254: Participação social e a educação popular nos encontros das águas
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: FCA 02 Sala 08 - Tucandeira    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
531 EDUCAÇÃO POPULAR COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA
Jaiana Cristina Melo Cavalcante, Marta Lacerda Bezerra, Mirelia Rodrigues de Araújo

EDUCAÇÃO POPULAR COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA

Autores: Jaiana Cristina Melo Cavalcante, Marta Lacerda Bezerra, Mirelia Rodrigues de Araújo

Objetivo: Analisar a produção científica sobre Educação Popular em Saúde (EPS) como instrumento fortalecedor de promoção da saúde na Atenção Básica. Materiais e Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, no qual utilizou-se artigos científicos indexados nas bases de dados Literatura da América Latina e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), a busca se deu através dos descritores “participação popular”, “atenção primária”, “promoção da saúde” e “educação em saúde”, incluindo os artigos publicados no período de 2006 a 2016, em língua portuguesa, disponibilizados na íntegra. Resultados e Discussão: Na presente revisão integrativa analisou-se 12 artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade previamente estabelecidos. Em relação aos anos de publicação dos artigos, os mesmos estiveram compreendidos entre 2006 a 2016 e quanto ao tipo de delineamento metodológico, identificou-se: dois estudos de abordagem qualitativa, três qualiquantitativo, três relatos de experiência, um recorte de pesquisa, uma pesquisa investigação-ação, um artigo de discussão e uma pesquisa intervenção. Destaca-se que os estudos selecionados buscaram conhecer a percepção tanto dos profissionais de saúde quanto dos usuários acerca da EPS. Considerações Finais: O presente estudo permitiu analisar a produção científica sobre Educação Popular em Saúde (EPS) como instrumento fortalecedor de promoção da saúde no âmbito da na Atenção Básica. Foi constatado nas discussões literárias que a verdadeira prática educativa é contrária ao modelo verticalizado, em que uma pessoa fala a outra e não “com” a outra.  Isto porque, não existe um saber verdadeiro, todo saber é válido, superado ou complementado por outros saberes. O presente estudo mostrou que as práticas coletivas e individuais realizadas no âmbito da Atenção Básica à Saúde (ABS) quando pautadas nos preceitos metodológicos da EPS respeitando os saberes populares, a cultura, promovendo o diálogo, a amorosidade, a criatividade e a construção compartilhada do conhecimento, vem conseguindo transmitir de uma forma mais efetiva a promoção da saúde, e ainda favorecendo o desenvolvimento de posturas autônomas capazes de tomar iniciativas próprias. Acredita-se que a EPS pode ser colocada em prática com efetividade pelos profissionais da ABS. Contudo, é importante uma visão mais integrada da saúde, com a participação de profissionais, cada vez mais cientes de seu potencial papel de promotor de saúde. Propõe-se a necessidade de estudos que revelem as resistências implícitas a todos os envolvidos no serviço primário de saúde, sobretudo gestores, profissionais e usuários, quanto à adesão as práticas da EPS como forma de promoção da saúde na atenção básica. 

1971 PROJETO PEDAGÓGICO CLUBINHO DE LEITURA DO BAÚ: descrevendo experiências coletivas de educação popular em saúde junto aos jovens do sertão
Leidy Dayane Paiva de Abreu, Raimundo Augusto Martins Torres, Maria Deniza Paulino da Silva, Maria Ivanilce Pereira dos Santos, Aretha Feitosa de Araújo

PROJETO PEDAGÓGICO CLUBINHO DE LEITURA DO BAÚ: descrevendo experiências coletivas de educação popular em saúde junto aos jovens do sertão

Autores: Leidy Dayane Paiva de Abreu, Raimundo Augusto Martins Torres, Maria Deniza Paulino da Silva, Maria Ivanilce Pereira dos Santos, Aretha Feitosa de Araújo

Apresentação: As juventudes vêm ocupando diversos espaços, como no caso das associações comunitárias juvenis, atuando com a promoção do cuidado em saúde. Esses cenários são relevantes pelas crescentes mobilizações da juventude nas associações, coletivos jovens, mas também pela amplitude de suas expressões na arte, na cultura, na leitura de mundo e na construção de novas formas de sociabilidade no campo e na cidade, nas áreas da cultura popular, da educação popular em saúde. Uma vez que a educação popular pode ser conceituada como um campo de saber onde há uma intencionalidade na relação teoria-prática, em que atores mantêm uma dinamicidade das interações mediadas pelos processos comunicacionais cuja finalidade é a transformação social, uma consciência para emancipação de sujeitos. A vivencia tem como objetivo descrever as experimentações de vida e práticas de educação popular em saúde das juventudes do projeto pedagógico “Clubinho de Leitura do Baú – CLB: narradores do sertão”. Desenvolvimento do trabalho: O traçar metodológico foi por meio de um relato de experiência em um espaço de Educação Popular Associação dos Jovens do Irajá - AJIR/ Biblioteca 21 de Abril, apresentando a experiência de um coletivo jovem por meio de expressões artísticas e culturais como desenhos, redações, música e teatro. A associação foi construída com o desejo dos jovens em implantarem uma biblioteca comunitária no distrito de Hidrolândia, conhecido como Irajá, nos anos 80. Logo a juventude fez a ocupação permanente do espaço doado pela Prefeitura e fundam a Biblioteca 21 de Abril, denominada assim, por ser criada nesta mesma data em que realizam a sua reforma e organização do espaço a qual passa a se tornar sede da associação. Neste ambiente os jovens irajaenses se reúnem até hoje para planejar e executar as atividades culturais, de leitura com a Implantação do Baú da Leitura e diálogos sobre a saúde. As atividades são realizadas pela participação ativa da pesquisadora, enfermeira, representante da AJIR, com acompanhamento pedagógico e logístico das ações de mais quatro integrantes da associação. Os atores sociais envolvidos são crianças, adolescentes e jovens, com faixa etária de 05 a 25 anos. As atividades do Baú acontecem desde 2014 até os dias atuais, com uma média de 15 participantes cadastrados. Também ocorrem visitas das escolas do município, tanto públicas estaduais e municipais, aumentado para uma faixa de 40 pessoas, quando há presença desses visitantes. As atividades de intervenção acontecem semanalmente aos sábados de 8h ás 12h na Biblioteca 21 de Abril, Irajá, distrito de Hidrolândia/CE. A escolha pelo termo jovem ou juventudes se expressa no sentido de que estes sujeitos estão imersos em contextos culturais diversos, portanto, produzindo arte e cultura mediadas pelos cotidianos de suas experimentações e vivências em grupos em território de produção de vida. A intervenção destaca as ações realizadas sobre a saúde e cultura popular do uso de plantas medicinais, das rezadeiras e parteiras da comunidade, assim como as datas comemorativas como Dia das Crianças do ano de 2017. Utilizou-se da observação sistemática e diária de campo nas ações realizadas e foram analisadas e fundamentadas no "Círculo de Cultura" de Paulo Freire. A experiência atende a Resolução nº. 466/12, CAAE: 58455116.50000.5534. Resultados e/ou impactos: Utilizamos os livros do baú na própria Associação, com diversas estratégias metodológicas. As estratégias foram definidas com apoio no "Círculo de Cultura" de Paulo Freire. Os participantes escolheram livros e em círculo e contaram experiência da leitura. Em seguida foram feitos desenhos, redações, poemas, músicas, danças e teatro sobre o tema escolhido. Posteriormente, foram apresentados em datas comemorativas, como o Dia das Crianças para os familiares e comunidade. As atividades culturais permitiram uma rica discussão sobre o significado do Dia das Crianças e das crenças populares. A liberdade dos diálogos no grupo e as expressões artísticas e culturais desenvolvidas pelas juventudes proporcionaram resultados satisfatórios, com estabelecimento de vínculos e troca de saberes acerca do tema de interesse dos jovens. Nos momentos em roda os jovens falaram de seus sonhos profissionais, realizações pessoas, a importância da família, amigos e da AJIR em suas vidas. Citaram ainda que as atividades pedagógicas realizadas na AJIR proporcionam a criação de vínculo e confiança. Os jovens tiveram a liberdade de desenhar a Associação dos Jovens de Irajá com o Baú da Leitura e o que tinha em seu entorno, além de conhecerem novos mundos através da leitura. Comentaram que estavam conhecendo a história do distrito e valorizando os patrimônios históricos cultural da comunidade, como a estrutura e história da AJIR, além do casão mais antigo do distrito, Palacete Oiticica ao lado da associação. Mencionaram ainda, em um dos momentos de leitura sobre as práticas populares, o reconehcimento das plantas medicinais, as parteiras e rezadeiras como parte de seus cotidianos de vida, citando que usam plantas medicinais para os chás e que já tiveram a oportunidade de uma reza para curar suas enfermidades. Cinco participantes citaram que nasceram em casa com a ajuda de uma parteira e que eram suas avós, logo no distrito não tem hospital, só na sede. A participação dos jovens no espaço da associação está cada vez mais efetiva, bem como eles se tornam multiplicadores do conhecimento, ou seja, eles dialogam com os colegas o que aprendem nos momentos em grupo, como também provocam a discussão dos temas no contexto familiar, levando para os pais a discutirem sobre muitas questões, tornando este ambiente de escuta, de aprendizado e de compreensão. O Círculo de Cultura incentiva e estimula à utilização e à expressão de diferentes formas de linguagem e representação da realidade.  Uma vez que a educação popular em saúde favorece a alteração de significados que os jovens constroem em suas vivências, porque promove o solidaríssimo comunitário e troca de experiência na reflexão com ação, pois o diálogo se coloca como um caminho pelo quais as pessoas ganham significação enquanto sujeitos e conquistam o mundo para a sua libertação. Considerações finais: O uso de outros espaços como a AJIR, enquanto espaço de expressão cultural e artística no campo da saúde por meio da promoção da saúde e da educação popular em saúde na formação de jovens se configura como uma abordagem inovadora e criativa, pois motiva a participação das juventudes, de forma dinâmica e interativa sobre sua saúde ao responder e retirar suas dúvidas em “perguntas” acerca do tema ligado a seus contextos de vida, deixando em evidência a experiência em campo como processo de construção coletiva de um cuidado em saúde.

4963 Educação Popular em Saúde na Atenção à Saúde da Família: Grupo Educativo com Mulheres Quilombolas de uma Área Rural do Interior da Bahia
Etna Kaliane Pereira da Silva, Everton Almeida Sousa, Ícaro Garcia Viana, Daniele Silva Blêsa Novais, Danielle Souto de Medeiros

Educação Popular em Saúde na Atenção à Saúde da Família: Grupo Educativo com Mulheres Quilombolas de uma Área Rural do Interior da Bahia

Autores: Etna Kaliane Pereira da Silva, Everton Almeida Sousa, Ícaro Garcia Viana, Daniele Silva Blêsa Novais, Danielle Souto de Medeiros

Apresentação: A educação popular destaca-se por sua concepção teórica que valoriza o saber do outro, entendendo que o conhecimento é um processo de construção coletiva. A extensão universitária fundamentada na educação popular em saúde proporciona uma integração entre o saber popular e científico com o foco de contribuir para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, redução de agravos à saúde, promoção da saúde e qualidade de vida, sendo indispensável à aproximação entre os estudantes e a comunidade. As comunidades remanescentes de quilombos estão localizadas em sua maioria em áreas rurais do Nordeste brasileiro, possuem trajetórias históricas próprias com presunção de ancestralidade negra, com costume e relações territoriais especificas marcada pela segregação racial e resistência a opressão. A população quilombola convive com iniquidades sociais e de saúde e encontra na rede de apoio comunitária uma estratégia de resistência e estímulo para enfrentar as dificuldades que lhes são impostas em seu cotidiano, tendo o compartilhamento de experiências e de recursos como ponto fundamental para manutenção da comunidade. A qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, uma concepção abrangente e complexa que está fortemente associada com o grau de satisfação encontrada na vida familiar, amorosa, social, ambiental, estética e nível de condicionamento físico. Este trabalho objetiva relatar experiências de um grupo educativo com mulheres quilombolas residentes na zona rural de um município do interior da Bahia. Descrição das Experiências: O grupo Qualidade de vida reúne semanalmente cerca de vinte mulheres de diferentes faixas etárias residentes na comunidade quilombola do Baixão, zona rural de Vitória da Conquista – BA. Os encontros ocorrem no posto de atendimento da unidade de saúde da família e integra as ações do projeto de extensão “ Educação popular na Estratégia de Saúde da Família”. O projeto de extensão universitária é desenvolvido em parceria com a associação de agricultores familiares remanescentes do território quilombola do Baixão e são realizadas atividades de educação popular em saúde, tendo como foco o estimulo a discussão crítica e reflexiva sobre as práticas em saúde e a relação dos dispositivos educacionais e de saúde com a comunidade, a integração ensino-serviço-comunidade e a educação pelo trabalho na formação em saúde. O grupo Qualidade de Vida teve suas atividades iniciadas no mês de julho 2017, é facilitado por estudantes de graduação acompanhados de profissionais de saúde e orientado por docente da universidade. O primeiro encontro teve como tema central a consciência grupal trabalhada através de dinâmicas, além disso foi realizada uma avaliação física e nutricional de todas as participantes, com aferição de medidas antropométricas de peso, altura, circunferência da cintura e quadril e realização de teste físicos (flexões e abdominais) a fim de avaliar a resistência neuromuscular das participantes. As avaliações foram realizadas com a supervisão de uma nutricionista e um estudante de educação física, a maioria das mulheres quilombolas foram diagnosticadas com excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) e baixo condicionamento físico, interferência negativas dessas condições na qualidade de vida foram relatadas pelas participantes. Os encontros subsequentes buscaram estimular a discussão crítica e reflexiva sobre as práticas de saúde abordando temas diversos (tipos de alimentos; mudanças alimentares na comunidade; origem dos alimentos; exercícios físicos para serem feitos em casa; técnicas de relaxamento; troca de receitas culinárias; oficinas de artesanatos; conhecimento corporal e saúde da mulher, entre outros) sugeridos pelos facilitadores ou pelas mulheres quilombolas. Essas temáticas relacionadas à melhoria da qualidade de vida e o incentivo à prática de atividade física foram trabalhadas através de rodas de conversas, dinâmicas grupais, caminhadas pela comunidade, aula de ginásticas realizadas na quadra poliesportiva da comunidade, entre outros. Impacto das Experiências: Ao final do ano de 2017, foi possível observar melhorias significativas no condicionamento físico, hábitos alimentares e uma maior integração entre as participantes. As mulheres relataram aumento na disposição para realizar atividades básicas da vida diária, melhorias na autoestima, diminuição de dores musculares e articulares presentes nas integrantes do grupo devido a rotina de trabalho desgastante somado ao sedentarismo apresentado no início das atividades grupais. Na segunda e na terceira avaliação física e nutricional foram observados resultados satisfatórios, principalmente nos testes que avaliam a resistência neuromuscular, como a resistência abdominal e de braços. Além da mudança no estilo de vida, o grupo Qualidade de Vida proporcionou as mulheres quilombolas um espaço de convivência e socialização, o que, associado à credibilidade e confiança conquistada ao longo dos encontros, proporcionou uma inclusão constante de novas integrantes que objetivam troca de conhecimentos para promoção da saúde e qualidade de vida. Destaca-se que o presente grupo surgiu a partir de uma demanda da própria comunidade explanada em uma reunião entre a associação de agricultores familiares do território quilombola e a equipe do projeto de extensão que pretendia inicialmente trabalhar apenas com os adolescentes da comunidade, e que foi solicitado pelas mulheres participantes do grupo Qualidade de Vida que os encontros ocorressem duas vezes na semana, evidenciando a consciência dos quilombolas na necessidade de aquisição de estilo de vida saudável e a carência de orientações sobre hábitos saudáveis destinada a essa população. Além disso, a atuação dos estudantes na comunidade quilombola utilizando a educação popular em saúde proporciona a construção de conhecimentos de forma dialógica através dos saberes compartilhados, constituindo uma base sólida para formação em saúde dos extensionistas, contribuindo em suas futuras atuações profissionais. Considerações Finais: O grupo Qualidade de Vida tem alcançado resultados positivos na promoção de saúde e qualidade de vida na comunidade quilombola do Baixão, evidenciando que a educação popular se constitui um importante instrumento para o desenvolvimento de ações educativas e coletivas por profissionais de saúde. Entretanto, é importante destacar a necessidade de redução da vulnerabilidade socioeconômica e de uma maior atenção à saúde dos quilombolas por parte dos dispositivos de saúde para uma melhor qualidade de vida dessa população. Ademais, o diálogo é essencial para construção das condutas terapêuticas entre, de um lado, a pessoa que conhece intensamente a realidade onde o problema está estabelecido e, de outro, o profissional com conhecimentos científicos sobre a questão, no entanto, para isso é indispensável a aproximação entre esses atores sociais.

5263 ANEPS NO FORTALECIMENTO DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE
CLAUDIA SPINOLA LEAL COSTA, SIMONE MARIA LEITE BATISTA, SUELY CORREIA OLIVEIRA

ANEPS NO FORTALECIMENTO DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE

Autores: CLAUDIA SPINOLA LEAL COSTA, SIMONE MARIA LEITE BATISTA, SUELY CORREIA OLIVEIRA

Introdução: O trabalho apresenta a experiência de construção da Articulação Nacional de Educação Popular e Saúde – ANEPS que surgiu por meio de uma articulação dos diversos segmentos e práticas de educação popular em saúde, do Ministério da Saúde e da Rede de Educação Popular e Saúde, durante o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Demonstra, especificamente, a construção da ANEPS que, nesse rico processo, surgiu como fruto da parceria entre membros de universidades, movimentos sociais, pastorais, gestores, cuja preocupação em estruturar a ANEPS em todo o País fundamentou-se no respeito às características locais, à diversidade cultural, a organização popular e a necessidade de construção de um sistema de saúde com efetiva participação popular, no qual os diversos sujeitos que transitavam no cotidiano dos serviços tivessem suas necessidades atendidas e seu modo de viver respeitado. A ANEPS nasceu há quatorze anos, em 15 de junho de 2003, por iniciativa de movimentos e práticas de educação popular e saúde existente no Brasil, que se propuseram juntos, a pensar em políticas públicas para o SUS, contribuir com as Conferências Nacionais de Saúde e participar do desenvolvimento de processos de aprender-ensinar em saúde nos estados brasileiros, e contribuir com o fortalecimento das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde no SUS. Os primeiros movimentos articulados como Aneps foram a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag); a Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem); o Projeto Saúde e Alegria/GTA; o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR); o Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan); o Movimento dos Sem Terra - Coletivo de saúde; o Mops e a Rede de Educação Popular e Saúde. Hoje, são centenas os movimentos e práticas articuladas, em todo o território nacional. Durante o VII Congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a Aneps realizou a sua primeira plenária nacional, no dia 2 de agosto de 2003, quando se constituíram os núcleos estaduais de coordenação provisórios. Mapeamentos, dois encontros nacionais, vários encontros estaduais, conferências temáticas estaduais, rodas de conversas e inumeráveis outras atividades, ações e projetos estão animando a articulação em todo Brasil. Nessa caminhada de 14 anos de existência da Aneps, merece destaque a parceria com a Secretaria de Gestão Estratégica Participativa (SGEP/MS). Dos laços políticos entre a educação popular e SGEP nasceu o Comitê de Educação Popular em Saúde - CNEPS, que vem tentando implementar uma Política Nacional de Educação Popular e Saúde para o estado brasileiro. Embora no último ano esse processo esteja difícil de ser concretizado, uma vez que o atual governo não prioriza as atividades construídas a partir dos movimentos populares.   Objetivos: - Refletir e socializar as práticas de saúde que são pautadas no encontro entre os diversos saberes sobre o processo de adoecimento e cura; - Construir um processo de participação popular no setor saúde que não se limite aos espaços formais de participação, aos conselhos de saúde, mas que possibilite a dinamização destes espaços; - Refletir com as instituições formadoras de profissionais, a necessidade de pautar a formação em um olhar para além da doença e que respeite o modo de viver da população, sua cultura e saber; - Contribuir para a construção de uma Política de Educação em Saúde que tenha como referencial a educação popular e da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde. Metodologia: A construção da ANEPS em vários estados do país tem-se revelado um processo rico e com muitos desafios. A experiência desenvolvida até então se estrutura basicamente em processos de mobilização, rodas de discussão, encontros, vivências e oficinas e tem como eixos estruturantes a pedagogia da problematização, a construção coletiva com os vários atores envolvidos e, principalmente, o despertar de sujeitos críticos e reflexivos, construindo um processo permanente e dialético entre o individual e o coletivo de ação/reflexão/ação, com o envolvimento de todos os sujeitos que dele participam. As ações sempre envolvem os movimentos sociais locais, instituições, estudantes, problematizam a realidade específica e propõe o encontro entre o saber científico e o popular sobre o adoecer e o curar. Para melhor operacionalização das atividades foi formada, nos estados, as coordenações estaduais que se reúnem periodicamente e atua como facilitadora do dialogo entre os núcleos regionais, além de operacionalizar as atividades agendadas. As reuniões da coordenação acontecem de forma descentralizada, em locais diferentes, para possibilitar efetivo engajamento e comprometimento dos parceiros envolvidos. Também são realizados Encontros Estaduais, sempre em parceria com o Ministério da Saúde, que às vezes financiou as atividades da ANEPS, para discussão de temas, socialização das experiências e elaboração das agendas. Desde o seu surgimento, a ANEPS/Nacional tem realizado Encontros Nacionais de Educação Popular e Saúde e de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde Resultados: Em um processo cuja característica básica é a discussão e construção coletiva, mensurar ou apontar resultados torna-se uma tarefa prejudicada na objetividade dos dados, principalmente quando a experiência ainda está em pleno desabrochar e os resultados são perceptíveis nos relatos longos e cheios de afetividade dos que participam das atividades da ANEPS e nos saltos de qualidade das discussões entre trabalhadores e os movimentos sobre as práticas desenvolvidas. Esses resultados não são mensuráveis e tornam-se difíceis de serem expressos em formato acadêmico. Ainda assim, apresentam-se atividades que foram desenvolvidas pela ANEPS em dezessete estados do país: - Encontros Nacionais – já foram realizados quatro encontros desde 2002, ultimo em 2016 em Brasília; Realização de cursos de formação para os movimentos sociais; Realização de uma Oficina nacional de formação; Participação de conferências municipais, estaduais e nacional; Realização de Tendas de Educação Popular em Saúde, nos municípios, estados e em vários estados, em eventos, feiras livres, escolas, unidades de saúde, etc. Participação no Conselho Nacional de Saúde – CNS . Considerações Finais O processo desencadeado tem sido rico e desafiador, mobilizando as práticas e grupos que desenvolvem ações de valorização da vida e tendo como fio condutor das discussões os princípios da educação popular. As reuniões, encontros, rodas de conversas e oficinas, essas ações têm sido práticas constantes da ANEPS, em um processo que tem possibilitado a construção do Fórum de Educação Popular e Saúde, resgatando e refletindo o jeito dos trabalhadores e populares de fazer saúde para, em um movimento ascendente, apontar elementos que contribuam com a construção de uma política nacional de educação em saúde, com a participação de vários segmentos do movimento popular e instituições públicas. Em parceria com o Ministério da Saúde, a ANEPS desenvolveu uma série de encontros em todo o país objetivando mobilizar e formar grupos sociais tendo como mediação a Educação Popular além de incentivar a participação popular para o efetivo exercício do controle social; valorizar e divulgar as práticas populares de saúde, resgatando sua história e estimular uma linguagem popular em saúde, através do teatro, cordel, música e poesias. Atualmente um outro desafio tem se colocado que é o efetivo processo de descentralização da ANEPS para os núcleos regionais no sentido de fortalecer as práticas, os movimentos e as instituições locais para potencializar as ações de educação em saúde tendo como eixo as práticas e saberes populares e a implementação da Política Nacional de Educação Popular em Saúde e de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde.