362: Educação Permanente para a Produção Qualificada da Gestão em Saúde | |
Debatedor: Cinthya Domingues Amaral | |
Data: 31/10/2020 Local: Sala 02 - Rodas de Conversa Horário: 16:00 - 18:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
11153 | A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA E O EXERCÍCIO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA A ABORDAGEM DO FEMINICÍDIO SOB A LENTE DA DESIGUALDADE DE GÊNERO Dayane da Rocha Pimentel, Cristine Vieira do Bonfim, Conceição Maria de Oliveira, Sheyla Carvalho de Barros, Andrea Carla Reis Andrade, Yasmim Talita de Moraes Ramos, Amanda Priscila de Santana Cabral Silva, Amanda Queiroz Teixeira A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA E O EXERCÍCIO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA A ABORDAGEM DO FEMINICÍDIO SOB A LENTE DA DESIGUALDADE DE GÊNEROAutores: Dayane da Rocha Pimentel, Cristine Vieira do Bonfim, Conceição Maria de Oliveira, Sheyla Carvalho de Barros, Andrea Carla Reis Andrade, Yasmim Talita de Moraes Ramos, Amanda Priscila de Santana Cabral Silva, Amanda Queiroz Teixeira
Apresentação: O feminicídio é definido como crime cometido contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, nele incluído violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Representa o fim de um contínuo de agressões e constitui violação máxima aos direitos humanos. Por meio da lei nº 13.104/2015, os crimes por razões de sexismo foram incluídos como item qualificador processual dos homicídios comuns, sendo enquadrados no rol de crimes hediondos. No entanto, a centralidade da discussão ainda é recente e, somado as complexidades e vulnerabilidades que envolvem os contextos das violências, é atribuído invisibilidade a temática. Objetivo: Identificar a importância da formação continuada e o exercício da educação permanente para a abordagem do feminicídio sob a lente da desigualdade de gênero. Método: Realizou-se uma revisão bibliográfica com abordagem exploratória. Selecionaram-se artigos do SciELO , lilacs e PubMed através dos descritores: violência, desigualdade de gênero e educação permanente. Resultado: A comunicação oficial no setor saúde na ocasião de violações refere-se a ficha de notificação e investigação individual de violência interpessoal e autoprovocada. A existência de limitações associadas a subnotificação, oportunidade tardia dos registros e incompletude dos dados, devem ser reconhecidas e são atribuídas a baixa discussão sobre questões de gênero e sexismo. Acrescenta-se também a insuficiente integração dos setores públicos (saúde, segurança, assistência social e poder judiciário) e o sentimento de retaliação e sobrecarga do profissional. Considerações finais: A transversalidade da formação educacional é elemento fundamental para emancipar o trabalhador na adoção da lente de gênero em todos os espaços de produção de saúde. Ressignificar a violência contra a mulher como uma herança do machismo patriarcal fortalece a compreensão de determinantes sociais e culturais que atingem populações e territórios específicos. Além de subsidiar o planejamento intersetorial das políticas públicas com foco na eliminação de mortes potencialmente evitáveis. |
9548 | I OFICINA REGIONAL DE SENSIBILIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE DA REGIÃO METROPOLITANA II: FORTALECENDO O GRUPO DE TRABALHO A PARTIR DA CONSTRUÇÃO COLETIVA PAOLLA AMORIM MALHEIROS DULFE, ALUÍSIO GOMES DA SILVA JÚNIOR, REGINA FERNANDES FLAUZINO, Thatiana Vieira Mattos, Gilson Luiz de Andrade, Denise Erbas, JOÃO VITOR BARBOSA DA COSTA, Rosangela Martins Gomes I OFICINA REGIONAL DE SENSIBILIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE DA REGIÃO METROPOLITANA II: FORTALECENDO O GRUPO DE TRABALHO A PARTIR DA CONSTRUÇÃO COLETIVAAutores: PAOLLA AMORIM MALHEIROS DULFE, ALUÍSIO GOMES DA SILVA JÚNIOR, REGINA FERNANDES FLAUZINO, Thatiana Vieira Mattos, Gilson Luiz de Andrade, Denise Erbas, JOÃO VITOR BARBOSA DA COSTA, Rosangela Martins Gomes
Apresentação: A Comissão de Integração Ensino-Serviço da Região Metropolitana II (CIES Metro II) é um órgão de instância colegiada intersetorial e interinstitucional, não paritária, de natureza permanente, cujas decisões são tomadas por consenso, embasando-se nas Políticas de Educação Permanente em Saúde (EPS) e no Plano Estadual de Educação Permanente em Saúde do Rio de Janeiro. Constitui-se como espaço de planejamento, monitoramento e avaliação da EPS na Região Metropolitana II. Objetivo: compartilhar a experiência de realização da I Oficina Regional de Sensibilização em EPS da Região Metropolitana II. Descrição da Experiência/ métodos: trata-se de um relato de experiência acerca da realização da I Oficina Regional de Sensibilização em EPS da Região Metropolitana II, em 27 de Fevereiro de 2019, no Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói (RJ). Sua idealização deu-se a partir da reunião ordinária da CIES Metro II, no mês de Dezembro de 2018, onde o grupo reunido constatou o esvaziamento de algumas reuniões anteriores e um movimento de transição das representações participantes. A Oficina teve duração de 8 horas, entre exposição dialogada, roda de conversa, debate com convidado, atividade prática de sensibilização em EPS e reunião ordinária da CIES da Região Metropolitana II. Participaram 21 pessoas, sendo 10 delas de Municípios da Região Metropolitana II, 2 da Região Médio Paraíba, 3 da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e 6 do ISC/UFF. Dentre as participantes da SES estavam a Superintendente de Educação Permanente, a Apoiadora Regional da Região Metropolitana II e a Assessora de Gabinete da Subsecretaria de Pós-graduação, Ensino e Pesquisa em Saúde. No grupo condutor, integraram 06 professores e 01apoiadora técnica do ISC/UFF. Resultado: A Oficina provocou diálogos e reflexões acerca da EPS, englobando ensino, atenção, gestão e controle social. Foram discutidos os aspectos políticos e de práticas educativas, no contexto da EPS, a partir das quais abordou-se o fortalecimento do coletivo. Os participantes dos municípios de Maricá, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Silva Jardim, e da UFF compartilharam suas experiências regionais em EPS, culminando em um produtivo debate mediado por Professor do ISC/UFF, onde foi possível identificar fortalezas, fraquezas, especificidades e interseções existentes na Região, corroborando a importância do trabalho integrado e em rede. Por fim, utilizou-se uma atividade de sensibilização em EPS, onde os participantes foram convidados a “re”construir um objeto quebrado, sendo necessário interação, planejamento, e operacionalização das ações lidando com tempo e recursos limitados, provocando o fortalecimento do grupo de trabalho a partir da construção coletiva. Considerações finais: Diante dos desafios enfrentados, a I Oficina Regional de Sensibilização em EPS da Região Metropolitana II mostrou-se valiosa estratégia para promoção de diálogos e reflexões em EPS, fortalecendo o grupo e promovendo alinhamento nos processos de trabalho, além de coesão, comprometimento e participação com legitimidade, embasando-se nas Políticas de EPS. Desta forma, corrobora-se a relevância da CIES como espaço potente de planejamento, monitoramento e avaliação da EPS na Região Metropolitana II. |
9920 | PROGRAMA PRIMEIRO EMPREGO: APRENDIZAGEM, QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E MELHORIAS NO SERVIÇO PÚBLICO EM SAÚDE UEDSON LUIZ LIMA Luiz Lima da SILVA, Marli Sousa, Luzia Vilma Delgado, Gisella Cristina de Oliveira Silva, Thami Tupiná de Alcantara PROGRAMA PRIMEIRO EMPREGO: APRENDIZAGEM, QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E MELHORIAS NO SERVIÇO PÚBLICO EM SAÚDEAutores: UEDSON LUIZ LIMA Luiz Lima da SILVA, Marli Sousa, Luzia Vilma Delgado, Gisella Cristina de Oliveira Silva, Thami Tupiná de Alcantara
Apresentação: O presente trabalho tem por objetivo apresentar a experiência de elaboração de Projetos de Melhorias de egressos, jovens e adultos, dos cursos técnicos de nível médio da Rede Estadual de Educação da Bahia inseridos no Programa Primeiro Emprego - PPE, que atuam nos diversos espaços de assistência e gestão pública estadual na área da saúde. O Programa Primeiro Emprego - PPE, é uma Política Pública Estadual inovadora, e tem como finalidade oportunizar a primeira experiência de trabalho formal com contrato firmado por até dois anos. Para isto os jovens e adultos precisa ter concluído seus estudos técnicos na rede estadual, ter logrado êxito em todas as disciplinas, e aguardar a sua chamada pela Secretaria de Trabalho Emprego, Renda e Esporte. Antes a Secretaria de Educação envia a lista dos egressos classificados a partir das notas obtidas no percurso pedagógico do curso técnico, para ranqueamento e, posterior, acesso ao Programa de acordo com a demanda dos serviços. São princípios do Programa: equidade social, vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais. A Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), em contrato instituído com o Governo do Estado da Bahia, amparado na Lei Estadual nº 13.459, de 10 de dezembro de 2015, que regulamenta o PPE, é responsável pelo acompanhamento sistemático dos trabalhadores no dia a dia laboral, bem como, apoiar na qualificação dos processos de trabalho das unidades de saúde da rede estadual, onde os trabalhadores estão lotados. Os trabalhadores inseridos no Programa têm o desafio de elaborar um Projeto de Melhoria, em grupo multidisciplinar, a partir das suas observações, percepções e vivências no espaço público tanto como profissionais, como usuários do Sistema Único de Saúde - SUS. O Projeto nasce sempre do sentido de modificar e contribuir para o fazer e a prestação de serviços públicos cada vez mais qualificados. Desde a implantação do Programa, dezembro de 2016, até dezembro de 2019, foram produzidos 166 projetos ligados à Política Nacional de Humanização do SUS. Destes, 114 foram finalizados e 52 estão em processo de finalização. Os Projetos de Melhorias finalizados foram categorizados por eixos: Ambientação 39%; Humanização 24%; Desenvolvimento Humano 22%; Tecnologia 8%; Sustentabilidade 7%. A construção dos projetos é realizada por sujeitos de diferentes categorias, no total, são 17 categorias profissionais técnicas de nível médio entre as quais citamos: enfermagem, farmácia, gerência em saúde, meio ambiente, análises clínicas, nutrição e dietética, segurança do trabalho, administração, logística, informática, contabilidade, recursos humanos, dentre outras. Para sua construção do Projeto utiliza-se de metodologias ativas, que oportunizam a qualificação do processo de ensino aprendizagem a partir da problematização da realidade, de modo a promover a ampliação do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades que repercutam na dinâmica laboral. Os projetos de melhorias são elaborados com o apoio do supervisor, sujeito responsável por monitorar as atividades laborais dos beneficiários do Programa, em quatro encontros presenciais por ano, e atividades pedagógicas de desenvolvimento da proposta. Ao final dos dois anos de contrato os trabalhadores têm apresentado aos serviços dois projetos de melhorias, baseados na análise crítica e amadurecimento dos processos de trabalho, alguns desenvolvendo no segundo ano a melhoria do projeto anterior. O apoio das chefias e/ou coordenações nas unidades de saúde tem sido fundamental para o bom desenvolvimento das propostas. Os encontros presenciais para elaboração do projeto de melhorias, prevê a identificação da situação-problema, elaboração de matriz de intervenção, reflexões sobre viabilidade e relevância, que de forma sistematizada, os trabalhadores entram em contato com uma abordagem problematizadora e são estimulados a refletir sobre a situação que observam e como poderiam se colocar frente a resolução da mesma, sendo também provocados a autorresponsabilidade à medida que se observam compondo o cenário de desenvolvimento do espaço laboral, com seus desafios e potencialidades. Como exemplo de um dos Projetos de Melhorias elaborados pelos beneficiários, com o apoio da chefia da unidade de lotação, vale destacar o Projeto WhatsApp Motivacional, experiência desenvolvida no Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (CEDAP), resultado da necessidade de responder a uma demanda de pacientes que faltavam às consultas, prejudicando a retirada de medicamentos para tratamento do HIV/AIDS. O trabalhador e a equipe CEDAP, com o projeto, passaram a lembrar aos pacientes por mensagem de WhatsApp a data das consultas, bem como, enviavam mensagens motivacionais e abordando a importância de o usuário manter o tratamento. Antes identificaram que as justificativas que os usuários mais usavam ao faltar a consulta era o esquecimento da data da consulta, sendo este o principal motivo referido. Quando implantado o projeto, além de buscar motivar os usuários, passou a ser possível o reagendamento por WhatsApp das consultas, quando esses não podiam ir à consulta. Os Projetos de Melhorias, apresentam em sua essência, forte vinculação com a Política Nacional de Humanização e propõem-se a implementar processos que desenvolvem tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção, principalmente ressaltando saberes, conhecimentos e experiências coletivas bem-sucedidas geradas no Sistema Único de Saúde - SUS, e como consequência eles têm fortalecido a capacidade de intervenção do SUS sobre a realidade das unidades de saúde pública do Estado, ampliado a qualidade dos serviços, e fornecido mais subsídios para a efetivação do direito à saúde. A inserção dos trabalhadores do PPE na rede de saúde, portanto, possibilita e potencializa o conhecimento sobre políticas públicas de saúde como o SUS, a PNH e seus dispositivos de modificação na gestão e no cuidado à saúde com vistas à humanização das relações dos trabalhadores entre si, destes com os usuários, e com o próprio Sistema, estimulando a sua valorização, o protagonismo do trabalhador na construção de relações mais humanas. Os resultados alcançados nos permitem afirmar que o Programa Primeiro Emprego pode ser considerado uma proposta inovadora que tem se apresentado como ferramenta para o fortalecimento da atenção à saúde pública no Estado da Bahia, na medida em que propicia às unidades de saúde a inserção de mais trabalhadores qualificados e comprometidos com a construção de soluções inovadoras para os desafios que o SUS vem enfrentando. A Bahia tem sido esse campo de boas experiências com uma colheita fértil, ao promover o encontro entre o ensino e o trabalho, com a sua rede de educação profissional. Valoriza-se a teoria aplicada a prática laboral, ressignificando os sujeitos que passam a valorizar o espaço educacional como uma realidade possível de novas conquistas para a sua vida profissional. O Estado passa a cumprir sua missão constitucional de inclusão, proteção e a devida segurança social para indivíduos que necessitam da intervenção estatal, para superar os muros construídos pela nefasta e histórica desigualdade social. |
10160 | ENCONTRO DE PAJÉ ENQUANTO EDUCAÇÃO PERMANENTE NO SASI-SUS Aline Lorena da Silva Lima, Eduardo Santos Pereira, Luane Tássia Paz Dominguez, Maria Eunice Waughan da Silva, Sidnéia Ferreira de Paulo ENCONTRO DE PAJÉ ENQUANTO EDUCAÇÃO PERMANENTE NO SASI-SUSAutores: Aline Lorena da Silva Lima, Eduardo Santos Pereira, Luane Tássia Paz Dominguez, Maria Eunice Waughan da Silva, Sidnéia Ferreira de Paulo
Apresentação: O presente trabalho trata da experiência do Encontro de Pajé realizado em abril de 2019 na aldeia Kamayurá, situada no Parque Indígena do Xingu. Uma iniciativa da Associação Hyulaia em parceria com o DSEI Xingu, entre outras instituições. O Encontro objetivou criar espaço para que os profissionais de saúde fossem matriciados por cuidadores tradicionais do Parque, de forma a qualificar os trabalhadores do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena SASI-SUS na atuação junto a estes povos, tendo como norteador o conceito de atenção diferenciada, que rege a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI). Assim, estiveram presentes profissionais das áreas de assistência social, psicologia, odontologia, medicina, nutrição, enfermagem, técnico de enfermagem, agentes indígenas de saúde (AIS), agentes indígenas de saúde bucal (AISB), agentes indígenas de saneamento (AISAN), além dos cuidadores tradicionais: pajés, parteiras, raizeiros, cantores e rezadores. De forma que este resumo busca expor as potencialidades de momentos como este enquanto Educação Permanente dentro do SASI-SUS, bem como refletir sobre os resultados alcançados por meio deste Encontro. Até alguns anos atrás a discussão da criatividade intelectual dos povos indígenas e comunidades tradicionais nas Nações Unidas era conduzida sob a denominação de folclore. Diminuindo assim conhecimentos pautados na etnomedicina de cada povo indígena à traços culturais, causando, dessa forma, estranhamento e distanciamento do exercício de compreensão do diferente. A cultura, mais do que delimitação de identidade se torna barreira justificada. A construção desta perspectiva, que desmerece os conhecimentos medicinais dos povos originários, é marcada pelo processo colonizatório dos povos indígenas do Brasil e impacta diretamente na forma com que a sociedade não indígena lida com os mesmos, bem como é fomentada pelo caráter funcional de como a medicina ocidental foi desenvolvida, considerando o biopoder como lógica ainda vigente em saúde. Além disso, a realidade do DSEI Xingu é marcada por grande rotatividade de profissionais da saúde indígena, o que têm gerado pouco vínculo e profundo desconhecimento acerca das tecnologias de saúde dentro do território, o que não apenas limita o trabalho deste profissional como deslegitima saberes ancestrais ao não serem considerados no tratamento de saúde conduzidos pela EMSI. O Encontro visou criar espaço durante 5 dias em que pajés, raizeiros, parteiras, rezadores e cantores residentes no Território Indígena do Xingu e profissionais não indígenas atuantes no DSEI Xingu pudessem trocar conhecimentos, assim, os cuidadores tradicionais orientaram acerca das suas possibilidades de cura/tratamento, como e quando é importante que a equipe de saúde se articule ao tratamento tradicional bem como a diferenciação entre “doença do índio” e “doença do branco”. Durante os meses que se seguiram ao Encontro, notou-se maior visão crítica por parte dos profissionais de saúde que estiveram presentes sobre a sua atuação em território, de maneira a não reproduzir novas formas de colonização dentro do serviços de saúde prestados, assim como a compreensão da necessidade de articulação entre os tratamentos ocidentais e tradicionais de maneira a considerar as perspectivas de saúde e doença para cada povo com o qual se trabalha. |
10211 | A PRODUÇÃO DE UMA PESQUISA-AÇÃO COM UM COLETIVO DE APOIADORES INSTITUCIONAIS E ARTICULADORES DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE Cinira Magali Fortuna, Kisa Valladão Carvalho, Maristel Kasper, Thalita Caroline Cardoso Marcussi, Karen da Silva Santos, Priscila Norié de Araujo, José Renato Gatto Júnior, Monica Vilchez da Silva A PRODUÇÃO DE UMA PESQUISA-AÇÃO COM UM COLETIVO DE APOIADORES INSTITUCIONAIS E ARTICULADORES DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDEAutores: Cinira Magali Fortuna, Kisa Valladão Carvalho, Maristel Kasper, Thalita Caroline Cardoso Marcussi, Karen da Silva Santos, Priscila Norié de Araujo, José Renato Gatto Júnior, Monica Vilchez da Silva
Apresentação: O presente trabalho tem como finalidade apresentar um excerto de uma pesquisa em andamento, aprovada em 2019, pelo edital Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), na modalidade Programa de Pesquisas para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), intitulada: “Contribuições da pesquisa-ação para o desenvolvimento de práticas profissionais em Educação Permanente em Saúde e Apoio Institucional: pesquisa intervenção”. Projeto financiado pela FAPESP, Ministério da Saúde (MS), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP) - Processo N° 2019/03848-7, que envolve os 24 municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde de Araraquara (DRS III - Araraquara) e objetiva analisar os efeitos de uma pesquisa-ação, construída de forma dialógica entre pesquisadores, apoiadores de Humanização e articuladores de Educação Permanente em Saúde (EPS), avaliando qualitativamente a mesma, como ferramenta para a identificação de um problema da prática de apoio e de educação permanente a ser investigado no desenvolvimento dessas funções. Desenvolvimento: Até o presente momento, foram realizados dois encontros mensais de, aproximadamente, três horas cada, estando previstos ainda outros dois para os próximos meses. No primeiro encontro, foi apresentada a proposta da atual pesquisa e pactuada a participação dos que desejassem. Também, houve a produção individual de uma problemática ou tema ligado à prática profissional de apoiador e articulador que se deseja trabalhar em seu município. No segundo encontro, foram lidos três resumos de experiências da pesquisa-ação, preparados pelo coletivo de pesquisadores e, posteriormente, discutidos sobre a problemática e a transformação desejada. Ainda houve importante discussão sobre o que é, de fato, um problema de pesquisa. Resultado: Como resultados parciais, observamos que os profissionais que exercem a função do apoio institucional e da articulação de EPS tomam como problemática algumas situações da mesma forma que a tradicional educação continuada, ou seja, ao se identificar alguma questão que não está funcionando no quotidiano de trabalho, a primeira explicação é a de que falta a criação de protocolos, falta informação aos trabalhadores de saúde, desmotivação, ou, ainda, a dificuldade, muitas vezes ligadas à resistência por parte das equipes das unidades de saúde, em receber o apoiador e/ou articulador. Assim, a intervenção desencadeada é a elaboração de mais protocolos, de capacitações e de outras ações a fim de motivá-los. Considerações finais: No processo vivenciado com este coletivo, concluímos que é necessário criar uma rede para apoiá-los em leituras e análises mais ampliadas dos contextos. Sendo assim, ao invés de simplificar as explicações dos problemas vivenciados, consigamos resgatar e compreender a complexidade dos mesmos. Pensando nisso, partimos do pressuposto de que a pesquisa-ação pode ser uma ferramenta de EPS, que auxilie os profissionais em seus processos investigativos e criativos em prol do cuidado integral em saúde, da educação permanente em saúde e da aprendizagem significativa. |
10242 | A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA ATIVA NA CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM REGULAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES, PERNAMBUCO ANDRÉA CARLA REIS ANDRADE, ZELMA DE FÁTIMA CHAVES PESSÔA, MARIA DA CONCEIÇÃO SAMPAIO ALVES, NILTON RODRIGUES DE CARVALHO, PAULO HENRIQUE DE LEMOS, MARIA VERÔNICA HERCULINO MARTINS SÁ A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA ATIVA NA CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM REGULAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES, PERNAMBUCOAutores: ANDRÉA CARLA REIS ANDRADE, ZELMA DE FÁTIMA CHAVES PESSÔA, MARIA DA CONCEIÇÃO SAMPAIO ALVES, NILTON RODRIGUES DE CARVALHO, PAULO HENRIQUE DE LEMOS, MARIA VERÔNICA HERCULINO MARTINS SÁ
Apresentação: A partir da estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), diante de suas bases legais, foi atribuído como sua competência ordenar a formação de profissionais da área. Após uma longa caminhada, em 2004 foi instituída, por meio da Portaria nº198, a Política Nacional de Educação Permanente no SUS. A Política foi estabelecida como estratégia para qualificação da atenção e da gestão. Em 2007 o Ministério da Saúde publicou a portaria nº 1996 que definiu novas diretrizes e estratégias para implementação da Política. A Educação permanente em saúde configura-se como uma proposta de incorporação da aprendizagem junto ao ambiente de trabalho, de forma significativa e capaz de transformar as ações e cotidianos do trabalho. Para isto, é necessário lançar mão de metodologias que envolvam o profissional no processo de ensino-aprendizagem. A utilização de metodologias ativas neste desenvolvimento constitui-se como uma ferramenta potencializadora ao colocar o sujeito como protagonista no processo de formação do conhecimento. Nesta perspectiva, o trabalho tem como objetivo relatar a experiência de utilização de um tipo de metodologia ativa na realização de Capacitação em Regulação em Saúde do município do Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco no período de abril a maio de 2019. Desenvolvimento: Para a realização do espaço a técnica “método de caso”, que é um exemplo de metodologia ativa, foi adaptada e aplicada. A capacitação foi realizada em três momentos com grupos diferentes por dia tendo como facilitador um gestor. Inicialmente foi realizada a construção de uma árvore de ideias para que os participantes construíssem uma síntese definitiva sobre “o que é Regulação em Saúde?”. Após esse momento foi realizada discussões a respeito do conceito construído pelo grupo e os conceitos teóricos, a exemplo do Ministério da Saúde e Organização Pan Americana. Em seguida, o facilitador entregou ao grupo um caso para debate. O caso foi selecionado previamente e pensado na perspectiva dos entraves encontrados na rotina do processo de operacionalização da regulação nas Unidades de Saúde da Atenção Básica e Atenção Especializada. Após a leitura coletiva do caso, os participantes foram separados em pequenos grupos para facilitar o diálogo entre eles. Ao final, cada grupo apresentou um produto, a partir do debate e das perguntas condutoras contidas no caso e realizou-se o fechamento do espaço com uma roda de conversa sobre o que foi produzido. Resultado: No total, participaram 93 profissionais e observou-se após a realização da capacitação uma melhoria no processo de regulação pelos participantes, que sanaram dúvidas, além do estabelecimento de um vínculo entre a equipe gestora e os participantes, fator este que foi contribui na busca da melhoria das práticas no SUS e no alcance de indicadores estratégicos. Considerações finais: A educação permanente e a utilização da metodologia ativa permite que o profissional realize uma reflexão sobre sua prática, estimulando-o a participar do processo de construção de conhecimento e na resolução e discussão dos problemas. Desta forma, constituem-se como estratégias para mudanças no contexto da realidade local e no fortalecimento da gestão e atenção à saúde no SUS. |
10330 | IMPLANTAÇÃO DO QUALIFICA APSUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA LUCENIR MENDES FURTADO MEDEIROS, HIPÁCIA FAYAME CLARES ALVES, BRENDA PINHEIRO EVANGELISTA, MARIA JACIELMA ALVES DE MELO ARAÚJO, RAFAEL BEZERRA DUARTE, JÉSSICA PINHEIRO CARNAÚBA, KERMA MÁRCIA DE FREITAS, DANIELLY PEREIRA DE LIMA IMPLANTAÇÃO DO QUALIFICA APSUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: LUCENIR MENDES FURTADO MEDEIROS, HIPÁCIA FAYAME CLARES ALVES, BRENDA PINHEIRO EVANGELISTA, MARIA JACIELMA ALVES DE MELO ARAÚJO, RAFAEL BEZERRA DUARTE, JÉSSICA PINHEIRO CARNAÚBA, KERMA MÁRCIA DE FREITAS, DANIELLY PEREIRA DE LIMA
Apresentação: O APSUS propõe a reformulação da política da Atenção Primária à Saúde (APS), a fim de tornar as relações entre o Estado e Municípios mais próximas, fortalecendo a promoção do cuidado da população e da gestão. Objetivo: Relatar a experiência da implantação do Qualifica APSUS na UBS São Geraldo. Método: Trata-se de um relato de experiência da implantação do Qualifica APSUS na UBS São Geraldo do município de Icó – Ceará. Esta Unidade foi escolhida pela gestão por apresentar liderança positiva do responsável pela UBS, adesão da equipe, mostrando sempre comprometimento, motivação e união, aceitando o desafio. Primeiramente foi realizada uma reunião para apresentação dos tutores e roteiro das atividades para a tutoria na APS. Ficou agendada a realização das oficinas, realizadas primeiramente por a CRES e em seguida pelo próprio município, para que todos os colaboradores das APS passem por esse processo. Posteriormente foi aplicado o Instrumento de Avaliação da Qualidade na Unidade de Atenção Primária, identificando o estágio de desenvolvimento da unidade, tornando visíveis as áreas críticas, desenvolvendo assim planos de ação para melhorar a qualidade da estratégia. Já foram realizadas quatro oficinas regionais em nosso município. Após cada oficina, temos o período de dispersão, compreendido de 30 a 40 dias, destinado ao compartilhamento dos conteúdos com todos os membros da equipe, como também com conselhos locais de saúde ou municipal de saúde. Resultado: O APSUS exige da equipe inovação, pró-atividade e integração. Estamos diariamente aplicando os conteúdos teóricos, apresentados nas oficinas, como também estamos utilizando instrumentos, ferramentas, tecnologias de planejamento e de organização do trabalho para qualificarmos nossa UBS. Promovemos alterações simples em nossa rotina de trabalho, que fazem um grande diferencial. Considerações finais: Percebeu-se que com pequenas mudanças que foram realizadas, conseguimos ter uma melhor qualidade em nossos atendimentos, diminuímos a espera dos clientes nas consultas, priorizamos realmente o cuidado integral ao cliente. O compromisso de investir na melhoria contínua da qualidade do serviço e práticas de saúde é mantido por todos os nossos colaboradores, nossa equipe tem sempre motivação para o enfrentamento de novos desafios e estamos sempre abertos às mudanças. |
10579 | PROGRAMA ACADEMIA DA SAÚDE: DESENVOLVIMENTO DE UMA Método: PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE APLICADA NO ESTADO DO TOCANTINS. Gilmara Apolinário Reis, Gabriela de Campos Mendes, Giovanna Costa Falcão, Marta Azevedo dos Santos, Andreza Domingos da Silva, Leila Rute Oliveira Gurgel do Amaral, Clemilson Antonio da Silva, Caroline Roberta Freitas Pires PROGRAMA ACADEMIA DA SAÚDE: DESENVOLVIMENTO DE UMA Método: PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE APLICADA NO ESTADO DO TOCANTINS.Autores: Gilmara Apolinário Reis, Gabriela de Campos Mendes, Giovanna Costa Falcão, Marta Azevedo dos Santos, Andreza Domingos da Silva, Leila Rute Oliveira Gurgel do Amaral, Clemilson Antonio da Silva, Caroline Roberta Freitas Pires
Apresentação: A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) foi instituída em 2004, sendo um compromisso tripartite estabelecido para a implementação dos serviços e ações de saúde do SUS. Cada novo programa ou serviço de saúde implantado demanda, além de recurso para sua manutenção, de aporte para a formação permanente e continuada dos profissionais de saúde, que irão conduzir a iniciativa e assim contribuir com o sucesso da mesma. O Programa Academia da Saúde foi criado em 2011 e visa fortalecer o cuidado integral com foco na prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), diretamente relacionado ao que preconiza a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Atualmente o programa já contempla mais de três mil municípios em todas as regiões do país. O crescimento exponencial da iniciativa nos últimos anos gerou a necessidade de aporte técnico por parte dos gestores e profissionais de saúde dos municípios para realizarem a gestão e a execução do programa. Assim, como parte da iniciativa da gestão federal para a implementação e fortalecimento do Programa, a Organização Panamericana de Saúde, junto ao Ministério da Saúde, assinaram uma carta acordo com a Fundação de Amparo de Pesquisa do Tocantins, a qual esta sendo desenvolvida pela Universidade Federal do Tocantins, com o objetivo de elaborar uma metodologia presencial de formação, para os gestores e profissionais da atenção primária a saúde, baseada no Caderno Técnico de Apoio à Implantação do Programa, lançado em 2019. Para tal, foram elaboradas de 10 oficinas que apresentam dinâmicas baseadas em metodologias ativas. Desenvolvimento: Oficina 1 – fortalezas e fragilidades dos participantes: O primeiro momento da oficina tem por objetivo proporcionar que os participantes se conheçam e se reconheçam por meio de suas potencialidades e fragilidades. Num segundo momento, é construído um contrato de convivência, buscando minimizar situações que possam interferir no andamento das atividades. Oficina 2 – entendendo a promoção de saúde: Nesta oficina é utilizada a metodologia de agrupamento de tarjetas por núcleos de sentindo e similaridade, para a construção de um conceito coletivo de promoção de saúde e prevenção de doenças. A técnica foi escolhida por valorizar os conhecimentos prévios dos participantes e suscitar a reflexão e discussão sobre as bases epistemológicas que fundamentam o Programa Academia da Saúde. Oficina 3 – produzindo saúde a partir de redes: A partir de perguntas norteadoras, a oficina se inicia com o debate em torno dos níveis de atenção e a forma de financiamento do SUS. Logo após, os participantes são convidados a discutirem a construção do trabalho em rede no SUS, a partir de uma dinâmica com o barbante, onde cada participante representa um serviço de saúde ou um ponto intersetorial. Oficina 4 – trilha de implementação do programa academia da saúde: Para esta oficina foi desenvolvido um jogo de tabuleiro em tamanho gigante, onde os participantes são divididos em grupos e devem percorrer as casas do tabuleiro, construídas a partir do fluxo de implementação do programa, com o auxílio de um dado gigante. O jogo inclui ainda dez cartas de apoio que respondem a perguntas sobre o programa valendo uma pontuação para os grupos, favorecendo ampla participação e envolvimento. Oficina 5 – práticas e ações desenvolvidas no polo: A oficina inicia com a apresentação e discussão sobre os eixos temáticos de ações a serem desenvolvidas nos polos do Programa. A partir disso, os participantes são convidados a planejar uma potencial ação para cada eixo, com o auxílio de uma ficha de apoio, contendo a descrição da atividade, os atores envolvidos, a metodologia utilizada e os pontos de contato na rede. Ao final ocorre uma apresentação coletiva no varal de experiências. Oficina 6 – é preciso registrar: Para essa oficina são distribuídas uma ficha de atividade coletiva, uma de atendimento individual e uma de procedimentos para cada participante, por meio das quais é guiada uma discussão sobre os erros mais comuns no preenchimento das fichas CDS, os possíveis usos de cada uma no registro das ações desenvolvidas pelo programa academia da saúde e as implicações dos sistemas de informação para a gestão do cuidado. Oficina 7 – construção de indicadores e divulgação das informações: A oficina se propõe a situar o processo avaliativo enquanto componente central da prática cotidiana dos participantes enquanto gestores do Polo da Academia da Saúde, a partir do entendimento de como se dá a construção, qualificação, acompanhamento e a divulgação das informações geradas pelos indicadores. Oficina 8 – advocacy do programa academia da saúde: A oficina convida os participantes ao exercício da construção coletiva de um relatório técnico para a defesa da implantação ou continuidade do Programa. Para tal, são disponibilizados alguns dados e informações epidemiológicas, visando instrumentalizar os gestores do Programa das agendas técnico, políticas e institucionais nas quais estão envolvidos. Oficina 9 – planejamento estratégico situacional (PES): A oficina se propõe a abordar as etapas do PES de forma dialógica, viva e participativa. Baseia-se na construção coletiva pelos participantes de aspectos essenciais ao PES, como a qualificação adequada do problema e a organização de um plano de ação factível e participativo, desmistificando o planejamento como uma atividade especializada e distante da realidade cotidiana dos trabalhadores do SUS. Oficina 10 – modelo lógico: A oficina envolve desde a apresentação e discussão do modelo lógico enquanto estratégia de gestão e avaliação do programa, até a vivência prática do processo, a partir da construção coletiva de seus elementos (recursos, ações, produtos, resultados), baseando-se no problema trabalhado na oficina do PES. Resultado: A metodologia de formação presencial foi elaborada entre os meses de maio a junho de 2019 e aplicada nas oito microrregiões de saúde do Estado de Tocantins de agosto e novembro de 2019. O público-alvo envolveu majoritariamente secretárias municipais de saúde, coordenadoras da atenção primária, profissionais do NASF e do Programa Academia da Saúde. A formação constitui-se de dez oficinas, distribuídas em dois dias de atividades, tendo como principal objetivo instrumentalizar gestores e trabalhadores do SUS, direta ou indiretamente envolvidos com o Programa Academia da Saúde para realizarem o planejamento, a execução, o monitoramento e a avaliação do programa em seus respectivos municípios, partindo das bases epistemológicas da promoção da saúde e do trabalho em rede no SUS. Durante a aplicação das oficinas foram encontradas dificuldades relacionadas à logística para participação dos representantes municipais, insuficiência de conhecimentos prévios sobre os temas abordados e quebra dos pactos de convivência. Em contrapartida, as metodologias de aprendizagem foram bem avaliadas pelos participantes em todas as microrregiões onde foram aplicadas, evidenciando a satisfação dos profissionais de saúde com uma educação permanente dialógica, participativa e significativa. Considerações finais: A formação desenvolvida faz parte de uma iniciativa da gestão federal para a implementação e fortalecimento do Programa Academia da Saúde nos estados e municípios, tendo como objetivo a prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) no âmbito da Atenção Primária à Saúde do SUS. Sua construção partiu de forte articulação e diálogo tripartite, baseando-se nos princípios e diretrizes da Política Nacional de Educação Permanente (PNEPS) e nas metodologias ativas e participativas de aprendizagem. As oficinas foram bem avaliadas pelos participantes, e mesmo com as dificuldades encontradas durante sua execução, conseguiram alcançar os objetivos propostos. |
10728 | ENSINANDO COMO SE APRENDE: OFICINA DE APRENDIZADO PARA ADULTOS COM GESTORES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Ana Carolina Tavares Vieira, Anna Tereza S. de Moura ENSINANDO COMO SE APRENDE: OFICINA DE APRENDIZADO PARA ADULTOS COM GESTORES DO ESTADO DO RIO DE JANEIROAutores: Ana Carolina Tavares Vieira, Anna Tereza S. de Moura
Apresentação: A reestruturação da equipe da Coordenação de Ensino, da Subsecretaria de Educação e Inovação em Saúde da SES-RJ, foi voltada para a apresentação e incentivo a novas tecnologias de gestão e pedagógica. Dentre as novidades pedagógicas, foi ministrada uma oficina de Andragogia para todos os gestores deste setor. Esclarecendo, a Andragogia integra um ramo específico da pedagogia que estuda o ensino para adultos. Este campo de estudo é mundialmente conhecido graças ao ilustre Paulo Freire. Esta oficina objetivou apresentar instrumentos para diagnóstico do perfil de aprendizado de educandos, julgamento de cartilha pedagógica simpática ao perfil do educando, currículo por competências, técnicas de feedback, formas de avaliação, objetivo de métodos de avaliação, análise socioeconômica do educando e plano de ensino e recuperação individualizado segundo currículo de competências. A oficina transcorreu ao longo de um dia, total de oito horas, com uso de diversas metodologias ativas para fomentar a necessidade de aprendizado de todos os participantes culminando na delimitação básica dos novos conceitos apresentados. Também houve disponibilidade de material bibliográfico para estudo individual autônomo. A oficina teve desfecho exitoso uma vez que o grupo de nova integrantes percebeu-se como oriundos de escolas de formação transmissiva em que o educando era responsabilizado quase que totalmente pelo êxito formativo. A partir desta oficina, estão sendo realizadas novas rodadas com a mesma oficina nas unidades de saúde SES para qualificação pedagógica dos cursos de residência e campos de estágio. As novas rodadas desta oficina contam com a participação como facilitadores do primeiro grupo de gestores sensibilizados. |
10821 | FORMAÇÃO EM REDES: INTEGRAÇÃO ENTRE PROGRAMAS E O AMAZONAS COMO CENÁRIO DO ESTÁGIO OPTATIVO DA RESIDÊNCIA EM SAÚDE Fabiane Elizabetha de Moraes Ribeiro, Julia Leffa Becker Schwanck FORMAÇÃO EM REDES: INTEGRAÇÃO ENTRE PROGRAMAS E O AMAZONAS COMO CENÁRIO DO ESTÁGIO OPTATIVO DA RESIDÊNCIA EM SAÚDEAutores: Fabiane Elizabetha de Moraes Ribeiro, Julia Leffa Becker Schwanck
Apresentação: Trata-se da experiência de duas enfermeiras que realizaram o estágio optativo da residência em Atenção Básica/Saúde da Família Amazonas. O objetivo é apresentar uma sistematização da experiência realizada tendo como eixo central a potência formativa dos espaços vivenciados, a articulação intersetorial para realização das atividades e a integração entre residentes de programas distintos. As Residências em Saúde constituem uma modalidade de pós-graduação relativamente nova e, portanto, configuram-se dentro de espaços que estão em construção e constante disputa. As Residências têm em boa parte de sua estrutura curricular as práticas de cuidado em diferentes contextos. Durante os dois anos de formação alguns programas oportunizam dias de estágio optativo em local escolhido pelo próprio residente, desde que o mesmo faça os contatos e a articulação necessária, garantindo os processos burocráticos e avaliativos. O Amazonas é o maior estado do Brasil em extensão territorial e despertou nosso interesse por ser amplamente reconhecido por sua diversidade biológica e cultural. Era instigante pensar nas inúmeras possibilidades de vida e cuidado produzidas em uma realidade tão próxima e ao mesmo tempo tão distante da nossa. Nossa vivência iniciou em solo manauara, no Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA/Fiocruz). Fomos acolhidas pelo coordenador do laboratório, que nos auxiliou na organização de um cronograma de atividades que foram realizadas na modalidade imersão durante os vinte dias de estágio. Dentre as experiências vividas escolhemos uma especialmente significativa para partilhar. Acompanhamos durante uma semana as atividades da Secretária Municipal de Saúde e conhecemos os serviços de saúde de Tefé, uma cidade que fica a cerca de 523km de Manaus. Seu acesso se dá pelas águas dos rios Negro e Solimões ou através de transporte aéreo. A aventura iniciou no deslocamento, quando optamos pela ida de lancha. Subimos o rio Amazonas e o trajeto durou cerca de 15 horas. Chegamos cansadas mas cheias de expectativas para conhecer a realidade de uma cidade Ribeirinha. Fomos apresentadas para as coordenações dos serviços locais e respectivas equipes, que partilharam as formas de organização e assistência da saúde de Tefé. Tivemos a oportunidade de ouvir e trocar com os profissionais que nos acompanharam e com aqueles que são peças fundamentais quando pensamos no cuidado em saúde: os usuários. Caminhamos muito pelo território e esses momentos eram sempre acompanhados de inúmeras descobertas. As particularidades locais por vezes saltavam aos olhos. As aves mais comuns, o formato das ruas, a estrutura das casas, o funcionamento do comércio. O clima de cidade pequena é acolhedor e praticamente todos se conhecem. Com alguma dificuldade andamos sobre palafitas em uma das visitas domiciliares, enquanto observamos crianças que brincam já acostumadas com os contornos dos caminhos ali construídos. Um senhor e seu filho nos mostram as marcas da água na madeira da casa. Era o registro vivo da última cheia do rio, fato que tornava quase inacreditável que o lugar se mantivesse habitado nesse período. É comum que muitas famílias daquela comunidade vivenciem essa situação. Por vezes móveis e eletrodomésticos se perdem nesse movimento, mas abandonar o espaço muitas vezes não é uma opção. Durante a conversa eles explicam e demonstram que com madeiras dispostas lado a lado novos “andares” vão sendo montados para abrigar as pessoas que residem ali. Nós, conversando e acompanhando o atendimento; os profissionais fazendo seu trabalho e a vida acontecendo em ato. Vimos os movimentos das águas, observamos o seu vai e vem fluído e contínuo. Internalizamos que o fazer saúde é múltiplo, dinâmico e diverso. Tivemos a oportunidade de conhecer a Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI) de Tefé, que trata-se de um local com alojamento e alimentação para pacientes e acompanhantes que aguardam por atendimento de saúde agendado no hospital da região. As CASAIS são adaptadas para respeitar as diversas culturas indígenas, trabalham na perspectiva de que o cuidado em saúde é amplo e deve estar em sintonia com as tradições de cada povo. Estar neste espaço significou, entre outras coisas, nos depararmos com diversas faces de vulnerabilidade. Os que ali estão apresentam alguma condição de saúde estabelecida ou em investigação. Muitos não falam (ou falam pouco) português. Além disso, a estadia também representa um afastamento de suas famílias, seus costumes. Portanto, neste serviço o contato que tivemos foi mais restrito à trocas com os profissionais que atuam no atendimento dessas pessoas. As falas reforçam as potências e limitações do trabalho com realidades distintas, o que nos fez compreender ainda mais a necessidade de lançarmos um olhar crítico e reflexivo sobre o conceito de equidade em nossa formação e no sistema único de saúde. Durante nossa vivência participamos também de uma visita institucional em conjunto com a Vigilância Sanitária em uma estabelecimento local. As fiscalizações comumente acontecem por denúncias e esta especificamente tinha o intuito de orientar os trabalhadores do local para prevenir riscos à saúde da população. Após a visita mudanças foram propostas para garantir a qualidade dos produtos e, consequentemente, proteger os consumidores. Uma das Unidades Básicas de Saúde nos fez descobrir na prática que, além do Rio Amazonas, a cidade também fica às margens do Rio Tefé (afluente do Rio Solimões). O acesso ao serviço de saúde foi através de canoa a motor, conduzido por um morador local que realiza a atividade como profissão. O sol é intenso e o motivo da travessia é nobre. Estamos com uma profissional de saúde e sua maleta térmica contém vacinas para abastecer o estoque da unidade do outro lado do rio. A cidade é a mesma, mas a logística de acesso é diferente. Mais uma vez as questões de deslocamento se fazem presentes e pensar/discutir acesso é fundamental. Nos conectamos com as pessoas, fizemos amizades. Tivemos contato com diversos espaços e ações de cuidado. Entendemos que saúde se faz fazendo. Voltamos para Manaus de barco, daqueles tradicionais da região Norte. Dormimos em redes e nos aproximamos da população local, foi exatamente aqui que muitas das aprendizagens fizeram sentido e se consolidaram, no contato com o outro, nas histórias compartilhadas e no olhar e escuta atentos. Acreditamos que as redes se fortalecem através das tramas da construção coletiva, na avaliação crítica-propositiva, nas relações fundamentadas no diálogo de todos os atores envolvidos no processo (usuários, trabalhadores, residentes e gestores) para construção conjunta de uma formação de qualidade. Desejamos que nossa escrita possa inspirar novas formas de pensar e ajude a criar outras possibilidades: entre pares, entre profissionais, entre instituições. Que outros engendramentos são possíveis neste estar residente? |
10911 | EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DA VALORIZAÇÃO DOS SABERES DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL Elisa Shizuê Kitamura, Maria Emilia Teixeira de Moraes, Lucia Helena Fernandes da Gama EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DA VALORIZAÇÃO DOS SABERES DA EQUIPE DE SAÚDE BUCALAutores: Elisa Shizuê Kitamura, Maria Emilia Teixeira de Moraes, Lucia Helena Fernandes da Gama
Apresentação: A maioria dos profissionais de Odontologia que compõem os serviços públicos de saúde prossegue perpetuando uma prática tradicional em que o modelo privado de atenção é transferido acriticamente para a prática pública. A reformulação do processo de trabalho exige um novo perfil profissional, no qual haja a capacidade de inserir-se em uma equipe multiprofissional, revisar atitudes, vincular-se às famílias/comunidades, desenvolver estratégias para disseminação de conhecimentos e agir conhecendo-se a realidade sócio-sanitária da localidade e os determinantes sociais que nela incidem. Em 2014, instituiu-se a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) que propõe que o aprender e o ensinar sejam incorporados ao trabalho na possibilidade de transformar as práticas profissionais, a partir da problematização do processo de trabalho, pautado pela necessidade de saúde das pessoas e coletividades. Diante da necessidade de Educação Permanente em Saúde (EPS) manifestada nas reuniões mensais de trabalho realizadas pela gestão com os dentistas da Atenção Primária em Saúde de Leopoldina/MG, surgiu a ideia da promoção dos encontros de Educação Permanente para as Equipes de Saúde Bucal. Num contexto de reflexão sobre o que está acontecendo no serviço e o que precisa ser transformado, os encontros são momentos que visam transformar o processo de trabalho, melhorar a qualidade dos serviços, alinhar protocolos, consolidar a Rede de Atenção à Saúde (RAS) e ampliar o acesso aos serviços de saúde. Entretanto, tais encontros vão além das expectativas e são estratégicos para o fortalecimento do serviço e da própria Equipe de Saúde Bucal. Desenvolvimento: O público alvo são todos os integrantes das Equipes de Saúde Bucal da Prefeitura Municipal de Leopoldina/MG, entre cirurgiões-dentistas (CD), técnica em saúde bucal (TSB) e auxiliares de saúde bucal (ASB). Entendendo-se a importância do trabalho em equipe e com a finalidade de valorização da equipe auxiliar, nos encontros com temáticas abrangentes, nos quais não são discutidas apenas técnicas operatórias, a presença das ASB mostra-se essencial e rica na construção do conhecimento. Os facilitadores das atividades são escolhidos entre os próprios CD do corpo de funcionários da Prefeitura Municipal de Leopoldina, ora da Estratégia de Saúde da Família, Atenção Básica, ora do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). A coordenação de Saúde Bucal realiza reuniões de trabalho mensais e nesse momento são discutidos pontos frágeis do serviço, que merecem atenção e que seriam temáticas importantes a serem trabalhadas. A partir dessa necessidade sentida e manifestada pela ESB na reunião mensal, a coordenação convida o profissional com perfil que melhor se adéqua para o atendimento dessa demanda. A atividade de educação permanente ocorre com periodicidade mensal e cerca de quatro horas de duração em cada encontro. Os encontros mensais de educação permanente iniciaram-se em novembro de 2018 e permanecem ocorrendo desde então. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da atividade é a problematização com base no referencial teórico de Paulo Freire, fundamentada na relação dialógica entre educando e educador, com aprendizagem conjunta a partir da vivência de experiências significativas. Os encontros são disponibilizados para participação de toda a Equipe de Saúde Bucal, profissionais da atenção primária e secundária e gestão, possibilitando espaço de discussão ampla, busca de melhorias e construção de conhecimento. Resultado: A participação dos próprios CD do município como facilitadores do processo de educação permanente além do fato de se convidar também a equipe auxiliar para os encontros, possibilitou a valorização dos profissionais e contribuiu na construção de uma aprendizagem significativa. A experiência pessoal é considerada e a profissional, destacada, ocorrendo uma participação construtiva onde não se apresenta protocolos pré-estabelecidos e sim se constrói práticas a partir de demandas percebidas. A discussão dos processos de trabalho e construção coletiva dos protocolos fez com que ocorressem melhorias dentro da equipe e também na RAS como um todo. A experiência dos encontros de educação permanente é vista como exitosa por 100% dos participantes conforme avaliação ocorrida no quinto encontro. Considerações finais: O objetivo da realização dos encontros de educação permanente para as ESB foi atingido visto que houve ampla discussão sobre os diversos temas abordados sempre os relacionando com os processos de trabalho tornando a atividade satisfatória. A utilização da metodologia problematizadora e o fato dos facilitadores serem profissionais da rede de saúde torna a aprendizagem significativa. Além disso, a participação da equipe auxiliar nos encontros traz uma valorização para toda a ESB. As ações de educação permanente devem ser constantes nos serviços de saúde buscando-se qualificar os profissionais de maneira contínua para o exercício de suas funções no Sistema Único de Saúde. |
9730 | PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE COMO LIDAR COM PESSOAS OBESAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Doralice Batista das Neves Ramos, Luciana Maria Cerqueira Castro, Lívia Cardosos Gomes Rosa, Bernardo Coelho Mastrangelo, Rebecca Cruz Beletatti, Victória Miranda Cantuario Maciel Damasceno, Inês Rugani Ribeiro de Castro PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE COMO LIDAR COM PESSOAS OBESAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDEAutores: Doralice Batista das Neves Ramos, Luciana Maria Cerqueira Castro, Lívia Cardosos Gomes Rosa, Bernardo Coelho Mastrangelo, Rebecca Cruz Beletatti, Victória Miranda Cantuario Maciel Damasceno, Inês Rugani Ribeiro de Castro
Apresentação: A obesidade é uma condição crônica, prevalente em países desenvolvidos e em desenvolvimento, presente em todas as faixas etárias. Com isso, a Atenção Primária a Saúde configura-se como um espaço fundamental para realização de ações de prevenção e tratamento desse agravo, tendo as seguintes atribuições: ser a porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde; oferecer serviços com boa infraestrutura e qualidade integrados à rede assistencial; exercer cuidado contínuo ao longo do tempo, com capacidade para resolver as principais necessidades de saúde da população; definir e orientar o caminho do usuário na rede de serviços com base nas necessidades de saúde; e realizar a coordenação do cuidado, considerando os fluxos estabelecidos. Os profissionais de saúde são essenciais para o desenvolvimento dessas ações. Para que elas ocorram, é necessário, entre outros, que haja organização e qualificação do serviço de saúde, por exemplo, por meio da formação continuada dos profissionais, para atender a demanda dos usuários. Nesta perspectiva, o presente trabalho possui como objetivo compreender os limites identificados por profissionais de saúde em sua formação para lidar com pessoas obesas. Desenvolvimento: O presente estudo está vinculado ao projeto “Ações de controle e enfrentamento da obesidade no Estado do Rio de Janeiro – pesquisa, formação, monitoramento e difusão”, coordenado pelo Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é desenvolvido por meio da parceria entre seis Instituições de Ensino Superior, seis Secretarias Municipais de Saúde e a Secretaria do Estado do Rio de Janeiro, sendo financiado pelo Ministério da Saúde através do CNPq. Um dos eixos do projeto tem como foco a formação de profissionais de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, denominado “Cuidado da obesidade no território: reflexão e ação”. Este curso semipresencial abarca atividades práticas e teóricas, com foco no cuidado integral dos indivíduos para prevenção e controle da obesidade. Possui duração prevista de 11 meses, com carga horária de 200 horas, distribuídas em 48 horas presenciais (seis encontros de oito horas) e 152 horas à distância; sendo 64 de atividades teóricas, 100 de atividades práticas e 36 de atividades teórico-práticas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da UERJ, sob o parecer do CEP 3.288.424 de 26/04/2019. No início do projeto, foram selecionados 34 dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, contemplando suas nove regiões administrativas, considerando-se os seguintes critérios: presença de equipes NASF-AB, recebimento de recursos nos anos de 2017 e 2018 do Fundo de Alimentação e Nutrição, do Programa Crescer Saudável e de Vigilância Alimentar e Nutricional, além de possuir Área Técnica de Alimentação e Nutrição ativa. Destaca-se, que dentre os 34 municípios convidados para integrar o projeto, 27 assinaram o termo de anuência para participação e indicaram, no total, 501 profissionais de nível superior para realizar o curso. Durante a primeira atividade presencial, realizada em outubro de 2019, que foi o evento de abertura das atividades do projeto e do curso para os profissionais, foi aplicado um questionário autopreenchido, com questões abertas, que possuía questões sobre o perfil profissional, especialidade, município de atuação, conhecimento sobre as ações de prevenção e controle da obesidade desenvolvidas no seu município e as dificuldades/limites encontradas na formação que prejudicam o cuidado aos indivíduos obesos. Resultado: Dentre os 501 profissionais indicados, 407 fizeram a inscrição no curso através de um formulário eletrônico, 251 foram à primeira atividade presencial do curso e 225 preencheram o questionário e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. As áreas de atuação mais recorrentes entre os profissionais estudados foram: nutrição (108; 48%), enfermagem (56; 24,8%), psicologia (14; 6,2%), medicina (12; 5,3%) e educação física (10; 4,4%), havendo também profissionais das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, assistência social, sanitarista, terapia ocupacional e odontologia. A grande maioria 148 (65%) dos profissionais respondeu que sentia dificuldade em lidar com a questão da obesidade devido a limites encontrados na sua formação (148; 65%), enquanto que 61(27%) deles consideravam que não houve falhas na sua formação para lidar com a obesidade. Dentre os limites/deficiências na formação para lidar com a prevenção e controle da obesidade, os mais recorrentemente apontados foram: lidar com as questões referentes ao comportamento e aspectos psicológicos dos pacientes com obesidade; o aumento da influência da mídia na alimentação dos pacientes; orientação alimentar alternativa para população com renda familiar baixa; estratégias de educação nutricional e ações de prevenção e controle da obesidade; hábitos alimentares, fatores culturais, sociais e ambientais relacionados a obesidade; e aumento da desistência em relação ao tratamento dietoterápico. Aqueles que não identificaram limites na sua formação apresentaram como justificativa para isso o fato de os municípios em que estão inseridos possuírem capacitação permanente e a troca de conhecimentos sobre os diversos determinantes da obesidade entre as equipes multiprofissionais. Além disso, alguns profissionais que não eram da área da Nutrição relataram disciplinas e formações complementares insuficientes relacionadas à obesidade durante a graduação e nas unidades de saúde que trabalham, apesar de reconhecerem a transversalidade do tema e de seus determinantes. Considerações finais: Os profissionais apontaram limites importantes na sua formação, que podem comprometer o cuidado integral aos sujeitos com obesidade. Acredita-se que o curso oferecido no âmbito do projeto de pesquisa aqui relatado possibilitará a aproximação dos profissionais com as questões apontadas como limitantes, pois estas estão presentes nos conteúdos que o curso abordará ao longo dos módulos e, também, pelo fato de que, durante as aulas presenciais, existem espaços de troca entre os profissionais de diferentes municípios, o que possibilita um maior conhecimento a respeito da realidade vivenciada por cada um deles. Além disso, é necessário que haja maior incentivo federal, estadual e municipal para a formação permanente dos profissionais, que possibilite a ampliação da compreensão sobre obesidade pelos diferentes profissionais da saúde, objetivando alcançar um atendimento humanizado. E que haja mais espaços de diálogo entre os profissionais, como as equipes multiprofissionais oferecidas pela iniciativa do NASF-AB, que vem sofrendo com a redução das suas equipes e cuja manutenção está ameaçada, tendo em vista as medidas recentes de financiamento do Sistema Único de Saúde. |
11214 | ANÁLISE DOS OBJETIVOS ENFATIZADOS PELA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO ÂMBITO DA GESTÃO ESTADUAL NA REGIÃO NORDESTE BRUNO MACEDO ANÁLISE DOS OBJETIVOS ENFATIZADOS PELA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO ÂMBITO DA GESTÃO ESTADUAL NA REGIÃO NORDESTEAutores: BRUNO MACEDO
Apresentação: Com a instituição do Pacto pela Saúde (2006), são elaboradas novas diretrizes para a PNEPS, voltadas ao fortalecimento do processo de superação das desigualdades regionais a partir da ressignificação do trabalho no SUS. O foco de objetivos e dos atores envolvidos na construção e condução da política, cuja condicionalidade, redefinida pelo pacto pela saúde, consiste na articulação interorganizacional entre municípios, estados, esfera federal e outras instituições. Para tanto, três questões orientam a investigação: Qual o Público Alvo das ações de EPS? Que áreas do SUS são contempladas no documentos analisados? Como se organizam a integração ensino-serviço e a qual a relação com as ações da política de gestão do trabalho? Quem participa das decisões das prioridades? Desenvolvimento: O estudo analítico exploratório, de natureza qualitativa, recorreu a pesquisa documental, revisão bibliográfica e questionário, e analisou a institucionalização da política de Educação Permanente em Saúde na região Nordeste, entre 2007 e 2014, respectivamente os anos da primeira e última portarias ministeriais relativas a PNEPS pós Pacto (2006). Recorreu-se a documentos oficiais públicos disponibilizados pelas Secretarias de Estado da Saúde (SES) e no Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão (SARGSUS), delimitando a abrangência com base nas informações destas fontes, entre agosto e dezembro de 2016. Selecionados os Estados da Paraíba, Pernambuco e Sergipe, foram aplicados questionários por meio magnético aos gestores estaduais da Política. Assim, construiu-se a estrutura à caracterização e análise da institucionalização da política, bem como a delimitação das categorias de análise adaptadas de Ouverneye subcategorias de análise que compõe a estrutura. O presente resumo apresenta os resultados encontrados para a categoria Objetivo, delineada por meio de três subcategorias: Público alvo das ações e estratégias; Tipo de ações (cursos, treinamentos, eventos, pesquisas ou ações estruturantes; e Relação com outras políticas de saúde. Resultado: a) Integração ensino-serviço e a relação com as ações da política de gestão do trabalho Das 179 ações classificadas como subárea da gestão do trabalho e da educação na saúde, apenas 8 estavam diretamente relacionadas a programas, ações ou política de gestão do trabalho ou recursos humanos. Corroborando com os achados do questionário. Inversamente, mas também em acordo com as informações referidas pelos gestores da PEPS das SES analisadas, as ações para a integração ensino-serviço merecem destaque ao corresponderem a aproximadamente 15,1% das ações, menor apenas que as ações relacionadas a própria política (29,6%), que consistem na criação ou reativação de CIES, qualificação de membros das CIES e CIR, elaboração do planos de EPS e etc. Dentre as ações de integração ensino-serviço estão incluídas estratégias direcionadas principalmente à formalização de estágios curriculares e extracurriculares, em sua maioria de caráter estruturante, inclusive com a criação de redes escolas. Um potencial para constituir fóruns de “pactuação” entre gestores, trabalhadores, professores para a implantação e aprimoramento das políticas de EPS. Postimeiro, apesar de não identificar-se na análise documental, a integração das ações de educação em serviço foi o único consenso entre as SES estudadas quando questionados acerca dos principais aspectos positivos dos PEEPS, como já apresentado anteriormente. No entanto, tal “ausência” é amenizada quando atribuem grande relevância às CIES enquanto estratégia da gestão do trabalho e da educação na saúde, mesmo que PET-Saúde, VerSUS e outros não sejam objeto de consenso entre as 3 SES. b) Áreas do SUS priorizadas pelas SES Os achados da etapa documental foram classificados em cinco grandes áreas do SUS: Atenção à Saúde, Gestão do SUS, Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Infraestrura e Vigilância em Saúde. Tal classificação viabilizou evidenciar as prioridades das 3 SESFonte: Elaborado pelo autor, por meio da análise documental. Atenção à Saúde responde por 50% das ações, seguida pela Vigilância em Saúde que representa 20%. Proporções equivalentes na análise dos PEEPS, de maneira que a formação de trabalhadores dos diversos níveis de atenção à saúde são a prioridade para as SES estudadas. Considera-se tal achado natural, tendo em vista o amplo contingente exigido pelas atividades fim, características do setor saúde - constante avanço científico e tecnológico do setor e necessidade de responder à “novas” demandas sociais, e epidemiológicas. Compõe-se um quadro consistentes ao classificar e analisar as ações de atenção à saúde em subáreas, quando pode-se observar a predominância de ações relacionadas a políticas e programas específicos delimitados principalmente por fatores sociais e ciclos de vida - Atenção Primária, Atenção Básica e/ou Saúde da Família = 9,8%; Políticas/ Programas Específicos = 22,4%; Minorias e Populações Negligenciadas = 2,5%; Saúde Mental = 16,5%; Saúde Materno Infantil = 7,7%; Assistência Farmacêutica = 6,1%; Média Complexidade = 7,1%; Alta Complexidade = 11,1%; e Outros = 16,2%.) Todavia, a operacionalização por meio de políticas demasiadamente fragmentadas, independentes, com diferentes frma financiamento, fundamentadas em concepções muitas vezes restritas aos seus gestores da esfera federal (indutora das políticas de saúde), contribui para um caráter imediatista e distante de ações mais consistentes, planejadas para médio e longo prazo à implementação de ações e políticas estruturais essenciais à um sistema de saúde forte. c) Público Alvo das ações de EPS Ao identificarmos o público alvo às ações da PNEPS, é possível perceber um conjunto de prioridades, que podem ou não condizer com as necessidades de saúde dos estados em questão. Para este estudo, no entanto, nos limitaremos à identificação desse público. A ações foram classificadas em níveis de escolaridade, observadas as indeterminações ou questões às quais não se aplicam ou cabem a identificação da escolaridade do trabalhador, à 156 ações classificadas como estruturantes. Não foi possível concluir com precisão qual o principal público alvo das ações no âmbito geral de todos os documentos. Identificamos, no entanto, que quase 40% das ações analisadas não evidenciam qual o público alvo ou mesmo quantitativo de trabalhadores à serem alcançados. A questão fica ainda mais complexa ao observar que dentre as 387 ações sem identificação de público alvo, a grande maioria (mais de 40%) são propostas através do PEEPs. Ou seja, considerando os valores transferidos aos fundo estaduais das SES em questão, tais recursos foram destinados à execução de ações que consistem em sua maioria em curso de curta duração, cujo público não fora determinado ou previsto em sua concepção. Dentre as ações com público identificado prevalece nível superior, mesmo que os RAS informem o menor número desses em relação aos de nível médio e técnico, principalmente na atenção primária/básica, seguido por ações com público alvo ampliado respondem por uma grande parcela das ações, no entanto, nenhuma foi proposta através dos PEEPS. CONSIERAÇÕES FINAIS Baseada na concepção de que a formação para trabalhadores do SUS exige a mobilização de um conjunto de atores institucionais elementares (as três esferas de gestão, os próprios trabalhadores, instituições de ensino e controle social), além de uma política, vem se estruturando um campo de conhecimento que se distanciou do campo do trabalho em saúde e das questões trabalhistas como carreira, classes e categorias. Os achados corroboram para uma política baseada em ações de curta duração, destinada predominantemente à profissionais de nível superior, fiel à formação para categorias/profissões da saúde, ao passo em que negligência a formação dos demais trabalhadores e do fortalecimento de equipes multiprofissionais. |
11488 | EDUCAÇÃO EM SAÚDE: POTENCIALIDADES E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO PERMANENTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA Marta Maria Francisco, Maria Ilk Nunes de Albuquerque, Neferson Barbosa da Silva Barboda da Silva, Marcela Gonçalves, Eliane Maria Ribeiro de Vasconcelos, Cláudia Benedita dos Santos, Yuri Matheus Braga Ferreira Figueiredo, Enaide Alencar Vidal Pires Neta EDUCAÇÃO EM SAÚDE: POTENCIALIDADES E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO PERMANENTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICAAutores: Marta Maria Francisco, Maria Ilk Nunes de Albuquerque, Neferson Barbosa da Silva Barboda da Silva, Marcela Gonçalves, Eliane Maria Ribeiro de Vasconcelos, Cláudia Benedita dos Santos, Yuri Matheus Braga Ferreira Figueiredo, Enaide Alencar Vidal Pires Neta
Apresentação: Educação em Saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas concepções, tanto das áreas de educação quanto da saúde. Nessas duas dimensões, a prática da educação em saúde é imprescindível, voltada para a aprendizagem sobre doenças e agravos, caracterizada na promoção, prevenção, tratamento e cura de doenças. A educação em saúde permite alcançar as políticas sociais, que vão além da Política de Saúde, tornando-se necessária uma reorientação dos serviços de saúde, para além dos cuidados clínicos, individuais e curativos; com base nas diretrizes da integralidade e da intersetorialidade, que priorizam a prevenção de doenças e de agravos e, necessariamente, a promoção da saúde. Objetivo: Descrever o conhecimento de trabalhadores de saúde na operacionalização das ações de controle da hanseníase, enquanto resultado da educação permanente. Método: Estudo descritivo de corte transversal realizado no Município do Recife, capital de Pernambuco, no Distrito Sanitário V, população 273.513, que compreende 16 bairros, uma das áreas de maior prevalência da hanseníase, nos territórios delimitados, para atuação das equipes de Saúde da Família. A população do estudo foi de 46 profissionais constituída por médicos e enfermeiros da Atenção Básica, de 15 equipes do referido Distrito. Na coleta de utilizou-se a entrevista semiestruturada, com risco mínimo de viés, com a finalidade de compreender o conhecimento adquirido e a implicação na atuação e nas atitudes dos profissionais, para a operacionalização do programa de controle da hanseníase. Os dados processados, por meio do programa EPI-INFO, e analisados com base na literatura oficial (instrucional) e em evidências científicas. Resultado: Participaram do estudo 46 profissionais. As questões abordadas trataram do conhecimento dos profissionais sobre a temática, com ênfase na operacionalização das ações de controle da hanseníase. Houve associações para identificar se o conhecimento influenciava na atuação, e de que forma repercutia na atenção à pessoa com a doença. Do total de participantes, 50% referiram trabalhar há mais de 10 anos em unidades básicas de saúde, 50% são especialistas em saúde da família e 20% em saúde pública. Em relação a cursos de capacitação específico para hanseníase, 87% referiram a participação nos últimos 03 anos. Porém, mais de 90% realizaram atendimentos a casos de hanseníase na unidade. Contudo, no período da coleta de dados, deste estudo, não havia pessoas com hanseníase acompanhadas na unidade, o que não confirma a ausência de casos no território das unidades, de acordo com os indicadores epidemiológicos obtidos pela Secretaria Estadual de Saúde, que coloca Recife com parâmetro de alta endemicidade segundo taxas de detecção apresentadas no período de 2016 a 2019. A ausência de casos novos no território acompanhados pela unidade viria do fato das notificações e tratamento se concentrarem em unidades de referência para a hanseníase, assim como as dificuldades para o diagnóstico precoce, e o feedback a capacitação realizada com os profissionais. A concentração de casos de hanseníase em serviços fora do território de residência justifica-se devido à busca das pessoas com a doença para minimizar problemas relacionados ao estigma e ao preconceito. No que se tratava das formas de captação da pessoa com hanseníase observou-se que mais de 50% são realizadas por demanda espontânea, acolhimento, tratamento antigo e durante o tratamento de alguma outra patologia. Sendo importante ressaltar o baixo percentual dos casos captados pelos profissionais com valor de 6,9%. Em relação ao conhecimento e à melhoria na operacionalização das ações de controle da hanseníase, dos 46 profissionais, 50% afirmaram ter conhecimento. Contudo, quanto à operacionalização, cerca de 70% não sabem como executar. A exemplo da Vigilância Epidemiológica mais de 60% referiu conhecer, entretanto 40% não executam. A exceção da Educação em saúde, onde 100% conhecem e executam, de forma geral. Contudo 50% realizam especificamente para hanseníase e mais de 50% das ações são realizadas por todos os componentes da equipe. Outro aspecto importante, referido por 50% dos participantes diz respeito à realização de atividades na comunidade para identificar pessoas que apresentam casos suspeitos de hanseníase como dormências, manchas na pele com perdas de sensibilidade, mãos ou pés em forma de garra. As dificuldades relacionadas para a não execução das ações foram principalmente a falta de organização do serviço e de infraestrutura adequada. Há dificuldades sobre as estratégias a serem utilizadas, devido à falta de tempo, ao local para realização das ações. Quanto ao acolhimento e à adesão à terapêutica, 100% dos profissionais relataram que não realizam a notificação compulsória. Dos profissionais entrevistados, 95% relatam analisar os critérios de regularidade ao tratamento para estabelecer a alta por cura ou abandono. Quanto ao planejamento para programar as atividades de controle da doença a serem desenvolvidas na unidade de saúde aproximadamente 98% participam. Considerações finais: Diante dos resultados evidenciou-se a necessidade de educação permanente para capacitação dos profissionais da Atenção Básica. Uma das contribuições da pesquisa foi demonstrar que há centralização de notificação e tratamento de casos de hanseníase em unidades de referência. Faz-se necessária a descentralização da notificação dos casos, consequentemente, do tratamento para as unidades de Atenção básica em Saúde. Nesta perspectiva, discutir o cenário educacional atual, remete a repensar em modelos desenvolvidos que promovam o engajamento de todos os envolvidos. As metodologias ativas propõe ao sujeito um processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, busca a construção dos saberes apresentado. Observou-se que o método tradicional utilizado na formação supracitada, tal como é caracterizado como menos instigante para os profissionais, informativo, expositivo, sem estímulos criativos a inovação. No contexto dos profissionais participantes desse estudo destaca-se que as metodologias ativas, potencializariam o processo de troca no processo de ensino-aprendizagem entre os formadores e os profissionais, possibilitaria melhores resultados quanto ao aprendizado do conhecimento. Outro elemento importante para a eficácia da utilização das metodologias ativas seria a integração das tecnologias da informação e comunicação, os recursos tecnológicos, digitais e a internet que possibilitam maior interação e trocas. Os recursos identificados, no processo da formação dos profissionais de saúde, foram utilizados apenas para exposição dos conteúdos. Por fim, a ausência da criatividade sobre a didática escolhida, contribuiu para que o processo de ensino-aprendizagem se tornasse repetitivo e exaustivo, sendo assim menos eficaz, diante do objetivo da formação. Diante da situação apresentada propõe-se um incremento na capacitação específica em hanseníase, por meio da educação permanente, que utilize com mais ênfase metodologias ativas, onde todos se sintam protagonistas do processo. |
9114 | EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA CUIDADORES DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Thatiane Cristina da Anunciação Athaide, Leticia dos Santos Cruz, Samara Machado Castilho, Bianca Oliveira Sousa, Rayssa Raquel Araújo Barbosa, Renata Valentim Abreu, Raphaella Monike Teixeira de Sousa, Nathalie Porfirio Mendes EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA CUIDADORES DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Thatiane Cristina da Anunciação Athaide, Leticia dos Santos Cruz, Samara Machado Castilho, Bianca Oliveira Sousa, Rayssa Raquel Araújo Barbosa, Renata Valentim Abreu, Raphaella Monike Teixeira de Sousa, Nathalie Porfirio Mendes
Apresentação: As Instituições de longa permanência para idosos (ILPI) se apresentam como uma das alternativas de cuidados não familiares às pessoas idosas, e o funcionamento é regido e assegurado pelo Estatuto do Idoso o qual enfatiza o acesso aos serviços de saúde bem como as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde além de medidas específicas que visam instituir condições para que seja promovida a autonomia e a inserção social da terceira idade. As ações em promoção de saúde e prevenção de doenças podem ser implementadas em atividades grupais, para transformar a realidade, além de possuir potencial terapêutico, proporcionando um espaço de fortalecimento de vínculos, sentimentos, troca de experiências, convivência e socialização frente à sensação de pertencimento ao grupo (NOGUEIRA et al., 2013). Atividades de educação em saúde favorecem momentos de comunicação, integração, desenvolvimento social e melhor funcionamento cerebral dos indivíduos, tendo em vista a saúde integral e melhor qualidade de vida, em especial na situação de idosos institucionalizados (ARAKAWA-BELAUNDE et al., 2018). Este estudo possui como objetivo principal descrever a vivência de acadêmicas de enfermagem sobre um curso ofertado a homens que realizam cuidados diários a idosos em uma instituição de longa permanência. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo do tipo relato de experiência, de curso realizado por acadêmicos de enfermagem membros de um projeto de extensão, para cuidadores de idosos de uma instituição de longa permanência localizado em Benevides, Belém, Pará, em novembro de 2019. Resultado: A instituição realiza acolhimento a homens de 18 a 49 anos que desejam sair da situação de rua, e queiram receber tratamento à saúde. No mesmo local, vivem idosos com debilidade física ou mental que se encontravam em situação de rua e sem vínculo familiar estável, e buscaram institucionalização espontânea, neste contexto há a junção destes dois públicos para a colaboração e organização do local. Os homens que são acolhidos no local, encaixam-se em populações de vulnerabilidade, no momento da admissão desse público, eles ficam alojados em 8 casas de triagem antes de entrarem em contato com os idosos nas casas de longa permanência, para possibilitar a adaptação ao local e sua rotina, atualmente nas casas de triagem, estão alojados aproximadamente 150 homens de 18 a 49 anos, participando de reuniões e evangelização, além de cursos de cozinheiro, carpintaria, coleta seletiva e agricultura, onde permanecem por 80 dias. Após este período estes homens são destinados aos setores de colaboração do local, para atuarem de acordo com suas afinidades, sendo eles a fábrica de vassouras, a cozinha, a horta comunitária, e o setor de coleta seletiva, ao mesmo tempo que participam diariamente de evangelização e começam a dividir os alojamentos definitivos com os idosos permanentes, antes desta transição é necessária a capacitação desse público para proporcionar o cuidado adequado aos idosos quanto a alimentação, higiene corporal, oral e necessidades físicas como um todo, e ao reconhecimento de emergências em idosos e suas condutas básicas. Neste contexto, ocorreu a atuação dos acadêmicos de enfermagem, para realizar educação em saúde antes do contato dos dois públicos, na ocasião participaram 6 acadêmicos de enfermagem, 1 enfermeira docente e 30 homens que viviam na casa de triagem do local. Iniciou-se as orientações especificas para segurança dos cuidadores como o estimulo a higienização das mãos nos momentos certos, ao não compartilhamento de produtos de higiene corporal como barbeadores, sabonetes e toalhas, estas orientações foram realizadas para prevenir infecções transmissíveis como o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), Hepatites virais e outras entre os moradores do local. Em seguida, os homens foram esclarecidos ao papel que desempenhariam no local com os idosos, a importância deles no processo do cuidar, a permanência harmoniosa para o estabelecimento de vínculo com o idoso e ao verdadeiro significado do cuidar. Foram orientados a respeitar as especificidades e incapacidade dos idosos neste processo, visto que muitos idosos residentes do local são cadeirantes, ou vítimas de acidente vascular encefálico com sequelas permanentes, e/ou ainda possuem debilidade relacionada a idade avançada, por isto é necessário que o cuidador tenha muita sensibilidade para lidar com estas questões. Nas orientações para banho, houveram orientações especificas para banho no leito e banho de chuveiro, nesta pauta algumas dúvidas foram levantadas pelos participantes referente a temperatura da água e a lavagem dos cabelos, onde foi esclarecido que janelas e portas devem ser fechadas para promover privacidade e estabilizar a temperatura do local e da água diminuindo a irritação do idoso, e a lavagem do cabelo que deveria ser realizada 3 vezes por semana, porém o couro cabeludo do idoso deveria ser avaliado diariamente durante o banho para identificação de possíveis lesões, além disto foram estimulados fazer durante o banho apenas as atividades que o idoso não é capaz de fazer, realizando apenas a supervisão e o auxílio do idoso no banho. No que diz respeito a higiene oral, foram orientados a realizar após todas as refeições e antes de dormir, e para idosos desdentados a higienização deveria ser realizada com gaze e algodão embebido em água, realizando a estimulação da circulação sanguínea da gengiva, foi frisada a importância desta higienização objetivando a eliminação de restos alimentares e micro-organismos da cavidade oral, evitando situações de broncoaspiração e para promover a sensação de limpeza e conforto para o idoso. Houveram orientações quanto ao cuidado com ostomias, onde houve a apresentação dos tipos de bolsas coletoras e enfoque aos cuidados necessários no manejo do esvaziamento, quando realizar, como realizar e como proteger durante o banho, além disto, foram estimulados a identificar o momento adequado de troca da bolsa como, fazê-la, realizar a observação da coloração do estoma, a limpeza da pele ao redor do estoma, a tricotomia e a não realizar a limpeza com utilização de produtos agressivos à pele. Para os idosos acamados e cadeirantes os cuidadores foram orientados a realizar a observação de lesão por pressão e formas de prevenir tal agravo, identificar os estágios, para promover o reconhecimento precoce, e possibilitar tratamento adequado, além de medidas de prevenção como a mudança de decúbito, estimular a hidratação adequada da pele e evitar umidade, tração e fricção, evitando dobraduras de tecidos das roupas ou lençóis de cama, além de realizar a movimentação ativa e passiva, estimulando a ingesta hídrica e boa alimentação do idoso. No que se refere ao reconhecimento de emergências, foram apresentados aos sinais e sintomas das principais intercorrências em idosos, como o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Encefálico (AVE), convulsões, engasgamento e êmese, e as condutas básicas necessárias para realizar atendimento imediato ao idoso e viabilizar um desfecho positivo do quadro, independentemente de sua gravidade. Considerações finais: A educação em saúde torna-se de extrema importância, visto que viabiliza o atendimento adequado precoce em emergências, em especial para idosos que necessitam de atenção redobrada à saúde. Vale ainda destacar que tal experiência viabilizou a educação em relação aos cuidados diários que devem ser realizados aos idosos, e ainda a possibilidade de esclarecer quanto a promoção do autocuidado e da independência do idoso, realizando apenas o necessário e quando necessário, colocando o idoso como protagonista do seu cuidado e principal ator na realização de suas atividades de vida diárias. |
9329 | EDUCAÇÃO PERMANENTE: UMA ESTRATÉGIA PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DE UMA FARMÁCIA AMBULATORIAL PATRICIA MARQUES SOARES VALENTE, FLAVIA VALERIA DE ALMEIDA, MONIQUE ARAÚJO DE BRITO, Benedito Carlos Cordeiro EDUCAÇÃO PERMANENTE: UMA ESTRATÉGIA PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DE UMA FARMÁCIA AMBULATORIALAutores: PATRICIA MARQUES SOARES VALENTE, FLAVIA VALERIA DE ALMEIDA, MONIQUE ARAÚJO DE BRITO, Benedito Carlos Cordeiro
Apresentação: Na década de 80, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) propôs a educação permanente em saúde como uma estratégia para a organização dos processos educativos dirigidos aos trabalhadores da saúde. Através de evidências, observaram que as capacitações tradicionais organizadas de modo vertical e dirigidas a públicos diversos traziam poucos resultados nas práticas dos trabalhadores de saúde. Em 1990, com a Lei Orgânica da Saúde em Saúde, foi proposto que deveriam ser criadas Comissões Permanentes de Integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e superior, indicando que cada uma dessas comissões tivesse por finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. Esse texto ainda não tinha um resultado prático em ações, e em 2004, o Ministério da Saúde, publicou a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, o que possibilitou a identificação das necessidades de formação e de desenvolvimento dos trabalhadores na área da saúde e a elaboração de estratégias e processos que qualificassem a atenção e a gestão em saúde, promovendo o controle social com o objetivo de produzir um impacto positivo sobre a saúde individual e coletiva da população. O conceito de educação permanente em saúde constitui uma estratégia fundamental para as transformações do trabalho no setor para ter, uma atuação crítica, reflexiva, propositiva, compromissada e tecnicamente competente. A capacidade de descentralizar e disseminar a capacidade pedagógica entre os trabalhadores, entre os gestores de ações, serviços e sistemas de saúde permitiu idealizar um sistema único de saúde como uma rede-escola. A educação permanente dos profissionais deve fazer parte do pensar e agir dos trabalhadores com o intuito de permitir o crescimento pessoal e profissional da equipe, e contribuir para a organização do processo de trabalho, através de etapas que possam criar problematizações e produzir mudanças no contexto individual e coletivo do trabalho. Todos os avanços dessas Políticas de Saúde corroboram para reforçar a importância de se promover ações de educação permanente voltada para as equipes de saúde. Uma equipe formada de trabalhadores de saúde bem preparados podem contribuir para uma melhoria na qualidade da assistência prestada ao paciente. Objetivo – Realizar a capacitação da equipe – baseada na estratégia da educação permanente em saúde – em uma farmácia ambulatorial de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro. Métodos – Foi realizado um estudo experimental seguido por intervenção. A farmácia em questão é polo de dispensação ambulatorial dos componentes estratégico, especializado e básico, e recebe alunos da Graduação e dos programas de Pós-Graduação lato e stricto sensu da Universidade. Localiza-se na cidade de Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Os critérios de inclusão foram funcionárias da farmácia ambulatorial que trabalham no setor administrativo e de recebimento, separação e entrega de medicamentos e que aceitassem participar do projeto. Observou-se na prática diária uma dificuldade da equipe de farmácia, que apresentava dúvidas a respeito dos medicamentos dispensados na farmácia. Para solucionar esse problema foi proposto oferecer um mini-curso à equipe por meio da estratégia da educação permanente em saúde. Num primeiro momento foi realizada uma entrevista com a equipe de farmácia informando sobre a proposta do curso, a apresentação do Projeto de Pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e perguntando sobre quais os medicamentos elas gostariam que fossem abordados no curso. A equipe solicitou como tema os medicamentos novos usados para o tratamento da hepatite C. No segundo momento houve a realização do mini-curso, entrega do boletim informativo, entrega do certificado e avaliação do curso pela equipe. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense e foi aprovado sob o n° 1.889.774, atendendo a Port.466/12 e todos os participantes assinaram o TCLE da pesquisa. Resultado: – A equipe que participou da pesquisa foi formada por quatro funcionárias e duas farmacêuticas. Das funcionárias, duas trabalham no serviço administrativo da farmácia e outras duas trabalham em atividades de recebimento, separação e entrega de medicamentos aos pacientes. Elas possuíam o ensino médio como grau de escolaridade. Das farmacêuticas tivemos uma diarista e uma supervisora, com ensino superior como grau de escolaridade. A aula foi ministrada pela farmacêutica pesquisadora, aluna do Mestrado Profissional em Gestão e Administração da Assistência Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, com exposição oral dialogada com o uso da roda para uma maior troca de conhecimentos e saberes. Foi distribuído um boletim informativo sobre os medicamentos novos da hepatite C – SOVALDI®, DAKLINSA® e OLYSIO® – contendo informações como mecanismos de ação, indicações clínicas, cuidados com o uso, condições de armazenamento e posologia usual. O mini-curso foi realizado em dois momentos, em horários escolhidos pela equipe, totalizando 8 h. Discussão – Essa iniciativa representou a primeira vez que foi oferecido um curso na forma de educação permanente àquela equipe de farmácia. Essa ação possibilitou uma maior confiança dos profissionais no momento da entrega dos medicamentos. Colaborou para mostrar a importância da educação permanente em saúde, tanto do ponto de vista dos trabalhadores da saúde, quanto do papel dos profissionais de saúde, que no caso o farmacêutico, cumpriu seu papel como educador, contribuindo assim para a melhoria do serviço prestado ao paciente. Ao final do curso foi realizada uma avaliação e a equipe de farmacêuticas demonstrou satisfação com a iniciativa do projeto. Como sugestão, disseram que gostariam que fosse realizado um novo curso toda vez que a farmácia recebesse medicamentos novos, ou seja, medicamentos recentemente padronizados na Instituição. Por isso ficou acordado, portanto, entre a supervisora e a equipe, o compromisso de que toda a vez que a farmácia recebesse medicamentos novos haveria um treinamento para aperfeiçoamento das habilidades e competências da equipe, com maior conhecimento a respeito dos medicamentos. Um ponto importante a enfatizar foi a parceria da Universidade e seus cursos de Graduação e Pós-Graduação com a participação dos alunos, e a Instituição, o Hospital Universitário, abrindo espaços de discussão e reflexão para a solução de problemas encontrados nos Serviços de Saúde, ao apontar caminhos para a educação de profissionais na saúde e orientando a melhoria da qualidade da assistência prestada aos pacientes. Considerações finais: Este estudo permitiu ampliar as reflexões sobre a capacitação e o processo de trabalho exercido dentro de uma farmácia ambulatorial, tendo em vista a educação permanente em farmácia como estratégia para a qualidade da assistência em saúde em uma farmácia ambulatorial. |
12090 | OLHAR INTEGRAL E HUMANIZADO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA SALA DE ESPERA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ATENÇÃO BÁSICA Antônia Suellen Fernandes Dantas, Maria Bianca Brasil Freire, Camila Mesquita Soares, Fernanda Mariany de Almeida Freire, Bianka Andressa de Oliveira Medeiros, Rita de Cássia da Silva Medeiros, Ellany Gurgel Cosme do Nascimento OLHAR INTEGRAL E HUMANIZADO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA SALA DE ESPERA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ATENÇÃO BÁSICAAutores: Antônia Suellen Fernandes Dantas, Maria Bianca Brasil Freire, Camila Mesquita Soares, Fernanda Mariany de Almeida Freire, Bianka Andressa de Oliveira Medeiros, Rita de Cássia da Silva Medeiros, Ellany Gurgel Cosme do Nascimento
Apresentação: O ambiente da sala de espera das Unidades Básicas de Saúde (UBS) tem como objetivo garantir um cuidado humanizado e permitir a aproximação entre profissionais e usuários. A sala de espera apresenta-se com um espaço oportuno para serem efetuadas atividades de educação em saúde, visando dessa forma à prevenção de doenças e constituindo-se como um espaço importante de ações educativas com vistas à realização de um cuidado integral aos usuários. Sabendo que a alimentação encontra-se hoje totalmente ligada ao processo de saúde/doença de muitas patologias bastante disseminadas na população, os profissionais da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, realizaram durante um mês, encontros educativos com uso de metodologias ativas na sala de espera, no momento da consulta do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento (CeD) infantil, transmitindo informações para as mães acerca do aleitamento materno, enfatizando os benefícios, nutrientes e proteínas que são capazes de proteger a criança contra diarreia, infecções respiratórias, intestinais, riscos de alergia, obesidade, diabetes e consequentemente as mortes infantis. A experiência foi realizada na sala de espera da Unidade Básica de Saúde Dr. Cid Salem Duarte, bairro Abolição IV, no município de Mossoró/RN. As atividades aconteceram com as mães das crianças de 0 a 2 anos de idade que estavam presentes na sala de espera. Os temas educativos desenvolvidos foram sobre a importância do aleitamento materno exclusivo até 06 meses e a introdução alimentar até 01 ano de idade. No momento da intervenção foram distribuídos panfletos educativos, jogos interativos sobre a temática abordada e o esquema de introdução alimentar até 01 ano de idade. Os temas abordados durante os encontros foram: “Quais as vantagens para o bebê?”; “Quais as vantagens para a mãe, o pai e a família?”; “Mito do leite fraco”; “Posicionamento e pega correta”; “Como fazer a ordenha e armazenamento”; “Mitos e tabus que causam prejuízo na amamentação” e “Apresentação: alimentar, quando começar?”. Um dos tópicos que despertou interesse das participantes foi em relação a composição da alimentação complementar. As mães desconheciam sobre os aspectos relacionados à variedade dos componentes da alimentação e das combinações alimentares, tais como papas de fruta e papa salgada/comida de panela. As dúvidas foram sanadas no momento da ação educativa. No que se refere aos alimentos que não devem ser oferecidos à criança, as participantes foram alertadas para não oferecer alimentos que contivessem açúcar, sal, óleo, industrializados, entre outros. No que concerne a ação realizada, é válido destacar que esta possibilitou promover o conhecimento das mães referentes às temáticas trabalhadas, sendo também ressaltada a notável interação ocorrida entre as participantes durante todo o momento, fato esse que promoveu o compartilhamento de saberes e experiências em relação à prática de cuidado à criança. As mães estavam mais sensibilizadas para continuar com o aleitamento materno exclusivo e para introduzir corretamente os alimentos até 01 ano de idade. |
12134 | CUIDANDO DOS PRIMEIROS MIL DIAS DE VIDA SALUTAR DA CRIANÇA: PROJETO COMUNITÁRIO EDUCACIONAL Ana Beatriz de Oliveira Fernandes, Cláudia Patrícia da Silva Ribeiro Meneze Ribeiro Menezes, Maria Brunilda Mavignier Benevides, Débora Pena Batista e Silva, Ilvana Lima Verde Gomes, Débora Silveira de Lima, Maria Eunice Galeno Rodrigues, Antonio Rodrigues Ferreira Júnior, Claudia Maria de Oliveira Fernandes CUIDANDO DOS PRIMEIROS MIL DIAS DE VIDA SALUTAR DA CRIANÇA: PROJETO COMUNITÁRIO EDUCACIONALAutores: Ana Beatriz de Oliveira Fernandes, Cláudia Patrícia da Silva Ribeiro Meneze Ribeiro Menezes, Maria Brunilda Mavignier Benevides, Débora Pena Batista e Silva, Ilvana Lima Verde Gomes, Débora Silveira de Lima, Maria Eunice Galeno Rodrigues, Antonio Rodrigues Ferreira Júnior, Claudia Maria de Oliveira Fernandes
Apresentação: A desnutrição materna e infantil são fatores preocupantes e que necessitam ter ações atuem no ciclo vital que vai desde a concepção do bebê até o fim do segundo ano do crescimento e desenvolvimento da criança. Deste modo, classificando - se esse percurso vital do bebê como os primeiros mil dias de vida da criança. Assim, temos como fatores primordiais para a saúde da criança, uma nutrição com qualidade e o crescimento saudável norteados com benefícios vitais previstos nos primeiros mil dias. Objetivo: relatar as experiências vivenciadas durante a implantação do projeto comunitário educacional cuidando dos primeiros mil dias de vida salutar durante o desenvolvimento da criança. Método: Trata-te de um relato de experiência vivenciada e norteada por características críticas e reflexivas, no período de maio a agosto de 2019, na Unidade Básica de Saúde (UBS), situada na zona metropolitana na Cidade de Maranguape do Estado do Ceará. A UBS buscou realizar ações contínuas através de ferramentas pactuadas pela Rede de Atenção Primária a Saúde (RAPS), utilizando a participação multidisciplinar dos profissionais. Neste sentido, considerou-se como ponto de partida deste estudo, o funcionamento da RAPS como fundamentação e organização de estratégias práticas para a criação de práticas integradas a assistência à saúde. O projeto nasceu para o direcionamento de ação da equipe multidisciplinar, uma vez que evidenciou-se, a resistência a adesão dos usuários quanto a participação de palestras e grupos que direcionavam uma assistência de qualidade a saúde, através de práticas educativas que propagassem o conhecimento para a população sobre a importância dos primeiros mil dias crescimento e desenvolvimento da criança. Resultado: O projeto teve como característica uma estratégia de aprendizagem inovadora, assistencial, educacional e prática, ou seja, o público alvo tem a possibilidade de experimentar situações reais e não apenas contemplá-las teoricamente, o que vem apresentado resultados significativos. Portanto, o desenvolvimento deste projeto utilizou-se atividades de uma metodologia ativa com 50 mães que ocorrem. As ações comunitárias desenvolvidas pelo projeto representam os esforços tanto da comunidade como da equipe de saúde da família, em tornar efetivos os pressupostos de sua proposta social, relacionados à preocupação com a formação de um “ser integral” e um cidadão consciente de seu papel social. Considerações finais: Em consonância, afirma-se que fortalecimento das atividades laborais, a interação harmoniosa entre as categoriais profissionais, refletem em uma rede de mobilização social eficiente e promotora de saúde. Neste sentido, a visão holística de uma equipe multiprofissional promoção a qualidade de atendimento para os usuários do Sistema Único de Saúde, em especial da Atenção Primária. |
12256 | A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO MEC E O TRABALHO DOS APOIADORES INSTITUCIONAIS DE 2013 A 2016 José Carlos da Silva, Harineide Madeira Macedo, Erika Rodrigues de Almeida, Anderson Sales Dias, Adriano Ferreira Martins A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NO MEC E O TRABALHO DOS APOIADORES INSTITUCIONAIS DE 2013 A 2016Autores: José Carlos da Silva, Harineide Madeira Macedo, Erika Rodrigues de Almeida, Anderson Sales Dias, Adriano Ferreira Martins
Apresentação: Para viabilizar o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) nos estados federativos, no âmbito do Programa Mais Médicos (PMM), o Ministério da Educação (MEC) instituiu o Apoio Institucional, que tinha como missão institucional acompanhar, apoiar e desenvolver processos de Educação Permanente em Saúde (EPS) junto aos órgãos de gestão do Programa, bem como ser o elo entre o MEC, as Instituições Supervisoras e as Comissões de Coordenação estadual do PMMB. Este relato busca analisar criticamente a experiência de trabalho desenvolvido pelos Apoiadores no MEC, dando ênfase no campo da educação permanente, durante os anos de 2013 a 2016, e como está atualmente, considerando aspectos técnicos e políticos, e apontando pontos importantes para os processos de educação permanente desenvolvidos pelos apoiadores. Método: Trata-se de um relato de experiência, amparado em artigos já publicados acerca do Apoio Institucional e na observação participante, ocorrida no período estudado. Resultado/discussão: A experiência aqui relatada tinha uma centralidade na lógica de trabalho em equipe com coletivos de apoiadores no nível central do MEC e nos Estados, com quantitativo que variava em média de 4 por Estado e formado, majoritariamente, por profissionais de saúde e educação. No fazer cotidiano, planejavam, operacionalizavam ações de apoio aos processos de gestão local, desenvolviam atividades de educação permanente e ainda colaboravam com as Instituições Supervisoras no que dizia respeito a tais processos educativos. Uma das críticas que pode ser feita é acerca dos tensionamentos existentes sobre as concepções de educação que permeavam as práticas destes apoiadores, já que alguns tinham uma perspectiva de educação tecnicista e outros de educação humanista. Outra crítica se faz à precária capacidade crítica e fraca acumulação teórica acerca da educação permanente e da saúde coletiva por parte de alguns apoiadores. Alguns tinham pouca capacidade de compreender a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), do PMM para as mudanças necessárias no modelo de educação na saúde, bem como no modelo de atenção à saúde que viesse a ter um caráter mais humanista, integral e construído no mundo do trabalho da saúde e dos usuários. Do ponto de vista de avanços, analisa-se que essa experiência de trabalho conseguiu aproximar o MEC das Secretarias Estaduais e das Instituições Supervisoras, constituir uma cultura de trabalho em equipe e resolutividade nos processos de monitoramento e avaliação. Considerações finais: O trabalho dos apoiadores no que tange aos processos de educação permanente, mesmo que considerando os tensionamentos epistêmicos, foi importante para melhorar os processos de trabalho e de gestão do PMM no MEC devido, principalmente, à criação de um grupo de apoiadores que fundamentavam a sua atuação na perspectiva da Educação Permanente. Sabe-se, ainda, que tudo o que foi construído vem sendo desmontado nos dois últimos governos, inclusive com a substituição de Apoiadores pouco comprometidos no governo Temer. Além disso, com o fim do PMM, pelo menos 1,6 milhão de pessoas estão desassistidas em termos de atenção à saúde no Brasil. |
10864 | UMA GENEALOGIA DA EXPERIÊNCIA DE MULHERES NA GESTÃO COLETIVA DO CUIDADO Cathana Oliveira, Sérgio Resende Carvalho UMA GENEALOGIA DA EXPERIÊNCIA DE MULHERES NA GESTÃO COLETIVA DO CUIDADOAutores: Cathana Oliveira, Sérgio Resende Carvalho
Apresentação: Nos últimos 50 anos, as mulheres brasileiras, por meio das lutas feministas, obtiveram avanços importantes no que tange a garantia de direitos, seja no campo da educação, da saúde e no mercado de trabalho. No entanto, isso pouco se reflete no aumento da ocupação feminina nos espaços de poder público e privado, na abolição da violência de gênero e na equiparação salarial (WHO, 2013; IBGE, 2010). A sobreposição da lógica racional e neoliberal na organização do Estado e das instituições que o compõem, somado a lógica cientifica de razão e sustentação da visão de sujeito universal, gera como efeito verdades totalizantes onde a inclusão das especificidades e capacidades das mulheres acabam sendo minimizadas. Logo, ser mulher e construir-se trabalhadora-gestora e feminista apresenta-se enquanto um desafio. Desafio este de dar voz e vez a novas formas de produção de conhecimento e cuidado em saúde, proporcionando a inclusão, no ato de pesquisar, da experiência das mulheres em suas escolhas de vida e também de ação política em coletivos dentro do campo em questão. Cabe assim, negar a neutralidade pregada pela racionalidade da ciência moderna enquanto a verdade, já que são as práticas sociais – individuais e coletivas – que dão corpo ao real que se apresenta no campo de interveção do ato de pesquisar. Pretendemos com este esclarecimento direcionar o trabalho desenvolvido aqui a abertura de maneiras pelas quais os sujeitos envolvidos no ato de pesquisar e produzir conhecimento possam se reconhecer eticamente, experimentando novas formas de reconhecimento e produção de subjetividade, para disputa quanto ao governo das condutas invariavelmente direcionadas pelas práticas das políticas públicas estatais. Com o objetivo de investigar a influência de gênero e dos feminismos na produção do cuidado e das políticas públicas de saúde no Brasil, escolhemos uma proposta metodológica qualitativa que reafirma as pesquisas-interferência e cartográficas, com vistas a abrir espaço de diálogo com o desenvolvimento de análises genealógicas. A ideia de genealogia que está em desenvolvimento aproxima-se dos estudos de Foucault, e coloca em prática a proposição de observar a construção de narrativa e discursos de composição da verdade sobre os corpos e subjetividades femininas. A leitura de autoras feministas brasileiras e americanas apresenta novas perspectivas para os temas da ciência, produção de subjetividade, relações políticas de gênero e formas de experimentação do comum. A aproximação com estas metodologias de pesquisa e a afirmação (de ambas) se liga a alguns pontos ético-políticos que sustentamos como fundamentais quando o pesquisador encontra com seu campo de trabalho. Há um jogo de interferências que coloca todos os sujeitos envolvidos em produção de novos corpos, e portanto, pode-se pensar que o próprio corpo do pesquisador é aquele que primeiro se recoloca na formação. Busca-se abrir mão, o máximo possível, dos lugares de autoridade que são assumidos em uma pesquisa acadêmica (ou em outras maneiras de produção de intervenção de fora para dentro de um campo) e o deslocamento passa a ser, então, feito a partir dos campos subjetivos sutis. Os efeitos desejados passam pela leitura conjunta do processo de intervenção, assumindo que todas as envolvidas permitirão inter-FERIR-se. O desenvolvimento da pesquisa aponta que a cartografia se torna uma das escolhas pelas quais os modos de pesquisar se expressam como modos de existência e experiência política enquanto uma posição ativa de si diante do poder. Uma prática, que de acordo com os autores da diferença e pós-estruturalismo escolhidos para parceiros nesta tese, permite ao pesquisador cartógrafo assumir um lugar político na produção de vida e de conhecimento. Pensar a ética-estética torna-se um caminho para pensar maneiras e tecnologias de composição de si para além das práticas de governamentalidade implementadas na razão pastoral cristã, do nascimento das ciências e das regras de organização das sociedades a partir da constituição do Estado Moderno. Embora, em todas as culturas e religiões existam regras e normas para vida em conjunto, algumas permitem e incitam exercícios de cuidado de si e do outro que abrem compreensões ético-estéticas de vida distintas como base para a construção do eu – subjetividade e relações de cuidado de si que indiquem relações com novas corporeidades – que nos interessa aqui. Um segundo ponto, salienta que os exercícios de cuidado de si que levam a práticas relacionadas a liberdade, estão implicadas na visão de liberdade enquanto relacional. E neste caso, cuidar de si tem relação direta com cuidar do outro, desenvolvendo movimentos de plasticidade estética para abrir maneiras de se relacionar criando para além dos padrões morais impostos na normalização e normatização das condutas. Ou seja, cuidar de si (e do outro) poderia ser pensado como um exercício de criação para além das regras e padrões estabelecidos em sistemas e códigos modernos de conhecimento. De acordo com Stenger (apud. Sztutman, 2018) fazer com que as ciências modernas se reconectem com algumas práticas tomadas como marginais ou minoritárias como a bruxaria seria reaproxima-las de aspectos especulativos e criativos que tem potência de performances combativas. Para esta autora a bruxaria e a magia foram excluídas do mundo capitalista, pois são potenciais maneiras de reativar meios pelos quais as práticas de liberdade e resistência podem recuperar modos de vida comum. É assim que as bruxas ativistas entram na obra de Stenger, e nesta pesquisa, como operadoras de uma outra forma de compreensão da política, de onde os aspectos micropolíticos entram com vistas a produção dos tensionamentos cartográficos macropolíticos para produção de novos mapas para o cuidado, a política e a ciência. Um exemplo disto, pode ser visto a partir da autora Silvia Federici (2017) que em seu livro “Calibã e a Bruxa” apresenta uma fissura na história tradicional de ascensão do capitalismo apontando que o episódio conhecido como “caça às bruxas”, foi uma importante ferramenta de silenciamento do saber natural sobre o corpo e apoio mútuo no cuidado entre as mulheres. Apagar as funções sociais que as mulheres tinham e ocultar a morte de milhares de mulheres (bruxas) foi necessário para a desarticulação da resistência de mulheres principalmente no que diz respeito a modos de organização coletivos, reforçando modos de vida da lógica privada (FEDERICI, 2017) Acreditamos que o resgate da inclusão radical das mulheres no campo da saúde e das políticas públicas de saúde, bem como das maneiras de desenvolvimento de pesquisas, produção de conhecimento e movimentos políticos feministas podem abrir maneiras de organização da luta e resistência frente aos avanços neoliberais que governam os corpos, também, a partir das práticas em saúde. Pretendemos finalizar apontando maneiras de habitar e construir espaços coletivos, desenvolvidos e/ou cuidados por mulheres, como inspiração para novas maneiras de proposição sobre os aspectos éticos-estéticos do governo das condutas femininas, permitindo ampliar, a luz da epistemologia feminista, a percepção quanto a subjetivação operada na construção do SUS. |
9166 | GRUPO DE TRABALHO NO PROGRAMA ACADEMIA DA CIDADE DO RECIFE: UM INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO NA SAÚDE PARA CO-GESTÃO E PRODUÇÃO PARTILHADA DE CONHECIMENTO Ameliane da Conceição Reubens-Leonidio, Tatiana Martins Ferraz Holmes, Juliane Suelen Gonçalves Galvão, Danyelle de Cássia Ribeiro de Oliveira, Silvana Cristina Ramos de Brito Almeida, Patrícia Nelly Alves Meira Menezes, Rossana Arruda Borges GRUPO DE TRABALHO NO PROGRAMA ACADEMIA DA CIDADE DO RECIFE: UM INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO NA SAÚDE PARA CO-GESTÃO E PRODUÇÃO PARTILHADA DE CONHECIMENTOAutores: Ameliane da Conceição Reubens-Leonidio, Tatiana Martins Ferraz Holmes, Juliane Suelen Gonçalves Galvão, Danyelle de Cássia Ribeiro de Oliveira, Silvana Cristina Ramos de Brito Almeida, Patrícia Nelly Alves Meira Menezes, Rossana Arruda Borges
Apresentação: O Programa Academia da Cidade (PAC) do Recife foi criado em 2002 e integra a política de promoção da saúde, tendo como objetivos incentivar a adoção de hábitos de vida saudáveis e potencializar os espaços públicos de lazer na perspectiva do acesso, inclusão social, vivência e fomento à participação popular na construção da política de saúde local. O PAC é composto por Profissionais de Educação Física e desde a sua criação, as ações educativas, tanto para os profissionais como para os usuários, apresentam-se como recursos importantes para que tais objetivos sejam alcançados. Com a publicação da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) e da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), das quais destacam-se a necessidade de estímulo e viabilidade da formação; de educação permanente e continuada dos profissionais; e da participação popular e do controle social, essas ações foram reforçadas. Desta forma, entendendo a importância da qualificação profissional no SUS para que o processo de trabalho ocorra de modo eficaz, este trabalho tem como objetivo apresentar uma experiência de Educação na Saúde no PAC, sobretudo a partir da organização de um grupo de trabalho (GT) e consolidação de um e-book contendo discussões teóricas com propostas metodológicas para Educação na/em Saúde e sistematização de ferramentas a partir da organização de experiências do próprio PAC. Relato de Experiência: Conceitualmente, pode-se considerar que a Educação na Saúde é o processo de práticas educativas destinadas aos profissionais, contextualizadas a partir dos processos de trabalho no SUS, com a finalidade de oferecer melhores tecnologias de cuidado para os usuários; enquanto Educação em Saúde se estabelece na própria relação entre profissionais, usuários e gestores, a fim de produzir conhecimentos capazes de responder às reais necessidades individuais e coletivas, num processo de estímulo à criticidade e ao empoderamento, para autonomia na tomada de decisão. Nesta perspectiva, para qualificar as práticas de Educação na/em Saúde que acontecem sistematicamente no PAC, foi constituído um grupo de trabalho (GT) composto por profissionais e gestores, tendo como resultado a produção de conhecimentos e a organização e sistematização das experiências do PAC para divulgação num e-book. Assim como o próprio GT tornou-se importante no processo de Educação na Saúde, o e-book é também um instrumento educativo para dar apoio e promover a reflexão sobre conceitos, abordagens pedagógicas, processo educativo nas práticas de saúde e ferramentas metodológicas. Além disso, é uma possibilidade de apresentar situações e exemplos próximos da realidade do território, o qual o profissional do PAC está inserido como educador atuante na Rede de Atenção à Saúde (RAS). O processo de Educação na Saúde, através do GT, aconteceu em 6 etapas, com a participação dos profissionais e Núcleo Gestor do PAC, e uma profissional do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que atuou como facilitadora, no período de 2016 a 2018. Todas as etapas foram registradas: Primeira etapa - Identificação da facilitadora, uma profissional do NASF especialista na temática de Educação em Saúde, e convite para participar de reuniões do Núcleo Gestor do PAC, com o objetivo de levantar a discussão sobre a temática entre os profissionais e estabelecer a sistematização do processo de trabalho. Segunda etapa - Início da discussão sobre Educação em Saúde no PAC, no Encontro de Educação Permanente (EEP), que ocorre mensalmente no programa. Essa etapa aconteceu em Abril de 2016. Entendendo a necessidade de aprofundamento das discussões, tomou-se como encaminhamento a formação de um GT. A proposta era ter a participação efetiva do Núcleo Gestor e de profissionais que representassem cada Distrito Sanitário (DS) do município, considerando que Recife é dividido em oito DS a nível de gestão e organização da RAS. Terceira etapa - Reuniões do GT com representantes do Núcleo Gestor, profissionais e facilitadora, em Maio de 2016. O objetivo desta fase foi aprofundar a discussão conceitual, a fim de alinhar algumas concepções dos processos educativos adotados pelo PAC em consonância com os princípios do SUS, tanto de Educação em Saúde como de Educação na Saúde, além da organização do plano de trabalho para a fase seguinte. Quarta etapa - Este período compreendeu entre setembro de 2016 e março de 2017. Os momentos de discussões aconteceram dentro das reuniões distritais do PAC, que também ocorrem todos os meses. Essa etapa teve com objetivo multiplicar os conhecimentos discutidos nas etapas anteriores de forma descentralizada e identificar os processos de Educação em Saúde que já ocorrem nos polos do PAC. Quinta etapa - Retomada do encontro do GT no formato inicial (coordenadores, profissionais e facilitadora) com o objetivo de relatar as experiências vividas nas reuniões distritais, definir o modelo adotado pelo PAC para a Educação na/em Saúde (Modelo dialógico) e, consequentemente, iniciar a produção do e-book. Sexta etapa –Apresentação: do produto do e-book a todos os profissionais do PAC no EEP e aos gestores da RAS, com o objetivo de se constituir enquanto um instrumento de Educação na Saúde para respaldo das ações de Educação na/em Saúde no PAC. Adotou-se, portanto, um modo espiralado de condução de tal processo de Educação na Saúde, que associado à proposta de unir, no GT, Núcleo Gestor e profissionais, enquanto agentes multiplicadores da produção de conhecimentos, garantiu a participação efetiva de todos os atores do PAC, um esforço de cogestão na direção das mudanças desejadas para a qualificação das ações. Resultado: Como resultados da experiência, alcançou-se a definição, de modo coletivo, do modelo educativo adotado pelo PAC; o domínio dos conceitos e novas ferramenta metodológicas; e a elaboração de um material didático, o e-book, colaborando para a organização da educação em saúde no SUS, pois pode dar suporte aos gestores e profissionais da RAS, especialmente da Atenção Básica, por promover a reflexão sobre conceitos, abordagens pedagógicas, processos educativos e ferramentas metodológicas para ações educativas em saúde. Considerações finais: A experiência descrita foi inovadora e pioneira na RAS de Recife por permitir a participação direta e efetiva de todos os atores envolvidos numa política de Saúde, sendo possível de ser replicada em outros espaços e gerou um produto palpável e extremamente acessível à todos os profissionais do SUS, o e-book. As expectativas iniciais de qualificação do processo de trabalho e de melhorias nos registros já podem ser observadas. Ao mesmo tempo, profissionais e Núcleo Gestor do PAC avaliam positivamente o formato dos processos de Educação na Saúde de modo espiralado, como ocorrido no GT, pois permitiu a reflexão sobre os processos de trabalho num espaço democrático, horizontalizado, no qual se apresenta efetivamente uma proposta de cogestão. |