222: Vivências e Estágios na Realidade do SUS: a formação profissional como produção de si no encontro com o trabalho
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 02 Sala 02 - Bodó    Horário: 15:30 - 17:30
ID Título do Trabalho/Autores
1666 VER-SUS e a sua importância na formação do acadêmico em Enfermagem: Um relato de experiência
Nany Camilla Sevalho Azuelo, Sônia Maria Lemos, Darlisom Sousa Ferreira, Júlio César Schweikardt

VER-SUS e a sua importância na formação do acadêmico em Enfermagem: Um relato de experiência

Autores: Nany Camilla Sevalho Azuelo, Sônia Maria Lemos, Darlisom Sousa Ferreira, Júlio César Schweikardt

Introdução: Durante a vida acadêmica é possível observar que há diversas práticas interdisciplinares que acrescentam no conhecimento do acadêmico, sendo de relevância questionar se as mesmas possuem um conteúdo crítico-reflexivo sobre o sistema único de saúde, e dentre essas práticas, o projeto VER-SUS é uma das portas que se abrem para tal processo. Vale destacar o quão essas práticas enriquecem e são necessárias para a formação do profissional em enfermagem, visto que por elas é que evidencia a articulação com a teoria e são significadas as experiências. Objetivo: Descrever a importância do projeto VER–SUS na formação do acadêmico em Enfermagem a partir de uma experiência de estágio interdisciplinar de vivência, a partir da percepção de uma acadêmica em Enfermagem. Relato: O VER-SUS ocorreu nos dias 3 a 9 de agosto de 2017 que propiciou conhecer sobre a atenção primária da rede pública de saúde e o estágio de vivência ocorreu em 11 comunidades do Amazonas, sendo sete dias intensos de vivência em comunidades e unidades básicas de saúde, com a presença de profissionais, estudantes e usuários dos serviços. Nesses dias foi perceptível a importância que os usuários de cada comunidade davam a vinda do barco e profissionais e como o itinerário do usuário se realizavam. Resultados: A partir dessa experiência, ocorrida em 2016, no estado do Amazonas, no Barco Catuiara às margens do Rio Amazonas, foi possível afirmar a importância de ampliar a associação entre o ensino e as ações que remetam às vivências interdisciplinares. Estas experiências se configuram como estratégias de ensino-aprendizagem fundamentais para a Enfermagem e para a área da saúde como um todo, a fim de criar vínculos entre os aprendizados vividos em sala de aula e na prática. Desta forma, sentiu-se necessidade de discutir a formação da Enfermagem a partir das experiências frente a sua atuação na área da saúde, com o intuito de considerar as mudanças e a presença da Enfermagem no cenário brasileiro, ressaltando a importância de os estudantes estarem atentos para suas concepções e práticas. O projeto VER-SUS realizado às margens do Rio Amazonas possibilitou evidenciar a relação profissional-usuário-comunidade e sensibilizar os futuros acadêmicos de como é possível promover saúde em condições de vida, logísticas diversas e voltada para a realidade das pessoas que ali vivem. Conclusão: Assim, percebeu-se que as vivências interdisciplinares influenciam na ampliação do conhecimento e do senso crítico do acadêmico diante da realidade. Quando se tratar do projeto VER-SUS, que busca a aproximação de estudantes de diferentes cursos com a realidade e prática do SUS é necessário que o acadêmico adquira conhecimentos sobre as diretrizes do SUS, e seu funcionamento diante da experiência vivida, havendo uma troca de posicionamentos entre os viventes sobre o antes e o pós-vivência de suas percepções e realidades. Por fim, ressaltamos a importância da constante revisão das práticas, da formação e do papel do enfermeiro, para pensarmos sobre outras formas de aprendizagem e diálogo ao longo do ensino superior diante das vivências interdisciplinares.    

2774 VER-SUS como ativador do perfil ético e político: Relato de experiência sob a ótica do vivente
Rafaele Conceição Pereira, Cícero Gomes dos Santos Neto, Joana D'arc Silva Gomes, Lívia karine Silva Mendes

VER-SUS como ativador do perfil ético e político: Relato de experiência sob a ótica do vivente

Autores: Rafaele Conceição Pereira, Cícero Gomes dos Santos Neto, Joana D'arc Silva Gomes, Lívia karine Silva Mendes

APRESENTAÇÃO: A proposta do VER-SUS surge após alguns projetos de extensão universitária destinados aos estudantes a fim de experienciarem determinados territórios. Como resultados dessas experiências de extensão e do VER-SUS/RS (Vivência-Estágio na Realidade do Sistema Único de Saúde do RS) em 2002, surge no ano de 2003 as Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde – VER-SUS. O projeto vem com a proposta de qualificar os estudantes, futuros profissionais do SUS, em um espaço que possibilite a aproximação dos viventes e facilitadores com a organização e gestão dos serviços de saúde, as práticas de educação popular e saúde, as estratégias de Educação Permanente em Saúde e o controle social. Dessa forma, o objetivo é denotar a relevância do VER-SUS como ativador do perfil ético e político. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por duas Residentes em Saúde da Família e Comunidade da Escola de Saúde Pública do Ceará em diferentes territórios entre os anos de 2013 e 2015 RESULTADOS: Sabendo que o VER-SUS é projeto que possiblita aos estudantes de graduação, ensino técnico, residentes e participantes de movimentos sociais vivenciar a realidade do Sistema Único de Saúde, possibilitando a esses conhecer o sistema de saúde municipal e estudual de determinados territórios. Enxergamos que tal espaço desenvolve nos participantes perfil crítico, ativando o perfil ético e político dos estudantes e futuros profissionais do SUS. Tendo em vista, que o espaço de imersão promove debates/discussões ricas que oportunizam DesConstruir conceitos, ativando a visão dos estudantes como futuros profissionais da política pública de saúde, que estão ali para defender o SUS enquanto trabalhores e usuários desse sistema. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Assim, o projeto fomenta a percepção dos estudantes por meio da convivência multi e interdisciplinar, desencadeando visão crítica, onde os participantes conseguem conhecer ainda na graduação as limitações e pontencialidades do SUS, com a pretensão de qualificar ainda mais esse serviço e fortalecer essa política pública que é ímpar para a sociedade brasileira.

4353 O fazer pedagógico no VER-SUS: por ritornelos possíveis no trabalho.
Carlos Alberto Rodrigues Morrudo Filho, Virgínia De Menezes Portes, Daniel da Silva Fernandes

O fazer pedagógico no VER-SUS: por ritornelos possíveis no trabalho.

Autores: Carlos Alberto Rodrigues Morrudo Filho, Virgínia De Menezes Portes, Daniel da Silva Fernandes

Este ensaio convida-nos a pensar o fazer técnico pedagógico no VER-SUS, a partir do conceito de Ritornelo, cuja proposição aciona criar territórios, deslocar-se com vista às resistências que ultrapassem o esgotamento. A experiência profissional como apoiador técnico pedagógico/financeiro do projeto “Vivências no SUS como estratégia para qualificação e desenvolvimento dos futuros profissionais e trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) – VER-SUS”, uma parceria entre Associação Brasileira Rede Unida (REDE UNIDA), e Organização Pan Americana da Saúde (OPAS) e Ministério da Saúde (MS); convoca à reflexão sobre o fazer pedagógico no trabalho. Há uma polifonia de demandas produzidas cotidianamente no trabalho; são ruídos passíveis de análise que permitem criar territórios de resistência, em meio aos desafios apresentados pelo VER-SUS. Demarcar falas tem o intuito de agenciar territórios, posicionar-se diante daquilo que se acredita como ético. O fazer pedagógico está imbuído pela transversalidade da aprendizagem inventiva, ou seja, sons são produzidos para atentar-se ao processo do trabalho, onde o estranhar, perguntar, silenciar, compartilhar falas faz parte da aprendizagem; todos considerados como cantos, cujas sonoridades produzem territórios de sustentação para seguir adiante naquilo que se propõe eticamente no VER-SUS. O ritornelo está na possibilidade de agenciamento territorial, por vezes partindo em direção a ele, outras se instalando nele e consolidando seus componentes ou até dando conta de colocar o território em fuga. Criamos nossos próprios tambores para produzir sons e afetar tantos outros a sentirem-se convidados a participar do VER-SUS. O tensionamento pedagógico é encontrar um entre lugar diante das demandas no trabalho. Produzir ritmos descompassados para dar espaço as diversidades tem sido o plano de aprendizagem em constante movimento de desterritorialização. Destacar essa experiência pedagógica é também dar o tom àquilo que se tem de mais potente no SUS: produzir vidas criativas onde  cantarolar permite marcar territórios de singularidade à vida e potências múltiplas. A equipe técnica pedagógica/financeira do VER-SUS Brasil, tem exercitado produzir sonoridades territoriais a fim de possibilitar colocar em análise os campos de força que emergem das demandas advindas de diferentes projetos regionais, municipais, às quais, procura-se respeitar as singularidades de cada grupo, ao encontro de componentes referente ao VER-SUS, há exemplo da Educação Permanente em Saúde (EPS) e o quadrilátero para formação na área da saúde. Quando possível, o encontro das vozes é entoar ritmos possíveis, para que se afirme a transversalidade do projeto VER-SUS.

5076 VIVÊNCIAS COMUNITÁRIAS: POTÊNCIAS INDUTORAS DE LUTAS SOCIAIS E DA SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL
Bianka Evelyn Caixeta de Oliveira, Flávia Christiane de Azevedo Machado, Luiz Fernandes do Rêgo Neto

VIVÊNCIAS COMUNITÁRIAS: POTÊNCIAS INDUTORAS DE LUTAS SOCIAIS E DA SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL

Autores: Bianka Evelyn Caixeta de Oliveira, Flávia Christiane de Azevedo Machado, Luiz Fernandes do Rêgo Neto

INTRODUÇÃO: A história de saúde do Brasil perpassou por contextos de luta popular em prol da conquista da saúde como direito. Em 1904, a população se rebelou contra a vacinação obrigatória, movimento da Revolta da vacina; em 1964 iniciou-se a ditadura militar, culminando no movimento das “Diretas já” em meio aos cortes em saúde e educação. Nos anos de 1970 inicia-se o movimento da reforma sanitária, reivindicando melhorias na assistência à saúde, tendo por consequência, a materialização da saúde como direito na Constituição Federal de 1988. Tais fatos evidenciam a importância das lutas políticas para a melhoria social. Nesse contexto, surge a importância das vivências comunitárias, construídas a partir de preocupações da sociedade atual, como a conjuntura política, alternativas conscientes para promoção do desenvolvimento sustentável, entre outras. Assim o principal objetivo dessas passa a ser reforçar a cultura de um território local, a importância da valorização da terra, da luta para se conquistar os direitos da população, bem como conscientização sociopolítica de um modo geral. Sendo assim, o processo de autoconhecimento passa pelo nível da relação de um sujeito com o outro semelhante a si, um outro eu. Na relação indivíduo e comunidade se estabelece o ambiente onde a vivência empática pode estabelecer a base para uma vivência ética. A formação da pessoa humana acontece somente dentro de um ambiente relacional comunitário e não há como negar ao homem a relação, pois de certa forma ela é universalizada por ser comum a todos os homens. Não obstante, em 2002, surge o programa “Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde”, VER-SUS, que se propõe a incentivar movimentos sociais, para qualificar a saúde e outros direitos sociais. Assim, a proposta do Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Unida, com a Rede Governo Colaborativo em Saúde/UFRGS, com a UNE, com o CONASS e com o CONASEMS, é de realizar estágios de vivência no SUS para que os participantes possam ter a oportunidade de vivenciar e debater acerca da realidade do SUS. Para tanto, preconiza uma aprendizagem significativa e o despertar da inércia e desejo de ação. OBJETIVO: Assim, este relato objetiva problematizar acerca de como as vivências comunitárias, tal como o VER-SUS, podem incentivar processos participativos de mobilização popular para melhoria da qualidade de vida da população. MÉTODO: A vivência alvo do relato ocorreu no Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES/UFRN), município de Caicó, Rio Grande do Norte, no período de 14 a 23 de dezembro de 2016, envolvendo 30 viventes e oito facilitadores, além da comissão organizadora, composta por três pessoas. As vivências basearam-se no método pedagógico criado pelo Instituto Josué de Castro (IEJEC). Tal método segue os pressupostos de Paulo Freire e Pistrak, sendo categorias de destaque nesta pedagogia o enfoque de classe, a autogestão, a conjugação do ensino com o trabalho produtivo e o estudante-trabalhador. Na perspectiva da autogestão, o IEJEC é gerido nos aspectos pedagógico, político, administrativo e orçamentário por alunos, professores e funcionários. Dentre as instâncias organizacionais, destacam-se os Núcleos de Base (NB) compostos apenas por estudantes. Assim, o VER-SUS, fundamenta-se no protagonismo dos estudantes e na pedagogia da alternância: processo educativo focado no tempo escola (alunos ficam no Instituto e desenvolvem um conjunto de atividades do curso e a participação na gestão da escola) e o tempo comunidade (realização de tarefas que foram delegadas pelo IEJC nos assentamentos e acampamentos). Com base nesta proposta, os participantes foram aleatoriamente divididos em quatro Núcleos de Base (NB), desenvolvendo atividades de: formação política, debates, teatro e dinâmicas para problematização dos temas sociais abordados na roda de discussão (tempo escola) e vivências nos locais pré-selecionados no município de Caicó (tempo comunidade). RESULTADOS: O VER-SUS tem a educação como bem social, emancipador e produtor de autonomia, além de defender e estimular a luta pelas reformas estruturais. Assim, seu principal enfoque é buscar a retomada do Movimento de Reforma Sanitária, organizando o povo nas ruas e nos instrumentos de organização popular (sindicatos, movimentos populares, União Nacional dos Estudantes). Sendo assim, as vivências viabilizaram contextualizar a saúde pública do Brasil, suscitando compreensões da conjuntura atual. Após análise, foi apreendido o caráter histórico e cíclico dos fatos e como esta análise pode auxiliar na interpretação dos problemas vigentes e busca de alternativas. Hoje, no Brasil, vive-se um momento de tensão política, econômica e social, semelhante aos tempos da ditadura. O tempo comunidade permitiu identificar a precariedade do hospital regional, estrutura frágil das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dificuldade de acesso, ferindo neste e em outros aspectos o direito à saúde, conferido à população brasileira por meio da Constituição Federal de 1988. Além disso, a ausência de saneamento básico, aterros sanitários, entre outros tantos recursos, bem como espaços de lazer e acesso à educação para a população do território explorado ao longo das vivências, enfocaram a grande discrepância que existe entre as condições de vida oferecidas para a classe mais abastada e aquela detentora de menor poder econômico. A vivência comunitária destacada neste relato teve também momentos de discussão sobre a luta antimanicomial, a qual deve permanecer como essa bandeira erguida pelos profissionais da saúde, visto que mesmo os novos locais de acolhimento ao público portador de transtornos mentais, construídos como parte desse novo modelo de atenção à saúde mental, continuam portando traços inerentes ao modelo anterior à reforma psiquiátrica. Não obstante a discussão dos pontos já citados, o VER-SUS, enquanto vivência comunitária com enfoque na formação de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde mais conscientes,  permitiu longo caminho a ser trilhado quanto às temáticas abordadas CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por fim, o VER-SUS evidenciou a força que os movimentos populares possuem força para estimular as pessoas a lutarem por um Brasil melhor; sensibilizou os estudantes para a militância pró-SUS e, assim, tentar instituir um sistema público de qualidade e promotor de uma vida digna a população. Ademais, as vivências comunitárias como um todo são de extrema importância, se revelando como potenciais meios de estímulo e crescimento da luta política na Brasil, gerando uma população menos passiva e mais consciente dos seus direitos.