37: Participação social e produção de conhecimentos: a pesquisa como ferramenta
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FEFF Sala 01 - Rebojo    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
529 O ALCOOLISMO NA HISTÓRIA DE VIDA DE ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Christiane Tereza Aleixo Santos, Arielle Lima Santos, Jeferson Santos Araújo, Joel Costa Lobato, Yasmin Martins Sousa, Sílvio Éder Dias Silva

O ALCOOLISMO NA HISTÓRIA DE VIDA DE ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Autores: Christiane Tereza Aleixo Santos, Arielle Lima Santos, Jeferson Santos Araújo, Joel Costa Lobato, Yasmin Martins Sousa, Sílvio Éder Dias Silva

Apresentação:. A problemática do álcool é uma questão de saúde pública que atinge a população mundial em todas as faixas etárias. A adolescência é um período crítico na vida das pessoas, no qual ocorrem novas descobertas significativas que são fundamentais para a construção da personalidade e da individualidade, sob o ponto de vista biopsicossocial. O alcoolismo, ao ser inserido no cotidiano do adolescente, passa a fazer parte do seu cognitivo e de sua comunicação com o seu grupo de pertença, passando a doença para uma dimensão psicossocial, que será fundamental para adoção de um comportamento diante de uma droga tão presente na sua rotina familiar. Por tal motivo, compreender a relação entre a história de vida dos jovens ao conviverem com um membro da família que é alcoolista irá propiciar um melhor entendimento de sua representação sobre a doença e, a partir dela, a sua atitude frente às bebidas alcoólicas. Descrever as representações sociais de adolescentes sobre alcoolismo e o hábito de consumir bebidas alcoólicas e analisar as implicações do alcoolismo nas histórias de vida dos adolescentes.  Desenvolvimento do trabalho: Este estudo é do tipo descritivo-exploratório, com o emprego de abordagem qualitativa, utilizando o método de história de vida para captar as Representações Sociais (RSs) dos sujeitos do estudo acerca do tema em questão. O campo de pesquisa foi o Projeto Tribos Urbanas, que é um programa da Prefeitura de Belém-PA, criado em 2006, com o objetivo de atender jovens e adolescentes que se envolvem com gangue, a iniciativa visa retirá-los das ruas e envolvê-los em atividades socioeducativas .Os sujeitos do estudo foram 40 adolescentes de ambos os sexos, sendo 30 do sexo masculino e 10 do feminino. Empregamos a técnica da saturação de dados, que diz respeito à repetição dos discursos, como forma de delimitar a amostragem deste estudo. A pesquisa foi orientada pela Portaria 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Pará, recebendo o número de protocolo 004/08 CEP-ICS/UFPA. A técnica de coleta das narrativas dos adolescentes para produção de fontes orais foi a entrevista semiestruturada, orientada por roteiro composto de 15 perguntas, contextualizando da infância até a adolescência dos jovens, o que possibilitou compreender a influência dos seus familiares alcoolistas na adesão do adolescente ao uso de álcool. Como forma de respeitar o anonimato dos adolescentes foi empregado o sistema alfanumérico, seguida pelo número de ordem do depoimento. Resultados: Nesta unidade temática, fica notório como os adolescentes vislumbram em suas RSs da bebida alcoólica algo benéfico, visto esta propiciar espontaneidade e descontração. Porém, eles também destacam que o consumo em excesso, que leva à embriaguez, é um fato danoso para sua saúde física e mental. O álcool é bom porque faz a gente viajar. Quando a gente bebe, ficamos mais empolgados, se acha o tal. Eu bebia muito, porque achava que o meu problema era em casa, porque a vovó me criticava muito, porque eu fumava cigarro e bebia, aí eu achava que fazendo aquilo eu ia esquecer os problemas de casa. Outra questão para gente beber é a influência dos amigos, pois para ficar perto dos moleques lá tinha que beber, porque senão era careta, era mocinha, essas frescuras de macho (E2 ). Outro ponto identificado foi de que, apesar de o consumo do álcool fazer parte das atividades festivas de determinados grupos sociais e de ser considerado normal se ingerido sem provocar embriaguez, os adolescentes conseguem identificar os seus efeitos negativos quando ele é consumido de forma excessiva, o que pode ser identificado nas seguintes falas: [...] o álcool é ruim porque deixa a gente de ressaca no outro dia. A gente gasta dinheiro para beber e tudo. A pessoa acorda no outro dia liso com dor de cabeça, bafo escroto na boca, não sabe o que fez, se brincou ou arrumou confusão. A gente não sabe o que faz (E10). [...] o álcool, quando é bebido de forma excessiva, ocasiona um grande malestar físico e psicológico. Além do que, a pessoa faz às vezes um monte de besteira sobre o efeito do álcool, que, depois, se arrepende (E1 ) . Em diversos momentos, quando indagados sobre o motivo que leva um ser humano a aproximar-se da bebida alcoólica, os entrevistados, em sua maioria, relatam os problemas de caráter familiar ou social. Sabe-se que os eventos estressantes da vida são subjetivos para cada indivíduo, e que a capacidade de superação depende de fatores que implicam, a princípio, a maturidade da pessoa no contexto sociocultural no qual está inserida. As falas a seguir reforçam tais afirmações: [...] eu acho que às vezes é pra esquecer os problemas, e começa a beber pra curtir mesmo, beber pra fazer briga com os outros, criarem coragem, esse é meu ponto de vista. Eu bebo hoje com a minha namorada, mas não bebo com os moleques da rua, porque ali não tem futuro não. Através de amizades, através de ver todo mundo bebendo, aí vai querer experimentar e vê que é gostoso (E12). Cabe mencionar, também, que essa convivência com um familiar alcoolista propiciou aos adolescentes a aprendizagem de ingerir bebidas alcoólicas quando se deparavam com problemas que levaram os seus pais a se tornarem dependentes químicos. O adolescente assume o papel de aprendiz seguindo os passos do perito, que são seus pais. Por tal motivo, desvelar o universo do alcoolismo dos adolescentes favorece a implementação de estratégias que devem ser aplicadas para impedir que esta clientela, tão carente de cuidados, faça uso de álcool, seja por experimentação ou de forma abusiva.Considerações: As RSs reveladas pelo método de história de vida propiciaram a compreensão do universo consensual dos adolescentes que tiveram as bebidas alcoólicas inseridas no seu cotidiano, o que favoreceu compreender a verdadeira extensão deste problema. As bebidas alcoólicas são amplamente difundidas, principalmente porque seus apreciadores gostam da sensação de prazer que a droga ocasiona. Porém, passam despercebidos pela maioria dos consumidores, os malefícios do álcool, tais como a dependência química, os acidentes automobilísticos e outros problemas de vínculo social. Existe a necessidade de se instituir estratégias de prevenção ao consumo de bebidas alcoólicas de forma abusiva pelos adolescentes que não se centrem unicamente em transmitir os conhecimentos científicos, mas em fornecer uma relação de influência mútua com o conhecimento, que venha servir aos interesses e necessidades do jovem para interagir na sociedade, a fim de que o adolescente se sinta capaz de utilizar seus saberes para participar da sociedade como cidadão, enfatizando a importância da aplicabilidade prática desses conhecimentos para sua relação com o mundo.

990 ABUSO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS E MOTIVOS PELOS QUAIS USUÁRIOS BUSCAM TRATAMENTO
Gabriela Oliveira Parentes da Costa, Maria Valquiria Aguiar Campos Sena, Josué Alves da Silva

ABUSO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS E MOTIVOS PELOS QUAIS USUÁRIOS BUSCAM TRATAMENTO

Autores: Gabriela Oliveira Parentes da Costa, Maria Valquiria Aguiar Campos Sena, Josué Alves da Silva

APRESENTAÇÃO   As drogas estão classificadas de acordo com sua obtenção como, naturais, sintéticas, e semissintéticas. De acordo com os efeitos gerados, elas se classificam em estimuladoras, depressoras e perturbadoras. Estas drogas entram na classificação jurídica como legais, reguladas e permitidas por lei e ilegais, cuja sua distribuição e vendas são proibidas(1). O interesse em realizar este estudo surgiu após a experiência da pesquisadora com os usuários de um centro de atenção psicossocial - CAPS AD. É importante fazer uma análise sobre as características e o consumo dos dependentes químicos, e os motivos que os levaram a fazer o uso da droga, para entender sobre como realizar promoções de saúde para estes indivíduos. Assim, os objetivos desse trabalho, é descobrir, através de dados primários, quais as drogas mais consumidas pelos usuários de uma unidade de atenção psicossocial, os principais motivos pelos quais buscaram tratamento da dependência e qual a prevalência de recaídas entre os mesmos. DESENVOLVIMENTO   Trata-se de um estudo documental retrospectivo e análise quantitativa. A pesquisa foi realizada em um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas III (CAPS AD 24 horas) na cidade de Fortaleza, Ceará. Para desenvolvimento do estudo, foi realizado um levantamento do número de pacientes internados, no total de 50 indivíduos. A coleta de dados foi realizada durante os meses de maio a julho de 2016. Os dados foram colhidos de prontuários e relatórios individuais que continham informações dos pacientes cadastrados e acompanhados. Foi criado um formulário para preenchimento com os dados que os pesquisadores desejavam obter, ao final das coletas, estes foram colocados em gráficos e analisados à luz da literatura pertinente.   RESULTADOS O local estudado trata-se de um centro de atenção integral e continuada às pessoas com necessidade em decorrência do uso de álcool e outras drogas, que atende nos três turnos do dia, onde os pacientes são agendados, dependendo da necessidade de cada um, podendo ser semanal, quinzenal, mensal, bimensal ou trimestralmente. O centro atende ainda, usuários em seus momentos de crise, oferecendo um acolhimento noturno por um período de 7 a 15 dias. Esta instituição tem o objetivo de acompanhar sistematicamente o usuário de álcool e outras drogas, através de uma equipe multiprofissional de saúde como: assistente social, enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, terapeuta ocupacional, médico psiquiátricos, dentre outros. A análise dos resultados foi representada, conforme o instrumento de coleta de dados. A pesquisa foi realizada com dados de 50 homens que tinham entre 18 anos e 65 anos, sendo que, a maioria dos registrados, tinha idade entre 18 e 28 anos (40%), seguida dos que tinham entre 29 e 39 anos (26%), outros tinham entre 40 e 50 anos (20%) e maiores de 50 anos (14%) (Gráfico 1). De acordo com os dados obtidos, sobre o tipo de drogas que os indivíduos internados faziam uso, percebeu-se que, com relação a classe das drogas lícitas, 100% deles utilizavam bebida alcoólica e que 68% dos mesmos, faziam uso de cigarro. Já em relação às drogas ilícitas, foi possível observar que a maconha foi a mais utilizada, por um total de 74% dos internados, seguida do crack com 46%, da cocaína por 36% destes, 20% usavam o ecstasy e 6% faziam uso de outros tipos de drogas ilícitas (Gráfico2). Ao ser investigado o motivo pelos quais os usuários do serviço procuraram ajuda para deixar de usar drogas, é possível observar que 28% citaram arrependimento em ter iniciado, 28% tinham relatado alucinações, 22% problemas familiares, 8% por incentivo, 4% devido a problemas de saúde e 10% por outros motivos (Gráfico 3). Em relação a quantidade de internações dos usuários, pode observar nos registros que, 24% deles passaram por uma única internação, 26% tiveram duas internações, 20% três internações, 60% foram internados quatro vezes, 12% por cinco vezes e outros 12% por seis vezes ou mais (Gráfico 4). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados colhidos para este estudo em questão possibilitou o conhecimento de algumas variáveis do perfil dos dependentes químicos. No tocante a idade, percebeu-se que as pessoas usam álcool e outras drogas cada vez mais cedo, e que os idosos são os que menos procuram atendimento especializado, o que torna necessário, mais pesquisas na área para entender os motivos pela não procura, assim como contribuir para que não hajam tantas recaídas no tratamento, como foi mostrado neste estudo.              

2157 Viveria o setor saúde sem pedras? Pedras vivem sem saúde
Thiago Bernardes Nunes, Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima

Viveria o setor saúde sem pedras? Pedras vivem sem saúde

Autores: Thiago Bernardes Nunes, Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima

O estudo descrito neste manuscrito tem por objetivo analisar – em perspectiva ético-política – o modo como a transformação do real foi se impondo ao trabalho e gerando experiências na condição oral de produtores de bens em pedra (pavimentação com paralelepípedos, ornamentos de jardins, base de edificações e etc.), no contexto de um município do sul do Brasil. Para tal, ergue-se uma pesquisa qualitativa, de abordagem compreensiva do tipo história oral-oral e análise dialética. Dados surgiram por entrevistas-narrativas num universo de pessoas construído pela técnica bola de neve, guiada por roteiro semiestruturado pautado no problema: como vai a sua boca e qual a história dela? Foram entrevistadas dezesseis (16) pessoas trabalhadoras, sendo: oito (8) broqueiros, quatro (4) “puxadores” de pedra e quatro (4) calceteiros. Previamente, realizou-se etapa exploratória nos espaços produtivos do próprio contexto. Deste percurso, que originou amplo material transcrito, brota a categoria para análise: “Não há consultórios sem pedras, mas há pedras sem consultórios”, emergida por relatos dos trabalhadores-produtores, onde a iniciação no trabalho com pedras se deu antes do primeiro acesso a cuidados bucais formais e, ao longo de suas vidas, não tiveram acesso a tratamento longitudinal, somente pontuais. Partindo do método cunhado pelo filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937), o “posto che”, pautado na interlocução entre a historicidade do objeto e suas tendências contraditórias, verificam-se alterações nas necessidades da sociedade. Assim, argumenta-se que a transformação do real, neste contexto estudado, se deu por meio de relações de hegemonia e que a emergência de uma odontologia regulamentada, em face da formação econômico-social sobre a qual ela se edificou, não representou um valor democrático. Hegemonia que atravessa a atenção pública em saúde e o agir odontológico nacional, privilegiando grupos etários em detrimento à comunidade economicamente ativa. Diante da não presença dos serviços de saúde, práticas alternativas de cuidado irrompem da própria comunidade produtora de bens em pedra ao se deparar com o sofrimento decorrente de problemas estomatológicos evitáveis que não foram evitados. Pode-se concluir neste estudo que saúde não é um bem universalmente usufruído, mesmo em tempos de direito à saúde conquistado, e que o Sistema Único de Saúde (SUS) não se materializa no contexto pesquisado, pois as ações e direções estatais pouco englobam essa parcela da população.

2576 A RETOMADA DE UM ERRO RECONHECIDO
Thiago Pereira da Silva Flores

A RETOMADA DE UM ERRO RECONHECIDO

Autores: Thiago Pereira da Silva Flores

OBJETIVO   O presente trabalho tem por objetivo a análise da internação compulsória enquanto política pública adotada por governos como medida de saúde. O objetivo é a análise dessa  medida sendo eleitos dois objetos de estudo tendo por recorte geográfico o Estado brasileiro e como recorte temporal a análise através das legislações da internação compulsória para hanseníase executada até 1986 e reconhecida como erro em 2007 pela lei 11.520 e a crescente internação compulsória para os dependentes químicos, em especial os usuários de crack.   DESENVOLVIMENTO O isolamento compulsório com a finalidade de submeter o “doente” a um tratamento médico não configura novidade no direito brasileiro. No início do Século XX, o Estado brasileiro deu início à estruturação de uma política de saúde pública nacional, até então inexistente. Tal política importou na adoção de um extenso rol de medidas implementadas com o objetivo de eliminar e/ou controlar doenças contagiosas. Dessa forma teve início, em 1923, a política nacional de profilaxia da “lepra”, os doentes eram separados e levados para as colônias onde eram internados compulsoriamente. O Estado brasileiro reconheceu como errônea essa política, por violar os direitos fundamentais do cidadão hanseniano. Tal reconhecimento, formalizado pela lei federal 11.520/2007, garantiu a toda pessoa internada compulsoriamente para o tratamento da hanseníase até o ano de 1986, o direito a uma indenização mensal e vitalícia paga pelo Estado brasileiro. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), droga é qualquer substância psicoativa lícita ou ilícita, que cause dependência química e /ou psíquica no usuário. A dependência das drogas mais conhecidas como por exemplo: bebidas alcoólicas, possuem CID(Código Internacional de Doenças) f.10.2; nicotina, encontrada em cigarros de fumo em geral, possuem  CID f.17.2; maconha  e Haxixe tem CID f.12.2 e  a cocaína  ou a pasta base em pedra ( crak)  tem CID f.14.2. A Constituição Federal de 1988, espelhando-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos, reconhece um amplo rol de direitos fundamentais, sendo esses direitos definidos como o conjunto de garantias do ser humano que tem por finalidade proteger sua dignidade, que não pode mais ser visto de modo abstrata e distante, mas como ser concreto e diferenciado a proteção aos direitos fundamentais deve ser reconhecida pelos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais de maneira positiva. O Princípio da dignidade da pessoa humana é um valor moral e espiritual inerente à pessoa, ou seja, todo ser humano é dotado desse preceito, e tal constitui o principio máximo do estado democratico de direito. Direitos fundamentais são àqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de um determinado Estado. Ele difere-se do termo direitos humanos, com o qual é frequentemente confundido e utilizado como sinônimo, na medida em que este se aplica aos direitos reconhecidos ao ser humano como tal pelo direito internacional por meio de tratados, e que aspiram à validade universal, para todos os povos e tempos, tendo, portanto, validade independentemente de sua positivação em uma determinada ordem constitucional. A garantia dos direitos constitucionais das chamadas minorias, que são os grupos que vivem a margem de uma determinada sociedade, passam pela conceituação e entendimento do termo discriminação. Nesse sentido entende-se como discriminação como toda e qualquer forma meio e instrumento de promoção da dinstinção, exclusão, restrição ou preferência baseadas em critérios como a raça, cor da pele, descendência, origem nacional ou ética, gênero, opção sexual, idade, religião, deficiência física, mental ou patogênica, que tenha como objetivo ou se produza o efeito de anulação ou prejuízo o reconhecimento, gozo ou exercício em igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer atividade no âmbito da autonomia pública ou privada.   EFEITOS DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA   O Internamento Compulsório para portadores de “lepra” no Brasil, foi  reconhecida como erro, por violar os direitos fundamentais do cidadão hanseniano. O reconhecimento do erro do Estado na adoção de uma política segregacionista deu-se pela conversão da medida provisória MP 373 na lei 11.520, de 18 de Setembro de 2007, que garantiu a toda pessoa internada compulsoriamente para o tratamento da hanseníase até o ano de 1986, direito a uma indenização vitalícia a ser paga pelo Estado brasileiro. Mais uma vez a internação compulsória é utilizada como medida de saúde, em legislação em pleno vigor, no entanto, o grupo alvo da segregação é outro. A internação compulsória de pessoas acometidas de dependência química vem sendo implementada em vários países no mundo e avança no Brasil. A ONU se manifestou contrária a tal tendência mundial de internação não consentida de dependentes químicos, alertando para a possibilidade destes locais se tornarem ambientes para a prática de tortura e maus tratos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A questão ora colocada diz respeito exatamente ao efeitos futuros  da internação compulsória para tratamento de dependentes químicos. Se a internação compulsória adotada no passado foi reconhecida pelo Estado brasileiro como incompatível com o sistema de direitos fundamentais constitucionalmente adotados, seria possível retomá-la hoje, sob o argumento da sua “necessidade”? A Constituição Federal de 1988 garante a saúde como direito, cujo exercício deve ser executado em conjunto com os demais direitos, sobretudo, o da dignidade da pessoa humana. Nesse contexto, cumpre indagar se a internação para tratamento da dependência considerada ideal, com estrutura adequada, apoio médico, psicológico, familiar e do próprio paciente, não é garantia integral de recuperação de tais pacientes, o que se espera de uma internação que seja compulsória, massificada, desmedida, que desconsidera o apoio familiar e a vontade do dependente em receber o tratamento? Os fins justificam os meios? Tais medidas destina-se, única e exclusivamente, a dependentes químicos em situação de miséria, cujo uso da droga, muitas vezes, é decorrente dessa condição social. Lamentavelmente, não é possível esperar nada diferente de um grande depósito de seres humanos “dopados”, estabelecendo-se uma releitura dos antigos unidades manicomiais e hospitais colônia e suas conseqüências. Devido à atualidade e complexidade do tema é preciso considerar a importância que foi a internação compulsória na hanseníase como possibilitadora de uma compreensão adequada da garantia dos direitos fundamentais, inclusive os direitos de caráter processual estão sendo violados, na execução de uma política de saúde que se assemelha muito com uma política já reconhecida como um erro. Os debates e reflexões sobre esse tema é suma importância para o desenvolvimento do conhecimento humano, pois vem suprir essa carência de informação sobre a política de Internação Compulsória como medida de saúde para controle da hanseníase, seus efeitos perversos na vida dos que foram institucionalizados e reconhecimento de erro por parte do Estado.                                 Merece destaque que o reconhecimento de erro da política de isolamento compulsório da hanseníase foi realizado depois de anos de luta do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase – MORHAN, entidade fundada em 1981 pelo próprio ex-portador de hanseníase, que se tornou protagonista de sua própria história, a lei 11.520/07 é o resumo desse movimento social, que lutou pelo fim da internação compulsória para hanseníase no Brasil e vinte anos depois conseguiu que o Estado brasileiro reconhecesse que praticou crime de Estado, ao isolar pessoas nos antigos hospitais Colônias, conhecer o passado é premissa fundamental para se evitar erros futuros. 

3387 SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL: ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM
Mayara Cardoso, Jade Barreto, FABIANA ALCÂNTARA, André Oliveira, Tatiana Barreto

SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL: ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM

Autores: Mayara Cardoso, Jade Barreto, FABIANA ALCÂNTARA, André Oliveira, Tatiana Barreto

A presente pesquisa tem por objetivo discutir a saúde mental de adolescentes vítimas de violência sexual, exaltando a interferência da violência na vida deles, delimitando o perfil e a vulnerabilidade ao qual estão impostos. Por meio disso, incute a enfermagem como profissão que possui autonomia para executar medidas de tratamento, cuidados, assistência e prevenção para esse tipo de abuso, que assola um grande percentual do público infanto-juvenil. Este é um trabalho de revisão bibliográfica, em que se realizou leitura de 36 artigos com seleção de 21 artigos. Trata-se, de método explicativo em que busca discorrer acerca das complicações na vida adolescente, que são gerados diante da exposição à violência sexual. Os critérios de seleção basearam-se de acordo com o ano de publicação, métodos utilizados, abordagem do tema e levantamento de dados. Através da análise dos artigos, é perceptível que as consequências implicam principalmente na saúde mental, que desencadeiam aversão ao convívio social, isolamento, transtornos psíquicos, depressão, baixo autoestima, sentimento de culpa, medo, insônia, conflitos com a sexualidade e uso de drogas como refúgio. Esses prejuízos podem ser provisórios, conforme superação da vítima, ou podem perpetuar em longo prazo. Os dados mostram que ao longo dos anos o perfil das vítimas de abuso sexual se restringe ao mesmo quadro: adolescentes do sexo feminino entre 11 e 19 anos em média, sendo violentadas por pessoas próximas e conhecidas dentro da sua própria residência. No entanto, é demostrado que os profissionais de enfermagem se sentem inseguros ou consideram não estar aptos a lidar com essa situação principalmente quando o abuso é efetuado por um membro da família.  Dessa forma, muitos profissionais não reconhecem a sua autonomia em prover os cuidados específicos para pacientes vítimas de violência sexual, delegando para outros profissionais essa função. Portanto, para que a enfermagem use de suas atribuições e responsabilidades promovendo ações de saúde as vítimas de violência sexual, é imprescindível conhecer o perfil desses adolescentes e as consequências provocadas por esse trauma, tendo em vista, que esses profissionais possuem um contato maior com a comunidade. Entretanto, a fim de que o trabalho de enfermagem traga bons resultados, é substancial que haja investimento na capacitação da equipe de enfermagem para essas situações. Essa capacitação deve ser iniciada dentro da universidade e continuada no campo de atuação profissional, possibilitando a formação qualificada da enfermagem na execução de cuidados significantes para as vítimas de violência sexual.

3701 Parto normal na ótica das primíparas e suas dificuldades
Mayara Soares Gonzaga, Elielza Guerreiro Menezes, Evelin Gonçalves de Vasconcelos, Flávia Maia Trindade, Fernanda Farias de Castro, Luan Guimarães Pessoa, Valdir Soares da Costa Neto, Luzimere Pires do Nascimento

Parto normal na ótica das primíparas e suas dificuldades

Autores: Mayara Soares Gonzaga, Elielza Guerreiro Menezes, Evelin Gonçalves de Vasconcelos, Flávia Maia Trindade, Fernanda Farias de Castro, Luan Guimarães Pessoa, Valdir Soares da Costa Neto, Luzimere Pires do Nascimento

A experiência da parturição representa um evento importante na vida das mulheres, um momento único e especial, marcado pela transformação da mulher em seu novo papel, o de ser mãe, principalmente para as mulheres que dão à luz pela primeira vez. Para tanto o objetivo é conhecer as dificuldades das primíparas sob sua ótica, quanto ao motivo da escolha da via de parto, perspectiva do parto e parto. E Através da ótica das primíparas saber das dificuldades, obter conhecimento dos motivos, fatores, que as levaram a escolher a via de parto, podendo assim trabalhar, orientar e incentivar sobre a importância do parto natural e de seus benefícios, tanto para um desenvolvimento saudável, como pela simples escolha do parto fisiológico, oportunizando o recém-nascido a termo de um crescimento e desenvolvimento saudável, sem sequelas de uma cesariana. Contribuindo ainda com a prevenção de nascimento de neonatos prematuros, logo promovendo à saúde da comunidade e ainda contribuindo para o declínio dos percentuais de cesarianas no Brasil. Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa, para compreensão e discussão a respeito das experiências vivenciadas por mulheres primíparas. As participantes da pesquisa foram 25 mulheres residentes nas áreas de abrangência da Estratégia de Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde Mãe Palmira, localizada na periferia do município de Parintins-Amazonas. Os dados da amostra intencional de vinte e cinco participantes, foram analisados sob os fundamentos da análise de conteúdo mais especificamente nas categorias temáticas de Bardin. As coletas de dados ocorreram nos meses de junho a agosto de 2017, em forma de entrevista estruturada. As participantes foram selecionadas e entrevistadas em três fases: a primeira fase foi a pesquisa documental nos prontuários onde buscou-se as gestantes aptas a participarem da pesquisa. Nesse momento possibilitou o levantamento de variáveis como: nome, idade, data de nascimento, idade gestacional, data provável do parto, endereço, telefone. A segunda fase foi a aplicação da entrevista estruturada no ciclo gravídico (antes do parto) as participantes foram abordadas em sua residência, dessa forma aplicando o segundo instrumento onde foram informadas sobre os objetivos da pesquisa e a garantia do sigilo e anonimato, garantindo a participação voluntária ao assinar um termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A terceira fase da pesquisa foi a aplicação da segunda entrevista no pós-parto, agora na condição de puérpera, novamente em sua residência. As entrevistas tiveram duração média de 20 minutos, foram gravadas e transcritas em sua íntegra, para análise de conteúdo. Os resultados revelaram as características da população entrevistada: das 25 primíparas dentre estas 56% compreendeu a faixa etária de 15 a 19 anos, o que consiste em a maioria das primíparas adolescentes, sendo que a faixa etária definida pela OMS é de 10 a 19 anos. Além dessas características ainda se obteve escolaridade, profissão e estado civil. Em relação ao acompanhamento da gravidez e planejamento: 88% das mulheres não planejaram engravidar, 60% realizaram de 5 a 9 consultas de pré-natal, 84% afirmaram não ter problemas de saúde antes da gravidez, após a gravidez 68% disseram ter tido problemas de saúde. No item informações dadas sobre o trabalho de parto nas consultas de pré-natal, 36% das primíparas afirmaram que recebiam tais informações de enfermeiros, e outros 36% afirmaram receber informações por ambos (médicos e enfermeiros), quando questionadas se estavam informadas sobre o processo parturitivo 60% disseram estar pouco informadas e 8% nada informadas. Quanto a como se informaram sobre o trabalho de parto 48% disseram que as informações foram obtidas através de familiares e amigos e 40% disseram que eram por profissionais de saúde. Ainda na primeira fase da pesquisa buscou-se saber a preferência da via de parto: 88% das primíparas informaram preferir o parto normal. Na segunda fase da entrevista após o parto no item que tipo de parto realizou, 60% responderam que realizaram parto normal. Perguntou ainda qual a preferência na via de parto em uma próxima gravidez e 84% das puérperas responderam que preferem o parto normal. Emergiu-se ainda três categorias temáticas: a primeira categoria temática “o motivo da escolha do tipo de parto” emerge com muitas dúvidas, mas que os familiares, amigos e profissionais de saúde exercem um papel importantíssimo para a escolha da via de parto. A partir dos motivos que levaram as primigestas a escolherem a via de parto, é que foram explanados cinco temas principais: o primeiro deles é a influência de familiares e amigos, os motivos subsequentes são os motivos que os familiares e amigos vivenciaram na maternidade que se tornaram os motivos das primigestas. Esses motivos subsequentes e vivenciados por pessoas próximas são: recuperação rápida, maior autonomia nos cuidados com RN, menor tempo de internação, benefícios para o binômio mãe-filho. A segunda categoria temática “perspectiva em relação as dificuldades para o parto”, engloba-se os seguintes temas centrais: os mais comentados pelas primíparas foram a respeito do medo, dor, ansiedade, nervosismo, não saber fazer força para dar à luz. Tais expectativas mostraram que são temas que deveriam ser esclarecidos pelos profissionais de saúde que realizam o pré-natal. A terceira categoria temática deste estudo, sob a ótica das mulheres que vivenciaram pela primeira vez a experiência do parto, discutiu-se as “dificuldades no parto” com os seguintes temas centrais desta categoria: a dor, medo, nervoso, trabalho de parto demorado, não saber fazer força nas contrações, achar que não ia aguentar, assistência negativa e positiva da equipe de enfermagem. Temas esses que se repetem, de alguma forma concluindo a maioria de suas perspectivas em relação ao processo de parturição. Considerações finais: Neste estudo buscou-se verificar a opção da via de parto de primeira escolha das gestantes, constatou-se que as gestantes em sua maioria têm o parto fisiológico como opção de primeira escolha. Entretanto nem todas essas gestantes realizaram o parto que desejavam ter. Os motivos que as levam a escolher a via de parto, são os benefícios que o parto fisiológico traz para a mulher, mas que em sua maioria essas informações são repassadas por familiares e amigos que já vivenciaram o parto, concretizando o que se vê em muitos outros estudos, que o parto é algo cultural, uma vez que a primípara se sente mais segura, confortável e confiante em receber informação de alguém da família ou por amigas. A partir do momento em que elas decidem a via de parto, passam a imaginar e viver algumas perspectivas em relação ao processo parturitivo. Expectativas essas que os profissionais de saúde não conseguiram esclarecer para as primíparas durante o pré-natal, por falta de diálogo e confiança entre profissional e paciente. Concluiu-se que as expectativas negativas imaginadas pela maioria das participantes durante o ciclo gravídico, tornaram-se dificuldade no processo parturitivo, por falta de profissionais capacitados e atualizados quanto a humanização na condução do parto e deficiência na orientação a essas primíparas durante o pré-natal, ou seja, falta educação em saúde eficaz direcionada a esta clientela especifica. Pode-se observar também a importância do profissional enfermeiro qualificado, podendo lançar mão das políticas públicas com seus amplos programas a assistência a mulher grávida, com incentivo e apoio da esfera municipal adequando estruturas e dando subsídios para um bom funcionamento dos programas e dessa forma prestando uma excelente assistência.

4190 Pesquisa-ação participativa na promoção da saúde e na enfermagem: síntese reflexiva comparando projetos de Angola, Brasil, Cabo Verde e Portugal
Irma Silva Brito

Pesquisa-ação participativa na promoção da saúde e na enfermagem: síntese reflexiva comparando projetos de Angola, Brasil, Cabo Verde e Portugal

Autores: Irma Silva Brito

A pesquisa de saúde participativa (PaPS) baseia-se no conhecimento co-criado, fazendo pesquisas com pessoas que estão envolvidas ou são o foo da pesquisa. Pensar em PaPS em língua portuguesa implica atender à diversidade cultural de vários países. Quatro anos após a integração dos co-autores na rede International Collaboration for Participatory Health Research (ICPHR), tornou-se desafiador refletir sobre como a PaPS está emergindo em países de língua portuguesa e suas singularidades. Realizamos uma síntese reflexiva através da análise comparativa de nove projetos PaPS desenvolvidos em Angola, Brasil, Cabo Verde e Portugal. Os coordenadores de PaPS foram convidados a sintetizar e comparar: i) design e validade da pesquisa; ii) participação; e iii) impacto da pesquisa e disseminação. A participação na pesquisa foi alocada em quatro tipos - contratual, consultivo, colaborativo e colegial; enquanto a validade foi baseada em seis dimensões - participativa, intersubjetiva, contextual, catalítica, ética e empática. Cada projeto considerou-se os resultados que os autores descrevem como associados aos processos de participação. O impacto da PaPS foi sintetizado de acordo com: maior conhecimento e desempenho; estabelecimento de parcerias com outros membros da comunidade; contribuições positivas para a comunidade; contribuição financeira; e aumento da demanda por serviços que são difíceis de serem acedidos. Os projetos focavam tópicos como estudantes universitários nas festas académicas; jovens vivendo em comunidades violentas; pessoas que vivem com doenças crônicas; mulheres sem acesso à triagem do câncer cervical; e práticas de cuidados de saúde primários. Esses projetos revelaram boas práticas de PaPS e o potencial de apoiar a mudança social através de serviços centrados na pessoa e na comunidade e maior capacidade de resposta / inclusão no sistema de saúde.

1019 O VER-SUS/IMPERATRIZ COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR EM GRADUANDOS E PROFISSIONAIS: um relato de experiência
Aline Santana Figueiredo, Francisco Eduardo Ramos Da Silva, Aldo Lopes Da Costa Junior, Gustavo de Almeida Santos, Vitor Pachelle Lima Abreu, Jairo Rodrigues Santana, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Wherveson de Araújo Ramos

O VER-SUS/IMPERATRIZ COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR EM GRADUANDOS E PROFISSIONAIS: um relato de experiência

Autores: Aline Santana Figueiredo, Francisco Eduardo Ramos Da Silva, Aldo Lopes Da Costa Junior, Gustavo de Almeida Santos, Vitor Pachelle Lima Abreu, Jairo Rodrigues Santana, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Wherveson de Araújo Ramos

  RESUMO: Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, busca abranger desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, tentando garantir acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. A construção do Projeto Vivências e Estágios na Realidade do SUS (VER–SUS/Brasil) foi influenciado por movimentos sociais e diversos projetos realizados anteriormente. Os estágios de vivências constituem importantes dispositivos que permitem ao estudante experimentar um novo espaço de aprendizagem que é o cotidiano de trabalho das organizações de saúde, possibilitando a f[1]ormação de profissionais comprometidos/as ética e politicamente com as necessidades de saúde da população. O VER–SUS se concretiza, portanto, como possibilidade de ampliação da formação profissional, pois possibilita a aproximação, ainda na graduação, dos estudantes com diversos serviços que atravessam a área da saúde e seus trabalhadores e usuários, fato esse evidenciado no relato da vivência do estágio, promovendo a integração ensino-serviço. Sua criação provoca novas formas de proceder mediante a realidade onde ainda são poucos os espaços consolidados que profissionais de diferentes áreas trocam experiências e impressões entre si, com os estudantes e usuários dos serviços em que atuam. O VER-SUS configura-se também como uma estratégia de formação e participação de novos atores, dentro deste espaço democrático de debate e processo de construção descentralizada de políticas de saúde, capazes de adquirir uma visão e conhecimentos que não foram possíveis até então, devido, a um aprendizado comprometido por metodologias fragmentadas e sem o foco necessário na educação para Redes de Atenção e ensino-pesquisa-extensão. Sendo também uma oportunidade para gestores, pois eles estão diretamente relacionados com o desenvolvimento da saúde nas realidades locais. Sendo assim, o vivente renova seu olhar e passa a entender o SUS de forma que não foca apenas no bem-estar, mas também na educação e fortalecimento do controle social, como ator importante no desenvolvimento de um sistema público de saúde reconstruído e referência mundial, adquirindo a formação técnica, política e ética. Objetivo: Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos da área da saúde no programa “Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde”. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por acadêmicos dos cursos de Bacharelado em Enfermagem e Farmácia, no programa “Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde – VER-SUS”. A vivência ocorreu no município de Imperatriz situada no oeste do Estado do Maranhão, na microrregião nº 38, no intervalo de 1 a 10 de agosto de 2015, onde foi proposta uma metodologia interdisciplinar e lúdica, com vários temas sociais, dentre eles o racismo, o feminismo, o Movimento Sem Terra, Saúde Pública, dentre outros, e também foram realizadas uma série de questões abordadas de maneira dinâmica e interativa. Contou com a participação de acadêmicos, provenientes de instituições de ensino público e privados do Brasil, dos mais diversos cursos, pertencentes ou relacionados à área da saúde: enfermagem, medicina, fisioterapia, psicologia, serviço social, terapia ocupacional, nutrição e odontologia. Nessa edição participaram setenta acadêmicos, distribuídos da seguinte forma: acadêmicos viventes (60), acadêmicos facilitadores e comissão organizadora (10). Para desenvolvimento das atividades foram organizados seis grupos, compostos por 10 viventes e 2 facilitadores/cada, grupos esses chamados de núcleo de bases (NB’s). A seleção dos estudantes para participar deste estágio foi realizada em dois momentos. De início foi realizado de modo on-line, através do site http://versus.otics.org conveniado ao Ministério da Saúde, que contou com um formulário composto por questões estruturadas abrangendo diversos aspectos. No segundo momento, era realizada a avaliação de uma carta de intenção, em que o vivente enviaria para o e-mail da comissão organizadora. Resultados e discussões: No decorrer dos 10 dias de vivências, ocorreram debates, afim de capacitar os estudantes e discutir temas relacionados as visitas, sendo os locais de visitas: Unidades Básicas de Saúde (UBS), Hospital Municipal de Imperatriz (HMI), Hospital Regional Materno de Imperatriz (HRMI), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Centros de Atenção Psicossocial (CAPSi/III/AD/IJ), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Aldeia Indígena e Tenda Santa Bárbara.  Os debates eram desenvolvidos com a presença de um mediador, sendo facilitador ou membro da comissão organizadora, os principais temas tratados eram: Determinantes Sociais da Saúde, Papel do Estudante da Universidade, Capitalismo, Opressões, Luta Antimanicomial e Redes de Atenção à Saúde.  Nesse contexto, pensando na educação permanente como política pública para a qualificação do SUS, o projeto VER SUS é considerado estratégia na dinamização desta, na medida em que propõe a construção do perfil diferenciado dos futuros profissionais da saúde, articulados com o movimento estudantil e “empoderados” como sujeitos transformadores das condições de saúde existentes, atraindo para o pensamento e crítica sobre o SUS aqueles que buscam uma profissão no setor. Durantes as visitas, os estudantes eram divididos em Grupos de Vivência (GV), onde eram sorteados dois estudantes de cada Núcleo de Base (NB) para compor um Grupo de Vivência. Os espaços foram previstos de forma estratégica, assim como a integralidade proposta, apontam que para os estudantes, a vivência no VER-SUS é uma alternativa capaz de obter resultados significativos na formação de profissionais para o SUS, pois através das críticas e discussões estimula-os a serem mais participativos nas decisões educacionais de sua universidade. Além das visitas e debates, o VER-SUS Imperatriz também proporcionou aos estudantes uma série de dinâmicas, estre elas a dinâmica da teia, onde o estudante, enquanto segura um fio de barbante, se apresentava, mostrando expectativas em relação ao projeto e concepções sobre o SUS, passando o rolo de barbante ao próximo estudante, até formar ao final, uma teia. Esta possibilitou o primeiro contato entre os viventes, e o conhecimento de suas aspirações em relação à graduação, universidade e principalmente sobre suas expectativas sobre o VER-SUS e o SUS, além de integração entre o grupo, possibilitando descontração e empatia entre os viventes e facilitadores. As dinâmicas funcionam como processos coletivos, onde o encontro e a experiência dos profissionais promovem a construção do saber em conjunto, das transformações individuais e consequentemente coletivas.  Diante disso, vê-se o VER SUS como ferramenta complementar à formação acadêmica, fortalecida pelo diferencial transformador de ideologias e práticas em saúde, tendo como protagonista o acadêmico. Considerações finais: A participação no projeto VER-SUS proporciona quebra de paradigmas e pensar acadêmico voltado unicamente ao curso, promovendo um olhar para além dos muros da universidade, instigando o questionamento às interações sociais e a maneira de como fazer saúde pautada no Sistema Único de Saúde. Permitiu a realização de visitas a espaços sociais e estabelecimentos de saúde, proporcionando conhecimento a cerca da forma como cada comunidade faz saúde, também possibilitou aos estudantes conhecerem a realidade do SUS de Imperatriz, os possibilitando a fazer uma comparação com a realidade de seus estados. Todos os momentos da vivência, podem ser considerados únicos, pois estão ligados a interações, aprendizados, lições, e renovo de conhecimento cultural no contato com diferentes etnias, raças, costumes, etc. O VER-SUS, como dispositivo e estratégia, busca por um novo jeito de pensar e fazer saúde, como algo além de fornecer bem-estar, o pensar como gestor, cidadão, usuário do SUS, ator-social, alguém que também faz parte do fortalecimento do controle social.   

4488 VER-SUS MATO GROSSO: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Lucas Rodrigo Batista Leite, Dimitria Dahmer SANTOS, Erika Aparecida de Oliveira, Romero dos Santos CALÓ, Aparecida Fátima Camila REIS, Rosa Lúcia Rocha RIBEIRO

VER-SUS MATO GROSSO: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Autores: Lucas Rodrigo Batista Leite, Dimitria Dahmer SANTOS, Erika Aparecida de Oliveira, Romero dos Santos CALÓ, Aparecida Fátima Camila REIS, Rosa Lúcia Rocha RIBEIRO

Desde 2012 o Projeto VER-SUS/Brasil desenvolvido no Estado de Mato Grosso, protagonizado, inicialmente, por estudantes de Mato Grosso do Sul e, posteriormente, por egressos das primeiras ações. De seu início até 2017, o projeto foi sofrendo mudanças metodológicas, conforme a experiência dos organizadores e à articulação com alguns movimentos sociais. O objetivo desse resumo é discorrer brevemente sobre a metodologia utilizada nas vivências VER-SUS em Mato Grosso, de 2013 a 2017. Trata-se de relato de experiência da atuação dos atores no VER-SUS. Recortamos o período de 2013 a 2017, pelo motivo de ser o primeiro ano a contar com a participação de um dos autores deste. De 2013 a 2015 o projeto foi organizado pelos estudantes egressos das primeiras vivências no estado, articulados no Coletivo VER-SUS Mato Grosso e de 2016 a 2017, por estudantes ligados ao PET Conexões de Saberes/UFMT Cuiabá - ex-viventes do VER-SUS em Mato Grosso e em Sergipe e Pernambuco – que construíram o Coletivo VER-SUS Região Metropolitana de Cuiabá. As vivências organizadas pelo VER-SUS Mato Grosso focavam em visitas às unidades de saúde, espaços comunitários, entre outros, conforme a disponibilidade do município. A programação não era fixa, sendo que poderia ser alterada a qualquer momento, conforme solicitação dos participantes e/ou gestão municipal. Ao final de cada dia era realizada discussão das visitas. A seleção dos participantes se dava mediante participação presencial em palestra e escrita de carta de intenção – além de inscrição via OTICS. As vivências coordenadas pelo VER-SUS Cuiabá se dividia em duas partes: formação e visitas. A formação acontecia, principalmente, nos primeiros dias e consistia em rodas de conversa sobre temas variados – história do SUS, saúde mental, opressões, como funciona a sociedade, saúde no campo, e etc. – com o propósito de subsidiar os viventes nas visitas e na compreensão das especificidades do local vivenciado. As visitas, assim como nos projetos anteriores, nas unidades de saúde, espaços comunitários, conforme as possibilidades no/do município. Nos processos de formação os participantes eram divididos em grupos, chamados Núcleos de Base, cuja função eram realizar leituras e atividades em conjunto. Esses grupos eram redivididos nas visitas, formando os Grupos de Visita, afim de oportunizar aos viventes a integração entre todos. A metodologia dos grupos foi inspirada no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e nas vivências realizadas por alguns dos organizadores no VER-SUS em Aracaju e Recife. O processo de seleção dos participantes dava-se presencialmente através de roda de conversa com dinâmicas integradoras e confecção de carta de intenção; na impossibilidade desta, era enviado ao candidato um questionário, com perguntas abertas, no qual o mesmo deveria expor suas intenções em relação ao projeto. Conclui-se que a vivência VER-SUS com espaços de formação é mais produtiva, uma vez possibilitam aos participantes uma preparação teórica antes das visitas, e consequentemente, suas análises são mais detalhadas e críticas. Como nem todos os participantes são da área da saúde, a formação funciona como meio de integração de todos os viventes.

1788 PERSPECTIVA DE VIDA E ENFLUENCIAS QUE OS CENTROS DE CONVIVÊNCIA SOCIAL EXERCEM SOBRE AS PESSOAS IDOSAS
jorge carlos silva

PERSPECTIVA DE VIDA E ENFLUENCIAS QUE OS CENTROS DE CONVIVÊNCIA SOCIAL EXERCEM SOBRE AS PESSOAS IDOSAS

Autores: jorge carlos silva

Nos últimos vinte anos, todos os países vêm se preocupando com o bem-estar econômico, social, cultural e psicológico da população idosa. A idade é uma das variáveis importantes na determinação de como os indivíduos se comportam em relação aos outros. Nos Centros de Convivência de Santarém, Alter-do-Chão e Mojuí dos Campos, o comportamento dos idosos é justificado por causa da idade e pelo grau de interação social. É verdade que há uma interação entre as variáveis sexo, idade e comportamento. Diante disto, o comportamento dos idosos de ambos os sexos é influenciado pela classe social em que vivem e essa influência não é idêntica para os dois sexos. A classe social é também um determinante parcial da longevidade. A opção pelo estudo participativo  deve-se às características que esse tipo de investigação apresenta em relação às situações investigadas, à medida que se participa ativamente das interações entre os elementos existentes no processo. Pesquisa esta,  que trata dos efeitos interacionais das influências  que os centros de convivência exerce sobre o idoso e, muitas variáveis que foram   encontradas nas investigações da terceira idade. Reconhece-se perfeitamente que os indivíduos diferem à medida que envelhecem. Durante a pesquisa, constatou-se que alguns indivíduos são ativos, participativos, atentos e engajados no meio social, mesmo tendo a idade a partir da 65 anos ou mais, enquanto outros, nessa mesma faixa etária ou até com mais idade, podem ser sedentários, preocupados e introvertidos. Um ambiente deve ser satisfatório, oferecer opções e oportunidades

2272 Percepções de ribeirinhos amazônicos sobre o Sistema Único de Saúde.
Nayara Tallita Moreno Rodrigues, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, John Henry de Oliveira Vale

Percepções de ribeirinhos amazônicos sobre o Sistema Único de Saúde.

Autores: Nayara Tallita Moreno Rodrigues, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, John Henry de Oliveira Vale

Apresentação: A região Amazônica é conhecida por sua ampla diversidade sociocultural, ambiental, um vasto ecossistema e distintos povos como as populações indígenas, caboclas, quilombolas e imigrantes de outras partes do Brasil e do mundo. Pouco se conhece ainda sobre o processo de saúde e realidades únicas de cada comunidade, por mais que pesquisas científicas estejam sendo realizadas, haja vista a grande quantidade de comunidades em nossa região, só no município de Santarém-Pará há aproximadamente 240 comunidades ribeirinhas, com peculiaridades culturais, geográficas, educacionais entre outras e dificuldades no acesso á Saúde.  O presente estudo tem como objetivo analisar as percepções dos moradores da comunidade ribeirinha de Arapixuna sobre o Sistema Único de Saúde. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um recorte de uma pesquisa qualitativa, ocorrida a partir das reflexões frente à realidade, dinâmica social e momento de desenvolvimento, assim como, dos interesses e preocupações de determinados grupos. Para efetivação do estudo, foi utilizada a entrevista semiestruturada, com dois grupos focais: com 5 adultos (de 18 a 59 anos) e 10 idosos (acima de 60 anos) sendo esses moradores há mais de dois anos da comunidade de Arapixuna, localizada no município de Santarém-Pará. Posteriormente, ocorreu a transcrição na íntegra das falas dos 15 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), e análise de conteúdo na modalidade temática. Resultados e/ou impactos: Os usuários relataram um SUS voltado para pessoas que não possuem recursos financeiros. Os entrevistados demonstraram conhecimento deficiente sobre: criação do SUS e direitos dos usuários, princípios doutrinários e organizacionais. Os desafios do SUS enumerados por eles foram: falta de humanização, demora no atendimento, elevada demanda de pacientes e insuficiência no número de profissionais e recursos financeiros. Em geral, pode-se relacionar o desconhecimento dos princípios e criação do SUS com o processo do contexto histórico-social, visto que o SUS surge em um período histórico de repressão política e de alienação da população. Em relação à demora nos atendimentos, os discursos foram unânimes, para eles, a demora induz as pessoas a procurarem a iniciativa privada, mesmo elas não tendo condições financeiras para isso. Outra problemática discutida foi à superlotação em unidades de serviços de saúde da região, decorrente do inadequado encaminhamento de cidades circunvizinhas ao Hospital Municipal de Santarém. Assim como foi perceptível uma visão mais negativa por parte dos idosos em relação a efetividade do SUS. A reflexão dos temas sugeridos foi amplamente discutido por parte dos entrevistados. Considerações Finais: Por meio das percepções dos ribeirinhos, verificou-se a necessidade da efetivação de políticas públicas e programas que ofereçam atenção específica e resolução as demandas das comunidades. Através deste estudo, notou-se que embora os ribeirinhos não possuíssem domínio sobre determinados pontos referentes ao SUS, demonstraram capacidade de reflexão sobre o que estava sendo sugerido. Além disso, a vivência foi de elevada importância para os acadêmicos, por proporcionar conhecimentos sobre pessoas que tanto necessitam de atenção característica e resolutiva.

2674 MORTALIDADE COMO CONSEQUÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM LEVANTAMENTO DE DADOS
Daniele Moura Vinente, Diego da Silva Tamaturgo, Reny Bastos Martins, Keliane Beltrão Carvalho, Kariny Tabosa Queiroz, Lorena Souza de Menezes

MORTALIDADE COMO CONSEQUÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM LEVANTAMENTO DE DADOS

Autores: Daniele Moura Vinente, Diego da Silva Tamaturgo, Reny Bastos Martins, Keliane Beltrão Carvalho, Kariny Tabosa Queiroz, Lorena Souza de Menezes

Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado, privação e por fim morte (1). A violência contra mulher é um problema que ocorre no mundo todo, sendo uma aparente problemática principalmente por acarretar diversos danos à vítima, entre eles à morte. Mesmo sendo abordado em todos os meios de comunicação, ainda se tem uma luta para que o tema possa ganhar um espaço mais abrangente dentro da sociedade, buscam-se vários meios de abordagem a fim de que a violência seja diminuída e principalmente extinguida da sociedade, meios que se tornam em certo ponto eficazes, mas não resolutivos. São vários os fatores que colaboram para que a mesma aconteça, entre eles, fatores sociais e culturais onde a mulher “precisa” ser submissa ao homem e a sociedade, caso contrário à mesma sofrerá consequências por não seguir esse padrão. Nos diferentes casos de violência contra mulher o dano poder ser psicológico e verbal, interferindo na sua saúde e qualidade de vida ou mesmo na perda desta, porém o impacto da dor e do sofrimento de uma vítima não pode ser mensurado, o que infelizmente pode tornar isto como um problema invisível. Objetivo: Fornecer um panorama quanto à mortalidade como consequência da violência contra a mulher no estado do Amazonas. Método: O desenho metodológico con¬siste em um estudo de levantamento de dados, onde o mesmo propõe a análise de dados de fonte pública acerca de um problema definido (2). O referido estudo aborda artigos científicos e dados do Departamento de Informações do Sistema Único de Saúde (DATASUS) como fontes de análise, contribuindo então para discussões dos resultados e gerando possíveis conclusões a respeito do índice de mortalidade no estado do Amazonas entre os anos de 2010 e 2014 ocasionadas por violência contra mulher. É um estudo de cunho quantitativo cujo método de análise torna possível descrever e analisar diversos fenômenos2. Para construção desta revisão, a priori se identificaram artigos relacionados ao tema nas bases de dados eletrônicas e posteriormente buscaram-se os dados do DATASUS direcionando-os ao local definido. Por se tratar de uma revisão integrativa, o estudo não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados e discussão: Ao realizar a análise de dados, podemos perceber a variação constante nos índices de mortalidade ocasionada por violência contra a mulher. No ano de 2010 foram registrados 13 óbitos por violência doméstica contra a mulher no estado do Amazonas, números estes que se tornam crescentes com o passar dos anos, onde no ano de 2011 já teríamos registrados 19 casos por tal causa (3). Seguindo a ordem cronológica, nos anos de 2012 e 2013, os registros apontam números superiores aos anos anteriores, com dados de 24 e 35 óbitos registrados respectivamente por violência doméstica contra a mulher, números estes que só viriam a cair no ano de 2014, onde foram registrados 18 óbitos por tal causa (3). A partir dos dados obtidos no Departamento de Informações do Sistema Único de Saúde (DATASUS), podemos ter uma média de óbitos ocasionados por violência doméstica contra a mulher no estado do Amazonas, onde entre os anos de 2010 e 2014, foram registrados em média 21.8 óbitos por tal causa, o que mostra a importância na discussão do tema nos dias atuais.  Comparar resultados dos dados com a realidade do Amazonas é um desafio, considerando a logística das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, no qual o estado do Amazonas possui 62 municípios, e destes somente sete possuem Delegacias Especializadas, sendo que duas então localizadas em na cidade de Manaus (4). Estas informações mostram uma das dificuldades na notificação dos óbitos por violência doméstica, e justifica um índice relativamentemente baixo quando comparado a outros estados do Brasil. Outro aspecto importante é a falta de informações oficias sobre as mortes, pois as estatísticas da polícia e do Judiciário, não trazem na maioria das vezes informações sobre o sexo da vítima, o que torna difícil isolar a mulher no cenário de homicídios de cada localidade e também não nos permitem ter acesso aos processos julgados por crimes contra a mulher (5). A queda no número de óbitos no ano de 2014 pode-se justificar pela maior divulgação da mídia sobre a violência contra a mulher, depois de nove anos da criação da Lei Maria da Penha, essa problemática tomou força com a elaboração da Lei do Feminicídio que engloba principalmente violência domestica e familiar, sendo esta sancionada no ano seguinte, refletindo no maior número de denúncias, prevenindo assim agravos como o óbito (5). Conclusões: Notou-se que o Estado do Amazonas em relação a outros estados do país apresenta números bem inferiores de óbitos ocasionados por violência contra a mulher, números estes que levando em consideração a acessibilidade para notificação dos casos, especificidade de tais notificações e até mesmo a população do Estado podem ser considerados com uma carga de desafio no cenário utilizado para a pesquisa. Tal afirmação serve como uma forma de se voltar maior atenção ao tema da referida pesquisa, onde mesmo com índices pequenos registrados no estado e relação a outras federações, órgãos responsáveis possam tomar devido conhecimento para que tal fatalidade seja cada vez menos frequente dentro da sociedade, trazendo benefícios não apenas individuais, mas também para o meio coletivo.

2695 O PERFIL DOS PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS DE UMA ESTRATEGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO DO EXTREMO NORTE DO TOCANTINS
Martin Dharlle Oliveira Santana, Lilian Natália Ferreira de Lima, Hanari Santos de Almeida Tavares, Alison Cesar Araujo Teles, Adeanny Raysa de Sousa Alves, Thiago Ferreira Araújo, Jennyfer Soares de Sá, Tarcila Cristina Cunha Cavalcante

O PERFIL DOS PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS DE UMA ESTRATEGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO DO EXTREMO NORTE DO TOCANTINS

Autores: Martin Dharlle Oliveira Santana, Lilian Natália Ferreira de Lima, Hanari Santos de Almeida Tavares, Alison Cesar Araujo Teles, Adeanny Raysa de Sousa Alves, Thiago Ferreira Araújo, Jennyfer Soares de Sá, Tarcila Cristina Cunha Cavalcante

O diabetes mellitus é considerado uma das principais doenças que afetam o homem na atualidade, acometendo, indistintamente, pessoas de ambos os gêneros, de todas as idades e de qualquer classe social. Esta pesquisa teve como objetivo geral o de traçar o perfil dos pacientes portadores de diabetes mellitus atendidos pela Estratégia de Saúde da Família de uma Unidade Básica de Saúde de município do extremo Norte do Tocantins. Realizou-se uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa e quantitativa, tendo como instrumento de coleta de dados um formulário que auxiliou na seleção dos dados dos pacientes, nos meses de março e maio de 2015. Participaram da pesquisa 21 pacientes, com idade entre 30 a 40 e acima de 50 anos, sendo que 51% são do sexo feminino e 49% do sexo masculino e que 76% deles possuem idade acima de 50 anos, na qual 77% dos pesquisados possui grau de escolaridade baixo. Dentre essa população constatamos que 80% sabem que são diabéticos em um período de um a cinco anos. Em torno de 51% possuem antecedentes familiares sobre essa patologia e 47% são hipertensos também. Dentre as medicações mais utilizadas pelos pacientes verificamos que: 49% utilizam glibenclamida, 25% metformina 500mg e 26% fazem uso de insulina. Quanto aos aspectos comportamentais: 95% não realizam atividade física; os que realizam 5% é caminhada; 15% são ex-fumantes e 5% fumantes; 95% não consomem bebida alcoólica. Diante do exposto temos um problema iminente, pois o tratamento requer não apenas uso de medicamento específico, mas já está mais que comprovado que os hábitos diários, como atividade física, abstinência do uso de cigarro e consumo de bebida alcoólica favorece satisfatoriamente na recuperação e controle dos pacientes diabéticos. Cabe à equipe de saúde da família e autoridades locais disponibilizar melhorias de acesso ao tratamento e na ação educativa junto aos pacientes.

4142 Aborto e adolescência: a realidade de mulheres que vivem na Comunidade do Porto do Sal em Belém do Pará.
Larissa Sales Pereira, Maria Lúcia Chaves Lima

Aborto e adolescência: a realidade de mulheres que vivem na Comunidade do Porto do Sal em Belém do Pará.

Autores: Larissa Sales Pereira, Maria Lúcia Chaves Lima

O trabalho trata de uma pesquisa de mestrado com adolescentes acerca da temática do aborto, realizada na Comunidade do Porto do Sal, localizado no bairro da Cidade Velha na cidade de Belém do Pará. Dessa forma, o objetivo consiste em identificar quais os sentidos que as adolescentes do Porto do Sal produzem sobre o aborto. Levando em consideração a investigação sobre os processos de decisão das adolescentes pelo aborto, bem como quais os discursos (exemplo: maternidade compulsória, relações de gênero, religião, moral, etc.) que influenciam a decisão das adolescentes pela interrupção da gestação, e identificar quais as práticas de resistência as adolescentes exercem/exerceram quando optaram pelo aborto. Nesse contexto faremos concomitante a escuta das adolescentes que não abortaram, as que têm filhos, assim como as jovens que não tem filhos, tudo isso para investigar de que forma ocorre a circulação sobre o aborto, e o que atravessa o sentido das adolescentes sobre a temática. O método da pesquisa está pautado nas Práticas discursivas e produção de sentidos, baseado na perspectiva do Construcionismo Social, considerando que no campo da produção de saberes sobre o aborto - um dos discursos mais defendidos como característica intrínseca da realidade do aborto é a vida do feto, embora, os discursos manifestados pelas adolescentes que vivenciaram a situação da escolha pela interrupção da gestação são sobrecarregados de medo, inclusive vergonha de expor a situação. Dessa maneira, a discussão que propomos tem como finalidade mostrar as diferentes perspectivas que essa pesquisa pode nos possibilitar, no sentido de revelar a necessidade da Psicologia considerar também questões de gênero, raça, classe social, problemas sociais entre mulheres e homens no espaço público e privado, e tantas outras problemáticas enfrentadas pela mulher que se perpetuam na atualidade. No entanto, para podermos adentrar nesse diálogo será imprescindível conciliarmos esse debate com o feminismo para nos auxiliar na compreensão desse contexto. Levando em consideração reflexões, por exemplo, sobre os lugares que as adolescentes ocupam, quem acolhe essas adolescentes nas suas angústias de vida ou quando buscam os serviços de saúde, e então podemos pensar qual a nossa implicação nisso? Nessa perspectiva o assunto aborto atravessa todos esses elementos quando refere sobre a questão do gênero, atinge aproximadamente meio milhão de mulheres que abortaram no ano de 2015 no Brasil, isso corresponde a 1.369 mulheres por dia, 57 mulheres por hora, quase uma por minuto, de acordo com dados do Instituto de Bioética – ANIS. Por envolver estes aspectos, surge outro questionamento como pensar uma psicologia feminista que nos possibilite atentar para a Comunidade do Porto do Sal e fazer pesquisa, pautada em pressupostos de uma escuta não moralizante, atitudes não doutrinárias que diz respeito sobre como as adolescentes devem reagir diante das opressões e outras dificuldades que lidam, respeitando a construção dessa subjetividade que foi constituída na relação com outros sujeitos e saberes, a partir do lugar de fala que elas ocupam, assim como os seus marcadores sociais. Em razão disso, tratamos aqui da teoria da interseccionalidade que terá suma importância nas nossas observações e análises, pois de acordo com a afirmação de Staunaes (2005 apud NOGUEIRA, 2017, p. 149): “[...] a aplicabilidade da teoria interseccionalidade é cada vez maior não só porque permite a teorização sobre grupos com opressões múltiplas e simultâneas ou mesmo para todas as pessoas (homens e mulheres, privilegiados ou oprimidos em diferentes dimensões) na prática, fazendo parte integrante de uma teoria da identidade”. Por esses motivos, a necessidade de nortearmos as análises com o auxílio da teoria da interseccionalidade que nos permite olhar através de diferentes perspectivas, como por exemplo, a discriminação, o assédio, opressões por serem mulheres, adolescentes e mães, e os vários lados da violência que esse público lida no decorrer da vida. Dessa forma, passamos a considerar também o caráter interdisciplinar que a interseccionalidade nos permite enxergar articulada com a psicologia social, tendo em vista a complexidade do contexto social. A respeito dos dados parciais coletados, no primeiro momento, participaram 8 (oito) adolescentes nos 3 (três) encontros que foram realizados no formato roda de conversa em que as temáticas dialogas eram trazidas por elas (relacionamento, família, gravidez, aborto, religião), em seguida reflexões eram feitas acerca daquelas situações, inclusive houve músicas que elas solicitaram que fossem levadas para elas tocarem no violão e cantarem. Assim, pretende-se discutir possíveis implicações políticas e sociais dos sentidos sobre o aborto produzidos pelas adolescentes. Desta forma o estudo das práticas discursivas não se pauta no significado das palavras ou frases, mas na compreensão das condições que produziram este discurso, as relações de poder nele presentes, o que o tornou possível, os efeitos por ele produzidos (MÉLLO et al, 2007). Os resultados/impactos parciais mostram que as adolescentes participam com entusiasmo e demonstram interesse no diálogo, acompanhadas dos filhos (bebês) que também participam da roda. Houve questionamento por parte do companheiro de uma das adolescentes sobre sua ida ao grupo, tanto que em um dos dias buscou se aproximar da roda para se informar do que tratava. Os discursos relatados mostram que ainda há uma naturalização da violência doméstica. Religião influencia no modo de pensar determinados assuntos como o aborto, e o desejo em alcançar a independência financeira, a partir dos estudos para futuramente proporcionar melhores condições de vida para seus filhos e família, tendo em vista que a maioria das adolescentes residem com os pais e as avós é que geralmente são responsáveis pelos cuidados dos filhos. Atrelado a isso construiremos um trabalho pautado na psicologia social articulando com o feminismo, no intuito de não dicotomizar essas experiências sendo uma forma de nos colocarmos num lugar de resistência e nosso enfrentamento é adentrar nesses espaços, fazendo com que esse diálogo possa contribuir para a vida dessas jovens, nas relações de gênero que as adolescentes enfrentam, seja com o companheiro, familiares e amigos. Trabalho voltado para as questões da mulher, perpassando pelas políticas públicas de saúde, relações de gênero, direitos sexuais e reprodutivos, ética profissional, problematizando como uma possível psicologia feminista pode fazer uma escuta nesses espaços e intervir promovendo uma educação em saúde.

2353 "Amplio" o Estado, mas sou excluído por ele
Thiago Bernardes Nunes, Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima

"Amplio" o Estado, mas sou excluído por ele

Autores: Thiago Bernardes Nunes, Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima

O estudo descrito neste manuscrito analisa o modo como a transformação do real foi se impondo aos trabalhadores-produtores de bens em pedra no contexto da cidade de Camboriú, SC, Brasil, ao mesmo tempo “ampliadores” do Estado brasileiro, mas também excluídos da organização social pelo próprio Estado. Para a construção, edifica-se uma pesquisa qualitativa, do tipo exploratória, com coleta de dados via observação-participante e entrevistas-narrativas. O eixo central norteador do roteiro semiestruturado é o trabalho, ou seja, buscou-se as experiências peculiares que atravessam o cotidiano histórico da especificidade laboral do trabalho com pedras (mineração artesanal) que, no caso, resulta em produtos como: pavimentação com blocos de pedra em formato de paralelepípedos, entre outros. A partir do cenário exposto, relacionam-se condições genéricas que permeiam não somente este, mas todos os demais ramos da divisão social do trabalho, como: teoria do valor, o capitalismo financeiro e a tributação das mercadorias. Destaca-se esta última como importante fonte do financiamento das estruturas e ações estatais, provenientes da criação de produtos, fruto do trabalho concreto de trabalhadores-produtores. Da relação com os dados surge a categoria: “Amplio o Estado, mas sou excluído por ele”. Eleito o método ético-político de análise, da interlocução entre a historicidade do objeto e suas tendências contraditórias, tem-se as relações de hegemonia como hipótese ao excluir da organização social – política e filosófica - os atores protagonistas trabalhadores-produtores, fortalecedores do Estado “ampliado”. Mesmo sendo notável para a sociedade civil e para o Estado este ramo produtivo, dado o padrão de desenvolvimento adotado por esta sociedade, o aparelho estatal e seu ordenamento político-jurídico é omisso para com essa população. O Estado está interessado no lado econômico do trabalho (de atuação passiva), negando a participação horizontal nesta economia, além de excluí-los da organização política e filosófica. Diante do quadro, cabe a formação de um levante popular capaz de conquistar o Estado, oportunizando a inclusão dos excluídos, garantindo justiça nas relações sociais de produção e troca (comércio), socializando a posse dos meios de produção, inserindo-os no campo da produção do conhecimento e na direção política da sociedade. Rompendo a subalternidade, é possível propiciar horizontalidade nas três unidades constitutivas – economia, política e filosofia – de uma mesma visão de mundo (weltanschauung), assegurando, oxalá, igualdade, liberdade e fraternidade.