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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7681 Título do Trabalho: ÓBITO INFANTIL: AS PERCEPÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DURANTE O PROCESSO DE TRABALHO Autores: Isabela Da Costa Monnerat, Tayane Ramos de Araújo, Alice Damasceno Abreu, Stefanny Jennyfer da Silva Pacheco, Jaci José De Souza Júnior |
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Apresentação: A morte é um acontecimento inevitável da vida humana. Embora faça parte do ciclo natural do ser humano, o homem tende a ignorá-la e a repeli-la, talvez, por não conseguir desvendá-la ou ainda na tentativa de adiá-la e, até mesmo, para afastar a ideia da possibilidade de separação e perda de seus entes queridos. O óbito infantil reveste-se inevitavelmente de conotação trágica, é interpretada como interrupção do ciclo biológico, e isso provoca na equipe de enfermagem sentimento de impotência, frustração, tristeza, dor, sofrimento e angústia. Os enfermeiros(as), seguem normas e condutas éticas, profissionais e institucionais objetivando salvar vidas e evitar a morte. Ao colocar em prática os seus conhecimentos, habilidades e competências buscam dar suporte para a promoção, prevenção e recuperação da saúde. O objetivo deste estudo foi investigar a experiência da equipe de enfermagem com a morte de crianças e os sentimentos que emergiram dessa vivência. Identificar o significado da morte infantil para a equipe de enfermagem. Analisar como a morte infantil influencia no ambiente de trabalho para a equipe de enfermagem. Desenvolvimento: Trata- se de uma pesquisa qualitativa exploratória, descritiva, desenvolvido com 19 integrantes da equipe de enfermagem da unidade pediátrica e neonatal de um Hospital de Ensino da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Os critérios de inclusão: pertencer a equipe de enfermagem, que trabalhe ou que tenha trabalhado nas unidades de Pediatria e Unidade Intermediaria Neonatal, sendo enfermeiro ou técnico de enfermagem que expresse o aceite por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios de exclusão: profissionais que não aceitaram participar da pesquisa ou que estejam de férias ou de licença. A estratégia de Coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, mediante de uma abordagem presencial única com cada participante. Resultado: A totalidade da amostra foi composta por profissionais do sexo feminino, sendo 6 enfermeiras e 13 técnicas de enfermagem. Observou-se que, a morte infantil é um evento frequente, a conceituam como perda/fim, associam a dor, despreparo ou descrevem-na como processo fisiológico e científico. O sentimento de fracasso profissional e impotência diante da morte é unânime a equipe, uma vez que a formação profissional é voltada para salvar vidas e não para as questões que envolvem a finitude humana, principalmente na infância. Revelam possuir dificuldades para enfrentá-la, preferindo, evitar o envolvimento com a criança e sua família, a fim de preservar sua saúde psíquica ou recorrerem a concepções religiosas. Os dados foram categorizados de acordo com seus núcleos de conteúdo. No total foram agrupadas três categorias. A primeira categoria foi denominada de A definição de morte; a segunda categoria A prática e os sentimentos frente à morte infantil; A terceira categoria denominada de Morte infantil: vivência e aprendizado. Considerações finais: Foi possível observar que os sentimentos, as atitudes e as próprias práticas presentes no confronto com a morte não são uniformes, variando de um profissional para outro e de uma morte para outra. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9730 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE COMO LIDAR COM PESSOAS OBESAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Autores: Doralice Batista das Neves Ramos, Luciana Maria Cerqueira Castro, Lívia Cardosos Gomes Rosa, Bernardo Coelho Mastrangelo, Rebecca Cruz Beletatti, Victória Miranda Cantuario Maciel Damasceno, Inês Rugani Ribeiro de Castro |
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Apresentação: A obesidade é uma condição crônica, prevalente em países desenvolvidos e em desenvolvimento, presente em todas as faixas etárias. Com isso, a Atenção Primária a Saúde configura-se como um espaço fundamental para realização de ações de prevenção e tratamento desse agravo, tendo as seguintes atribuições: ser a porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde; oferecer serviços com boa infraestrutura e qualidade integrados à rede assistencial; exercer cuidado contínuo ao longo do tempo, com capacidade para resolver as principais necessidades de saúde da população; definir e orientar o caminho do usuário na rede de serviços com base nas necessidades de saúde; e realizar a coordenação do cuidado, considerando os fluxos estabelecidos. Os profissionais de saúde são essenciais para o desenvolvimento dessas ações. Para que elas ocorram, é necessário, entre outros, que haja organização e qualificação do serviço de saúde, por exemplo, por meio da formação continuada dos profissionais, para atender a demanda dos usuários. Nesta perspectiva, o presente trabalho possui como objetivo compreender os limites identificados por profissionais de saúde em sua formação para lidar com pessoas obesas. Desenvolvimento: O presente estudo está vinculado ao projeto “Ações de controle e enfrentamento da obesidade no Estado do Rio de Janeiro – pesquisa, formação, monitoramento e difusão”, coordenado pelo Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é desenvolvido por meio da parceria entre seis Instituições de Ensino Superior, seis Secretarias Municipais de Saúde e a Secretaria do Estado do Rio de Janeiro, sendo financiado pelo Ministério da Saúde através do CNPq. Um dos eixos do projeto tem como foco a formação de profissionais de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, denominado “Cuidado da obesidade no território: reflexão e ação”. Este curso semipresencial abarca atividades práticas e teóricas, com foco no cuidado integral dos indivíduos para prevenção e controle da obesidade. Possui duração prevista de 11 meses, com carga horária de 200 horas, distribuídas em 48 horas presenciais (seis encontros de oito horas) e 152 horas à distância; sendo 64 de atividades teóricas, 100 de atividades práticas e 36 de atividades teórico-práticas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da UERJ, sob o parecer do CEP 3.288.424 de 26/04/2019. No início do projeto, foram selecionados 34 dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, contemplando suas nove regiões administrativas, considerando-se os seguintes critérios: presença de equipes NASF-AB, recebimento de recursos nos anos de 2017 e 2018 do Fundo de Alimentação e Nutrição, do Programa Crescer Saudável e de Vigilância Alimentar e Nutricional, além de possuir Área Técnica de Alimentação e Nutrição ativa. Destaca-se, que dentre os 34 municípios convidados para integrar o projeto, 27 assinaram o termo de anuência para participação e indicaram, no total, 501 profissionais de nível superior para realizar o curso. Durante a primeira atividade presencial, realizada em outubro de 2019, que foi o evento de abertura das atividades do projeto e do curso para os profissionais, foi aplicado um questionário autopreenchido, com questões abertas, que possuía questões sobre o perfil profissional, especialidade, município de atuação, conhecimento sobre as ações de prevenção e controle da obesidade desenvolvidas no seu município e as dificuldades/limites encontradas na formação que prejudicam o cuidado aos indivíduos obesos. Resultado: Dentre os 501 profissionais indicados, 407 fizeram a inscrição no curso através de um formulário eletrônico, 251 foram à primeira atividade presencial do curso e 225 preencheram o questionário e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. As áreas de atuação mais recorrentes entre os profissionais estudados foram: nutrição (108; 48%), enfermagem (56; 24,8%), psicologia (14; 6,2%), medicina (12; 5,3%) e educação física (10; 4,4%), havendo também profissionais das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, assistência social, sanitarista, terapia ocupacional e odontologia. A grande maioria 148 (65%) dos profissionais respondeu que sentia dificuldade em lidar com a questão da obesidade devido a limites encontrados na sua formação (148; 65%), enquanto que 61(27%) deles consideravam que não houve falhas na sua formação para lidar com a obesidade. Dentre os limites/deficiências na formação para lidar com a prevenção e controle da obesidade, os mais recorrentemente apontados foram: lidar com as questões referentes ao comportamento e aspectos psicológicos dos pacientes com obesidade; o aumento da influência da mídia na alimentação dos pacientes; orientação alimentar alternativa para população com renda familiar baixa; estratégias de educação nutricional e ações de prevenção e controle da obesidade; hábitos alimentares, fatores culturais, sociais e ambientais relacionados a obesidade; e aumento da desistência em relação ao tratamento dietoterápico. Aqueles que não identificaram limites na sua formação apresentaram como justificativa para isso o fato de os municípios em que estão inseridos possuírem capacitação permanente e a troca de conhecimentos sobre os diversos determinantes da obesidade entre as equipes multiprofissionais. Além disso, alguns profissionais que não eram da área da Nutrição relataram disciplinas e formações complementares insuficientes relacionadas à obesidade durante a graduação e nas unidades de saúde que trabalham, apesar de reconhecerem a transversalidade do tema e de seus determinantes. Considerações finais: Os profissionais apontaram limites importantes na sua formação, que podem comprometer o cuidado integral aos sujeitos com obesidade. Acredita-se que o curso oferecido no âmbito do projeto de pesquisa aqui relatado possibilitará a aproximação dos profissionais com as questões apontadas como limitantes, pois estas estão presentes nos conteúdos que o curso abordará ao longo dos módulos e, também, pelo fato de que, durante as aulas presenciais, existem espaços de troca entre os profissionais de diferentes municípios, o que possibilita um maior conhecimento a respeito da realidade vivenciada por cada um deles. Além disso, é necessário que haja maior incentivo federal, estadual e municipal para a formação permanente dos profissionais, que possibilite a ampliação da compreensão sobre obesidade pelos diferentes profissionais da saúde, objetivando alcançar um atendimento humanizado. E que haja mais espaços de diálogo entre os profissionais, como as equipes multiprofissionais oferecidas pela iniciativa do NASF-AB, que vem sofrendo com a redução das suas equipes e cuja manutenção está ameaçada, tendo em vista as medidas recentes de financiamento do Sistema Único de Saúde. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 12293 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES SOBRE OS IMPACTOS NA VIDA DO ACOMPANHANTE DE UMA PACIENTE DIAGNOSTICADA COM UMA DOENÇA RARA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Rodrigo Galdino, Ana Clara Matos Costa, Luanna Moreira da Silva, Daniel Oliveira da Costa, Vinícius de Paula Ueoka dos Anjos Barros, Davi Gabriel Barbosa, Gabriel de Sá Sastre, Brenda Pereira Farias |
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Apresentação: A abordagem sobre a percepção de vida de pacientes em tratamento de alguma doença, em geral abordam diversos aspectos como a receptividade do diagnóstico, os impactos da doença, as mudanças ocorridas na vida desse indivíduo, dentre outros. Nesse processo de adoecimento, vários atores estão presentes visando auxiliar e colaborar na recuperação do paciente, e dentre esses, destaca-se o protagonismo a cuidadora de uma pessoa enferma, na qual participa de momentos como o diagnóstico dessa pessoa e os impactos em sua vida. Nesse sentindo, tem-se como objetivo relatar a experiência de acadêmicos da área da saúde frene a uma entrevista de uma paciente oncológica diagnosticada. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência, que teve como objetivo analisar por meio de entrevista os impactos na vida da mãe da paciente com o diagnóstico, que foi realizada no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, um centro médico de referência no tratamento de câncer na cidade de Belém no estado do Pará, e feita com a acompanhante e mãe de uma paciente diagnosticada com o Sarcoma de Ewing, que é uma neoplasia maligna osteolítica de alto grau o qual pode acometer o fêmur, pelve, tíbia, o úmero e a parede torácica. Resultado: Por meio da entrevista, observou-se choque emocional ao receber o diagnóstico, dificuldade da necessidade de mudar de cidade para a realização do tratamento, a importância de casas de apoio à famílias com essa necessidade, aspectos sociais, familiares e descuidos com a saúde. Nesse sentido, notou-se aspectos negligenciados na vida de um acompanhante de enfermo. Dentre as essas questões, inclui-se a qualidade de vida e sociabilidade. Tal renúncia é percebida na fala "não tenho tempo para mim, minha vida e hospital e casa de apoio, não tenho direito de adoecer, não posso adoecer ". Ademais, impactos na vida de cônjuge são percebidos, uma vez que, o diagnóstico gera aflição em ambas as partes, assim como conflitos, visto que, a relação se torna segunda opção frente ao tratamento, como pode ser notado na fala "tem situações que devemos abrir mão de nosso querer". No entanto, há ganhos, como a aproximação entre o cuidador e o ente relatada pela cuidadora haver conflitos antes do diagnóstico e que, posteriormente, houve maior proximidade e compreensão. Por fim, é importante ressaltar o poder de resiliência da cuidadora perante os problemas advindos, pois quando questionada relatou se sentir mais forte, madura e crente do poder de enfrentar problemas futuros. Considerações finais: Observou-se a partir da experiência o quanto o processo da doença modificou o comportamento da acompanhante, uma vez que, ela se mostrou mais empática em relação às pessoas, fato evidenciado na fala: "hoje eu não meço esforços para ajudar alguém quando eu tenho possibilidade". Além disso, outro ponto a ser mencionado é de a acompanhante mostrar-se sempre resiliente, pois diversas vezes afirmou se sentir forte e segura para superar qualquer adversidade. Por fim, um alerta sobre a saúde dos cuidadores fora instigado nos pesquisadores evidenciando a necessidade de assistência de saúde. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10327 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV: UM ESTUDO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS Autores: VANESSA BITTENCOURT RIBEIRO, SERGIO CORRÊA MARQUES, DENIZE CRISTINA DE OLIVEIRA, Hellen Pollyana Mantelo Cecílio, RODRIGO LEITE HIPÓLITO, Tadeu Lessa da Costa, Rômulo Frutuoso Antunes |
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Apresentação: A década de 1990 trouxe avanços importantes para o controle do tratamento da infecção pelo HIV no combate das doenças oportunistas. A partir de meados dessa década foi proposto um novo esquema terapêutico denominado Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (TARV). Com a introdução da TARV houve a redução de forma expressiva da mortalidade e também das incapacidades provocadas pelas doenças, com consequente acréscimo na sobrevida das pessoas vivendo com o HIV. A partir disso, ocorreu diminuição da mortalidade e da morbidade e fez com que o grupo da população atingido pelo HIV ressignificasse o modo de viver incorporando a esta condição a necessidade de dar qualidade a sua existência, dando um novo sentido à vida. Concomitantemente, foi crescente a preocupação dessas pessoas em aumentar e melhorar sua qualidade de vida (QV). A QV é um campo com muitas potencialidades e tornou-se uma área multidisciplinar de conhecimento que conglomera discussões, conceitos e avaliações, tanto no senso comum e na vida cotidiana, como no campo de estudos científicos e em várias frentes de pesquisa e reflexão. Partindo do pressuposto, ao analisar o contexto do HIV/AIDS, ainda é preciso considerar as estratégias para resolução de problemas antigos. Nessa conjuntura, a qualidade de vida não está relacionada apenas a vida longa, pois viver com essa condição ainda representa se deparar com situações de discriminação, abandono, segregação, estigmatização e ruptura de relações afetivas. Dessa forma, se considera como importante desafio a compreensão do modo como se configura a QV das pessoas que vivem com o agravo numa perspectiva psicossocial. Sendo assim, julgou-se pertinente a condução do estudo no contexto da Teoria das Representações Sociais. Face ao exposto, o presente estudo tem como objetivo: analisar comparativamente as representações sociais da qualidade de vida entre pessoas que vivem com HIV, residentes em três municípios do Estado do Rio de Janeiro Desenvolvimento: Trata-se de um o estudo descritivo com abordagem qualitativa, apoiado na abordagem estrutural das representações sociais. Os cenários foram os Serviços de Atendimento Especializado em HIV/AIDS (SAE), localizados em Centros Municipais de Saúde (CMS), situados nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói e Macaé. Os participantes do estudo foram 384 pessoas que vivem com HIV distribuídos da seguinte forma: 103 em Macaé, 101 em Niterói e 180 no Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por questionário com variáveis sociodemográficas e clínicas, para composição do perfil do grupo, e por formulário de evocações livres de palavras. A coleta das evocações consistiu em solicitar aos participantes que produzissem cinco palavras ou expressões a partir do termo indutor “qualidade de vida”, sendo registradas na ordem em que foram mencionadas. Os dados sociodemográficos e clínicos foram analisados por meio da estatística descritiva com o emprego do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 2.0, que forneceu a frequência simples e relativa das variáveis. As evocações livres foram analisadas com o auxílio do software Ensemble de programmes permettant l’analyse des evocations (EVOC) o qual, na sua etapa final, gerou o quadro de quatro casas. Resultado: Observou-se nos resultados que há predomínio de participantes do sexo masculino (64,6%), sendo que em Niterói a maioria (54,5%) é de mulheres. A faixa etária com maior frequência é a de 40-50 anos (31%), evidenciando que o grupo estudado é composto predominantemente por pessoas adultas. A maioria dos participantes possui ensino médio completo (54,1%) mostrando que o grupo possui um bom nível educacional. Quanto à situação de emprego 60,0% afirmaram que estão empregados ou trabalhando de maneira regular ou informal. No grupo geral 71,6% participantes moram com sua família, 23,6% moram sozinho e 4,6% moram com amigos. Quanto ao uso de TARV, 90,6% afirmaram usar medicação antirretroviral, cujo tempo de uso é bastante diversificado no grupo estudado. Quanto às alterações provocadas pelo uso da TARV, constata-se que 50,3% participantes afirmaram que tem ou tiveram alterações orgânicas. O município de Macaé se destaca por ter a maior parte dos participantes (65,1%) que tem ou tiveram tais alterações. No que tange à autoavaliação da saúde 79,2% consideraram a sua saúde boa/muito boa. Este resultado faz supor que, neste grupo, ter saúde significa não ter doença ou qualquer sintoma inespecífico. No que se refere as evocações livres utilizando o termo indutor “qualidade de vida”, apresenta-se os seguintes resultados gerados a partir da análise prototípica. No grupo do município do Rio de Janeiro, os elementos que constituem o provável núcleo central da representação do grupo de participantes são: boa alimentação, saúde, boa e cuidados-saúde. Na primeira periferia, estão a expressão atividade física e o termo lazer. Na segunda periferia estão situados os termos alegria, família, estado psicológico, dormir bem, solidariedade e prevenção. Na zona de contraste encontram-se os termos viver bem, trabalho, medicações, ruim, tratamento e vida normal. Verifica-se que o termo ruim evidencia um posicionamento negativo em relação à qualidade de vida contrastando com o termo boa presente no núcleo central. No grupo do município de Niterói, as cognições integrantes do núcleo central foram: boa alimentação, tratamento, medicações e boa. Os termos atividade-física, alegria e lazer ocupam a primeira periferia. Na segunda periferia, aprecem os termos solidariedade, força-vontade e cuidados-saúde. Na zona de contraste estão os elementos: vida-normal, saúde, ruim e trabalho. No grupo de Macaé, observa-se que os elementos presentes no núcleo central, são: boa alimentação, tratamento, família, trabalho e medicações. A palavra preconceito é a única presente na primeira periferia com uma frequência importante (39). Na segunda periferia encontram-se as palavras solidariedade, ruim e a expressão não beber. Na zona de contraste verifica-se a presença das expressões vida normal, cuidados saúde e direitos sociais e a palavra prevenção. Dessa forma, observa-se que a expressão boa alimentação é o único elemento comum no núcleo central entre os grupos dos municípios estudados. A palavra boa faz parte dos elementos centrais dos grupos do Rio de Janeiro e Niterói e não é mencionada pelo grupo de Macaé, mesmo na periferia. Os termos medicações e tratamento fazem interseções nos grupos de Macaé e Niterói, estando na periferia do grupo do Rio de janeiro. A relação entre os termos sugere que a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV está relacionada: à necessidade de alimentação adequada; tratamento, em que estariam inseridas as medicações e boas práticas de saúde. Isto quer dizer que para o grupo estudado a qualidade de vida está associada a ter saúde e para alcança-la ou mantê-la se faz necessário adotar práticas de promoção da saúde. Considerações finais: Diante dos conteúdos das representações sociais dos três grupos estudados, pode-se dizer que eles apresentam conteúdos e dimensões que permitem concluir possuírem a mesma representação social da qualidade de vida, embora cada um tenha suas particularidades na constituição dessa representação. Acredita-se que a aplicação dessa técnica nas pesquisas permite que os profissionais de saúde sistematizem o cuidado com um olhar para além da doença do cliente, contribuindo para a mudança de estilo de vida das pessoas, fazendo com que tenham autonomia e sejam responsáveis pelas suas escolhas, colaborando para a mobilização da população com vistas à implantação de políticas públicas saudáveis. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8194 Título do Trabalho: O RECONHECIMENTO DO DIREITO À SAÚDE DAS MULHERES SOB A PERCEPÇÃO DO MOVIMENTO DE MULHERES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Autores: MARCELLA NEIVA ROMERO, MARIA FERNANDA TERRA |
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Apresentação: O movimento feminista luta pelos direitos das mulheres na sociedade. Essa luta envolve a busca pela igualdade na participação na política, na vida social e econômica, no acesso a trabalho e renda, saúde, moradia, autonomia e liberdade de expressão. Essa busca por igualdade é importante e se destaca na saúde brasileira, quando, a partir da luta do movimento social, com participação intensa das mulheres, junto do movimento da Reforma Sanitária, se estabelece o Sistema Único de Saúde (SUS) como um sistema de saúde universal a toda a população. Reconhecendo que a luta popular e dos movimentos é fundamental para a efetivação da saúde como um direito, esse trabalho busca Identificar como o movimento social de mulheres reconhece a garantia do direito à saúde das mulheres nos serviços de Atenção Primária à Saúde. Desenvolvimento: Pesquisa qualitativa elaborada a partir de entrevistas, realizadas no mês de julho de 2016, com três feministas da Organização Não Governamental União de Mulheres de São Paulo após concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - CAAE: 56141416.6.0000.5479. As entrevistas foram baseadas em um roteiro semiestruturado, criado pelas autoras; foram gravadas, transcritas e analisadas posteriormente a partir do método análise de conteúdo que destaca a importância de cada dado coletado e valoriza o sentido das palavras de acordo com o tema central do projeto para descrevê-lo. Resultado: Sobre as entrevistadas os nomes das mulheres foram modificados de modo a garantir o sigilo e a privacidade conforme as determinações do CEP. Na análise das entrevistas, emergiram temas que foram estruturados em três categorias: 1ª Garantia do acesso à saúde; 2ª Reprodução da violência e 3ª Formação profissional. Na categoria Garantia do acesso à saúde, o tema que se destaca é o aborto, como tema pouco debatido e pouco garantido mesmo mediante ao direito legal descrito na lei. A não garantia desse direito, na concepção das entrevistadas, oferta risco a saúde das mulheres, quebrando a lógica de cuidado do setor saúde e a negação, segundo elas, está diretamente relacionada a prática assistencial baseada em julgamentos, preconceitos. Somado ao tema do aborto, aparece o tema dos direitos sexuais e reprodutivos descritos na constituição como um direito a ser garantido pelo Estado, mas que são pouco trabalhados na perspectiva da autonomia dos sujeitos, principalmente das mulheres. Nesse contexto, as entrevistadas trazem que a educação sexual não é plenamente discutida nos serviços de saúde, e, quando abordadas, são feitas a partir da oferta ou imposição de métodos contraceptivos principalmente às mulheres adultas, pobres, negras e com vários filhos, perpetuando o pensamento materno-infantil, sem considerar seus aspectos individuais e de autonomia quanto a viver e a usufruir de seus direitos e da sua sexualidade de modo pleno. Na categoria da reprodução da violência as entrevistadas trazem a temática da violência obstétrica que se caracteriza por qualquer abuso sofrido pela mulher quando ela procura o serviço de saúde por questões relacionadas ao pré-parto, parto e pós-parto e nesse sentido as entrevistadas ressaltam que essa violência está relacionada ao recorte de raça, classe e gênero, além da impossibilidade de se dialogar a respeito do parto, pois entende-se que o diálogo perpassa a condição socioeconômica e é baseada no viés racial – construído após décadas de exploração humana baseadas em características fenotípicas que foram e são usadas, para a reprodução de discriminação, preconceitos e exclusão do sujeito, sendo traduzido na não oferta de atendimento em saúde de forma adequada. Ainda sob o aspecto da violência, discutido na segunda categoria, discute-se a violência obstétrica, também na perspectiva de gênero, que se caracteriza pela relação desigual a qual a mulher foi posta na sociedade, que foi baseada no patriarcado. Desse modo a mulher é vista como um ser vulnerável, que circula na sociedade possuindo menos poder que os homens, o que legitima ações de abuso contra elas. Por fim, tratando-se da categoria formação profissional, as entrevistadas descrevem a falta de humanização profissional na assistência ofertada às mulheres durante o parto nos serviços de saúde e a literatura reforça essa fala afirmando que os profissionais de saúde prestam uma assistência permeada por preconceitos e juízo de valores que são decorrentes de uma ideologia histórica, construída sob o patriarcado, que influencia na maneira de conduzir um atendimento em saúde. E sob a perspectiva das violações sofridas pela mulher, a postura profissional é ainda mais inadequada, pois o profissional não considera o desequilíbrio imposto socialmente no que se trata das relações entre mulheres e homens – questões relativa à gênero - e todas as queixas são postas a prova e por muitas vezes desconstruídas; consequentemente ocorre a omissão de atendimento ou a prestação de um cuidado inadequado ou insuficiente que traz prejuízo à saúde da mulher e pode expor ela a risco de vida. Como enfrentamento a essa assistência de má qualidade, as pesquisas trazem a necessidade de uma formação acadêmica que dê mais subsídios para a prestação de uma assistência deslocada dos juízos de valores pessoais de cada profissional de saúde. Considerações finais: O SUS tem o controle social como um princípio para a construção de políticas públicas e para a garantia do direito à saúde, desse modo, o movimento de mulheres tem um papel de extrema importância no que se refere à garantia dos direitos em saúde das mulheres. Nesse sentido é importante ressaltar que para se alcançar a plena garantia de direitos, é necessária a articulação de três pilares: o campo das políticas públicas, sob a responsabilidade de construir os caminhos para a garantia dos direitos; o campo da organização dos serviços, e o campo das práticas, para que os profissionais reconheçam as suas responsabilidades e as executem de modo a garantir os direitos das mulheres. Nesse contexto, notou-se que, apesar de leis e protocolos, o direito à saúde das mulheres, na perspectiva do movimento social de mulheres, não é plenamente garantido, pois, apesar do arcabouço legal, a prática assistencial dos profissionais de saúde, inclusive da enfermagem, são baseadas em preconceitos e julgamentos morais. Desse modo, faz-se necessário o repensar a prática assistencial a luz dos direitos humanos das mulheres e da ética profissional. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9745 Título do Trabalho: CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: PERCEPÇÃO DE MULHERES QUANTO AO EXAME DE RASTREIO EM UMA METRÓPOLE DA AMAZÔNIA, BELÉM – PARÁ. Autores: Melissa Barbosa Martins, Viviane Albuquerque Farias, Elielson Paiva Sousa, Albertth Alex da Silva Lima, Dirce Nascimento Pinheiro |
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Apresentação: O exame citopatológico é a principal estratégia do sistema de rastreamento de mulheres assintomáticas para o PCCU com o objetivo de detectar precocemente as lesões de baixo e alto grau associadas ou não ao papilomavírus humano. Estima-se que aproximadamente 80% da mortalidade por câncer do colo de útero possa ser reduzida com programas de rastreamento e tratamento de lesões precursoras com alto potencial de malignidade e a mortalidade por câncer do colo de útero mostra tendência ascendente em municípios dos interiores das Regiões Norte e Nordeste do Brasil. Esta pesquisa teve como objetivo identificar a percepções de mulheres quando ao exame de rastreio ao câncer do colo de útero. Método:Estudo descritivo, de cunho qualitativo. A população de estudo é composta de mulheres com idade mínima de 18 anos. O projeto de pesquisa foi desenvolvido em conformidade com a Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde – CNS aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Pará através do parecer n° 3.677.584. A pesquisa foi realizada em uma unidade básica de saúde do Município de Belém do Pará. A coleta de dados foi composta de um instrumento de entrevista, previamente validado ao qual foi aplicado às participantes do estudo de forma aleatória considerando como variáveis as questões identificadas como itens de inclusão, adesão e aceitação ao PCCU e as dificuldades na realização do exame citopatológico. Resultado: Quando falamos sobre os fatores de interferem a adesão dessas mulheres ao exame, os principais foram: vergonha, dor, medo, poucas fichas, demora na entrega dos resultados e dificuldade dos dias e horários. Quanto a demora na entrega dos resultados, tal fato traz consequências de que algumas mulheres não retornam para buscar os resultados, o que dificulta no rastreio do câncer de colo de útero e no tratamento e diagnóstico de outras patologias. A vergonha tem relação, principalmente em não saber quem é o profissional que está na realização do exame, e o medo por não ter informações de como é realizado o exame, outras relataram vergonha pela forma a qual foram tratadas pelo profissional ao qual realizou o exame. Considerações finais: Verificou-se que um dos maiores impedimentos para a realização do exame citopatológico é a falta de informação repassada à população juntamente com as dificuldades de atendimento da unidade. Além disto, muitas mulheres realizam o exame citopatológico de forma espontânea e oportunista porque ele fornece informações importantes para tratamento clínico de infecções genitais, todavia poucas procuram o exame como método principal para o diagnóstico inicial do câncer de colo uterino. Faz-se necessário que a gerência administrativa responsável pela instituição juntamente com a equipe de saúde, principalmente a equipe de enfermagem ao qual é responsável pelo Programa de Prevenção do Câncer do Colo do Útero, busquem soluções para a melhoria do atendimento, visto os problemas apresentados pelas usuárias permitindo um atendimento mais individualizado e de qualidade, intervindo no problema e assim, alcançar um resultado satisfatório na saúde do cliente. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9238 Título do Trabalho: VACINAÇÃO: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE Autores: Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho, Paola Langner da Cruz, Joyngle do Amaral do Amaral Kremer, Mylena Stefany Silva dos Anjos, Nathália Arnoldi Silveira |
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Apresentação: As vacinas são provavelmente o maior avanço contra as doenças na história da humanidade. É mais fácil prevenir uma doença do que tratá-la. Ela não apenas protege aqueles que recebem a vacina, mas também a comunidade como um todo. Quanto mais pessoas de uma comunidade se vacinarem, menor é a chance de qualquer uma delas, vacinadas ou não, ficarem doentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que as vacinas evitam entre 2 a 3 milhões de mortes por ano. No entanto, como não chegam a todos, 2 milhões de pessoas morrem anualmente vítimas de patologias que podiam ser evitadas. O êxito das Campanhas de Vacinação contra a varíola na década dos anos sessenta mostrou que a vacinação em massa tinha o poder de erradicar doenças. No entanto, os números do Ministério da Saúde indicam uma grande queda nas taxas de vacinação, que caíram de 95% para 80%. De acordo com estes dados, as razões para isto são: a percepção enganosa de que não é preciso mais vacinar porque as doenças desapareceram; o desconhecimento de quais são os imunizantes que integram o calendário nacional de vacinação; o medo de que as vacinas causem reações prejudiciais ao organismo e a falta de tempo das pessoas para ir aos postos de saúde, que funcionam das 8h às 17h só em dias úteis. Cabe salientar que todas as vacinas são disponibilizadas pelo SUS e que, anualmente, temos campanhas que abrangem todo o país, com o envolvimento dos profissionais da saúde que trabalham nas coordenadorias de saúde, secretarias, Estratégia de Saúde da Família, Unidades de Saúde e em hospitais. Segundo o Ministério da Saúde, educação em saúde se entende por um processo educativo com o intuito de promover o autocuidado entre a população, maior diálogo entre os profissionais e pacientes e trazer conhecimentos em saúde aos mesmos, visando melhorar a qualidade de vida e saúde de cada indivíduo, atendendo as suas necessidades. Fato que é considerado fundamental em todas as campanhas de vacinação. Ademais, a educação em saúde tem como objetivo conscientizar a comunidade através de estratégias, sobre a importância da adesão ao tratamento, de mudanças de estilo de vida, além disso dispor de informações e suporte a essa população, dessa maneira, cooperando para a melhora de vida dos usuários do SUS. Metodologia de pesquisa A pesquisa tem características de um estudo descritivo e analítico de rastreamento epidemiológico observacional que seguiu as diretrizes metodológicas do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas – PSE, Guia para Formação de Profissionais de Saúde e de Educação e também o preconizado nas "Orientações básicas de atenção integral à saúde de adolescentes nas escolas e Unidades Básicas de Saúde". A coleta dos dados foi realizada por alunos matriculados na matéria de metodologia de pesquisa, ofertada para o curso de Fisioterapia na Universidade de Cruz Alta. Realizou-se através da aplicação de um questionário adaptado da pesquisa intitulada: “Percepções acerca da importância das vacinas e da recusa vacinal numa escola de medicina”, composto com perguntas abertas e fechadas destinadas a avaliar a percepção dos entrevistados sobre a importância das vacinas, além de responsabilidade social e aspectos éticos e legais da vacinação e da recusa vacinal. Participaram da pesquisa alunos matriculados, no ano de 2019, no Ensino Médio (1°, 2° e 3°ano) e Técnico Profissionalizante (Técnico em Química, Contabilidade, Secretariado, Segurança do Trabalho, Enfermagem e curso normal), do I. E. E. Professor Annes Dias, do município de Cruz Alta (RS), totalizando uma população de 265 alunos. Resultado: De um total de 265 alunos, 90,4% (n=235) possuem carteira de vacinação, destes apenas 59,6% (n=155) estão atualizadas, ao questionar se os participantes acompanham as campanhas de vacinação, apenas 48,8% (n=127) revelam acompanhar. Destes, 95% (n=245) relatam acreditar na imunização através da vacinação, 5% (n=13) não acreditam e ao serem questionados sobre o motivo 78% (n=6) mencionam ter medo de que ocorram reações contrárias, 13% (n=1) acreditam que nunca estamos imunes, e 13% (n=1) alegam que mesmo vacinados, familiares acabaram falecendo. 52% (n=6) dos estudantes não especificaram um motivo. Destacam-se entre os principais motivos para o não cumprimento da vacinação, o esquecimento, com cerca de 37,2% (n=89), logo em seguida o desconhecimento 12,1% (n=29), a falta de vacinas da Unidade Básica de Saúde 8,4% (n=20), a perda da carteira de vacinação 7,9% (n=19) e descrença 2,9% (n=7), que apesar se mostrou pequena neste estudo, entretanto no estudo de Succi (2017), onde foram entrevistados 53 estudantes de medicina, 54,7% dos estudantes garantiram conhecer alguém que se recusa a receber vacina, e 43,4% dos estudantes contaram que conhecem alguém que se recusa a vacinar seus filhos, seriam causas da recusa vacinal: medo de eventos adversos, razões filosóficas, religiosas e desconhecimento sobre gravidade e frequência de doenças. Sobre as crenças e opiniões dos participantes em relação a vacinação, 61,9% (n=161) acreditam que a vacinação protege as crianças precocemente das doenças infecciosas, 31,9% (n=83) não souberam opinar. Quando questionados se as pessoas já vacinadas protegem outras pessoas da aquisição de doenças infecciosas, 51,9% (n=135) defendem que sim, 26,5% (n=69) dizem que não e 21,5% (n=56) não souberam opinar. Em relação aos aspectos éticos relacionados a recusa vacinal, 41,5% (n=108) dos participantes julgam que a escola não pode se recusar a receber alunos que não são vacinados, 43,5% (n=113) não souberam opinar e apenas 15% (n=39) defendem que sim, a escola pode se recusar. Sobre as escolhas dos pais, 18,8% (n=49) concordam que os pais podem decidir, sem nenhum limite, sobre a aplicação de vacinas em seus filhos, cerca de 30,8% (n=80) dizem que não e 50,4% (n=131) não souberam opinar. Conclusão Com os resultados obtidos concluímos que apesar de grande parte dos entrevistados defender a imunização através da vacinação e de a descrença e recusa vacinal se mostrarem pequenas, a falta de informação e desinteresse faz com que menos da metade dos alunos acompanhe as campanhas e datas para a realização das vacinas, não mantendo a carteira de vacinação atualizada e trazendo riscos para a comunidade. Isso ressalta a necessidade da educação em saúde, a escola e os profissionais de saúde tem uma responsabilidade social coletiva na disseminação de informação e práticas de autocuidado. Nesse sentido, as ações de prevenção e manutenção da saúde são propostas de uma forma que sejam fáceis o entendimento e a aplicação, visando a melhora da qualidade de vida dos envolvidos. |
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Trabalho nº 7704 Título do Trabalho: EPISIOTOMIA DE ROTINA: PERCEPÇÃO DAS MULHERES MÃES ATENDIDAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE EM MANAUS/AM Autores: Verônica Vasconcelos da Silva, Antônia Evilannia Cavalcante Maciel |
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Apresentação: A episiotomia constitui-se no mecanismo mais comum na obstetrícia moderna, devendo ser feita com consentimento informado da mulher. A incisão é realizada no períneo e tem a finalidade de alargar o canal vaginal para oportunizar um parto normal. Este procedimento é bastante utilizado entre os médicos e enfermeiros obstetras onde a grande maioria desses profissionais já vem realizando esse procedimento de forma indiscriminada. É importante que a parturiente tenha conhecimento quanto a esse procedimento, para isso é importante que os profissionais sanem as dúvidas que essas mulheres possuem. Antigamente era comum que o obstetra fizesse a episiotomia, onde os cortes eram retos e planejados. Porém, atualmente muitas episiotomias são realizadas sem cortes precisos e principalmente sem indicação e consentimento da parturiente, com isso os riscos de infecções aumentam, o período de recuperação pós-parto prolonga, problemas de autoestima em mulheres que passam pelo procedimento são identificados, além de afetar a amamentação e dificultar o cuidado com o RN. Objetivo: Investigar o conhecimento das puérperas sobre o procedimento de episiotomia sem indicação seletiva. Desenvolvimento: Trata- se de um estudo de caráter exploratório-descritivo com abordagem qualitativa de dados que buscará investigar o conhecimento das puérperas sobre o procedimento de episiotomia sem indicação seletiva na UBS Nilton Lins, bairro flores, Manaus-Am. O estudo tem como população de referência as puérperas/e ou lactantes que passaram pelo procedimento de episiotomia, a seleção das participantes da pesquisa se dará por meio de amostragem sistemática onde serão selecionadas 10 mulheres que serão abordadas durante a visita domiciliar junto a companhia do agente comunitário de saúde, o estudo será apresentado e as mesmas participarão do estudo mediante a aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultado: Esperados: visando esse enfoque, o referido projeto de pesquisa sugere um caminho que leva o conhecimento dos profissionais de saúde a partir do ponto de vista das mulheres que foram submetidas a episiotomia de rotina, sobre a possibilidade de sensibilizar os profissionais de saúde a humanização do parto e o direito de fala e empoderamento feminino. Além da eficiência na assistência do pré ao pós-parto, sendo assim os caminhos apontam para o conhecimento e sensibilização. Considerações finais: Diante de uma proposta de conhecimento das puérperas quanto as práticas de episiotomia de rotina, enfatiza-se a necessidade da humanização do parto e o empoderamento das gestantes quanto ao conhecimento fisiológico do parto e suas peculiaridades durante o pré-natal, assim fortalecendo a saúde por meio da promoção de saúde com a propagação e multiplicação de conhecimento assim fortalecendo a luta contra a violência obstétrica e o direito de fala da mulher. |
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Trabalho nº 7198 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE A PROMOÇÃO DO CUIDADO A PARTIR DO ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES EM SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA Autores: Sílvia Aline Furtado, Ana Pereira Alvarenga, Kelly Carvalho Vieira, Maysa Helena de Aguiar Toloni |
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Apresentação: O Programa Bolsa Família tem como objetivos proporcionar o alívio imediato da extrema pobreza e propiciar a saída da condição de vulnerabilidade social entre gerações. Como estratégia para a mudança da situação de vulnerabilidade, busca-se proporcionar aos beneficiários o acesso aos serviços públicos de saúde, educação e assistência social por meio do cumprimento de condicionalidades nas respectivas áreas. Na saúde as condicionalidades são acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo consideradas como instrumento de promoção de equidade no acesso aos serviços, por estimularem a entrada de uma população de maior vulnerabilidade social nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Este acompanhamento compreende atividade compartilhada e, portanto, de responsabilidade de todos os profissionais envolvidos, entretanto os agentes comunitários de saúde (ACS) destacam-se neste processo, por seu papel de intermediador entre o governo e a população. Considerando-se a relevância das condicionalidades de saúde para a obtenção do objetivo de saída da condição de vulnerabilidade social, este trabalho buscou compreender a percepção dos ACS quanto à utilização do acompanhamento das condicionalidades de saúde como estratégia de promoção da saúde dos beneficiários do programa em um município do sul do Estado de Minas Gerais. A pesquisa teve delineamento transversal e abordagem qualitativa e é parte integrante de um projeto mais amplo intitulado “Programa Bolsa Família: avaliação da Segurança Alimentar e Nutricional das famílias participantes e acompanhamento das condicionalidades de saúde sob a ótica dos profissionais”, aprovado pelo Comitê de Ética e financiado pelo CNPq. Na pesquisa foram realizadas entrevistas com 17 ACS, gravadas e posteriormente transcritas por empresa especializada. A quantidade de respondentes foi definida pelo método de saturação de dados e os resultados foram obtidos por análise de conteúdo. As entrevistas mostraram que não era comum entre os ACS a utilização das informações obtidas durante o acompanhamento das condicionalidades na triagem e encaminhamento dos beneficiários para outros profissionais e serviços de saúde. Quanto ao aproveitamento do momento do acompanhamento das condicionalidades para a utilização de outros serviços da UBS o resultado foi contraditório. A maior parte dos profissionais negou notar este costume, outros não só disseram acontecer como enfatizaram a importância deste fato. Também foi analisada a percepção sobre o aumento da frequência à unidade de saúde pelos beneficiários sendo mais comum a ideia de que o cumprimento das condicionalidades de saúde não interferiu no hábito de frequentar ou não a UBS. Quanto à realização de atividades ou serviços, os ACS também afirmaram não realizarem ações específicas para esse grupo, nem os enxergarem de forma diferenciada. Esses profissionais parecem entender a realização de atividades diferenciadas como um privilégio e não como atenção ao princípio de equidade do SUS. Em síntese, foi possível notar que a forma de acompanhamento, utilização e valorização das condicionalidades em saúde no município tem sido pouco efetivas na promoção do acesso aos serviços de saúde. Estes resultados evidenciam a necessidade de capacitação dos ACS e demais profissionais envolvidos no acompanhamento das condicionalidades para tornar possível que estas sejam estratégias de superação da vulnerabilidade e ruptura da pobreza entre gerações. |
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Trabalho nº 11807 Título do Trabalho: TRABALHO, ADOECIMENTO E PERCEPÇÕES DE SERVIDORES APOSENTADOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ/UNIFAP. Autores: Renan Mesquita Rodrigues Silva, Selma Gomes Gomes da Silva, Miriam da Silveira Perrando, Revan Araújo de Souza |
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Apresentação: O trabalho ocupa um lugar fundamental na dinâmica subjetiva do indivíduo, podendo ser fonte de subsistência, posição social, prazer e satisfação. Por sua vez, após o afastamento do trabalhador de suas atividades laborais por aposentadoria pode haver uma perda social do ser humano que, consequentemente, acarretará outros prejuízos nos âmbitos psicológico, doméstico e familiar, além de coincidir com o processo de envelhecimento natural que traz consigo muito problemas de saúde. Alguns dos efeitos negativos imediatos característicos da aposentadoria poderão ser a redução da renda familiar (perdas salariais), a ansiedade pelo desconhecido, o aumento de consultas médicas e principalmente, a perda do sentido de si. Este estudo faz parte de um plano de trabalho de iniciação cientifica, vinculado a um projeto de pesquisa em desenvolvimento, com o objetivo de conhecer o perfil dos servidores em situação pós-aposentadoria que exerceram suas atividades laborais no contexto acadêmico da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) com o intuito de compreender suas vivências, sentimentos, formas de adoecimento, expectativas e percepções neste momento de suas vidas. Para tanto, formulamos as seguintes questões norteadoras de pesquisa: qual o perfil, as percepções e vivencias dos servidores na condição pós aposentadoria da UNIFAP? Quais os principais tipos de sofrimento psíquico e adoecimento que acometem servidores (docentes e técnicos) aposentados? Quais as correlações significativas entre variáveis demográficas e variáveis subjetivas, tais como: sentimentos, percepções e vivências frente ao estado de aposentadoria? A pesquisa será de abordagem quantitativa e qualitativa, de natureza descritiva, com o uso da escuta de relatos e narrativas acerca de trajetórias de trabalho e experiências na aposentaria; entrevistas semiestruturadas e aplicação questionários. Os participantes da pesquisa são todos os servidores que se encontram em situação de aposentados, cerca de 63 servidores. Os dados produzidos serão tabulados, analisados e confrontados usando técnicas de estatística descritiva como correlação de Pearson. Essas técnicas visam atribuir maior validade, confiabilidade e significância aos dados obtidos. Espera-se como resultados deste estudo, a construção do perfil desses servidores, compreender suas experiências e narrativas nesse momento de transição em suas trajetórias de trabalho, bem como seus sentimentos, qualidade de vida, tipos de adoecimentos e percepções sobre as vivencias na aposentadoria. Entende-se, portanto que, as mudanças decorrentes desse processo de ruptura com as atividades laborais poderão favorecer o adoecimento, tanto físico quanto emocional, impactando sobretudo, na autoestima pessoal e qualidade de vida, em casos que o trabalhador aposentado, não tenha se preparado para este momento da trajetória humana. |
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Trabalho nº 10273 Título do Trabalho: ENFERMAGEM E A ARTE DO CUIDADO EM SAÚDE: PERCEPÇÕES DE TRABALHADORAS DA ESF NO NORTE DO PARANÁ Autores: Gabriel Pinheiro Elias, Roseneyde Bettelli Ribeiro, Izabel Godoy dos Santos, Giordana Maronezzi da Silva, Maria Aparecida de Castro Miranda, Fabiane Matsumoto de Souza Kizima, Joice Fernanda Casini, Camila Siguinolfi |
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Apresentação: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é uma política primordial no fortalecimento da Atenção Básica (AB) e no reorientar da lógica de um cuidado em saúde fragmentada e hospitalocêntrica a uma lógica coerente aos preceitos do Sistema Único de Saúde. No intento de trabalhar e se pensar a saúde a partir da prevenção, promoção e proteção, e ambicionando 80% de resolubilidade de suas demandas, a AB conta com a ESF em suas equipes multiprofissionais para a territorialização e vinculação com os usuários e suas necessidades para garantir a integralidade do cuidado. Tais equipes possuem profissionais da Enfermagem (Enfermeira, Técnicas e Auxiliares de Enfermagem), Agentes Comunitárias de Saúde, Cirurgiã-dentista, Auxiliar/Técnica em Saúde Bucal e Médico. Mesmo que profissionais de diferentes núcleos, todos podem participar na produção de atos cuidadores – acolhimento, escuta, criação de vínculos – baseados na singularidade do encontro trabalhador-usuário. Nessa equipe, a enfermagem possui algumas atribuições específicas: atividades como atendimento de demanda espontânea e programada, visitas e atendimentos domiciliares e atividades de prevenção e promoção em saúde em escolas, igreja e praças do território, além de planejamento e gerenciamento de ações – com toda população e faixas etárias. A intenção desse trabalho é relatar a percepção sobre o cuidado das profissionais de enfermagem de uma UBS, em Apucarana (norte do Paraná), que compõem duas equipes ESF sendo duas enfermeiras, duas técnicas e uma auxiliar de enfermagem. Desenvolvimento: Essa UBS é responsável por uma área de abrangência de cerca de 16000 pessoas e, além das equipes ESF, possui uma equipe da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família da Autarquia Municipal de Saúde pela qual se dá minha inserção no serviço enquanto residente. No cotidiano dessas equipes, tenho percebido certa sobrecarga dessas profissionais da enfermagem, as quais são buscadas pela alta resolutividade e capacidade decisória frente às situações vivenciadas pela equipe e usuários, sendo ponto de apoio para toda equipe. Ao mesmo tempo, não há atividades de cuidado voltadas a essas profissionais, não há espaço de escuta de suas fragilidades e dificuldades, como enfermeiras ou como mulheres. No meu lugar enquanto residente, participando de discussões dentro e fora da UBS sobre o cuidado em espaço protegido que o programa de residência oferta, me implico com o que essas profissionais diriam sobre o assunto. Como elas veem o cuidado em saúde, em quais condições o cuidado se dá no cotidiano dessas equipes? A partir desse questionamento, meio a toda correria do dia a dia que esse trabalho foi se construindo, sendo os resultados frutos de conversas na sala da triagem, corredor e rascunhos escritos à mão: um texto de múltiplas vozes e reflexões. Resultado: O que dizer sobre o cuidado? Cuidar diz respeito ao outro – e quem é essa pessoa que chega até nós? As pessoas chegam com problemas e querem conversar com a primeira pessoa que a atender, no nosso caso a enfermagem. Ele fala sobre a família, angústias, trabalho, até mesmo sobre agressões sofridas etc. Lembrando que estar sadio envolve as três dimensões do ser humano: bem estar físico, mental e social, portanto cuidar torna-se um processo e não uma ação e como tal exige do(s) cuidador(es) a capacidade de enxergar a pessoa integralmente e de incitar o empoderamento e responsabilidade sobre sua recuperação. É preocupar-se com o outro na sua existência como um geral, a gente tem que cuidar não só do corpo físico, mas do emocional, social, cultural – cuidar daquilo que faz sentido para o outro. Ou seja, entender como um ser múltiplo e que passa por várias situações pessoais e sociais e isso faz parte de sua saúde. Assim, cuidar é enxergar o outro primeiramente de maneira respeitosa, acolher e ter um olhar especial e humano sem preconceito. É atender um desconhecido como se fosse alguém da nossa família. É se alegrar com a chegada de um recém nascido e se entristecer com a partida de um paciente querido. Cuidar é saber respeitar todas as diferenças com amor e ética. Cuidar da vida alheia é preocupar-se com a vida alheia, sem julgamentos e com empatia, responsabilidade, e é claro, muito amor – amor define a palavra cuidar. Para enxergar o outro num todo, é preciso abrir mão dos preconceitos e convocar para o encontro a sensibilidade. Consiste em emendar esforços transpessoais de um ser humano a outro visando proteger, promover e preservar a humanidade ajudando a encontrar o significado na doença, no sofrimento, na dor, bem como em sua existência. Cuidar é proporcionar dignidade ao ser humano, acolher as necessidades, oferecer as possibilidades de tratamento, reabilitação e cura e apoiar as pessoas no processo de transição entre estar doente e tornar-se sadio. É estar atento, sempre escutando com atenção para ver o que pode ser feito no momento, para onde podemos encaminhar de maneira que outros profissionais o ajudem. O cuidado é um dos instrumentos de trabalho da enfermagem. Cuidamos e somos cuidadores desde nossa concepção. Procuramos cuidar bem das pessoas com as quais nos envolvemos proporcionando bem estar e qualidade de vida. O cuidar é dar apoio, ajudar, zelar, escutar. O trabalho da enfermagem é a arte de cuidar. Na nossa UBS, as potencialidades para a promoção desse cuidado é a equipe em seu empenho, responsabilidade, acessibilidade, dedicação e harmonia dentro das possibilidades do contexto, sempre procurando atender a todas as demandas. Outra coisa é o acolhimento realizado em todas as etapas do cuidado, assim como a clínica ampliada – mesmo que praticada informalmente, com um bom relacionamento com o paciente e uma boa formação e conhecimento dos profissionais para exercer sua função adequadamente trazendo conforto e tranquilidade a eles. Tem também o grupo dos residentes, que acrescentam muito e proporcionam cuidado de grande qualidade cada um com seu olhar, assim como a percepção de que a prevenção é tão importante quanto a cura. Entretanto, sofremos com a falta de condições adequadas de trabalho – tanto na falta de insumos e recursos humanos, como na infraestrutura precária. A ausência de um programa de Educação Permanente e/ Continuada também é uma fragilidade, tendo pouco reconhecimento da AB por parte dos gestores e a falta de adesão da gestão no processo de “EDUCAR” a população e de proporcionar espaços para Educação Permanente dos funcionários. Além da ausência da gestão nesses aspectos, a interferência política nos processos de saúde prejudica. A supervalorização de alguns profissionais e a pouca valorização de outros, como a enfermagem – comumente sobrecarregadas e angustiadas porque estamos ali cuidando e às vezes precisamos de cuidados. Nós somos os cuidadores, e é muito difícil cuidar de quem cuida – quem cuida não tem tempo para ser cuidado. Considerações finais: A discussão expõe uma noção de cuidado pautada na presença do usuário de forma ampliada, numa compreensão biopsicossocial e também existencial, convocando o vínculo e o preocupar-se como implicação ao cuidado. Para tanto, entende-se a necessidade da empatia e do respeito a fim de trabalhar com o usuário nesse plano. Entretanto, não é uma tarefa simples, pois, o exercício da enfermagem em uma UBS é complexo, abarcando o acolher, escutar, solucionar, resolver e lidar com as mais variadas demandas com condições de trabalho inadequadas sobrecarregando a enfermagem, além de trazer o sentimento de má valorização social e política da categoria. Com isso, ressalta-se a necessidade de espaço de atenção e cuidados a essas profissionais. |
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Trabalho nº 9250 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO E PRÁTICAS DE SAÚDE BUCAL EM USUÁRIOS DO SUS NO RIO DE JANEIRO Autores: Juliana Cardoso da Silva Bigonha, Luciana Freitas Bastos, Celso da Silva Queiroz, Fernanda Nunes de Souza, Rhayany de Castro Lindenblatt Ribeiro, Fátima Cristina Natal de Freitas, Andréa Lanzillotti Cardoso |
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Apresentação: As salas de espera dos serviços de saúde são ambientes favoráveis para desenvolver atividades de educação em saúde bucal. Isto denota criar condições para a obtenção de conhecimentos, o desenvolvimento de atitudes e valores que levem os usuários a serem coresponsáveis pela sua saúde. Esse estudo tem investigado as percepções e práticas de saúde bucal em usuários do SUS no Rio de Janeiro. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de natureza descritiva. Os dados são colhidos através de um questionário semiestruturado respondido por usuários adultos presentes nas salas pré-clínicas médicas da Policlínica Piquet Carneiro/UERJ, escolhidos aleatoriamente após atividades educativas, com início em julho de 2019. Essa instituição foi escolhida como campo de coleta de dados porque se trata de um espaço de referência estadual com 23 especialidades médicas e apoio diagnóstico/terapêutico. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUPE/UERJ sob o no. 3.416.024. Resultado: parciais demonstram que 57% eram mulheres, cuja faixa etária predominante foi de 45 a 64 anos; com relação ao grau de escolaridade a maior percentagem possuía ensino médio completo (37,4%). Com relação à percepção de saúde bucal: 75,7% respondeu ser importante ter dentes sadios para melhorar a saúde como um todo, já 12,2% credita essa importância à estética; 61% acredita não ter cárie atualmente, mas 88% revela já ter tido lesão de cárie. Quando questionados sobre as práticas de higiene oral 90,6% afirmou escovar duas ou mais vezes por dia; 40,5% dos respondentes alegou utilizar fio dental além da escova de dentes para higienizar a boca; 46% declarou trocar a escova de dentes entre três e seis meses de uso; ademais, 52,7% disse não ter qualquer dificuldade para higienização. Considera-se que a população estudada, por conta da idade da maioria dos respondentes, apresenta vestígios do modelo cirúrgico restaurador na odontologia. No entanto, espera-se que a partir das práticas de higiene oral desempenhadas pela maioria atualmente, aliada à educação permanente em salas de espera, se traduza em desfechos positivos para a sua própria saúde. Ratificando, dessa forma, que todos os cenários em que se produz saúde são ambientes relevantes de empoderamento popular. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10278 Título do Trabalho: Percepção dos usuários frente as práticas do enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família. Autores: Clara Beatriz Cavalcante, Tamiris Taciane Duarte, Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa |
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A Atenção Primária à Saúde (APS) inserida na rede de atenção no Sistema Único de Saúde, através do modelo da Estratégia Saúde da Família (ESF), compreende um conjunto de saberes e práticas direcionadas ao indivíduo, à família e ao território de vida da população. Neste contexto, espera-se que o enfermeiro atue em equipe multiprofissional fortalecendo o vínculo e o cuidado com a comunidade. Ao considerar que, as práticas de cuidado do enfermeiro na ESF têm impacto direto no cotidiano de vida da população, é importante compreender como os usuários percebem a prática desenvolvida pelo referido profissional. Assim, este estudo tem como objetivo: Identificar as percepções dos usuários dos serviços de saúde frente às práticas do enfermeiro na ESF. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal e qualitativa. Desenvolveu-se entrevistas semiestruturadas com 18 usuários cadastrados na ESF no período de agosto a setembro de 2019, sendo os critérios de inclusão: pessoas com pelo menos um atendimento pelo enfermeiro na ESF e idade superior à 18 anos. A amostragem utilizada foi a técnica de bola de neve, na qual realizou-se contatos com informantes-chaves que, ao final das entrevistas, indicavam outros usuários para participar do estudo. O instrumento de coleta de dados integrou 10 perguntas divididas em 03 eixos: identificação do participante, demanda do usuário e prática do enfermeiro. A análise utilizada foi a análise de conteúdo temático-categorial, na qual as Unidades de Registro (UR) identificadas nesta pesquisa como frases, foram agrupadas em temas e, posteriormente, categorias de análise. Assim, possibilitou a construção da seguinte categoria: Percepção do usuário frente à prática do enfermeiro. Esta pesquisa possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número de parecer: 3.294.084. Resultados: Esta categoria descreve a percepção dos usuários quanto à prática do enfermeiro, através do vínculo construído entre usuários e enfermeiros. Dentre as 58 UR presentes nesta categoria, 53 UR apresentam percepções positivas da prática do enfermeiro voltadas à humanização, atenção, acolhimento e vínculo. Práticas voltadas ao núcleo social de vida do usuário, para além da demanda biológica, também foram identificadas como uma percepção positiva da referida prática. Assim, os participantes relataram satisfação com o atendimento do enfermeiro, por tratar-se de uma prática humanizada, onde suas demandas são apresentadas e ouvidas. Quanto à percepção negativa da prática do enfermeiro na ESF, os participantes apresentaram a percepção de não resolução de seus problemas e a administração do tempo de consulta de enfermagem. Considerações finais: A identificação de percepções positivas dos participantes frente às práticas do enfermeiro na ESF indica uma prática de cuidado e de acolhimento, a qual deve se potencializada nos serviços de saúde. Entretanto, destaca-se a importância de refletir sobre tais práticas com os usuários quanto ao papel do enfermeiro na ESF. Conclui-se que, é preciso dialogar com os usuários dos serviços de saúde, compreender quais são as implicações da atenção do enfermeiro em seu cuidado cotidiano e reinventar práticas de cuidado na ESF, as quais revelem a dimensão social e de compromisso com a defesa da saúde da população. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11815 Título do Trabalho: O RACISMO PERMEANDO O ATENDIMENTO EM SAÚDE: QUAL A PERCEPÇÃO DE NEGROS? Autores: Jemina Prestes de Souza, Kathleen Tereza da Cruz, Emerson Elias Merhy |
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Apresentação: O racismo se manifesta através de regimes de verdade criados e alimentados pela sociedade, e os negros (autodeclarados pretos e pardos), apesar de representarem mais da metade da população do Brasil, têm suas vidas permeadas por preconceito e discriminação, inclusive em instituições de saúde. Ser negro é um posicionamento político, onde se assume a identidade racial étnica negra, sentindo-se pertencente a esse grupo social, cultural e politicamente. A identidade racial está relacionada com a história de vida e a consciência adquirida diante das prescrições sociais raciais ou étnicas de uma cultura, vivenciando ou não o racismo. Este estudo objetiva recolher e analisar as experiências de racismo vividas por negros nos encontros que ocorrem nos atendimentos em saúde, identificar práticas racistas e regimes de verdade que atravessam os atendimentos em saúde dos negros, refletir sobre medidas efetivas para a redução das iniquidades raciais e promoção de políticas equitativas na atenção primária, identificar quais são os aspectos/condutas/decisões técnicas do processo de trabalho que podem provocar a desigualdade na qualidade da assistência prestada pela equipe, identificar quais são as estratégias do negro para ter um atendimento em saúde satisfatório quando ele identifica práticas racistas. Trata-se de estudo qualitativo, exploratório e descritivo, que utilizou como recursos a pesquisa-ação e a ex-post-facto. Foram considerados como critérios para seleção dos participantes a autodeclaração de raça/cor negra, o que inclui pretos e pardos, e a utilização de serviços de saúde públicos e/ou privados no território nacional. Como instrumentos de coleta de dados foram elaborados um questionário sociodemográfico e um roteiro de entrevista semiestruturada, unidos em um questionário on-line. Seu link, juntamente com um texto convidativo e um breve resumo do estudo, foi enviado para pessoas-chave que auxiliaram na divulgação do questionário em suas próprias redes, como forma de ampliar o alcance territorial da pesquisa e a diversidade entre os participantes. As primeiras oito perguntas do questionário foram de cunho sociodemográfico, obtinham informações do respondente em relação a cor/raça, idade, município de moradia, profissão, renda líquida individual, tipo de estabelecimento de saúde frequentemente utilizado (público ou privado) e se dispunha de plano de saúde. Esses dados, que estão associados às iniquidades em saúde, retrataram a realidade socioeconômica dos participantes do estudo. O conhecimento do participante acerca da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e suas experiências nos atendimentos nos serviços de saúde fizeram parte das seções seguintes. Através de cinco perguntas, indagou-se sobre suas vivências de racismo em estabelecimentos de saúde e sobre eventos racistas com outros negros que tenham ocorrido em serviços de saúde e que o respondente tenha presenciado e/ou tomado conhecimento. Perguntou-se, também, se costuma adotar ou já adotou alguma postura ou atitude para evitar ou confrontar práticas racistas a fim de garantir um atendimento em saúde satisfatório. Optou-se pela análise de conteúdo como suporte teórico, onde os relatos de 117 pessoas autodeclaradas negras foram analisados de forma compreensiva quanto ao seu conteúdo e significados. Quando questionadas sobre como se autodeclaravam no critério raça/cor e com qual gênero se identificavam, 95 pessoas se autodeclararam pretas, perfazendo 81,2% do total da amostra, destas, 88 se identificaram como mulheres, sendo uma transgênero, e 29 como homens. As 22 pessoas que representam os 18,8% restantes dos participantes se autodeclararam pardas, 15 se identificaram como mulheres e 7 como homens. Os participantes têm idades de 18 a 64 anos, sendo a faixa etária mais populosa a de 21 a 30 anos, que contém 41 pessoas. Em relação à profissão dos participantes, são 45 diferentes formações, sendo 15 da área da saúde, contemplando 57 participantes. O valor de renda líquida individual foi questionado aos participantes pelo número de salários mínimos, considerando o salário mínimo brasileiro atual de R$ 998,00. As respostas foram bastante diversas, porém, a mais recorrente foi de renda líquida individual de menos de 1 salário mínimo, indicada por 20 participantes. Quanto ao tipo de estabelecimento procurado com maior frequência, 69 participantes (59% da amostra) responderam que procuram atendimento no setor privado, incluindo 02 participantes que declararam utilizar serviços oferecidos pelas instituições de trabalho; e 48 participantes (41% da população estudada) responderam que procuram atendimento no setor público – SUS. Dos 117 participantes, 61 responderam desconhecer a política e 56 responderam ter conhecimento da PNSIPN. Em relação aos 57 profissionais de saúde entrevistados, 39 conhecem a PNSIPN e 18 a desconhecem. Em relação à percepção de racismo, 53 mulheres e 11 homens relataram ter percebido racismo em seus atendimentos em saúde, 39 em serviços de saúde privados e 25 no setor público; 35 mulheres e 18 homens nunca perceberam racismo em seus atendimentos em saúde. A categorização dos dados permitiu a identificação de cinco unidades de análise: práticas racistas e regimes de verdade que provocam desigualdade na qualidade da assistência prestada aos negros; 2) violência obstétrica intensificada pelo racismo; 3) etapas do processo de trabalho que provocam desigualdade na qualidade da assistência prestada aos negros e 4) estratégias da pessoa negra para ter um atendimento em saúde satisfatório quando identifica práticas racistas. Os regimes de verdade em relação às questões raciais são expressos através de estereótipos que distorcem características naturais em algo negativo e são reforçados ao longo dos anos. Toda essa construção social fez com que a maioria da população, brancos e negros, acredite no mito da democracia racial e, dessa forma, não se posicione contra a desigualdade que toma o país. Este estudo buscou responder se “O fato de ser negro altera a qualidade da atenção à saúde do cidadão?” e encontrou como resposta que sim. Altera em todas as etapas do processo de trabalho dos serviços de saúde, sejam públicos ou privados. Altera quando o profissional não coleta a identificação de forma correta, por autodeclaração, e utiliza de suas crenças para definir o outro; altera na forma de abordagem aos negros que percebem o desprezo, a indiferença, a falta de empatia com sua dor; altera quando os usuários são preteridos na ordem de atendimento devido à regimes de verdade que versam sobre seus corpos; altera na não utilização de tecnologias adequadas para a elaboração de seu plano terapêutico e altera os aspectos psicológicos dessa população, que segue estampando os mapas estatísticos de morte e violência. As práticas racistas identificadas neste estudo estão associadas aos regimes de verdade sobre a sexualização dos corpos negros, a periculosidade do homem negro, a inferioridade intelectual das pessoas negras e a crença de que pessoas negras têm maior resistência à dor. As políticas públicas atuais se mostram ineficazes em assegurar os direitos fundamentais dos cidadãos, então há necessidade de se pensar em aspectos que possam contribuir para a adequação desse modo de fazer política pública. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9263 Título do Trabalho: ACOLHIMENTO DA POPULAÇÃO MASCULINA SOB A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: DESCONSTRUÇÃO DA INVISIBILIDADE Autores: Fabiana Cristina Silva da Rocha |
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Apresentação: O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para realizá-lo e faz parte de todos os encontros no serviço de saúde. É visível a dificuldade de se expressar da população masculina quanto a sua saúde, portanto o acolhimento a essa população deve compreender questões com enfoque no gênero, considerando as representações sociais de masculinidade em nossa sociedade. Compreendendo, ainda, que cada indivíduo tem uma perspectiva individual sobre essas questões, baseada em sua própria realidade e na realidade em que atua. Por outro lado, essa situação nos remete a questões culturais, pelas quais o homem não tem hábito de se cuidar, por isso a sua presença em serviços de saúde é pouco visível, até os dias atuais. O comportamento vulnerável do homem está ligado ao fato de o mesmo se perceber imune e invulnerável acerca da maioria das situações. Isso se inicia na infância, na qual o mesmo é ensinado a não demonstrar fraquezas e ter um comportamento contrário ao feminino, levando, muitas vezes, a tomadas de decisões impulsivas e impensadas, que podem levar à exposição a doenças e até mesmo ao risco de morte. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2016, a mortalidade masculina estava concentrada no grupo com faixa etária entre 15 e 29 anos, destacando-se que um homem adulto entre 20 e 24 anos tinha 4,5 vezes menos chances de não completar o próximo ano de vida quando comparado a mulheres da mesma faixa etária. É de extrema importância que o homem seja visualizado por completo, de forma singular, observando suas particularidades, especificidades, anseios e necessidades. Essa visão holística, inicialmente, deve ser realizada através dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família, a partir do acolhimento. Objetivo:Compreender a percepção dos profissionais de enfermagem sobre o acolhimento da população masculina na estratégia de saúde da família e, como objetivos específicos, descrever a percepção dos profissionais de enfermagem sobre o acolhimento à população masculina na Estratégia de Saúde da Família; identificar as estratégias de acolhimento à população masculina adotadas na Estratégia de Saúde da Família e discutir o impacto do acolhimento da população masculina, com enfoque na saúde, na Estratégia de Saúde da Família. Método/ Desenvolvimento: Descritivo e abordagem qualitativa, com 17 profissionais de enfermagem (entre eles nove enfermeiros e oito técnicos de enfermagem), que desenvolvem atividades em uma unidade de saúde tipo b, ou seja, Centro Municipal de Saúde (CMS) e Clínica da Família (CF) – Estratégia de Saúde da Família (ESF) no município do Rio de Janeiro. Aspectos éticos e as determinações contidas na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, foram respeitados, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa: 06243319.2.0000.5282. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada e, para análise dos dados, foi aplicada a técnica de análise de conteúdo. Resultado: Evidenciam a (não) compreensão sobre o acolhimento ao homem pelos profissionais de enfermagem, demonstrando fragilidade em lidar com a população masculina. O vínculo é um dos princípios norteadores do trabalho na atenção básica, com a construção de relações de afetividade e confiança entre o usuário e o profissional. A análise apontou que essa dificuldade está relacionada à ausência do homem na unidade básica e à dificuldade do profissional em lidar com a perspectiva relacional de gênero masculino. Tal situação traduz-se na invisibilidade dessa população na unidade básica de saúde, que também pode estar associada ao déficit na capacitação dos profissionais em saúde do homem e de conhecimento sobre a política nacional de atenção integral à saúde do homem. Percebe-se que os profissionais de enfermagem, na estratégia de saúde da família, permanecem com olhar indiferente para a população masculina, sendo necessária a compreensão de integralidade em saúde e dos homens sob a perspectiva relacional do gênero, da vulnerabilidade masculina, entre outras questões, para que o acolhimento atenda às necessidades dessa população. Quando o acolhimento envolve a população masculina, percebe-se que existe uma dificuldade em adotar a perspectiva de gênero, ou seja, compreender o acolhimento no contexto da saúde do homem. Há muitos avanços a serem alcançados para, efetivamente, a referida política seja implementada no cotidiano dos profissionais da Atenção Básica, porta de entrada do usuário. Faz-se necessária a compreensão da integralidade em saúde dos homens na perspectiva relacional de gênero, da vulnerabilidade masculina, entre outras questões, para que o acolhimento atenda às necessidades dessa população. Acolhimento é a integralidade do atendimento, gestão do cuidado, ser a porta de entrada desses homens para os serviços de saúde, desfazer estigmas, atentar, compreender o que ele busca e ofertar o que temos disponíveis para coordenar esse cuidado com pacientes que são tão vulneráveis quanto os “o grupo de risco”. É nítido o despreparo do profissional, quando relata não saber o que fazer com a população masculina. Como se não soubesse ofertar serviços, planejamento familiar, atividades recreativas e de lazer, realizar consulta de enfermagem, perguntar aos homens quais são suas dúvidas, necessidades, o que levou até ao serviço de saúde e oportunizar o atendimento para que o homem se sinta satisfeito pelo acolhimento e, a partir daí, retorne, constatando a criação do vínculo. As falas deixam clara a invisibilidade do homem para o profissional de enfermagem, sendo percebida através das dificuldades em compreender a população masculina. Esse fato leva ao distanciamento no acolhimento, como também na identificação das suas necessidades. Considerações finais: A área de saúde muito tem a fazer em relação à saúde do homem. Buscou-se desenvolver uma pesquisa que pudesse contribuir com a saúde do homem ao trazer a percepção sobre o acolhimento à população masculina por profissionais de enfermagem na estratégia de saúde da família. A (não) compreensão sobre o acolhimento ao homem pelos profissionais de enfermagem fica evidente, pois dizem compreender o que é acolhimento, porém trazem o acolher como ouvir e conversar com o cliente. O acolhimento é um instrumento potente para o vínculo e a aproximação da população masculina e para promoção da atenção intregal à saúde. No acolhimento, pode-se, efetivamente, promover a integralidade, equidade, tendo a resolutividade como essencial no trato com a população masculina. Quando se procura atendimento/informações, deseja-se muito mais que ser ouvido, e sim uma compreensão e uma visão holística do ser, fundamentada em suas necessidades. Existem, ainda, lacunas que devem ser melhor exploradas, como as questões sobre gestão, serviços e ações de saúde destinadas à população masculina na Unidade Básica de Saúde, a sensibilização, o preparo e conhecimento do profissional de enfermagem envolvendo a perspectiva de gênero. Palavras-chave: Saúde do Homem. Acolhimento. Estratégia de Saúde da Família. Enfermagem. |
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Trabalho nº 6714 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM: DESAFIOS E POSSIBILIDADES ACERCA DA SAÚDE DO HOMEM NA PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA Autores: Vilza Aparecida Handan de Deus, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, ELIANE Ramos Perreira, ELINA FERNANDES DE OLIVEIRA, SANDRA CONCEIÇÃO RIBEIRO CHICHARO, RITA CASSIA FERREIRA DA SILVA, ANGELICA YOLANDA BUENO BEJARANO VALE DE MEDEIROS, ELIANE CRISTINA DA SILVA PINTO CARNEIRO |
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Apresentação: A prática profissional, contribuir de forma significativa na promoção e prevenção dos agravos a saúde do homem, cabendo à universidade fornecer competências e habilidades aos graduandos de enfermagem, como preveem as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Objetivo: Compreender a percepção do estudante de graduação em enfermagem acerca da saúde do homem, em sua formação pedagógica, a partir da perspectiva fenomenológica de Merleau Ponty. Método de Estudo: É um estudo fenomenológico, descritivo, com abordagem qualitativa, realizada com 31 graduandos de enfermagem. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturadas, e tratados pelo método de Georgio. Resultado: A partir da análise dos dados foram estabelecidas e geradas quatro categorias: O corpo e a linguístico como significado do todo; A organização curricular e sua fragmentação no mundo da vida acadêmica; Atenção a saúde do homem: sob o olhar perceptivo do graduando; A subjetividade da vida do graduando ao encontro do corpo vivido. Os resultados representam as perspectivas do fenômeno estudado e refletem como os graduando de enfermagem estabelecem o seu envolvimento perceptivo quanto à temática. Promovendo uma reflexão que se traduz no processo de formação de gerações de graduandos de enfermagem e o seu engajamento para uma melhor adequação do papel dos futuros enfermeiros que valorize a promoção e prevenção dos agravos à população masculina. Considerações finais: Conclui-se, que durante a formação do graduando de enfermagem, o tema Saúde do adulto é sim abordado de forma tímida, dentro de outras disciplinas como: Saúde Coletiva, Saúde do Adulto, porém não há oferta de uma disciplina específica acerca da saúde do homem. No entanto possuem disciplinas obrigatórias voltadas à Saúde da Mulher, da Criança e do Idoso. |
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Trabalho nº 6721 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DO PACIENTE COM TUBERCULOSE PULMONAR FRENTE A SUA DOENÇA, E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA O CONTROLE DA INFECÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Autores: Nayara Pontes Mateus Cavalcante, Maria Antônia Aleixo de Carvalho, Lúcia Maria Pereira de Oliveira |
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Apresentação: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que acomete diversos locus do corpo humano, sendo a tuberculose pulmonar a de maior importância epidemiológica pelo acentuado risco de transmissão que possui. Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, um indivíduo que tenha baciloscopia positiva pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas. Em 2018, na população mundial registrou-se 10 milhões de casos de tuberculose e 1,3 milhão de óbitos pela doença. No Município do Rio de Janeiro, foram registrados em 2018, um total de 6.014 novos casos, uma taxa de 12% de abandono do tratamento e 4,2 mil óbitos em decorrência da doença. Embora se conheçam os principais mecanismos para o controle da doença, a tuberculose persiste como um problema de Saúde Pública mundial, sendo ainda apontada como a primeira causa de morte por agente etiológico único. Como padrão assistencial, cabe à Atenção Primária de Saúde a oferta do tratamento gratuito e o uso de diversas estratégias aos pacientes com tuberculose, como as visitas domiciliares consideradas um espaço propício ao diálogo integrador entre profissionais de saúde, o paciente e seus familiares. Ademais, tem-se o tratamento diretamente observado, que consiste na tomada diária da medicação observada por um profissional de saúde. Nesse processo, os Agentes Comunitários de Saúde têm papel importante, já que residem na localidade e fazem parte da comunidade, o que possibilita a criação de vínculos mais fortes e favorece a longitudinalidade considerados como fatores essenciais ao tratamento. Os agentes de saúde integram a equipe de saúde atuante nas clínicas de família, sendo o membro da equipe responsável pelo monitoramento da medicação, recomendado como estratégia de adesão pela Organização Mundial de Saúde. Nesse contexto, favorável a conversação, o presente trabalho objetiva conhecer a demanda dos pacientes em tratamento para tuberculose, orientá-los mediante as dúvidas surgidas, incentivando a adesão ao tratamento. Desenvolvimento: Este relato de experiência integra um projeto de Extensão que foi aprovado pelos Comitês de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e que vem sendo desenvolvido por professores e alunos em campo assistencial de uma clínica de família da área programática 3.1 desse município. O estudo de cunho qualitativo usou um questionário para coleta de dados que foi aplicado durante visitas domiciliares. Esse instrumento investigativo padrão constituído por questões abertas e fechadas, foi adaptado às especificidades da população de estudo. Participaram desta prática assistencial uma acadêmica do Curso de Medicina e uma Agente Comunitária de Saúde que integra o grupo de profissionais da clínica de família localizada no bairro da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. As visitas domiciliares aconteceram em duas residências do território da equipe Souza Neto caracterizado pelo contínuo processo de favelização. Nesta ação foram entrevistados dois pacientes distintos, ambos em tratamento para tuberculose pulmonar. Resultado: Após a tomada da medicação e conversação com a Agente Comunitária de Saúde, iniciamos nossa apresentação pessoal e o convite de participação. Durante o preenchimento do questionário pela estudante de medicina, foi observado que os pacientes, um homem e uma adolescente, mãe de uma criança de dois anos (que também está em tratamento para tuberculose pulmonar), tinham muitas dúvidas sobre a doença. Em relação a transmissão da tuberculose, ela acreditava que sua filha adquiriu a doença pelo leite materno, ele que a doença vinha pelo uso compartilhado de cigarro entre colegas. Ambos relataram equívocos sobre o tratamento. Ele vivenciava o seu primeiro episódio da doença e demonstrava o desejo de abandono mediante a melhoria de seus sinais e sintomas da doença. Ela, já com histórias sucessivas de abandono do tratamento, dizia não entender porque não conseguia livrar-se da doença. Ademais, não sabiam como prevenirem-se da doença. Percebemos que ambos não realizavam o tratamento de forma adequada, por não saberem a necessidade de ser diário e contínuo, nem tão pouco que isso traria complicações, como a evolução para uma modalidade mais grave de doença, a tuberculose resistente. Desconheciam a infecção latente por tuberculose, a necessidade do seu controle e de tratá-la em seus contatos, como medida preventiva contra a tuberculose ativa. Percebemos ainda, que cada paciente tinha uma convicção própria sobre sua doença bem como a sua relação com o ambiente no qual estavam inseridos. Os determinantes sociais de saúde e doença também foram identificados ao longo do desenvolvimento desse trabalho, uma vez que corroboram a problemática da tuberculose vivenciada atualmente por esses pacientes. Observamos que ambos os pacientes viviam em casas simples, abafadas, com pouca luminosidade e sem adoção das medidas de prevenção. Cientes da realidade de vida predominante na área territorial da equipe Souza Neto e mediante contatos momentâneos, porém, próximos com pacientes que nos proporcionou esta constatação, as individualidades foram respeitadas e as dúvidas conversadas, com a preocupação de uso da linguagem simples e objetiva, almejando um diálogo esclarecedor sobre a doença. Posteriormente, orientações foram feias frente as demandas especificas e identificadas em cada paciente. A ação culminou com a reflexão dos pacientes sobre a doença, o papel e o real compromisso que possuem com o seu tratamento. Considerações finais: Durante as visitas domiciliares foram observadas muitas dúvidas e questionamentos por parte dos pacientes em relação a forma de transmissão, a prevenção e o tratamento. A falta de entendimento sobre a doença leva os pacientes a interromper o tratamento ou mesmo abandoná-lo de vez, tornando-os propagadores do bacilo e mantenedores do ciclo de transmissão da tuberculose. Portanto, é necessário que se ampliem as ações de educação em saúde, orientando os pacientes, seus contatos e toda a população, a fim de aumentar a taxa de adesão ao tratamento, reduzir o número de abandonos e implementar medidas de prevenção e controle da infecção. Os profissionais da saúde são fundamentais nesse sentido, e devem ser comprometidos com a orientação e acompanhamento desses indivíduos. A comunicação direta e o uso de uma linguagem simples pode contribuir para uma melhor compreensão da doença e da necessidade de tratamento. Para tanto, as ações de visitas domiciliares direcionadas a esses propósitos devem ser intensificadas, a fim de que o paciente se conscientize dos benefícios pessoais e coletivos da cura da doença. A associação entre visitas domiciliares/diálogo esclarecedor podem, a longo prazo, atuar como importante veículo de prevenção e de promoção da saúde e até contribuir para minorar o cenário atual da tuberculose no Rio de Janeiro. |
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Trabalho nº 10818 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE MULHERES NEGRAS SOBRE O ATENDIMENTO AO PARTO: PÚBLICO VERSUS PRIVADO Autores: Joecio Cordeiro Cardoso, Luana Gabriela Pinheiro Barreto, Zannety Conceição Silva do Nascimento Souza, Ariane Cedraz Morais, Ana Jaqueline Santiago Carneiro, Rita da Cruz Amorim |
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Apresentação: O parto representa na vida de muitas mulheres um momento singular, mas também possui aspectos negativos de acordo com o atendimento recebido na unidade de saúde. A Constituição federal, a Lei 8080/90 e a Lei 8142/90 tornaram a saúde um direito da população, regulamentam o Sistema Único de Saúde (SUS) e o controle social. No entanto, os desafios enfrentados pelo SUS, a exemplo da insuficiência de investimentos, de gestão, baixo número de profissionais, dentre outras contribuem para a desvalorização do serviço ofertado em algumas situações. Referente às mulheres negras, estudos mostraram que o atendimento obstétrico nem sempre alcança a mesma qualidade do oferecido às mulheres brancas, o que reforça a importância de ouvi-las. O objetivo deste estudo é compreender a percepção de mulheres negras sobre o atendimento ao parto na perspectiva do serviço público versus privado. Desenvolvimento: estudo exploratório e qualitativo realizado em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) de um município da Bahia, com dez mulheres negras que já vivenciaram a experiência do parto normal ou cesáreo, maiores de 18 anos, com mais de 15 dias de pós-parto. Coleta de dados por meio de entrevista semiestruturada e a análise pelo método de Bardin. Recorte de monografia de conclusão de curso de graduação em Enfermagem, inserida no projeto “Atenção à saúde da mulher nos serviços públicos do município de Feira de Santana (BA)”, vinculado ao Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde da Mulher; pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Feira de Santana, parecer número 1.327.867. Resultado: As questões socioeconômicas influenciaram diretamente na acessibilidade das participantes deste estudo aos serviços de saúde, com associação do atendimento ao parto em unidade privada à maior qualidade. Existiu insatisfação das usuárias do SUS em relação à demora no atendimento, que levou inclusive a óbito fetal segundo uma entrevistada. Porém, vale salientar que os serviços de saúde privados possuem demanda menor do que os públicos, já que a população abrangida por estes últimos é muito maior, considerando as condições socioeconômicas da população brasileira. Por isso, a superlotação dos serviços públicos afeta diretamente na qualidade da assistência das usuárias, culminando com a insuficiência dos insumos, assim como de profissionais para a demanda existente. Considerações finais: É necessário que as instâncias governamentais fortaleçam a estrutura do SUS, para que haja melhoria dos serviços, evitando que a falta ou demora da assistência coloquem em risco a vida das gestantes e fetos. O SUS é um direito de todos, completo e bem organizado do ponto de vista das leis que o regulamentam; mas precisa de excelência na execução de suas ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. |
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Trabalho nº 10313 Título do Trabalho: RODA DE CONVERSA SOBRE A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS ACERCA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA ÁREA DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Luan Cardoso e Cardoso, Davi Gabriel Barbosa, Ana Carolina Souza da Silva, Victoria Baia Pinto, Alice Pequeno de Brito, Patricia Sarraf Paes, Bianca Beckman Morais |
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Apresentação: A interdisciplinaridade denota um maior grau de interação e de integração entre as diferentes atuações profissionais, sendo também, um meio de promover interação entre os acadêmicos da área da saúde. Durante a formação acadêmica, nota-se pouco incentivo à correlação entre o conteúdo trabalhado em sala de aula e a realidade multiprofissional das universidades e do ambiente de trabalho, destacando, desse modo os enfrentamentos da inserção da interdisciplinaridade nas universidades. Apesar de considerar-se a saúde como um campo transdisciplinar pela complexidade de seu objeto, ao observar-se os serviços que teoricamente atuam de forma multiprofissional, percebe-se na prática a individualização e fragmentação do serviço. Diante disso, o trabalho em equipe é considerado ideal para as práticas em saúde, tornando-se evidente a importância de se discutir a interdisciplinaridade frente a formação acadêmica, levando em consideração o tripé universitário composto por ensino, pesquisa e extensão. Portanto, tem-se como objetivo relatar a percepção de acadêmicos sobre a importância interdisciplinaridade na área da saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência referente à uma roda de conversa realizada em um encontro multidisciplinar em uma universidade pública entre acadêmicos de enfermagem, medicina, educação física, terapia ocupacional e psicologia, na qual buscou-se debater sobre a interdisciplinaridade no contexto da saúde durante o processo de formação acadêmica objetivando compreender seus limites, obstáculos e requisitos nos aspectos curriculares e extracurriculares, assim como discutir acerca da percepção de acadêmicos sobre a importância da atuação interdisciplinar na formação acadêmica e no futuro profissional. Resultado: A princípio, elencou-se tópicos para a realização do debate sobre o assunto, buscando evidenciar o conceito de interdisciplinaridade, as vivências dos acadêmicos entre os tópicos extra e curriculares, os principais obstáculos e desafios e as possíveis ações de enfrentamento frente à essa temática. Observou-se que os acadêmicos obtinham conhecimento comum acerca do conceito de interdisciplinaridade que, no entanto, obteve-se por intermédio de vivências extracurriculares, haja vista que a grade curricular universitária, por sua vez, não oportuniza o estudo adequado sobre a temática o qual caracteriza-se como superficial ou, por vezes, ausente. Dessa forma, ao decorrer do debate, percebeu-se os principais desafios frente à inserção da interdisciplinaridade como um assunto relevante para as formações acadêmica e profissional, a exemplo da ausência de aulas ou módulos que discorram sobre o assunto e suas especificidades de forma majoritária, uma vez que, dos acadêmicos presentes, apenas um vivenciou uma aula sobre o tema. Considerações finais: O presente estudo evidencia a relevância da fomentação de práticas interdisciplinares entre os acadêmicos, as quais ainda são consideradas um desafio na formação acadêmica. Com isso, urge a necessidade de superar as barreiras existentes para que haja a plena implementação dessas atividades, principalmente no que tange a carência de profissionais com formação interdisciplinar e de práticas interdisciplinares curriculares fixas. Nesse âmbito, a interdisciplinaridade não deve ser vista como uma sobreposição de ideias e, sim, como uma forma de complementação entre as mais diversas áreas profissionais, de forma a horizontalizar as relações desde a formação acadêmica até a atuação profissional. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11339 Título do Trabalho: PRÁTICAS DO ENFERMEIRO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: PERCEPÇÕES DOS USUÁRIOS Autores: Clara Beatriz Cavalcante, Tamiris Taciane Duarte, Vanessa Ferreira Corrêa |
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Apresentação: A Atenção Primária à Saúde (APS) inserida na rede de atenção no Sistema Único de Saúde, através do modelo da Estratégia Saúde da Família (ESF), compreende um conjunto de saberes e práticas direcionadas ao indivíduo, à família e ao território de vida da população. Neste contexto, espera-se que o enfermeiro atue em equipe multiprofissional fortalecendo o vínculo e o cuidado com a comunidade. Ao considerar que, as práticas de cuidado do enfermeiro na ESF têm impacto direto no cotidiano de vida da população, é importante compreender como os usuários percebem a prática desenvolvida pelo referido profissional. Assim, este estudo tem como objetivo: Identificar as percepções dos usuários dos serviços de saúde frente às práticas do enfermeiro na ESF. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal e qualitativa. Desenvolveu-se entrevistas semiestruturadas com 18 usuários cadastrados na ESF no período de agosto a setembro de 2019, sendo os critérios de inclusão: pessoas com pelo menos um atendimento pelo enfermeiro na ESF e idade superior à 18 anos. A amostragem utilizada foi a técnica de bola de neve, na qual realizou-se contatos com informantes-chaves que, ao final das entrevistas, indicavam outros usuários para participar do estudo. O instrumento de coleta de dados integrou 10 perguntas divididas em 03 eixos: identificação do participante, demanda do usuário e prática do enfermeiro. A análise utilizada foi a análise de conteúdo temático-categorial, na qual as Unidades de Registro (UR) identificadas nesta pesquisa como frases, foram agrupadas em temas e, posteriormente, categorias de análise. Assim, possibilitou a construção da seguinte categoria: Percepção do usuário frente à prática do enfermeiro. Esta pesquisa possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número de parecer: 3.294.084. Resultado: Esta categoria descreve a percepção dos usuários quanto à prática do enfermeiro, através do vínculo construído entre usuários e enfermeiros. Dentre as 58 UR presentes nesta categoria, 53 UR apresentam percepções positivas da prática do enfermeiro voltadas à humanização, atenção, acolhimento e vínculo. Práticas voltadas ao núcleo social de vida do usuário, para além da demanda biológica, também foram identificadas como uma percepção positiva da referida prática. Assim, os participantes relataram satisfação com o atendimento do enfermeiro, por tratar-se de uma prática humanizada, onde suas demandas são apresentadas e ouvidas. Quanto à percepção negativa da prática do enfermeiro na ESF, os participantes apresentaram a percepção de não resolução de seus problemas e a administração do tempo de consulta de enfermagem. Considerações finais: A identificação de percepções positivas dos participantes frente às práticas do enfermeiro na ESF indica uma prática de cuidado e de acolhimento, a qual deve se potencializada nos serviços de saúde. Entretanto, destaca-se a importância de refletir sobre tais práticas com os usuários quanto ao papel do enfermeiro na ESF. Conclui-se que, é preciso dialogar com os usuários dos serviços de saúde, compreender quais são as implicações da atenção do enfermeiro em seu cuidado cotidiano e reinventar práticas de cuidado na ESF, as quais revelem a dimensão social e de compromisso com a defesa da saúde da população. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8268 Título do Trabalho: GERENCIAMENTO DOS SERVIÇOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ESTUDO DE PERCEPÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA Autores: Rayara Mozer Dias, Marcela de Abreu Moniz, Bruna de Souza Resende |
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Apresentação: O trabalho é resultado de uma pesquisa realizada para conclusão de curso de especialização na modalidade residência que teve por objetivo analisar a percepção de residentes de enfermagem em saúde coletiva sobre o gerenciamento realizado pelo enfermeiro na atenção primária à saúde. Desenvolvimento: Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. A técnica empregada consistiu na aplicação de questionário semiestruturado por meio de entrevista. A coleta de dados se deu no período de abril a junho de 2018. O processamento de dados foi realizado com base na análise de conteúdo categorial. O cenário do presente estudo consistiu na Escola de Enfermagem de uma Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Os participantes do estudo foram enfermeiros residentes do segundo ano do Programa de Residência em Enfermagem em Saúde Coletiva. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFF, com base na Resolução No 466, de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humanos, obtendo aprovação dia 14 de março de 2018, com número do parecer: 2.543.635, CAAE 81171417.2.0000.5243. Resultado: A amostra dos participantes consistiu em 09 enfermeiros residentes matriculados regularmente nas disciplinas do curso de especialização em enfermagem em saúde coletiva, sendo 07 (78%) do gênero feminino e 02 (22%) masculino. A faixa etária compreendeu entre 25 a 52 anos, com média de idade de 29,6 anos. Identificou-se que 08 (89%) participantes formaram-se em instituições de ensino superior públicas, enquanto que 01 (11%) formou-se em instituição de ensino superior privada. Da análise dos dados, emergiram duas categorias analíticas com base na percepção dos enfermeiros residentes: Percepção sobre formação de competências gerenciais durante o curso de especialização em enfermagem em saúde coletiva e Percepção sobre o processo de gerenciamento pelo enfermeiro na Atenção Primária à Saúde. Quando questionados sobre o que entendiam acerca de competências gerenciais aplicadas ao contexto de saúde, observou-se que 8 (89%) participantes, mesmo com certa dificuldade, deram respostas aproximadas aos conceitos presentes na literatura, enquanto 1 (11%) não soube responder. As competências consideradas de maior importância para a formação do enfermeiro especialista em Saúde Coletiva e sua atuação como gerente de serviços na atenção primária à saúde foram: Comunicação, Tomada de decisão, Trabalho em equipe, Visão sistêmica, Planejamento e organização e Educação permanente. A Sobrecarga de trabalho, citado por 8 (89%) participantes, foi o fator dificultador do trabalho gerencial do enfermeiro mais evidenciado, enquanto que o Conhecimento sobre gerência na formação, citado por 5 (56%), foi o fator facilitador mais evidenciado. Considerações finais: Urge a necessidade de se incluir diferentes estratégias de ensino-aprendizagem nos cursos de especialização acerca de competências inerentes ao gerenciamento das unidades no âmbito da Atenção Primária à Saúde. A Residência em Enfermagem em Saúde Coletiva permite que o profissional reflita sobre a importância de se desenvolver competências necessárias para a atuação profissional no contexto do Sistema Único de Saúde, repensando sua prática profissional. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6734 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE DISCENTES DE ENFERMAGEM ACERCA DO ESTÁGIO MULTICAMPI SAÚDE EM ABAETETUBA – PARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Autores: Jennifer Karen Ferreira Macena, Nabila Arianne Azevedo Gomes, Késsia Ailly Santos Hayase, Aline Barros Barbosa, Hilma Solange Lopes Souza |
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Apresentação: O Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança - Estágio Multicampi Saúde, vinculado à Pró-reitoria de Extensão, é voltado para o atendimento à comunidade, em especial na saúde infantil, com ações de ensino, prevenção e atendimento realizados por acadêmicos, possuindo apoio de preceptores, que são profissionais inseridos nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), responsáveis pela equipe da sua unidade. O programa conta com a participação de alunos de dez cursos da Universidade Federal do Pará (UFPA), os quais são integrados no processo de interprofissionalidade do cuidado nos serviços da Atenção Básica (AB) e tem como principais objetivos a Promoção da Atenção Integral à Saúde da Criança a partir da articulação entre o SUS e a Instituição de Ensino e da integração ensino-serviço-comunidade, visando a multiprofissionalidade e interprofissionalidade do cuidado nos serviços de Atenção Básica, a fim de reduzir a morbimortalidade infantil, além de qualificar a formação profissional dos acadêmicos e profissionais de acordo com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no SUS. A PNAISC estabelecida pela Portaria GM/MS nº 1.130, de 5 de agosto de 2015, está estruturada em princípios, diretrizes e eixos estratégicos que norteiam e orientam esta política, bem como os seus gestores e trabalhadores. Essa política tem como objetivo a promoção e proteção da saúde da criança e o aleitamento materno, considerando toda a complexidade e desafios que afetam a morbimortalidade na atualidade. Para tal, constitui-se sobretudo, o compromisso do poder público de todos os municípios e estados/DF, juntamente com os profissionais de saúde, sociedade, comunidade científica e universitária, para alcançar o objetivo da PNAISC em todo o território brasileiro. Os programas de extensão universitária tornam-se essenciais quando mostram a importância que sua existência traz para as relações entre acadêmicos, instituição e comunidade. A aproximação e a troca de experiências entre professores e alunos, juntamente com a população, consolida o processo de ensino-aprendizagem, trazendo consigo a necessidade do confronto da teoria com a realidade. Desta forma, o Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança, configura-se como extremamente relevante, justificado por sua contribuição tanto para a população que depende dos serviços do SUS como para os acadêmicos que necessitam da oportunidade de adquirir conhecimentos, não somente vinculada a teoria, mas também da prática proveniente da imersão na realidade. Para tanto, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem a partir da percepção acerca do estágio multicampi saúde em Abaetetuba-Pará. Desenvolvimento: O projeto foi pensado para atender alguns municípios do estado do Pará, ao longo do período de 1 ano, sendo que na capital - Belém - será executado em tempo integral, já nos demais municípios - Abaetetuba, Castanhal, Soure, Bragança e Cametá - apenas no período de 3 meses. A cada mês, é lançado um edital de seleção, sendo que os acadêmicos que atendem aos critérios para preenchimento das vagas, são previamente capacitados pela Secretaria Estadual de Saúde do Pará (SESPA). No mês de dezembro, iniciou o projeto em Abaetetuba, interior do Estado do Pará, onde em 2019 estimou-se cerca de 157,698 habitantes no município. Estudantes com auxílio financeiro da UFPA, viajaram cerca de 2h por meio do sistema rodofluvial para iniciar as atividades, com duração de um mês, de segunda à sexta, oito horas por dia, totalizando quarenta horas semanais. Participaram ao total 17 acadêmicos dos cursos de enfermagem, odontologia, nutrição, psicologia e serviço social. De imediato, os alunos foram proporcionalmente divididos em equipes, de acordo com a necessidade de cada unidade, para atender quatro Estratégias de Saúde da Família (ESF) situadas na zona urbana do município. Entre as atividades propostas pelo projeto, incluíam-se a implementação do correto preenchimento da caderneta da criança durante todas as consultas de avaliação do crescimento e desenvolvimento infantil, a realização de consultas a todos os usuários que compareciam a ESF e a escolha de uma criança guia para realização de condutas com a finalidade de atender todas as suas necessidades e de sua família, sendo essas condutas detalhadamente planejadas através da elaboração de um plano de ação baseado nas observações durante as consultas e visitas domiciliares à criança. Resultado: De maneira geral, o projeto de extensão trouxe inúmeras contribuições para os municípios em que foi executado, dentre as quais, destaca-se a oferta de atendimento aos usuários em uma perspectiva multiprofissional, interprofissional e transprofissional. Na prática, isso favoreceu a otimização dos atendimentos, trazendo um maior potencial resolutivo para os usuários e uma maior fluidez para a rotina da unidade. Ademais, o projeto reforçou a dimensão da educação, seja ela permanente ou continuada, propiciando a discussão de demandas do serviço e dos usuários. Em outro contexto, os acadêmicos puderam adquirir experiências ao ponto de se tornarem mais seguros para efetuar determinadas atividades, como, realizar consultas integrais e humanizadas, habilidades em se comunicar efetivamente com a comunidade através das ações educativas e flexibilidade diante as adversidades enfrentadas durante o dia a dia das ESF. Além disso, tiveram a oportunidade de conhecer a realidade de saúde do município, através de visitas técnicas a vários estabelecimentos de saúde - Unidade Básica de Saúde Fluvial, Centro de Atenção Psicossocial, vigilância sanitária e ambiental - e visita a comunidades ribeirinhas e quilombolas, o que possibilitou uma impressão mais apurada das especificidades locais. Considerações finais: O cenário da AB é essencial para contribuir na formação de profissionais de saúde, críticos e reflexivos sob a ótica da humanização, preparados para atuar em equipe de acordo com as necessidades dos usuários do SUS e dos serviços de saúde, pois é considerada a base para a efetivação da integralidade do cuidado, e o programa consegue diminuir o distanciamento entre a teoria construída na formação acadêmica e as verdadeiras necessidades dos usuários. A imersão dos alunos permite um aprendizado diversificado que contempla dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas, o que beneficamente descarta do acadêmico as oportunidades limitadas ao conhecimento teórico de condutas e procedimentos e contribui para o desenvolvimento de uma visão diferente do usuário, passando a avaliá-lo como um ser que possui necessidades biopsicossociais, uma vez que o discente passa a valorizar aspectos sociais e econômicos. Além disso, impulsiona os acadêmicos a desenvolverem ações inovadoras que possam contribuir para o enfrentamento de limitações e para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, já que a experiência proporcionada pelo estágio apresenta a realidade, e esta, por sua vez, instiga os futuros profissionais a construírem novas formas de intervenção, dessa forma, contribui para o seu amadurecimento pessoal e profissional e para uma postura diferenciada frente às diretrizes do SUS. |
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Trabalho nº 6735 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SONO ENTRE HOMENS USUÁRIOS DO SUS DE BANANAL -SP Autores: Giulia Lemos de Almeida, Jorge Luiz Lima da Silva, Felipe dos Santos Costa, Karine Barreto Rodrigues da Silva, Ana Luísa de Oliveira Lima, Hikari Watanabe Ferreira, Bruna Cerqueira Bonan de Lima, Larissa Murta Abreu |
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Apresentação: O sono desempenha papel importante em vários processos fisiológicos do organismo, sendo a boa qualidade do mesmo a base para o bem-estar físico, mental e psicológico do indivíduo e sua privação está associada à diminuição de seu rendimento nas atividades diárias. O público masculino possui vulnerabilidades importantes, que muitas vezes passam despercebidas, podendo afetar seu processo saúde-doença. Objetiva-se descrever a percepção da qualidade do sono de homens usuários do SUS de Bananal e sua possível associação com fatores de estilo de vida e aspectos de saúde. Desenvolvimento: pesquisa epidemiológica observacional, seccional. A amostra é composta por 370 homens, residentes no município do interior do Estado de São Paulo. Foi utilizado questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas, contendo versão reduzida do Self Reporting Questionnaire (SRQ-20), Escala de Apoio Social (MOS-SSS) desenvolvida para o Medical Outcomes Study (MOS-SSS). Para análise dos dados, foi utilizado o software Statistical Package for the Social Sciences® 21. Resultado: A percepção de sono ruim foi de 30% entre os participantes. Observou-se que os que dormiam mal estavam entre aqueles com escolaridade acima da média (p=0,006); com hobby/lazer (p=0,008); tabagista (p=0,066); consumidores de drogas (p=0,002); realizavam poucas refeições por dia (p=0,020); consumidores de industrializados (p=0,033); com índice cintura quadril ruim (p=0,000); com hipertensão diagnosticada (p=0,006); com diabetes (p=0,007); com dificuldades de acesso aos serviços de saúde (p=0,001). Após aplicação de modelo de regressão logística múltipla binária, apresentaram associação para o desfecho: hobby/lazer (RP= 1,789, IC95%=1,100-2,910); consumir drogas (RP= 2,016, IC95%=1,068-3,806); transtorno mental comum (RP= 2,413, IC95%=1,251-4,654); índice cintura quadril ruim (RP= 3,167, IC95%= 0,136-0,736); diagnóstico prévio de hipertensão arterial (RP= 1,701, IC95%=1,029-2,810); diagnóstico prévio de diabetes mellitus (RP= 1,707, IC95%=1,007-2,893); alimentar-se pouco (RP= 1,558, IC95%=1,130-2,148). Considerações finais: foram observadas vulnerabilidades como a baixa escolaridade, desemprego e renda baixa. Também foi observada pouca busca por hábitos de prevenção em saúde e autocuidado, sedentarismo, hábitos alimentares irregulares e busca pelos serviços de saúde para urgências. O discurso das políticas de saúde voltado ao público masculino deve ser efetivado no campo prático, com ênfase à promoção da saúde e reconhecimento do sono como importante fator para a qualidade de vida. |
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Trabalho nº 6073 Título do Trabalho: AVALIAÇÃO DOS CUIDADOS EM DOENÇAS CRÔNICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Á SAÚDE: PERCEPÇÃO DE TRABALHADORES DE SAÚDE E USUÁRIOS Autores: Daniela Arruda Soares Alves, Márcio Galvão Guimarães de Oliveira, Sóstenes Mistro, Clavdia Nicolaevna Kochergin, Vivian Carla Honorato dos Santos Carvalho, Taciana Borges Andrade Cortes, Jéssica Caline Macedo, Davi Rumel |
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Apresentação: As doenças crônicas não transmissíveis como o diabetes e a hipertensão são condições altamente prevalentes, o que reforça a necessidade de integração de ações e serviços de saúde. Da atenção primária à saúde, espera-se a integralidade na promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação, a partir da coordenação do cuidado e do seu ordenamento pela rede de atenção. Assim, objetivou-se avaliar a percepção de profissionais de saúde e usuários com hipertensão e diabetes em relação à qualidade do cuidado voltado para doenças crônicas, em áreas rurais cobertas pela Atenção Primária à Saúde, em Vitória da Conquista, Brasil. Método: Estudo qualitativo realizado em quatro Unidades de Saúde da Família da zona rural, no município de Vitória da Conquista (BA), no período de junho a julho de 2019. Foram realizados seis grupos focais, com proporcionalidade de 10 participantes por grupo, sendo dois com 17 profissionais de saúde e quatro com 34 usuários com diabetes e hipertensão. Foi utilizado um guia de perguntas específicas para os grupos, oriundas de uma matriz analítica. Os discursos foram gravados e analisados através da técnica de análise de conteúdo temática. Foram elencadas duas categorias de análise: aspectos organizacionais e técnico-assistenciais do cuidado em saúde, bem como elementos facilitadores e barreiras relativas às mesmas. Obteve-se suporte financeiro da Medtronic Foundation. Resultado: Quanto aos aspectos organizacionais, os sujeitos referiram problemas estruturais como a baixa cobertura dos serviços dado a condição de grande dispersão espacial dos domicílios, o número crescente de pessoas na área adstrita e a não ampliação concomitante de equipes e a sobrecarga de trabalho das equipes. Relativo à dimensão técnica-assistencial foi apontado o oferecimento de um escopo ampliado de ações relacionadas ao cuidado da diabetes e hipertensão, como imunização, consultas individuais, grupos educacionais e ações intersetoriais em parceria com as escolas. Entre os usuários, prevaleceu a importância atribuída à dispensação de medicamentos e as consultas médicas. Quanto à avaliação dos aspectos que dificultam o cuidado, todos os sujeitos apontaram barreiras de acesso às consultas médicas, exames especializados e a falta de medicamentos. Entre os aspectos facilitadores, os profissionais de saúde relataram a adesão dos usuários às atividades propostas, a inserção dos Agentes Comunitários de Saúde como mediadores das necessidades dos usuários e a participação de médicos nas atividades educacionais em grupo. Entre os usuários, a melhor avaliação foi atribuída ao trabalho realizado pelos Agentes Comunitários de Saúde e a proximidade das unidades de saúde de suas residências. Considerações finais: Os resultados apontaram a bipolaridade entre avanços e retrocessos na qualidade do cuidado em saúde para hipertensão e diabetes. Se por um lado desvela-se o oferecimento de uma carteira ampla de serviços e a relevância do trabalho do agente de saúde, por outro, entraves organizacionais se retroalimentam com aspectos técnico-assistenciais. Urge o fortalecimento da atenção primária e, sobretudo, a ressignificação dos processos de trabalho instituídos no quotidiano dos serviços de saúde, os quais possam reverberar em melhores condições de vida e saúde das pessoas com doenças crônicas e que vivem em áreas rurais. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6764 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA ATUAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA Autores: Samara Feitosa Gomes Silva, Andrey Felipe Lima de Araújo, Inês Amanda Streit, Klinsmann Gomes Silva, Márcio Klinger Gomes Silva, Patrícia Barroso de Oliveira, Victor José Machado de Oliveira, Júlio Cesar Schweickardt |
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Apresentação: A Atenção Básica (AB) tem a Estratégia de Saúde da Família (ESF) como componente estruturante do sistema de saúde brasileiro, o que tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no Sistema Único de Saúde (SUS). A participação do Profissional de Educação Física (PEF) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS foi regulamentada no ano de 2008, nos quais seus saberes são postos em prática em um dos nove eixos estratégicos do Núcleo Ampliado de Saúde da Família – Atenção Básica (NASF-AB)definido como “Práticas Corporais e Atividades Físicas”, estando aderida a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Eixo que o Ministério da Saúde considera como prioridade e que através deste visa incentivar também, a redução do fator de risco do sedentarismo. A inserção formal dos PEF em ações programáticas, como a ESF e o NASF-AB são, tanto para o campo da saúde quanto para a área da Educação Física, a potencialidade de articulação de práticas de cuidado de caráter multiprofissional, inspiradas no princípio da integralidade da atenção. Este trabalho trata-se de pesquisa oriunda da Dissertação de Mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Saúde Sociedade e Endemias na Amazônia - PPGSSEA, da Universidade Federal do Amazonas-UFAM. O objetivo foi analisar como o Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Enfermeiro (ENF) percebem a atuação e importância do PEF na Atenção Básica. Trata se de um estudo de natureza descritiva, do tipo qualitativo. O cenário em que se realizou a pesquisa foram os municípios de Autazes, Iranduba, Itacoatiara e Nova Olinda do Norte, situados na região norte do Estado do Amazonas, Brasil. A amostra foi por conveniência, totalizando 11 ACS e 11 ENF que atuam nas UBS atendidas pelo PEF, através do NASF-AB, dos municípios participantes do estudo. O critério de inclusão para participação da pesquisa foi atuar em UBS atendida pelo PEF e atuar conjuntamente com o PEF. Foi aplicado um instrumento do tipo formulário semiestruturado, com perguntas abertas e fechadas, composto por quatro partes: 1. Dados Pessoais; 2. Formação; 3. Tempo de Atuação e 4. Percepção quanto a atuação do PEF na Atenção Básica – NASF-AB. Para registro das entrevistas foi utilizado gravador modelo ICD – BX140 – SONY. A análise ocorreu de forma interpretativa, utilizando os pressupostos da Análise do Discurso. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), sob o parecer nº 15434619.0.0000.5020 em 07 de agosto de 2019. A coleta de dados iniciou no mesmo mês (agosto) e finalizou em outubro do ano supracitado. Entre os resultados encontrados, a ENF de Autazes, sobre a integração e importância do PEF, relatou –“ A PEF realiza educação permanente aqui, ela vai pra área fazer a busca ativa dessa população. Ela trabalha em conjunto com os ACS e ela não enfatiza só o trabalho dela, por exemplo: quando ela sai para uma visita domiciliar, se encontra outra dificuldade, ela tem aquele olhar de chegar aqui na UBS e dizer: Olha enfermeira aquele paciente se encontra dessa forma e eu acredito que ele precisa desse outro profissional ou então de uma visita médica, esse paciente não está precisando só disso, mas eu acredito que se for dessa forma vai melhorar. Então a gente tem esse feedback.” É possível inferir nessa fala que a articulação do PEF com a ESF acontece nesse município que têm dois NASF-AB tipo 1. Existe uma comunicação com a equipe, para maior alcance da resolutividade ao usuário. Possibilitando um atendimento integral, além de identificar um profissional que carrega não somente os conhecimentos de sua área de atuação. Discurso que se complementa com a fala de ACS de Nova Olinda do Norte - “Eu já trabalho a muito tempo, hoje é muito diferente. Hoje é uma benção. De acordo com a realidade do município, temos esses profissionais inseridos na UBS, então ganha nos profissionais porque, quando agente se depara com paciente com determinado tipo de necessidade, nós temos uma referência para mandar esse paciente, referenciar, entendeu?”. Pela análise dos discursos presentes neste estudo, a promoção da atividade física na atenção básica, tem um papel primordial para o alcance da promoção da saúde. A este profissional é necessário que sua presença seja efetiva, como é observado na fala de um ENF de Autazes que atua muito antes da implementação do NASF-AB - “Tá, deixa eu lhe falar, antes nós não tínhamos a equipe. Eu sou do tempo que não existia o PEF e eu fazia a parte de atividade física com eles. Tínhamos o grupo que era o Me Ame. E eu fazia meus alongamentos, mas eu não sou um profissional da área, nada melhor do que um profissional da área para entender dos exercícios, a forma correta de fazê-los. Quem mais preparado do que o profissional de Educação Física para falar e fazer atividade física?”. Em Itacoatiara o ACS manifestou que o PEF não se restringe somente a prática de atividade física - “O exercício físico é para contribuir. O educador físico aborda muito isso. Não é só dependente dos remédios. Então ele não só aborda que vai pra UBS fazer um alongamento, um exercício e só isso. Ele acaba conversando, ele passa o conhecimento dele. Explica que isso pode isso não pode”. A atuação do PEF na Atenção Básica compreende desenvolver ações, aconselhamento e divulgação em torno do eixo das Práticas Corporais e Atividade Física. Com relação à percepção da Equipe de Saúde da Família sobre a atuação do PEF, os ACS e os ENF compartilham do olhar que o PEF é indispensável, tendo um papel primordial na vida do usuário, na equipe e na Atenção Básica. A efetividade do PEF no NASF-AB é imprescindível para alcançar a resolutividade, a integralidade e o acesso universal que norteia o SUS desde a sua criação. A partir do cenário, que atualmente direciona a Atenção Básica, com a publicação da Portaria Nº 2.979/2019, torna-se explícito um panorama futuro de regressão ao processo do cuidado com a saúde da população brasileira. Neste contexto, evidencia-se o risco ao modelo de atendimento na Atenção Básica, podendo ocasionar uma lacuna pela ausência de profissionais que integram o NASF. No presente estudo foi possível apresentar a atuação do PEF por meio da percepção dos profissionais que integram a equipe de saúde da família, aspectos que foram evidenciados nos discursos dos ACS e ENF quanto à relação dos profissionais e a produção de efeitos positivos ao usuário. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7613 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS DE UM HOSPITAL PÚBLICO DA FRONTEIRA FRANCO-BRASILEIRO SOBRE A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA – SAEP Autores: Letícia Caroline de Sena Nunes, Renata Simões Monteiro, José Nilson Sacramento Maciel, Scheilla Cristina da Silva, Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco, Verediana Barreto do Nascimento, Léia Anjos de Sena Nunes |
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Apresentação: A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória – SAEP consiste em um processo de Enfermagem que tem por finalidade de promover, manter e recuperar a saúde não só do paciente, mas de sua família, visto que a mesma também pode ser afetada em casos de possíveis complicações na saúde do indivíduo. Esse processo deve ser feito por Enfermeiros embasados em seus conhecimentos técnico-científicos sendo individualizada de acordo com os dados fornecidos na Investigação de Enfermagem. A SAEP é constituída de cinco fases sendo elas: visita pré-operatória onde é feita a coleta de dados sobre o estado do paciente, sua família e comunidade em que vive, sendo o indivíduo um ser biopsicossocial. Essa primeira fase serve para identificar problemas, necessidades e suas respostas ao seu atual estado nos ajudando na elaboração, direcionamento e implementação dos cuidados, constituindo-se como uma ponte na relação enfermeiro-paciente. A segunda fase consiste no planejamento da assistência perioperatória, onde se organiza as intervenções necessárias para que, através delas, consiga-se obter os resultados esperados de acordo com o Diagnóstico de Enfermagem dado. Na terceira fase, chamada de Implementação da Assistência, é onde são realizadas as ações previstas na fase dois. A quarta etapa, definida como Avaliação da Assistência, é realizada através da visita pós-operatória onde se consegue ver de forma integral as respostas do paciente em relação aos cuidados realizados podendo ser visualizada através de relatos do paciente ou anotações deixadas no prontuário. A última fase da SAEP é a Reformulação da assistência que ocorre após o enfermeiro identificar se houve ou não falhas no serviço prestado e como isso causou interferência no processo de saúde do paciente e, assim, realizar as mudanças necessárias para que se consiga promover o completo bem estar ao indivíduo. Por esta razão, entende-se o papel da SAEP dentro dos centros cirúrgicos e sua importância para auxiliar na relação com o paciente e família ajuda a garantir procedimentos mais seguros e de maior qualidade. Nesse contexto, esse estudo objetivou identificar a percepção dos enfermeiros de um hospital público na fronteira franco-brasileiro sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatoria (SAEP). Desenvolvimento: Tratou-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quanti-qualitativa, realizado com 6 enfermeiros de um Hospital Estadual no município de Oiapoque-AP, no mês de agosto de 2018. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Amapá, sob o n° de parecer 2.812.985. Os dados foram coletados através de um roteiro de entrevista composto por 11 questões aplicado e respondido no setor onde o enfermeiro estava alocado. Utilizou-se a análise de conteúdo proposta por Bardin. Resultado: O resultado mostrou que o perfil dos participantes foi 100% de enfermeiras do sexo feminino com idades variando de 29 a 58 anos, oriundas majoritariamente do Norte do país. A maioria possui um nível de especialização e todas possuem experiência em centro cirúrgico de pelo menos um ano, com média de 8,8 anos. Quando perguntados se a SAEP é importante para a enfermagem, as participantes foram unânimes em afirmar que essa metodologia é muito importante. 50% das participantes associaram essa ferramenta a planejamento, assistência continuada e olhar holístico, aspectos indispensáveis e inter-relacionados para a enfermagem. Sobre o aspecto do planejamento, a SAEP contribui com a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem, pois, promove o planejamento das atividades nos processos de enfermagem, efetivando o cuidado. Quanto ao aspecto da assistência continuada, evidenciada na fala de um participante, entende-se que a aplicação do processo de enfermagem ao paciente cirúrgico está baseada na assistência integral, continuada, participativa, individualizada, documentada e avaliada. Sob o prisma do olhar holístico, entende-se que a assistência de enfermagem ao paciente no período perioperatório requer do enfermeiro do centro cirúrgico uma visão integral das necessidades básicas do indivíduo. Para tanto, o processo do cuidar deve levar também em consideração as características psicossocioculturais que cada indivíduo carrega, abordando-o na sua integralidade. Ainda sobre essa temática, mediante o prisma da associação de palavras, observa-se que a percepção das participantes sobre a SAEP está associada a cuidado, qualidade, organização e trabalho. Pode-se observar que as palavras Cuidado/Qualidade e Organização/Trabalho encontram-se bastante associadas na enfermagem. Na implantação de novos processos de trabalho, como a SAEP, os enfermeiros devem ser inseridos desde a organização e planejamento, a fim de garantir a implantação e sustentação dos mesmos. Em vias gerais, pode-se analisar que a percepção das participantes está intimamente ligada aos conceitos circunstanciais do processo de enfermagem que é, segundo Barreto (2012), uma ferramenta metodológica utilizada para tornar a assistência de enfermagem sistemática, organizada em fases, com o objetivo de orientar o cuidado profissional de enfermagem e promover a qualidade no cuidado prestado. Nesse sentido, a SAEP trás para a enfermagem uma definição do seu papel e espaço de atuação no centro cirúrgico, evidenciando um agir mais organizado, sistematizado e humanizado, aspectos evidenciados na fala das participantes. Considerações finais: Essa pesquisa pretendeu identificar a percepção dos enfermeiros de um hospital estadual na fronteira franco-brasileira sobre a SAEP e assim demonstrar a importância desse processo de enfermagem dentro de centros cirúrgicos e em como sua não aplicação ou ainda sua aplicação incompleta pode prejudicar a assistência perioperatória de enfermagem aos pacientes. A perspectiva da utilização da SAEP se desdobra em ações associadas aos fundamentos de enfermagem e não aos percursos metodológicos necessários para esse fim, evidenciando a desarmonia entre a operacionalização da SAEP e as medidas que contribuem efetivamente para o seu desenvolvimento. O maior problema que inviabiliza o processo continua sendo a escassez de mão de obra, que é percebida nitidamente em diversos setores. Nesse sentido, considera-se uma questão importante para a SAEP o resgate da base científica para o cuidado perioperatório de enfermagem no hospital pesquisado, no qual os profissionais sintam-se ativos no processo de sistematização da assistência ao tempo que disponham de condições para isso. No mais, pretendeu-se com esse estudo instigar reflexões, sensibilizar ou influenciar atitudes, conceitos, hábitos, maneiras de pensar e agir/reagir nos profissionais de Enfermagem, para a necessidade de boas práticas no cuidado ao paciente cirúrgico e o protagonismo da enfermagem perioperatória em Oiapoque. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11890 Título do Trabalho: CONTRASTE DO TRABALHO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DO INTERIOR E NA CAPITAL DO CEARÁ PELA PERCEPÇÃO DE INTERNA DE ENFERMAGEM Autores: Débora Pena Batista e Silva, Ilvana Lima Verde Gomes, Débora Silveira Lima, Léticia Alexandre Lima, Janaina dos Santos Mendes, Sarah Vieira Figueiredo, Delane Giffone Soares, Maria Eunice Nogueira Galeno Rodrigues |
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Apresentação: A Unidade de Atenção Primária a Saúde(UAPS) é a preferencial porta de entrada do usuário na Rede de Atenção a Saúde, a qual tem como processo de trabalho a adscrição de usuários atentando para o seu território e o desenvolvimento de relações de vínculo entre o usuário e os profissionais da equipe multiprofissional, tendo a enfermagem como gerente do cuidado na unidade, sendo este de fundamental importância que realiza o acolhimento tendo como um dos meios para tal serviço as consultas. Objetivou-se contrastar a consulta de enfermagem no interior e na capital do Estado do Ceará. Desenvolvimento: relato de experiência comparativo, realizado por interna no último período de enfermagem compreendido de abril à junho de 2019, sendo metade do período em UAPS do município de Mulungu no interior do Estado do Ceará e a outra metade na UAPS da capital do Ceará em Fortaleza. Os aspectos analisados estão diante do trabalho realizado na consulta de enfermagem segundo: a)vínculo com o usuário; b) qualidade da assistência; c)relacionamento profissional médico e enfermeiro. As duas UAPS escolhidas para o estudo eram semelhantes quanto ao espaço físico e jornada de trabalho, entretanto as unidades diferem quanto ao número e perfil populacional atendido. Salvaguardando a ética, o estudo não teve a contribuição na escrita dos profissionais envolvidos evitando viés e a pesquisadora não tem vínculo empregatício com nenhuma das instituições. Resultado: Durante este período, observou-se a consulta de cinco profissionais de enfermagem, destes, quatro do sexo feminino e um do sexo masculino, sendo três do interior e dois da capital. Foram elegidos três aspectos analisados: a) Vínculo com o usuário: evidenciou-se, principalmente, a aproximação do usuário à enfermeira do serviço interiorano, revelado pelo afeto, cumplicidade e gratidão dos usuários, como exemplo o paciente participar do cuidado trazendo devolutivas ou sugestões; b) Qualidade da assistência: atentou-se quanto a integralidade e resolutividade, na qual ambos os serviços refletiram em profissionais que se identificam com a Saúde Coletiva, onde no interior do estado observa-se uma consulta baseada na escuta apoiada na evidência cientifica, também na capital achou-se profissionais comprometidos, ofertando por exemplo práticas integrativas em saúde; c) Relacionamento profissional médico e enfermeiro: é gerador de inquietações e discussões no âmbito da saúde, este foi aspecto foi elencado por entender que a assistência em saúde não é feita por uma só categoria, assim, percebeu-se que a localidade da UAPS interfere especificamente a localizada no interior, uma vez que há uma frequente troca de médicos, gerando uma quebra de vinculo profissional, desestruturação e sobrecarga na assistência de enfermagem. Considerações finais: contrastou-se peculiaridades no atendimento da consulta de enfermagem na UAPS no interior e na capital do Ceará em Fortaleza, principalmente, na forma do atendimento da população, ressaltar-se que o trabalho multiprofissional que possibilita uma maior troca de saberes e experiências, estabelecendo uma valorização no conhecimento. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7293 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DA GESTANTE SOBRE SAÚDE BUCAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA Autores: Thais Cristina Fernandes Martins, Polyana Vivan Vieira Leite, Eduarda Conceição Matos Nuro |
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Apresentação: A gravidez é o período ideal para que sejam colocadas em prática medidas preventivas e educativas em saúde, uma vez que as futuras mães se encontram mais receptivas em adquirir e trocar conhecimentos que assegurem o seu bem-estar e do bebê. Este trabalho objetiva realizar uma revisão de literatura sobre a percepção das gestantes sobre saúde bucal. Foi realizado um levantamento bibliográfico em novembro e dezembro de 2019 do período de 2008 a 2019 nas bases de dados Bireme e PubMed utilizando as palavras- chave “gestantes and saúde bucal and percepção” e “pregnant and oral health and perception” respectivamente. Foram encontrados 27 artigos no PubMed e 32 artigos na Bireme e após a leitura foram selecionados 31 artigos nos idiomas inglês, português e espanhol, com o texto completo disponível. As publicações selecionadas foram agrupadas nas seguintes categorias: tratamento odontológico na gravidez, cuidados de saúde bucal na gestação, alterações bucais durante a gravidez e cuidados de saúde bucal do bebê. Os principais motivos que levaram as gestantes a procurar o tratamento odontológico durante a gravidez foram a dor, a cárie e sangramento gengival e a principal dificuldade encontrada para realizar o tratamento dentário foi o acesso, seguido dos medos e mitos do tratamento odontológico na gestação. Em relação aos cuidados de saúde bucal do binômio mãe-bebê as gestantes confirmaram a importância das orientações para obter uma saúde bucal adequada. Os estudos sugerem a relevância do acesso à saúde bucal durante a gravidez para contribuir na saúde da gestante e do bebê. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7303 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM FRENTE ÀS ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO EM UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Autores: Iasmim da Silva Dias, Alessandra Carla da Silva Ferreira, Ana Paula Lobato da Silva, Ellen Caroline Alves da Silva, Samir Felipe Barros Amoras, Maicon de Araújo Nogueira, Otávio Noura Teixeira, Antônia Margareth Moita Sá |
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Apresentação: Historicamente, o Programa Saúde da Família foi iniciado em dezembro de 1993, por algumas transformações ocorridas no Brasil referente a saúde da população, então o programa surge numa proposta para a reestruturação do sistema de saúde e para atenção primária. E a prática e atuação do enfermeiro(a) na Estratégia Saúde de Família (ESF), abrindo a discussão voltada para o papel deste profissional dentro do programa, através da importância do cuidado como eixo estrutural de sua prática. O cotidiano de um enfermeiro (a) na Estratégia de Saúde da Família (ESF) tornou-se um processo dinâmico, onde o trabalho da enfermagem compreende uma prática social e obtém uma ação produtiva marcado por determinantes históricos, políticos, sociais e econômicos. Nesse sentido, é primordial que o enfermeiro conheça o território onde será realizado os cuidados com a atenção primária, e uma reorganização estabelecendo assim as devidas necessidades da população. Na ESF o foco principal está relacionado com a atenção primária a saúde, buscando assim, uma ação de vigilância em saúde da população descrita a um território com uma implementação de uma lógica de produção de cuidados em que as ações de saúde desenvolvidas sejam permeadas por vínculo, acolhimento e responsabilização pela equipe de saúde. O enfermeiro deve constantemente buscar uma assistência humanizada e qualificada. A educação em saúde é uma das suas funções, a qual pode ser desenvolvida durante a consulta de enfermagem, na sala de espera, com grupos terapêuticos, por meio de visitas domiciliares, reuniões comunitárias e atividades desenvolvidas nas escolas, entre outros. No decorrer da jornada de aprendizado no projeto observou-se a importância da assistência prestada pelo enfermeiro na prevenção e promoção da saúde, visando a atenção primária dentro e fora da Unidade, por meio de visitas realizadas a famílias assistidas pela ESF, as quais havia idosos acometidos por AVE (Acidente Vascular Encefálico). Onde na primeira foi feita a visita para um casal de idosos no qual havia uma senhora de 90 anos de idade que estava se recuperando de um AVE, porém se locomovia com uma cadeira de rodas e estava com a sua fala comprometida, a família relatou que após a alta hospitalar ela estava fazendo uso de medicamentos que estavam ajudando no seu restabelecimento; foi feita à anamnese da paciente e as orientações sobre o cuidado para sua recuperação, também foi feita a solicitação do NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) para que fossem feitas visitas de um fisioterapeuta com o intuito de restabelecer sua locomoção. Na segunda visita foi realizado o acompanhamento de um idoso de 90 anos que havia sido acometido por um AVE há um mês e se locomovia com cadeira de rodas, tinha a fala, a audição e a visão comprometidas; também durante a anamnese observou-se que ele estava com uma LPP (Lesão por Pressão) de grau 1 e uma hérnia escrotal através do relato de sua companheira, a ele foram solicitados os serviços de apoio do NASF, para consultas de fisioterapia e foram feitas orientações sobre o cuidado com a LPP com óleo dersani, colchão piramidal (colchão casca de avo) e as mudanças de decúbito, sobre o hérnia escrotal a enfermeira orientou que fosse relatado ao médico que cuidava do paciente para que fosse solicitado novos exames. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem da Universidade da Amazônia (UNAMA) em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) no Município de Belém do Pará. E como é feita a assistência do Profissional de Enfermagem dentro da Unidade. Valorizando a humanização do assistencialismo. Método: Estudo descritivo com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, realizado a partir da vivência de acadêmicos de enfermagem na Estratégia Saúde da Família, de Belém do Pará, essa experiência extracurricular foi proporcionada pelo “Projeto Vivências” de Enfermagem da Universidade da Amazônia. Através da experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem do 5º semestre, onde foi percebido a flexibilidade e a importância de uma equipe de saúde. Por intermédio do projeto, os discentes puderam observar toda a rotina da equipe multiprofissional de saúde, principalmente do enfermeiro dentro da ESF. Foi abordado e mostrado como o profissional de enfermagem age numa consulta de enfermagem, na realização do exame físico e na verificação dos sinais vitais. Levando também o assistencialismo para fora da unidade, onde foram feitas visitas para duas famílias assistidas pela ESF, frisando a importância da prevenção e promoção da saúde. Resultado: /Discussão: De acordo com o Ministério da Saúde, as recomendações das funções específicas do profissional de enfermagem na ESF envolvem a realização da assistência integral em todas as fases do desenvolvimento humano conforme os protocolos de exames complementares, prescrição de medicações previamente estabelecidos, planejamento, gerenciamento, dentre outras funções. Ressalta-se que a atenção primária é o foco principal na ESF, onde o profissional de enfermagem executa inúmeras atividades, que muitas vezes são desprovidas de material necessário para tal realização, fazendo com que o enfermeiro(a) trabalhe com pouco ou quase nenhum suporte estrutural. Compreende-se que os profissionais de enfermagem, na atenção primária desempenham atividades voltadas a assistência em saúde, prestando serviços dentro da unidade, mas também visitas domiciliares, onde foram executadas as visitas a clientes acometidos por AVE e obtiveram o suporte específico do profissional de enfermagem. Além de enfermeiro, o perito de enfermagem pode ainda realizar a prática da docência, com o intuito de fornecer conhecimento para os acadêmicos sobre os desafios enfrentados pelo profissional durante o exercício da sua atividade. Considerações finais: Sabemos que a Enfermagem é fundamental para o sistema de saúde, diferenciando-se por seu desenvolvimento de práticas integrativas e integradoras do cuidado, e que, segundo o Ministério da Saúde, no “Memórias da Saúde da Família no Brasil”, o profissional de enfermagem constitui a maior força de trabalho, fazendo a diferença em relação à oferta de serviços em atenção primária à saúde, porque propiciam processos educativos em saúde, facilitam a comunicação, o entendimento e a aprendizagem, além de oferecerem suporte frente à intercorrências etc. Dessa forma, foi importante para adquirir conhecimentos e vivenciar dentro de uma unidade de saúde a forma como um enfermeiro (a) planeja, gerencia, coordena e executa as práticas voltadas para a assistência de saúde, evidenciando a percepção do quão é necessário o papel do enfermeiro e de sua competência, contribuindo para uma melhor qualidade de vida da população e seu acolhimento, contudo não cabe apenas ao profissional de enfermagem total responsabilidade da unidade, mas o redimensionamento da assistência em saúde por um modelo de cuidado ampliado, integral-resolutivo e multiprofissional, construindo relações dialógicas e de vínculo entre os profissionais, usuários, famílias e comunidades. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9867 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO SOBRE O CUIDADO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA ATENÇÃO BÁSICA Autores: Anna Keylla da Silva dos Santos, Emanuele Menezes, Lucas Portella Silva Santos, Magda Guimarães de Araujo Faria, Paula Soares Brandão, Laylla Ribeiro Macedo, Ramon Monteiro Fernandes, Talita Gomes |
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Apresentação: Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi declarado por 45,6 milhões de brasileiros o acometimento de pelo menos um tipo de deficiência, o que corresponde a 23,9% da população total. A deficiência visual foi a mais apontada, atingindo 18,8% da população, seguida pelas deficiências motoras (7%), auditiva (5,1%) e mental ou intelectual (1,4%). Estudos apontam que o deficiente auditivo é quem se defronta com maior dificuldade de inclusão social, visto que a audição é um sentido fundamental para obtenção e uso da linguagem, interferindo pontualmente no acesso às informações por meio oral. O presente trabalho visa se aproximar da hipótese de que o enfermeiro residente e egresso da Residência em Estratégia de Saúde da Família (ESF) não se sente apto para cuidar de pessoas com deficiência auditiva e de trazer evidências que, estabelecer e manter a comunicação com estes indivíduos representa um grande desafio para os profissionais da saúde, pois o atendimento adequado de pessoas com deficiências é essencial para se alcançar a qualidade dos serviços de saúde, enquanto a falta de comunicação impede o atendimento humanizado. Assim sendo, o presente trabalho se justifica na necessidade de identificar a aptidão dos enfermeiros da ESF na prestação de cuidados à saúde desta população específica. Nesse âmbito, enfatiza-se que o enfermeiro precisa inserir-se, ativamente, na equipe de reabilitação, desenvolvendo educação em saúde, para ajudar na reabilitação e no autocuidado, desenvolvendo consciência transitiva crítica para facilitar a inclusão social. Sobretudo, tem-se como benefício o destaque da necessidade de eficiência no processo de comunicação entre enfermeiro, paciente e família para viabilizar uma assistência humanística e personalizada de acordo com as necessidades da pessoa atendida. Este trabalho objetiva avaliar a autopercepção de enfermeiros da Residência em Saúde da Família no cuidado às pessoas com deficiência auditiva, além de verificar a visão dos enfermeiros da Residência em ESF sobre as condições de atendimento da Unidade Básica de Saúde (UBS) às pessoas com deficiência auditiva. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, e quantitativo. A população foi de 53 indivíduos entre egressos e alunos do segundo ano do Curso de Especialização em Enfermagem em Saúde da Família na Modalidade Residência, sendo alcançada uma amostra de 37 indivíduos, ou seja, 70% do público alvo selecionado para o estudo. Os dados foram coletados no ano de 2018. Resultado: Este estudo teve como propósito avaliar a autopercepção de enfermeiros residentes e egressos da residência em saúde da família no cuidado às pessoas com deficiência auditiva e especificamente identificar as estratégias utilizadas por estes enfermeiros para a qualificação do cuidado à pessoa com deficiência auditiva. Houve predomínio de profissionais do sexo feminino, oriundas de universidade pública, com tempo de formação de 3 a 5 anos e 11 meses e que não concluíram outra especialização além da ESF, que predominantemente já atenderam algum paciente com deficiência auditiva. Observou-se que 62,16% dos participantes já atenderam algum paciente com deficiência auditiva em sua unidade. 92% percebem que a assistência à pessoa com deficiência auditiva oferecida pela UBS não se dá de forma efetiva e apenas 11% relatam a existência de recursos que garantam a equidade no atendimento. 27% dos participantes não se sentem aptos para prestar assistência a este público. Todos os participantes percebem a necessidade de uma qualificação do cuidado à pessoa com deficiência auditiva, e de acordo com os participantes da pesquisa, a estratégia que seria mais adequada para melhoria no atendimento à pessoa com deficiência que foi mais citada pelos participantes foi a incorporação de conteúdos referentes ao tema na graduação (44%). Estudos corroboram que assim como a percepção dos egressos e residentes da residência foi descrita referente às UBS em que eles atuam como enfermeiros, existem muitas barreiras no atendimento aos pacientes surdos e, mesmo que o encontro seja temporário, torna-se um desafio para os profissionais da área da saúde a comunicação com esses indivíduos. O estudo pode nos mostrar que a assistência a pessoa com deficiência auditiva não se dá de forma efetiva, alinhando-se a falta de capacitação profissional e ausência de capacitação acerca da Língua de Sinais. Sabe-se que a Língua de Sinais é uma ferramenta decisiva na elaboração das formações discursivas dos surdos e a compreensão do seu discurso pelos profissionais da área de saúde propicia maior entendimento da constituição da identidade dos surdos, ponto fundamental para melhor qualidade dos serviços prestados. Contudo, observa-se que as UBS dos participantes não reconhecem a situação de saúde de pessoas com deficiência auditiva e que não há atividades de promoção que assegurem a inclusão desta população, salientando a dificuldade de acesso adequado para estas pessoas. Favorecendo para este déficit, verifica-se que não existe algum guia ou manual para o atendimento ao paciente com deficiência auditiva nas Unidades Básicas. Considerações finais: Diante dos resultados pode-se identificar que as barreiras que atrapalham o atendimento às pessoas com deficiência nas UBS são preocupantes, pois grande parte dos participantes observou que a UBS não possui acesso e meios para atender e promover a saúde em sua totalidade, sem que prejudicasse o processo de cuidar. Além do não reconhecimento e déficit de conscientização dos enfermeiros das Unidades Básica de Saúde acerca das necessidades desta população, não realizando atividades de promoção à saúde que assegurem a inclusão. Através do estudo presente, foi possível identificar que os profissionais enfermeiros percebem que a assistência à pessoa com deficiência auditiva não é eficiente, evidenciando, principalmente, a falta de capacitação profissional e falta de recursos humanos e materiais. O atual estudo evidenciou que o deficiente auditivo, ao chegar a uma unidade de saúde, se depara com a falta de conhecimento da linguagem Libras por parte dos funcionários e a não existência de intérpretes no local, fazendo com que se sinta excluído, prejudicando seu acolhimento e sua assistência. É urgente a necessidade de se pensar em formas de qualificação dos profissionais de saúde para a garantia da assistência a todos os cidadãos e em toda a rede de serviços do SUS, sobretudo, daqueles que por questões físicas ou psíquicas possuem condições que requeiram práticas ou estratégias diferenciadas de cuidado. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10892 Título do Trabalho: AUTOMUTILAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE ALUNOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE BELÉM (PA)RÁ Autores: Edilene Silva Tenório, Ronilda Bordó de Freitas Garcia, José Augusto Lopes da Silva, Érika Amorim da Silva |
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Apresentação: A adolescência, por ser uma faixa etária de constantes mudanças está mais vulnerável ao comportamento de autolesão. Por sua vez, o contexto escolar é um local da várias interações e vivencias, no qual há pouca ou nenhuma ação que vise promover a saúde mental dos alunos, principalmente de escolas públicas. Logo, o presente trabalho tem como objetivo principal compreender a temática automutilação a partir da percepção dos alunos como principais sujeitos envolvidos na questão, com a intenção de dar voz a esses sujeitos, informar, esclarecer as dúvidas e analisar como tratam esse assunto, que não é comumente discutido no contexto escolar e ainda é vista como tabu pela sociedade. Diante do exposto, perguntar-se por que os adolescentes têm recorrido à automutilação com maior frequência? Para responder a esse questionamento pretende-se caracterizar os principais desencadeadores do comportamento de automutilação na adolescência, por meio de técnicas da pesquisa psicanalítica, com uma escuta flutuante, regulada pelo impacto transferencial. As atividades serão realizadas em quatro etapas, onde a primeira corresponde ao levantamento das bibliografias sobre o tema para fundamentação teórica que abordará conceitos fundamentais da psicanálise encontrados em obras como “Luto e melancolia”, “O problema econômico do masoquismo” e “Além do princípio do prazer”, entre outros textos de Freud e comentadores; A segunda etapa será destinada a realização da visita e a inserção dos pesquisadores nas três escolas públicas em Belém (PA), onde serão coletados os dados; A terceira etapa trata-se da realização das rodas de conversa e aplicação das entrevistas semiestruturadas; E a quarta etapa, análise e discussão dos dados obtidos junto aos participantes. Como critérios de inclusão na pesquisa têm-se: ser aluno do ensino médio e estar regularmente matriculado em uma das três escolas escolhidas. De exclusão: não ser aluno das referidas escolas. Vale ressaltar que tal pesquisa encontra-se em andamento por fazer parte do projeto que terá como fruto o trabalho de conclusão do curso em Bacharel e Formação do Psicólogo em Psicologia na Universidade Federal do Pará. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9872 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE ASSISTIDA PELA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A COLETA SELETIVA Autores: Bruna Carvalho Botelho, Cinoélia Leal de Souza, Elaine Santos da Silva, Rabrine da Silva Matos, Denise Lima Magalhães, Leandro da Silva Paudarco, Adson da Conceição Virgens, Luana Costa Ferreira |
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Apresentação: O aumento na produção de resíduos urbanos e a ausência de ações para minimizar os impactos advindos desse processo para o meio ambiente e para a saúde das pessoas se tornaram uma das mais sérias questões ambientais da atualidade, assim, a coleta seletiva que consiste na coleta diferenciada de resíduos que foram previamente separados e que podem ser reutilizados ou reciclados, é de extrema importância para a mitigar essas consequências, pois, cada tipo de resíduo possui um processo próprio de reciclagem independente das suas características, sejam eles plásticos, metais, papéis ou vidros. É importante destacar, que a implementação da coleta seletiva é obrigação dos municípios, e as metas referentes a essa coleta fazem parte e devem constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos municípios. Sendo assim, o processo de gerenciamento de resíduos sólidos contribui para a sustentabilidade ambiental, social e econômica, e essa ação potencializa o progresso e a melhoria da saúde pública, bem como o incentivo ao desenvolvimento sustentável e a preservação dos recursos naturais, uma vez que os fatores ambientais estão relacionados ao processo de saúde/doença da população. Nesse contexto, o incentivo ao consumo exagerado de produtos industriais contribui com a elevada quantidade de resíduos produzidos, acumulados e descartados de forma incorreta, tendo como uma das consequências a carência de recursos naturais e os danos ao meio ambiente. A partir disso, muito se fala sobre os cuidados que devemos ter com o meio ambiente e como evitar as ações nocivas realizadas pelo homem, e dessa maneira, a coleta seletiva, que organiza os materiais para serem descartados e posteriormente reutilizados significa uma grande vantagem para o meio ambiente, possibilitando assim o maior aproveitamento do resíduo antes do seu descarte final. Com base nessas informações, esta ação contribui para redução dos impactos ambientais causados pelo excesso de produção de lixo, e muitos estudos mostram que existe um desconhecimento da população sobre a coleta seletiva, dos profissionais de saúde, e dos gestores municipais. No que se refere as ações voltadas para a educação em saúde e práticas ligadas ao meio ambiente e as doenças relacionadas à essa interação, é importante que os profissionais de saúde estejam aptos a orientar a população sobre o desenvolvimento social e a educação ambiental, pois a consciência ecológica pode diminuir os impactos ambientais, pois, com o crescimento da população cada vez mais os resíduos são criados, existindo a necessidade de mão de obra, preocupação e participação efetiva da mudança desse processo. Diante disso, esse estudo objetivou analisar a percepção da comunidade assistida por uma Estratégia Saúde da Família sobre a coleta seletiva. Desenvolvimento: tratou-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e exploratória, que tem o intuito de compreender a realidade e as experiências vivenciadas pelos indivíduos. Os participantes do estudo foram definidos por conveniência após um corte que resultou em 25 pessoas, sendo elas usuários residentes em bairros distintos localizados no município de Guanambi localizado no interior do Estado da Bahia, que fica em média 796 quilômetros da capital Salvador. A coleta de dados aconteceu no período de julho a agosto de 2018, com o auxílio de um instrumento de pesquisa, um questionário semiestruturado que interrogava sobre as características da área onde residiam os entrevistados. A questão norteadora para o estudo abordado foi sobre a coleta seletiva de lixo e como era realizada no município. Cada entrevista teve duração média de 20 minutos com o início após os entrevistados lerem e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que garante o sigilo e anonimato dos dados coletados. Após a conclusão das entrevistas ocorreu à organização dos dados de acordo ao bairro onde foi efetivado. Posteriormente foi realizada a identificação dos participantes por números e por fim a classificação dos dados para posterior análise, emergindo uma categoria para discussão: a importância da coleta seletiva e sua relação com a saúde e meio ambiente. Resultado: Dentre os participantes do estudo, 64% eram do sexo feminino e 36% representam o sexo masculino e a faixa etária variou de 20 a 60 anos. Após a análise dos dados foi possível notar o pouco conhecimento dos participantes quando questionados sobre a existência da coleta seletiva na cidade em questão. No entanto, quando indagados sobre a coleta seletiva, muitos afirmaram desconhecer o tema. Partindo nesse resultado, notou-se uma falta de conhecimento da sociedade sobre a prática da coleta seletiva, e o reaproveitamento desses materiais, tornando-se um processo incompleto, maléfico e danoso ao meio ambiente, uma vez que os descartes inapropriados dos resíduos causam impactos ao meio ambiente, como a degradação dos recursos naturais, como a água, o solo e o ar, bem como o aumento dos custos relacionados à saúde para o município, tendo em vista que o descarte final de resíduos de forma inadequada gera consequências. Observou-se a necessidade dos indivíduos em compreender o processo de relação do meio ambiente e saúde, para melhor entender a temática abordada, visto que, o município não dispõe da implantação da coleta seletiva pela prefeitura. Embora exista há 10 anos o “Projeto ReciVida”, nota-se pouca aderência e conhecimento da comunidade. Em relação á participação social em programas ou práticas individuais e coletivas voltadas para coleta seletiva, ou reciclagem de resíduos sólidos, foram relatadas poucas ou nenhuma vivência na comunidade estudada. E por parte da gestão, destaca-se muitos aspectos falhos e impeditivos ou que dificultam a participação da população, devido o resíduo sólido reutilizável e reciclável ser conhecido como um meio econômico e de valor social, podendo gerar renda e cidadania. Tal benefício deveria incentivar novos programas municipais de coleta seletiva, que quando bem organizados, contribuem para a redução dos impactos ambientais. Porém, a falta de uma boa gestão relacionada a coleta seletiva afeta a reciclagem e o reaproveitamento desses materiais, tornando-se um processo incompleto. Considerações finais: Nota-se que é indispensável o planejamento municipal que venha implementar a coleta seletiva na cidade em questão, para fornecer a geração de renda e organizar os resíduos para maior aproveitamento dos materiais e da mão de obra, e ao mesmo tempo disponibilizar orientações para que realizem um trabalho com segurança e possam contribuir de forma positiva para o desenvolvimento sustentável da cidade. Durante a pesquisa, foi perceptível o desconhecimento sobre o tema “coleta seletiva” e em como a mesma é realizada. Esse cenário reforça a necessidade de orientações e implementação da coleta seletiva na cidade, bem como a realização de movimentos educativos, com o objetivo de transformar na prática da comunidade. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10388 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DE DISCENTES DA AREA DA SAÚDE SOBRE O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) AMAZÔNIA EM BELÉM (PA): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: jessica de souza pereira, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, luciana Emanuelle de aviz, Daniel Lucas Costa Monteiro, Érika Patrícia oliveira de Oliveira, nanni moy reis, José Carlos da Luz Gonçalves, Bruno Jáy Mercês de Lima |
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Apresentação: A Reforma Psiquiátrica teve início no Brasil na década de 1970, um movimento dos trabalhadores de saúde mental que lutavam por uma sociedade sem manicômios, em que o objetivo principal era a desospitalização e inserção do doente mental na sociedade, portanto, a reforma trouxe a substituição do modelo manicomial por uma rede de serviços voltada para Atenção Psicossocial (AP). Dessa maneira, a AP proporciona às pessoas com transtorno mental novo espaço social uma inclusão na sociedade, que podem ser tratadas com respeito, próximas do seu meio social, de modo a promover sua condição de cidadãs. Uma das modalidades dos serviços que forma essa rede, são os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que se consolidam como ferramenta eficaz na substituição dos internamentos psiquiátricos. O CAPS é um serviço de saúde pública aberto que oferece atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, é composto por uma equipe que trabalha interdisciplinarmente, a fim de promover diferentes formas de sociabilidade, e também pode contar com outros profissionais, além dos que constituem a equipe. O CAPS se diferencia pelo porte, capacidade de atendimento, clientela atendida e organizam-se no país de acordo com o perfil populacional dos municípios brasileiros. Dessa maneira, estes serviços diferenciam-se em modalidades como CAPS I, CAPS II, CAPS i, CAPS ad Álcool e Drogas, CAPS III, CAPS ad III Álcool e Drogas. Portanto, o trabalho teve como objetivo descrever a percepção dos discentes da área da saúde sobre o CAPS Amazônia em Belém (PA). Desenvolvimento: Trata-se de uma ação educativa tipo relato de experiência, sobre a percepção dos discente da área de saúde no CAPS Amazônia. A ação educativa foi desenvolvida no CAPS Amazônia localizado no município de Belém –Pará. Onde foi realizado três visitas, nos dias 19, 29 e 03 de dezembro de 2019, no horário de 08:00 às 12:30. O público alvo foram os usuários que possuíam transtornos mentais da unidade. A equipe do CAPS Amazônia é formada por duas enfermeiras, um médico, dois técnicos de enfermagem, um educador físico, um pedagogo, um assistente social e um professor de música. No primeiro dia de visita, foram feitas observações da rotina dos usuários do CAPS, observamos que eles recebem um acolhimento humanizado desde a sua entrada, além de, atendimentos individualizado, atendimentos em grupos, atividades sócio-recreativas, oficinas terapêuticas, atividades extra muro, assistência farmacêutica, prestação de serviços de apoio da residência terapêutica e apoio as Unidades Municipais de Saúde (UMS) de abrangência. Em seguida, realizou-se uma roda de conversa para conhecer e saber da rotina dos usuários, e alguns relataram que tinham livre arbítrio que não se sentiam presos e que o CAPS era o lugar que oferecia a eles autonomia, inclusão e principalmente não tratavam eles como doentes incapacitados. Após isso, observou-se que os mesmos gostavam de oficinas que lhe traziam renda financeira. Então, na segunda visita proporcionamos a eles uma oficina que lhe trouxessem renda financeira, levamos pra eles materiais e lhe ensinamos como fazer embalagem para presente, o passo a passo para fazer laços de cabelo, mas sempre deixando eles fazerem só, para assim terem autonomia sobre seu trabalho e também com o intuito não só de trazer uma renda extra aos usuários, mas de passar para eles uma linha de pensamento que eles podem contribuir na sociedade. Na terceira visita foi feita uma avaliação e uma evolução dos usuários e observamos que o CAPS proporciona um acolhimento que traz uma linha de pensamento aos pacientes de que eles não são “loucos” e que possuem um lugar na sociedade. Resultado: Observamos que o transtorno mental não é uma doença em que a pessoa é incapaz de suas habilidades, o indivíduo com transtorno mental pode ser incluído na sociedade. Um dos aspectos observado é o fato de que as portas do CAPS permanecem abertas e o usuário tem liberdade, com objetivo de estimular o usuário a exercer sua autonomia quando refere que ele se torne “dependente dele mesmo”. Alguns usuários relataram que o projeto terapêutico, o acolhimento e as oficinas são algo que eles gostam bastante, é isso que fazem eles voltarem. Porém, algo que chamou bastante atenção foi o fato de perguntamos sobre a experiência no hospitais psiquiátrico, os sujeitos fizeram críticas aos modos coercitivos, o pouco dialógico na prestação da assistência nos hospitais psiquiátricos como um todo pelos profissionais de saúde, a forma que eram tratados pelos profissionais, principalmente em relação ao controle da medicação e que não haviam oficinas. Dessa maneira, a assistência do CAPS, apoia o pensamento de inclusão da pessoa com transtorno mental, reinserção social, o desenvolvimento da autonomia do sujeito, a convivência e a comunicação com o outro. Entretanto, ainda existem algumas dificuldades na realização do trabalho da equipe multiprofissional nos CAPS, como a falta de capacitação em saúde mental, a infraestrutura deficitária e muitas das vezes o olhar do profissional que visa só a patologia, dificultando sua atuação e o desenvolvimento de uma prática psicossocial. Portanto, para melhorária da atuação dos profissionais no CAPS e futuros profissionais, deve haver buscas de aprimoramento dos estudos e conhecimentos. As instituições formadoras, devem implementar conhecimento preparar os discentes para as práticas psicossociais em seus estágios os quais devem ser realizados nos CAPS e o governo fazer investimento em capacitação dos profissionais que já encontram inseridos nos serviços, para que assim o rompimento do modelo biomédico seja continuo, pois mesmo com todas as mudanças ele ainda é presente nos dias atuais. Considerações finais: Assim, concluímos que a Reforma Psiquiátrica trouxe benefícios na criação do CAPS, como o respeito ao modo de tratar indivíduos com transtorno mental, onde esses indivíduos podem ser tratados em ambientes abertos, humanizados, próximos de seus familiares e principalmente em ambiente não coercitivos e prejudiciais como tradicionalmente ocorria em hospitais psiquiátricos, um tratamento que contribuía para sua exclusão social do indivíduo. Portanto, é essencial que os profissionais estejam preparados para essa realidade, no qual, além de acolher o usuário devem desenvolver um trabalho com características coletivas e em equipe interdisciplinar na busca da reabilitação dos usuários. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7711 Título do Trabalho: AS MÚLTIPLAS FACES DA VIOLÊNCIA: A PERCEPÇÃO DE ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM (PA)RÁ Autores: Rosângela Carvalho de Sousa, Emilly Ane da Mota Cardoso, Isadora Barbosa da Gama, Laélia Anayze Ribeiro Macedo, Rafaela Victoria Camara Soares, Yasmim Silva Sousa, Greice Nívea Viana dos Santos, Érika Marcilla Sousa de Couto |
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Apresentação: A violência é um ato praticado contra si, contra outros, ou contra a comunidade, podendo ocasionar consequências físicas, transtornos psicológicos e óbitos, sendo classificada de acordo com a sua natureza. Configura-se como patrimonial quando há danos ou retenção de bens materiais. Física, se houver agressão a integridade corporal. Psicológica, a qual afeta o bem-estar emocional por meio da redução da autoestima. Ademais, a violência moral se exprime através de calúnia, difamação ou injúria a honra e reputação de uma pessoa. Já na violência sexual, o indivíduo é obrigado a dispor de contato libidinoso, físico e verbal ou manter relações sexuais através da força, ameaça, aliciamento ou qualquer meio que retire a liberdade e o desejo pessoal. Associado a todas as formas de violência pode se encontrar o bullying, que se manifesta principalmente entre os adolescentes no ambiente escolar sendo caracterizado por comportamentos agressivos e repetitivos. São classificados como adolescentes indivíduos na faixa etária de 10 a 19 anos. Em decorrência deste período de descobertas, alguns fatores extrínsecos podem colocar em risco o desenvolvimento biopsicossocial, por se tornarem negativos e desafiadores para esta fase da vida. Em 2012, a violência foi responsável por 95.000 casos de homicídios contra crianças e adolescentes de 0 a 19 anos com alta incidência na América Latina e Caribe, sendo que no Brasil a região sul era responsável pelo maior índice, seguida das regiões nordeste, sudeste, norte e centro-oeste e as tipologias mais frequentes estavam associadas à violência física, psicológica e sexual. O objetivo desse estudo é descrever a experiência vivenciada por discentes de Enfermagem durante ação de educação em saúde sobre violência na adolescência em uma escola pública, para conhecer a percepção dos adolescentes sobre a violência e seus tipos, orientando-os sobre os mecanismos de prevenção, devido a forma silenciosa que muitos casos podem ocorrer. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por discentes e docentes do sexto período do curso de bacharelado em Enfermagem da UEPA – Campus XII, no segundo semestre de 2019, utilizando observação sistemática e dirigida no contexto da Atividade Integrada em Saúde (AIS) com o eixo Cuidados de Enfermagem II, baseada no Diagrama de Charles Maguerez, ocorrendo em cinco etapas. A primeira etapa consiste na observação da realidade, nesta realizou-se visita em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no município de Santarém-Pará, e através de uma conversa com a enfermeira responsável pela unidade, foi indicado por ela uma escola da comunidade para o desenvolvimento da atividade tendo em vista a parceria da UBS com o Programa Saúde na Escola (PSE), a partir disso determinou-se o público alvo, adolescentes de 13 a 17 anos. A segunda etapa ocorre pela definição dos pontos chave, havendo a identificação do tema e dos pontos que devem ser favorecidos. A problemática a ser trabalhada nesta pesquisa é o conhecimento acerca das múltiplas faces da violência. Na terceira etapa, teorização, foram efetuadas pesquisas bibliográficas através dos periódicos Scielo e National Center for Biotechnology Information. Já na quarta etapa, denominada hipóteses de solução, ocorreu o planejamento da ação educativa, onde identificou-se que a realização de dinâmica sobre as múltiplas faces da violência através da distribuição de narrativas para debate em roda de conversa com o público jovem é relevante, objetivando principalmente a identificação e a prevenção. Na quinta etapa, intitulada aplicação na realidade, foi promovida no dia 18 de outubro de 2019 a atividade planejada. Resultado: O Programa Saúde na Escola (PSE) visa ampliar as ações educativas articulando as redes de ensino e saúde pública, contribuindo para a formação integral dos estudantes mediante ações de prevenção, promoção e assistência à saúde. Isso ocorre por meio da utilização de pedagogias inovadoras, as quais oportunizam um aprendizado proveitoso em relação a temática abordada durante atividades educacionais. Esta afirmação foi visualizada durante a ação, pois a metodologia aplicada promoveu a cooperação dos alunos. Participaram da dinâmica 15 adolescentes do 9º ano do ensino fundamental, sendo 10 meninos e 5 meninas. Eles foram divididos em dois grupos, nos quais abordou-se dois textos base que continham as diversas formas de violência. Percebeu-se que a maioria dos estudantes conseguiu notar a existência da violência, porém não foram capazes de especificá-la, e ambas equipes não souberam se expressar quanto a sexualidade, que também foi uma temática discutida. De modo semelhante, acadêmicos do curso de Enfermagem realizaram um estudo em Santa Catarina, o qual promoveu o debate sobre a violência e possibilitou que os adolescentes expusessem suas vivências. Neste estudo, os adolescentes também relataram suas experiências descrevendo os tipos de violência que haviam cometido e sofrido, explicitando principalmente a violência psicológica e moral. Ademais, uma pesquisa desenvolvida no Mato Grosso investigou as variáveis: tipo, frequência e duração da violência sofrida, sendo a violência física e o bullying as tipologias predominantes, independente do gênero. Permeando vários tipos de violência, o bullying aparece em alta prevalência entre os adolescentes, incluindo-os tanto como vítimas quanto como causadores dessa agressão. Esse fenômeno é resultado da relação de desenvolvimento do indivíduo com o meio social, familiar e escolar. No presente estudo, oito jovens relataram ter praticado bullying, enquanto seis informaram já ter sofrido. Após as explicações sobre o tema, os adolescentes que já haviam cometido o ato, refletiram sobre as consequências dessas atitudes e afirmaram não querer mais praticá-las. As implicações do bullying envolvem a redução da autoestima, tristeza crônica, afastamento e/ou desistência dos estudos, ansiedade, desenvolvimento de sentimentos de agressão, dificuldade de relacionar-se, e em casos mais graves pensamentos e atos suicidas. No decorrer da dinâmica percebeu-se que as meninas foram mais participativas e colaborativas, todavia, uma minoria dos meninos dispôs de um comportamento negativo e hiperativo, não cooperando com a ação. O desenvolvimento cerebral do gênero feminino pode ocorrer mais cedo e do gênero masculino de forma tardia, favorecendo a ideia de que elas amadurecem precocemente, o que poderia justificar a atitude visualizada pelas acadêmicas. Ao término, os adolescentes alegaram que a experiência foi positiva e importante para a formação deles. As observações visualizadas nessa pesquisação são pertinentes, visto que em 2015 as agressões corresponderam aos maiores causadores de mortes intencionais em todo o país, principalmente na faixa etária de 15 a 19 anos. Considerações finais: Desse modo, transmitir aos adolescentes o conhecimento necessário para a identificação e prevenção da violência é primordial para o desenvolvimento da autonomia. Trata-se de um público estratégico para a realização de ações educativas, pois encontram-se em uma fase do desenvolvimento vulnerável aos comportamentos sociais negativos. Nesse contexto, o ambiente escolar torna-se propício para promover estas atividades, oportunizando a obtenção do discernimento necessário. Em virtude disso, a enfermagem assume a responsabilidade em um cenário mais amplo da assistência, através da realização de práticas educativas atuando como um veículo de informação. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10395 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DO PROCESSO DE SAÚDE E DOENÇA PELAS MULHERES QUE VIVEM EM SITUAÇÃO DE RUA NO DISTRITO FEDERAL Autores: Márcia Helena leal, Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Guilherme Augusto Pires Gomes |
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Apresentação: Este estudo apresenta a compreensão da percepção do processo de saúde e doença pelas mulheres em situação de rua e dos cuidados aos quais têm acesso por meio de entrevistas com mulheres em situação de rua no Distrito Federal- DFDesenvolvimentoA coleta de dado das entrevistas foi realizada no mês de dezembro de 2019, a partir do roteiro para entrevistas contendo as seguintes perguntas: Qual é sua idade? Qual é sua Raça/ Cor? Qual é a sua escolaridade? Tem algum trabalho? Tem alguma renda mensal? Quanto tempo está vivendo na rua? Tem filhos? Se sim, onde moram? Tem namorado (a) ou companheiro (a)? Quando foi seu último contato com familiares? O que significa saúde para você? Você tem algum problema de saúde? Se sim, qual? Como você percebe que tem um problema de saúde? O que significa cuidado para você? Como você cuida da sua saúde vivendo nas ruas? Qual lugares você procura quando percebe que tem um problema de saúde? As entrevistas foram gravadas em áudio MP3 e os depoimentos foram transcritos de forma a preservar o conteúdo integral das falas.Visou-se diversificar o local de permanência dessas mulheres nas ruas para o enriquecimento dos relatos e de preferência em áreas onde havia equipes de consultório na rua e sem consultório na rua para verificarmos se o acesso é favorecido onde se tem esse equipamento de saúde. Foram realizadas oito entrevistas ao total, respeitando o critério de saturação dos resultados. Anteriormente à entrevista, foi explicado a cada mulher o objetivo da pesquisa e solicitada sua participação voluntária, as mulheres que concordavam em participar iniciavam a entrevista. O local das entrevistas foi em rua, calçadas, embaixo de marquises onde elas se sentiam mais confortáveis para falar, as vezes conseguíamos nos afastar das pessoas mas sempre éramos abordados por outras pessoas principalmente em situação de rua para saber o que estávamos fazendo ali, neste momento percebíamos uma certa “ proteção” para a mulher quando alguém chegava para ver o que estava acontecendo. As participantes tiveram liberdade para escolher o momento de prestar o depoimento, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Percebemos que as mulheres com idade mais jovens nas situações: com deficiência física, em prostituição, gestante, em uso de crack e pedindo dinheiro no sinal se recusaram a participar do estudo. No total foram abordadas treze mulheres sendo que oito concordaram a ser entrevistadas, duas imediatamente responderam que não gostaria de conversar e três embora não quererem ser entrevistadas permitiram conversar um pouco sobre sua permanência nas ruas sem realizar a gravação. Encerrou-se a coleta dos dados quando os objetivos da pesquisa foram alcançados. A convergência dos resultados se deu na oitava entrevista. A fim de garantir o anonimato, as participantes foram identificadas com a letra "M" (Mulher), seguida dos números arábicos correspondentes à ordem em que as entrevistas foram sendo realizadas (M1 a M08). A análise dos dados foi realizada a partir de do agrupamento de categorias que segundo Bardin. Resultado: Observou-se que nenhuma das mulheres eram analfabetas, duas mulheres expressaram o sonho de cursar uma faculdade. A M4 Demonstrou desejo de terminar o ensino fundamental e fazer o ensino médio: Já a respeito da dimensão do emprego e renda, 62,5% das mulheres relataram não ter trabalho, as que disseram que tinha se referiram à Revista Traços como um trabalho. A M5 disse que não tem trabalho, mas foi interessante na sua fala pois ela disse que em algum momento de sua vida nas ruas já teve no Projeto Social da Revista Traços. Embora 62,5 % relatar não ter trabalho quando a pergunta foi renda mensal apenas 25% relatou não ter nenhuma renda. Das mulheres que relataram não ter nenhuma renda, uma relatou estar aguardando para receber benefício social. A Maioria das mulheres estão entre 1 a 3 anos vivendo nas ruas. Referente ao número de filhos, todas mulheres responderem ter filhos, nenhuma com filho (a) vivendo nas ruas, os filhos já são adultos apenas M8 e M3 tem filhos menor de idade. O relato de M5 traz a situação de sua saúde como um fator para se distanciar e não ter muito contato com os familiares, refere que foi para ruas ao descobrir que estava com HIV e ficou com medo da rejeição dos familiares. No que se refere em ter um namorado ou companheiro mesmo vivendo nas ruas 80% das mulheres responderam que possui. O que chama a atenção é que nos relatos das mulheres há histórico de violência com os companheiros anteriores. Para as demais perguntas que nortearam a entrevista surgiu a categoria Saúde e Cuidado, as mulheres relataram o que consideram saúde, cuidado e como cuidam da sua saúde nas ruas. Com relação a pergunta: que significa saúde para você? Podemos perceber que cada mulher entende saúde de uma forma, desde a ausência de doença até não morrer sozinha. Para outras é reduzir danos, ter os membros, braços, pernas e condições de andar. É também não estar “sentindo nada” nenhuma dor, é ter acompanhamento em um serviço de saúde. É não ser discriminada por morar na rua ao chegar em algum serviço de saúde, é ser respeitada como cidadã mesmo não está em “quatro paredes”. A maioria das mulheres relataram ter problemas de saúde, chamou atenção para as duas que disseram não ter problemas de saúde pois elas apresentavam tosse no momento da entrevista, mas em suas falas não reconheceram aquele sintoma como um problema de saúde. A saúde mental se destacou na fala das mulheres, ao citarem que utilizam medicamentos para estresse, nervosismo, controle da abstinência ao uso de drogas.Outro fato que aparece nas falas é a violência recebida nas ruas como um fator agravante e complicador para os problemas de saúde. Referente a pergunta como você percebe que tem um problema de saúde? Podemos observar nas respostas, que as mulheres prestam a atenção nos sintomas físicos do seu corpo. Considerações finais: Através dos relatos identificamos que a maior parte das mulheres estão atentas ao seu corpo e aos sinais e sintomas de doenças, no que se refere ao acesso aos serviços de saúde as mulheres que foram entrevistas próximo ao locais de dispositivos como equipes de Consultório na Rua CR, Centro de Atenção Psicossocial-CAPS e Centro de Referência Social – CRAS reconhecem estes serviços como porta de entrada, mas ainda citam o despreparo dos profissionais na de rede serviços como um todo em reconhecer as suas necessidades de saúde. Referem-se que tem maior dificuldade de acesso a outros serviços quando são referenciadas para hospitais e exames pela discriminação e despreparo dos serviços. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8349 Título do Trabalho: PARCERIA SAÚDE E EDUCAÇÃO E A PROMOÇÃO DA VIDA DE ADOLESCENTES: PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS Autores: Jônatas Sneideris, Maria Aparecida Bonelli, Gabriele Petruccelli, Bruna Felisberto de Souza, Ana Izaura Basso de Oliveira, Bárbara de Souza Coelho Legnaro, Patrícia Luciana Moreira Dias, Monika Wernet |
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Apresentação: Entre as questões remetidas às equipes da atenção básica, sobretudo àquelas direcionadas pelo preceito da estratégia saúde da família, está a educação em saúde na escola. Isto se alinha e integra o programa saúde na escola, com indicativas de investimento na parceria colaborativa dos profissionais da saúde com os da educação. O presente estudo teve como objetivo analisar a percepção de profissionais da saúde acerca da promoção da saúde e vida na adolescência, com atenção ao lugar da parceria dos setores Saúde e Educação. Trata-se de um estudo de campo, exploratório, descritivo e de abordagem qualitativa, que utilizou os referenciais do Interacionismo Simbólico e da Análise de Conteúdo de Bardin para condução teórica e metodológica. O estudo foi desenvolvido em um distrito rural de um município do interior paulista, com profissionais de saúde atuantes em uma unidade de saúde da família, com escola adscrita em seu território. A obtenção dos dados empíricos foi a partir de grupo focal disparado pela colocação: “Conte-me como pensam a atuação junto aos adolescentes com vistas a saúde e vida deles?”, a seguir, e de forma articulada ao exposto, perguntas acerca da percepção sobre a parceria com escola foi apresentada. O grupo focal foi gravado e transcrito na íntegra, e os dados analisados de acordo com as recomendações da Análise Temática de Bardin. Os resultados apresentam os determinantes da (não) integração da prática de promoção de saúde de forma articulada entre educadores e profissionais de saúde, com apontamentos importantes à renovação do cuidado em saúde direcionado aos adolescentes e jovens e pautados na intersetorialidade. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8356 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO FORMAL: UMA VISÃO DE TRABALHADORES INFORMAIS LGBTQIA+ Autores: Rodrigo Leão |
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Apresentação: O conceito de saúde evoluiu muito durante a história da civilização e por conta disso é arriscado se pensar saúde apenas como antagonista à doença, porém, adotou-se neste trabalho o conceito de saúde ampliada que entende esse processo como um bem estar físico, social, mental e emocional. A população LGBTQIA+ vem desde muito tempo lutando por seus direitos e pelo pleno exercício daquilo que é assegurado a eles pela constituição. A luta por educação, saúde, pelo direito de ir e vir se soma as lutas enfrentadas por essa parcela da população dentro dos ambientes de trabalho, desde os processos de seleção até as p4omoções a cargos maiores. Todavia, se faz necessário pensar o ato de conseguir um emprego para mais do que apenas uma maneira de se conseguir independência financeira. O trabalho pode ser, segundo alguns autores, uma maneira de ocupação, do indivíduo se sentir útil e necessário dentro de uma sociedade e a ausência deste pode ocasionar adoecimento mental e emocional. Os casos de LGBTIfobia dentro das organizações vêm acontecendo a muito tempo e de diferentes formas para cada letra da sigla. Enquanto gays, lésbicas e bissexuais enfrentam situações de assédio, explícito e/ou velado dentro das empresas, transexuais e travestis são impedidas inclusive de frequentar lugares por não serem “adequados" ao que a organização pede. São pessoas que não conseguem seu pleno bem estar físico e mental dentro de uma organização pelo fato de serem quem são. Uma das saídas encontradas para essa situação é o trabalho informal. Essa população acaba escolhendo trabalhar por conta própria ao estar dentro de uma empresa., o que corrobora As pesquisas que dizem que esse tipo de trabalho vem aumentando com o passar dos anos. Por conta disso se faz necessário dar voz a essas pessoas para que se entenda como elas enxergam a inclusão no mercado de trabalho formal, e como as próprias experiências afetaram as subjetividades e a maneira de ver o mundo, a fim de instigar novas pesquisas e mudanças na sociedade. Desenvolvimento: O trabalho contou com 7 entrevistas fechadas com pessoas LGBTQIA+ de Belém. Os critérios para inclusão dos entrevistados foram (1) se reconhecerem enquanto pertencentes a população LGBTQIA+, (2) estarem, no momento da entrevista trabalhando de maneira autônoma (3) tendo está como seu único meio de renda. Foram excluídos da pesquisas pessoas que não se reconheciam enquanto pertencentes a população, pessoas que não puderam responder ao questionário por inúmeras questões e aqueles que não se sentiam bem em responder sobre o assunto. Foram encaminhados por e-mail, para cada entrevistado, um questionário contendo 13 questões sobre a história dessas pessoas e sua visão e experiências quanto ao mercado de trabalho. Além disso, foi anexado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) que informava sobre a pesquisa e dava autorização para a utilização das respostas. Os pesquisadores obtiveram 6 respostas ao questionário, sendo dentre estas: 3gays, 1 lésbica, 1 homem trás Pansexual e 1 homem trans hétero. As idades variavam de 19 a 32 anos e as ocupações também eram diversas. As respostas foram analisadas de acordo com 3 categorias que são: (1) as histórias de vidas e as vivências no mercado formal, com o intuito de perceber como as experiências se somam à vida subjetiva e à história dessas pessoas na formação de um possível sofrimento; (2) a visão de inclusão no mercado de trabalho, tentando analisar como essas pessoas enxergam o espaço organizacional e se este está preparado para acolher essa população e; (3) a visão de empresa pró-LGBTQIA+, com a finalidade de dar voz a essas pessoa a respeito de como elas enxergam uma empresa que acolha, incentive e cuide do seu funcionário que faz parte dessa população. Resultado: na primeira categoria entendeu-se que todos os participantes já tinham sofrido em algum momento das suas vidas algum caso de LGBTIfobia sendo estas apresentadas de diversas formas e em diversos contexto, desde bullying na escola até ser expulso de casa por ser quem se é, assim como alguns confirmaram já ter escondido sua orientação sexual e/ou gênero no ambiente de trabalho, sendo na maioria dos relatos, por razão de alguma religião que era professada na organização. Duas das pessoas já tinham sofrido violências no trabalho, porém os que não sofreram presenciaram com outras pessoas. Foi constatado o quanto que isso afetou a vida deles e somado as suas vivências fora das organizações contribuiu para a construções subjetivas dos sujeitos. No segundo tópico, foi unânime entre os entrevistados a ausência de preparo das organizações em relação a essa população, além disso duas das pessoas afirmaram estar no mercado informal por este as deixarem mais segura e a vontade de se ser quem se é. Quando perguntado o que se pode fazer pra mudar as respostas foram desde coisas externas como a cultura política do Brasil e as políticas públicas até internas a organização como treinamentos e o cuidado com o indivíduo. Por fim na última categoria surgiram inúmeras possibilidades de empresas pró-LGBTQIA+ que se condensação em empresas que enxergasse nessas pessoas algo para além de alguém para cumprir cota, mas alguém capaz, que pode ajudar a empresa inclusive a tornar a cultura organizacional mais acessível e inclusiva, alem de ser para alem de uma empresa pró-LGBTQIA+, mas uma empresa que lute contra a LGBTIfobia, cuidando dos seus funcionários e não aceitando situações de desrespeito quanto ao gênero ou à sexualidade de ninguém. Considerações finais: Conclui-se que a LGBTIfobia é resultado de uma cultura heteronormativa que é afirmada dentro das empresas pelas pessoas e muitas vezes pela própria organização e deve ser combatida com urgência a fim de promover saúde para essa população trabalhando de maneira paralela com o estabelecimento de políticas públicas e dos direitos dessa população que ainda sofre com a cultura brasileira e as violências que ela ocasiona. Além disso faz-se importante o prolongamento desse estudo trabalhando as letras da sigla separadamente, tendo em vista que gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, intersexuais etc. vivenciam violências diferentes por quem são, ou pesquisar este tema atravessando-o com questões de raça, credo, gênero, levando -se em considerações que estas pessoas acumulam características de diversas minorias. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8357 Título do Trabalho: VIVÊNCIAS NO ESTÁGIO MULTICAMPI SAÚDE NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ-PA: PERCEPÇÕES INTEGRADAS DA PSICOLOGIA E ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA Autores: Daniela Baldez Diniz, Dayana de Nazaré Antunes Fernandes, João Augusto do Carmo Cardoso |
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Apresentação: Sob a perspectiva da atual Política Nacional de Atenção Básica, a atençãoprimária à saúde (APS) ou Atenção Básica (AB) é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilânciaem saúde, sendo realizada pela equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido. Nesse contexto e com a adoção da Estratégia Saúde da Família(ESF) como modelo de atenção para a reorganização e o fortalecimento da atenção básica em saúde no Brasil, tem-se buscado o avanço das intervenções multiprofissionaise sendo criados os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Sendo assim, o cuidado a pessoa, família e comunidade passa por diferentes perspectivas profissionais e o trabalho multiprofissional e interdisciplinar voltado para a integralidade do cuidado em saúde tem destaque, portamto é necessário integrar os diferentes saberes para realizar ocuidado integral a essa população. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicas de Enfermagem e Psicologia na vivência multiprofissional e interdisciplinar no cenário de prática do Sistema Único de Saúde (SUS) enfocando na ação realizada com a família-guia. Descrição da Experiência: A experiência vivenciada pelas discentes do 8ºsemestre de enfermagem e psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) no decorrer das práticas do estágio do Programa de Capacitação em Atenção à Saúde daCriança - Estágio Multicampi Saúde - 2019/2020 da Universidade Federal de Pará, foi realizada em agosto de 2019 em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) - NASF I, localizada em Cametá, no estado do Pará. Para a realização das atividades, seguiu-se o plano de trabalho estabelecido pelo Programa de Capacitação em Atenção Saúde à Saúde da Criança, proposta pela UFPA, mas entre as discentes o planejamento e realização das ações e intervenções foi possível, a partir da realização de três visitas domiciliares da família escolhida para atuação conjunta no cuidado a saúde, considerando vulnerabilidades, sob a supervisão do preceptor enfermeiro eposteriormente pela psicóloga do NASF I junto aos agentes comunitários de saúde e consulta de enfermagem compreendendo a anamnese, exame físico, o estabelecimentodos diagnósticos de enfermagem, o planejamento, implementação e avaliação dos cuidados junto a orientações sobre a saúde da criança na sob a perspectiva do cuidado centrado na família; educação em saúde e ações com jogos e recursos lúdicos também foram desenvolvidos: utilizou-se do desenho, jogo da memória e elaboração de uma salada de frutas para promover o cuidado a saúde mental infantil, bem como forma de criar um vínculo com a criança e promover independência, passar conhecimentos quanto alimentação e aprimorar desenvolvimento psicomotor adequado para a idade. Resultado: Durante o estágio as acadêmicas de enfermagem e psicologia vivenciaram o cuidado à puérpera e recém nascido, criança, adolescente, adulto e idoso, conforme demanda e agendamento da unidade, e, principalmente, obteve-se o foco na assistência à saúde da criança e à família a partir da escolha de uma“família-guia” para trabalhar conforme plano de trabalho estabelecido para as áreas de enfermagem e psicologia que atuaram em abordagem compartilhada. No decorrer da experiência, de acordo com a área de atuação das acadêmicas, foi possível vivenciar procedimentos de prevenção e cuidado a saúde. Em relação a enfermagem, foi viável identificar as ações na atenção à saúde da criança no âmbito da atenção primária como a anamnese e exame físico, administração oral da vitamina A, registro do crescimento e desenvolvimento na caderneta da criança, averiguação da vacinação, teste do pezinho, orientações gerais sobre higiene, alimentação saudável, exercício físicos de acordo coma idade, e estabelecimento de condutas especificas para os problemas encontrados tanto durante visita domiciliar quanto na consulta marcada na unidade de saúde. Quanto a psicologia, verificou-se uma atuação voltada para atendimentos individuais afim de responder a demandas clínicas, o que nos leva a refletir sobre o quanto a prática psicológica ainda está se consolidando sob a lógica da atenção básica através do NASF, ademais foi possível realizar busca ativa de famílias com vulnerabilidade social e psicológica, estudo do caso escolhido, visitas domiciliares, atenção aos marcos do desenvolvimento infantil seguindo a caderneta da criança, escuta especializada de profissionais e familiares com o objetivo de encontrar demandas gerais e orientações quanto ao cuidado com a saúde mental e sua relevância no processo de saúde física e desenvolvimento infantil. Em relação aos trabalhos realizados em direção a família-guia, esta constituída por mãe, avó materna e duas crianças, um aspecto relevante durante a visita domiciliar foi a interação e colaboração entre as discentes durante a anamnese dos cuidadores e das crianças, visto que as perguntas de ambas as áreas eram as mesmas, a saber:alimentação, funções fisiológicas, sono e repouso, antecedentes pessoais, antecedentes familiares e queixas, porém, com direcionamentos e particularidades únicas e específicas para cada área de atuação com objetivos diferentes, por exemplo, quando se pergunta sobre alimentação a enfermagem se guia para orientações e possíveis identificações de problemas nutricionais, o que difere para a área da psicologia que visa compreender durante o processo alimentar o quanto a criança encontra-se independente (alimentando-se sozinha, colocando sua própria comida, entre outros) e o quanto a mesma demonstra seus gostos (escolha de alimentos), com o intuito de identificar o nível de desenvolvimento que a criança apresenta. Quanto aos recursos lúdicos utilizados em ações de educação em saúde com a criança, ambas as áreas se sentiram contempladas com os resultados alcançados, inicialmente utilizando o desenho como uma forma de aproximação com a criança escolhida e ainda dando a possibilidade de conhecer sob o seu olhar as relações estabelecidas, rotina e papéis firmados na dinâmica familiar, percebeu-se ainda a relevância do brincar no aprender sobre alimentação a partir do jogo de memória contendo imagens de alimentos saudáveis, o que promoveu o efetivo compartilhamento do conhecimento sobre atemática tornando a criança ativa no curso de reconhecimento das comidas e acessíveis para a aceitação do discurso de alimentação saudável e sua importância; além disso, a elaboração da própria salada de frutas possibilitou as crianças um momento de trabalho em conjunto, e às crianças o desenvolvimento da independência e autonomia. A finalização das ações, se deu com encaminhamentos vistos como necessários por ambas as acadêmicas, no caso da enfermagem verificação da cartela de vacinas atrasadas e marcação de consultas para regularizar a situação e a psicologia como um acompanhamento psicológico das mãe e avó das crianças, sendo que ambas identificaram e passaram as orientações para o coordenador da UBS, quanto a necessidade de cuidado contínuo a esta família-guia. Considerações finais: O trabalho em conjunto e interdisciplinar possibilitou um olhar ampliado da família-guia em questão, proporcionando uma colaboração mútua do planejamento e atividades propostas desde busca por uma demanda até a efetiva ação interventiva. Portanto, a família-guia pôde ser contemplada em diferentes áreas que estavam comprometidas e que foram observadas como demandas possíveis de serem exequíveis. Compreende-se, ainda, com esse trabalho a relevância de tornar mais comum a realização de ações interdisciplinares na atenção básica, visto que beneficia o usuário e concede ao profissional um trabalho integral quanto ao cuidado. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7849 Título do Trabalho: O PAPEL DO EDUCADOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ (UNIFESSPA) Autores: HELEN BRITO COSTA, ISABELLA PIASSI GÓDOI |
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Apresentação: O processo de ensino aprendizagem é marcado por diversas abordagens pedagógicas com o intuito de melhor contribuir para o alcance dos melhores resultados direcionados ao ensino. O ambiente acadêmico é marcado pela diversidade seja pelo perfil socioeconômico quanto às fragilidades educacionais e aos anseios dos futuros profissionais (graduandos), tornando um desafio à escolha frente à estratégia pedagógica a ser utilizada em sala de aula pelos docentes. Poucos ainda são os estudos conduzidos no intuito de avaliar a percepção do processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva dos alunos no ensino superior, sendo estes o público alvo das ações a serem realizadas. Desenvolvimento: Mediante a relevância desta temática, o presente trabalho tem como objetivos demonstrar o papel do educador no processo de ensino e aprendizagem, na percepção de alunos do curso de Ciências Biológicas, da UNIFESSPA. Realizou-se uma pesquisa descritiva com alunos do 2° ao último período do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas do Instituto de Estudos em Saúde e Biológicas (IESB/UNIFESSPA), com a utilização de entrevistas, mediante questionário previamente elaborado (20 questões), sendo estas conduzidas por uma discente do curso em novembro de 2019. O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Pará (UEPA) (CAAE: 12943619.5.0000.8607). Resultado: A partir da coleta de dados de, aproximadamente, 69% do público alvo foram entrevistados, nos quais demonstraram preferência pelas abordagens pedagógicas humanistas (52,2%) e socioeducativas (39,1%), reforçando a postura do professor a partir de um papel assistencial (63,7%) e de coordenador (23,1%). Com a preferência de aulas externas em (76,8%) para (2,9%) da aula pautada na problematização. Considerações finais: Mediante as particularidades e características da região sul e sudeste do Pará, localização da UNIFESSPA, pode-se observar que muitos são os aspectos socioeconômicos, culturais e educacionais, que podem impactar para o perfil dos graduandos em ciências biológicas, da UNIFESSPA, em suas preferências e demandas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. A partir das percepções e anseios dos alunos, obtidos com o presente estudo, têm-se melhores condições para promover juntamente com todo o corpo docente deste curso, a discussão e reflexão sobre as estratégias pedagógicas atualmente adotadas, a fim de melhor contribuir para maiores avanços frente aos resultados a serem alcançados pelos discentes. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10922 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE MEDICINA SOBRE A INTERIORIZAÇÃO DO CURSO NA AMAZÔNIA Autores: Larissa Rachel Príncipe Azevedo, Kerolaine da Cruz Rodrigues, Miguel Reis Caldeira, Maria Eliza Caldas dos Santos, Brenner Kassio Ferreira de Oliveira |
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Apresentação: Em 2016, foi instituído o curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas no município de Coari, localizado há 363 km de Manaus. A implantação deste curso fez parte da política de interiorização do Programa Mais Médicos, com o objetivo de democratizar e proporcionar melhor oportunidade de acesso ao ensino superior público e de qualidade à população interiorana. Esse trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de Medicina em uma universidade no interior do Amazonas. Desenvolvimento: O curso de Medicina em Coari foi implantado sem uma organização prévia: a estrutura física não é suficiente, uma vez que estava prevista a construção de um prédio que atendesse as necessidades dos cursos da área da saúde, entretanto, até o momento este se encontra inacabado. O corpo docente ainda é incompleto, principalmente porque o município possui poucos médicos especialistas, visto que os casos mais complexos são encaminhados à capital – com recursos suficientes para lidar com serviços de alta complexidade. Além disso, por ser uma área de difícil acesso, há dificuldade em atrair médicos para a região e o instituto não oferece uma remuneração adequada aos padrões da classe médica, dependendo do apoio da prefeitura para a fixação dos médicos no município. Quanto aos serviços para prática dos conhecimentos do curso, os acadêmicos contam com as Unidades Básicas de Saúde, uma policlínica e um o hospital municipal, que abrangem apenas a atenção primária e secundária, dificultando o contato dos acadêmicos com serviços de alta complexidade, como Unidades Intensivas. Vale ressaltar que, a despeito dos desafios relatados, o processo de interiorização também apresenta pontos positivos, como: a descentralização dos médicos em formação em áreas remotas da capital para os municípios do interior, tendo em vista que o Amazonas é um estado de dimensões continentais e as comunidades rurais têm dificuldade de acesso à saúde. Ademais, a universidade tem uma proposta de inserção precoce dos acadêmicos na prática médica na atenção básica, vivenciando os casos mais comuns do cotidiano de um médico generalista. Resultado: Os desafios descritos no processo de implantação do curso repercutem em descontentamento dos discentes, que refletem em altos índices de evasão da universidade, impactos na saúde mental dos acadêmicos e manifestações em prol de condições mínimas ao curso. Considerações finais: A proposta de interiorização do curso de Medicina em Coari é válida, já que prevê a descentralização de médicos formados ao reconhecer a necessidade do interiorano a um melhor acesso à saúde. Todavia, a inserção de cursos em áreas remotas necessita de melhor organização da estrutura física, recursos humanos e de uma rede de saúde ampla, que atenda todas as complexidades. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7342 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS IMPACTOS COGNITIVOS E EMOCIONAL NA SAÚDE DOS PORTADORES COM DPOC Autores: Noelle Pedroza Silva, Joyce Chaves de Souza Araujo, Angela Maria Bittencourt Fernandes da Silva |
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Apresentação: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória crônica, não transmissível, de alta mortalidade e com grande impacto sobre a população. O êxito do cuidado depende de múltiplos fatores, mas é essencial uma terapêutica adequada, e uma boa adesão. A DPOC é ligada a diversas comorbidades, dentre elas o estado depressivo e déficits cognitivos em seus portadores, devido os impactos causados na vida destes. O objetivo deste trabalho é identificar o grau dos déficits cognitivos em pacientes portadores de DPOC. Os dados foram coletados na Unidade de Controle de Asma do HUCFF, onde os clientes foram convidados a responder ao protocolo (testes), questionário (dados sociodemográficos e clínicos) e entrevista, com duas perguntas abertas sobre o impacto da DPOC no enfermo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUCFF. Desenvolvimento: Os participantes após aceitarem a participar da pesquisa realizaram três testes para avaliar o grau do estado depressivo, sendo utilizado o Inventário de Beck, para avaliação dos déficits cognitivos foi utilizado a avaliação MoCA, e um terceiro teste, a escala London (LCADL), avalia o impacto da falta de ar nas AVDS e AIVDs. A Analise destes dados foram realizadas pelos softwares SPSS (quantitativo) e Iramuteq (qualitativo). Resultado: Trata-se de resultados preliminares da pesquisa de mestrado, com 36 pacientes, dos quais a prevalência é do sexo masculino em ambos os graus (II e III). Fica evidente que os mais acometidos são pessoas que fizeram uso de cigarro, alcançando uma média de 88% da população em estudo. Em relação aos testes aplicados, 66% apresentam déficit cognitivo, 34% têm depressão de moderada a severa. No LCADL, as atividades rotineiras mais comprometidas são: colocar os sapatos, lavar janelas, varrer e subir escadas. No que se refere aos dados qualitativos, foram relatados pela maioria dos portadores o sentimento de incapacidade e culpa por ter ocasionado esta doença devidos aos maus hábitos atribuídos no decorrer de suas vidas, em como a DPOC afetou o viver do cliente; mudanças na rotina do cliente e sentimentos que surgem com o DPOC. Consideração final: É Imperativo a atuação do terapeuta ocupacional na produção do cuidado dos portadores de DPOC. Fica evidente a importância de uma intervenção multiprofissional baseada em cuidados e apoio psicológico a estes pacientes. Uma intervenção quanto ao perdas cognitivas e esclarecimentos quanto aos tratamentos é crucial para uma boa adesão dos mesmo a terapêutica. A DPOC afeta seu portador na realização de suas atividades cotidianas, que envolve as AVD e AIVD, sendo necessária o atendimento terapêutico ocupacional quanto a orientações que viabilize adaptações para estes na realização das atividades rotineiras, assim visando diminuir os impactos causados pela DPOC. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10271 Título do Trabalho: ESTIGMA, MEDO E PERIGO - UMA PERCEPÇÃO SOBRE TUBERCULOSE: RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: ADRIELLY CRISTINY FONSECA MENDONÇA, DANIEL LUCAS COSTA MONTEIRO, LUCIANA EMANUELLE DE AVIZ, JESSICA DE SOUZA PEREIRA, DANDARA DE FÁTIMA RIBEIRO BENDELAQUE, DORIVALDO PANTOJA BORGES JUNIOR, MARIA RUTE DE SOUZA ARAÚJO, ANA GRACINDA IGNÁCIO DA SILVA |
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Apresentação: A Tuberculose (TB) trata-se de uma das doenças infecciosas mais antigas e que, apesar de prevenível e curável continua sendo um dos grandes problemas de saúde pública, em especial nos países em desenvolvimento. No Brasil, a enfermidade é um sério problema, com profundas raízes sociais. Ainda nos dias de hoje é uma doença envolta de tabus, preconceito, medo, crenças de essência simbólica e acompanhada por um intenso estigma, demonstrado desde tempos remotos e entre as mais distintas nações. Apesar dos progressos científicos que tornaram disponíveis recursos terapêuticos eficazes, até esse momento as crenças populares sobre a TB parecem perdurar em muitos dos conceitos e imagens que conceberam há ela uma das enfermidades mais temidas, em todos os tempos. O estigma da enfermidade leva os pacientes que adquirem TB a sofrerem tanto pelas manifestações clínicas, quanto pela possibilidade de experimentar preconceitos, sendo desprezadas em suas relações sociais. Sob esse aspecto, o principal efeito do estigma associado a TB, nos países em desenvolvimento, é o isolamento social do doente na coletividade. Agindo assim, a comunidade distancia-se das ações e razões dos doentes, julgando-os e rotulando-os, em vez de conhecê-las e entendê-las. Entretanto, a TB é uma doença curável, portanto, não haveria, motivos para levar o indivíduo à exclusão de suas relações sociais até os dias de hoje. Mesmo quando se reconhece ser uma doença passível de cura perdura a crença de que "sempre permanece alguma coisa no interior". O enfermo com "mancha no pulmão" carrega um sinal que modifica extremamente sua inserção social na comunidade. Dessa forma, entendimentos ultrapassados parecem como que cristalizados no imaginário popular e encarar o problema como evento real, tanto para o enfermo quanto para aqueles que o circundam, não é atribuição simples como poderia aparentar. Em consequências de descriminações, surgem habitualmente entraves, tanto para o doente em aceitar e seguir à terapêutica, quanto para os serviços de saúde nas condutas para controle da doença. Diante disso, a Atenção Primaria em Saúde (APS), em seu modelo de Estratégia de Saúde da Família (ESF), deve se caracterizar como porta de entrada para o cuidado integral e linha de cuidado para criação de vínculo a todos os usuários, nesse sentido é que este estudo emerge com o objetivo descrever um relato de experiência sobre uma ação educativa realizada com os usuários de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) em Belém (PA) sobre os fatores sociais da tuberculose, com vistas a estimular discussões sobre a temática apresentada. Desenvolvimento: Realizou-se um estudo descritivo, do tipo relato de experiencia, sobre uma ação educativa realizada por acadêmicos da área da saúde incluindo enfermagem, medicina e psicologia de Universidades Privadas de Belém – Pará. A ação educativa foi realizada em um ESF localizada no município de Belém, no dia 25 de abril de 2019. O público- alvo da ação foram usuários presentes na unidade à espera de consultas, onde estavam em um número de 18 pessoas, sendo 12 mulheres e 6 homens, com faixa etária entre 17 a 50 anos. Desse modo, a atividade foi organizada como um encontro que permitisse a formulação de uma visão crítica da população em relação aos pacientes acometidos por tuberculose possibilitando que fossem desmistificados preconceitos durante o processo. Esse processo foi dividido em três momentos. No primeiro momento houve a teorização, na qual foi realizada a apresentação do tema por meio de folders que abordavam sobre aspectos clínicos e a influencia desses na vida do paciente acometido pela doença, tendo ênfase principalmente o isolamento social, representados com várias imagens e utilização de linguagem técnica facilitada para que permitissem um conhecimento adequado a respeito do tema sem o prejuízo do não entendimento devido à complexidade; o segundo momento consistiu em uma busca de possíveis preconceitos e dúvidas que os participantes teriam a partir de uma roda de conversa, o qual os indivíduos apresentariam conhecimentos pessoais e experiências próprias, por exemplo, para enriquecer o debate; já no terceiro momento houve a apresentação de um pequeno ato teatral para exemplificar um caso de paciente com tuberculose sendo exposto a diversas situações, dentre elas o isolamento e o preconceito, e durante esse momento foi notado a comoção os participantes com a situação apresentada, pois a maioria dos usuários apresentaram expressões faciais de tristeza e angustia, demonstrando não apenas o grau de assimilação das informações apresentadas na etapa anterior mas também a reciprocidade com a situação abordada. Resultado: Ficou nítido que os participantes estavam em constante atenção em tudo que lhes era proposto durante a ação, havendo repetidas interações com perguntas sobre a temática. Notou-se pouco conhecimento por parte dos indivíduos sobre a enfermidade. Além de que, durante as interações ocorridas, a análise das falas dos participantes levou a entender que a tuberculose é uma doença estigmatizada pela falta de informação que é fundamental para a compreensão dessa patologia e seus aspectos gerais. Dessa maneira, se falta conhecimento a concepção sobre a temática se torna errônea. As dúvidas mais frequentes estavam relacionadas ao contágio da doença onde a maioria dos indivíduos, se não todos, acreditavam que a TB é uma enfermidade que passa de uma pessoa para outra e, portanto, o espaço de interação física torna-se um local de risco. Com isso, a preocupação com a contaminação faz com que as pessoas com tuberculose sejam isoladas e excluídas. Percebeu-se também que as manifestações físicas como tosse, emagrecimento, presença de escarro com sangue e falta de vitalidade do doente contribuem para o preconceito e o medo. Considerações finais: Em virtude dos fatos mencionados, concluímos que a TB não é apenas uma enfermidade do corpo, mas que tem implicações em diferentes âmbitos do viver, especialmente nos relacionamentos sociais. Estes relacionamentos se modificam, promovendo o isolamento, em decorrência do preconceito que o doente percebe por parte de outras pessoas. A doença é debilitante e nos leva a refletir que as representações sobre a tuberculose estão expressas como desprezo, tristeza, preconceito, medo e rejeição. Diante disso, é indispensável a realização de atividades de educação em saúde para que a população possa compreender esta realidade e os malefícios que o estigma trás as pessoas acometidas pela doença, tanto fisicamente, quanto socialmente. Por fim, é importante que os profissionais da saúde abram espaços de discussão sobre a TB para uma maior divulgação da enfermidade colaborando para uma concepção mais consolidada acerca desta doença. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7869 Título do Trabalho: CONCEITO DE DIALOGICIDADE NA PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM INICIANTES Autores: Thaina Ramos Freire, Maria Regina Araujo Reicherte Pimentel, Milena Ramos Ribeiro Silva |
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Apresentação: Este estudo tem como objeto a percepção dos acadêmicos de enfermagem sobre o conceito de dialogicidade. Uma das estratégias de avaliação na subárea educação em enfermagem é a sistematização de conceitos, que complementam os conteúdos teórico-práticos abordados em sala de aula. Três dos quatro textos, são os três primeiros capítulos do livro Pedagogia do oprimido, que não são apresentados em sequência. No trabalho referente ao terceiro capítulo, discute-se a dialogicidade como essência da educação, buscando-se também a identificação de estratégias para implementar o método problematizador. A construção da Subárea Fundamental-Educação em enfermagem pressupõe que, ao conhecerem as metodologias de ensino-aprendizagem mais comumente utilizadas na saúde, os estudantes de enfermagem saberão escolher a que se aplica em uma proposta de saúde coletiva que preza pela autonomia do indivíduo, família e comunidade, como princípio de educação e saúde. A compreensão da dialogicidade como estratégia de ação de educação e saúde junto à população desde o primeiro período faz com que o acadêmico de enfermagem aplique-a em sua formação a cada contato no aprimoramento técnico-científico humanizado, o que torna relevante este estudo. Após o desenvolvimento das atividades, surgiu o seguinte questionamento: Qual a percepção que os estudantes apresentaram sobre o conceito de dialogicidade? O objetivo deste trabalho é analisar a percepção dos estudantes sobre o conceito de dialogicidade expressos nos trabalhos apresentados no primeiro período na subárea educação em enfermagem. O propósito da subárea Educação em enfermagem é que o acadêmico de enfermagem compreenda a educação como prática social determinada, expressa nos processos de ensino-aprendizagem aplicados em ações educativas concretas, integrante da dimensão educativa do perfil profissional do Enfermeiro. A metodologia pedagógica implementada visa a elaboração, por partes dos estudantes, de ações educativas de promoção da saúde, considerando a particularidade dos grupos sociais e dos distintos processos de vida, saúde, trabalho e adoecimento, com referencial da problematização, fundamentado na dialogicidade entre educador e educando. Um dos pressupostos da problematização é que o educando seja sujeito ativo do processo ensino-aprendizagem, em que a dialogicidade é eixo central, permitindo a intermediação de saberes e práticas vivenciadas por profissionais e população. Método: Pesquisa de natureza exploratória, descritiva, de abordagem qualitativa, do tipo documental. Utilizou-se como fonte 24 trabalhos de sistematização de conteúdo sobre o capítulo três do livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire. A coleta de dados foi realizada em dezembro de 2018, a partir de instrumento de coleta de dados, em que se buscou levantar as perspectivas em torno do conceito de dialogicidade percebidas pelos estudantes. Após a análise temática dos documentos, identificou-se três categorias: o diálogo e seus elementos, o diálogo como ampliação do olhar do estudante sobre determinada realidade e o diálogo e suas consequências. Resultado: O diálogo como espaço de ação e reflexão no processo educativo foi identificado por 17 estudantes, enquanto dois identificaram apenas como um espaço para reflexão. Ao estabelecer uma ação educativa por meio do diálogo, é possível refletir sobre a realidade com base em teorias que a fundamentam, pensando em novas formas de atuar sobre ela, deixando de ter uma visão restrita para uma visão de totalidade, o que permite transformar o mundo. Na primeira categoria analisada, identificou-se humildade, amor e respeito como elementos essenciais para desenvolver diálogo no processo educativo. Também foram citadas a fé, esperança e confiança no outro, no entanto com menor frequência. Na segunda categoria, os estudantes compreenderam que a educação dialógica possibilita uma troca de saberes entre os indivíduos participantes que constroem um conhecimento de forma conjunta, estabelecendo uma relação horizontal. Por fim, na terceira categoria, os estudantes constataram que a libertação do oprimido é consequência da prática dialógica, pois esta permite o desenvolvimento da consciência crítica e noção de totalidade que consiste em visualizar situações de maneira totalizante. Quando o cuidado de enfermagem está baseado nesta concepção freireana, o ato de cuidar-educar acontece em uma relação horizontal, dialógica, recíproca e verdadeiramente humana, produzindo impactos positivos na qualidade da assistência. Isso significa que cuidar é um construtivo diálogo. No Brasil, o modelo assistencial adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), indica a necessidade da atuação do enfermeiro em caráter crítico e reflexivo, na busca de soluções aos problemas relacionados à condição de vida e saúde dos indivíduos. A Diretriz Curricular Nacional do curso de graduação em enfermagem institui que a formação do enfermeiro deve ter ênfase no SUS, atendendo as necessidades sociais de saúde e assegurando a integralidade da atenção e qualidade do atendimento e humanização do atendimento. O cuidado humanizado percebe o ser humano como um ser único e insubstituível, completo e complexo, o que inclui o respeito, o acolhimento, a empatia, a escuta, o diálogo, circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, além da valorização dos significados que são atribuídos às experiências de adoecimento, prevalecendo a comunicação dialógica. Nesse sentido, percebe-se que os problemas da realidade social da população demandam uma discussão que pode ser realizada por meio da problematização de Paulo Freire. Na ENF/UERJ o currículo é estruturado de maneira integrada, permitindo que os estudantes façam essa discussão de humanização a partir do primeiro inicial. Na subárea Assistencial I - Saúde, Trabalho e Meio Ambiente I, são feitas as primeiras aproximações com a comunidade, vivenciando um olhar sobre a determinação da saúde. Ao final desta subárea, os graduandos desenvolvem ações educativas fundamentadas na problematização, com valorização para a dialogicidade. Concomitantemente, em Assistencial II - Promovendo e Recuperando a Saúde Mental I, há discussão de empatia, observação e acolhimento. Assim os conteúdos ministrados nas áreas Assistencial e Fundamental são articulados, visando formar profissionais que respeitem o ser humano no seu direito à liberdade e dignidade, e portanto aptos a oferecer cuidados no contexto cultural e social. Considerações finais: Os estudantes compreenderam o conceito de dialogicidade como um espaço de ação e reflexão, sendo necessário amor, humildade, respeito, fé e confiança no outro para ser capaz de dialogar. Realizar uma ação educativa, problematizadora, permite que todos exponham seu ponto de vista, pois o diálogo favorece a escuta sensível e permite interação entre profissionais e usuários, sendo portanto indispensável no exercício profissional do enfermeiro. Consequentemente, há desenvolvimento do pensamento crítico que leva a liberdade do sujeito e da capacidade de ver situações com noção de totalidade. |
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Trabalho nº 9919 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES SOCIAS SOBRE A EXCLUSIVIDADE DO ALEITAMENTO MATERNO ATÉ OS SEIS MESES, NA ÓTICA DE MÃES EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA AMAZÔNIA Autores: Stephany Martins de Almeida França, Evelyne Marie Therese Mainbourg |
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Apresentação: O Aleitamento materno é uma interação entre mãe e filho, com repercussões nutricionais na criança, no crescimento e desenvolvimento da mesma. Analisar as principais percepções das mães sobre a exclusividade do aleitamento materno até seis meses de idade em UBS´s da sede do município de Eirunepé, Amazonas. Desenvolvimento: Os dados foram coletados em 2016, em consultas médicas nas unidades básicas de saúde, a amostra foi por conveniência. O público-alvo foi de mulheres lactantes cadastradas na Estratégia Saúde da Família. Critério de exclusão: ter filho gt; 24 meses de idade. Foi aplicado um questionário com cinco questões: três objetivas (variáveis de escolaridade, idade e atendimento nutricional) e duas discursivas (variáveis de conhecimento sobre aleitamento materno). Para a análise quantitativa, utilizou-se o programa Excel 2010 e para a etapa qualitativa foram avaliadas as falas das mães redigindo os significados a partir da análise de conteúdos. Analisaram-se os dados de 57 mulheres. Resultado: Constatou-se que a maioria das usuárias se encontravam na faixa etária de 20 a 30 anos (68,4%), e o percentual de mães com idade inferior a 18 anos era de 31,6%. Destas, 33,1 % declararam ter tido 5 anos de estudos na rede pública, 41% concluíram o ensino fundamental, apenas 22,9% concluíram o ensino médio e 3% tinham o ensino superior. Quanto ao atendimento nutricional, 80% declararam não ter tido esse tipo de acolhimento e nem ter recebido orientações especificas sobre aleitamento materno na UBS. Enquanto 63% das mulheres afirmaram que o leite materno nos primeiros seis meses de vida era suficiente para garantir a saciedade e o crescimento saudável da criança, 36% consideraram que o leite materno não era suficiente nos primeiros seis meses de vida. As declarações pairam o seguinte: “meu filho chora muito, meu leite não dar para tirar a fome dele”; “um pouco de chá não faz mal a ninguém”; “meu leite é fraco, não mata a fome do meu filho”; “dou peito e água porque faz muito calor aqui, a água tira o soluço do neném, eu ainda coloco um pedaço de papel grudado com água na testa”. Os alimentos mais citados como primeira oferta alimentar foram: chás, água, leite industrializado, composto lácteo e farináceas. Considerações finais: Entende-se que a alimentação da criança desde o nascimento e nos primeiros anos de vida tem repercussões ao longo de toda a vida. Uma alimentação saudável na primeira infância é essencial na estratégia global para assegurar a segurança alimentar dessa população, entretanto, deve-se considerar o contexto social em que grupo materno-infantil está inserido. Diante do exposto, conclui-se que as percepções sociais sobre o aleitamento materno incidem sobre a adesão à exclusividade do aleitamento materno até os seis meses de vida. A baixa escolaridade das nutrizes e a falta de orientação nutricional podem explicar em parte essas percepções, gerando consequências negativas sobre a saúde dos bebês. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8386 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DO USUÁRIO DA ATENÇÃO BÁSICA SOBRE A VISITA DOMICILIAR Autores: Daniela Teixeira de Souza, Cinoelia Leal de Souza, Elaine Santos da Silva, Leandro da Silva Paudarco, Jader da Silva Ramos, Diana Êmily Mendes Guimarães, Sandy Hellen Rodrigues de Souza, Alaides de Oliveira Souza |
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Apresentação: No âmbito da saúde pública no Brasil, a atenção básica é considerada a principal porta de entrada dos pacientes ao Sistema Único de Saúde. Fundamentada pela Política Nacional da Atenção Básica no Brasil, essa porta de entrada necessita, portanto, estar preparada e organizada para a atuação adequada, na resolução de problemas e desenvolvimento de uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e comunidade. Determinando a família como elemento principal da atenção e por meio da Estratégia Saúde da Família, a Atenção Básica tem dentre os seus diversos instrumentos de assistência a visita domiciliar, sejam elas programadas ou voltadas ao atendimento de demandas espontâneas, segundo critérios epidemiológicos e estratificação de risco da população adscrita. A visita domiciliar realizada pelo Agente Comunitário de Saúde é uma prática crucial para a Atenção Básica, pois ela estreita o vínculo entre a comunidade, a unidade e os profissionais de saúde, permitindo assim a inclusão e a quebra de barreiras existentes entre o coletivo atuação que torna o ambiente favorável a transição de conhecimento sobre saúde no território. O Agente Comunitário de Saúde é um membro da equipe que faz parte da comunidade, e por esse fator, a sua percepção sobre os usuários se torna mais ampliada, e essa base é importante para facilitar a organização das informações pertencentes às famílias assistidas, bem como, favorece a confiança do usuário no acolhimento. Esse dimensionamento da visita domiciliar facilita o planejamento da assistência por permitir o conceito dos recursos que a família dispõe, maior vínculo entre o usuário e o profissional e, por isso, pode ser interpretada como uma ação diferenciada do serviço de saúde. Contudo, apesar da importância e da participação direta com a comunidade, o Agente Comunitário de Saúde ainda enfrenta alguns desafios em relação ao reconhecimento da população para com a sua formação e atribuição na Atenção Básica, afetando o espaço para fortalecimento do vínculo, prevenção de agravos, promoção da saúde, orientações às necessidades individuais e coletivas e alimentação dos sistemas de informações. Nesse sentido, por ser uma categoria de trabalhadores, formada pela e para a própria comunidade, é uma das profissões mais estudadas pelas universidades, isso se dá pelo fato de os Agente Comunitário de Saúde transitarem pelo espaço – governo e comunidade e intermediarem essa interlocução. Nessa perspectiva o presente estudo objetivou analisar a percepção do usuário da atenção básica sobre a visita domiciliar realizada pelo Agente Comunitário de Saúde. Desenvolvimento: pesquisa com abordagem qualitativa exploratória, a coleta de dados ocorreu de fevereiro a março de 2019, com os usuários das Unidade de Saúde da Família dos bairros Vomitamel, Beija Flor e Brasília. Os dados foram coletados por meio de um roteiro não estruturado e flexível ao andamento da entrevista, composto por 11 questões relacionadas ao perfil socioeconômico dos participantes e 2 questões norteadoras, que versavam sobre as experiências e vivências dos usuários com visitas domiciliares realizadas pelos Agentes Comunitário de Saúde na área de abrangência da Unidade. A amostra do estudo foi definida por conveniência e por saturação, nesse intuito, após saturação, foram incluídos 30 usuários, o tratamento dos dados foi realizado a partir da técnica de análise do conteúdo semântica. Todas as fases desta pesquisa foram realizadas em consonância com as questões ético-legais, a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), sob o protocolo CAAE: 79882217.8.0000.0055, em 05 de dezembro de 2017. Resultado: foram abordadas duas categorias temáticas para discussão: A experiência do usuário com a visita do agente comunitário de saúde na atenção básica. No que tange a realização da Visita Domiciliar apenas 50% dos usuários a recebem, no questionário foram abordadas perguntas sobre a frequência das visitas durante o mês ou ano, apenas 36, 67% dos usuários recebem a visita mensalmente, já 10% uma vez ao ano e 3,33% duas à quatro vezes ao mês, além disso, os Agentes Comunitário de Saúde são responsáveis por 93,3% das visitas domiciliares. Vale ressaltar que, a falha nessa atenção impede o acesso dos indivíduos, família e comunidade à principal porta de entrada dos serviços de saúde, da mesma forma que dificulta o trabalho da equipe na área assistida. Nesse contexto, o outro eixo sobre a importância do agente comunitário de saúde na visita domiciliar para promoção da saúde. Na avaliação da visita domiciliar, 50% dos usuários afirmaram já ter recebido uma visita domiciliar, e 50% destes não recebe ou não recebeu visita domiciliar, principalmente por ser uma área descoberta ou pouco frequentada pelos Agentes Comunitários de Saúde durante as visitas. Foi questionado também aos usuários se durante a visita domiciliar as suas dúvidas eram sanadas, cerca de 40% dos entrevistados responderam que sim, sendo que 23,3% das visitas duravam menos de 10 minutos, apenas 23,35% dos usuários disseram que no decorrer da visita os profissionais realizavam orientação e educação em saúde. Tendo em vista que, estas ações devem ser priorizadas pelos profissionais da Atenção Básica, uma vez que o modelo de atenção prioriza a prevenção e promoção da saúde no território. Considerações finais: A partir dos resultados pode-se observar que as visitas domiciliares não ocorrem ou quando realizadas não são frequentes, isto implica na desorganização do trabalho da equipe e carência no atendimento das demandas da comunidade. No entanto, os usuários compreendem a importância dos Agentes Comunitário de Saúde e a realização das visitas, embora não esteja claro para eles todas as atribuições que devem ser exercidas por este profissional. Considerando-se a indispensabilidade da educação continuada desse profissional, visando a obtenção de conhecimentos para que este possa ser aplicado na sua prática e consequentemente ofertar à comunidade acolhimento adequado. Sabe-se que, definir metas e objetivos em relação ao planejamento da visita domiciliar auxilia na organização e obtenção de resultados na assistência prestada a população pela equipe, em especial ao do Agente Comunitário de Saúde, da mesma maneira que induz a avaliação positiva e satisfatória dos usuários sobre o acolhimento. É inegável a magnitude que a visita domiciliar proporciona quando se considera a enorme abrangência da Atenção Básica e os seus expressivos resultados, no cenário da saúde pública do país. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11459 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DA ATENÇÃO BÁSICA SOBRE O CUIDADO EM REDE COM A ATENÇÃO DOMICILIAR Autores: Isabella Vicente da Silva, Lucas Eduardo Carneiro, Regina Melchior, Sarah Beatriz Coceiro Meirelles Félix |
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Apresentação: O serviço de atenção domiciliar é uma oferta de cuidado em saúde feita para as pessoas que, após a alta hospitalar, continuam necessitando de acompanhamento de profissionais em casa. Quando o paciente evolui para melhora do quadro, pode receber alta deste serviço, passando a ser assistido pela equipe de saúde da família que atua nas unidades básicas de saúde. Já existem em algumas cidades brasileiras disposições de organizar os serviços de saúde para oferta de cuidado especializado no domicílio, mas foi no ano de 2012 que surgiu o Programa Melhor em Casa: A segurança do hospital no conforto do seu lar, com a Portaria GM/MS 2.029 e atualmente regida pela Portaria nº 963 de maio de 2013, proporcionando este tipo de cuidado. O Programa Melhor em Casa é uma estratégia cujo objetivo é qualificar a Atenção Domiciliar (AD) como forma de melhorar o acesso ao Serviço de Atenção Domiciliar (SAD). Na AD os usuários são atendidos em domicílio por equipes específicas: Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP). Essas equipes são formadas por múltiplos profissionais que trabalham em conjunto. Quando o paciente evolui para melhora do quadro, pode receber alta deste serviço, passando a ser assistido pela equipe de saúde da família que atua nas unidades básicas de saúde. Os serviços da AD são prestados em três modalidades de acordo com o quadro clínico do paciente: A Atenção Domiciliar de nível 1 é destinada aos usuários que apresentam problemas de saúde controlados e com dificuldade física para se deslocar até uma unidade de saúde. Ainda, necessitam de cuidados, entretanto, com menor frequência e menor necessidade de recursos de saúde. A prestação da assistência na modalidade AD 1 é de responsabilidade das equipes de saúde da família (eSF) que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da atenção básica, incluindo equipes dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), por meio de visitas regulares em domicílio, no mínimo, uma vez por mês. A Atenção Domiciliar de nível 2 é destinada aos usuários que possuem problemas de saúde e dificuldade ou impossibilidade física de se locomover até uma unidade de saúde e ainda, que necessitem de cuidados mais frequentes, recursos de saúde e acompanhamento contínuos. A responsabilidade da prestação de assistência à saúde nessa modalidade é da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (EMAD) e da Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), bem como na prestação da assistência aos pacientes da Atenção Domiciliar de nível 3. A realização deste estudo justifica-se pelo interesse em compreender a percepção dos profissionais de saúde da AD1 (trabalhadores da Atenção Básica das Unidades Básicas de Saúde) acerca de como se dá a interação entre estes e os profissionais do SAD, quando ocorre alta do serviço de AD2 para AD1, considerando que ambas equipes fazem parte do Programa Melhor em Casa e compõe a rede de assistência à saúde pública dos brasileiros. Com isso, este estudo também subsidiará processos de reflexão da própria equipe, em seus processos de Educação Permanente. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, na abordagem da micropolítica das relações. O método de coleta dos dados foi grupo focal, feita com as quatro equipes de saúde da família da UBS, contando com a participação total de 27 profissionais. Foi utilizado um roteiro semiestruturado para a entrevista, com duração de 20 a 35 minutos para cada grupo. A pesquisa ocorreu em uma Unidade Básica de Saúde localizada na região norte do município de Londrina (Paraná), considerados como AD1 dentro do Programa melhor em Casa. As conversas foram gravadas, após a concordância dos participantes e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os áudios foram eliminados após sua análise, sem prejuízo algum para os participantes. O período vivência no campo foi de fevereiro a junho de 2019. Para análise dos achados, foi utilizado a análise de conteúdo temático da fala através do método de Bardin descrito por Minayo. Resultado: Por meio da análise das falas dos participantes da pesquisa foi possível realizar uma reflexão acerca do conhecimento relacionado ao Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) e à recepção do paciente proveniente deste serviço para a Unidade Básica de Saúde. Desse modo, emergiram os achados: o desconhecimento sobre o Programa Melhor em Casa, inclusive a não percepção das eSF como parte desta proposta; o reconhecimento da oferta deste serviço por meio das equipes EMAD e EMAP utilizando a nomenclatura SAD; dificuldades para os membros das eSF receberem um usuário e apoiar a família diante da alta do SAD; a pouca apropriação das eSF participantes sobre os fluxos entre estes pontos da rede; necessidade de capacitações das equipes para a recepção de um paciente proveniente do SAD; os profissionais da atenção básica apontaram que não se sentem preparados, mas caso surgisse alguma situação de recepção de usuários da AD2 para a AD1, fariam movimentos na busca de matriciamento para planejar o acolhimento e cuidado ao usuário e sua família. Entre as quatro equipes entrevistadas apenas uma delas apresentou experiência de contato com o SAD devido à alta de um paciente encaminhado deste serviço para a UBS. Os demais não tiveram experiências, porém, uma das equipes recebeu destaque pelo conhecimento do fluxo com o serviço, apesar de não ter tido pacientes provenientes do SAD. Entre as equipes, as que eram composta por profissionais em processo de formação acadêmica e pela coordenação da Unidade, apresentaram maior conhecimento. Entre os resultados encontrados percebeu-se uma real necessidade de maior interação entre o serviço de atenção domiciliar e a atenção básica, uma vez que os profissionais da atenção primária demonstraram necessidade de momentos de educação permanente e matriciamento para estarem aptos a dar continuidade ao cuidado de pacientes de alta complexidade. Considerações finais: Com este estudo foi possível concluir que é fundamental o olhar da gestão sobre a aproximação entre os pontos da Rede de Atenção à Saúde para que haja uma comunicação mais eficaz entre os serviços e dessa forma, um cuidado de excelência ao paciente oriundo do serviço de atenção domiciliar assistido posteriormente pelos profissionais da Atenção Básica. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7366 Título do Trabalho: ADMISSÃO DE IDOSOS JUNTO A AÇÕES DE PREVENÇÃO E DIAGNOSTICO SOBRE A PERCEPÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Autores: Matheus Sallys Oliveira Silva, Adjanny Estela Santos de Souza, DALVA E SILVA MARTINS, FREDSON LUIZ OLIVEIRA COSTA, MARCIA CHAVES NINA, MARCIA CASTRO MACEDO, RAFAELA SOUZA VIANA, ANA GABRIELA CHAGAS DOS SANTOS |
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Apresentação: Apesar das inúmeras campanhas de prevenção acerca das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), as mesmas estão entre as cinco principais causas de procura por serviço de saúde. Campanhas de prevenção são imprescindíveis haja vista que as ISTs são importantes causas de doença aguda, infertilidade, incapacidade e morte. Todavia, ainda hoje há uma negligência quanto à temática visto que as ações de prevenção e diagnóstico são desvalorizadas por uma parte significativa da população, dificultando a eficácia de estratégias desse tipo. Este trabalho teve como objetivo quantificar a população idosa que procurou os serviços de testagem rápida disponibilizados pelo Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA-Estadual), durante ação de promoção a saúde. Método: Trata-se de um estudo descritivo, de caráter quantitativo, em que se buscou caracterizar a população idosa que procurou os serviços de testagem rápida para HIV, Sífilis e Hepatite, disponibilizados pelo Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA-Estadual), durante ações de promoção a saúde na Cidade de SANTARÉM (PA). Resultado: A amostra deste estudo foi composta por 948 pessoas, as quais realizaram os testes rápidos disponibilizados pelo CTA durante ações de promoção à saúde, em cinco locais diferentes da cidade, sendo a população idosa que buscou os serviços de 74 indivíduos caracterizando 7,56% da amostra total, a faixa etária de idade dos mesmos variou entre 60 anos (pessoa mais nova) a 82 (pessoa mais velha) anos, dentre estes 59,46% (44) são do sexo feminino e 40,54% (30) do sexo masculino. O número baixo de adesão dos idosos aos testes para detecção das ISTs é indicativo para o aumento do número de casos de infecções sexualmente transmissíveis nesta população, a visão dos idosos de tratar a sexualidade ainda como um “tabu” é um dos principais motivos para esta baixa na procura destes serviços acontecer, gerando então uma urgente necessidade de reestruturar conceitos vigentes, que delineiam a sexualidade dos idosos e formas de abordagens destes por parte dos profissionais de saúde, estes que raramente acreditam que os idosos possam ser atingidos por alguma doença sexualmente transmissível, pois os consideram como sexualmente inativos. Com isso, deixam de diagnosticar previamente as ISTs, ao negligenciarem a abordagem da sexualidade dessas pessoas. Considerações finais: É de extrema importância que se adote uma visão holística sobre os múltiplos contextos biopsicossociais em que os idosos estão inseridos e vivenciam sua sexualidade. Só assim é possível compreender como sucede o processo de fragilização do idoso frente à prevenção das ISTs. Por conseguinte, há necessidade de criar novas maneiras de propor a prevenção e informação quanto aos meios de transmissão destas infecções, com o objetivo de envolver esses indivíduos no processo de conhecimento quanto o uso do preservativo e mudanças de comportamento relacionados à prática sexual. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6856 Título do Trabalho: TRABALHO EM EQUIPE NA PERCEPÇÃO DE TRABALHADORES DE DIVERSOS SETORES PRODUTIVOS Autores: Mariana Nossa Aragão, Isabelle Cerqueira Carmel Guimarães, Joyce da Silva Santiago Costa, Cristiane Magali Freitas dos Santos, Carolina Pedroza de Carvalho Garcia |
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Apresentação: O trabalho em equipe é definido como recurso capaz de lapidar os processos de trabalho, sabe-se que essa prática pode ser desenvolvida de forma fragmentada ou integralizada. Observa-se que trabalhar em equipe é um recurso que vem sendo muito utilizado a fim de aumentar a produtividade dentro de uma organização. Esse trabalho tem como objetivo geral analisar a percepção de trabalhadores de diversos setores produtivos sobre a organização do trabalho em equipe; e como objetivos específicos descrever as características sócio demográficas, econômicas e ocupacionais das/os participantes do estudo; e tipificar os elementos facilitadores e dificultadores para a concretização do trabalho em equipe. Método: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa e de cunho exploratório. A forma de recrutamento deu-se a partir de um método não probabilístico denominado Snowball Sampling (“Bola de Neve”) e para o processamento dos dados, realizou-se análise de dados textuais com apoio do software IRAMUTEQ, com utilização de uma nuvem de palavras, classificação hierárquica descendente e a análise de similitudes. Para a análise dos dados referentes às características sócio demográficas, econômicas e ocupacionais foi realizada estatística descritiva, utilizando média e desvio padrão através do software Microsoft® Office Excel. Resultado: Participaram desse estudo 356 trabalhadores de diversos setores produtivos do Estado da Bahia. Os resultados apontam que o gênero predominante foi o feminino (76,69%), na faixa etária de 31 a 40 anos (37,36%), solteiras (40,43%), com escolaridade predominante de ensino médio completo/superior incompleto (24,44%) e predominância de trabalhadores no ramo de ciências biológicas, saúde e afins (49,44%). As percepções do trabalho em equipe foram divididas em quatro classes, que abarcam atributos da qualificação, operacionalização e atuação dos trabalhadores frente ao desempenho das funções laborais. As palavras mais evocadas no que se refere ao trabalho em equipe demonstram sentimentos positivos, tais como “objetivo em comum”, “bom”, “importante”, “fundamental”, “necessário” e “resolutividade”. Dentre os elementos facilitadores para o desenvolvimento do trabalho em equipe, destaca-se união, resolutividade e cooperação, e como elementos dificultadores, desarmonia, sobrecarga profissional e relações interpessoais inadequadas. Considerações finais: Apesar de os trabalhadores compreenderem a importância e necessidade de se trabalhar em equipe, existem atributos relevantes que interferem negativamente no desenvolvimento das atividades laborais, contudo, evidenciou-se nessa pesquisa que os elementos facilitadores, além de proporcionar uma progressiva melhora para questões inerentes ao relacionamento interpessoal dos trabalhadores, pode potencializar espaços de colaboração, empatia, liderança democrática e processos comunicativos mais efetivos. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8910 Título do Trabalho: ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL E PROFISSIONAIS DE SAÚDE: PERCEPÇÃO E ESTILO DE VIDA NAS ÁREAS ADSCRITAS Autores: Thainá Lessa |
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Apresentação: A degradação do ambiente está cada vez maior, onde o homem precisa ser agente integrado. Os termos cuidar e educar estão inseridos no contexto dos profissionais de saúde, resgatando Florence Nightingale, a qual preocupava-se com o ambiente e sua relação com as pessoas, evidenciamos um ligação da profissão com a qualidade ambiental em si para garantia de uma melhor qualidade de recuperação e vida do ser humano.objetivos: (geral)compreender a relação da Atenção Primária Ambiental com o estilo de vida da área adscrita; (objetivos específicos) caracterizar a luz do profissional de saúde o estilo de vida na área adscrita; relacionar a Atenção Primária Ambiental com o estilo de vida; desenvolver uma tecnologia de informação sobre a relação da Atenção Primária Ambiental com estilo de vida das áreas adscritas. Método: Como referencial teórico será utilizado o Interacionismo Simbólico. É uma teoria de grande utilidade no que se refere ao estudo da vida social. O método de escolha compreenderá a pesquisa qualitativa sob orientação dos conceitos da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD). De acordo com os aspectos éticos, esta pesquisa seguirá, os pré-requisitos estipulados pela Resolução do Conselho Nacional de saúde nº. 466/12, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos. O cenário do estudo compreenderá unidades básicas de saúde, localizada no município de Macaé. Os instrumentos para coleta de dados serão: a entrevista semiestruturada em profundidade, observação assistemática participante e o recurso para captura de imagem. Resultado: atualizar os profissionais de saúde ressaltando o conhecimento que propicia a importância do meio ambiente ligado ao estilo de vida na área em que atua. Gerando desta forma, a multiplicação do conteúdo para demais profissionais do município acarretando em mudanças no processo de trabalho, retificando a profissão como educadora não somente assistencialista. Considerações finais: O reforço existente entre Saúde Ambiental e Saúde Pública pode trazer uma reafirmação da profissão como educadora efetivando as ações de promoção e prevenção. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7889 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE SOBRE AS RELAÇÕES DA GESTÃO COM ESSES SERVIÇOS Autores: Paloma Pereira Andreatta, Alexandra Iglesias |
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Apresentações: Historicamente, no campo da administração, o surgimento das gerências têm apontado para uma separação/hierarquização entre quem formula e quem deve executar as atividades de trabalho. Grande parte dos métodos de gestão busca controlar o trabalho humano, o subordinando a modos de funcionamento pré determinados e padronizados. Essa lógica administrativa transposta para o contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), tem obstaculizado a efetivação dos seus princípios e diretrizes, que convergem para uma gestão compartilhada. Nesses sentido, a Política Nacional de Humanização (PNH) traz a cogestão como um instrumento valioso, possibilitando a estruturação de novos modos de gerir e pensar as práticas de saúde. A PNH aposta no trabalho coletivo, na formação de redes, autonomia, potência e saberes dos diferentes sujeitos para a transformação da realidade. Sugere a inclusão de todos nos processos de fomentar melhores condições gerais de vida a população. Nesse contexto, objetivou-se neste estudo apreender as percepções de profissionais de saúde dos serviços sobre a relação da gestão com os diversos serviços da rede municipal de saúde de Vitória (ES). Para tanto foram realizados três grupos focais com os servidores representantes dos serviços de saúde mais diretamente ligados a Gerência de Atenção à Saúde do município. As sessões foram gravadas em arquivos digitais de áudio e posteriormente transcritas e submetidas ao método de classificação hierárquica descendente (CHD), que classifica os segmentos de texto de acordo com seus vocabulários, a fim de obter classes de Unidades de Contexto Elementares que, ao mesmo tempo, apresentam vocabulário semelhante entre si, e vocabulário diferente das Unidades de Contexto Elementares das outras classes. Para tal análise utilizou-se o software Iramuteq, um programa informático gratuito, que permite diferentes formas de análises estatísticas sobre corpus textuais. Os resultados sugerem que mesmo diante da implementação da PNH e sua aposta na ampliação do grau de transversalização entre os sujeitos envolvidos na trama do cuidado em saúde, os participantes têm experienciado relações de hierarquização e poder. Observa-se que apesar de existirem movimentos em prol de uma gestão horizontalizada, a lógica gerencial vigente ainda tem sido pautada em conhecimentos técnico-especializados, na separação entre quem planeja e executa. A relação dos serviços com a gerência é descrita como difícil, distante, indireta e marcada por uma hierarquia, mas também como que, há um desejo e convite para aproximação. Constata-se que grande parte das dificuldades apontadas no cotidiano de trabalho resulta da distância comunicativa gerência-serviços. Os participantes trazem queixas com relação a gestão, mas também a convidam para compor trabalhos, para construir e decidir junto, e essa aproximação de uma gerência participativa é apontada como fundamental. Os dados obtidos corroboram para a aposta desta pesquisa, da cogestão como a melhor forma de gerenciar os serviços do SUS. Somente por meio de uma gestão participativa, que informa e inclui os diferentes atores que fazem parte deste sistema, é possível construir a memória de um SUS que dá certo. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7381 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO E DESEMPENHO DE ESTUDANTES TRABALHADORES E NÃO TRABALHADORES DE CURSOS TÉCNICOS EM ENFERMAGEM FRENTE METODOLOGIA ATIVA Autores: Pedro de Oliveira Nogueira, Fabrício Sidnei da Silva |
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Apresentação: Para exercer a enfermagem é necessário a adequação às rápidas transformações do mundo do trabalho. Os estudantes devem preparar-se para se desenvolverem como profissionais tecnicamente competentes, com perfil crítico, reflexivo, ético e humanista, aptos para trabalharem em equipe e com responsabilidade social. Este é um desafio enfrentado pelas instituições de ensino no Brasil, pois para isso, o estudante deve ser estimulado a construir seu conhecimento por meio de um processo que o instigue a sair da posição de receptor passivo da informação a fim de tornar-se parte de uma equipe de forma colaborativa. Para isso a metodologia ativa tem favorecido satisfatoriamente a autonomia do aluno. E o Team Based Learning (TBL) é uma estratégia pedagógica centrada na aprendizagem de adultos em propor aos alunos atividades que gerem discussão e reforcem o trabalho individual e em equipe estimulando os estudantes a aplicarem o conhecimento adquirido para solucionar problemas contextualizados na atividade profissional. São objetivos do estudo, avaliar os estudantes, trabalhadores e não trabalhadores, do curso técnico em enfermagem sobre a metodologia ativa Team Based Learing (TBL), correlacionando sua percepção e seu desempenho individual. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, transversal, prospectivo, de campo, de análise quantitativa. Foi realizado em uma escola particular de ensino técnico, localizada no município de São Paulo. A amostra foi realizada por alunos do curso técnico em Enfermagem, matriculados no 1º semestre de 2017, no 1º ano. Para a coleta dos dados, foram utilizados dois instrumentos: o primeiro caracterizou o participante quanto aos aspectos sociodemográficos e preparação prévia de estudo para a sessão de TBL e o segundo constituído por um questionário validado denominado Avaliação da Percepção dos Alunos do Método TBL (APATBL). As características dos respondentes, suas notas na avaliação de desempenho referente à aula TBL, assim como as questões e pontuações obtidas com o instrumento APATBL foram descritos para a amostra total, utilizando médias, desvios padrões, medianas e quartis para as variáveis quantitativas e frequências absolutas e relativas para as variáveis categóricas. A distribuição das variáveis quantitativas foi avaliada por gráficos boxplot, histogramas e de comparação de quartis. Para comparação da percepção nos diferentes domínios e da nota na avaliação da aula entre os alunos trabalhadores ou não, foram utilizados os testes t de Student para grupos independentes ou testes não paramétricos de Mann-Whitney, a depender da distribuição amostral observada. Quanto à relação entre percepção ou nota e a quantidade de horas gastas com outras atividades não remuneradas foram utilizados os coeficientes de correlação de Spearman e Pearson. As análises foram realizadas com o pacote estatístico R e será considerado o nível de significância 5%. A pesquisa foi realizada atendendo a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional da Saúde. As sessões de TBL aconteceram nos dias 19, 20 e 22 de junho do ano de 2017 na Unidade Paulista. Optou-se por incluir somente essa unidade para garantir a fidedignidade e equidade dos dados evitando possíveis inconsistências tais como professores diferentes e unidades diferentes, fatores que poderiam influenciar na percepção do aluno sobre a metodologia. Tomou-se também o cuidado em realizar um treinamento prévio de 8 horas na metodologia TBL para capacitarmos os docentes para aplicarem o TBL. As salas utilizadas também já eram padronizadas no formato TBL, com mesas e cadeiras que acomodavam adequadamente os grupos de até 8 alunos sentados em cada grupo. Resultado: Os alunos pesquisados possuíam de 17 a 57 anos com mediana de 22 anos. O sexo feminino representou 84,9% da amostra. A maior parte dos alunos foi composta por solteiros (74,0%) e alunos sem filhos (74,7%). Quanto às atividades exercidas fora o curso técnico em enfermagem o estudo mostrou que 29,3% dos alunos exerciam atividades remuneradas, 14,4% faziam outro curso, com maior prevalência o curso de inglês (47,6%) e 69,2% relataram exercer outras atividades além de estudar ou trabalhar, como praticar exercícios físicos (19,9%), afazeres domésticos (50,0%), atendimento familiar (21,2%), práticas religiosas (29,5%) ou outras atividades (4,1%). O tempo dedicado às atividades remuneradas variou de 5 a 72 horas com média de 36 horas por semana. Para atividades não remuneradas, o tempo dedicado variou de uma a 83 horas com mediana de 10 horas semanais Ao considerar o trajeto, a maioria dos alunos (58,6%) despendia mais de uma hora no deslocamento (tempo médio) de sua casa até a escola, utilizando principalmente metrô e ônibus (55,2%). Quanto ao estudo extraclasse, 37,0% informaram dedicarem-se de uma a duas horas por dia e 25,3% de duas a três horas lendo o material disponibilizado para o TBL com antecedência dois dias. Aproximadamente metade dos alunos não contava com um local específico para estudar (52,1%). Ao considerar apenas os alunos que trabalhavam, que 47,6% estudou o material disponibilizado para o TBL no local de trabalho. Metade deles acreditava que o fato de trabalharem interferiu negativamente no estudo do material do TBL. Quanto ao tempo médio no deslocamento de sua casa até o trabalho todos despendiam até duas horas, sendo que 53,7% deles perdiam até uma hora no deslocamento. Ao comparar alunos trabalhadores, ou seja, que exercem atividades remuneradas ou não em relação a Percepção e o desempenho dos Alunos quanto ao Método TBL não foi detectada nenhuma associação significativa seja ao comparar os grupos que trabalham ou não, ou ao considerar as horas semanais de atividades remuneradas. Considerações finais: A decisão por pesquisar o desempenho de alunos do curso técnico em enfermagem justifica-se, essencialmente, pela carência de estudos que tratam desses futuros profissionais, os quais representam uma parcela expressiva da força de trabalho na área da saúde. A qualidade do ensino oferecido a este grupo é primordial e impacta diretamente nas ações relacionadas à saúde e na segurança do paciente visto que os alunos do curso técnico de enfermagem atuarão diretamente na assistência ao paciente. Nas mudanças ocorridas na recente Reforma no Ensino Médio, sancionada no início de 2017, os estudantes poderão optar por uma formação profissional de nível técnico concomitante ao ensino médio. Tal formação ocorrerá dentro da carga horária do ensino regular e ao final do ensino médio o estudante obterá o diploma do ensino regular e um certificado do ensino técnico. Isso significa que um maior número de estudantes do país optará pelo ensino técnico o que irá requerer especial atenção para este público, tanto por parte dos dirigentes das instituições de ensino quanto por pesquisadores da área da educação, visando a melhoria contínua do processo de ensino e aprendizagem. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8414 Título do Trabalho: A PERCEPÇAO DOS ESTUDANTES SOBRE A PALHAÇOTERAPIA NOS HOSPITAIS Autores: Mônica Martins Guimarães Guerra, Nicolas Guimarães Guerra, Kevin Guimarães Guerra |
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Apresentação: Atualmente sabe-se que diversas estratégias de promoção da humanização no meio hospitalar são utilizadas para promover conforto ao acamado, entre elas encontramos a palhaçoterapia, a qual vem ascendendo atualmente em várias regiões do Brasil. Esta iniciativa tem o intuito de diminuir a ansiedade, medo e até o preconceito contra a visão hospitalar ou vivências do paciente, por meios de atividades lúdicas como brincadeiras, piadas e teatros. O Programa Alegria em Teresópolis-RJ foi criado para desmitificar o velho conceito de distanciamento na relação médico-paciente, tornando assim o acolhimento hospitalar mais confortável para o enfermo. Os participantes obtém capacitação a partir de oficinas de teatro, e após a preparação, iniciam-se as visitas dominicais no Hospital, além de os acadêmicos participarem de ações sociais e eventos de promoção à saúde. Desenvolvimento: trata-se de um relato de experiência de alunos do curso de medicina da instituição de ensino da região serrana do Rio de Janeiro que participaram do projeto. Resultado: Estudos comprovam que a palhaçoterapia auxilia emocionalmente aos pacientes tratados a nível hospitalar e por consequência tem impacto no processo de bem-estar e melhora de suas enfermidades no aspecto fisiologico na recuperação dos pacientes. Considerações finais: Estratégias que visam auxiliar o acolhimento do paciente como a palhaçoterapia têm se tornado ferramentas extremamente válidas durante a estadia do paciente a nível hospitalar, visto que os aspectos emocionais e psicológicos de bem-estar alcançados por essas técnicas não podem ser atingidos através do uso de medicamentos. A palhaçoterapia é muito bem recebida pelos enfermos e seus acompanhantes, podendo trazer alegria e descontração e por consequência acelerando o processo de melhora ao individuo. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8416 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM FRENTE AOS DESAFIOS E AÇÕES DE ENFRENTAMENTO NA PERSPECTIVA GERENCIAL E CULTURAL NO PROCESSO DE VACINAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS A PARTIR DE UMA RODA DE CONVERSA: RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Rayanne Rammily Rodrigues Pamplona, Perla Katheleen Valente Correa, Ariane Salim do Nascimento, Leilane Almeida de Moraes, Solino Ansberto Coutinho Junior, Milena Moura Moreira da Costa, Nicole Pinheiro Lobato, Alessandra De Cássia Lobato Dias |
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Apresentação: A diversidade cultural dos povos indígenas brasileiros é um fator importante para a construção do simbolismo espiritualidade, organização social de suas comunidades, dentre outros elementos que formam a compreensão sobre temas cotidianos, como: morte, vida, saúde, doença, infância, velhice, gêneros. Nesse sentido, a imunização indígena deve ser encarada como um grande desafio, uma vez que compreende diversos aspectos como: áreas de difícil acesso, variantes culturais, dispersão geográfica, diversidade étnica e linguística, assim como, as questões técnicas relacionadas a conservação e armazenamento dos imunobiológicos. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo enfatizar a relevância da discussão, conhecimento e reflexão de futuros profissionais de enfermagem, no que diz respeito à defrontação com tais obstáculos e desafios, a serem norteados pelas políticas de saúde e princípios do Sistema Único de Saúde, sendo um mecanismo metodológico para prestação de serviços qualificados aos povos indígenas. Desenvolvimento: Esta pesquisa se trata de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, a partir da vivência de acadêmicos de Enfermagem de instituição de ensino público e privado, durante as práticas do componente curricular de Enfermagem e as Populações Tradicionais da Amazônia. Nesse contexto, foi realizada uma roda de conversa acerca dos desafios que envolvem a imunização dos povos indígenas a partir de um diálogo com profissionais enfermeiros especialistas em saúde dos povos indígenas e docentes do curso de graduação. Resultado: Foram elencados os principais desafios que envolvem o processo de assistência à vacinação nos povos indígenas. Assim, foi levantada uma rica discussão sobre a superação de tais obstáculos, como: o primeiro contato, acolhimento, interculturalidade, linguística, acesso e logística de serviço. Nesse contexto, além de um resumo crítico sobre os principais obstáculos elencados, foi elaborado um plano contemplando os problemas ativos e as intervenções adequadas a cada um deles, o qual poderá ser aprimorado a partir das futuras experiências dos profissionais, sendo uma ferramenta para auxílio na assistência aos povos indígenas, principalmente no que diz respeito à imunização destes. Considerações finais: Ao analisar todos os pontos críticos, tornam-se evidentes os entraves que estão no caminho do desenvolvimento do planejamento de gestão e gerenciamento adequado, para cumprir com eficácia a imunização dos povos indígenas, de forma que sejam atendidas conforme suas características singulares. Dessa forma, é relevante que esse processo de superação de desafios seja constante, uma verdadeira luta social para garantir a esses povos o acesso à saúde de qualidade, cumprindo os princípios e diretrizes do SUS. Dessa maneira, o papel dos futuros enfermeiros, que irão compor a equipe multiprofissional é dar continuidade nesse processo, através do desenvolvimento de pesquisas e do enfrentamento dos obstáculos. Assim, fortalecendo a formação de profissionais competentes, capazes de visualizar todos os usuários, independente de cor, raça, religião e etnia, de forma holística e com capacidade resolutiva. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10981 Título do Trabalho: INTERRUPÇÕES NA ROTINA DE TRABALHO: PERCEPÇÕES DE ENFERMEIROS Autores: Ana Carolina de Oliveira Paiva, Marília Alves |
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Apresentação: A interrupção do trabalho do enfermeiro em unidades de saúde é uma situação frequente e não recente, o que pode ser pela natureza do trabalho ou pelo perfil do profissional que atende concomitantemente a diversas demandas. As interrupções geram problemas, como perda de concentração, necessidade de recomeço da atividade e redefinição de prioridades com elevado grau de estresse, mas também podem contribuir para interceptações de erros, reavaliação de mudanças do quadro clínico dos pacientes e atendimento a familiares e membros da equipe, sendo possível se apresentarem como situações negativas ou positivas. Na rotina de trabalho, as interrupções criam um desafio para o enfermeiro, que é conviver com o dilema de estar acessível para a equipe, paciente e família e permanecer focado em sua atividade, o que ocasiona um constante rearranjo das prioridades com implicações na continuidade das atividades assistenciais. Diante deste contexto, para se desenvolverem intervenções que previnam interrupções negativas para o trabalho desse profissional e para a segurança do paciente, pesquisadores precisam compreender o fenômeno interrupção. Nesse sentido, o conhecimento sobre as interrupções possibilitará o desenvolvimento de processos que previnam ocorrências de interferências desagregadoras, reduzindo seus impactos na assistência e no trabalho do enfermeiro, além de proporcionar melhoria na qualidade do cuidado e segurança do paciente. Estudo sobre as interrupções no trabalho do enfermeiro, durante a realização de suas atividades assistenciais, é relativamente novo no Brasil. Esforços têm sido feitos pelos pesquisadores para entender esse evento, bem como a sua implicação na segurança do paciente e no fluxo de trabalho desses profissionais. O objetivo do estudo é analisar as percepções dos enfermeiros sobre as interrupções durante o desenvolvimento de suas atividades em uma unidade de pronto atendimento de um hospital de ensino de Minas Gerais. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa qualitativa de corte transversal desenvolvida em uma unidade de pronto atendimento de um hospital universitário de Minas Gerais. A coleta de dados foi realizada entre os dias 8 de junho a 23 de julho de 2018, por meio de entrevistas. Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram realizadas 15 entrevistas com os enfermeiros que trabalham na referida unidade. Para desenvolver as entrevistas, utilizou-se o seguinte roteiro semiestruturado: Fale sobre as interrupções do enfermeiro no dia a dia de trabalho. Quais as consequências das interrupções no trabalho do enfermeiro e para a segurança do paciente? Quais medidas você sugere que sejam adotadas no ambiente de trabalho para evitar interrupções no trabalho do enfermeiro? Entende-se interrupção como ato de romper ou suspender uma atividade em execução derivadas de eventos externos, provenientes de fatores ambientais ou humanos, ou de auto interrupção. Os dados obtidos foram transcritos e submetidos à análise de conteúdo com base no referencial de Bardin e foram analisados utilizando-se o software MAXQDA©, versão 12.2.0. Resultado: Dos 15 enfermeiros entrevistados, 60% são do sexo feminino, estão entre a faixa etária de 29 aos 37 anos e com um tempo de trabalho na unidade de pronto atendimento entre 6 meses a 3 anos. A maior concentração de profissionais com um tempo de serviço de até três anos se deve ao início de uma nova forma de gestão na instituição, na qual novos profissionais foram admitidos. Inicialmente foi solicitado aos enfermeiros a falarem sobre as interrupções em seu dia a dia de trabalho. De acordo com os discursos, os profissionais se sentem muito interrompidos, tal fato é evidenciado pelas seguintes falas dos enfermeiros “a gente tem uma demanda muito grande de interrupção”; “os processos ficam muito fragmentados”, “Então, são muitas”. Pesquisas internacionais trazem que as interrupções ocorrem em vários ambientes de trabalho da enfermagem, variando de 0,4 a 41,7 interrupções por hora. O pronto atendimento favorece tais ocorrências por ser um ambiente de trabalho complexo, dinâmico, superlotado e com pacientes e cuidados imprevisíveis para a equipe de saúde. Sendo considerado, dessa forma, como um caos organizado que funciona através de interrupções frequentes no fluxo de trabalho. Quando os enfermeiros entrevistados foram questionados sobre as consequências das interrupções no trabalho e para a segurança do paciente, os relatos foram “erros na medicação”; “risco com seu paciente”; “perde muitas vezes uma linha de raciocínio clínico”; “deixar de evoluir algum procedimento, ou evoluir mal”. As falas vão ao encontro aos relatos da literatura que complementam que as interrupções atrasam a conclusão de uma tarefa, dificultam os processos de tomada de decisão e viabilizam a ocorrência de erros. A partir dessa verificação, é importante refletir sobre a premissa de que interrupções no trabalho do enfermeiro têm somente efeitos negativos e ignorar os benefícios que podem resultar dessa ação. As interrupções viabilizam a segurança, o conforto e a condição do paciente. Os enfermeiros interrompem intencionalmente outros enfermeiros para evitar erros. Ao final da entrevista, tais profissionais foram questionados em relação as medidas que eles sugerem que sejam adotadas no ambiente de trabalho para evitar interrupções em seu trabalho. Os relatos foram “o trabalho de conscientização”; “você ter cuidado na hora de interromper ou até. quando você foi interrompido, você ter mais tranquilidade pra falar assim ó, pera aí um pouquinho”; “ter o envolvimento maior dos outros profissionais na resolução dos problemas”. O enfermeiro considera essencial sua contribuição para o gerenciamento das necessidades emergentes apresentadas nas interrupções. Além disso, estudo italiano traz a ideia de que ignorar ou atrasar interrupções também pode ser considerado culturalmente grosseiro e inaceitável. Considerações finais: Pelas entrevistas realizadas, foi possível verificar que as interrupções ocorreram regularmente na rotina de trabalho dos enfermeiros do pronto atendimento do hospital universitário. Abordar as interrupções é relevante, tendo em vista que o enfermeiro é um dos profissionais mais interrompidos por ter informações importantes sobre os pacientes e participar da gerência de unidades de saúde, sendo referência para os diversos profissionais. As interrupções devem ser analisadas e estratégias devem ser implantadas, de forma que tragam melhorias ao ambiente de trabalho. Além disso, devem-se minimizar interrupções desnecessárias sofridas pelos enfermeiros e fornecer maior atenção àquelas que são inadiáveis e tragam melhorias ao ambiente de trabalho, assegurando a concentração e a qualidade da assistência à saúde. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6889 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DO USUÁRIO EM RELAÇÃO AO PROGRAMA DE PRÁTICAS CORPORAIS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SANTOS. Autores: marcelo pereira gonçalves, ROGÉRIO CRUZ OLIVEIRA |
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Apresentação: A saúde pública no Brasil passou por várias mudanças desde a década de 70, dentre elas a reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) regulamentada pela lei 8.080/1990. Esta reforma objetivou o reconhecimento da saúde como direito social e trouxe um novo modelo de assistência pública à saúde, marcada pelo princípio da universalização das ações em saúde e outros fatores como descentralização, integralidade e regionalização no atendimento. Nessa ótica, a lei compreende a saúde a partir de seus determinantes e condicionantes sociais, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e acesso aos bens e serviços essenciais, com a finalidade de garantir as pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. Na mesma esteira, ainda na década de 1990, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), através da resolução CNS N.º 218 de 6 de março de 1997, buscou reconhecer como profissionais da saúde algumas categorias profissionais de nível superior, na qual o profissional de Educação Física (PEF) se insere como uma delas. Tal marco legal evidenciou a pertinência da atividade física e do PEF nos diversos cenários de práticas de cuidado em saúde numa perspectiva interdisciplinar, haja vista que, de acordo com a própria resolução, há o reconhecimento de que as ações realizadas pelos diferentes profissionais de nível superior constituem um avanço no que tange à concepção de saúde e a integralidade. A prática corporal e atividade física foram incluídas nas medidas e ações pela Política Nacional da Promoção da Saúde (PNPS), criada em 2006, nas ações da rede básica da saúde e comunidade, cabe ressaltar que, a inserção de um programa de práticas corporais/atividade física voltada à população deve fundamentar-se em uma concepção da promoção da saúde apoiada em processos educativos que vão além da transmissão de conhecimentos, focando entre outros aspectos, o enfrentamento das dificuldades e o fortalecimento da identidade. Ainda que a atividade física seja a expressão predominante dos conteúdos da área, o modo como o profissional trabalha com ela pode determinar a forma pela qual as pessoas entendem e se apropriam da sua prática. Pensar na Educação Física implica considerar a formação, o profissional que vai refletir sobre o grupo ou indivíduo com o qual trabalha, a sociedade nos planos histórico, econômico e cultural para, a partir de então, pensar, elaborar e propor conteúdos e estratégias. Falarmos apenas em atividade física diz respeito a uma tarefa, uma atividade, com o intuito de verificar os efeitos provocados por ela. Vale destacar que a PNPS e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), sistematizaram a preocupação do poder público em atender as necessidades de saúde da população para além dos programas e iniciativas que focam somente na prática da atividade física. Atualmente no âmbito da graduação, pós-graduação e grupos de pesquisa que abordam a Educação Física e Saúde, é possível notar a implementação de uma figura conceitual, cada vez mais presente no cenário do SUS: “práticas corporais”, este conceito está diretamente associado à crítica contemporânea em relação às práticas de saúde, e tem se mostrado como um contraponto à discussão e intervenção centralizada na atividade física. Dessa forma, o conceito de práticas corporais apresenta maior potencialidade para intervir no processo saúde-doença de modo mais articulado aos princípios do SUS. Compondo de maneira mais ampla as estratégias de atenção primária em saúde e apontam outras perspectivas de intervenção que parecem mais pautadas as necessidades da PNPS. Vale ressaltar que esse estudo assume o termo práticas corporais no título, pois entendemos que práticas corporais dialoga com as ciências humanas e sociais, e vai ao encontro das diretrizes e princípios do SUS, possibilitando ao PEF uma visão mais abrangente e integral na produção do cuidado em sua atuação na Atenção Primária em Saúde. A pertinência desta pesquisa é fundamentada em uma crítica da professora Yara Carvalho, a autora questiona em sua pesquisa o campo da universidade/pesquisa e trabalho com a comunidade, onde ela procura entender o motivo da figura do sujeito estar sempre perdida ou projetada na instituição (escola, academia, universidade), entre suas diversas possibilidades, e ainda discorre que aparentemente o entendimento sobre o sujeito é definido como uma figura que não pensa, não sente, não experimenta emoções, desejos, não carrega consigo sua própria história de vida. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi analisar a percepção dos usuários sobre o programa de práticas corporais do qual eles participam nas Unidades Básicas de Saúde do município de Santos-SP. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, na qual participaram 29 voluntários, sendo 26 usuários dos serviços de saúde do município de Santos-SP e 3 profissionais de Educação Física responsáveis pelos programas de práticas corporais/atividades físicas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em três regiões diferentes na cidade de Santos. Estas foram selecionadas a partir dos seguintes critérios: ofertar um programa de práticas corporais/atividades físicas e ter um profissional de Educação Física referenciado no Núcleo Ampliado de Saúde da Família. Na coleta de dados foi utilizado como instrumento a entrevista semiestruturada, tanto para os munícipes quanto para os professores de Educação Física. A entrevista semiestruturada parte de certos questionamentos básicos, apoiados em pressupostos que interessam a pesquisa. Além disso a entrevista semiestruturada é um dos principais meios para realização da coleta de dados numa pesquisa qualitativa, pois, ao mesmo tempo em que valoriza a presença do investigador acaba por oferecer todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessária, enriquecendo a investigação. Com a finalidade de contribuir para a caracterização e contextualização do ambiente da pesquisa, realizamos entrevistas semiestruturadas com os professores responsáveis pela condução do programa de práticas corporais nas UBSs escolhidas. Em uma das três UBSs realizamos um Grupo Focal (GF) com os usuários que participaram da entrevista semiestruturada. O critério para escolha da UBS se deu a partir da estrutura física, pois houve necessidade do uso de uma sala que acomodasse os voluntários e não comprometesse a gravação do áudio. O GF tem sido utilizado como técnica de pesquisa qualitativa, obtendo dados a partir de reuniões em grupo com pessoas que representam o objeto de estudo. Além disso o GF têm sido aplicados internacionalmente para a estruturação de ações diagnósticas e levantamento de problemas; para o planejamento de atividades educativas, como objeto de promoção em saúde e meio ambiente; podendo ser utilizado também para a revisão do processo de ensino-aprendizagem. As entrevistas semiestruturadas e GF foram gravadas em áudio e transcritas para um arquivo eletrônico para posterior análise. Neste momento a pesquisa está na fase de análise de dados que, fundamentada pela análise temática/ análise de conteúdo está sendo elaborado a categorização não apriorística. Na escolha pela categorização não apriorística, vale ressaltar que essas surgem totalmente das respostas dos sujeitos da pesquisa, o que primeiramente exige do pesquisador um intenso ir e vir ao material analisado e teorias embasadoras, além de não perder de vista o atendimento aos objetivos da pesquisa, de modo geral o pesquisador segue seu próprio caminho fundamentado nos seus conhecimentos teóricos, norteado pela sua sensibilidade, intuição e experiência. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6378 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DO PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE Autores: Sylvia Gois Santos, Letícia Lemos de Moraes, Mariana Rodrigues de Andrade, Leticia da Silva de Azevedo, Isabella Froés Capela, Michele Ramos Lourenço, Carolinne Linhares Pinheiro |
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Apresentação: Educação Interprofissional (EIP) em saúde ocorre quando estudantes de duas ou mais profissões aprendem sobre e com os outros visando a colaboração participativa e diminuição da fragmentação do cuidado prestado. O Conselho Nacional de Saúde, em resolução de 2017, prevê trabalho interprofissional, integralidade do cuidado e integração ensino-serviço-comunidade como princípios a serem incorporados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais das graduações em saúde. O PET-Saúde/Interprofissionalidade caracteriza-se como estratégia para transformação da formação profissional pela integração ensino-serviço-comunidade e busca induzir mudanças nas instituições de ensino e serviços de saúde para que princípios da EIP possam aprimorar a formação profissional em direção à prática mais colaborativa. O objetivo deste estudo é apresentar a percepção de estudantes sobre as contribuições do subprojeto “Vigilância do desenvolvimento de lactentes e pré-escolares: ações e intervenções para o desenvolvimento saudável” do PET-Saúde/Interprofissionalidade do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro para a formação profissional em saúde. Trata-se de estudo qualitativo, baseado na análise de conteúdo, temático-categorial, dos Diários Reflexivos de Campo e textos dissertativos de cinco estudantes, autoras deste trabalho, vinculadas ao referido subprojeto, que ocorre em uma Clínica da Família (CF) da rede de Atenção Primária à Saúde (APS) e conta atualmente com oito estudantes de graduação (Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional), quatro preceptoras da CF e duas docentes do IFRJ. Os diários reflexivos e textos dissertativos foram produzidos entre abril e agosto de 2019, mediante participação nas atividades do subprojeto, como observação do funcionamento da unidade e do trabalho das preceptoras pelas estudantes; avaliação interprofissional do desenvolvimento de lactentes; reuniões semanais para planejamento e discussão das ações; avaliação interprofissional do desenvolvimento de pré-escolares em creche do território, entre outras. Realizou-se leitura flutuante das produções, agrupamento dos trechos por conteúdos semelhantes, definição das unidades de registro e núcleos de sentido que se repetissem. Foram criadas categorias temáticas baseadas nos conteúdos recorrentes e trechos dos relatos são usados para exemplificá-las. A identidade das estudantes foi preservada pelo codinome de flores. A análise das 40 produções textuais culminou em cinco categorias temáticas: ‘Descobrindo a Atenção Primária à Saúde’; ‘Aprender com e sobre as profissões envolvidas no cuidado em saúde’; ‘O contato com a precarização do serviço de saúde’; ‘A carência da EIP na formação acadêmica’, ‘Ampliando o olhar sobre ser profissional de saúde: as contribuições do PET para a formação acadêmica’. A categoria ‘Descobrindo a Atenção Primária à Saúde’ apresentou duas subcategorias temáticas: ‘Desconstrução de conceitos prévios’ e ‘A teoria na prática e a potencialidade do acolhimento’. A primeira foi retratada pela surpresa das estudantes com a atenção à saúde oferecida pela unidade, desconstruindo a influência midiática negativa sobre os serviços do SUS, como observado em “(...) Porém na clínica, pude ver algo totalmente ao contrário: os usuários recebem um cuidado em saúde completo e integral, os profissionais buscam saber tudo o que dá de todos os usuários pelos quais são responsáveis. Os profissionais trabalham juntos em direção a um único objetivo, o bem estar completo do usuário” (Jasmim). Na segunda, identificou-se o acolhimento como realidade na unidade, evidenciando conteúdos teóricos relacionados a este dispositivo e ao vínculo observado na rotina do serviço conforme o trecho: “As profissionais fizeram exatamente o que a atenção básica precisa fazer: acolher, escutar, orientar, e fazer os devidos encaminhamentos, (...) a unidade é o lugar de referência para os usuários, de criação de vínculo e confiança.” (Iris). ‘Aprender com e sobre as profissões envolvidas no cuidado em saúde’ resultou dos relatos sobre o exercício da EIP e das PC durante as ações e à descoberta do papel de várias profissões no cuidado em saúde. Verificou-se que a experiência de acompanhar as preceptoras no serviço enriqueceu os horizontes das estudantes sobre a atuação de outras profissões e aumentou a compreensão da complexidade das demandas de saúde dos usuários, exemplificado em: “Com a implementação do PET, alguns alunos puderam ter a experiência de vivenciar de fato a EIP e as PC, (...) em CF inseridas no território do instituto. Foi como um salto que garantiu vivências que transformaram a perspectiva profissional, pessoal e coletiva, não só em relação ao trabalho em si, mas também em relação aos serviços de atenção básica, suas realidades e dificuldades enfrentadas.” (Iris). Em ‘O contato com a precarização do serviço de saúde’ constatou-se crítica das discentes e sentimento de impotência frente observação do sucateamento do SUS e da atenção básica e suas repercussões para a população, evidenciado em: “Ao mesmo tempo penso na precarização da saúde e no desmonte do SUS, que com escassez de profissionais, equipamentos e materiais não consegue atender a demanda total, que talvez a superlotação cause essas grandes falhas na assistência (...), mas penso o quanto a população perde com o sistema que alimenta essa dinâmica.” (Iris). Na categoria ‘A carência da EIP na formação acadêmica’ observou-se relatos apontando fragilidade de apoio institucional no IFRJ/campus Realengo, fragmentação do ensino dentro dos cursos, incompatibilidade das grades curriculares e insuficiente articulação ensino-serviço-comunidade. Identificou-se também reflexão das estudantes sobre demanda de ensino interprofissional que incentive o pensamento crítico e minimize dificuldades no trabalho em equipe, expostos por Jasmim “(...) temos uma organização e distribuição de turmas dos três cursos em algumas matérias que favorecem que ocorra a EIP, porém, infelizmente, não é isso que ocorre, pois não adianta somente ser colocado alunos dos 3 cursos numa sala, a EIP se baseia em atividades colaborativas e precisa de professores que saibam a importância desta e efetivamente coloquem em prática, além de ser necessário também uma infraestrutura adequada.”. ‘Ampliando o olhar sobre ser profissional de saúde: as contribuições do PET para a formação acadêmica’ foi originada pelas reflexões sobre mudanças positivas em relação à perspectiva de saúde proporcionadas pelo PET para formação profissional. Pode-se afirmar que as vivências do programa modificaram o “pensar em saúde” das discentes, tornando-o mais crítico, incentivando o respeito e a construção de novas práticas, como exemplificado em “As vivências do PET em PC e EIP estão contribuindo muito para minha formação profissional, pois tendo em vista que todos os profissionais da saúde têm o mesmo objetivo que é a centralidade no usuário, família e a comunidade, além de entender que todos são importantes para que haja a efetiva promoção e prevenção em saúde, é possível aprender mais sobre outras profissões, suas atuações e sua visão diferenciada para o paciente.” (Girassol). Além disso, verificou-se que conhecer a profissão do outro contribui para o reconhecimento dos próprios papéis dentro do cuidado de cada indivíduo, sinalizado por Lírio “Trabalhar com pessoas de profissões diferentes tem sido uma jornada no mínimo enriquecedora profissionalmente, pois ao entender a atuação dos outros podemos aprender a nos comunicar melhor, aprender a quando nossa atuação começa e termina e pessoalmente a lidar com as diferenças do próximo.”. Sendo assim, o PET-Saúde/Interprofissionalidade tem alcançado um de seus objetivos contribuindo para a formação das estudantes no sentido da reflexão e crítica sobre a realidade dos serviços de saúde, a prática e formação profissional em saúde, bem como para desenvolvimento de competências colaborativas como valorização dos envolvidos no cuidado e clareza do papel das profissões de saúde |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9979 Título do Trabalho: PRODUÇÃO DO CUIDADO NO ALOJAMENTO CONJUNTO: PERCEPÇÕES MATERNAS ACERCA DO USO DO COMPLEMENTO Autores: Marlucia Candido de Oliveira Rodrigues, Cleydson Assis Coelho, Cristiane Vanessa da Silva, Dibulo Ferreira Abrão, Danielli Oliveira Ciuffo |
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O Aleitamento Materno Exclusivo até o sexto mês de vida é preconizado mundialmente em função dos seus inúmeros benefícios, tanto para o bebê quanto para sua mãe. O leite materno é considerado um alimento completo que propicia o crescimento e desenvolvimento saudáveis a partir de proteção imunológica, dos macronutrientes em quantidade e qualidade adequadas a absorção intestinal do bebê, além dos benefícios psicológicos, emocionais, econômicos, práticos e de higiene, aspectos que corroboram para redução da morbimortalidade infantil. Como medida para incentivar o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida, o Ministério da Saúde recomenda não oferecer aos recém nascidos bebida ou alimento que não seja leite materno, a não ser que seja por indicação médica. Buscando contribuir para o processo de produção de um cuidado qualificado ao lidar com o uso do complemento no alojamento conjunto, buscamos ouvir mães que utilizaram esse recurso alimentar nos primeiros dias de vida do seu recém nascido, tendo como objetivo: Refletir a produção do cuidado no alojamento conjunto, a luz das percepções maternas acerca do uso do complemento. Trata-se de um estudo descrito com abordagem qualitativa que entrevistou 20 mulheres com recém nascidos internados no alojamento conjunto, de uma maternidade do municípios do Rio de janeiro, nos meses de julho e agosto de 2019. Os princípios éticos foram respeitados e a pesquisa foi aprovada no Comitê de ética sob o CAEE: 14018419400005269. Realizou-se análise temática. As mães relataram que o uso do complemento, inicialmente, promove insegurança, especialmente pela falta de orientação quanto a sua prescrição. 64,3% souberam, ao logo da internação, o motivo pelo qual seu filho estava recebendo o complemento. Esse adiamento de informações provocou sentimentos ambíguos, como impotência, tristeza, incapacidade, por outro lado, citaram alegria e felicidade por não permitir que seu filho ficasse com fome. A falta de informação produziu discursos como leite fraco, auto culpabilização, além de estranharem essa conduta por saberem, previamente, através de mídias e grupo pré-natal que o aleitamento materno deveria ser exclusivo desde o nascimento. Concluímos que a produção do cuidado no alojamento conjunto, em função do uso do complemento alimentar, deve incluir um processo contínuo de informações, desde o primeiro momento em que é necessário o uso desse recurso. A equipe multiprofissional deve atuar conjuntamente no esclarecimento da necessidade do uso do complemento gerando segurança para que essa mulher continue se sentindo capaz para continuar a amamentação exclusiva por seis meses. O uso dessa prática deve ser esclarecido como algo temporário e auxiliar ao êxito do processo de amamentação exclusiva. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6398 Título do Trabalho: ANALISE DA RESPONSABILIDADE NA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE SAÚDE CAFEZAL Autores: Mateus Figueiredo Figueiredo Martins Costa |
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Apresentação: O envolvimento do usuário do SUS na elaboração e implementação das políticas públicas de saúde é fundamental para que consigamos atingir as reais necessidades desse público. Para tal, é preciso ouvir, e entender a percepção das pessoas sobre a sua perspectiva a respeito da saúde, responsabilização e cuidado. Imaginar ações a partir de teorias pautadas naquilo que achamos que será viável para um público alvo muitas vezes não é melhor maneira de se chegar ao objetivo esperado. A proposta desse estudo nasce de uma inquietação que encontramos no cotidiano dos serviços de saúde da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil: a pouca corresponsabilização dos usuários para com sua própria saúde, e não somente no que diz respeito a um quadro patológico propriamente dito, mas também com relação a alimentação saudável, prática de atividades físicas, aos altos índices de desigualdades sociais e violência encontrados em nosso país, além de cuidados com o ambiente em que está inserido. Dessa forma, pesquisa tem como objetivo analisar a responsabilidade acerca da assistência à saúde a partir da perspectiva dos usuários do SUS adscritos a área de abrangência do Centro de Saúde Cafezal na cidade de Belo Horizonte – MG. Este estudo utilizou uma abordagem qualitativa exploratória realizada através de métodos observacionais e descritivos a partir da implementação e acompanhamento de grupos focais com usuários do centro de saúde Cafezal no município de Belo Horizonte – MG, trabalhadores e gestor do mesmo centro de saúde. A coleta de dados se deu em duas etapas. Na primeira, foi feita uma aproximação do cenário do estudo no intuito de realizar uma “observação não participante”, feita pelo pesquisador, no intuito de compreender melhor o contexto bem como a dinâmica que envolve a população adscrita, os trabalhadores e gestores locais e posteriormente três encontros com grupos de trabalhadores e usuários através da metodologia do grupo focal A análise dos dados desse estudo utilizou da teoria social do discurso, através da abordagem da Análise do Discurso Critica (ADC) desenvolvida por Norman Fairclough. O autor trabalha a linguagem como parte fundamental e inseparável da vida social. Os resultados da pesquisa apontam para um grande desafio: alinhar o desejo e participação dos usuários, que cada vez mais se sentem coadjuvantes nos processos decisórios das políticas públicas de saúde, a um investimento na educação para saúde e intersetorialidade, como forma de conseguirmos alcançar resultados epidemiológicos, sanitários e de qualidade de vida, que estejam mais próximos ao aspirado pela população. Para tal, é fundamental fomentar o empoderamento dos usuários, criando condições para que eles efetivamente se sintam parte do processo de construção de projetos terapêuticos singulares ou coletivos, em toda cadeia que permeia o conceito integral de saúde, na promoção da saúde, prevenção, bem como no acesso a trabalho, cultura e lazer, para que de maneira compartilhada possamos elaborar políticas públicas que contemplem condições de vida saudáveis. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11531 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE SOBRE A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS EM DISCIPLINAS DE LINGUAGEM INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Tatiana Bagetti, Patrícia do Valle Alves |
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Apresentação: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência da utilização de duas ferramentas adaptadas de metodologias ativas em disciplinas de linguagem infantil, no curso de Fonoaudiologia, na área da saúde. As atividades foram realizadas sob supervisão e mediação da professora e contaram com a mediação da monitora. Foi realizada uma atividade utilizando-se um “jogo” e posteriormente foi desenvolvida uma adaptação da rotação por estações. Na atividade em que se realizou o “jogo”, foi construído um jogo de tabuleiro e foi enfocado o desenvolvimento da linguagem oral infantil. Os estudantes foram divididos em grupos, os quais deveriam jogar o dado e avançar as casas conforme as regras propostas. No tabuleiro havia cartas que continham desafios de verdadeiro e falso, perguntas e orientações a serem dadas acerca do tema. A equipe vencedora foi aquela que chegou primeiro na última casa do tabuleiro chamada metaforicamente de “clínica de Fonoaudiologia”. O objetivo do “jogo” foi revisar assuntos básicos necessários para o entendimento do tema central da disciplina e teve com a participação e cerca de 20 estudantes. A segunda atividade, denominada “adaptação da rotação por estações”, teve como objetivo familiarizar os estudantes com os instrumentos de avaliação mais relevantes para a atuação clínica em linguagem infantil. A proposta foi aproximar os estudantes da prática por meio do manuseio desses instrumentos, consolidando o aprendizado sobre os protocolos de avaliação. Nesta atividade foram organizadas estações, sendo em que em cada uma apresentava instrumentos de avaliação da linguagem. As 9 alunas participantes foram divididas em grupos que revezaram entre as estações. Durante a atividade, a professora e a monitora passavam pelas estações tirando dúvidas e comentando sobre os instrumentos. As duas atividades foram avaliadas online pelo Google Forms, e os participantes foram convidados posteriormente a responder o questionário on-line. No “jogo de tabuleiro”, 10 estudantes responderam ao questionário e todos mencionaram que gostaram da atividade. Quando solicitadas para atribuir uma nota de 0 a 5 a oficina sendo 5 a nota máxima, 80% dos estudantes atribuíram nota 5 e 20% atribuíram nota 4. Ao ser perguntado se a atividade contribuiu para a aprendizagem foi mencionado que “a atividade foi uma forma de aprendizado leve que contribuiu para revisão e para aprender coisas novas sobre o assunto”. No sugestões e/ou comentários, 6 dos 10 estudantes disseram que nada deveria ter sido diferente, uma relatou ter sido um pouco maçante em alguns momentos e duas comentaram acerca da clareza das questões. Na atividade “Adaptação de rotação das estações” 7 participantes responderam ao questionário, sendo que todos relataram ter gostado da atividade, 57,1% estudantes atribuíram nota 5 (nota máxima) à dinâmica e 42,9% atribuíram nota 4. Os estudantes comentaram a atividade contribuiu para sua aprendizagem uma vez que permitiu ver a aplicação dos instrumentos de avaliação na prática, simular suas aplicações e entender melhor como os protocolos funcionam. Considera-se que o uso e/ou a adaptação de metodologias ativas foram efetivas para facilitar o aprendizado, uma vez que os estudantes demonstraram interesse, engajaram-se nas atividades participaram ativamente da construção do seu conhecimento. |
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Trabalho nº 11022 Título do Trabalho: SER MÃE NA UNIVERSIDADE: PERCEPÇÃO DE UMA ACADÊMICA Autores: Talita Fernandes de Lima Silva, ANDREINA MACIEL DE SENA DOS SANTOS |
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Apresentação: A maternidade é um sonho e uma experiência única na vida de qualquer mulher, e nem sempre a mulher estar preparada para assumir todas as responsabilidades de uma mãe. A gravidez vem acompanhada de grandes transformações biológicas e psíquicas bem distintas, preparando corpo e mente para exercer essa sublime função. Atualmente, no Brasil, ser mãe universitária é um problema que muitas mulheres veem enfrentando, e por vezes estar relacionado com o baixo rendimento escolar. Tendo preocupações não somente com sua vida acadêmica, mas também, com as atividades exercida no lar e tempo para cuidar dos filhos. Objetivo: Relatar uma percepção acadêmica sobre ser mãe na universidade, suas dificuldades encontradas para lidar com o cotidiano atrelado com um sucesso profissional. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, abordando a vivência de uma acadêmica do curso de enfermagem da Universidade Federal do Amazonas, e suas dificuldades em associar maternidade, lar e as diversas funções e atividades desenvolvidas na universidade que trazem consigo inúmeros preocupações com prazos de entrega de trabalhos e provas. Resultado: O presente relato vem mostrar as principais mudanças e dificuldades que uma mãe enfrenta ao longo de sua jornada acadêmica. Foram mudanças radicais, dando início uma nova etapa, em uma nova cidade, Coari, sede do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A vida universitária não é fácil, ser acadêmica de enfermagem menos ainda, mas, conciliar os dois, é uma tarefa difícil. O desgaste diário, e dedicação aos estudos acabam por deixar os cuidados do filho nas mãos de terceiros, o que aflige, afinal, tantas responsabilidades acabam por gerar uma queda no desempenho acadêmico e não acompanhar com eficácia o crescimento e desenvolvimento do filho. Infelizmente a universidade não oferece apoio de creche aos alunos, o que possibilitaria levar os filhos para a universidade. Além disso, temos noites em claro que o estudo exige e não nos esqueçamos ainda as dificuldades financeiras. Todas essas dificuldades tornam mais forte a vontade de vencer e chegar ao final, realizar o sonho e adquirir a independência financeira para dar um futuro melhor aos filhos. Considerações finais: Diante de todas as dificuldades que uma mãe enfrenta na vida acadêmica perante à sociedade, preconceitos e necessidades, propõem-se que nas universidades tenham um local de apoio a essas mães, bem como psicólogos, bolsa de auxílio à maternidade, fraldarios e creches. Dessa forma, irá diminuir o índice de mães que abandonam seus estudos. |
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Trabalho nº 7952 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE ADOLESCENTES ESCOLARES SOBRE A ATUAÇÃO DE INSTÂNCIAS SOCIAIS ANTE OCORRÊNCIA DO BULLYING Autores: Juliette Viana Melo Heringer, Tadeu da Costa Lessa, Gláucia Formozo Alexandre, Juliana Caroline de Araujo Pimentel Dias, Beatriz Roldan Salgado, Naiane Abreu Leal, Polyana Pessanha Lourenço |
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Apresentação: O Bullying classifica-se como um problema de Saúde Pública que aflige consequências no desenvolvimento físico, psicossocial e na fase escolar de crianças e adolescentes. Por ser um problema complexo há necessidade crescente de incentivo na aplicação de políticas sociais existentes e fomento em pesquisas cientificas acerca do tema. Objetivo: Analisar a estrutura e o conteúdo a respeito da percepção de adolescentes escolares do município de Macaé (RJ) em relação às ações de instâncias sociais de referência aos próprios e as suas consequências após o relato da ocorrência de Bullying. Método: trata-se de estudo exploratório-descritivo de abordagem qualitativa, pautado na abordagem estrutural das representações sociais. Participaram 120 adolescentes escolares de duas instituições públicas de ensino de Macaé (RJ), com idades entre 15 e 19 anos. A coleta de dados ocorreu por questionário sociodemográfico e questões específicas que abordavam o objeto de estudo com análise por estatística descritiva com auxílio dos softwares Excel e SPSS. Resultado: Após as análises realizadas, obteve-se como dados que (71,7%) dos adolescentes consideraram ter sido vítimas de Bullying. Na questão referente ao que ocorreu após haver relato sobre ter sido vítima de Bullying em (5,8%) das análises houve providência e o Bullying continuou, (10,8%) houve providência e o Bullying parou, (13,3%) não houve providência porém o Bullying parou, (5,8%) não houve providência e Bullying continuou, (4,2%) não souberam responder, (8%) não responderam e (59,2%) não se aplicava a questão. Considerações finais: Apesar de as intervenções terem apresentado resultados mais positivos, ainda é alto o número de casos em que não houve providência ou que as intervenções não foram suficientes. Assim, há necessidade da execução de ações contínuas e eficientes que cercam o tema do bullying ultrapassando as barreiras escolares. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7446 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DE DISCENTES DA PSICOLOGIA SOBRE A ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE DO PARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Thaís Diniz Ribeiro, Maria Thaynara Barros de Souza, Maria Lúcia Chaves Lima |
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Apresentação: O Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança - Estágio Multicampi Saúde - 2019/2020, da Universidade Federal de Pará (UFPA) – tem como objetivo integrar os discentes de 10 cursos de graduação em saúde na perspectiva da formação multiprofissional e do processo de interprofissionalidade do cuidado nos serviços de Atenção Básica. A psicologia tem inserção na atenção básica a partir da reforma psiquiátrica com a intenção de mudar o parâmetro de saúde biomédica no qual o foco está na doença e se voltar para a saúde coletiva, a partir do trabalho em equipe multiprofissional. Neste trabalho, temos o objetivo de relatar as atividades realizadas por duas estagiárias de psicologia durante a imersão no projeto Multicampi Saúde em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Castanhal, no estado do Pará, em outubro de 2019. As estagiárias de psicologia atuaram em conjunto com a equipe multiprofissional da UBS a fim de alcançar maior êxito na promoção e prevenção de saúde nos serviços oferecidos para a população. Logo, tem-se como abordagens neste estudo: a) a percepção da prática em saúde do profissional de psicologia na atenção primária; b) potencialidades e dificuldades de atuação nesse processo de cuidado; c) explorar a noção de territorialização e sua influência para a promoção em saúde. Para coleta de dados, utilizaram-se os diários de campo, observação participante, visitas domiciliares, capacitações com agentes comunitários de saúde (ACS), grupos de apoio com usuários, consulta de órgãos municipais de saúde, acesso a dados clínicos das unidades, entrevista com profissional de saúde, ações educativas, mapeamentos do território, visitas aos dispositivos de atenção psicossocial, escuta psicológica às famílias selecionadas para um estudo de caso (chamada de família guia)e participação em atividades programadas pela equipe. Essas metodologias se mostraram importantes para o mapeamento dos serviços na atenção básica, assim como maior conhecimento sobre os determinantes sociais de territorialização. Uma das estagiárias acompanhou sete atendimentos psicológicos com a psicóloga do NASF na Unidade, que desenvolveu junto a sua equipe multiprofissional doze ações, sendo destas três referentes ao outubro rosa, uma referente à higiene com crianças, uma de vacinação na escola, uma oficina de caixinha de medicamentos com as pessoas acompanhadas pelo programa HiperDia, uma capacitação aos ACSs sobre os marcos de crescimento e desenvolvimento na caderneta da criança e cinco salas de espera feitas na própria unidade; acompanhou os ACSs em dezoito visitas domiciliares, sendo cinco destas à família guia; participou de cinco grupos na unidade, conduzindo e elaborando dinâmicas para estes, dentre eles três grupos conduzidos pelos profissionais do NASF, um grupo de gestantes e um grupo de adolescentes; visitou quatro dispositivos da rede de atenção à saúde: o CAPS III, o CRAS Propira, a Casa de Parto Normal do município (CPN) e a sala de amamentação do município. Já a outra estagiária participou da reunião de planejamento mensal da Estratégia Saúde da Família (ESF) na qual estava alocada, juntamente com a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF); fez sete visitas domiciliares, sendo três destas feitas à família guia; participou com a sua equipe da produção e condução de quatro grupos, dentre eles o grupo de apoio psicológico, o de tabagismo, de adolescentes e o grupo de funcionários da USF; desenvolveu três ações, sendo uma delas no CRAS sobre educação alimentar com crianças e adolescentes, uma pelo Programa Saúde na Escola (PSE) sobre a importância do brincar para a criança, a outra ação durante uma visita técnica ao CAPS III no grupo de usuários da unidade; fez junto a sua equipe duas capacitações com os ACS, sendo uma sobre os sinais e alerta do suicídio e outra relacionada ao outubro rosa; fez acolhimentos de demandas para os usuários da comunidade; participou no desenvolvimento de ações, sendo uma sala de espera, uma ação na igreja próxima a unidade e outra em uma empresa privada do território (todas sobre o outubro rosa); também realizou a criação do espaço de farmácia viva na unidade, com a participação dos usuários. Em relação às atividades acompanhadas pela primeira estagiária, pode-se perceber o modelo biomédico como parâmetro predominante no exercício da psicologia, visto que houve muitos atendimentos clínicos em detrimento das atividades em grupo, enquanto nas experiências da outra estagiária, a profissional da psicologia estava presente de diversas formas na unidade para além da clínica, em atividades predominantemente coletivas. Diante disso, a principal dificuldade foi enfrentar esses paradigmas do profissional da psicologia como alguém dentro de um consultório que só pode atuar de um para um, sem levar em consideração o ambiente do qual o sujeito faz parte. Nesse contexto, em relação à vivência de estágio, percebe-se o quanto é fundamental buscar um maior engajamento comunitário no processo de saúde das pessoas. Para isso, as visitas domiciliares realizadas frequentemente são estratégias de cuidado que fortalecem o vínculo do usuário com a equipe interdisciplinar de saúde e são importantes para que haja um maior conhecimento do território em que faz parte. A partir do exposto, podemos dizer que houve espaço nas unidades em que estivemos presentes para uma atuação crítica da psicologia, entretanto, pode-se observar que a percepção sobre o profissional de psicologia em sua maioria é composta por estereótipos tanto pelos usuários quanto pelos profissionais. A partir dessa experiência, percebemos o quanto o trabalho multiprofissional levando em consideração o território, articulado por equipes de referência responsáveis por acompanhar o processo de cuidado dos usuários, busca uma perspectiva mais ampliada de atuação, de modo mais participativo e adaptado às necessidades comunitárias, a fim de promover uma noção ampliada de cuidado em saúde, assim como desenvolver ações que incentivem o fortalecimento de vínculo entre usuários e equipe profissional, além de maior autonomia dos usuários do serviço, enquanto protagonistas em seus cuidados à saúde. Diante desse contexto, a inserção da psicologia no âmbito da ESF encontra barreiras de atuação por ainda ser considerada uma prática pouco difundida entre os demais profissionais da saúde, de modo que ainda é vista enquanto um fazer centrado no atendimento clínico individualizado. Dessa forma, muito ainda tem para ser feito e trabalhado entre os profissionais que compõem a atenção básica no intuito de unir conhecimentos e oferecer um serviço de qualidade multiprofissional em todas as unidades de fato e não somente em algumas. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8471 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE SOBRE A OBESIDADE NA CLÍNICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Autores: Luísa Coimbra da Silva, Thayane Paiva Silva, Gabrielle Gomes dos Reis, Juliana Pereira Casemiro |
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Apresentação: Nos últimos anos tem se acompanhando o crescente número de pessoas com obesidades, uma pesquisa feita em 2018 pelo Ministério da Saúde coletou dados que mostra que 57,7% da população do Rio de Janeiro apresenta excesso de peso, chegando a 22,4% os casos de obesidade, essas pessoas têm buscado cada vez mais o acompanhamento nas redes das clínicas da família o que vem impactando diretamente a rotina dos agentes comunitários de saúde que exercem um papel importante devido ao seu conhecimento e familiaridade pelo território. Objetivo: Compreender a partir das rotinas, a percepção dos Agente Comunitários de Saúde sobre os usuários com sobrepeso e obesidade que frequentam as Clínicas da Família do Rio de Janeiro. Método: Pesquisa qualitativa desenvolvida na Clínica da Família no município do Rio de Janeiro a partir das técnicas de Observação Participante e entrevista semiestruturada. Resultado: Os ACS desempenham um papel muito importante na CSF, eles são o primeiro contato dos usuários que chegam a clínica tanto para buscar informação e para a marcação de consultas, o papel dos agentes hoje em dia vai além de acompanhar a equipe nas visitas domiciliares devido as últimas mudanças que ocorreram na Atenção Primária em Saúde no Rio de Janeiro. Os ACS passaram a desempenhar a função no acolhimento que se refere na coleta de dados e informações dos usuários, marcação de consultas, orientação sobre datas de exames e etc., um detalhe nessa rotina é que no prontuário eletrônico que é usado nas clínicas existe um campo no qual o ACS pode estar colocando o peso referente pelo usuário que permite que o ACS identifica se o usuário é sobrepeso ou obeso, mais antes disso os ACS já conseguiam identificar pois eles indicavam que os mesmos procurassem a equipe multiprofissional, no caso a equipe do internato de nutrição da UERJ que atua na clínica, a onde há consultas individuas e coletivas que são feitas no Grupo de Promoção à Saúde. Considerações finais: Os ACS desempenham um papel muito importante na CSF a partir da sua percepção eles ajudam na identificação e encaminhamento dos usuários com obesidade e com isso vemos como é importante investir em formações para melhorar o desempenho prático dos ACS. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10009 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DO ADOLESCENTE PORTADOR DA AIDS SOBRE A DISCRIMINAÇÃO Autores: Juliana de Souza Fernandes, Inez Silva de Almeida, Andréia Jorge da Costa, Letícia Weltri de Andrade, Janaina Loreiro da Costa, Emylle Macruz Martins, Karine do Espirito Santo Machado, Nizélia Ferreira da Silva Floro Rosa |
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Apresentação: A AIDS é considerada um dos grandes problemas enfrentados pela Saúde pública devido ao caráter pandêmico e de gravidade da doença. Os adolescentes portadores de HIV/AIDS organizam seu cotidiano na expectativa de manterem uma qualidade de vida satisfatória, ruptura de suas relações interpessoais e isolamento social tendo como causa a discriminação. Está problemática pode ser entendida como a percepção de depreciação e/ou exclusão, o que acarreta sentimentos prejudiciais como vergonha, medo, ansiedade, depressão. Já o estigma sofrido se refere às ações, atitudes ou omissões concretas que provocam danos ou limitam benefícios às pessoas estigmatizadas. O objeto do estudo é a percepção do adolescente portador de AIDS acerca da discriminação, tendo como objetivo compreender o modo como esse público vivencia esse processo. Método: Trata-se de um recorte tese de doutorado, com método descritivo e abordagem qualitativa. O cenário de pesquisa foi um ambulatório de infectologia no Rio de Janeiro. Sete adolescentes participaram da entrevista respeitando os critérios éticos. As entrevistas só foram realizadas. após o parecer aprovado, sob o número CAAE nº1.963.852. O estudo foi desenvolvido no ano de 2017. Resultado: Os depoimentos mostraram que os adolescentes realmente vivenciam o sofrimento psíquico intenso por conta de seu diagnóstico, que leva à discriminação. Nesse sentido, evitam contar para os amigos, familiares e companheiros. Considerações finais: Torna-se imprescindível o acolhimento com a escuta sensível pela enfermeira, favorecendo a adesão ao tratamento. É importante que o profissional conheça valores, cultura e estilos de vida destes pacientes, a fim de um cuidado efetivo e eficiente. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9499 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS FARMACÊUTICOS SOBRE AS BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DO CUIDADO FARMACÊUTICO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Autores: Agnes Nogueira Gossenheimer, Roberto Eduardo Schneiders, Ana Paula Rigo |
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Apresentação: O cuidado farmacêutico visa promover a utilização adequada de medicamentos de forma a melhorar os resultados em saúde, impactando diretamente na qualidade de vida dos usuários. Porém, apesar de evidências que recomendem sua utilização, a implementação do Cuidado Farmacêutico enfrenta uma série de barreiras para seu desenvolvimento efetivo nos pontos de atenção. No Estado do Rio Grande do Sul (RS), a construção de ações que fomentem o Cuidado Farmacêutico é um dos três subprojetos estratégicos que compõe o projeto agregador “Aprimoramento da Assistência Farmacêutica” no RS, selecionado como projeto prioritário do governo no quadriênio 2019-2022. Em dezembro de 2019 foi realizado um encontro de capacitação organizado pela Coordenação da Política da Assistência Farmacêutica (CPAF) em parceria com o Instituto Nacional de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia durante a qual foi realizada oficina de verificação e priorização das barreiras da implementação do Cuidado Farmacêutico no RS. O objetivo deste trabalho é descrever como foi a metodologia de priorização utilizada e os principais pontos elencados na percepção dos farmacêuticos que trabalham nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) do Estado. Com o objetivo de orientar o planejamento de ações para o fomento do Cuidado farmacêutico no Estado foi realizada oficina de planejamento situacional com profissionais farmacêuticos das 19 CRS. A oficina foi desenvolvida a partir da discussão sobre as principais barreiras para a implementação do Cuidado Farmacêutico no RS. Foi utilizada a metodologia de Planejamento Estratégico Situacional baseado no modelo de Carlos Matus. O processo de planejamento tem 4 momentos: explicativo, normativo, estratégico e táticooperacional. Nesse momento foi realizada a etapa explicativa que é aquela onde se está indagando sobre as oportunidades e problemas que enfrenta o ator que planeja. Os farmacêuticos foram divididos em 3 grupos heterogêneos em relação ao seu local de trabalho. No primeiro momento os grupos realizaram uma tempestade de ideias sobre a questão norteadora: “Quais os principais problemas para a implementação do Cuidado Farmacêutico no RS?”. As ideias semelhantes foram reunidas e foram definidos de 3 a 4 problemas para a implementação do cuidado. No momento posterior, essas barreiras foram qualificadas em relação à: Magnitude, Transcendência, Vulnerabilidade, Urgência e Factibilidade. Para cada aspecto foi dada uma nota de 0-10 e ao final somados os pontos totais.Quarenta e oito farmacêuticos participaram do evento, sendo 17 farmacêuticos que trabalham nas CRS, 21 que trabalham na CPAF, 2 no Almoxarifado Central, 3 da Farmácia de Medicamentos Especiais, 5 do Departamento de Ações em Saúde. Os problemas priorizados pelo grupo 1 foram: a) Falta de farmacêuticos nas CRS; b) Falta de sensibilidade dos gestores municipais em reconhecer a importância do Cuidado Farmacêutico; c) Falta de tempo do farmacêutico das CRS. Os problemas levantados pelo grupo 2 foram: a) Dificuldade de alinhamento dos municípios com o Cuidado Farmacêutico; b) Falta de dados sobre a importância do Cuidado Farmacêutico, experiências exitosas e resultados clínicos; c) Falta de normativas estaduais para Implementar o Cuidado. Os problemas elencados pelo grupo 3 foram: a) Falta de comunicação entre os profissionais; b) Falta de divulgação da informação; c) Falta do perfil de profissionais farmacêuticos interessados no Cuidado; d) Falta da padronização de fluxos. Os três pontos que receberam uma maior pontuação na priorização foram: 1) Falta de farmacêuticos na CRS; 2) Falta de normativas estaduais para Implementar o Cuidado e 3) Falta de comunicação entre os profissionais. A partir desses problemas priorizados, ações de planejamento estratégico foram pensadas na construção de um Projeto Estratégico intitulado: “Fomento à implantação do Cuidado Farmacêutico no RS”. Como etapas do planejamento foram pensadas as seguintes ações: a) Diagnóstico da estrutura e processos nos serviços do território em relação ao Cuidado Farmacêutico no RS; b) Pesquisa com os usuários para definição do modelo de Cuidado Farmacêutico a ser implantado no RS; c) Publicização de experiências exitosas para os municípios; d) Divulgação dos serviços farmacêuticos, com foco no fomento ao Cuidado Farmacêutico; e) Definição de estrutura e processos para implantação das linhas de Cuidado Farmacêutico piloto, com ênfase nas doenças crônicas não transmissíveis; f) Realização e divulgação de ações de educação em saúde com foco na promoção da saúde e uso racional de medicamentos; g) Criação de ambiente virtual de aprendizagem com foco no Cuidado Farmacêutico. O problema da falta de farmacêuticos trabalhando nas CRS poderia ser reduzido tendo em vista que as ações relacionadas à gestão da Assistência Farmacêutica tendem a ser descentralizadas e os farmacêuticos que trabalham nas CRS passarão a focar seu trabalho em questões relacionadas ao apoio aos municípios. O problema 2 será minimizado, pois está contemplado no planejamento estratégico atual uma sistematização dos fluxos e processos para nortear os municípios na implementação do Cuidado Farmacêutico. Já a falta de comunicação dos profissionais será contornada com a criação de um ambiente virtual de aprendizado e de trocas entre os farmacêuticos que implantarão o cuidado, bem como está previsto a criação de um Programa de Tele Cuidado que consiste em apoio remoto aos farmacêuticos que participarem do processo de implementação. Os estudos da literatura que pesquisaram a percepção dos farmacêuticos sobre a implantação do cuidado farmacêutico apontaram os seguintes problemas: a) Necessidade de capacitação para a prática do Cuidado Farmacêutico; b) Falta de condições de trabalho para o desempenho das ações de Cuidado Farmacêutico. c) Pouca receptividade da população para receber cuidados farmacêuticos. Destes pontos encontrados na literatura, alguns coincidem com que encontramos nessa fase exploratória do planejamento. Estudos realizados ao redor do mundo indicam as mesmas dificuldades identificadas neste estudo. Na percepção dos farmacêuticos que trabalham nas CRS do RS, muitos são os problemas a serem enfrentados para a implementação do Cuidado Farmacêutico. Dos pontos elencados pelos grupos, a falta de fluxo acaba aparecendo em todos eles, sendo um ponto considerado chave para iniciar o processo de implantação. A falta de profissionais também é uma barreira a ser ultrapassada, tendo em vista que a implantação e suas fases iniciais necessitam de apoio técnico próximo para que as metodologias sejam seguidas e os resultados clínicos possam ser coletados de forma satisfatória. Já a falta de comunicação entre os profissionais deve ser aprimorada com as plataformas virtuais e a otimização dos sistemas de informação que permitam um acesso maior aos dados dos pacientes de forma mais integrada. É importante ressaltar que os dados aqui apresentados fazem parte de um recorte do Planejamento Estratégico que está sendo realizado na Secretaria do Estado do RS, mas traz questões importantes de serem discutidas e utilizadas por pessoas que queiram implementar o cuidado em seus territórios. Assim, novas pesquisas devem ser conduzidas para melhor compreensão do fenômeno, a fim de subsidiar o delineamento de intervenções que proporcionem ao farmacêutico um exercício profissional mais satisfatório e que atenda às reais necessidades de saúde da população. Etapas de diagnóstico aprofundado estão sendo realizadas dentro da CPAF, bem como visitas em locais estratégicos para conhecer os cenários e os contextos da implementação. Além disso pesquisa com os usuários estão programadas para que o processo de implementação seja centrado na pessoa e para que o planejamento estratégico tenha a participação do maior número de atores possível. |
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Trabalho nº 5924 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADO (TAG) EM ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO EM VIÇOSA DO CEARÁ (CE) Autores: GUSTAVO OLIVEIRA DE ARAÚJO, Bruno Ribeiro de Paiva, Francisco Washington Fernandes Silva, Antonio Henrique Alves da Silva, José Doriberto Freitas |
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Apresentação: O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é uma situação comum, caracterizada por preocupação excessiva e crônica sobre diferentes temas, associada a tensão aumentada. Uma pessoa com transtorno de ansiedade generalizada normalmente se sente irritada e tem sintomas físicos, como inquietação, fadiga fácil e tensão muscular. Pode ter problemas de concentração e de sono. Para fazer um diagnóstico, os sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses e causar desconforto clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes. O objetivo ampliar o conhecimento de estudantes adolescentes em relação ao transtorno de ansiedade generalizada. Desenvolvimento: Inicialmente fez-se um levantamento, através de um questionário contendo 5 perguntas relacionadas ao tema. O mesmo foi aplicado a 30 adolescentes de ambos os sexos com idades entre 14 a 18 anos. Cujo objetivo era responder questões que abordavam os sintomas de ansiedade generalizada, sendo respondida numa escala Likert de 3 pontos: Nunca; Ás vezes e Sempre. De acordo com que cada um deles achassem que estaria sentindo como incômodos sobre determinadas situações rotineira, e que poderiam estar acometidos por um certo grau de ansiedade. Posteriormente compôs a ação, uma palestra sobre o tema, aos estudantes do 1º e 2º anos do ensino médio, da Escola de Ensino e Educação Profissional Juca Fontenelle localizada em Viçosa do Ceará-CE. Resultado: Pode-se constatar que cerca de 6 (seis) alunos, nunca apresentaram nenhum dos sintomas em eventuais situações que pudessem ocasionar algum tipo de desconforto relacionado ao transtorno de ansiedade generalizada, e que 19 (dezenove) alunos sentem somente as vezes alguns desses sintomas, e que pode haver variância entre eles. Em relação a alternativa sempre, 5 (cinco) alunos marcaram que presenciam alguns dos principiais sintomas (podendo haver variância entre eles), todas as vezes que se encontram em determinadas situações que possam ocasionar desconforto, sendo recomendada a consulta a um profissional. A palestra foi apresentada com êxito, havendo conversação e retirada de dúvidas. Pôde-se perceber que os alunos conseguiram conhecer mais sobre a ansiedade, ampliar a visão sobre o tema e também reconhecer como um indivíduo com ansiedade pode se portar em determinadas situações, e o que fazer para dar um devido suporte a essas pessoas. Considerações finais: O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é caracterizado pela ansiedade excessiva e preocupação exagerada com os eventos da vida cotidiana sem motivos óbvios. Pessoas com sintomas de transtorno de ansiedade generalizada tendem sempre a esperar um desastre e estão sempre extremamente preocupadas com saúde, dinheiro, família, trabalho ou escola. Nesta experiência com adolescentes estudantes do ensino médio podemos constatar o quanto estes sintomas são prevalentes, e se faz necessário um projeto específico de orientação e promoção da saúde mental no contexto escolar a fim de esclarecer, identificar, minimizar ou até encaminhar adolescentes que apresentem sofrimento de origem ansiosa. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11570 Título do Trabalho: A COORDENAÇÃO DO CUIDADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: PERCEPÇÃO DAS EQUIPES DE NITERÓI (RJ) NO CUIDADO AOS PACIENTES HIPERTENSOS EM REABILITAÇÃO POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) Autores: Caio Eduardo teixeira da silva Sousa, Fabiana de Gusmão Cunto Heeren Macedo, Fabiano Tonaco Borges, Patricia Daflon Vilas Boas Augusto, Cadu Duarte Silva |
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Apresentação: O aumento da carga de doenças crônicas e o envelhecimento populacional, torna necessário que os pacientes percorram outros níveis de atenção com maior frequência. Isso impõe desafios sobre o sistema único de saúde(SUS), bem como para os profissionais que coordenam o cuidado entre diferentes níveis de atenção. O elemento essencial da coordenação do cuidado é a continuidade, que por sua vez é alcançada por meio do acompanhamento e comunicação centralizada na equipe de saúde. Entretanto, um dos grandes desafios do SUS é a fragmentação que interfere nas potencialidades da coordenação do cuidado. Para que se possa atingir uma coordenação eficiente e efetiva com uma resposta integral aos problemas dos usuários é preciso além de uma APS robusta, abrangente e fortalecida. Nesse sentido, devido ao papel central dos profissionais de saúde, os objetivos deste estudo são: analisar a coordenação do cuidado em pacientes hipertensos em reabilitação por AVC, descrever a percepção das equipes de saúde sobre a coordenação do cuidado desses pacientes, identificar as dificuldades percebidas por estes profissionais e discutir as estratégias utilizadas pelos profissionais que facilitam a coordenação do cuidado. Método: Foram realizados três grupos focais com equipes de saúde da família, em três unidades de PMF no município de Niterói (RJ) em maio e junho de 2019. Este grupo focal foi mediado por um roteiro de debates. Todos os participantes assinaram os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. A análise desses dados foi através da análise temática de conteúdo. Com a elaboração de categorias com destaque às regularidades e aos significados atribuídos à experiência de acesso, longitudinalidade, integralidade e coordenação do cuidado na visão dos profissionais. Resultado: A coordenação do cuidado em usuários em reabilitação por AVC é um grande desafio para os profissionais da APS, isso acontece devido às dificuldades encontradas pelos usuários como o longo tempo de espera de encaminhamentos e exames, rotatividade dos pacientes no território, pacientes referenciados para locais distantes, desvalorização da APS como porta de entrada e as referências e contra referências. Apesar dessas dificuldades, os profissionais ainda criam algumas estratégias para superação do modelo que os foi imposto como valorização do papel dos ACS, a utilização de meios informais para prestação de cuidado, gestão compartilhada entre os níveis de atenção e a rede informal complementar como as clínicas populares e a rede privada. Considerações finais: Coordenar o cuidado no atual contexto da saúde o qual estamos inseridos de desmonte do SUS, com medidas de austeridade fiscal e novas formas de financiamento da ESF se torna um desafio constante. Portanto, para que APS se expanda e consiga prover a assistência de qualidade, integral com uma coordenação do cuidado fortalecida é necessário investimentos em serviços, com implantação de um prontuário único em todo o município incluindo os sistemas públicos e privados da saúde, melhora do fluxo de atendimentos com redução das filas de espera e investimentos em recursos humanos, com incentivos aos profissionais de todos os níveis de saúde, educação em saúde permanente e integração dos profissionais das redes. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6971 Título do Trabalho: CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DE USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DE UMA PERIFERIA DE BELÉM SOBRE O SUS Autores: Antonio Soares Junior, Pedro Romão Dos Santos Junior, Tawane Tayla Rocha Cavalcante |
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Apresentação: A participação social, uma das prerrogativas principais na construção do Sistema Único de Saúde, deve ser estimulada para construção de políticas públicas eficazes. O conhecimento e o grau de satisfação dos usuários dos serviços de saúde são importantes indicadores a serem considerados no planejamento de ações dessa política. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar o nível de conhecimento dos usuários de saúde de uma periferia da cidade de Belém, no estado do Pará, sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e verificar a percepção destes sobre a qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população. A pesquisa qualitativa foi executada em 13 de janeiro de 2020, por meio de entrevistas semiestruturadas com 05 usuários de um bairro periférico da cidade de Belém, que aceitaram participar da pesquisa bem como uma roda de conversa sobre o SUS. O estudo mostrou que os usuários entrevistados demonstraram desconhecer o SUS, caracterizando o sistema como um lugar onde “pede-se consulta” e um entrevistado alegou ser o Cartão Nacional de Saúde. Ao serem questionados sobre qual UBS (Unidade Básica de Saúde) que frequentam e quais serviços acessam na mesma, todos os entrevistados alegaram desconhecer o que é UBS. Somente compreenderam o que seria a unidade perguntada, quando identificamos a mesma como “posto de saúde”. A partir disso, os entrevistados teceram alguns elogios com os atendimentos dos enfermeiros e nutricionistas, em contrapartida reclamaram da falta de profissionais de medicina e demora no atendimento clínico especializado quando encaminhados. Dois participantes falaram em casos de morte na família, onde foram somente contatados para a consulta especializada após o quadro de óbito. Ao serem questionados que notas dariam ao SUS, de 1 a 10, obtivemos três notas 1, um 2 e um 5. Após este momento, iniciamos a roda de conversa sobre o SUS com os participantes, a fim de elucidar sobre a política que subsidia o sistema, seus princípios, sua estrutura e alguns equipamentos e serviços, além de tentar contribuir para sanar dúvidas dos usuários participantes desta pesquisa. Ao fim deste momento, perguntamos aos entrevistados se eles queriam modificar alguma coisa em suas entrevistas. Nesse momento, todos mudaram a nota que deram ao SUS, ficando uma nota 3, duas 8 e duas 10. A partir deste estudo, percebemos a importância de avaliar a percepção do usuário sobre o Sistema Único de Saúde, a fim de estimulá-los a reflexão sobre a política, o engajamento e a defesa da mesma, além de entender de que forma as ações desenvolvidas no âmbito da saúde chega aos que se pretende atingir e a partir disso traçar novos caminhos com o SUS, onde possamos consolidar, de fato, um sistema universal, integrado e equânime. |
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Trabalho nº 7495 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DO INTERPROFISSIONALISMO NO COTIDIANO PRÁTICO DE ÁREAS DE SAÚDE DE ALTA COMPLEXIDADE COMO O HOSPITAL PÚBLICO DE MACAÉ (HPM) Autores: Júlia De Lima Ferreira Nogueira, Roberta De Oliveira Ferreira, Max Martins da Silva, Gabriela Silva Claudio Gomes, Glaucimara Riguete de Souza Soares, Vivian De Oliveira Sousa Correa, Cecília Tavares Borges, Karina Alvitos Pereira |
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Apresentação: O interprofissionalismo na saúde possui uma visão integrativa entre distintos campos de atuação, tendo como visão principal o rompimento dos silos profissionais, assim como do estereótipo de cuidado fragmentado. Dessa forma, visa-se incorporar tal conceito já na formação acadêmica dos futuros prestadores de serviço da área da saúde; uma das maneiras mais efetivas é a Educação Interprofissional (EIP), a qual busca espaço nas novas diretrizes curriculares. A fim de concretizar essas mudanças visionárias, o PET Interprofissionalismo – projeto do Ministério da Saúde vinculado ao Projeto de Extensão da UFRJ/Campus Macaé - dedicou-se a analisar a prática interprofissional em um ambiente de saúde de alta complexidade, tal como o CTI 1 e 2 do Hospital Público de Macaé (HPM). Objetiva-se, com isso, compreender as práticas hospitalares interprofissionais, tal como os percalços existentes que impedem a plena concretização do interprofissionalismo no cuidado especializado. A metodologia utilizada foram visitas, mediadas por profissionais da rede, realizadas ao CTI 1 e 2 do HPM pelos alunos dos cursos de Farmácia e Medicina que compõem o projeto; assim, pôde-se observar o serviço e as relações interprofissionais a fim de traçar uma estratégia para melhoria destes. A interprofissionalidade, já existente nos serviços de alta complexidade do HPM, trouxe aprendizado e reflexão para os alunos, de modo a aprimorar seus conhecimentos práticos e aplicabilidade da interprofissionalidade. Para que esse olhar fosse mais apurado, fez-se uso de bases bibliográficas sobre o tema do trabalho em saúde com ênfase no trabalho interprofissional e sua funcionalidade. Mediado pelas visitas realizadas aos CTIs do HPM e pelas discussões embasadas na bibliografia correspondente, obteve-se, como resultado, novas perspectivas acerca do trabalho em saúde em seu âmbito colaborativo. Dessa forma, notou-se a presença da interação e comunicação interprofissional, além do compartilhamento de expertises específicas entre os integrantes de cada área dentre as que compõem o núcleo profissional do setor de alta complexidade. Somado a isso, a experiência vivenciada pelos alunos foi de grande importância para a construção conceitual e prática das aplicabilidades da atuação interprofissional, impactando na forma como esses visionam a prática do trabalho em saúde. Permitiu-se, portanto, com o estudo e a análise do serviço, a sugestão, pelos alunos, de aprimoramento da comunicação pessoal e do rompimento dos nichos profissionais por meio da melhoria dos rounds colaborativos, os quais já ocorrem, mas, em situação de otimização, renderiam um contexto mais integrativo. Como considerações finais, percebe-se que a interprofissionalidade nos serviços de alta complexidade é extremamente relevante; como na Atenção Primária e nos serviços de média complexidade, no cuidado especializado, onde o paciente - na maioria dos casos - encontra-se em estado mais grave, o interprofissionalismo é imprescindível à medida que otimiza o tratamento, assim como facilita o alcance do bom prognóstico do paciente. As experiências compartilhadas no HPM garantiram aos integrantes do PET a percepção acerca de como se concretizar o interprofissionalismo, além de revelar quão eficiente é o trabalho em equipe, em que se visa - a partir de diferentes conhecimentos - o bem supremo do paciente. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11916 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DAS ENFERMEIRAS E DOS ENFERMEIROS SOBRE O PROCESSO DE TRABALHO EM SALA DE VACINA Autores: Leidy Dayane Paiva de Abreu, Jaiana Jacob de Oliveira, Olga Maria de Alencar, Thayza Miranda Pereira, Maria Rocineide Ferreira da Silva |
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Apresentação: Com o desenvolvimento do Programa Municipal de Imunização (PNI), as estratégias de saúde coletiva dos municípios brasileiros assumiram seu espaço e processo de trabalho na Atenção Primária a Saúde (APS). Assim a criação do PNI trouxe para o Brasil e para o Sistema Único de Saúde (SUS) uma melhor organização no desenvolvimento de ações planejadas e sistematizadas como: as campanhas vacinais, varreduras, rotina e bloqueios. O objetivo deste estudo foi compreender o processo de trabalho desenvolvido no âmbito do Programa Municipal de Imunização (PMI) em Senador Pompeu/CE. Desenvolvimento: trata-se de um estudo exploratório de abordagem qualitativa com vista a avaliar o processo de trabalho dos profissionais de enfermagem nas salas de vacinas neste município cearense. Foram entrevistados no total de 14 profissionais de enfermagem das 11 salas de vacinas existentes no mês de agosto de 2018. Para análise dos dados utilizou-se da Categorização das Falas por meio da Análise Temática de Minayo. Trabalho aprovado no Comitê de Ética da Escola de Saúde Pública do Ceará. Resultado: vários pontos foram apontados como os processos de organização e fluxo do trabalho em sala de vacinas, as maiores facilidades e dificuldades encontradas nesses processos, como também as contribuições da enfermagem para a erradicação das doenças imunopreveníveis. Dentre as atribuições do enfermeiro destacaram-se: orientação assistência à clientela com segurança, responsabilidade e respeito, gestão do programa com vistas a garantia da qualidade do serviço prestado a comunidade, realização de práticas de Educação Permanente para os técnicos e desenvolvimento de educação em saúde na comunidade. Soma-se ainda a responsabilidade de manter as condições ideais de conservação de imunobiológicos, manter os equipamentos em boas condições de funcionamento, acompanhar as doses de vacinas administradas de acordo com a meta, buscar faltosos, avaliação e acompanhamento sistemático das coberturas vacinais e buscar periodicamente atualização técnico-científico. Considerações finais: verificou-se diante desse cenário que a enfermagem exerce função fundamental em todas as ações e processos de execução do Programa Nacional de Imunização, tornando-a protagonista na prevenção e erradicação das doenças preveníveis pela vacinação, impactando de maneira positiva e incomparável a qualidade de vida das pessoas. |
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Trabalho nº 6987 Título do Trabalho: ANÁLISE REGIONAL DA IMPLEMENTAÇÃO DOS CUIDADOS FARMACÊUTICOS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE E SUA PERCEPÇÃO PELOS PROFISSIONAIS FARMACÊUTICOS Autores: Julio Eduardo Pereira de Souza, Marina Tiemi Shio, Álvaro Avezum |
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Apresentação: O presente trabalho trata da atuação do farmacêutico nos Cuidados Farmacêuticos na Atenção Básica e especializada a partir da normatização da Portaria nº 1.918/2016 aprovada pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e que se mostra importante para ampliação do cuidado em saúde e na melhora da adesão ao tratamento medicamentoso dos pacientes acompanhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os objetivos deste trabalho foram avaliar a percepção dos farmacêuticos e analisar os Cuidados Farmacêuticos após a implementação da Portaria na Rede de Atenção Básica e de Especialidades. Desenvolvimento: Para o primeiro objetivo foi utilizado um questionário online aplicado antes e depois da normatização da Portaria e para o segundo objetivo foram coletados dados a partir de consultas farmacêuticas, descritivos efetuado pelos farmacêuticos e equipe multidisciplinar em prontuários médicos, prescrições médicas e resultados de exames laboratoriais. Resultado: Com relação à percepção farmacêutica, trinta e dois farmacêuticos responderam os questionários. Não foram observadas diferenças antes ou após a normatização da Portaria de Cuidados Farmacêuticos para os tipos de intervenções utilizadas e a percepção dos profissionais farmacêuticos quanto sua capacidade de intervir, gerar bons resultados e na confiança dos pacientes para o farmacêutico. Em relação a prática dos Cuidados Farmacêuticos, esses profissionais passaram a participar com mais frequência nas reuniões da equipe multidisciplinar, efetuar consultas farmacêuticas com aumento das devolutivas de melhora da farmacoterapia dos pacientes atendidos. Após a normatização da portaria, os profissionais farmacêuticos relataram que se sentem mais inseridos na equipe (81.25%), necessidade da mudança de postura profissional (87,50%), e atualização acadêmica (96,88%). Com relação à caracterização dos Cuidados farmacêuticos após a normatização da Portaria, os pacientes encaminhados para a Consulta Farmacêutica têm idade entre 40-89 anos e maioria são do sexo feminino (58,33%). Estes pacientes apresentaram comorbidades sendo as mais frequentes Diabetes Mellitus Tipo 2, Hipertensão arterial e dislipidemia (25%), Diabetes Mellitus Tipo 2 e Hipertensão arterial ou Diabetes Mellitus Tipo 1 e Hipertensão arterial (12,5 %). O número de Consultas Farmacêuticas variou de uma (50%) até doze consultas (2,78%). Os Problemas Relacionados à Farmacoterapia (PRF) mais encontrados (p 0,0001) foram a interação medicamentosa (35,63%), frequência ou horário e administração incorreto (19,59%) entre outros. As classificações das interações medicamentosas foram de moderada (87,07%) a alta (12,93%) gravidade, com risco de hipotensão aguda (19,4%), aumento (17,91%) entre outros. As intervenções mais utilizadas pelos farmacêuticos foram o aconselhamento específico sobre a doença relacionada ao tratamento medicamentoso (45,83%), utilização de provisões de materiais como a Caixa Organizadora de Medicamentos (69,89%) entre outros (2,78%). Considerações finais: A implementação dos Cuidados Farmacêuticos de acordo com a Portaria nº 1.918/2016 aumentou o vínculo dos farmacêuticos junto aos pacientes usuários do SUS e da equipe multidisciplinar da sua Unidade de Saúde, originando um melhor acompanhamento do paciente com tratamentos polimedicamentoso, principalmente para diminuir as interações medicamentosas, reações adversas, PRF e facilitar a administração dos medicamentos a partir do uso das caixas organizadoras de medicamentos. |
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Trabalho nº 10573 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES DOS USUÁRIOS DO SUS COMO FERRAMENTA DE APOIO AO APRIMORAMENTO DO CUIDADO EM OBESIDADE Autores: Karina Leal, Luciene Burlandy, Luciana Castro, Simone Souza, Thamillys Souza, Marcia Teixeira, Claudia Bocca, Luana Aquino |
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Apresentação: No dia a dia de prática, é possível observar o quanto a Atenção Primária a Saúde (APS) é potente como porta de entrada da população ao serviço de saúde, no entanto é necessário aprimorar questões referentes ao fortalecimento das redes, tecnologias em saúde, promoção de vínculos, acolhimento, escuta qualificada, cuidado multiprofissional considerando a dimensão humana dos agravos em saúde. O tratamento da obesidade muitas vezes se reduz ao cumprimento de metas numéricas, antropometria, controle de comorbidades, prescrições, medicações e cirurgias, mas será que é isso que as pessoas necessitam? Considerando esses questionamentos, o objetivo desse projeto é reconhecer as principais necessidades dos usuários, de que maneira percebem a obesidade e os serviços de saúde, a fim de trazer enriquecimento às discussões acadêmicas e apoio ao aprimoramento das estratégias assistenciais. Desenvolvimento: Para análise, foi escolhida a Metodologia Qualitativa de Análise de Conteúdo de 25 entrevistas semiestruturadas realizadas em 2017 no Instituto Estadual de Cardiologia (IECAC) com usuários obesos, por meio do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS). Inicialmente, as categorias analíticas são: (1) Construção social da obesidade e percepção do processo saúde doença; (2) Dificuldades e desafios da qualidade de vida; (3) Acesso e impressões sobre o cuidado e a rede de atenção à saúde; (4) Expectativas sobre as melhorias no modelo assistencial. Resultado: Em relação à construção social da obesidade e percepção do processo saúde doença temos como resultados preliminares falas que destacam aspectos da cultura alimentar, como a alta ingestão de carboidratos como constituinte principal da alimentação das famílias e a variedade de vegetais e frutas reconhecido como luxo. A dimensão do ganho de peso foi citada como fruto de dificuldades familiares, práticas sociais e religiosas. Os questionamentos sobre desafios da qualidade de vida, identificaram a má qualidade de vida e sofrimento mental, trazendo como consequências a perda de mobilidade, autonomia e interação social. Foram observadas também falas a respeito de preconceitos, culpabilização e pensamentos de morte como grandes desafios vividos diariamente. Sobre o acesso e impressões sobre o cuidado e a rede de atenção à saúde foram citadas as prescrições nutricionais mesmo que “radicais” como motivadoras, trazendo a reflexão do poder simbólico dos profissionais como detentores do saber. Foi falado também sobre as dificuldades de acessar os serviços e dar continuidade ao tratamento da obesidade. Como expectativas sobre as melhorias no modelo assistencial foi destacada a necessidade da abordagem precoce de alimentação saudável, fortalecimento das equipes multiprofissionais, valorização da humanização, construção de vínculos, tecnologia leve e integralidade do cuidado como pontos fortes para o aprimoramento do cuidado. Considerações finais: Vivemos um momento de crise na saúde pública, com o enfraquecimento da APS e outros serviços essenciais à saúde da população. É tempo de resistir, fortalecer as estratégias, ajustar as prioridades e proteger as conquistas até aqui construídas. Para tal, é estratégico considerar a percepção dos usuários, para que o aprimoramento dos serviços seja legítimo e coerente com as necessidades. |
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Trabalho nº 9565 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO CONTEXTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA Autores: EVELYNE LOBATO, JORGINETE DAMIAO, JULLIANA AYRES, JULIANA MARINHO, JULIANA SILVA, LUCIANA CASTRO, LUCIANA MALDONADO, CLAUDIA CARDIM |
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Apresentação: O papel das condicionalidades do Programa Bolsa Família (PBF) é promover o acesso aos direitos sociais básicos de saúde e de educação. As condicionalidades de saúde visam “garantir às famílias a oferta dos serviços básicos de saúde a que têm direito”. Neste sentido, a pesquisa nasceu de questionamentos acerca da potencialidade das condicionalidades de saúde do PBF em garantir equidade em saúde e nutrição. Este trabalho objetiva identificar as percepções dos profissionais de saúde da atenção primária à saúde (APS) do município do Rio de Janeiro acerca das questões relacionadas à alimentação e nutrição no contexto do Programa Bolsa Família. Desenvolvimento: A trajetória metodológica qualitativa baseou-se na proposta avaliativa e participativa de Onocko Campos et al (2013). O trabalho de campo foi realizado em três etapas: 5 grupos focais (GF) com 60 profissionais de saúde de nível superior; 5 grupos hermenêuticos para validação das narrativas produzidas nos GF, onde compareceram 24 destes profissionais, além de 1 grupo focal com agentes comunitários de saúde; Encontro de Avaliação e Proposição para compartilhamento dos resultados e construção conjunta de propostas com profissionais e gestores. Resultado: As narrativas evidenciaram a percepção das diferentes nuances da miséria e da fome na cidade, tanto na favela, quanto no asfalto, valorizando que o trabalho na APS proporciona enxergar a pobreza e as necessidades de saúde das pessoas devido à proximidade com territórios vulneráveis. Na agenda de nutrição na atenção primária houve reflexão sobre os obstáculos para a promoção da alimentação saudável, sobretudo para as crianças e sobre as ações voltadas ao diagnóstico nutricional no âmbito do acompanhamento das condicionalidades. Na prática, o acompanhamento é reduzido a “pesar e medir” as pessoas. Falta o olhar para a questão nutricional e prevalece uma visão utilitária do acompanhamento das condicionalidades, apenas para garantir que a família não tenha o benefício cortado e que o cumprimento das metas desta ação seja alcançado. Os profissionais e gestores propuseram mudanças para possibilitar efetiva utilização desta ação para o cuidado nutricional. Considerações finais: Apesar dos imensos desafios nesta ação, há um reconhecimento da potencialidade para o cuidado em saúde e nutrição das famílias. |
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Trabalho nº 8033 Título do Trabalho: MARCAS DA HANSENÍASE: ASPECTOS DE GÊNERO INTERVENIENTES NA PERCEPÇÃO DO CORPO CURADO Autores: Rosélly Mascarenhas Amaral Andrade, Daniela Arruda Soares, Paulo Rogers da Silva Ferreira, Eliana Amorim de Souza |
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Apresentação: A hanseníase é um agravo milenar, e apesar do tratamento ser garantido pelo Sistema Único de Saúde, ainda hoje gera impactos consideráveis na saúde das pessoas acometidas devido seu alto poder em gerar incapacidade física. Sentir-se curado após a experiência de um diagnóstico de hanseníase é um questionamento que se faz, principalmente, por pessoas que carregam em seus corpos as sequelas e deformidades advindas da doença, as quais interferem na imagem corporal, o que pode levar a preconceitos e exclusão social. As pesquisas mostram maior detecção relativa em mulheres, entretanto os homens são acometidos pela forma mais grave da doença. Este maior acometimento ao sexo masculino pode estar relacionado aos contextos culturais dessa população que interferem no diagnóstico tardio, na maior incidência de re-tratamentos, na presença de resistência medicamentosa e por conseguinte as sequelas (marcas) da hanseníase. Por conta disto, normativas recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) propõem a implementação de estratégias para atingir o público masculino, por considerar a existência de uma endemia oculta nesta população. O impacto causado pelas sequelas na percepção de seus corpos torna este público, alvo de pesquisas e ações que visem estabelecer além do diagnóstico precoce um cuidado a saúde masculina de forma integral e efetiva. Assim, este estudo objetiva reconhecer a percepção de corpo curado da hanseníase através da perspectiva de homens com incapacidades visíveis por conta da doença. Utilizou-se como questão norteadora: qual a percepção de corpo, doença e cura de homens acometidos pela hanseníase? Desenvolvimento: O estudo tem abordagem qualitativa interpretativa para desvendar representações e comportamentos diante da hanseníase, levando em conta o contexto cultural masculino. Foi realizado em um município da Região de Saúde de Vitória da Conquista, na Bahia, por considerar a importância da singularidade dos valores locais na interpretação dos discursos relacionados aos signos e significados na população masculina acometido pela hanseníase. Fez parte do estudo a população masculina com diagnóstico prévio de hanseníase e cura da mesma, porém, com sequelas da doença. A população investigada residiu na zona rural deste município. O método adotado foi a etnografia rápida que permite descrever o fenômeno do corpo, da doença e da cura, de forma minuciosa e detalhada. Foram realizados encontros in loco a estas populações descritas, bem como nos domicílios selecionados, por meio da relação fornecida pela Coordenação da Vigilância Epidemiológica no município e pela própria comunidade. Por meio da vinculação estabelecida com a comunidade, as falas tendiam a ser mais detalhadas, refinando o teor das declarações. O trabalho de campo compreendeu o período de julho a dezembro de 2019, sendo os discursos descritos em diários de campo, constituindo esta a ferramenta utilizada para a coleta de dados e posterior análise. Resultado: A população masculina investigada teve diagnósticos tardios e foram acometidos pela forma mais grave da hanseníase, tendo como consequência sequelas irreversíveis. Por meio dos discursos desta população, ficou evidente que as sequelas da doença interferem na percepção de cura, em razão dos impactos na vida diária dessas pessoas nas relações pessoais e de trabalho. Em relação ao trabalho, algumas falas apontaram o desligamento do mesmo por conta da hanseníase: “Tive que receber auxílio doença por ter limitações no trabalho, pois sentia muitas dores nos pés por conta dos ferimentos que apareceram|”. Quanto as relações afetivas afetadas: “depois que descobri a doença a minha mulher me deixou”. As limitações nas atividades domésticas foram expressas em falas do tipo “Não posso coar um café porque perdi a sensibilidade das mãos”, “não posso trabalhar na roça por conta do sol”. A convivência com lesões abertas, as quais são de difícil tratamento também despontaram “tenho esse ferimento há anos e uso uma pomada, mas nunca sarou. Mesmo assim uso o tênis e sem meia, mas, não me incomoda, não sinto dor, pois não sinto a sola do pé”. Sequelas como dedos das mãos em garra, perda de sensibilidade (mãos e pés), perda dos dedos (principalmente dos pés), pé caído, também sobressaíram, tal como exposto na fala “não consigo manter meu chinelo no pé, mesmo fazendo várias seções de fisioterapia particular, mas não resolveu, ainda continuo com dificuldade em caminhar”. A presença de processos migratórios, sobretudo de São Paulo para o interior, foi apontado como fator concorrente para a busca tardia dos Serviços de Saúde, bem como devido a necessidade de manutenção do papel de provedor familiar. “Estava trabalhando em São Paulo quando tive que internar e foi onde descobrir a doença. Mas só comecei o tratamento com os remédios depois que voltei. Não podia parar de trabalhar naquele momento por conta do dinheiro que precisava para manter minha família”. Considerações finais: Analisar a hanseníase na perspectiva do gênero masculino evidenciou que, a despeito da cura clínica obtida com o fim do tratamento medicamento, os homens ainda se percebiam doentes. Concorreu para esta percepção a presença das sequelas físicas que marcaram seus corpos, e dos impactos multidimensionais destas marcas nos âmbitos laboral, afetivo, social e econômico, os quais ainda persistem interferindo na maneira de viver, e tornando-os mais vulneráveis ao adoecimento e a formas mais graves da hanseníase. Esta situação aponta os desafios impostos aos serviços de saúde, bem como a necessidade de reconhecerem elementos particularmente vinculados ao contexto sociocultural de homens curados por hanseníase, porém com sequelas pela mesma. Ao não reconhecerem tais contextos, ao tempo em que tendem a distanciar os homens das práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças, reforçam a invisibilidade do gênero masculino, que por si só carreia um feixe de significações, valores sociais, culturais e econômicos subjacentes à masculinidade. Desta forma, a observação de demandas relativas ao universo masculino é fundamental, pois, concorre para fomentar o autocuidado e a adesão às práticas de saúde não só durante, mas, também após o tratamento, momento em que se tem a cura clínica, mas a necessidade perene de cuidados, face as marcas deixadas pela doença. Reconhecer as especificidades da saúde do homem por parte dos gestores e profissionais de saúde é ação estratégica para ampliar a visibilidade para esta população, bem como incorporar ações que rompam com padrões tradicionais de atenção integral relacionada às questões de gênero. |
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Trabalho nº 10085 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS MÉDICOS PARA A RECOMENDAÇÃO DE ATIVIDADES FÍSICAS DURANTE A GRAVIDEZ Autores: Camila Miranda Ventura de Oliveira, Jaqueline Teresinha Ferreira, Mayara Cassimira de Souza |
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Apresentação: O incentivo às gestantes para iniciar uma prática regular de atividades físicas orientam as mesmas a adotar uma atividade ideal para seu estilo, perfil e condições clínicas determinando que a princípio as mesmas obtenham a autorização médica. Diversos profissionais vêm propondo atividades físicas direcionadas a este público a fim de popularizar e tornar a prática mais aceitável na rotina das gestantes. Contudo, esbarramos em uma questão: a representação da biomedicina sobre o corpo gravídico e seus pressupostos baseados em discursos de riscos que limitam ou impedem este acesso. Desenvolvimento: Foi realizada uma análise documental a respeito deste assunto, que orienta as recomendações médicas de atividades físicas às gestantes. Este estudo foi desenvolvido durante o Mestrado em Saúde Coletiva do IESC/UFRJ e faz parte de uma pesquisa socioantropológica sobre o universo da Ginecologia e Obstetrícia. A análise possui como fonte primária documentos médicos publicados no século XXI. O critério de escolha considerou o reconhecimento destes autores na área de Ginecologia e Obstetrícia. Resultado: A ideia central que orienta os nossos argumentos deriva de uma análise do livro-texto "Atividades Físicas na Gravidez e no Pós-parto", organizado por Zugaib e Lopes (2009). Identificamos no conteúdo do livro-texto uma percepção profissional que transforma a gestante em uma “paciente de risco” (Lupton), a partir de um intenso debate ao redor de sintomas, que devem ser tratados ou evitados durante a gestação. Isto acaba por limitar, impedir ou restringir o acesso desta mulher à prática de atividades físicas. Embora o conteúdo do livro-texto tenha sido produzido por profissionais que defendem a prática de atividades físicas durante a gestação, observamos que os critérios para autorização estão baseados em protocolos internacionais repletos de dissensos médicos. Alguns destes permitem a prática durante o primeiro trimestre gestacional e após avaliação médica, enquanto outros restringem e liberam somente a partir do segundo trimestre gestacional e após avaliação médica. Considerações finais: Identificamos que as recomendações médicas sobre a prática de atividades físicas durante a gestação fundamentam-se em percepções de risco para a grávida, desta maneira, interferem no direito de escolha de atividades físicas, de lazer e no uso do corpo como um todo. Os próprios representantes da área médica vêm reivindicando consensos mínimos e mais evidências científicas a fim de tornar o tema menos obscuro. |
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Trabalho nº 11622 Título do Trabalho: ADAPTAÇÃO À VIDA UNIVERSITÁRIA: PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE MEDICINA EM ANOS INICIAIS DE FORMAÇÃO Autores: Ana Beatriz Barbosa Piffer, Mônica Villela Gouvêa |
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Apresentação: O acesso ao ensino médico ocorre, geralmente, num clima de muita pressão e competitividade, mobilizando recursos intelectuais e emocionais dos alunos. São múltiplos os fatores que levam um estudante a buscar o curso de Medicina, o que envolve motivações de natureza consciente e inconsciente, que podem incluir prestígio social, atração pela responsabilidade e por retorno financeiro ou desejo de ajudar a outras pessoas. Uma vez ultrapassada a dificuldade de acesso a uma vaga no vestibular, os estudantes se deparam com um novo cenário nos anos iniciais da formação, que possui sua complexidade e desencadeia diferentes respostas adaptativas. Este estudo tem como objetivo descrever percepções de acadêmicos do primeiro ano de Medicina quanto a motivações na escolha do curso e questões ligadas ao período de inicial de adaptação à vida universitária. Desenvolvimento: Estudo descritivo e exploratório de abordagem qualitativa. Participaram do estudo 15 alunos de primeiro ano de uma faculdade de Medicina situada no interior do Estado de São Paulo, que responderam a um questionário semiestruturado online contendo dados de identificação e perguntas sobre a motivação para a escolha do curso, adaptação e principais dificuldades nesse primeiro ano na graduação. Resultado: Fatores determinantes na escolha do curso são a afinidade pela profissão e o desejo de ajudar ou fazer a diferença na vida de outras pessoas por meio da Medicina. Nos anos iniciais da formação médica, constituem fontes de sofrimento para os graduandos: problemas de adaptação e decepção com a instituição de ensino diante da alta expectativa antes de ingressar no ensino superior. As principais dificuldades de adaptação estão relacionadas à exaustão física e emocional decorrente do excesso de disciplinas e atividades e à falta de organização pessoal com os estudos. É também marcante a saudade do convívio familiar, apesar da compreensão de que se trata de uma etapa necessária à sonhada formação em Medicina. As principais críticas nessa etapa da formação são dirigidas à falta de organização da coordenação na gestão do curso e recepção aos alunos, à má qualidade das relações estabelecidas entre professores e estudantes e à inadequada infra estrutura especialmente com relação à fragilidade de ambientes de estudo capazes de contribuir com o processo de ensino e formação. Considerações finais: Os anos iniciais de um estudante de Medicina envolvem grandes mudanças. A saudade do convívio familiar, a dificuldade de se organizar para enfrentar o volume de disciplinas/conteúdos/atividades, além de questões relacionadas à infraestrutura e à gestão da instituição de ensino afetam diretamente o bem estar e o rendimento dos alunos. Espera-se que os dados obtidos neste estudo contribuam para maior atenção às dificuldades e questões referentes à adaptação no ambiente de ensino de nível superior. Sugere-se maior atenção ao acolhimento durante esse período inicial e que sejam implantadas formas eficazes de apoio psicológico para apoiar os futuros médicos nessa etapa de sua formação. |
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Trabalho nº 10600 Título do Trabalho: SAÚDE MENTAL DOS ADOLESCENTES: A PERCEPÇÃO DA ESCOLA – RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Aline Dias Gomes, Claudia Mara de Melo Tavares |
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Apresentação: A escola vem passando por diversas transformações ao longo dos anos. Professores e alunos transitam por mudanças rápidas e intensas a cada ano. Acompanhar, orientar, educar e se adaptar a tantas mudanças não é uma tarefa muito fácil. O presente estudo é um recorte da dissertação de mestrado que tem como sujeitos os adolescentes e como foco a saúde mental dos mesmos. Visto que o estudo é a principal atividade dos adolescentes na faixa dos 15 aos 17 anos, ou seja, estes costumam passar a maior parte do tempo na escola, realizou-se um estudo prévio com diretores e professores na escola escolhida para a realização da pesquisa. As observações e os dados colhidos durante as reuniões e entrevistas resultaram no presente relato de experiência. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo levantar a forma que os professores lidam com as demandas de saúde mental dos adolescentes (escolares). Método: Estudo descritivo do tipo relato de experiência vivenciada durante as entrevistas de estudo prévio do campo junto aos professores de uma escola onde será realizada a pesquisa do mestrado. Desenvolvimento: A pesquisa ocorreu numa Escola Pública Estadual, localizada na Região Oceânica do município de Niterói-RJ que, segundo o Censo Escolar de 2018, possue 722 alunos matriculados distribuídos entre o Ensino Fundamental II (222), Ensino Médio (342) e Ensino para Jovens e Adultos – EJA (158) e 68 funcionários no totalNum primeiro momento houve uma reunião entre os pesquisadores e a Orientadora Educacional, a Diretora Adjunta Pedagógica e a Coordenadora Pedagógica para apresentar o projeto de pesquisa, perguntar se havia interesse de participarem e ouvir as demandas da escola em relação ao tema. Posteriormente diretores, coordenadores, orientadores e professores foram convidados a participar da pesquisa. Foram agendadas entrevistas semiestruturadas individuais com os profissionais que concordaram em participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, totalizando 7 participantes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), CAAE nº 17557719.3.0000.5243. Para assegurar o anonimato dos participantes, utilizou-se a letra P (professores) e o número de ordem da participação no estudo. Exemplo: P1, P2. Resultado: Todos os professores demonstraram interesse, valorizaram a iniciativa dos pesquisadores em procurarem a escola informando que precisavam de conhecimento sobre esse assunto.“Que coisa bacana elas virem” (P1)“Trabalho com questões emocionais é tudo que a gente quer” (P2) Os principais problemas que os professores citam em relação à saúde mental dos adolescentes são: automutilação, suicídio, ansiedade, cobrança excessiva, desinteresse, falta de identidade e abandono familiar. “No inicio do celular o problema com os adolescentes era o envio de ‘nudes’ e brigas por causa dos meninos; agora os problemas são ansiedade e automutilação” (P2) A automutilação foi apontada por todos os entrevistados que informaram o aumento número de casos no último ano mas não conseguem identificar o motivo de tal aumento. Alguns questionam a influência de séries disponíveis na internet, assistidas pelos adolescentes; acreditam que seja uma “escola de sofrimento” e muitas mostram que o suicídio é a forma de acabar com esse sofrimento. Outros questionam se não é algum tipo de “modismo”. “Não sei assim até onde que é um sofrimento mesmo sério ou se é uma vendo a outra aí fica aquela. é como se fosse uma influenciando a outra. Este ano, principalmente, foi um ‘boom’ assim, acontece um caso, daqui a pouco outro, outro, outro. Tudo na mesma hora, praticamente. O que me chama a atenção mesmo é a automutilação, meninas vindo de casaco, algumas até mostram pra gente” (P4) Os adolescentes têm uma necessidade de aceitação e de pertencimento a um grupo, o que muitas vezes os leva a tomar atitudes e decisões para que tal fato ocorra.Outro ponto de destaque nas entrevistas foi a questão do abandono familiar. Os professores ressaltam que ninguém conversa com os adolescentes e acreditam que muitos problemas poderiam ser minimizados se houvesse um interesse maior por parte dos pais nas questões referentes aos adolescentes.Um dos professores fala da “ignorância dos pais” no sentido de ignorar quem são seus filhos, não os conhecem, não sabem como são os filhos e estes, em contrapartida, dissimulam e fingem em casa. Mas na escola “as máscaras caem”, no ambiente escolar os adolescentes são “eles mesmos” e muitas vezes acabam desabafando e pedindo ajuda aos professores.Informam que quando o adolescente vem de uma família mais ou menos estruturada, independente da condição financeira, costumam vir para a escola arrumados, tem os seus materiais enquanto os que vêm de famílias completamente desestruturadas refletem isso na escola. Algumas falas que retratam a desestrutura familiar que os professores referem: “Esses casos que aparecem são crianças que não têm família estruturada. São criadas por outras pessoas, por madrastas, por tias, por avós..” (P6) “Alunos que as mães foram mães muito jovens então eles não têm referência materna muito menos paterna. Essa mãe é totalmente ausente, ai entrou uma avó que depois essa avó saiu de cena ai ele não se identifica quem ele é. Ele não tem essa identidade” (P7) Os professores, por sua vez, não se sentem capacitados para lidar com tais situações. “Nós não temos esse preparo na faculdade, eu fiz didática 1, 2, 3, 4, 5 ,6, 7, 8, psicologia da educação, coisas assim para dar aula, para ensinar não para educar. Então essas crianças chegam sem educação, sem limite nenhum e falta de estrutura” (P5) “Professores falam: ‘O que eu tenho a ver com isso? Já repetiu de ano’. ‘O atestado não abona os fatos’. Usam o discurso de ‘neutralidade’ com uma ‘couraça’ (P1) “Uma demanda para muito além das nossas competências também” (P4) Um dos entrevistados sugere que “Os docentes estão piores que os alunos” (P3), fazendo referência ao crescente número de docentes faltando ou abandonando. E conclui: “Todo mundo está meio adoecido”(P3)Os professores ressaltam a necessidade de ouvir o aluno, que precisa dos alunos para transformar o espaço, não adianta vir com uma proposta. Na intenção de criar um espaço acolhedor / vivo foram utilizadas algumas estratégias:- Pela escola: Todos os funcionários receberam os alunos no início do ano com um corredor para abraçar os alunos: “sejam bem vindos” e balões com mensagens. “Uma aluna relatou que depois do abraço mudou, ficou ‘mais solta’, que ela nunca foi aceita em nenhuma escola” (P1) - Pelos alunos: Criaram uma roda de conversa aberta a todos buscando autoconhecimento. Cinco alunas do turno da manhã (ensino médio) permanecem na escola à tarde. Peças de teatro feitas por um aluno falando de preconceito e inclusão. Considerações finais: A escola percebe a necessidade de trabalhar tais questões, tanto que cria estratégias, estimula os alunos a criarem também e sugere oficinas e sensibilização dos professores para lidarem as situações apresentadas. Os professores conseguem perceber e apontar questões relacionadas à saúde mental e emocional dos adolescentes. “O professor tem que ter escuta e um olhar diferenciado. Ele tem o poder de construção ou de destruição”(P1) |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10094 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA ÀS PESSOAS COM POTENCIAL SUICIDA. Autores: Mariela Bazzi de Matos Pedreira, Acácia Maria Lima Oliveira Devezas |
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Apresentação: O suicídio é um tema complexo e ao mesmo tempo relevante para a sociedade. É um dos mais antigos temas relacionados à saúde das pessoas e à forma como são afetadas pela sociedade. Atualmente, tem sido tratado como fenômeno social e sob perspectivas históricas, sociológicas, econômicas e filosóficas. Sua etiologia é multifatorial, geralmente: social, psicológica, biológica, ambiental e econômica, acontecendo muitas vezes em momentos de crise. As características que antecedem ao suicídio costumam ser: sensação de sofrimento intolerável, vulnerabilidade, desorganização e desconforto emocional, atingindo o limite de sua angústia gerando tensões difíceis de se lidar, onde o suicídio torna-se a única saída. Ressalta-se a importância deste estudo, o enfermeiro. Por ser o primeiro profissional a entrar em contato com o paciente. Este deve estabelecer um vínculo de confiança, segurança, apoio e comprometimento emocional com o paciente, prestando cuidado integral e contínuo por meio de práticas mais humanizadas e assistência de qualidade. Objetivo: Verificar a percepção de enfermeiros que atuam em pronto socorro, em relação a assistência ao paciente com tentativa de suicídio. Método: Trata-se de uma pesquisa de campo exploratória e descritiva com abordagem qualitativa dos dados, realizada em unidade de Pronto Socorro/emergência de um hospital universitário, localizado na região central de São Paulo. A amostra foi constituída de 9 enfermeiros, que foram entrevistados nos períodos: matutino, vespertino e noturno. Os critérios de inclusão utilizados foram: ser enfermeiro assistencial, concordar em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e participar da entrevista gravada. O projeto foi aprovado pelo CEP, parecer nº 3.443.380, CAAE (15132719.6.0000.5479). A coleta de dados ocorreu em duas partes, por meio de um formulário contendo informações sobre a caracterização sociodemográfica e profissional dos enfermeiros e questões referentes a percepção do enfermeiro em relação ao paciente com potencial para suicídio. Resultado: A maioria dos participantes era mulher casada 56%, na faixa etária entre 31 a 40 anos. Quanto a percepção sobre a assistência ao paciente com tentativa de suicídio, houve concordância de 5 participantes sobre considerar a tentativa de suicídio como transtorno de saúde e sofrimento intolerável e única saída dessa dor/sofrimento. Em relação ao preparo para atende-lo, 7 responderam que se sentem preparados. Sobre o julgamento da postura que o enfermeiro deve ter diante da situação de assistência, 5 participantes responderam que ter ética, priorizar o paciente, ter conhecimentos teóricos e empatia, são importantes para o atendimento nestes casos. Considerações finais: Diante dos resultados, entende-se que esta pesquisa é de extrema importância, pois entendemos que muitas vezes a insegurança, preconceito e julgamentos pessoais por parte de quem cuida, pode comprometer o sucesso da terapêutica, da qual o enfermeiro é fundamental neste processo, visto que é o profissional que estabelece mais vinculo com o paciente, podendo ser de grande valia na recuperação da pessoa com potencial suicida. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8047 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM SOBRE O ACESSO À SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO RIBEiRINHA Autores: Talyana Maceió Pimentel, Luan Cardoso e Cardoso, Davi Gabriel Barbosa, Manuela Furtado Veloso de Oliveira, Marcia Helena Machado Nascimento |
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Apresentação: A população ribeirinha é toda aquela que vive em área rural, às margens de rios e lagos na Amazônia. Estas populações constituem a combinação de diferentes grupos sociais, como: indígenas, nordestinos e migrantes de outras regiões. De modo geral, o local de moradia dos ribeirinhos possui pouca infraestrutura para saneamento básico, energia elétrica e serviços de saúde. Este estudo tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos da área da saúde em uma visita técnica na Unidade Básica de Saúde da Ilha do Combú, Belém, Pará. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, o qual retratou-se na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Ilha do Combú, localizada no município de Belém. A experiência oportunizou-se durante a aula prática do componente curricular “Enfermagem em Populações Tradicionais da Amazônia” do curso de graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará. Na ocasião, observou-se o processo de trabalho da UBS, onde foram visitados os espaços físicos referentes aos atendimentos específicos, como acolhimento, consultórios, imunização e salas de procedimentos clínicos e laboratoriais. A partir disso, identificou-se o implementação de principais programas de atenção à saúde como atenção à saúde da criança e do adolescente, saúde da mulher, pré-natal, puerpério, planejamento reprodutivo, dentre outros. Por fim, obteve-se informação sobre o dinamismo das visitas domiciliares realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde. Resultado: A princípio, destaca-se a necessidade das unidades básicas de saúde em adaptar-se tanto estruturalmente, quanto funcionalmente, de acordo com as demandas da população ribeirinha. No que diz respeito a essas demandas, observa-se a distância geográfica e a locomoção são adversidades ainda presentes na realidade desse público. Outro fator limitante refere-se aos entraves encontrados pelos profissionais na efetivação das políticas públicas dessa população, a exemplo da ausência de comunicação e do acesso à internet na unidade, acarretando a dificuldade de alocar o usuário dentro do sistema de saúde, impossibilitando, assim, o fluxo de seu atendimento. No entanto, salienta-se que o acesso à saúde se faz presente na unidade, reconhecendo seus limites e possibilidades de atuação. Dessa forma, evidencia-se que há uma discrepância entre o que é pautado teoricamente na política e o que é encontrado na prática de atuação no cotidiano da unidade. Considerações finais: Logo, evidencia-se a importância da vivência em diferentes realidades para o processo de formação acadêmica, tendo em vista a obtenção de uma visão integral, universal e equitativa acerca da atenção à saúde de populações específicas, a exemplo dos ribeirinhos. Em um outro aspecto, essa experiência visa a contribuir no processo de criticidade de acadêmicos e profissionais para compreender a atual política direcionada à população e observar as necessidades majoritárias referentes à realidade observada. |
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Trabalho nº 7536 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO SOBRE A INTERPROFISSIONALIDADE EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM MACAÉ- RJ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE Autores: Roberta de Oliveira Ferreira, Júlia de Lima Ferreira Nogueira, Caren Santos Martins, Fabrizio do Carmo Pereira, Vivian de Oliveira Sousa Corrêa, Glaucimara Riguete de Souza Soares |
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Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) se insere como uma estratégia, que incentiva a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da ESF, por meio da iniciação ao trabalho multiprofissional e interdisciplinar dos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde, constituindo-se como uma iniciativa intersetorial direcionada para o fortalecimento da integração ensino-serviço no âmbito da atenção básica. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é descrever as experiências, reflexões, desafios e contribuições da integração e atuação acadêmica e multiprofissional vivenciadas em uma unidade da ESF. Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, o qual se configura transcorrer uma avaliação sobre o tema da integração acadêmica e multiprofissional na Estratégia de Saúde da Família (ESF), no município de Macaé- Rio de Janeiro. A fase inicial de observação no Programa PET-Saúde na unidade ESF possibilitou uma análise crítica através da observação vivenciada na unidade, realizamos visitas, com instrumento de formulação própria, para observar e relatar como se dava o modo de trabalho no local e se de fato ocorria de maneira interprofissional. As práticas se constituíram a partir da observação e interação em consultas clínicas, na atenção básica, as quais visavam o cuidado, a promoção e proteção da saúde. No decorrer da realização dessas atividades houve a troca de experiências, questionamentos e o esclarecimento de dúvidas. Como proposta de intervenção para melhorar o trabalho interprofissional da equipe, concluímos que seria uma boa estratégia aumentar a equipe e, também, a integração com mais profissionais de outras áreas, de modo a ocorrer a realização de consultas interprofissionais, com profissionais de diferentes áreas em conjunto, pelo menos nos casos clínicos mais complexos. Além disso, uma outra proposta a qual pode ser utilizada é a de aumentar o número de acadêmicos do local, com o propósito de estreitar o vínculo, buscando uma abordagem na qual os membros aprendam em conjunto, interativamente, para melhorar as práticas colaborativas em saúde. Nessa lógica, para que haja a integração interprofissional na unidade deve-se contar com abordagens as quais visem o ensino-serviço para a melhoria das condições da mesma, a partir de elementos teóricos metodológicos com os profissionais da área da saúde. O Programa PET-Saúde proporcionou aos estudantes dos cursos da área da saúde a possibilidade de formulação de propostas que podem contribuir para a melhoria das condições e para a promoção da saúde da população. Destaca-se que houve uma satisfatória integração entre os atores durante o processo de trabalho relatado, tanto no que diz respeito à relação docente-discente, quanto à interação academia e serviço. Deve-se enfocar que, apesar dos avanços alcançados com a proposta de uma atuação profissional diversificada e interdisciplinar, os desafios mencionados só deverão ser superados após a plena integração entre os cursos das ciências da saúde, de modo a permitir, dessa forma, uma maior flexibilidade e compatibilidade curricular. |
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Trabalho nº 7028 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DO ESTUDANTE SOBRE RODAS DE CONVERSA NA SALA DE ESPERA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE Autores: Mariana Braga Salgueiro, Alice Damasceno Abreu, Adriana Nunes Chaves |
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Apresentação: Contextualização do problema: Muito se discute sobre a importância do acompanhamento pré-natal, cujo objetivo é assegurar um desenvolvimento seguro para o binômio mãe-filho, garantindo um parto e nascimento saudáveis. No entanto, quando a relação entre profissional/paciente não é estabelecida, geralmente as gestantes recorrem às tecnologias de informação, as quais podem gerar informações errôneas e a prática de condutas inadequadas, sem embasamento científico. Portanto, se a assistência falha os riscos na gravidez podem aumentar. Objetivo: Sensibilizar as gestantes sobre os aspectos emocionais, físicos, sociais e psicológicos que envolvem este momento singular de suas vidas e identificar possíveis falhas na assistência pré-natal. Método: O presente estudo é um relato de experiência, baseado em rodas de conversa na sala de espera de uma Unidade de Saúde, da região serrana do Rio de Janeiro, direcionada ao atendimento Materno-Infantil, elaboradas no intuito de compartilhar informações com as gestantes e acompanhantes, favorecendo o vínculo através do acolhimento, para que as informações sejam disseminadas de forma dinâmica, verídica e de modo que as ouvintes possam participar ativamente do processo como protagonistas. Resultado: A partir da atividade proposta observaram-se três interfaces norteadoras que contribuem para a falta de qualificação da assistência pré-natal: a curta duração da consulta; ausência de diálogo efetivo, o qual favoreça a troca de informações entre profissional/paciente; e o deslocamento do modelo de afetivo-relacional para um tecnocentrado. Considerações finais: É necessário repensar em experiências potencializadoras para mudar a lógica tecnocrática de atenção à mulher neste período singular de sua vida. Além de fomentar a discussão sobre práticas humanizadas de cuidado com a crescente necessidade de levar informação a toda população a qual recorre ao serviço de saúde. É preciso que os profissionais que trabalham com gestação, parto e pós-parto pratiquem rotineiramente a chamada paciência ativa, a qual escuta e atende de forma individualizada cada mulher intervindo somente quando for necessário ou solicitado. |
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Trabalho nº 11126 Título do Trabalho: APRENDIZAGEM BASEADA EM EQUIPES NA DISCIPLINA ANATOMIA: PERCEPÇÃO DE DISCENTES DO CURSO DE MEDICINA. Autores: Bruno Sant' Ana Costa, Vivian de Oliveira Sousa Côrrea |
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Apresentação: Aprendizagem Baseada em Equipes (ABE) ou “Team-based learning” (TBL) caracteriza-se por ser uma metodologia ativa em que a aprendizagem é baseada no diálogo e na interação entre os alunos, através da formação de equipes, e trabalha a resolução de problemas como parte importante do processo e etapa fundamental para aplicação dos conceitos aprendidos. Utilizando o TBL buscou- se analisar a percepção dos discentes de Medicina do Campus UFRJ-Macaé sobre a utilização desse método na disciplina de Anatomia do Aparelho Locomotor. Desenvolvimento: Iniciamos a preparação a partir da fase 3, onde há a aplicação dos conhecimentos estudados, com a montagem de casos relacionados ao tema. Depois, com os casos delineados, montamos as questões da fase 2, garantia de preparo. Por fim, preparamos a fase 1, material que será disponibilizado aos alunos para o preparo. Três sessões de TBL na disciplina Anatomia do Aparelho Locomotor foram aplicadas desde o segundo semestre de 2017 em quatro turmas do primeiro período do curso de medicina. A percepção dos alunos acerca do método e da disciplina foi avaliado através de questionário. (Comitê de ética: 47816915.4.0000.5291). Resultado: 65% dos alunos participantes concordam que a estratégia pedagógica utilizada no TBL é mais motivadora para o estudo se comparada às aulas expositivas; 88,5 % concordam plenamente ou parcialmente que a metodologia utilizada no TBL ajuda a aprender a trabalhar em equipe e 73% concordam que a metodologia (TBL) utilizada promoveu uma melhor compreensão, além da memorização. Resultado: do segundo semestre do presente ano ainda serão analisados e incorporados. Considerações finais: O uso deste método ativo pode trazer benefícios a longo prazo na estrutura curricular e no perfil dos discentes, podendo gerar um impacto real na qualidade do curso de Medicina e na formação dos profissionais médicos. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8569 Título do Trabalho: EMOÇÃO, REFLEXÃO, MUDANÇA: PERCEPÇÕES SOBRE OS SENTIDOS DO NASCER Autores: sonia lansky, Raul Lansky Oliveira, Mariany Oliveira Souza |
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Apresentação: A atenção obstétrica e neonatal no Brasil é marcada pelo modelo biomédico intervencionista, com práticas sem embasamento científico, perpetuadas pelas instituições de ensino. A taxa de cesariana, 56,0% dos nascimentos no Brasil e 84,0% no setor privado, tem níveis epidêmicos. Na assistência ao trabalho de parto o abuso de procedimentos como a episiotomia e a separação mãe e bebê ilustram o desvio entre as evidências e o cotidiano da saúde. Aspectos relacionados à hipermedicalização de processos normais da vida, interesses de mercado, comercialização e consumo na sociedade capitalista e relações de poder e discriminação de gênero, de raça/cor e classe influenciam este cenário. A Sentidos do Nascer vem propor uma intervenção e pesquisa sobre a possibilidade de promover uma transformação cultural e mudança no referencial ético e nas práticas do cuidado em saúde às mulheres e bebês. Desenvolvimento: A Sentidos do Nascer é uma exposição itinerante e interativa com um circuito artístico, lúdico e informativo imersivo, cujo propósito é sensibilizar para a importância do parto normal, oferecendo uma vivência sensorial, além de informações sobre as consequências do excesso de cesarianas e intervenções desnecessárias no parto para a saúde da mulher e da criança. Pretende afetar o participante e propiciar a reflexão crítica sobre o partir e o nascer no Brasil e sobre a sua própria experiência. Contribui para a mudança cultural, fortalecimento das mulheres e promoção da saúde, redução das cesarianas, mortalidade e morbidade evitável, como a prematuridade iatrogênica. O objetivo deste estudo foi analisar os registros dos participantes na exposição, que deixaram suas impressões no livro de depoimentos após vivenciarem a experiência. Resultado: Foram analisados 3144 depoimentos escritos nos livros em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Ceilândia e Brasília, em 2015. A leitura imersiva e análise dos depoimentos permitiu o agrupamento de temas recorrentes e conformação de 5 categorias: Elogios à exposição (61,5%); Maternidade, poder feminino e o divino (21,9%); Informação /pensamento crítico/reflexão (12,1%); Relato de experiência pessoal (3,8%); Críticas e sugestões (0,8%). A grande maioria dos depoimentos da exposição é positiva e elogiosa, parabenizava pela realização e agradecia por terem experienciado. “Esclarecedor e bem relevante. A naturalidade deve ser preservada a fim de darmos melhor saúde aos nossos filhos e mães. Prioridade ao parto normal!”. Havia mensagens que traziam menção à centralidade da mulher e seu protagonismo no parto. Em contraposição à associação do parto normal com a naturalidade e “retorno” à natureza, mensagens associavam a cesariana com a lógica do capital. ...“Parir é normal, cesárea é capital”. A terceira categoria trata do caráter educativo e informativo da exposição (12,1%), abrangendo a dimensão de conhecimento e reflexão.“A exposição oferece informações importantíssimas para que as pessoas reflitam sobre o que a sociedade tem disseminado em relação ao parto. A educação é a melhor forma de conscientizar as pessoas.” Tabus sobre o parto normal e a sua desconstrução foram termos frequentes, assim como “consciência” e “conscientização”. A potência do conteúdo informativo e reflexivo indicou que a exposição esclareceu dúvidas e muitos mudaram sua opinião e conceitos sobre o parto normal e a cesariana. “Sou estudante de enfermagem e acho lindo como o corpo humano é capaz de realizar algo tão incrível como gerar uma vida dentro da outra. Antes da exposição eu pensava ser lindo para outras mulheres, tinha medo de me imaginar tendo um parto normal, preferia para mim a cesariana, mas agora tenho a certeza de que meu corpo foi feito para isso e que sou capaz de realizar também algo tão lindo. E que a dor é passageira” Poucas críticas e algumas sugestões apontaram a “ falta de neutralidade”. Se o intuito do projeto é a redução da prematuridade iatrogênica – consequência do agendamento prévio da cesariana antes do trabalho de parto – como colocar o parto normal equilibrado lado a lado com a cesariana? A proposta é melhorar a percepção sobre o parto normal – muitas vezes visto e difundido como algo terrível – e desnaturalizar a cesariana como uma escolha. Há aqui uma posição clara: o parto normal é o mais saudável e, ainda, importante experiência humana para a mãe e para o bebê. Já a cesárea, só em último caso. Buscando provocar reflexões e mudanças na percepção sobre o parto normal, a Sentidos do Nascer apostou no formato interativo e sensorial e tocou o visitante. O retorno positivo nos depoimentos destaca a emoção da experiência vivida, com palavras como “me emocionei” e “chorei”; “nasci de novo”. Outros se referiram à reflexão possibilitada ao visitante que teve a oportunidade de se colocar no lugar do bebê. Sobre a preocupante realidade de mais de 50% de nascimentos por cesariana no país, muitas mensagens esperançosas referentes à mudança necessária na percepção sobre o parto normal e na forma de nascer no Brasil, mensagens elogiando, recomendando permanecer mais tempo, rodar mais pelo país, ampliar a divulgação. Considerações finais: A Sentidos do Nascer demonstrou sua potência como dispositivo para tocar o visitante, seja gestante, mulheres ou homens, professores, profissionais de saúde, estudantes. Deu sentido ao processo de parir e nascer como um valor para a experiência humana e também para a sociedade. Essa intervenção em educação em saúde e comunicação social pode ser replicada e fortalecer o processo humano e social que é o nascimento. Apoiar o resgate do protagonismo, autonomia e força das mulheres e apoiar a transformação cultural necessária para se mudar a forma de nascer no Brasil. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6013 Título do Trabalho: PEDREIROS E COVEIROS DE CEMITÉRIO: PERCEPÇÕES DO SENTIDO DO TRABALHO. Autores: Monalisa Rocha de Campos Chaves, Amanda Gabrielly de Carvalho Leão, Vanuza Rosa de Arruda silva, Leonel Alcântara dos Anjos Júnior, Marcos Aurélio Da Silva, Flávio de Macêdo Evangelista |
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Apresentação: No que refere à inclusão do simbólico, do subjetivo, do cotidiano e do contextual na pesquisa epidemiológica, o campo disciplinar preferencial tem sido a antropologia, particularmente seu ramo aplicado às questões da saúde com a finalidade de alcançar uma integração efetiva e orgânica entre a Epidemiologia e a Antropologia e não a mera justaposição, redundância ou cooptação de uma disciplina na outra. Objetivo – Identificar a percepção do sentido do trabalho dos coveiros e pedreiros de cemitério. Método - Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado no contexto da disciplina de Eixo Integrador V, ministrada no curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Resultado – Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os profissionais de dois cemitérios na Grande Cuiabá - Cemitério do Porto e Cemitério da Piedade - sendo dois interlocutores no do Porto e três no da Piedade. No cemitério do Distrito do Sucuri e do cemitério da Comunidade de Bandeiras, as duas comunidades nas proximidades de Cuiabá, foi entrevistada a esposa de um profissional, sendo essencial para compreendermos a significação de um membro da família diante da profissão desempenhada pelo ente. Ela e os filhos ajudam no dia a dia no cemitério. Na comunidade rural de Laginha, localizada a aproximadamente 50 km da capital, entrevistamos o único coveiro de nosso estudo, do cemitério familiar. Contamos também com duas entrevistas, relatando a experiência de um dia de enterro na zona rural, que tem seus próprios rituais, uma comunidade que fica a 20 km de Jangada. O entrevistado possui sítio na localidade, nasceu e cresceu nessa comunidade, vivenciando a experiência assim como familiares seus que são moradores do local. A outra entrevista é de Rondônia, moradora de zona rural que relata como são feitos os rituais da comunidade baiana localizada na Linha 623, a trinta quilômetros da cidadezinha de Governador Jorge Teixeira, e como são feitos os enterros dos moradores dessa comunidade que são chamados de ‘‘tradicionais’’ por ela. Discussão - Na nossa percepção, trata-se de uma profissão marginalizada, menosprezada. Um tabu. A impressão que tivemos é que eles vestem uma armadura para se sentirem fortes, dizem que é normal o trabalho, mas, percebemos que eles cumprimentam as pessoas que entram no cemitério e quando estas não os respondem abaixam os olhares. Sentem o reflexo da estigmatização da sociedade. Trabalhar com a morte é natural como trabalhar em qualquer outra profissão, no relato deles. Entretanto, quatro deles relatam que após um período desempenhando a função saíram em busca de um novo emprego porque estavam cansados, mas retornaram, após um período que varia de 8 meses a 1 ano e 6 meses, porque não conseguiam lidar com “gente viva” ditando regras a toda hora. No dia a dia, cada um sabe das responsabilidades que necessitam desempenhar, não necessita de alguém ficar mandando a toda hora. Na fala deles, os vivos são os preconceituosos. |
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Trabalho nº 12161 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS(AS) SERVIDORES(AS) DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ ACERCA DAS PROBLEMÁTICAS EXISTENTES NO SERVIÇO DE ABORTAMENTO LEGAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Ivy Cesar de Oliveira Nunes, Crissia Cruz |
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Apresentação: A partir de uma experiência como colaboradora de uma pesquisa de mestrado intitulada “Assistência à saúde das mulheres que sofreram violência sexual: debates em um serviço de profilaxia e abortamento previsto em lei” através da qual se promoveu rodas de conversa junto aos servidores, residentes e estagiários da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), pude observar relatos pertinentes acerca da temática em questão. Nesse sentido, este trabalho visa relatar as questões levantadas em duas rodas de conversa que tiveram como objetivo promover o debate acerca da rede de atenção à mulher vítima de violência sexual, salientando as implicações éticas e jurídicas do abortamento previsto em lei. A discussão se mostrou necessária na medida em que os profissionais de saúde, que atuam na instituição, relataram o sofrimento vivenciado pelas mulheres que buscam o serviço, uma vez que enfrentam diversos obstáculos ao adentrar no atendimento, como profissionais que têm pouco domínio sobre os manejos e leis presentes na norma técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento ou ainda médicos que se recusam a efetuar o aborto alegando objeção de consciência, caracterizando assim, uma grande violência institucional. Nesse contexto, os debates presenciados nas rodas de conversa se mostraram pertinentes, pois os participantes tiveram a oportunidade de compreender melhor as questões legais e sociais do serviço de abortamento, o que contribuiu para a formação de uma equipe multidisciplinar mais capacitada para a atuação. Somado à isso, ao compartilharem suas experiências, dificuldades, angústias, começaram a pensar coletivamente em possíveis soluções para os problemas enfrentados, revelando crescente engajamento da equipe. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9092 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DA PRÁTICA DA DOAÇÃO DE LEITE A PARTIR DA PERSPECTIVA DAS DOADORAS. Autores: Letícia Santos Cruz, Thatiane Anunciação Athaide, Samara Machado Castilho, Renata Valentim Abreu, Bianca Oliveira Sousa, Raphaella Teixeira Sousa, Rayssa Araújo Barbosa, Rafaela Maciel Ferreira |
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Apresentação: O leite materno proporciona nutrição de alta qualidade para a criança e contribui para seu crescimento e desenvolvimento. A mortalidade por infecção respiratória e diarreia são causas de óbito mais frequentes após o período neonatal precoce e são causas que poderiam ter sido evitadas pela amamentação. Os Bancos de Leite Humano (BLH) constituem uma solução que permitem o atendimento, nos momentos de urgência, a todos os lactentes que, por motivos clinicamente comprovados, não disponham de aleitamento ao seio, uma vez que é imprescindível fornecer leite humano em quantidades suficientes a todos os lactentes. Sendo assim, os bancos de leite se configuram como um suporte de apoio às mães e aos bebês que se encontram em condições desfavoráveis à alimentação adequada e não como um substituto da relação mãe-amamentação-bebê, substituindo o valor nutricional, mas não a relação afetiva entre ambos. A Rede Brasileira de Banco de Leite Humano é considerada a maior e mais complexa do mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS), dentre os 292 bancos de leite humano existentes no mundo, 72,9% deles estão no Brasil (213), essas unidades beneficiaram, entre 2008 e 2014, 88,5% (cerca de 11 milhões) de todas as mulheres assistidas no mundo e contaram com o apoio de 93,2% das doadoras de leite (1,1 milhão de brasileiras). Este estudo tem como objetivo descrever os aspectos positivos e negativos acerca da prática de doação de leite por mulheres em um hospital de referência materno-infantil localizado na capital paraense. Este estudo foi submetido ao comitê de ética da instituição e apenas foi iniciada a coleta de dados após a sua aprovação. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, transversal, prospectivo com abordagem quantitativa, que foi realizado no Banco de Leite Humano de um Hospital de Referência Materno-Infantil, localizado no município de Belém do Pará. Foram incluídas na amostra desta pesquisa, mães doadoras de leite que tiveram seus filhos há no máximo 2 anos, na maternidade e cadastradas no BLH da instituição. Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento de coleta de dados um formulário contendo informações sobre a caracterização da prática da doação de leite materno e de banco de leite. Os dados coletados foram organizados em uma tabela e em um quadro matriz, utilizando ferramentas do programa computacional Microsoft Excel®. Resultado: A amostra deste estudo constituiu-se por 100 mães doadoras, e a análise de dados possibilitou demonstrar que a maioria (62%) possuía idade entre 18 e 25 anos, eram pardas (42%), possuíam ensino médio completo (36%), desempenhavam função de diaristas (43%) ou dona de casa (46%), não possuíam renda mensal (48%) e que se encontravam em união estável (50%). Quando questionadas de como se tornaram doadoras, 74% disseram que foi por meio do hospital; 7% pela internet; 8% através de amigos; 6% pelas propagandas da televisão e 5% pelos jornais. Sobre a vontade de doar o leite, das mulheres pesquisadas 56% disseram que não possuíam a vontade de doar, 34% responderam que sim, mas não sabiam como fazer e 10% relataram que possuíam em parte a vontade de doar. Sobre quem incentivou a fazer doação do leite, 67% apontaram o profissional de saúde como o maior incentivador para a doação, 18% afirmaram que o fizeram por terem seus filhos prematuros e internados por longos períodos na UTI neonatal, viabilizando a doação do leite para outras crianças, 10% enfatizaram que as amigas foram as maiores incentivadoras a doação e apenas 5% disseram que foi por meio de vizinhas. Sobre a avaliação da experiência do aleitamento materno, tem-se os seguintes Resultado: 46% disseram que foi uma boa experiência; 41% a avaliaram como excelente e 13% referiam ser uma ótima experiência. No que se refere a dúvidas e dificuldade das mães sobre a doação de leite, 86% mães disseram que sim e 14% demonstraram duvidas e dificuldades em parte. Das 100 mães inclusas na pesquisa, 94% disseram que o BLH incentiva o aleitamento materno e 6% responderam que incentivam em parte. 86% das mães entrevistadas afirmaram que receberam algum tipo de apoio durante a doação ao BLH, e 10% disseram que receberam em parte e 4% afirmaram não receber nenhum tipo de apoio durante a doação de leite. Sobre a questão, você sabe que os recém nascidos prematuros são os maiores beneficiados com doações ao banco de leite, 80% responderam que sim, 10% disseram não e 10% afirmaram que sabiam em parte. No que se refere aos dados da pergunta contida no formulário: “Considerado um gesto de solidariedade e amor, como você se sente sabendo que está ajudando outras mães que por algum motivo não puderam amamentar seu filho?”, 48% afirmaram que se sentiam realizadas; 39% sentiam-se felizes e 13% não souberam expressar. Os resultados da pergunta: “Quais os benefícios para a sociedade ao fazer doação de leite?”, 73% disseram que são muitos; 14% disseram poucos e 13% não souberam e não opinaram. Sobre a questão, o ato de doar leite materno promove o reconhecimento de cidadania, 86% das mães responderam sim e 14% disseram que em parte. Considerações finais: O perfil sócio demográfico e obstétrico desse público-alvo, pode ser um fator que se relaciona ao baixo percentual de conhecimento, pois verificou-se que o conhecimento sobre a doação ainda se mostra abaixo do esperado com pouco aprofundamento do assunto. Contudo, os fatores econômicos e culturais não podem ser facilmente modificáveis, necessita de uma política pública e o acesso à educação de modo efetivo a curto prazo, com uma mudança de paradigmas para desmistificar os mitos que permeiam a doação de leite materno. Observou-se que o tema em foco constatou que o ato de amamentar e o desenvolvimento satisfatório da prática da doação de leite humano dependem de como gestantes e mães adquirem tal conhecimento. No entanto, o estudo também demonstrou, que há uma carência de conhecimento e informações passadas as mães, acerca da prática de doação de leite, o que indica a necessidade de um redirecionamento das ações desenvolvidas pelo BLH e reorientação das práticas seguidas pelos profissionais de saúde a fim de estimular o aumento no número de doadoras de leite humano e volume de leite a ser coletado. A identificação do desconhecimento da prática da doação de leite humano e a existência de bancos de leite humano, mesmo que como demonstrado, a maioria das mães realizaram o pré-natal, parece ser um dos principais motivos ao não desenvolvimento da doação de leite humano. Diante disto, deve-se haver uma prática profissional maior no âmbito da atenção primária de ações voltadas para a prática de doação de leite humano, afim de estimular futuras mães a adesão da doação, ainda no pré-natal. Assim, considera-se a necessidade de uma maior e melhor divulgação sobre doação de leite materno, uma vez que as campanhas de incentivo à doação são temporárias e geralmente vinculadas a períodos de escassez de leite nos bancos. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 11757 Título do Trabalho: TRABALHO, ADOECIMENTO E PERCEPÇÕES DE SERVIDORES APOSENTADOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ/UNIFAP. Autores: Selma Gomes da Gomes da Silvs, Renan Mesquita Rodrigues Silva, Miriam da Silveira Perrando, ´Revan Araújo de Souza |
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Apresentação: O trabalho ocupa um lugar fundamental na dinâmica subjetiva do indivíduo, podendo ele ser fonte de garantia de subsistência, posição social, prazer e satisfação. Ao contrário, o afastamento do trabalhador de suas atividades laborais, devido a aposentadoria poderá ser seguido de uma provável perda social do ser humano que, consequentemente, acarretará outros prejuízos como psicológicos, domésticos e familiares, além de coincidir com o processo de envelhecimento natural que traz consigo muito problemas de saúde. Alguns dos efeitos negativos imediatos característicos da aposentadoria poderão ser a redução da renda familiar (perdas salariais), a ansiedade pelo desconhecido, o aumento de consultas médicas e principalmente, a perda de sentido de si. Este estudo faz parte de um plano de trabalho de iniciação cientifica, vinculado a um projeto de pesquisa em desenvolvimento, com o objetivo de conhecer o perfil dos servidores em situação pós-aposentadoria que exerceram suas atividades laborais no contexto acadêmico da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), afim de compreender suas vivências, sentimentos, formas de adoecimento, expectativas e percepções, neste momento de suas vidas. Para tanto, formulamos as seguintes questões norteadoras de pesquisa: qual o perfil, as percepções e vivencias dos servidores na condição pós aposentadoria da UNIFAP? Quais os principais tipos de sofrimento psíquico e adoecimento que acometem servidores (docentes e técnicos) aposentados? Quais as correlações significativas entre variáveis demográficas e variáveis subjetivas, tais como: sentimentos, percepções e vivências frente ao estado de aposentadoria? A pesquisa será de abordagem quantitativa e qualitativa, de natureza descritiva, com o uso da escuta de relatos e narrativas acerca de trajetórias de trabalho e experiências na aposentaria; entrevistas semiestruturadas e aplicação questionários. Os participantes da pesquisa são todos os servidores que se encontram em situação de aposentados, cerca de 63 servidores. Os dados produzidos serão tabulados, analisados e confrontados usando técnicas de estatística descritiva como correlação de Pearson. Essas técnicas visam atribuir maior validade, confiabilidade e significância aos dados obtidos. Espera-se como resultados deste estudo, a construção do perfil desses servidores, compreender suas experiências e narrativas nesse momento de transição em suas trajetórias de trabalho, bem como seus sentimentos, qualidade de vida, tipos de adoecimentos e percepções sobre as vivencias na aposentadoria. Entende-se, portanto que, as mudanças decorrentes desse processo de ruptura com as atividades laborais poderão favorecer o adoecimento, tanto físico quanto emocional, impactando sobretudo, na autoestima pessoal e qualidade de vida, em casos que o trabalhador aposentado, não tenha se preparado para este momento da trajetória humana. |
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Trabalho nº 9618 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE ADOLESCENTES SOBRE O BULLYING: RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Amanda Anne de Abreu Vieira, Márcia Matos Sa Ottoni Letro, Isabela de Souza Santana, Laís de Souza Miranda, Nayara Rodrigues Carvalho |
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Apresentação: A adolescência é um período da vida marcado por profundas transformações fisiológicas, psicológicas, intelectuais, sociais, dentre outros. E é neste período que cada indivíduo se desenvolve de maneira diferente, construindo a sua identidade. Assim, a exposição de adolescentes ao fenômeno do bullying tem impactado diretamente na formação do indivíduo e também na maneira que ele vê e se relaciona com o mundo ao seu redor. O objetivo do trabalho é relatar a experiência de acadêmicos do curso de enfermagem sobre a realização de uma atividade educativa desenvolvida com adolescentes acerca da temática bullying. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência a respeito da atividade desenvolvida durante a disciplina Enfermagem, Saúde e Sociedade II do curso de enfermagem da Universidade Federal de Viçosa. A atividade foi realizada em novembro de 2018, com duração de 40 minutos. Participaram 14 alunos do 6° ano do ensino fundamental público de uma escola de Viçosa, interior de Minas Gerais. A problematização sobre o bullying foi estruturada em duas etapas. A primeira etapa teve como referência o filme “Escritores da liberdade” e consistiu em posicionar uma fita adesiva transparente no centro da sala e duas fitas coloridas paralelas. Após os participantes foram divididos em dois grupos e posicionados ao lado das fitas paralelas. Em seguida eram enunciadas afirmativas aos alunos e conforme se identificavam com o que era dito eles se deslocavam em direção à fita central, caso não se identificassem ficariam no mesmo lugar. Depois de cada afirmativa os organizadores disponibilizavam oportunidade para discussão e compartilhamento de experiências. As afirmativas enunciadas eram “eu já me senti ofendido com alguma brincadeira do meu amigo”, “eu já fiz alguma brincadeira que deixou meu amigo triste”, “eu conto para um adulto quando isso acontece”, “eu sei o que é bullying”, “eu sei as consequências que o bullying pode causar ao outro”. Na segunda etapa foi entregue aos participantes duas maçãs, na qual uma deveria ser elogiada e a outra, insultada. Foi dada a instrução que os xingamentos feitos a uma das maçãs deveriam ser insultos que os mesmos já tivessem sofrido. Anteriormente à atividade os discentes já haviam injetado na maçã que recebeu os xingamentos tinta guache preta com uma seringa e agulha. Em seguida, as maçãs foram partidas ao meio de modo que a maçã xingada estava manchada de tinta, representando o estrago que o bullying faz dentro das pessoas. Resultado: A metodologia possibilitou que os participantes pensassem de maneira crítica-reflexiva sobre o tema proposto. Os alunos demonstraram ter conhecimentos prévios sobre o bullying e suas consequências no dia a dia. Entretanto, muitos relataram ter passado por esta situação em algum momento no período escolar. Considerações finais: A troca de experiência e interação na aplicação da atividade educativa possibilitou compreender e sensibilizar os adolescentes sobre esta temática, tal como, a identificação das vulnerabilidades presentes. Portanto, torna-se evidente ampliar as discussões sobre este tema com este público alvo principalmente na fase escolar. |
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Trabalho nº 9108 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICAS DE SERVIÇO SOCIAL DIANTE DO ACESSO AO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PARA USUÁRIOS COM DEFICIÊNCIA NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) BARREIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Fernanda Barreto Gangorra Alho, Eli Do Socorro Gonçalves Pinheiro, Pabliane Almeida Franco, Ediana Cabral dos Reis |
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Apresentação: O período da graduação em Serviço Social requer aprofundamento teórico -prático, diversas reflexões e indagações para posteriormente atuar criticamente como assistentes sociais a partir do projeto ético-político. Esse trabalho apresenta as vivências de discentes de Serviço Social do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) no período de estágio supervisionado no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) - Barreiro, respectivamente de demandas, atendimentos referentes ao acesso ao Benefício de Prestação Continuada sendo o público pessoas com deficiência e idosos. São apresentadas as atividades realizadas cotidianamente a partir do acolhimento, sala de espera e atendimento individual. Apresentação: O Benefício de Prestação Continuada (BPC) foi garantido na Constituição Federal de 1988 como um dos objetivos da Política de Assistência Social da seguinte forma: um salário mínimo mensal a pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não ter meio de prover a própria subsistência e nem tê-la provida por sua família, em relação a aposentadoria pode ser concedida tanto para pessoas que residem na área urbana como na área rural, seja por idade ou tempo de contribuição. O recorte de gênero ocorre a partir de que Homens podem se aposentar a partir de 65 anos de idade e as mulheres a partir de 60 anos, se estes residirem e atuarem na área urbana. Objetivo: O objetivo do trabalho é socializar a vivência no campo de estágio e a expansão de informações sobre o BPC a partir dos acolhimentos realizados no espaço sócio-ocupacional e como os usuários apresentavam conhecimento sobre a temática. Método: Descrever um relato de experiência de uma vivência no campo de estágio, a partir da realização do acolhimento de 30 usuários do CRAS, abordando o conhecimento da temática em relação as regras, procedimentos para acessar o BPC. Resultado: O atual cenário político, econômico e de ameaças de direitos sociais e a escassez, alienação referente a informações ao acesso do BPC é preocupante, devido, muitos idosos/as ter déficit. A importância de informar a população alvo – usuários/as do CRAS Barreiro é primordial para distinguirem o processo de tais serviços, que perpassam orientações no atendimento para provavelmente se chegar até o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Considerações finais: Conclui-se que a temática possui relevância social, política, educativa, devido, o crescente envelhecimento da população brasileira e o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS Barreiro é um espaço público que deve potencializar cada vez mais informações dos referidos serviços, programas sociais para serem acessados. |
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Trabalho nº 9109 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DE UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) DE BELÉM (PA) SOBRE O TESTE RÁPIDO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: Fernanda Barreto Gangorra Alho, Etiane Prestes Batirola Alves, Beatriz Modesta Moreira, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Amália Bastos Oliveira, Erika Daniely Vaz de Aquino |
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Apresentação: Teste rápido é um teste sorológico que detecta Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), Sífilis, Hepatites B e C. Dessa maneira, é uma estratégia que possibilita o diagnóstico precoce e, consequentemente, o início do tratamento em tempo oportuno dessas doenças, proporcionando assim maior resolubilidade e qualidade no atendimento, principalmente em segmentos populacionais mais vulneráveis. Objetivo: Procurou-se observar se os usuários/as apresentavam conhecimento sobre o Teste Rápido e as patologias detectadas pelo mesmo, com o intuito de visualizar deficiências acerca da temática e explicitar as ISTs. Abordando seus sintomas, tansmissibilidade, diagnóstico, tratamento e a importância dos Testes Rápidos como forma de prevenção. Método: Descrever um relato de experiência de uma ação educativa com os usuários de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) em Belém (PA). Diante disso, foi realizado uma sala de espera pelos participantes do PET/Interprofissionalidade para 15 usuários que aguardavam por consultas de Enfermagem e Médica. Inicialmente foi indagado se os mesmos tinham conhecimento sobre o Teste Rápido e a diferença entre HIV/AIDS. Em seguida esclareceu-se o que é, quais patologias são detectadas e como é realizado o Teste. Fez-se a diferença entre HIV/AIDS, abordou-se sobre as demais patologias detectadas pelo teste (sífilis, hepatites B e C) e a ética por parte dos profissionais. Para finalizar foram elucidados mitos e verdades sobre as doenças, deu-se também oportunidade para os usuários tirarem algumas dúvidas, as quais foram sanadas. Resultado: Foi notório o interesse por parte dos usuários que participaram da ação quando foram solicitados. Dos 15 usuários presentes, 10 (66,66%) não tinham nenhum conhecimento do que era Teste Rápido e 5 (33,33%) já tinham ouvido falar, porém não sabiam explicar. Em relação à diferença entre HIV/AIDS, 8(53,33%) presumiam serem termos equivalentes e 7 (46,66%) compreendiam que são definições diferentes, sendo que destes apenas 1 pessoa tentou diferenciá-los, citando o potencial de agressão como característica definidora. E por fim, 2 usuários comentaram sobre experiências com familiares portadores de HIV/AIDS e sobre os preconceitos vivenciados pela própria família. Considerações finais: Diante disso, nota-se que é de suma importância esclarecer como sucede a realização do teste-rápido em uma sala de espera, salientando as ISTs que são detectadas no teste, além de esclarecer as dúvidas dos usuários acerca destas doenças. Vale ressaltar que, é de grande relevância a confidencialidade do profissional que está realizando o teste, para que o usuário se sinta seguro ao responder o questionário que lhe será cedido. |
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Trabalho nº 6043 Título do Trabalho: BARREIRAS PARA A MANUTENÇÃO DO AME: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE Autores: Luciana Rodrigues da Silva, Sabrina Edwirges Gomes Garzedim, Maria Estela Diniz Machado, Ana Luiza Dorneles da Silveira, Marialda Moreira Christoffel |
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Apresentação: O leite materno contém, além de nutrientes necessários as demandas energéticas e metabólicas da criança, substâncias bioativas que atuam proporcionando que seu crescimento e desenvolvimento ocorram de forma saudável. O aleitamento materno exclusivo é definido como a oferta de somente leite materno, sem necessidade de sucos, chás, água e outros alimentos até os 6 meses. Porém, mesmo com todas as políticas de apoio ao AME, sua prevalência não atingiu as metas determinadas pela OMS. Objetivo: Analisar a percepção dos profissionais de saúde as dificuldades que as mães encontram em manter o aleitamento exclusivo. Desenvolvimento: Estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado em uma unidade pública de saúde do município de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Participaram da pesquisa profissionais de saúde, de nível técnico e superior, que atuam em setores voltados à atenção a saúde da mulher e da criança. O trabalho se baseia em uma pesquisa multicêntrica intitulada “Aleitamento materno exclusivo: determinantes socioculturais no Brasil”, coordenado pela EEAN/UFRJ. O período de coleta de dados ocorreu de outubro 2018 a abril de 2019, utilizando técnicas de entrevista semiestruturada com formulário específico. As entrevistas foram gravadas e transcritas para análise posterior. As transcrições das entrevistas foram analisadas através do software IRAMUTEQ, utilizando a nuvem de palavras, classificação hierárquica descendente e análise de similitude, que organizam e agrupam as palavras de acordo com sua frequência no corpus e segmentos de texto correspondente aos textos transcritos da entrevista. Resultado: Na nuvem de palavras observo-se como palavras mais frequentes: não (47 vezes), criança (13 vezes), trabalho (12 vezes), ficar e dar (11 vezes), amamentar (9 vezes), voltar a trabalhar (9 vezes) e peito (8 vezes) na transcrição das entrevistas para a elaboração do corpus textual. A palavra “não” reflete o déficit de conhecimento sobre a realidade das mulheres que frequentam a unidade de saúde. “Voltar a trabalhar e trabalho” se inserem no contexto da mulher e o mercado de trabalho. O IRAMUTEQ determinou três classes de palavras que caracterizam as dificuldades de manter o AME: causas de interrupção do AME (27,3%), rede de apoio (31,8%), insegurança (40,9%). Considerações finais: O puerpério é uma fase da maternidade em que a mulher ainda está se adaptando à maternidade, mesmo sendo ela multípara, pois traz modificações corporais e comportamentais, alterando sua rotina. Mulheres envolvidas no processo de amamentação, estão sujeitas à diversos estressores que podem ter impacto negativo na continuidade do AME. Como a volta ao trabalho após somente quatro meses de licença maternidade, falhas na rede de apoio da mulher e a insegurança quanto a qualidade do leite materno e a efetiva nutrição adequada da criança e o manejo da amamentação. É necessário que o profissional de saúde envolvido na assistência da mulher, observe as características e necessidades a que ela está sujeita, a fim de criar estratégia, que englobem o pré-natal e puerpério, incluindo a família, formando uma rede de apoio que a auxilie no cuidado com a criança, dando suporte para a continuidade ao AME. |
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Trabalho nº 9629 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA SOBRE AS NORMAS PARA A PRODUÇÃO DO CUIDADO AOS USUÁRIOS COM DOENÇA DE CHAGAS Autores: Taise de Alcantara Amancio, Hebert Luan Pereira Campos dos Santos, Hildebrando Antunes Neto, Maria de Lourdes Lacerda Lemos, Josilene Silva Oliveira, Verônica Alves Campos, Eliana Amorim de Souza, Nilia Maria de Brito Lima Prado |
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Apresentação: A Doença de Chagas (DC) caracteriza-se por uma condição clínica infectocontagiosa, compondo o grupo das doenças negligenciadas definidas pela Organização Mundial da Saúde. Causada pelo Trypanosoma Cruzi, a doença apresenta manifestação clínica variável envolvendo como complicações cardiopatia grave, megaesôfago ou megacólon. Contudo, ainda que nos últimos 20 anos, avanços importantes foram alcançados para o controle da DC, os indicadores de mortalidade relacionada à enfermidade no Brasil persistem em níveis elevados, apresentando-se como um importante problema de saúde pública. Além das condições individuais, outros fatores relacionados aos níveis de endemia, condições precárias de vida e de saúde e o alto índice de ocupação das moradias, influem no risco de adoecer. Este cenário reflete o caráter negligenciado desta patologia, que prossegue com a subnotificação e acesso limitado ao diagnóstico e tratamento específico da grande maioria das pessoas acometidas. Nesta perspectiva, obter bons resultados requer um trabalho multidisciplinar e intersetorial nos municípios. Nesse sentido, o papel da Atenção Primária à Saúde (APS) no diagnóstico e acompanhamento desses pacientes é fundamental, para estabelecer um fluxo de ações nos serviços por constituir-se como ordenadora e coordenadora da rede de atenção à saúde, sendo um nível de atenção essencial para eliminação da doença no Brasil. Ante ao supracitado, este estudo propõe-se a analisar como os profissionais de saúde da APS percebem e compreendem as ações propostas pelas legislações e normas técnicas para assistência aos usuários acometidos pela DC em um município do sudoeste da Bahia. MÉTODOSPara identificar as percepções destes profissionais da rede municipal de saúde definiu-se como método de investigação a pesquisa de abordagem qualitativa, a qual permite compreender significados, valores e atitudes envolvidas na realidade humana. O referido município está localizado na região sudoeste da Bahia, com mais de 500 Km de distância da capital Salvador possui uma cobertura de 100% de Estratégia Saúde da Família e de acordo com parâmetros específicos é considerado um município de alto risco para a transmissão vetorial da doença de Chagas. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas in locus, através de observação direta e de análise documental, entre os meses de julho à setembro de 2019. Foram realizadas entrevistas com cinco profissionais de saúde que atuam em unidades básicas ou unidades saúde da família. Os dados coletados foram inicialmente analisados por meio da leitura flutuante das respostas, sistematização das ideias iniciais e exploração do material para codificação e exploração das questões centrais. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa integração de ações de vigilância, prevenção e controle de doenças tropicais negligenciadas: perspectivas epidemiológicas e operacionais para hanseníase e doença de Chagas no SUS no sudoeste do Estado da Bahia, desenvolvido por docentes, estudantes de graduação e pós-graduação do Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho foi aprovado pelo Edital FAPESB nº 003/2017, Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia – Campus Anísio Teixeira, através do parecer nº 2.644.039. Resultado: A partir da análise dos dados foi possível identificar que os profissionais de saúde da APS possuem um conhecimento superficial sobre a doença de Chagas, suas formas clínicas, complicações e tratamento específico. Soma-se a isto, todos indicaram que o rastreamento para a identificação da doença e o seguimento do paciente diagnosticado no âmbito da APS, eram incipientes. Nota-se, que mesmo diante de um município de alto risco para transmissão vetorial da DC, é relatada a quase inexistência/desconhecimento de casos da enfermidade, não há informações sobre os pacientes portadores da doença no território de abrangência das unidades, e consequentemente, o seguimento não ocorre de acordo com as propostas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Cabe ressaltar, que a informação é primordial para o planejamento estratégico e para a tomada de decisões, para tanto, deve incorporar a adoção de diferentes estratégias de vigilância epidemiológica, como inquéritos populacionais, chamadas nutricionais e produção científica, com destaque para as ações nos serviços de saúde. Contudo, percebe-se que os poucos casos descobertos acontecem de maneira passiva por intermédio de demanda espontânea e/ou encaminhamentos. Deve-se considerar ainda, que a maior parte das zonas rurais do município possuem localidades distantes e de difícil acessibilidade geográfica o que dificulta ainda mais o acesso aos serviços de saúde. Para a reorganização das práticas de saúde no âmbito da Atenção Básica é fundamental que a equipe conheça os problemas e necessidades em saúde da população do seu território, assim como os possíveis aspectos promotores de sua saúde. Essa prática possibilita pensar e fazer saúde com base no contexto de cada realidade social, cujos acontecimentos que afetam a vida, e consequentemente a saúde das populações, são decorrentes de interações e situações diversas. Ainda, a maioria dos profissionais entrevistados ao serem questionados sobre as ações para a doença de Chagas relatam que a doença não é realidade das unidades de atenção primária e que as intervenções para seu enfrentamento são realizadas pela vigilância epidemiológica/entomológica, inferindo que o controle e cuidado voltado para a referida enfermidade sejam de responsabilidades, majoritariamente, dos setores supracitados. No entanto, a APS abrange atributos facilitadores para a superação da transmissão do Trypanosoma Cruzi e prevenção de complicações da doença, ressaltando-se, a territorialização, o vínculo com a comunidade, a longitudinalidade do cuidado e a integralidade da assistência. Ademais, o desenvolvimento deste estudo permitiu constatar, a partir da percepção dos profissionais, a inexistência de fluxos definidos para assistência aos pacientes com DC e a referência destes para os serviços especializados, fato que demonstra a fragilidade das ações voltadas para o cuidado em saúde dentro do município. Frente a ocorrência de casos novos, os fluxos assistenciais são conduzidos em articulação com a vigilância epidemiológica. Considerações finais: Diante um diagnóstico de DC, espera-se que os serviços de saúde estejam minimamente capacitados para ofertar tratamento e acompanhamento destes usuários, incluindo reabilitação. Estudos dessa natureza são fundamentais na criação, avaliação e no aprimoramento do sistema de saúde brasileiro, na busca de compreensão da realidade e na melhoria do cuidado ofertado ao usuário. As constatações descritas interferem negativamente na capacidade da atenção básica em diagnosticar precocemente e tratar os casos da DC, permitindo que se instale complicações que produzem impactos sociais, aumento da morbimortalidade e aumento dos gastos públicos de saúde e previdência. Ademais, perpetua-se o status de negligência da DC, essencialmente, pouco discutida nas universidades e de inexpressiva mobilização política dada baixa visibilidade da patologia. Neste aspecto, ressalta-se que a formação de recursos humanos em saúde precisa estar voltada para o reconhecimento da doença, com preparo técnico adequado e comprometida. Referente a organização da rede de serviços, destaca-se a urgência de articular os níveis de distintas complexidades, estabelecendo fluxos assistenciais a fim de oferecer integralidade do cuidado. Assim como em boa parte do Brasil a enfermidade continua sendo um desafio no município em questão, por isso o desenvolvimento de análises como essas se mostram fundamentais para orientar os municípios na construção de medidas que deem conta de garantir cuidado à saúde em tempo oportuno para os casos crônicos e agudos visando a redução da mortalidade por essa doença. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7079 Título do Trabalho: A CIDADANIA DOS DESVIANTES: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DE UM CAPS AD SOBRE DIREITOS, AUTONOMIA E CUIDADO EM LIBERDADE. Autores: Ana Maria Thomé, Luciana Togni de Lima e Silva Surjus |
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Apresentação: Experiências de cuidado em liberdade reorientam a assistência no campo da saúde mental indo em direção à implantação de serviços abertos, comunitários e em consonância com o preconizado pelos Direitos Humanos. Iniciativas que reafirmam e sustentam um outro lugar para os usuários dos serviços de saúde mental vem sendo implementadas visando resistir ao recrudescimento de práticas manicomiais com o advento de governos de caráter conservador. A Gestão Autônoma da Medicação (GAM), estratégia canadense adaptada para o Brasil pelo grupo de estudos da Universidade Estadual de Campinas "Interfaces" e pela Associação Florescendo a Vida de Usuários, Amigos e Familiares dos Serviços de Saúde Mental de Campinas (AFLORE), procura democratizar as relações entre trabalhadores e usuários no poder decisório no uso de medicamentos no contexto da saúde mental. Inspirada nos pressupostos da GAM, a presente pesquisa analisou como um grupo de usuários do CAPS AD de Santos (SP) entende e opera conceitos como autonomia, direitos, tomada de decisão sobre o tratamento no CAPS incluindo, aqui, a gestão sobre o uso de psicotrópicos.Trata-se de uma pesquisa avaliativa de quarta geração que leva em conta os diferentes pontos de vista produzidos pelos participantes, estimulando a utilização dos resultados em benefício do grupo que propõe e/ou participa de determinado estudo. Para participar da pesquisa, o participante precisava ter 18 anos, ou mais e estar em tratamento no CAPS. Sua participação seria aceita mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Através da realização de um grupo focal com roteiro pré-definido, foram construídos núcleos argumentais. Posteriormente, foi apresentada uma narrativa ao grupo, valendo-se da hermenêutica de Gadamer (2001). Posteriormente, a narrativa foi apresentada, modificada e validada pelo grupo. A pesquisa foi registrada na Plataforma Brasil (CAAE 87392718.0.0000.5404), com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP. Extraiu-se do grupo focal onze núcleos argumentais. A narrativa sintetizando a discussão do grupo focal foi exibida aos participantes num segundo encontro. Na ocasião, pesquisadora e grupo trabalharam conjuntamente na modificação e validação da narrativa que representasse a produção do grupo focal. Aspectos como a escassez de alternativas terapêuticas e a priorização da prescrição medicamentosa foram negativamente destacadas. Outro ponto refere-se ao tipo de relação que os profissionais estabelecem com quem precisa de apoio, caracterizado como pouco democrático e reforçando a sensação de invisibilidade vivenciada pelas pessoas acompanhadas no CAPS AD, sobretudo às que estão morando na rua. É desafio para as rede da atenção psicossocial construir com os usuários uma leitura crítica da realidade com tônus para transformá-la. A GAM talvez seja uma estratégia que proporcione a reflexão sobre práticas segregativas vivenciada pelos usuários. Talvez a GAM, possa ampliar a potência destes atores na construção coletiva de saídas terapêuticas criativas, bem como de uma análise crítica que produza transformação. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8630 Título do Trabalho: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS PERCEPÇÕES DE UMA EQUIPE DE EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE Autores: Ygor Costa Franco, Ana Luiza Guedes Valente, Luciana Mara Negrão Alves, Giovanna Campos Santos, Evellyn Silva Dutra |
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Apresentação: Mesmo com a atual forma do Sistema Único de Saúde (SUS) que apresenta empecilhos para uma prática que alcance melhores resultados, os profissionais devem conviver cada vez mais com problemas complexos para resolver. Dentre as fraquezas do SUS, e em outros sistemas de saúde, estão a falta de mão-de-obra e um sistema fragmentado que não consegue ver o paciente de forma integral e ter um tratamento continuado. Diante disso, uma possível solução é a prática colaborativa, onde o profissional da saúde consegue angariar maior eficiência com desfragmentação do sistema, melhoria no resultado da saúde e otimização do serviço. Para os profissionais realmente colaborarem entre si, diferentes profissões com diferentes experiências prévias devem aprender melhor com o outro, sobre o outro e entre si, para entender bem seu papel na equipe e dos outros funcionários, essa forma de aprendizado é chamada de educação interprofissional (EIP) em saúde. Assim sendo, os formuladores de políticas públicas devem se apoiar nessa metodologia de ensino para conseguir uma força de trabalho efetivamente colaborativa, e uma dessas formas é o Programa Ensino pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), que aproxima o eixo ensino-serviço-comunidade por meio da inserção de alunos de curso da saúde no trabalho e consequente melhoria da formação dessa futura força de trabalho. O objetivo do presente trabalho é relatar a experiência acerca de um grupo de PET-Saúde. Desenvolvimento: O grupo do PET-Saúde, que contêm acadêmicos de enfermagem, fisioterapia, nutrição e farmácia, bem como preceptores de odontologia, fisioterapia e enfermagem, realizou encontros que ocorreram uma Unidade Básica de Saúde da Família, a cada sexta-feira, na parte matutina. O intuito foi atuar na promoção, prevenção e recuperação da saúde por meio de ações com enfoque em condições crônicas de saúde conforme a demanda da unidade e do perfil populacional de abrangência da mesma. O grupo conseguiu fazer várias ações de educação em saúde que abrangeram todas as profissões e os participantes atuaram de forma a dividir papéis. Resultado: Todos da equipe se mostravam receosos no começo em relação de como iria se desenrolar o programa, pois nenhum tinha contato prévio com a EIP. Dentre as fraquezas observadas estão recursos físicos da unidade precários e equipe da rede com pouca interação, já dentre as potencialidades estão a união e vontade de aprender com o outro dos acadêmicos e preceptores. Depois de vários encontros, todos se mostraram satisfeitos com os encontros e com o nível de interação alcançado e com muita expectativa para o futuro. Considerações finais: É visível a necessidade de achar uma solução para a crise na mão-de-obra da saúde e a educação interprofissional para a prática colaborativa se faz como uma ação possível de ser aplicada, porém de forma gradual e em longo prazo, pois é mais viável aproximar a academia da EIP e assim a força de trabalho futura do que capacitar todos os funcionários atuais. |
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Trabalho nº 8121 Título do Trabalho: CUIDANDO DE QUEM CUIDA: O LAZER NA PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UMA UTI Autores: Martin Dharlle Oliveira Santana, Ana Paula Machado Silva, Bárbara Carvalho de Araújo, Bruno Costa Silva, Vitor Pachelle Lima Abreu, Alderise Pereira da Silva Quixabeira, Ruhena Kelber Abrão Ferreira |
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Apresentação: Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é promovida uma assistência voltada para pacientes graves, porém recuperáveis, mas que necessitam de cuidados e intervenções especializadas, levando os profissionais de saúde, principalmente os da equipe de enfermagem, para uma jornada de trabalho prolongada, impedindo-os, muitas vezes, de buscarem o lazer como uma medida de descanso. O lazer atualmente é visto como uma característica individual da pessoa, apresentando assim, variações necessárias para proporcionar a construção de momentos atenuantes para um descanso físico, mental, social e espiritual. O uso adequado de atividades de lazer desencadeia a melhoria da utilização de processo de trabalho, convívio familiar e de atributos sociais. O profissional que realiza atividades de lazer consegue executar a assistência de forma prazerosa e com excelência fazendo com que o paciente melhore seu quadro clínico de forma mais célere, proporcionando estratégias eficazes no processo saúde e doença destes. Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo analisar o lazer na percepção da equipe de enfermagem da UTI no Hospital Geral de Palmas, Tocantins. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cunho descrito e explicativo. Serão pesquisados os Técnicos em Enfermagem e os Enfermeiros, lotados na Unidade de Terapia Intensiva Adulta e Pediátrica no Hospital Geral de Palmas. A amostra foi calculada por meio de uma margem de erro de 5% sobre o total de 35 profissionais da equipe de Enfermagem, delimitando assim, 31 atuantes nesse setor. Através da análise em bases de dados, nota-se que a equipe de Enfermagem na maioria dos casos, precisam de dois ou mais empregos para manter uma renda desejada, com a rotina de trabalho longa, as atividades de lazer ficam deixadas de lado, levando a um cansaço físico e emocional. Portanto, além da necessidade de se conhecer a percepção desses profissionais sobre o lazer, será importante também analisar como essa prática pode favorecer na assistência prestada aos pacientes. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6074 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE PROFESSORES A RESPEITO DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL (EAN) PODERÁ AJUDAR NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE Autores: Bruno Ribeiro da Mota, Aluísio Gomes da Silva-junior |
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Atualmente, crianças e adolescentes de todo planeta estão sendo incentivadas a consumir alimentos de baixo valor nutricional, devido às influências diversas como: os pais, a pressão dos colegas e a publicidade (WHO, 2003). Esses fatores, somado ao sedentarismo, estão influenciando no aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade infantil nas últimas décadas, que por sua vez se associa a Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), refletindo negativamente na qualidade desses jovens (SOUZA et al., 2004). A importância da alimentação durante todas as fases de vida humana é absolutamente óbvia. Na infância, além da sobrevivência, a boa nutrição é indispensável para o crescimento e desenvolvimento adequados. Também nesta fase de desenvolvimento que devem ser estabelecidos os bons hábitos alimentares, que continuarão na adolescência e na idade adulta. Por estes motivos se deve iniciar a promoção da saúde e prevenção de algumas Doenças Crônicas Não Transmissíveis do adulto, na infância (DUTRA DE OLIVEIRA e MARCHINI, 2006). O Período infantil é um momento do desenvolvimento humano onde os hábitos alimentares são formados, estes são determinados principalmente por fatores fisiológicos, socioculturais e psicológicos, que tendem a se manterem ao longo do restante da vida (PESSA, 2008). É na escola o local onde as crianças passam grande parte de sua infância, onde esse ambiente atua de maneira significativa na formação de opiniões e na construção de conceitos, sendo um local de referência para a implementação de qualquer programa que vise à educação dos alunos (CAMPOS e ZUANON, 2004). As unidades escolares, nesse contexto, aparecem como locais privilegiados para o desenvolvimento de ações de melhoria das condições de saúde e do estado nutricional das crianças. Sendo um setor estratégico para a concretização de iniciativas de promoção da saúde, como o conceito da “Escola Promotora da Saúde”, que incentiva o desenvolvimento humano saudável e as relações construtivas e harmônicas (PARANÁ, 2010). Desta maneira, pode-se intervir positivamente nos hábitos alimentares destas crianças través de atividades de Educação Alimentar Nutricional, onde os profissionais de educação têm a responsabilidades de promoverem essas ações. Para que essas atividades ocorram de maneira coerente com o que preconiza o guia alimentar brasileiro, é preciso entender qual a percepção dos professores a respeito da alimentação saudável e suas práticas de EAN dentro da escola, e por isso há necessidade de um trabalho como este, que tem o objetivo de conhecer a percepção dos professores do primeiro segmento de três escolas em Paracambi, RJ. A relevância deste trabalho se deve ao fato de estar envolvido na tentativa de se melhor trabalhar a EAN nas escolas, Pois é principalmente na infância e adolescência, os períodos nos quais os fatores externos e internos interagem fortemente com o indivíduo, desta forma ele começa a exercer com mais autonomia as suas escolhas alimentares. Nesse contexto, é de grande importância o estabelecimento de uma EAN, que deve ter início desde a infância, como forma de oferecer elementos que permitam ao indivíduo avaliar suas verdadeiras demandas de saúde através da alimentação, promovendo assim hábitos alimentares saudáveis (BOOG,1999). A escolha do espaço escolar se justifica, por ser a escola um local com finalidades educativas e formadoras, pelo quais deveriam passar todas as crianças e jovens do país, já que permanecem um período de seu dia e grande parte de sua vida. Nas escolas, os estudantes na sua maioria consomem alimentos refletindo e compartilhando hábitos, preferências, modismos e comportamentos alimentares (ZANCUL, 2008). É importante destacar a necessidade de integração dos profissionais docentes e não docentes, pais e parceiros, na construção coletiva de um projeto pedagógico em que a inclusão transversal desse tema seja contemplada no currículo, oportunizando uma aprendizagem significativa na direção das escolhas alimentares saudáveis (CAMOZZI, 2015). O professor pode potencializar o desenvolvimento de ações no campo da Educação Nutricional no ambiente escolar. Destaca-se, entretanto, a necessidade de formação deste profissional, uma vez que a sua formação técnica não abrange conhecimento específico da área de Nutrição, necessário para intervir neste âmbito (ASSAO; CERVATO-MANCUSO, 2008). Esta consideração também é afirmada por Glanz, Lews e Rimer (1990), por compreenderem que professores informados e motivados podem se tornar agentes transformadores do comportamento alimentar de crianças. Neste sentido, o Nutricionista, a partir de sua formação específica, necessária para a elaboração de estratégias e intervenções em educação nutricional, pode atuar na formação de professores. Além da formação, o nutricionista pode envolver-se em outras ações, como o desenvolvimento de metodologias e materiais necessários para avaliação e monitoramento da intervenção realizada. Porém há a necessidade de conhecer a percepção dos professores a respeito da educação nutricional e o que eles demandam como necessidade de aprimoramento técnico a respeito da alimentação saudável. O trabalho de campo será realizado em três unidades escolares na cidade de Paracambi (RJ). Sendo uma de caráter urbana particular e duas públicas, uma na esfera urbana e outra na rural, pois dessa maneira será possível abranger uma maior variedade sócio demográfica e econômica, o que poderá enriquecer a qualidade das informações que vão ser expressas no campo. Em cada escola será realizada uma pesquisa, com a ferramenta de questionário semiestruturado e entrevistas abertas. Serão entrevistados cinco professores, um de cada ano que constitui as séries iniciais do ensino fundamental, totalizando 15 docentes. O caráter de inclusão ou exclusão no processo de escolha dos professores poderá ser aleatório de acordo com o dia das entrevistas, mas a priori não é possível afirmar que há uma seleção de escolha e como ela será feita, pois acredito que tais escolhas o próprio campo oferecerá ou se confrontar com a realidade de cada escola. Ao final de cada estudo de caso, ou seja, das cinco entrevistas em cada uma das três escolas, estarei construindo um diário de campo para registrar de forma escrita minha percepção a respeito de como foi a reação dos entrevistados e como era o ambiente de trabalho desses profissionais. Para finalizar, será realizada a terceira fase do projeto, a transcrição dessas entrevistas e análise de conteúdo segundo Bardin (1977 e 2002), onde haverá o cruzamento de dados através da triangulação para análise das informações coletadas com as informações contidas no diário de campo e os dados socioeconômicos, de acordo com Minayo (2010). Este trabalho poderá contribuir com o processo de formação em/na saúde, pois procura conhecer a percepção dos professores, do primeiro segmento do ensino fundamental de Paracambi (RJ), sobre o tema educação alimentar e nutricional (EAN) através da análise de conteúdo de entrevistas abertas. Conhecendo as dificuldades e facilidades expressas por eles, a respeito da EAN no ambiente escolar. Caso seja percebida a necessidade, poderá ser elaborado um trabalho de intervenção para adequar o conhecimento técnico a respeito da EAN de forma coerente com a realidade dos envolvidos. Desta maneira, será possível conhecer a percepção dos professores e também às múltiplas dimensões sociais do ato de se alimentar. Podendo-se reformular estratégias de ensino-aprendizagem, promovendo assim, ambientes mais favoráveis para realização de práticas de promoção da saúde nutricional. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6077 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO E VIVÊNCIA DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM NA PARTICIPAÇÃO DE UMA ATIVIDADE FILANTRÓPICA RELACIONADA A UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Autores: CRISTINA RIBEIRO MACEDO, CLAUDIA SOUZA DOURADO, AMÉLIA TOLEDO DA SILVA, MARIANA RIBEIRO MACEDO, RAQUEL VICENTINI OLIVIERA, MARIANA GUERRA PAGIO, POLIANA WARMOCK SOARES, LAYLLA RIBEIRO MACEDO |
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Apresentação: O espaço acadêmico detém uma grande responsabilidade no sentido de apresentar e preparar o aluno para as mudanças dos paradigmas sociais que veem ocorrendo na humanidade, faz-se necessária a formação de profissionais com o olhar ampliado acerca do cuidado das comunidades, seja no âmbito social, biológico ou ambiental. Ações de responsabilidade social integradas a métodos pedagógicos ocorridos no espaço acadêmico, favorecem a construção do conhecimento baseado em experiências individuais ou coletivas. Objetivo: Descrever a percepção e vivência dos acadêmicos de enfermagem na participação de uma atividade filantrópica relacionada a um projeto de extensão em uma maternidade escola. Método: Relato de experiência a partir da percepção dos acadêmicos de enfermagem da EMESCAM com a realização de um bazar na maternidade escola. Resultado: A compreensão por parte dos acadêmicos quanto a ação desenvolvida foi identificada no contexto do projeto da academia como uma ação holística no processo ensino-aprendizagem. Na percepção dos acadêmicos, toda a construção e desenvolvimento do projeto, contribui para empreender reflexões acerca do consumo responsável, unindo esforços no alcance de um objetivo único. O compartilhamento sustentável propiciou a aproximação com os profissionais da maternidade escola, as pessoas que realizavam aquisições no bazar, compartilhavam com os seus pares estimulando o uso do espaço. Considerações finais: O processo ensino-aprendizagem suplanta os muros da academia, a aquisição de competências que irão determinar a formação profissional, poderá ocorrer de forma não convencional em ações não necessariamente de cunho científico, o tom acadêmico ocorre a partir da valorização e discussão que surge a partir do ato. Oportunizar aos discentes a vivência de uma atividade que representa a sustentabilidade, integrando ensino e serviço, proporciona despertamento da consciência acerca da responsabilidade social. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8640 Título do Trabalho: REPERCUSSÕES DO ESTÁGIO EM SAÚDE PÚBLICA DO CURSO DE FISIOTERAPIA EM UM BAIRRO NO INTERIOR DO AMAZONAS – PERCEPÇÕES DE DOCENTES SUPERVISORES Autores: Alessandra Araújo da Silva, Juliberta Alves de Macêdo |
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Apresentação: O estágio supervisionado em Saúde Pública do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas do município de Coari proporciona aos acadêmicos a vivência no contexto das ações da Atenção Primária à Saúde (APS). O bairro que recebe o estágio assemelha-se a uma área rural, as condições socioeconômicas e de saúde dos moradores, bem como a infraestrutura do bairro são precárias. Objetivo: Relatar a experiência de supervisores do estágio em Saúde Pública elucidando como a presença de estudantes e docentes do curso de Fisioterapia na APS impactam e repercutem numa comunidade. Desenvolvimento: O estágio contou com a participação de estagiários acompanhados por uma docente no semestre de 2019.1. Realizou-se uma reunião com os ACS para discutir quem necessitava de atendimento fisioterapêutico e após a organização do serviço, os estagiários se direcionaram ao encontro dos pacientes. Foi observado que após o início dos atendimentos em domicílio, a comunidade local mobilizou-se em busca de assistência reabilitativa para algum conhecido ou parente, refletindo na demanda de atendimentos. As buscas de atendimentos em Fisioterapia foram para crianças, adultos e idosos. Resultado: Muitas das incapacidades funcionais encontradas foram em pessoas que durante a maior parte da vida tiveram como atividade laboral a agricultura ou estão aposentadas. Outro aspecto percebido foi que o indivíduo que necessita de atendimento em Fisioterapia é o provedor familiar. Essas pessoas veem naquele profissional a esperança de retornar à atividade laboral que gera renda financeira para sua família. Assim como a comunidade local, os profissionais da atenção primária da UBS, também valorizaram a equipe de Fisioterapia, porque houve interdisciplinaridade na atuação dos casos, propiciando uma melhor atenção à saúde da comunidade. O estágio foi finalizado com a IX Feira de Saúde Pública, que contou com atendimentos em diversas áreas e educação em saúde à comunidade. A feira mobilizou os moradores da comunidade, que compareceram em peso e participaram de todas as atividades proporcionadas. A valorização da equipe de fisioterapia da universidade pode ter sido influenciada pelo acolhimento ao usuário com a escuta qualificada desde o primeiro contato em seu domicílio, devido a longitudinalidade do cuidado, além de fatores sociais, como as limitações econômicas dos moradores, situação de moradia e infraestrutura precária do bairro. Essa valorização mostra ao estagiário a importância do profissional fisioterapeuta na atenção primária, pois a comunidade reconhece o trabalho desempenhado por este profissional, que carrega em sua essência a reabilitação. Apesar da dificuldade de alcançar determinadas residências, condições climáticas adversas e ausência de alguns materiais, ainda foi possível ofertar um atendimento de qualidade à comunidade. Considerações finais: O estágio em Saúde Pública oferece aos moradores do bairro um atendimento diferenciado e por isso é bastante valorizado pela população local. O contato no lar proporciona ao acadêmico a inserção da família no processo de cuidado e um melhor feedback com os serviços de saúde da APS. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9679 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DE TRABALHADORAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA ACERCA DE DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA PRODUÇÃO DO CUIDADO LONGITUDINAL Autores: Danielly Maia de Queiroz, Lucia Conde de Oliveira |
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Apresentação: O processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família (ESF) envolve múltiplos aspectos para estar alinhado às necessidades de saúde da população sob sua (co)responsabilidade sociossanitária. Nesse contexto, considera-se que a gestão do cuidado integral assumida pelas equipes da ESF envolve ações consonantes de “produção do cuidado” na unidade de saúde e no território, e de “coordenação do cuidado” entre os distintos pontos que compõem a rede de atenção à saúde, ambas as ações potencializadas pela longitudinalidade do cuidado alicerçada no princípio da integralidade, que tende a fortalecer progressivamente as relações de vínculo e de confiança entre trabalhadores de saúde e usuários. Feuerwerker (2011) destaca que mesmo diante da possibilidade de desencontros de expectativas e do estabelecimento de relações assimétricas, a gestão do cuidado se propõe a superar as insuficiências de conhecimento sobre a situação de vida das pessoas, a pobreza dos vínculos, a referência sem responsabilização, a contrarreferência não efetivada e os protocolos construídos unilateralmente que acabam não sendo adotados. Segundo a autora, nessa “cadeia de cuidado em saúde” estariam envolvidos arranjos que articulariam acesso, vínculo e continuidade do cuidado, levando-se em consideração os seguintes cenários: dentro das unidades, no território e entre os serviços. Todavia, apesar de dispormos de múltiplas evidências científicas e de argumentos bem fundamentados em favor da relevância de um acompanhamento longitudinal de indivíduos, famílias e coletivos, assumido pelas equipes da ESF, as modificações normativas feitas na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) em 2017 tende a dificultar a concretização desse modo de produção do cuidado devido, por exemplo, à flexibilização da composição da equipe e da carga-horária de trabalho, a não exigência de cobertura de 100% do território por agentes comunitários de saúde (ACS) e à falta de precisão em relação aos serviços e às ações da atenção básica que assegurem a integralidade do cuidado em rede. Morosini e Fonseca (2017) fazem projeções preocupantes relacionadas a essas mudanças, destacando a fragilização do trabalho em equipe diante das pressões por produtividade da lógica gerencialista hegemônica, a acentuação da vulnerabilidade dos trabalhadores de saúde em virtude da flexibilização do regime de trabalho e o aprofundamento da perspectiva biomédica, medicalizante e procedimental no cotidiano dos serviços. Sem perder de vista esse atual cenário, objetiva-se aqui sistematizar os desafios e as potencialidades elencados por trabalhadoras da ESF de um município de grande porte acerca da produção do cuidado longitudinal. Desenvolvimento: Trata-se de um recorte da tese de doutorado em saúde coletiva intitulada “Estratégia Saúde da Família na gestão do cuidado em rede: avaliação participativa com trabalhadores de saúde, lideranças comunitárias e equipe gestora”, pesquisa empírica vinculada ao projeto: “Avaliação da qualidade da atenção à saúde a usuários com agravos crônicos em duas regiões de saúde no Ceará”, financiado pelo Edital 01/2017 do Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em Saúde/PPSUS–CE/FUNCAP-SESA-Decit/SCTIE/MS-CNPq. Assumiu-se como inspirações teórico-metodológicas a “Avaliação de Quarta Geração” de Guba e Lincoln (2011) e a “Hermenêutica Filosófica” de Gadamer (2011). A fase de campo se deu entre os meses de janeiro e outubro de 2018, em Maracanaú (CE), município de grande porte pertencente à 3ª Região de Saúde do Ceará. O recorte aqui apresentado envolveu o grupo de interesse composto por 38 trabalhadoras de saúde da ESF, sendo 30 integrantes das equipes de referência e oito integrantes da equipe de apoio. Dentre as diversas técnicas utilizadas, foram realizadas entrevistas coletivas com quatro equipes de referência e duas equipes de apoio, que atuavam no território adscrito da unidade de saúde pesquisada. Seguindo as proposições de Guba e Lincoln (2011), os resultados foram organizados em quadros, destacando-se as “reivindicações” (aspectos favoráveis), as “preocupações” (aspectos desfavoráveis) e as “questões” (conflitos) identificadas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, Parecer nº 2.448.058. Resultado: Os desafios e as potencialidades relacionadas à produção do cuidado longitudinal elencadas pelas trabalhadoras de saúde compuseram o eixo de análise da “dimensão profissional” da gestão do cuidado, no qual se buscou evidenciar a construção de sentidos relativa ao “encontro” entre trabalhadores de saúde e usuários. De acordo com Cecílio (2011), a “dimensão profissional da gestão do cuidado” se dá no encontro entre usuários e trabalhadores de saúde, cujos elementos principais são competência técnica, postura ética e construção de vínculos. Em relação às potencialidades da produção do cuidado longitudinal, o grupo de interesse das trabalhadoras de saúde destacou: I – Reconhecimento quanto à importância do próprio trabalho no encontro com os usuários, expressos por algumas trabalhadoras de saúde como a construção de sentido diante da tarefa multifacetada do devir-ACS, a importância da educação em saúde percebida a partir da percepção das mudanças na vida das pessoas, e o acolhimento afetuoso das famílias durante visitas domiciliares; II – Fortalecimento do vínculo construído entre trabalhadores de saúde e usuários, expressos pela detalhada descrição do processo de vinculação com as famílias acompanhadas, conhecimento das situações existentes no território e construção cotidiana de relações de afeto; e III – Satisfação no acompanhamento longitudinal, reconhecendo-se a relevância do trabalho realizado mesmo diante de dificuldades e resistências, por perceber que os esforços empreendidos repercutiam positivamente na saúde dos indivíduos e coletividades, sendo exemplificado pelo acompanhamento longitudinal de pessoas com tuberculose e também da saúde materno-infantil. Em relação aos desafios da produção do cuidado longitudinal, o grupo de interesse das trabalhadoras de saúde destacou: I – Entraves para viabilização da longitudinalidade do cuidado, relacionados à exigência de metas quantitativas estipuladas pela gestão sem necessariamente ser atrelada aos indicadores de resolutividade, desdobrando-se em “consultas rápidas” que não viabilizavam o fortalecimento de vínculo, e ainda dinâmicas de trabalho que não contemplavam na agenda de trabalho tempo hábil de conhecer e adequar as ofertas às necessidades singulares do território; e II – Repercussões ocasionadas pela rotatividade de profissionais na descontinuidade do cuidado, percebidas pela expressão de usuários que relatavam não acreditar na possibilidade de consultas de retorno com o mesmo profissional devido à experiência de intensa rotatividade principalmente de médicos, e por algumas resistências da população de dar continuidade ao acompanhamento diante dos vínculos rompidos frequentemente. Considerações finais: Na construção de sentido do próprio trabalho que se dá na relação intersubjetiva do encontro entre trabalhadores de saúde e usuários, percebe-se que podem ser identificados tanto aspectos favoráveis quanto desfavoráveis em relação à produção do cuidado, numa perspectiva longitudinal. Ressalta-se que as ACS, por terem nesse contexto um tempo médio de atuação no território maior que os demais integrantes da equipe, e por transitarem cotidianamente entre o espaço “público” do serviço e das ruas, e o espaço “privado” dos domicílios das famílias acompanhadas, assumem papel emblemático de revelarem em suas narrativas a complexidade da produção do cuidado no contexto da ESF. Ver sentido no trabalho que realiza no contexto da ESF é um aspecto ético-político cada vez mais desafiador, diante dos desmontes e retrocessos atualmente elencados, cuja tendência parece apontar fortemente para uma exacerbação da precarização, da fragmentação e do esvaziamento de sentido diante do que se faz. Entretanto, mesmo não negando os desafios e as contradições enfrentadas no cotidiano do trabalho, as trabalhadoras de saúde também conseguiram enunciar potentes aspectos relacionados ao próprio valor, ao fortalecimento de vínculos com as pessoas acompanhadas ao reconhecimento da importância do que fazem, expresso enquanto satisfação profissional. |
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Trabalho nº 8656 Título do Trabalho: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DO CURSO DE SAÚDE COLETIVA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO PARÁ DIRECIONADOS A ELABORAÇÃO DO I SIMPÓSIO DE SAÚDE E EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE MARABÁ (PA) Autores: Luciana Pereira Colares Leitão, Carlla Danyelle Batista Silva, Christian Souza de Araújo, Mikaelle Claro Costa Silva Ferraz, Isabella Piassi Dias Godói |
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Apresentação: No Brasil são estimados cerca de 37 mil acidentes/eventos no trânsito anualmente, envolvendo, em sua maioria, indivíduos entre 18 e 60 anos (90,5%). Em Marabá-PA, apenas no ano de 2018 o Hospital Municipal atendeu a 4.534 vítimas de eventos no trânsito, impactando em gastos públicos com tratamento e hospitalizações no SUS e, principalmente, sofrimento aos envolvidos e familiares. Neste contexto, os acidentes de trânsito caracterizam-se como importante problema de saúde pública. Com isso, iniciativas e estratégias para promoção de medidas direcionadas a educação no trânsito, bem como a discussão e a reflexão frente a esta temática, tornam-se necessárias a fim de contribuir para a redução de ocorrências e óbitos em decorrência do trânsito. A educação no trânsito, que pode ser estabelecida desde os primeiros anos escolares até o ensino superior, deve ser uma temática a ser dialogada, pois novos saberes são assimilados pelos indivíduos e no decorrer do tempo a visão dos mesmos sobre o trânsito se altera para uma lógica mais social e de saúde. Objetivo: Demonstrar as ações e percepções de estudantes do curso de Bacharelado de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) direcionados com a elaboração e realização do I Simpósio de Saúde e Educação no trânsito no município de Marabá (PA), a fim de sensibilizar estudantes da UNIFESSPA, bem como a população sobre os riscos no trânsito e os desafios enfrentados no município. Resultado: O Simpósio foi promovido no auditório do campus I da UNIFESSPA, no dia 22/11/2019, no período de 08h às 18h. Sendo importante ressaltar que o projeto “Educação no Trânsito como uma Importante estratégia para a Prevenção de acidentes Promovida por Universitários do Município de Marabá”, Portaria IESB/UNIFESSPA N132/2019, foi o responsável junto à sua equipe e discentes das turmas 2016, 2018 e 2019 de Saúde Coletiva, e outros alunos dos cursos de Geografia e Pedagogia pela criação do evento. Para a realização foi necessária a divisão de grupos para definir o formato do evento, a organização, Coffee break, sonoplastia, apresentação, credenciamento e decoração. Os temas do I Simpósio de Saúde e Educação no Trânsito foram abordados por profissionais de diversos órgãos ligados ao trânsito como a Policia Rodoviária Federal e Departamento Municipal de Trânsito Urbano e instituições de saúde, como SAMU e profissionais do Hospital Regional, que ministraram rodas de conversa, palestras e mesas redonda que fez os futuros profissionais e os demais presentes notarem que a saúde não está diretamente ligada a clínicas e hospitais, mas também as atividades cotidianas na sociedade. O maior enfrentamento na elaboração do Simpósio foi ajustar os horários de cada profissional para desenvolver o cronograma. Considerações finais: Com o expansionismo da palavra saúde, problemáticas cotidianas como o trânsito, tornou-se gerador de doenças e riscos ao bem-estar da população. Deste modo eventos, seminários e palestras que buscam trabalhar com estratégias e sensibilizações com foco em educação no trânsito são de total relevância para educação e saúde pública, de modo a ampliar a visão para uma mobilidade mais saudável. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6610 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO Autores: maria regina bernardo da silva, joyce da silva santos do nascimento, monique pedrosa de lima de moraes, Daniel ribeiro soares de souza, halene cristina dias armada e silva, sandra conceicao ribeiro chicharo |
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Apresentação: O Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco (AACR) utiliza atendimento por critério de gravidade através de um protocolo pré-estabelecido, proporcionando atenção centrada no nível de complexidade. Portanto, definiu-se o objetivo como identificar a percepção dos enfermeiros na classificação de risco, em um acolhimento em uma UPA, na zona oeste do Rio de Janeiro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de campo com entrevista semi estruturada, com 10 enfermeiros. Resultado: Os enfermeiros entrevistados informaram que a implementação do protocolo de Manchester visa melhorar o atendimento nas urgências e emergências sendo ferramenta indispensável para classificar a gravidade e agilizar o processo. do atendimento. Os entrevistados não perceberam dificuldades com a utilização da classificação e 100% foram unânimes em reconhecer que o Acolhimento com a Classificação de Risco é um facilitador para o atendimento, mas observou-se a necessidade de melhorar o sistema de informação aos usuários e familiares, percebeu-se dificuldades na compreensão dos critérios utilizados pelo protocolo pelos usuários, fato que gera insatisfação no atendimento por parte dos usuários e até constrangimento aos profissionais. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 10201 Título do Trabalho: PRÁTICAS E PERCEPÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM ADULTOS COM COMORBIDADES ASSOCIADAS ÀS DOENÇAS INFECCIOSAS Autores: Ana Keli Felipe dos Santos, Patrícia Dias Brito, Wanessa Natividade Marinho, Julliana Antunes Cormack |
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Apresentação: Com o declínio das taxas de mortalidade das doenças infecciosas e da “cronificação” de algumas delas, como observado na AIDS, as comorbidades metabólicas passam a ser o foco do acompanhamento nutricional destes indivíduos. Atividades de educação alimentar e nutricional (EAN) em grupo são essenciais por contribuir para uma melhor adesão ao tratamento nutricional, bem como, para a melhora do estado de saúde e da qualidade de vida desta população. O presente trabalho integrou uma pesquisa em andamento no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/ Fiocruz), situado no Rio de Janeiro, com o objetivo de avaliar práticas e percepções sobre EAN em adultos participantes das oficinas temáticas desenvolvidas no Projeto de Pesquisa "Educação alimentar e nutricional em grupo como estratégia de atenção à saúde para o controle de comorbidades em pessoas com doenças infecciosas". Como objetivo específico buscou-se: analisar qualitativamente as práticas e percepções; e descrever as mudanças de hábitos alimentares dos participantes a partir das oficinas temáticas. Trata-se de um estudo de caso com caráter descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa. A amostra do estudo foi composta por indivíduos adultos, de ambos os sexos, portadores de doenças infecciosas e parasitárias, participantes das oficinas temáticas do referido projeto. Estes participantes foram recrutados durante as consultas ambulatoriais individuais de Nutrição, onde verificou-se o interesse e disponibilidade de tempo para participar do programa de EAN. As oficinas contemplaram os meses de abril a novembro de 2019, sendo realizadas uma vez por mês, com a duração de aproximadamente 90 minutos, sobre temas relevantes relacionados à alimentação para o controle de comorbidades. – alimentação saudável, alimentos in natura versus ultraprocessados, controle da ingestão de açúcar e uso racional de edulcorantes, controle da ingestão de sal e uso de temperos, controle da ingestão de gorduras, como aumentar a ingestão de fibras. A coleta de dados do presente trabalho foi realizada na reunião de julho 2019, que teve como tema “controle da ingestão de açúcar e uso racional de edulcorantes”. Para a realização da pesquisa dois instrumentos foram utilizados: um roteiro de entrevista semiestruturado e uma ficha de avaliação da oficina. O roteiro de entrevista foi elaborado com perguntas sobre as estratégias educativas em alimentação e nutrição, bem como as mudanças de hábitos alimentares dos participantes a partir da participação das oficinas. A coleta de dados ocorreu em duas etapas, ao final da reunião: preenchimento do questionário e avaliação da oficina pelos participantes, realizada pela pesquisadora. A reunião e as entrevistas gravadas foram transcritas integralmente e as narrativas categorizadas, por meio do programa Excel®2013, onde avaliou-se a frequência de repetição das palavras, pautando-se na metodologia de análise de conteúdos, método fundamentado pela professora da Universidade de Paris V, Laurence Bardin, que estabeleceu técnicas de tratamento de dados em pesquisa qualitativa. Quanto à análise dos dados obtidos, foram realizadas as seguintes etapas de processamento, desenvolvidas por Bardin: 1) Pré-análise: etapa na qual, foi realizada a “escolha dos documentos submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final”; 2) Exploração do material: essa etapa, compreendeu a codificação, a categorização e a classificação de dados, que foram submetidos a uma análise detalhada, norteada pelo referencial teórico, com a finalidade de compreender as característica e mensagens presentes no material, para sintetizar as ideias expressas nele; 3) Interpretação referencial: última etapa, em que se aprofundada a análise do estudo e chegando aos resultados mais específicos da pesquisa. O trabalho fez parte do projeto “Educação alimentar e nutricional em grupo como estratégia de atenção à saúde para o controle de comorbidades em pessoas com doenças infecciosas” aprovado em 21/06/2017 sob o parecer de número 2.130.154 (CAAE 65402617.6.0000.5262). Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e autorizaram a gravação das falas. Participaram da reunião, e, portanto, do presente trabalho sete indivíduos do grupo de EAN do ambulatório de nutrição do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/ Fiocruz), sendo cinco mulheres (71,43 %) e dois homens (28,57 %), com idade variando de 53 a 70 anos, e com média de 61 anos. Em relação às doenças infecciosas que acometem os participantes, verificou-se que três deles são diagnosticados com HIV, três são portadores da doença de Chagas e um indivíduo é portador do vírus HTLV. Além disso, os participantes do grupo de EAN possuem uma ou mais comorbidades associadas à doença de base, como o diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial. Desses participantes identificou-se que três são diabéticos, quatro possuem dislipidemia e seis são hipertensos. Quanto ao grau de escolaridade, dois participantes não eram alfabetizados, dois possuíam ensino fundamental incompleto, dois ensino fundamental completo e um ensino médio completo, sendo este um dado importante e que também deve ser levado em conta para o planejamento de ações educacionais. A partir da análise das narrativas transcritas das entrevistas e oficina, foram definidas três categorias principais que conduziram o estudo: Dinâmica da Alimentação; Autossuperação e Efetividade das Oficinas de EAN. Na categoria “Dinâmica da Alimentação” foram observados registros sobre mudanças de hábitos alimentares, promoção do autocuidado, autonomia e empoderamento dos indivíduos, fazendo dos participantes protagonistas de sua própria saúde. Entre as mudanças de hábitos relatadas, a principal alteração de hábitos referida pelos participantes foi à diminuição do consumo de alimentos gordurosos, como as frituras, e do consumo de açúcares, assim como, o aumento do consumo de alimentos in natura. A categoria “Autossuperação” permeou questões relacionadas aos fatores que dificultaram a promoção de mudanças nas práticas alimentares dos participantes. Observou-se, na fala da maioria dos participantes o relato de dificuldades relacionadas à mudança de hábitos já adquiridos e sobre manter uma rotina de horário para realizar as refeições do dia. Na categoria “Efetividade das oficinas de EAN” os participantes consideraram a participação nos grupos como uma oportunidade para expressar suas dúvidas sobre alimentação saudável e trocar experiências. A estratégia de EAN em grupo foi vista como benéfica, na medida em que serviu como suporte para a aquisição de novos conhecimentos, contribuiu para melhora do estado de saúde dos participantes, obtenção de práticas alimentares mais adequadas, bem como, os participantes mostraram se mais encorajados e motivados a adotar mudanças. Conclui-se que, as oficinas temáticas de EAN em grupo tiveram papel fundamental no processo de transformações e promoção de hábitos alimentares saudáveis, podendo ser considerada uma estratégia efetiva para o acompanhamento nutricional em adultos com comorbidades associadas às doenças infecciosas. Por meio da análise das narrativas, foi possível observar relatos da formação de hábitos alimentares saudáveis, a promoção da autonomia e autocuidado, obtenção de conhecimentos essenciais e conscientização dos participantes sobre uma alimentação saudável. As atividades, em grupo mostraram-se importantes para a socialização e troca de experiências, que concomitantemente, contribuíram para a autoconfiança e motivação dos indivíduos para uma melhor adesão ao tratamento nutricional. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6618 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA SOBRE QUALIDADE DE VIDA E TRANSTORNOS MENTAIS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO RIO DE JANEIRO Autores: Daniella Loureiro Duarte, Giancarla Martins Correa Coutinho, Gustavo Rocha Lopes De Melo, Nathália Da Fonte Konig, Rafaela Brito Reis, Rayanne Feitosa De Lima Araujo, Ana Maria Florentino, Raquel Juliana de Oliveira Soares |
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Apresentação: A associação entre os transtornos mentais e a qualidade vida dos estudantes de Medicina tem sido foco de crescente preocupação mundial, uma vez que há maior vulnerabilidade por esse grupo a transtornos como: depressão, estresse e ansiedade. Estudos sugerem que a saúde mental dos alunos piora durante a graduação em medicina. Durante o período de formação, eles enfrentam uma dualidade entre a realização de um sonho pessoal, por iniciarem a formação médica, e a frustração por viverem, ao mesmo tempo, um período desafiador e conteudista, o que pode gerar repercussões negativas na saúde, na performance acadêmica e até no seguimento da carreira médica de cada indivíduo, desencadeando tais transtornos e reduzindo a qualidade de vida. Objetivo: avaliar saúde mental, qualidade de vida, estresse e Burnout em estudantes de Medicina. Materiais e métodos: A pesquisa investiga a ocorrência de transtornos mentais em alunos de Medicina, dentre os quais foram comparados alunos do primeiro (primeiro e segundo períodos) e quarto (sétimo e oitavo períodos) anos de uma Universidade privada no Rio de Janeiro. Foi realizado um estudo transversal, cujo método para análise investigativa foi um questionário composto por 21 questões, aplicado através de um formulário online na plataforma Google Forms. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, tendo sido iniciada após recebimento da anuência do Projeto de Pesquisa. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi aplicado junto ao formulário e, com o aceite em participar, os alunos responderam às questões. Resultado: Em geral, os resultados se mostram bastante relevantes para uma análise qualitativa na perspectiva da formação médica. Por exemplo, no item “Com que frequência você tem sentimentos negativos?” a opção ‘algumas vezes’ foi escolhida por 57,7% dos estudantes do primeiro ano e por 42,1% dos estudantes do quarto ano; Já no item “se sentir agitado”, 46,2% dos alunos do primeiro ano sentem-se consideravelmente agitados, enquanto somente 23,7% dos alunos do quarto ano sentem-se dessa forma. Discussão: Os resultados evidenciaram indícios de transtornos mentais tanto em alunos do primeiro ano (gerados por grandes expectativas, ansiedade, ruptura entre os modelos de ensino Médio e Superior), quanto em alunos do quarto ano (ocasionados pela maior vivência em ambiente profissional, por ter que lidar com o paciente mais diretamente e a insegurança relacionada a exercer a profissão), tendo esses, porém, maior presença de características como dificuldade de relaxar, percepção de alteração cardíaca, sentir medo sem motivo. Considerações finais: Vê-se que o apoio psicológico ao estudante de Medicina é imprescindível para a manutenção de sua qualidade de vida, visto que os desafios enfrentados são inúmeros e a relação entre transtornos mentais e a graduação de Medicina é comprovada através de pesquisas. Ainda, vê-se a existência de um viés, visto que o estudo realizado foi transversal, em vez de longitudinal. Palavras-chave: depressão, medicina, estudantes e ansiedade. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7651 Título do Trabalho: GÊNERO, SEXUALIDADE E CURRÍCULO: PERCEPÇÕES E PROPOSIÇÕES A PARTIR DE VIVÊNCIAS EM UMA ESCOLA MÉDICA FEDERAL Autores: Pedro Mendonça de Oliveira |
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Apresentação: A sexualidade, segundo Michel Foucault, caracteriza-se como dispositivo de poder, que vem sendo utilizado de diversas maneiras ao longo da história da humanidade para a garantia e manutenção de privilégios. Desde o século XIX este dispositivo encontra na medicina um dos seus principais mecanismos de ação. A educação médica tende a ratificar o discurso heteronormativo e diagnosticar enquanto patologia os padrões desviantes. No que tange a discussão de gênero, trabalha-se de maneira geral com a categorização binária dos indivíduos, desdobrando-se da mesma maneira a implicação de sua sexualidade. O curso de medicina da universidade federal analisado conta com uma proposta metodológica – a espiral construtivista – que, assim como outras metodologias ativas, garante o protagonismo dos estudantes e dialoga com seus conhecimentos prévios, apostando no conceito de Aprendizagem Significativa. Este trabalho propôs-se a compreender como se trabalha o desenvolvimento do perfil de competência relacionado a gênero e sexualidade durante este curso de medicina, sob a perspectiva dos alunos. Por meio de grupos focais analisados à luz do Método de Interpretação dos Sentidos, este trabalho mostra que há uma influência positiva, ainda que indireta, na utilização das metodologias ativas, sobretudo em contraste com metodologias consideradas tradicionais. Também deflagra despreparo de grande parte do corpo de docentes e de preceptores acerca da temática. Ao avançar na discussão sobre elementos curriculares e extracurriculares que auxiliam ou dificultam a aquisição de competências durante o período de graduação, este trabalho sugere ainda um novo conceito: O Currículo de Margens/Marginal. Conclui-se que as metodologias ativas de ensino-aprendizagem configuram-se como estratégia contra-hegemônica frente ao dispositivo da sexualidade na garantia de biopoder, e propõe caminhos aplicáveis na reorientação destes conteúdos no currículo. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 6116 Título do Trabalho: A SEGURANÇA DO PACIENTE NO CUIDADO ODONTOLÓGICO: PERCEPÇÃO DOS MODELOS ASSISTENCIAIS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Autores: Fernanda Hilgert Mallmann, Alexandre Favero Bulgarelli |
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Apresentação: A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que todos os anos milhares de pessoas são acometidas por danos evitáveis causados por serviços de saúde inseguros. As consequências geram prejuízos nos resultados funcionais e clínicos dos pacientes, além da insatisfação dos pacientes e dos custos desnecessários gerados aos sistemas e serviços de saúde. A segurança do paciente pode ser definida como a redução, a um nível mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à assistência em saúde. Os incidentes com danos gerados aos pacientes são conhecidos como Eventos Adversos (EA) que não estão relacionados com a evolução natural da doença de base. Diante da importância de uma assistência segura, este estudo tem como objetivo compreender o sentido da segurança do paciente no cuidado odontológico no Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Porto Alegre (RS). Trata-se de uma pesquisa transversal realizada por meio de um método misto [QUAN + qual]. Os participantes da pesquisa serão cirurgiões-dentistas do SUS atuantes na Atenção Primária à Saúde (APS), no Pronto Atendimento, nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e na rede hospitalar. A coleta de dados será composta por dois momentos distintos. O momento qualitativo será um desenho descritivo realizado por meio de entrevistas semiestruturadas, áudio gravadas, com os dentistas da APS que serão selecionados por sorteio. Nas entrevistas, que serão posteriormente transcritas e analisadas, serão registradas as conversas e as percepções dos cirurgiões-dentistas sobre a segurança do paciente no atendimento odontológico. O momento quantitativo será desenvolvido com a aplicação de um questionário online, via FormSUS, criado especialmente para esta pesquisa e destinado aos dentistas trabalhadores dos quatro modelos assistenciais do SUS. O conhecimento sobre a segurança do paciente em Odontologia ainda é muito recente, poucos estudos mostram como melhorar a segurança do paciente ou minimizar a ocorrência de EA. No Brasil poucas pesquisas estão direcionadas para a segurança do paciente no campo da Odontologia. Na APS não foram identificados, até o momento, trabalhos que relacionem a segurança do paciente com práticas odontológicas, sendo essencial identificar meios de prevenir ou minimizar os danos decorrentes do cuidado odontológico. A valorização do momento do atendimento odontológico é de extrema importância, pois o profissional atua de forma direta sob o paciente, investir em trabalhos, pesquisas e discussões sobre o tema da segurança do paciente pode gerar benefícios para os serviços de saúde, para o profissional, para o paciente e seus familiares. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7658 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA RELACIONADOS AO CHALLENGE BASED LEARNING (CBL) Autores: MAURICIO FERNANDO NUNES TEIXEIRA, Andreas Rucks Varvaki Rados, Juliana Bianchini, Suiane Souza da Silva, Marcus Cristian Muniz Conde |
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Apresentação: O curso de Odontologia da UNIVATES foi pensado a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de Odontologia e tem como premissas o desenvolvimento de pensamento crítico, autonomia dos sujeitos e aprendizagem significativa. Está organizado em um currículo modular integrado e o uso de metodologias ativas de ensino e de aprendizagem buscam a formação de habilidades e desenvolvimento de competências previstas para o século XXI. Entre as metodologias utilizadas pelo curso está o Challenge Based Learning (CBL): um modelo de ensino que incorpora os melhores aspectos dos métodos para resolução de situações-problema, ao mesmo tempo que se concentra em problemas enfrentados no mundo real, procurando envolver a curiosidade dos sujeitos e despertar o desejo de aprender. Isto torna a resolução de problemas reais o centro do currículo, dando aos estudantes acesso a ferramentas do mundo moderno, exigindo que trabalhem de forma colaborativa e sejam capazes de gerenciar seu próprio tempo. O objetivo deste trabalho é analisar as reflexões dos estudantes de uma turma do curso de Odontologia da Univates sobre o desenvolvimento do planejamento como conteúdo abordado através do CBL. Desenvolvimento: Através do desenvolvimento do conteúdo relacionado ao planejamento os estudantes da turma do quarto módulo do curso foram provocados a produzir textos que abordassem um tema geral (Big Idea), de relevância mundial, que os afetasse. A partir dos textos, eles foram divididos em grupos e a sequência da proposta (framework) foi sendo conduzida por etapas em cada aula subsequente (09 encontros), sempre retomando o tema do planejamento. Foram formuladas questões que pudessem dirigir a pesquisa pelos temas escolhidos (Essencial Question e Guide Questions) e indicados os recursos e as atividades (Guides Resources e Guide Activities) necessárias para organizar uma solução local (Solution). Estes eram os passos propostos para responder ao Desafio (Challenge) também imposto pelos estudantes. Ao final do processo, os estudantes deveriam tornar públicas suas soluções e refletir sobre o desenvolvimento do seu processo de ensino e de aprendizagem registrando em um documento, todas as informações obtidas. Resultado: A turma que participou deste módulo é composta por 24 estudantes que foram divididos em 8 grupos e os temas globais (Big Idea) elencados foram: intolerância religiosa; depressão; desigualdade de gênero; desrespeito à natureza; desigualdades em saúde; iniquidades em saúde; destruição do ecossistema; tráfico de drogas e violência. Os desafios (challenge) propostos a partir disto foram: Mostrar as diferenças religiosas para estudantes e tentar entender o porquê isso gera tanta polêmica e desavenças. Fazer com que a comunidade acadêmica entenda como lidar com a pessoa depressiva. Encorajar mulheres lajeadenses a se empoderar. Fazer com que mais pessoas sejam atendidas na UPA com sucesso e qualidade. Promover ações para os estudantes da Univates, as quais possam diminuir o impacto do uso demasiado de recursos da Terra. Conscientizar os futuros profissionais do Curso de Odontologia da UNIVATES acerca do racismo institucional presente nos serviços de saúde. Conscientizar os estudantes da Univates sobre a importância da nossa biosfera e sobre porque devemos conservá-la. Fazer com que as pessoas se conscientizem que a criminalidade e o uso de drogas podem trazer prejuízos permanentes. Como soluções foram propostas Rodas de conversa; Plantação e cultivo de mais árvores no campus; Banner para a mostra de trabalhos do curso; Cartazes a serem espalhados pelo campus; Folheto com informações sobre o funcionamento da UPA e Seminário de discussão sobre a intolerância religiosa. A análise de conteúdo baseada nas reflexões sobre o processo mostraram que as manifestações dos estudantes trouxeram, em boa medida, um entendimento sobre a importância do planejamento e do trabalho em equipe, não só na vida acadêmica, mas para suas vidas como demonstrado nas frases: “Com certeza o CBL nos proporcionou muitas coisas boas e experiências novas, nos ajudou a crescer enquanto acadêmicas e a expandir nossa visão de mundo.” “Acredito que, a nossa futura profissão, principalmente, por ser da área da saúde necessita de planejamentos bem elaborados para melhores decisões clínicas tanto para os usuários quanto para os profissionais.” O problema a ser solucionado se torna mais palpável se ele for real e isto traz mais motivação para o desenvolvimento do framework. Foi relatado sobre a percepção da importância dos passos do planejamento e o quanto o tempo designado a cada passo é importante: “Aprendi que é de extrema importância seguir os passos na ordem certa, com início, meio e fim, sem pular nenhuma etapa.” “Esta atividade foi interessante pois o método Challenge Based Learning simplifica o trabalho ao passo que fragmenta a atividade, e a cada encontro o grupo avança de etapa sem se preocupar com a etapa final.” Também apareceu a necessidade de paciência para ouvir os colegas e discutir as ideias que muitas vezes são discordantes: “Desenvolvi muita paciência também pois nesse processo, nada pode ser feito às pressas e o importante é se concentrar para fazer cada etapa com calma e como se fosse única, para ter um resultado final esperado e de qualidade.” “Achei bem interessante o processo todo. É de extrema importância sabermos lidar com o planejamento seja para qual for a solução. Sendo assim, conseguimos ver como funcionam as etapas e como é preciso ter paciência para pensar, planejar e solucionar os problemas.” Alguns estudantes relataram que o processo poderia ser mais sucinto e feito em menos encontros: “. acredito que se estendeu muito, o que leva a dispersão dos alunos, se fosse realizado em uma ou duas aulas, se tornaria mais dinâmico, assim ao meu ver, seria tirado melhor proveito.”Considerações finais: Este framework foi proposto em 2009 e não existem muitos relatos de seu uso. Temos que ressaltar o caráter inovador da proposta e que ela se encaixa perfeitamente ao trabalhar o tema do planejamento como conteúdo importante na formação de profissionais capazes de administrar e gerenciar seu trabalho. Ao propor a discussão de um tema global que afete os estudantes estamos trabalhando com aprendizagem significativa; ao dividir os estudantes em grupo estamos desenvolvendo a competência da comunicação e todos os problemas do trabalho em equipe; ao propor que descrevam os passos e os recursos necessários estamos abordando a administração e o gerenciamento e por fim, ao exigirmos a publicação dos resultados estamos estimulando o uso de tecnologias de informação e comunicação. Os estudantes apresentam as dificuldades relacionadas ao utilitarismo ao qual estão acostumados. Muitas vezes focam na solução do problema e não respeitam os passos propostos pelo framework. Outras vezes tentam adaptar os passos à solução já pensada. O que se percebe é que após um estranhamento inicial o engajamento é maior e a escolha por temas que afetam seus comportamentos resultam em um produto melhor acabado. O CBL é uma metodologia que induz o trabalho em equipe, oportunizando a trabalhar com problemas do mundo real e o desenvolvimento de pensamento crítico a respeito desses problemas na realidade local. Ainda permite ao estudante ter protagonismo na busca de soluções e possibilita influenciar a comunidade a enfrentar e refletir essas situações. Além disso, permitiu que os estudantes direcionassem o curso de sua aprendizagem e envolvessem os professores de forma solidária no papel necessário de tutores. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7148 Título do Trabalho: PERCEPÇÃO ACERCA DO PROGRAMA ACESSO NÃO DISCRIMINATÓRIO À SAÚDE DA IFMSA BRAZIL Autores: JULIANA VIEIRA SARAIVA, ERICK VINÍCIUS FERNANDES PACHECO, VICENTE MENDES DA SILVA JUNIOR, NEYDE ALEGRE DE SOUZA CAVALCANTE, PEDRO THIAGO DE CRISTO ROJAS CABRAL, ANDRÉ LUIS E SILVA EVANGELISTA, ANA FRANCISCA FERREIRA DA SILVA |
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Apresentação: O programa “Acesso Não Discriminatório à Saúde” da IFMSA Brazil tem como objetivo possibilitar acesso igualitário à saúde, além de promover um sistema de saúde mais direcionado à equidade das diversas populações, promover atendimento mais humanizado dos estudantes de medicina e reduzir o estigma e a discriminação dirigida às populações vulneráveis ou marginalizadas, tanto na saúde quanto na sociedade. Dessa forma, tem como público-alvo populações vulneráveis (como população em situação de rua, população privada de liberdade, população LGBTQIA+, população negra, população indígena, população refugiada), população não vulnerável, estudantes de medicina e organizações (governamentais ou não). O objetivo geral do projeto é disponibilizar o acesso equitário à saúde, além de promover saúde para os grupos vulneráveis, educar em saúde e criar no sistema de saúde o respeito às especificidades socioculturais, através de debates da temática ampliando o “olhar sobre” as populações-alvo, sempre conectando conceitos de Saúde Coletiva, relacionados aos determinantes sociais de saúde como algo intrínseco à condição de saúde. Assim, este trabalho objetiva analisar características essenciais das atividades que foram submetidas a esse programa, como: número de atividades, tipo de atividade, formas de avaliação de impacto, principais parceiros, crescimento da temática no ano de 2019 e número de atividades concluídas. Desenvolvimento: para composição deste trabalho realizou-se análise dos relatórios submetidos em 2019 na plataforma Sistema Online de Atividades e Relatório 2.0 da IFMSA Brazil, responsável por receber os planejamento pré ação e feedback pós-ação de todas as atividades realizadas pelos Comitês Locais (LC). Resultado: As ações foram realizadas por LC divididos em regionais, conforme a divisão de oito regionais estabelecida pela IFMSA Brazil (Norte 1, Norte 2, Nordeste 1, Nordeste 2, Leste, Oeste, Sul e Paulista). Destaca-se a realização de atividades envolvendo o programa em todas as regionais. Esse processo não correu de forma igualitária entre as regiões, podendo-se observar discrepâncias na quantidade de atividades realizada por regional, o que pode ser explicado por uma maior necessidade de se trabalhar as temáticas do programa em alguns locais do Brasil e pela proporção do número de comitês existentes em cada regional. Foram executadas diversos tipos de atividades, com predomínio da realização de campanhas e projetos, responsáveis respectivamente por 46,9% e 16,7% das atividades. Outras atividades bastante expressivas foram rodas de conversa, CineMED e palestras. Com relação ao número de relatórios de atividade recebidos, o programa teve um total de 96, sendo que apenas 22% das ações foram concluídas, demonstrando que o número de atividades enviadas foi bastante significativa, porém uma minoria obteve êxito, o que nos faz pensar se a campanha ocorreu, se houveram problemas na execução ou se o LC optou por abandoná-la. A quantidade de pessoas atingidas foi levantada com base na quantidade de ações concluídas, utilizando-se para tanto, os meios de mensuração de impacto, propagação de informação ou atendimento durante as atividades, descritas nos relatórios pós-ação submetidos ao Sistema Online de Atividades e Relatórios 2.0. Dessa forma, constatou-se que a maioria das atividades teve como público atingido até 30 pessoas, 25% atingiu entre 31 e 60 pessoas e uma menor taxa foi verificada no público maior que 60 pessoas, constituindo menos de 15%. A maioria dos LC não informou em seus relatórios as parcerias que foram conseguidas, trazendo prejuízo na mensuração de parcerias que são utilizadas nas atividades realizadas pela Federação. Das parcerias especificadas, houve predominância de Ligas Acadêmicas, ONGs e Unidades de Saúde (com destaque para as Unidades Básicas de Saúde). Houveram muitas parcerias entre setores e departamentos das universidades, o que pode significar o aumento de vínculos que os LC estão criando dentro de suas universidades, fazendo jus ao lema da IFMSA Brazil “pensar globalmente, mas agir localmente!”. Com relação ao tipo de público atingido, destaca-se a população em situação de rua, população privada de liberdade, refugiados, imigrantes e população negra. Há ainda os métodos de avaliação que são utilizados para mensurar se a ação, de fato, atingiu os objetivos propostos. Para isso, a mensuração de impacto pode ser feita de diversas maneiras. Nota-se a grande predominância de aplicação de questionários para avaliar a efetividade da ação, frente a outros meios, como dinâmicas interativas e relatórios, feedback e roda de conversa. Com relação à “atividades destaque” merecem atenção as iniciativas de Chamadas Multicêntricas, como o Projeto Heart for the Homeless que proporcionou rastreamento de pessoas em situação de rua com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), bem com a promoção de saúde e prevenção de agravos; Projeto Esperanza que consistiu na realização de ações voltadas à saúde da população refugiada e imigrante (como haitianos e venezuelanos) e a de Saúde da População Negra, que contou com a participação de comitês de todas as regionais e proporcionou amplo debate acerca do racismo e suas consequências. Outra iniciativa muito importante foi o Projeto Amparar realizado pelo LC UFMT - Sinop que proporcionou doação de roupas e kits de higiene básica, serviço de documentação social, alimentação aos participantes, além de serviços de triagem médica para a população em situação de rua de Sinop. Considerações finais: O ato de segregar, negligenciar e excluir, servem como meio de barreira à prestação do cuidado de qualidade em saúde, permitindo que a defesa aos direitos humanos fundamentais seja falha e iniquidades do sistema de saúde aumentem. Frente a isso, o direito ao acesso à saúde é necessário para que haja promoção desta para populações vulneráveis ou marginalizadas bem como promoção da qualidade de vida, inserindo-as em diversos meios, incluindo o social. Seja por meio de saúde pública, direitos humanos, saúde sexual e reprodutiva ou educação médica, vários são as possibilidades de intervir na sociedade e proporcionar acesso igualitário à saúde. Conforme demonstrado anteriormente, houve relevante impacto neste programa, devido a uma grande quantidade de temas abordados, diversidade de população alvo, populações atingidas de maneira satisfatória e, acima de tudo, métodos de avaliação de impacto sendo colocados em prática. Aliado a isso, as parcerias estabelecidas nas mais diversas formas e nas maiorias das ações levantam uma maior efetividade, com maior impacto e abrangência de população beneficiária. Contudo, não podemos deixar de negar que ainda há um subaproveitamento deste no que tange à efetivação das ações realizadas, na qual se observa um grande número de submissões de relatórios e baixo contingente de atividades concluídas. Isso, nos traz um alerta para que seja pensado em estratégias que possam intervir nessa problemática e aumentar o impacto das ações realizadas. A estrutura do presente programa ainda precisa de muita discussão, para, então, resultar em atividades mais efetivas, avaliação de impacto bem aplicada e mais exata, dados efetivos para publicações e resultados para as populações vulneráveis mais abrangentes. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9709 Título do Trabalho: PERCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS DE MULHERES ATUANTES NO CAMPO DA SAÚDE SOBRE VIOLÊNCIA DE GÊNERO Autores: Fernanda Felício de Lima, Sabrina Helena Ferigato |
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Apresentação: Em todas as sociedades modernas, em menor ou maior grau, a influência do sistema patriarcal permeia as organizações sociais e relações de gênero que, por consequência, se estabelecem de maneira desigual e contribuem para o estabelecimento de múltiplas formas de dominação, controle e violências dos homens em relação às mulheres. A interface entre saúde e violência de gênero evidencia-se a partir da função do sistema de saúde e de seus profissionais na assistência às vítimas de violência, bem como nas estratégias setoriais de enfrentamento da cultura de violência como um determinante do processo saúde-doença-intervenção. O campo da Saúde composto por um grande contingente de mulheres cuidadoras profissionais, não está imune de ser um espaço de reprodução destas violências estruturais da sociedade patriarcal, tampouco, coloca essas mulheres em um lugar blindado das violências que elas próprias buscam enfrentar a partir dos recursos técnico-afetivos disponíveis em seus contextos profissionais. Assim, o presente estudo, se propôs a mapear e analisar as percepções de mulheres que atuam no campo da Saúde brasileira, especificamente, na Saúde Coletiva, sobre violências de gênero vividas e expressas em seus cotidianos, por meio do recorte de um estudo amplo quanti-qualitativo, do tipo pesquisa intervenção, a partir do método da cartografia. Para tanto, se debruçou sobre os resultados produzidos neste estudo ampliado e intitulado "Mulheres da Saúde Coletiva: um retrato de quem constrói o campo", fruto do movimento de pesquisa-intervenção-luta de mulheres atuantes no campo da Saúde Coletiva (trabalhadoras, gestoras, ativistas e pesquisadoras) que formam o denominado Coletivo Adelaides: Feminismos e Saúde. Se fundamentam como referenciais teóricos desta pesquisa-recorte as epistemologias feministas negras para compreensão das complexidades, contradições e desigualdades que atravessam as questões socioculturais, políticas e históricas de gênero, além de sua relação intrínseca com o cuidado. Os resultados apontam para a persistência e gravidade das violências expressas no cotidiano de mulheres atuantes no campo da Saúde Coletiva e nas contribuições possíveis do aprofundamento e análise deste cenário a partir da articulação dos conceitos de interseccionalidade, lugar de fala e política do empoderamento, para os estudos de gênero e possibilidades de enfrentamento destas violências. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7663 Título do Trabalho: A PERCEPÇÃO DA INTERPROFISSIONALIDADE NO COTIDIANO PRÁTICO DE ÁREAS DE SAÚDE DE MÉDIA COMPLEXIDADE COMO O CENTRO DE REFERÊNCIA AO DIABÉTICO DE MACAÉ (CRD) Autores: Júlia De Lima Ferreira Nogueira, Roberta De Oliveira Ferreira, Karla Ribeiro Gama, Beatriz Almeida Machado, Dulce Mara Rodrigues, Glaucimara Riguete de Souza Soares, Vivian De Oliveira Sousa Correa |
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Apresentação: O contexto atual exige que o trabalho em saúde passe por mudanças na organização, valorizando o trabalho integrativo e colaborativo como premissas para uma educação interprofissional (EIP) no processo de aprendizagem. Partindo deste princípio, o PET Interprofissionalidade - Projeto do Ministério da Saúde vinculado ao Projeto de Extensão da UFRJ - Campus Macaé, busca incentivar a cultura da interprofissionalidade no ambiente acadêmico para formar profissionais da saúde que rompam com o estereótipo de cuidado fragmentado e silos profissionais. Assim, como parte das atividades desenvolvidas no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), duas discentes foram enviadas para o Centro de referência ao diabético (CRD), com o objetivo de ampliar sua visão sobre o ambiente profissional da saúde e a execução ou não da interprofissionalidade em prática. Para o desenvolvimento desta atividade foi utilizado o método da observação participante. A escolha deste método foi baseada na perspectiva de coletar dados pela imersão na realidade do objeto de estudo, também, por ser o método que exige menos dos sujeitos objeto de estudo, já que a atividade acontecera durante o atendimento dos usuários. O Centro de referência ao diabético (CRD) é um centro que oferece atendimento multidisciplinar aos diabéticos do município de Macaé e o atendimento aos seus usuários segue um fluxo definido de encaminhamento e acolhimento, é feito de forma individualizada, realizado por cada profissional de determinada área separadamente, sem um contato elevado ou muito íntimo entre os profissionais da equipe sobre determinado atendimento ou durante os atendimentos. Embora o ideal para os pacientes atendidos no CRD seja um atendimento interprofissional, devido, principalmente, às histórias clínicas dos pacientes, pois, o atendimento interprofissional tem como natureza a interação entre profissionais de diferentes campos do conhecimento, proporcionando uma atenção à saúde mais estruturais e infraestruturais para melhor aproveitamento dos recursos profissionais e atendimento das demandas dos pacientes. Durante o período das visitas, observou-se a necessidade da interprofissionalidade neste local, considerando que este é um ambiente de atendimento que antecede e pode prevenir a frequência da utilização das áreas de saúde de alta complexidade pelos usuários. Assim, seria interessante a continuidade das atividades do PET-saúde neste local, para troca de conhecimentos entre os profissionais e os discentes. |
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Trabalho nº 8691 Título do Trabalho: A RELIGIOSIDADE E O ENFRENTAMENTO DO CÂNCER DE MAMA: A PERCEPÇÃO DE PACIENTE CATÓLICA Autores: Elisabete Correa Vallois, eliane cristina da silva pinto carneiro, rose mary costa rosa andrade silva, Eliane Ramos Pereira, Mônica Moura da Silveira Lima, Maria Paula Jahara Lobosco |
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Apresentação: A literatura vem identificando influências positivas e negativas de crenças religiosas e espirituais no enfrentamento de enfermidades como o câncer. Frente a uma doença grave e suas repercussões psicossociais, a espiritualidade demarca seu papel e importância. Possibilita, assim, que o ser humano transponha o estado biológico e emocional de acordo com a sua vivência, manifestando o sentido profundo daquilo que o indivíduo é, bem como o modo como vive em seu cotidiano. Neste sentido, mostra-se a importância da fé, no caso em tela a católica, no enfrentamento do diagnóstico de câncer de mama, por paciente e profissional atuante no ramo do direito. Objetivo: Fazer relato de caso acerca de percepção de paciente com diagnóstico recente de câncer de mama e a influência da comunidade católica e sua fé como forma de enfrentar o sofrimento, inerente ao tratamento com a quimioterapia de doença localmente avançada. Método: Trata-se de estudo qualitativo de categoria relato de caso com a seguinte questão norteadora, feita à paciente em tratamento em hospital oncológico da rede Sistema Único de Saúde:” Como sua religião lhe auxiliou no enfrentamento do diagnóstico do câncer de mama?”Resultado: A paciente com câncer de mama, advogada criminalista, atuante e sem plano de previdência que lhe permitisse repouso, nem mesmo em vigência de quimioterapia, assim se colocou: “Com certeza a religião me ajudou a superar a doença, pois tenho apoio dos padres e comunidade, além de grupos que se mantêm incessantemente em oração pela minha recuperação e cura”. Resultado: Observa-se que no adoecimento por câncer, a dimensão espiritual propicia aos pacientes o desenvolvimento da esperança, de um significado para a doença e de um propósito e sentido para a vida, o que favorece o amadurecimento pessoal, a integridade e o enfrentamento da situação vivenciada. Assim, a paciente em questão, a partir da fé e de sua rede de apoio da igreja, pôde vivenciar o diagnóstico do câncer de mama localmente avançado, sem haver sintomas depressivos relevantes: manteve a força necessária ao tratamento e continuidade do trabalho, necessário à sua subsistência. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8180 Título do Trabalho: PRODUÇÃO DO CUIDADO À PESSOA COM DOENÇA FALCIFORME: PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE Autores: Gilglécia dos Santos Mendes, Marcio Costa de Souza, Evelin Duarte Serpa, Gabriella de Carvalho Madureira |
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Apresentação: A Doença Falciforme (DF) é uma patologia de origem genética com alta prevalência na população negra e, na maioria das vezes devido ao racismo estrutural existente na sociedade brasileira, ela é pouco conhecida pelos profissionais da saúde, além de ser vista com um olhar simplório. Objetivo: Compreender a produção do cuidado à pessoa com Doença Falciforme sob percepção de profissionais de Saúde de uma Unidade de Saúde da Família (USF) do Distrito Cabula-Beirú/Salvador Método: Nesse sentido, por meio de uma pesquisa de campo, de caráter exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, realizada no município de Salvador, em uma Unidade de Saúde da Família no Distrito Cabula-Beirú, bairro Doron. Para composição da amostra, foram considerados os seguintes critérios de inclusão: ser profissional devidamente registrado em seu conselho, estar alocado no serviço há pelo menos um ano e desejar, voluntariamente, participar da pesquisa. A coleta de dados aconteceu por meio de um roteiro de entrevista aberta com os participantes e contou com tópicos norteadores, a saber: (1) Comente sobre seus primeiros contatos com a DF no atendimento em saúde (2) Fale um pouco sobre os portadores da DF que você acompanha; (3) Comente sua percepção sobre o cuidado produzido para esse público. As entrevistas foram gravadas com autorização dos participantes e, posteriormente, foi realizada análise do conteúdo. Na unidade supracitada foi entrevistada uma profissional médica que cuida do Programa de Anemia Falciforme na unidade e uma Agente de Saúde que também é mãe de um filho de 26 anos que possui a Doença Falciforme. Nesse sentido, a análise de conteúdo do discurso da Agente de Saúde possibilitou duas visões de análise e por meio destas analisar as convergências, divergências e complementaridades: de profissional de saúde e usuária do serviço voltado à pessoa com DF. Resultado: Os discursos de ambas as entrevistadas apontaram para a negligência na produção o cuidado à pessoa com Doença Falciforme, sobretudo na rede particular de atendimento à saúde. Segundo a médica, ela não teve contato com a Doença Falciforme nas suas aulas na faculdade (Universidade Federal da Bahia/UFBA, ironicamente situada na Bahia, Estado com maior quantidade de negros fora da África e local com um dos maiores números de pessoas com DF), tendo apenas contato com a DF quando começou a trabalhar em USF, principalmente por meio de cursos de qualificação ofertadas por entes federativos em que atuava. A médica mantém uma visão que os pacientes com DF são melhores atendidos nos serviços especializados por um hematologista, como HEMOBA, sendo o trabalho da USF reforçar as orientações que lhes são fornecidas nesses serviços, como tratamento e cuidados como a alimentação. Notou-se, desse modo, um certo distanciamento dos potenciais de trabalho da USF para além de reforçar as orientações do serviço especializado, tais como cuidados mais holísticos como orientações acerca da aceitação da doença, hidratação da pele (para evitar que a espessura fina torne-se uma vulnerabilidade para instalação de úlceras), exposição à temperaturas extremas, realização de exercícios físicos e USF vinculada à escola, orientações estas que muitas vezes passam despercebidas no olhar do médico especialista, que muitas vezes se direciona para as condições biológicas apresentadas seu consultório. Além disso, na visão da médica entrevistada, a doença não tem relação com a cor dos portadores da DF, mas sim com o nível socioeconômico baixo, revelando uma negação, ainda que inconsciente, do viés racial que marca o negligenciamento da doença falciforme. Com relação à Agente de Saúde, percebe-se que esta usa muito da sua vivência com usuária do SUS e também de plano de saúde privado do Governo em seu processo de trabalho na produção do cuidado à pessoa com DF. No momento das visitas nas residências para cadastramento dos moradores do território que a USF no território a qual é responsável, a agente informa que fica atenta a todos os relatos de dores em articulações, pois podem ser sintomas que indiquem DF, dessa maneira, a profissional muitas vezes escreve para o morador procurar a médica da USF e solicitar “teste falcêmico”, fazendo referência ao teste eletroforese de hemoglobina. Dessa maneira, percebe-se uma maior sensibilidade por parte da agente, que poderia descartar as dores com olhar para DF e relacionar apenas com idade (no caso de pessoas mais velhas) ou até mesmo esforço físico. Percebe-se que essa atenção relaciona-se muito à sua experiência como mãe de um portador de DF, o qual foi diagnosticado quando criança em um posto de saúde da família por uma médica pediatra, que relacionou dores muito fortes na garganta tanto à infecção bacteriana por Streptococcus ou à DF: enquanto os exames para infecção bacteriana deram negativos, para doença falciforme foram positivos, demonstrando a importância da visibilidade da doença para à assistência aos seus portadores seja efetiva. A agente de saúde relata que durante o cuidado com seu filho nos estabelecimentos de saúde notou muitas vezes desconhecimentos da equipe de médicos no tratamento da doença, sobretudo na rede particular, tendo ela algumas vezes nos serviços de emergência que orientar o profissional, com base em suas experiências anteriores, sobre a conduta médica que seu filho precisava para melhorar das crises. Evidencia-se na análise desse discurso a omissão das escolas de medicina, assim como dos profissionais atuantes nos serviços de plantão, no processo de produção de cuidado à pessoa com DF, na medida em que falta a aplicação de protocolos na abordagem ao paciente com dor. Quando questionada sobre contato anterior com a DF para além do diagnóstico de seu filho, a agente de saúde relatou que por existirem outros casos de DF na família, ela já tinha noção de como a doença se manifestava e da importância do cuidado, principalmente porque teve familiares que morreram antes dos trinta anos de idade por conta negligência do cuidado da doença. Além disso, a profissional de saúde relaciona a falta de atenção à DF ao fato dos maiores atingidos serem pessoas negras e, somando a isso, pobres. Ademais, a relatos agente de saúde e também mãe de filho com DF, revelaram uma dificuldade do filho em aceitar a doença crônica, acarretando em crises recorrentes por conta do abandono dos cuidados que o portador precisa ter consigo mesmo no que diz respeito a alimentação, exposição solar, tomar o ácido fólico corretamente e até mesmo ir para as consultas médicas que ocorrem a cada seis meses com os médicos especialistas no HEMOBA. Existe, portanto, um desafio instalado, pois a mãe precisa incentivá-lo diariamente a cuidar de si e lutar ao mesmo tempo por uma assistência de saúde digna ao seu filho. Considerações finais: Nesse sentido, essa pesquisa buscou entender sobre as práticas do cuidado em saúde à pessoa com DF, além de discutir sobre os processos de visibilidade do cuidar a essa população, fazendo investigação paralela do racismo institucional dentro desse processo. Enxerga-se que o desenvolvimento desse trabalho em outras USF tem potencial para o aperfeiçoamento do serviço estudado, pois, após conhecê-lo melhor, é possível sugerir estratégias para aprimorar os pontos frágeis, e ampliar os fortes, com chances de interferir positivamente na negligência relacionada à assistência necessária às pessoas com DF. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 8694 Título do Trabalho: REPERCUSSÕES DO ESTÁGIO EM SAÚDE PÚBLICA NO INTERIOR DO AMAZONAS NA FORMAÇÃO DO ESTUDANTE DE FISIOTERAPIA - PERCEPÇÕES DE DOCENTES SUPERVISORES Autores: Alessandra Araújo da Silva, Juliberta Alves de Macêdo, Juliberta Alves de Macêdo |
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Apresentação: A Atenção Primária à Saúde (APS) caracteriza-se por um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo para a promoção e a manutenção da saúde com foco na atenção integral, contando com o apoio de uma equipe multidisciplinar, incluindo o fisioterapeuta. O estágio supervisionado em Saúde Pública do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) do município de Coari (AM) proporciona aos acadêmicos a vivência no contexto das ações da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) através das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. Os atendimentos são feitos em visitas domiciliares durante todo o período letivo, os estagiários ainda atuam nas escolas públicas do bairro com educação em saúde. O bairro que recebe este estágio, apesar de se conectar ao restante da cidade por uma ponte de concreto, apresenta condições socioeconômicas, de infraestrutura e de saúde dos moradores deficitárias, assemelhando-se a uma estrutura rural. Objetivo: Relatar a experiência de supervisores do estágio em saúde pública elucidando como ele impactou e repercutiu na formação de futuros fisioterapeutas. Desenvolvimento: O estágio foi realizado durante o período letivo de 2019.1. A princípio, em uma reunião, os ACS discorreram sobre os pacientes que precisavam de atendimentos fisioterapêuticos e em seguida apresentaram o bairro. Após a obtenção das informações sobre os pacientes, seus respectivos casos, as condições do lar e ambiente social onde estavam inseridos, os estagiários ficaram cientes dos seus pacientes. Os atendimentos foram realizados duas vezes por semana com duração de uma hora. Os casos predominantes foram de pacientes com Acidente Vascular Encefálico e Hipertensão Arterial Sistêmica, também foram acompanhados pacientes com Paralisia Cerebral (PC), Hérnia de Disco, Osteoartrose, Tendinopatias, Asma e outros sem diagnóstico médico, mas que apresentavam comprometimento funcional. Na avaliação, o estagiário precisou se atentar não apenas para a queixa do paciente, mas também para dados sobre a renda familiar, condição de moradia, trabalho, escolaridade, saneamento básico, relação familiar, convívio social, entre outros. Essas informações foram se reafirmando durante o acompanhamento de cada caso, aflorando reflexões nos estagiários do quanto os fatores sociais interferiam na condição de saúde daqueles indivíduos daquele bairro. Resultado: Percebeu-se que no final de cada dia, os estagiários chegavam reflexivos sobre as condições de vida de vários pacientes, relatando a impossibilidade de alguns seguirem certas exigências dos tratamentos, porque pareciam não ter condições mínimas de subsistência. Os acadêmicos passaram a reconhecer o paciente em sua globalidade, compreendendo além dos aspectos biológicos envolvidos, mas também sobre os determinantes sociais da saúde, gerando conteúdo nas rodas de conversas sobre as iniquidades sociais, o processo de saúde-doença e cuidado, e o papel da equipe da saúde com interdisciplinaridade. Considerações finais: A vivência do estágio em Saúde Pública contribui significativamente para a formação do aluno, visto que o estagiário tem experiências expressivas na APS. O docente intermedia aos acadêmicos aspectos importantes do processo de saúde-doença-cuidado, articulando a fisioterapia e o trabalho da equipe interdisciplinar. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 7671 Título do Trabalho: A VISITA DOMICILIAR NA PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE MEDICINA DA UFF NO TRABALHO DE CAMPO SUPERVISIONADO II Autores: Uesliz Vianna Rangel, Leandro Marcial Amaral Hoffmann, Marcos Paulo Fonseca Corvino |
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Apresentação: Este estudo foi proposto ao se observar entre os discentes uma lacuna em se compreender sua inserção nas atividades de campo junto ao serviço de atenção básica, com enfoque específico na ação da Visita Domiciliar. Considerando que a percepção, entendida como capacidade humana universal de, ao vivenciar acontecimentos e relações, pensá-los, classificá-los e simbolizá-los, e que define a forma de conduzir atitudes, tomar decisões e estabelecer prioridades, decidiu-se por construir este estudo adotando por objetivo a identificação da percepção dos alunos de medicina da UFF quanto aos aspectos da visita domiciliar junto às equipes de Saúde da Família da Prefeitura de Niterói no primeiro semestre 2019. O estudo trata de uma pesquisa descritiva, exploratória, qualitativa com análise de conteúdo, utilizando para coleta de dados a análise do Portfólio – instrumento utilizado para avaliação dos alunos do terceiro período do curso de medicina da UFF, onde registram suas impressões e aprendizados- acessados pela plataforma Google Classroom. Foram selecionados as citações que mencionavam a Visita Domiciliar e seus aspectos, como diagnóstico situacional da família, trabalho multiprofissional, a coordenação do cuidado, acesso aos serviços, entre outros. Foram analisados portfólios de 63 alunos, destes, 48 foram selecionados. Dos 15 não incluídos, 06 não foram encontrados na plataforma e 09 alunos não citaram ou não realizaram a Visita Domiciliar enquanto estiveram no campo. Quanto aos aspectos éticos da pesquisa, este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Revivendo histórias e experiências no Trabalho de Campo Supervisionado II”, aprovado no CEP/CONEPE sob o parecer 978419 de 10/03/2015. A análise resultou na construção de 04 categorias: “Tão importante que me mudou”, “A Equipe Multiprofissional como elo”, “Se está difícil pra mim imagina...” e “Das linhas do caderno para o diafragma do estetoscópio”. O que parecia ser mais uma tarefa escolar acabou tomando formas e repercussões variadas para cada um dos alunos da disciplina. Os relatos variavam de textos emocionados a revoltados, de poéticos a críticas político-sociais, de sonhadores a descritores, mas com muito em comum: a concepção da importância de se extrapolar os muros das faculdades e de ver uma realidade profissional e da população diferente do que se está acostumado. “TÃO IMPORTANTE QUE ME MUDOU” Dentre os relatos, a importância do aluno realizar uma Visita Domiciliar foi das mais citadas, pois acreditam que a experiência de sair a campo e de ver o exercício da profissão na prática contribui para sua formação profissional, consolida os conhecimentos adquiridos e oferece um olhar diferente do rotineiro institucional, confirmado na fala do aluno que assim escreve: “Pude aproveitar e aprender coisas que provavelmente não iria aprender dentro de um hospital” (L1A1). Mas as interferências não se restringiram apenas a vida profissional e acadêmica, pois muitos foram os relatos de que se percebiam acréscimos também na vida pessoal, e que estes haviam mudado algo em sua vida, seja na forma de ver o outro, a sociedade e até mesmo a si próprio pelo que diz: “O que ouvi lá me fez crescer como pessoa, me fez mudar minha visão de vida sobre alguns aspectos” (LM2A5). “A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL COMO ELO” Os alunos demonstraram entender a importância da equipe multiprofissional na Visita Domiciliar e como esta tende a otimizar a assistência em saúde ao usuário, de que as necessidades destes usuários transpassam o alcance do profissional médico, e que o trabalho de toda uma equipe contendo os profissionais das mais diversas áreas da saúde pode garantir a integralidade dessa assistência. Além do médico, foram citados o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o dentista, o fisioterapeuta, o psicólogo e o assistente social. Mas o mais citado e tido como de grande importância para a Visita Domiciliar bem sucedida foi o Agente Comunitário de Saúde (ACS), sendo referido como principal elo entre o serviço de saúde e a comunidade, atribuído principalmente por conhecer bem a comunidade, entender as necessidades e carências da população e ter o saber necessário para poder levá-los os serviços de saúde que forem identificados necessários. A importância do trabalho conjunto e coeso da equipe multiprofissional também foi alvo de apontamento por muitos alunos, como visto em um comparativo, onde dizia que “a equipe deve funcionar como a engrenagem de uma máquina que se movimenta em perfeita harmonia”. (M1A2). “SE ESTA DIFÍCIL PRA MIM IMAGINA...” A importância de se avaliar as condições sociais e sanitárias das famílias através de um diagnóstico de realidade local, da identificação de fatores de risco a saúde para as famílias e comunidade mostrou-se presente em alguns dos relatos e, foi bem ressaltada a percepção de diferença em se ver e analisar pessoalmente esses fatores na Visita Domiciliar, diferentemente de apenas coletá-los como dados em uma entrevista de anamnese. A maioria das falas se referia as condições das ruas, descritas como sem pavimentação ou deterioradas, e às formações geológicas das áreas, onde predominavam morros, e que exigia subida e construção de escadas. Citações estas, que associadas ao relato de um aluno dizendo que: “pude fazer uma leitura dos campos por meio do meu próprio ponto de vista e de minhas vivências acumuladas” (LM2A4), permitem inferir que as avaliações desse aspecto foram guiadas por suas concepções pessoais, seus conceitos de idealidade e dos seus significados de importância para estas condições, descrevendo principalmente as situações que os atingiam e causavam incomodo pessoal. Outro contraponto entre ouvir falar e constatar pessoalmente foi observado em relatos quanto a desigualdades sociais e financeiras da população. As principais descrições consistiam em: “choque de realidade”, “sair de sua bolha de realidade” e “cair em si “DAS LINHAS DO CADERNO PARA O DIAFRAGMA DO ESTETOSCÓPIO” Os relatos demonstraram que a oportunidade de realizar a Visita Domiciliar criou um cenário adequado para essa correlação do aporte teórico com a atividade prática, considerado de “extrema importância para nós, estudantes de medicina, entender essa funcionalidade das unidades básicas de saúde e compreender o funcionamento do SUS para que melhore ainda mais com o tempo” (P1A3). Também foram feitas associações com saberes da área biomédica e humanísticas, por entenderem ser “de grande aprendizado poder relacionar o caso com os conhecimentos de anatomia e fisiologia que estava obtendo, em um só momento” (LM1A4), que “Serviu para consolidar através da prática toda a teoria vista ao longo do período” (LM2A3) e que “Essa integração de disciplinas nos permite levar um conhecimento mais duradouro e adquirir experiência para a vida acadêmica” (P1A3). A percepção dos alunos de medicina sobre os aspectos da Visita Domiciliar parece ser bem ampla, e percebeu-se que os principais tópicos que se espera que um aluno atente nessa atividade estão bem descritos e presentes na maioria dos textos produzidos. A compreensão do planejamento e da execução da ação, a importância dos atores, suas representações, o cenário que se estabelece e suas repercussões tiveram descrições que favoreceram uma análise crítica e construtiva, o que demonstra o conhecimento por parte destes da importância de considerar estes fatores no cuidado com o paciente/família que demanda por esta atenção. Para concluir, me lanço da sensação de prazer e gratidão, ora manifestado pelo aluno, que narra sua despedida do paciente, por ter recebido “um grande sorriso, que nos preencheu com o real significado para combinação de saberes e técnicas utilizadas para resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e coletivas” (M1A5).·. |
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Anais do 14º Congresso Internacional da Rede Unida. Saúde em Redes, v. 6, supl. 3 (2020). ISSN 2446-4813.
Trabalho nº 9726 Título do Trabalho: SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E PRODUÇÃO DO CUIDADO: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Autores: Laís Lopes Gonçalves, Jaçamar Aldenora dos Santos, Caroline Nascimento de Souza, João Vitor Nascimento Palaoro, Ana Paula de Araújo Machado, Italla Maria Pinheiro Bezerra |
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Apresentação: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é definida como um modelo de organização e sistematização do cuidado. Este modelo de atenção é privativa do enfermeiro durante todo o seu processo de trabalho para que o mesmo possa desenvolver suas ações de maneira a melhorar a qualidade dos serviços e assistência prestada aos indivíduos. Diante disso, o trabalho tem como objetivo descrever a percepção da sistematização da assistência de enfermagem pelos enfermeiros da atenção primaria à saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, realizado em um município da região Norte do Brasil, da Amazônia ocidental. Fizeram parte dessa pesquisa 50 enfermeiros cadastrados nas equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) das unidades de saúde. Para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista semiestrutural e não participativa mediada por um checklist nos meses de agosto e setembro de 2017. O processo de organização de dados ocorreu a partir da técnica de análise de conteúdo de Bardin. O estudo respeita os preceitos éticos de pesquisa com seres humanos dispostos na resolução 466/12, sendo aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da Faculdade de Juazeiro do Norte, sob parecer de nº 1.975.410. Resultado: Evidenciou-se que a percepção dos enfermeiros da atenção primária em saúde em relação à sistematização tem foco nas etapas do processo para a construção do plano de cuidado, entretanto ligada a facilidade de implementar protocolos ministeriais. Na prática, estes não executam de forma a atender as etapas do processo de enfermagem e apenas desenvolvem ações com foco no problema de saúde, fragmentado. Considerações finais: A SAE é percebida como metodologia para melhoria da qualidade da assistência prestada, porém o processo de trabalho dos enfermeiros se encontra limitado aos programas assistenciais com a implementação de protocolos, o que implica em (re) formulação de práticas para que a SAE não seja apenas reconhecida como uma importante ferramenta do cuidar mas de fato executado no processo de trabalho no seu cotidiano. |