239: Nascimento e cuidado: reflexões necessárias
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 01 Sala 04 - Bacuri    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
2839 Invisibilidade das parteiras nos Sistemas de Informação
RAFAELA CORDEIRO FREIRE

Invisibilidade das parteiras nos Sistemas de Informação

Autores: RAFAELA CORDEIRO FREIRE

Embora o nascimento seja um evento fisiológico, ao longo do século XX sua assistência foi capturada pelo modelo biomédico, ficando praticamente restrito ao ambiente hospitalar e sob a responsabilidade de pessoal médico. No Brasil este processo se deu de forma extremamente radical resultando em uma epidemia de partos cirúrgicos, que supera a quantidade de partos vaginais a partir de 2009 com possíveis efeitos sobre o aumento da quantidade de bebês com baixo peso ao nascer além da insatisfação das mulheres com a persistência da violência obstétrica. Entretanto, persiste nos locais sem assistência médica o acompanhamento da gestação e parto por parteiras, situação reconhecida pelo Ministério da Saúde, que elegeu a capacitação como forma de qualificação do trabalho das parteiras tradicionais, em pelo menos dois momentos apartados, primeiramente no início da década de 1990 e mais recentemente, no ano 2000, através do Programa Trabalhando com as Parteiras Tradicionais (PTPT), estratégia já reconhecida por autores do campo pelo pequeno impacto na incorporação destas trabalhadoras ao SUS. Ao mesmo tempo a formação de parteiras na tradição, movimento que busca resgatar o nascimento como um evento natural com respeito ao protagonismo da mulher, emergiu no final do século passado em áreas urbanas e vem se fortalecendo com a formação de parteiras e doulas, além da criação de espaços coletivos (rodas) de acompanhamento e compartilhamento da gestação, do parto e pós parto, do qual o CAIS do Parto é um exemplo. Este estudo busca reconhecer nos sistemas de informação em saúde as possibilidades de visibilização da atuação das parteiras. A partir de 2011 o SINASC incorporou à Declaração de Nascido Vivo a informação sobre o profissional que assistiu ao parto, inclusive a parteira, mas esta variável não está disponível para tabulação no Tabnet nacional e, na realidade da Bahia, também não está presente no Tabnet estadual, apenas o município de Salvador disponibiliza a tabulação do profissional que assistiu ao parto. O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) permite o registro de parteiras, pois as parteiras são reconhecidas pelo Cadastro Brasileiro de Ocupações, mas apenas nos casos em que a parteira está vinculada a um estabelecimento de saúde. Uma questão a ser considerada seria a incorporação das parteiras à Atenção Básica ou às Praticas Integrativas e Complementares, caso houvesse regulamentação, ou decisão técnico-política para seu reconhecimento, questão ignorada tanto pelo programa (PTPT), como pelas Políticas de Atenção Básica e de Práticas Integrativas. Atualmente o registro da assistência por parteiras só é passível de recuperação mediante análise de bancos de dados do SINASC, disponíveis sob a forma de arquivos para tabulação em aplicativo de instalação local, como o Tabwin. Desta forma realizamos pleitos para a disponibilização desta variável pelo Tabnet nacional de forma a possibilitar a recuperação desta informação sem maiores dificuldades pelos eventuais interessados. Concomitantemente faremos a análise desta informação através da criação de uma base de dados composta pelos arquivos estaduais para tabulação do SINASC no Tabwin.  

715 MULHERES CUIDADORAS DE MULHERES: AS PRÁTICAS DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS INDÍGENAS
Antonio Wanderson Martins do Nascimento, July Grassiely de Oliveira Branco, Kaelly Virginia de Oliveira Saraiva, Francisca Bertilia Chaves Costa, Kerma Márcia de Freitas, Antonio Rodrigues Ferreira Junior, Luiza Jane Eyre de Souza Vieira

MULHERES CUIDADORAS DE MULHERES: AS PRÁTICAS DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS INDÍGENAS

Autores: Antonio Wanderson Martins do Nascimento, July Grassiely de Oliveira Branco, Kaelly Virginia de Oliveira Saraiva, Francisca Bertilia Chaves Costa, Kerma Márcia de Freitas, Antonio Rodrigues Ferreira Junior, Luiza Jane Eyre de Souza Vieira

Introdução: No contexto cultural do parto, existem vários posicionamentos em relação à utilização de métodos tradicionais de assistência ao parto. No entanto, mulheres indígenas que experimentaram a assistência hospitalar, posteriormente retornaram aos cuidados das parteiras tradicionais, devido a uma experiência negativa em unidades hospitalares. Diante desse cenário a parteira tradicional se afirma como uma colaboradora importante, que surge com o objetivo de preencher essa lacuna na assistência humanizada e familiar. Notado o valor e simbolismo cultural do parto e nascimento para a comunidade indígena, torna-se importante conhecer quais e como são realizados os cuidados em  saúde durante o ciclo gravídico-puerperal pelas parteiras tradicionais diante da lacuna de conhecimento na literatura acerca dessa temática, Objetivo: Relatar experiências das condutas difundidas e utilizadas pelas parteiras tradicionais indígenas atuantes em uma aldeia localizada na Região Amazônica. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, do tipo relato de experiência. A observação foi realizada durante as atividades das parteiras de origem indígena, entre os meses de janeiro e junho de 2016. Resultados: Com o estudo foi possível observar as barreiras geográficas, culturais e sociais específicas de um grupo com características singulares e descrever aspectos na assistência, tais como: as principais formas de cuidado prestado pelas parteiras no pré-natal e no parto, como condutas adotadas durante o pré-parto, parto, pós-parto e puerpério. Conclusões: Percebe-se que a atuação de mulheres cuidando de mulheres sofre influência direta de sua cultura e de suas práticas vinculadas a uma forte ancestralidade. A utilização de rituais, banhos, aromatizantes, dieta especifica e ervas medicinais, caracterizam a assistência tradicional e humanizada, permitindo conhecer as peculiaridades da assistência tradicional indígena, como sua eficiência na atenção as gestantes residentes nesta área. 

3275 NASCE UMA CASA DE PARTO: UMA EXPERIENCIA PÚBLICA NA AMAZONIA PARAENSE
Auzy Cleyce Costa Sousa, Danielle Rêgo Gonçalves

NASCE UMA CASA DE PARTO: UMA EXPERIENCIA PÚBLICA NA AMAZONIA PARAENSE

Autores: Auzy Cleyce Costa Sousa, Danielle Rêgo Gonçalves

O objetivo deste trabalho é apresentar a experiência de funcionamento do Centro de Parto Normal (CPN) do município de Castanhal-Pará. O CPN faz parte da política Rede Cegonha, vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde no componente Parto e Nascimento, onde encontramos incentivos como: atenção humanizada ao parto e nascimento; respeito ao parto como experiência pessoal, cultural, sexual e familiar, fundamentada no protagonismo e autonomia da mulher, que participa ativamente com a equipe das decisões referentes ao seu parto. O CPN surge a partir da concepção não somente de desafogar os hospitais, mas de ter uma nova opção de escolha para as mulheres usuárias do SUS, que desejam ter um parto menos medicalizado e mais adequado as boas práticas de atenção ao parto. O CPN em Castanhal foi inaugurado no dia 30 de junho de 2016, e conta com uma equipe de 13 (treze) enfermeiras obstetras, 9 (nove) técnicas de enfermagem, além da equipe de limpeza e recepção. O CPN apresenta uma estrutura de cinco suítes de parto (PPP), sendo que uma possui banheira para partos na água. Todas as suítes dispõem de banqueta de parto, espaldar, bolas suíças, cavalinhos, barra de ling, espaço solare, além de chuveiro elétrico para técnicas não farmacológicas para alívio de dor. Cada parturiente fica em uma suíte desde sua admissão até a alta, juntamente com seu bebê. Os resultados preliminares desta experiência são bastante animadores, considerando a cultura medicamentosa e de parto cesárea que temos em nosso estado. O índice de episiotomia foi de 0% até o momento; com grau de laceração que varia de sem laceração, primeiro e segundo grau, 96% dos partos ocorreram na posição vertical; todas as parturientes tiveram acompanhantes de sua escolha, nenhum parto com analgesia, somente técnicas não farmacológicas para alívio de dor. Nesse sentido, observa-se que é possível termos experiências exitosas em partos humanizados de baixo risco, acompanhados por enfermeiras obstetras na rede pública de saúde.