209: Formação profissional e produção de redes: quando a aprendizagem é dispositivo para o pensamento e as práticas
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 02 Sala 05 - Guariba    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
3111 Redes Candeal: desenvolvendo experiências de aprendizagem na perspectiva do cuidado em redes de saúde
GERFSON MOREIRA OLIVEIRA

Redes Candeal: desenvolvendo experiências de aprendizagem na perspectiva do cuidado em redes de saúde

Autores: GERFSON MOREIRA OLIVEIRA

O Redes Candeal surgiu em outubro de 2016 e consiste em um Projeto de Extensão da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, no qual estudantes de graduação dos cursos de fisioterapia, odontologia, educação física, medicina, psicologia, biomedicina e enfermagem atuam de forma multiprofissional na articulação das redes de saúde. Este projeto é um segmento do componente curricular Pratica Interprofissional em Saúde (PIS), incorporado há 11 anos ao currículo de Saúde Coletiva de todos os cursos da Instituição. A proposta do PIS é a atuação em campo, a parir da implantação e facilitação de grupos de educação em saúde e qualidade de vida nos diversos equipamentos/instituições distribuídos nos territórios de saúde de Salvador-Bahia, respectivamente nos distritos sanitários de Brotas e Cabula/Beiru. Já o projeto de extensão, tem como objetivo possibilitar aos alunos, que cursaram o componente curricular PIS, experiências de aprendizagem sob a perspectiva do cuidado em redes de saúde, uma vez que atuam como equipe matriciadora e apoiadora dos 20 grupos do PIS, localizados no distrito sanitário de Brotas. As diversas ações visam o aprimoramento das competências e habilidades voltadas à saúde coletiva, especialmente relacionadas a: trabalho em rede, intersetorialidade, escuta qualificada, prevenção de doenças e agravos, promoção da saúde, apoio matricial e gestão clínica do cuidado. O desenvolvimento do trabalho refere-se às experiências vivenciadas pelos discentes, com o intuito de descrevê-las neste contexto de atuação. Esta prática ocorre através da construção coletiva, em encontros semanais com os grupos de referência coordenados por professores da Saúde Coletiva, e das reuniões do Redes Candeal, nas quais são levantadas as demandas, as situações problema de cada grupo visitado e se há necessidade de uma intervenção mais próxima. Dessa forma, obtêm-se um trabalho que se molda conforme a necessidade do momento, com foco em resolutividade, compartilhamento de saberes, atuações singulares, atentas e flexíveis às necessidades de cada grupo. Ademais, realizam-se rodas de conversa sobre temáticas atuais do Sistema Único de Saúde, que dialoguem com a prática em campo e acrescentem um olhar mais aguçado para perceber demandas durante os encontros. Os resultados obtidos pelo Programa Redes Candeal, em um ano de atuação, voltam-se quanto à possibilidade de imersão dos discentes, como articuladores/ativadores da rede de saúde do Programa Candeal, nos cenários de ensino e aprendizagem interprofissional e o olhar diferenciado para a complexidade de territórios em torno do processo saúde-doença-cuidado. Além disso, destaca-se o efeito da experiência que é a aprendizagem quanto ao processo técnico-assistencial e técnico-pedagógico tão importante na atuação nos grupos e no âmbito profissional.

3811 A arte do encontro na formação em saúde e na produção de coletivos de conhecimentos: saberes e práticas compartilhados no caminho, na tessitura do cuidado.
Carla Pontes de Albuquerque

A arte do encontro na formação em saúde e na produção de coletivos de conhecimentos: saberes e práticas compartilhados no caminho, na tessitura do cuidado.

Autores: Carla Pontes de Albuquerque

Os territórios acadêmicos de formação em saúde, na sua maioria, são perpassados por culturas educacionais duras, com pouca permeabilidade para relações mais horizontais e criativas na construção do conhecimento. Em grande parte restrita a compêndios e normatizações, distanciada das diversidades de vida dos diferente grupos populacionais, a racinalidade biomédica vai aparando subjetividades e instrumentalizando pensamentos na perspectiva do trabalho de saúde vinculado ao mercado.Neste percuso árido e preponderantemente higienista, estudantes são expostos a experiências de mecanização do processo assistencial, sendo afetados por tensões e disputas em contextos políticos pouco inclusivos.A oportunidade de espaços nos quais seja possível refletir coletivamente sobre vivências formativas, onde emerjam narrativas diferenciadas que favoreçam trocas e proposições no sentido do cuidado, tanto nos processos de ensino e aprendizagem como na assistência; na gestão e na participação, é um dispositivo potente e de escape ao reducionismo educacional no campo da saúde.Nos últimos quatro anos, no Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), um coletivo vem se vitalizando com a participação de estudantes diferentes cursos de saúde, bolsistas e voluntários de projetos de ensino/monitoria, extensão, pesquisa, Educação pelo Trabalho em Saúde (PETGRADUASUS), dentre outros. O "Coletivo de Saúde Coletiva" (CSC) desenvolve várias atividades, entre elas uma roda de conversa semanal aberta à participação de interessados, na qual temáticas de saúde coletiva; políticas públicas; interdisciplinaridade; processo de trabalho na saúde; arte; ciências humanas e sociais, dentre outras são problematizadas a partir de vivências e leituras. Expressividades não tão usuais à área biomédica são também experienciadas como literatura, poesia, música, teatro, artes plásticas, expressão corporal, dança circular, dentre outras. Cada integrante alimenta um portfólio próprio ressignificando suas vivências, reunindo imagens; impressões; composições recortes, coletados e produzidos no seu itinerário cotidiano formativo. Também há produções expressivas realizadas coletivamente, como painéis; instalações e interferências em eventos acadêmicos que acontecem na UNIRIO e extra muros.Os projetos em andamento, com envolvimento dos integrantes do coletivo, problematizam o biopoder, sendo investigadas perspectivas mais interdisciplinares e intersetoriais no lidar com as singularidades e diversidades existentes nas situações pessoais e coletivas no processo saúde, doença e cuidado. O projeto de extensão "Educação Popular e Saúde: construção compartilhada para um cuidado criativo e inclusivo" desenvolveu ações junto ao Projeto "Ocupa Escola" das Secretarias Municipais de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, que visava uma maior participação das comunidades locais no cotidiano das escolas e a ativação de eventos culturais nessas no final de semana; esteve presente também nas ocupações das escolas estaduais do Rio de Janeiro, na luta por uma educação pública com qualidade, valorizando o protagonismo dos secudaristas nos espaços organizativos educacionais (2015); com o dispositivo das artes plásticas implementou oficinas para problematizar as políticas públicas nos territórios de moradia, com jovens frequentadores do Centro de Artes da Maré (2016). Atualmente a atua junto ao "Movimento de Crianças Sem Terrinha", tendo composto a organização do XX Encontro Estadual e facilitado neste a oficina "Territórios de vida, direitos, educação, saúde e afeto - onde moro" e integra o grupo de trabalho para formação de educadores locais nos acampamentos e assentamentos. O projeto de extensão "Produção de sentidos e diversidades expressivas na formação interativa e interdisciplinar na saúde" realizou interferências nos vários campos da universidade, instalando varais que foram tomados por registros dos transeuntes sobre os significados para si da universidade, expressos em imagens; versos; relatos; impressões; revelando polissemia e polifonia, convergências e divergências, sublinhando a potencialidade de um espaço universitário e o tanto de isolamento e fragmentação que o mesmo produz. O PETGRADUASUS vem consolidando encontros que versam sobre a formação interprofissional e mudanças curriculares para contemplar as diretrizes nacionais, há grupos atuando no campo da Vigilância em Saúde; Segurança Alimentar; Práticas Integrativas, Envelhecimento e Autonomia; Direitos LGBT; dentre outros. Os projetos de pesquisa na área de "Micropolítica do cuidado, do trabalho e da educação na saúde", cadastrado na linha "Cartografias da Educação Permanente em Saúde", vêm investigando processos cotidianos de formação nos cursos de Enfermagem; Medicina e Nutrição na UNIRIO, na integração com as redes de atenção e comunidades locais. O projeto de ensino "Territórios existenciais e cartografia de itinerários no cotidiano de vida na interface do cuidado e da saúde coletiva" acontece no primeiro período da graduação médica, produzindo cartografias dos locais de moradia dos estudantes, operando novos olhares e encontros nos trajetos cotidianos deles. Os participantes de cada projeto fazem incursôes frequentes nos demais, ampriando e fortalecendo o fazer coletivo.O CSC vem buscando interlocuções com outros coletivos na própria UNIRIO e com outras instituições acadêmicas e iniciativas da sociedade civil, na constante tessitura de redes de aprendizagem, intercâmbio de experiências e inteligência coletiva. Com a Faculdade de Educação, tem participado do Coletivo "Infâncias, Tradições Ancestrais e Cultura Ambiental", problematizando a qualidade de vida de crianças de diferentes grupos e regiões do país, atuando em conjunto no projeto vinculado às crianças sem terrinhas. Na lina interinstitucional de pesquisa em Micropolítica do Trabalho e do Cuidado em Saúde, participa do Coletivo "Sinais que vem da rua" e da rede de "Laboratórios de Sensibilidade".Ainda que a produção desse coletivo seja potente no campo do Cuidado e da Saúde Coletiva, há grandes desafios para uma maior integração com os demais eixos de formação nas graduações em saúde da UNIRIO. No caso da Medicina, há um longo percurso a ser trilhado na integração curricular, na diversificação de cenários de prática para além do hospital universitário, na capilarização de uma cultura mais interdisciplinar docente e na apropriação de metodologias educacionais participativas e abordagens avaliativas com enfoque mais formativo.Com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e as polítcias afirmativas de ingresso, ocorre uma mudança processual no perfil dos estudantes nas universidades federais, apontando, mesmo que ainda timidamente, para uma maior diversidade de procedência em relação ás regiões do país, classes e etnias. Esta riqueza cultural e a pluralidade de histórias de vida demandam que a própria universidade inove sua operacionalidade, no sentido do desenvolvimento permanente da comunidade universitária (gestores, administrativos, docentes e estudantes) na quebra de barreiras hierárquicas e corporativas e na invenção de processos de trabalho mais criativos.A ativação das universidades como territórios de encontros entre coletivos singulares de aprendizagem e trabalho, ensejando a circulação e a produção de conhecimento de forma mais inclusiva e cooperativa, certamente necessita enfrentar a lógica competitiva da globalização financeira. Neste devir coletivo de lutas e poesis, o cotidiano da formação em saúde se potencializa na ótica dos encontros. Constituir um coletivo horizontal, inclusivo e sensível que busca tecer redes é uma aprendizagem para o cuidado.

4362 QUE SENTIDOS PODEM SER DADOS AO ATO DE PENSAR O SUS NA FORMAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA?
Carlos Alberto Rodrigues Morrudo Filho, Izabella Barison Matos, Álvaro kniestedt

QUE SENTIDOS PODEM SER DADOS AO ATO DE PENSAR O SUS NA FORMAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA?

Autores: Carlos Alberto Rodrigues Morrudo Filho, Izabella Barison Matos, Álvaro kniestedt

Aproximar a formação na área da saúde à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) segue desafiador às mudanças curriculares no ensino superior. Ao que se refere à formação de futuros sanitaristas, o desafio é colocá-los diante das demandas surgidas no SUS, e, assim capacitá-los a enfrentar situações, às quais irão ao/de encontro aos princípios e diretrizes do maior sistema de saúde, do Brasil, o SUS. Este relato de experiência explana um estágio docente, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGCol), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; realizado numa turma do segundo semestre, do curso de saúde coletiva da mesma universidade mencionada neste parágrafo, cuja Unidade de Prática Pedagógica (UPP), estava intitulada como “Unidade de Políticas Públicas e Sistemas de Saúde II”. Nesta UPP, o estágio foi realizado em parceria com o professor titular, e sob orientação do PPGCol. Esta UPP tinha como súmula historicizar as práticas de políticas públicas de saúde em articulação com a organização das práticas profissionais, dos sistemas de atenção e do setor da saúde. O objetivo do estágio docente foi Proporcionar reflexões no(s) sentidos (s) dados pelos alunos, da saúde coletiva, ao ato de pensar o SUS. Para alcançar esse objetivo usou-se como método a cartografia, pela possibilidade em intervir na realidade. Como parte do planejamento da UPP oferecida pelo professor titular, a turma foi dividida em grupos, onde cada grupo apresentou Seminários referente ao texto, “O Sistema único de Saúde – SUS” do José Carvalho Noronha; Luciana Dias Lima e Cristiane Vieira Machado. A fim de aguçar a discussão sobre o SUS e sua relação com a formação de sanitarista, foi solicitado pelo estagiário que os grupos, já divididos, respondessem a seguinte questão: que perguntas eles tem feito, para si e para os outros sobre o SUS? Para responder a esta pergunta foi solicitado que cada grupo produzisse vídeo, com duração de, no máximo, cinco minutos. Em combinação com o professor titular, foi acertado um encontro para apresentação dos vídeos. Após a exibição das produções audiovisuais foi realizada uma roda de conversa para discutir tanto sobre a experiência em terem produzido o vídeo, como também, discutir sobre a temática principal, o Sistema Único de Saúde na formação em Saúde Coletiva. Como avaliação dos alunos em relação a experiência em pensar o SUS na formação de sanitaristas, foi solicitado que cada aluno (a) confeccionasse uma carta. narrando sobre as sensações, os desafios e as possibilidades da experiência vivida em responder uma questão sobre o SUS. Foram apresentados sete vídeos, cujas imagens abordadas foram: filas de espera nas unidades básicas de saúde, saúde do idoso, saúde do trabalhador e saúde da população negra. As cartas revelaram das possibilidades do (a) sanitarista não ter apenas respostas sobre o SUS, mas também elaborar perguntas, a fim de resssignificar o Sistema de Saúde Brasileiro. Essa experiência, de estágio docente permitiu refletir sobre as possibilidades de ensino, cuja lógica foi tornar os (as) alunos (as) protagonistas da própria aprendizagem

4951 FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA POLÍTICA NO CAMPO DA SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DE CONSTRUÇÃO DO NÚCLEO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO EM SAÚDE EM SALVADOR-BA
Rosana dos Santos Silva, KAIO MARCEL DE SOUZA HENRIQUES, GABRIEL LEAL RIBEIRO DOS SANTOS, FLÁVIA DOS SANTOS BARBOSA, LUANA PITANGA SUZART DA SILVA, BRUNA NASCIMENTO DOURADO, ISRAEL ALFREDO FAIM DOS REIS, VANESSA CRISTINA CONCEIÇÃO DIAS

FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA POLÍTICA NO CAMPO DA SAÚDE: A EXPERIÊNCIA DE CONSTRUÇÃO DO NÚCLEO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO EM SAÚDE EM SALVADOR-BA

Autores: Rosana dos Santos Silva, KAIO MARCEL DE SOUZA HENRIQUES, GABRIEL LEAL RIBEIRO DOS SANTOS, FLÁVIA DOS SANTOS BARBOSA, LUANA PITANGA SUZART DA SILVA, BRUNA NASCIMENTO DOURADO, ISRAEL ALFREDO FAIM DOS REIS, VANESSA CRISTINA CONCEIÇÃO DIAS

A formação de recursos humanos em saúde, alinhada aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta-se como um dos desafios postos à educação de profissionais deste campo no Brasil. Considerando a necessidade de enfrentamento deste desafio e a construção de espaços que fomentem a discussão para uma formação em psicologia política na saúde capaz de produzir um movimento contra hegemônico frente ao desmonte do SUS, foi criado o Núcleo de Estudos e Formação em Saúde (NEFES). O objetivo geral deste trabalho é discutir a formação em saúde a partir da experiência do Núcleo e seus objetivos específicos são: analisar as repercussões da participação no NEFES no processo de aprendizado das/dos estudantes sobre o SUS e na construção de um agir psicopolítico. Trata-se de um estudo descritivo acerca de um relato de experiência. Criado em 2015, por discentes e psicóloga-docente do curso de Psicologia de uma instituição de ensino superior em Salvador-BA, o NEFES tem como proposta contribuir na construção de uma atuação no campo da saúde coletiva, fundamentada nos objetivos do SUS e no compromisso ético-político com a consolidação deste sistema. Enquanto um espaço de formação incentiva o desenvolvimento de um exercício reflexivo, que aproxime os/as estudantes de uma discussão identitária sobre o seu lugar enquanto futuros(as) trabalhadoras(es) da saúde; a importância do protagonismo e controle social, bem como sobre o SUS, um sistema constituído pelo trabalho vivo, um espaço para se aprender, atuar e se comprometer. O projeto político-pedagógico do NEFES inclui a interseção entre saberes e fazeres, reconhecendo a potência da experiência para a construção compartilhada do conhecimento. As ações do NEFES são estruturadas a partir dos seguintes eixos: Discussão teórica; práticas em saúde; intervenções político-artísticas e conhecimento circulante (rodas de conversas com trabalhadoras(es) da saúde e membros das comunidades representantes de seus coletivos sociais). Os integrantes estão organizados em 5 Grupos de Trabalhos: Atenção Básica, Hospitalar, Saúde Mental, Gestão em Saúde e Controle Social, compostos a partir das áreas de interesse. A participação no NEFES permitiu uma formação mais atenta e sensível às necessidades de saúde da população, ao papel político de psicólogas diante dos problemas sociopolíticos e das iniquidades em saúde, viabilizando a construção de um saber-fazer atuante e engajado na consolidação do SUS, na produção de uma formação em psicologia atenta ao seu compromisso social.