277: Todo ser é potência e a potencialidade de cada um se desenvolve na relação.Baruch Spinoza
Ativador: A definir
Data: 01/06/2018    Local: Tenda Saúde Fazendo Arte    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
850 A ARTETERAPIA COMO PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO ÂMBITO DA SAÚDE MENTAL
Nayara Cristina da Silva Bento, Soraya Maria de Medeiros, Bianca Calheiros Cardoso, Fillipi André dos Santos Silva, Marília Souto de Araújo, Raissa Lima Coura Vasconcelos, Márcia Laélia de Oliveira Silva

A ARTETERAPIA COMO PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO ÂMBITO DA SAÚDE MENTAL

Autores: Nayara Cristina da Silva Bento, Soraya Maria de Medeiros, Bianca Calheiros Cardoso, Fillipi André dos Santos Silva, Marília Souto de Araújo, Raissa Lima Coura Vasconcelos, Márcia Laélia de Oliveira Silva

Conhecida mundialmente como a psiquiátrica que revolucionou o tratamento da loucura no Brasil através da terapêutica ocupacional Nise da Silveira fortaleceu essa metodologia e a transformou em um campo de pesquisa, com práticas como a arteterapia e o museu do inconsciente, caracterizando-se por ser uma prática embasada por referências metodológicas antigas e fundamentos teóricos e científicos, nos quais define estratégias que incorporam a utilização de materiais abstratos, do corpo e da mente, por meio de artes plásticas e dramatizações para alcançar o seu objetivo. Concretiza-se como um processo arte terapêutico que explora o inconsciente do indivíduo desenvolvendo sensações de paz, alegria, tranquilidade e auto-conhecimento. Trata-se de um relato de experiência em uma perspectiva crítico- reflexiva a partir de observações da aplicabilidade da arteterapia junto a um grupo de usuários no Centro de Convivência das Rocas, Distrito Sanitário Leste no município de Natal/RN durante estágios supervisionados da disciplina de Saúde Mental. A arteterapia foi desenvolvida como prática transdisciplinar para reinserção social e promoção da saúde a partir de processos do autoconhecimento e transformações sociais. Objetivou-se fazer a articulação e reflexão acerca dos resultados obtidos das práticas vivenciadas no estágio à luz do pensamento Nise da Silveira. O Centro de Convivência é desenvolvido para promover a inclusão de pessoas com transtornos mentais na sociedade através de terapias ocupacionais e complementares. O mesmo trabalha com a política de porta aberta e oferece atividades para o público da saúde mental e para a comunidade, o que desencadeia maior interação social e sensibilização diante das experiências. Durante os estágios, participamos de oficinas de danças, meditação, produção de mandalas e observamos a produção de artesanatos e quadros de pinturas produzidas pelos usuários. Todos esses trabalhos são expostos pelos corredores do espaço, possibilitando aos visitantes o contato com as artes, criando um ambiente alegre e aconchegante. Aos olhos de quem negligencia o potencial de uma pessoa com transtorno mental todos os paradigmas são quebrados ante a beleza e qualidade da arte produzida. Remetendo-se ao museu do inconsciente desenvolvido pela psiquiatra Nise da Silveira pode-se constatar a semelhança com o espaço de convivência da Ribeira e articular com todos os resultados positivos que ela obteve e que são claramente desenvolvidos no referido centro, de certa maneira é impossível não se sentir bem acolhido. A experiência vivenciada mostra como a arterapia consegue obter resultados positivos articulando com uma abordagem transdisciplinar capaz de gerar a potencialização e valorização de aspectos singulares no qual se fomenta na livre criação da arte pelos usuários. Possibilita a elevação da auto-estima, a melhora no equilíbrio emocional e diminuição dos efeitos negativos associados à doença mental. Foi altamente perceptível que o grupo vem a cada dia mais se apropriando do conceito de arte, das suas linguagens, produzindo a livre expressão artística a partir de oficinas de pinturas, artesanato, esculturas e decoração. Nesse sentido, a arteterapia promove a adesão e o envolvimento dos usuários implicados no processo, fomentando mudanças no campo afetivo, relacional e interpessoal.

3327 Arte para construção da identidade: experiência no Estado do Ceará
Lidiane Nogueira Rebouças, Alessandra Pimentel de Sousa, Aline Bezerra Oliveira Câncio, Natália Alexandre Ferreira, John Wesley Delfino Lima, Ana Paula Costa da Silva, Francisca Ozanira Torres Pinto de Aquino, Fabiane do Amaral Gubert

Arte para construção da identidade: experiência no Estado do Ceará

Autores: Lidiane Nogueira Rebouças, Alessandra Pimentel de Sousa, Aline Bezerra Oliveira Câncio, Natália Alexandre Ferreira, John Wesley Delfino Lima, Ana Paula Costa da Silva, Francisca Ozanira Torres Pinto de Aquino, Fabiane do Amaral Gubert

Apresentação: Estratégias realizadas com intuito horizontal, com momentos de diálogos em que todos aprendem e ensinam, devem ser reforçadas e incentivadas nas políticas públicas. O círculo de cultura promove o ensino e a aprendizagem com debate sobre questões centrais do cotidiano como trabalho, cidadania, alimentação, saúde, liberdade, felicidade, valores éticos, política, economia, direitos sociais, espiritualidade, cultura, entre outros. Este é um exercício pedagógico proposto por Paulo Freire e ocorre através de formação em círculo porque todos se olham e se vêem, não havendo um professor mas um animador/facilitador das discussões proporcionando permanente incentivo a momentos de diálogo. Essa estratégia pode ser aplicada em qualquer tipo de promoção coletiva que incentive processos educativos, assumidamente, com postura de vida participativa, bem como em qualquer ambiente (escola, empresa, cursos, grupos, etc). Neste contexto, a educação biocêntrica se assemelha com essa proposta porque tem como objetivo semear o processo de formação humana desenvolvendo potenciais criativos, liberdade intelectual e singularidade das aptidões, tendo como fundamento o respeito a todas as formas de vida e transformação social. Torna-se importante que as pessoas não fortaleçam contextos de violência e de valores alienados, mas sim o reforço de atitudes positivas, como partilhas, companheirismo, respeito ao próximo e à natureza. Assim, tem-se como objetivo apresentar uma das ações realizadas pelo Projeto Corre pra Vida voltadas ao fortalecimento dos indivíduos quanto a valores, criatividade, construção de vínculos, reflexões, afetividade, trocas de experiências, entre outros e como a arte pode contribuir para uma melhor compreensão dos processos da construção da identidade. Desenvolvimento do trabalho: Rodas de conversa com círculo de cultura baseado na educação biocêntrica acontecem quinzenalmente no Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua - Centro POP, localizado no Centro de Fortaleza/CE. Os profissionais do Projeto Corre pra Vida, que busca favorecer o cuidado à saúde, o autocuidado, o resgate à cidadania, a promoção de direitos e a reinserção social das pessoas em situação de rua ou em outros contextos de vulnerabilidade social que faz uso de drogas, realizam estas rodas de conversa para trabalhar o potencial de vida do público. O círculo inicia com a tematização, escolhida pelo próprio usuário, que podem ser abordadas questões referentes à prática social para o exercício da cidadania, na perspectiva da participação política, buscando soluções para problemas do mundo. Já foram realizadas abordagens sobre: potenciais de vida, solidariedade, preconceito, prostituição, corrupção, etc. Torna-se importante não impor um método pronto e idealizado, sendo fundamental que as propostas surjam da realidade enfrentada no dia a dia e sejam construídas singularmente, em conjunto. Dessa forma, as propostas tornam-se mais adequadas e sólidas. Após a escolha do tema, o facilitador poderá fazer uso de vídeo, música, gravuras, para fazer relação com a temática, enfatizando também a redução de riscos para a sua saúde e vida. Ao final do encontro é feita uma obra síntese (imagem) e encerra com roda de integração e apresentação da síntese criativa e escolha do tema para o próximo encontro. Tais atividades tornam-se importantes por fugirem da educação tradicional com padronização de pessoas, valores competitivos, poder, auto-suficiência, dicotomias culturais, etc. Elas buscam reforçar a liberdade do ser criativo, proporcionar a integração, a solidariedade, a construção coletiva, evitar a fragmentação; possibilitando à população uma reaprendizagem do cuidado a ter com a vida, em todas as suas manifestações, estimulando a proteção e cuidado com a natureza, valorizando a inteligência afetiva, as sensações corporais, a expressão. Foram realizados até o momento, quatro círculos de cultura envolvendo aproximadamente 40 pessoas em situação de rua. Os participantes tiveram oportunidade de vivenciar experiência que despertaram neles conceitos sobre arte e suas vivências, com base no respeito a individualidade de cada um e na percepção que produzem da diversidade, na busca da interação e coletividade. É uma forma de entrar em contato consigo mesmo e com o grupo do qual todos fazem parte, abrindo espaço para uma reflexão crítica. O prazer dos participantes em realizar as atividades é observado nas expressões agradáveis, especialmente quando a abordagem é sobre algo novo proporcionando aprendizado para acréscimo às suas vivências. A valorização do resultado por meio de exposição e discussão sobre a produção é essencial para o processo, isso reforça a positividade da autoestima. Atividades de arte e educação são emancipatórias e inclusivas. A equipe multiprofissional que realiza essa atividade busca a compreensão e valorização das potencialidades e particularidades dos indivíduos envolvidos, dar suporte e orientação para os mesmos, fortalecendo assim o indivíduo para superação das suas dificuldades, bem como reduzir seus danos quanto ao uso de drogas. Cabe ao profissional da equipe valorizar o repertório e identidade de cada indivíduo, criando situações que convoquem a sua participação ativa e a construção da autonomia dos sujeitos envolvidos. A arte é uma ferramenta que busca aproximar e valorizar diferentes indivíduos, grupos e culturas, ou seja, um meio que promove a expressão e troca de saberes, experiências de vida e pontos de vista. O trabalho com arte pode aproximar as pessoas ao valorizar a sensibilidade, a memória e o lúdico, torna-se possível lançar um olhar mais cuidadoso para o cotidiano, ressignificar a própria experiência e a do outro, dar espaço para o criativo, surpreendente e diferente, resgatar modos de pensar, agir e se relacionar. A arte é uma área que se interliga com outras áreas do conhecimento, podendo render bons frutos com a interdisciplinaridade. Considerações Finais: Ações como as realizadas pelo Projeto Corre pra Arte levam o usuário a construir, experimentar, externalizar e refletir, buscando alternativas de convivência, troca de experiências, cultura e lazer. Envolvem características imprescindíveis ao desenvolvimento do indivíduo e valorizam sua emoção, razão, afetividade, cognição, intuição e racionalidade, apostando nas potencialidades individuais e coletivas, favorecendo o processo de ressocialização do usuário. Com as ações percebe-se que os participantes alcançam um maior refinamento em sua autopercepção e na concepção de arte, bem como em suas expressões, proporcionando uma reflexão mínima sobre sua condição de ser/estar no mundo e uma percepção da relação com o que o cerca. O ser humano precisa conhecer a si próprio, para conviver bem em grupo, dominar suas emoções, manter-se em equilíbrio e lidar com a diversidade. Então ações voltadas a arte buscam envolver a todos do grupo, dando-lhes a oportunidade de desvendar suas características próprias e aprender a se valorizar.

5426 A PRODUÇÃO DE VÍNCULOS PARA O CUIDADO TRANSDISCIPLINAR COM O(A) USUÁRIO(A) EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA: CONSTRUINDO ESPAÇOS DIALÓGICOS DESDE A GRADUAÇÃO POR MEIO DOS CÍRCULOS DE CULTURA
Cláudio Claudino da Silva Filho, Fabrine Maria Favero, Marta Lenise do Prado, Graciela Soares Fonsêca, Crhis Netto de Brum, Ariane da Cruz Guedes, Marcela Martins Furlan de Leo

A PRODUÇÃO DE VÍNCULOS PARA O CUIDADO TRANSDISCIPLINAR COM O(A) USUÁRIO(A) EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA: CONSTRUINDO ESPAÇOS DIALÓGICOS DESDE A GRADUAÇÃO POR MEIO DOS CÍRCULOS DE CULTURA

Autores: Cláudio Claudino da Silva Filho, Fabrine Maria Favero, Marta Lenise do Prado, Graciela Soares Fonsêca, Crhis Netto de Brum, Ariane da Cruz Guedes, Marcela Martins Furlan de Leo

O vínculo pode ser compreendido como uma conexão supra verbal estabelecida entre dois ou mais indivíduos, sendo respaldado, dentre diversos elementos relacionais, pelo diálogo, respeito e confiança. É construído em relações horizontais, democráticas e participativas, não podendo ser forçado ou concedido necessariamente pelo tempo cronológico de (re)conhecimento do(a) outro(a). Em situações de violência, a produção de vínculos é fundamental para aproximar profissionais de saúde e usuários(as) em uma relação terapêutica de cuidado holístico, sendo que essa necessidade pode e deve ser iniciada desde a graduação, sobretudo mediante estratégias didático-pedagógicas ativas de ensino-aprendizagem. Esse trabalho teve como objetivo geral compreender como graduandos(as) em saúde, em círculos de cultura, refletem sobre vínculo e sobre violência a partir das linguagens artístico-culturais da escrita e pintura, mediante construção coletiva de cartazes. Trata-se de um estudo ancorado nas concepções da Pesquisa-Ação Participativa (PAP), com abordagem qualitativa, utilizando os círculos de cultura de Paulo Freire como itinerário de pesquisa, visando promover espaços dialógicos e participativos para a ação-reflexão-ação. Participaram 23 acadêmicos(as) de 07 cursos de graduação em 03 universidades da região Oeste Catarinense, os quais já haviam participado em alguma edição do Projeto VER-SUS (Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde), visando maximizar o pertencimento inicial do grupo. Foram desenvolvidos 05 círculos, com periodicidade geralmente quinzenal entre eles, e com duração aproximada de 03 horas cada, guiados por trabalhos em subgrupos, textos interdisciplinares sobre violência e cultura de paz, e questões disparadoras para motivar (ainda mais) o debate. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob parecer de aprovação nº 1.354.895 (07/12/15), e registro CAAE nº 51302415.1.0000.0121. Os resultados foram divididos em três categorias dialógicas, a saber: categoria dialógica 1 – “Temas geradores: O reconhecimento das violências plurais e dos pertencimentos solidários para semear a produção de vínculos”; Categoria dialógica 2 – “Codificação-decodificação: significando as violências e tensões na (des/re) construção de vínculos”; Categoria dialógica 3 – “Desvelamento crítico: ressignificando a cultura de paz como pavimentadora da produção de vínculos e os círculos de cultura como possibilidades dialógicas formativas”. Os resultados apontam para a necessidade da promoção de diálogos a respeito das violências nos cursos de graduação na área da saúde, tendo em vista que tais situações estão presentes cotidianamente nos serviços de saúde, e os futuros profissionais alegam não se sentirem preparados e com autonomia para atuar com essa complexidade. Para, além disso, elenca-se a necessidade de sensibilizar os(as) graduandos(as), e todos os atores/protagonistas formativos (docentes e equipe gestora educacional) em relação à cultura de paz, que fornece subsídios para o cuidado integral e humanizado aos(às) usuários(as) em situação de violência. Por conseguinte, o círculo de cultura exemplifica que espaços pedagógicos que sejam terapêuticos e (trans)formadores são viáveis nas matrizes curriculares, e para além delas, nos ambientes universitários de convivência humana majoritariamente hostil,  e o uso da arte e das diferentes linguagens favorece o diálogo, a escuta e a fala para além dos sentidos óbvios do “dito”. 

2054 PROMOÇÃO DA SAÚDE INFANTIL ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ

PROMOÇÃO DA SAÚDE INFANTIL ATRAVÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Autores: FRANCELI MARILU GROSKOPF NAZARKEVICZ

APRESENTAÇÃO: O projeto “A Hora da História” é desenvolvido no município de Itaiópolis, Santa Catarina, com crianças de dois a seis anos de idade e consiste em contar histórias e a partir delas trabalhar temas em saúde e valores morais. A arte de contar histórias é utilizada desde muito antigamente pelos povos como meio de transmitir seus conhecimentos, mitos e rituais, disseminando seus costumes e sua cultura. Para trabalhar temas em saúde com crianças, as histórias servem de instrumento para acessá-las de forma lúdica e descontraída. Dentro das possibilidades da promoção da saúde, percebe-se diversas ações voltadas para gestantes, pessoas com doenças crônicas, adolescentes e adultos de uma forma geral. Entretanto, ações direcionadas à saúde do público infantil, principalmente na primeira infância (de zero a cinco anos), encontram-se muito relacionadas aos cuidados que os pais e adultos devem ter com a saúde das crianças, como por exemplo, o incentivo a amamentação e a vacinação. Este projeto desenvolve-se diretamente com as crianças, sendo um meio de interação que favorece a discussão e a conscientização das crianças sobre temas relacionados à saúde e valores morais. O objetivo deste trabalho é apresentar o projeto “A Hora da História” como um recurso para trabalhar na promoção da saúde infantil. Pretende-se fazer a apresentação do projeto e em seguida realizar a contação de uma história, para que o público conheça como o projeto na teoria e na prática. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de uma atividade desenvolvida em parceria com quatro creches municipais, onde uma profissional da Prefeitura Municipal de Itaiópolis que atua na promoção da saúde desloca-se até as creches para fazer a contação. Inicialmente é realizado um momento de apresentações e dinâmicas para despertar a curiosidade das crianças. Em seguida é contada uma história utilizando recursos visuais e auditivos como fantasias, maquiagens, acessórios, instrumentos musicais, ilustrações e fantoches. As histórias podem ser contos de fadas, lendas, fábulas, contos populares, histórias retiradas da internet ou de livros, sempre adequadas à idade do público-alvo.   Após a história é realizado um momento de interação com as crianças, com perguntas e reflexões sobre a história. Entre os temas trabalhados pode-se citar alimentação saudável, hábitos de higiene, como tomar banho e escovar os dentes e valores morais como respeito, cooperação, responsabilidade, honestidade, justiça, entre outros. São atendidas aproximadamente oitenta crianças semanalmente, dividas em turmas nas creches. RESULTADOS: Percebe-se que as crianças interagem entre si, com os personagens e com a contadora no momento da história. Respondem às perguntas e compreendem o sentido da história, relatando experiências pessoais relacionadas ao tema trabalhado. As professoras também relatam que após as histórias as crianças continuam lembrando e discutindo, fazendo comparações e associando os temas ao seu dia-a-dia. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O desenvolvimento infantil é um processo constante que acontece por meio das interações e aprendizagens da criança. O projeto “A Hora da História” contribui nesse processo, sendo um meio de abordar temas em saúde com uma linguagem e metodologia adequadas ao universo infantil.

4227 Práticas Artísticas corporais comunitárias: experiências em dança num Centro de Convivência (Cecco)
Juliana Maria Padovan Aleixo, Elizabeth Maria Freire Araújo Lima

Práticas Artísticas corporais comunitárias: experiências em dança num Centro de Convivência (Cecco)

Autores: Juliana Maria Padovan Aleixo, Elizabeth Maria Freire Araújo Lima

Práticas Artísticas corporais comunitárias: experiências em dança num Centro de Convivência (Cecco) Apresentação: do que se trata o trabalho e o objetivo Esse Trabalho procura compartilhar a experiência de uma pesquisa de doutorado que vem sendo realizada sobre um espaço de vivências em dança, num serviço de saúde mental comunitário, nomeado como Centro de Convivência Rosa dos Ventos, no município de Campinas-SP. Os Centros de Convivência são equipamentos comunitários que compõem a Rede de Atenção Psicossocial, viabilizando ofertas de cuidado através de práticas intersetoriais, articulando ações que dialogam com saúde, educação e cultura. Trata-se de um espaço que desloca o olhar normativo da saúde, rompendo com a lógica médico-centrada. Queremos trazer à cena novos regimes de visibilidade às práticas de cuidado que se localizam na intersecção das práticas artísticas e expressivas com as das práticas clínicas, articulando dança, corpo e produção de subjetividade. Também temos interesse em propor uma vivência de escuta do corpo, partilhando experiências corporais que esse trabalho tem disparado, a partir da disponibilidade do grupo de discussão de comunicação desse eixo temático na Rede Unida. Desenvolvimento do trabalho: descrição da experiência ou método do estudo O grupo de dança no Centro de Convivência (Cecco) Rosa dos Ventos, teve início em 2011 sob coordenação da pesquisadora deste projeto que fazia parte da equipe deste espaço como gestora. Espaço híbrido o qual habito, enquanto trabalhadora-Terapeuta Ocupacional-pesquisadora- bailarina. Desde o princípio reuniram-se ali muitas mulheres, com faixa etária diversa, vindas de muitos territórios: território saúde, territórios afetivos, territórios artísticos. O grupo foi divulgado em unidades de saúde, escolas, núcleos assistenciais e jornal comunitário. Avós vinham com suas netas e filhas, chegando espontaneamente, adolescentes chegavam por indicação de outras meninas e mulheres que participavam de grupos nos Centros de Saúde chegavam encaminhadas pelas equipes de saúde. Mulheres em tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial, ambulatório de transtornos alimentares, do Centro de Referência à Mulher vítima de violência, de núcleos assistenciais e escolas, foram chegando e também indicando o espaço da dança para outras mulheres. Dinâmica essa que ainda se mantém no acesso das mulheres ao grupo de dança.   O trabalho desenvolvido no grupo compõe movimentos tradicionais da dança oriental árabe com alongamento, improviso na dança, práticas de consciência e expressão corporal alinhados a abordagens da Técnica Klauss Vianna, criando espaços para que o grupo possa construir uma linguagem corporal singular a partir da escuta do corpo e da pesquisa e investigação do movimento ao dançar. Ao longo desses anos partilhamos trabalhos cênicos-artísticos, experiências estéticas e transitamos em espaços de dança em eventos no circuito da saúde e também adentrando o universo da arte e da cultura da cidade. Vivências que potencializam o contato com a dança, ampliando o repertório de experiências das mulheres, fortalecendo a grupalidade, construindo assim outros lugares possíveis de serem ocupados. Mulher-mãe-Maria que também dança, mulher-trabalhadora-Maria-dançarina, mulher-Maria portadora de algum diagnóstico marcado por perdas, sofrimento, marcas que rotulam e que ao dançar se deslocam, abrindo e inaugurando novos territórios existenciais. O foco do trabalho não é exclusivamente terapêutico ou artístico nem exclusivamente pedagógico, nem de caráter exclusivo de promoção de sociabilidade e de promoção de saúde. Essas práticas são pensadas com caráter híbrido, compondo todas essas frentes e outras que possam se somar a essas. Transversalizando o universo da arte, do cuidado, da promoção de saúde, borrando as fronteiras tradicionais dos campos descritos, criando espaços de intercessão na produção de encontros. Resultados e/ou impactos: os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados na pesquisa Hoje o grupo de dança conta com cerca de 30 mulheres, que se dividem em dois grupos. Pelo sexto ano consecutivo, organizamos junto a outro Cecco em Campinas, um festival de dança no Teatro do SESI onde se constrói ações para viabilizar figurinos para todas que queiram dançar: rifas, doações de figurino, oficinas de costura e bordado numa lógica de garantir a inclusão e participação pela via solidária, disparando momentos coletivos de construção dos processos do dançar. Para dançar em apresentações e eventos é necessário a preparação dos corpos e a construção de personagens. As mulheres se arrumam, pensando na maquiagem, nos cabelos, no figurino, nos acessórios, deslocando dos lugares cristalizados do dia-dia. Transportando-se a outros universos, conectando-se a outras formas de expressão, de linguagem, acessando o feminino tão invadido e devastado na atualidade. Experimentando outras formas de existências, vivenciando a possibilidade de construir outros lugares, outras formas de poder levar à vida, potencializando-a, intensificando-a. Não se trata de terapeutizar a cultura em tempos de grande patologização da vida. Trata-se de possibilitar a experimentação de formas intensivas de vida. Colocar o corpo em outros movimentos, em novas direções. Pensar os processos de subjetivação em vivências que marcam outras formas de levar a vida. Colocar o corpo em experimentação nas linguagens expressivas pode nos conectar a essas transformações. Falar do grupo de dança, do Centro de Convivência Rosa dos Ventos, nos faz compartilhar testemunhos de vidas que se expandiram e se deslocaram do senso normativo pautado numa saúde ideal. Talvez pensar a saúde-frágil de Deleuze (2010) nos aproxime ainda mais dos processos expressivos como fonte de potencialização da vida. Uma saúde frágil, que exatamente por sua fragilidade se intensifica nas linhas de vida, agarrando-se às potências. Considerações finais São muitas Marias e muitas as histórias de vidas que trazem ao dançar. O corpo presente ao movimentar-se acessa o inacessível. Há algo de indizível na vida que cria língua nos gestos, olhares, sensações, expressões. São a essas produções que queremos dar língua. Produções que conectam os sujeitos ao plano da subjetivação, ao plano da produção que é plano do coletivo. Pensar as práticas artísticas enquanto abertura para produção de outras sensibilidades, permeada por experimentações estéticas. Encontros como esse ao dançar carregam essa tônica, momentos quase fugazes que se eternizam na descoberta de outras conexões possíveis. Estar sensível a formas outras de estar e se apresentar ao mundo, atentos ao próprio pulso vital, construindo singularidades resistentes aos ataques e modelos sociais, que restringem as potências e a produção de realidades criativas e pulsantes de vida (Liberman, 2008). Produção sensível, gentil, experimental, que se apresenta à espreita, ampliando discretamente a conectividade dos encontros, expandindo, aumentando superfícies de contato ao vivido, facilitando exposições às afecções, aos acontecimentos. Vivências que dançam, movimentam, agenciando respostas outras diante dos efeitos dominantes das subjetividades capitalísticas.    

3271 PROJETOS ARTÍSTICOS E RECURSOS DE REDUÇÃO DE VULNERABILIDADE JUNTO A ADOLESCENTES: ESTUDO DE CASO À LUZ DO EFEITO DE BORDA
Claudia Regina Brandão Sampaio, Fabiane Oliveira Gomes Vasques, Paula Caroline dos Anjos Sampaio, Ricardo Pereira da Silva Oliveira

PROJETOS ARTÍSTICOS E RECURSOS DE REDUÇÃO DE VULNERABILIDADE JUNTO A ADOLESCENTES: ESTUDO DE CASO À LUZ DO EFEITO DE BORDA

Autores: Claudia Regina Brandão Sampaio, Fabiane Oliveira Gomes Vasques, Paula Caroline dos Anjos Sampaio, Ricardo Pereira da Silva Oliveira

Atualmente a adolescência é marcada por um período de alto índice de vulnerabilidade e exposição às múltiplas situações de risco e com isso vemos os desafios que a Psicologia encontra, tanto no campo teórico quanto das intervenções, na produção de respostas a estas demandas reveladoras dos dispositivos sócio-culturais fragilizantes.  O Laboratório de Intervenção Social e Desenvolvimento Comunitário (LABINS) tem se voltado a pesquisar o potencial das atividades artístico culturais e a relação destas com a transformação dos quadros de vulnerabilidade de adolescentes e jovens, em especial no contexto Amazônico. Cogita-se em que medida as atividades artísticas por incidirem sobre o desenvolvimento psicossocial podem se constituir alternativa que auxilie na redução destas vulnerabilidades.  Neste sentido, empreendeu, entre os anos de 2013 e  2016, vários estudos integrados entre si, envolvendo segmentos distintos de participantes envolvidos nas mesmas atividades, a saber, Projeto Jovem Cidadão (PJC) e Concerto de Natal (CN), na cidade de Manaus.  Em 2012, deu-se início a estudos acerca do impacto que os projetos PJC e CN na vida dos adolescentes que deles participaram. Em um primeiro momento foi realizado um estudo onde se buscou compreender a relação entre arte e redução de vulnerabilidade na vida de adolescentes que participaram de um evento artístico na cidade de Manaus, a saber, o Concerto de Natal do ano de 2012. Como objetivos específicos buscou-se apresentar o perfil e demandas destes jovens, os quais também eram participantes do Projeto Jovem Cidadão e se encontram em contexto de vulnerabilidade. Investigou-se em que dimensões a participação neste evento artístico foi apontada por eles como redutora de vulnerabilidade. Ancorado em uma abordagem históricocultural da Psicologia, visou compreender a complexidade dos processos de risco e proteção presentes na vida destes adolescentes e pensar criticamente estratégias possíveis em resposta às vulnerabilidades apresentadas, considerando a arte como uma ferramenta possível. Os dados foram gerados através de uma pesquisa quali-quantitativa que abordou 35 adolescentes em duas escolas públicas através do questionário “Juventude Brasileira”, grupos focais e entrevistas individuais semi-estruturadas. Os métodos de tratamento dos dados incluíram o pacote estatístico SPSS e a Análise de Conteúdo. Os resultados revelaram que os jovens pesquisados vivem em contextos de violência, com exposição a drogas, relacionamentos frágeis, instituições com pouco espaço para protagonismo, porém não revelam profunda vulnerabilidade, sendo também identificados alguns processos protetivos na vida destes como um auto conceito positivo, o que funciona como um empoderamento para enfrentarem as vicissitudes da vida. Tanto a participação no Projeto Jovem Cidadão quanto no Concerto de Natal possibilitaram modificações em alguns aspectos destes jovens, como, a expansão de recursos comunicacionais e relacionais (melhora da timidez e relacionamento com a família e pares), embora no Concerto de Natal estes impactos tenham sido maiores, com ênfase no reconhecimento da família, mudança no autoconceito, identidade e autoestima. Além disso, a rotina destas atividades ofereceram novas possibilidades de ser para estes jovens. Houve nos dois segmentos, mudanças nas dimensões individual e afetivo-relacional, porém não foi identificado impacto na dimensão sócio-estrutural. Os resultados dessa pesquisa permitem compreender que as atividades artísticas podem ser importantes ferramentas para a ressignificação de condições de vulnerabilidade desses jovens, sobretudo por ampliar a rede de suporte protetivos, sendo importante para a promoção de resiliência.  O segundo estudo enfocando os mesmos eventos, dedicou-se a outra categoria de sujeitos:  abordou profissionais que desempenharam funções centrais na execução do PJC e CN, visando conhecer o potencial que recursos artísticos possuem na transformação dos contextos de vulnerabilidade. As condições históricoculturais que os adolescentes dispõem para constituir-se enquanto sujeitos estão contemporaneamente associadas a diversos agravos, com os quais os jovens necessitam lidar. Projetos artísticos tem sido utilizados junto a estes com fins diversos, sendo ainda pouco conhecidos os seus resultados relacionados à redução da vulnerabilidade. Como parte destes estudos, propôs-se como objetivo desta pesquisa, investigar com os profissionais responsáveis pela execução destes projetos, o potencial de maximização de recursos promotores de proteção e redução de vulnerabilidade, a partir do conceito de Efeito de Borda (EB). Este conceito, oriundo da ecologia e utilizado pela Psicologia Comunitária Crítica, é ferramenta organizadora e compreensiva de ações que envolvem participação de diferente sujeitos e instituições, cujo encontro resulta em uma ‘borda’ onde recursos novos emergem, otimizando os resultados dos projetos. A pesquisa caracterizou-se como exploratório-qualitativa e utilizou o banco de dados das pesquisas anteriores com adolescentes, além de quatro entrevistas semi-estruturadas junto aos profissionais, analisadas segundo adaptação do método da Grounded Theory. A partir dos resultados, concluiu-se que: os projetos foram considerados transformadores da subjetividade dos adolescentes e dos profissionais; foram identificados recursos nos projetos passíveis de maximização, tais como recursos artísticos (aprendizado das técnicas, novas formas de comunicação, conhecimento artístico); recursos socializadores, implicando em outros modos de estar no mundo (autoconceito, autoestima, projeto de vida, criação e fortalecimento de vínculos); recursos organizadores (estrutura organizada dos projetos como rede protetiva); recursos de inclusão social. As dificuldades levantadas à maximização dos recursos foram primordialmente referentes à estrutura do projeto, espaço restrito de participação de seus diversos membros, nível de comunicação entre instituições e agentes; o conceito de Efeito de Borda mostrou-se particularmente útil à análise dos 9 processos que tem por característica o desenvolvimento de ações que incluem participantes de diversos contextos, com diferentes recursos e experiências, sendo, portanto, construto teórico capaz de subsidiar a análise de práticas que visem transformações no rumo da melhoria das condições de vida de adolescentes e outros grupos em contextos de vulnerabilidade. Os modos contemporâneos associados à adolescência remetem às diversas situações de agravos que os tornam vulneráveis. Dentre as ações destinadas a este segmento, como forma de promover direitos, cultura, melhores condições de desenvolvimento, cidadania, dentre outros, encontram-se projetos que envolvem recursos artísticos. A aplicação da arte e seus recursos já vem sendo estudada em diversos contextos, inclusive no tocante aos processos psicossociais e de inserção social de adolescentes. No estado do Amazonas, o PJC e o CN vem sendo foco de interesse de pesquisadores do LABINS no sentido de compreender também as relações possíveis entre as atividades artísticas e a possível promoção de fatores transformadores do quadro de vulnerabilidade na vida de adolescentes que deles participaram. Dado o fato de que vários projetos de natureza artística incluem parcerias diversas com atores e instituições diferentes, com suas respectivas características e recursos, cogitou a possibilidade de aproximação do conceito do Efeito de Borda (EB), utilizado em estudos da Psicologia Social Comunitária mas ainda pouco  difundido no Brasil, visando compreender as relações estabelecidas pelos diversos atores sociais, instituições e recursos existentes na execução do PJC e CN, de modo a que o potencial que emergisse da borda entre os sistemas e participantes, pudesse ter sido maximizado, e, assim, ampliado as possibilidades de transformação das condições de vulnerabilidade as quais se encontravam os adolescentes que integraram estas propostas.