85: A formação em saúde no encontro com as diferenças
Debatedor: A definir
Data: 31/05/2018    Local: FCA 02 Sala 05 - Guariba    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
558 CONSTRUINDO POSSIBILIDADES EM BOURDIEU PARA ANÁLISE DO CAMPO DA ENFERMAGEM
tarciso feijó da silva, Helena Maria Scherlowski Leal David, Fabiana Ferreira Koopmans, Donizete Vago Daher

CONSTRUINDO POSSIBILIDADES EM BOURDIEU PARA ANÁLISE DO CAMPO DA ENFERMAGEM

Autores: tarciso feijó da silva, Helena Maria Scherlowski Leal David, Fabiana Ferreira Koopmans, Donizete Vago Daher

Objetivo: compreender e estabelecer relação de sentido entre os conceitos fundamentais de Pierre Bourdieu e o campo da Enfermagem. Metodologia: estudo de natureza reflexiva realizado a partir do conteúdo teórico utilizado na disciplina de Pierre Bourdieu e a produção social da cultura, do conhecimento e da informação do curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do II Seminário “Pierre Bourdieu e a produção social da cultura, do conhecimento e da informação”.    Resultados: O campo da Enfermagem foi identificado como um espaço onde são construídos saberes e desenvolvidas práticas em torno dos objetos que justificam sua existência. O lugar ocupado pelos profissionais neste campo, por sua vez, depende da aquisição de capital e de sua acumulação por parte dos profissionais inseridos no mesmo. Conclusão: os conceitos do teórico contribuíram para revelar outras possibilidades e construir novos sentidos para a construção conhecimentos que contribuem para análise da Enfermagem.  

2121 A FORMAÇÃO MÉDICA E AS DIVERSIDADES DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Judith Barroso Queiroz

A FORMAÇÃO MÉDICA E AS DIVERSIDADES DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Autores: Judith Barroso Queiroz

Trabalhar a educação em saúde no âmbito da Atenção Primária em relação à diversidade cultural das relações étnico-raciais estimulando a análise crítico-reflexiva no contexto da formação em saúde, promovendo o respeito à diversidade étnico – racial da população indígena. Possibilitar aos discentes postura ética, respeitosa e destreza técnica com precisão na aplicação das manobras e procedimentos da anamnese e exame físico considerando a diversidade étnicoracial. OBJETIVOS: Incluir dimensões ética e humanística, desenvolvendo, no aluno, atitudes e valores orientados para a cidadania ativa multicultural e para os direitos humanos; promover a integração e a interdisciplinaridade em coerência com o eixo de desenvolvimento curricular, buscando integrar as dimensões biológicas, psicológicas, étnico-raciais, socioeconômicas, culturais, ambientais e educacionais; vincular, por meio da integração ensinoserviço-comunidade, a formação médico-acadêmica às necessidades sociais da saúde no âmbito da Atenção Primária. DESENVOLVIMENTO: A atividade foi realizada para atender a necessidade da população indígena imigrantes da Venezuela, da etnia Warao que vem adentrando no Brasil em decorrência da crise em que se encontra aquele país, e estão atualmente no Abrigo de Acolhimento às Famílias em situação de vulnerabilidade social e tem como referência de atendimento à saúde na atenção primária a UBS Ivone Lima dos Santos que é unidade escola, na qual estão inseridos os discentes do internato em pediatria da UFAM. RESULTADOS: Os trabalhos foram iniciados em Junho de 2017, pela preceptora acompanhada dos alunos do Internato e residente em Pediatria, com apoio de uma tradutora, da mesma etnia, de 28 crianças apresentando desnutrição, verminoses, pneumonia, tuberculose, dermatites ocasionadas por problemas de higiene, todas patologias inerentes às condições sócio-econômicas nas quais essa população está inserida. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As ações estão em continuidade, e sendo de grande aprendizado para todos, a partir da vivência prática com os costumes, crenças, comportamentos, bem como, medos e anseios dessa população indígena, promovendo reflexões analítico-críticas sobre a necessidade de preparação às diversidades étnico-raciais.  

2463 Conhecer para prevenir: Fatores de risco no assédio entre estudantes de medicina
Wallisen Tadashi Hattori, Matheus Cesar Vieira Barros, Bruna Carolina de Oliveira, Danielly Beatriz Silva Pereira, Camilla Guimarães Souza, Mariana Hasse

Conhecer para prevenir: Fatores de risco no assédio entre estudantes de medicina

Autores: Wallisen Tadashi Hattori, Matheus Cesar Vieira Barros, Bruna Carolina de Oliveira, Danielly Beatriz Silva Pereira, Camilla Guimarães Souza, Mariana Hasse

O assédio é um problema social bem conhecido, com prevalência elevada registrada em diversas esferas e tem sido amplamente investigado por suas implicações pessoais e coletivas. A relação entre pares e docentes durante um curso de graduação pode conferir possibilidades de ocorrência do assédio, dadas as desigualdades e/ou hierarquizações destas relações interpessoais. Atores do assédio envolvem colegas de turma, veteranos, docentes e técnicos administrativos, em proporções distintas. Fatores de risco associados ao assédio são sexo e/ou gênero, idade e raça/cor da pele ou etnia. Buscamos identificar os fatores de risco do assédio entre acadêmicos do curso de medicina de uma universidade federal brasileira, com o intuito de conhecer e sugerir estratégias de prevenção deste comportamento indesejado. Observamos que mulheres estão mais expostas aos episódios de assédio, assim como estudantes do primeiro ciclo do curso (quatro primeiros semestres). Visto que estes fatores de risco são importantes preditores das ocorrências do assédio e da severidade do trauma gerado por esta experiência, especialmente quando associado com a ausência de apoio social e outros fatores estressantes da vida cotidiana comum ao estudante de medicina, entendemos que estes resultados permitem trabalhar políticas de promoção do cuidado em nível institucional para prevenir futuros episódios de assédio. Além disso, visto que a literatura tem apontado para relações negativas entre ocorrência de maus-tratos e o bom desempenho acadêmico e estabilidade emocional, é importante preparar o estudante com práticas educacionais e promover o desenvolvimento da rede social desde os primeiros períodos do curso, o que pode contribuir para melhora significativa.

2519 Produção de sentidos e diversidades expressivas na formação interativa e interdisciplinar na saúde
Marianne Guimarães Villela, Nathany Marcelle Goulart, Carla Pontes de Albuquerque

Produção de sentidos e diversidades expressivas na formação interativa e interdisciplinar na saúde

Autores: Marianne Guimarães Villela, Nathany Marcelle Goulart, Carla Pontes de Albuquerque

Apresentação: A estrutura do ambiente universitário inserida na lógica capitalista preconiza a instituição de conhecimento material detentor de uma funcionalidade submetida essencialmente às demandas de mercado, secundarizando assim a implementação de tecnologias relacionais que colocam como elemento central de seu trabalho as potencialidades do indivíduo na sua singularidade em sua relação com o território. Baseando-se na premissa de que os modos de construção do conhecimento e cuidado estão completamente atrelados às experiências cotidianas nos mais diversos ambientes, este projeto de extensão busca traçar uma cartografia dos múltiplos fluxos que compõem esses cenários, tendo como formato das ações interferências em diferentes campus da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, iniciadas no ano de 2016. Desenvolvimento: As atividades contavam com a instalação de um varal expressivo, contendo uma faixa com a frase ‘’O QUE A UNIVERSIDADE SIGNIFICA PRA VOCÊ?”, papeletas e canetas coloridas à disposição. Discentes, docentes, funcionários técnicos e demais pessoas interessadas do local eram convidadas a participar, confeccionando nas tarjetas de papel individuais as reflexões advindas do mote problematizador exposto naquele momento, podendo-se utilizar o formato que desejassem (escrita, poesia, desenhos, etc). Foram totalizadas cerca de 230 participações até o mês de julho de 2017. No entanto essa contabilização certamente ultrapassa os dados numéricos das tarjetas, uma vez que as inúmeras negativas à interação trazem no silêncio perante essa provocação parte essencial de sua análise. Após cada uma das atividades o material confeccionado foi estudado, tendo suas contribuições escritas organizadas com o recurso digital da nuvem de palavras, exibindo em uma escala visual por tamanho as palavras presentes nessa composição, divididas por dia de atividade em cada campus da Universidade. As contribuições em formato de desenhos serão expostas em dado momento planejado. Resultados: À partir desse processo dois movimentos principais e complementares puderam ser observados. O primeiro envolvendo a experiência como um todo, é relativo à observação da diversidade e complexidade de perspectivas, expectativas e demandas indivíduo-coletivas acerca das questões envolvidas no contexto da Universidade, em seu sentido mais amplo que extrapola os muros acadêmicos. Outra análise, quanto ao próprio processo de aprendizado das facilitadoras do projeto, foi a compreensão de como o exercício da escuta permite ampliar e sensibilizar olhares para os indivíduos na sua integralidade, algo cada vez mais difícil de se alcançar em um processo de trabalho e aprendizado que não busca desenvolver a subjetividade na sua construção. Conclusão: Entender o encontro em si como espaço viabilizador de trocas e reflexão não só permite depreender que processos de formação, trabalho e cuidado podem se dar concomitantemente às barreiras estruturais hegemônicas, como também ser ele lugar onde se podem tecer e fortalecer redes que permitam modificar esses modelos a serem superados.

3173 Para além da técnica: contribuições do pensamento de Martin Heidegger para a formação do psicólogo clínico
Cleison Guimarães

Para além da técnica: contribuições do pensamento de Martin Heidegger para a formação do psicólogo clínico

Autores: Cleison Guimarães

Embora a psicologia clínica ocupe um espaço bastante consolidado no campo das práticas psicológicas, consideramos que a formação do psicólogo clínico ainda é um tema não suficientemente tematizado nos contextos acadêmico e profissional. Neste trabalho pretendemos dirigir a reflexão na direção de alguns aspectos que perpassam a formação do psicólogo clínico a partir das contribuições de uma perspectiva fenomenológico-existencial, entendendo que essa formação ocorre, inevitavelmente, a partir da experiência do psicólogo, sendo esta, a experiência, aquela que embasará toda a pesquisa e reflexão. No sentido oposto ao cenário cientificista que ainda prevalece no campo da psicologia, a perspectiva abordada aqui aponta para uma atitude fenomenológica, a qual contraria a atitude natural, esta que subsidia, em grande parte, o aporte epistemológico cientificista sobre o qual a psicologia se pautou desde quando se afastou do campo da filosofia, passando a adotar o paradigma científico. Contrariamente à dimensão científica da psicologia, a perspectiva fenomenológica com base na fenomenologia hermenêutica heideggeriana, considera a ideia de um Dasein que existe num horizonte de abertura de sentidos e sobre o qual não caberia qualquer determinação, como apontam os pressupostos de uma ciência que adota como critérios de rigor a objetividade, generalização, controle e previsibilidade. As reflexões feitas, as quais, na verdade, as considero mais como interrogações e estranhamentos que desejo partilhar com aqueles envolvidos com o tema, dizem respeito ao âmbito da formação de psicólogos. Como já apontamos a marca tecnicista através a formação do psicólogo, e em termos heideggeriano, podemos apontar a presença de um pensamento calculante, o qual se caracteriza pelo cálculo; e ainda que tal pensamento não se opere com máquinas e números, envolve o planejamento e calcula, por isso ele torna-se adequado aos afazeres e práticas cotidianas, que pedem urgência, eficiência e rapidez na eliminação do sofrimento. Mas, é importante frisar que durante a prática psicoterápica estamos lidando com a complexidade de um ser que atribui sentidos à sua existência e, portanto, singular. Assim, haverá, sempre, algo que ficará de fora do representado, o imponderável, aquilo que não se prevê e nem se deixa controlar; melhor dizendo, algo não dito e cujos sentidos se desvelam à medida que somos-no-mundo. Entretanto, ao se adotar uma perspectiva fenomenológica - nesse caso, a fenomenologia hermenêutica heideggeriana - tal propósito calculante perde o sentido, uma vez que essa perspectiva aborda o Dasein na sua irredutível condição de indeterminação e poder-ser; com isso, afasta-se radicalmente dos critérios tradicionais de cientificidade. Com isso, algumas interrogações daí se originam: como ocorre a formação de um psicólogo clínico nesta perspectiva, sabendo-se que a atitude fenomenológica representa um modo-de-ser e, portanto, inacessível a qualquer objetivação? Até que ponto é possível desenvolver uma atitude que se ampara na experiência, e que se dá, originariamente, na existência, sabendo-se que esta é fluida, provisória e impossível de ser objetivada? Além do que, esta atitude, como é sabido por aqueles que se identificam com as perspectivas fenomenológicas e existenciais, não se alcança exclusivamente por meio das teorias psicológicas, das filosofias, mas, sobretudo, da reflexão meditante sobre a experiência de ser-no-mundo. Como, então, lidar com a atitude natural que perpassa, de uma maneira geral, a maioria dos currículos do curso de psicologia e que inevitavelmente, incide nas práticas psicológicas clínicas? Como sensibilizar o aprendiz de psicoterapeuta no sentido da desconstrução de um saber técnico sobre o qual a Psicologia, como ciência e profissão, se encontra, tradicional e historicamente assentada? Enfim, como desenvolver uma atitude fenomenológica sem que esta corra o risco de se transformar em mais uma técnica? Para isso, é pertinente questionar o uso do termo "formação", no contexto da perspectiva em questão. O que significa "formar"? Neste trabalho o termo formação é entendido como um processo, o qual comportaria, sem dúvidas, a concepção de uma experiência existencial, de um poder-ser, portanto, inacabada. Nesse sentido apontamos como contribuição a formação o que Heidegger chama de compreensão e pensamento meditante através da prática da serenidade e de atitude fenomenológica. Inicialmente, refletir uma proposta de prática clínica a partir do pensamento de Heidegger é propor uma ação clínica pautada num pensar profundo na busca de significados últimos e sem pressa, na busca da compreensão enquanto ato de pensar que também busca o significado dos acontecimentos, mas não de forma genérica. A compreensão emerge e responde às urgências da vida, partindo da concretude da existência e retornando a ela. Um caminho de reflexão propõe um modo de abertura traduzido como serenidade. A serenidade, portanto, constitui o pensamento meditante o qual nos solicita a uma atenção livre de qualquer violência subjetiva, isto é, de qualquer identificação a um aspecto exclusivo das coisas. Tomando como referência as ideias refletidas até aqui, podemos dizer que escolher um caminho profissional pautado na perspectiva fenomenológico-existencial implica um determinado olhar sobre os entes e o mundo. Um olhar que interroga, que não aceita, passivamente, as verdades instituídas. Um olhar que na clínica, por exemplo, não adota, sem questionar, os rótulos instituídos pelos campos de saber que costumam nomear e classificar, de forma generalizada, o sofrimento, de acordo com os seus manuais de transtorno mentais, já tão bem assimilados pelo senso comum. A atitude fenomenológica se ancora num modo-de-ser, e portanto, se faz a cada momento da experiência. Com isso, pensamos que a formação trataria de criar espaços nos quais esse olhar que interroga pudesse se expressar e, sobretudo, sustentar as tensões que essa forma de ser e de um não-saber, favorecem. Proponho que um caminho primordial na formação sobre a qual refletimos, seria exercitar um fazer-saber pautado na experiência singular, exercitando o pensamento meditante, uma vez que o pensamento que calcula não é um pensamento que medita, não é um pensamento que reflete sobre o sentido que reina em tudo que existe. Para Martin Heidegger, o caminho do pensamento que medita sobre o sentido das coisas também não representa um caminho fácil, e afirma que um pensamento que medita surge tão pouco espontaneamente quanto o pensamento que calcula. O pensamento que medita exige, por vezes, um grande esforço. Requer um treino demorado. Carece de cuidados ainda mais delicados do que qualquer outro verdadeiro ofício. Contudo, tal como o lavrador, também tem de saber aguardar que a semente desponte e amadureça. Ao final dessas reflexões constatamos que muitas questões foram lançadas, pensadas e refletidas. Não queremos dar respostas conclusivas e definitivas, como era de se esperar, uma vez que estamos tratando de uma prática clínica que representa muito mais uma postura do que a aplicação de teorias e técnicas psicológicas. Portanto, as reflexões empreendidas aqui visam a enriquecer o diálogo e a interlocução entre todos os que compartilham as preocupações surgidas no âmbito da formação de psicólogos.

3478 PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-SOCIEDADE (PIESS): possibilidades para uma nova formação em medicina
Katia Cordeiro Antas, Márlon Vinícius Gama Almeida

PRÁTICAS DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-SOCIEDADE (PIESS): possibilidades para uma nova formação em medicina

Autores: Katia Cordeiro Antas, Márlon Vinícius Gama Almeida

APRESENTAÇÃO: A medicina é uma profissão milenar, cuja prática tem sido revisitada inúmeras vezes, em busca de novas configurações, muitas vezes motivadas pela busca por uma ampliação da compreensão do corpo humano e, no último século, pelo avanço das tecnologias de um modo geral. Neste contexto, recentemente, com o intuito de aprimorar ainda mais a formação médica e na tentativa de sanar algumas pendências na atuação profissional, sobretudo no que tange à produção do cuidado e trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Educação (MEC) publicou uma nova versão das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina (DCN) em 2014. Dentre as várias e importantes propostas das DCN, destaca-se a que se refere à inserção do estudante de medicina na comunidade desde o início do curso, para que o mesmo seja sensibilizado para compreensões sobre os aspectos socioeconômicos e culturais do processo saúde-doença-cuidado. Assim, o presente estudo tem como objetivo relatar a experiência de um grupo de professores na edificação de uma atividade que esteja de acordo com a inserção na comunidade à luz das novas DCN em uma universidade federal no interior baiano. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: No curso de medicina da Universidade Federal do Vale do São Francisco, do Campus de Paulo Afonso/BA, a atividade que visa integrar o estudante o mais precocemente possível à comunidade recebeu o nome de Práticas de Integração Ensino, Serviço e Sociedade (PIESS) e está presente do primeiro ao oitavo períodos, com uma carga horária de 60 horas semestrais. Neste cenário, ao mesmo tempo em que utiliza o campo de prática para aprendizagem, o estudante produz conhecimento e serviço de saúde para a população. RESULTADOS: Em PIESS os discentes têm contato com inúmeros conteúdos e discussões acerca da formação para o SUS, suas políticas e elementos constitutivos, elementos diversos da Saúde Coletiva, com ênfase para a epidemiologia e planejamento em saúde, estratégias de educação permanente, práticas de cuidado e racionalidades médicas, entre outros, que os fazem avançar significativamente na sua compreensão sobre o contexto de fazer saúde além da clínica tradicional. A partir desta atividade, o estudante de medicina obtém inúmeras vantagens em seu processo de formação, em relação à formação profissional comum. Uma primeira e muito importante delas, refere-se ao contato com as distintas realidades, em espaços extramuros à universidade, que os levam a pensar o usuário para além do consultório, da relação estritamente cartesiana entre médico e paciente, passando a compreendê-lo como sujeito inserido numa gama de determinantes sociais e condicionantes da saúde. Ou seja, desenvolve-se uma perspectiva na contramão da vertente individualizante e biologista, do sujeito e da sua doença. Outro desdobramento positivo em relação a esta atividade é a provocação de uma sensibilização para situações outras que muitas vezes não constam nos manuais da saúde, através de uma maior aproximação com realidades diversas e atravessadas por vários fatores de cunho social, político, econômico, geográfico, culturais e financeiros, que permitem outras e diferentes compreensões acerca da produção de adoecimentos e melhorias na qualidade de vida. Pode-se afirmar que a presença desta atividade proporciona o contato e a discussão de temas paralelos e transversais à formação médica que possibilitam ou devem possibilitar uma maior compreensão e, consequentemente, um melhor exercício profissional que se mostre mais sensível em relação aos modos de prevenir doenças e agravos e promover saúde. Todavia, este processo de mudanças e ampliação da formação médica, por sua vez, apresenta-se também com uma série de entraves e desafios, que vão desde questões sobre uma certa resistência a este novo modo de se pensar e praticar o exercício da medicina, seja por limitações das instituições e/ou dos profissionais, seja por uma não concordância com este modelo, por parte dos envolvidos. A formação acadêmica é uma primeira grande dificuldade. Muitos docentes e discentes se surpreendem ao ingressar no curso e se deparar com esta atividade. Alguns não se identificam com esta discussão, outros a consideram muito distante da sua formação (no caso dos docentes) ou não compreende como necessário (como no caso dos discentes). Uma dificuldade que tem sido encontrada, ao menos no curso de medicina no campus de Paulo Afonso/BA da UNIVASF, é a contratação de profissionais médicos especialistas em Medicina da Família e Comunidade, sobretudo por seu diálogo afim com as questões aqui apontadas e sua importância na edificação de um projeto pedagógico pioneiro e mais próximo da população. Também tem sido presenciado algumas pequenas interferências no que concerne ao acesso à rede de serviços em saúde, como resultado de uma compreensão incompleta sobre a existência e/ou a importância de uma faculdade de saúde na região. Este é um processo em construção, onde ambas as partes, universidade e rede de serviços, precisam dialogar e encontrar o ponto de equilíbrio de modo que as duas possam se beneficiar desta relação. É um desafio, também, a pouca ou nenhuma sensibilização para a importância e contribuições da atividade de PIESS no contexto acadêmico e comunitário. Tanto da parte de docentes como de discentes, há uma compreensão equivocada e reduzida do que de fato é proposto nesta atividade e, mais fundamental, o motivo pelo qual ela é ofertada. Este tem se configurado com o maior empecilho no exercício desta atividade, uma vez que o curso supracitado dispõe de poucos docentes disponíveis a contribuir com esta discussão, sobretudo, por parte dos docentes médicos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Entretanto, pode-se afirmar que tais elementos têm sido o grande diferenciador no processo de formação médica, sobretudo, quando comparado a cursos anteriores às novas DCN. Oferecer ao discente a oportunidade de ser inserido na comunidade na qual faz a sua formação e conhecer os seus modos de produção de saúde-doença-cuidado, é de uma riqueza ímpar! De fato, acredita-se que esta é uma contribuição muito significativa e que pode, realmente, ser determinante no processo de formação de um profissional da medicina, que atenda, aimda assim, ao que é preconizado no art. 3º das DCN, quando menciona que “o graduado em medicina terá formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde”[A]. Por fim, acredita-se que a atividade de PIESS pode sim, ser uma aliada nesta busca para formar profissionais com uma visão mais ampliada e completa sobre o processo saúde-doença-cuidado e, mais do que isso, com uma melhor compreensão do que realmente significa ser um profissional médico neste país com todas as particularidades e desigualdades., e que, ainda assim, é dono de um dos mais admirados e completos sistemas públicos de saúde.

3631 Uma conversa sobre a desobediência civil na execução das políticas de saúde e a formação em saúde
Ândrea Cardoso Souza, Ana Lúcia Abrahão, Francisco Leonel Fernandes

Uma conversa sobre a desobediência civil na execução das políticas de saúde e a formação em saúde

Autores: Ândrea Cardoso Souza, Ana Lúcia Abrahão, Francisco Leonel Fernandes

Um trabalho da maior magnitude que se coloca para todos aqueles concernidos em fazer avançar e prevalecer os princípios civilizatórios das reformas sanitárias (o Sistema Único de Saúde, mais concretamente) e a psiquiátrica é o de examinar suas vulnerabilidades, sobretudo aquelas visadas por seus inimigos e manipuladas por eles. A importância dessa formulação se justifica por ela mesma, especialmente considerando a experiência e seu efeitos que os últimos acontecimentos que atingem as redes de saúde, no período de 2016 e 2017, seus programas e ações têm provocado em todos que trabalham para a consolidação das mesmas. A complexidade de tal tarefa envolve desde a exigência de nos reposicionarmos politicamente, revermos as estratégias argumentativas de justificação, avaliarmos as estratégias e as táticas em curso nos enfrentamentos atuais, até reexaminarmos certos fundamentos teóricos e práticos das ações a luz dos resultados obtidos nestes anos de esforço em implementar o SUS e a Reforma Psiquiátrica. Evidentemente, nem de longe nos ocorre ensaiar encaminhar tal tarefa, ela concerne a muitos e é muito ampla, embora fosse bem-vinda, nos parece, esforços no sentido de pelo menos elencar seus principais termos. O que propomos nesse trabalho, no entanto, situa-se no escopo dessa pretensão, porém com um foco mais bem definido e localizado numa pequena questão que, pelo fato de ser pequena, não significa ser sem importância, pelo contrário. O que vamos examinar e colocar em discussão diz respeito a um aspecto central nas duas reformas, de certo modo um dos pontos que as ata de maneira substantiva: a questão do vínculo e sua articulação com uma “ética colaborativa e de solidariedade” como central na implementação dos cuidados em todos os níveis da organização da saúde, mas, em particular na Atenção Básica e nos dispositivos das redes de Saúde Mental. O que visaremos será, a partir de uma casuística mínima, e de uma certa genealogia, ressaltar os principais pontos de impasse e de resistência à essa ética especialmente no nível mais próximo da execução dos cuidados junto à população neles concernida. Para tanto, exploraremos os resultados que atingimos com a metodologia “Sombra” de acompanhamento dos usuários em relação aos cuidados por ocasião de pesquisas que realizamos no contexto dos Projetos PET- Saúde que realizamos em Niterói em suas redes de saúde. O objetivo deste estudo consiste na discussão teórica/metodológica sobre a articulação de modos de agir e cuidar no campo da saúde, a partir da construção de um arranjo pedagógico e de investigação denominado “sombra”. Um arranjo que emerge da articulação interprofissional, usada na constituição do Pró- Saúde e Pet-Saúde na Universidade Federal Fluminense, no município de Niterói. Trabalhar na busca por constituir formas de ensinar/aprender, significa operar e agir sobre conceitos e sobre o campo de experiência que se coloca como um problema do experimentar na existência, pois estamos imersos no mundo do trabalho e do cotidiano dos serviços. Articular vínculo e responsabilidade dos sujeitos envolvidos com a produção do cuidado pode ser um movimento de produzir maneiras de ensinar com outros sentidos e significados. Algo que o arranjo “sombra”, como ferramenta pedagógica apresenta-se potente na dinâmica de ensinar e estabelecer territórios em que a experiência no trabalho se torna capaz de produzir indícios para a construção de projetos terapêuticos e de ensinar que produzam sentido e responda de forma significativa as questões sobre o cuidar e o formar profissionais em saúde. Como Sombra, ou seja, aquele que segue por toda parte, aluno, professor, usuário e profissional de saúde, identificam indícios que permite, por este arranjo experimentar o processo de saúde/doença a partir da dinâmica da vida. Identificando elementos pedagógicos para a construção de vínculo e responsabilidade, na centralidade do usuário para a produção do cuidado. Na proposta de elaboração do arranjo que denominamos de Sombra, reconhecemos que a aproximação do aluno com o usuário pode se constituir na produção de vários encontros entre sujeitos. Produzindo mediações entre o ensino, o cuidado, e a pesquisa. Este exercício opera como mediação entre acontecimento e estrutura formativa, ressaltar aquilo que se estabelece na vida e aquilo que os serviços reconhecem como assistência à saúde, uma ferramenta de pesquisa e também pedagógica. Podendo ser empregada em diferentes estágios da formação e em diferentes serviços com objetivos que guardam a potencia de expansão do modo de cuidar, centrado no usuário. Articular vínculo e responsabilidade dos sujeitos envolvidos com a produção do cuidado pode ser um movimento de produzir maneiras de ensinar com outros sentidos e significados. Formação e serviço articulam inúmeras experiências que enfrentam no dia-a-dia, a necessidade de recriar suas práticas e de dar-lhes fundamento e legitimidade social, algo colocado em análise pelo dispositivo sombra. Formar profissionais o mais próximo da realidade dos usuários, com participação ativa sobre os problemas e necessidades que estão postas na vida, é o principal motor deste processo e convoca profissionais, usuários, alunos e docentes a vivenciar uma permanente tensão entre cuidar/ensinar. O encontro entre o trabalhador de saúde, o aluno, usuário e familiares  revela-se como o principal foco de intercâmbio pedagógico, configurando-se como um cenário produtor de conhecimento e de questões para investigação, além do exercício do cuidado em saúde. Algo que remete ao desafio de construir estruturas pedagógicas que sejam capazes de produzir cuidado e conhecimento a partir do mundo do trabalho e das redes de atenção. A metodologia utilizada pelo Programa de Educação pelo Trabalho /UFF- Niterói configurou-se num arranjo em que a experiência no trabalho se torna capaz de produzir indícios para a construção de projetos terapêuticos e de ensinar produtores de sentido com respostas significativas as questões sobre o cuidar e o formar profissionais em saúde. As narrativas produzidas pelos estudantes em articulação com o usuário, nos percursos pelas redes de saúde de Niterói, apontam indícios de uma tensão constitutiva do plano do cuidado na construção de uma prática colaborativa entre os serviços, resultando em uma lógica de desmonte de uma prática que começava a se instituir de modo solidário e centrado nas necessidades de saúde do usuário.

4147 Diferentes níveis no crescimento acadêmico contribuindo para a formação do conhecimento.
Izaías Gomes Gomes da Silva Junior, Déborah Laredo Jezini, Elyson Enrique Campos de Moraes, Luciana Costa Pinto da Silva, Luana Sanches da Costa, Juliana Rabelo Balestra, Marineide Santos De Melo, Maria Polyanna Ferreira Rebouças

Diferentes níveis no crescimento acadêmico contribuindo para a formação do conhecimento.

Autores: Izaías Gomes Gomes da Silva Junior, Déborah Laredo Jezini, Elyson Enrique Campos de Moraes, Luciana Costa Pinto da Silva, Luana Sanches da Costa, Juliana Rabelo Balestra, Marineide Santos De Melo, Maria Polyanna Ferreira Rebouças

Apresentação: A metodologia ativa coloca os estudantes da graduação como principais agentes de seu aprendizado. Nela, o estímulo à pesquisa, estudo, entre outros, é orientado pelo professor que conduz a aula, mas o centro desse processo é, de fato, o próprio aluno. A grande proposta desse método é aperfeiçoar a autonomia individual do estudante, desenvolvendo-o como um todo. No realto, é abordada a metodologia utilizada nas aulas práticas de endocrinologia realizadas em um hospital universitário. Desenvolvimento: Matriculados na matéria de Endocrinologia os alunos foram instruídos, já na primeira aula prática, a respeito da metodologia que foi usada para somar à nota final, coube ao aluno pesquisar por um artigo cientifico na área médica relacionada à da disciplina e apresenta-lo. As apresentações foram realizadas ao termino de cada aula prática e a ordem foi discutida entre os alunos, desde que apresentasse um seminário por aula. O artigo utilizado não pôde ser de revisão, mas um artigo original que não houvesse qualquer tipo de conflito de interesse, por exemplo, com indústrias farmacêuticas. Além disso, o artigo passou pela aprovação da orientadora antes de ser apresentado. Por isso, a importância deste material ser retirado de plataformas bem conceituadas e, de preferência, publicado em revistas de alto impacto científico. Após a escolha do artigo e posterior aprovação para ser usado na metodologia, a forma de apresenta-lo foi através de um seminário, após a aula prática, ministrado para a orientadora, os demais alunos e internos que coincidentemente estivessem em atividade no ambulatório de endocrinologia no dia. A duração da apresentação durava em média dez minutos e após o término era feita uma discussão entre todos os presentes, acadêmicos matriculados na matéria, internos e professora. Também coube ao aluno construir uma resenha, de no máximo uma página, sobre o artigo. Resultados: A participação dos internos, dos demais alunos e da doutora possibilitou a construção de um conhecimento, onde vários agentes de diferentes níveis de crescimento acadêmico puderam, entre si, trocar informações, de uma maneira orquestrada pela docente. Tal atividade contribuiu para o intercambio de pontos de vista sobre o assunto abordado na apresentação, desde uma análise mais complexa oriunda dos mais experientes, como o da orientadora e os internos, como dos demais acadêmicos. Este fenômeno permitiu inúmeras descobertas contribuindo para o aprendizado. Além disso, a busca pelo artigo ideal e construção do seminário contribuiu para a construção da autonomia de estudos dos acadêmicos. A entrega de uma resenha sobre o artigo contribui para aprimorar a capacidade do aluno de pontuar os aspectos mais importantes do mesmo. Considerações finais: A educação engloba os processos de ensinar e aprender, a metodologia ativa é só mais uma concepção educacional na qual reorganiza os papeis mecânicos do método padrão de ensinar que consiste em apenas no professor conduzir a aula.

4886 A formação de enfermeiros para a gestão e a potência da prática baseada em evidências: um relato de experiência
Michelle Kuntz Durand, Denise Antunes de Azambuja Zocche, Denise Antunes de Azambuja Zocche, Andreia Cristina Dall'Agnol, Andreia Cristina Dall'Agnol

A formação de enfermeiros para a gestão e a potência da prática baseada em evidências: um relato de experiência

Autores: Michelle Kuntz Durand, Denise Antunes de Azambuja Zocche, Denise Antunes de Azambuja Zocche, Andreia Cristina Dall'Agnol, Andreia Cristina Dall'Agnol

Introdução: A atuação de profissionais enfermeiros perpassa dimensões variáveis condizentes com suas experiências profissionais e muitas vezes norteados por suas práticas cotidianas. Enfermeiros com bom desempenho assistencial e frágeis na gestão e gerenciamento de enfermagem ou o inverso, expressam uma visível dificuldade de articulação entre as dimensões gerencial e assistencial. Neste contexto, o enfermeiro que está na administração tende a valorizar esta ação como uma proposta que subsidia a viabilização do cuidado, por outro lado, quem está inserido na assistência e/ou no cuidado tende a menosprezar atividades de gestão e gerenciamento, atribuindo-lhe um cunho burocrático e de menor valor. Neste sentido, o ensino das habilidades e competências para exercer a gestão dos serviços hospitalares e o gerenciamento das ações de enfermagem abrange quatro complementares dimensões: administrativa, assistencial, investigativa e educativa, que quando articuladas constituem um instrumento potencializador da reorientação dos serviços, uma vez que o estudante, ao buscar evidências para fundamentar e qualificar suas ações dá visibilidade para o conhecimento produzido por seus pares, fortalece sua autonomia, trabalhando de tal modo para o envolvimento dos atores envolvidos, engendrando um processo de ação-reflexão-ação. No Estágio Supervisionado I, disciplina da nona fase do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina, são propostas o desenvolvimento dessas quatro dimensões distribuídas por meio de atividades que estejam associadas às demandas de promoção da saúde, articuladas entre si e desenvolvidas no âmbito hospitalar. Objetivo: Ressaltar a importância do estágio supervisionado como estratégia de fortalecimento do uso de evidências científicas no desenvolvimento de habilidades e competências para a gestão dos serviços de saúde e gerenciamento em enfermagem. Desenvolvimento do trabalho: Relato de experiência descrito por meio da vivência de professores da disciplina Estágio Supervisionado do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina nos semestres 2017.1 e 2017.2. O cenário onde as atividades práticas relatadas são desenvolvidas trata-se de um hospital público localizado na região oeste do estado de Santa Catarina. Resultados e/ou impactos: A integração ensino-serviço é um processo de transformação de serviços e profissionais além de fomentar a produção do conhecimento. Assim, o aprender - fazendo se faz entre os plantões diários, nos exercícios constantes de reflexão e nos estudos de caso, os quais propiciam a produção de um fazer fundamentado em evidências. Neste cenário, tais reflexões podem repercutir no processo ensino-aprendizagem para a mobilização de competências na solução de problemas cotidianos, quer sejam eles de cunho assistencial ou gerencial. Desta forma, embasados nas Diretrizes Curriculares Nacionais as quais direcionam instituições de ensino superior para a formação de competências e habilidades gerais de profissionais da saúde atualizados e condizentes com as políticas nacionais de educação, buscamos direcionar nossas práticas embasados em um ensino dialógico o qual permite aos acadêmicos competências, como atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento assim como a educação permanente como ferramenta de aprendizagem e fortalecimento. Dessa forma, como a maioria das competências apontadas pode ser caracterizada como competências gerenciais, o presente trabalho busca descrevê-las e relacionar os conhecimentos necessários para a formação e desenvolvimento dessas competências. Essa classificação trouxe algumas reflexões conceituais que permitem analisar o trabalho do enfermeiro e as relações entre gerência e assistência. Para tanto, a busca de evidências, por meio da dimensão investigativa, mobiliza saberes que podem contribuir no desenvolvimento de práticas educativas, ou seja, o exercício de uma prática reflexiva que articula o mundo do trabalho com a academia, aproximando o processo de formação dos acadêmicos das verdadeiras demandas dos serviços. O desenvolvimento de atividades que articulem as quatro dimensões aprimora as habilidades necessárias para a tomada de decisão, para o raciocínio clínico e comunicação, tornando-os competentes para reconhecer as necessidades humanas básicas apresentadas por cada indivíduo que tiveram contato, além de desenvolver a competência do gerenciamento, a liderança e a autonomia. Durante a prática os acadêmicos visam atender às necessidades de saúde, demandando que os mesmos saibam agir, mobilizar, compartilhar conhecimentos instigando e contribuindo na tomada de decisões frente a respostas práticas e gerenciais, aprender constantemente e engajar-se em respostas às exigências e necessidades de cada área de atuação, buscando aprimorar suas habilidades e vivenciar técnicas algumas vezes ainda não executadas no transcorrer da formação. Sendo que o processo de trabalho em enfermagem está articulado a um processo maior, que é o gerenciamento em saúde onde discorre sobre as intervenções nas necessidades e cuidados a atenção integral ao paciente e família e na organização do trabalho e nos recursos humanos em enfermagem, sendo que a dimensão gerencial demanda do enfermeiro a habilidade de direcionar o processo de trabalho, resgata-se a imperiosa necessidade de atingir e manter o equilíbrio nas relações de trabalho, garantindo o bom e harmônico funcionamento dos setores; prevendo positivas condições para a implementação da qualidade da assistência e com isso alcançando resultados prósperos, aliados a promoção de práticas de ensino-aprendizagem coerentes e condizentes com uma formação atualizada, de qualidade e baseada nos serviços e realidades nacionais, tendo a educação permanente e a qualificação profissional como práticas de ensino e constante aprendizado. Considerações Finais: estas experiências de ensino e de integração com serviços, onde as quatro dimensões estão articuladas, tornam-se exitosas ao auxiliar e fortalecer o aprendizado de uma prática baseada em evidências, além de atender a expectativa e demandas da prática profissional. Percebe-se que os estágios de final de curso os quais exigem habilidades de gestão e liderança geram nos acadêmicos a necessidade de enfrentamentos perante o cotidiano profissional. Permite o exercício acadêmico de rotinas e práticas do cotidiano, onde o acadêmico necessariamente passa a se perceber como futuro profissional e com isso, requer atitude, autonomia, segurança e maturidade. O profissional enfermeiro é o sujeito que articula e integra as ações dos demais membros da equipe, neste sentido, é preciso despertar, aprimorar e aprofundar o desenvolvimento de tais habilidades e competências para o exercício de uma liderança baseada no respeito, competência, constante atualização e confiança. Dessa forma, certamente a inserção do ensino no serviço oportuniza o desenvolvimento e o fortalecimento destas habilidades no decorrer do processo de formação do enfermeiro e na qualificação permanente dos profissionais onde ambos aprendem e promovem a saúde dos envolvidos neste processo.

5200 Sanitaristas e defesa do SUS: quem é esse ator?
Fátima Barros Plein, Patrícia Genro Robinson

Sanitaristas e defesa do SUS: quem é esse ator?

Autores: Fátima Barros Plein, Patrícia Genro Robinson

  A Escola de Saúde Pública do RS formou, em mais de cinco décadas de história, mais de 1000 sanitaristas. Tem sido participante ativa de todos os debates e ações que envolvem a saúde pública, a saúde coletiva e o fortalecimento do SUS. O sanitarista desempenhou sempre, ao longo da história, papel estratégico tanto no enfrentamento para garantir direitos essenciais na área da saúde, como mais recentemente, na própria consolidação do Sistema Único de Saúde. Depois de uma hiato de investimento nessa formação, a ESP/RS, numa parceria com a ENSP/Fiocruz e a UERGS, retomou a formação de sanitaristas no estado, através de um projeto financiado pelo MS e desenvolvido pela Redescola. No RS formamos nossa primeira turma (no projeto, no total, 36ª). O objetivo desse trabalho é apresentar essa experiência e debater seus limites e possibilidades no contexto histórico que atravessamos. O projeto foi construída através do debate com a Rede de escola e Centros Formadores no ano de 2015, de forma diversa e democrática e buscou atender as singularidades locorregionais. Concluímos a formação de 29 novos sanitaristas e 36 estão em curso, nessa proposta que busca resgatar o caráter político, conceitual e técnico desse ator tão importante para o SUS. Nesse momento de crise e ataques mais acirrados à democracia de um modo geral, aos direitos humanos e sociais de modo especial, e às classes mais vulneráveis, é esperado que um projeto completamente contra-hegêmônico como o SUS seja especialmente atacado. A formação em saúde precisa ter clara sua função de formar para a saúde coletiva, entendendo a mesma como direito fundamental à vida. ` Por acreditar na formação em saúde de modo amplo e na formação de sanitaristas como estratégica, investimos em reflexões e exercício de uma docência articulada à realidades locais, ao ensino-serviço e à crítica reflexiva para uma atuação comprometida com o fortalecimento com a maior política de inclusão social que esse país já construiu. Na segunda turma estamos trabalhando com a ferramenta EAD, e investimos parte dos recursos em educação permanente para o corpo docente, a fim de qualificarmos em metodologias ativas, avaliação qualitativa e propostas de intervenção que possam desencadear processos de mudança.

5277 Uma questão de saúde pública no ensino superior nacional: A depressão e sua relação com a vida acadêmica moderna
Leonardo Maquiné Hermont, Gabriel Pinheiro Souza dos Santos, Adson Martins Pinto Junior, José Lucas Quadros de Sá, Ana Paula de Siqueira Moreira Gil

Uma questão de saúde pública no ensino superior nacional: A depressão e sua relação com a vida acadêmica moderna

Autores: Leonardo Maquiné Hermont, Gabriel Pinheiro Souza dos Santos, Adson Martins Pinto Junior, José Lucas Quadros de Sá, Ana Paula de Siqueira Moreira Gil

Apresentação: A depressão é uma condição caracterizada por uma recaída persistente ou perda de interesse em atividades, impactando negativamente a rotina da pessoa, decorrente de um desequilíbrio bioquímico no cérebro. O trabalho possui objetivo de analisar a sua prevalência no ambiente do ensino superior no país e difundir o debate sobre a doença no meio acadêmico, no qual sua prevalência é muito superior às médias nacionais. Desenvolvimento: Consulta a dados oficiais da Organização Mundial da Saúde e de entidades governamentais e privadas nacionais. Resultados: A Organização Mundial da Saúde estima que 4,4% da população mundial é acometida pela depressão, cerca de 322 milhões de pessoas. No Brasil, a média de pessoas acometidas é de 5,8%, superior à média mundial e a maior dentre todos os países da América Latina. No ambiente do ensino superior nacional, segundo dados oficiais governamentais, a média é de 15%, demonstrando um quadro alarmante que ultrapassa as barreiras das universidades e revela-se uma questão de saúde pública. Cerca de 47% dos estudantes do ensino superior no país possuem ao menos uma queixa de sofrimento psíquico, acarretados principalmente pelas demandas da vida universitária e pela transição para a vida adulta. Muitos sintomas da doença afetam negativamente o dia a dia do indivíduo, prejudicando o desempenho acadêmico, a relação com as pessoas à sua volta e sua saúde. Sintomas como ansiedade exacerbada, insônia, comportamentos compulsivos, baixa autoestima, dificuldades de concentração e perda de interesse em diversas atividades são comuns nos quadros de depressão, classificados como leves, moderados ou graves. Fatores como a autocobrança excessiva por um determinado desempenho, comparação exagerada com o rendimento de outros estudantes, relacionamentos conflituosos no ambiente de estudo e a sobrecarga de atividades didáticas são as principais causas identificadas pelos alunos como desencadeadoras de comportamentos depressivos. Estudos recentes demonstram que a depressão é um fator de risco para doenças cardiovasculares, além de promover alterações fisiológicas como déficits no sistema imunológico e intensificação de processos inflamatórios. Em casos graves, o desfecho pode ser o suicídio, terceira maior causa de morte entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos, atrás apenas de violência interpessoal e acidentes automobilísticos. Considerações finais: A importância do estudo sobre a depressão e seu debate em ambientes acadêmicos é essencial para seu entendimento como doença, e não apenas como uma tristeza passageira. Como toda enfermidade, pode ser diagnosticada precocemente e tratada corretamente com auxílio profissional. A identificação de sintomas em si mesmo ou em pessoas ao redor ajuda no prognóstico e na redução dos altos índices no ambiente do ensino superior nacional.

5417 O DESAFIO PARA A QUALIDADE DE ENSINO EM ENFERMAGEM NO INTERIOR DO AMAZONAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Fernanda Farias de Castro, Miriam Elenit Lima de Fachin, Luzimere Pires do Nascimento, Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Laurimar Vinhote de Souza, Clerton Florêncio Menezes, Darlane Valério Pinto, Babara Pereira Pessoa

O DESAFIO PARA A QUALIDADE DE ENSINO EM ENFERMAGEM NO INTERIOR DO AMAZONAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Fernanda Farias de Castro, Miriam Elenit Lima de Fachin, Luzimere Pires do Nascimento, Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Laurimar Vinhote de Souza, Clerton Florêncio Menezes, Darlane Valério Pinto, Babara Pereira Pessoa

APRESENTAÇÃO: O desafio para a qualidade do ensino em enfermagem vai além da formação de um profissional técnico e cientificamente competente. Deve estar articulado com as práticas sociais individuais e coletivas, requerendo flexibilidade e criatividades das práticas pedagógicas que capacitem os indivíduos para agir, diante da complexidade de situações do cotidiano do enfermeiro. A proposta de implementação de um curso de Bacharelado em Enfermagem no interior do Amazonas, vai de encontro às necessidades da população e de muitos jovens que desejam entrar no mercado de trabalho, configurando a descentralização e a democratização do ensino. Neste sentido, abre-se um novo horizonte na construção saberes mediados por uma prática crítica e reflexiva loco regional. O presente relato objetiva descrever a experiência da realização do Curso de Graduação em Enfermagem, oferecido no Centro de Estudos Superiores de Parintins da Universidade do Estado do Amazonas – CESP/UEA. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O Curso de Graduação em enfermagem, turma especial, teve início no ano de 2013/2 e finalização em 2017/2 iniciando com 37 alunos e finalizando com 32 enfermeiros, sendo dois de etnia indígena. O desafio do trabalho realizado não estava relacionado com a estrutura curricular e o conteúdo das disciplinas, mas com a logística de infraestrutura, campo de prática e quadro de professores. Para o desenvolvimento do curso foi necessário aquisição de materiais de laboratório, livros e contratação de professores. O projeto Pedagógico do Curso está alicerçado nos parâmetros legais das Diretrizes e Bases Educacionais, vinculado à Escola Superior de Ciências da Saúde- ESA/UEA, que obteve nota cinco na avaliação do Conselho Estadual de Educação. Contou com professores do próprio Centro de Parintins para as disciplinas básicas e da ESA/UEA, para as disciplinas específicas de enfermagem. Aí começa o desafio, pois os professores precisavam reversar-se entre duas Unidades Acadêmicas e deslocar-se para Parintins, exigindo sempre um cronograma diferenciado. A maioria das disciplinas como Fundamentos de Assistência ao Paciente, Semiologia e Semiotécnica, Saúde do Adulto e Idoso, Saúde da Mulher, Pediatria e Saúde da Família e Coletividade ocorrem em Parintins. No entanto o município, não conta com Serviços de Saúde especializadas em algumas disciplinas como Neonatologia, Doenças Transmissíveis, Oncologia e Unidade de Terapia Intensiva, sendo necessário o deslocamento dos alunos para a capital. Esse deslocamento exigiu alojamento, alimentação transporte e seguro de vida para o bem estar dos alunos. Os alunos deslocaram-se para Manaus por três vezes, indo de barco ou lancha, sempre acompanhados da Coordenação do Curso. Essas viagens sempre foram um grande desafio, pois a responsabilidade era grande em fazer dar certo toda a logística e bom aproveitamento dos alunos nos conteúdos teóricos e práticos das disciplinas. Para os alunos, o desafio estava no desconhecido, nas viagens, nos campos de estágios diferenciados e mais complexos e na convivência com outros alunos. Outros desafios foram o estágio curricular urbano e rural. No Estágio Curricular Urbano, as oportunidades de aprendizagem das disciplinas foram bem aproveitadas, no sentido de haver demandas nas unidades de saúde do município. No Estágio Curricular Rural, última fase do curso, os alunos foram descolados em grupos para 5 comunidades rurais e 5 Polos de área indígena. Nesta modalidade os alunos tinha que morar nas comunidades ou área indígena por um período de 60 dias.  Esse foi o momento mais importante considerados pelos alunos, pois aí tiveram oportunidade de desenvolver todas as práticas e teorias das aulas, em atividades inerentes ao enfermeiro na Atenção Básica e em alguns casos no atendimento de urgência e emergência. Nesse estágio, realizaram campanhas educativas, consulta de enfermagem, curativos, suturas (quando não havia presença do médico na equipe), imunizações e visitas domiciliares. Essas visitas sempre eram realizadas em localidades ribeirinhas vizinhas, necessitando de transporte como canoas ou motor rabeta. Nos polos indígenas, o trabalho era mais difícil, tendo que caminhar por horas em trilhas na mata ou por canoas nos igarapés para ter acesso às aldeias. No relato dos alunos, para realizar este trabalho é necessário muito estímulo e boa vontade, pela dificuldade de acesso e deficiente comunicação com os índios. Durante a permanência nas comunidades rurais, todos os alunos desenvolveram projetos de extensão para maior alcance de todos os comunitários. Na finalização do curso realizaram pesquisa de campo para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: O trabalho realizado pela Coordenação e professores para a formação de qualidade dos alunos de graduação em Enfermagem, turma especial do CESP/UEA em Parintins foi desafiador no sentido de romper barreiras pedagógicas, mediar e facilitar as atividades dialogando, problematizando e socializando as experiências com outras unidades acadêmicas, serviços de saúde e sociedades de modo geral, pois era importante divulgar o trabalho da enfermagem e assim tornar-se visível para à sociedade. A experiência para os professores foi inovadora considerando as múltiplas possibilidades interativas e métodos de ensino aprendizagem levando a reflexão de suas práticas enquanto docente e estimulando os alunos a refletirem também sobre o seu papel na sociedade. Para ao alunos, além da formação superior, durante todo processo de formação houve estímulos para o exercício do pensamento crítico, tomada de decisões e execução com responsabilidade das atribuições do ser enfermeiro. Os alunos foram estimulados a realizar projetos de ensino, extensão e pesquisa. No ensino a participação foi na realização de projetos educativos nas escolas e comunidades e cursos de capacitações nos serviços de saúde. Na extensão desenvolveram Semanas Científicas (Semana de Enfermagem e Semana de Ciência e Tecnologia), Exposição, Ações comunitárias a cada semestre. Abrimos destaque para os projetos de extensão desenvolvidos nas comunidade rurais, onde cada grupo planejou e desenvolveu um projeto de acordo com a necessidade de cada comunidade ou de cada área indígena, trazendo resultados significativos na mudança do perfil de saúde e procura de atendimentos pelos comunitários nos serviços de saúde, evidenciado pelas percentuais de atendimento no períodos em que os alunos estavam nas comunidades. Na pesquisa, os alunos tiveram oportunidade de participar de projetos de iniciação científica e elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, a maioria com pesquisa de campo, gerando conhecimento sobre diversos temas relacionados à saúde e realidade local. Por fim, o benefícios da concretização e formação de 32 enfermeiros para a cidade de Parintins e outros municípios adjacentes colocou no mercado de trabalho profissionais com uma formação pautada no conhecimento técnico e científico, crítico e reflexivo, que utilizou as melhores tecnologias disponíveis para sua formação disponíveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Na formação acadêmica em enfermagem, os desafios foram inúmeros, tanto nos aspectos pedagógicos, quanto no atendimento às demandas de infraestrutura, recursos materiais e humanos. Um dos maiores desafios foi em desenvolver um curso tal qual os grandes centros urbanos, criando possibilidade inovadoras, atualizadas e ao mesmo tempo ao alcance da realidade local. Entendendo que a formação em enfermagem precisa ter por parte de todos os atores envolvidos uma postura sensível, ética, acolhedora e reflexiva, politicamente engajadas e socialmente transformadora, como preconiza as Diretrizes Curriculares de Educação. Por fim a experiência na realização do Curso nos remete a refletir sobre a superação ou não dos desafios na formação em Enfermagem. Não queremos apenas formar enfermeiros, mas formar enfermeiros com grandes potenciais transformadores e inovadores na resolução dos problemas emergentes das quais a enfermagem é responsável por cuidar.

2409 Produção de sentidos e diversidades expressivas na formação interativa e interdisciplinar na saúde
Marianne Guimarães Villela, Nathany Marcelle Goulart, Carla Pontes de Albuquerque

Produção de sentidos e diversidades expressivas na formação interativa e interdisciplinar na saúde

Autores: Marianne Guimarães Villela, Nathany Marcelle Goulart, Carla Pontes de Albuquerque

Apresentação: A estrutura do ambiente universitário inserida na lógica capitalista preconiza a instituição de conhecimento material detentor de uma funcionalidade submetida essencialmente às demandas de mercado, secundarizando assim a implementação de tecnologias relacionais que colocam como elemento central de seu trabalho as potencialidades do indivíduo na sua singularidade em sua relação com o território. Baseando-se na premissa de que os modos de construção do conhecimento e cuidado estão completamente atrelados às experiências cotidianas nos mais diversos ambientes, este projeto de extensão busca traçar uma cartografia dos múltiplos fluxos que compõem esses cenários, tendo como formato das ações interferências em diferentes campus da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, iniciadas no ano de 2016. Desenvolvimento: As atividades contavam com a instalação de um varal expressivo, contendo uma faixa com a frase "O QUE A UNIVERSIDADE SIGNIFICA PRA VOCÊ?”, papeletas e canetas coloridas à disposição. Discentes, docentes, funcionários técnicos e demais pessoas interessadas do local eram convidadas a participar, confeccionando nas tarjetas de papel individuais as reflexões advindas do mote problematizador exposto naquele momento, podendo-se utilizar o formato que desejassem (escrita, poesia, desenhos, etc). Foram totalizadas cerca de 230 participações até o mês de julho de 2017. No entanto essa contabilização certamente ultrapassa os dados numéricos das tarjetas, uma vez que as inúmeras negativas à interação trazem no silêncio perante essa provocação parte essencial de sua análise. Após cada uma das atividades o material confeccionado foi estudado, tendo suas contribuições escritas organizadas com o recurso digital da nuvem de palavras, exibindo em uma escala visual por tamanho as palavras presentes nessa composição, divididas por dia de atividade em cada campus da Universidade. As contribuições em formato de desenhos serão expostas em dado momento planejado. Resultados: À partir desse processo dois movimentos principais e complementares puderam ser observados. O primeiro envolvendo a experiência como um todo, é relativo à observação da diversidade e complexidade de perspectivas, expectativas e demandas indivíduo-coletivas acerca das questões envolvidas no contexto da Universidade, em seu sentido mais amplo que extrapola os muros acadêmicos. Outra análise, quanto ao próprio processo de aprendizado das facilitadoras do projeto, foi a compreensão de como o exercício da escuta permite ampliar e sensibilizar olhares para os indivíduos na sua integralidade, algo cada vez mais difícil de se alcançar em um processo de trabalho e aprendizado que não busca desenvolver a subjetividade na sua construção. Conclusão: Entender o encontro em si como espaço viabilizador de trocas e reflexão não só permite depreender que processos de formação, trabalho e cuidado podem se dar concomitantemente às barreiras estruturais hegemônicas, como também ser ele lugar onde se podem tecer e fortalecer redes que permitam modificar esses modelos a serem superados.

4481 FORMAÇÃO DOS ALUNOS DE ENFERMAGEM NO BRASIL E NA ITÁLIA
Karen Weingaertner del Mauro, Êrica Rosalba Mallmann Duarte, Alcindo Antônio Ferla, Dagmar Elaine Kaiser, Maria Lia Silva Zerbini, Gímerson Erick Ferreira

FORMAÇÃO DOS ALUNOS DE ENFERMAGEM NO BRASIL E NA ITÁLIA

Autores: Karen Weingaertner del Mauro, Êrica Rosalba Mallmann Duarte, Alcindo Antônio Ferla, Dagmar Elaine Kaiser, Maria Lia Silva Zerbini, Gímerson Erick Ferreira

Passamos por várias mudanças sociais e tecnológicas no mundo, uma ansiedade que se reflete na apreensão de reconfigurar o modelo mundial na busca de organizar um mundo melhor a todos e neste caminho têm-se a expectativa da implementação de medidas que objetivem mudanças nas políticas públicas. A educação deve possibilitar aos trabalhadores sua participação na sociedade científica e tecnológica não como objetos, mas como sujeitos, resgatando assim a dimensão política: a construção da identidade social e a integração plena na cidadania. Nessa ótica, o conceito de educação deve ser entendido como um compromisso com os ideais da sociedade e refere-se a um conjunto de práticas sociais, com os valores, crenças, atitudes, conhecimentos formais e informais que uma dada sociedade tende a desenvolver para preservar ou melhorar as condições e a qualidade de vida da população. Toda a formação profissional perante uma realidade de mutações constantes na sociedade remete à reflexão sobre o modo de como ela se organiza e se conforma. A reflexão deve sinalizar uma direção que não se contente apenas com o processo de aprendizagem em dado espaço e contexto, mas que tenha por horizonte uma sociedade transformada, ou seja, uma reflexão comprometida com um projeto de sociedade. A transformação de uma sociedade mais justa passa pela formação de profissionais do ensino e da saúde. Este então é o desafio para a formação destes profissionais que passam por uma formação profissional orientada para o trabalho – entendido como processo de humanização do homem - que objetive integrar conhecimentos gerais e específicos, habilidades teóricas e práticas, hábitos, atitudes e valores éticos. Objetivo: Conhecer a formação acadêmica de enfermeiros no Brasil e na Itália, identificando as aproximações e os distanciamentos da formação em enfermagem nos cenários estudados. Metodologia: pesquisa documental com abordagem qualitativa e exploratória. O objeto principal para a análise foram os fatos históricos que provocaram impacto na formação do profissional enfermeiro tanto no Brasil como na Itália, entendendo como impacto a influência decisiva de acontecimentos no decurso da história. Os dados foram separados em cinco categorias agrupadas a partir de uma linha histórica: Visualizando o contexto e a interface histórica da formação/profissão; Os acordos internacionais ampliando a atuação profissional; Uma profissão feminina? As questões do gênero na formação; As características curriculares: a construção do Perfil Profissional. Resultados: Verificou-se que desde o reconhecimento da enfermagem pelo Estado vivenciaram-se períodos diferentes na formação do profissional. Destaca-se um desenvolvimento acelerado na formação e no reconhecimento profissional no Brasil, visto que desde a chegada do modelo nightingaleano, trazido pelas enfermeiras americanas, na criação da escola de enfermagem do Departamento Nacional de Saúde Pública, nota-se uma independência profissional, onde a escola foi organizada e administrada desde o inicio das suas atividades por enfermeiras diplomadas. Na Itália perdurou a ideia da enfermagem como profissão auxiliar à atuação na área da saúde até o ano de 1999, quando então foi estabelecido o campo de atuação e responsabilidades do perfil profissional do enfermeiro. Quanto a padronização dos currículos base adotados pelas escolas de enfermagem nos dois países, destaca-se que o Brasil preocupou-se desde cedo em padronizar o ensino ao estabelecer um currículo mínimo e igual no território nacional, desde a criação da Escola Anna Nery, passando pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1961, com a sua integração ao sistema geral de ensino. No contexto italiano, tal padronização operou-se no campo internacional, isto é, as bases curriculares dos cursos de enfermagem foram adotadas não só pela Itália, mas também por outros países no contexto da União Européia através do Acordo Europeu de Estrasburgo sobre a instrução e formação dos enfermeiros de 1967, implementado na Itália em 1972. Tendo em vista os objetivos principais dos acordos internacionais firmados por ambos os países estudados, que tinham o intuito de promover um espaço de mobilidade entre seus membros, foi proposta a compatibilidade e comparabilidade entre cursos de graduação, visando uma melhor qualificação do ensino. Diferente da Itália, no Brasil, apesar do movimento do MERCOSUL, essa integração entre os países da América do Sul ainda está em construção não tendo ainda se concretizado. A estereotipização da enfermagem enquanto atividade feminina introduzida no início do século XX e sua restrição ao público masculino por um período na história se deu culturalmente no Brasil e formalmente na Itália, e estabeleceu uma discriminação de gênero sob a formação e atuação profissional na enfermagem, prevalecendo o discurso até os dias atuais em ambos os países. Quanto à autonomia do curso de enfermagem, o cenário brasileiro se mostra diferente do italiano. Isso porque as Escolas de Enfermagem a nível nacional, embora tenham sido criadas vinculadas às escolas de medicina, hoje gozam de independência, possuindo em sua grande maioria sede e direções próprias, sendo responsáveis pela qualificação da formação e sua constante evolução científica e profissional. No contexto italiano, as Escolas de Enfermagem encontram-se ainda sob a direção das escolas de medicina e cirurgia das universidades, possuindo uma coordenação própria que responde a uma direção de formação médica. Isso posto, tem-se que no Brasil a formação em enfermagem encontra menos empecilhos para os seus avanços sejam eles formais de caráter administrativo ou acadêmico formativo. Na Itália ainda existem barreiras a serem transpostas em busca de uma formação em enfermagem pensada por enfermeiros para enfermeiros. Considerações: a relevância deste trabalho reside no fato de que a busca pelas origens históricas e culturais da enfermagem permite compreender o cenário de desenvolvimento da formação profissional em cada um dos países estudados, permitindo a compreensão das diferenças evidenciadas. Constatou-se pelos documentos que os cursos apresentaram distanciamentos quanto à autonomia acadêmica, uma vez que no Brasil as Escolas de Enfermagem tem vida própria estando apenas submetidas às universidades como unidades acadêmicas, enquanto que na Itália as escolas estão hierarquicamente submetidas a escolas médicas. Outra situação que foi observada é quanto ao exame final que na Itália é realizado e no Brasil não. Ao decorrer do desenvolvimento histórico de cada país, perceberam-se mudanças sociais, tecnológicas e políticas que foram ocorrendo na busca de uma melhor organização e do reconhecimento do profissional. Não se pode pensar em um bom profissional sem uma formação de qualidade que incentive o desenvolvimento integral do acadêmico, proporcionando uma visão ampla de sociedade e políticas públicas. Viu-se a importância dos acordos internacionais que ampliam o campo de atuação e promovem a qualificação profissional. Tal estudo permitiu uma análise não só das bases da formação e profissionalização da enfermagem, mas também uma visão crítica do presente ao explicitar os déficits atuais em cada um dos contextos estudados, criando assim um ambiente propício para o intercâmbio de ideias e experiências com o intuito de possibilitar uma enfermagem qualificada que respeite as características culturais de cada contexto e promova o enfermeiro como um profissional fundamental e capacitado para desenvolver um cuidado integral diante das demandas de saúde da sociedade.

5224 Saúde é meu lugar: uma experiência de empoderamento dos trabalhadores na rede de atenção à saúde Esse trabalho pretende relatar e discutir a experiência promovida pela Mostra Saúde é Meu Lugar no RS, realizada em setembro de 2017. Na ocasião, mais de tre
Fatima Barros Plein

Saúde é meu lugar: uma experiência de empoderamento dos trabalhadores na rede de atenção à saúde Esse trabalho pretende relatar e discutir a experiência promovida pela Mostra Saúde é Meu Lugar no RS, realizada em setembro de 2017. Na ocasião, mais de tre

Autores: Fatima Barros Plein

    Esse trabalho pretende relatar e discutir a experiência promovida pela Mostra Saúde é Meu Lugar no RS, realizada em setembro de 2017. Na ocasião, mais de trezentas pessoas passaram por lá, apresentando suas narrativas, trabalhos, articulando ações. O Projeto Saúde é Meu Lugar foi idealizado, promovido e executado através da Redescola/Fiocruz, com recursos do MS e reúne experiências de trabalhadores da saúde com atuação nos territórios de todo o país. A proposta busca dar voz aos trabalhadores que atuam diretamente na APS, numa perspectiva que está para além do relato de experiências, ou de práticas exitosas. Inscreve-se na perspectiva de acolher narrativas pessoais, o que imprime uma dimensão absolutamente singular ao processo, sem compromisso com formatação, permitindo que a autoria apareça e sirva como possibilidade de empoderamento de quem dispõe de poucos espaços para narrar suas histórias vividas. O formato de narrativa e a utilização das mídias sociais como estratégia de divulgação e construção do projeto, fortaleceu e deu visibilidade ao trabalho. No RS, a Mostra trouxe à cena as narrativas de dezenas de trabalhadores e aconteceu articulada ao curso de educação popular, contando com a força dos residentes da ESP que construíram e realizaram o encontro junto. Essa iniciativa possibilita a reflexão sobre a importância da palavra que circula, da visibilidade que se permite e estimula e do seu efeito mobilizador. Permite ainda, que o trabalhador que opera na base do sistema, em interação direta com as comunidades, possa refletir sobre sua prática, além de saber-se sujeito nesse processo. Na interação com os demais trabalhadores e com os usuários, diversas histórias se inscrevem, conflitos são enfrentados, amizades se constituem, e é importante que se construam espaços onde essas histórias possam circular de modo que seus protagonistas as contem. A ideia é refletir, a partir dessa experiência, sobre a importância das narrativas como possibilidade criativa, reflexiva, promotora de saúde mental nos espaços de trabalho, além de se pensar possíveis desdobramentos para ampliação desses espaços.