55: Território e saúde: tecnologias de análise e intervenção
Debatedor: A definir
Data: 02/06/2018    Local: FEFF Sala 04 - Rabeta    Horário: 08:30 - 10:30
ID Título do Trabalho/Autores
5160 A experiência da Câmara Técnica de Saúde do Comitê Interfederativo (CT- SAÚDE/CIF): processos formativos e desafios para o fortalecimento do SUS em municípios e localidades impactadas pelo rompimento da Barragem de Rejeitos da SAMARCO em Mariana
Rodrigo Leite, Kleber Rangel Silva, Rodrigo Fabiano do Carmo Said, Gilsa Rodrigues, Sergio Rossi Ribeiro, Alice Matos, Jamyle Calencio Grigoletto, Daniela Buosi Rohlfs

A experiência da Câmara Técnica de Saúde do Comitê Interfederativo (CT- SAÚDE/CIF): processos formativos e desafios para o fortalecimento do SUS em municípios e localidades impactadas pelo rompimento da Barragem de Rejeitos da SAMARCO em Mariana

Autores: Rodrigo Leite, Kleber Rangel Silva, Rodrigo Fabiano do Carmo Said, Gilsa Rodrigues, Sergio Rossi Ribeiro, Alice Matos, Jamyle Calencio Grigoletto, Daniela Buosi Rohlfs

O rompimento da Barragem de Fundão, pertencente à Samarco Mineração S.A., em Mariana, ocasionou a morte de 18 pessoas, e o desaparecimento de uma. É consequência do acidente de trabalho ampliado que resultou no desastre tecnológico e socioambiental. A CT-Saúde foi instituída pelo Comitê Interfederativo (CIF), compõe estrutura de governança criada para reparar e/ou compensar os impactos do acidente. Inicialmente integrava a CT de Saúde, Educação, Cultura e Lazer, posteriormente desmembrada por meio da Deliberação CIF nº 67, de 09 de maio de 2017. A primeira reunião da CT Saúde objetivou a definição de seu funcionamento, e composição interfederativa e regionalizada, com representação do Ministério da Saúde, Secretarias de Estado da Saúde de Minas Gerais e Espírito Santo, dos municípios de Minas Gerais (Mariana, Governador Valadares, Rio Doce, Barra Longa e Belo Oriente) e do Espírito Santo (Colatina e Linhares), COSEMS MG e COSEMS ES.A Resolução SES/MG nº 5.779/2017 de 20 de junho de 2017, dispõe sobre a criação dos Grupos Técnicos Regionais nas Superintendências Regionais de Saúde de Coronel Fabriciano, Governador Valadares e Ponte Nova, e representam uma estratégia participativa de aproximação aos municípios com o objetivo de identificar demandas do território que serão debatidas no âmbito da CT- Saúde/CIF.Dentre os resultados da CT-Saúde/CIF, citamos a elaboração das seguintes Notas Técnicas, que subsidiam o CIF na publicação de deliberações, que devem ser atendidas pela Fundação Renova: Sugestões da CT-Saúde para alteração do TTAC; Reprovação do Programa de Assistência aos Animais - Castração de Animais de Pequeno Porte; Bases Mínimas para a elaboração do Estudo Epidemiológico e Toxicológico e para o Programa de Monitoramento da Qualidade da Água para Consumo Humano; Justificativa para inclusão de municípios e localidades no programa de monitoramento da água para consumo humano; Reprovacão dos Termos de Contratação da Renova; Questionário para Diagnóstico Preliminar da Situação de Saúde e Capacidade de Resposta dos Municípios atingidos.A CT-Saúde/CIF também já realizou o Simpósio Mineiro de Emergências e Desastres, em Mariana/MG, e do I Seminário sobre Qualidade da Água do Rio Doce: Controle e Vigilância após o desastre, em Governador Valadares/MG. Contudo, ainda há  os seguintes desafios: custeio para desenvolvimento das ações de saúde: contratação de profissionais, fortalecimento da infraestrutura, insumos e equipamentos; Definição da área de risco e da exposição da população, objetivando minimizar os agravos à saúde humana; Manutenção das ações de saúde, de modo contínuo e em conformidade com as necessidades identificadas pelos serviços, a partir das demandas da população; Inter-relação da Saúde com as outras áreas, representadas pelas demais Câmaras Técnicas, considerando a necessidade de ações intra e intersetoriais para a implementação dos Programas da Saúde do TTAC. O trabalho desenvolvido pela CT-Saúde/CIF possibilita um espaço formativo para a produção de conhecimento técnico-científico e o aperfeiçoamento das práticas de saúde, e apontam para uma maior orientação e responsabilização das ações da Fundação Renova, em consonância com os princípios do direito à Saúde para a efetivação do SUS.

777 ANÁLISES DO NÍVEL DE SERVIÇO EM SAÚDE DE MARABÁ-PA E AS DESCONEXÕES COM A REALIDADE
Jordanio Silva Santos, Andréa Hentz Andréa Hentz de Mello, Erika Vivianne Nascimento Araújo

ANÁLISES DO NÍVEL DE SERVIÇO EM SAÚDE DE MARABÁ-PA E AS DESCONEXÕES COM A REALIDADE

Autores: Jordanio Silva Santos, Andréa Hentz Andréa Hentz de Mello, Erika Vivianne Nascimento Araújo

APRESENTAÇÃO O presente trabalho se justifica pela necessidade de se investigar os efeitos da redução ou ampliação dos níveis de serviços em saúde na cidade de Marabá-PA e as desconexões com as dinâmicas sociais que moldam a realidade do município. Frente aos aspectos históricos de ocupação da Amazônica Legal, Marabá assumiu uma posição de centralidade regional e atração populacional influenciado diretamente pelo Estado que a tornou reconhecida com o município de colonização oficial. A condição assumida por Marabá diante da dinâmica de ocupação da fronteira do sudeste do Pará impactou fortemente a região em diversos aspectos. O espaço da cidade de Marabá sofreu um intenso processo de estruturação produtiva, decorrente do estabelecimento de novas verticalidades advindas da implantação de grandes projetos econômicos na região, que implicou em profundas alterações nas dinâmicas sociais locais gerando assim, a necessidade de novos arranjos institucionais na gestão da estrutura de fornecimento dos serviços de saúde da cidade. Frente aos aspectos sociais analisados, as externalidades históricas geradas no processo de ocupação de Marabá contribuíram para o surgimento de gargalos na prestação dos serviços de saúde realizado por instituições públicas e privadas. Muito embora a força dos determinantes sociais, a adoção medidas estratégicas por meio de políticas públicas integradas é defendida neste estudo. O trabalho tem o objetivo de analisar o ambiente social, econômico e ambiental de Marabá-PA pautado nos aspectos históricos e atuais que impactam nos níveis de serviços em saúde e promover o combate às desigualdades no atendimento das demandas da população por meio de análises dos determinantes sociais que moldam a realidade do município e região, com forte intervenção sobre a demanda por serviços em saúde. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO Esta pesquisa inicia com um prévio levantamento de textos sobre o tema em bases de artigos como Scielo e em análises de dados sociais extraídos de portais públicos, em especial, nos dados de estatísticas municipais de Marabá publicados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA, 2016). A sistematização das informações contempla a relação do Nível de Serviço disponibilizado aos usuários dos serviços públicos de saúde frente às dinâmicas socioespaciais que impactam na demanda por serviços de saúde, ofertados por instituições que compõe a infraestrutura de serviços de saúde pública da cidade de Marabá-PA. RESULTADOS E/OU IMPACTOS Em meio às grandes transformações que impactaram num forte crescimento populacional durante o processo de restruturação do território, a população marabaense continua crescendo nos dias atuais. No ano de referência de 2007, a população marabaense foi estimada em 196.468 habitantes. Em 2010 esse número atingiu 233.669 pessoas. No ano de 2016 chegou a 266.932 habitantes, o que representa um crescimento de 14,23% em relação a 2010 e de 35,86% se comparado a 2007. A dinâmica do crescimento populacional é relevante para implementação de políticas públicas com vistas ao atendimento das demandas por serviços em saúde. Entretanto, em 2010, Marabá possuía 04 hospitais públicos (das três esferas) e dois privados. Neles, eram disponibilizados 260 leitos pela esfera pública e 90 pela iniciativa privada. Em 2014, a estrutura hospitalar continua a mesma, porém o número de leitos públicos reduziu para 211 unidades, uma queda de 18,84% nas disponibilidades de leitos. O setor privado também reduziu o nível de serviços ao oferecer apenas 62 leitos em 2014, uma queda de 31,11%. A percepção quanto à redução do Nível de Serviço em Saúde com base nos indicadores de disponibilidades de leitos em Marabá é reforçada pelos dados de crescimento populacional do Município, que em termos gerais contribuem para ampliação da demanda destes serviços. A análise do Nível de Serviço ganha relevância quando os usuários têm a percepção de que estejam com suas demandas plenamente atendidas. Quando isso acontece, é sinal de que esteja havendo um esforço público e/ou privado na oferta dos serviços. Em outras frentes de análise, os indicadores de Marabá-PA reforçam a discrepância entre a oferta de serviços e a demanda real. De 2010 a 2015, a população cresceu 12,16%, o número de médicos caiu 18,13% e como reflexo da redução do número de leitos entre 2010 e 2014 (-13,99%), as internações caíram 8,09% no mesmo período e voltou a crescer no ano de 2015 quando houve ampliação no número de leitos. Diante do exposto, percebe-se que havia uma demanda real pelo serviço de internação, reprimida pela política de prestação de serviços das instituições hospitalares. Essa medida poderia ser justificada, caso o município tivesse investido fortemente na atenção básica à saúde. Entretanto, no período de 2010 a 2015, houve ampliação de apenas 8,67% do número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), e ainda assim, o quantitativo é insuficiente para a demanda do município. As mesmas análises realizadas no município de Parauapebas-PA, com características similares à Marabá-PA, de 2010 a 2015 a população cresceu 23,39%, o número de médicos cresceu 11,14%, o número de ACS cresceu 44,44%, o número de leitos ampliou 18,23% e as internações cresceram 21,31%. Diferentemente de Marabá, o município conta com apenas 01 hospital público e 06 privados. No entanto, frente aos indicadores, percebe-se que o ambiente de prestação de serviços de saúde de Parauapebas está mais alinhado aos processos sociais que impactam na demanda, reflexo do esforço público pelo esforço na atenção básica e do privado, pela estrutura disponibilizada. Os processos sociais, econômicos e ambientais observados em Marabá-PA são fatores determinantes na ampliação da demanda por serviços de saúde e contribuem para ampliar as desigualdades nos fornecimentos dos serviços. Em 2010, 52,57% da população utilizava água de poços artesianos para consumo. Como grande parte da cidade é desprovida de rede esgotos, amplia a chance de contaminação do lençol freático que possui relação direta com a ampliação de doenças por meio da água. Mesmo com os diversos movimentos em defesa da floresta viva e do meio ambiente social sustentável, persiste na cidade de Marabá-PA forte atuação em atividades geradores de externalidades negativas ao meio ambiente com implicações na saúde da população como a extração de madeira e a criação de gado. Atualmente, diversas especialidades médicas relevantes para a qualidade de vida das pessoas deixam de ser oferecidas pelas instituições públicas e privadas. Isso evidencia que o sistema opera com fragilidades e desconectado da real demanda da população e seus aspectos influenciadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS A prestação de serviços de saúde por instituições públicas e privadas de Marabá opera sem uso o de técnicas de mapeamento e análises dos determinantes sociais tem influência na prestação e nível de satisfação dos serviços em saúde. Diante de análises do ambiente de prestação de serviços públicos em saúde cresce a relevância das análises dos processos sociais, econômicos e ambientais que caracterizam o município de Marabá-PA. O dinamismo das relações socioespaciais é fator marcante para a construção da realidade da cidade de Marabá. Enquanto cidade de fronteira conviveu ao longo do tempo com discursos e ações governamentais fragmentadas frente à ação dos movimentos sociais com vistas à busca de soluções e atendimento das demandas sociais da população de Marabá e toda a região do sudeste paraense, tendo a causa da saúde com um dos destaques.

4497 As ações de saúde no rural amazônico: Uma análise a partir do planejamento do município de Manaus(AM)
Amandia Braga Lima Sousa, Iago Orleans Pinheiro Monteiro

As ações de saúde no rural amazônico: Uma análise a partir do planejamento do município de Manaus(AM)

Autores: Amandia Braga Lima Sousa, Iago Orleans Pinheiro Monteiro

Apresentação: No Brasil existe uma lacuna nas políticas de saúde voltadas para a área rural. Especificamente na região amazônica, para além das diferenças entre o rural e o urbano presentes no país, existem especificidades geográficas, culturais e sociais que são desconhecidas pelos gestores e invisíveis nas construções de políticas públicas. Considerando o fato peculiar do município de Manaus ter uma atenção específica para a população rural, este trabalho objetivou analisar as ações propostas pela gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus - SEMSA para área rural visando enxergar as possíveis adaptações e especificidades criadas para o cuidado em saúde neste território. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa exploratória, que utilizou métodos qualitativos para analisar as ações de saúde voltadas para o rural nos documentos da gestão, quais sejam, os Planos Anuais de Saúde (PAS) e os Relatórios Anuais de Gestão (RAGs).  Para a análise, as ações foram divididas, primeiramente, em duas categorias, construindo-se um quadro das ações que fazem parte do repertório de ações gerais do SUS, aqui compreendidas todas as ações previstas no âmbito nacional para implantação nos territórios do país e ações fruto de adaptações que se fizeram necessárias em razão de tratar de um contexto específico de área rural, em especial, amazônico. Em um segundo momento, o mesmo conjunto de ações foi dividido entre aquelas que foram pensadas a partir de um modelo de saúde com enfoque na promoção e prevenção de saúde e aquelas que são fruto de um modelo biomédico que preconizam atuações pontuais com enfoque hospitalocêntrico. Resultados e/ou impactos: A divisão das ações tiveram como resultado um predomínio de ações voltadas para a área rural que seguem as diretrizes gerais do SUS, sem adaptações ou adequações que estejam descritas. Entretanto, apesar dessas ações gerais que atendem a política do SUS serem maioria, ao longo dos relatórios verificou-se ações que buscaram atender as especificidades da área rural que, conforme pôde ser observado, chegaram até mesmo se antecipar ao preconizado na legislação federal. Com relação à divisão das ações entre as que atendiam a um modelo médico-hegemônico e as que estavam mais próximas de um modelo de ações de promoção e de prevenção da saúde, foi constatada a prevalência das ações em conformidade com esta última. Considerações finais: A aplicação de ações na área rural seguindo as mesmas diretrizes que nas áreas urbanas demanda o reconhecimento da importância do contexto rural, que deve ultrapassar as preocupações de cunho administrativo e burocrático, conseguindo trazer qualidade aos cuidados prestados na assistência. Por fim, os resultados encontrados demonstram a necessidade que os gestores passem a enxergar o rural em seus planejamentos, procurando conhecer as pessoas que vivem nesses territórios, o que viabilizaria a construção de serviços, instrumentos e políticas que consigam responder as demandas específicas dessas localidades.

1022 MAPEAMENTO DA REDE PÚBLICA DE DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO PARA PACIENTES HIV/AIDS NA CIDADE DE MANAUS.
Tirza Almeida Da Silva, Eduardo Jorge Sant’ana Honorato, SONIA MARIA LEMOS, DARLISOM SOUSA FERREIRA, EDNALDO GOMES BARBOSA JUNIOR, SILENE NOGUEIRA DE OLIVEIRA ARANTES, Alison Thiago Rolim Lobato, MAYCOM GRIMM REIS

MAPEAMENTO DA REDE PÚBLICA DE DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO PARA PACIENTES HIV/AIDS NA CIDADE DE MANAUS.

Autores: Tirza Almeida Da Silva, Eduardo Jorge Sant’ana Honorato, SONIA MARIA LEMOS, DARLISOM SOUSA FERREIRA, EDNALDO GOMES BARBOSA JUNIOR, SILENE NOGUEIRA DE OLIVEIRA ARANTES, Alison Thiago Rolim Lobato, MAYCOM GRIMM REIS

Tendo em vista o crescente número de detecção de HIV/AIDS em Manaus e a falta de informação da sociedade a respeito dessa síndrome, vê-se a necessidade de pesquisar quais as instituições públicas que oferecem esse tipo de serviço e onde estão localizadas, para isso, pretende-se realizar uma pesquisa de campo para identificar tais locais, divulgá-los e assim, manter a sociedade informada a respeito desses lugares. O objetivo deste projeto foi mapear a rede pública de saúde que oferecem o diagnóstico, tratamento e acompanhamento para pacientes HIV/AIDS em Manaus. As entrevistas com os profissionais de saúde foram conduzidas por um psicólogo colaborador do projeto, em parceria com os alunos pesquisadores bolsistas. Estes foram orientados sobre a modalidade de entrevista semiestruturada, sendo utilizado um roteiro previamente elaborado, de acordo com os objetivos do projeto, seguindo as orientações do CNS em sua Resolução 466/2012, os profissionais entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme anexado a este projeto. Com os resultados obtidos chegamos ao conhecimento de que os serviços que oferecem atendimento ao paciente HIV/AIDS estão divididos em distritos (Norte, Sul, Leste e Oeste), cada distrito com sua Unidade Básica de Saúde (UBS) e Serviço de Atendimento Especializado em HIV/AIDS (SAE) correspondentes, o paciente tem livre acesso ao teste na UBS e dependendo do resultado, será encaminhado para a SAE, estas que realizam ações de maior assistência às pessoas vivendo com HIV ou AIDS. Assim podemos observar que existe uma organização em Manaus que permite ao paciente buscar orientação e acompanhamento nestas instituições. É inegável que existe a necessidade de mais SAEs e UBSs que façam este atendimento em Manaus, devido a demanda crescente e principalmente maior divulgação e promoção deste sistema.

3593 Políticas de Promoção da Equidade em Saúde: experiência da potencialização da gestão para o trabalho com populações específicas.
Guilherme; Jéssica; Poala; Iuday; Carlos Müller; Rosa; Vetoratto; Motta; Goes

Políticas de Promoção da Equidade em Saúde: experiência da potencialização da gestão para o trabalho com populações específicas.

Autores: Guilherme; Jéssica; Poala; Iuday; Carlos Müller; Rosa; Vetoratto; Motta; Goes

O trabalho é um relato de experiência de trabalhadores da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma nova organização da gestão, iniciada em janeiro de 2015, na  qual se uniram coordenações estaduais das populações específicas para um trabalho conjunto denominado de Políticas de Promoção da Equidade em Saúde. Dessa forma, as ações passaram a ser integradas entre seis políticas: Saúde da População Negra, Saúde dos Povos Indígenas, Saúde da População LGBT, Saúde da População Privada de Liberdade e Egressa do Sistema Prisional, Saúde da População em Situação de Rua e População do Campo, Floresta e Águas. Antes do novo formato de organização das políticas de populações específicas na SES/RS, cada coordenação atuava de forma autônoma. Das seis coordenações, quatro eram formadas apenas por um servidor. Percebendo esse deficit de trabalhadores e a consequente limitação do trabalho, iniciou-se um processo de discussão e aproximação entre essas políticas. Constatou-se, assim, que muitas das ações estaduais dessas coordenações tinham objetivos em comum e seria benéfico para as políticas a união dos esforços e o trabalho conjunto. Criou-se, assim, as Políticas de Promoção da Equidade em Saúde, um grupo formado por seis políticas e com ações integradas. A promoção da equidade é entendida pelo grupo como um dos principais desafio do Sistema Único de Saúde e onde fica o elo de ligação entre essas políticas. A partir do novo formato, cada trabalhador pôde se apropriar do trabalho com as outras populações, o que contribuiu para que as políticas não ficassem sem referências em períodos de ausência por férias ou outros afastamentos. Dentre as principais ações conjuntas realizadas pelo grupo está a de sensibilizar gestores estaduais das coordenadorias regionais de saúde e gestores municipais de saúde para o cuidado às populações específicas presentes em seus territórios. O grupo procura desconstruir pré conceitos comuns percebidos nos serviços, que são a grande barreira de acesso para essas populações. A vulnerabilização desses grupos contribuem para as péssimas condições de saúde observadas como os altos índices de tuberculose, HIV e violências que acometem a maioria dessas pessoas. A partir do trabalho integrado da gestão, com agendas conjuntas das populações específicas, pode se constatar  um resultado mais efetivo e potente. Também se percebeu a motivação da nova forma de organização dentro de algumas Coordenadorias Regionais de Saúde. O trabalho conjunto na gestão do SUS entre políticas que abarcam mesmos objetivos é uma estratégia eficiente para o momento de austeridade instalado no país e contribuir para potencializar políticas mais recentes a partir das virtudes de políticas consolidadas.

2876 Prevalência dos partos das mulheres indígenas residentes no estado de Santa Catarina – Brasil.
Paula Brustolin Xavier, Maiton Bernardelli, Francielli Girardi

Prevalência dos partos das mulheres indígenas residentes no estado de Santa Catarina – Brasil.

Autores: Paula Brustolin Xavier, Maiton Bernardelli, Francielli Girardi

Apresentação: Dar à luz a uma criança é um dos momentos mais simbólicos da cultura humana. No decorrer dos anos, tem-se observado a influencia midiática e tecnológica frente ao nascimento de um ser humano. Este estudo teve como objetivo descrever a prevalência dos tipos de partos na população indígena realizados no estado de Santa Catarina.Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de estudo transversal descritivo, utilizando dados secundários do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) dos anos 2010 a 2014 do Estado de Santa Catarina disponibilizados na base eletrônica do DATASUS/MS/Brasil. Para a análise dos dados foi utilizado a estatística descritiva, através do programa Microsoft Office Excel 2010. A variável dependente foi tipo de parto e as independentes investigadas foram: idade, número consulta, tipo de gravidez escolaridade, local ocorrência.Resultados: No período estudado ocorreram 443.971 nascimentos, destes, 1.216 (0,3%) foram da raça indígena. A média de partos realizados no período foi de 243,2 (dp 44,53) ano. Em relação ao número de consultas pré-natal foi identificado que a maioria das parturientes indígenas realizaram de 4 a 6 consultas (41,0%). A faixa etária mais prevalente das mulheres indígenas, que deram à luz a seus filhos, foi entre 20 a 24 anos (30,5%). Quanto a escolaridade, houve um predomínio daquelas com 4 a 7 anos de estudo (41%). Foram realizados em média 74,2 partos/ano (dp 14,85). Em relação ao tipo de parto, 42,8% foram cesarianas e, 57,2% partos vaginal. Observou-se que a maioria das parturientes (98,8%) gestava um único bebe e 94,7% nasceram a nível hospitalar.Considerações: Ainda que a proporção de nascimentos seja baixa é uma população que merece atenção nos serviços de saúde pública. Estes dados apontam que a prática do parto vaginal nessas mães predominou em relação às cesarianas, no entanto, a maioria ocorreu no hospital, ambiente esse que descaracteriza a cultura do nascimento da população indígena.

3802 Principais encaminhamentos e temas debatidos pelas Comissões Intergestores Regionais em quatro regiões de saúde na Bahia
João Antônio Brito Porto, Lucas Gomes Amaral, Fabiana Rodrigues Ferreira, Adriano Maia dos Santos, Jamille Amorim Carvalho

Principais encaminhamentos e temas debatidos pelas Comissões Intergestores Regionais em quatro regiões de saúde na Bahia

Autores: João Antônio Brito Porto, Lucas Gomes Amaral, Fabiana Rodrigues Ferreira, Adriano Maia dos Santos, Jamille Amorim Carvalho

Apresentação: No processo de construção da viabilidade de maior oferta de serviços de saúde foram instituídas as Comissões Intergestores Regionais (CIR). A CIR é composta por gestores de saúde dos municípios e do respectivo estado e tem por objetivo ser um espaço de negociação para viabilizar o princípio norteador da integralidade assistencial e da gestão do cuidado regional. E teve como objetivo Analisar os principais encaminhamentos e temas debatidos nas reuniões das CIR nas 4 regiões de saúde que compõem a região Sudoeste da Bahia. Discutir os dispositivos facilitadores e limitantes para planejamento e integração para gestão do cuidado. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de estudo de caso, de caráter qualitativo. Buscou-se, por meio de revisão documental (Atas) estabelecer uma análise crítico-reflexiva para compreensão de questões da organização do SUS, na perspectiva da diretriz da regionalização na região Sudoeste da Bahia (região de Brumado, região de Guanambi, região de Itapetinga e região de Vitória da Conquista). Tais regiões de saúde comportam 73 municípios. Analisaram-se as atas das reuniões das CIR entre os anos de 2013 a 2015. A pesquisa foi financiada pela Fapesb e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da UFBA (Parecer 624.168, de 24/04/2014).Resultados e/ou impactos: As regiões de saúde encontram-se em processo de consolidação. As reuniões da CIR apresentaram discussões sobre regulação assistencial, sobretudo, pela falta de oferta de serviços de média densidade tecnológica para atender às demandas dos municípios. As denúncias de mau uso dos serviços, fluxos concorrentes, atravessamentos de políticos, médicos e pessoal das centrais de marcação têm aparecido nas reuniões de todas as CIR. As reuniões têm aproximado os gestores e permitido negociações mais rápidas e compartilhadas. Problemas na organização dos serviços são apresentados, porém, há poucos avanços no processo de planejamento, levando as reuniões a serem reativas.Considerações finais: Os assuntos pertinentes à atenção secundária tiveram maior destaque, enquanto mostrou a quase ausência da temática da APS nas discussões da CIR. Observou-se que há uma busca de soluções municipais para problemas claramente regionais, que optam pela compra direta de serviços de prestadores privados muitas vezes, mediada pela ação de atravessadores.

3929 UM PARTO DE EXPERIENCIA
Raquel Socorro Jarquín

UM PARTO DE EXPERIENCIA

Autores: Raquel Socorro Jarquín

Autora: Raquel Del Socorro Jarquín Rivas (bolsista – Fiocruz) Coautor: Prof° Dr° Júlio Cesar Scweickardt (coordenador do projeto)   APRESENTAÇÃO: A Região Amazônica é um território de grande diversidade e, sobretudo, bastante singular em relação ao país como um todo. Dentre essa diversidade, estão as parteiras tradicionais que realizam o cuidado à saúde da mulher e da criança de modo mais imediato. Este trabalho trata-se de relato de experiências obtidas a partir dos encontros de trocas de saberes com Parteiras Tradicionais do Estado do Amazonas. Os referidos encontros são parte das atividades do projeto Redes Vivas e Práticas Populares de saúde: Conhecimento Tradicional das Parteiras e a Educação Permanente em Saúde para o Fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde da Mulher no Estado do Amazonas, financiado pelo Ministério da Saúde – MS e desenvolvido em parceria com o Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD/FIOCRUZ e a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas- SUSAM, cuja proposta central  é reforçar as redes vivas e as práticas populares de saúde através do conhecimento tradicional e da qualificação das parteiras.     DESENVOLVIMENTO: O projeto já está em andamento, assim como as oficinas programadas para cada encontro. Até agora foram realizadas 4 oficinas em 4 municípios; Manaus, Itacoatiara, Maués e Tefé. Cada encontro foi cheio de emoções e compartilhamento de saberes, onde participaram muitas parteiras, secretários dos munícipios, alguns Agentes Comunitários de Saúde (ACS), enfermeiros, pesquisadores e bolsistas do referido projeto. Cada oficina tem sua marca, pois apesar de se tratar do mesmo assunto, de seguir o mesmo roteiro, cada parteira tem sua própria história, seus rituais, seus remédios caseiros e sua própria trajetória. IMPACTOS: Tento aqui compreender o significado das experiências de cuidar da mulher durante o processo da gravidez em especial o parto em domicilio em alguns municípios da Amazônia. Com os poucos encontros que tivemos até agora, já dá para perceber que a história de vida destas mulheres parteiras se inscreve em um saber milenar que vai passando de geração em geração, como é demonstrado no relato de uma parteira: [...] o que eu sei hoje como parteira tradicional, eu devo a minha avó, que passou para minha mãe e que minha mãe me ensinou e com certeza a minha avó aprendeu da mãe dela. Percebo que este saber ao longo do tempo tem oferecido significativa contribuição para a construção de um novo olhar que procura a humanização na hora do parto. Apesar dessa significância, a parteira tradicional enfrenta muitos desafios para o desenvolvimento da sua pratica, dentre esses desafios está a falta de diálogo entre a medicina ocidental e o conhecimento tradicional das parteiras. Referente a isto uma parteira diz: [...] nós não somos reconhecidas como parteiras, quando a gente chega com a parturiente no hospital, os médicos não deixam a gente entrar junto com elas, elas ficam sozinhas, sem famílias, sem ninguém. A prática das parteiras tradicionais não é só um saber dentro de um universo cultural, ele é também um saber que envolve a solidariedade, compaixão, dedicação, tradição, espiritualidade e como elas mesmas dizem: [...] é um Dom dado por Deus. A cada encontro consigo vivenciar diferentes saberes destro de um mesmo saber, cada parteira com sua história, cada parteira com seu parto. Muitas delas falam que parir de parto normal e em casa é muito diferente do parto em hospital. [...] é outra coisa a parturiente parir em casa, só ela e eu, só nós. No hospital ela sofre, é maltratada, não tem o devido respeito com seu corpo, os médicos, os enfermeiros, não tem o mesmo cuidado que a gente tem. A gente faz massagem, damos um chazinho, e esperamos o tempo da criança nascer. O parto é um momento que precisa muita vez apenas de um olhar de aconchego, acolhimento, de apoio, mas sobre tudo de humanização e neste sentido a humanização da parteira tradicional expressa no seu trabalho, na sua dedicação e cuidado com a futura mãe. Este é um momento que muitas vezes envolve também a família, vizinhos, o pai da criança, os irmãos, como também pode só estar presente a parteira e a gestante. Estas parteiras tradicionais são mulheres que tem um reconhecimento dentro da sua comunidade, desenvolvendo um papel importante que é o dom de ajudar a trazer uma criança no mundo. Elas se apropriam de ferramentas nada sofisticadas, apenas de uma sabedoria milenar e quase instintiva. Estas mulheres conseguem compreender que o ato de pariri requer do seu tempo e da sua forma, ou seja, a parturiente é quem tem o domínio do seu corpo, é ela quem vai decidir como quer parir o seu filho, se de cócoras, deitada, agarrada a uma rede, no rio, de pé, etc. são estas e outras possibilidades que fazem do parto uma experiência de múltiplos significados e sentidos e onde a parteira tradicional está inserida. Estas parteiras tradicionais, não possuem uma faculdade onde elas possam aprender a arte de partejar, elas aprendem o oficio através de outras gerações, através da sua própria curiosidade, do desejo e da vontade de poder trazer ao mundo uma vida e também pela necessidade de poder trabalhar. Estas mulheres não só fazem o parto, mas também acompanham a gravida durante toda sua gravidez, dando apoio muitas vezes de conselheiras, curandeiras e de “farmacêuticas”, onde elas mesmas produzem os remédios caseiros e dão para as gravidas. Uma coisa muito linda e curiosa são algumas músicas cantadas por estas parteiras antes, durante e depois do parto, assim como também algumas rezas que elas fazem para a barriga da gravida, elas dizem: [...] quando a gravida está com a criança atravessada, eu rezo uma oração enquanto vou massageando a barriga e assim o bebe se ajeita de novo. Este saber, este dom dado por Deus, está sabedoria milenar, ou como elas e nós quisermos chamar, é algo do qual as parteiras pretendem continuar fazendo: [...] eu vou parar só quando minhas forças não o permitam mais, e mesmo assim, quero estar ali do lado da nova parteira, dando apoio né, pois foi esse o dom que Deus me deu e que me foi passado pelas mulheres da minha família. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Algumas Parteiras que conheci durante as oficinas e nos diferentes municípios, estão inseridas nos postos de saúdes e nos hospitais, ajudando e sendo um apoio para as parturientes e a equipe medica. Porém ainda falta muito para que estas grandes mulheres com seu grande dom possam de fato serem vistas como parte essencial desse trabalho de trazer ao mundo uma nova vida.

3792 EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE PNEUMOLOGIA SANITÁRIA: A EXPERIÊNCIA NO USO DA METODOLOGIA PROBLEMATIZADORA
Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio

EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE PNEUMOLOGIA SANITÁRIA: A EXPERIÊNCIA NO USO DA METODOLOGIA PROBLEMATIZADORA

Autores: Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio

APRESENTAÇÃO: A Metodologia Problematizadora é uma estratégia usada para Educação em Saúde, em que o usuário é protagonista, ou seja, responsável pela sua trajetória educacional e o mediador apresenta­se como coadjuvante, um facilitador das experiências relacionadas ao processo de aprendizagem. A educação em saúde é um processo relacionado à aprendizagem, desenhada para alcançar a saúde e atender a população de acordo com sua realidade. Ela deve provocar conflito nos indivíduos, criando oportunidades para que a realidade seja pensada e repensada, dando ao indivíduo o poder para transformar sua realidade. OBJETIVO: Relatar a experiência discente no uso da Metodologia Problematizadora no processo de Educação em Saúde em um Centro de Referência de Controle e Combate a Tuberculose. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A Metodologia Problematizadora foi aplicada com base nas etapas do Arco de Maguerez durante a participação no Programa de Atividade Curricular de Extensão:Consulta de Enfermagem: orientações e acolhimento da população em tratamento da tuberculose na Policlínica Cardoso Fontes da Escola de Enfermagem de Manaus da Universidade Federal do Amazonas no Centro Regional Especializado em Pneumologia Sanitária (CREPS) Cardoso Fontes. Realizou­se a prática de educação com os usuários do centro de referência em Pneumologia Sanitária que procuraram atendimento para o rastreamento de Tuberculose (TB). Na observação da realidade, houve observação não participativa durante o período vespertino da unidade para analisar onde eram as maiores demandas de atendimento e pequenos diálogos com alguns usuários. Após a observação da realidade, os pontos­chave mais relevantes: “o que é a TB?” e “como ocorre a transmissão da TB?” foram levantados; bem como os cuidados durante o tratamento diretamente observado (TDO) e os motivos pelos quais os contatos devem procurar uma unidade de saúde, a teorização permitiu a análise dos problemas e estudos aprofundados sobre eles. Buscaram­se hipóteses de solução, construção de respostas e elaboração de meios para pôr em prática as tentativas de solucionar os problemas apresentados. Assim, foram utilizados instrumentos facilitadores para a compreensão e optou­se por explanações claras e simples utilizando cartazes, folders e álbum seriado. A aplicação na realidade consistiu em rodas de conversa durante a espera para atendimento na recepção da unidade de saúde. RESULTADO: O conhecimento partindo do aluno (acompanhante/usuário) foi atingido e desse modo, contribuiu para a transformação da realidade dos usuários. As características mobilizadoras da metodologia envolveram diferentes pensamentos, orientando­se para que os resultados pretendidos fossem alcançados satisfatoriamente. CONCLUSÃO: A prática educativa usando a Teoria da Problematização tendo como base os passos do Arco de Maguerez culminou em uma integração entre os mediadores e os usuários. As ações particulares com os indivíduos integralizaram o processo do conhecimento. Notou-se que o processo de Educação em Saúde é dinâmico e torna­se adaptável à realidade dos indivíduos em que se aplica a intervenção.

3822 COOPERAÇÃO INTERFEDERATIVA DE SANTA CATARINA: UMA POTENTE ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO À EPIDEMIA DE AIDS NO ESTADO
Ana Talita Nienov, Dulce MAria Brandão de Castro Quevedo, Edi Sperandio

COOPERAÇÃO INTERFEDERATIVA DE SANTA CATARINA: UMA POTENTE ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO À EPIDEMIA DE AIDS NO ESTADO

Autores: Ana Talita Nienov, Dulce MAria Brandão de Castro Quevedo, Edi Sperandio

Apresentação: De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, Santa Catarina apresenta a segunda maior taxa de detecção de HIV/Aids no país, com 31,9 casos para cada 100 mil habitantes, sendo que a nacional é de 19,1 casos por 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade também é elevada. Mesmo mantendo sua taxa em 2015, o estado tem índice maior que a taxa nacional (7,6/100.000 hab contra 5,6/100.000 hab). Uma terceira característica da epidemia no estado é a elevada taxa de detecção de HIV em gestantes, o dobro da nacional. A partir da análise epidemiológica dos municípios do estado, verificou-se que 12 municípios juntos (Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Lages, Palhoça, São José) representavam aproximadamente 75% da epidemia de Aids em Santa Catarina. Hoje, as cidades encontram-se na vanguarda da resposta à AIDS. Elas estão agora em posição privilegiada de liderar ações para acelerar a resposta ao HIV e atingir as metas 90-90-90 da UNAIDS, até 2020: 90% das pessoas que vivem com HIV sabendo que tem o vírus, 90% das pessoas diagnosticadas com HIV recebendo tratamento e 90% das pessoas em tratamento antirretroviral com carga viral indetectável. Desenvolvimento do trabalho: A fim de criar uma estratégia acelerada para o enfrentamento da epidemia no estado, surge o acordo de Cooperação Interfederativa, desenvolvida para o enfrentamento do HIV/Aids, constituindo-se como um novo dispositivo técnico, político e organizacional de gestão colegiada para o processo de articulação de respostas à epidemia e com potencial de produzir mudanças nas práticas e modificar a ação nos serviços de saúde, além de focar o conhecimento prático em ações educativas, favorecendo a reflexão compartilhada,  sistemática e a crítica reflexiva. Essa Cooperação tem como objetivo uma agenda interfederativa acordada entre as três esferas governamentais com vistas a responder a situação epidemiológica das DST/Aids e hepatites virais no Estado de Santa Catarina, no que se refere a mortalidade por Aids, co-infecção TB e hepatites virais, focalização nas ações de prevenção para populações vulneráveis, aumento da capacidade e eficiência dos serviços de saúde, expansão da oportunidade de acesso ao diagnóstico rápido e aprimoramento da gestão. Para tanto, foi assinado em 30/09/2015 o Termo de Cooperação 03/2015 entre o Ministério da Saúde e o estado de Santa Catarina. A partir dessas assinaturas e por meio da deliberação da Comissão Intergestora Bipartite (CIB), o estado repassou recurso financeiro aos 12 municípios prioritários, que atuam como agentes protagonistas do processo, subsidiados pelo grupo de trabalho da Cooperação Interfederativa, vinculado à Gerência de IST/AIDS/HV da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina. Resultados e/ou Impactos: Muitas ações foram desenvolvidas e/ou aceleradas desde o início da Cooperação Interfederativa de Santa Catarina. Destacam-se as ações articuladas com as equipes de Vigilância Epidemiológica dos 12 municípios prioritários do estado, Serviços Especializados e Atenção Básica, tendo como fio condutor o compartilhamento do cuidado, sedimentada pela construção da Linha de Cuidado para Pessoas Vivendo com HIV/Aids, com percurso ideal do usuário na rede. A linha de cuidado é uma ferramenta de organização da rede, já que propõe identificar os múltiplos percursos possíveis do cuidado, que devem ser organizados de forma a priorizar as sequências mais racionais e efetivas, aproximando a gestão e o cuidado; a implantação e ampliação da testagem rápida, especialmente na rede básica de saúde, ofertando acesso oportuno ao usuário, preferencialmente sob livre demanda; a análise do Sistema de Monitoramento Clínico, que nos permite visualizar o gap de tratamento e especialmente resgatar indivíduos em abandono de tratamento, implicando na correta administração da terapia antirretroviral (TARV) e consequentemente na indetecção da carga viral; a consolidação da profilaxia pós exposição - PEP com implantação do fluxo de atendimento em unidades de atendimento 24h e/ou unidades de referência regionalizadas nos 12 municípios prioritários; a implantação dos Comitês de Transmissão Vertical como estratégia para o desenvolvimento de políticas de saúde para a redução da transmissão vertical nos municípios, bem como a definição da rede prioritária para a implantação dos protocolos de assistência pré-natal; a implantação dos Comitês de Mortalidade por Aids como estratégia para a diminuição da mortalidade nos municípios prioritários, ampliação das Unidades Dispensadoras de Medicamentos, objetivando a descentralização da TARV;  fomento à implantação do processo de Educação Permanente como uma estratégia que privilegia o espaço de trabalho como de aprendizagem e especialmente relacionado à implantação do processo de matriciamento entre atenção básica e serviço especializado. Todas essas, e outras, estratégias foram alicerçadas por meio de plano de trabalho construído pelo estado e municípios, sendo os mesmos monitorados quadrimestralmente pela equipe estadual da Cooperação Interfederativa, tanto à distância quanto com visitas in loco. A partir desse trabalho em conjunto, os municípios puderam adotar ações locais que aceleraram a resposta à Aids o que também permite encorajar a criação de novos programas capazes de abrir caminho para que as cidades busquem outros desafios na saúde pública, como as questões referentes à tuberculose, saúde sexual, saúde materna e da criança, violência de gênero, entre outras. Além disso, a aproximação entre gestão estadual e municipal tem sido apontada pelos municípios como um grande ganho desse processo. Considerações Finais: Os desafios são ambiciosos no enfrentamento da epidemia de Aids. A Cooperação Interfederativa procura contribuir para a elaboração de diferentes respostas para a epidemia de Santa Catarina, a qual se dará através de esforços coordenados em diferentes áreas do conhecimento, seja nas ciências da saúde ou sociais. As redes de atenção são os pilares constituintes para a integralidade do cuidado e ampliação da cobertura, mas exige medições que visam responder especificidades relacionadas às necessidades de saúde de subgrupos que se encontram mais vulneráveis. De um lado o movimento em direção ao acesso universal e do outro o movimento rumo à equidade. É essa equação que a Cooperação Interfederativa precisa ajustar no território de modo a alcançar a melhor assistência e prevenção possível, integral e de qualidade como elemento central de uma gestão compartilhada do desenvolvimento local, olhando para o setor saúde como um dos pilares do desenvolvimento econômico sustentável, revertendo os indicadores negativos de saúde na população e especialmente focado na qualidade do atendimento às PVHA.

1830 EIXO 3: GESTÃO Relato de Experiência Atuação da Vigilância Sanitária em Evento de Massa Festival Folclórico de Parintins/AM.
Paulo José Andrade de Souza, CLERTON RODRIGUES FLORENCIO, ELAINE PIRES SOARES

EIXO 3: GESTÃO Relato de Experiência Atuação da Vigilância Sanitária em Evento de Massa Festival Folclórico de Parintins/AM.

Autores: Paulo José Andrade de Souza, CLERTON RODRIGUES FLORENCIO, ELAINE PIRES SOARES

Apresentação: o referido trabalho relata as experiências da atuação da Vigilância Sanitária do Município de Parintins, em uma serie histórica de dos últimos cincos anos(2012-2017) Festival Folclórico. O Festival Folclórico de Parintins é uma festividade de natureza popular, que teve seu início em 1964, quando foi realizado o primeiro festival, em uma modalidade ainda não competitiva. As celebrações ocorrem ao ar livre, atualmente no Bumbódromo um complexo Centro Cultural e Esportivo, arena construída capaz de abrigar pelo menos 35 mil pessoas. As apresentações transcorrem ao longo de três dias, durante os quais as duas agremiações (Caprichoso e Garantido) expõem o resultado de suas pesquisas e de seus preparativos, os quais normalmente giram em torno de temas ligados às histórias e ritos cultivados pelos nativos índios, aos hábitos dos moradores caboclos das margens dos rios, tudo exibido por meio de representações ornamentais, em alegorias que procuram retratar a temática escolhida. Este Festival é a maior vitrine da cultura amazonense e atualmente é cotado como o segundo maior evento folclórico brasileiro, desbancado somente pelo Carnaval. Todo ano milhares de turistas se deslocam para Parintins com o objetivo de assistir a este célebre Festival reservado para o último final de semana do mês de junho. Desenvolvimento: O Festival Folclórico, devido a sua complexidade e dimensão por ser considerado um evento de massa, a Vigilância Sanitária do Município de Parintins tem a preocupação de desenvolverações especificas para o festivalcaráter em educativo, preventivo e fiscalizador, com objetivo de eliminar, prevenir riscos e agravos á saúde do indivíduo e da coletividade, garantindo a qualidade de produtos e serviços ofertados à população e turistas que vem se entreter durante a realização do evento.A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, na RDC nº 13/2014 define, Evento de Massa (EM): atividade coletiva de natureza cultural, esportiva, comercial, religiosa, social ou política, por tempo pré-determinado, com concentração ou fluxo excepcional de pessoas, de origem nacional ou internacionale que, segundo a avaliação das ameaças, das vulnerabilidades e dos riscos à saúde pública exija a atuação coordenada de órgãos de saúde pública da gestão municipal, estadual e federal e requeira o fornecimento de serviços especiais de saúde, públicos ou privados (Sinonímia: grandes eventos, eventos especiais, eventos de grande porte). Descrição da Experiência/Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado no contexto da vivencia dos trabalhos realizados pela equipe da VigilânciaSanitária, durante os últimos cincos anos no evento de massa Festival Folclórico de Parintins. Como prática é definido um Plano Operativo de Ação em Evento de Massa especifica para as atividades durante o festival, que envolve vários órgãos públicos do governo, voltados a promoção, prevenção de riscos e agravos, como parâmetro de organização e planejamento das ações voltadas para os serviços de alimentação, saúde e outros sujeitos ao controle sanitário que contém o conjunto de atividades a serem desenvolvidas nas fases pré, durante e pós-evento, definidas de acordo com as necessidades de prevenção e mitigação de riscos e com base na avaliação do cenário. Estabelece critérios de possível investigação de surtos, juntamente com a Vigilância Epidemiológica como resposta rápida coordenada e efetiva a qualquer emergência em saúde publica que tem a função de proteger a saúde da população, reduzir o impacto dos eventos e limitar a progressão da crise, reduzir a morbimortalidade e os impactos em emergências em saúde – e de investigação dos surtos. Defineestrutura, composição e dados mínimos necessários o para monitoramento em ações conjuntas/integradas, e apoiar as decisões durante o evento de massa, monitorar os incidentes relacionados a saúde e  logística/deslocamento, para a execução das ações prévias do festival.Estruturação de inspeção prévia no local do evento, nos serviços, fornecedores e serviços de saúde.Fiscalização e monitoramento durante o evento, e relatórios diários e final do evento e avaliação. Durante a ação no setor regulado, conforme planejado são inspecionado todos os estabelecimentos do setor regulado (produtos e serviços) da área militrofe do evento, garantindo a população e visitantes as boas práticas sanitárias dos serviços e produtos, no período antes (pré), durante e pós-festival. Realizado Licenciamento Sanitário dos referidos estabelecimentos, que são notificado a regularização. Intensificado ação educativa, orientativa de boas praticas de manipulação de alimentos nos serviços de alimentação e com os ambulantes. Inspecionado os serviços de saúde, garantindo a qualidade dos serviços e resolutividade em casos de surtos e agravos. Ações educativas integradas com demais vigilâncias em saúde, voltadas à população na promoção e prevenção as DTA’s, IST’s/HIV, etc, e ações preventivas de saúde do trabalhador. Resultado Esperados: Durante os estudos observados nos últimos cincos anos, conforme os registros epidemiológicos e Relatórios da Vigilância Sanitária e órgãos envolvidos na ação, durante o evento: a) Evento de massa realizado com qualidade sanitária dos produtos e serviços ofertados. b) Redução dos riscos a saúde da população e visitantesdurante o evento. c) Integração das Vigilâncias em Saúde e demais órgãos das três esferas de governo. d) Ações educativas com objetivo diminuir riscos e doenças veiculadas a alimentos, por aglomeração de publico. e) Aumento de demanda e procura dos serviços oferecidos pela vigilância sanitária, como denuncias. f) Não registro de surtos ou intoxicação relacionados a Doenças Transmitidas por Alimentos ou outros agravos. Consideração Finais: A Vigilância Sanitária trabalha com um conjunto de ações no âmbito das práticas de saúde coletiva, assentada em várias áreas do conhecimento técnico científico e em bases jurídicas que lhe confere o poder de normatização, educação, avaliação e intervenção, capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, visando garantir a qualidade do processo de produção, distribuição e consumo de bens e serviços relacionados à saúde, e das condições de vida e trabalho dos cidadãos. Dessa forma a Vigilância Sanitária de Parintins, cumpre com seu papel importante nas prevenções de riscos e agravos a população exposta e conclui com êxito as ações de Vigilância em Saúde como todo na execução das ações desenvolvidas durante o evento. A base de trabalho metodológica, a logística empregada, as ações integradas com todos os órgãos envolvidos foram fundamental para os resultados exitosos do que foi planejado, para não ocorrência de agravos pela dimensão e o quantitativo de população partícipe deste evento que éfestival folclórico de Parintins.

2441 Processo de (Re)Territorialização na Coordenadoria Regional de Saúde II, Fortaleza-Ce: um exercício de adequação aos novos cenários.
Luiza de Paula Sousa, Ana Amélia Lima Pequeno, Ana Amélia Lima Pequeno, Lorena Andrade Gomes Gadelha, Lorena Andrade Gomes Gadelha, Ana GeyseGomes Gomes Silva, Ana GeyseGomes Gomes Silva, Ivamara Morais Silva, Ivamara Morais Silva, Maria Clarice Tavares Evangelista, Maria Clarice Tavares Evangelista

Processo de (Re)Territorialização na Coordenadoria Regional de Saúde II, Fortaleza-Ce: um exercício de adequação aos novos cenários.

Autores: Luiza de Paula Sousa, Ana Amélia Lima Pequeno, Ana Amélia Lima Pequeno, Lorena Andrade Gomes Gadelha, Lorena Andrade Gomes Gadelha, Ana GeyseGomes Gomes Silva, Ana GeyseGomes Gomes Silva, Ivamara Morais Silva, Ivamara Morais Silva, Maria Clarice Tavares Evangelista, Maria Clarice Tavares Evangelista

  Apresentação Considerada a principal porta de entrada e centro de comunicação das Redes de Atenção à Saúde (RAS), que deve ordenar fluxos e contra fluxos de pessoas, produtos e informações, a Atenção Primária à Saúde (APS) é o conjunto de ações de saúde que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, dirigida à população em território definido. Sendo uma diretriz da APS, a territorialização é uma ação essencial, pois, por meio dela é possível realizar uma análise social e territorial do estado de saúde da população, e a partir de então, planejar e programar métodos estratégicos, que assegurem resolubilidade ao sistema, em consonância com as necessidades dos indivíduos, sendo, pois, uma estratégia de dirimir as iniquidades sociais em saúde. A análise territorial implica em uma coleta sistemática de dados que vão informar sobre situações-problemas e necessidades em saúde de uma dada população de um território específico, indicando suas interrelações espaciais, possibilitando identificar vulnerabilidades, populações expostas e selecionar problemas prioritários para as intervenções. Visa, ainda, a demarcação das áreas de atuação da APS, onde é feito a adscrição dos usuários dos serviços de saúde, para assim, conhecer a população como um todo, e desenvolver suas ações por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF), estratégia de APS do Ministério da Saúde. A análise social do território deve ser construída de forma a contribuir na identificação de informações, para a operacionalizar as tomadas de decisão e para a definição de estratégias de ação nas “diferentes dimensões do processo de saúde doença”, em termos das necessidades sociais; nos grupos de risco; na situação de exposição; nos danos e óbitos; sequelas; e nas doenças e agravos. Desse modo, o processo de territorialização é parte indispensável para a organização dos serviços na ESF, pois por meio dela, é possível identificar os clientes que estarão sobre seus cuidados, além de realizar um planejamento que visa contínuo acompanhamento da população. Além disso, através da territorialização, é possível aos trabalhadores de saúde detectarem as mudanças ocorridas no território de abrangência das equipes de saúde da família, podendo desta forma otimizar os recursos direcionados às ações de saúde destas equipes. Entendendo que a territorialização é um processo contínuo de adequação às necessidades da população adscrita, o objetivo deste trabalho é descrever o processo de (re)territorialização que ocorreu na Coordenadoria Regional de Saúde II (CORES II), em Fortaleza-Ce. Desenvolvimento do trabalho Este trabalho trata-se de um relato de experiência do processo (re)territorialização das áreas de abrangências das 12 Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), da Coordenadoria Regional de Saúde II (CORES II), em Fortaleza-CE, que ocorreu entre os meses de agosto e outubro de 2017, na perspectiva de construção de uma nova delimitação, para uma população estimada de 389.387 habitantes. Inicialmente foram realizadas reuniões entre a coordenação e as assessoras técnicos da referida coordenadoria regional de saúde, além dos gestores das unidades de saúde e profissionais da ESF, com o intuito de avaliar o território de cada UAPS e alinhar um passo a passo para reorganização das áreas de abrangência de cada equipe, de cada unidade, levando em consideração os fatores de acesso, vulnerabilidade social, aspectos geográficos, culturais e epidemiológicos. Também foram avaliados os fatores populacionais, como análise do número de pessoas cadastradas no sistema de prontuário eletrônico e vinculados às microáreas dos agentes comunitários de saúde (ACS) de cada equipe, de forma a ampliar a cobertura de acompanhamento, chegando a 750 pessoas por ACS, conforme a orientação da PNAB 2017. Posteriormente, sugeriu-se a construção do mapa das áreas, contendo o território de cada equipe, microárea de cada ACS e áreas de influência. Para tanto, aconteceram oficinas com os membros de cada equipe, bem como entre equipes, para delimitação de sua área de abrangência, onde foram apontadas as sugestões de modificações de território. Em seguida, realizou-se reuniões entre as UAPS de toda a regional de saúde, para delimitação de seus limites. Após todo esse processo ocorrido internamente, fez-se necessário, ainda, um alinhamento de território com as unidades de saúde das demais regionais de saúde que fazem limite com a CORES 2, a saber: Coordenadorias Regionais de Saúde I, IV e VI, pois este é importante aspecto da abrangência de território, para dirimir as dúvidas dos usuários do Sistema Único de Saúde.  A última etapa desse processo foi a análise dos seguintes materiais enviados pelas UAPS: mapa de abrangência, caderno de adscrição dividido por equipe e memorial técnico de todo o processo de territorialização. A avaliação técnica realizada pela equipe da CORES II foi de suma importância para o processo, pois através desta análise foi constatado se as equipes consideraram todos os aspectos pactuados nas reuniões. Naquelas em que os fatores estabelecidos não foram considerados, em sua plenitude, foi necessário que as UAPS realizassem novas oficinas com suas equipes, de modo a contemplar os aspectos necessários a uma delimitação criteriosa, onde a facilitação ao aceso dos usuários aos serviços de saúde, norteou todo o processo. Após a avaliação e aprovação, os mapas foram para o setor técnico de geoprocessamento, para confecção, e posterior oficialização dos novos territórios de abrangência.   Resultados Das doze UAPS que iniciaram o processo de territorialização, dez já enviaram os mapas para o setor de geoprocessamento, ou seja, 84 % das UAPS já apresentam território adscrito atualizado. Uma UAPS (8%) depende da avaliação técnica da equipe da Secretaria Municipal de Saúde, pois seu processo de territorialização envolve uma redistribuição de microáreas entre duas outras CORES. A outra UAPS (8%) que ainda não encerrou o processo teve problemas internos, com as novas microáreas de seus ACS, que insistem em não reconhecer a divisão proposta. A equipe técnica da CORES II já realizou duas outras oficinas nesta UAPS junto com sua gestora atual sensibilizando e informando a estes profissionais a importância desta territorialização para a atuação das equipes da ESF com maior êxito em suas ações de saúde.   Considerações finais Com essa experiência, que permite o conhecimento do território e informações locais, percebe-se que a territorialização é, de fato, uma ferramenta indispensável para a análise da situação de saúde, devendo ser realizado, continuamente, uma vez que o território é considerado “vivo”, dinâmico e passível de mudanças sucessivas. Espera-se que essa reorganização do território das unidades da CORES II, contribua para o fortalecimento de vínculo entre a equipe de saúde e a população, e para o planejamento local pautado nas reais necessidades da comunidade.

2495 TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO DA TUBERCULOSE: A GESTÃO DO CUIDADO NOS DISTRITOS DE SAÚDE URBANOS DA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS
Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio

TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO DA TUBERCULOSE: A GESTÃO DO CUIDADO NOS DISTRITOS DE SAÚDE URBANOS DA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS

Autores: Felipe Lima dos Santos, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Ana Carolina Scarpel Moncaio

APRESENTAÇÃO: No Brasil, a tuberculose é considerada um agravo de saúde pública, tendo ligação direta com as questões socioeconômicas. Os indicadores epidemiológicos da tuberculose por Unidade da Federação demostram que o estado do Amazonas registrou em 2016 um coeficiente de incidência de 67,2%/100.000 habitantes, enquanto a cidade de Manaus no mesmo ano apresentou o coeficiente de incidência de 93,2%/100.000 habitantes.O modo de conduzir os processos de gestão do cuidado pode fortalecer ou fragilizar a organização dos serviços voltados à atenção às pessoas doentes ou expostas à Tuberculose (TB). Por gestão do cuidado entende-se a forma como o cuidar se revela e se organiza na interação propiciada entre sujeitos, podendo gerar interações e subversões potencialmente emancipatórias ou restritivas das múltiplas liberdades humanas.A gestão do cuidado comporta, pelo menos,três dimensões: profissional, organizacional e sistêmica.Em 1993, inicia-se a recomendação da utilização da estratégia Directly Observed Treatment Short-Course (DOTS) como resposta para o controle da TB. Dentro da estratégia DOTS o Tratamento Diretamente Observado caracteriza-se como elemento chave, objetivando o fortalecimento da adesão ao tratamento e a prevenção das formas multirresistentes da TB.No Brasil, a estratégia DOTS foi incorporada ao Plano Nacional de Controle da TB em 1998 sendo então estabelecidas novas diretrizes de trabalhos, visando a incorporação das ações de controle da TB no âmbito da Atenção Primaria à Saúde (APS). O TDO apresenta quatro modalidades de supervisão: a domiciliar onde ocorre a observação realizada na residência do usuário ou em local por ele solicitado; na unidade de saúde onde a observação é realizada em unidades de estratégia de saúde da família, unidades básicas de saúde; no serviço de atendimento de HIV/AIDS ou hospitais e na unidade prisional onde a observação ocorre no sistema prisional e a compartilhada, quando o doente recebe a consulta médica em uma unidade de saúde e faz o TDO em outra unidade de saúde, mais próxima em relação ao seu domicílio ou trabalho. Nessa direção vem sendo proposto que os serviços de saúde se organizem para que as equipes de saúde da família incorporem em suas atividades a responsabilidade pelo desenvolvimento de ações de diagnóstico, tratamento e prevenção da TB. OBJETIVO: Relatar a experiência sobre a gestão do Tratamento Diretamente Observado da Tuberculose nas Unidades Básicas de Saúde de Manaus durante a coleta de dados na pesquisa intitulada “Tratamento Diretamente Observado da Tuberculose em Manaus (AM): os sentidos da Prática gerencial nas Unidades Básicas de Saúde sob a ótica da Vigilância Em Saúde”. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Durante a coleta de dados da pesquisa, foram entrevistados dois gestores de Unidades Básicas de Saúde de cada um dos quatro distritos urbanos de saúde da zona urbana de Manaus totalizando oitogestores entrevistados. Optou-se para a análise dos dados empíricos o referencial teórico-metodológico da Análise do Discurso de matriz francesa. Saindo dos pressupostos da língua, da ideologia, do discurso e da subjetividade do que foi exteriorizado, a Análise do Discurso fornece subsídios para a reflexão e para a apreensão dos significados oriundos do discurso do sujeito. Assim, entende-se que o discurso é a transcrição de opiniões, das atitudes, das falas e das representações do sujeito denotando um recorte de determinado momento, voltados a um processo de análise dos sentidos.A possibilidade da realização desta pesquisa possibilitou compreender os sentidos dados pelos gestores das unidades de saúde sobre o Tratamento Diretamente Observado (TDO) da TB como medida de controle e combate da tuberculose. RESULTADOS: As ações de controle e combate da TB necessitam ter os interesses dos seus usuários compreendidos, caracterizando a realidade da não fragmentação do cuidado em saúde. A prática do TDO necessita ser resultante de um encadeamento dos determinantes sociais, políticos e culturais do território da unidade de saúde. Enquanto gestores, os sujeitos da pesquisa, precisam repensar suas praticas gerenciais para a integração do cuidado em saúde com a definição dada pela Vigilância em Saúde da não fragmentação do cuidado. Observaram-se discursos que mostraram a movência da ideologia dos sujeitos que compuseram o corpus da pesquisa. A superfície linguística foi exteriorizada e o contexto sócio-histórico foram paralelamente intercalados pela vivência dos gestores no processo de gestão do TDO da tuberculose. Os discursos dos gestores, levantaram o questionamento sobre a interdiscursividade da prática do TDO nas unidades de saúde, uma fez que a Transferência da Política do TDO mostrou-se como um fator predeterminante no processo da implantação do Tratamento Diretamente Observado nas unidades básicas de saúde na cidade Manaus. É fundamental que o processo de trabalho em saúde seja pensando e remodelado. Faz-se necessário a ampliação do conceito de saúde e de doença para todos os envolvidos no cuidado em saúde, proporcionando uma percepção mais ampla de um modelo lógico de trabalho e que possa favorecero cuidado em saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os sentidos circulantes da prática gerencial nas Unidades Básicas de Saúde em Manaus que emergiram após a análise dos discursos de seus gestores permitiram o aprofundamento sobre o TDO da TB em consonância com a Vigilância em Saúde que permite a reestruturação e a reorientação do processo de trabalho ao reconhecer o território da unidade saúde como um conceito fundamental no processo saúde-doença-cuidado em saúde. Uma vez que a Vigilância em Saúde permite que os modelos assistenciais vigentes sejam repensados. Compreender a discursividade do cuidado ampliado para o paciente com TB permite compreender que a gestão do trabalho em saúde influência diretamente no Tratamento Diretamente Observado uma vez que que o processo de trabalho para o TDO precisa ser reorientado. As ações de controle e combate da TB necessitam ter os interesses dos seus usuários compreendidos, caracterizando a realidade da não fragmentação do cuidado em saúde. A prática do TDO necessita ser resultante de um encadeamento dos determinantes sociais, políticos, culturais do território da unidade de saúde. Enquanto gestores, os sujeitos dessa pesquisa, precisam repensar suas praticas gerenciais para a integração da Vigilância em Saúde. A prática gerencial do TDO precisa ser reorientada, a partir das práticas da Atenção Primária à Saúde. Reconhecer o território, as condições epidemiológicas, e o processo de trabalho são paradigmas que precisam ser discutidos para a reorientação dos discursos e das práticas dos gestores do TDO da TB.

3223 Esquizofrenia e Saúde Bucal na Atenção Básica: em busca da equidade
Luiza de Paula Sousa, Anya Pimentel Gomes Fernandes Vieira Meyer, Maria Cláudia Lima de Freitas

Esquizofrenia e Saúde Bucal na Atenção Básica: em busca da equidade

Autores: Luiza de Paula Sousa, Anya Pimentel Gomes Fernandes Vieira Meyer, Maria Cláudia Lima de Freitas

APRESENTAÇÃO: A constituição brasileira de 1988 criou o Sistema Único de Saúde, regido pelos princípios de Universalidade, Equidade e Integralidade. Entretanto, parcelas da população ainda não têm acesso aos serviços e à resolução dos seus problemas de saúde, aqui evidenciada, saúde bucal. Dentre os preteridos, estão os indivíduos com transtornos mentais, notadamente, pessoas com esquizofrenia, doença crônica que atinge cerca de 1% da população. Este transtorno normalmente inicia-se antes dos 25 anos de idade, afetando pessoas de todas as classes sociais. Observa-se, pois, que se trata de uma grande parcela da população brasileira, boa parte dela, usuária do SUS, que deve ser assistida em todas as suas necessidades de saúde, inclusive necessidades relacionadas à saúde bucal. Os pacientes com transtornos mentais parecem ser um subgrupo dentre as pessoas com deficiência, ainda mais afetadas pelo preconceito e pela negligência, pois a própria OMS também afirma que “as pessoas que enfrentam problemas de saúde mental ou deficiências intelectuais parecem ser mais desprovidas em muitos cenários do que aquelas que enfrentam deficiências físicas ou sensoriais” (WHO, 2012). As questões relativas ao acesso aos serviços de saúde, são marcadas, de uma maneira geral, por situações conflituosas, que angustiam trabalhadores, gestores e usuários. A realidade aponta uma dificuldade ainda maior de atendimento para o grupo de pacientes com necessidades especiais, quando a busca é por Atenção em Saúde Bucal. A partir do exposto, surgem vários questionamentos: Que tipo de atenção em saúde bucal está sendo oferecido aos pacientes com transtorno mental, em especial aos com esquizofrenia, na ESF? Qual a resolutividade desta estratégia na atenção em saúde bucal para tal clientela? Qual ao preparo, formação e/ou disponibilidade dos profissionais que atuam na ESF, enquanto trabalhadores de uma proposta ordenadora do cuidado?  Qual a opinião dos pacientes e/ou cuidadores acerca destas questões? Nesta perspectiva, esta pesquisa teve como objetivo geral, averiguar o acesso à atenção em Saúde Bucal oferecida aos pacientes com esquizofrenia, no âmbito da Atenção Primária, em Fortaleza, Ceará. Seus objetivos específicos foram: Investigar o grau de satisfação de pacientes com esquizofrenia e/ou seus cuidadores, em relação ao acesso à atenção à saúde bucal oferecida na Estratégia Saúde da Família em Fortaleza – Ceará; Identificar a formação e capacidade/competência técnica autorreferida dos cirurgiões-dentistas da Estratégia Saúde da Família de Fortaleza-Ce, para o cuidado, o atendimento e a resolutividade às demandas dos pacientes com esquizofrenia. Este trabalho objetiva mostrar um recorte da dissertação produzida, a partir da pesquisa realizada, evidenciando a percepção de pessoas com esquizofrenia entrevistadas, acerca da temática explicitada.  DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: tratou-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa (entrevistas estruturadas), em duas etapas (uma com profissionais da saúde bucal e outra com pacientes/cuidadores). A coleta de dados desta fase da pesquisa deu-se entre os dias 22 de abril e 26 de agosto de 2016, sendo realizada na sala de espera do ambulatório de atendimento aos pacientes com esquizofrenia e aos pacientes do ambulatório de Psicoses de Difícil Controle (PDC) do Centro de Estudos, Aperfeiçoamento e Pesquisa do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (Hospital de Messejana), em Fortaleza- Ce. Este hospital foi escolhido, por conveniência, por ser o maior, o mais antigo e o único hospital totalmente público que presta assistência aos pacientes com transtorno mental, em Fortaleza. Um total de 100 pacientes com esquizofrenia e/ou cuidadores foram entrevistados. Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tendo a pesquisa sido aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Secretaria Estadual de Saúde do Ceará (SESA), sob o parecer nº 1774.361, de 10 de dezembro de 2015, seguindo suas recomendações. Os aspectos éticos da pesquisa foram cumpridos de acordo com a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde. Os dados foram analisados na base eletrônica STATA 14.0. RESULTADOS: Apesar de terem sido pesquisados 100 pacientes, nem todos responderam a todas as perguntas. Destacou-se, dos dados obtidos na pesquisa, as seguintes informações: a idade média dos pacientes pesquisados é de 35,7 anos (DP±11,7); 67% são do sexo masculino; 60% se disseram pardas; 50 (50%) dos entrevistados são católicos; são nascidas na capital, 74,7% dos entrevistados; a imensa maioria dos pacientes, 84 (84%), é solteira e a média do número de filhos é de 0,5 filho por pessoa, com uma variação de zero a sete (DP± 1,1). Trinta e três deles têm o ensino fundamental incompleto, 39 % afirmam ter alguma profissão e 57 pessoas declararam renda de um salário mínimo. Noventa e cinco por cento já se consultou com dentista pelo menos uma vez na vida; 58 pessoas já procuraram o serviço de atenção primária perto de casa, para tratamento odontológico, mas só 50% destes (29 indivíduos) já conseguiu atendimento. A maior parte dos pacientes (88,7%) gostaria de realizar seu tratamento perto de casa. Boa parte dos pesquisados, 47,4% (n=97) disseram nunca ter tido qualquer informação, acerca do serviço de saúde bucal, dada pelo Agente Comunitário de Saúde; 34 (35%) pessoas afirmaram não conhecer este profissional de saúde. Os pacientes/cuidadores, 82,2% (79 de 96 que responderam à pergunta) não percebem o diagnóstico de esquizofrenia como um impedimento para serem atendidos na atenção primária. Os pacientes e seus cuidadores atribuíram uma pontuação baixa – 5,0 – quando questionados sobre a resolutividade e a atenção dada, por equipes saúde bucal na atenção básica. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este estudo apresenta a realidade da atenção em saúde bucal oferecida aos pacientes com esquizofrenia, sob a ótica dos que foram pesquisados. Reflete a qualidade do serviço de saúde bucal ofertado, para estes indivíduos, na Estratégia Saúde da Família de um município de grande porte (quinta capital do Brasil), e suas evidências poderão ser utilizadas na orientação de novas investigações com o intuito de melhorar a qualidade dessa atenção em circunstâncias semelhantes, sabendo-se do desafio que é ofertar bons serviços de saúde, respeitando-se o princípio da equidade do Sistema Único de Saúde. Sabe-se, também, que o conhecimento destes fatos é de extrema importância para auxiliar no adequado planejamento e condução de tratamentos direcionados aos pacientes com esquizofrenia, que vale lembrar, afeta cerca de 1% de toda a população mundial. É necessário, portanto, que haja uma reavaliação das práticas de saúde vigentes, no que tange ao atendimento de indivíduos com transtornos mentais, em especial ao paciente com esquizofrenia. Uma reorientação se faz necessária, no sentido de oferecer uma atenção integral, com base no “olhar ampliado” dos determinantes sociais de saúde e pautada em ações de promoção de saúde geral. Os dados apontam, pois, para necessidade de melhorias no acesso e resolutividade da atenção em saúde bucal de pacientes com esquizofrenia. Para tanto, as Equipes de Saúde Bucal precisam ser melhor capacitadas, com a garantia de insumos e equipamentos indispensáveis ao atendimento desta e de outras populações de risco.