291: A potência transformadora da Educação Permanente em Saúde no mundo do trabalho
Ativador: MICHELLY SANTOS DE ANDRADE
Data: 30/10/2020    Local: Sala 15 - Távolas de trabalhos    Horário: 08:00 - 10:00
ID Título do Trabalho/Autores
11296 HUMANIZAÇÃO: UMA IMERSÃO NO COTIDIANO
Maria Luiza De Barba, Luana Manzini, Tatiane Basilio, Beatriz Marques

HUMANIZAÇÃO: UMA IMERSÃO NO COTIDIANO

Autores: Maria Luiza De Barba, Luana Manzini, Tatiane Basilio, Beatriz Marques

Apresentação: A Política Nacional de Humanização (PNH) foi instituída pelo Ministério da Saúde no ano de 2003, com o objetivo de contagiar e efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde na realidade do cotidiano na gestão e na assistência. A PNH incentiva trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários, promovendo a comunicação entre estes três grupos para provocar uma série de debates em direção às mudanças que proporcionem melhores formas de cuidar e organizar o trabalho. Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades. Dessa forma, os usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o reconhecimento do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde, buscando transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável. O presente trabalho é um relato de experiência de uma atividade desenvolvida pelo Núcleo de Educação Permanente da organização social Instituto de Atenção Básica de Avançada à Saúde - IABAS, nos dias 21, 22 e 23 de janeiro de 2020, com 259 profissionais de diferentes categorias e unidades das regiões Centro e Zona Norte da cidade de São Paulo, abordando a temática do acolhimento e humanização com base nas metodologias ativas. Os participantes foram convidados a vivenciar uma experiência de imersão no cotidiano de uma unidade, adentrando em um circuito que representava uma Unidade Básica de Saúde, cumprindo diferentes tarefas em equipe. O cenário foi pensado com o objetivo de dificultar a execução das tarefas propostas, com nomes em alemão, imagens em preto e branco, luzes apagadas e entradas estreitas, de forma que os participantes pudessem refletir como os usuários se sentem ao chegar em uma unidade de saúde, a qual não lhes é um ambiente “natural” e, por muitas vezes, intimidador e não acolhedor. A primeira atividade desafiou os participantes adentrarem no circuito em duplas, sendo um com os olhos vendados e o outro como guia, o qual deveria decifrar a charada que indicava o setor da unidade que estavam procurando e conduzir o colega vendado somente com comandos verbais. Esta atividade propôs o estranhamento do cenário, a dificuldade de identificação dos locais e a clareza das informações fornecidas, mas acima de tudo, discutiu a importância do estabelecimento do vínculo entre os usuários, os profissionais e os serviços. Para a segunda atividade, foram distribuídas letras aleatórias e os participantes tiveram que compor o nome do setor em que se encontravam. Entretanto, além das letras estarem embaralhadas, não foram passadas orientações claras do que podia ser feito. Nessa atividade, buscou-se discutir o trabalho em equipe, a necessidade de atuação intersetorial e a importância da troca de conhecimentos. Na terceira atividade, foram distribuídas cenas do cotidiano do mundo do trabalho, nos quais os grupos deveriam encenar um desfecho com base no cuidado humanizado. Visto que esta atividade retratava cenas do cotidiano das unidades, possibilitou aos participantes relatar e discutir seus processos de cuidado e atuação profissional. Após, foi realizada roda de conversa com a produção de um pacto pela humanização, contendo três metas-objetivos propostas pelos próprios participantes, o qual foi assinado por todos os presentes. Ao final, propôs-se um momento reflexivo avaliativo, no qual cada participante escreveu em uma folha o que era necessário para que tornasse sua prática mais humanizada, bem como o que sua unidade deveria fazer. Além disso, realizou a avaliação da atividade, com base no instrumento de avaliação de reação. Para o encerramento do encontro, foram entregues bombons aos participantes, que deveriam trocar entre si na atividade “amigo virtude”. O tema do acolhimento e da humanização do cuidado sempre é muito discutido nas atividades de educação permanente propostas pelos serviços de saúde. No entanto, na maioria das vezes, a metodologia utilizada baseia-se nas premissas do aprendizado formal, e sua abordagem coloca os profissionais em uma posição já conhecida pelos mesmos. A realização de atividades com base nas metodologias ativas ainda é um grande desafio para a educação permanente das equipes de saúde, todavia, seus resultados se mostram altamente eficazes no que concerne o aprendizado na prática do cotidiano. A utilização de instrumentos para  mensuração de indicadores de qualidade é de grande importância, garantindo que o profissional avalie sua satisfação com a atividade e a metodologia empregada, bem como a aplicabilidade prática da mesma. Nesta atividade em específico, mais de 90% dos participantes avaliou positivamente a metodologia utilizada, assim como a temática e a aplicabilidade no dia a dia. Entretanto, muitos são os desafios existentes para o desenvolvimento de atividades de educação permanente que desacomodem os sujeitos para pensar de forma a transgredir as fronteiras do conhecimento científico e do aprendizado formal. Ademais, a ampliação do escopo da discussão para além das proposições da PNH, considerando a humanização no cuidado consigo e com o outro, foi de um ponto relevante da atividade, evidenciando as fragilidades dos relacionamentos interpessoais, da atuação em equipe e das relações de poder existentes no sistema de saúde. Dessa forma, concluiu-se que a imersão proposta viabilizou a vivência dos participantes  em situações do seu próprio cotidiano de atuação profissional, possibilitando um exercício de reflexão sobre as condutas e atitudes próprias e das equipes de saúde, que impactam diretamente nos serviços e no cuidado ofertado aos usuários, impondo inúmeros desafios à consolidação do Sistema Único de Saúde, com acesso universal e equânime, bem como ao cuidado humanizado e integral. A aposta feita nesta atividade foi o rompimento do ciclo de reafirmação de saberes e certezas relacionados à prática do mundo do trabalho no que concerne o cuidado humanizado, propiciando o exercício da empatia com o outro por meio da inversão de lugares.

6456 METODOLOGIAS COLABORATIVAS NA EDUCAÇÃO PERMANENTE DE PROFISSIONAIS FACILITADORES DE TAI CHI CHUAN
Adelyany Batista dos Santos, Aristein Tai-Shyn Woo

METODOLOGIAS COLABORATIVAS NA EDUCAÇÃO PERMANENTE DE PROFISSIONAIS FACILITADORES DE TAI CHI CHUAN

Autores: Adelyany Batista dos Santos, Aristein Tai-Shyn Woo

Apresentação: A Escola de Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (EAPSUS) em parceria com a Gerência de Práticas Integrativas (GERPIS) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES DF) desenvolve desde 2016 uma ação de educação permanente em saúde com os profissionais facilitadores de Tai Chi Chuan, numa modalidade chamada de Educação em Ações Temáticas Orientadas aos Serviços de Saúde (ATOSS) em PIS – Tai Chi Chuan. A ação consiste em encontros mensais para aperfeiçoamento das Formas, para o trabalho de temas pertinentes à oferta dessa PIS no SUS e para troca de experiências, com atividades de dispersão entre os momentos presenciais. Esse relato tem por objetivo apresentar a experiência da ação educativa ao longo do ano de 2019.Um processo de Educação Permanente para profissionais facilitadores de  Tai Chi Chuan nas políticas públicas se faz necessária porque essa é uma técnica em que os diversos fundamentos devem ser sempre revistos e revisitados; é uma Prática Integrativa em Saúde (PIS), cujos efeitos serão tanto melhores quanto mais bem qualificados forem os facilitadores; é uma PIS ofertada no contexto do Sistema Único de Saúde, devendo ser integrada aos demais serviços e programas ofertados pelas unidades de saúde; e é um serviço que atua dentro de um sistema e de uma organização em constante adaptação e aperfeiçoamento. No ano de 2019 a coordenação da ação passou a se inspirar em algumas Metodologias Colaborativas, incorporando conceitos e práticas do Dragon Dreaming, da Facilitação Gráfica e da Arte de Anfitriar Conversas Significativas – Art of Hosting no desenho pedagógico. A cultura e a medicina chinesa também são bastante exploradas para potencializar o processo de aprendizagem. Os ciclos passaram a ser semestrais e temáticos. A partir de uma atividade realizada no final de 2018, sobre quais os sonhos dos participantes em relação ao Tai Chi Chuan na SES DF, foi possível elaborar uma matriz lógica de grandes objetivos a serem alcançados, que posteriormente foi trabalhada também de maneira coletiva e resultou em objetivos intermediários. Esses objetivos foram a base das atividades de dispersão ao longo do semestre. Na perspectiva de atender uma demanda institucional de reorganização dos serviços em Regiões de Saúde, foi desenvolvida uma narrativa baseada em um período histórico da China conhecido como Período dos Reinos Combatentes, fazendo uma analogia às Regiões de Saúde do DF. Cada participante foi considerado simbolicamente rei ou rainha de seu reino, no caso, de sua Região de Saúde sendo-lhes atribuídos nomes chineses. Foram realizados cinco encontros no primeiro semestre, com a participação de 34 profissionais em pelo menos um encontro, e cinco encontros no segundo semestre com a participação de 30 profissionais em pelo menos um encontro. Ao final do primeiro semestre os participantes realizaram uma atividade de planejamento do semestre seguinte. Divididos em cinco grupos menores, cada grupo foi responsável por propor a sequência de atividades de um encontro. O engajamento e a proatividade dos profissionais surpreendeu os coordenadores da ação. Espontaneamente se dispuseram a não só propor atividades, mas conduzir os próprios encontros de Educação Permanente, sob a supervisão da coordenação, indicando um amadurecimento impressionante do grupo e de cada indivíduo no sentido de reconhecer a importância do protagonismo no processo educativo. A EAPSUS realiza uma avaliação de reação por meio de um formulário padronizado que mede a satisfação dos participantes no final da ação educativa com um índice que varia no intervalo de 0 a 10, sendo 0 o resultado que demonstra insatisfação e 10 totalmente satisfeito. O índice de satisfação no primeiro semestre foi 9,9 e no segundo semestre foi 9,8. Nesse formulário há um espaço aberto para comentários. As respostas dos participantes no espaço para comentários aponta para o alcance dos objetivos relacionados ao aprimoramento das Formas (movimentos padronizados) e ao fortalecimento da integração dos participantes, entre si e com a coordenação técnica responsável pela oferta de Tai Chi Chuan na SES DF. Os participantes reconhecem esse como um espaço de troca de experiências e de muito aprendizado. Citam ainda que pessoalmente se sentem renovados e recarregados de energia para continuar o trabalho. No encerramento do segundo semestre, além da avaliação padronizada, os participantes foram convidados a avaliar em pequenos grupos a experiência de cada encontro ter sido planejado e executado pelos próprios sujeitos da ação, apontando os aspectos positivos e os negativos dessa experiência. Nos aspectos positivos os participantes avaliaram que foi um processo  muito interessante, pois a metodologia mais interativa permitiu sair de uma maneira já conhecida para outra, nova, mais dinâmica, mais lúdica e criativa, com ações mais diversificadas pela possibilidade de uma maior contribuição, o que permitiu ampliar a visão. Foi surpreendente para todos e todas a dedicação dos grupos para com cada encontro. Os aspectos negativos apontados foi que nem todo participantes se dedica igualmente a essa maneira mais colaborativa de fazer, e de que há um certa pressão e tensão pela responsabilidade assumida em conduzir um processo educativos entre pares. Alguns desafios ainda se apresentam para o total sucesso dessa modalidade de ação educativa. Pode-se perceber que a rápida aceitação por parte do grupo das metodologias colaborativas tem relação com o fato de já haver um consistente trabalho de Educação Permanente desenvolvido com esse grupo há anos. O que aconteceu foi a culminância de diversos fatores que contribuíram para o sucesso dessa experiência. Ainda é um grande desafio garantir a participação dos profissionais facilitadores na ação educativas, pois eles são profissionais da atenção à saúde de áreas diversas, e alguns gestores ainda acreditam que a oferta de Tai Chi Chuan compete com outras formas de atendimento em saúde, não autorizando ou dificultando a participação deles nos encontros de Educação Permanente. Faz-se necessário o desenvolvimento de uma política de monitoramento e avaliação da ação, principalmente que consiga relacionar os benefícios da ação educativa para os profissionais com o aumento da qualidade de vida da população que é atendida com a prática de Tai Chi Chuan. Há ainda um desafio pedagógico e institucional para a sustentabilidade de uma ação educativa que não tem início e fim, mas que se propõe a atender a necessidade de um espaço permanente de diálogo, troca de experiências e aprimoramento técnico nessa área. Um resultado precioso é o que uma facilitadores de PIS uma vez denominou de aumento do salário afetivo. É notório o incremento na realização profissional e pessoal nos profissionais que têm participado dessa ação educativa, aumentando o sentido do trabalho no SUS.

9839 A POTÊNCIA TRANSFORMADORA DE OFICINAS EDUCATIVAS NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EM ENFERMEIROS PARA ATUAR SOBRE AS DESIGUALDADES SOCIAIS NA SAÚDE.
Vanessa de Souza Amaral, Nayara Rodrigues Carvalho, Amanda Morais Polati, Erica Toledo de Mendonça, Rayla Amaral Lemos, Bruno David Henriques, Tiago Ricardo Moreira, Deíse Moura de Oliveira

A POTÊNCIA TRANSFORMADORA DE OFICINAS EDUCATIVAS NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EM ENFERMEIROS PARA ATUAR SOBRE AS DESIGUALDADES SOCIAIS NA SAÚDE.

Autores: Vanessa de Souza Amaral, Nayara Rodrigues Carvalho, Amanda Morais Polati, Erica Toledo de Mendonça, Rayla Amaral Lemos, Bruno David Henriques, Tiago Ricardo Moreira, Deíse Moura de Oliveira

Apresentação: As desigualdades sociais ainda são um importante problema de saúde pública presente no Brasil. Isso vai ao encontro dos Determinantes Sociais de Saúde (DSS), que interferem e impactam negativamente a saúde da população, culminando em prejuízos muitas vezes de origem evitável, o que caracteriza as iniquidades sociais em saúde. Pensar em uma atenção à saúde mais equitativa pressupõe o reconhecimento das situações de desigualdade social presentes no país, que interferem diretamente no direito universal à saúde. A garantia de uma assistência pautada na equidade prevê a necessidade de profissionais com competência para mediar a prática deste importante princípio do Sistema Único de Saúde. Isso envolve conhecimentos, habilidades e atitudes que devem ser construídos no cotidiano do serviço, a partir da realidade das desigualdades sociais vivenciadas. Entretanto, sabe-se que a formação em saúde comumente não oferece um arcabouço teórico-prático para que os profissionais, incluindo o enfermeiro, atuem efetivamente nas desigualdades sociais presentes no território, sendo necessário o incremento de estratégias educativas que viabilizem esta formação. Neste contexto emergem as oficinas educativas, que se constituem espaços de construção coletiva, pautada na dialogicidade e na problematização da realidade vivenciada pelos atores sociais. Visa a construção de uma aprendizagem significativa, fundamentando-se no protagonismo dos sujeitos nela envolvidos. As oficinas educativas permitem a formação do pensamento crítico nas pessoas nelas envolvidas. Trata-se de um método de intervenção que que permite aos sujeitos envolvidos oportunidade de fala e de escuta, podendo expressar seus sentimentos, experiências e conhecimentos sobre a questão trabalhada. Trata-se de uma estratégia de caráter pedagógico em que os participantes aprendem e ensinam uns aos outros a partir da realidade vivenciada, procurando compreendê-la, e transformá-la. Ao transformarem a realidade os participantes transformam-se também, atuando individual e coletivamente na solução de problemas. Neste ensejo que se constituiu a experiência ora apresentada, acreditando serem as oficinas educativas um espaço capaz de transformar enfermeiros da Atenção Primária à Saúde que atuam cotidianamente com desigualdades sociais no território. O estudo tem como objetivo relatar a experiência de oficinas como estratégia pedagógica para a construção de competências para a atuação sobre as desigualdades sociais em saúde com enfermeiros da Atenção Primária à Saúde. Desenvolvimento: trata-se de um relato de experiência de oficinas inscritas em uma pesquisa-ação intitulada “O desenvolvimento de competências em enfermeiros da Atenção Primaria à Saúde para o enfrentamento das desigualdades sociais na saúde”. A atividade foi realizada com seis enfermeiros de um município no interior de Minas Gerais, entre os meses de março a maio de 2018, com duração de três horas. O critério de escolha dos participantes vinculou-se à participação dos mesmos na primeira etapa de uma pesquisa anterior realizada pelos autores do presente trabalho, em que investigou-se os desafios para o enfrentamento das desigualdades sociais por enfermeiros da Atenção Primária. Dos 11 enfermeiros que participaram da referida pesquisa seis se dispuseram a participar das quatro oficinas para a construção de competências para atuarem na pauta em questão.  As oficinas foram realizadas em quatro momentos distintos, por meio de metodologias ativas, que eram reconfiguradas de acordo com a participação e necessidade dos participantes. Na primeira oficina foi utilizada como estratégia metodológica o cine-debate, com um documentário que teve como objetivo problematizar e sensibilizar os participantes sobre a temática abordada, resgatando a prática profissional e as lacunas existentes no processo de enfrentamento das desigualdades sociais na saúde. Na segunda oficina aconteceu a problematização acerca das competências necessárias para atuar sobre as desigualdades sociais, com o objetivo de gerar reflexões sobre a atuação profissional nesse contexto. Na terceira oficina foi realizado um encontro entre profissionais atuantes na rede de atenção à saúde do município (da secretaria de saúde e assistência social) e os enfermeiros da ESF, na tentativa de aproximar e viabilizar a comunicação intra e intersetorial. Na quarta e última oficina foi realizado um grupo focal, com o objetivo de possibilitar a consolidação do tema na prática profissional, além da avaliação da evolução do aprendizado no que tange à construção das competências para o enfrentamento das desigualdades sociais na saúde. Resultado: A partir das oficinas foi possível revelar competências necessárias para os enfermeiros atuarem sobre as desigualdades sociais na saúde. Tais competências foram interpretadas a partir dos conhecimentos, habilidades e atitudes que as alicerçam e sob a ótica dos quatro pilares da educação estabelecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO): o saber conhecer, fazer, ser e conviver, em diálogo com as competências previstas para o enfermeiro de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Enfermagem. Com relação aos conhecimentos destaca-se a importância desse profissional reconhecer o seu papel e dos demais profissionais presentes nas Redes de Atenção à Saúde. Além disso, foi destacado a importância de conhecer o funcionamento dos setores e leis disponíveis para o enfrentamento dessas desigualdades, de modo a contribuir para a sua atuação frente a complexidade envolta às questões sociais na APS. No que tange às habilidades as oficinas provocaram nos enfermeiros a consolidação dos seus papéis de agenciadores  da equidade na produção do cuidado em saúde. Em relação às atitudes desenvolvidas os participantes destacam que começaram a reconhecer nas práticas cotidianas o cuidado equitativo que requer competências relacionadas à tomada de decisão e comunicação, elencando atividades o acolhimento e a visita domiciliar como promotoras de equidade e, portanto, mediatizadoras para o enfrentamento das desigualdades sociais. Isso se deve ao fato de nestas práticas reconhecerem as reais necessidades de indivíduos e coletividades, atuando de modo a responder às particularidades de cada pessoa, circunstanciada em sua realidade social. Assim, nota-se que os enfermeiros passaram por meio das questões problematizadas nas oficinas a atuar de maneira mais consciente e assertiva sobre as desigualdades sociais, reconhecendo a importância do seu papel no enfrentamento das mesmas no cotidiano da Atenção Primária à Saúde. Considerações finais: As reflexões e os conhecimentos adquiridos durante as oficinas possibilitaram aos participantes refletirem sobre suas práticas no processo de enfrentamento das desigualdades sociais na saúde, conduzindo-os a ressignificações dos seus saberes e fazeres neste campo, formando competências para atuar sobre algo que, em um primeiro momento, se viam incapazes de intervir.  Como desdobramentos pôde-se identificar uma reconfiguração identitária do enfermeiro, que anteriormente às oficinas se compreendia e se colocava como o único responsável por conferir respostas sociais que transcendiam sua competência e governabilidade profissionais, o que os possibilitou alcançar outros espaços, onde até então não transitavam, fortalecendo a dimensão atitudinal de enfrentamento das desigualdades no território.

6530 O APOIO REGIONAL DA SES (RJ): UMA FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE PARA A ATIVAÇÃO DE COLETIVOS
Marcela Cunha, Sara Gonçalves, Carina Pacheco, Adriana Justo, Regina Canedo, Cintya Veiga, Nicholye Gonçalves, Anna Tereza Moura

O APOIO REGIONAL DA SES (RJ): UMA FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE PARA A ATIVAÇÃO DE COLETIVOS

Autores: Marcela Cunha, Sara Gonçalves, Carina Pacheco, Adriana Justo, Regina Canedo, Cintya Veiga, Nicholye Gonçalves, Anna Tereza Moura

Apresentação: A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), instituída em 2004 pelo Ministério da Saúde, tem em sua base o fortalecimento do Sistema Único de Saúde por meio da formação crítica e reflexiva de seus profissionais. Visa a qualificação das práticas em saúde a partir do ambiente de trabalho como principal campo de atuação. Tem como premissa a articulação dinâmica e produtiva entre os trabalhadores da saúde, a população, os gestores e as instituições formadoras nesta área, e como eixo de análise o processo de trabalho, considerando as realidades dos territórios em saúde. A sua centralidade se dá no indivíduo, suas subjetividades, e concretudes, por meio de escuta qualificada (respeito aos diversos saberes, olhares, fazeres), nos cenários das unidades e instituições do SUS, objetivando a promoção da saúde, prevenção de agravos, cura e reabilitação, na busca da excelência da atenção à saúde ao usuário deste Sistema. Nesta Política são previstas Comissões de Integração Ensino-Serviço (CIES) Regionais e Estadual, consideradas como instâncias intersetoriais e interinstitucionais permanentes que participam da sua formulação, condução e desenvolvimento no âmbito estadual. As CIES Regionais atuam junto às suas respectivas Comissões Intergestores Regionais (CIR) e, consequentemente, aos municípios que compõem cada uma das nove (09) regiões de saúde do Estado do Rio de Janeiro; e a CIES Estadual opera como assessoria da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), com atuação mais ampla, em nível estadual. Em consonância com a PNEPS, estas instâncias têm sido consideradas pela Superintendência de Educação Permanente, da Subsecretaria de Educação e Inovação em Saúde da SES-RJ, como locais privilegiados de atuação do apoio regional, no que tange ao desenvolvimento e fortalecimento da Educação Permanente em Saúde para o Estado. Desta forma, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência do apoio regional, como proposta da Superintendência de Educação Permanente (SUPES) da SES-RJ, para a ativação dos coletivos de trabalhadores da saúde que atuam no âmbito da Educação em Saúde no Estado. Entende-se que as CIES Regionais e Estadual, são veículos para a capilarização e transversalização dos fundamentos da PNEPS dentro dos seus contextos de atuação, primando por promover nos espaços coletivos, a democratização dos saberes e práticas no campo da saúde, para a qualificação dos processos de trabalho e das redes de atenção à saúde. No ERJ, a SUPES, em parceria com estas Comissões, vem entendendo que dada à importância deste tema, a função do apoiador regional é estratégica para o fortalecimento das ações de EPS, visto que estimula a criação e a ativação coletiva de espaços dialógicos locorregionais. No entanto, outros coletivos também são percebidos como espaço de articulação do apoio regional: CIR, Câmara Técnica da CIR e Grupos de Trabalho realizados em nível regional (GT Atenção Básica, GT Vigilância em Saúde, Grupos Condutores Rede Cegonha). Em 2019, a SUPES por meio do seu apoio regional, desenvolveu algumas ações, dentre as quais, destacamos: a participação em reuniões de CIES Regionais, de encontros da CIES Estadual, Oficinas Regionais EPS; reuniões de CIR Regionais; Plenária do COSEMS, Seminários Regionais de EPS e em reuniões do grupo de trabalho de Acompanhamento das Ações Regionais no Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde (PEEPS). Este GT é composto por Coordenadores de CIES Regionais, representante de área técnica da SES, COSEMS, Escolas Técnicas do SUS e o Grupo de Pesquisa do Instituto de Medicina Social da UERJ. A participação do apoio regional nas reuniões das CIES tem contribuído para o fortalecimento da EPS no ERJ, já que estes encontros vêm ampliando a visão quanto às necessidades locorregionais, bem como ao longo do período, construindo efetivo vínculo com e entre os envolvidos, não somente pelo estreitando das relações técnicas e afetivas, mas pelo entendimento por parte destes técnicos, de que o ente estadual é uma instância gestora do SUS, de fundamental relevância para o seu desenvolvimento. Destacamos o encontro realizado no final de 2019, que reuniu os coordenadores e suplentes de CIES regionais, para fortalecimento da EPS como um espaço ampliado de debate, bem como reforçar o papel fundamental do apoio das CIES regionais para desenvolvimento das ações de educação das regiões e municípios do estado. Para esse evento foi convidado o Professor Ricardo Ceccim como ativador do debate. Todos os representantes das CIES apresentaram os avanços das suas regiões, as estratégias utilizadas para resolução de problemas e os entraves enfrentados no cotidiano do trabalho. No final, todos os participantes avaliaram o encontro como importante para produção de reflexões, de trocas de experiências, de problematização do processo de trabalho e de construção de conhecimento, principalmente, sobre as estratégias utilizadas pelos municípios e regiões que estão dar certo para lidar com as mesmas dificuldades vivenciadas em suas áreas. As reuniões do GT, além de cumprirem com o seu objetivo de acompanhar a execução das ações de EPS regionais contidas no PEEPS, promoveram o fortalecimento do vínculo entre os seus participantes, estimulando a socialização das informações, troca de experiências e favoreceram a construção e execução das Oficinas Regionais de EPS, que tiveram foco na elaboração de projetos nesta área, execução dos recursos financeiros regionais da PNEPS, acompanhamento das ações dos Planos Regionais e Estadual de EPS. As reuniões deste GT têm sido relevantes e ferramenta potente para desenvolvimento das ações de educação nas regiões e municípios. Os espaços de debate desse grupo vêm se estendendo e se consolidando por meio de um aplicativo de mensagens; e desta forma, se definindo como objeto de pesquisa do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), dada a efetiva participação de todos os envolvidos. A participação em reuniões das CIR das regiões Serrana e Centro Sul e Plenária do COSEMS-RJ, também foram estratégias estabelecidas para o fortalecimento da EPS junto aos secretários municipais de saúde, pois buscaram reforçar a sua importância como ferramenta de gestão, de qualificação dos profissionais e de organização das redes de atenção à saúde. Outra ação importante foi a participação em Seminários Regionais de EPS, da Baía da Ilha Grande e do Médio Paraíba, visando ampliar o conhecimento respectivamente dos secretários e técnicos municipais de saúde sobre EPS e sensibilizá-los quanto à sua importância. Para apoiar os processos que envolvem a EPS nas regiões, a SUPES entende que se faz necessário considerar uma modelagem ampla de trabalho que inclua ferramentas criativas, de cogestão, de processos formativos democráticos, participativos e problematizadores. Para a capilarização deste trabalho e o fortalecimento do trabalho das CIES, o apoio regional da SUBPES aposta na aproximação dos diversos saberes, olhares e práticas produzidos nos distintos territórios regionais do ERJ, bem como no respeito às suas diversidades como fundamentais no processo construtivo de vínculos que promovam a transformação dos processos de trabalho e, consequentemente, a qualificação da atenção à saúde no SUS. A SUPES vem sendo reconhecida pelo trabalho realizado no ERJ, e a função apoio regional, considerada por este setor, pelas CIES e o GT, como uma estratégia bastante importante na construção coletiva e na ativação dos coletivos, requeridas por isso, no fazer cotidiano da Educação Permanente em Saúde.