267: Pesquisas colaborativas em saúde II
Debatedor: A definir
Data: 02/06/2018    Local: Bloco U - Sala 09    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
494 Pesquisa colaborativa sobre Educação Integral em Sexualidade em duas escolas do estado de São Paulo
Paulo Luis Freitas da Costa Santos

Pesquisa colaborativa sobre Educação Integral em Sexualidade em duas escolas do estado de São Paulo

Autores: Paulo Luis Freitas da Costa Santos

Apresentação: O “Jovens em Equidade” foi um projeto idealizado durante a Reunião de Jovens Lideranças pela Educação Integral em Sexualidade, um encontro organizado pela Reprolatina com apoio da IPPF- Federação Internacional de Planejamento Familiar / RHO e da Fundação Ford. Nesta oportunidade reuniram-se jovens lideranças do estado de São Paulo para analisarem a situação atual da Educação Integral em Sexualidade (EIS) no Brasil, principalmente no estado de SP, e também para pensarem estratégias de advocacy para contribuir para a implementação da EIS nas escolas. Com a análise da situação atual da EIS, apesar dos grandes entraves que impedem a implementação deste conteúdo de ensino nas escolas, como o avanço do conservadorismo que tenta impedir que esta temática seja trabalhada nas instituições de ensino, por exemplo, retirando as questões de gênero, diversidade sexual dos Planos Municipais de Educação. Foram identificadas algumas oportunidades que podem contribuir para a implementação da EIS. De acordo a este cenário, um dos encaminhamentos desta reunião foi a proposta para que as jovens lideranças presentes se organizassem para elaborar projetos de advocacy que incidissem pela Educação Integral em Sexualidade. Desenvolvimento: Esta pesquisa apresentará os resultados obtidos no projeto, com a realização de pesquisas colaborativas sobre Educação Integral em Sexualidade em duas escolas de dois municípios do estado de São Paulo: a Escola Estadual João de Moura Guimarães no Distrito de Igaraí (Mococa/SP) e a Escola Estadual Barão Geraldo de Rezende, localizada em Campinas/SP. Contribuir para a efetivação da Educação Integral em Sexualidade em duas escolas do estado de São Paulo, sendo uma na cidade de Campinas e a outra na cidade de Mococa. O projeto se baseia na realização de uma auditoria social facilitada por jovens nestas duas escolas, que construirá como produto final um relatório com recomendações aos tomadores de decisão. A primeira atividade do projeto foi a realização de uma reunião de planejamento envolvendo os e as jovens colaboradores/as na sede do Grupo TUMM em Mococa em janeiro de 2016. Nesta reunião foi elaborado o cronograma detalhado das ações e divididas as atividades entre os e as participantes. Inicialmente o objetivo do projeto era realizar auditoria social para identificar a situação das escolas com relação à EIS e suas necessidades e dificuldades para implementação desta política e conseguir que estas instituições, bem como as diretorias de ensino e a secretaria estadual de educação se empenhassem em colocar a EIS em prática. Após reunião realizada em fevereiro com a Secretaria Estadual de Educação, representada por profissionais do Núcleo de Inclusão Educacional e do Centro de Atendimento Especializado da gestão da educação básica do estado de São Paulo, foram feitas algumas propostas para atualização do projeto a fim de contribuir para que ele tivesse mais sucesso durante sua execução. Esses profissionais sugeriram a alteração do nome da ação, que antes estava como “Auditoria Social”, para um nome que não assustasse as escolas, impedindo que elas aceitassem participar do projeto. Esta mudança foi aceita pelo grupo de jovens coordenadores do projeto que alteraram o nome da ação para “Pesquisa Colaborativa”, um enunciado mais convidativo e propositivo. Nesta reunião o projeto também recebeu apoio e respaldo da secretaria estadual para o desenvolvimento da iniciativa, contemplando um de seus principais. O terceiro passo do projeto foi o contato com as escolas para a consolidação de alianças e autorização para a realização da pesquisa. Em Mococa, houve dificuldade para encontrar uma escola que aceitasse participar do projeto. Dentre quatro escolas contatadas, três não manifestaram interesse, justificando que as escolas já tinham outros projetos em ocorrência. Algumas pediram um tempo para pensar, porém não retomaram contato. Diferentemente da posição das primeiras quatro escolas contatadas, a Escola João de Moura Guimarães, aceitou participar da pesquisa sem receio ou qualquer tipo de restrição. É válido ressaltar que embora afastada geograficamente da cidade, “a EE João de Moura – Igaraí” demonstrou interesse e colaborou durante todo o processo. Após a realização das pesquisas, os/as jovens lideranças tiveram a oportunidade de se reunir em um novo evento promovido pela Reprolatina para aprofundar seus conhecimentos nas temáticas relacionadas à EIS e para construir novas estratégias de advocacy com objetivo de incorporar a EIS no Projeto Político Pedagógico das escolas. Durante a reunião foram apresentados os resultados parciais do Jovens em Equidade, bem como as facilidades e dificuldades encontradas no relacionamento com as escolas.   Pelos motivos citados acima, com a demora a encontrar uma escola que aceitasse o projeto em Mococa, houve atraso no cronograma inicial implicando a não realização de duas atividades: a apresentação do relatório e das recomendações às escolas e demais instituições envolvidas no projeto e a reunião de avaliação final.   Resultados: Com a pesquisa colaborativa identificou-se que ambas as escolas carecem de uma efetiva Educação Integral em Sexualidade. Apesar de que as gestoras relatarem conhecer alguns aspectos da política de EIS e do decreto do uso do nome social, só estão sendo implementadas tímidas iniciativas de divulgação e aplicação do ensino que contemple as questões de sexualidade, gênero, direitos e diversidade sexual. Outro aspecto a ser destacado como análise das pesquisas é que nas duas unidades de ensino foram identificadas situações de violência e homofobia e há uma dificuldade da equipe docente e gestora em lidar com estas questões. Os/as professores/as declaram esta falta de preparo e reconhecem que necessitam de ajuda para trabalhar estas questões. Com relação à efetivação da EIS nos documentos e planejamentos escolares é citado o currículo comum das escolas do estado de São Paulo e a situação pontual em que conteúdos relacionados a gênero, sexualidade, direitos e diversidade sexual aparecem. Nesta perspectiva, os professores acabam seguindo o currículo determinado, geralmente com pouca flexibilidade para tratar de outros temas. Uma controvérsia quando observado que além deste currículo comum existem diretrizes que apontam parâmetros curriculares nacionais, os PCN/1997, que sugerem temas transversais para serem desenvolvidos nas escolas, onde se encontra, entre outros, o tema de “Orientação Sexual”. Através dos dados obtidos fica evidente que é preciso que as escolas reflitam sobre a importância da discussão da EIS no espaço escolar e de que elas precisam de apoio para implantar esta política. As duas escolas se apresentaram abertas, dispostas ao debate, principalmente dentre os professores e professoras. Propor oficinas e reuniões com eles/as, que integram alunos e famílias também se mostrou uma boa sugestão para a implantação da EIS na escola, para não ocorrerem distorções de significado quando o aluno apresentar o tema em casa. Os/as estudantes demonstraram na pesquisa a necessidade que sentem de ter espaços para falar sobre estes assuntos, tirar dúvidas e ter a chance de viver em uma comunidade escolar que os respeite em sua diversidade. Considerações Finais: Conclui-se que há uma urgência em se implementar a Educação Integral em Sexualidade nas escolas e que faltam conhecimentos em como realizar esta efetivação diante o possível “engessamento” do currículo, em que docentes tem que cumprir o que está nos livros. Como demonstrado na pesquisa, é preciso também um maior engajamento dos tomadores de decisão da escola, equipe gestora, em efetivar esta política e apoiar professores neste trabalho pedagógico.

1398 Pós-alta em hanseníase: relato de experiência acerca de ações integradas em saúde coletiva
Sabrina Maria José Novais Meira, Eriedna Chaves Soares, Maria Fernanda Nunes Queiroz, Laurita Oliveira Dutra, Pâmela Siqueira Rocha, Renata Matos e Matos, Daniela Arruda Soares

Pós-alta em hanseníase: relato de experiência acerca de ações integradas em saúde coletiva

Autores: Sabrina Maria José Novais Meira, Eriedna Chaves Soares, Maria Fernanda Nunes Queiroz, Laurita Oliveira Dutra, Pâmela Siqueira Rocha, Renata Matos e Matos, Daniela Arruda Soares

A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa que pode causar lesões dermatoneurológicas, sendo o acometimento dos nervos periféricos um grande acarretador de incapacidades físicas. Além disso, a doença é associada a danos de ordem psicológica e social, tais como diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e depressão. Tendo em vista as incapacidades físicas e deformidades que podem se instalar ou já se encontrarem presentes no pós-alta, a fragilidade no acesso à atenção à saúde, os preconceitos, a auto-segregação e a desinformação, depreende-se que este período carece de maior atenção por parte dos serviços de saúde, no sentido de garantir a coordenação, longitudinalidade e reolutividade no cuidado que é produzido a estes indivíduos. O estudo objetivou relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem na implementação de ações integradas em saúde coletiva a uma usuária no pós-alta de hanseníase, de acordo com as necessidades sócio-sanitárias apresentadas pela mesma. Foram realizadas entrevistas para aplicação de um formulário estruturado, aplicação de uma escala de avaliação de vulnerabilidade familiar, genograma, ecomapa e trajetória de cuidados representativos da composição e dinâmica familiar, da conformação da rede de suporte social e do trânsito pelos serviços de saúde até alcançar o diagnóstico e tratamento. Destaca-se que no pós-alta a situação da usuária envolve entraves relacionados aos problemas físicos, com os tratamentos nos serviços de saúde, a situação de pobreza, a desagregação familiar, além dos problemas psicológicos específicos à doença, relativos à rejeição e à baixa autoestima. Após a análise profunda em relação à situação e as necessidades da usuária analisada, observou-se que as mesmas possuem potencial para modificar a relação desta com sua identidade, com o próprio sentido da vida, com as suas limitações funcionais. Contudo, outras carecem ser desenvolvidas no sentido de garantir a reinserção social, provimento econômico e qualidade de vida.

1796 AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE NA AGRICULTURA FAMILIAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Naiara Ramos de Albuquerque, Anne Kimi Vasconcelos Okazaki, Amanda Marinho da Silva, Aryanne Lira dos Santos Chaves, Indira Silva dos Santos, Luiz Felipe da Silva Corrêa, Tamiris Moraes Siqueira, Ana Katly Martins Gualberto Vaz

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE NA AGRICULTURA FAMILIAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Naiara Ramos de Albuquerque, Anne Kimi Vasconcelos Okazaki, Amanda Marinho da Silva, Aryanne Lira dos Santos Chaves, Indira Silva dos Santos, Luiz Felipe da Silva Corrêa, Tamiris Moraes Siqueira, Ana Katly Martins Gualberto Vaz

INTRODUÇÃO: A agricultura familiar é uma prática que envolve questões políticas, sociais, econômicas, tecnológicas e organizacionais que perpassam por fatores de risco para a segurança e saúde do trabalhador de natureza química, física, biológica, mecânica e ergonômica, além dos acidentes com animais ofídicos e a exposição ao processo de produção, aos problemas acarretados pelos agrotóxicos e as medidas de proteção administrativa, coletiva e individual. OBJETIVO: Descrever a experiência acadêmica durante a prática de vigilância em saúde sobre as condições de trabalho e saúde em uma comunidade agrícola. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência sobre uma visita à comunidade Valparaíso, localizado no bairro Jorge Teixeira, zona Leste da cidade de Manaus, realizado durante o estágio da disciplina de Vigilância em Saúde. Foi utilizado um instrumento de coleta de dados não estruturado com perguntas abertas abordando as condições de trabalho e saúde, com ênfase na questão do manuseio de agrotóxicos. A entrevista realizada com a família de agricultores foi gravada e transcrita para posterior análise. RESULTADOS: Observou-se que a jornada de trabalho é cansativa, passando de 12 horas diárias para poder suprir as demandas das plantações, na maioria das vezes em posição desfavorável para a ergonomia do trabalhador, causando dores intensas na coluna vertebral. A saúde desses trabalhadores é uma situação crítica, pois eles não realizam os cuidados necessários para o manejo dos agrotóxicos, demonstrado nas precárias condições de trabalho que possuem, causando sérios problemas de saúde como processos alérgicos, problemas intestinais, oftalmológicos e principalmente dermatológicos. A utilização de Equipamentos para Proteção Individual (EPI´s) é negligenciada pelos agricultores, pois alegam que “perdem a agilidade com a utilização de luvas” e não possuem o hábito de usarem as roupas adequadas para a aplicação dos agrotóxicos. Durante a visita questionou-se sobre a segurança do trabalhador e a entrevistada afirmou que os EPI´s que utilizam com mais frequência são as botas e quando vão aplicar os agrotóxicos usam máscaras. As unidades de saúde são de difícil acesso devido à distância, observou-se a precária infraestrutura, com ruas sem asfaltamento, calçadas tomadas pela vegetação e muitas vezes ausentes, além disso, não existe saneamento básico na área.CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esta experiência mostrou como é importante realizar o acompanhamento das famílias que trabalham com a agricultura, pois os seus problemas perpassam por vários campos, desde as condições de trabalho até o saneamento básico ofertado. O enfermeiro não pode esquivar-se deste papel, onde precisa trabalhar as necessidades da comunidade promovendo a saúde e prevenção de agravos na população. Os trabalhadores da agricultura familiar não possuem condições dignas de trabalho, além de saneamento básico e acesso à saúde de qualidade. Eles necessitam de acompanhamento contínuo sobre o modo de trabalhar, no que diz respeito à jornada de trabalho, ao uso de EPI´s, incentivo à produção e apoio técnico para ensiná-los a cultivarem de forma correta.

2092 Grupo de Práticas e Pesquisa em Saúde Coletiva (GRUPPESC) e suas contribuições no campo da saúde: relato de experiência
Deíse Moura de Oliveira, Rayla Amaral Lemos, Rayla Amaral Lemos, Amanda Morais Polati, Amanda Morais Polati, Vanessa de Souza Amaral, Vanessa de Souza Amaral, Marina Kelle da Silva Caetano, Marina Kelle da Silva Caetano, Nicoli Souza Carneiro, Nicoli Souza Carneiro, Rodrigo Pereira, Rodrigo Pereira, Rennan Lanna Martins Mafra, Rennan Lanna Martins Mafra

Grupo de Práticas e Pesquisa em Saúde Coletiva (GRUPPESC) e suas contribuições no campo da saúde: relato de experiência

Autores: Deíse Moura de Oliveira, Rayla Amaral Lemos, Rayla Amaral Lemos, Amanda Morais Polati, Amanda Morais Polati, Vanessa de Souza Amaral, Vanessa de Souza Amaral, Marina Kelle da Silva Caetano, Marina Kelle da Silva Caetano, Nicoli Souza Carneiro, Nicoli Souza Carneiro, Rodrigo Pereira, Rodrigo Pereira, Rennan Lanna Martins Mafra, Rennan Lanna Martins Mafra

Apresentação: a Saúde Coletiva teve seu berço na década de 1970. Desde então um esforço tem se dado na direção de descontruir o modelo médico-centrado e de construir o modelo usuário-centrado, ancorado na aposta da construção de sujeitos políticos e capazes de transformar suas realidades social e de saúde. Nesta perspectiva emerge o Grupo de Práticas e Pesquisa em Saúde Coletiva (GRUPPESC), que busca fortalecer esse ideário da saúde coletiva em duas instituições de ensino superior públicas de Minas Gerais. Desse modo, objetiva-se relatar a experiência da trajetória percorrida pelo GRUPPESC e sua contribuição para o campo da saúde coletiva. Desenvolvimento do trabalho: o GRUPPESC teve seu início em agosto de 2016 na Universidade Federal de Viçosa (UFV), inicialmente pensado como espaço de troca de experiências entre uma docente do curso de Enfermagem e seus orientandos de extensão, iniciação científica e mestrado, os quais atuavam diretamente na pesquisa e em práticas no âmbito da saúde coletiva. O grupo se reúne semanalmente, sendo a agenda das atividades construída pelo próprio grupo, que identifica as demandas que emergem com relação às pesquisas realizadas pelos seus membros e às práticas extensionistas na área da saúde coletiva. Somado a isso o GRUPPESC apoia atividades nesse campo no município de Viçosa, atuando como parceiro em diversas ações voltadas para a população. Em 2017 o grupo fez um intercâmbio com docentes e estudantes do curso de fisioterapia, medicina e farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e formalizou, em dezembro de 2017, sua inscrição no Diretório dos Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Resultado/Impactos: O GRUPPESC tem se firmado como um grupo cujo o campo de atuação tem sido amplo, com destaque para: estudos teóricos necessários à saúde coletiva, elaboração de projetos e realização de pesquisas de interesse para a área, inserção direta do grupo na comunidade local por meio do Conselho Municipal de Saúde, promoção de eventos científicos, divulgação de evidências do grupo em periódicos qualificados e congressos regionais, nacionais e internacionais. Além disso, há ainda expressiva formação política na atuação do GRUPPESC, atuando na revisão da Minuta das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Enfermagem em interface com discussões sobre o perfil do profissional graduado nesta área pela UFV, além de atuar na  organização/ participação em atos públicos contra decisões que produzirão impacto negativo à saúde e educação brasileiras. Considerações finais: o GRUPPESC tem se evidenciado como um canal de práticas e de pesquisas em saúde coletiva, buscando contribuir para o fortalecimento desse campo nas instituições de ensino no qual está inserido. Apesar de formalmente a liderança do grupo ficar a cargo de docentes da UFV e da UFJF tem se construído no mesmo um senso de corresponsabilização e compromisso social por parte de todos os envolvidos. Isso tem se configurado como potencializador para a emergência de relações mais horizontais e solidárias entre os participantes e destes com a sociedade, intercambiando a produção do conhecimento e a construção de uma práxis agenciadora de transformação social.

2852 A implantação da Rede de Atenção Psicossocial a partir da desinstitucionalização de um macro hospital psiquiátrico.
Alice Medeiros Lima, Ândrea Cardoso de Souza

A implantação da Rede de Atenção Psicossocial a partir da desinstitucionalização de um macro hospital psiquiátrico.

Autores: Alice Medeiros Lima, Ândrea Cardoso de Souza

Trata-se de um trabalho que aborda o fechamento de um macro hospital psiquiátrico localizado no município de Rio Bonito, na região Metropolitana II do estado do Rio de Janeiro, o Hospital Colônia de Rio Bonito (HCRB) e o impacto para a implantação da Rede de Atenção Psicossocial a partir desse processo de desinstitucionalização. Objetivo: analisar os processos de desinstitucionalização a partir do fechamento do HCRB. Foi realizada uma pesquisa com documentos referentes ao processo de desinstitucionalização, cedidos por gestores que tiveram participação ativa no fechamento do HCRB, o que possibilitou o conhecimento do destino desses pacientes após a alta e como os municípios construíram suas redes para o retorno de seus munícipes. Posteriormente, foram colhidas narrativas dos participantes dessa pesquisa, que foram cinco gestores dos âmbitos estadual e municipal, envolvidos diretamente na desinstitucionalização do HCRB. Resultados: entre 2012 e 2016, quando ocorreu o fechamento definitivo do HCRB, foram 255 altas, que aconteceram da seguinte maneira: em 2012 foram 68; em 2013 foram 35; em 2014 foram 50; em 2015 foram 43 e em 2016 foram 59. A ação durou 4 anos e foi possível êxito a partir de um trabalho de conscientização em diversos espaços, como nas Comissões Intergestores Regionais (CIR), na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), Grupos Condutores estadual e regionais, assembleias de secretários do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Rio de Janeiro , fóruns, entre outros. A maior parte dos pacientes foi para residências terapêuticas em seus respectivos municípios de origem (51%), o que mostra uma organização da rede para receber esses usuários, com fortalecimento da política de desinstitucionalização; 60 (24%) pacientes conseguiram retorno familiar, o que demonstra ainda uma fragilidade de laços afetivos; 49 (19%) pacientes foram transferidos para outras instituições, a maioria delas também são hospitais psiquiátricos, o que demonstra ainda uma rede substitutiva com poucos dispositivos com condições de receber essa clientela, apenas 1% foi encaminhado para outro tipo de serviço e durante este processo tiveram 5% de óbitos. Ao lançarmos um olhar para a clientela do HCRB, vemos que as internações ultrapassavam a lógica das regiões de saúde, absorvendo inclusive, pacientes de outros estados do Brasil. Após pactuação entre as três esferas (municipal, estadual e federal), os gestores assumiram o compromisso de receber os seus usuários. Os principais impasses identificados foram: falta de rede nos municípios; muitos profissionais sem experiência e com pouca ou nenhuma formação no campo da saúde mental; resistência diante do fato de pacientes graves viverem fora do hospício; lentidão nos processos burocráticos; falta de documentação dos pacientes; falta de renda financeira; suporte familiar precário; alta rotatividade de profissionais. Considerações Finais: O processo apresentou grande potência em relação à construção da RAPS. Os municípios que tinham pacientes na instituição precisaram organizar e montar suas redes a partir do fechamento. É possível afirmar que a RAPS se fortaleceu a partir desse processo, mas a luta por sua manutenção e aprimoramento, é diária.

3934 A IMPORTÂNCIA DO FOMENTO AS TECNOLOGIAS LEVES EM SAÚDE COMO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA CRIAÇÃO DE PRÁTICAS INOVADORAS PARA O SUS.
Adriely Alciany Miranda dos Santos, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Carmem Lúcia Pacheco de Sena, Alessandra Araújo Melo Barbosa, Isadora Menezes Franco, Luanna Moreira da Silva, Ingrid Aparecida Rodrigues Vieira, Walber da Silva Nogueira

A IMPORTÂNCIA DO FOMENTO AS TECNOLOGIAS LEVES EM SAÚDE COMO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA CRIAÇÃO DE PRÁTICAS INOVADORAS PARA O SUS.

Autores: Adriely Alciany Miranda dos Santos, Anny Larissa Paiva Vasconcelos, Carmem Lúcia Pacheco de Sena, Alessandra Araújo Melo Barbosa, Isadora Menezes Franco, Luanna Moreira da Silva, Ingrid Aparecida Rodrigues Vieira, Walber da Silva Nogueira

Apresentação: O estímulo as tecnologias em saúde tem sido evidenciados com mais afinco desde a implementação da Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde(PNGTS), no entanto apesar dos avanços ainda existem lacunas que dificultam a eficácia na prática desta organização, no que diz respeito principalmente às tecnologias duras, já que necessitam ser avaliadas e validadas levando-se em consideração fatores como custos dispendiosos e recursos financeiros limitados para o investimento em uma tecnologia. Nesse cenário de desafios para a implantação de tecnologias duras no SUS, surge então a necessidade de incentivar a criação de tecnologias leves, pois elas são de alta efetividade com menor custo e complexidade. Dessa forma, o objetivo deste estudo é propor o incentivo da criação e utilização de tecnologias leves em saúde, tanto por parte de acadêmicos de graduação, quanto através dos profissionais de saúde que atuam na assistência do SUS, a fim de que impasses sejam solucionados. Desenvolvimento: Estudo realizado por um levantamento bibliográfico de natureza exploratória com abordagem qualitativa. Foram pesquisados artigos entre os anos de 2013 a 2017 nas bases de dados Lilacs, Scielo, Bireme, utilizando-se as palavras-chave tecnologias leve em saúde, práticas inovadoras e SUS. Dos quais foram selecionados 5 artigos relevantes para a temática abordada. Resultados: Percebeu-se que os artigos que discorriam sobre a criação de tecnologias duras, apresentavam impasses para a aplicabilidade devido ao sistema de avaliação burocrático e limitados recursos financeiros. No entanto, artigos que discorriam sobre as tecnologias leves e sua dinâmica aplicabilidade, apresentavam resultados positivos e eficazes na assistência ao SUS, pois estas tecnologias são de baixo custo, fácil adesão e proporcionam maior vínculo profissional-paciente, tornando o acolhimento além de sistematizado por utilizar tal ferramenta, mais humanizado. É importante ressaltar que o ensino e aprendizagem sobre a utilização de tecnologias leves no cotidiano do profissional de saúde, deve ser impelido desde a graduação, aprimorando as estratégias de gestão como a educação permanente para que este tenha uma maior facilidade de criar tecnologias que venham solucionar as problemáticas encontradas no SUS quando profissionais. Considerações Finais: Destarte, diante dos fatores supracitados que mencionam a importância e os benefícios do estimulo a criação de tecnologias leves em saúde como proposta de intervenção visando práticas inovadoras para o SUS é incontrovertível a relevância de fomentar a prática das tecnologias leves, a fim de que solucionem lacunas da assistência, melhorando o serviço prestado.

5319 Ética em pesquisa e povos tradicionais pós-resolução CNS 510/2016 e OIT 169/96
Rui Harayama

Ética em pesquisa e povos tradicionais pós-resolução CNS 510/2016 e OIT 169/96

Autores: Rui Harayama

Apresentação: O presente trabalho apresenta a experiência na construção de ferramentas para que indígenas bilíngues do Oeste do Pará da etnia waiwai possam ter acesso a discussões sobre ética em pesquisa em português ou em sua língua materna, assim como publicizar os documentos produzidos em ambiente virtual para amplo acesso, em consonância com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Desenvolvimento do trabalho: A discussão sobre a Promoção de Direitos Humanos no mundo torna-se central após a Segunda Guerra Mundial. Um dos eventos que marca a necessidade de se criar um esforço internacional em respeito à vida e dignidade humana ocorre após o Julgamento de Nuremberg, 1947, no qual evidenciou-se a correlação entre os experimentos científicos e crimes contra a humanidade. Apesar de serem temas correlatos, os Direitos Humanos e a Bioética nem sempre foram tratados de forma equânime nos debates internacionais. Entretanto, em 2006, com a aclamação da Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos, evidenciou-se a necessidade de pensar o desenvolvimento científico à luz dos Direitos Humanos. Impactos: O debate, que justifica a necessidade de atualizar a discussão sobre bioética e direitos humanos, tem peculiaridades quando se trata do contexto intercultural. A discussão sobre Direitos Humanos e Antropologia, por exemplo, é pautada pelas problematizações que categorias ocidentais causam ao serem aplicadas sem mediações a povos autóctones e tribais. Entretanto, a partir da Convenção OIT 169, promulgada como decreto em 2004, a autonomia das populações indígenas torna-se preeminente em relação aos projetos do Estado Nação. Assim como tornam-se necessários consultas prévias e o consentimento das populações para a execução de ações que impactem seus territórios e bem viver. Fica evidente que a discussão sobre Direitos Humanos e Bioética torna-se extremamente importante por incidirem diretamente na dignidade dessas populações. O desafio então passa a ser a criação de ferramentas e dispositivos que sensibilizem e instrumentalizem as populações indígenas. Consuderações finais: Nesse sentido, experiências de criação de protocolos de consulta criados por populações tradicionais como a dos Povos das aldeias Açaizal, São Pedro do Palhão, São Francisco da Cavada, Iaupixuna e Amparador, em 2017, e da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém, 2015, e a criação de códigos indígenas para a conduta ética de pesquisadores como pelo South African San Institute, em 2017, tornam-se centrais para a promoção dos Direitos Humanos e da Bioética.

2490 MEDIDAS PREVENTIVAS NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COM TUBERCULOSE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Rebeca Arce Guilherme, Ellen Cristine de Oliveira Silveira, Ellen Cristine de Oliveira Silveira, Felipe Lima dos Santos, Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio, Ana Carolina Scarpel Moncaio

MEDIDAS PREVENTIVAS NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COM TUBERCULOSE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores: Rebeca Arce Guilherme, Ellen Cristine de Oliveira Silveira, Ellen Cristine de Oliveira Silveira, Felipe Lima dos Santos, Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio, Ana Carolina Scarpel Moncaio

APRESENTAÇÃO: A tuberculose tem existido por milênios e permanece como um grande problema de saúde mundial, gerando problemas de saúde em milhões de pessoas a cada ano e, em 2015, esteve entre as 10 principais causas de morte em todo o mundo. Trata-se de uma doença crônica transmissível, que afeta prioritariamente os pulmões. Uma pessoa com tuberculose pulmonar (bacilífera ou sintomática) pode transmitir a bactéria para outras 10-15 pessoas por ano, quando não diagnosticada, por meio de gotículas respiratórias (tosse, espirro ou fala) que ficam suspensas no ar em forma de aerossóis contendo o bacilo, ou seja, a transmissão envolve vias aéreas principalmente. Uma das principais estratégias de controle da doença é a busca ativa dos sintomáticos respiratórios, os quais podem apresentar: tosse persistente, produtiva ou não, sudorese noturna, febre vespertina, inapetência e emagrecimento. A demora ou falha no diagnóstico, no isolamento e manejo destes pacientes são considerados determinantes para a disseminação da doença. O controle da tuberculose depende do melhoramento dos fatores relacionados aos serviços de saúde: um sistema unificado de saúde, acompanhamento do paciente na referência e contra referência, unidades descentralizadas a fim de aproximar o paciente das unidades de saúde e principalmente, o constante aprimoramento dos profissionais de saúde.  Esse processo de aprendizagem permanente constantemente vem sido defendido pelo Sistema Único de Saúde como sendo um forte alicerce na resolução de problemas enfrentados pela comunidade e pelas equipes de saúde de cada região. A educação continuada parte da hipótese da aprendizagem significativa, que promove a aproximação do científico e da realidade, e sugere que a transformação das práticas profissionais esteja pautada na reflexão crítica sobre as práticas reais, de profissionais que a vivenciam, em ação na rede de saúde, principalmente. OBJETIVO: Revisar a literatura científica nacional e internacional acerca da tuberculose e suas medidas preventivas aliando-as à importância da educação continuada no Sistema Único de Saúde. DESENVOLVIMENTO: Tratou-se de uma Revisão Integrativa da literatura com a seguinte questão norteadora: “qual a produção científica nacional e internacional relacionada à tuberculose e qual a perspectiva dos profissionais acerca das medidas preventivas?”. Foram utilizadas as bases de dados: LILACS e MEDLINE. Para a seleção dos artigos consultou-se os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS), sendo utilizados: tuberculose, educação continuada, prevenção e controle e seus correspondentes no idioma inglês, com operador boleano “and”. Os critérios de inclusão foram artigos que abordassem a temática da tuberculose, suas medidas preventivas e educação continuada, nacionais e internacionais, nos idiomas português, inglês e espanhol, dos últimos cinco anos, e os de exclusão foram artigos não disponíveis na íntegra e publicações secundárias. RESULTADOS: A amostra final resultou em sete artigos originais, sendo quatro da base de dados LILACS e três da base de dados MEDLINE. Os artigos foram organizados em duas categorias temáticas: “conhecimento dos profissionais de saúde acerca das medidas preventivas da tuberculose” e “educação continuada na temática da tuberculose”. O conhecimento dos profissionais de saúde foi avaliado por meio de questionários em todos os estudos relacionados aos conhecimentos e percepções dos mesmos quando se trata da tuberculose. Foram abordados diversos assuntos dentro desta temática, que iam desde a forma de transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção. Apesar da situação endêmica da doença no país, é possível notar que ainda existem dúvidas que podem acarretar no manejo inadequado do paciente bem como na disseminação de informações errôneas e que contribuem com a permanência do estigma em volta da doença, a exemplo disso, foi observado em um estudo de corte transversal que 56% do total de médicos e enfermeiros afirmam que a tuberculose pode ser transmitida pela saliva do doente. Com relação aos sinais e sintomas observados pelos profissionais, destaca-se a tosse seca ou produtiva por mais de três semanas como algo mais notável pelos mesmos e a sudorese noturna algo menos observado. Com relação às medidas de prevenção, mais especificamente relacionada à precaução de contaminação por aerossóis, foram observados em prontuários de 29 pacientes SR em um hospital, que em apenas 44,8% destes, as medidas de segurança foram realizadas, sendo que destes, em 34,5% dos casos tais medidas só tiveram seu início no segundo dia de internação e ainda 20,6% obtiveram alta sem registro algum de ações de biossegurança em seu prontuário. Quando se fala em tratamento, foi observado que apenas 62% dos profissionais afirmaram que as características da doença devem ser elucidadas ao paciente. Durante a pesquisa nas bases de dados, constatou-se a falta de informações disponíveis relacionadas à educação continuada atrelada a tuberculose no Brasil, fator preocupante visto a necessidade da implementação e acessibilidade deste componente na formação dos profissionais, principalmente levando em conta as necessidades da comunidade. Um estudo realizado no Malawi concluiu que as falhas nestes polos de educação acontecem principalmente devido a limitações nestes projetos como falta de interesse por partes dos profissionais, ausência de lideranças, falta de suporte financeiro e má infraestrutura principalmente nas áreas rurais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir da análise dos artigos, pode-se concluir que ainda existem lacunas abertas quando se fala em conhecimento dos profissionais de saúde acerca da tuberculose e revelou a necessidade de uma maior sensibilização da população estudada em todas as áreas referentes a esta temática, que vão desde os quesitos básicos como mecanismo de transmissão da doença até os cuidados necessários durante o tratamento e principalmente nas medidas de prevenção da doença. Tendo em vista o quadro epidemiológico alarmante da tuberculose em todo o mundo e especificamente no Brasil, torna-se necessária, por sua vez, a articulação de pólos de educação continuada que acrescentem conhecimentos aos profissionais de saúde em sua formação e consequentemente em sua atuação nas comunidades. É importante observar que o intuito da educação continuada não é focado somente no melhoramento dos profissionais e sim em solucionar questões e dificuldades encontradas pelos trabalhadores juntamente com a comunidade na qual estão inseridos, trabalhando o institucional além de meramente o individual, com o objetivo de proporcionar mudanças e construção coletiva por meio do ensino e formação em conjunto com as necessidades da população.

2583 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS DE HIV NA FRONTEIRA FRANCO-BRASILEIRA
Edivania Bento da Costa, Elisandra Bento da Costa, Veridiana Barreto Nascimento, Renata Letícia Oliveira da Silva, Suely Itsuko Ciosak, Jacqueline Gonçalves Ramos Wetch, Gabriel dos Santos Wetch, Leidiane Pereira de Sousa

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS DE HIV NA FRONTEIRA FRANCO-BRASILEIRA

Autores: Edivania Bento da Costa, Elisandra Bento da Costa, Veridiana Barreto Nascimento, Renata Letícia Oliveira da Silva, Suely Itsuko Ciosak, Jacqueline Gonçalves Ramos Wetch, Gabriel dos Santos Wetch, Leidiane Pereira de Sousa

APRESENTAÇÃO: Atualmente, a infecção pelo o vírus HIV é considerada como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, esta infecção tornou-se uma preocupação inerente e renovável ao Sistema Único de Saúde (SUS), e apesar da desaceleração dos casos nos dias atuais relacionados à doença, ainda assim se faz necessário sucessivas pesquisas e contribuições para a prevenção e controle do HIV/AIDS. É importante salientar que o município de Oiapoque é uma área de fronteira, por isso existe constantes trânsitos de pessoas de vários lugares, facilitando assim um aumento nos fatores de risco para a transmissão da infecção sexualmente transmitida. OBJETIVO: Caracterizar o perfil epidemiológico dos casos notificados de HIV no município de Oiapoque entre o período de 2012 a 2016. METODOLOGIA: A presente pesquisa trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo com abordagem quantitativa. Realizado através de uma análise dos dados epidemiológicos do Município de Oiapoque, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do banco de dados da Secretaria Municipal de Saúde do Oiapoque. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: No período em análise foram notificados 39 casos de HIV no município de Oiapoque. O resultado do estudo revelou que 63% (23) dos indivíduos analisados eram do sexo masculino. Quanto ao nível de escolaridade percebeu-se que os maiores índices estão em pessoas com formação educacional de 1ª a 4ª série representando 19,4% (7) e 5ª a 6ª série com 19,4% (7) dos perfis analisados, isso demostra que os principais indivíduos acometidos pela patologia encontram-se em baixo nível de conhecimento. A categoria de exposição com maior representação dos indivíduos infectados com a AIDS no município de Oiapoque esta nos heterossexuais com 72,2% (26) já os homossexuais representam apenas 11,1% (4) dos casos notificados. O aumento nos casos de heterossexuais acometidos com a patologia representa a mudança no estado de infecção que era representando no início das manifestações da doença. A ocupação mais afetada por essa infecção sexualmente transmissível está nas pessoas que trabalham em áreas de garimpo, com 19,4% (7) dos casos. O principal método de barreira utilizado na prevenção da AIDS é o preservativo, visto que protege o indivíduo de contrair não só o HIV como todas as outras infecções sexualmente transmissíveis. Os cuidados preventivos visam a proteção de pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, assim como o aumento da qualidade de vida para indivíduos que buscam uma vida mais saudável. CONSIDERAÇÕES: Diante disto, foi possível perceber que mesmo com a redução dos índices de HIV no Brasil, ainda é preciso que haja uma educação continuada voltada à população para que sejam reforçadas as formas de transmissão, riscos, prevenção e tratamento, com o propósito de reduzir cada vez mais os índices de contaminação, aumentando a qualidade de vida dos indivíduos.

3198 Plantas medicinais e ritualísticas comercializadas na Feira de São Joaquim no município de Salvador-BA: um estudo etnobotânico
Sr. Pereira Luan, Mara Zelia de Almeida, Mayara De Queiroz Oliveira Ribeiro Silva, Victória Maria Dos Santos Dias

Plantas medicinais e ritualísticas comercializadas na Feira de São Joaquim no município de Salvador-BA: um estudo etnobotânico

Autores: Sr. Pereira Luan, Mara Zelia de Almeida, Mayara De Queiroz Oliveira Ribeiro Silva, Victória Maria Dos Santos Dias

APRESENTAÇÃOAs feiras livres são consideradas uma das formas mais antigas de comércio. Dentro deste espaço insere-se a figura dos erveiros ou raizeiros, que são pessoas consagradas pelo conhecimento popular sobre plantas medicinais e ritualísticas, seu preparo e indicação. Nesse sentindo, propõe-se analisar a comercialização de plantas medicinais e ritualísticas na Feira de São Joaquim no Município de Salvador/BA numa perspectiva etnobotânica.DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIATrata-se de um estudo descritivo, realizado a partir da visita de campo no dia 22 de Julho de 2017 à Feira de São Joaquim localizada no município de Salvador/BA, como parte das atividades da Ação Curricular em Comunidade e Sociedade (ACCS) Busca Racional por Novos Fármacos de Origem Vegetal ofertado pela Faculdade de Farmácia da UFBA. Foi aplicado questionário semiestruturado aos comerciantes e erveiros das barracas de plantas medicinais e ritualísticas, bem como técnicas de observação direta e participante. A elaboração do questionário ocorreu em duas etapas: definição dos componentes do questionário e formulação das perguntas. Foi elaborado também folder informativo sobre armazenamento das plantas e preparo de chás para distribuir aos erveiros.RESULTADOSA venda de plantas medicinais e ritualísticas na Feira de São Joaquim se insere numa prática secular passada de geração a geração. A partir das observações, notou-se um comércio expressivo não só das plantas medicinais como também das plantas ritualísticas destinadas principalmente a banhos. As indicações, em sua maioria, são para mau-olhado, olho gordo, inveja, etc. De acordo com os erveiros, o público que mais procura as barracas são pessoas que possuem alguma ligação com religiões de matrizes africanas, denominadas por eles de povo de santo. A família, nesse quesito, assume o papel de dar continuidade aos conhecimentos sobre as plantas, através da transmissão do saber e da cultura para as gerações futuras. Evidencia-se a necessidade de criar condições para o desenvolvimento de projetos que viabilizem a interlocução entre conhecimento acadêmico e saber popular capaz de promover uma construção mútua de conhecimento entre academia e comunidade.CONCLUSÃOPercebeu-se no fim das atividades que a imersão numa população requer a compreensão dos múltiplos contextos que envolvem as interações sociais e relacionais, sendo de extrema importância também conhecer a realidade do local e das pessoas que ali trabalham. Constatou-se a importância que a feira livre tem enquanto um fenômeno cultural, de encontros e reencontro de sujeitos e, principalmente, de subsistência para muitas famílias. Além disso, verificou-se a necessidade de atividades que possam contribuir para melhor orientação sobre as plantas medicinais e ritualísticas comercializadas. Percebe-se que este trabalho contribuirá para discussões e reflexões no processo de ensino-aprendizagem entre universidade e comunidade, possibilitando o desenvolvimento de competências do futuro profissional. Este estudo não buscou esgotar as discussões acerca do tema, a expectativa é que essas reflexões possam ser inspiradoras para renovadas questões.Plantas medicinais e ritualísticas comercializadas na Feira de São Joaquim no município de Salvador-BA: um estudo etnobotânico

3473 Título: Fatores culturais associados a não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata em Parintins Amazonas.
Hellen Cristina da Silva Garcia, Luzimere Pires do Nascimento, José Silveira da Silva

Título: Fatores culturais associados a não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata em Parintins Amazonas.

Autores: Hellen Cristina da Silva Garcia, Luzimere Pires do Nascimento, José Silveira da Silva

Título: Fatores culturais associados a não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata em Parintins Amazonas. Apresentação: o descaso do homem com a saúde é um tema que aos poucos vem ganhando espaço no cenário nacional, no contexto acadêmico, científico, político-social e principalmente no âmbito do sistema público de saúde, pois vem tratar de um problema que tem despertado o interesse e a reflexão da sociedade, o câncer de próstata. Objetivo: Investigar se existe relação do fator cultural com a não adesão aos exames preventivos do câncer de próstata. Como problemática e/ou questão norteadora: Quais os motivos que levam os homens a não aderir à prevenção contra o câncer de próstata? Método do estudo: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória, descritiva, que busca investigar os fatores culturais associados a não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata. O estudo ocorreu no município de Parintins estado do Amazonas, localizado a 370 km da capital Manaus, apresentando um contingente populacional de aproximadamente 111.575 habitantes. Os dados foram coletados no período de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017, em cinco Unidades Básicas de Saúde, a saber: Tia Leó; Waldir Viana; Doutor Aldrin Verçosa; Irmão Francisco Galianne e Mãe Palmira. A amostra do estudo foram 12 usuários do sexo masculino, com faixa etária de 40 a 90 anos, e 04 enfermeiros, totalizando 16 entrevistados. Os critérios de inclusão para os homens englobaram: faixa etária de 40 a 90 anos, não ter realizado exames preventivos de câncer de próstata e fazer parte da área de abrangência das respectivas unidades básicas de saúde. No que diz respeito aos profissionais enfermeiros, delimitou-se como critério: ter realizado consultas de enfermagem a população masculina na faixa etária descrita. O instrumento de coleta de dado foi o roteiro de entrevista, aplicado com questões fechadas e abertas sobre o objeto investigativo. As entrevistas foram gravadas em aparelho MP4. Em relação aos aspectos éticos da pesquisa, foi apresentado aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, documento assinado pelo entrevistado que autorizou a sua participação no estudo, em cumprimento aos princípios éticos da pesquisa com seres com seres humanos, segundo a Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde. Os participantes foram esclarecidos quanto ao objetivo do estudo e após concordarem em participar da pesquisa e assinar o termo, as entrevistas foram iniciadas. Para manter o sigilo investigativo e o anonimato dos participantes envolvidos foram utilizados, como identificadores, letras e números. Os homens foram identificados da seguinte forma: H5, H6, H7 [...], os enfermeiros foram identificados como: ENF1, ENF2, ENF3 [...]. Foi garantido aos participantes: segurança, anonimato e liberdade de recusa em participar do estudo ou retirada do consentimento em qualquer etapa, informando-os que, após a transcrição das entrevistas, as gravações seriam apagadas, não sendo utilizadas para outro fim. Depois de concluída a coleta dos dados, estes passaram a ser analisados e discutidos de acordo com as literaturas. Os dados foram analisados pelo método de análise temática de conteúdo, segundo os critérios propostos por Bardin. Para o autor, a análise temática de conteúdo funciona por ações de desmembramento do texto transcrito em unidades e categorias segundo reagrupamentos que estão ligados. De acordo com o autor, as etapas básicas para análise de conteúdo temático são: pré-análise (fase de organização); exploração ou codificação do material; categorização e tratamento dos resultados obtidos e, por fim, interpretação. A partir dessas etapas foi feito todo o procedimento de organização, codificação, classificação e categorização dos dados, baseados nas perguntas norteadoras direcionadas aos entrevistados e suas respostas. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa - CEP, da Universidade do Estado do Amazonas - UEA, em: 03/10/2016, sendo aprovado na data de 28/11/2016, sob o parecer número: 1.840.198. Resultados: Em relação aos dados socioeconômicos, constatou-se que a faixa etária de idade dos 12 homens, usuários das unidades de saúde era de 45 a 60 anos. A respeito do estado civil, 8 homens eram casados, 1 solteiro e 3 divorciados. Quanto ao nível de escolaridade: 1 usuário tinha ensino superior; 4 tinham o ensino médio; 4 o ensino fundamental completo e 3 usuários o ensino fundamental incompleto. Em relação à profissão/ocupação, os 12 homens exerciam profissões e ocupações diversas. Sobre a renda mensal, 6 homens recebiam um salário mínimo, 3 recebiam mais de um salário mínimo e 3 homens menos de um salário mínimo. O baixo nível socioeconômico dos usuários contribui para o processo de não adesão aos exames preventivos, visto que à medida que diminui o nível socioeconômico, aumenta a prevalência da população sem cobertura para as ações de saúde. A análise do conteúdo transcrito das falas dos homens e dos enfermeiros participantes da pesquisa, fez surgir o desenvolvimento de categorias analíticas. Tais categorias mostraram que, são inúmeros os motivos que levam a população masculina a não aderir aos exames preventivos, tais como: conhecimento insuficiente; vergonha; preconceito; machismo; medo e falta de tempo. Com base nas transcrições analisadas, fica evidente que esses fatores, principalmente os culturais, têm contribuído significativamente para o processo de não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata. Analisando a fala dos entrevistados é notório o quanto a falta de conhecimento ou informação a respeito do câncer de próstata e exames preventivos ainda se faz presente. São poucos os homens que dispõem de informações ou tem um conhecimento aproximado do que seja a patologia, fazendo com que muitos tenham pouco ou nenhum conhecimento real do que seja o câncer de próstata e os malefícios que ele pode causar a saúde. Em relação ao aspecto vergonha, muito presente nas falas como um dos fatores responsáveis por justificar o comportamento masculino de não aderir às medidas de prevenção do câncer prostático, ficou claramente perceptível que a população masculina não adere aos exames preventivos por constrangimento. A vergonha de se expor na frente de outro homem, ainda que seja um profissional de saúde, acaba criando medos e, assim, afastando os homens dos serviços de saúde. Em relação à atuação do profissional enfermeiro frente ao processo existente de não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata, verificamos nas falas dos entrevistados alguns relatos de suas ações na tentativa de solucionar ou minimizar tal problema. Considerações finais: Através dos dados analisados e discutidos, conclui-se que os fatores culturais, tais como: vergonha, preconceito medo e machismo, estão presentes em nosso contexto social, funcionando como barreiras frente ao processo de não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata, impedindo que a população masculina realize os exames e se previna contra esse agravo. Cabe aos profissionais de saúde o papel de intervir e contribuir junto a esse grave problema que afeta a população masculina. O enfermeiro deve ser atuante, tendo liderança para criar e buscar novas formas de sensibilizar e trazer os homens para os serviços de saúde, criando neles o respeito pela saúde e despertando o amor próprio de cada um. O estigma atribuído ao homem de culturalmente não buscar os serviços de saúde por descaso, preconceito, vergonha, machismo e medo, só será mudado quando os mesmos forem tomados de conhecimentos reais sobre os agravos que o câncer de próstata pode causar em suas vidas, quebrando barreiras culturais alicerçadas há tempos em nossa sociedade.

3500 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO BRASIL
Raissa Lima Coura Vasconcelos, Fillipi André dos Santos Silva, Marília Souto de Araújo, Soraya Maria de Medeiros, Bianca Calheiros Cardoso, Nayara Cristina da Silva Bento, Márcia Laélia de Oliveira Silva, Marcella Alessandra Gabriel dos Santos

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO BRASIL

Autores: Raissa Lima Coura Vasconcelos, Fillipi André dos Santos Silva, Marília Souto de Araújo, Soraya Maria de Medeiros, Bianca Calheiros Cardoso, Nayara Cristina da Silva Bento, Márcia Laélia de Oliveira Silva, Marcella Alessandra Gabriel dos Santos

Apresentação: As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde fundamentam-se na visão holística ao indivíduo e também nas práticas do aspecto cultural da humanidade, que além de um corpo físico também possui uma mente, um espírito e um espectro de sistemas energéticos interativos, e outro fatores, como fatores emocionais, nutricionais e estressantes o que pode tornar esse indivíduo vulnerável a doenças. Logo, nesse estudo objetiva-se identificar o perfil das produções acadêmicas desenvolvidas no âmbito da Pós-Graduação stricto sensu, que envolvem investigações sobre as Práticas Integrativas e Complementares nos Dados nas teses e dissertações da Biblioteca Nacional de Teses e Dissertações. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de estudo de abordagem quantitativa, adotando-se como procedimento técnico a pesquisa documental e análise bibliométrica, realizado a partir da catalogação das produções nos cursos stricto senso dos Programas de Pós-Graduação no Brasil que utilizaram as Práticas Integrativas e Complementares. Resultados: Em relação à produção científica por grau, houve maior produção de dissertações com 75%, e de teses com 25%. O ano em que houve o maior quantitativo de publicações foi 2013 com 26,5% do total de publicações seguidos dos anos de 2012, 2014 e 2015, cada um com 10,9%. Tangente a Instituição de Ensino Superior que mais produziu foi a Universidade de São Paulo com 25% seguida da Universidade Estadual de São Paulo com 17,9%. No que se refere aos Programas de Pós-graduação, os relacionados a Enfermagem foram os que mais produziram estudos com 29,6%, seguidos dos programas relacionados a Saúde Coletiva com 23,4%. Referente ao tipo de abordagem, os estudos qualitativos atingiram 53,2%, seguida de estudos quantitativos com 35,9%. Tocante à distribuição da produção científica por População-alvo, os maios quantitativos utilizaram paciente e/ou usuários representando 56,3% seguindo pela utilização de literatura científica ou documentos ou bases de dados de qualquer espécie com 18,7%. Considerações Finais: É possível concluir que a identificação proposta pelos objetivos desse estudo foi importante para a investigação da produção científica tocante a pós-graduação stricto sensu, e que posteriormente os trabalhos oriundos dessa modalidade de capacitação podem ser publicados em outras formas de veiculação de informações e conhecimentos, como revistas científicas e livros, assim como publicações em congressos para socialização desses mesmos conhecimentos com os pares e assim poder avançar nas pesquisas referente a temática abordada. Além disso, é possível apontar novos caminhos para a inserção dessas práticas na cotidianidade dos usuários e pacientes dos serviços de saúde em outros contextos, além de ampliar o acesso aos serviços já existentes

5303 Antropologia, dados ‘públicos’ e saúde mental indígena
Rui Harayama

Antropologia, dados ‘públicos’ e saúde mental indígena

Autores: Rui Harayama

Apresentação: As discussões sobre o método etnográfico, na interface com burocracias e documentos digitais, associadas à utilização de técnicas de webativismo, hacking, extração e mineração de dados tem colocado questões éticas e epistemológicas sobre o processo de evidenciação e exposição de dados populacionais em múltiplas plataformas. Esse arranjo de tecnologias da informação também tem reanimado as discussões sobre propriedade e usos das mesmas sem o consentimento das populações. No caso dos povos indígenas, as 'tradicionais' relações com burocracias estatais (portarias, relatórios de identificação e delimitação territorial, registros de nascimento indígena, entre outros) começam a incluir novos elementos, como as tentativas de monitoramento dos indicadores de saúde e educação e a incorporação do léxico da gestão neoliberal. Desenvolvimento: O presente trabalho apresenta contrastes e arranjos de concepções de propriedade, direito e sigilo elencados nas relações entre populações indígenas, antropólogos e Estado Nacional a partir da Lei de Acesso à Informação (2012), o Sistema CEP-CONEP e as instâncias de participação política indígena, tal como a 1° Conferência Nacional de Política Indigenista (2015). Desde a publicação do relatório da CPI da FUNAI e INCRA, em maio de 2017, demonstra-se a lógica de revelação de dados e fatos como estratégia de produção de verdade. Afinal, a produção da verdade tem se baseado, no “ocidente”, no arranjo de dados materializáveis, sejam eles ‘empíricos’-observacionais ou jurídico-confessionais. É pensando na persistência desse modelo que gostaria de pensar a produção de formas ativas de dados e informações, sobretudo quando ela tangencia um padrão de ativismo da informação, que está em voga nos dias de hoje.Afinal, a demanda por dados e o seu controle, seja para fins científicos ou políticos, pautam diversas arenas do contexto sociopolítico brasileiro. Como exemplo, podemos observar a demanda por dados durante da CPI da FUNAI-INCRA e até mesmo nas deliberações da I Conferência Nacional de Política Indigenista que teve como uma das propostas urgentes no Eixo 6 - Direito à Memória e à Verdade que exigiam a consulta prévia às populações indígenas.Essa composição de demandas, da produção de dados para desvelar a verdade não evidenciada, via audiências em uma CPI, ou na produção compartilhada de conhecimento entre indígenas e pesquisadores para garantir a eticidade na construção de dados, tem um novo ator no cenário brasileiro, o uso, de forma ativa, de dados considerados ‘públicos’.Com ‘forma ativa de uso de dados’, refiro-me à prática de extração de dados e mineração de dados, prática que se torna comum e pode ser resumido, para leigos, como o procedimento de coletar, correlacionar dados e procurar padrões a partir da dinâmica interna dos banco de dados. Os dados epidemiológicos dentro do SUS são sistematizados no SIASUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, que se tornou abrangente a partir de 1996. Neles, dados ambulatoriais, de procedimentos e de serviços especializados ficam armazenados dentro do DATASUS. Dois marcos são importantes para discorrermos sobre esse processo em tela, a partir de 2013, os dados sobre atenção Psicossocial foram incluídos, e com isso, dados sobre o atendimento à saúde mental foram sendo associadas à Portaria 508 de 2010 que insere o termo etnia a partir de uma lista de 264 etnias indígenas. A confluência dessas duas informações, quando cruzadas, resultou no seguinte quadro para o período de 2014 a 2016, de 643324 atendimentos relacionados à atenção psicossocial. Ao analisar os dados, fica evidente a desproporcionalidade dos dados, na qual mais da metade dos casos foram registrados na etnia Arikose, que não está listada em banco de dados como o do ISA e nem mesmo no da própria SESAI. Assim como a ocorrência do F19.2 e F10.2, dependência ao álcool e outras drogas, recorrente na discussão sobre saúde indígena, e os dados de esquizofrenia paranoide e da esquizofrenia que saltam aos olhos. Sobretudo se balizada às discussões sobre a vulgarização dos transtornos psiquiátricos e os processos de medicalização da saúde mental. Resultados: A partir desses dados, foram solicitadas informações via Lei de acesso à Informação, no qual foram solicitados dados sobre saúde mental indígena inseridos no SIASI. Observa-se que na tabulação e sistematização dos dados, as opções entre discriminar tipo de ação, grupo e público etário variam. Para além da discussão ético-teórica da intervenção psicossocial em crianças de 0-4 anos, os dados obtidos revelam diferentes formas de compreender a forma de distribuição e categorização das informações. No SIA-SUS, a evidência da etnia como indicador importante, junto à categoria raça/cor, para evidenciar a inequidade dos serviços de saúde demonstra como os dados epidemiológicos passam a ser frágeis quando comparados em suas diferentes formas oficiais. As ocorrências registradas no SIA-SUS via DataSus, as que foram obtidas para os anos de 2014-2015, e as do ano 2016, pela SIASI-SESAI via Lei de Acesso à Informação, mostram cenários de saúde mental completamente diferentes. É importante ressaltar que os registros possíveis no SIASI são de indígenas aldeados e atendidos em contexto de aldeamento. O que é importante ponderar com essa exposição de dados é a própria objetificação imediata que números e dados vem recebendo nos dias de hoje.No Brasil, desde a promulgação da Lei de Acesso à Informação, em 2011, que transforma o direito à informação em direito fundamental,  vários são os movimentos sociais e organizações não governamentais que fazem uso desse dispositivo para promover o controle social das ações do governo. O intuito dessas ações é trazer dados que mostrem a realidade das ações do governo em diversos campos. Entretanto, técnicas como essas, de publicização de dados, somadas às técnicas de extração e mineração de dados, não necessariamente trazem realidade para o debate, mas alguns elementos para a discussão pública do tema. Como aponta Gabriela Colleman, as técnicas utilizadas pelos hackers aproximam-se mais das armas geeks para a demonstração e evidenciação de estratégias de obtenção de dados e sua exposição e não necessariamente como forma de obtenção e revelação da verdade. Fica evidente como em diferentes esferas das políticas públicas da saúde indígena, o território, DSEI, e a etnia são utilizados como elementos em torno dos quais os dados são apresentados. Considerações finais: Faz-se necessário refletir sobre o modo como esses dados são produzidos e geridos para então utilizá-los como elementos de compreensão do cenário de políticas públicas indígenas, assim como colocar em constante problematização o papel dos dados de epidemiologia como elementos que circunscrevem e ajudam a promover a estigmatização de populações ao normatizar identidades e padrões de patologias. Por fim, é importante ressaltar que o papel do Estado como controlador dos dados de vida e morte, e com isso das ocorrências de saúde e doença, de populações indígenas ou não, é tão naturalizada que permanece, nos dias de hoje, a prerrogativa que dados públicos podem ser utilizados sem reflexões éticas maiores, vide a Resolução 510 do Sistema CEP CONEP, que determina que II – pesquisa que utilize informações de acesso público, nos termos da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011; não precisam passar pela análise de comitês de ética em pesquisa do Sistema CEP-CONEP. Afinal, como lembra Carlo Caduff entre outros pesquisadores, a retórica da transparência e de governo de dados abertos traz consigo práticas de sigilo. É nessa ótica que se torna necessário repensar as formas de produção de conhecimento e seus desdobramentos dentro dessa economia de sigilo.

1951 EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA PACIENTES HIPERTENSOS E DIABÉTICOS DO PROGRAMA HIPERDIA DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE
Naiara Ramos de Albuquerque, Luciene Oliveira da Cruz, Everton de Oliveira Pinto, José Wilson do Nascimento Côrrea

EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA PACIENTES HIPERTENSOS E DIABÉTICOS DO PROGRAMA HIPERDIA DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE

Autores: Naiara Ramos de Albuquerque, Luciene Oliveira da Cruz, Everton de Oliveira Pinto, José Wilson do Nascimento Côrrea

Introdução: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM) são problemas de saúde pública. Devido à alta prevalência e incidência de tais doenças, o programa HIPERDIA (Hipertensão e Diabetes) foi criado com o objetivo de organizar cuidados, prevenir doenças e promover a saúde de forma sistemática e através desses cuidados possa controlar as doenças e garantir uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Objetivo: Descrever a experiência acadêmica durante o projeto “Problemas Relacionados a Medicamentos em Pacientes do Programa HIPERDIA da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus” sobre a abordagem da educação em saúde realizada com os pacientes do projeto. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre a educação em saúde das medidas de intervenção para controlar e fortalecer a adesão ao tratamento da Hipertensão e/ou Diabetes. Participaram 382 pacientes cadastrados no programa de Hipertensão e Diabetes das Unidades de Saúde (UBS) das zonas Norte, Sul, Oeste e Leste da cidade de Manaus. Resultados: Nos dias estabelecidos para cada discente foram coletados os dados pessoais, antropométricos, socioeconômicos, hábitos de vida, comorbidades e história farmacoterapêutica através de questionários padronizados. Foi medida a pressão arterial sistêmica, verificado a glicemia capilar e peso corporal, além de verificar o perímetro cervical e a circunferência abdominal do paciente. Durante o projeto surgiram casos onde a pressão e/ou glicemia estavam muito acima do que é considerado saudável, o que nos chamava atenção e nos levava a questionar se o medicamento estava sendo ineficaz, se havia alguma interação medicamentosa ou se não estava havendo adesão ao tratamento. E com isto realizávamos a educação em saúde com cada paciente que era atendido pelo projeto com orientações quanto à forma e horário mais adequados de ingerir o medicamento, a fim de garantir a eficácia do efeito terapêutico, além de esclarecer sobre o mecanismo de ação do fármaco em linguagem acessível. O paciente foi orientado quanto à importância da prática de atividade física e de uma alimentação saudável. Considerações Finais: A importância da educação em saúde reflete no aumento da adesão terapêutica, favorece o esclarecimento sobre a escolha por hábitos de vida saudáveis e essenciais para um bom prognóstico, além de fortalecer o vinculo do paciente com a UBS.