Encerrou no último sábado, 2/6, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) o 13º Congresso Internacional da Rede Unida. Aproximadamente 3 mil pessoas, entre profissionais, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), pesquisadores, estudantes, professores, gestores, representantes de movimentos sociais, lideranças indígenas das áreas da educação e da saúde, reuniram-se para promover o debate em torno de temas como saúde, educação, arte e cultura, participação cidadã, e gestão do trabalho em saúde na perspectiva do fortalecimento SUS.
O Coordenador Nacional da Rede Unida e pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Júlio César Schweickardt destacou durante o evento, que esta edição do Congresso mostrou que “a Amazônia não é só o lugar do problema, da falta, mas também o lugar da invenção e da inovação”. E acrescentou: “Conseguimos trazer várias questões da região, aspectos da cultura, serviços, o perfil do trabalho com populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas. Conseguimos pautar as temáticas da Amazônia, dialogando com representantes de diversas instituições do país e também internacionais”.
Com o tema ‘’ Faz escuro, mas cantamos: redes em re-existências nos encontros das águas, o congresso co-organizado pelo ILMD/Fiocruz Amazônia, ofereceu uma programação bastante diversificada com atividades como távolas institucionais, res-públicas, mostra fotográfica, lançamentos de livros, seminários, encontros e oficinas, conferências, intervenções, com temas que contemplaram os cinco eixos centrais do Congresso, que são: Educação, Trabalho, Gestão, Controle Social e Participação e Saúde, Cultura e Arte.
A Fiocruz, instituição parceira do evento, marcou presença com seus pesquisadores contribuindo nas atividades inseridas na programação do Congresso. Durante o evento foram programadas 220 rodas de conversa, 74 távolas institucionais, 5 fóruns internacionais com convidados de 10 países.
Para o presidente desta edição do congresso, Rodrigo Tobias, a participação dos pesquisadores da Fiocruz é de grande importância para a Amazônia, visto a necessidade de divulgar as pesquisas desenvolvidas na região. “Essa foi uma grande oportunidade de integrar o nosso corpo de pesquisadores, com diversos atores que pensam a saúde pública de seus diversos lugares. Proporcionar esse tipo de atividade para que nossos pesquisadores se encontrem com líderes de comunidade, alunos de pós-graduação, gestores, trabalhadores e Instituições é muito importante para nós da Amazônia, pois temos uma pauta de pesquisa e precisamos divulgar aquilo que estamos examinando, além de fazer parcerias”, disse.
ATENÇÃO BÁSICA NA AMAZÔNIA
Presidente do congresso e pesquisador da Fiocruz Amazônia, Rodrigo Tobias, também moderou a távola Institucional “Atenção básica no contexto Amazônico”. Segundo ele, “o debate abordou ainda modelos e experiências de Unidades Básicas de Saúde Fluvial, como formas de atenção básica na região amazônica”.
COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO
Maria Olívia Simão, professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Coordenadora do Projeto de Gestão e Desenvolvimento Institucional (PGDI/ Fiocruz Amazônia) foi facilitadora da távola institucional “Comunicação e informação em saúde: um ano da conferência nacional”. A atividade teve como debatedores Cristina de Castro, executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Ronald Ferreira dos Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
O debate abordou os aspectos e fatos que aconteceram um ano após a Realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação e Saúde, realizada entre 18 e 20 de abril de 2017, e as proposituras apresentadas durante a conferência. A atividade objetivou pautar as ações de preparação e organização da 16ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorrerá em 2019, visando evitar retrocessos nos ganhos sociais adquiridos a partir da Constituição de 88 com a universalização da saúde e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante o debate, Maria Olívia enfatizou a importância de repensar as formas de comunicação no Brasil. “Enxerga-se a necessidade de inovar nos modos de comunicar para poder alcançar esse Brasil tão diverso, e que precisa se apropriar do direito à saúde, além de lutar pelo acesso a informação como direito, uma vez que o cidadão brasileiro está preso ao discurso distorcido oferecido pelas emissoras e cominação que na maioria dos casos destaca-se a consolidação de poucos e grandes conglomerados que dominam diversas modalidades (TV, TV Web, Canal fechado)”, destacou.
Na oportunidade, várias estratégias formam discutidas como alternativas de enfrentamento a desqualificação midiática do SUS. Os participantes abordaram também formas de movimentar a sociedade e levá-los a entender o que está acontecendo no cenário da saúde pública, como por exemplo o desmonte das farmácias populares, e como o ataque à democracia afeta diretamente a oferta universal da saúde no país.
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
A távola institucional “A participação social como princípio inegociável do Sistema Único de Saúde” teve como moderadores, o pesquisador da Fiocruz Amazônia, Ricardo Agum, e Geordeci Souza, do Centro Nacional de Saúde. A atividade teve como debatedores: Maria Letícia Garcia, Presidente do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre; José Felipe Dos Santos, da Articulação Brasileira de Gays e Conselheiro Nacional de Saúde; Hesaú Rômulo Braga Pinto, da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão.
Segundo Agum, “foi um debate em torno principalmente dos Conselhos de Saúde nacional, estadual e municipal. Foram apresentados durante a távola, os principais avanços e dificuldades dos conselhos, alguns entraves e possíveis soluções”.
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
Entre outros convidados para debater relevantes temáticas no Congresso, Luiza Garnello, coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA/Fiocruz Amazônia), esteve como debatedora da távola institucional “Precarização do Trabalho e seus efeitos na formação e no trabalho em saúde”.
VISITA À FIOCRUZ AMAZÔNIA
Nesta segunda-feira, 4/6, residentes em Gestão de Políticas Públicas para a Saúde estiveram em visita à Fiocruz Amazônia, para conhecer a Unidade. Os sanitaristas Juliane Alves e Romário Rocha, e a assistente social, Sabrina Nascimento realizaram durante o congresso a oficina “Jogo da realidade do SUS: Debatendo a gestão de forma lúdica”.
O curso em Políticas Públicas em Saúde é uma parceria entre a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) e a Fiocruz Brasília. O objetivo é formar profissionais de saúde e de campos afins, capazes de responder às necessidades da produção de conhecimento, da gestão e da atenção no campo da saúde coletiva, em consonância com as diretrizes do SUS, e capazes de promover a necessária articulação entre a produção e a aplicação do conhecimento na área da saúde, além de buscar interlocução intersetorial para a solução de problemas no sistema de saúde.
PARCEIROS
Foram parceiros desta edição a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Conselho Nacional de Saúde (CNS), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Saúde (MS), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Secretaria de Estado da Cultura (SEC), Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Secretaria Municipal de Educação (Semed), Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas (Cosems-AM) e ILMD/Fiocruz Amazônia, co-organizador do Congresso.
Agência Rede Unida de Comunicação, por Eduardo Gomes (ILMD/Fiocruz Amazônia)