala 03 - Candiru    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
2209 PRIORIDADES PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM MULHERES ADOLESCENTES NO CAMPO DA SEXUALIDADE
Priscylla Helena Alencar Falcão Sobral, Edméia de Almeida Cardoso Coelho, Mariza Silva Almeida, Nadja Maria dos Santos, Luciana Pessoa Maciel Diniz, Kelle Caroline Filgueira da Silva, Wanderson Lima Dantas e Santos, Juliana Freitas Campos

PRIORIDADES PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM MULHERES ADOLESCENTES NO CAMPO DA SEXUALIDADE

Autores: Priscylla Helena Alencar Falcão Sobral, Edméia de Almeida Cardoso Coelho, Mariza Silva Almeida, Nadja Maria dos Santos, Luciana Pessoa Maciel Diniz, Kelle Caroline Filgueira da Silva, Wanderson Lima Dantas e Santos, Juliana Freitas Campos

Apresentação: Estudos evidenciam que adolescentes tem conhecimento limitado e insatisfatório no campo da sexualidade, sobretudo as meninas, destacando-se a pouca participação da família e da escola como instituições primeiras a contribuir no processo de informação e orientação sexual. As dificuldades em orientar sobre sexualidade expõe esse grupo a comportamentos de risco e, tendo em vista suas especificidades, para que o exercício da sexualidade se dê com proteção à saúde, a Estratégia Saúde da Família (ESF) tem sido identificada como facilitadora da informação e do acesso a meios que promovam a saúde e reduzam vulnerabilidades. Este estudo teve como objetivos promover reflexão e discussão com profissionais de saúde da ESF sobre demandas de mulheres adolescentes, no âmbito da sexualidade, que requerem educação em saúde, e analisá-las sob a perspectiva de gênero. Desenvolvimento do trabalho: pesquisa exploratória, qualitativa, desenvolvida com 15 profissionais da ESF em município no interior de Pernambuco, no período de Outubro de 2014 a Dezembro de 2015, com representação de quatro equipes multiprofissionais atuantes em uma unidade de Atendimento Multiprofissional Especializado (AME).  Entre elas/es duas enfermeiras, dois médicos, um cirurgião dentista, uma auxiliar de saúde bucal, duas técnicas de enfermagem e sete agentes comunitário/as de saúde. Utilizou-se Oficina de Reflexão para a produção do material empírico e a técnica de Análise de Discurso para sua análise. A oficina teve duração de três horas, os discursos foram registrados em gravador de voz e em diário de campo. Resultados: As/os participantes elegeram o conhecimento do corpo, o exercício da sexualidade na adolescência e seu desfecho em gravidez precoce como prioridade para educação em saúde, com ênfase no papel da família e nos problemas que nela se originam ou apoiam. Há limites profissionais para reflexões crítico-emancipatórias sobre sexualidade e seus desdobramentos na adolescência, com reprodução de concepções que disciplinam as meninas sob o prisma da interdição. Explicitou-se ausência ou negação de de diálogo nas famílias e no serviço de saúde, sem materialização de proposições educativas pelos/as participantes para as adolescentes. Conclusão: por não desvincularem suas ações de crenças e valores pessoais, profissionais da ESF em estudo comprometem a ética do cuidar e distanciam adolescentes da possibilidade de terem voz e acesso a escuta sensível. As concepções tradicionais influenciam as ações de cuidado direcionadas a esse grupo, que ocorrem em circunstâncias que limitam sua autonomia e liberdade no exercício da sexualidade. A ação educativa com adolescentes requer antecipação de um trabalho com esses/as profissionais, tendo em vista não haver meios de atrair meninas que poderão ser constrangidas por julgamentos morais. A parceria família, escola e rede de saúde pode qualificar a atenção às/aos adolescentes e favorecer o acesso à educação em sexualidade, além de contribuir para que mulheres caminhem para o empoderamento nessa fase da vida.

3451 Homossexualidade e gênero no contexto adolescente
rosilea werner, Andressa Amanda Novaes, Gabrielle Cristine Rausch Bolzani, Lara Carolina Malanowski, Marcos Koczur Lacerda, Raiane Chagas da Silva

Homossexualidade e gênero no contexto adolescente

Autores: rosilea werner, Andressa Amanda Novaes, Gabrielle Cristine Rausch Bolzani, Lara Carolina Malanowski, Marcos Koczur Lacerda, Raiane Chagas da Silva

Apresentação: Relata-se aqui a vivência realizada pelo projeto de extensão Saúde e Cidadania: recriando a realidade social, da Universidade Estadual de Ponta Grossa  - UEPG.  O projeto envolve  acadêmicos de Serviço Social e estudantes de um Colégio Estadual. As ações são voltadas para a educação e promoção em saúde para adolescente entre 14 e 18 anos, com o objetivo de fortalecer o programa saúde na escola no município através do componente II–promoção da saúde e prevenção de agravos, com turmas de 8º 9º do ensino fundamental e 1º ano do ensino médio. As atividades acontecem ao longo do ano acadêmico, e são planejadas em conjunto com a equipe do projeto de extensão e adolescentes. Um dos temas sugeridos pelos adolescentes foi homossexualidade. Para tanto, o planejamento realizado pela equipe de extensão, levou em consideração situações problematizadoras, na perspectiva das metodologias ativas. Resaltando que paralelo as atividades desenvolvidas na escola, os acadêmicos  e professores do Serviço Social possuem um grupo de estudo de metodologia ativa  e de desenvolvimento de material educativo. Desenvolvimento do trabalho: Apresenta-se aqui a ações desenvovidas da temática: homessexualidade e questões de genêro. O encontro foi planejado em cinco etapas para  contemplar uma abordagem conceitual sobre homossexualidade e gênero, situações do dia a dia e a compreensão que os adolescentes possuem sobre o tema. Comprendeu-se na organização do encontro que havia necessidade de aproximar a discussão de genero para facilitar a  compreensão dos adolescentes sobre  homossexualidade. Na primeira etapa foi distribuída uma folha, a qual continha três perguntas: O que você entende pela sigla LGBT? O que você entende por homossexualidade? O que você entende por preconceito? As perguntas eram as mesmas para ambos os lados da folha (frente e verso), sendo um lado vermelho e o outro azul. Foi solicitado que os adolescentes inicialmente  respondessem apenas o lado vermelho. Foi dado um tempo para que individualmente cada um escrevesse seu entendimento dos conceitos. Após todos responderem, abriu-se uma roda de conversa em que os presentes poderiam comentar suas respostas. Na segunda etapa foi problematizado os conceitos a partir de um boneco auto-explicativo. A imagem do boneco foi construída  considerando a anatomia humana com os conceitos: identidade de gênero, expressão de gênero, orientação sexual e sexo biológico.  Mostrou-se o boneco e questionou-se como entendem a distribuição dos conceitos, que dúvidas têm. No decorrer da discussão outros temas foram aparecendo  como:  preconceito, papéis sociais e desigualdades de gênero A terceira etapa do encontro incluiu a  exposição de um vídeo   que abordou histórias de vida de pessoas LGBT+ que sofreram violência física e psicológica pela sua orientação sexual e expressão de gênero. O vídeo foi bastante provocativo, trazendo a questão do preconceito e a violência contra a comunidade LGBT+. Após a reprodução do vídeo foram feitas várias discussões acerca do tema proposto. Chamou atenção a perspectiva das situações de violências, alguns adolescentes se indignaram equanro outros consideravam “normal” atitudes de violência para situações que discordam. Houve um grande debate com poder de convencimento dos que discordam da violência sobre os que teriam atitude violenta. Na quarta etapa foi feito uma  dramatização interativa entre os extensionistas e os adolescentes. Foram apresentadas quatro situações do dia a dia, envolvendo as questões de homossexualidade e gênero. Em cada cena houve momentos em que os personagens “congelavam”, fazendo com que os adolescentes opinassem e debatessem  sobre cada situação. As cenas dramatizadas foram: ●            Primeira situação: Um casal homoafetivo sofre com olhares constrangedores em um lugar público. Nessa situação foi discutido a questão do preconceito para com os casais homoafetivos. ●            Segunda situação: Uma mulher é convidada para tomar café na casa de sua amiga, a mesma informa que seu marido fará o café, a convidada se choca e nessa situação foi discutido os papéis sociais do homem e da mulher. ●            Terceira situação: Uma amiga encontra uma pessoa conhecida que passou pela transição de gênero, não sabendo da situação ela usa a tratativa errada para se referir a mesma que explica a mudança de sexo. As discussões dessa cena se pautaram em identidade de gênero, expressão de gênero, nome social e respeito. ●            Quarta situação: Mãe e filha conversam sobre um amigo de infância próximo à família que se assumiu homossexual, onde a mãe se mostra contra a amizade da filha com o menino. Nessa situação foi discutido o preconceito na família. Na quinta e última etapa, foram devolvidas as mesmas perguntas feitas no início da atividade, conforme orientado dessa vez os adolescentes deveriam responder o lado azul. Dessa forma, pode-se analisar as respostas, fazendo um comparativo do antes e depois das discussões do encontro. Resultados: Destaca-se que a temática gênero e homessexualidade é  extrema relevância para os adolescentes do mundo contemporâneo. As discussões trazidas demonstraram no decorrer do encontro que os adolescentes possuíam um determinado acúmulo de conhecimento sobre o tema, aprofundando as discussões e não ficando em conceitos do senso comum. O feedback dos adolescentes sobre o encontro foi positivo, destacando comentários como: "já sabia sobre algumas questões, mas o encontro de hoje ampliou meus conhecimentos", "mudou a minha opinião sobre alguns conceitos que eu tinha". Nota-se por parte da equipe do projeto de extensão que as discussões realizadas no encontro foram profícuas com  a participação de todos os adolescentes presentes e total adesão nas atividades propostas. Considerações finais: Considera-se que foi importante a temática Gênero e Homossexualidade  ter partido do interesse dos adolescentes especialmente em momento de grande discussão políticas/partidárias/ideológicas  sobre a ideologia de gênero, seja no ambiente escolar, na mídia e na sociedade como um todo.  Lembrando que o tema é complexo e considerado ainda um tabu, dificultando a discussão entre adolescentes e sua família. Destaca-se ainda, segundo relatos de alguns adolescentes, que a atividade gerou  mudança de opinião e desconstrução de conceitos que possuíam, possibilitando um outro olhar sobre os temas abordados. Por fim, destaca-se que o grupo de metodologias ativas do projeto de extensão tem sido um importante instrumento para a elaboração das atividades desenvolvidas na escola pelo projeto, onde busca-se discutir e pesquisar os processos grupais e metodologias que promovam a autonomia dos adolescentes, compreendendo que esse processo de trabalho pode repercutir no ambiente escolar, familiar e social.

1829 FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE PARA PROMOÇÃO DA EQUIDADE
Dyana Helena Souza, Dais Gonçalves Rocha

FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE PARA PROMOÇÃO DA EQUIDADE

Autores: Dyana Helena Souza, Dais Gonçalves Rocha

APRESENTAÇÃO Após 17 anos de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) como marco legal das matrizes curriculares dos cursos de graduação da saúde, atualmente a maioria destas estão sob revisão no Brasil. Neste contexto, constitui um desafio identificar a convergência dos Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos (PPC) com as recomendações feitas pelas DCN. Os desafios se ampliam quando se considera a conjuntura política do cenário brasileiro de ameaça aos direitos conquistados com a implementação da austeridade fiscal e consequente desmonte da Seguridade Social, inclusive da garantia do ensino superior público com inclusão de grupos populacionais com mais barreiras de acesso.  Para enfrentar esta situação, destaca-se a importância de uma formação de profissionais pautada na promoção da equidade, impulsionando medidas para reduzir as iniquidades em saúde. Existem iniciativas no SUS que buscam minimizar as iniquidades em saúde, como as “Políticas Nacionais de Promoção da Equidade em Saúde”, com destaque para: Saúde Integral da População Negra (2009); Saúde Integral da População do Campo e da Floresta (2011); Saúde Integral da População LGBT (2011); Saúde da População em Situação de Rua e Saúde da População Cigana (2011). Tanto estas políticas públicas, quanto iniciativas em âmbito internacional defendem a relevância de se investir na formação em equidade, não apenas por uma demanda teórico-metodológica, mas também, por uma demanda política e de comprometimento com os direitos sociais. O presente estudo é oriundo de um Programa de Iniciação Científica (2016-2017) e em sua fase inicial identificou que a lente da equidade está presente nas DCN de alguns cursos e existem experiências internacionais que estão favorecendo a formação. Propõe-se aqui compartilhar os resultados de uma pesquisa sobre a implementação da lente da equidade nos cursos de graduação de uma universidade pública brasileira, a partir da análise de conteúdo dos PPC. DESENVOLVIMENTO Para analisar os PPC utilizou-se a Análise de Conteúdo como método. Na pré- análise foi feita uma aproximação do material e leitura flutuante; na exploração do material, os elementos foram codificados a partir das unidades de registro; e na última etapa foi feita a categorização, classificando os elementos segundo semelhanças e diferenças. Utilizou-se o modelo misto de categorização, definindo inicialmente as categorias com base nas Notas Conceituais do Comitê do Legado e da Relatoria (2016) da 22ª Conferência Mundial de Promoção da Saúde da União Internacional de Promoção e Educação em Saúde-UIPES, que contou com representantes de 70 países. Estas notas informaram os relatores sobre termos similares, conceitos e abordagens relacionadas ao conceito de equidade. A partir da leitura dos PPC foi possível agrupar as unidades de conteúdo nas categorias previamente fixadas. As categorias utilizadas com base nas Notas Conceituais do Comitê do Legado e da Relatoria da UIPES (2016) foram: a) conceito de equidade; b) abordagens de equidade, que significam as formas, e modos de atingi-la; c) agenda de equidade, referente às preocupações e, d) propostas para equidade, que são os próximos passos, incluindo estratégias para aplicar a lente da equidade no PPC. Foram analisados os PPC dos cursos de saúde coletiva, medicina, nutrição, enfermagem, odontologia e farmácia, de uma universidade pública brasileira, da região Centro-Oeste. RESULTADOS No curso de nutrição a lente da equidade apareceu em apenas uma categoria (Conceito de Equidade), associada a princípios éticos e de maneira genérica, considerando a influência sócio-cultural e econômica. Também na primeira categoria, foi possível identificá-la nos cursos de farmácia e odontologia. No curso de enfermagem ela está presente nas categorias “Conceito de equidade” e “Abordagens de equidade”.  Na primeira categoria relacionada com os determinantes sociais da saúde, à remoção de barreiras, aos valores éticos e ao contexto social; e na segunda categoria associada como um princípio do SUS. No curso de medicina e saúde coletiva houve presença de três categorias: conceito de equidade, abordagens de equidade e propostas para equidade. De maneira geral, quando a equidade é mencionada, ela é relacionada exclusivamente, ao sistema de saúde, e uma forma de atingi-la seria por meio da assistência à saúde e por meio de políticas públicas. No que se referem à formação, os PPC de todos os cursos fazem referência à sua inserção como valor ético e como valor humanístico, reconhecendo a importância dos determinantes sociais de saúde. Ficou explícita que os egressos dos cursos pesquisados devem conhecer a especificidade de indivíduos e grupos populacionais. No que se refere às propostas de como abordar a equidade, quatro cursos apontam que a formação em saúde deve ultrapassar os muros das universidades: farmácia, odontologia, medicina e saúde coletiva. A análise dos PPC apontou que a lente da equidade é mencionada quando há referência ao princípio do SUS (de forma abstrata) e como um valor ético, mas não há propostas de como a equidade deve ser ensinada como conteúdo transversal nas disciplinas que compõe a grade curricular dos cursos. Dessa forma, foi possível identificar que houve a preocupação de atender conceitualmente as exigências feitas pelo Ministério da Educação- MEC, mas não estão explícitas as formas do ensino da lente da equidade. A principal lacuna encontrada na análise dos PPC foi que em nenhum momento há registro de que a formação em saúde deve ocorrer junto aos movimentos sociais e populares.   CONSIDERAÇÕES FINAIS A maioria dos Cursos de Graduação em Saúde no Brasil está discutindo a revisão de das DCN e dos PPC, sendo necessário deslocar a temática da equidade da periferia para a centralidade do processo formativo dos futuros trabalhadores. A análise dos PPC foi necessária para identificar a lente da equidade na formação dos cursos. Ao debater os resultados com os Núcleos Docentes Estruturantes, espera-se contribuir para a sensibilização dos docentes, estudantes e trabalhadores da saúde para a necessidade de priorizar a equidade na reorientação da formação. Pensar a promoção da equidade no processo de formação envolve metodologias de aprendizagem que vão além da centralidade dos conteúdos biomédicos, incluindo conhecimentos como das ciências sociais e humanas, e também o conhecimento popular. Reconhecemos o desafio a ser enfrentado tendo em vista que o modelo tradicional de ensino-aprendizagem ainda persiste, mas reconhecemos também que os marcos legais amparam e fortalecem para que a promoção da equidade seja prioritária na formação dos profissionais em saúde. Este estudo apontou como a lente da equidade tem sido sinalizada nos PPC e recomenda uma maior defesa desta temática a partir da articulação ensino-serviço-comunidade.  

4017 SENTIDOS E SEXUALIDADE: DEBATE SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, SEXISMO E LGBTTIFOBIA
Manoella Carneiro, Fabiana de Jesus Nascimento, Pedro Henrique Luz de Oliveira, Hivison Nogueira da Silva, José Lânio Souza Santos, Noêmia Fernanda Santos Fernandes, Adriano Maia do Santos

SENTIDOS E SEXUALIDADE: DEBATE SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, SEXISMO E LGBTTIFOBIA

Autores: Manoella Carneiro, Fabiana de Jesus Nascimento, Pedro Henrique Luz de Oliveira, Hivison Nogueira da Silva, José Lânio Souza Santos, Noêmia Fernanda Santos Fernandes, Adriano Maia do Santos

Apresentação: Trata-se de relato de experiência sobre vivência no projeto “Enfrentamento da vulnerabilidade social de jovens em razão da orientação sexual e identidade de gênero: cidadania e direitos humanos”, apoiado pelo edital 15/2016, dentro do Programa Sankofa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O projeto de extensão, iniciado em junho de 2017, tem o objetivo de debater questões atuais sobre o enfrentamento à violência contra a mulher, ao sexismo e à LGBTTIfobia. Criou-se uma oficina, na qual pudessem ser discutidos tabus relacionados à sexualidade. Desenvolvimento do trabalho: realizou-se uma oficina “sentido e sexualidade” na UFBA, Campus Anísio Teixeira, em 13 de junho de 2017, para a segunda turma de mestrado em Saúde Coletiva. Uma sala foi ornamentada com imagens, objetos, vídeos, iluminação e sons que remetiam sentidos e significados sobre a sexualidade, na sequência foram trabalhados quatro textos sobre: “barebacking”; “sexualidade e pessoas com deficiência”; “travestis na Saúde da Família” e “homens e a não adesão aos serviços de saúde”. Os participantes foram vendados e conduzidas em pequenos grupos ao interior da sala e depois foram estimulados os sentidos por meio de toques, cheiros e sons. Como desdobramento, já sem vendas, os participantes visitavam os microespaços da sala e assistiam anúncios de violência por conta da diversidade sexual. Os grupos, em roda, eram questionados se já haviam sofrido algum tipo de violência e realizado um pequeno debate sobre a experiência. Impactos: A oficina proporcionou debates intensos e contribuiu no processo de rupturas de questões tabus para os mestrandos, pois foi observado que os mesmos ficaram surpresos com os temas trabalhados, além de participarem ativamente do debate. Possibilitou também, uma discussão singular sobre as invisibilidades, promovendo questionamentos enquanto sujeitos que vivenciam algumas das realidades abordadas (machismo, misognia, violência contra a mulher) ou profissionais que não saberiam lidar com certas situações consideradas tabus (pessoas trans, travestis etc.). Observou-se que a maioria dos participantes da oficina eram mulheres e todas haviam sofrido algum tipo de violência, cujas experiências, ainda, são compartilhadas e vivenciadas pela população feminina. Alguns dos relatos são citados a seguir: "um ex-namorado me agrediu porque estava bêbado e eu tinha descoberto uma traição dele, porém ele não assumia. Bateu minha cabeça na parede e me chutou as costas"; "violência é achar que pode mexer nas mulheres a qualquer momento. Chamar a mulher de gostosa, delícia e falar gracinhas e piadinhas; é um tipo de violência que acontece e já aconteceu não só comigo, mas com várias mulheres que conheço". Considerações finais: identificou-se a necessidade de criação de espaços que discutam o tema dentro e fora da universidade. A academia ainda reproduz modelos conservadores sobre a sexualidade e, por vezes, subtrai a capacidade criativa dos estudantes em conhecerem o corpo, além dos aspectos biológico e da medicalização. O empoderamento e o reconhecimento de um contexto de violência torna-se uma "arma" poderosa e necessária contra pré-conceitos, discriminações e violências que, muitas vezes, são perpetuadas, até que se quebre esse ciclo.