Desenvolvimento de pesquisas, criação de um número suplementar da Revista Saúde em Redes e construção de agenda para 2019 e 2020 a fim de aprofundar o debate foram alguns dos encaminhamentos do encontro.
Um seminário para discutir alternativas para defender a equidade de gênero e as violências foi realizado pela Rede Unida na Universidade Federal Fluminense nos últimos 13 e 14 de setembro, em Niterói (RJ). “De Pagu à Marielle: Urgência dos Caminhos para a equidade de gênero” envolveu representantes do meio acadêmico, trabalhadores do SUS, coletivos de militância e movimentos sociais, além de convidados da sociedade civil e de órgãos públicos de todo o País para aprofundar o debate sobre os direitos e formas de existir das mulheres nas dimensões do trabalho, da família, da saúde, das violências institucionais, domésticas, de gênero e raça. Este primeiro encontro resultou na criação do primeiro GT da Rede Unida dedicado a construir uma agenda sobre o tema para os Encontros Regionais, em 2019, e para o 14º Congresso Internacional da Rede Unida, em julho de 2020, em Niterói.
Pagu, mulher branca, artista, perseguida e presa dezenas de vezes por sua posição política contra as opressões. Marielle, mulher negra, política, exercia o cargo de vereadora do Rio de Janeiro quando foi brutalmente assassinada por lutar por direitos de mulheres, negros, favelados. A vida e o legado de ambas deu o tom inicial do seminário, quando as mulheres presentes se dividiram em grupos com dois temas ‘Modos de existir da mulher’ e ‘Violência de gênero’, para falarem sobre suas práticas cotidianas, sua atuação profissional e levantar desafios e possíveis caminhos para a resolução de problemas, especialmente no que se refere à saúde e ao combate a todo tipo de violência.
O desenvolvimento de pesquisas sobre populações invisibilizadas, como a população TRANS; um número Suplementar da Revista Saúde em Redes sobre feminismos; e a realização de oficinas com esta pauta envolvendo movimentos sociais das cinco regiões do País para a desconstrução das descriminações estruturais e institucionais foram alguns dos encaminhamentos pactuados no evento.
“A Rede Unida se articula com movimentos sociais e a academia, e pode contribuir muito para a ampliação desta discussão. Os Encontros Regionais que acontecerão durante 2019 e o Congresso Internacional em 2020 devem considerar as pautas levantas por esse GT”, defendeu Túlio Franco, Coordenador Nacional da Rede Unida.
O Seminário contou também com falas importantes e foram destacadas experiências inovadoras, que devem ser fortalecidas e subsidiam as reflexões e práticas da Rede Unida: uma rede de apoio a mulheres que desejam abortar, na Argentina, apresentada pela enfermeira Moro, vinculada ao grupo ‘Socorristas em Red’; uma pesquisa sobre feminicídio no Espírito Santo, apresentada pela convidada Antonella Barone; e o projeto ‘Mães Órfãs’, que discute o abrigamento compulsório de bebês e a estigmatização da maternidade vulnerável, apresentado pela pesquisadora da UFMG, Sonia S Lansk.
O Encontro debateu outras questões importantes como a questão das mulheres negras, que sofrem duplamente a discriminação, pela condição feminina e pela raça. Há um racismo institucional aliado ao machismo que em geral tem pouca visibilidade mas atua fortemente por dispositivos discriminatórios, opressivos e de assédio. Igualmente por contribuição de algumas “mulheres trans” presentes ao encontro, debateu-se o tema da sua grande dificuldade de inserção social e institucional, a forte discriminação, assim como também experiências de resistência a tudo isto, com apoio mútuo, conduzidas por elas próprias, que são extremamente vitoriosas.
O que caracterizou o encontro foi sua grande diversidade, riqueza e qualificação do debate sobre estas questões. Ao todo, somaram-se cerca de 60 pessoas engajadas nesses dois dias para criar coletivamente o primeiro Grupo de Trabalho da Rede Unida neste tema. Sobre a realização do seminário, a representante do Coletivo Adelaides, Mariana Seabra, destacou que é preciso aprender com a luta galgada por mulheres que nos antecederam. “Devemos resgatar nossa potência, entender que a vida de cada uma de nós – mulheres - também é política, que nossas experiências individuais são capazes de resgatar em nós o desejo de levantar questões que mobilizem a nossa sociedade”, disse Mariana, que compôs a mesa de abertura do seminário.
Atribuições do GT:
Algumas propostas do GT:
Agência Rede Unida de Comunicação, por Marina Rotenberg e Rafael Cavadas