310: Hanseníase e luta pela saúde | |
Ativador: Rai Matheus Carvalho Santos | |
Data: 31/10/2020 Local: Sala 15 - Távolas de trabalhos Horário: 16:00 - 18:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
9519 | AÇÃO EDUCATIVA SOBRE HANSENÍASE EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE (UBS) DE ANANINDEUA/PARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Luciana Emanuelle de Aviz, Jessica de Souza Pereira, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Lucas Vinicius Moraes Silva, Daniel Lucas Costa Monteiro, Josiane Silva Moraes, Érika Patrícia Oliveira Oliveira, Maria Rute Souza Araújo AÇÃO EDUCATIVA SOBRE HANSENÍASE EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE (UBS) DE ANANINDEUA/PARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Luciana Emanuelle de Aviz, Jessica de Souza Pereira, Adrielly Cristiny Mendonça Fonseca, Lucas Vinicius Moraes Silva, Daniel Lucas Costa Monteiro, Josiane Silva Moraes, Érika Patrícia Oliveira Oliveira, Maria Rute Souza Araújo
Apresentação: A hanseníase é uma das doenças mais antiga da humanidade. O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking mundial da doença, ficando atrás da Índia. Os maiores coeficientes de prevalência de hanseníase foram observados, em ordem decrescente, nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. A região Norte do Brasil refletiu essa estatística apresentando grande aumento dos casos detectados com grau 2 de incapacidade no período, o que reflete, entre outros fatores, o diagnóstico tardio da doença. É uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, também conhecida como bacilo de Hansen, as vias respiratórias são a principal fonte de transmissão, ou seja a hanseníase não se transmite pelo contato físico, mas sim pela inalação de gotículas de saliva ou secreções do indivíduo infectado pelo bacilo, é uma doença que causa lesões na pele, danos nos nervos como atrofiamento, afeta também os olhos, nariz e órgãos internos como mucosas, testículos, ossos, baço, fígado. Se não tratada inicialmente e corretamente, a doença pode evoluir e tornar-se transmissível e atingir pessoas de qualquer sexo ou idade podendo levar a incapacidade física do indivíduo. A evolução do bacilo ocorre, de forma lenta e progressiva, durando aproximadamente de 11 a 16 dias e tem um período de incubação que varia de 2 a 5 anos. A hanseníase se apresenta de quatro formas diferentes, a Hanseníase Indeterminada (HI), Hanseníase Tuberculóide (HT), Hanseníase Virchowiana (HV), e a Hanseníase Dimorfa (HD), cujo diagnóstico é basicamente clinico e epidemiológico, sendo realizado através da análise da história e condições de vida do paciente, do exame dermatoneurológico na tentativa de detectar lesões ou áreas de pele com alterações de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos. Portanto é de fundamental importância conhecer a incidência e a prevalência da classificação para adotar medidas que evitem o agravo da doença em pessoas já portadoras. O tratamento é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde e possuem duração de seis meses para PB e doze meses para MB. Após a primeira dose da medicação não há mais risco de transmissão durante o tratamento. A equipe multiprofissional obtém competência para prestar cuidados relativos ao diagnóstico, à prevenção e ao tratamento das incapacidades físicas decorrentes da hanseníase, que permitirão um pleno restabelecimento ao paciente, porém, estes profissionais precisam estar aptos para prestação de cuidados com qualidade, reunindo todas as competências adequadas para interagir de maneira eficaz com o portador. De forma multiprofissional, o primeiro atendimento a um possível caso de hanseníase, pode ser feito por enfermeiro capacitado que realizará uma triagem, antes de encaminhá-lo para uma consulta médica que confirmará ou não o diagnóstico. Nesse contexto, a pesquisa teve como objetivo descrever a experiência de uma ação educativa sobre hanseníase, realizada para usuários de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Ananindeua/Pará. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, realizada por acadêmicos de enfermagem e medicina de um Instituição Privada de Ensino, acompanhados de uma enfermeira, em uma unidade municipal de saúde de Ananindeua/Pará. Participaram da ação educativa 18 usuários que se encontravam na sala de espera da referida unidade de saúde. A faixa etária era de 21 a 65 anos, sendo dois homens e dezesseis mulheres. A ação educativa ocorreu através da exposição de banner, por meio de comunicação oral seguidos de distribuição de folder para os participantes. Em seguida foi realizado uma roda de conversa, onde esclarecemos as dúvidas dos usuários presentes como: sinais e sintomas; diagnóstico; forma de transmissão; possíveis complicações; prevenção; tratamento; cura; e qual serviço de saúde procurar em caso de suspeita da doença. Resultado: Percebemos o interesse dos usuários que estavam presente sobre tema que foi abordado, de como saber interagir e lidar quando vivenciar alguns situação entre famílias ou conhecidos, muitos dos que estavam presente não tinham conhecimento da doença, não sabiam as consequências quanto ao abandono do tratamento, achavam que a doença era transmitida por contado físico, assim revelando o preconceito sobre a doença. Nossos achados foram ricos em conhecimento sobre a hanseníase, uma doença histórica que ainda muito prevalente mundialmente, que torna-se um grave problema de saúde pública no Brasil, assim, reconhecemos que as ações educativas que compõem as atividades nas UBS devem ser permanentes e de alta relevância para redução e cura da doença, onde os profissionais que atuam nas UBS estariam sendo capacitados e aptos na detecção dos sintomáticos dermatológicos em uma simples consulta de rotina, assim promovendo um diagnóstico precoce, e tratamento da doença. Percebemos que a falta de informação sobre a doença ainda é deficiente necessitando das ações educativas para promover a mudança nos comportamentos dos pacientes com hanseníase. Para vencer o desafio e tornar a educação em saúde efetiva, é necessário que os profissionais desenvolvam suas atividades e ações fundamentadas na preocupação com o outro, favorecendo o cuidado, respeitando o ser humano, estando sempre atentas as diversas formas que cada paciente tem de enfrentar tal experiência, dessa forma compreendendo que é a educação em saúde que faz a ligação entre o profissional e a comunidade proporcionando o fortalecimento do equilíbrio emocional do paciente e seus familiares Considerações finais: A ação educativa nos possibilitou aprofundar o conhecimento sobre a hanseníase assim como perceber que é essencial para promover a autonomia do sujeito sobre seu processo de saúde. A equipe multiprofissional é extremamente importante nesse cenário e tem o objetivo de buscar uma detecção precoce para prevenir as incapacidades e orientar sobre tais agravos, além de, sanar as dúvidas dos usuários com relação a doença refletindo de forma positiva no combate ao estigma da enfermidade. Diante disso, foi possível observar que a criação de vínculo e utilização de tecnologias leves atrai a atenção dos usuários fazendo com que ocorra uma interação de forma efetiva promovendo saúde e esclarecendo as dúvidas, a respeito da hanseníase e outras doenças. Nós tivemos oportunidade de pôr em prática o saber adquirido em sala de aula ajudando a expandir os conhecimentos contribuindo para implementação de ações de controle aos serviços de atenção básica, com ênfase na abordagem coletiva. |
11645 | A PARTICIPAÇÃO DE MULHERES NA FORMAÇÃO DE COALIZÕES DE PESSOAS ATINGIDAS PELA HANSENÍASE: DO LOCAL AO GLOBAL PAULA SOARES BRANDAO, FRANCILENE CARVALHO DE MESQUITA, NANDA ISELE GALLAS DUARTE, GLAUCIA CRISTINA MARICATO MORETO, LUCIMAR BATISTA DA COSTA, PATRÍCIA GONÇALVES SOARES A PARTICIPAÇÃO DE MULHERES NA FORMAÇÃO DE COALIZÕES DE PESSOAS ATINGIDAS PELA HANSENÍASE: DO LOCAL AO GLOBALAutores: PAULA SOARES BRANDAO, FRANCILENE CARVALHO DE MESQUITA, NANDA ISELE GALLAS DUARTE, GLAUCIA CRISTINA MARICATO MORETO, LUCIMAR BATISTA DA COSTA, PATRÍCIA GONÇALVES SOARES
Apresentação: A hanseníase é um problema de saúde pública para regiões, onde persistem alta carga da doença. O estigma, a ela associado, e a discriminação, as pessoas e famílias atingidas, continuam sendo um dos maiores desafios da política de eliminação, independente do país e de seu contexto sócio-político-econômico. Link e Phelan (2001) consideram que a transformação do estigma se dá ao aplicarmos respostas em vários níveis e faces, de modo a produzir alterações em atitudes, crenças e relações de poder. Nesta perspectiva, a participação de pessoas atingidas pela hanseníase através da formação de coalizões é considerada uma estratégia para o alcance do empoderamento individual, da comunidade, organizacional e social. Esta tática visa reduzir as disparidades, através da mobilização de recursos e representantes de distintos segmentos da sociedade, em caráter de voluntariado, do nível local ao global. Este trabalho tem por objetivo relatar a representação de mulheres do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) na formação de coalizões. No Brasil, pós 1964, a participação da sociedade civil obteve destaque com a organização de práticas coletivas nas camadas populares da população contra o regime militar vigente, as políticas públicas e a reivindicação de bens, serviços e direitos sociopolíticos comuns a todos os cidadãos. Neste contexto, o movimento social em saúde influenciou a formação de várias associações, entre elas, o Morhan. Desde a sua fundação em 1981, o movimento tem por objetivo integrar as pessoas e famílias atingidas na sociedade, apoiar a eliminação da doença e lutar pela garantia dos direitos humanos. Historicamente, as mulheres constituem o maior grupo de voluntários a nível local. Contudo, a participação de lideranças femininas nas coordenações estaduais e nacional, nunca foi equânime. Bacurau (líder-fundador) representou o Morhan, em 1994, na fundação da IDEA - International Association for Integration, Dignity and Economic Advancement, a primeira organização internacional de defesa dos direitos das pessoas atingidas liderada por elas, dando início a atuação do Morhan no cenário internacional. A partir da década de 1990, vários esforços foram adotados para alcançar a meta de eliminação da doença. Entretanto, a “Estratégia Global 2016-2020: Aceleração rumo a um mundo sem Hanseníase”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi a primeira a considerar os aspectos humanos e sociais, como parte integrante da política. Organizada em três pilares, versa em seu terceiro pilar sobre a promoção da inclusão social mediante a abordagem de todas as formas de discriminação e estigma, o empoderamento e a participação social a partir de estratégias junto aos indivíduos, famílias e comunidades, bem como, a eliminação de leis e/ou práticas discriminatórias. Este pilar é uma afirmação para implementação das propostas do “Guia para o fortalecimento da participação das pessoas atingidas pela Hanseníase nos serviços de saúde” lançado em 2011 pela OMS e da Resolução 29/5, do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, para eliminação da discriminação contra pessoas atingidas pela Hanseníase e suas famílias. Em junho de 2016, o Morhan foi convidado a participar do workshop “Os Milhões de Desaparecidos: exigindo justiça para os milhões afetados pela Hanseníase” promovido pela The Leprosy Mission Ireland, em Dublin. Neste encontro com profissionais de saúde e representantes de governos da China, sul da Ásia e África, o Brasil foi o único a ter em sua delegação três mulheres, entre elas uma atingida. Esta participação gerou a indicação para o Painel de Mulheres e Homens atingidos pela Hanseníase da International Federation of Anti-Leprosy Associations (ILEP). O Painel é composto por cinco integrantes, apenas duas são mulheres e ambas dos países de maior endemicidade (Índia e Brasil). Este espaço tornou-se um canal importante para ecoar a voz das pessoas atingidas em âmbito global, por representar uma população invisível nas proposições dos órgãos de planejamento de ações a nível global como a OMS, a ILEP e a Global Partnership Zero Leprozy. Entre as ações consultivas deste grupo estão a participação como revisores externos do Guidelines for the Diagnosis, Treatment and Prevention of Leprosy publicado pela OMS em 2018; a revisão das estratégias de comunicação da ILEP com solicitação de tradução para outros idiomas além do francês e espanhol; a participação e validação no planejamento de pesquisas que envolvem pessoas atingidas; a defesa de direitos e mediação junto a entidades de pessoas atingidas, governos e organizações não governamentais; o estímulo ao trabalho conjunto de organizações de pessoas com doenças negligenciadas e o apoio ao mandato da Relatoria Especial para os Direitos das Pessoas Atingidas pela Hanseníase e suas famílias, da Organização das Nações Unidas (ONU). Em especial, no caso das mulheres, a defesa aos direitos humanos básicos e civis, visto ao registro de inúmeras violações por práticas e leis discriminatórias em alguns países. Paralelo a estes acontecimentos, o Morhan de 2016 a 2018 enviou representantes para o Encontro Nacional da Felehansen (Colômbia), onde foi aprovada a realização do I Encontro Latinoamericano e Caribenho de entidades de pessoas atingidas pela Hanseníase. Em 2019, entidades da América Latina e Caribe, Ásia e África realizaram encontros preparatórios para o I Fórum Global, em Manila-Filipinas. Entre as propostas encaminhadas, pelo grupo latino-americano e caribenho, destacamos aquelas voltadas a equidade: a) promover ações que gerem empoderamento das pessoas atingidas pela Hanseníase, sobretudo de mulheres, com destinação de recursos para formação em ativismo, advocacy e liderança, b) incentivar e exigir a participação de mulheres atingidas em espaços de representação e liderança das coalizões locais, nacionais e internacionais com o mínimo de 50% de representação e c) garantir o recorte de gênero nos encaminhamentos internacionais, atentando para as demandas específicas das mulheres. As propostas destes encontros foram debatidas no fórum e deram origem a Carta de Manila lida no 20° Congresso Internacional de Hanseníase por uma mulher filipina eleita durante o fórum. A crescente reivindicação de direitos das mulheres sobre seus corpos e suas escolhas, a globalização da informação e a facilidade de comunicação através das mídias sociais permitiram que as mulheres atingidas pautassem a ampliação de sua participação em outras esferas e liderança. Entre as conquistas, cabe ressaltar o primeiro mandato de uma mulher como Coordenadora Nacional do Morhan (2014-2017), a representação no Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência, a criação do Departamento de Mulheres na assembleia geral do movimento em 2018, a organização de canal de comunicação e reuniões por meio de ferramentas como WhatsApp e Skype com mulheres do Brasil e de outros países, a formação do primeiro núcleo composto exclusivamente por mulheres no Morhan Piauí (2019), a representação no Painel de Mulheres e Homens atingidos da ILEP desde 2017 e a ocupação do cargo de relatoria especial dos direitos das pessoas atingidas pela Hanseníase e suas famílias da ONU por voluntárias do Morhan. Nossos desafios são vencer a construção histórica-social do papel da mulher na sociedade, reconhecer o estigma internalizado em nós devido ao modelo de mulher proposto e a discriminação (explícita ou velada) as mulheres atingidas pela Hanseníase. Nós mulheres do Morhan acreditamos que através da participação social é que se dá o empoderamento individual, na comunidade e organizacional. Nosso engajamento é pelo direito de todas as mulheres protagonizarem suas vidas e reconhecerem que a Hanseníase tem cura, com conhecimento e amor. |
12006 | MULHERES DA AMAZÔNIA PARAENSE, VIDA E LUTA PELA SAÚDE DOS POVOS Marta Machado Torres MULHERES DA AMAZÔNIA PARAENSE, VIDA E LUTA PELA SAÚDE DOS POVOSAutores: Marta Machado Torres
Apresentação: Sou orgânica dos movimentos sociais. Atuo no Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP) e no Movimento pela Saúde dos Povos (MSP). O primeiro é de abrangência regional, e o outro é glocal. O seguimento que represento nas lutas, saúde das mulheres, vem precisamente de estudos e das discussões coletivas do campo da saúde, pela saúde integral, pela defesa do Sistema Único de Saúde, por um sistema de saúde público universal a toda a diversidade da feminilidade: atenção à saúde das mulheres lésbicas, jovens, idosas, portadoras de necessidades especiais, soropositivas HIV, negras, quilombolas, do campo, cidades, florestas e águas. Nossa causa feminista é histórica, ponto de convergência e divergência de muitos setores da sociedade de profundas raízes patriarcais, de tradição firmada na fé cristã que se contrapõe à luta das mulheres pela sua autonomia. A proposta de atenção integral à saúde da mulher inclui o reconhecimento do impacto da subordinação sobre a saúde e a busca de modos de romper com esta situação. Pontuo aqui alguns aspectos que evidenciam a necessidade de manter nosso ativismo sempre em pauta. Desenvolvimento – Aqui na região Norte do Brasil ainda adoecemos e morremos por causas absolutamente evitáveis, o câncer do colo do útero é uma das mais gritantes. Recentemente voltamos a pautar esta questão nas conferências de saúde (no âmbito local, estadual e nacional). A rede dos serviços de saúde é falha em garantir promoção, prevenção e tratamento das mulheres que procuram informação, diagnóstico e tratamento. Numa vivência do VER-SUS no município de Bragança em 2018 quando visitamos todos os níveis dos serviços ofertados pelo SUS a questão da desconexão do fluxo do PCCU se pronunciou. Começou pela apresentação do poder público ao expor o plano Municipal de Saúde. Com recurso do datashow todo seu conteúdo foi apresentado por cada responsável ligado a determinada política ou programa de saúde. Houve intensiva interlocução sobre o que estava sendo demonstado. Foi observado a respeito do PCCU que havia necessidade de traçar estratégias para que a mulher que recebesse seu resultado constando algum tipo de lesão pudesse ter fluidez nos devidos encaminhamentos. Que a mesma fosse acompanhada em todas as fases do seu tratamento, isto é, que houvesse controle através de registro, isso na atenção primária onde esta mulher teve seu problema diagnosticado. Que o serviço pudesse saber se aquela mulher estava ou não em seguimento. Se estava ou não encontrando obstáculos para seguir seu tratamento segundo os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Observação relevante dado que no estado do Pará é o cancer do colo do útero que mais mata as mulheres. Morte esta desnecessária uma vez que há na rede cuidados bem interligados no trato com esta questão. Problemas desta natureza são altamente tratáveis e curaveis quando a gestão municipal em todas as suas esferas estão devidamente ciente das garantias já inseridas no SUS. Tivemos como resposta que o serviço em Bragança era organizado, que muitas mulheres é que não retornavam para buscar seus resultados. Saindo da apresentação do plano, quando em visita na Unidade Municipal de Saúde observamos que no livro de registro do PCCU constava alguns resultados com lesões de alto grau, mas não havia informações contendo registro sobre seu referenciamento, isto é, o serviço desconhecia seu trajeto até o seguimento, para onde foi, se conseguiu atendimento. Gerente informou que o que não era tratável ali mesmo, estes eram referenciados para UREMIA em Belém. Observamos também que aquele serviço não dispunha de pílula do dia seguinte nem DIU. Sendo confirmados que eram ofertados livremente camisinha masculina/feminina e contraceptivos injetáveis. Quando chegamos no almoxarifado central encontramos vasta quantidade do contraceptivo de emergência e o dispositivo intrauterino. Soubemos então que estes insumos eram distribuidos para as unidades de saúde mediante solicitações prévia pelos próprios serviços da atenção básica. Ainda retratando a vivencia no VER-SUS em Bragança. Desenvolvemos atividades educaticas com a mulherada quilombola. Aprofundamos questões sobre autonomia sexual e cuidado com o corpo utilizando as tecnologias de proteção disponíveis no serviço de saúde mais próximo de sua comunidade. Muito foi conversado sobre fluxo e funcionamento do PCCU, sendo demonstrado fisicamente todo o equipamento utilizado para coleta deste exame e significado de seus possíveis resultados. Uma das comunitárias relatou que houve um resultado com lesão número três, que toda a vizinhança chorou junto com aquea mulher e sua família, todos entendiam se tratar de um cancer e que a mesma logo morreria. Se juntaram e coletaram dinheiro para iniciar logo o tratamento particular. Serviço este que começou por fazer novo preventivo obtendo o mesmo resultado. Então retornaram para o posto de saúde de novo e estavam há um certo tempo aguardando que aquela mulher pudesse ter o seguimento devido. Apresentamos esta situação ao secretário de saúde solicitando que reorganizasse aquele serviço, visto que na atenção primária era possível detectar, tratar e fazer fluir na rede de atenção o devido encaminhamento para tratamento. Compreendemos ser importante trabalhar com a equipe técnica entendimentos sobre o processo de acometimentos no trato com o PCCU bem como do que diz respeito aos resultados da investigação levantada por este programa. Há que se reorganizar os serviços, incluindo aí o campo da educação em saúde. Há que se estender para a comunidade esta compreensão de maneira didática, recorrendo a todo recurso educativo possível. Pois é comprovadamente sabido que a etiologia, fisiopatologia e história natural da neoplasia intraepitelial cervical (NIC) proporciona apreender o que há no exame visual e na sequência para o diagnóstico colposcópico a compreensão dos princípios do tratamento dessas lesões. No trato com a vida e saúde das mulheres e da sociedade como um todo esta é uma questão altamente prevenível, tratável e curável. Estas lesõs expressas em NIC I, II e III trata-se de células precursoras, potencialmente passíveis de evoluir para danos maiores, como um cancer, se não são tratadas devidamente. No SUS temos cobertura total para isso. Aqui no Pará reconhecemos que temos toda a estrutura para tratar esta mulher. Há que se reorganizar e monitorar este serviço em cada município do estado. Bem como proporcionar reflexão sobre autonomia sexual da mulher e as tecnologias sexuais e reprodutivas saudáveis para ela. Trabalhando e divulgando a camisinha feminina e seu uso nas relações hetero e homoafetivas. E no caso da relação lésbica promover demonstração de como adaptar a camisinha feminina para uma relação sem penetração entre mulheres. Inclusive o preservativo é bastante eficaz para evitar o contágio por HPV, um dos vírus responsáveis por desencadear células cancerosas. Considerações finais: A genitália feminina na relação dinâmica e controversa com o exercício da sexualidade livre e responsável. Que nenhuma mulher vá para a cadeia ou responda processo criminal por ter realizado a interrupção de sua gravidez. Que nenhuma mulher morra por causas evitáveis e previníveis. Que todas tenhamos o justo acesso às tecnologias saudáveis. |