349: Arte, Participação, Cultura e Mobilização nas Comunidades | |
Debatedor: Pedro Sapi Anacleto | |
Data: 30/10/2020 Local: Sala 07 - Rodas de Conversa Horário: 16:00 - 18:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
6745 | MENSTRUAÇÃO COMO TABU: A CONCEPÇÃO DO CORPO FEMININO Débora Polyana Gomes, Bruna Fernanda Itaoui MENSTRUAÇÃO COMO TABU: A CONCEPÇÃO DO CORPO FEMININOAutores: Débora Polyana Gomes, Bruna Fernanda Itaoui
Apresentação: Nem todas as mulheres menstruam, visto que muitas mulheres não possuem útero. Ainda assim, muitas menstruam, uma vez por mês (em média), todos os meses (em média) por muitos anos de suas vidas. Uma coisa que não se pode negar é que mulheres são ensinadas de acordo com normas sociais vinculadas a esse fenômeno desde sua primeira menstruação. Dentre elas está não comentar quando estiver em seu período menstrual, não exibir absorventes — principalmente para o sexo oposto - além de um sensacionalismo da tensão pré-menstrual, período em que a mulher apresenta-se mais propensa a mudanças de humor drásticas. Esses preceitos fortalecem a marginalização do tema da menstruação. Sabe-se que a maneira como as mulheres se comportam e como são vistas em nossa sociedade fazem parte da ideologia patriarcal. Seu comportamento é moldado e construído pelos homens de forma que estes sempre estão em posições de privilégio e destaque, enquanto a mulher encontra-se em posições discretas e apagadas. Devido a essa alocação social de inferioridade, as mulheres aprendem a esconder traços de sua personalidade que não seguem o padrão pré-determinado, assim como seus próprios corpos. Os tabus que cercam a menstruação são então diretamente reforçados por essas condições pelas quais as mulheres estão submetidas, já que seus corpos são apagados e silenciados. Além disso, a discrição que se espera de uma mulher está na criação de termos suaves para substituir “menstruação”. Como “regra”, estar “naqueles dias” ou “de Chico” e até mesmo “indisposta”. O presente relato contempla a experiência desenvolvida pelas acadêmicas do 3º ano de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG junto ao grupo de mulheres do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF em um Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, localizado em um município dos Campos Gerais do Paraná. Desenvolvimento: Por meio de uma roda de conversa inicial com as usuárias do PAIF, as estudantes tentaram compreender como é a visão das mulheres sobre menstruação, bem como tentar estimular o conforto entre as usuárias com elas. A partir disso, as alunas fizeram uma breve introdução sobre o corpo feminino e seus aspectos biológicos, com fins de esclarecimento e autoconhecimento das usuárias. Dado esses dois momentos iniciais, foi aberta uma discussão norteada pelas graduandas, com o eixo principal no tema do porquê a menstruação não deve ser algo que se deve negar e sentir vergonha, mas sim algo normal e biológico. Achar que menstruação é algo nojento é uma atitude que só leva o medo do próprio corpo, a ter restrições em relação a ele, corpos que em vez de desprezados podem ser amados, do jeito que são. Apesar de fazer parte do ciclo natural da mulher, a menstruação e tudo o que cerca este assunto é visto de maneira negativa e polêmica por muitas meninas e mulheres. Isso porque, mulheres são ensinadas desde criança a terem vergonha de tudo que é naturalmente feminino. Pensamos em menstruação como algo nojento porque corpos femininos são mais vigiados que corpos masculinos. O padrão de beleza imposto às mulheres é inalcançável e as regras de higiene também são. Resultado: Dessa experiência, participaram 10 mulheres. Como resultado, observou-se primeiramente a amizade que as participantes do PAIF têm entre si. Isso foi um dos fatores fundamentais para que se sentissem confortáveis para conversar sobre menstruação. Dessa forma, a atividade não se tornou constrangedora para as usuárias em momento algum. Durante a troca de experiências algumas das participantes apontaram que não menstruavam mais por conta da idade e outras por utilizarem métodos que interrompem o ciclo, como os anticoncepcionais injetáveis. Muitas das participantes falaram sobre a primeira vez que menstruaram. Como a mudança desses tabus vem sendo feita há poucos anos e boa parte delas são adultas, várias disseram que não contaram pra família que tinham menstruado pela primeira vez. Algumas não sabiam nem que tinha ocorrido a menarca (que é a primeira menstruação). Com a fala das mulheres do grupo, compreendeu-se que algumas mantêm rituais até hoje, como não lavar o cabelo durante o período menstrual. O que ficou comum para todas foi à dificuldade que tiveram na primeira menstruação, pois até alguns anos atrás era difícil conversar sobre sexualidade e aspectos biológicos que envolviam isso. Inclusive, esse foi um argumento utilizado por uma das participantes, a qual relatou ter gostado da conversa, pois não é “comum” conversar sobre assuntos que envolvam a sexualidade da mulher. Para alem da troca de experiências, também foram apresentados os tipos de absorventes e, após isso, tiradas as dúvidas sobre ideias que algumas mulheres têm e não é verdade, como por exemplo, o mito de que o absorvente interno tira a virgindade da mulher. Na avaliação final, todas as participantes relataram gostar da troca de experiência da atividade, assim como o tema foi importante para elas exporem suas dúvidas e trocarem seus conhecimentos. Considerações finais: A menstruação é vista como uma responsabilidade e dada como culpa, frases como “agora você é uma mocinha, parabéns” ou “já não é mais criança” são ditas para meninas, muitas vezes até desde a infância, quando tem a menarca. E para, além disso: As indagações familiares sobre a responsabilidade de poder ter um filho, sobre ter que tomar cuidado com pessoas de sexo oposto, não expor que está menstruada na frente de outras pessoas. Portanto, desde a infância, para além dos momentos em que o aspecto da menstruação como um fator biológico causa desconforto, também há a pressão social. A roda de conversa se mostrou importante não somente para as usuárias, mas como também para as alunas. A menstruação permanece sendo um tabu para grande parte da população, e apesar disso, o grupo se mostrou aberto a desconstruir alguns estereótipos e debater sobre suas experiências e costumes. Experiências como essas precisam ser repetidas com diversos grupos, como forma de fortalecer nossos laços enquanto mulheres e desmistificamos os tabus impostos por uma sociedade machista. A menstruação não deve ser um assunto a ser evitado, quanto mais nos conhecemos, melhores serão as decisões que tomamos em relação à nossa própria saúde. |
6877 | INTERAÇÃO CULTURAL: VIVÊNCIAS ATRAVÉS DA ARTE Victória Pereira De Almeida, Fabiana Santarém Duarte, Ana Eliza Ferreira Pinto, Françoíse Gisela Gato Lopes, Rebeka Santos da Fonseca, Vanessa Kemilly Gomes Lima, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício INTERAÇÃO CULTURAL: VIVÊNCIAS ATRAVÉS DA ARTEAutores: Victória Pereira De Almeida, Fabiana Santarém Duarte, Ana Eliza Ferreira Pinto, Françoíse Gisela Gato Lopes, Rebeka Santos da Fonseca, Vanessa Kemilly Gomes Lima, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício
Apresentação: O Brasil representa um dos principais líderes em relação à resposta humanitária, sendo um dos países que mais recebe venezuelanos na América do Sul, e que assegura a proteção de milhares de refugiados e migrantes ofertando documentação, acolhimento, proteção e interiorização. O país atende as necessidades desta população visando abranger a questão das políticas públicas, incluindo a política nacional de assistência social que é aplicada pelos municípios, não sendo apenas uma questão humanitária. A segunda maior etnia da Venezuela são os Warao (“Povo da água”), um grupo formado há cerca de oito mil anos, com cerca de 49 mil pessoas, língua harmônica, que constituem uma unidade étnica no que tange termos linguísticos. No entanto, apresentam diferenças interculturais internas, refletidas nas relações sociais, sendo um grupo de características específicas decorrentes as intervenções de seu território e impactos em sua água e o seu solo, passando assim a estabelecer ciclo migratório, principalmente em busca de melhores condições de vida, assim como um melhor acesso a saúde. Isto posto, ao chegarem e se instalarem em abrigos no Brasil, mulheres e crianças indígenas da etnia Warao eram frequentemente vistas nos semáforos pedindo dinheiro, tal ato tem analogia conflitante com a atual realidade por eles encarada em seu país de origem, tendo em vista que antes sua prática de sustento era a partir da coleta de frutos, gerando assim instabilidade, resistência local e desestimulação quanto a prática desses hábitos. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é discorrer sobre a intervenção do projeto intitulado Educa-Art Saúde em parceria com uma Universidade Pública, com refugiados indígenas Warao. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, ocorrido com refugiados venezuelanos da etnia Warao, em Santarém-Pará, no dia 06 de dezembro de 2019, realizado na comunidade Cambuquira, local na qual estes venezuelanos residem. Esta ação ocorreu por meio de parcerias, sendo uma delas entre o projeto de extensão EDUCA-ART Saúde e “UEPA na comunidade”. O projeto EDUCA-ART Saúde foi fundado e institucionalizado pela Universidade do Estado do Pará – Campus Santarém, e realiza promoção de saúde através da arte para a comunidade em geral desde 2016, motivado pela lei nº 2.759, de agosto de 2015, na qual valoriza as expressões por meio da arte, favorecendo o processo terapêutico, sendo assim, incluída como política pública por meio da portaria nº 849, de 27 de março de 2017. Enquanto que o “Uepa na Comunidade” promove e oferece a população lazer, educação, serviços de saúde e assistência social e de cidadania. Deste modo, as terapias utilizadas consistiram em: mandala, chaveiros de mandala e confecção de artesanato como pulseiras, pré-definidas antes da ação. Concomitante a isso, os materiais utilizados foram: papéis A4, argolas com correntes para chaveiro, palitos, linhas coloridas, miçangas e tesouras. Optou-se por esses métodos, por possibilitarem a promoção de bem-estar, relaxamento e qualidade de vida. Além de provocar a subjetividade do indivíduo, juntamente a expressão, comunicação e trabalho em grupo. Assim, inicialmente, agrupou-se os participantes que gostariam de participar, explicando-os e demonstrando-os o que seria feito, utilizando-se do português e de palavras em espanhol. Após alguns começarem a realizar as técnicas, outros também sentiram-se confiantes a participar. É importante frisar que a comunicação se deu de forma clara e objetiva, com o objetivo deles entenderem o processo, além disso, no decorrer da produção, os venezuelanos ensinaram palavras em espanhol e/ou Warao para facilitar a comunicação e o empoderamento das técnicas por parte das voluntárias, na qual realizavam um acompanhamento individual ou grupal de acordo com as necessidades de aprendizado. Resultado: Durante a execução da oficina do projeto, a participação se dava na medida em que as pessoas demonstravam interesse e afinidade com o fazer criativo e a arte, o que se apresentou como aspecto facilitador do processo. Assim sendo, o intuito das atividades não significava dar ênfase às técnicas e aos aspectos estéticos, mas sim ao encontro de processos criativos e da livre expressão por parte dos venezuelanos. Do mesmo modo, os participantes demonstraram intenso empenho em fazer algo que realmente lhes agradasse, de modo singular e criativo, ao passo em que se mantinham concentrados na explicação das voluntárias e no processo do fazer, no qual aprenderam de forma rápida, sendo autônomos de suas criações, apesar de falarem outro idioma que não o português, o que poderia ter sido uma barreira para o aprendizado se tornou algo único, sendo a arte a comunicação usada, através do qual os venezuelanos já haviam tido experiências com outros trabalhos manuais e somaram-se aos ensinados durante a atividade. Sua língua falada é o espanhol, a qual utilizavam entre si, sendo que alguns que falavam português também ajudaram no processo, gerando um aprendizado mútuo, de arte e língua, tanto para os venezuelanos quanto para as voluntárias do projeto. Desta forma, a arte é então percebida como instrumento de enriquecimento dos sujeitos, valorização de expressão e descoberta de potencialidades singulares. Em contraste, a experiência mostrou que o desejo pelo fazer artístico é fundamental na inserção no grupo, haja vista algumas pessoas chegarem ao local demonstrando admiração, mas por mais que estimuladas, não quiserem participar. Entretanto, a presença destas pessoas apenas somou de forma positiva, pois estas alegravam e mostravam incentivo aos que se concentravam na arte. Os participantes produziam suas artes e posteriormente as levavam para casa, e ao final de todo o fazer criativo, estes esboçavam felicidade ao sorrir e mostrarem orgulhosos suas criações às voluntarias, as quais lhes estimulavam proferindo palavras em espanhol como “guapo” e “muy hermoso”. Dessa forma, buscou-se possibilitar ao grupo, através do estímulo individual e/ ou coletivo, a criatividade e a expressão artística, dando ênfase ao processo de criação, à medida que os participantes se tornavam cada vez mais envolvidos com a atividade. Considerações finais: A arteterapia é um mecanismo que auxilia na potencialização da criatividade, autoestima e também torna o indivíduo mais forte para se apropriar de suas escolhas. Dessa forma, é fundamental trabalhar essa prática com os refugiados, visto que esses indivíduos se encontram em situação de vulnerabilidades sociais, econômicas e também culturais, onde através da arte eles transferem todas as angústias e medos para os seus produtos e isso auxilia no momento de relaxamento e superação das dificuldades. Desenvolver atividades artísticas com refugiados promove momentos de interação cultural e também da criatividade, compartilhando conhecimentos, possibilitando que os imigrantes se sintam bem recebidos no novo país. Ademais, é muito importante que exista a preocupação com a saúde física e mental dos imigrantes, promover ações de prevenção e cuidado são cruciais para população em geral. |
7531 | PACE: RECONTANDO OS CONTOS CLÁSSICOS - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Keliane Venacio Cunha PACE: RECONTANDO OS CONTOS CLÁSSICOS - UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Keliane Venacio Cunha
Apresentação: Trata-se de um projeto cultural da Escola Batista Arco-Íris que envolve literatura e teatro infantil. Objetivo: Relembrar histórias ou contos infantis através de teatro com foco de acrescer a cultura da escola Batista Arco- Íris, levando em consideração a carência de tais atividades no âmbito escolar, dando aos participantes a alternativa de buscar conhecimentos meio da cultura. Método: A princípio, houve reuniões com todos os acadêmicos envolvidos no projeto, afim de explicar o objetivo do projeto e a metodologia que seria utilizada durante as apresentações para as crianças. Foram escolhidos quatro contos clássicos pelos alunos, professores, e demais organizadores do projeto para ser apresentado através de dramatização para os estudantes da Escola Batista Arco-íris. Após a apresentação, ocorreu uma breve apresentação dos discentes para as crianças falando a respeito da moral da historia e a importância da prática da leitura. Resultado: Os benefícios atingidos através deste projeto, proporcionou ao público alvo o conhecimento de contos clássicos, o incentivo a leitura, a reflexão a respeito da boa convivência em comunidade, respeito ao próximo e estreitar os laços com a comunidade e proporcionar novas experiências para os acadêmicos fora do âmbito da universidade. Considerações finais: O projeto desenvolveu os aspectos afetivos e cognitivos das crianças, de diferentes idades, e suas inferências nas apresentações de histórias, auxiliado e incentivando a prática da leitura, facilitando assim o repasse de informações a todos os envolvidos. |
7854 | PROJETO SAÚDE É ARTE: CONTRIBUIÇÕES DO COMITÊ ESTUDANTIL DA ABEN-RJ PARA A DISSEMINAÇÃO DA INSERÇÃO DA ARTE NA FORMAÇÃO E NA SAÚDE Raphael Gabriel Costa do Nascimento, Andréa de Sant’Ana Oliveira, Karine Melo Lucas, Kainan Carlos Machado Silva, Carolina de Souza Silva, Renato Matos da Silva, Carlos Freitas Lisboa, Maria Manuela Vila Nova Cardoso PROJETO SAÚDE É ARTE: CONTRIBUIÇÕES DO COMITÊ ESTUDANTIL DA ABEN-RJ PARA A DISSEMINAÇÃO DA INSERÇÃO DA ARTE NA FORMAÇÃO E NA SAÚDEAutores: Raphael Gabriel Costa do Nascimento, Andréa de Sant’Ana Oliveira, Karine Melo Lucas, Kainan Carlos Machado Silva, Carolina de Souza Silva, Renato Matos da Silva, Carlos Freitas Lisboa, Maria Manuela Vila Nova Cardoso
Apresentação: O Comitê Estudantil (COEST RJ) da Associação Brasileira de Enfermagem, Seção Rio de Janeiro (ABEn-RJ), criado em novembro de 2016, tendo em sua composição atual seis estudantes de universidades públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro, ao longo de sua criação, além da participação e representação em atividades da agenda anual da ABEn-RJ, propôs e promoveu diferentes atividades, tendo como um dos seus objetivos propiciar o intercâmbio técnico, científico, político e cultural entre os estudantes da Enfermagem e da área da Saúde. Dentre tais atividades destaca-se a proposição, planejamento e implementação da I Mostra Científica Estudantil da ABEn-RJ (MCEABEn), que garantia, além da apresentação de trabalhos científicos, o desenvolvimento de ilhas com rodas de conversa sobre as temáticas apresentadas nos trabalhos submetidos pelos participantes, uma “Tenda do Cuidado Maria José Rossi”, onde estudantes poderiam cuidar de si por meio do desenvolvimento de atividades de artes manuais e, ainda, o Projeto Saúde é Arte, como espaço para a manifestação artística-cultural dos participantes do evento, por meio da apresentação de paródias, poesia, mímica, enquete teatral, dança, desenho, cordel, dentre outros. O objetivo deste estudo é relatar a experiência da criação e implementação do Projeto Saúde é Arte pelo Comitê Estudantil da ABEn-RJ. Desenvolvimento: Estudo descritivo, tipo relato de experiência, elaborado a partir de experiências de seis estudantes que integram o Comitê Estudantil da ABEn-RJ, de uma enfermeira que integrou o mesmo Comitê como estudante à época do desenvolvimento do projeto e de uma enfermeira docente da Diretoria da ABEn-RJ, gestão 2016 a 2019. Os dados foram coletados durante as reuniões entre o Comitê Estudantil e Diretoria da ABEn-RJ, realizadas na sede da entidade entre janeiro e março de 2018 para planejamento do evento e durante a implementação do evento no mês de abril de 2018. Também foi utilizada a reunião de avaliação institucional do evento implementado, realizada no mês de junho de 2018. Os dados foram coletados por meio de Rodas de Conversa, onde se dava a mediação e ativação da discussão pelas duas enfermeiras, utilizando-se a Metodologia da Problematização de Neusi Aparecida Navas Berbel. Os dados das reuniões foram gravados em mídia MP-4 e posteriormente transcritos, enquanto que os dados coletados durante a implementação do Projeto foram registrados na forma de diário de campo, seguindo um roteiro previamente estabelecido. Posteriormente, os dados foram organizados, analisados e discutidos. Resultado: A ideia de criação do Projeto Saúde é Arte emerge da intenção de criação do primeiro evento científico estudantil pelo COEST RJ, em 2017, denominado Mostra Científica Estudantil, cuja sigla MCEABEn remetia o grupo de estudantes a associá-la a uma sigla utilizada nos tempos atuais no meio artístico e a conciliá-la às palavras de Florence Nightingale, precursora da Enfermagem Moderna, que afetou bastante as políticas dos séculos XIX e XX em relação aos cuidados de saúde, quando esta afirma que “A Enfermagem é uma Arte”. Nesta reflexão, o COEST RJ decidiu que o evento estudantil, além de congregar estudantes de enfermagem e da saúde em espaço de promoção e difusão da produção de conhecimento, proporcionaria tomar a arte como elemento e os participantes pudessem dialogar com as diversas formas de inserção da arte como ferramenta utilitária na formação e na saúde. Na primeira reunião para organização do MCEABEn, o Projeto Saúde é Arte foi incluído como proposta de atividade, constituindo-se em um espaço de expressão social, política e artística e propiciando o intercâmbio técnico, científico, político, artístico e cultural entre os estudantes de Enfermagem e da área da Saúde do Rio de Janeiro. A preocupação inicial do grupo de estudantes, foi o não entendimento da proposta pelos participantes e a baixa adesão ao Projeto. Contudo, nas reuniões subsequentes os estudantes compartilharam com os organizadores do evento exemplos da inserção da arte no processo de formação e na educação em saúde da comunidade. Este compartilhamento motivou o grupo organizador a manter a proposta, considerando a criatividade potencialidade da proposta, mesmo que houvesse a prospecção de baixa adesão ao Projeto. O Projeto Saúde é Arte foi então transformado em proposta escrita, como modalidade de inscrição e apresentação de trabalhos científicos, que congregassem arte, educação e saúde, prevendo premiação por meio da concessão de Diplomas de Honra ao Mérito aos três trabalhos inscritos classificados em primeiro, segundo e terceiro lugares, além de placa ou troféu ou medalha ao trabalho classificado em primeiro lugar, patrocinado(a) por uma instituição de ensino superior privada. O Projeto Saúde é Arte contou então com nove (9) trabalhos científicos inscritos, sendo sete (7) paródias e duas (2) manifestações artísticas. As duas manifestações artísticas tratavam de uma declaração de um poema denominado “Marielle Presente”, destacando a política brasileira, feminista e ativista de direitos humanos Marielle Franco e uma peça teatral denominada “O anjo Líli”, que contextualizava um caso clínico acometido pela Síndrome de Huntchinson Gilford. Já as paródias estavam assim caracterizadas: Paródia “Cuidei”, que tratava de orientação a estudantes sobre o tratamento de feridas; Paródia “Coça Coça”, que tratava de orientações para a saúde de crianças com escabiose; Paródia AVC, que tratava de orientações a estudantes e comunidade sobre o acidente vascular cerebral; Paródia “Cidade Maravilhosa”, que contextualizava historicamente a Reforma Sanitária de Pereira Passos; Paródia “Evidências/Intercorrências”, que abordava a prática inicial da punção venosa pelo estudante de enfermagem; Paródia “O SUS é pra você - Vai Embrazando” que tratava do Sistema de Saúde brasileiro; e, por fim, a Paródia “Tuberculose – Vai Malandra”, que abordava a educação e saúde de usuários sobre a Tuberculose, sua prevenção e tratamento. A sessão de apresentação dos trabalhos contou com infraestrutura solicitada pelos autores, sendo avaliada por um júri composto por três membros, sendo dois docentes de Escolas de Enfermagem de instituições de ensino superior públicas e um carnavalesco de uma Escola de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Constatou-se que o COEST RJ, no que se refere à implementação do Projeto Saúde é Arte, promoveu um espaço de troca e experimentação de modos inusitados de disseminação de conhecimento produzido no mundo acadêmico por estudantes e docentes de enfermagem, com adoção da arte e de ferramentas que favorecem o processo ensino-aprendizado no contexto da formação em saúde, assim como as atividades educação e saúde junto à comunidade para a prevenção e tratamento de doenças, e, ainda, para a manutenção e recuperação da saúde. A forma divertida da enfermagem promover a educação de estudantes e da comunidade surpreendeu a organização e os participantes do evento, que solicitaram a manutenção do Projeto Saúde é Arte em eventos subsequentes organizados pelo COEST RJ. Considerações finais: No que se refere à ciência da enfermagem, entende-se que esta aproximação entre a arte, a saúde e a cultura pode evidenciar um novo campo de saberes em interface, de forma que a saúde passa também a se relacionar com diferentes possibilidades, dentre as quais a de experimentar a criatividade, de ter acesso às experiências culturais e de participar das trocas sociais. Ao mesmo tempo, as manifestações artísticas e culturais passam a ser compreendidas como ferramentas importantes e capazes de contribuir efetivamente para produzir saúde, conhecimento e subjetividade, podendo apoiar o ensino e a prática da enfermagem na (re)orientação dos modos de estudar, de viver, de adoecer e de cuidar do outro e de si. |
7895 | PROJETO DOUTORES DO RISO: VIVÊNCIA COMO MÉDICA BESTEIROLOGISTA Tatiane Roseli Alves Castro, Michele Amaro de Jesus PROJETO DOUTORES DO RISO: VIVÊNCIA COMO MÉDICA BESTEIROLOGISTAAutores: Tatiane Roseli Alves Castro, Michele Amaro de Jesus
Apresentação: O projeto Doutores do riso iniciou-se no ano de 2013 em um Hospital da Zona da Mata Mineira Viçosa-MG, com três voluntários, detinham de um mesmo interesse em comum, levar alegria a ambientes vistos pela maioria das pessoas como desanimados. Com o passar dos anos, aconteceram muitas alterações no trabalho, com o intuito de atender as novas demandas. Atualmente, as atividades desenvolvidas se detêm em dois hospitais. O projeto tem como potência, trabalhar a humanização e levar alegria a pacientes e funcionários que vivenciam o ambiente hospitalar. A origem do nome “Doutores do riso”, e referente “médico besteirologistas” que realizam visitas todos os domingos nos hospitais, utilizam roupas extravagantes, maquiagem simples e nariz vermelho. O projeto é um espaço que viabiliza a humanização dentro do ambiente hospitalar. Dessa maneira, busca-se trabalhar a valorização do diálogo, escuta qualificada, toque afetivo e também alegria. O trabalho tem como objetivo relatar a experiência de uma voluntaria, quanto às atividades desenvolvidas no Projeto Doutores do riso como “médicos besteirologistas” em um Hospital da Zona da Mata Mineira Viçosa – MG. Desenvolvimento: A metodologia de trabalho e baseada em métodos lúdicos, com predominância na técnica Clown, o campus de atuação consiste na atenção terciaria, em dois hospitais. O projeto e composto por um total de 50 voluntários – universitários e comunidade. São realizadas em média 116 visitas ao ano em todas as alas hospitalares, com durabilidade de 4h semanais, estas, ocorrendo aos domingos de todos os meses. As visitas são supervisionadas por um coordenador, onde o mesmo realiza a divisão dos demais voluntários em detrimento as áreas e corredores a serem visitados no local. Em media são 10 voluntários e 2 coordenadores de visita por domingo, divididos em dois hospitais. Cada localidade do hospital e coberta por duplas, onde fazem as visitas, possibilitando que a ação ocorra simultaneamente em vários ambientes. Ocorre também, o revezamento através de escalas entre os voluntários nos dois hospitais. O conteúdo da visita se difere a cada lugar. São desenvolvidos brincadeiras, escuta qualificadas, encenações, músicas e principalmente o improviso. Tudo ira demandar da reciprocidade do público alvo. Além das visitas, o projeto demanda outras ações, internas e externas como: reuniões bimestrais internas; capacitação dos voluntários por meio de oficinas e palestras; participação em campanhas voltadas para área da saúde, atendimento individual e grupal com psicóloga, reuniões e atividades para os coordenadores de visita, e divulgações nas mídias sociais. Resultado: Contribui sobre o entendimento do olhar humanizado com o publico. Colaborar para um ambiente acolhedor, favorecendo aos profissionais animo durante atendimento. Possibilita ao público autonomia de fala e apropriação do ambiente inserido. Favorece um despertar humanizado aos voluntários, escuta qualificada e discernimento em ocasiões de estresse. Conclusões finais: O projeto viabiliza dar um toque de alegria nos ambientes hospitalares. Dessa forma, todas as ações realizadas com o público, possibilitam buscar a autonomia, alegria, e principalmente a humanização. O projeto busca ser um instrumento de fortaleza para aqueles que o utilizarão. |
8270 | SHOW DO ESQUELETO: A ARTE NA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Giovana Caroline Silva Rocha, André Luís dos Santos, João Marcelo Cunha de Castro, Eloá de Andrade Ferreira, Bruna Ferreira Santana, Matheus Albernaz de Resende SHOW DO ESQUELETO: A ARTE NA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSAutores: Giovana Caroline Silva Rocha, André Luís dos Santos, João Marcelo Cunha de Castro, Eloá de Andrade Ferreira, Bruna Ferreira Santana, Matheus Albernaz de Resende
Apresentação: O trote universitário é um ritual antigo que celebra a aprovação dos alunos em um curso superior. Com o intuito de substituir o trote violento por uma recepção mais humana surgiu, em 1962, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), o Show do Esqueleto, um espetáculo teatral repleto de humor, denúncia, diversão e crítica social. Com 58 anos de tradição, é o mais autêntico evento cultural de Goiás, viveu o seu auge durante os anos 60, 70 e 80, sendo inclusive perseguido pela Ditadura Militar, pelo fato de criticar as mazelas sociais e os desmandos políticos. Recentemente, o espetáculo foi reconhecido como patrimônio cultural da FM-UFG e tem crescido todos anos, alcançando um público cada vez maior. O presente trabalho tem por objetivo relatar a participação de acadêmicos de Medicina no tradicional Show do Esqueleto. Desenvolvimento: O Show do Esqueleto é realizado pelos 110 alunos do segundo ano da FM-UFG, que se organizam em comissões de patrocínio, redação, figurino, cenário, ensaio e divulgação, visto que o teatro é todo escrito, montado e encenado pelos próprios acadêmicos de Medicina. Assim sendo, são necessários 10 meses de preparação para que o evento seja um sucesso e possa abranger não só os calouros, mas toda a comunidade universitária e goiana. O espetáculo conta com ilustres figuras: o famoso Esqueleto, que suscita as mais diversas reflexões; as divertidas baleiras, que se tratam dos garotões da Medicina travestidos de mulher; e as lindíssimas esqueletinhas, que são as alunas de Medicina. Os temas abordados variam de ano para ano, mas o humor e a crítica permanecem acima de tudo. Além disso, é um evento beneficente que ajuda o voluntariado do Hospital Araújo Jorge com arrecadação de alimentos. Resultado: O ambiente acadêmico é muitas vezes gerador de estresse, por conta das longas horas curriculares, do conteúdo extenso e da cobrança pelo rendimento exemplar. Nesse contexto, o Show do Esqueleto surge como um escape através da arte. Muito além de recepcionar os calouros com o entretenimento e de denunciar as mazelas da sociedade de forma crítica e cômica, ele proporciona aos alunos experiências na gestão de pessoas, na organização de grandes eventos e na relação direta que há entre práticas artísticas e bem-estar mental. Ademais, reforça nos calouros que a Universidade é um ambiente acolhedor e de união; não de repressão e violência, que é a imagem repassada por muito trotes pelo país. Considerações finais: O Show do Esqueleto perpetua na Faculdade de Medicina a luta contra o trote violento, acolhendo os calouros de forma divertida e humana, com o fundamento de que é necessário levar arte e cultura para dentro da Universidade. |
8837 | ANTÍGONA DO SERTÃO: IRENE XIMENES MUDA OS RUMOS DA POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE MENTAL DO BRASIL Maria Vânia Abreu Pontes, Aluísio Ferreira de Lima ANTÍGONA DO SERTÃO: IRENE XIMENES MUDA OS RUMOS DA POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE MENTAL DO BRASILAutores: Maria Vânia Abreu Pontes, Aluísio Ferreira de Lima
Apresentação: O presente trabalho compreende a parte preliminar do desenvolvimento da tese de doutorado em construção dentro do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará -UFC. Trata-se de um empreendimento teórico/prático em torno da Estória clássica de Antígona, de Sófocles e a História de Irene Ximenes na contemporaneidade. Entre o roteiro da Estória de Antígona e da História de Irene Ximenes encontra-se um mesmo núcleo dramático: a saga das heroínas Antígona e Irene Ximenes. Para tanto, busca-se a atualização da personagem trágica que se aproxima da narrativa da vida de Irene Ximenes. Dentro dessa narrativa de vida, Irene Ximenes, representa a personificação real da Antígona do Sertão, conseguindo denunciar o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos por conta da morte do seu irmão Damião Ximenes Lopes, paciente do SUS, internado e morto dentro da Casa de Repouso Guararapes, em 04 de outubro de 1999. A denúncia de Irene Ximenes levou o Brasil a ser condenado pela primeira vez na Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2006, o que impactou nas políticas públicas de saúde mental, em âmbito nacional. No corpo teórico apresentam-se os autores do campo da Psicologia Social Crítica, da Literatura, da Filosofia e do Direito. Além disso, as cenas escolhidas entre a Estória e a História seguem com base no método de narrativas de histórias de vida, que tem trilhado um caminho próprio dentro dos estudos da Psicologia Social Crítica, sob a perspectiva inovadora das pesquisas de Aluísio Lima. |
8947 | A REPARAÇÃO HISTÓRICA DAS PROTAGONISTAS TRAVESTIS DO NORTE PIONEIRO DO PARANÁ: O DOCUMENTÁRIO COMO DISPOSITIVO DE CONSTRUÇÃO DE NOVAS NARRATIVAS NA CIDADE DE LONDRINA REGINALDO MOREIRA A REPARAÇÃO HISTÓRICA DAS PROTAGONISTAS TRAVESTIS DO NORTE PIONEIRO DO PARANÁ: O DOCUMENTÁRIO COMO DISPOSITIVO DE CONSTRUÇÃO DE NOVAS NARRATIVAS NA CIDADE DE LONDRINAAutores: REGINALDO MOREIRA
Apresentação: O norte do Paraná prima pelo pioneirismo na construção da cidade de Londrina e uma reparação histórica se fazia necessária para contribuir com a diversidade destas narrativas. As travestis pioneiras da cidade, na construção do ativismo e do movimento social, tiveram suas memórias registradas por meio o projeto “Meu amor, Londrina é trans e travesti”, formado por cinco vídeos individuais e um documentário coletivo. idealizados por umas das protagonistas do Coletivo ElityTrans, Christiane Lemes. O Brasil é o país que mais mata a população T no mundo, cuja expectativa de vida ainda está na casa dos 35 anos. Além disso, o país ainda acumula o ranking de ser o que mais mata a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis), além de ser um dos países que mais mata ativistas sociais. Os filmes são resultado de três anos de produção participativa e democrática junto ao Elitytrans, a partir do projeto Plataformas Digitais, do Observatório de Políticas Públicas e Educação em Saúde de Londrina, em que participaram estudantes da graduação e especialização em Comunicação Popular e Comunitária, nas oficinas e práticas laboratoriais da Universidade Estadual de Londrina (UEL). |
9339 | USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR USUÁRIOS DO PROGRAMA HIPERDIA EM UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA (PA): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Heloize de Souza Machado, Leonardo Rodrigues Dias, Lídia Gonçalves Dias, Luiz Augusto Bentes Leite, Moana Pinheiro Silva USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR USUÁRIOS DO PROGRAMA HIPERDIA EM UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA (PA): UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Heloize de Souza Machado, Leonardo Rodrigues Dias, Lídia Gonçalves Dias, Luiz Augusto Bentes Leite, Moana Pinheiro Silva
Apresentação: O uso de chás, banhos, unguentos e cataplasmas promete o alívio dos mais variados sinais e sintomas, além do seu uso em rituais religiosos. Em Abaetetuba, interior do Estado do Pará, o consumo de plantas medicinais apresenta caráter histórico e cultural, com conhecimento sobre a diversidade de espécimes e utilizações, sendo repassado no interior dos núcleos familiares e no interior da comunidade pela população de maior faixa etária. Contudo, a forma de preparo de cada espécime é distinta entre cada indivíduo, expondo-o a concentrações diferentes das propriedades químicas dos compostos, tornando alguns preparados tóxicos para o organismo, assim como algumas plantas são indicadas para uso tópico, sendo contraindicadas sua ingestão. Além disso, algumas de suas partes não podem ser submetidas a grandes temperaturas, o que inviabiliza o mecanismo de ação dos seus princípios ativos. Este trabalho tem como objetivo descrever a experiência de acadêmicos do Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança - Estágio Multicampi Saúde da Universidade Federal do Pará (UFPA) em uma ação sobre plantas medicinais em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) na cidade de Abaetetuba/Pa, a fim de conhecer as principais plantas utilizadas pela comunidade adscrita, culminando com a construção de uma horta medicinal na unidade. Na atenção básica o uso de plantas medicinais ou fitoterapia está incluído dentre as 29 Práticas Integrativas e Complementares (PICs), com uma lista de espécies estudadas com uso seguro e inclusive, estímulo à construção de hortas medicinais nas unidades de saúde. Desenvolvimento: A dificuldade de acesso à saúde primária, por vezes somatizada a dificuldades socioeconômicas, leva a uma observação sistemática de como indivíduos que não têm acesso a medicamentos, sejam estes por seus custos financeiros, traços culturais e até mesmo por livre arbítrio, leva estas pessoas a procurar maneiras não convencionais no tratamento de enfermidades, sendo usado como recurso a ingestão de chás e infusões de ervas. Como uma maneira de legitimar a utilização de tais métodos, o Ministério da Saúde, iniciou pesquisas para identificar quais plantas eram indicadas para o consumo e como deveriam ser feitos os preparos para a sua utilização, a qual administrada de maneira correta viria a trazer benefícios e melhoras para o pacientes que as utilizam. Durante o projeto Multicampi Saúde observou-se que os pacientes da ESF faziam uso de plantas medicinais, e como maneira de educação em saúde e sensibilização foi realizado uma atividade na unidade que objetivava apresentar ao usuários como é feito o uso adequado dos fitoterápicos, e como ação interventiva de longo prazo a construção de uma horta comunitária teve início. Esta foi construída pelos acadêmicos participantes do Multicampi Saúde aliados aos servidores da unidade. Como forma de apresentar os benefícios e malefícios dos fitoterápicos foi realizado uma palestra aliada a uma roda de conversa com os usuários do programa Hiperdia, o momento foi de diálogo e troca de ideias a fim de responder perguntas pertinentes a temática, ao final foi perceptível que houve uma absorção proveitosa do tema por parte dos ouvintes. Após a palestra, o projeto da horta foi apresentado para os usuários e a equipe da ESF, sendo indicado que a mesma permanecerá na unidade e por seu viés comunitária, passará a ser da responsabilidade de todos os indivíduos que frequentam unidade de saúde, podendo dispor das ervas ali plantadas, reforçando a noção de pertencimento do usuários em relação a unidade. Para a construção da horta, iniciou-se um processo de estudos para verificar quais plantas poderiam ser utilizadas no tratamento de enfermidades acompanhados as recomendações dos profissionais de saúde da ESF. A pesquisa foi baseada nas plantas encontradas e que já são utilizadas pela população no município de Abaetetuba, algumas dessas já estudadas ou em processo de estudo pelo Ministério da Saúde. Nesse levantamento chegou-se a sete plantas, que são de fácil acesso e regularmente utilizadas esporadicamente no cotidiano da população, sendo elas: Marupazinho, Gengibre, Boldo, Hortelã, Erva Cidreira, Babosa e Alho. No início da palestra foi realizado uma dinâmica denominada “mitos e verdades”, pois se observou que algumas pessoas utilizam as plantas medicinais de maneira inadequada, tanto para a preparação do chá, quanto para os tratamentos diversos, com informações passadas pelos usuários entre si que por vezes repassavam de maneira equivocada quanto ao preparo e consumo das infusões. Foram apresentadas características das plantas que iriam compor a horta medicinal e mostrados para a comunidade as plantas doadas por Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e os próprios usuários. Além desta atividade, foi realizada apresentação em diapositivos sobre as sete plantas escolhidas, formas de uso, como realizar a infusão, desestimular o hábito de ferver as plantas junto com a água, e orientar sobre ervas que podem ser ingeridas e aquelas que apenas devem ser de uso tópico, como a babosa. Durante essa apresentação os usuários puderam interagir realizando perguntas e expondo suas experiências sobre uso de plantas. Por fim, foram entregues panfletos informativos confeccionados através das pesquisas realizada a respeito das plantas medicinais e foi apresentado o espaço onde será construída a horta medicinal. Assim que foram selecionadas as espécies de plantas, teve início construção de horta comunitária, com materiais recicláveis doados por moradores da comunidade e ACS's. Resultado: e/ou impacto: o desenrolar da ação ocorreu com a participação expressiva de 25 pessoas (em maioria, idosos), no início da atividade, houve a criação de vínculo entre os acadêmicos e o público alvo, através da etapa de "mitos e verdades", o que facilitou o desenvolvimento da ação e ampliou sua efetividade. O grupo de Hiperdia mostrou-se dinâmico, atento e receptivo às informações disponibilizadas em todo a atividade, realizando indagações, sendo sanadas todas as dúvidas que surgiram. A ação trouxe respaldo para que a comunidade possa realizar o consumo consciente e a confecção de chás de forma segura e correta, o que resultou no alcance dos objetivos traçados durante a elaboração da ação pela equipe. A construção da horta na unidade pôde sensibilizar a todos presentes quanto a possibilidade e facilidade de se construir uma horta medicinal e ter acesso a produtos naturais em seus domicílios. Considerações finais: A expansão do saber científico sobre plantas medicinais em uma comunidade mediada pela atenção primária, é de extrema importância, uma vez que, tal prática pode proporcionar um resgate cultural local, maior interação entre a díade humano-natureza, uso de terapias convencionais, aproximando a comunidade da unidade básica de saúde através do compreender compartilhado sobre plantas medicinais, respaldado por estudos científicos, o que, por fim, coopera para uma fidedigna assistência primária no interior das redes de de atenção à saúde. |
10058 | A EXPRESSÃO CRIATIVA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA LUTA PELOS DIREITOS EDUCACIONAIS Thais Priscila Machado, Maria Lelita Xavier, Maritza Consuelo Ortiz Sanches A EXPRESSÃO CRIATIVA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA LUTA PELOS DIREITOS EDUCACIONAISAutores: Thais Priscila Machado, Maria Lelita Xavier, Maritza Consuelo Ortiz Sanches
Apresentação: Este estudo se propõe trazer formas de expressões artísticas utilizadas pelos estudantes de enfermagem na luta pelos direitos a educação e saúde, outrora afetados pela grave crise que atingiu o Estado do Rio de Janeiro em 2015-2017. A arte dialoga com a realidade e através do lúdico, expressa críticas ao momento atual. Objetivo: Identificar as expressões artísticas realizada pelos estudantes nas mobilizações pelas condições de funcionamento da universidade. Desenvolvimento: Estudo qualitativo. Participantes: estudantes da graduação de enfermagem e membros do Centro Acadêmico de Enfermagem Rachel Haddock Lobo. Inclusão: matriculados e cursando a graduação no momento do estudo, realizado em 2018, ter ingressado nos anos 2013 e 2014 e participado das ações de mobilização. Fonte de dados: documentos escritos e depoimentos através do Google forms. Obtiveram-se 35 documentos. Para os depoimentos foi utilizado como instrumento de coleta de dados o Google forms, que abrigou o TCLE. Pesquisa aprovada pelo parecer nº 2.925.742 do Comité de Ética e Pesquisa. Entregue ao Centro Acadêmico Rachel Haddock Lobo e a Faculdade de Enfermagem, uma carta de anuência para autorização. Resultado: Emergiram as seguintes categorias: o contexto político, econômico, social e seus reflexos na crise da UERJ; movimento de resistência dos estudantes: luta pelos direitos e engajamento dos estudantes de enfermagem na luta pelos direitos. A primeira categoria, descreveu o contexto outrora apresentado no Estado do Rio de Janeiro, em vista a crise financeira agravada pelas questões governamentais, de orçamento e administração pública, com consequências diretas no Estado do Rio de Janeiro. Na segunda categoria, observado as formas de participação dos estudantes da UERJ na luta pelos direitos. Terceira: buscou-se a profundar neste engajamento pelos estudantes de enfermagem e a forma como eles o percebiam na sua formação acadêmica. Durante o recebimento dos depoimentos, foi possível captar, que os estudantes da enfermagem UERJ, realizavam à época feiras de saúde, afim de mostrar produção cultural e de educação em saúde da enfermagem UERJ, além de saraus durante a ocupação; da criação de cartazes; poemas; músicas e outras manifestações artísticas que eram utilizadas durante os atos diretos e divulgados de forma indireta (redes sociais), movimentos como o “UERJ DE LUTO NA LUTA” o “BlocATO”, tendo em vista o agravamento da crise no período de fevereiro de 2017, e o festival “#UERJResiste”, colocaram destaque importante na divulgação da realidade e resistência da universidade. Estas formas de expressão ganharam bastante espaço na mídia. Foi possível mostrar a população a realidade de uma forma visual, lúdica, criativa e crítica Considerações finais: Frente a tentativa de desmonte do sistema universitário, houve o engajamento dos estudantes de forma criativa e artística na busca por uma educação de qualidade nos tempos de crise e na organização para ocupar a UERJ, de modo a mantê-la viva e superando todas as questões que a afligiam. A expressão de arte, trouxe vida, cuidado e renovou a essência da universidade. |
10621 | PRODUÇÃO DE SENTIDOS POR MEIO DA ARTE: UMA POTÊNCIA PARA DISCUSSÃO SOBRE DROGAS E DROGADIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA Denise Vidal, Letiane de Souza Machado, Rayssa Madalena Feldmann, Edna Linhares Garcia, Kamilla Mueller Gabe, Mariana Teixeira, Suzane Beatriz Frantz Krug PRODUÇÃO DE SENTIDOS POR MEIO DA ARTE: UMA POTÊNCIA PARA DISCUSSÃO SOBRE DROGAS E DROGADIÇÃO NA ADOLESCÊNCIAAutores: Denise Vidal, Letiane de Souza Machado, Rayssa Madalena Feldmann, Edna Linhares Garcia, Kamilla Mueller Gabe, Mariana Teixeira, Suzane Beatriz Frantz Krug
Apresentação: Inicialmente a arte era concebida como uma atividade dotada de controle e racionalidade para a busca de um resultado específico. Esta definição, entretanto, vem sendo problematizada na contemporaneidade, concebe-se a arte como uma expressão da criatividade mais livre e desinteressada. De qualquer modo, considerando a arte uma ferramenta potente de expressão humana, a pesquisa "Narrativas de adolescentes sobre drogas e os serviços de saúde mental CAPSIA e CAPSAD: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul", da qual deriva esta escrita, se propõe a utilizá-la como instrumento para compreender o espaço que a droga ocupa na constituição subjetiva dos adolescentes, buscando criar e implementar ações de promoção de saúde e prevenção ao uso de drogas. A pesquisa estuda a temática das drogas e da drogadição na adolescência, compreendendo essa como uma questão complexa e multifacetada, que se constitui na relação que cada sujeito estabelece consigo, com a droga e com o mundo. A adolescência, por sua vez, se coloca como um processo marcado por intensas mudanças, um momento no qual o sujeito se depara com novas descobertas, buscas e inseguranças na construção de si. A arte surge como um modo de expressão genuína, que auxilia os adolescentes a expressar o que pensam e sentem nesse contexto. Nessa perspectiva, a pesquisa busca a produção de sentidos por meio da realização de grupos focais com adolescentes de 12 a 18 anos, em escolas públicas do município de Santa Cruz do Sul. A presente escrita constitui um recorte dos resultados dos grupos focais, realizados em 16 escolas do município. A análise dos dados é realizada a partir da perspectiva de Mary Jane Spink, que compreende que a produção de sentidos ocorre no encontro com o outro. Em cada escola foram realizados três encontros, nos quais foram utilizados recursos lúdicos de expressão da criatividade como, desenho, pintura e colagem. No primeiro encontro os estudantes são convidados através da técnica da “chuva de ideias” a colocar, no papel, tudo aquilo que vem no pensamento quando escutam a palavra “drogas”. Assim sendo, a expressão se dá através da arte, as palavras surgem posteriormente como uma narrativa de seus sentimentos e reflexões, sobre aquilo que conseguiram criar ludicamente. Neste primeiro momento os adolescentes apontam as drogas lícitas e ilícitas como, a maconha, o crack, a cocaína, o álcool, entre outras, eles desenham, escrevem ou colam nos cartazes imagens ou escritas que as representem, assim como, colocam-nas relacionadas diretamente a violência, o tráfico, entre outros, variando do território e da percepção de cada grupo acerca da temática. Como principais resultados obteve-se que 14 escolas criaram desenhos alusivos a drogas lícitas, 15 a ilícitas, e em 6 escolas surge uma ampliação do conceito trazendo também uma noção de vício relacionada a outras substâncias que causam dependência, como o chocolate, açúcar, café, medicamentos, entre outros. No segundo encontro as pesquisadoras e os estudantes dialogam sobre o processo de criação que realizaram, debatendo sobre o que eles escolheram colocar no papel. Os resultados denotam que as drogas, são apresentadas como um tabu, cujos discursos previamente proibicionistas são assumidos e reproduzidos até que encontrem um espaço de escuta genuína, no qual se observa uma desfamiliarização e a produção de novos modos de pensar e falar sobre a temática. As suas narrativas revelam que independentemente dos territórios, a droga e a drogadição são temáticas que fazem parte do cotidiano, desses adolescentes perpassando suas relações familiares e de amizade. Os adolescentes demonstram criticidade, problematizando os diferentes discursos que lhes são apresentados sobre o tema. Entretanto, o conhecimento em relação a rede de saúde do município parece limitado, principalmente no que diz respeito a rede de atenção psicossocial como, por exemplo, Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPS IA), Unidade Básica de Saúde (UBS), entre outros. Tal compreensão surge tanto nas narrativas dos adolescentes quanto em suas produções artísticas, visto que nos cartazes produzidos o tema em destaque foi às consequências do uso de drogas e seus malefícios não apontando os dispositivos de cuidado e tratamento existentes, demonstrando uma falta de conhecimento sobre os serviços de saúde disponíveis para tal. No terceiro e último encontro, os adolescentes recebem os materiais para expressar por meio da pintura, em uma tela de tecido, tudo aquilo que foi possível elaborar a partir dos encontros, das discussões e das reflexões coletivas. Nesta ocasião, cada escola produz algo único que será compartilhado com as demais escolas em um fórum anual promovido pela universidade, com intuito de fomentar discussões sobre promoção de saúde na perspectiva de prevenção ao uso drogas e à drogadição. Nessa produção artística, os adolescentes resumem os temas discutidos, simbolizando as consequências do uso abusivo de drogas, os dispositivos de cuidado existentes e representam a curiosidade acerca das diferentes estratégias de cuidado e sua forma de atuação. Ainda em suas pinturas, é disposto que as drogas podem ocupar um lugar de escolha do sujeito, como o lugar de uma consequência, surgindo problematizações relacionadas aos fatores sociais, econômicos e emocionais. Independente do território, evidenciam-se discursos de punição e julgamento ao usuário de drogas, ficando os dispositivos de cuidado em segundo plano. Em um primeiro momento, os adolescentes não simbolizam em suas produções os dispositivos de saúde, mas quando questionados sobre as possíveis formas de cuidado e tratamento relacionadas a drogadição, demonstram interesse. Os conhecimentos prévios relatados sobre o assunto são, em geral, advindos de estudantes que tiveram experiências prévias próprias ou com familiares. Esses achados podem indicar um déficit na qualidade da educação em saúde, a qual pode derivar de uma falha na comunicação entre os sistemas de saúde e educação. Urge a necessidade da elaboração de estratégias que possibilitem a troca de conhecimentos sobre a rede de saúde e a oferta de espaços para uma escuta genuína dos adolescentes, assim como o incentivo, continuação e criação de pesquisas relacionadas a temática, buscando o estreitamento dos laços com essas instituições e consequentemente tornando mais eficazes as estratégias de promoção de saúde e prevenção ao uso de drogas nessa fase da vida tão importante. |
11383 | INTERFACE ENTRE ARTE, CULTURA E SAÚDE: UMA ANÁLISE DO PLANO MUNICIPAL DE SAÚDE NO PROJETO EDUCARTE Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Jéssica França Pereira, Simone Mendes de Carvalho INTERFACE ENTRE ARTE, CULTURA E SAÚDE: UMA ANÁLISE DO PLANO MUNICIPAL DE SAÚDE NO PROJETO EDUCARTEAutores: Vanessa de Almeida Ferreira Corrêa, Jéssica França Pereira, Simone Mendes de Carvalho
Apresentação: A arte e a cultura são ferramentas importantes para despertar a reflexão de adolescentes e jovens em vulnerabilidade social para o enfrentamento e mudança da realidade. O Projeto EducARTE é um projeto interinstitucional desenvolvido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) em parceria com o Ministério da Educação. Tem como objetivo principal: promover o acesso às temáticas sociais como cidadania; saúde preventiva; ética e consciência ambiental, através da implantação de núcleos de oficinas de dança, música, capoeira, artesanato e outras expressões culturais, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social, integrando as ações do projeto às escolas. Um dos problemas que jovens e crianças enfrentam no seu cotidiano é a violência que é considerada um problema de saúde pública. Nesse sentido, é fundamental trabalhar a promoção da saúde desses jovens em vulnerabilidade social, sendo a arte, uma ferramenta dinâmica que integra e possibilita o enfrentamento e a reflexão das vulnerabilidades sociais presentes no cotidianos de vida da população. Nesta perspectiva, entende-se que a arte e a saúde apresentam-se enquanto ferramentas de inclusão social e enfrentamento das vulnerabilidades sociais. O conceito de saúde não diz respeito apenas à ausência de doenças. Estudos apontam a criação de ambientes saudáveis como um dos campos de ação prioritária para promoção da saúde e reiteram que a saúde incorpora as dimensões sociais, política e econômica. Assim, propõe a reflexão de que é possível produzir saúde através da arte, sendo uma ferramenta primordial para o protagonismo da cidadania de jovens em vulnerabilidade social. Entende-se que, os Planos Municipais de Saúde, são instrumentos de planejamento para definição e implementação de todas as iniciativas no âmbito da saúde de cada esfera da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Nestes, estão contidos os compromissos de cada espera do governo para o setor saúde e reflete, a partir da análise situacional, as necessidades de saúde da população. Assim, este estudo tem como objetivo: Identificar no Plano Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (2018 – 2021), disponível em acesso aberto on line, propostas que estimulem a disseminação da arte e da cultura como instrumento de promoção da saúde, principalmente as voltadas para os jovens. Desenvolvimento: Estudo qualitativo e descritivo através da análise documental do Plano Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (2018 – 2021). Estudo desenvolvido no ano de 2019. As categorias temáticas revelaram: políticas públicas voltadas aos jovens; e propostas voltadas à disseminação da arte e da cultura como instrumento de promoção da saúde. Resultado: A análise do referido plano, identificou os jovens entre 15 e 24 anos, representando cerca de 15,4% dos habitantes do referido município. O Plano Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (2018-2021) reforça a necessidade de políticas públicas intersetoriais orientadas para reduzir as iniquidades em saúde; e apresenta atividades desenvolvidas com o intuito de valorizar o protagonismo juvenil e da educação entre pares, através do desenvolvimento da Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde (RAP da Saúde). Atenta para algumas temáticas, tais como: Sífilis, morte por causas externas e agressão por arma de fogo. A seguir, apresenta-se a síntese das informações relacionadas às vulnerabilidades de jovens, presentes no referido plano: os números da sífilis refletem as vulnerabilidades em saúde, observando-se que cerca de 25% das gestantes com a doença são jovens entre 15 a 19 anos. As mortes por causas externas ocorrem em todos os ciclos de vida, mas, apresentam particularidades nos jovens. As agressões por arma de fogo predominam na faixa etária entre 15 e 39 anos, e são mais comuns em jovens negros. As mortes de motociclistas reproduzem o mesmo cenário de óbitos por homicídios: as principais vítimas são jovens negros, de baixa escolaridade e renda reduzida. Nas faixas etárias mais jovens, os negros morrem mais que os brancos. Quanto às propostas que estimulam a disseminação da arte e da cultura como instrumento de promoção da saúde, principalmente as voltadas para os jovens, a análise identificou que: “Saúde Mental”; e “Atenção a populações específicas - População negra” possuem estratégias voltadas à cultura. A “Saúde mental” apresenta articulação com propostas voltadas à cultura para garantia da sustentabilidade dos portadores de transtornos mentais graves, através da implementação de programas voltados para a capacitação para o trabalho e geração de renda, com a inclusão dos usuários em dispositivos de educação, cultura, esportes e lazer, com previsão de a implantação de 04 centros de Convivência e Cultura na cidade. A “Atenção a populações específicas - População negra” apresenta a seguinte proposta: “valorização dos saberes, práticas e cultura da população negra e seu impacto na promoção da saúde”. A continuidade de formação de adolescentes e jovens como promotores de saúde, através do RAP da saúde também foi identificada como proposta para o período entre 2018 e 2021. Considerações finais: A saúde, compreendida como valor social e direito constitucional, possui no acesso à cultura e à arte, importante componente para promoção da saúde da população. Assim, torna-se importante o diálogo entre arte, saúde e cultura para o enfrentamento das vulnerabilidades sociais. A análise do Plano Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (2018 – 2021) identificou propostas que estimulam a disseminação da arte e da cultura como instrumento de promoção da saúde, principalmente as voltadas para os jovens. As temáticas identificadas na análise documental, tais como: Sífilis, morte por causas externas e agressão por arma de fogo, atentam para a importância de atividades de promoção da saúde e de valorização da cultura voltadas aos jovens. A identificação dos referidos temas, podem contribuir para o planejamento em saúde das atividades do Projeto EducARTE, além de serem discutidas pelos participantes do projeto em apreço ao articular as vulnerabilidades em saúde, presentes no plano, com a arte. Assim, espera-se com este estudo atentar para a importância da construção de propostas voltadas à arte e à cultura articuladas à saúde nos planos municipais de saúde, por compreender que estes são referências para os processos de planejamento de programas e projetos voltados para o setor da saúde. Sugere-se estudos sobre o diálogo entre as políticas públicas de saúde, educação e cultura; e as interfaces entre as práticas intersetoriais presentes nos planos de saúde, como instrumentos de gestão do SUS. |
12280 | PRÁTICAS DE PARTEJAR: A EXPERIÊNCIA DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO MUNICÍPIO DE ALVARÃES - AMAZÔNIA - BRASIL Marilia de Jesus da Silva Sousa, Maria Elena Apontes Arias, Leandro Eustaquio Gomes, Maria Das Dores Marinho, Maria Mercês Bezerra, Irene Leandro Sousa, Benta Martins Carvalho PRÁTICAS DE PARTEJAR: A EXPERIÊNCIA DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO MUNICÍPIO DE ALVARÃES - AMAZÔNIA - BRASILAutores: Marilia de Jesus da Silva Sousa, Maria Elena Apontes Arias, Leandro Eustaquio Gomes, Maria Das Dores Marinho, Maria Mercês Bezerra, Irene Leandro Sousa, Benta Martins Carvalho
Apresentação: Buscamos fazer uma descrição e análise do 12º Encontro de Parteiras Tradicionais realizado na sede do município de Alvarães na região Norte do Brasil, Médio Solimões, distante à cerca de 500 km da capital do estado, Manaus. Neste encontro participaram 20 parteiras tradicionais que atuam na área rural e urbana do referido município e teve a colaboração de diversos profissionais de saúde de várias áreas (psicologia, fisioterapia, enfermagem, nutrição, técnicos em saúde) e antropólogos. O evento contou com a participação e apoio da Associação das Parteiras Tradicionais do Estado do Amazonas Algodão Roxo (APTAM), a Secretaria Municipal de Saúde e outras entidades ligadas a causa da parteiras e direitos das mulheres. Este evento ocorreu no mês de fevereiro de 2020, sendo norteado a partir das metodologias instituídas no ano 2000 pelo Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais do Ministério da Saúde que enfatiza sobre o dever e assistência dos estados e municípios quanto ao apoio material e técnico ao trabalho desenvolvido pelas parteiras tradicionais e a valorização dessa prática. Descrevemos assim através das participações, observações e registros, as atividades técnicas e metodológicas utilizadas durante o encontro, que tem como centralidade a busca horizontal de confluências e trocas de saberes, das práticas, relatos e experiências das parteiras e profissionais participantes do encontro. Para as parteiras essa edição do “curso”, como elas costumam denominar, consistiu numa renovação de experiências e memórias”. Para elas a importância deste tipo de atividade proporciona troca de saberes e revigora o trabalho que elas vêm desenvolvendo há muitas décadas. Por sua vez, a participação dos gestores locais reconhece e legitima o trabalho das parteiras. Em suma, esta apresentação traz questões sobre as histórias e atuação das parteiras tradicionais do Amazonas, mais precisamente da região do Médio Solimões, dos conhecimentos e práticas adquiridas, construído e transmitido de geração para geração, com atenção às mulheres da gestação ao parto, com assistência através de rezas, plantas medicinais, aconselhamentos, informações, e, principalmente, auxílio durante o parto. As parteiras tradicionais exercem um importante papel, pois atendem principalmente as pessoas que vivem em localidades remotas, distantes ou com dificuldades de acesso às unidades básicas saúde. Sendo assim, o 12º Encontro de Parteiras Tradicionais de Alvarães/Amazonas foi um evento de confluência de saberes e práticas entre parteiras e demais profissionais, como uma forma de aproximar e construir conhecimentos, uma simbiose, em que a valorização e respeito a essas práticas tradicionais de partejar são elementos centrais. |
12281 | DAS SENSIBILIDADES DO COTIDIANO PERIFÉRICO Heloisa Santos, Laura C. M. Feuerwerker DAS SENSIBILIDADES DO COTIDIANO PERIFÉRICOAutores: Heloisa Santos, Laura C. M. Feuerwerker
Apresentação: Neste estudo proponho cartografar coletivos de mobilização popular pela cultura na região leste do município de São Paulo, identificando locais de encontro e produção de subjetivação através da arte e analisando as dinâmicas de articulação interna destes grupos, assim como as iniciativas de articulação com a comunidade. Esta pesquisa tem por campo diferentes espaços de cultura e lazer. Em um primeiro momento entro em contato com uma Associação de Bairro, onde há diversas atividades voltadas à comunidade com a participação de pessoas da comunidade na gestão do espaço. Esta Associação tem uma história no bairro, um conjunto habitacional, que iniciou a mais de três décadas coordenada por uma liderança comunitária e atualmente segue sob coordenação de suas herdeiras. Entre as atividades estão espaço de convivência para idosos, alfabetização, zumba, capoeira, teatro, futebol e outras, incluindo práticas integrativas em saúde. Frequentemente são realizados bingos e festas temáticas com objetivo de arrecadar fundos para manutenção da Associação e também de promover espaço de encontro e convivência comunitária. Há iniciativas de articulação com outros espaços comunitários como igrejas e outros templos religiosos, Unidades de Saúde e Escolas do bairro. O campo de pesquisa se estende ainda a outros espaços como uma Casa de Cultura localizada em outro bairro da zona leste de São Paulo, igualmente um conjunto habitacional, onde há diversas atividades culturais e em articulação com movimentos populares da região. A partir destas experiências iniciais há possibilidade de seguir em outros rumos a depender do que for ofertado nos primeiros encontros. Há na região algumas ocupações culturais e pontos de cultura, além de grupos autônomos de teatro, dança, artes plásticas e outras manifestações culturais. Me sinto convidada a revisitar interesses nas diversas manifestações artísticas, colocar-me em análise enquanto moradora da periferia e amante das artes no encontro com estas mobilizações populares e com a população que vive nos bairros da zona leste de São Paulo, em especial, nos conjuntos habitacionais (COHAB) tão numerosos na região. Para esta viagem com os movimentos culturais, aciono a cartógrafa em mim e me ponho em relação com os diferentes atores envolvidos nestes espaços. Me deixando misturar e afetar de diferentes maneiras, utilizando diferentes ferramentas (mais ou menos estruturadas) que permitam recolher as afecções em um corpo vibrátil e trazendo à tona relações de poder entre outras características ligadas fundamentalmente ao plano da micropolítica.Há nesta pesquisa, um reconhecimento de campo que passa por um voltar-se para si. Poder revisitar, reviver espaços anteriormente conhecidos, mas também descobrir outros mundos dentro de um espaço familiar, caseiro, de circulação comum. É como “ligar” um certo olhar sensível à diferença e que permita acessar estes outros mundos “paralelos”, ou melhor, não paralelos, mas que possuem pontos de conexão que não são suficientes para promover uma convivência mais próxima e misturada. Como se fossem pequenos encontros negados, capturados por linhas de força do modo de vida contemporâneo. Me interessa então olhar para estes diferentes planos micropolíticos e suas relações de força onde ocorrem os processos de subjetivação, que é campo fértil para a investigação cartográfica. Como moradora de periferia, militante pela Luta Antimanicomial e pelo SUS, feminista e integrante do Bloco Afro Ilu Obá de Min, com histórico no teatro e nas artes plásticas, a neutralidade é algo que não há como existir neste projeto. Torna-se ainda mais importante, essa pesquisadora implicada que escreve este texto, compartilhar suas vivências, registrá-las e colocá-las em análise garantindo alguma alteridade neste processo. Mas há, também, uma potência nessa implicação que pode facilitar os encontros através da sensibilidade e reconhecimento das áreas de proximidade. |
10670 | PUBLICAÇÕES NAS MÍDIAS IMPRESSAS SOBRE A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NO RIO DE JANEIRO andreza cristina silva de OLIVEIRA, camilly de oliveira novaes, mercedes neto, mary hellem silva fonseca, Júlia Graziella Silva do Nascimento, jessica magalhães assis, eliza Aguiar PUBLICAÇÕES NAS MÍDIAS IMPRESSAS SOBRE A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NO RIO DE JANEIROAutores: andreza cristina silva de OLIVEIRA, camilly de oliveira novaes, mercedes neto, mary hellem silva fonseca, Júlia Graziella Silva do Nascimento, jessica magalhães assis, eliza Aguiar
Apresentação: Este estudo visa identificar as reportagens sobre a Febre Amarela, descrever os elementos do discurso jornalístico e analisar as representações culturais sobre os casos de Febre Amarela no Estado do Rio de Janeiro no período de 2016-2017. Método: Trata-se de um estudo baseado na micro-história, onde os dados foram coletados na Biblioteca Nacional por meio dos veículos impressos/virtuais. Foi aplicado uma matriz de análise e em seguida estabelecido as seguintes categorias: Vacina, Atendimento no SUS e Vigilância dos casos notificados, para melhor organização dos resultados e discussão. Resultado: As notícias descreveram em sua maioria as campanhas de vacinação, dificuldades de atendimento nos postos de saúde e a grande procura pela vacina contra Febre Amarela, em menores proporções, abordou o número de casos confirmados e suspeitos, macacos contaminados e mortos e orientações sobre a vacina. Considerações finais: Entendendo que a mídia constitui-se uma potente ferramenta de disseminação de informações e gera impactos na sociedade, é necessário obter um olhar cuidadoso sobre como manejar tais informações. Implicações para a Enfermagem: O manejo das mídias não se detém apenas a publicação de informações, mas é preciso compreender a sociedade e pensar nela como prioridade. Não cabe só informar ou manipular para que haja uma resposta esperada visando as pessoas como míseros objetos, a diferença está em evoluirmos enquanto sociedade através de informações sólidas, que eduquem e informem de maneira correta, principalmente ao lidar com questões que envolvem a saúde, é preciso que o profissional desenvolva este olhar. |
11528 | AÇÕES INTEGRATIVAS DA SAÚDE DA MULHER PRIVADA DE LIBERDADE: praticando arte para educação em saúde Zilah Pereira Barreira, Purdenciana Ribeiro de Menezes, Melina de Paiva Bezerra Vidal AÇÕES INTEGRATIVAS DA SAÚDE DA MULHER PRIVADA DE LIBERDADE: praticando arte para educação em saúdeAutores: Zilah Pereira Barreira, Purdenciana Ribeiro de Menezes, Melina de Paiva Bezerra Vidal
Apresentação: O Ministério da Saúde recomenda a oferta de atendimento integral à saúde da mulher considerando-se as necessidades específicas da mulher negra, lésbica, do campo e da floresta, profissionais do sexo e indígenas, dentre outras, inclusive as que estão privadas de liberdade. É imprescindível promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/AIDS nessa população, estando ampliando o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidiárias. Este estudo tem como objetivo relatar a experiência da realização de oficinas para promoção da saúde da mulher em unidade prisional. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência, de ações ocorridas no período de agosto de 2018 à janeiro de 2019, em uma unidade prisional feminina da região metropolitana do Estado do Ceará. As ações foram realizadas em forma de oficinas de pinturas e artes, tendo como público-alvo, mulheres reclusas em regime fechado; realizava-se as ações prioritariamente às terças-feiras de cada semana, abordando assuntos relacionados à saúde. As oficinas tinham como atores a enfermeira, a técnica de enfermagem, a psicóloga e uma turma de em média, 10 à 15 mulher reclusas, que participavam da escola e que manifestavam interesse em participar e os professores da escola indicavam. Dado a formação do grupo, a professora de educação prisional, sedia o espaço da sala de aula, para a equipe de saúde implementar a ação, onde eram realizados as oficinas. Foram abordados ao todo 04 temáticas, que falavam sobre assuntos para a promoção da saúde e do autocuidado. Resultado: Percebeu-se com as ações uma grande procura de atendimentos à saúde para tratar de assuntos relacionados à oficinas apresentadas. Obteve-se um quântico aumentado em mais da metade de realização de exame de prevenção de câncer de colo de útero; a procura por planejamento familiar, por preservativos, realização de exames de sangue e consultas individuais, aumentaram 82%. Observou-se que os assuntos relacionados à saúde passaram a ser tratados como prioridade na vida das mulheres atingidas pelas ações. Após as ações, obteve-se ganhos na atenção à mulher abrangendo o pré-natal, controle do câncer cérvico-uterino e de mama; diagnóstico, aconselhamento e tratamento de DST/AIDS (desde atividades preventivas como distribuição de preservativos e elaboração de material educativo até ações de diagnóstico e tratamento segundo a estratégia de abordagem sindrômica); atenção em saúde mental (prevenção de agravos psicossociais, prejuízo a saúde decorrente do uso de álcool e outras drogas); imunizações; avaliação e orientação para planejamento familiar. Considerações finais: A abordagem à pessoa encarcerada de forma descontraída, torna menos severo a situação de prisão, de modo que, com as ações executadas obteve-se além do ganho na saúde física, também a melhoria da saúde mental e nenhum pouco obstante, o maior ganho, que considera-se neste relato com o ganho da confiança daquelas pessoa tão estigmatizadas. |
11661 | A ARTE DE FAZER RIR: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM PALHAÇOTERAPIA NO AMBIENTE HOSPITALAR DA REDE PÚBLICA EM FORTALEZA-CE Adrielle Lima de Sousa, Nathalia Medeiros Mesquita A ARTE DE FAZER RIR: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM PALHAÇOTERAPIA NO AMBIENTE HOSPITALAR DA REDE PÚBLICA EM FORTALEZA-CEAutores: Adrielle Lima de Sousa, Nathalia Medeiros Mesquita
Apresentação: Este trabalho aborda a experiência de uma mulher como palhaçoterapeuta no ambiente hospitalar. Desde 2017, nos fins de semana um grupo de voluntários realizam visitas a hospitais infantis da rede pública da capital do Ceará para alegrar os e as pequenasos pacientes que ficam internados. A partir do improviso levamos alegria para as crianças internadas no hospital para que elas e os pais esqueçam um pouco a dor. O trabalho do palhaçoterapeuta é fazer arte, é fazer sorrir. O riso é terapêutico, libera o hormônio da felicidade, podendo ajudar a reduzir a depressão e foi observado que ajuda na melhora do quadro clinico. Desta forma, o objetivo desse trabalho é relatar a atividade de palhaçoterapia com crianças internadas em hospital infantil da rede pública de Fortaleza. Utilizando atividades lúdicas livres, danças, contação de histórias e o brincar faz de conta podemos proporciona sair do ambiente e viajar para um mundo de imaginação guiado pelas crianças. O acesso aos leitos e a área comum de brincadeiras é realizado após o contato com profissionais do serviço social em que é agendado o dia, horário e quais alas podem receber visita. Em atividade no primeiro fim de semana de fevereiro de 2020 ao ambiente hospitalar participaram 8 voluntários caracterizados pelo sorriso largo, usando material de pintura facial, roupas e jalecos coloridos para realizar palhaçadas com as crianças internas de 3 a 11 anos de idade. As brincadeiras são realizadas respeitando a individualidade e o desejo de cada criança, quando acontece de não aceitarem a entrada dos palhaços no leito, a vontade da criança é respeitada. Contudo ao ver os sorrisos e a chuva de cores, elas tendem a se interessar, chegar mais perto e buscar sorrir junto. Uma das meninas internadas não aceitou o nosso contato inicial, mas após um tempo chegou para brincar com todos, em conversa com a mãe ela nos relatou que a filha não saia da cama ou sorria a mais ou menos três dias e nos agradeceu pela atuação. Uma outra pessoinha pequena almejava estar junto da gente e das outras crianças, mas a família apresentava receio por não saber a opinião médica, por isso buscamos o serviço social para verificar a informação e a criança pode se juntar as palhaçadas. A palhaçoterapia não é uma prática nova, mas também não é tão comum encontrar palhaços nos hospitais de Fortaleza, contudo é um método complementar no tratamento hospitalar e tem como objetivo promover bem estar físico e emocional de pessoas hospitalizadas e/ou em situação de sofrimento. Assim acreditamos que em nossa prática como palhaços podemos possibilitar as crianças momentos de lazer, diversão e de ser criança mesmo no ambiente em que elas estão passando por tratamentos invasivos e fora da sua rotina de ser criança. Desejamos captar mais pessoas para atuar como palhaços e expandir a cobertura de hospitais na capital para poder proporcionar um cuidado e promoção da saúde através da arte de ser palhaço e da palhaçoterapia. |
12107 | A NISE QUE O PATRIARCADO NÃO SILENCIOU Amanda Rezende, Beatriz Ravazine, Giovana Simas da Silva A NISE QUE O PATRIARCADO NÃO SILENCIOUAutores: Amanda Rezende, Beatriz Ravazine, Giovana Simas da Silva
Apresentação: O presente trabalho versa sobre a importância da médica - mulher, alagoana, única mulher de sua turma de 157 homens da Faculdade de Medicina da Bahia, pioneira no campo da terapêutica ocupacional - psiquiatra brasileira, Nise da Silveira, na introdução de práticas humanitárias e artísticas terapêuticas no Brasil. A psiquiatra manifestava-se contra as formas agressivas de tratamento de sua época, o que a deixou conhecida - nacional e internacionalmente - por humanizar a forma de tratar os pacientes psiquiátricos. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar a relevância de práticas humanitárias e artísticas no campo da psiquiatria, levando em consideração as atuais e discrepantes mudanças nas políticas públicas de saúde mental, a partir da cinebiografia “Nise: o coração da loucura”. A cinebiografia “Nise - O Coração da Loucura” é uma obra nacional produzia em 2015 que narra a história da psiquiatra Nise da Silveira. Retrata o quão desumano eram vistos e tratados pacientes psiquiátricos no período dos anos 50, no Centro Psiquiátrico Nacional no Rio de Janeiro, e como Nise conseguiu mudar os rumos do modo do fazer médico diante desse deplorável contexto. Após um tempo afastada do Centro Psiquiátrico, Dra. Nise volta às atividades cuja presença provoca imediato estranhamento, já que é a única mulher da equipe médica. Em seu primeiro dia de trabalho, ela presencia a discussão de métodos e técnicas que violavam a condição humana dos pacientes - eletroconvulsoterapia e lobotomia. Após recusar adotar essas técnicas, o diretor do hospital lhe oferece um cargo no Setor de Terapia Ocupacional (STO), um setor desvalorizado e desacreditado pelos profissionais daquele hospital, com o objetivo de silenciá-la. Ao assumir o cargo, Nise promove uma revolução na forma de enxergar o paciente e, consequentemente, muda todo o percurso de tratamento de todos aqueles que chegavam ao setor. A arma revolucionária de Nise foi a introdução da arteterapia como processo terapêutico, permitindo que os clientes (termo usado por Nise em substituição a “paciente”) manifestassem suas emoções e experiências do inconsciente. Os clientes, dessa forma, reatavam vínculos com a realidade mediante à expressão simbólica e imaginária. A psiquiatra foi aluna de Carl Jung e se interessava por seus estudos sobre mandalas, em uma das cenas ela envia uma carta para seu ex-professor contando sobre a proposta terapêutica que vinha sendo realizada no Rio de Janeiro e fica feliz em ele responder. Ao ler a carta, Nise nota que Jung pensa que a pessoa responsável por admirável trabalho é um médico, e não uma médica. Ela comenta com o esposo “Olha só, Jung também é machista”. Com a sensibilidade e criticidade do filme, nota-se a força que Nise precisou ter para se impor em ambientes em que, até então, somente homens tinham poder de fala baseada em brutalidade, autoridade e imposição. Mesmo sendo bastante criticada pelos outros médicos e tendo seu trabalho boicotado, Nise não desistiu e continuou, acolhendo cada cliente considerado “louco” nesse ambiente manicomial e enfrentando com firmeza todos os obstáculos produzidos pela hegemonia masculina na medicina. Por meio de análise crítica da cinebiografia relacionada com as literaturas sobre a temática, temos que práticas como as de Nise da Silveira e de outros profissionais que também se opuseram às formas desumanas de tratamento, pelas quais o Brasil caminhou por muitos anos, levaram a políticas de saúde mental a se tornaram exemplo mundial. Por essa razão, o Ministério da Saúde regulamenta o funcionamento dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS): prevê que sejam fornecidas oficinas terapêuticas que busquem a integração social e familiar dos usuário a manifestação de sentimentos e problemas que favoreçam a habilidade corporal nas atividades realizadas. Por isso, a arte como ferramenta terapêutica, como proposto por Nise, é prática precisa. Porém, é possível observar que os serviços em questão vêm recebendo descaso e desamparo progressivo nos investimentos assim como todos os serviços em saúde mental do país. Entende-se que estes, assim como muitos dos diversos cortes feitos sucessivamente, buscam o que se pode chamar de sucateamento do que é público, que servem a interesses de grupos corporativos privados que lucram milhões com as críticas superficiais e inconsistentes à saúde pública. Desde 2015, durante o governo Dilma, posicionamentos conservadores na psiquiatria vêm ganhando espaço e recursos, numa defesa do isolamento como tratamento e da religião como cura. De 2016 a 2018, o governo Temer seguiu nas medidas de regressão das políticas de saúde mental, entre elas a diminuição de recursos direcionados aos Centros de Atenção Psicossocial, os CAPs, o aumento de financiamento das comunidades terapêuticas e de manicômios psiquiátricos tradicionais e a redução dos espaços de participação social. Em 2018, o Coordenador-Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro Júnior, publicou a nota técnica nº 11/2019, a qual, entre vários pontos de suas 32 páginas, traz anacronismos ao possibilitar a ampliação de leitos de internação hospitalar, o incentivo ao uso de eletroconvulsoterapia como tratamento unida à constante restrição dos investimentos e à má gestão pública, retrocedendo a uma Política de Saúde Mental divergente à luta antimanicomial. A entrada do governo Bolsonaro, em 2019, expandiu as arcaicas políticas iniciadas com Temer. Dessa forma, oficinas terapêuticas ofertadas pelos CAPS tornam-se cada vez mais escassas, o que coloca em xeque, por exemplo, práticas artísticas de tratamento efetivo do, então, cliente psiquiátrico. Uma verdadeira derrocada tanto teórico-documental quanto prática-terapêutica ao deturpar a esperança de melhora e de cuidado digno dos clientes. A análise da cinebiografia foca na atuação profissional de Nise da Silveira, com toda sua história de luta e força em locais de hegemonia masculina na medicina, e nos últimos 30 anos de luta antimanicomial, que construíram cuidados humanizados em saúde mental, chama a retomar as discussões sobre a importância de se trabalhar com clientes da medicina psiquiátrica como pessoas potentes no viver. Tal fato é notado nas pinturas dos clientes de Nise, por exemplo: usam a arte para libertar e, assim, tratar o inconsciente. Nesse contexto, é sempre necessário que se rememore as práticas violentas e assassinas que predominavam, para que usuários, estudantes e trabalhadores ligados à saúde mental estejam envolvidos a fim de perceberem os sérios riscos a que tanto os usuários diagnosticados com doenças psiquiátricas quanto a população em geral podem estar sujeitos: posturas desviantes do que é socialmente esperado. Dessa forma, fica evidente a demasiada importância nacional - e internacional - da psiquiatra Nise da Silveira no que tange a uma grande inovação no modo de promover práticas humanitárias e artísticas no tratamento de seus clientes como retratado na cinebiografia referida no presente trabalho. É substancial que políticas públicas de saúde mental comprometam-se a proporcionar o resgate da potência de viver desses clientes, o que iria ao encontro da luta antimanicomial iniciada e defendida por Nise no Brasil. Diante da história da mulher alagoana médica psiquiatra Nise da Silveira e das políticas públicas em saúde mental no Brasil, as quais atualmente visam reafirmar a essência de tempos remotos em que o ambiente físico e intelectual da saúde foi determinado pela homogeneidade patriarcal e suas condutas autoritárias, é fundamental uma voz ativa humana e empática, longe do silêncio, em qualquer congresso que se proponha a discutir os destinos da medicina do passado, do presente e do futuro. |