21: O trabalho como paradoxo: saúde e doença no contexto do serviço
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: ICB Sala 01 - Boiúna    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1316 As tecnologias leves como potencializadoras no processo de trabalho de duas equipes do município de Timbó-SC.
Roseli Werner

As tecnologias leves como potencializadoras no processo de trabalho de duas equipes do município de Timbó-SC.

Autores: Roseli Werner

A Saúde da Família é a estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica (AB) no Brasil. O município de Timbó-SC conta com 10 Unidades de Saúde da Família (USF) e 12 Equipes de saúde da Família (ESF). Duas das 10 USF comportam em suas estruturas duas equipes de saúde da família por conta do número de pessoas adstritas em seus territórios. Os profissionais enfermeiros gerenciam as unidade de saúde da família, cujo papel é de mediador, de articulador. Espera-se que esses profissionais gerenciem dentro de uma perspectiva participativa, onde o objetivo é alcançado pelo esforço coletivo. Este manuscrito relata a experiência de duas equipes de saúde da família contidas numa mesma unidade de saúde, que conseguiram transformar seus processos de trabalho e consequentemente, os resultados em saúde através da comunicação efetiva, do espírito de solidariedade, da escuta qualificada e do objetivo em comum que é a saúde da população: situações tecnológicas consideradas leves por Merhy (2002). Estas equipes utilizaram da empatia, da escuta qualificada, da comunicação efetiva entre os profissionais para mudar o jeito de produzir cuidado e assim tornar o ambiente de trabalho mais agradável a todos e atender de maneira mais humanizada as necessidades do usuário. As duas equipes de saúde, por meio do fortalecimento de relações interpessoais conseguidos pela escuta qualificada, empatia, do “deixar-se afetar pelo outro”, uniram-se para cuidar dos dois territórios adstritos de maneira compartilhada. Portanto, os profissionais da equipe 1 apoiam os profissionais da equipe 2 nos cuidados que forem necessários e vice-versa, fazendo com que as duas equipes tornem-se uma só. As reuniões de equipe, os grupos de educação em saúde são realizados em conjunto. São realizadas consultas compartilhadas com profissionais de uma e outra equipe, matriciamentos, construção de projetos terapêuticos singulares. Há uma troca de saberes significantes entre profissionais e entre profissionais e usuários, possibilitando um olhar mais ampliado sobre o usuário, melhor entendimento do contexto em que vive. A produção de dados é feita diariamente, no ambiente da USF. Observa-se no cotidiano a satisfação dos usuários através de relatos verbais voluntários, no que se refere ao acolhimento, resolução de suas necessidades. Outro fato é que todos os profissionais da UBS tornaram-se referência para os usuários, além da figura do médico, iniciando um movimento de quebra da hegemonia médica. Hoje tem-se uma equipe mais unida e motivada para trabalhar, a resolução de conflitos é feita dentro da própria equipe. Observa-se diminuição considerável de encaminhamentos desnecessários a outros pontos da rede. Os usuários estão satisfeitos e confiam no trabalho de cada profissional da equipe, diminuindo os encaminhamentos ao profissional médico. Através da perspectiva participativa de gerenciar, de diálogos cheios de empatia, tem-se um ambiente de trabalho favorável para os profissionais, o que permite formas mais criativas de resolução de problemas. No trabalho em saúde cada encontro é uma oportunidade de transformação de si e do outro. Essas duas equipes aproveitam a oportunidade do encontro para transformar seus processos de trabalho e assim, o cuidado ao usuário.  

2930 Assédio moral e sofrimento no trabalho de professores universitários em Manaus.
Keila Silva

Assédio moral e sofrimento no trabalho de professores universitários em Manaus.

Autores: Keila Silva

O objetivo desta pesquisa foi compreender a configuração do assédio moral e suas implicações no trabalho dos professores de uma instituição pública de ensino superior de Manaus. O estudo baseou-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Psicodinâmica do Trabalho Dejouriana, que se caracteriza como pesquisa qualitativa. O método utilizado foi a Clínica do Trabalho e da ação, que propicia um espaço de fala e escuta das vivências de prazer e sofrimento no trabalho. Foram realizadas treze sessões coletivas com os trabalhadores, sendo uma devolutiva. Os resultados da Clínica do Trabalho com os professores universitários sugerem não somente a relação entre o assédio moral e vivências de sofrimento no trabalho, como também o adoecimento dos professores pesquisados em decorrência da violência cotidiana a eles dirigida. Nas primeiras sessões da clínica predominavam falas sobre o sofrimento de terem que lidar com superiores hierárquicos autoritários que tentavam atingi-los, buscando desqualificá-los profissionalmente, marginalizá-los e humilhá-los, restringindo-lhes a autonomia ou dificultando-lhes o andamento de projetos. Apontavam um ambiente de trabalho patogênico, gerador de intenso sofrimento psíquico e de danos à saúde física e mental, resultando no adoecimento de servidores e no afastamento do trabalho por longos períodos. Mostravam a relação entre os pares marcada pelo individualismo exacerbado, pela competição e pela falta de cooperação. Relatavam o sentimento de solidão decorrente do assédio moral, a discriminação de gênero e o machismo nas relações de trabalho, a vulnerabilidade ante o assédio por serem migrantes, a meritocracia pautada pelo produtivismo acadêmico, o ensino compartimentalizado. Falaram de uma Gestão desprovida de uma política institucional voltada para o coletivo, com características coronelistas, que privilegiava grupos, que negava o assédio moral, o sofrimento e o adoecimento no trabalho. No decorrer da clínica, houve a transposição da fala sobre o sofrimento pela perlaboração deste. Ao longo das sessões, o grupo passa a discutir o assédio moral no contexto das relações de trabalho. E passa a falar sobre o prazer de trabalhar advindo da relação com os alunos e da produção cientifica, e a realizar um movimento dirigido à criação coletiva de estratégias de enfrentamento desse problema no ambiente de trabalho. Diante disso, pode-se inferir que a clinica atingiu os objetivos desejados.

3987 CONDIÇÕES DE TRABALHO E O RISCO DE ADOECIMENTO NO CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO DE UM HOSPITAL GERAL PÚBLICO
VALÉRIA MOREIRA, JANNE CAVALCANTE MONTEIRO

CONDIÇÕES DE TRABALHO E O RISCO DE ADOECIMENTO NO CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO DE UM HOSPITAL GERAL PÚBLICO

Autores: VALÉRIA MOREIRA, JANNE CAVALCANTE MONTEIRO

Este trabalho é fruto de pesquisa de uma dissertação de mestrado em andamento e aborda sobre Saúde do Trabalhador no Centro de Material e Esterilização (CME) de um hospital geral público, em Porto Velho–RO. Objetiva analisar as condições de trabalho que podem influenciar no adoecimento dos trabalhadores, o processo de trabalho no CME, identificando-se os riscos ergonômicos, psicossociais a que estão expostos os trabalhadores e a correlação desses riscos e comportamentos de agravos à saúde. Este estudo descritivo, do tipo transversal e abordagem quanti-qualitativa, utilizou a metodologia Análise Ergonômica do Trabalho (AET), a qual parte-se da decomposição da situação de trabalho, com estudo minucioso das interfaces que compõem o trabalho para assim, compreender esta situação através da recomposição da mesma. Como método de estudo, a AET compreende não somente as dimensões do ambiente de trabalho, mas também considera os aspectos do agir do trabalhador que impactam nos resultados da produção e está dividida em três fases a, saber: Análise da Demanda, Análise da Tarefa e Análise da Atividade. O trabalho está fundamentado nos preceitos éticos da Resolução 466, de 12/2012, do Conselho Nacional de Saúde, que trata das Diretrizes e Normas de Pesquisa envolvendo Seres Humanos, e foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Rondônia, aprovado pelo parecer nº 1.849.750. Para coleta de dados utilizou-se parte da versão média portuguesa do instrumento Copenhagem Psychosocial Questionnaire (COPSOQ) validado por Kristensen e Borg com a colaboração do Danish National Institute for Occupational Health in Copenhagen, ou seja, um conjunto de 26 itens que permitiu a identificação de fatores psicossociais que foram agrupados em quatro dimensões: Exigências Físicas e Psicológicas: apresentou alto risco psicossocial para as exigências quantitativas e ritmo de trabalho e médio risco psicossocial para exigências emocionais e cognitivas; Apoio Social: comunidade social no trabalho, identificado alto risco psicossocial e médio risco para suporte dos colegas e superiores; Satisfação no trabalho: significado do trabalho e insegurança laboral, com médio risco psicossocial e quanto a variável Saúde Física Geral, 35,9%, consideraram a saúde boa, 30,7% razoável, 23%, muito boa , 7,69% excelente e 2,56%,  deficiente. Foi utilizado também o Diagrama de Corlett e Manenica, que possibilitou avaliar o desconforto/dor musculoesquelético por meio de mapa dos segmentos corporais. Dos 39 trabalhadores participantes, 69% relataram queixas álgicas nos ombros, 66% coluna cervical, 64% nos pés, 61% respectivamente nas regiões da coluna superior, braços e pernas, 56% coluna média, 54% pescoço, punhos/mãos, coxas e joelhos, 51,2% tornozelos, 49% coluna inferior e 38% quadril. Foi utilizada a técnica de observação sistemática das atividades de trabalho, por meio de máquina fotográfica digital. Foram registradas as posturas assumidas pelos trabalhadores (após assinatura do termo de autorização de uso de imagem) a fim de mostrar as exigências físicas e os constrangimentos posturais que as atividades impunham sobre os trabalhadores. As manobras realizadas, exploração visual, manuseio de equipamentos, comunicação, pausas efetuadas e deslocamentos foram registrados no diário de campo objetivando fundamentar à análise da atividade. A aferição dos riscos físico-ambientais (ruídos, iluminação, temperatura) dos postos de trabalho do CME foi medida pelos equipamentos: termômetro de globo, luxímetro e decíbelimetro, durante visita técnica realizada em parceria com o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) do hospital. As principais fontes de ruídos encontrados no estudo, foram as autoclaves (79,2 dB), exaustores na sala de esterilização química (84 dB), gás medicinal ar comprimido na sala de limpeza e secagem dos artigos odonto-médico-hospitalares (87 dB); no que tange aos valores de temperatura ambiental, constatou-se valores que estavam acima dos limites aceitáveis conforme preconizado pela NR 17. A sala de atividades administrativas apresentou temperatura de 28°C; sala de esterilização química, 29°C; sala de distribuição de materiais esterilizados/recebimento de roupas da lavanderia para preparo e esterilização, 27°C; sala de armazenamento dos artigos odonto-médico-hospitalares, 27°C e sala de recepção e conferência dos artigos do Centro Cirúrgico, 28ºC e referente à iluminância, o estudo mostrou respectivamente na sala de preparo dos artigos odonto-médico-hospitalares (27,2 lux), sala administrativa (18,9 lux), sala de armazenamento (21 lux), sala de esterilização química (59,8 lux) e sala de recepção (49 lux), demostrando inadequação no ambiente de trabalho, conforme a ABNT NBR ISO/CIE 8995/2013. Quanto ao perfil sociodemográfico e ocupacional, a idade média dos trabalhadores que trabalhavam no CME foi de 47,3 anos (dp=±9,68; IC [7,91;12,48]), sendo o mínimo de 28 anos e máximo de 65 anos. Em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), a média foi de 27,9 kg/m2 (dp=±5,51; IC [4,50;7,10]), sendo o mínimo de 18,7 kg/m2 e máximo de 46,3 kg/m2. Além disso, a maioria era do sexo feminino (79,5%), (74,4%) auxiliar/técnico de enfermagem, de 5 a 9 anos no serviço (35,9%), com tempo médio na função de 17 anos (dp=±11,11; IC [9,08;14,32]), sendo o mínimo de 6 meses e máximo de 38 anos. Na variável não desempenhou outra função neste serviço, apresentou (84,6%), no que concerne à jornada de trabalho, (82,1%) são plantonista, com carga horária ≤ 40 horas (94,9%), (64,1%) não possuía mais de um vínculo empregatício, (43,6%) com período de pausa a noite, com duração ≤ 30 minutos (66,7%), (56,4%) não praticavam exercícios físicos, (74,4%) nunca fumaram e (64,1%) possuíam renda familiar de 0 a 4 salários mínimos. Em respeito à percepção dos trabalhadores quanto aos riscos ergonômicos no ambiente de trabalho, o físico foi de 69,2%, que correspondem aos relatos de queimaduras nos membros superiores durante o manuseio das autoclaves, ruídos oriundos das autoclaves, uso dos exaustores e do gás medicinal ar comprimido, esforço físico durante o manuseio de caixas cirúrgicas; riscos organizacionais (28,2%), que incluem tarefas manuais e repetitivas, cumprimento simultâneo de várias tarefas, iluminação deficiente de alguns postos de trabalho; e riscos cognitivos (2,6%), referente à complexidade dos processos de esterilização e necessidade de treinamento em serviço. Diante do exposto, serão propostas recomendações de melhoria em conjunto com o Núcleo de Educação Permanente (NEP), SESMT e Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), pois ações interinstitucionais asseguram a continuidade do cuidado ao trabalhador, contribuindo dessa forma para minimizar situações de risco de adoecimento, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. 

2178 EM QUE CONDIÇÕES TRABALHAM AS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO PARÁ?
Eric Campos Alvarenga, Paulo de Tarso Ribeiro De Oliveira, Helder Henrique Costa Pinheiro, Vânia Cristina Campelo Barroso Carneiro

EM QUE CONDIÇÕES TRABALHAM AS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO PARÁ?

Autores: Eric Campos Alvarenga, Paulo de Tarso Ribeiro De Oliveira, Helder Henrique Costa Pinheiro, Vânia Cristina Campelo Barroso Carneiro

O objetivo desta pesquisa foi realizar uma análise das condições de trabalho das equipes de saúde da Família do estado do Pará com base nos dados do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. Desta forma, serão apresentadas uma caracterização do perfil profissional das trabalhadoras e dos trabalhadores das equipes, a quantidade de profissionais em cada equipe e de aspectos pontuais da estrutura das unidades de saúde em que atuam. Tem sido verificado na literatura especializada que boa parte dos profissionais que atuam em Equipes de Saúde da Família são recém-formados. Isso aponta para uma área da saúde que predomina a presença de trabalhadores com pouca experiência na Atenção Básica.  É grande a presença de contratos precários de trabalho. Como a forma de contratação em muitos municípios é feita sem oferecer estabilidade, sem um processo seletivo transparente ou mesmo concurso público, há uma busca por outros empregos como forma de complementar o salário. A falta de infraestrutura adequada também tem se mostrado um problema recorrente. Os trabalhadores e trabalhadoras costumam se queixar da localização das unidades, da estrutura física, da falta de recursos para a manutenção da mesma, da falta de insumos e instrumentais para o desenvolvimento das atividades. Da mesma forma, a grande demanda por atendimento nas unidades é um fator comum. Há um excessivo número de famílias acompanhadas pelas equipes. Isto é um entrave para o desenvolvimento do cuidado em saúde.  Exacerbados de trabalho devido à imensa procura de usuários, os profissionais acabam não conseguindo realizar um cuidado integral. Sendo assim, seu trabalho envolverá quase que predominantemente um cuidado quando aparece a doença, tropeçando nestas barreiras quando é preciso atuar forma preventiva. Ademais, percebeu-se a precariedade dos serviços de referência e contra referência com os demais níveis de atenção à saúde. Há falhas no serviço de referência e inclusive ausência de contra referência, ou seja, o usuário nem sempre consegue ser encaminhado para outros níveis de atenção e, quando consegue, fica sem o acompanhamento das Equipes de Saúde da Família devido a falhas na comunicação e também pela alta demanda de atendimentos que acaba dificultando este cuidado mais atento. Perde-se então a coordenação e a continuidade do cuidado. Esta é uma pesquisa quantitativa descritiva que fez uso de informações do banco de dados do 2º ciclo (2013-2014) do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ). Foram avaliadas 776 equipes do estado do Pará contidas neste banco, 59% do número de equipes existentes no estado. Foram selecionados os registros que se referem às condições de trabalho destas equipes, tais como: os agentes contratantes dos profissionais da equipe, tipo de vínculo, a quantidade de cada profissional na unidade de saúde e a presença de determinados ambientes na unidade (banheiro para funcionários e usuários, sala de espera e sala de recepção, sala de acolhimento, sala de vacina etc.).Depois de selecionadas as informações, cada um destes registros foi transferido para o software IBM SPSS Statistics 20. Nele, realizou-se uma Estatística Descritiva com o cálculo das frequências absolutas e relativas destes valores. Boa parte dos profissionais das equipes de saúde da família analisadas estão há pouco tempo (2,2 anos) atuando neste modelo de cuidado, sendo, portanto, trabalhadores com pouca experiência neste tipo de trabalho. Isto se assemelha ao observado na literatura. A maioria dos contratos de trabalho são temporários (65,4%) e a maior forma de seleção dos trabalhadores é por meio de indicação (36,7%). O Ministério da Saúde apresenta em suas políticas o posicionamento de que a única maneira legal de não reforçar a precarização do trabalho no SUS é o concurso público e o processo seletivo público. Tanto o Ministério da Saúde quanto os conselhos citados concordam que a precariedade do trabalho envolve a instabilidade dos contratos, principalmente o temporário, que é apontado como o problema central. Há uma quantidade suficiente de profissionais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem exigida pela Política Nacional de Atenção Básica nas equipes avaliadas por este estudo. Há também um número de quase nove agentes comunitários de saúde para cada equipe, algo próximo do máximo estabelecido pela política.  Esta discussão sobre a suficiência de profissionais na ativa deve passar também pela quantidade de pessoas atendidas pelas equipes e também por uma avaliação epidemiológica, verificando as necessidades de saúde em cada localidade para analisar a composição ideal das equipes que atenderá a população. Ao olhar a composição de diferentes profissionais na equipe ampliada deste recorte feito no estado do Pará, vemos que o médico especialista (0,7) e o nutricionista (0,6) são os que estão em maior número. Apesar disso, não em número suficiente para termos pelo menos um por equipe. Distintas profissões como psicólogos, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, educadores físicos, assistentes sociais, fisioterapeutas e outros, aparecem em menor número. Isso aponta uma possível necessidade de aumentar a oferta destes diferentes profissionais nas equipes ampliadas, a fim de que possam contribuir com seus saberes na complexa tarefa que é o cuidado em saúde na Atenção Básica. Temos aqui 86,1% das equipes pesquisadas dizendo que recebem apoio de outros profissionais para auxiliar em casos complexos, incluindo aí alguns pontos da rede como Vigilância em Saúde, Especialistas, Centro de Atenção Psicossocial e os Núcleos de Apoio a Saúde da Família. As unidades de saúde aqui pesquisadas têm em sua quase totalidade sala de recepção e espera (94,5%), sala de vacina (89,2%), sanitário para a população atendida (95,3%) e para os trabalhadores (78,9%). No entanto, poucas unidades possuem veículos para atividades fora (32,8%), sala para acolhimento multiprofissional (30,9%), banheiro mais acessível para pessoas com deficiência (26%), ao menos um computador em situação de uso e com internet (45,9%), entre outras coisas. Está estabelecido na Política Nacional de Atenção Básica que cada Unidade Básica de Saúde deve oferecer uma estrutura mínima para o trabalho. Para que este possa ocorrer com mais qualidade, os equipamentos e materiais usados pelos profissionais devem estar disponíveis de acordo com a ação que está sendo realizada na equipe, assim, firmando que os trabalhadores da saúde tenham ferramentas suficientes para solucionar os problemas de saúde da população atendida. Por meio do presente estudo foi possível identificar as condições que as equipes de saúde da família do estado do Pará têm para trabalhar. Esta pesquisa pode contribuir para a gestão do trabalho na atenção básica, na medida em que levanta pontos que podem ser aprimorados pelos gestores. A melhoria das condições de trabalho das equipes é fundamental para sustentar a saúde destes trabalhadores. Ela pode reduzir adoecimentos e acidentes no trabalho. Assim como aumentar a resolutividade do cuidado oferecido pela equipe. Futuras pesquisas podem aprofundar-se em metodologias qualitativas para investigar o que estes trabalhadores têm a dizer sobre seu trabalho. Não apenas em relação às condições, mas também a sua organização, abordando aspectos subjetivos do trabalho na Atenção Básica.

1782 Ensaio sobre Saúde do Trabalhador: primeiras aproximações sobre a realidade do Distrito de Saúde Sul - SEMSA Manaus/AM
ROSIMARY DE SOUZA LOURENÇO, LUCIANA DIEDERICH NUNES PESSOA, TATIANA CASTRO DA COSTA

Ensaio sobre Saúde do Trabalhador: primeiras aproximações sobre a realidade do Distrito de Saúde Sul - SEMSA Manaus/AM

Autores: ROSIMARY DE SOUZA LOURENÇO, LUCIANA DIEDERICH NUNES PESSOA, TATIANA CASTRO DA COSTA

Apresentação: Este trabalho pretende realizar uma reflexão acerca da saúde dos servidores lotados no Distrito de Saúde Sul, quanto à relação do trabalho com a saúde. A motivação advém do cotidiano institucional vivenciado pelas autoras, em que foram observadas situações que carecem de atenção quanto à saúde do trabalhador. Objetiva-se realizar um levantamento dos servidores e dos afastamentos por licença médica. Compreender qual a repercussão do trabalho no corpo do trabalhador, mais do que necessário, torna-se um desafio com vistas a implementar ações de vigilância e intervenções nos processos de trabalho, em um cenário em que tradicionalmente as ações de Saúde do Trabalhador não têm se voltado para os servidores públicos.   Desenvolvimento do trabalho: O Distrito de Saúde Sul da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus foi instituído em 2005, seu território abrange as zonas sul e centro-sul da área urbana de Manaus. Dispõe de 01 Sede Administrativa e 71 Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, sendo: 02 Policlínicas, 15 Unidades Básicas de Saúde, 49 Unidades Básicas de Saúde da Família, 01 Centro Especializado em Odontologia, 01 Laboratório Distrital, 01 Laboratório de Citopatologia, 01 Centro de Atenção Psicossocial tipo III e 01 Centro de Atenção Psicossocial AD tipo III. A metodologia adotada se constituiu de observações das autoras a partir das ações técnico-administrativas, análise de dados institucionais sobre servidores e afastamentos por licença médica, no período de janeiro a setembro de 2017. O trabalho enquanto categoria estruturante da subjetividade e da sociabilidade humana, é um direito social, fundamental para a produção e reprodução social, portanto um direito humano. Enquanto atividade mediadora entre o homem e a natureza, o trabalho assume uma dupla transformação, na medida em que o homem ao modificar a natureza pelo trabalho modifica a si próprio. As implicações para a saúde relacionam-se à forma de inserção do homem no mundo do trabalho num dado momento histórico, sendo um importante determinante no processo saúde-doença. O trabalho no setor de serviços é essencialmente atividade humana, é trabalho em processo, caracterizado pela simultaneidade de ações, pela interatividade entre o prestador e o consumidor dos serviços e pela intangibilidade de seus resultados. Nessa relação de proximidade são estabelecidos vínculos, ainda que involuntários, potencializando a responsabilização ao trabalhador dessa interação e da prestação de serviços, independentemente das condições de trabalho. Dessa forma, o trabalho pode ser benéfico e também o desencadeador de sofrimento e adoecimentos. No setor público, os serviços são marcados pelo trabalho imaterial, majoritariamente baseados no cuidado e na atenção, em cuja relação o servidor público é o interlocutor do Estado, posição esta a qual são atribuídas responsabilidades que extrapolam sua competência. O trabalho em saúde é essencialmente humano, pois o seu objeto é a saúde das pessoas e a produção do cuidado em saúde é o resultado de um trabalho coletivo. A exposição do trabalhador a condições de trabalho inadequadas, consideradas fontes de adoecimento físico e ou mental requer estratégias visando à proteção da saúde do trabalhador, que no caso do servidor público observa-se uma lacuna. A Saúde do Trabalhador, por meio da produção de conhecimento científico, da utilização de tecnologias e práticas de saúde, visa à promoção da saúde e a prevenção de doenças ocupacionais ou relacionadas com o trabalho. A partir da Constituição Federal de 1988 a Saúde do Trabalhador passa a ser concebida enquanto Política Pública, sendo atribuição dos Ministérios da Saúde, Previdência Social e do Trabalho, sendo a Política Nacional do Trabalhador(a) instituída pela Portaria Nº 1.823/2012 do Ministério da Saúde linhada ao SUS. A Epidemiologia tem papel importante ao se ocupar dos fenômenos da saúde-doença-cuidado, apresenta-se como fonte de dados, informação e conhecimento para subsidiar o planejamento, gestão e avaliação de políticas, programas e ações de proteção, promoção ou recuperação da saúde. Busca reconhecer as causas que influenciam o padrão de distribuição de doenças e dos agravos à saúde, assim como de seus determinantes.   Resultados e/ou impactos: As mudanças no mundo trabalho têm repercutido em todas as esferas da sociedade, especialmente nas condições de trabalho e certamente nas condições de saúde.  Os dados levantados demonstraram que o Distrito de Saúde Sul possui um quadro de Recursos Humanos de 1909 servidores ativos, correspondendo a 17% do total de 111.119 servidores da Semsa. O perfil apresentado foi: servidores mulheres (75%); com idade na faixa etária de 36 a 50 anos (46%) e com tempo de serviço no Disa Sul de 11 a 20 anos (44%). Quanto aos afastamentos por problemas relacionados à saúde, constatou-se que no período de janeiro a setembro de 2017, foram afastados 353 servidores (18%). Desses, 193 com apenas um período de licença médica e 159 com pelo menos dois períodos de licença médica. O total de afastamentos do trabalho, acima de 03 dias, no período foi de 690 licenças médicas avaliadas pela junta médica oficial do município.  Os três tipos de doenças mais frequentes foram respectivamente: doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo - 149 (21,59%); transtornos mentais e comportamentais –70 (10,1%) e Neoplasias – 11 (1,59%), conforme CID-10 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. As seis categorias profissionais que mais se afastaram por problemas de saúde foram respectivamente: Agentes Comunitários de Saúde –155 (22%), Técnicos de Enfermagem –127 (18%), Médicos –79 (11%), Cirurgiões-dentistas – 45 (6,5%), Enfermeiros – 44 (6,3%) e Auxiliares de Enfermagem – 39 (5,6%). A partir desses dados, inferimos que os serviços de saúde, enquanto campo sócio ocupacional apresentam peculiaridades que podem potencializar processos de adoecimentos, a exemplo do objeto da atividade laborativa, o cuidado em saúde e o caráter relacional da proximidade do trabalhador com o usuário dos serviços, a interatividade estabelecida entre ambos. A ações de saúde do trabalhador, voltadas para o cuidado integral – atenção, vigilância e promoção da saúde - caracterizam-se pela natureza interventiva nos processos de trabalho e em situações desfavoráveis que possam desencadear processos de adoecimentos, devendo ser contínuas e sistemáticas e realizar-se transversal e intersetorialmente.  A Saúde do Trabalhador se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, visando a recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.   Considerações finais. Estes estudos iniciais são frutos das inquietações das autoras que vêem a categoria trabalho como determinante no processo saúde-doença. Percebe-se que as ações voltadas à saúde do servidor público, apresentam-se com significativo grau de vulnerabilidade e não se configuram como ações próprias de política pública, ficando sua efetividade dependente de gestores e governos, embora a Politica Nacional de Saúde do Trabalhador preveja que todos os trabalhadores, independentemente, de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo empregatício, público ou privado, são sujeitos desta Política. São muitas as dificuldades e os desafios postos para a Saúde do Trabalhador no âmbito do serviço público, a exemplo dos registros sobre doenças relacionadas ao trabalho. Os dados levantados sinalizam para a necessidade de ações efetivas relacionadas à saúde do trabalhador, entre as quais a realização de estudos, no intuito de compreender e intervir na relação trabalho-doença e, principalmente contribuir para a melhoria das condições de trabalho e de saúde dos servidores. 

3215 FATORES QUE DESENCADEIAM O ESTRESSE OCUPACIONAL EM ENFERMEIROS DO SETOR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM SANTARÉM- PARÁ
Ana Dirce

FATORES QUE DESENCADEIAM O ESTRESSE OCUPACIONAL EM ENFERMEIROS DO SETOR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM SANTARÉM- PARÁ

Autores: Ana Dirce

O estresse ocupacional é provocado por fatores relacionados ao trabalho e é considerado uma das principais patologias que acomete os profissionais de enfermagem, o qual pode levar a ocorrência de doenças psicossomáticas e até a morte. As atividades de enfermagem realizadas na urgência e emergência são consideradas as mais estressantes do exercício profissional. Para atuar nesse setor os enfermeiros necessitam serem capazes de tomar decisões dentro de um pequeno espaço de tempo, atentando para as prioridades que precisam ser assistidas, analisando o paciente de forma competente, portanto, locais como esse, exigem rapidez e objetividade dos profissionais, pois o cliente em estado grave não pode aguardar longo tempo de espera por tomadas de decisões. O objetivo dessa pesquisa é avaliar os fatores que desencadeiam o estresse ocupacional nos enfermeiros do setor de urgência e emergência em um hospital municipal em Santarém. Esse trabalho fundamentou-se em uma pesquisa quantitativa com a realização de um levantamento de dados através de um questionário fechado, além do preenchimento anônimo dos dados sociodemográficos e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (466/12). O estudo foi realizado no período de Dezembro de 2016. O público alvo consistiu em 10 enfermeiros que trabalham no setor de urgência e emergência desse hospital, na faixa etária de 24 a 43 anos, sendo 8 mulheres e 2 homens. A coleta de dados se deu através das informações adquiridas pelo questionário e organizadas no programa Microsoft Office Excel 2010. Portanto, quando responderam ao questionário sobre a frase “O excessivo número de pacientes me causa estresse no local de trabalho”, 90% dos entrevistados responderam que “sim”. Quando perguntaram Sobre a frase “Se não disponho de recursos e instalações apropriadas para cumprir com as minhas responsabilidades profissionais fico estressada (o)”, 80% dos entrevistados afirmaram que sim. A respeito da pergunta “As atividades que são repetitivas e rotineiras no trabalho me causam estresse”, 80% dos entrevistados disseram que sim. Quando questionados “Sinto tensão e estresse ao lidar com o sofrimento e morte no ambiente de trabalho”, 50% afirmaram que sim, entendeu-se que os principais fatores que podem gerar estresse para o enfermeiro no setor de urgência e emergência do hospital em questão são: a superlotação de paciente para uma quantidade reduzida de profissionais, a falta de recursos e materiais necessários para prestação dos serviços, a ação de atividades repetitivas e rotineiras e por último a tensão em lidar com o sofrimento e a morte das pessoas. Diante disso, podemos entender que o estresse ocupacional tem causas multifatoriais, e se torna uma doença de grande importância por isso precisa ser prevenida e se necessário tratada com os psicólogos que são profissionais capacitados para atuar nesses casos, sendo assim, é necessário não somente cuidar dos pacientes, mas também cuidar dos trabalhadores que prestam serviços a esses pacientes, pois a saúde do trabalhador também influência na qualidade do serviço a ser prestado ao cliente.  

953 Implantação do NATT: Núcleo de Acolhimento ao Trabalhador e Trabalhadora da Secretaria Municipal de Saúde de Breves – PA
MARIELE BORGES DO NASCIMENTO

Implantação do NATT: Núcleo de Acolhimento ao Trabalhador e Trabalhadora da Secretaria Municipal de Saúde de Breves – PA

Autores: MARIELE BORGES DO NASCIMENTO

O trabalho ora apresentado propõem implantar serviços de saúde para atender aqueles que cuidam de quem está doente, os trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Desse modo, objetiva-se apresentar um projeto de intervenção voltado para atender as demandas básicas de saúde dos trabalhadores e trabalhadoras da Secretaria Municipal de Saúde de Breves-PA (SEMSA), a fim de diminuir problemas de saúde físico e mental dos mesmos. A Implantação do NATT, dar - se - á em 06 (seis) etapas, a considerar: A)1º Etapa – Apresentação do projeto para gestão; B)2º Etapa – Apresentação do projeto no CMS; C) 3º Etapa – Escolha da comissão responsável pelo projeto; D) 4º Etapa – Escolha e preparação da equipe; E)5º Etapa - Divulgação do projeto; e F)6º Etapa – Implementação do projeto. É um projeto que surge com uma proposta de intervenção viável e de custo financeiro quase zero, pois utilizará estruturas físicas, materiais e humanas já existentes na SEMSA de Breves – PA. Trata-se de um projeto que garantirá acompanhamento médico e psicossocial integral e qualificado a todos os trabalhadores e trabalhadoras da SEMSA de Breves, a fim de promover a prevenção de doenças evitáveis e tratamento e, assim, diminuir o número de trabalhadores e trabalhadoras doentes e as consequências que tal situação ocasiona para todos. A implantação do NATT na SEMSA traz uma proposta de implementar dentro da SEMSA a política de valorização da saúde do trabalhador, bem como, estruturar a rede de serviços para o desenvolvimento integral da saúde do trabalhador e trabalhadora. Com ênfase na promoção, prevenção e proteção da saúde e redução de doenças evitáveis. Esse novo serviço trará considerável avanços para toda população, pois o trabalhador e trabalhadora com bom estado de saúde estará no seu posto de trabalho diariamente e prestará um bom atendimento a todos que necessitam dos serviços de saúde municipal.  

1213 MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES À ATIVIDADE GERENCIAL DO ENFERMEIRO
Guilherme Mocelin, Analídia Rodolpho Petry, Vera Elenei da Costa Somavilla, Cassia Fernanda Bauermann, Francieli Ester Müller, Luis Carlos Pereira Soares

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES À ATIVIDADE GERENCIAL DO ENFERMEIRO

Autores: Guilherme Mocelin, Analídia Rodolpho Petry, Vera Elenei da Costa Somavilla, Cassia Fernanda Bauermann, Francieli Ester Müller, Luis Carlos Pereira Soares

Os conflitos entre a equipe de enfermagem nos ambientes de trabalho são inevitáveis e ocorrem quando pessoas se colocam em posições divergentes a partir de suas distintas percepções sobre um mesmo assunto. A mediação surge como uma ferramenta para viabilizar a solução desses conflitos através da figura de um mediador, que nesse caso é o enfermeiro gestor do serviço e tem como objetivo solucionar os conflitos e restabelecer o diálogo entre as partes.  Os conflitos podem ser:  de tarefa, que diz respeito ao conteúdo e objetos de trabalho; de relacionamento, que se refere às relações interpessoais; e de processo, que é a forma como o trabalho é realizado pautado nas regras e normas. Além disso, os conflitos podem ser intergrupais, intrapessoais e interpessoais. O objetivo deste estudo foi investigar, em dois hospitais gerais do interior do Rio Grande do Sul, como enfermeiros gerenciam os conflitos no seu cotidiano profissional. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de cunho qualitativo. Esta pesquisa foi aprovada pelo CEP/UNISC, com CAAE 65821917.0.0000.5343 e seguiu as recomendações éticas da resolução 466/2012 sobre pesquisa com seres humanos. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semiestruturada com oito enfermeiros que trabalham em unidades abertas, com média de oito anos de formação e faixa etária que variou entre 25 e 34 anos. A entrevista foi gravada e realizada em sala reservada, no local de trabalho dos sujeitos do estudo. Os dados foram submetidos à análise temática e resultaram em dois blocos temáticos: a assistência de enfermagem: conflitos, suas causas e consequências; a mediação enquanto um desafio na gestão de enfermagem. Nesta pesquisa evidenciamos que os enfermeiros atuam nos conflitos, porém, nem todas fazem uso da mediação, pois existe limitação sobre a compreensão deste tema. Os entrevistados entendem que os conflitos possuem aspectos positivos e negativos. É unânime a ideia de que os conflitos geram consequências na relação interpessoal da equipe e na assistência aos pacientes. A forma com que se mediam conflitos, bem como a importância dada a cada um deles, vai definir o sucesso de uma equipe, sua organização interna e a harmonia entre os membros, refletindo no trabalho desenvolvido na unidade como um todo. O gestor necessita conhecer sua equipe, perceber as mudanças de humor e atitudes e saber interpretar cada alteração ocorrida para poder agir. Importa ao gestor identificar a natureza do conflito e reconhecer a forma individual com que cada membro aceite correções e recomendações. O uso da mediação de conflitos enquanto uma ferramenta conceitual pode instrumentalizar o gestor a adaptar um modo adequado para agir em cada situação, o que requer empenho, vigilância, sensibilidade e total compreensão de que sua atuação como mediador é fundamental para a equipe. A importância deste estudo para os serviços de saúde, de modo amplo, se centra no fato de considerar que a mediação é uma ferramenta conceitual que pode ser implementada na resolução de conflitos e, através dela, a assistência ao paciente possa ser aperfeiçoada.    

1725 RISCOS OCUPACIONAIS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DO LIXÃO DO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ-MA
Aline Santana Figueiredo, Leticia Bezerra Brito, Paula dos Santos Brito, Rocilda Castro Pinho, Francisco Eduardo Ramos da Silva, Wherveson d e Araujo Ramos

RISCOS OCUPACIONAIS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DO LIXÃO DO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ-MA

Autores: Aline Santana Figueiredo, Leticia Bezerra Brito, Paula dos Santos Brito, Rocilda Castro Pinho, Francisco Eduardo Ramos da Silva, Wherveson d e Araujo Ramos

Introdução: A industrialização traz consigo benefícios e malefícios aos municípios, ofertando melhorias na qualidade de vida da população. Por outro lado, o resultado deste processo é a geração, consumo e produção desenfreada de resíduos sólidos urbanos (RSU) em especial o tecnológico que é constituído por substâncias poluidoras do solo, água e ar que podem afetar as pessoas. Entende-se por lixo ou resíduos sólidos materiais de origem urbana, industrial e serviço de saúde e rural, caracterizado por decomposição lenta e alta resistência, tais como: plásticos, borrachas, vidros e outros materiais, que se reutilizadas podem gerar economia de recursos e lucratividade pelos subprodutos que podem gerar. O Brasil produz cerca de 79,9 milhões de toneladas de lixo anualmente, desse total 43,7% são depositados a céu aberto. A pratica da disposição final inadequada dos RSU ainda ocorre em todas as regiões e estados brasileiros e 3.326 municípios ainda fazem uso desses locais impróprios. Para essa mazela social surgiu a Lei 12.305/2010 que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos que visa a gestão e gerenciamento de resíduos, enfatizando a sustentabilidade econômica e ambiental. O aumento da produção de resíduos sólidos, e a destinação final do lixo passaram a exigir mais tratamento e meios adequados para a sua eliminação, na busca de solução foram geradas estratégias, incluindo criação de aterros, usinas de incineração  e compostagem, depósitos de lixo urbano ou lixões, acompanhada ou não da coleta seletiva do lixo. Neste contexto, surge à figura dos Catadores de Materiais Recicláveis (CMRs), que constituem a base da cadeia produtiva da indústria de reciclagem, captando e separando o lixo que é reciclável. Atualmente, consideram-se catador a pessoa física de baixa renda que se dedica às atividades de coleta, triagem, processamento, transformação e comercialização de materiais reutilizáveis e recicláveis. Os catadores de materiais recicláveis possuem atualmente uma política pública que regulamenta o seu processo de trabalho, tornando-os agentes ambientais, uma vez que, diminuem os resíduos sólidos e seus impactos nas cidades brasileiras. No entando, apesar da profissão ter sido regulamentada no país em 2002 e seja reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupação no Censo (CBO n° 5.192-05), ainda é realizada sem registro oficial, impossibilitando o acesso dos profissionais a diretos trabalhistas. A coleta seletiva é essencial para o desenvolvimento sustentável do Brasil, haja vista que esse processo reduz a quantidade de resíduos sólidos para os aterros sanitários e lixões. No processo de recolhimento do lixo urbano, temos em destaque as pessoas que sobrevivem do trabalho de “catar” materiais recicláveis, às vezes filiado a cooperativas ou até mesmo fazendo isso por conta própria. As condições de trabalhos a que os CMRs estão submetidos, a situação de informalidade torna-se ainda mais preocupante, isso porque a atividade ocasiona riscos à saúde do catador que é desprovido de qualquer seguridade social no caso de acidentes ou doenças laborais.  OBJETIVO: Diante do exposto o presente estudo tem por objetivo, analisar os riscos ocupacionais a saúde dos CMRs do lixão no Município de Imperatriz-MA por meio de um relato de experiência vivenciados por discentes do curso de enfermagem do referido município. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo, transversal na forma de relato de experiência, realizado por discentes do curso de enfermagem de uma universidade privada do Município de Imperatriz-MA, visando analisar quais os riscos ocupacionais durante o processo de trabalho dos CMRs. O encontro foi dividido em dois momentos: no primeiro momento realizou-se a observação e descrição do local e do processo de trabalho dos CMRs e no segundo momento foi realizada uma roda de conversa com alguns dos trabalhadores, no intuito de identificar a percepção frente aos riscos ocupacionais. No dia 30 de outubro de 2017 as 14 horas foi realizado a visita técnica, no lixão municipal de Imperatriz, localizado a 15km do centro do referido município, na Rodovia Padre Josino, mais conhecido como “estrada do arroz”. Para coleta de informações, foi utilizado um roteiro de observação direta contendo duas etapas, na primeira foram analisados os seguintes aspectos: descrição do ambiente, número de pessoas que circulavam, descrição da atividade, utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos trabalhadores, riscos encontrados no ambiente de trabalho, perfil dos trabalhadores e o acontecimento que chamou atenção e a reação do observador. Na segunda etapa, verificou-se: riscos ambientais, físicos, químicos, psicossociais, mecânicos e percepção do trabalhador frente ao processo de trabalho. DESCRIÇÃO DO RELATO: A partir da observação direta e entrevista realizada com os investigados, percebe-se a realidade de catadores de materiais recicláveis, avaliando os riscos que estes profissionais estão expostos. Quanto ao perfil socioeconômico dos trabalhadores, percebeu a prevalência de homens com idade entre 23 e 60 anos e de baixa escolaridade.  Sobre o local do estudo, nota-se que há precariedade e mistura de todos os resíduos sólidos. Os riscos evidenciados no local estão ligados primordialmente à perfurocortantes, contaminantes químicos e biológicos, além de animais transmissores de doenças. Outro aspecto observado foi à moradia dos trabalhadores, onde grande parte dos entrevistados relataram morar no lixão, em casebres construídos pelos próprios catadores.  Além disso, quando questionados sobre a alimentação os investigados afirmaram ingerir alimentos que são selecionados após avaliação visual.  Quanto aos equipamentos de proteção individual (EPIs), observou-se que os trabalhadores não utilizam estes materiais, e quando utilizam, são os encontrados em meio aos resíduos, tais como: botas, luvas e lanternas fabricadas manualmente para trabalhar durante a noite. Nesse âmbito, nota-se que as principais patologias que os CMRs podem desenvolver são: intoxicação alimentar, patologia respiratória, dermatológica e musculoesquelética. Estudos evidenciam que estes riscos expõem à intoxicação por inalação e por contato, alguns relataram dores de cabeça, náusea, irritabilidade.  Os resultados obtidos mostraram o excesso de horas de trabalho destes trabalhadores. Além disso, os catadores estão expostos aos riscos decorrentes da exposição ao frio à noite e o calor excessivo durante o dia. Outro fator preocupante é o perigo que esses trabalhadores estão sujeitos, devido a não utilização dos EPIs. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir dos resultados obtidos, percebe-se que o perfil dos trabalhadores encontrados são do sexo masculino e de baixa escolaridade. Sobre a moradia e hábitos de vida evidenciou-se que os indivíduos constroem sua própria moradia no lixão, além disso, ingerem alimentos encontrados em meios aos resíduos. Quanto ao processo de trabalho, os catadores se organizam entre si realizando a coleta em todos os turnos. 

3371 O trabalhador da saúde também precisa cuidar da saúde
Karina Gomes Cerquinho

O trabalhador da saúde também precisa cuidar da saúde

Autores: Karina Gomes Cerquinho

Karina Gomes Cerquinho, Jovana Benoliel de Farias Araujo, Maiana Brazão da Silva, Mayra Luísa de Castro Esteves, Tálita Rodrigues Barbosa, Francineth Máximo Rodrigues O Sistema Único de Saúde (SUS) tem como prerrogativa os cuidados com a saúde da comunidade, seja na promoção, prevenção ou reabilitação. No entanto, o SUS se faz de pessoas, de trabalhadores que estão diariamente em contato com a comunidade, atendendo as suas demandas, escutando reclamações ou elogios. Vasta literatura já confirmou que o trabalho pode adoecer ou até causar a morte. Todo o processo de trabalho é desgastante e cansativo. E na área da saúde isso se potencializa porque é bem maior a aproximação com agravos à saúde. Dessa forma, este estudo  pretende apresentar uma proposta de cuidados com a saúde do trabalhador. Partindo dessa constatação prática e teórica, e também vivenciando o trabalho na UBS Dr. Silas de Oliveira Santos, a gestora desta unidade observou a necessidade de proporcionar aos servidores um momento de cuidados com a saúde física e mental do próprio trabalhador. Para isso, solicitou da profissional de educação física do Nasf uma proposta de atividades integrativas, prazerosas e divertidas. Assim, foi apresentada a proposta de uma gincana, que tem como princípio a execução de diversas atividades por equipes. Aceita a proposta, iniciou-se os trabalhos seguintes de elaboração das atividades, escolha de recursos materiais e local para desenvolver a gincana. Foi feita parceria com o SESI – Clube do Trabalhador, que cedeu uma das quadras cobertas para a gincana. A atividade ocorreu numa quarta-feira, dia do horário protegido da UBS, com a prévia autorização da Direção do Distrito de Saúde Leste. Foram desenvolvidas nove atividades para seis equipes. Na metade da gincana, foi feita nova divisão de equipes, para que outras equipes fossem formadas e ocorresse mais integração. Como resultados obtidos, tivemos a participação de 33 servidores da Unidade, que representa 60% do total de servidores. Salienta-se que neste período tem servidores em férias, de licença ou com horário de trabalho apenas no turno matutino. Num primeiro momento, muitos servidores mostraram-se resistentes a ideia, não querendo participar. No entanto, no decorrer da atividade, com o momento se tornando alegre, dinâmico e integrativo, o retorno positivo foi imediato. Todas as atividades da gincana priorizaram o trabalho em equipe, a colaboração, a cooperação e um pouco de competição, para estimular uma participação maior. Agora, a partir do próximo ano, pretende-se inserir no calendário da Unidade atividades semelhantes para atender a saúde do trabalhador.

1531 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E GESTÃO DO CUIDADO: ATENÇÃO COMPARTILHADA EM GRUPO DE PESSOAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS EM UM CENTRO DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE SOBRAL-CE.
Luisa Vilas Boas Cardoso, Antônio Cleilson Nobre Bandeira, Francisca Isaelly dos Santos Dias, Lílian Maria Vasconcelos, Vírnia Ponte Alcântara, Noraney Alves Lima, Mary Jane Linhares

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E GESTÃO DO CUIDADO: ATENÇÃO COMPARTILHADA EM GRUPO DE PESSOAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS EM UM CENTRO DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE SOBRAL-CE.

Autores: Luisa Vilas Boas Cardoso, Antônio Cleilson Nobre Bandeira, Francisca Isaelly dos Santos Dias, Lílian Maria Vasconcelos, Vírnia Ponte Alcântara, Noraney Alves Lima, Mary Jane Linhares

APRESENTAÇÃO: Atualmente o Sistema de Saúde do Brasil vive uma crise decorrente da falta de coerência entre a situação de saúde da população e a capacidade do sistema de se adaptar as mudanças. Isto quer dizer que o sistema vigente ainda atua na lógica organizativa de assistência a um perfil epidemiológico do século passado, com foco nas condições agudas. A realidade é que na contemporaneidade há uma transição epidemiológica e demográfica em que o perfil de saúde se modifica e além das condições agudas, surgem em maior escala as condições crônicas.  Isto tenciona o sistema de saúde a se reorganizar para atender a necessidade da atual situação de saúde, segundo o perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira. Para alcançar a coerência com a atual situação de saúde da população, tornou-se necessário rever e atualizar o modelo de atenção do sistema de saúde. O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC), leva em consideração os fatores de risco, o estilo de vida, os fatores condicionantes e determinantes e sua importância na produção de condições de saúde e na mudança de comportamentos. Nessa perspectiva, entende-se que a utilização de tecnologias leves é uma estratégia para a efetivação do trabalho multiprofissional e a reafirmação da clínica ampliada na atenção à saúde de pessoas que apresentam condições crônicas na Estratégia de Saúde da Família. Entre estas tecnologias, está a Atenção Compartilhada em Grupo (ACG), caracterizada pela atenção coletiva multiprofissional e interdisciplinar aos cidadãos que, preferencialmente, vivenciam condições crônicas de saúde estáveis e estratificação de riscos semelhantes. O uso desta tecnologia justifica-se por sua capacidade em prover uma atenção adequada à multifatoriedade e à cronicidade das condições abordadas, evitando assim a fragmentação do cuidado. Dentre as condições crônicas de maior prevalência e gravidade, destacam-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM). De acordo com os dados do Ministério da Saúde, atingem, respectivamente, 23,3% e 6,3% dos adultos brasileiros. No país, elas representam a primeira causa de mortalidade e de hospitalizações, sendo apontadas como responsáveis por mais da metade dos diagnósticos primários de insuficiência renal crônica, em pessoas submetidas à dialise no Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, este trabalho teve como objetivo promover a reorganização do processo de trabalho para o cuidado da pessoa com HAS e DM, no Centro de Saúde da Família (CSF) Maria Eglatine Ponte Guimarães, do bairro Dom Expedito, situado no município de Sobral, Ceará. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência sobre a reorganização do cuidado da pessoa com HAS e DM, realizado pela equipe de residência multiprofissional (residentes e tutoria) em conjunto com a gerência, profissionais da equipe básica de saúde (enfermeiras, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde) e dos profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (nutricionista, profissionais de educação física, terapeuta ocupacional, psicóloga e farmacêutica). Para tal, contou com o método da ACG adotando o seguinte fluxo de cuidado: 1) Avaliação de prontuários dos usuários por microárea de Agente Comunitário de Saúde, para estratificação de risco; 2) Planejamento participativo para organização de ambiência, materiais didáticos, insumos e recursos humanos para a atividade de ACG; 3) Pactuação e distribuição das tarefas e responsabilidades de cada profissional de saúde, de acordo com o perfil dos usuários 4) Seleção dos cidadãos a serem convidados por área de ACS, considerando a necessidade de avaliação periódica para conhecimento; 5) Convite aos usuários pela ACS, visando a mobilização de um grupo de até 15 cidadãos; 6) Acolhimento dos usuários por ACS e apresentação dos cidadãos, da equipe, dos objetivos e metodologia do funcionamento; 7) Aferição e registro dos dados vitais e medidas antropométricas dos cidadãos acompanhados; 8) Abordagem educativa para partilha de dúvidas, saberes e vivências prévios e identificação das necessidades de aprendizagem e cuidados; 9) Realização dos cuidados e encaminhamentos, de acordo com as necessidades de atendimentos e agendamentos; 10) Registro dos atendimentos em prontuário individual e formulários específicos; 11) Oferta da consulta individual aos cidadãos priorizados para o atendimento imediato ou demandantes; 12) Avaliação do encontro com os participantes de aprendizagem e cuidados; 13) Avaliação do processo de trabalho pelos profissionais que participaram da ACG.  RESULTADOS: Nos últimos anos, o município de Sobral também vem apresentando mudanças no seu perfil epidemiológico e demográfico. Analisando o perfil epidemiológico da população acompanhada pelo CSF em questão, observa-se que o DM e a HAS despontam como os principais problemas de saúde referidos na população local. No ano de 2017, houve o aumento da prevalência dessas doenças crônicas no território, sendo identificados 382 casos de pessoas com HAS e 170 casos de pessoas com DM. Desde o ano de 2015, a Secretaria Municipal de Saúde de Sobral vem pensando a respeito de novas formas de reorganização do cuidado de pessoas com estas patologias. Para tanto, a gestão do sistema de saúde do município organizou diversas oficinas de educação permanente, relativas à mudança do modelo de atenção à saúde, para os profissionais atuantes no sistema, com o objetivo de capacitar os mesmos para atuarem em seu processo de trabalho com as ferramentas e abordagens das tecnologias leves propostas pelo MACC. Com a entrada da equipe de residência no ano de 2016, iniciou-se, a partir da construção coletiva com os demais profissionais do CSF, o trabalho com a ACG.   Ao longo do seu processo de implantação, tendo em vista as avaliações realizadas em equipe, percebeu-se que o trabalho por este método nos grupos de pessoas com HAS e DM trouxe benefícios tanto para à gestão de cuidados dos usuários, quanto para a organização do fluxo desta unidade.  Destes, destacaram-se os seguintes benefícios: viabilização da educação permanente dos trabalhadores na operacionalização da reorganização da atenção às pessoas com HAS e DM; redução de registro de atendimentos inadequados à esta população no acolhimento de demanda espontânea; o aumento de registro de atendimentos na demanda programada; melhoria do cuidado continuado, com a identificação de fatores que contribuem para agudização dos casos e a intervenção nestes; fortalecimento de vínculos entre usuários e equipe de referência /equipe de apoio; melhoria da satisfação dos usuários pela facilitação do acesso ao cuidado multiprofissional e redução do tempo de espera pelo atendimento e por consulta com a equipe multiprofissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: De acordo com o discorrido, percebeu-se que reorganização do processo de trabalho para o cuidado da pessoa com HAS e DM, foi possível a partir do método da atenção compartilhada em grupo.  Deste modo, pode-se fortalecer a autoestima e o autocuidado apoiado, além de, promover a relação dialógica e a troca de experiências e de saberes entre a equipe multiprofissional e os cidadãos.

4011 PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM TEFÉ (AM)
EDINILZA RIBEIRO SANTOS, NOÉLIA COSTA RODRIGUES, ANTÔNIO FELIPE OLIVEIRA REGO SEGUNDO, DAYANNE DE SOUZA DANTAS, WANDREY DA COSTA LEMOS SOUZA, WENDEL MENEZES DE AZEVEDO, MARIA ADRIANA MOREIRA

PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT ENTRE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM TEFÉ (AM)

Autores: EDINILZA RIBEIRO SANTOS, NOÉLIA COSTA RODRIGUES, ANTÔNIO FELIPE OLIVEIRA REGO SEGUNDO, DAYANNE DE SOUZA DANTAS, WANDREY DA COSTA LEMOS SOUZA, WENDEL MENEZES DE AZEVEDO, MARIA ADRIANA MOREIRA

Introdução. A síndrome de burnout tem sido identificada entre profissionais de saúde. Incapacitação, alto custo econômico para a sociedade e para o indivíduo, absenteísmo, queda de produtividade, alta rotatividade de profissionais, uso abusivo de tranquilizantes, de álcool e outras drogas estão entre os fatores associados. Objetivo. Avaliar a ocorrência da síndrome de burnout nentre trabalhadores que atuam na atenção básica, relacionando com características individuais e categorias profissionais. Método.  Estudo transversal descritivo, conduzido com Enfermeiros, Médicos, Cirurgiões Dentistas, Auxiliares de Enfermagem (AE) Auxiliares de Saúde Bucal (ASB), Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Técnicos Administrativos (TA) que atuam nas Unidades Básicas (UBS) de Saúde da área urbana de Tefé. A Síndrome de burnout foi avaliada com escala Maslach Burnout Inventory - MBI. Esse instrumento é constituído de três dimensões e conta com 22 itens (9, 5 e 8 respectivamente para as dimensões “exaustão emocional”, “despersonalização” e “realização pessoal”). As respostas dizem respeito à frequência com que o participante percebe o sentimento ou a atitude descrita na assertiva. Essa frequência está distribuída em seis categorias com seus respectivos escores: nunca (0), algumas vezes ao ano (1), no máximo uma vez ao mês (2), algumas vezes ao mês (3), uma vez por semana (4), poucas vezes por semana (5) e diariamente (6). Para classificação de casos são somados os escores e utilizados pontos de corte, gerando três níveis de gravidade de cada dimensão (baixo, moderado e alto), conforme estabelecido na literatura. Foi realizada análise descritiva. Resultados. Do total de profissionais elegíveis (N=220), participaram do estudo 194 (88%), a média de idade foi 36 anos (variação de 18 a 65 anos), 80% do feminino, 86,6% oriundo do estado do Amazonas, 7% mora sozinho e 85% pertence a uma religião. A maioria é casada ou em união estável (70%), dois terços têm escolaridade máxima de ensino médio (75%). A distribuição proporcional por categoria profissional foi: 52,2% de ACS, 16% de técnico administrativo (TA), 11,3% de técnico ou auxiliar de enfermagem (TE/AE), 6,7% de Enfermeiros, 6,2% de médicos, 2,1% de cirurgião dentista (CD) e 1% de auxiliar de saúde bucal (ASB). O vínculo trabalhista para a maioria é temporário (85%), apenas 8% tem vínculo efetivo com a prefeitura. A jornada de trabalho é de 40 horas para 87% dos participantes. A prevalência da síndrome do esgotamento profissional foi 31,9%. A distribuição dos participantes segundo os níveis de gravidade de cada dimensão mostrou que a exaustão emocional e a decepção (sentimentos de baixa realização profissional) tiveram maior influência sobre a ocorrência da síndrome de burnout. A análise por categoria profissional mostrou que o nível alto de exaustão emocional foi mais frequente entre enfermeiros (15,4%), seguido por TE/AE (13,6%), médicos (8,3%). O nível alto da dimensão decepção foi mais prevalente para TE/AE (36,4%), seguido por ACS (34,9%), TA (29%), enfermeiro (23%). Considerações finais. Os resultados apontaram para necessidade de implantação de medidas que minimizem os efeitos da exaustão emocional e dos sentimentos de baixa realização profissional, priorizando as categorias profissionais mais afetadas.

3342 O pioneirismo do Nasf na cidade de Manaus: as ações do Nasf Silas Santos
Karina Gomes Cerquinho

O pioneirismo do Nasf na cidade de Manaus: as ações do Nasf Silas Santos

Autores: Karina Gomes Cerquinho

Karina Gomes Cerquinho, Jovana Benoliel de Farias Araujo, Maiana Brazão da Silva, Mayra Luísa de Castro Esteves, Tálita Rodrigues Barbosa, Francineth Máximo Rodrigues O Núcleo de Apoio à Saúde da Família – Nasf foi uma proposta do governo federal, iniciada em 2008, para apoiar a consolidação da Atenção Básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolutividade, a abrangência e o alvo das ações. Os núcleos configuram-se como equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada com as equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de atenção básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde. Esta atuação integrada permite ações de prevenção e promoção da saúde. Este presente trabalho tem como objetivo fazer uma breve descrição da implantação dos Nasfs em Manaus, com destaque para as ações do Nasf da UBS Dr. Silas de Oliveira Santos. Em Manaus, o Nasf foi implantado apenas em 2014, todos os três núcleos na Zona Leste da cidade. A escolha pela implantação dos Núcleos nesta área ocorreu pelo fato de ser o local com a mais baixa cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF). Os Nasfs foram instalados em Unidades Básicas de Saúde ampliadas, entre as quais a Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Silas de Oliveira Santos, que é composta por três Equipes de Saúde da Família, a ser equipe 111, 112 e 138. Até o momento, são apenas esses três Núcleos existentes na cidade de Manaus. Depois de um período de organização, oficinas e orientações por parte da Secretaria Municipal de Saúde, as equipes foram sendo implantadas. Após a implantação, o Nasf da UBS Silas Santos sofreu mudanças no quadro dos profissionais, sendo reduzido de sete para seis (houve a saída da psicóloga). Atualmente, encontra-se com um representante de cada profissão a seguir: assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, nutricionista, profissional de educação física e terapeuta ocupacional. Nos anos seguintes após esse período de implantação, o Nasf foi se consolidando dentro da UBS, os profissionais membros foram incorporando nas suas ações as diretrizes, fundamentos e instrumentos preconizados para o Nasf e a comunidade foi se habituando com a presença e atuação de outros profissionais da saúde na assistência. Destaca-se, também, a aceitação e compreensão dentro da própria UBS sobre a justificativa do Nasf e de sua função enquanto apoiador das eSFs. A partir desse cenário, a equipe do Nasf fortaleceu-se, com muita integração e parceria, o que facilitou a construção coletiva de vários projetos e ações voltados para a comunidade, bem como a aplicação dos vários instrumentos preconizados pelo Ministério da Saúde no processo de trabalho. Entre as características que identificam bastante a ação do Nasf da UBS Silas Santos é a integralidade, que pode ser considerada a principal diretriz a ser praticada. Conforme estabelece o documento Diretrizes do Nasf – Cadernos de Atenção Básica, a integralidade pode ser compreendida em três sentidos: (a) a abordagem integral do indivíduo levando em consideração seu contexto social, familiar e cultural e com garantia de cuidado longitudinal; (b) as práticas de saúde organizadas a partir da integração das ações de promoção, prevenção, reabilitação e cura; além de (c) a organização do sistema de saúde de forma a garantir o acesso às redes de atenção, conforme as necessidades de sua população. Considerando este princípio e os demais evidenciados pelo Sistema único de Saúde (SUS), a equipe reflete, dialoga e produz ações que possam ser altamente benéficas para a comunidade do território e também fora de área. Durante esse curto período de três anos, de implantação, consolidação e atuação, ficou bem evidente que, após esta compreensão pelas equipes e pela comunidade do que seria o Nasf e de como se desenvolvem suas as ações, existiu uma potencialização das ações das eSFs, com o aumento gradativo de solicitações, compartilhamentos de consultas e execução de ações. Durante esse triênio, os projetos construídos foram sofrendo alterações necessárias, sempre após uma reflexão e autoavaliação constante feita pela equipe Nasf, em conjunto com as eSFs. Atualmente, o Nasf da UBS Silas Santos disponibiliza para a comunidade os seguintes projetos: 1) Grupo de Gestantes - momento de complementação ao pré-natal, com a orientação de três encontros, nos quais são abordados temas sobre alimentação, amamentação, sinais do parto e parto, direitos da gestante e puerpério. 2) Grupos de usuários com doenças crônicas - grupo que desenvolve ações com obesos, hipertensos e diabéticos, orientando sobre o autocuidado e estilo de vida saudável. 3) Grupo de crianças com paralisia cerebral - crianças e familiares em atividades coletivas abordando o cuidado das seqüelas, orientações para mais autonomia e melhor desenvolvimento. 4) Saúde dos Pés – ação que avalia a sensibilidade dos pés dos usuários com diabetes, encaminhados pela eSF. 5) Grupo Em Movimento – desenvolvimento de práticas corporais diárias com membros do território e fora de da área de cobertura. 6) Desenvolvimento Infantil - avalia e acompanha o desenvolvimentos e crescimento, juntamente com a eSF, detectando atrasos ou outros agravos. 7) Acolhimento e apoio aos usuários com problemas mentais - escuta qualificada, acompanhamento e direcionamentos adequados para usuários em sofrimento mental. No ano de 2017, até a presente data, foram realizados os quantitativos de atendimentos a seguir: 182 gestantes, 49 avaliações dos pés diabéticos, 322 praticantes de atividade física, 210 atendimentos/acompanhamentos em saúde mental, 73 visitas domiciliares, 51 atividades em educação em saúde, 770 aconselhamento do teste rápido, 1684 atendimentos individuais encaminhados pela eSF ou livre demanda. Além das ações internas, a equipe Nasf participa do PSE, realiza cursos como palestrantes ou ouvintes e, mais recente, tornou-se local de preceptoria para Programas de Residência de instituições de ensino superior. Importante destacar que, neste ano, houve troca dos três médicos, dois enfermeiros e dois cirurgiões-dentistas das eSF, necessitando de novos diálogos e ajustes para o andamento dos projetos e ações existentes. No entanto, não inviabilizou o cronograma, mas apenas breves adiamentos. Após todas essas informações compiladas neste presente trabalho, é bem claro que o Nasf da UBS Silas Santos executa suas funções com dedicação, empenho, seriedade e dinamismo, sempre na procura de mais aproximação com as equipes de referência e comunidade, tornando-se, inclusive, uma equipe de referência dentro da própria Secretaria Municipal de Saúde. Mesmo com uma estrutura física aquém do que necessita e deseja, a equipe desenvolve valiosas ações, registradas em relatórios anuais e apresentadas, quando solicitadas, em eventos internos da própria secretaria ou externos, recebendo reconhecimento de todos. Para o futuro, almejam-se mais projetos em grupo, novos membros para somar a equipe, mais tempo para estudos e produção de artigos e afins, sempre pensando na coletividade e na melhoria da assistência à saúde dos usuários.

1507 Avaliação dos serviços de Atenção Primária à Saúde no controle da tuberculose no Brasil: Revisão Integrativa da Literatura.
Tatiana Castro da Costa, Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio

Avaliação dos serviços de Atenção Primária à Saúde no controle da tuberculose no Brasil: Revisão Integrativa da Literatura.

Autores: Tatiana Castro da Costa, Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio

Apresentação: A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa que tem como agente etiológico o Mycobacterium tuberculosis; no mundo existem 30 países com elevada carga da doença sendo que o Brasil ocupa a 20ª posição, apresentando altas taxas de mortalidade e incidência. A Atenção Primária à Saúde é definida no país como sendo a principal porta de entrada do sistema de saúde e detém atributos importantes para o controle dessa doença. Nesse contexto, destaca-se a importância da Avaliação dos Serviços, pois avaliar ajuda na tomada de decisões e, objetivou-se nesse trabalho analisar na literatura científica produções sobre a Avaliação dos Serviços de Atenção Primária à Saúde no controle da tuberculose no Brasil. Desenvolvimento: Tratou-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, a qual é utilizada como uma ferramenta no campo da saúde para sintetizar as pesquisas disponíveis sobre determinada temática e direcionar a prática fundamentando-se em conhecimento científico. A questão norteadora foi: “qual a produção científica sobre a avaliação dos serviços de saúde de Atenção Primária à Saúde no controle da tuberculose no Brasil?” Essa revisão foi realizada no mês de outubro/2017 e, para a busca nas bases de dados Pubmed, da National Library of Medicine dos Estados Unidos, Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), CINAHL (The Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature), SCOPUS, Web of Science e Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line) utilizaram-se os descritores controlados – pertencentes aos Descritores em Ciências da Saúde e ao Medical Subject Headings: Tuberculose (Tuberculosis), Atenção Primária à Saúde (Primary Health Care) e Pesquisa sobre Serviços de Saúde (Health services evaluation), com o emprego do operador booleano “AND”. Resultados: Foram selecionados 12 artigos após o emprego dos critérios de inclusão e exclusão e, na organização desses estudos, viabilizou-se a construção de duas categorias temáticas: “I- Avaliação dos serviços pela perspectiva dos profissionais de saúde” e “II- Avaliação dos serviços na perspectiva dos usuários”. Os estudos foram identificados com o número correspondente e precedidos pela letra E. Avaliação dos serviços pela perspectiva dos profissionais de saúde - Nesta categoria foram incluídos seis estudos (50%), nos três primeiros estudos E1, E2 e E3, os sujeitos das pesquisas foram os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde) que trabalhavam na Atenção Primária à Saúde. Esses estudos avaliaram o desempenho desses serviços para o tratamento da tuberculose com referencial de “estrutura” e “processo”, sendo que o E3 acrescentou o “resultado”. Observou-se que os três estudos compartilharam da mesma fragilidade relacionada ao “processo”, referente ao item capacitação dos profissionais. O estudo E4 realizado com médicos e enfermeiros foi relacionado ao “enfoque na família” e “orientação para comunidade”, o qual corrobora os estudos E1 e E2, pois o E4 afirma que o desempenho das ações de orientação para comunidade é insatisfatório. Os estudos E5 e E6 avaliaram o desempenho dos serviços da Atenção Primária à Saúde na detecção dos casos de tuberculose, sendo que ambos os estudos tiveram a participação de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Especifica-se que o estudo E6 acrescentou a avaliação da capacidade dos serviços para atenção aos sintomáticos respiratórios e os sujeitos Agentes Comunitários de Saúde. O estudo E5 avaliou os aspectos organizacionais e geográficos e dos serviços da Atenção Primária em Saúde na detecção dos casos de tuberculose, classificando-se como regular a média quanto ao uso de transporte motorizado pelos usuários para deslocamento até o Serviço de Saúde, o tempo destinado aos atendimentos e, de espera pela consulta médica. Com relação ao item rotatividade de recursos humanos e cumprimento de horário, os mesmo foram avaliados como insatisfatórios. O estudo E6 evidenciou que as unidades apresentaram fragilidades relacionadas às ações para detectar os casos de tuberculose. Avaliação dos serviços na perspectiva dos usuários- Nesta categoria foram incluídos seis estudos (50%), dos quais os cincos primeiros estudos (E7 a E11) foram relacionados à avaliação dos serviços da Atenção Primária à Saúde para diagnóstico da tuberculose. O E12 tratou especificamente do controle da tuberculose. Os estudos E7, E8, E9 e E12 utilizaram como instrumento de coleta de dados o “Primary Care Assessment Tool”, que foi adaptado e validado no Brasil e tem o objetivo de avaliar a atenção à tuberculose. O E7 evidenciou que os serviços de saúde procurados pelos usuários como primeira opção foram o Pronto Atendimento seguido pela Atenção Primária à Saúde, porém, a taxa do diagnóstico foi inferior em relação às Unidades de Referencia. Observou-se que a proporção de usuários que conseguiram consulta no mesmo dia foi satisfatória em todos os tipos de serviço, porém a suspeição da tuberculose no primeiro serviço procurado foi menor que 50%. Os estudos (E8, E10 e E12) evidenciaram que, em relação à porta de entrada, o serviço de saúde mais procurado foi a Atenção Primária à Saúde, porém a maior taxa de diagnóstico ocorreu nas Unidades de Referência, sendo que o E12 avaliou o desempenho dos serviços de saúde para indígenas e não indígenas em relação ao controle da tuberculose. O E9 possui uma abrangência de seis municípios das Regiões Sudeste, Sul e Nordeste do Brasil, evidenciou-se que a Atenção Primária à Saúde apresentou maior tempo e menor proporção dos diagnósticos. O E11 teve como objetivo medir os atrasos na suspeita e no diagnóstico da tuberculose e, identificar fatores a eles relacionados. Em relação a suspeita pelo usuário e aos aspectos operacionais (diagnóstico) neste estudo, ambas as medianas foram de 15 dias. O tempo e os fatores que contribuíram para o aumento desses atrasos foram, no caso da suspeita, o usuário percorrer uma distância maior do que a ideal e, no caso do diagnóstico, o paciente ter procurado o serviço de saúde por mais de uma vez e ter tuberculose extrapulmonar. Considerações Finais: Os resultados dos estudos das duas categorias ratificam a necessidade de melhorias nas ações desenvolvidas no âmbito da Atenção Primária à Saúde para detecção e controle da tuberculose, principalmente em relação ao processo de trabalho no desenvolvimento das ações das equipes de saúde, na sensibilidade à detecção dos casos e nas ações voltadas a comunidade. Demostraram também a necessidade de uma maior articulação entre a coordenação do Programa de Controle de Tuberculose e os serviços da Atenção Primária à Saúde, alocando recursos para formação complementar dos profissionais de saúde proporcionando uma ampliação da capacidade resolutiva, resgatando o conceito expandido de saúde e doença que engloba tanto a família como a comunidade. Ressalta-se a importância de estudos avaliativos em saúde, pois contribuem para informações robustas com a finalidade de embasar condutas de gestão para melhoria das intervenções em saúde.