42: A arte e a cultura na formação para o trabalho
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FCA 02 Sala 05 - Guariba    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
1350 CONTRIBUIÇÕES DO MINICURSO DE PRIMEIROS SOCORROS PARA A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Beatriz Graça de Araujo, Bárbara Juliana Carvalho Costa, Ester Alves de Oliveira, Lowisa Consentini Garcia, Marcos Lima do Nascimento, Paulo Philip de Abreu Gonzaga, Victor Nei Vasconcelos Monteiro, Iracema da Silva Nogueira

CONTRIBUIÇÕES DO MINICURSO DE PRIMEIROS SOCORROS PARA A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: Beatriz Graça de Araujo, Bárbara Juliana Carvalho Costa, Ester Alves de Oliveira, Lowisa Consentini Garcia, Marcos Lima do Nascimento, Paulo Philip de Abreu Gonzaga, Victor Nei Vasconcelos Monteiro, Iracema da Silva Nogueira

Introdução: Tendo em vista a grande quantidade de acidentes e danos à saúde que ocorrem no trabalho, no trânsito ou até mesmo em casa é de grande importância a implementação de cursos de primeiros socorros nas universidades a fim de preparar o futuro profissional enfermeiro. Os primeiros socorros são técnicas de emergência que tem o propósito de manter os sinais vitais da vítima, evitando sequelas e aumentando a chance de sobrevivência. Esses procedimentos podem ser realizados por qualquer pessoa que tenha competência e capacidade de agir corretamente nesses casos. Objetivo: Relatar as experiências adquiridas no Minicurso de Primeiros Socorros realizado na Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas aos acadêmicos da área da saúde. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de caráter descritivo. O curso ocorreu em novembro de 2016, foi ministrado por especialistas em situações de urgência e emergência, dentre esses, enfermeiros, médicos e bombeiros e participaram da atividade, acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia. Resultados: O Minicurso foi realizado em três dias, sendo os dois primeiros utilizados para a explanação da teoria e demonstração de técnicas de atendimento de primeiros socorros. No último dia, os participantes realizaram a devolução das técnicas demonstradas anteriormente. Os assuntos abordados foram contusão, luxação, fratura e entorses, choque elétrico, oclusão de via aérea, envenenamento e picada de serpentes, parada cardiorrespiratória, imobilização e transporte de vítimas, afogamento, sangramentos e ferimentos. Reitera-se que todas as aulas foram ministradas por profissionais especializados nos assuntos que ficaram responsáveis por demonstrar os procedimentos corretos a serem realizados em cada situação e os cuidados necessários para manter a segurança da vítima e do socorrista. Durante a prática, os participantes puderam vivenciar simulações de casos clínicos a fim de avaliar o conhecimento adquirido durante as aulas teóricas e sanar as dúvidas remanescentes. O referido curso foi o primeiro contato de muitos alunos da universidade com a temática e contribuiu para a formação de enfermeiros e outros profissionais da saúde, além de estimular os acadêmicos a seguirem essa área. Conclusão: Qualquer pessoa pode vivenciar situações em que são necessárias as habilidades e técnicas de primeiros socorros, em especial os enfermeiros, dessa forma é de suma importância a realização de cursos que abordem essa temática, principalmente no meio acadêmico. O Minicurso de Primeiros Socorros foi responsável por ampliar o conhecimento acadêmico e profissional demonstrando a importância desse assunto na sociedade em geral. O treinamento foi de suma relevância, tendo em vista que muitos dos acadêmicos não estavam preparados para agir em casos de urgência, sendo assim, ressalta-se a necessidade de novos treinamentos como esse, no contexto das universidades e escolas, para promover a educação em saúde e assim, empoderar os participantes para agir de forma segura diante de situações de urgência e emergência.

1460 Arte nos processos de ensino aprendizagem na educação profissional para trabalhadores de nível médio do SUS.
Fernanda Martins

Arte nos processos de ensino aprendizagem na educação profissional para trabalhadores de nível médio do SUS.

Autores: Fernanda Martins

Observamos na área da educação que o processo de ensino e aprendizagem está sempre em constante modificação. O aprimoramento dos métodos e a utilização de novos recursos pedagógicos fazem-se necessários para que, cada vez mais, tenhamos uma educação pautada na autonomia, e no caráter crítico e reflexivo do discente que está em busca de aprofundamento e trocas de conhecimento. Ao levarmos para dentro dos espaços educativos estratégias que busquem estimular e problematizar junto ao aluno, como filmes, músicas, encenações, jogos e diversas linguagens artísticas, é possível realizar uma aproximação das temáticas que serão ali abordadas de uma forma mais crítica e ao mesmo tempo mais sensível, possibilitando uma maior compreensão dos conceitos e fluidez nas trocas estabelecidas naquele local, sejam entre professor e aluno ou entre os próprios discentes. No que tange à educação profissional, sobretudo para profissionais de nível médio inseridos em seus postos de trabalho que por muitas vezes vivenciam uma rotina compulsória de jornada laboral, percebe-se que a utilização da arte, como forma de conhecimento, é capaz de  nutrir o interesse e instigar o processo de ensino e aprendizagem. Tal percepção se ampara na sensibilização destes indivíduos, onde em suas vivências lhes faltam tempo, oferta e qualidade de vida que os estimulem à busca por frequentes práticas de qualificações de ensino. O trabalho apresentado é fruto do projeto em desenvolvimento pelo Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, na FIOCRUZ, no qual se pretende analisar de que forma as linguagens artísticas podem contribuir nos processos de diálogos educativos dentro do ambiente da sala, entre os próprios discentes e com os docentes,mobilizando o aluno, aproximando-o dos temas propostos durante as aulas, aguçando as falas, os trabalhos coletivos, a interação e trocas das experiências cotidianas. Identificando a arte como uma ferramenta fundamental na prática emancipatória do ensino voltado para o trabalhador.  Como um método educativo capaz de romper com o pensamento dogmático, opressor e dominador. Para tal, foi necessário identificar alguns dos cursos que utilizam linguagens artísticas como componente curricular na formação profissional em saúde. Esse primeiro levantamento, realizado junto aos coordenadores e demais profissionais da EPSVJ, até o presente momento elencou os seguintes cursos: Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde; Curso de Educação Popular em Saúde; Curso de Atualização Profissional no Cuidado à Pessoa Idosa;Curso de Qualificação Profissional em Saúde Mental. Este processo ainda não está findado e os próximos passos serão compostos por analisar os planos de cursos e os componentes curriculares dos mesmos e a partir de então selecionar um ou dois cursos para executar a observação participante em campo atrelada a entrevistas abertas e semiestruturadas com docentes e discentes e promover a análise qualitativa. Para então estruturar uma análise das linguagens de arte, identificando os recursos que contribuem nos processos de diálogos entre os discentes e docentes, identificando aqueles que podem colaborar para uma melhor visão crítica dos conteúdos propostos no âmbito dos cursos ofertados para profissionais de nível médio do SUS.

2102 TRABALHADORES TÉCNICOS EM SAÚDE NO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO
Jacyane Melo de Oliveira Santos, Lêda Maria de Medeiros Hansen, Sônia Maria Fernandes da Costa Souza

TRABALHADORES TÉCNICOS EM SAÚDE NO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO

Autores: Jacyane Melo de Oliveira Santos, Lêda Maria de Medeiros Hansen, Sônia Maria Fernandes da Costa Souza

A formação de trabalhadores técnicos em saúde é reconhecida como de fundamental importância no contexto do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, necessário se faz analisar a oferta dos cursos técnicos na área da saúde, visando subsidiar a formulação e monitoramento das políticas de formação desses trabalhadores. O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais referentes à pesquisa “Formação dos Trabalhadores Técnicos em Saúde no Rio Grande do Norte”, inserida no Projeto de Pesquisa interinstitucional “Formação dos Trabalhadores Técnicos em Saúde no Brasil”, coordenado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – EPSJV/FIOCRUZ. No Rio Grande do Norte (RN) o estudo está sendo desenvolvido pelo Centro de Formação de Pessoal para os Serviços de Saúde “Dr. Manoel da Costa Souza” – CEFOPE, escola técnica do SUS. As análises foram realizadas a partir dos dados do Censo Escolar/Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) do Ministério da Educação, referentes ao período 2010-2015, nas seguintes variáveis: cursos técnicos existentes; modalidades de oferta; número de matriculados e concluintes; e esfera administrativa. No recorte temporal pesquisado foram ofertados 273 cursos técnicos no estado, com preponderância do curso técnico em enfermagem, com 42,2% do total, seguido do técnico em radiologia (12,5%), análises clínicas (8,1%), saúde bucal (7,3%), estética (4,4%), nutrição e dietética (4%), vigilância em saúde (3,7%), cuidados de idosos (2,2%). Há cursos que foram oferecidos num percentual bem menor: agente comunitário de saúde; farmácia; imagem pessoal; registros e informações em saúde; citopatologia; podologia; massoterapia, óptica, prótese dentária, reabilitação de dependentes químicos, imobilizações ortopédicas, equipamentos biomédicos. Não foram oferecidos os cursos de gerência de saúde, hemoterapia, necropsia e órteses e próteses nesse período. A maioria dos cursos foi ofertada pela iniciativa privada (87,9%) e na modalidade subsequente (88,3%), ou seja, após a conclusão do ensino médio. A distribuição das matrículas por dependência administrativa se concentra predominantemente nas escolas privadas (88,28%), seguida das federais (5,88%) e estaduais (5,84%). Quanto aos concluintes, há um predomínio dos cursos privados (78,51%), seguido dos estaduais (14,03%) e federais (7,47%). Com relação à distribuição dos cursos por categoria de escola privada, apenas as escolas particulares ofereceram cursos técnicos, sem a participação de escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas. Dos cursos privados oferecidos, 13% foram mantidos pelo Sistema S. Constatou-se que 27 instituições ofereceram cursos técnicos em 2015, período disponível para consultas na base de dados. Dessas instituições, 25 são privadas e 02 são federais, sendo que as privadas ofereceram 97% do total de turmas. Esses resultados parciais demonstram um amplo domínio do setor privado na oferta de cursos técnicos em saúde no RN. A modalidade subsequente, dominante no cenário estadual, sugere a vinculação desses cursos a um projeto de formação direcionado para a realização de atividades ligadas ao processo produtivo, uma vez que, desvinculados do ensino médio, os cursos tendem a apresentar um caráter instrumental e maior distanciamento da construção de conhecimentos voltados para a formação humana integral.

1276 Educação profissional no combate ao estigma do portador de transtorno mental por meio da compreensão dos ideais da luta antimanicomial.
Marcela Santos Ferreira, Maria Cecília Araújo Carvalho

Educação profissional no combate ao estigma do portador de transtorno mental por meio da compreensão dos ideais da luta antimanicomial.

Autores: Marcela Santos Ferreira, Maria Cecília Araújo Carvalho

Apresentação: A Enfermagem em Saúde Mental há tempos vem manifestando algumas inquietações, principalmente no que tange a preocupação com a continuidade da luta antimanicomial e com estigmas presentes na sociedade, assim como nos profissionais de saúde. Apesar da Luta Antimanicomial ser uma temática discutida há mais de 30 anos, essa se faz atual e perpassa por todos os assuntos dentro da área de Saúde Mental, em especial o enfrentamento dos estigmas associados ao transtorno mental. A experiência de lecionar sobre esse assunto permitiu identificar a necessidade de uma metodologia de ensino que guiasse os alunos à construção de um pensamento que os conduzam a uma nova relação com os portadores de transtornos mentais, a partir do conhecimento desenvolvido sobre o Movimento antimanicomial. Desenvolvimento do trabalho: A experiência relatada ocorreu na Disciplina de Enfermagem em Saúde Mental do Curso Técnico em Enfermagem do CEFET/NI, onde no início do ano letivo de 2017, 38 alunos foram apresentados ao tema Movimento antimanicomial, sendo discutido as várias nuances da estigmatização dos portadores de transtorno mental e a importância da manutenção da luta em prol dos direitos das pessoas em sofrimento psíquico. A partir de então foi estabelecido em conjunto com os alunos o uso de uma metodologia ativa que consistia em usar a arte como forma de desenvolver e expressar o entendimento a cerca da luta antimanicomial e por consequência o enfrentamento do estigma. Os alunos tiveram liberdade para confeccionar camisas temáticas que manifestassem um ou mais princípios da luta em questão, sendo apresentadas no dia nacional de luta antimanicomial. Resultados e impactos: A experiência gerou camisas em que a combinação de fotos, textos e ilustrações demonstraram princípios que integram e fundamentam o movimento antimanicomial como os seguintes: liberdade, direitos humanos, inclusão social, tratamentos adequados e combate ao estigma. O resultado da produção dos discentes foi apresentado em um workshop, planejado por eles próprios, em que outras pessoas tiveram contato com a temática em questão. O resultado dessa metodologia ativa foi sendo percebido bem antes do workshop, pois foi nas semanas que o antecederam que foi ocorrendo à confluência de ideias dos alunos e suas consolidações, resultando em um evento que além de propor aos inscritos apresentar uma luta pouco conhecida da população geral, também levou os alunos envolvidos a pensar sobre os seus estigmas, pois a arte final nas camisas representou também aquilo que cada um acreditava.  Considerações finais: O estudante ao se envolver de forma ativa e atuante no seu processo de aprendizagem, tendo o docente como orientador e não como limitador de seus conhecimentos, desenvolve um saber que em outras circunstâncias educacionais estaria padronizado. O aluno ao interagir mais individualmente com esse assunto, tende a se apropriar melhor dos princípios que norteiam a luta antimanicomial, tornando-o um profissional de Enfermagem mais sensível a essa luta social.

1061 AUTONOMIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM
Fernanda de Azevedo Martins da Costa, Diego da Silva Tamaturgo, Brenda Alice Andrade Vidigal, Solana Nunes Vieira, Alex Martins

AUTONOMIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM

Autores: Fernanda de Azevedo Martins da Costa, Diego da Silva Tamaturgo, Brenda Alice Andrade Vidigal, Solana Nunes Vieira, Alex Martins

Introdução Quando se refere as diversas Universidades presentes no país responsáveis pela formação de inúmeros profissionais que estarão atuando dentro do mercado de trabalho, um dos princípios mais importantes pelos quais estas devem prezar referem-se ao desenvolvimento da autonomia do estudante de graduação, para que este possa ser capaz de desempenhar suas atividades com excelência, prezando por uma formação de qualidade e disseminação de conhecimentos. A autonomia do aluno no curso de Enfermagem colabora no desenvolvimento funcional do mesmo, capacitando-o a executar atividades oriundas da profissão com segurança. O profissional formado neste contexto de autonomia destaca-se no ambiente de trabalho em função da sua capacidade de liderança e influência com a equipe. A autonomia do Enfermeiro é um tema importante para definição e revisão dos desafios que a profissão impõe sob este, principalmente no que diz respeito aos que atuam diretamente com a gestão. Área esta que atualmente é um dos campos mais amplos para atuação deste profissional, sendo possível desempenhar suas atividades em diversos setores e unidades, abrangendo desde o relacionamento com os membros da equipe, atuação em conflitos pessoais, análises críticas de cada situação, tomada de decisões acertadas, e de forma geral buscando garantir uma boa assistência para os usuários do serviço. O desenvolvimento da autonomia por parte dos acadêmicos de Enfermagem ainda durante a graduação, buscando analisar como esta autonomia pode ser uma aliada no processo de aperfeiçoamento e desenvolvimento de habilidades administrativas entre estes acadêmicos. Desta forma, o objetivo é descrever o processo de ensino aprendizagem da disciplina de Gestão em Enfermagem e Saúde, utilizando a autonomia no processo de desenvolvimento de habilidades. Método Neste estudo, por meio de um relato de experiência, utilizamos o método observacional descritivo, onde se busca descrever e explicar as condições que levaram a ocorrência de determinado fato, e dos fenômenos ligados a ele. Aqui se faz um breve resumo de como a autonomia pode ser desenvolvida pelos acadêmicos de Enfermagem possibilitando-os o desenvolvimento de habilidades administrativas, através de uma análise do processo de ensino aprendizagem na disciplina de Gestão em Enfermagem e Saúde, da Universidade do Estado do Amazonas. Resultados/impactos No contexto da disciplina de Gestão em Enfermagem e Saúde é possível observar os diferentes métodos propostos pelos professores aos alunos para que os mesmos possam desenvolver suas habilidades mesmo que em diferentes instituições. Durante as aulas práticas hospitalares, os alunos são direcionados a respectivos setores para desenvolvimento de atividades administrativas, nestes locais os mesmos têm total liberdade para atuar como enfermeiros gestores, sendo instigados à realização de um quantitativo de tarefas realizadas, e após o tempo estipulado previamente, a compartilhar todos os feitos e informações colhidas sobre tal setor com os demais. Desta forma, os acadêmicos da disciplina são estimulados a realizar o gerenciamento em enfermagem não apenas de forma conceitual, formato que as aulas teóricas nos trazem, mas teórico-prático, solidificando a teoria, aperfeiçoando a prática e desenvolvendo habilidades administrativas, sendo a autonomia dada aos mesmos a principal ferramenta que possibilita o crescimento desde aluno. Para se alcançar a autonomia há um percurso que deve ser seguido, não apenas pelo aluno, mas pelo educador que precisar ceder espaço para que tal possa exercer o poder de liderança e assim realizar as atividades propostas com pensamento crítico e decisões ponderadas.  Nessa perspectiva, a relação aluno-professor-conhecimento toma um novo formato, quebra-se o vínculo da dependência, agora o educador coloca-se junto do aluno possibilitando-lhe independência em suas ações. Um dos principais pilares para o desenvolvimento da autonomia por parte do acadêmico de enfermagem se trata de o mesmo perceber que ainda se trata de um profissional inacabado por mais que já esteja no fim do curso. Esta percepção, pode ser realizada com a ajuda de professores preparados, utilizando métodos de ensino de problematização, onde se oferece liberdade para o desenvolvimento de atividades por parte do aluno, para que assim o mesmo consiga perceber suas falhas e busque melhorar suas habilidades, sejam elas assistenciais ou administrativas. O desenvolvimento da independência no processo ensino-aprendizagem se torna então bastante relevante no processo de formação do enfermeiro, pois é uma ferramenta capaz de tirar medos e receios do educando, tornando-o capaz de enfrentar e tomar decisões sem a necessidade de um mentor, dando-lhe a oportunidade de mostrar suas aptidões, pois agora não há mais uma força exercendo pressão no método de produção, não há um mestre dizendo o que e como fazer, as relações interpessoais com a equipe e pacientes podem ser constituídas sem interferência, o processo de trabalho é administrado conforme o planejamento do educando, resultando em um futuro profissional apto ao gerenciamento de qualquer setor e processo. Considerações finais Muitos estudos evidenciam que os alunos conseguem ter a concepção de que os conteúdos do curso devem ser revisados e aprofundados por eles próprios, mas que muitas vezes esperam quem o conhecimento seja transmitido por professores ou pela prática profissional. Essa percepção demostra que os alunos se encontram acomodados quanto ao desenvolvimento de suas habilidades, cabendo aos educadores o auxílio para que estes passem a possuir um pensar crítico, desenvolvendo atividades que estimulem a autonomia e a busca de conhecimento. Percebemos que ao se retratar o tema trazemos contribuições para o processo ensino-aprendizagem, onde as aulas práticas de gerenciamento atuam como um complemento ao ensino teórico, propagando caminhos para o desenvolvimento de habilidades por parte do aluno, desenvolvendo sua maturidade, e tornando-o capaz de sair da academia como um enfermeiro autônomo, apto a decidir com responsabilidade, respeitando princípios éticos e técnicos de sua equipe de trabalho, respeitando as limitações de seus companheiros e pacientes, e sabendo atuar sobre os mais diversos conflitos de gerenciamento. Destaca-se o potencial das ferramentas de ensino utilizadas durante a formação de profissionais de enfermagem, e a necessidade de mais estudos dentro da área educativa da profissão, visto que cada vez mais as metodologias de ensino são atualizadas, onde se busca a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, melhorias estas que só tem a contribuir quando incorporadas aos cursos de formação de Enfermeiros, seja de graduação ou as demais esferas de ensino.

3187 AULA ENCENAÇÃO: dialogando com arte e dança, saúde mental e reforma psiquiátrica em curso técnico de enfermagem
Bianca Waylla Dionisio, Paulo Cesar de Moura Luz, Paulo Cesar de Moura Luz, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Dassayeve Távora Lima, Dassayeve Távora Lima

AULA ENCENAÇÃO: dialogando com arte e dança, saúde mental e reforma psiquiátrica em curso técnico de enfermagem

Autores: Bianca Waylla Dionisio, Paulo Cesar de Moura Luz, Paulo Cesar de Moura Luz, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Paulo Cesar de Moura Luz, Dassayeve Távora Lima, Dassayeve Távora Lima, Dassayeve Távora Lima

Apresentação: A formação do Técnico de enfermagem inicia-se na década 60 atrelada ao crescimento econômico, à industrialização e consequente aumento de consumo de serviços de saúde. Contudo só se efetivou em 1971 com a Lei de Nº 5692 que fixou as Diretrizes e Bases da Educação e definiu a obrigatoriedade da profissionalização de 2º grau. Em relação ao tempo de formação do Técnico de Enfermagem a carga horária mínima é fixada pela Resolução CNE/CEB Nº 04/99 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico que estabelece dois anos letivos com 1800 horas. É nítido em nossa região um número crescente de instituições formadoras que promovem cursos técnicos de enfermagem, garantindo o acesso rápido e descentralizado, aos indivíduos que desejam tanto ampliar sua capacitação, quanto adentrarem na área de saúde.  Em nossa realidade, a carga horaria do curso é flexibilizada, permitindo aos educandos que residem em distritos e municípios distantes do polo assistirem aulas nos finais de semana, em sua cidade. A ementa do curso é divido em três módulos, disciplinas com carga horaria de 20h a 40h, aulas práticas de 10h e estágios supervisionando de 200h em Unidade Básicas de Saúde e 400h em rede hospitalar. As aulas ocorrem uma vez por semana, no horário das 8h às 16h da tarde.   Uma das disciplina que fazem parte do currículo é a de Saúde Mental e Psiquiátrica, com 40 h de teoria e 10h de prática. A carga horaria teórica é desenvolvida em sala de aula, em quatro (4) sábados e a carga horaria prática é vivenciada através de um visita técnica a uma instituição hospitalar de referência para os indivíduos em/com sofrimento/ transtornos mentais, bem como a indivíduos usuários de álcool e outras drogas.  Venho através desse relato, descrever minha experiência como educadora da disciplina de Saúde Mental, de uma turma de técnico de enfermagem de um distrito localizado a 54 km do polo da instituição formadora.  Objetivo: Descrever uma experiência de formação de profissionais técnicos de enfermagem sobre saúde mental e reforma psiquiátrica, utilizando metodologia ativa com base na aprendizagem significativa. Desenvolvimento do trabalho:O intuito da primeira aula foi sensibilizá-los acerca da importância do cuidado humanizado, empático, respeitando à dignidade e os direitos humanos, que é tão falho em nossa sociedade quando se trata de pessoas em sofrimento mental e/ou em uso de álcool e outras drogas, uma vez que, nossas raízes estão fincadas em preconceito, estigma, discriminação e medo. Para cortar essas raízes, creio que precisamos mostrar a realidade vivenciada por milhares antes da Reforma Psiquiátrica e tristemente ainda após. Dialogamos a partir de algumas palavras/questões geradoras: ética, empatia, cidadania, desinstitucionalização, Como eu chamo essas pessoas? Como se dá a atenção em saúde a estes usuários? Foi perceptível os preconceitos, a discriminação, desde a maneira de tratamento utilizando palavras pejorativas a exclusão das pessoas em sofrimento mental e/ou em uso de álcool e outras drogas na comunidade onde residem. Prosseguimos assistindo o documentário “Holocausto Brasileiro” que mostra a barbárie hospital psiquiátrico de Barbacena em Minas Gerais discutimos o documentário. Bem como, o primeiro caso brasileiro sentenciado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (sede em Washington), do Damião Ximenes Lopes, morto em de outubro de 1999, com transtorno mental, na instituição psiquiátrica denominada Casa de Repouso Guararapes em Sobral (CE), Percebi ao final que o encontro possibilitou diversas afetações, o incomodo, e começamos os primeiros cortes nas raízes históricas e culturais. A segunda aula, prosseguimos com a ementa, apresentando os transtornos mentais, as principais drogas e sempre pontuando as demais formas de cuidado e as estratégias extra-hospitalares. A terceira aula nasce a partir do desejo de descontruir as práticas estigmatizadas e promover uma ampliação do olhar para as demais formas de cuidado. O primeiro momento foi em roda, todos descalços, sentados no chão, com música ao fundo, diversos cheiros e sentidos tomando de conta daquela sala, cheia de histórias enfileiradas. Conversamos sobre estarmos em roda, a possibilidade de olhar nos olhos a minha estranheza ao perceber rosto novos, que estiveram nas duas aulas anteriores, iniciando a crítica ao sistema tradicional da escola brasileira, onde os alunos são receptores e professores os que transferem conhecimento. Dialoguei sobre a proposta de construirmos coletivamente a aula, a partir das metodologias ativas: teatro, exposição entre outros. Com a colaboração de todos, dividi as equipes e lancei a ideia de construirmos uma linha do tempo gigante na quadro esportiva da escola, desde antes da reforma psiquiatria as redes de atenção psicossocial e conhecermos/praticarmos novas estratégias de cuidado/ práticas integrativas. Iniciamos a aula, que podemos chamar de aula encenação, com teatro sobre os cuidados ou não cuidados prestados aos pacientes institucionalizados nos manicômios antes da reforma psiquiátrica. Caminhamos pela crítica do modelo hospitalocêntrico (1978-1991), com o grito do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), os primeiros congressos e conferências nacionais de Saúde Mental, as primeiras experiências (redução de danos, implementação do CAPS, intervenção hospitalar) com grande repercussão de que a Reforma Psiquiátrica, não sendo apenas uma retórica, era possível e exequível. Passamos pelo nascimento do Sistema Único de Saúde e a entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado. Marchamos em frente visualizando o começo da implantação da rede extra-hospitalar (1992-2000), com o olhar sobre a Reforma Psiquiátrica depois da lei Nacional (2001 -2005). Percorremos cada pedaço do processo de desinstitucionalização e redução de leitos em hospitais psiquiátricos, desde o Programa Nacional de Avaliação do Sistema e o Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica no SUS, Programa de Volta para Casa, Residências Terapêuticas, Centros de Atenção Psicossocial e assim, a Rede de Atenção Psicossocial exposta no chão com fitas coloridas. Adiante, conversamos sobre os processos de luta e movimento para a conquista da cidadania e dignidade dessas pessoas. Nos interrogámos como profissionais técnicos de enfermagem podem e devem ir além de práticas que visem a medicalização e contensão da vida. Diante disso, apresentei Nise da Silveira, mulher brasileira revolucionaria, e Jung que tratam sobre arte e a loucura, demonstrei a dança terapia, através das cirandas e as músicas populares. Escutamos, dançamos, pintamos e cantamos, e com isso demonstrando que essas são estratégias de cuidado podem e devem ser levado por eles para dentro dos hospitais, para os CAPS, para as UBS enfim para a RAPS.  Os impactos estão intimamente interligados aos efeitos que o encontro afeta cada um. Considerações finais: Logo na primeira aula, foi exposto o quanto foram desvalorizados e minimizados meramente em técnicas. Senti a necessidade deles de perceberem mais empoderados e críticos em suas habilidades profissionais. Me propôs a demonstrar que podem tem escolhas, que eles podem fugir da mecanização do cuidado. Podem escolher ser ou não profissionais empáticos e éticos, continuar praticando ou não técnicas que interferem nos direitos e na dignidade das pessoas, podem escolher somente aplicar e checar medicamentos prescritos, conter e calar essas pessoas, ou podem contê-las e aplicar medicamentos sem agressão, escutá-las, cantar, pintar e dançar juntos. 

575 Formação dos Caminhos do Cuidado: Formação em Saúde Mental na temática em Crack, Álcool e outras drogas em um Estado do Centro Oeste Brasileiro: Relato de Experiência de um percurso transformador no Sistema Único de Saúde.
Gleydson Ferreira de Melo, Valdecina Quirino Quirino, Cynthia Ferreira de Melo, Vanusa Claudete A. Usier Leite, Maria Alves Barbosa, Maria Aparecida da Silva, Maicon Borges Euzebio, Sue Siqueira

Formação dos Caminhos do Cuidado: Formação em Saúde Mental na temática em Crack, Álcool e outras drogas em um Estado do Centro Oeste Brasileiro: Relato de Experiência de um percurso transformador no Sistema Único de Saúde.

Autores: Gleydson Ferreira de Melo, Valdecina Quirino Quirino, Cynthia Ferreira de Melo, Vanusa Claudete A. Usier Leite, Maria Alves Barbosa, Maria Aparecida da Silva, Maicon Borges Euzebio, Sue Siqueira

Apresentação: Nos últimos 20 anos, observa-se uma intensificação do debate sobre a presença de drogas ilícitas no Brasil com uma interpretação de que estas se constituiriam analisadores privilegiados para a compreensão de fenômenos bastante amplos, como o das violências domésticas e urbanas. Desenvolvimento: Tais interpretações parecem ora restringir os olhares sobre as drogas como questão de segurança pública, ora tratar os casos de uso abusivo ou prejudicial, como um problema de saúde. Entretanto, as implicações sociais, psicológicas, econômicas e políticas do uso de drogas, não são consideradas na compreensão global do problema, gerando uma percepção distorcida da realidade sobre o uso de álcool e outras drogas, associado à criminalidade e práticas antissociais e à oferta de “tratamentos” inspirados em modelos de exclusão/separação dos usuários do convívio social. Resultados: Apresentar os resultados da formação em Álcool e outras drogas para agentes comunitários de saúde e técnicos de enfermagem para o Estado de Goiás dentro da dinâmica de educação em saúde. A metodologia adotada pressupõe a aprendizagem significativa, ancorada em metodologias ativas de aprendizagem, que superem o conhecer/saber instrumental e desconectado das práticas e realidades. Para tanto, é necessário que se estimule o processo de reflexão sobre as práticas nos territórios e se oriente a atuação dos trabalhadores para as principais diretrizes da política de saúde mental – autonomia, cidadania, território, acolhimento, vínculo, responsabilização e rede. Possibilitar-se-á a oferta de diferentes ferramentas e dispositivos para compreender e atuar tanto nos processos micropolíticos. Considerações Finais: A formação para os agentes comunitários de saúde e técnicos de enfermagem se faz necessário uma vez que não existia até então uma política pública voltada para estes agentes promovedores da saúde nos diversos rincões deste Estado. Destaca-se  a importância da atuação do enfermeiro dentro da politica de redução ao consumo de álcool e outras drogas através da politica de educação continuada voltada para estes agentes e sujeitos do cuidado. Potencializando a ação do enfermeiro dentro da atenção básica, sendo este responsável pela gestão direta do agente comunitário de saúde e do técnico de enfermagem.

3944 Prontuário Terapia
Marylin Neves Nogueira, Andreia Ramalho de Freitas, Ana Lúcia Ferreira da Silva

Prontuário Terapia

Autores: Marylin Neves Nogueira, Andreia Ramalho de Freitas, Ana Lúcia Ferreira da Silva

Apresentação: Prontuário Terapia é a orientação realizada ao colaborador referente às não conformidades encontradas nos prontuários através de auditoria In loco pelas Enfermeiras da Auditoria de Prontuários do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará – Drº Waldemar Penna (HRBA). Objetivo: Orientar a equipe multiprofissional sobre a importância de manter a qualidade dos registros nos prontuários. Desenvolvimento: Durante auditoria In loco nos prontuários de pacientes internados no HRBA é avaliada a qualidade dos registros no prontuário, assim como os itens que o compõe, dentre eles: Identificação do paciente nos formulários do prontuário; carimbo e assinatura em formulários; evolução multiprofissional; solicitação de exames e seus respectivos resultados; relatório operatório; ficha de recuperação pós-anestésica; prescrição médica/enfermagem e de dieta, rasuras, canetas fora do padrão do HRBA. Visando evitar a ocorrência de não conformidades relacionadas aos itens já citados e avaliar a qualidade dos registros voltados à assistência, quando alguma não conformidade é detectada In loco, o colaborador responsável pela mesma e chamado, e a ele realiza-se orientações ressaltando todos os itens obrigatórios, e a importância de um registro completo e de qualidade no prontuário do paciente, após este momento o mesmo assina uma lista de frequência dando ciência sobre a orientação que recebeu, onde esta lista serve como evidência da ação realizada, em seguida é feito mensalmente por um período de três meses o acompanhamento do colaborador para que se verifique a efetividade da terapia, ação esta denominada de “Prontuário Terapia”. Resultados: Os resultados mostram-se positivos quando comparamos o indicador de “média de conformidades em prontuários multiprofissionais”, no qual podemos observar a permanência de conformidades nos registros dos prontuários desde a criação da ação no ano de 2015 que apresentou média de conformidade de 93,17% até o ano de 2017 que apresentou 96,67% de conformidades. Considerações finais: Um prontuário completo e com registro de qualidade facilita a comunicação de toda a equipe que assiste o paciente, evidenciando toda a assistência prestada ao mesmo, além de servir para que o próprio paciente evidencie o atendimento que recebeu, assim como instrumento documental de defesa da equipe multiprofissional e da instituição.

4040 Os mares do SUS: a metáfora no ensino-aprendizagem dos princípios do Sistema Único de Saúde
RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO, MERCIA LIMA DE MELO, ANTONIO MEDEIROS JUNIOR, JANETE LIMA DE CASTRO, ROSANA LUCIA ALVES DE VILAR

Os mares do SUS: a metáfora no ensino-aprendizagem dos princípios do Sistema Único de Saúde

Autores: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO, MERCIA LIMA DE MELO, ANTONIO MEDEIROS JUNIOR, JANETE LIMA DE CASTRO, ROSANA LUCIA ALVES DE VILAR

Apresentação: Trata-se do relato de aplicação de uma estratégia pedagógica baseada no uso das figuras de linguagem (metáfora e analogia) para reforçar a compreensão dos graduandos dos cursos da área de saúde sobre as diretrizes do Sistema Único de Saúde. A prática comunitária pode ser considerada um dos eixos norteadores da formação acadêmica do futuro profissional de saúde, quando aproxima demandas universitárias, exigências sociais e prestação de serviços à população. A integração precoce do estudante universitário à realidade concreta da comunidade e dos serviços de saúde implica na busca de sentidos nos diálogos e espaços de escuta, reflexão e construção multidisciplinar. Essa articulação de saberes induz cada pessoa a mobilizar aprendizagens individuais adquiridas em situações de ação individual ou coletiva. O contexto de aplicação da proposta remete às primeiras experiências de aproximação do graduando dos cursos de saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aos serviços públicos (municipais) de saúde, orientados pela Estratégia Saúde da Família, durante o primeiro ano de seus cursos, através das disciplinas Saúde e Cidadania I e II. Na ocasião, os alunos vivenciam semanalmente a rotina da Atenção Básica à Saúde durante o semestre letivo. Essa estratégia pedagógica foi pensada na intenção de facilitar a compreensão das diretrizes e princípios do SUS por meio de metodologias ativas de ensino e aprendizagem. Os objetivos da ferramenta foram: estimular o pensamento crítico-reflexivo dos discentes através do potencial pedagógico da metáfora e da analogia para compreensão dos princípios e diretrizes do SUS; compreender a percepção dos discentes sobre os aspectos positivos e negativos da vivência da metodologia supracitada. Desenvolvimento do trabalho:A proposta, que vem sendo praticada desde 2015 a 2017, explora e compara, metaforicamente, alguns aspectos, semelhantes e dissonantes, quanto à suposta navegação nos mares da antiguidade (Adriático, Negro, Cáspio, Vermelho, Pérsico, Mediterrâneo, Arábico) em analogia à compreensão dos princípios do SUS (Universalização, Equidade, Integralidade, Regionalização, Hierarquização, Descentralização, Participação Popular). Para isso, o mediador fez uso dos referenciais da Metodologia de Análise de Redes do Cotidiano (MARES) e do Método Aporético de Sócrates. A atividade constitui um Protocolo Verbal que utiliza perguntas norteadoras e cartas temáticas, tipo baralho, como recursos mobilizadores, para estimular a socialização do pensamento e o debate, em roda (grupo), sobre a compreensão dos princípios e diretrizes do SUS. A ação também pode incluir, na mesma perspectiva lógica, os sete atributos da Atenção Primária à Saúde e sete características principais da Estratégia Saúde da Família, para uma melhor triangulação das discussões. Os discentes, principais sujeitos da ação, em média 15 alunos por turma, são acolhidos e dispostos na sala acomodados em formato de círculo, em volta a uma pequena uma mesa ao centro. O mediador espalha e mistura as cartas temáticas mobilizadoras sobre a mesa, enquanto explica a dinâmica. Os temas estão no ventre das cartas, que ficarão inicialmente voltadas para baixo. No dorso das cartas estão os mares das mil e uma noites. Cada carta contém um princípio no ventre e um mar no dorso. O preceptor/mediador convida cada um dos alunos a escolher uma carta (mar) e comentar sobre ela, dizendo a todos o que compreende acerca desse mar (princípio) e como o percebeu/observou em sua vivência, no semestre letivo anterior. Desta forma, cada aluno, um de cada vez, escolhe uma carta, que contém no dorso (visível) um mar da antiguidade, virando-a sobre a mesa, mostrando aos demais o princípio (do SUS) revelado (ventre). Em seguida esse mesmo aluno comenta a respeito do princípio, associando-o à sua vivência no semestre anterior, como discente em aproximação com os serviços de saúde ou como usuário do SUS, caso tenha ocorrido essa possibilidade. Em seguida, a palavra é facultada a quem desejar comentar, discordar ou concordar, no todo ou em parte, com o que foi expresso. As questões norteadoras e indutoras da problematização incluem: Como a navegar (transitar) na porta de entrada do sistema de saúde? Quais as características (percepções) sobre os mares (princípios) navegados? Será que a navegação nos princípios do SUS é tão ou mais difícil que a rota de percurso dos sete mares da antiguidade? Que mares são esses, que exigem uma navegação precisa, diante da imprecisão da vida? Quem navega nesse mar? Como faz para navegar? Resultados e/ou impactos: A interação potencializada pelas figuras de linguagem foi um instrumento pedagógico potencial para dar voz ao aluno, possibilitando que ele fosse construtor de seu aprendizado, protagonista, ativo e responsivo, conforme a perspectiva Freireana. As metáforas e analogias incentivaram a criatividade, a conexão entre pessoas e contextos. Se tais instrumentos foram eficazes até mesmo como recursos facilitadores dos ensinamentos de Jesus, por que não os aplicar enquanto ferramentas pedagógicas de ensino-aprendizagem dos princípios do SUS? O processo metafórico envolveu cognição, imaginação e sentimento, através de uma espécie de engenho, de uma forma e/ou fonte de saber, cujos processos e produtos resultam de associações através das quais o conhecimento é construído. É um instrumento de comunicação problematizado capaz de reorganizar, na sua trama, os conteúdos de uma visão de vida, através da fusão de pensamentos, de horizontes, de mundos diferentes. A aplicação (modificada) da Metodologia MARES (criada pelo sociólogo Paulo Henrique Martins) provocou uma alternância entre a desconstrução e reconstrução de opiniões. Assim, as ancoragens vagas acerca de percepções inconsistentes e sem fundamento crítico sobre o SUS são desconstruídas e, através do diálogo democrático entre os saberes (conhecimento científico e senso comum), as concepções consistentes são reforçadas, reconstruindo sabedorias práticas pautadas na cognição, no contexto, na experiência e na interação. A atividade foi usada no início de cada semestre letivo, geralmente na segunda e/ou terceira aula, na ocasião da chegada dos alunos à unidade de saúde (cenário de prática). Sua temporalidade deve ser analisada em função das características de cada debate. Não há de se ter pressa durante a navegação, principalmente se a dinâmica for estendida também em relação aos sete atributos da Atenção Primária, neste caso, absorveria, em torno de três aulas, ou parte de aulas. Os discentes, através de rodas avaliativas ou de registros em portfólios reflexivos, consideraram a relevância da ferramenta pedagógica enquanto método ativo e envolvente na promoção de debates e na facilitação do processo ensino-aprendizagem na saúde coletiva. Considerações finais: Seu uso representou uma oportunidade para desenvolvimento de habilidades, atitudes e amadurecimento pessoal em relação à acepção de críticas construtivas. O movimento articulado das discussões, provocado pelas muitas idas e vindas, semelhante ao vai e vem das ondas do mar, e ao encontro antagônico ou sinérgico das correntes marinhas, misturando os mares do Sistema Único de Saúde no cotidiano de uma unidade de saúde/escola, induz uma problematização constante que retira os participantes da zona de conforto e os convida a reflexões críticas, através do confronto entre as experiências do vivido e as expectativas do porvir.

5222 Os fazeres e saberes dos Agentes Comunitários de Saúde que são objeto do ensino-aprendizagem de estudantes de graduação.
Dara Felipe, Paulette Albuquerque, Paulette Albuquerque, Paulette Albuquerque

Os fazeres e saberes dos Agentes Comunitários de Saúde que são objeto do ensino-aprendizagem de estudantes de graduação.

Autores: Dara Felipe, Paulette Albuquerque, Paulette Albuquerque, Paulette Albuquerque

Apresentação: Nas últimas décadas vem ocorrendo reformas nas graduações da saúde, induzindo maior aproximação entre os espaços de trabalho e educação com o intuito de vencer a pouca ou nenhuma conexão com o mundo real e a experiência vivida, o silêncio acerca da prática multiprofissional e interdisciplinar e a carência de projetos para superação da fragmentação do cuidado em saúde. No processo de mudança do modelo de atenção à saúde a Atenção Primária em Saúde (APS) apresenta-se como estratégica. Torna necessária novas competências, implica um fazer sustentado em uma nova ética, outra postura assistencial na atuação individual, no trabalho em equipe, com as famílias, com a comunidade e para o planejamento do trabalho. Nesse sentido, a rede básica de saúde é um campo de prática potencial e necessário. Contudo, migrar o ensino para a Atenção Básica (AB) não significa, automaticamente, migrar para um novo paradigma. Frequentemente, a AB reproduz o modelo de cuidado dos serviços especializados, mesmo tendo como indicação a ampliação do escopo das práticas. Evidencia-se o contraste entre a ênfase na consulta clínica e a integralidade das ações propostas pela APS. A inserção dos estudantes nos cenários de aprendizagem pouco interroga as relações verticais e reducionistas que em geral marcam a aproximação entre profissionais de saúde e usuários. Diante do exposto, a equipe de Saúde da Família, com destaque para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), são atores fundamentais no fortalecimento da APS na relação ensino-serviço. É possível classificar o fazer dos agentes comunitários de saúde em dois eixos: técnico e político. O eixo técnico está relacionado ao atendimento de indivíduos e famílias, ao monitoramento de grupos ou de problemas específicos e à intervenção e orientação para a prevenção de agravos. O segundo, político, compreende a inserção da saúde no contexto mais geral de vida, destacando-se a discussão desse contexto e a organização da comunidade no sentido de transformá-lo. A ação do ACS exige, por um lado, a utilização de tecnologia simplificada no controle da doença. Por outro, exige um conhecimento bastante complexo para acompanhar indivíduos e grupos, no âmbito da identificação de risco ambiental, da promoção da saúde e da prevenção de doenças prevalentes. Este deve ser habilitado a identificar problemas que têm impacto sobre a saúde e o bem-estar da comunidade e a conhecer os recursos necessários para sustentar sua ação e atuação, de forma criativa e autônoma. Assim, buscou-se identificar quais são os elementos da prática dos ACS que são objeto de ensino aprendizagem dos estudantes relacionando as competências do trabalho desses profissionais com as previstas na formação de duas categorias profissionais (médicos e sanitaristas- graduação). Desenvolvimento do trabalho: A pesquisa se localizou no campo dos estudos qualitativos tendo como referencial teórico metodológico as práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano. Teve como campo de produção de sentido o território de três Distritos Sanitários de Recife e dois cursos de graduação em saúde (medicina e saúde coletiva) da Universidade de Pernambuco – UPE. Foram realizados três grupos com os ACS, e entrevistas com docentes e estudantes, bem como analisados os currículos e outros instrumentos pedagógicos. Resultados: São nos primeiros períodos que a integração dos estudantes com os agentes comunitários de saúde ocorre de maneira sistemática. O primeiro ano do curso médico tem como tema principal a Promoção à Saúde nos cenários de aprendizagem dos territórios das Unidades Básicas de Saúde - UBS. O primeiro período do curso de saúde coletiva tem o propósito de introduzir o estudante no campo da Saúde Coletiva, a partir da visão do Território Sanitário, cujo olhar dirige-se para a complexidade da vida familiar, tendo por objetivo a produção de um Diagnóstico Sociossanitário. Nesses momentos os ACS são a referência ou responsáveis pela inserção dos estudantes, sendo a figura de mediação das aprendizagens ocorridas. Os estudantes retornam ao território da AB nos últimos semestres, quando não tem o ACS como responsáveis pela supervisão, sendo essa realizada pelo profissional de nível superior correspondente. Foram identificadas as seguintes atividades realizadas pelos estudantes de medicina e saúde coletiva nos primeiros semestres quando ficam sob a supervisão dos ACS: Observação do território e das condições de vida, saúde e aspectos socioambientais; Levantamento de dados do prontuário; Visita às famílias que estejam sendo acompanhadas pelas equipes de saúde; Atividade de comunicação-educação em saúde;Identificação dos Equipamentos Sociais; Identificação das condições sociossanitária da família e do domicílio. O acompanhamento dos estudantes pelos ACS tem por objetivo aproximá-los do território.  É no contato com os ACS que estudantes têm acesso às famílias e suas compreensões quanto às condições de saúde do território.  O conhecimento do território é de grande relevância para o desenvolvimento da integralidade, apontando para o desenvolvimento de ações de prevenção de promoção da saúde e educação em saúde. Foi destacado que os aprendizados dos estudantes a partir do contato com os ACS são de diferentes ordens: questões éticas e do comportamento junto à comunidade, aspectos comunicativos e os aspetos técnicos do cuidado em saúde. No primeiro campo estão situadas o respeito às práticas e aos modos de vida da comunidade, bem como o comportamento que os profissionais devem ter de respeito aos comunitários e discrição. Quanto aos processos de comunicação, trata da abordagem às famílias e a maneira de transmitir informação. Os aspectos técnicos dizem respeito ao acompanhamento e intervenções realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde e a Equipe de Saúde da Família. Visando sistematizar os aprendizados os dos estudantes a partir das experiência nos territórios da Atenção Básica junto aos ACS, foram organizados cinco eixos: Leitura do território garantindo a aproximação com os determinantes e condicionantes do processo saúde- doença; Educação em Saúde; Acolhimento e vínculo. O comportamento junto à comunidade, destacando os aspectos comunicativos da interação. O cuidado ampliado. Identificou-se que esses eixos estão previstos nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina e Saúde Coletiva, relacionados às competências a serem desenvolvidas durante a formação profissional desses estudantes. Destaca-se também que tais saberes referem-se às seguintes competências dos  ACS, conforme definido no Perfil de Competências Profissionais do Agente Comunitário de Saúde: promoção  da  saúde;  planejamento  e  avaliação;  e integração da equipe de saúde com a população local. Considerações finais: Os cursos investigados propiciam a inserção dos estudantes na atenção primária em dois momentos (primeiros e últimos semestres). Nos demais semestres os estudantes deslocam seu cenário de aprendizagem da atenção primária para os demais níveis de atenção da rede de saúde, Tal perspectiva indica uma não valorização da Atenção Básica como espaço estratégico para a formação, indicando uma visão ainda fragmentada e hierarquizada do cuidado em saúde. Destaca-se também o fato de que os ACS são referência dos estudantes apenas nos primeiros anos, sendo indicado uma desvalorização de seus saberes a medida que o processo de profissionalização se desenvolve. Contudo, é destacado a relevância do contato com os ACS na formação, vê-se a potência  desses  profissionais  para  ampliar o  cuidado  a  ser  ofertado,  inserindo  aspectos  sociais  e culturais.  Destaca-se que tais aprendizados já estão previstos nas Diretrizes Curriculares indicando a necessidade de reconhecimento e maior institucionalização de estratégias que favoreceram esse desenvolvimento, como é o caso da interação com os ACS.

1677 Cartilha educativa para a orientação de enfermeiros sobre o uso de plantas medicinais como recurso de autocuidado em idosos portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM)
Daniela Trindade Sousa, Cleber Pereira da Silva, Cleiry Simone Moreira da Silva, Aline Lima Pestana Magalhães

Cartilha educativa para a orientação de enfermeiros sobre o uso de plantas medicinais como recurso de autocuidado em idosos portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM)

Autores: Daniela Trindade Sousa, Cleber Pereira da Silva, Cleiry Simone Moreira da Silva, Aline Lima Pestana Magalhães

APRESENTAÇÃO: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são um problema de saúde pública atualmente, principalmente entre idosos, com repercussões sociais e econômicas. Além da terapêutica medicamentosa tradicional ofertada pela Rede de Atenção à Saúde (RAS), é comum, entre esta população, o uso de recursos de autoatenção, como por exemplo, as plantas medicinais. A utilização deste recurso no serviço público brasileiro cresceu significativamente nos últimos anos, principalmente após a publicação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em 2006. Com o advento dessa prática é crucial aos profissionais de saúde, sobretudo, o enfermeiro o conhecimento das plantas medicinais utilizados pela comunidade onde atua e desenvolva métodos de orientação para o bom uso deste recurso.  Neste contexto, a educação em saúde destes profissionais é a base da construção de um caminho no processo de construção das escolhas dos modelos de atenção (método farmacêutico, plantas medicinais). Este estudo teve como objetivo a construção de um material educativo em formato de cartilha, contendo informações relevantes e de forma breve sobre o uso de plantas medicinais em idosos portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Tratou-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência realizado a partir da vivência em um curso de especialização em linhas de cuidado em doenças crônicas realizado no norte do país. Realizou-se revisão de literatura e de documentos oficiais que orientavam/descreviam o papel do profissional enfermeiro em consultas de enfermagem na rede atenção básica em consonância com os programas assistenciais em HAS, DM e plantas medicinais e fitoterápicos. Além destas informações, houve a coleta de ilustrações de fontes fidedignas para a edição e diagramação da cartilha.  RESULTADOS: produziu-se uma cartilha sobre o uso popular de plantas medicinais como recurso de autoatenção por idosos portadores de HAS e DM com foco em orientação na atuação do profissional enfermeiro, contextualizando o uso deste recurso por idosos do município de Boa Vista, capital do estado de Roraima. Esta tecnologia leve-dura tem por finalidade a sincronia entre o modelo de autoatenção e a terapia medicamentosa tradicional ofertada pela RAS em DCNTs, sendo considerada uma ferramenta de educação em saúde sanitária para o enfrentamento destes agravos. Dentre as plantas mais utilizadas destacou-se Lippia alba (erva cidreira), Cymbopogon citratus (capim santo), Allium (alho), Bauhinia forficata (pata de vaca) e Morindacitrifolia (noni). Os elementos contemplados na cartilha foram: nome científico da planta, nome popular, ações farmacológicas, efeitos adversos, interações, formas de uso e modos de preparo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: espera-se que este recurso educativo motive os enfermeiros para uma abordagem holística, que contemple o uso deste recurso popular durante as consultas, investigando a associação com medicamentos receitado pelo médico/enfermeiro, como adquirem, as formas de preparo e consumo entre outras variáveis a fim de melhor conduzir o tratamento convencional com o recurso complementar integrativo de saúde, proporcionando o empoderamento do profissional enfermeiro para a abordagem/orientação segura destes usuários que utilizam a planta medicinal como recurso de autocuidado para o controle da DCNTs na rede de atenção básica de saúde.

723 “NÓS, PROFISSIONAIS DOS VÍNCULOS, TRABALHADORES DA VIDA”: reorganizando o acolhimento à demanda espontânea em um Centro de Saúde da Família
Bianca Waylla Dionisio, Dassayeve Tavároa Lima, Paulo Cesar de Moura Luz

“NÓS, PROFISSIONAIS DOS VÍNCULOS, TRABALHADORES DA VIDA”: reorganizando o acolhimento à demanda espontânea em um Centro de Saúde da Família

Autores: Bianca Waylla Dionisio, Dassayeve Tavároa Lima, Paulo Cesar de Moura Luz

A Atenção Básica (AB) brasileira caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que visa desenvolver uma atenção integral, utilizando tecnologias de cuidado complexas e variadas, que impacte na situação de saúde, autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde. É desenvolvida também com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, próxima da vida das pessoas, devendo ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde. Diante disso, o Centro de Saúde da Família (CSF) é um equipamento de saúde que deve acolher e promover a vinculação e a corresponsabilização do processo saúde-doença das coletividades, estabelecendo mecanismos que assegurem o acesso, a acessibilidade, o acolhimento e conseguintemente a resolubilidade das demandas por meio de uma lógica de organização e funcionamento dos serviços de saúde. Ao falarmos sobre redes de atenção, lembramos de seu formato, uma teia com ligação entre os mais diversos pontos que põem os serviços de saúde. Nesse contexto nós trabalhamos com a ideia de cadeia do cuidado em saúde que veem como arranjos que possibilitam articular o acesso aos diversos serviços de saúde, mantendo vínculo e continuidade do cuidado, independentemente da situação clínica, uma vez que as necessidades de saúde são amplas e abrangem desde as boas condições de vida ao direito de ser acolhido e escutado pela equipe de saúde. Dentro desse cenário, o acolhimento é uma diretriz que possibilita efetivar, a partir da leveza do encontro com o outro, a corresponsabilização pelo cuidado longitudinal, uma vez que possui grande relevância ética, estética e política, se implica com o compromisso coletivo, envolvendo-se e potencializando o protagonismo e a vida nos diferentes encontros, estando atento e poroso às diversidades cultural, racial e étnica. Além de, contribuir com estratégias para dignificação da vida e do viver, e assim, na (re)construção de nossa própria humanidade, viabiliza a criação e o fortalecimento de vínculos, onde os usuários passam a sentir-se acolhidos, fortalecendo as relações afetivas, maior interação e resolução das demandas, possibilitando ainda que esse sujeito possa compreender que apesar do seu caminhar pela ampla rede de saúde, sempre terá um atendimento integral e contínuo na AB. A Política Nacional de Humanização traz o acolhimento como uma atitude, que implica diretamente nas relações interpessoais e que é construído de forma coletiva e o ato de acolher é “reconhecer o que outro traz como legítima e singular necessidade de saúde, comparecer e sustentar a relação equipe/serviços e usuários /popular” objetivando construir relações de confiança, compromisso e vínculos com sua rede socioafetiva. Partindo dessa premissa, entendemos que acolhimento vai além de uma prática respeitosa e humanizada nas relações usuários-profissionais. Esse deve garantir o acesso equânime e universal aos serviços de saúde, equilibrando a oferta, ampliando o cuidado para além da queixa-conduta, e se implicando no acompanhamento continuado aos sujeitos, sendo assim, a unidade precisar conhecer o território adscrito, bem como o perfil do usuário e seu caminhar dentro da rede de saúde. DESENVOLVIMENTO: O desejo de intervir no acolhimento à demanda espontânea implementando a classificação de risco e vulnerabilidade por cores em um CSF na cidade de Sobral/CE, nasce ao vivenciarmos esse espaço como um momento de encontro e (des)encontro entre usuários e profissionais no âmbito do sistema de saúde, além de experienciar situações conflituosas que provocaram descredibilidade, inquietações e novos questionamentos, tanto na comunidade, quanto nos profissionais. O contato diário e direto com o serviço e seus usuários, permitiu inúmeras reflexões sobre o agir em saúde, que nos levou a aprofundar os conhecimentos sobre os conceitos e práticas do acolhimento, uma vez que a AB possui como destaque o eixo estruturante da sistematização da prática do cuidar, o acolhimento. Portanto, a pesquisa/intervenção foi desenvolvida pela Enfermeira residente com apoio da tutora e equipe de Residência Multiprofissional em Saúde Família (RMSF) como trabalho de conclusão do curso. Optamos por uma abordagem qualitativa e a população do estudo foram duas equipes de saúde da família que compõe um CSF, entre os meses de novembro de 2016 a fevereiro de 2017, com realização de 5 encontros. Para o desenvolvimento da intervenção, adaptamos o Método do Arco de Charles de Maguerez, que parte da metodologia da problematização, guiando-se por cinco etapas: observação da realidade, identificação dos pontos-chave, teorização, identificação das hipóteses de’ solução e aplicação à realidade. Utilizamos a observação participante para registrar todas as informações e experiências relevantes por meio de um diário de campo. Para análise das informações qualitativas, elegemos a técnica de categorização temática. Seguimos os pressupostos da resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012 com aprovação do comitê de ética. RESULTADOS/IMPACTOS: No primeiro encontro expomos os objetivos da intervenção, sua justificativa e relevância, e o TCLE. Aceitaram participar do estudo: duas enfermeiras, gerente, um médico, duas técnicas de enfermagem, nove agentes comunitários de saúde, duas profissionais dos serviços gerais, um vigia e duas profissionais do setor administrativo. Prosseguimos com a sensibilização da equipe sobre o acolher, o cuidar e o confiar, uma vez que compreendemos que esses atitudes/ações são a base do cuidado empático, utilizando como ferramentas, o quebra-cabeça do cuidado, elaborado pela pesquisadora e a oficina de sensações. No segundo encontro, desenvolvemos a primeira etapa do Arco. Abraçamos o Teatro, como metodologia participativa para problematizar através da representação de situações reais do acolhimento às demandas espontâneas vivenciadas. Os mais diversos sentidos e sensações afloraram. Citaram a desorganização do processo, a falta de implicação de alguns membros, a falta de diálogo e de direcionamentos resolutivos dentro do CSF, impactando diretamente na percepção da equipe sobre a produção do cuidado. Como consequência surge a segunda etapa do Arco, a identificação de pontos-chave para serem discutidos e trabalhados. No terceiro encontro resgatamos os pontos-chave com intuito de (re)significar saberes para transformação da realidade, pois compreendemos que o desafio da interdisciplinaridade no cotidiano das equipes de saúde são diversos, e a partir desse momento tentamos ressignificar saberes e práticas. No quarto encontro desenvolvemos as hipóteses de soluções sugeridas que foram: a) educação permanente bimensal; b) construção de um fluxograma para que os trabalhadores e os usuários possam se orientar diante ao processo de acolher, facilitando assim os direcionamentos e viabilizando a resolubilidade das demandas; e c) definirmos coletivamente as diretrizes operativas e organizacionais do acolhimento, resultando na classificação de risco por cores com base no diagnostico epidemiológico e sociocultural da comunidade e na elaboração de uma cartilha para nortear os profissionais de saúde e usuários, com intuito de viabilizar a sustentabilidade da intervenção. No último encontro avaliamos a implementação do acolhimento com classificação de risco e vulnerabilidade, onde percebemos nas falas a ressignificação das atitudes, percepções e relações entre os profissionais e comunidade após a intervenção. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ressaltamos que para transformação das práticas de saúde e reorientação dos modelos de atenção, o acolhimento é uma estratégia primordial para consolidação dos princípios e diretrizes do SUS.  Acreditamos que esta intervenção é oportuna e valiosa, e que sua implementação foi eficiente e eficaz. Mediante isso, sugerimos a disseminação dessa proposta nos espaços coletivos da residência e do sistema de saúde do município de Sobral. Esperamos também, que outras pesquisas e intervenção sobre acolhimento sejam desenvolvidas, no sentido de inovar práticas e olhares.

3503 POLITICA DE FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES TÉCNICOS EM SAÚDE NO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL
Jacyane Melo de Oliveira Santos, Lêda Maria de Medeiros Hansen, Sônia Maria Fernandes da Costa Souza

POLITICA DE FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES TÉCNICOS EM SAÚDE NO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL

Autores: Jacyane Melo de Oliveira Santos, Lêda Maria de Medeiros Hansen, Sônia Maria Fernandes da Costa Souza

A educação no Brasil tem sido permeada por embates e disputas ideológicas como expressão da sociedade de classes que estamos inseridos. A educação profissional, como recorte de um processo mais amplo, situa-se no centro do debate entre a defesa de uma formação meramente instrumental para os filhos da classe trabalhadora e a visão que defende uma educação politécnica que incorpore a construção de conhecimentos científicos, tecnológicos e de formação humana de forma mais ampliada. Tais embates são materializados na legislação educacional vigente no país, que assinala várias reformas que impactam profundamente nos significados e sentidos da formação dos trabalhadores técnicos em saúde. Nesse sentido, o projeto de formação técnica integrada ao ensino médio é considerado estratégico para uma formação de trabalhadores, uma vez que transcende a lógica de adestramento e adaptação às demandas do mercado e do capital, possibilitando uma formação de caráter emancipatório. Tal projeto se mostra mais coerente para formação de trabalhadores que possam contribuir para o fortalecimento do Sistema único de Saúde (SUS), de forma que o comprometimento com este projeto impulsiona a realização de investigações que possam aprofundar questões relativas à formação dos trabalhadores técnicos em saúde no Brasil, visando subsidiar a construção e fortalecimento das políticas sociais no Brasil. O objetivo deste trabalho é apresentar resultados parciais referentes à pesquisa “Formação dos trabalhadores técnicos em saúde no Rio Grande do Norte”, inserida no Projeto de Pesquisa interinstitucional “Formação dos Trabalhadores Técnicos em Saúde no Brasil”, coordenado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – EPSJV/FIOCRUZ. No Rio Grande do Norte (RN) o estudo está sendo desenvolvido pelo Observatório de Estudos, Pesquisas e Extensão do Centro de Formação de Pessoal para os Serviços de Saúde “Dr. Manoel da Costa Souza” (CEFOPE), escola técnica integrante da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), vinculada à Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (SESAP). Foi realizada uma análise documental visando identificar aspectos referentes às bases legais e os sentidos atribuídos à formação técnica em saúde, à discussão e formulação da política de educação profissional no estado e aspectos do planejamento no âmbito institucional, no período 2010 a 2016. A busca de documentos foi realizada pela internet e presencialmente no CEFOPE e na SESAP. Foram analisados: Planos Plurianuais (PPA) e Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do estado, documentos da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (SEEC), do Conselho Estadual de Educação (CEE), da SESAP, do Conselho Estadual de Saúde (CES), Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Comissão Estadual de Integração Ensino-Serviço (CIES). Os resultados evidenciam que a educação profissional no estado está legalmente formalizada e coerente com as orientações e diretrizes da legislação nacional. Percebe-se que as disputas ideológicas referentes à separação da educação profissional e o ensino médio, promovida pela reforma da educação profissional de 1997 e a restauração da possibilidade de oferta do ensino médio integrado à educação profissional, formalizada no ano de 2004, foram incorporadas à legislação estadual, embora com um grande intervalo de tempo entre a publicação dos documentos nacionais e os locais. Questiona-se se esse hiato se deve a aspectos organizativos do estado ou a disputas de sentidos no interior das instituições estaduais, uma vez que este campo é permeado por embates políticos. Quanto aos sentidos atribuídos à formação dos trabalhadores técnicos em saúde, percebe-se que nos documentos analisados não há elementos diferenciadores entre a formação do eixo Ambiente e Saúde com os demais eixos tecnológicos que compõem o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos.  Na dimensão do planejamento institucional, verificou-se que os PPA e as LDO do início do período analisado enfatizaram a implantação do ensino médio integrado à educação profissional bem como a construção/implantação de centros de educação profissional, porém a partir de 2012 as referências à educação profissional de forma específica gradualmente vão sendo diminuídas, e as metas passam a ser redigidas de forma mais generalizada nos documentos de planejamento. A partir do PPA de 2016 as referências ao ensino médio integrado foram suprimidas. A análise possibilita afirmar que existem diretrizes para o financiamento da educação profissional no RN, uma vez que há metas relacionada à educação profissional estabelecidas nos PPA, com prioridades definidas nas LDO. Na área da saúde, a educação profissional aparece nas ações específicas relacionadas à estrutura física do CEFOPE ou na menção a cursos oferecidos pelas ações relativas à educação permanente em saúde. Com relação aos espaços instituídos para formulação e discussão da política de formação técnica em saúde, verificou-se que há setores ligados à administração direta da SESAP, como a Subcoordenadoria de Capacitação da Coordenadoria de Recursos Humanos e o CEFOPE. A primeira por coordenar institucionalmente a política de educação permanente em saúde e o CEFOPE por ser executor direto da ação de formação profissional técnica em saúde, promover fóruns e apresentar por missão “contribuir para a ordenação da educação profissional em saúde através da formação inicial, continuada e técnica de nível médio”. Foi identificada, ainda, a atuação do CES; CIB; CIES e CEE de modo pertinente com a atribuição/missão apresentada para cada uma dessas instâncias. No entanto, muito embora a inserção da temática da educação profissional técnica em saúde, com diretrizes e orientações estabelecidas pela Política de Educação Permanente, tenha sido evidenciada nos documentos analisados, suscita-se a fragilidade quando essa discussão está centrada e diretamente presente pela indução do âmbito nacional, com aporte financeiro do Ministério da Saúde para esse fim. Com isso, não foi possível identificar uma discussão objetiva que fizesse um contraponto com a indução do mercado privado e a realidade local, de maneira a fomentar discussões interinstitucionais, incluindo a SEEC e o CEE/RN, que propusessem diretrizes e alinhamentos específicos para as necessidades da área saúde no contexto do estado. A análise aponta que a Política Estadual de Educação Permanente e Profissional do RN necessita avançar na perspectiva de que essa discussão tenha a capacidade de ser sustentável no âmbito das tensões: políticas; da execução orçamentária; e do mercado. É importante registrar que, durante a realização desta fase da investigação, houve muitas dificuldades em localizar estudos e pesquisas referentes à educação profissional em saúde no Rio Grande do Norte, fato indicativo que há uma lacuna de conhecimento relacionado a esta temática, e da relevância do presente estudo. Pode-se inferir, portanto, que no nível estadual há uma aproximação com o projeto nacional alinhado à formação instrumental e tecnicista dos trabalhadores técnicos em saúde, atendendo a expectativa do mercado. Por isso considera-se, no que diz respeito às tendências da formação de trabalhadores técnicos em saúde no estado que um dos maiores desafios a ser enfrentado é que tanto as discussões como a execução de cursos técnicos em saúde transitem nas dimensões e diretrizes da educação e da saúde, incorporando elementos que possibilitem traduzir os ideais de uma educação transformadora, capaz de transcender a preparação mecanicista para atuar no processo de trabalho em saúde.