371: Da gestação ao parto: nove meses de atenção e cuidado individualizado | |
Debatedor: Ana Paula Alves Gregório | |
Data: 31/10/2020 Local: Sala 10 - Rodas de Conversa Horário: 08:00 - 10:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
7065 | SÍFILIS NA GESTAÇÃO: DESAFIOS DOS ENFERMEIROS PARA A DETECÇÃO PRECOCE E TRATAMENTO Daniela Marcondes Gomes, Gustavo Nunes de Mesquita, Henrique dos Santos Ribeiro, Adriele Horrana Oliveira Codeiro, Ana Lucia Naves alves, Fabiane Honorato da Costa SÍFILIS NA GESTAÇÃO: DESAFIOS DOS ENFERMEIROS PARA A DETECÇÃO PRECOCE E TRATAMENTOAutores: Daniela Marcondes Gomes, Gustavo Nunes de Mesquita, Henrique dos Santos Ribeiro, Adriele Horrana Oliveira Codeiro, Ana Lucia Naves alves, Fabiane Honorato da Costa
Apresentação: A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) é sistemática e curável. Acomete muitas mulheres durante a gestação e as implicações causadas pela doença são graves, tais como aborto espontâneo, morte neonatal e prematuridade. Em vista disso, o município de Nova Iguaçu é um dos cinco municípios que mais apresentam à sífilis congênita no Estado do Rio de Janeiro (RJ). Por isso, o objetivo geral desse estudo é compreender os desafios enfrentados pelos enfermeiros para a detecção precoce e tratamento adequado da sífilis na gestação, nas Clínicas da Família, no município de Nova Iguaçu. A metodologia é pautada em uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva, exploratória. O Estudo foi realizado em três unidades de saúde, que realizam atendimentos de baixa complexidade, incluindo pré-natal de baixo risco e por desempenharem um papel de educação junto à população, estimulando ações de prevenção de doenças e do bem-estar. Os sujeitos da pesquisa foram 09 enfermeiros alocados nessas clínicas da família. As respostas obtidas através das entrevistas foram unânimes acerca dos testes sorológicos, ou seja, todos os participantes mantiveram a mesma linha de pensamento, solicitam o teste rápido a todas as gestantes assistidas durante a consulta de pré natal. Em relação aos problemas da prática profissional junto ao acompanhamento da gestante com sífilis as respostas giraram em torno da dificuldade em convencer o parceiro a realizar o tratamento. Todos os participantes elencaram que se faz necessário o acompanhamento mensal das gestantes diagnosticadas com sífilis. Sendo que 03 destes, ressaltaram a importância da notificação compulsória. Vale mencionar que dois dos entrevistados informam o conhecimento do tratamento adequado da gestante com sífilis na gestação. Conclui se que os enfermeiros têm domínio sobre como realizar o teste rápido para identificar a doença, do mesmo modo que consegue averiguar as problemáticas durante a gestação e como deve ser a prática profissional. Logo, mesmo que haja adversidade na atuação profissional, tais como o abandono ou não dar início ao tratamento tanto pela gestante quanto pelo parceiro, o enfermeiro sabe quais os procedimentos e quais práticas profissionais adotar. |
6132 | PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DIABETES GESTACIONAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA Gustavo Emanuel Oliveira da Silveira, Matheus Sallys Oliveira Silva, Gustavo Alessandro de Souza Pereira, Greice Nívea Viana dos Santos PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA DIABETES GESTACIONAL: UMA REVISÃO DE LITERATURAAutores: Gustavo Emanuel Oliveira da Silveira, Matheus Sallys Oliveira Silva, Gustavo Alessandro de Souza Pereira, Greice Nívea Viana dos Santos
Apresentação: A ocorrência de diabetes gestacional tem aumentado nas últimas décadas desencadeando vários agravos a rede pública de saúde. Caracterizada por um problema metabólico na gestante com prevalência entre 3% e 25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico utilizado. O desenvolvimento de resistência à insulina durante a segunda metade da gestação parte da adaptação fisiológica, mediada pelos hormônios placentários anti-insulínicos, caracterizando então a disglicemia que é atualmente, a alteração metabólica mais comum na gestação. Objetivo: Identificar as principais complicações da diabetes gestacional. Desenvolvimento: Realizou-se uma revisão de literatura com abordagem qualitativa do tipo descritiva. O levantamento bibliográfico foi realizado pela internet nas bases de dados SciELO (Scientific Electronic LibraryOnline), MedLine, Google Acadêmico e LILACs. Foram utilizados os descritores “saúde da mulher”, “diabetes gestacional” e “hiperglicemia”. Do período de setembro de 2010 a janeiro de 2018. Foram utilizados 20 artigos e, após a leitura dos resumos, foram excluídos os que se referiam somente a DM. Somente 4 artigos abordavam o tema DMG em sua composição e esses foram os utilizados como embasamento para este trabalho. Resultado: Estudos mostram que as principais complicações na gestação em relação a diabetes são a taxas de aborto espontâneo, natimorto, malformações congênitas e morbidade e mortalidade perinatal. As principais complicações neonatais são: macrossomia, hipoglicemia neonatal, deficiência de ferro, alterações da função cardiorrespiratória, hipomagnesemia, hiperbilirrubinemia, anormalidades neurológicas, hipocalcemia, e policitemia, casos de hipertensão arterial, infecção urinaria, nefropatia, retinopatia, neuropatia, artropatia de Charcot, disfunção autonômica e disfunção sexual também são relatados pela literatura. Considerações finais: Diante desses resultados, foi possível compreender que ainda há uma preocupação em relação ao que tange as complicações na gestação com diagnostico de diabetes e o controle da mesma representa tarefa de fundamental importância para prevenir sequelas em neonatais. A partir disso, faz-se necessária a adoção de medidas preventivas para gestante, tais como abordagem nutricional e orientações no que tange fatores de risco associado a DMG, além de intervenções voltadas para o estado psicossocial dessas gestantes diagnosticadas com DMG, oferecendo suporte emocional e psicológico durante essa fase. Ademais, é preciso reforçar os cuidados preventivos da DMG principalmente na Atenção primária em Saúde durante o pré-natal diminuindo assim os riscos e complicações futuras. |
6520 | UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR: ATENDIMENTO CONJUNTO EM NUTRIÇÃO E TERAPIA OCUPACIONAL À GESTANTE COM DIABETE MELLITUS NO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL PRESIDENTE VARGAS-HMIPV/SMS. DENISE BORBA NARCISO, SANDRA MARA BARBOSA DE SOUZA UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR: ATENDIMENTO CONJUNTO EM NUTRIÇÃO E TERAPIA OCUPACIONAL À GESTANTE COM DIABETE MELLITUS NO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL PRESIDENTE VARGAS-HMIPV/SMS.Autores: DENISE BORBA NARCISO, SANDRA MARA BARBOSA DE SOUZA
Apresentação: Este trabalho tem por objetivo orientar e conscientizar a gestante com Diabete Mellitus para os cuidados e para os riscos fetais causados por esta doença na gestação. Visa esclarecer os benefícios e a importância do tratamento e estimular a manutenção do mesmo, amenizando a partir de então, os riscos e agravos à saúde da mãe e do bebê. Este atendimento conjunto busca uma abordagem terapêutica com ênfase na escuta, acolhimento e orientação, onde a troca de saberes seja a facilitadora para uma intervenção de forma pactuada com a paciente, facilitando a mudança de rotina necessária para amenizar os agravos causados pela patologia. O Pré-Natal de Alto Risco do HMIPV (PNAR) é um serviço que presta atendimento multiprofissional em regime ambulatorial às gestantes de alto risco que necessitam acompanhamento sistemático devido a doenças prévias ou próprias da gestação. Neste pré natal de alto risco, os risco se caracterizam por Diabete Mellitus (gestacional, Tipo 1 e Tipo 2); Hipertensão (na gestação ou prévia); Doenças e Transtornos Mentais, Transtorno do Uso de Substâncias e Mal Formações Fetais (Medicina Fetal). A equipe multiprofissional é composta por médicos (ginecologistas e obstetras, endocrinologistas, geneticista, clínicos e médicos residentes); psicólogas; enfermeira; técnicas de enfermagem; nutricionista; fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Atende gestantes da cidade de Porto Alegre, região Metropolitana e interior. As pacientes são encaminhadas da rede de atenção básica de saúde, que tem como referência este hospital e as consultas são pré-agendadas pelo GERCON/ PROCEMPA (Sistema de Gerenciamento de Consulta). A proposta deste trabalho é prestar atendimento conjunto de nutrição e terapia ocupacional às gestantes do Programa de Diabete Mellitus, atendidas no ambulatório. O atendimento conjunto é realizado pelas profissionais de forma individualizada a cada paciente que apresente uma dificuldade maior na manutenção do seu tratamento e no seu autocuidado, o que pode colocar a sua saúde e a do bebê em risco. Os encaminhamentos para este atendimento, é realizado pela equipe multiprofissional do ambulatório a partir da discussão de casos ou pela necessidade identificada pelas próprias profissionais durante os atendimentos. Este trabalho tem como destaque a busca do entendimento e conscientização da importância da mudança e reorganização das rotinas alimentares e de vida diária, entendendo que a terapia nutricional e o engajamento da gestante no cuidado são ações que estão inseridas na principal estratégia de tratamento deste pré-natal. Resultado: Com este trabalho busca-se: A contribuição para o bem-estar materno e principalmente fetal; A conscientização e entendimento da paciente sobre o processo da patologia e a busca pelo cuidado; - A corresponsabilidade na realização do tratamento e modificação de hábitos alimentares; A reorganização das rotinas diárias para o fortalecimento do autocuidado e a busca de hábitos mais saudáveis; O resgate da qualidade de vida da paciente e consequentemente, de sua família. Considerações Nesta abordagem terapêutica é estimulada a troca de saberes, onde a valorização do conhecimento e o respeito à singularidade de cada paciente é utilizada como ferramenta para o fortalecimento do vínculo paciente-terapeutas, favorecendo o autocuidado. Observou-se nos acompanhamentos, através dos relatos das pacientes, um olhar mais crítico frente ao seu entendimento de saúde e doença e o engajamento no cuidado, bem como, relatos de mudanças de hábitos alimentares e de rotinas diárias atingindo também o seu círculo de relacionamentos. |
6683 | A INFLUÊNCIA DA ENFERMAGEM E DA NUTRIÇÃO NO TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS GESTACIONAL IASMIM IANNE SOUSA TAVARES, Sandy Ianka Lima e Silva, Priscilla Maia Ferreira, Alódia Brasil A INFLUÊNCIA DA ENFERMAGEM E DA NUTRIÇÃO NO TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS GESTACIONALAutores: IASMIM IANNE SOUSA TAVARES, Sandy Ianka Lima e Silva, Priscilla Maia Ferreira, Alódia Brasil
Apresentação: A diabetes Mellitus gestacional (DMG) ocorre no início ou durante o período da gestação, é desenvolvida pela intolerância a carboidratos, cujo diagnóstico tenha sido feito gestação atual e pode incluir pacientes com características clínicas de Diabetes Mellitus (DM) tipo 1 ou tipo 2, levando à hiperglicemia. O aparecimento dessa patologia também pode ser explicado pela elevação de hormônios contrarreguladores da insulina, pelo estresse fisiológico imposto pela gravidez e a fatores predeterminantes (genéticos ou ambientais). Diante disso, este trabalho tem por objetivo discutir como a enfermagem e a nutrição podem oferecer contribuições para o tratamento da DMG, buscando a interdependência entre as duas profissões, tanto no pré-natal quanto no atendimento pós-parto. Desenvolvimento: O trabalho foi realizado por intermédio da análise bibliográfica com a utilização dos descritores: equipe multiprofissional de saúde, diabetes gestacional, assistência de enfermagem e nutrição. As bases de dados escolhidas foram SciELO e Google Acadêmico, com a seleção de 8 artigos datados entre 2010 e 2017 e restrição de idioma ao português. Resultado: A gestação é um período em que ocorrem diversas mudanças no corpo da gravídica, e quando combinadas, podem desencadear o DMG. É possível observar a associação desta doença com outras patologias, a exemplo da hipertensão arterial sistêmica, anemia e a infecção urinária, gerando uma série de complicações para a gestante e para o feto, tais como amniorrexe prematura, o descolamento prematuro da placenta e a macrossomia fetal. Diante disso, é necessária o acompanhamento com o enfermeiro e com o nutricionista, visando realizar o tratamento de imediato e a prevenção contra os riscos que essa gestante possa ter, evitando também a possibilidade de malformações congênitas para o feto. O cuidado do enfermeiro se faz importante em todo o estado gestacional da mulher, pois através desses cuidados é feita uma avaliação integralizada desde a anamnese até o cuidado assistencial, visando também a parte emocional da gestante, que se torna mais vulnerável, propiciando o surgimento de outras patologias associadas. Aliada aos apoio terapêutico da equipe de enfermagem, a terapia nutricional é a primeira opção de tratamento escolhido pelos nutricionistas para a maioria das gestantes com DGM. Ela evita o ganho excessivo de peso pelas gestantes, além de gerar menor taxa de macrossomia fetal e de complicações perinatais, O cálculo de calorias da dieta e do ganho de peso durante a gestação é baseado no peso ideal pré-gestacional das mulheres. A dieta prescrita deve conter 30 kcal por kg de peso ideal. Para alcançar o valor calórico total, é necessário ter 45% de carboidratos, de 15% a 20% de proteínas e 30% até 40% de lipídios. Considerações finais: Isto posto, considera-se que o propósito deste trabalho de debater sobres as colaborações da enfermagem e nutrição no atendimento a mulheres gravídicas com DGM foi alcançado, pois a união entre as duas profissões faz-se primordial para um tratamento de excelência para as que apresentam DGM, pois difundem um tratamento completo, buscando melhorar a alimentação da gestante e oferecer atendimento especializado. |
7453 | FATORES SOCIOECONÔMICOS, CULTURAIS E EMOCIONAIS RELACIONADOS A HIPERTENSÃO GESTACIONAL: UM ESTUDO DA TRAJETÓRIA DE VIDA DE PORTADORAS OU PREDISPOSTAS A DOENÇA ATENDIDAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE EM EIRUNEPÉ/AM Antônia Evilannia Cavalcante Maciel, Samia Feitosa Miguez FATORES SOCIOECONÔMICOS, CULTURAIS E EMOCIONAIS RELACIONADOS A HIPERTENSÃO GESTACIONAL: UM ESTUDO DA TRAJETÓRIA DE VIDA DE PORTADORAS OU PREDISPOSTAS A DOENÇA ATENDIDAS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE EM EIRUNEPÉ/AMAutores: Antônia Evilannia Cavalcante Maciel, Samia Feitosa Miguez
Apresentação: No Brasil, a hipertensão arterial é a causa de morte materna mais frequente, responsável por 23% das mortes maternas diretas. Em Eirunepé os casos de hipertensão e síndromes hipertensivas na gestação vem aumentando significativamente e elevando o índice de morbidades e mortalidade materno fetal. Objetivo: Relatar a trajetória gestacional de predispostas e/ou portadoras de hipertensão gestacional, identificando os fatores socioeconômicos, culturais e emocionais que contribuem para o aumento dos casos em gestantes atendidas na Unidade Básica de Saúde (UBS) Ponce de Leão no Município de Eirunepé (AM). Desenvolvimento: Trata-se de um estudo etnográfico do qual buscou relatar o percurso gestacional de mulheres portadoras ou predispostas a desenvolver hipertensão gestacional, que realizam acompanhamento pré-natal na UBS Ponce de Leão, bairro de Nossa Senhora de Fátima, Eirunepé (AM). Foi realizado a análise do perfil socioeconômico e emocional das mulheres entrevistadas, evidenciando tais fatores que contribuem para a evolução do quadro de Síndromes Hipertensiva da Gravidez. A modalidade de investigação do estudo foi baseada na coleta de dados em campo, considerando a observação-participante e a entrevista como técnicas de pesquisa, mediante uso de caderneta de campo, registro fotográfico, acompanhamento ao pré-natal, visita domiciliar e trajeto traçado pelas gestantes de sua residência até a UBS. As gestantes participantes da pesquisa foram selecionadas por meio de amostragem sistemática, as mesmas apresentavam quadro de hipertensão ou predisposição. Resultado: A análise observacional e das entrevistas demonstraram que das mulheres que participaram da pesquisa, a maioria apresentou situação socioeconômica marcada pela baixa renda familiar e escolaridade com persistência de desigualdades sociais e regionais, situações que geram vulnerabilidades e comprometem o exercício dos direitos reprodutivos, elevando o aumento da mortalidade maternofetal. Das dificuldades enfrentadas ao acesso a saúde tem-se a falta de saneamento e pavimentação na cidade que dificulta a fluência até a UBS e a falta de programa voltados assistência ao pré-natal de qualidade e de alto risco. No que diz respeito aos fatores emocionais 5 das entrevistadas afirmaram sentir ansiedade, estresse e medo devido ao quadro clínico e aliado aos aspectos sociais, sugerem diferenças importantes que podem estar atuando no desenvolvimento do quadro hipertensivo na gravidez. Considerações finais: Portanto a pesquisa demonstrou que os fatores socioeconômico, cultural e emocional interferem na trajetória gestacional e fisiológica, elevando o risco do acometimento por Síndromes Hipertensivas na Gravidez, gerando morbidades como a cronificação pós-gestacional e aumento nas taxas de mortalidade do binômio. |
7558 | FATORES DE RISCO MATERNO PARA DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA GESTACIONAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Roberta de Oliveira Ferreira, Tiago de Oliveira Souza FATORES DE RISCO MATERNO PARA DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA GESTACIONAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURAAutores: Roberta de Oliveira Ferreira, Tiago de Oliveira Souza
Apresentação: Um exemplo dos riscos maternos-fetais de alta relevância, os quais podem acarretar vários malefícios a saúde de gestantes, é a Síndrome Hipertensiva Gestacional (SHG). Apesar de a SHG ser uma patologia perfeitamente previsível do ciclo grávido puerperal, suas elevadas complicações maternas e perinatais ainda persistem nos países subdesenvolvidos, entre os quais o Brasil está inserido. Obesidade, hipertensão crônica, diabetes, alimentação inadequada e sedentarismo são fatores de risco detectáveis na pré-concepção. Logo, analisar estes fatores de risco é imprescindível, vez que, a partir deles podemos orientar os profissionais da saúde para prevenção e diagnóstico precoce e colaborar para a educação em saúde da população. Objetivo: Realizar uma revisão integrativa de publicações de artigos que tratam acerca da Síndrome Hipertensiva da Gestação e os fatores de risco relacionados. Método: Trata-se de um estudo de revisão integrativa. A busca de dados ocorreu em outubro de 2019. A revisão foi realizada a partir das bases de dados eletrônicos da Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Literatura Internacional em Ciências da Saúde, Centro Nacional de Informação de Ciências Médicas de Cuba, Base de Dados em Enfermagem e Instituto Brasileiro de Ensino em Ciências da Saúde consultadas por meio do site da Biblioteca Virtual em Saúde, da Biblioteca Regional de Medicina. Resultado: Os resultados encontrados nas análises realizadas na literatura demonstraram que, ter uma baixa condição socioeconômica não é um fator de risco para ocorrência da SGH. Na pesquisa, também foi possível identificar correlação entre obesidade como fator de risco para ocorrência da SHG. Entretanto, a obesidade não foi identificada como fator de risco independente em alguns estudos, mas sim associado à raça. Outro fator de risco para ocorrência de pré-eclâmpsia (PE) é ser da raça não branca independentemente dos fatores idade, pré-eclâmpsia prévia, obesidade e paridade. Foi possível observar, em uma das pesquisas analisadas, que uma história pessoal de PE está associada a uma nova ocorrência de PE em gestação posterior. É importante ressaltar que quando o parto é cesariano, o risco para complicações maternas aumenta especialmente em gestantes com PE grave. Tal fator corrobora com a elevação das chances de manifestações hemorrágicas, infecções, picos hipertensivos e maior duração do tempo de hospitalização. Considerações: Com base nos achados das análises realizadas no presente estudo, é perceptível a importância da realização de um pré-natal de qualidade e de que as gestantes de risco sejam identificadas precocemente, garantindo um atendimento especializado adequado capaz de promover saúde e evitar possíveis complicações. Nesse cenário, a equipe multiprofissional desempenha um papel fundamental na classificação, identificação e cuidado de gestantes com SHG, possibilitando, assim, a promoção e prevenção na saúde destas clientes, evitando morbimortalidade, desfechos desfavoráveis e garantindo o melhor gerenciamento clínico da doença. |
7774 | ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTE COM ANENCEFALIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Ana Paula Rezendes de Oliveira, Alexandre Aguiar Pereira, Dulcilene Ferreira Melo, Eliene do Socorro Da Silva Santos, Gracileide Maia Correa, Luene Barros Gonçalves, Talita Barros Martins ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTE COM ANENCEFALIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Ana Paula Rezendes de Oliveira, Alexandre Aguiar Pereira, Dulcilene Ferreira Melo, Eliene do Socorro Da Silva Santos, Gracileide Maia Correa, Luene Barros Gonçalves, Talita Barros Martins
Apresentação: A anencefalia é uma das malformações mais comuns do tubo neural, e resulta na falha do seu fechamento entre a terceira e a quarta semanas de gestação (entre o 23º e 26º dia), resultando na ausência total ou parcial da calota craniana (crânio e couro cabeludo) e do cérebro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país que detém a quarta maior incidência da anencefalia no mundo, depois do Chile, México e Paraguai. Apesar de existirem relatos de casos de sobrevivência por meses e até anos, a observação empírica demonstra que grande parte desses casos tem óbito intraútero e os que sobrevivem ao parto, em geral, não chegam a 48 horas de vida. O diagnóstico de malformação fetal pode ter grande impacto na autoestima dos genitores, que podem sentir-se “defeituosos” ou incapazes de gerar um filho saudável, e o sentimento de culpa e responsabilização pela malformação é bastante comum. O diagnóstico de malformação congênita incompatível com a vida, como a anencefalia, acentua sentimentos de ambiguidade da gestação saudável, com predomínio de pensamentos negativos do casal, sobretudo da mãe. É fundamental o conhecimento da equipe médica quanto ao diagnóstico pré-natal de anencefalia, das disposições legais e, sobretudo, da importância do acompanhamento psicológico do casal, desde o diagnóstico até alguns meses após o nascimento ou interrupção. A atitude acolhedora e neutra dos profissionais de saúde e o apoio de toda a equipe multiprofissional permitem que o casal tome a decisão de acordo com suas convicções e elaborem o luto advindo dela. A escolha é pessoal e deve ser respeitada pelos profissionais. Nesse contexto, a equipe de enfermagem ganha destaque, por ser composta de profissionais que estão em contato frequente com os pacientes e ser responsável pela visita diária, por repassar orientações importantes e sanar dúvidas de seu cliente, além de manter um elo fundamental entre o paciente e demais membros da equipe multidisciplinar. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado por três acadêmicas de enfermagem e um preceptor, durante o desenvolvimento das atividades práticas da disciplina Enfermagem Obstétrica, do curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Cosmopolita. O local do estudo foi uma Maternidade Pública de referência na cidade de Belém do Pará, no mês de outubro de 2019. Para desenvolver o relato de experiência, selecionou-se um caso de forma aleatória, consultou-se o prontuário para conhecimento clínico aprofundado e, assim, realizou-se a abordagem correta da paciente. Os dados coletados no prontuário foram discutidos previamente e posteriormente realizou-se a visita diária de enfermagem. O caso escolhido se tratava de uma mulher grávida, G4P2(N)A1, 32 anos, pescadora, católica, em união estável, proveniente do município de Barcarena (PA), em seu 2° dia de internação na enfermaria de patologia obstétrica, idade gestacional pela ultrassonografia (10/08/2019 com 21 semanas e 02 dias) igual a 31 semanas e 02 dias. No momento, encontrava-se consciente, orientada, normotensa, normocorada, eupneica. Ao exame físico: pele e mucosas normocoradas, tórax simétrico, mamas com produção láctea, abdômen grávido, normotenso, ausculta de BCF evitado, sem relato de perdas vaginais, toque vaginal evitado, presença de acesso venoso periférico em MSD, sem alterações, ausência de edemas em MMII. Estava em uso da 2ª dose de prostokos (misoprostol), medicação utilizada para dilatação do colo uterino, uma vez que tanto a paciente quando seu parceiro optou pela internação e indução do parto. Recebia acompanhamento multiprofissional, incluindo da psicologia. Resultado: Durante a visita de enfermagem, buscou-se identificar os principais pontos de fragilidade e as dúvidas da paciente, para que se pudesse conduzir da melhor maneira o caso. Foi relatado pela gestante que no mês de agosto de 2019 a ultrassonografia de rotina do pré-natal apontou acrania do feto e que, por esta razão, ela foi encaminhada para o pré-natal de alto risco, na Capital. Dois meses depois, uma nova ultrassonografia realizada diagnosticou anencefalia e após orientação dos profissionais, optou-se pela internação para indução do parto. Observou-se, assim, que a paciente estava ciente de seu caso e orientada dos procedimentos realizados, apesar de mostrar-se entristecida, verbalizar sentimentos negativos e evitar o contato visual direto. Após a visita, as acadêmicas e preceptor sentaram-se para discutir o caso e foram elencados os seguintes diagnósticos de enfermagem: Pesar, caracterizado por sofrimento psicológico e encontrar sentido na perda, relacionado à anencefalia e evidenciado por verbalização da cliente durante a consulta de enfermagem; Paternidade ou maternidade prejudicada, caracterizada pela falha em desenvolver-se, evidenciado pelo diagnóstico clínico de anencefalia. Assim, planejou-se a seguintes intervenções de enfermagem: aconselhamento, apoio emocional e familiar, escuta sensível, melhora do enfrentamento e da capacidade de resiliência, identificação de riscos e melhora da autoestima. Considerações finais: Conclui-se que o profissional de enfermagem possui um papel de suma importância nesse caso, já que, rotineiramente, é aquele que inicia, fortalece e mantém o vínculo com a paciente em todo processo de internação. Mediante esse papel de provedor do cuidado, o mesmo deve durante a visita de enfermagem realizar um atendimento sistematizado e holístico, sempre levando em consideração o contexto social, cultural e econômico de seu cliente. Diante dessa experiência, percebeu-se que muito além de conhecimentos teóricos e práticos, a enfermagem deve direcionar sua assistência de maneira integral, isto é, olhar para além do biológico, mas também para as dimensões emocionais, sociais e espirituais que circundam seu paciente, possibilitando transformar fragilidades em potencialidades. Dessa forma, a práxis humanizada e os pensamentos reflexivos referentes à qualidade da assistência de enfermagem foram contemplados na prática acadêmica e espera-se que o conhecimento adquirido pelas acadêmicas possa repercutir em sua atuação profissional, estimulando maior qualificação da enfermagem como ciência na área da saúde, além de promover a mudança de condutas que busquem atender todas as demandas do paciente. |
9087 | ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTE GRÁVIDA COM LESÃO MEDULAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA Iasmim Silva Dias, Alessandra Carla Ferreira, Ana Paula Lobato Silva, Evelyn Nicoly Ferreira Furtado, Samily Guimarães Rocha, Samir Felipe Barros Amoras, Victoria Caroliny Nascimento Leal, Lais Gadelha Oliveira ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTE GRÁVIDA COM LESÃO MEDULAR: RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Iasmim Silva Dias, Alessandra Carla Ferreira, Ana Paula Lobato Silva, Evelyn Nicoly Ferreira Furtado, Samily Guimarães Rocha, Samir Felipe Barros Amoras, Victoria Caroliny Nascimento Leal, Lais Gadelha Oliveira
Apresentação: A lesão medular é na maioria das vezes resultante de algum trauma, mas pode também está associada a doenças congênitas e/ou degenerativa. Pode ser entendida pelo bloqueio parcial ou total de sinal neurológico dado através da medula espinhal e o cérebro podendo resultar em paralisia e ausência de sensibilidade, acometendo do nível da lesão para baixo e resultando em complicações urinárias, calculose renal, anemia, úlceras de decúbito, espasmos musculares, sepses, hiperatividade uterina, e a hiperreflexia autonômica. A lesão medular na mulher geralmente não está associada a nenhuma alteração hormonal ou ginecológica que impossibilite a gravidez. No entanto, pode levar a problemas secundários de origem física, fisiológica, psicossocial ou à exacerbação de problemas pré-existentes que podem interferir com a gestação, parto e pós-parto. A mulher com trauma medular espinhal (TME), tem a capacidade reprodutiva conservada, entretanto após o trauma, descreve-se um período denominado choque medular, no qual ocorre amenorreia, esta fase na literatura é apresentada com variação de um a seis meses impossibilitando a gravidez logo após o trauma, mas ao termino deste período, a mulher retorna as condições para uma gravidez. Considera-se que o Processo de Enfermagem (PE) é a metodologia utilizada para planejar, implementar e avaliar o cuidado, sendo essencial ao trabalho do enfermeiro. Regulamentou-se o PE pela Resolução 358/2009, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), segundo a qual ele deve ser realizado, de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes onde ocorre a assistência de Enfermagem. As mulheres com lesões na medula espinhal, não são diferenciadas na assistência, porém necessitam de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar de saúde, buscando melhores cuidados a estas doentes e assim, serem capazes de levar uma gravidez a termo. A gestação normal inspira cuidados preventivos para garantir a boa saúde materno-infantil, porém quando considerada com trauma da medula espinhal (TME), os cuidados devem contemplar os fatores de interferência que o (TME) pode exercer sobre a gestação. Diante de uma deficiência permanente, faz-se necessário planejar a assistência a ser prestada de forma a atender não só os objetivos dos profissionais, mas também as expectativas biopsicossociais da pessoa que receberá o cuidado, assim como a sua família. Objetivo: Relatar a experiência da assistência de enfermagem prestada a paciente com lesão medular em uma maternidade de referência em Belém. Descrição da Experiência: A experiência foi vivenciada por acadêmicos de enfermagem do 6° semestre da Universidade da Amazônia, no mês de novembro de 2019, durante um estágio supervisionado relacionado a disciplina Cuidado Integral à Saúde da Mulher, as discentes puderam observar as rotinas de como é feito os cuidados as mulheres gestantes. Durante a assistência as pacientes grávidas eram acompanhadas por uma equipe multiprofissional de saúde principalmente por enfermeiros, no qual chamou a atenção o caso de uma mulher aproximadamente 28 anos, multigesta e estava na 24ª semana de gestação e sofria de uma lesão medular, os cuidados eram feitos rotineiramente e dentre as implementações de enfermagem estavam as mudanças de decúbito para se prevenir as lesões por pressão que é comum nesses casos, conjectura-se a importância de um pré natal adequado para uma melhor qualidade de vida dessas mulheres pois há complicações como: infecções de trato urinário, intestinos neurogênicos, anemia e parto prematuro. É fundamental importância o conhecimento, não apenas no aspecto de vida, mas nas dificuldades dos portadores de lesão medular principalmente em gestantes. Ressaltando o acompanhamento das lesionadas medulares grávidas por uma equipe multidisciplinar especializada envolvendo obstetra, fisiatra, anestesista, enfermeiros, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistentes socias entre outros, para que haja o reconhecimento e tratamento das intercorrências que possam surgir, possibilitando uma gravidez segura. Resultado: Compreende-se que, a lesão medular é uma das principais causas de morte muito comum em adultos jovens nos últimos anos, um evento lamentável de um possível descuido, irresponsabilidade e que pode levar a consequências gravíssimas. A importância da presença do enfermeiro ao paciente com lesão medular é fundamental pois é a enfermagem que permanece a maior parte do tempo ao lado desse paciente e conhece as suas rotinas diárias, porém umas das principais complicações que podem ocorrer no pós-trauma medular são a hipotensão ortostática e postural, as alterações gastrintestinais, cardiorrespiratórias, neurossensoriais e térmicos, possíveis infecções, lesão por pressão entre outras. Nessa experiência vivenciada verificou-se a necessidade de mais conhecimentos sobre as lesões medulares em pacientes grávidas objetivando uma melhor qualidade de vida no enfretamento das dificuldades com pacientes de lesões medulares, no que tange a formação dos profissionais de enfermagem seria essencial na graduação melhorar os conhecimentos voltados a prevenção, promoção, recuperação e reabilitação de saúde. Sabendo que a Enfermagem é uma profissão fundamentada num corpo de conhecimento técnico científico e é indispensável nas necessidades dos cuidados aos pacientes com lesões medulares. Considerações finais: A lesão medular pode ser entendida pelo bloqueio parcial ou total de sinal neurológico dado através da medula espinhal e o cérebro podendo resultar em paralisia e ausência de sensibilidade, acometendo do nível da lesão para baixo. Resultando complicações urinárias, calculose renal, anemia, úlceras de decúbito, espasmos musculares, sepses, hiperatividade uterina, e a hiperreflexia autonômica. Na gestação, estas mulheres deverão ser acompanhadas em um hospital de referência, onde encontram-se uma equipe de saúde que englobe diferentes especialidades médicas e diferentes técnicos, para uma melhor assistência e cuidados especializados durante toda a gravidez, parto e puerpério para que tudo transcorra de segura tanto para a mãe quanto para o recém nascido. Nesse enfoque, nota-se a importância de um cuidado mais humanizado as grávidas com lesões medulares necessitando de um plano de cuidado apropriado para essas gestantes, utilizando recursos que possam aprimorar a assistência prestada melhorando assim a qualidade de vida dessas pacientes. |
9664 | SÍFILIS CONGÊNITA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA Maria Catarina Salvador da Motta, Nayane Batista Neves SÍFILIS CONGÊNITA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICAAutores: Maria Catarina Salvador da Motta, Nayane Batista Neves
Apresentação: A Sífilis é uma doença milenar que vem prevalecendo sobre todas as tentativas de sua eliminação. E ao acometer a gestante, pode-se obter como desfecho a sífilis congênita, cujas complicações são: aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, comprometimento do sistema nervoso central, deficiência mental e/ou morte ao nascer. Objetivo: Analisar os possíveis fatores dificultadores de uma assistência eficiente na prevenção de sífilis materna e congênita no âmbito da atenção básica. Desenvolvimento: trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, elaborado com o intuito de agrupar e sintetizar achados de estudos realizados, com a finalidade de contribuir para o aprofundamento do conhecimento relativo ao tema investigado. Buscaram-se artigos nos seguintes bancos de dados: Biblioteca Virtual em Saúde, Lilacs e Scielo e como recorte temporal, determinou-se o período de 2008 a 2019. Em relação aos critérios de inclusão, foram selecionados: artigos com texto completo disponível, idioma em português, espanhol e inglês, que abordassem o tema proposto. Os critérios de exclusão foram: editoriais, artigos repetidos, teses, dissertações e produtos de blogs. E assim, obtiveram-se o total de 110 artigos identificados, após aplicação dos filtros, 30 artigos foram selecionados, depois da seleção obtiveram-se 16 artigos para leitura dos resumos e, desses, 14 foram selecionados para leitura na íntegra. E após essa etapa restaram 10 artigos como amostra final para elaboração da síntese. Foi formulado a questão: Quais são os achados da literatura, no período de 2008 a 2019, que discursam sobre a sífilis congênita no âmbito da saúde pública e possíveis estratégias para sua redução? Resultado: Ao começar a busca nos bancos de dados, foi possível notar que grande parte das mulheres tinham baixa escolaridade e renda, o que engloba uma série de fatores limitantes no processo saúde-doença como o acesso restrito aos serviços de saúde, capacidade limitada no conhecimento de práticas de saúde e de fatores de risco. Os problemas que fragilizam a prevenção da Sífilis Congênita estão intimamente relacionados à assistência pré-natal e são estes: ausência da realização e atraso na entrega dos exames; abandono de pré-natal; falta de captação e resgate das gestantes faltosas; dificuldade no manejo da infecção por parte dos profissionais; dificuldade na captação e tratamento do parceira e falta de seguimento das mães e crianças após o parto. Considerações finais: De um modo geral, os resultados dos estudos apontam para a magnitude do problema da Sífilis Congênita e para a importância de maiores investimentos e estratégias que visem uma assistência pré-natal e neonatal de qualidade e eficiente, considerando que, a prevenção consiste no manejo adequado da infecção na gestante e no recém nascido. |
10068 | CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS GESTACIONAL NA REGIÃO NORTE DO BRASIL NO PERÍODO DE 2013 A 2017 Emanuele Menezes, Anna Keylla da Silva dos Santos, Laylla Ribeiro Macedo, Felipe Guimarães Tavares, Patricia dos Santos Augusto, Viviane Barros de Lima CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS GESTACIONAL NA REGIÃO NORTE DO BRASIL NO PERÍODO DE 2013 A 2017Autores: Emanuele Menezes, Anna Keylla da Silva dos Santos, Laylla Ribeiro Macedo, Felipe Guimarães Tavares, Patricia dos Santos Augusto, Viviane Barros de Lima
Apresentação: O conhecimento sistemático da epidemiologia da sífilis na região norte do Brasil é de grande importância para a saúde pública do país. Sendo assim obter informações acerca do cenário da sífilis gestacional torna-se um instrumento eficaz para embasar a tomada de decisão de gestores, profissionais de saúde, docentes e população geral, por meio do acesso a esses dados. Este trabalho tem como objetivo geral avaliar a incidência de sífilis gestacional na região norte do Brasil no período de 2013 a 2017 e como objetivo específico analisar as variáveis de vulnerabilidade intrínsecas a população estudada. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal, realizado a partir das notificações de sífilis gestacional na região norte do Brasil, no período de 2013 a 2017. Foram utilizados os bancos de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) tais como: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Resultado: No Norte do Brasil, identificou-se através das notificações do SINAN no período de 2013 a 2017, uma variação na taxa de incidência, sendo esta de 7,2 casos por 1000 nascidos vivos (NV) em 2013 e de 17,1 casos notificados por 1000 NV em 2017. Observou-se uma proporção de 66,58% dos indivíduos na faixa etária entre 20-39 anos no período de 2013 a 2017. Além disso, destaca-se a baixa escolaridade na população estudada, haja vista que no período de 2013 a 2017 apenas 33,02% do grupo de gestantes diagnosticadas com sífilis concluíram o ensino fundamental. Considerações finais: O estudo sugere uma forte vulnerabilidade intrínseca aos casos notificados de sífilis na gestação na região Norte, principalmente no que se refere a escolaridade. Apesar de todos os esforços do Ministério da Saúde para diminuir o número de casos de sífilis gestacional no Brasil, observa-se, por meio dos dados analisados, que ainda, há um longo caminho a ser percorrido a fim de se alcançar a meta nacional de controle desse importante agravo à saúde pública que é diminuir para menos de 0,5 a taxa de incidência para cada 1000 nascidos vivos. |
10356 | AS SINGULARIDADES DE UMA NOVA GESTAÇÃO APÓS O NASCIMENTO DE BEBÊ MALFORMADO Ivia Santos de Carvalho, Cristiane Vanessa da Silva, Adriana Peixoto da Silva, Fernanda Rodrigues Chaves Morais AS SINGULARIDADES DE UMA NOVA GESTAÇÃO APÓS O NASCIMENTO DE BEBÊ MALFORMADOAutores: Ivia Santos de Carvalho, Cristiane Vanessa da Silva, Adriana Peixoto da Silva, Fernanda Rodrigues Chaves Morais
Apresentação: A maioria dos casais sonham e idealizam o nascimento de um filho perfeito, constituindo-se um evento socialmente esperado. Com a experiência prévia de uma malformação fetal, pode ocorrer a descontinuidade relacionada à idealização do bebê perfeito, e a associação com a recorrência da malformação, aflorando sentimentos negativos. Objetivo: Refletir acerca do contexto e das motivações que levam as mulheres a engravidar após o nascimento de um bebê malformado; discutir o papel do planejamento reprodutivo e suas contribuições no empoderamento feminino diante de uma nova gestação após o nascimento de um bebê malformado. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, apoiada no método de narrativa de vida. Foram realizadas entrevistas narrativas abertas com 10 mulheres, que decidiram engravidar após ter parido um bebê com malformação. O cenário foi um hospital público terciário referência em alto risco fetal no Rio de Janeiro-RJ. A pesquisa foi aprovada pelo CAAE: 02941318.1.0000.5269. Os dados sofreram análise temática. Resultado: A análise revelou que a gestação de um novo ser após o nascimento de um bebê malformado é permeada por um misto de sentimentos, inseguranças e incertezas, porém o sonho de maternar e não somente gestar e parir, impulsionou essas mulheres a tentar novamente. O apoio do parceiro, da família e a espiritualidade foi um acalento nos momentos de aflição. O planejamento reprodutivo dessas mulheres foi inadequado, trazendo a oportunidade de colocar em discussão a relevância do planejamento reprodutivo, uma questão tão peculiar na vida da mulher e sua família. Considerações finais: As mulheres que engravidam após o nascimento de um bebê malformado, não recebem apoio institucional para a concepção. Embora sonhem com a gravidez de um bebê saudável, a gravidez ocorre de forma não planejada, cerceada pelo medo e insegurança. Faz-se necessário investimentos em habilidades de comunicação e estratégias motivacionais no cuidado a essas mulheres para que as mesmas engravidem seguras e em momento oportuno para realização de sua maternagem plena. |
11464 | A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA A GESTANTE DE FETO MALFORMADO: UMA REFLEXÃO A LUZ DA TEORIA DE BETTY NEUMAN Ivia de Carvalho, Cristiane Vanessa da Silva, Dibulo Ferreira Abrão, Thaís Cerqueira Carvalho A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA A GESTANTE DE FETO MALFORMADO: UMA REFLEXÃO A LUZ DA TEORIA DE BETTY NEUMANAutores: Ivia de Carvalho, Cristiane Vanessa da Silva, Dibulo Ferreira Abrão, Thaís Cerqueira Carvalho
Apresentação: Atualmente a humanização é central nas políticas públicas de saúde pois zela pela qualidade do cuidado e a satisfação do usuário com a assistência prestada. Esse conceito é primordial ao retratarmos o universo das gestantes, especialmente, aquelas que carregam em seu ventre um bebê com malformação. As mortes por malformações congênitas correspondem ao segundo lugar na classificação das causas de mortalidade infantil no Brasil, além de representar um alto índice de morbidade, gerando complicações clínicas, intercorrências e um alto índice de internações. Receber a notícia de estar gerando um bebê diferente do idealizado e imaginado por toda família, gera angustias, medo e tensões para gestante, assim como pode decorrer em uma desestruturação familiar devido a incapacidade de se adaptarem as tensões emocionais, econômicas e sociais colocadas pela nova realidade. Nesse estudo buscamos, a partir da teoria dos sistemas de Betty Neuman, que aborda uma visão abrangente e dinâmica dos indivíduos submetidos a ambientes estressores, compreender as repercussões do diagnóstico de malformação fetal na vida das gestantes, tendo como objetivo específico: utilizar uma teoria holística de enfermagem para qualificar os cuidados prestados a mulheres com gestação de fetos malformados. Trata- se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. A previsão é realizar entrevista semiestruturada com dez gestantes de fetos malformados que se encontram internadas em uma maternidade referência para risco fetal do município do Rio de Janeiro durante os meses de abril a setembro de 2020, após devida aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição cenário do estudo. Os dados serão gravados, transcritos e analisados tematicamente. Os preceitos éticos serão respeitados. Esperamos promover impactos positivos na assistência de enfermagem às gestantes de fetos malformados, respeitando suas singularidades e especificidades, incentivando o uso de teorias de enfermagem que nos ensinem a conduzir uma assistência pautada na cientificidade com promoção da qualidade no cuidado e satisfação do usuário, afim de garantir a humanização dos serviços. Ouvir os questionamentos dessas mulheres e processar as informações obtidas tendo como base uma teoria que alude a integralidade do indivíduo nos tornará aptos a um cuidado humanizado e totalitário. |
11898 | MUDANÇAS NA IMAGEM CORPORAL E SUA RELAÇÃO COM IMC PRÉ-GESTACIONAL EM GESTANTES ATENDIDAS PELO SISTEMA ÚNICO DE ÚNICO DE SAÚDE – SUS Thayná Letícia de Almeida Sousa, Açucena Cardoso Vilas Boas, Maria Luiza Prado Sant'Anna, Lílian Gonçalves Teixeira MUDANÇAS NA IMAGEM CORPORAL E SUA RELAÇÃO COM IMC PRÉ-GESTACIONAL EM GESTANTES ATENDIDAS PELO SISTEMA ÚNICO DE ÚNICO DE SAÚDE – SUSAutores: Thayná Letícia de Almeida Sousa, Açucena Cardoso Vilas Boas, Maria Luiza Prado Sant'Anna, Lílian Gonçalves Teixeira
Apresentação: Durante o período gestacional, em torno de 40 semanas, as mulheres passam por grandes mudanças físicas, psicológicas, metabólicas e corporais. Dentre as mudanças corporais, destaca-se o aumento do peso. O ganho de peso adequado na gestação possibilita o desenvolvimento saudável do feto e é baseado nas recomendações do Institute of Medicine - IOM, que leva em consideração o Índice de Massa Corporal - IMC pré-gestacional da mulher. Estima-se que apenas 40% das mulheres ganham peso dentro das diretrizes. A imagem corporal é descrita como um componente da percepção que um indivíduo tem sobre o seu corpo e suas atitudes, crenças, sentimentos e emoções decorrentes da mesma. Em gestantes, a imagem corporal é descrita como um fator que influencia o ganho de peso gestacional. No entanto, o papel do IMC pré-gestacional sobre a imagem corporal ainda não foi esclarecido. O objetivo desse trabalho foi explorar possíveis relações entre o IMC pré-gestacional materno e a imagem corporal durante a gestação. Método: Esse estudo faz parte de um projeto maior em andamento, denominado CAGESLACT – Avaliação do Estado Nutricional e Comportamento Alimentar nas fases de gestação, lactação e introdução alimentar, sendo este longitudinal e prospectivo. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade (CAAE: 1 10989519.5.0000.5148) e gestantes foram recrutadas nas salas de espera dos Centros de Saúde Pública do município de Lavras, de julho de 2019 a janeiro de 2020. Foram elegíveis aquelas com 18 anos ou mais, com gestação única durante o segundo e terceiro trimestre e capazes de responder os questionários. Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, as participantes foram entrevistadas para a coleta de dados sociodemográficos, clínicos e obstétricos, além de um questionário autoaplicado. O peso pré-gestacional e gestacional foram coletados do cartão da gestante, e a altura autorreferida. Para a classificação do IMC pré-gestacional foram adotados os pontos de corte da Organização Mundial da Saúde e para a classificação do IMC gestacional foi utilizada a tabela de Atalah. O questionário Body Shape Questionnaire – BSQ foi utilizado para avaliar a insatisfação com a imagem corporal, sendo um questionário com 34 perguntas marcadas em uma escala linkert de 6 pontos, variando de 0 (nunca) a 6 (sempre). O BSQ foi validado no Brasil por Di Pietro (2009) e se mostra útil para ser utilizado na população de gestantes. A soma de todos os itens marcados gera uma pontuação total que classifica a Insatisfação com a imagem corporal em Ausente - IA (≤110 pontos); Leve - IL (110≤138 pontos); Moderada - IM (138≤167 pontos) ou Grave – IG (167 pontos). O software EPIINFO versão 7.2 foi utilizado para digitação dos dados. Para as análises estatísticas, foi utilizado o software Statistical Pac Sciences (SPSS) versão 20 e para critérios de decisão estatística, adotou-se o nível de significância de 5%. A distribuição dos dados foi estudada pelo teste Shapiro-Wilks. Foram realizadas análises de frequência, a correlação de Sperman foi utilizada para verificar possíveis relações entre as variáveis e o test-t independente foi utilizado para analisar as diferenças de médias. Para o teste-t independente, as mulheres foram divididas em dois grupos: com excesso de peso (mulheres com sobrepeso e obesas) e sem excesso de peso (mulheres com baixo peso e eutróficas). Resultado: Das 107 mulheres gestantes que concordaram em participar da pesquisa, 93 responderam todo o questionário, com uma perda amostral de 13,1%. Dessas mulheres, 45% eram solteiras, 78,3% não planejaram a gravidez, 82,3% recebiam até 2 salários mínimos/mês, 30,8% se autodeclaram negras e 50,5%, pardas e apenas 10,2% concluíram a graduação. A idade média das voluntárias foi 27 anos (DP=6) e a idade gestacional média foi de 27,36 semanas (DP=7,66). As mulheres tiveram um IMC pré-gestacional médio de 25,68 kg/m² (DP=6,11), sendo 6,1% classificadas como baixo peso, 44,4% como eutróficas e 49,5% com excesso de peso. Quanto ao IMC gestacional, 49,5% foram classificadas como sobrepeso ou obesas, 34,3% com peso adequado e 16,2% como baixo peso. Destaca-se que até o momento da entrevista, 78% das mulheres possuíam ganho de peso fora das recomendações do IOM. Em relação à insatisfação com a imagem corporal antes da gravidez, 83,9% eram IA, 10,8% possuíam IL, 3,2% IM e 2,2% IG. Já durante a gestação, 87,1% eram IA, 9,7% possuíam IL, 2,2% IM e 1,1% IG. Antes da gestação, as mulheres com excesso de peso tiveram uma pontuação total média no BSQ de 85,96 pontos (DP=27,615) e as sem excesso de peso obtiveram média de 62,42 (DP=29,507). Durante a gestação, a pontuação média foi de 78,69 (DP=36,776) e 61,33 (DP=27,615), em mulheres com excesso de peso e sem excesso de peso, respectivamente. O test-t independente mostrou que, em média, as gestantes com excesso de peso antes da gestação apresentam maior preocupação com a imagem corporal durante a gravidez do que as gestantes sem excesso de peso (p 0,05). A correlação de Sperman mostrou que há uma correlação positiva e fraca entre IMC pré-gestacional e preocupação com a imagem corporal (r = 0,322; p 0,02). Considerações finais: Esses resultados sugerem que embora todas as mulheres analisadas melhorem a imagem corporal durante a gestação, as com excesso de peso possuem uma melhora mais evidente. Isso ocorre porque as mulheres com excesso de peso podem se sentir mais fortes e em forma pois o ganho de peso está associado ao crescimento de um bebê saudável, além de haver a crença de “comer por dois” nessa fase, fazendo com que o ganho de peso seja socialmente mais aceitável. Outro fator que pode contribuir é o fato de que essas mulheres, por já possuírem excesso de peso, não percebam grandes mudanças na forma física durante a gestação. No entanto, é importante destacar que mesmo que mulheres com excesso de peso melhorem a imagem corporal durante a gestação, quando comparadas com as que não possuem excesso de peso, elas continuam mais preocupadas com a forma física nessa fase. Diversos estudos relacionam a insatisfação corporal materna com o comportamento alimentar, intenção de amamentar, depressão pós-parto, ansiedade, ganho de peso, retenção de peso pós-parto e Obesidade infantil. Nesse sentido, destaca-se a necessidade da relação da mulher com seu próprio corpo ser um tópico de cuidado durante o pré-natal, principalmente entre mulheres com excesso de peso. Dentre as limitações desse estudo, destacam-se as medidas de peso pré-gestacional e altura autorreferidas que podem afetar o cálculo do IMC, no entanto, o uso de peso autorrelatado para calcular o IMC antes da gravidez é considerado uma prática aceitável na pesquisa. Além disso, essa população parece ter um baixo nível socioeconômico e baixa escolaridade. Alguns autores associam um nível socioecômico mais alto e maior escolaridade materna a maiores preocupações com a imagem corporal, destacando a necessidade de estudos também nessa população. Estudos futuros do nosso grupo objetivam pesquisar associações sobre a o estado nutricional, ganho de peso gestacional e imagem corporal durante e após a gestação, além de analisar diferenças entre gestantes atendidas pelos consultórios particulares e pelo Sistema Único de Saúde-SUS. |
12133 | A GESTAÇÃO MELHORA A CONSCIÊNCIA ALIMENTAR Thayná Letícia de Almeida Sousa, Açucena Cardoso Vilas Boas, Maria Luiza Prado Sant'Anna, Lílian Gonçalves Teixeira A GESTAÇÃO MELHORA A CONSCIÊNCIA ALIMENTARAutores: Thayná Letícia de Almeida Sousa, Açucena Cardoso Vilas Boas, Maria Luiza Prado Sant'Anna, Lílian Gonçalves Teixeira
Apresentação: Durante o período gestacional ocorrem diversas alterações físicas, hormonais, culturais e psicossociais, que podem afetar o comportamento alimentar das gestantes. O comportamento alimentar pode ser definido por um conjunto de cognições e afetos relacionados as condutas alimentares. Entre os múltiplos fatores envolvidos no contexto alimentar, destaca-se a consciência ao comer. O Mindful Eating é um termo utilizado para o comer consciente, ou seja, prestar atenção de forma particular, de propósito no momento presente e sem julgamentos. Essa prática tem como objetivo promover uma reconexão com o corpo e suas sensações físicas de fome e saciedade, e emocionais relacionadas à comida. Alguns estudos relacionam a consciência ao comer com manutenção de peso, ingestão calórica total diária adequada, bom controle glicêmico, menores sintomas depressivos e menores episódios de compulsão alimentar. Que seja do nosso conhecimento, em gestantes brasileiras, nunca foi estudado se esse aspecto do comportamento alimentar é alterado durante a gestação. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a consciência ao comer antes e durante a gestação. Método: Esse estudo faz parte de um projeto maior em andamento, denominado CAGESLACT – Avaliação do Estado Nutricional e Comportamento Alimentar nas fases de gestação, lactação e introdução alimentar, sendo este longitudinal e prospectivo. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade (CAAE: 1 10989519.5.0000.5148) e gestantes foram recrutadas nas consultas de pré-natal dos Centros de Saúde Pública do município de Lavras, no período entre julho de 2019 a fevereiro de 2020. Foram elegíveis aquelas com 18 anos ou mais, com gestação única e capazes de responder os questionários. Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, as participantes foram entrevistadas para a coleta de dados sociodemográficos, clínicos e obstétricos. O peso pré-gestacional e gestacional foram coletados do cartão da gestante e a altura autorreferida. Para a classificação do IMC pré-gestacional foram adotados os pontos de corte da Organização Mundial da Saúde e para a classificação do IMC gestacional foi utilizada a tabela de Atalah. O questionário Mindful Eating Questionnare – MEQ (autopreenchível) foi utilizado para avaliar a consciência ao comer, composto por 28 itens com 5 subescalas: desinibição (diz respeito ao ato de continuar comendo, mesmo quando satisfeito); consciência (se refere a consciência de como a comida aparenta, seu gosto, cheiro e demais características organolépticas); sinais externos (se estímulos e sugestões externas, como propagandas, afetam a alimentação); resposta emocional (se refere a alimentação em resposta de sentimentos como tristeza, estresse etc.) e distração (quando durante a refeição a atenção está voltada para outras situações e não à comida). Cada item é marcado numa escala linkert que varia de 1 (quase nunca/nunca) a 4 (quase sempre/sempre). As pontuações totais e de cada subescala são calculadas em escores. O software EPIINFO versão 7.2 foi utilizado para tabulação dos dados. Para as análises estatísticas, foi utilizado o software Statistical Pac Sciences (SPSS) versão 20 e foram realizados análise de frequência e teste t pareado. Resultado: Das 144 mulheres gestantes que concordaram em participar do estudo, 121 possuíam todos os dados completos, com perda amostral de 15,9%. Das mulheres, 43,3% eram solteiras, 31,7% eram casadas e 78,3% se autodeclaram negras ou pardas. Apenas 12,5% das participantes concluíram a graduação e 84,2% recebiam entre 1 a 2 salários mínimos. A idade gestacional média foi de 23,57 semanas (DP±10,33). As mulheres tiveram um IMC médio pré-gestacional de 25,19kg/m² (DP±6,28), sendo 44,2% classificadas como sobrepeso ou obesas antes da gravidez e 46,7% como eutróficas e 9,2% como baixo peso. Quanto ao IMC gestacional, 46,6% foram classificadas como sobrepeso ou obesas, 35,6% como eutróficas e 17,8% como baixo peso. Em média, as mulheres comem mais conscientemente durante a gravidez (2,65±0,496) do que antes da gestação (2,59±0,510), (p 0,05). O teste t pareado foi aplicado para cada subescala separadamente para indicar qual delas exerceu maior influência na melhora da consciência ao comer, sendo demonstrado as subescalas consciência (2,59±0,739) e desinibição (2,87±0,766). Essa melhora na atenção ao comer pode ser explicada, por exemplo, pelo próprio aumento da preocupação com a alimentação durante esta fase, mudança de hábitos alimentares ou mesmo a maior confiança no próprio corpo, por estar gerando uma vida. Uma hipótese levantada é que devido a maior preocupação com a alimentação, a gestante busque por hábitos mais saudáveis, separando mais tempo para o preparo da alimentação, podendo comer com mais calma e tranquilidade e, desta maneira, aprecie mais o seu prato antes e durante o momento da refeição, contribuindo com melhores níveis de consciência. Desta maneira, além de melhorar os níveis de consciência, consequentemente, a desinibição é afetada. Ao comer com maior tranquilidade, a gestante consegue experienciar melhor o sentimento de saciedade, parando de comer ao se sentir satisfeita. Assim, ocorre uma melhor conexão da mulher com os sinais de fome e saciedade. Além disso, na sociedade, há a crença de uma mulher grávida deve comer por dois durante a gestação, esse fator pode fazer com que as mulheres sintam-se mais livres para atender aos sinais de fome do corpo. Este estudo apresenta algumas limitações como por exemplo, não houve uma estratificação das gestantes com base no trimestre no qual se encontravam. Em relação as medidas antropométricas, parte do peso pré-gestacional foi coletado a partir da caderneta da gestante, no entanto, uma parcela das gestantes não possuía este dado em sua caderneta (por motivos como a impossibilidade de identificar corretamente o início da gestação ou ser a primeira consulta da gestante), então contamos com peso pré-gestacional auto-relatado para classificar o IMC pré-gestacional. Junto à coleta deste, também foram coletados outros questionários, o que pode ter influenciado a gestante devido ao sentimento de cansaço durante o momento da pesquisa. Pode-se também considerar o viés de memória pois, as perguntas remetiam a um período anterior aquele em que a gestante estava vivendo. Considerações finais: A gestação proporciona melhor consciência ao se alimentar, pois as mulheres podem estar mais dispostas a fazer alterações alimentares durante essa fase. Estratégias de alimentação consciente podem ser apropriadas durante a gestação, por isso devem ser consideradas nas intervenções nutricionais, a fim de garantir melhor bem-estar para a nutrição materno-infantil. |
5871 | A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ NATAL A GESTANTE COM QUADRO DE GEMELARIDADE E FATOR RH NEGATIVO Juliana Farias Vieira, Nathaly Silva Freitas, Rafaela de Souza Santos Carvalho, Raiane Cristina Mourão do Nascimento, Zaline de Nazaré Oliveira de Oliveira, Simone Aguiar da Silva Figueira A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ NATAL A GESTANTE COM QUADRO DE GEMELARIDADE E FATOR RH NEGATIVOAutores: Juliana Farias Vieira, Nathaly Silva Freitas, Rafaela de Souza Santos Carvalho, Raiane Cristina Mourão do Nascimento, Zaline de Nazaré Oliveira de Oliveira, Simone Aguiar da Silva Figueira
Apresentação: O protocolo de assistência básica determina dois tipos de pré-natal: baixo risco e alto risco. Nessa conjectura, gestações múltiplas e mães com tipo sanguíneo negativo se caracterizam de alto risco. A gestação múltipla por si só agrega diversos fatores que podem desencadear uma complicação durante o tempo gestacional, como por exemplo, o risco de eclampsia, morbiletalidade perinatal, partos prematuros, má formação fetal e assim por diante. Os riscos podem apresentar-se aumentados quando associados a outros fatores como por exemplo, ser gestante com fator Rh negativo, uma situação que requer atenção especial e medidas de profilaxia principalmente quando o genitor possuir fator Rh positivo. Neste cenário, podem ocorrer complicações principalmente ao feto, como por exemplo, morbidade e mortalidade fetal e perinatal aumentadas por hidropsia fetal, anemia fetal e aborto espontâneo. Para tanto, a assistência de enfermagem em pré-natais tanto de baixo quanto de alto risco, se faz extremamente necessária, pois avalia e acompanha a progressão da gestante a acolhendo, esclarecendo dúvidas e orientando cuidados necessários nessa fase tão primorosa e delicada. Objetivo: Descrever a experiência acadêmica durante a assistência de enfermagem no pré-natal a uma mulher com gestação gemelar e tipagem sanguínea de fator Rh negativo. Método: Estudo descritivo do tipo relato de experiência vivenciado por discentes durante o estágio da disciplina Atenção a saúde da mulher do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Pará. Teve como cenário uma unidade de referência em gestação de alto risco. Resultado: Primigesta, J.L. A.G., 18 anos, idade gestacional de 22 semanas, placenta grau 0, líquido amniótico normal. Queixando-se de cefaleia. Oriunda de Mojuí dos Campos (PA), foi transferida no mês de outubro de 2018 para a Unidade de Referência em Saúde da cidade de Santarém por apresentar gemelaridade e alteração hipertensiva com valor 140 X 10 mmHg, possui tipagem sanguínea B negativa, com antecedentes familiares de hipertensão e diabetes, nega etilismo, tabagismo, ISTs, parceiro sexual único, casada, do lar. Dados colhidos do prontuário da gestante em 11 de outubro de 2018 com objetivo de realizar o presente relato. Durante o estágio de saúde da mulher, as discentes tiveram a oportunidade de observar e vivenciar o atendimento de pré-natal a uma gestante primigesta com quadro de gemelaridade e fator Rh negativo. A gestante apresentava pressão sistólica elevada, caracterizando um quadro de risco, haja vista que o aumento de pressão arterial está intimamente relacionado com a gestação múltipla. Somam-se a isso os antecedentes familiares de hipertensão e diabetes. Quanto aos cuidados de pré-natal em gemelaridade é importante que este seja diagnosticado, o mais precoce possível, através da ultrassonografia (USG) que atesta o número de bolsas amnióticas e de fetos que estão presentes no útero. Dentre vários fatores, esse tipo de gestação pode causar um risco aos fetos chamado de transfusão feto-fetal, um fenômeno que promove discordância de peso entre os irmãos e produz um resultado perinatal desfavorável. Por isso, realizar a USG é de extrema importância, pois também pode identificar más formações fetais, assim como, acompanhar o volume de líquido amniótico, fator importante para o desenvolvimento e estabilidade fetal. As consultas devem ser mais frequentes por conta do risco de parto prematuro, do mesmo modo, a avaliação do colo uterino também deve ser observada, pois em casos de gestação gemelar o risco de aborto é relativamente maior. Ademais, o fato da gestação gemelar pode influenciar a elevação pressórica assim como a condição de primeira gestação. A hipertensão é caracterizada por valor igual ou superior a 140 mmHg em pressão sistólica e 90 mmHg em pressão diastólica. Essa alteração pressórica pode ocasionar diversos riscos a uma gestante como as Síndromes Hipertensivas da Gestação e óbito materno. A via de parto de uma gestação múltipla será preconizada de acordo com as apresentações fetais. A segunda situação de risco apresentada pela gestante em questão é a tipagem sanguínea B negativo. Grávidas portadoras do fator Rh negativo com fetos de Rh positivo tendem a manifestar complicações durante a gravidez como: morbidade e mortalidade fetal e perinatal aumentadas, hidropsia fetal, aborto espontâneo e anemia fetal. Sangues do tipo positivo apresentam um antígeno “D” enquanto sangues do tipo Rh negativo não apresentam esse antígeno na superfície eritrocitária. Durante a gestação, o sangue materno não se mistura ao sangue fetal, porém, há situações que viabilizam a troca de hemácias como: momento do parto, descolamento de placenta, abortamento espontâneo ou mecânico, morte fetal intraútero, gestação ectópica, manipulação e procedimentos obstétricos invasivos em geral. Para tanto, durante o pré-natal é necessário identificar o tipo sanguíneo materno, após isso, uma vez Rh negativo, realizar o teste de Coombs Indireto, o qual responderá se a mãe é sensibilizada ao antígeno D. Na casualidade do diagnóstico de aloimunização, a gestante deve ser encaminhada para centros de referência para o acompanhamento da gravidez. A prevenção da sensibilização pelo fator Rh deve ser realizada pela administração de imunoglobulina anti-D em eventualidades que possam expor o sangue fetal ao materno. Caso o Coombs Indireto resulte negativo, segundo o Ministério da Saúde, o exame deve ser repetido a cada 4 semanas após a 24ª semana gestacional. No pós-parto, é realizado o teste de Coombs direto no recém nascido a fim de identificar anticorpos anti-D maternos. Se a criança for Rh positivo e o resultado do Coombs direto for negativo, a mãe deverá receber a imunoglobulina protetora. Esse procedimento tem como finalidade proteger as gestações futuras. Durante a vivência no setor de referência de pré-natal de alto risco, houve a possibilidade das acadêmicas acolherem a gestante primigesta portadora deste quadro gestacional, abrir seu prontuário, ler exames, investigar todo o seu histórico, perfil e riscos que acometiam essa gestante. Foi possível realizar intervenções de enfermagem como aferição de PA, exame físico gestacional, orientações acerca da alimentação ideal, dos cuidados para evitar esforço físico demasiado, cuidados com as mamas e realizar boa ingesta hídrica. Soma-se a isso, a orientação sobre sinais claros do risco de eclampsia, que seriam o aumento de pressão arterial, dor de cabeça contínua, aumento rápido de peso e edemas. Considerações finais: O estudo teórico e prático sobre pré-natal de alto risco evidenciou como o profissional enfermeiro se torna vital nesse acompanhamento. As intervenções de enfermagem não se limitam somente a medir altura uterina ou aferir pressão sistólica. A enfermagem identifica possíveis riscos e age com intuito de evitar as complicações. Gestações múltiplas e gestantes com fator Rh negativo requerem cuidados específicos, orientações específicas, exames e medidas de profilaxia. Poder vivenciar um atendimento modelo, seguindo protocolos do Ministério da Saúde se fez de grande valia para engrandecimento e acúmulo de conhecimento tão necessário a nossa vida profissional. |
5988 | CARACTERIZAÇÃO DAS METAS TERAPÊUTICAS DE ENFERMAGEM COMO UM INSTRUMENTO ESSENCIAL NOS CUIDADOS PÓS-CORREÇÃO DE MENINGOMIELOCELE ROTA LOMBOSSACRA Marlyara Marinho, Mariane Santos Ferreira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício CARACTERIZAÇÃO DAS METAS TERAPÊUTICAS DE ENFERMAGEM COMO UM INSTRUMENTO ESSENCIAL NOS CUIDADOS PÓS-CORREÇÃO DE MENINGOMIELOCELE ROTA LOMBOSSACRAAutores: Marlyara Marinho, Mariane Santos Ferreira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício
Apresentação: As malformações congênitas do sistema nervoso ocorrem em sua maioria na 3º e 4º semana gestacional. A meningomielocele rota lombossacra por exemplo, é caracterizada como um defeito no fechamento do tubo neural e um tipo de espinha bífida aberta. Concomitante a isso, sua etiologia é multifatorial, podendo ser uma associação de fatores ambientais, genéticos ou desconhecidos. Além disso, a prevenção desta meningomielocele é por meio da suplementação de ácido fólico antes e durante a gravidez, enquanto que o tratamento é realizado por meio da correção cirúrgica da lesão, no período de 42 horas a 72 horas após o parto. É importante ressaltar que o paciente portador desse tipo de malformação necessitará de cuidados específicos no pós-operatório. Por isso, trabalhar com metas terapêuticas auxiliam na prestação de cuidados individualizados, na tomada de decisão e na possibilidade de acompanhamento para um melhor prognóstico. Assim, este tem como objetivo caracterizar as metas terapêuticas utilizadas pela equipe de enfermagem para uma criança com meningomielocele rota lombossacra em Santarém-Pará. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, explicativo, exploratório e transversal, do tipo relato de experiência. Durante a aula prática na disciplina de enfermagem em UTI-Neonatal em um hospital público de Santarém-Pará, realizou-se uma busca ativa e clínica de uma paciente com meningomieloce rota lombossacra. Esta nasceu de parto vaginal, a termo, com correção cirúrgica tardia e procedência de uma cidade no interior do município de Santarém. Concomitante a isso, verificou-se quais seriam as metas terapêuticas utilizadas pela equipe pela equipe enfermagem no processo de pós-correção cirúrgica. Por conseguinte, após o aceite do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, efetivou-se a coleta de dados no prontuário da paciente. Este estudo foi realizado no Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará (HRBA), sendo os aspectos éticos respeitados conforme a Resolução 466/12 do Ministério da Saúde, estando aprovada com parecer de Nº 3.197.240. Resultado: Verificou-se que as metas terapêuticas estavam alinhadas a conduta diária e prognóstico da paciente, podendo estas serem mudadas quando necessário. As metas nos cuidados de enfermagem estiveram associadas a garantir a diluição correta, diminuir riscos inerentes a internação, amenizar risco de queda, minimizar a broncoaspiração, manter a integridade da pele, ter uma vigilância infecciosa, minimizar riscos de lesão por pressão, manter a segurança da prescrição médica e dos medicamentos e realizar o monitoramento de DVE. Considerações finais: Por isso, realizar metas terapêuticas é fundamental para o acompanhamento e bom prognóstico do paciente em pós correção de meningomieloce rota lombossacra. Assim, realizar práticas fundamentadas em cuidados específicos possibilitará uma tomada de decisão mais eficaz junto a equipe interprofissional, levando em consideração a conjunta relação com os familiares e o atendimento humanizado. |
6173 | A EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO PARTO EM UM HOSPITAL PÚBLICO NO INTERIOR DO PARÁ Sara Cristina Pimentel Baia, Alice Né Pedrosa, Francisca Farias Cavalcante, Getúlio José do Carmo Neves Netto, Mirlane da Costa Fróis, Rafaela Victoria Camara Soares, Rosângela Carvalho de Sousa A EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO PARTO EM UM HOSPITAL PÚBLICO NO INTERIOR DO PARÁAutores: Sara Cristina Pimentel Baia, Alice Né Pedrosa, Francisca Farias Cavalcante, Getúlio José do Carmo Neves Netto, Mirlane da Costa Fróis, Rafaela Victoria Camara Soares, Rosângela Carvalho de Sousa
Apresentação: Durante a gravidez o corpo da mulher passa por mudanças fisiológicas e psicológicas que necessitam passar por adequações durante e após o período gestacional, uma vez que o ciclo gravídico-puerperal é um processo individual que requer cuidados especiais com a gestante e com o bebê. Nesse sentido, o período gestacional, o parto e o puerpério são momentos que marcam a vida da mulher, assim como a ordem com que os fatos acontecem despertam a vontade da gestante de gerar e ter um filho perfeito e saudável em um hospital. Ademais, por ocorrerem mudanças psicológicas, a mulher necessita, durante a gravidez, de apoio e alguém que escute seus medos, angústias e ansiedades, cabendo ao profissional atuante, oferecer um atendimento humanizado como forma de ajudá-la a encontrar soluções ou formas de minimizar suas angústias, já que a gestação é um período marcado por incertezas, dúvidas e inseguranças, principalmente para as mulheres que nunca passaram pela experiência da gestação. Desse modo, a assistência ao parto deve ser realizada de forma humanizada, respeitando sua singularidade e atendendo suas dimensões biopsicossocioespirituais, tornando o parto mais fisiológico e diminuindo a execução de intervenções desnecessárias, assim como, inserindo práticas que ajudem a diminuir o desconforto físico e emocional da gestante e do bebê. Diante disso, prestar uma assistência focada em suas necessidades durante o parto humanizado é de fundamental importância, uma vez que o profissional atuante estabelece um vínculo de confiança com a paciente, buscando, dessa forma, através do diálogo esclarecer dúvidas e aliviar seus anseios, demonstrando dessa forma o afeto em servir o outro na atenção e cuidado prestado. O cuidado humanizado prestado às parturientes através da assistência de enfermagem é realizado da melhor forma, com um bom acolhimento desde a chegada da gestante no pré-parto, no parto e pós-parto, assim como reconhecer a importância da família nesse processo tão especial. Nesse sentido, a equipe multiprofissional atuante na obstetrícia tem papel fundamental na assistência humanizada ao parto. Portanto, esse estudo tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem a cerca da assistência prestada às parturientes e aos recém nascidos da clínica obstétrica no pré-parto, parto e pós-parto. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência que retrata a vivência de seis acadêmicos do 6º período do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Pará, Campus XII, durante as aulas práticas de enfermagem obstétrica, realizado no setor de obstetrícia de um hospital público no município de Santarém – Pará, ocorrido no segundo semestre de 2019. Durante as aulas práticas a preceptora orientava os discentes e suas atividades dentro do setor obstétrico, buscando deixá-los com certa independência no local, uma vez que os acadêmicos já tinham o conhecimento teórico e passaram por oficinas de capacitações, antes de partirem pra aula prática no hospital. Além disso, houve colaboração dos demais profissionais do setor durante os cuidados prestados as gestantes e aos recém nascidos. As atividades desenvolvidas durante as práticas envolviam monitorização dos sinais vitais das gestantes, ausculta dos batimentos fetais, o toque para saber com quanto de dilatação a grávida estava, orientações sobre técnicas de respiração e exercícios de relaxamento na hora do parto, dinâmica uterina, banho e secagem nos recém nascidos, curativo do cordão umbilical, conscientização quanto a amamentação nas primeiras horas de vida do bebê, bem como foi reforçado as orientações quanto ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e a amamentação da criança até os dois anos de idade, como preconiza o Ministério da Saúde. Além do mais, durante os dias de aulas práticas, cada acadêmico tinha uma função no dia, como parteiro, neonatologista, circulante, e escriturários. Essa divisão deu a possibilidade para que os acadêmicos pudessem realizar as funções no setor e adquirir a experiência para a vida profissional. Resultado: A experiência vivenciada ocorreu de forma integral envolvendo a assistência prestada à gestante no pré-parto, parto e pós-parto, bem como os cuidados neonatais. No primeiro momento da aula prática foi apresentado o centro obstétrico e toda sua estrutura, assim como foi explicado aos discentes como funcionava as normas do setor. Durante os dias de aulas práticas os profissionais atuantes do setor obstétrico demonstraram-se receptivos aos acadêmicos, tratando-os bem e esclarecendo dúvidas quanto ao funcionamento do setor. Além disso, a preceptora esteve sempre presente durante os procedimentos realizados explicando e esclarecendo dúvidas quanto ao serviço prestado. Na medida em que os discentes tomavam conhecimento sobre a assistência ofertada e eram direcionados a realizar tal assistência, percebeu-se o receio que as gestantes e até mesmo seus acompanhantes demonstravam, uma vez que se tratava de uma assistência prestada por discentes. No entanto, os acadêmicos juntamente com a preceptora conversavam e explicavam para as gestantes o procedimento que iria ser realizado e que se fazia necessário naquele momento, buscando dessa forma estabelecer um vínculo de confiança entre profissional e paciente. Dessa forma, buscou-se prestar uma assistência humanizada, envolvendo o diálogo com as gestantes, estabelecendo um vínculo de confiança e respeito entre profissional e paciente. Assim, o objetivo dos discentes juntamente com os profissionais era transformar o momento do parto o mais fisiológico possível, tendo dessa forma, a participação ativa das pacientes. Durante o trabalho de parto orientamos as gestantes sobre as mudanças de posição, utilização de bolas de pilates, a deambulação, realizamos massagens na região lombar, orientamos sobre técnicas de respiração e relaxamento muscular, tudo isso com foco no relaxamento e alívio da dor, buscando tornar esse momento menos doloroso com o objetivo de estimular a paciente a conduzir o nascimento de seu filho. Ademais, podemos assistir partos normais e realizamos os primeiros cuidados com o recém nascido. No primeiro momento após o nascimento do bebê a preceptora convidava o pai para cortar o cordão umbilical do recém nascido e pedia para que o pai repetisse palavras de boas-vindas ao bebê, uma forma humanizada de tornar o momento mais bonito e emocionante. Além disso, o bebê era colocado em contato pele a pele com a mãe para amamentá-lo pela primeira vez. Com relação à assistência ao recém nascido foram realizados todos os cuidados necessários como aquecimento, desobstrução de vias aéreas, medição do perímetro cefálico, torácico e abdominal e administração de vitamina K. Foi notável a humanização dos profissionais e como os acadêmicos ofertaram a assistência, pondo em prática o que aprenderam na teoria. Dessa forma, a experiência e o conhecimento compartilhado entre profissionais e discentes foi proveitoso, além disso, foi possível participar de todos os procedimentos do setor, bem como foram cumpridas as exigências estabelecidas pela instituição com relação à prática da disciplina. Considerações finais: Pelo exposto, as atividades práticas contribuíram de forma significativa para a formação de futuros profissionais de enfermagem que prestaram a assistência à gestante e recém nascido de forma a respeitar suas singularidades, pondo em prática a assistência humanizada em um momento tão especial e importante na vida da mulher que é o nascimento de um filho. Além disso, os graduandos de enfermagem puderam por em prática os conhecimentos adquiridos durante as aulas teóricas, tendo a possibilidade de aprimorar o que foi aprendido em sala de aula, bem como adquirir experiência para a vida profissional. |
7542 | AMBULATÓRIO DE AMAMENTAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E DIFICULDADES DE EXECUÇÃO: EXPERIÊNCIA EM PARNAÍBA, PIAUÍ Andreia Ferreira dos Santos, Lorena Sousa Soares AMBULATÓRIO DE AMAMENTAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E DIFICULDADES DE EXECUÇÃO: EXPERIÊNCIA EM PARNAÍBA, PIAUÍAutores: Andreia Ferreira dos Santos, Lorena Sousa Soares
Apresentação: A atenção qualificada ao pré-natal e puerpério, cuja importância se dá pelas singularidades e demandas relativas à saúde materno-infantil, imprescinde de uma boa articulação entre os serviços e dispositivos da rede de assistência. Assim, o fortalecimento e a criação de estratégias outras que facilitem o acesso à saúde da mulher torna-se fundamental. Nesse contexto, este trabalho visa apresentar a experiência de implementação de um Ambulatório de Amamentação em Parnaíba, Piauí, na vigência do projeto de extensão “Promoção e incentivo ao aleitamento materno: compartilhando saberes e práticas” da Universidade Federal do Piauí. Desenvolvimento: O dispositivo iniciou o funcionamento em 2018, no Centro Integrado de Especialidades Médica, espaço de ensino-serviço vinculado a universidade. Os atendimentos ofertam acolhimento, escuta atenta, exame físico e orientações a puérperas que apresentam dúvidas e/ou intercorrências relacionadas ao processo de aleitamento. Ainda que tenha surgido como um serviço que visa abarcar uma demanda existente, a referenciação foi insuficiente para que se consolidasse como ponto da rede. Dessa forma, em 2019, o Ambulatório estabeleceu-se no Centro de Especialidades em Saúde - serviço de saúde municipal - e conta com a estratégia da busca ativa, a partir da sala de espera, para viabilizar os atendimentos e a sua consolidação. Resultado: As questões que dificultam a efetivação desse serviço, o qual emerge como possibilidade inovadora do agir em saúde, apontam para o efeito paralisador da fluidez necessária às redes de atenção causado por burocracias que precisam ser repensadas, especialmente na atenção ao ciclo grávido-puerperal. Quando se pensa no cuidado protocolar, que certamente é necessário para o funcionamento dos sistemas de saúde, é preciso compreender as suas limitações para a oferta de uma atenção integral. Os princípios adotados para traçar os caminhos do Sistema Único de Saúde (SUS) cursam com um entendimento que cada vez ultrapassa essa perspectiva apenas protocolar: emerge a ideia da promoção de um cuidado humanizado, integral, instigador da autonomia e da potência do sujeito e que o considera em sua totalidade. Nesse sentido, a criação de um dispositivo que facilita o acesso – nesse caso, de mulheres gestantes e puérperas – na medida em que evita a peregrinação destas pela rede de serviços, além de oferecer um atendimento especializado, surge justamente como uma tentativa de consolidar essa ideia. O seu estabelecimento, entretanto, depende da participação e colaboração dos outros pontos de atenção, cujo desconhecimento da sua oferta e funcionalidade afeta as possibilidades de articulação com o serviço. Dessa forma, percebe-se a importância de artifícios alternativos que visem o enfrentamento das limitações ainda existentes no fluxo das redes de atenção à saúde. Considerações finais: A implementação do Ambulatório, cuja potencialidade reverbera na promoção do cuidado de uma demanda alta, ainda esbarra em impasses referentes a esse fluxo que devem ser tensionados. Assim, é preciso investir em formas de otimizar o sistema de referência e contrarreferência de acordo com o surgimento de necessidades, caminho que pode ser construído a partir da comunicação mais efetiva entre os pontos de atenção e da sua abertura às novas estratégias de assistência e promoção. |
6600 | TECNOLOGIAS NÃO INVASIVAS: CONHECIMENTO DAS MULHERES PARA O PROTAGONISMO NO TRABALHO DE PARTO maria regina bernardo da silva, camila dos santos, herica da silva Monteiro, adriana loureiro da cunha, halene cristina dias de armada e silva, daniel Ribeiro soares de souza TECNOLOGIAS NÃO INVASIVAS: CONHECIMENTO DAS MULHERES PARA O PROTAGONISMO NO TRABALHO DE PARTOAutores: maria regina bernardo da silva, camila dos santos, herica da silva Monteiro, adriana loureiro da cunha, halene cristina dias de armada e silva, daniel Ribeiro soares de souza
Apresentação: O parto é uma experiência repleta de significados construídos a partir da experiência, cultura e mitos que envolvem a realidade em que cada parturiente está inserida. Objetivo: verificar se as tecnologias não invasivas apresentadas as gestantes durante o pré-natal promovem o protagonismo no pré-parto e parto. Método: Estudo de campo do tipo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa, Parecer nº 3.208.521. Resultado: Foram feitas 16 entrevistas com mulheres na idade de 18 a 38 anos, sendo que 68,75%referiram ser solteiras, com um filho (62,5%) e parto nos últimos 12 meses.Verificou-se que as mulheres vinculam tecnologias não invasivas ao conceito de parto humanizado; que a presença de um acompanhante se tornou demanda social e vai de encontro ao direito e protagonismo da mulher no momento do parto; que a incidência dos procedimentos invasivos diminuiu, porém continua a existir e causar a insatisfação das mulheres. As tecnologias alternativas reconhecidas foram a deambulação, a movimentação, o banho, a música e chamou atenção para o não reconhecimento da bola suíça, recomendado na rede Cegonha. Por fim, a satisfação das mulheres esta interligada a uma experiência mais tranquila e natural, enquanto a insatisfação a utilização de procedimentos invasivos, a falta de orientação e acompanhante.ainda persiste. Considerações finais: observou-se que o enfermeiro deverá focar mais em ações educativas voltadas ao reconhecimento das tecnologias não invasivas, durante o pré-natal, tornando as mulheres aptas a tornarem-se protagonistas do ato de gerar outro ser humano e de seu próprio corpo. |
7582 | ARTE GESTACIONAL NO SUS: AUTOESTIMA, BELEZA E SAÚDE Elizângela Maria Rossetto Vassoler, Jéssica Ramos, Vanderlei Adilio Antunes Pinto, Josélia Viana Tremea, Graziela Maria Zanata, Eliana Sandri Lira ARTE GESTACIONAL NO SUS: AUTOESTIMA, BELEZA E SAÚDEAutores: Elizângela Maria Rossetto Vassoler, Jéssica Ramos, Vanderlei Adilio Antunes Pinto, Josélia Viana Tremea, Graziela Maria Zanata, Eliana Sandri Lira
Apresentação: Esse trabalho relata a produção do cuidado a partir do projeto “Arte Gestacional” desenvolvido na Região Norte do Rio Grande do Sul – Brasil, no município de Rio dos Índios, no Sistema Único de Saúde (SUS). Foi inspirado nas vivências do programa estadual Primeira Infância Melhor (PIM), considerando experiências e culturas da comunidade local. O município trabalha com o PIM há 14 anos, orientando e acompanhando as famílias com gestantes e crianças de 0 a 4 anos em relação aos cuidados do pré-natal, parto, puerpério e desenvolvimento infantil. A partir dessa experiência de 14 anos de trabalho, principalmente com o acompanhamento às gestantes, surge, em novembro de 2019, o projeto “Arte Gestacional”. Esse projeto tem por objetivo responder às necessidades do território proporcionando momentos lúdicos em espaços de atendimento individual às gestantes e seus familiares/acompanhantes, na Unidade Básica de Saúde (UBS). Desejos, expectativas, dúvidas e projetos de vida são discutidos nestes espaços com a equipe de Atenção Básica. Além do atendimento técnico são oferecidas a pintura gestacional, pintura produzida na barriga da gestante, a sua escolha, e uma sessão fotográfica. Dessa forma o projeto desenvolve o acolhimento, o fortalecimento de vínculos, a escuta e o registro do encontro entre a gestante, familiares/acompanhantes e equipes de saúde. O acolhimento realizado, a escuta à gestante e o atendimento às suas dúvidas, a pintura e a sessão fotográfica constituem-se opções para um momento lúdico e descontraído. É um momento especial, uma manhã ou uma tarde de atendimento personalizado, um cuidado singular a cada gestante atendida no PIM. Além disso, esse projeto contempla alguns mimos às gestantes e suas famílias: um disco laser (CD) com a sessão fotográfica; um banner, com fotos à escolha de cada gestante e um kit maternidade. Já foram contempladas com esta experiência 20 gestantes e, podemos dizer, a partir dos relatos das participantes, que significou um momento muito especial, um sentimento de cuidado e comprometimento da equipe. Além disso, houve mais participação das gestantes nos grupos mensais e melhorou o vínculo com a equipe de saúde. Entendemos que, dessa forma, integramos os desejos da comunidade e o trabalho em saúde, descobrindo um espaço potente, que pode desdobrar-se em outras propostas e ações. A dedicação da equipe, a participação das gestantes e de seus familiares/acompanhantes, demonstra que saúde se produz com a comunidade e as especificidades de cada território. Por fim, o encantamento e a gratidão pelo momento proporcionado mostrou que autoestima, beleza e saúde andam juntas. |
6733 | TENDA DO CONTO COMO ATIVADORA DE RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ATENÇÃO BÁSICA Ana Paula Alves Gregório, Endi Evelin Ferraz Kirby, Mônica Villela Gouvêa TENDA DO CONTO COMO ATIVADORA DE RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ATENÇÃO BÁSICAAutores: Ana Paula Alves Gregório, Endi Evelin Ferraz Kirby, Mônica Villela Gouvêa
Apresentação: O presente artigo é um relato de uma vivência em uma Tenda do Conto proposta para propiciar o encontro entre trabalhadores da saúde, que no decorrer de suas atividades diárias não se encontram em condições de refletir coletivamente sobre suas práticas na perspectiva da Educação Permanente em Saúde (EPS). Fundamentada na obra de Paulo Freire, a Tenda do Conto promove um encontro em que os participantes levam objetos que os remetem a histórias que possam dividir com o grupo, o que facilita a escuta e a perspectiva de compreensão coletiva. Desde sua proposição, a experiência vem sendo compartilhada e reinventada em vários espaços e lugares. Em março de 2018 os trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Niterói tiveram seu vínculo modificado, passando de funcionários regidos pela CLT para a atuação por celebração de contrato temporário por um período de 1 ano, com possibilidade de prorrogação por mais 1 ano. Desde então os profissionais inseridos neste movimento se encontravam inseguros e por vezes desmotivados para o desenvolvimento de suas práticas, foi então que utilizei essa experiência na minha prática profissional para que questões que vinham causando desconforto nos trabalhadores e que acabavam interferindo nas relações e no processo de trabalho, pudessem ser partilhadas em uma roda de conversa. Na realidade, tais questões não estavam claras e isso dificultava o enfrentamento e a construção de uma forma de pensarmos juntos “maneiras de sobreviver”. Nesse contexto, foi possível identificar esta condição de fragilidade laboral especialmente no grupo de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), já que seus salários e benefícios foram reduzidos em até 70%. Sabe-se que as tensões constituídas no processo de trabalho, apesar de desgastantes, representam oportunidades para mudanças e compartilhamentos, sendo um instrumento necessário para análise do trabalho em ato. Nesse sentido, pensou-se em envolver tais trabalhadores em uma estratégia que pudesse promover o repensar da prática profissional em um espaço privilegiado, seguro e confortável, de forma a fazer das tensões do cotidiano, oportunidades de autoanálise e reflexão coletiva. Sabe-se que é um desafio formar e qualificar trabalhadores da rede SUS de forma a responder às necessidades de saúde da população. Tal tarefa implica direcionar esforços para processos educativos compreendendo-os como um investimento institucional, e não apenas como uma capacitação ou treinamento pontual. Para que esses processos ocorram, é importante promover e fortalecer experiências construídas com o coletivo de sujeitos do SUS, tal como sustenta a EPS. Na perspectiva da EPS, qualquer intervenção precisa ter origem na visão problematizadora da prática, compreendendo que o trabalho é também lugar de aprender e produzir conhecimentos na direção de ações de enfrentamento de problemas. Objetivo: O artigo objetiva apresentar relato de experiência referente à utilização da Tenda do Conto em uma unidade da estratégia saúde da família, com a intenção de avaliar sua potência para a abordagem de saberes, práticas e afetações dos participantes, reforça a prática integrativa de cuidado na Atenção Básica, fomenta a grupalidade, aproximando as pessoas, com uma atividade que se desenrola a partir de histórias vividas. Método: A experiência aconteceu a partir da narração de contos pelos próprios profissionais, sendo doze agentes comunitários de saúde e duas enfermeiras. Os contos descritos foram selecionados sob a perspectiva da análise temática. A Tenda do Conto realizada contou com a participação de 12 ACS, sendo todas mulheres, e duas enfermeiras. Se inicia com um convite em que se solicita ao participante que leve em um dia e horário agendado, um objeto que lhe traga uma memória afetiva ou uma história que ele queira contar. Também é possível que um participante se utilize de um dos objetos que estejam à disposição na tenda para desenvolver seu conto a partir dele. No dia agendado, o cenário é montado com cadeiras em roda e um lugar é situado no centro que contem também uma mesa ou espaço central decorada com os objetos levados pelos participantes. Organizei um pequeno lanche, com música ambiente, enfeitei a mesa com toalhas e distribuí lençóis pela sala tentando criar um ambiente aconchegante. Iniciamos a roda de conversa e as pessoas foram chegando e colocando seus objetos sobre a mesa. Inicialmente percebi um estranhamento: poucas falas e uma timidez na voz, porém, com o continuar do tempo, os participantes foram se envolvendo com as histórias narradas e foi se constituindo um ambiente de confiança, os participantes que sentiam-se à vontade, sentavam-se na cadeira e narravam seu conto, aos poucos todos começaram a se apresentar para descrever seus contos e histórias ligadas ao objeto que lhe afetava, pudemos dividir e conhecer emoções, sofrimentos, alegrias, tristezas, anseios, medos, sonhos, perdas, lutas, saudades, solidão, lágrimas e lembranças. Após cada conto, parecia que descobríamos algo impensável naquela pessoa com quem convivíamos diariamente. Durante a transcrição dos contos os nomes foram alterados para garantir o anonimato dos participantes. A tenda da qual se refere esse relato foi aplicada em maio de 2019 em uma unidade da estratégia de saúde da família no município de Niterói, às 14:00h na sala de grupo da própria unidade. Resultado: A experiência mostrou que a Tenda do Conto colabora para as práticas de cuidado em saúde e para a produção de sentidos, acepções e ressignificação dos problemas, através da experimentação e da problematização, com um espaço privilegiado de convivência onde questões pessoais se tornam combustível para a melhoria das relações interpessoais e representam oportunidades de construção coletiva sobre o ambiente do trabalho, as experiências de vida nos aproximam, nos tornam mais parecidos e em cada conto isso parece ser intensificado. As situações narradas parecem nos remeter a alguma circunstância particular e essa afinidade revelada na Tenda nos expõe e acalenta. Nos torna mais dispostos a compreender o outro. Considerações finais: A vivência da Tenda do Conto contribuiu como uma experiência exitosa na prática profissional em nossa unidade, se apresentando como mais uma estratégia potente na ótica da Educação Permanente. Ela nos apresentou a possibilidade da escuta empática de histórias e saberes e isso foi capaz de nos fortalecer no processo de trabalho. Representou um marco no nosso agir, pois, mais do que um espaço de troca de vivencias, favoreceu a reflexão coletiva sobre nossa prática e revelou afinidades em um momento marcado pela fragilidade no contrato de trabalho em que nos sentíamos mais vulneráveis. Constitui, portanto, uma prática grupal potente para a construção de vínculos que possibilita trocas de saberes atravessados por subjetividades que favorecem a produção de alteridade. Trata-se, portanto, de mais uma possibilidade para a reflexão sobre práticas, que incentiva que os profissionais compartilhem e vivenciem suas problemáticas de forma a contribuir em seu fortalecimento pessoal e profissional. |