Caros participantes do 13º Congresso da Rede Unida,
Como no poema de Thiago de Mello, fez escuro. Um tempo em que a cidadania e os direitos sociais têm sido atacados e as políticas públicas esvaziadas da potência de incluir e de fortalecer a vida dos brasileiros e brasileiras. Em que as instituições que deveriam defendê-los, rasgam cotidianamente o texto constitucional e se desfazem das suas obrigações, determinadas a manter seus privilégios e combater as ideias diversas e a própria ideia da diversidade. Em que se fragiliza a vida de brasileiros e brasileiras que apenas recentemente haviam ascendido a um pouco de dignidade.
Fez escuro também na véspera do Congresso, quando muitas situações pareciam inviabilizá-lo, na primeira vez em que atravessava a fronteira da Região Norte. Quase 5 mil autores de aproximadamente 3 mil trabalhos ressoavam no coração da comissão organizadora, dizendo “sim”. Uma enorme Rede de apoiadores reforçava o coro! Decidimos manter o Congresso, queríamos produzir manhãs!!!
E a vontade de encontro de cada um é cada uma, como no poema amazônico, fez-se canto, fez-se Rede, fez-se multidão. E cantamos muito, cantamos juntos.
Superamos as dificuldades de transporte e de financiamento e nos fizemos mais de 3 mil no coração da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e nos territórios de vida, experimentando a diversidade do Norte, com o gosto Amazônico e Manauara, na interface da educação com a saúde. Cantamos em 32 oficinas, em 200 rodas de conversa, em 133 távolas, nas 33 mesas dos 05 Fóruns Internacionais. Cantamos juntos, num espetáculo sustentado por um coletivo de organização esperançoso de marcar a vida de cada participante, aceso da energia jovem de duzentos monitores e com a riqueza da observação de dezenas de profissionais de comunicação que repercutiam a todo tempo nossas canções. Verdes, amarelas e vermelhas foram as cores das camisetas da organização e também o colorido inicial do território do Congresso, que explodiu das cores da diversidade dos movimentos e das organizações apoiadoras, mas também, e sobretudo, de cada um e de cada uma participante, que fora chegando ao Congresso, rapidamente conectados pelas diversas redes sociais a uma onda de potência que atravessou regiões e países. Cantamos juntos, em vários idiomas tradicionais e contemporâneos, as cores da vida, a denúncia da violência que atravessa nosso cotidiano e que atinge a liberdade, a cidadania e a democracia. Que também atinge, seletivamente, o corpo, a existência e a vida de mulheres e homens cujas ideias e interesses incomodam as forças vigentes por pensar e lutar por saúdes, expressões culturais e modos de vida mais justos e solidários.
Juntos, fizemos manhãs coloridas, que seguem, no retorno de cada um e cada uma, como energia de luta e resistência, como sonho e esperança. Fizemos redes de (re)existência com a força do encontro, com a beleza das águas que se conectam e com a intensidade do diverso, do colorido e do múltiplo, que pedem passagem para fertilizar a democracia com mais cidadania, com direitos sociais e com liberdade!
Nesse momento em que retornamos renovados de ideias, de alteridades e de energia, queremos agradecer a cada um e cada uma que fizeram do 13º Congresso Internacional da Rede Unida uma enorme e intensa rede de encontros! Façamos desse acontecimento, uma artesania de cores e outras manhãs!
Muito obrigado a cada um e cada uma que tornou possível esse acontecimento!!!
Sigamos cantando, agora em direção à Niterói 2020, com o 14º Congresso Internacional da Rede Unida!
Coordenação Nacional da Rede Unida