374: Quando o cuidar requisita um olhar diferenciado e empático.
Debatedor: Rildo dos Santos Loureiro
Data: 29/10/2020    Local: Sala 11 - Rodas de Conversa    Horário: 08:00 - 10:00
ID Título do Trabalho/Autores
6383 ASSOCIAÇÃO DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DURANTE A GESTAÇÃO E O PERFIL DO PARCEIRO ÍNTIMO
Ranielle de Paula Silva, Franciélle Marabotti Costa Leite

ASSOCIAÇÃO DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DURANTE A GESTAÇÃO E O PERFIL DO PARCEIRO ÍNTIMO

Autores: Ranielle de Paula Silva, Franciélle Marabotti Costa Leite

Apresentação: Reconhecida como uma forma de violação dos direitos humanos a violência contra a mulher ocorre em qualquer fase da vida, inclusive durante a gestação. Esse tipo de agravo parece ser mais prevalente do que as doenças rotineiramente investigadas durante o pré-natal. No Brasil, foram encontradas prevalências de violência psicológica na gestação de 19,1% em Campinas, 28,8% em Recife e 41,6% em São Luís, bem como, uma incidência violência por parceiro íntimo na gestação de 9,7%. Entre os tipos de violência por parceiro íntimo há maiores prevalências de ocorrência de insultos, intimidações e ameaças, 69%, 59% e 50%, respectivamente. Dentre as modalidades de violência, a violência psicológica, é considerada como todo ato violento que cause danos à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal, como por exemplo, ser impedida de trabalhar, ter amizades ou sair de casa. São atos de hostilidade e agressividade que podem influenciar na motivação, na autoimagem e na autoestima feminina. Constitui-se em ameaças, humilhações, intimidação, chantagem, discriminação e exploração direcionadas a mulher, sendo evidenciada pelo prejuízo à competência emocional da mulher, expressa através da tentativa de controlar suas ações, crenças e decisões. Sendo assim, Apesar de tipologia silenciosa, pois as mulheres tem dificuldade de reconhecer esses comportamentos como violência, esse agravo merece especial atenção visto que causa consequências devastadoras. Quanto às características da gestante associadas à violência psicológica durante a gestação estudos identificaram ser adolescente, escolaridade superior a do parceiro, início sexual precoce e baixo apoio social. Também foram identificadas as características do parceiro associadas a maior perpetração de violência psicológica, como, ter até oito anos de estudo, não trabalhar, usar drogas ilícitas, ingerir bebida alcoólica, ser controlador e recusar usar preservativo. Além disso, a violência psicológica pode ser considerada como um evento com significantes consequências para a saúde das gestantes podendo ocasionar em depressão pós-parto, parto prematuro e abuso de substâncias. Ainda cabe destacar, os sentimentos vivenciados pelas vítimas como medo, sofrimento, vergonha e culpa por conta das ameaças proferidas pelo companheiro. As vítimas de violência psicológica são subestimadas pelo parceiro e até por si mesmas, assim como tendem a aumentar o padrão de submissão, uma vez que temem a agressão física. Nesse sentido, entender o perfil do parceiro enquanto perpetrador dessa violência faz-se necessário a fim de fornecer informações aos profissionais e serviços de saúde para a abordagem a vítima e ao agressor, sendo assim, o presente estudo objetivou verificar a associação da violência psicológica durante a gestação com as características sociodemográficas e comportamentais do parceiro íntimo. Desenvolvimento: Estudo observacional transversal analítico realizado em uma maternidade de baixo risco no município de Cariacica, Espírito Santo, no período de agosto a outubro de 2017. A amostra foi composta por puérperas internadas com no mínimo 24h de pós-parto e de feto vivo (500 gramas), que tivessem tido parceiro íntimo durante a gestação. Considera-se como parceiro íntimo o companheiro ou ex-companheiro, independente do vínculo formal, e namorados, desde que mantendo relações sexuais. Para o cálculo da amostra foi considerado uma média de 320 internações/mensais, ou seja, estimando-se em torno de 3840 internações/ano financiados pelo SUS em 2017. Para a prevalência de violências praticadas pelo parceiro íntimo, adotou-se um nível de confiança de 95%, margem de erro de 5% e de acordo com a literatura a prevalência de violência por parceiro íntimo na gestação de 20,0%. Considerando 10,0% de perda e 30,0% para fatores de confusão a amostra necessária é de 330 mulheres. As puérperas foram abordadas por entrevistadoras previamente treinadas para aplicação do questionário. Cabe destacar que as entrevistas aconteceram individualmente e em local privativo. Ao final de cada entrevista era entregue as participantes um folder informativo sobre os tipos de violência e os principais serviços de atendimento às mulheres em situação de violência. Os dados foram coletados através de questionário próprio estruturado com informações sobre o perfil do parceiro íntimo como características socioeconômicas: idade (até 40 anos e 41 anos ou mais), raça (branco e não branco), escolaridade (até 8 anos e 9 anos ou mais) e trabalho remunerado (não sim); características comportamentais: consome álcool (não sim), fuma (não sim), usa de droga ilícita (não sim), ciumento (não sim), controlador (não sim) e recusa usar preservativo (não sim). Para investigar a violência psicológica perpetrada por parceiro íntimo foi utilizado o instrumento da Organização Mundial da Saúde. Os dados foram analisados por meio do pacote estatístico STATA 13.0. Foi feita análise bivariada por meio do Teste de qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher, e análise multivariada por meio da regressão de Poisson. Os resultados foram apresentados em Razão de Prevalência bruta e ajustada com IC95%. Resultado: Em relação à análise bivariada, nota-se que a maior prevalência de violência psicológica durante a gestação pelas mulheres esteve relacionada ao parceiro não ter trabalho remunerado, consumir bebida alcoólica, fumar, ser controlador e recusar usar preservativo (p 0,05). Após a análise multivariada ajustada, verifica-se que a violência psicológica manteve-se associada características do parceiro como raça cor, uso de cigarro e recusar usar preservativo. Nota-se que a violência psicológica foi 70% mais prevalente em mulheres com parceiros não brancos (RP: 1,70; IC95%: 1,05 – 2,72), cerca de duas vezes maior com parceiros fumantes (RP: 2,14; IC95%: 1,34 – 3,44). e 1,74 vezes mais prevalente por aqueles que recusam usar preservativo. Considerações finais: Por meio deste estudo foi possível observar que a violência psicológica durante a gestação foi mais prevalente em mulheres com parceiros não brancos, fumantes e que recusam usar preservativo. Sendo assim, compreender a violência por parceiro íntimo na gestação possibilita aos profissionais de saúde identificar as pessoas em situação de risco pelos serviços de saúde para que se proponham medidas especificas para a prevenção e enfrentamento da violência praticada pelo parceiro íntimo, e, bem como, auxiliar nos processos de educação em saúde, que contribuem para a conscientização e sensibilização dos parceiros quanto á perpetração agravo. Além disso, é possível empenhar esforços para produzir uma rede intersetorial de diferentes áreas para que consigam atende-los em suas necessidades. Vale salientar que é necessário direcionar o foco das intervenções para o parceiro e, assim, o incluir nas ações de prevenção e controle à violência contra a mulher.

6455 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UM DESAFIO A SER ENFRENTADO
SIMONE MARÇAL BRASIL MARÇAL BRASIL DOS PASSOS

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UM DESAFIO A SER ENFRENTADO

Autores: SIMONE MARÇAL BRASIL MARÇAL BRASIL DOS PASSOS

Apresentação: O parto é um fenômeno biopsicossocial que faz parte da experiência humana, sendo desde o início da humanidade vivenciado naturalmente e até certo momento da história, sem intervenções técnicas. A febre puerperal, decorrente das infecções e complicações do parto, além da otimização do tempo dos profissionais e das maternidades na realização dos partos, obscureceram o protagonismo e a autonomia das mulheres nas decisões referentes ao parto. O desenvolvimento da ciência e dos métodos curativos/intervencionistas favoreceu um novo modelo de parir, emoldurado no contexto hospitalar e técnico, porém acompanhado pela presença da violência. O parto normal passou a ser substituído injustificadamente pelas cesáreas e pelo excesso de medicações que aceleravam o processo natural, o que provocou no meio feminista diversas manifestações contrárias a essa prática. O século XX foi palco dessas reivindicações. Havia manifestações também referentes aos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres e do papel decisório de suas histórias. Como resposta ao grito feminista, a Conferência de Beijing (1995) anunciou “investimentos na melhoria das condições de saúde e de educação na eliminação da violência contra as mulheres”. O documento oferece um salto gigantesco para a elaboração da Política Nacional de Humanização do Parto, somado às políticas internas e às críticas excessivas ao modelo tecnocrático de assistência ao parto. O século seguinte iniciou prometendo novo avanço na assistência ao parto humanizado com o Programa de Humanização ao Pré-Natal (2005). O esforço de reduzir o índice de morte materna conduziu profissionais às práticas mais humanizadas, modificando o modelo tecnocrático de assistência ao parto. O modelo humanístico resgata o parto natural em que a mulher se reconhece como a principal protagonista da gestação e parto. Apesar dos notórios avanços, ainda se evidenciam situações que se constituem violação aos direitos humanos das mulheres grávidas e puérperas. A partir de 2011, autores passaram a utilizar a expressão violência obstétrica para nominar formas de violência e danos ocorridos no período da gestação. O termo tem provocado algumas regurgitações, pois trata de um ato criminoso praticado institucionalmente por profissionais habilitados a CUIDAR! Em maio de 2019, o Ministério da Saúde (MS) manifestou o desacordo pela utilização da expressão violência obstétrica, entendendo que o termo “tem conotação inadequada, não agrega valor e prejudica a busca do cuidado humanizado no continua gestação-parto-puerpério”. O Ministério Público Federal recomendou que o MS viesse a atuar contra a violência obstétrica e não coibisse o termo. Mais tarde, definiu-se o uso do termo com liberdade. O objetivo deste trabalho é trazer a lume o debate que se constrói em meio acadêmico e profissional, podendo afirmar pela prática profissional que o fenômeno é recorrente e precisa ser enfrentado. A proposta é contribuir no fomento de boas práticas na assistência à mulher, percebendo que a dor do parto não precisa ser acompanhada pela negligência, descaso, pelo compartilhamento da informação, humilhação, chacotas e por tratamentos grosseiros. Tratamento como esses resultam em medo, traumas, angústias que muitas vezes se traduzem na ingênua frase: o parto foi difícil! O que esconde a violência obstétrica.

6501 IMPACTOS DA VIOLÊNCIA DURANTE A GESTAÇÃO SAÚDE DA MULHER: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Leticia Peisino Buleriano, Ranielle de Paula Silva, Franciele Marabotti Costa Leite

IMPACTOS DA VIOLÊNCIA DURANTE A GESTAÇÃO SAÚDE DA MULHER: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Autores: Leticia Peisino Buleriano, Ranielle de Paula Silva, Franciele Marabotti Costa Leite

Apresentação: A violência contra a mulher é um fenômeno complexo e multifatorial. Resulta de questões de gênero, onde a opressão é uma forma de exercer poder e submissão do patriarcado sobre as mulheres, sendo, em sua maioria perpetrada pelo parceiro íntimo. Vale ressaltar que a morte das mulheres é o desfecho da violência, logo, até chegar à letalidade, a violência acontece de maneira mais sutil e silenciosa. Considerando o período gravídico, a problemática da violência preocupa ainda mais por trazer consequências não apenas para a mãe, mas também para o feto. Diante disso, esse estudo objetivou identificar as evidências científicas sobre os impactos da violência durante a gestação para a saúde da mulher. Desenvolvimento: Revisão sistemática, realizada no mês de outubro de 2019, nas bases de dados: MEDLINE, LILACS, BDENF e WEB OF SCIENCE através das seguintes combinações dos termos Pregnancy e (Violence ou "Domestic Violence" OR "Violence Against Women" OR "Intimate Partner Violence"). Os critérios de inclusão foram artigos epidemiológicos do tipo analítico, publicados em inglês, português e espanhol. Encontrados 8.483 artigos, com a combinação dos diferentes descritores. Após a eliminação de 856 artigos duplicados, foram selecionados para a leitura do título 7.627 estudos. Desses, 6.513 artigos foram excluídos após a análise dos títulos. Dos 1.114 elegíveis para a leitura dos resumos, 756 foram excluídos após análise do resumo. Sendo que para a leitura na íntegra ficaram 358 e, ao final, foram selecionados 54 artigos para compor a revisão. Resultado: Dos 54 artigos publicados no período de 2002 a 2019, a maioria (68,5 %) do tipo transversal. Grande parte foi realizado em serviços de saúde com amostra mínima de 85 e máxima 251.342 mulheres. No Brasil foram encontrados sete artigos. Em relação aos impactos para a saúde associados à exposição à violência por parceiro íntimo durante a gestação destaca-se: depressão pós-parto e sintomas depressivos; ideação suicida; sintomas de estresse e transtorno obsessivo-compulsivo; transtorno de estresse pós traumático; transtornos mentais comuns; sofrimento emocional; prematuridade; aborto; ruptura prematura de membrana e hemorragia pós parto; sangramento vaginal; pré-natal tardio; menor uso de contraceptivo pós-parto; pré-eclâmpsia; interrupção precoce da amamentação exclusiva; menor probabilidade de iniciar a amamentação; gravidez indesejada; hospitalização antenatal; continuação do tabagismo na gravidez e feminicídio/tentativa de feminicídio e baixa qualidade de vida. Considerações finais: É possível observar os impactos negativos da violência na gestação. Dessa forma, ressalta-se o papel fundamental da equipe de saúde, sobretudo dos enfermeiros, na identificação precoce das vítimas que buscam assistência de saúde durante o período gravídico. É importante que os profissionais de saúde estejam preparados para reconhecê-las para que seja feito o acolhimento adequado visando minimizar os efeitos desse fenômeno, bem como, auxiliar a pôr fim ao ciclo da violência.

7018 A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO CONTEXTO ASSISTENCIAL À MULHER NEGRA
Carolina de Souza Silva, Giselle Natalina Sousa da Silva, Andressa Leal do Nascimento Reis, Eloiza Jordão Domingos, Helena Gonçalves de Souza Santos, Caroline Moraes Soares Motta de Carvalho

A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO CONTEXTO ASSISTENCIAL À MULHER NEGRA

Autores: Carolina de Souza Silva, Giselle Natalina Sousa da Silva, Andressa Leal do Nascimento Reis, Eloiza Jordão Domingos, Helena Gonçalves de Souza Santos, Caroline Moraes Soares Motta de Carvalho

Apresentação: A precarização da assistência torna evidente a falta de investimento na saúde da mulher, resultando na dificuldade do acolhimento nas unidades hospitalares. A violência obstétrica é caracterizada pela apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres por profissionais da saúde, sendo conceituada principalmente pela negligência da assistência, violência verbal, física, psicológica e discriminação social, sendo também considerado ato de violência o uso inadequado de tecnologias e adoção de procedimentos durante o ciclo gravídico-puerperal sem consentimento da parturiente, ferindo assim os princípios dos direitos individuais da mulher. Se a análise for feita através de um recorte racial, as mulheres negras são as que mais sofrem violência obstétrica no  Brasil. Justamente por serem as que ficam em mais tempo de espera para serem atendidas, mais peregrinam para conseguir assistência ao parto, tem menos tempo de consulta, são submetidas a procedimentos dolorosos sem analgesia, e correspondem a cerca de 60% da morte materna no Brasil. Este estudo objetivou analisar a violência vivenciada por mulheres negras no período de gestação, parto e pós-parto. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de revisão integrativa, descritiva, exploratória, de cunho qualitativo. A busca do material foi realizada em janeiro de 2020 na Biblioteca Virtual em Saúde. Foram incluídos os textos completos em português e inglês, disponíveis na íntegra, com recorte temporal de cinco anos. Foram descartados os artigos duplicados, não disponíveis gratuitamente, fora do recorte temporal e os sem ligação com a temática. Resultado: Inicialmente 12 artigos foram encontrados, com exclusão de 7 artigos após leitura minuciosa por estarem duplicados ou não se aproximaram da temática, restando cinco artigos. Os estudos têm em comum o relato de carência da assistência de saúde, a peregrinação da mulher por estar diretamente relacionada ao seu processo reprodutivo e à anulação dos seus direitos, a vivência de muitas mulheres negras/pobres/de periferia em trabalho de parto que vivenciam a busca e rejeição por uma vaga no serviço público. Ferindo assim os conceitos de universalidade, equidade e integralidade, princípios que regem as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos estudos relata também que a relação entre profissionais de saúde e pacientes de camadas socioeconômicas desfavorecidas é desrespeitosa, conflituosa e com maus tratos, sendo esses fatores apontados como importantes no uso de intervenções desnecessárias, como por exemplo a episiotomia em mulheres negras, esforços de puxo, posição supina litotomica e administração de ocitocina. Considerações finais: Apesar do incentivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a assistência humanizada os resultados ainda estão longe do recomendado. É necessário que os serviços de saúde garantam o acesso da gestante negra à assistência necessária, bem como a segurança do processo de nascimento e redução de mortalidade materna e perinatal. Considerando o baixo número de publicações sobre o tema, as pesquisas sobre violência obstétrica vivenciadas por mulheres negras é uma agenda de prioridades. A condução de mais pesquisas é fundamental para a diminuição da exclusão racial.

7596 O PAPEL DA EMPATIA NA ABORDAGEM DA MULHER QUE SOFRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Carolina Pretti Tumang de Andrade, Ana Marchezini Passos, Ana Cláudia Del Pupo, Gleica Guzzo Bortolini, Júlia Almeida Stelzer, Lara Rocha Oliveira, Maria Luisa Lima Pena, Rubia Miossi

O PAPEL DA EMPATIA NA ABORDAGEM DA MULHER QUE SOFRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Autores: Carolina Pretti Tumang de Andrade, Ana Marchezini Passos, Ana Cláudia Del Pupo, Gleica Guzzo Bortolini, Júlia Almeida Stelzer, Lara Rocha Oliveira, Maria Luisa Lima Pena, Rubia Miossi

Apresentação: De acordo com a Organização das Nações Unidas, violência contra a mulher define-se como “qualquer ato de violência baseada em gênero que resulte em, ou que pode resultar em sofrimento físico, sexual ou mental para mulheres”. Acerca da violência doméstica, as mulheres são as vítimas mais frequentes, sendo, na maioria alarmante, casos que requerem hospitalização ou que envolvem ameaças de morte à mulher ou à sua família. Os profissionais de saúde, principalmente os que atuam na atenção primária, tem uma posição estratégica para detectar riscos e identificar as possíveis vítimas de violência intrafamiliar. Segundo Coulehan et al, a empatia define-se como “a habilidade de compreender a situação do paciente, sua perspectiva e sentimentos e de comunicar esse entendimento a ele”. A empatia, portanto, é um importante instrumento na construção de um laço de confiança entre o usuário do serviço e o profissional. Objetivo: Este trabalho visa compreender o papel da empatia do profissional da rede de atenção básica na abordagem da mulher que sofre violência doméstica. Método: O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura com base nas informações extraídas das fontes: DeCS Server, utilizado para a definição das palavras-chave, e a plataforma PubMed, para a seleção de artigos entre 2014 e 2019, tendo como critério de exclusão os títulos e a leitura dos resumos. Resultado: Uma pesquisa de opinião revelou afirmações de vários pacientes acerca de como o modo de acolhimento pode determinar o sucesso do resto da consulta e uma recepção amigável permite que suas preocupações sejam compartilhadas. Os entrevistados descreveram o profissional da saúde ideal como uma pessoa que se mostra preocupada pelo bem-estar do paciente, demonstrando sensibilidade, empatia, escuta atenta, honestidade e aceitação. Profissionais da saúde que participaram de um estudo mencionaram como principais aspectos de dificuldade a ocultação das situações de violência doméstica, devido à possibilidade da mulher estar escondendo ou negando a situação vivida por medo ou sensação de culpa; e a falta de preparo dos profissionais para identificar e abordar a questão da violência doméstica, o que pode ser explicado pelo fato da formação acadêmica priorizar os aspectos curativos e biomédicos. Considerações finais: Ao adotar uma atitude empática, abre-se o espaço fundamental para minimizar o medo e a sensação de culpa da mulher que sofre violência doméstica. Sendo a atenção primária à saúde cenário ideal para sensibilização a respeito da necessidade de maior empatia ao abordar a violência contra a mulher, é necessário incluí-la no treinamento de profissionais da saúde, para capacitá-los a lidar com essa situação. E assim, aceitá-la como um grave fenômeno social e de saúde pública, ultrapassando as crenças e pré-julgamentos que podem inibir uma atuação efetiva. Isso implica na prática clínica centrada, especialmente, no acolhimento e empatia como caminho para a formação de uma relação de confiança médico-paciente.

7909 CONHECIMENTO DAS MULHERES SOBRE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NA ZONA OESTE RJ
maria regina bernardo da silva, JULIANA GONÇALVES DE SOUZA, marcelle figueira bernardo dias azevedo, halene cristina dias armada e silva, daniel ribeiro soares de souza, raquel bernardo da silva

CONHECIMENTO DAS MULHERES SOBRE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NA ZONA OESTE RJ

Autores: maria regina bernardo da silva, JULIANA GONÇALVES DE SOUZA, marcelle figueira bernardo dias azevedo, halene cristina dias armada e silva, daniel ribeiro soares de souza, raquel bernardo da silva

Apresentação: Relatar o conhecimento de mulheres de uma Unidade Básica de Saúde em relação à violência obstétrica. Trata-se de um estudo exploratório qualitativo com 11 mulheres com bebês nascidos ate doze meses. parecer SMS RJ nº 3.087.870. Observou-se que as mulheres não compreendem atos violentos e invasivos e que as mesmas não sabem definir de forma clara o que é a violência obstétrica sofrida por elas durante o trabalho de parto, algumas delas relatam inclusive que a violência sofrida se faz necessária pois em alguns momentos a vida delas e do bebê são colocadas em risco. Relataram vulnerabilidades durante o trabalho de parto, se sentem omissas e relatam medo pois estão em um momento frágil precisando de apoio. E os procedimentos técnicos mais citados caracterizadores de violência obstétrica, utilizados de forma generalizada, foram Exame de Toque Recorrente, Episiotomia, Manobra de Kristeller, Tricotomia, proibição de deambulação e uso de ocitocina. Conclui-se, que, muitas destas ações de violências, não são compreendidas pelas usuárias como violência obstétrica, pois a violência institucional é invisível ou aceita socialmente como natural, porque é justificada como sendo “práticas necessárias ao bem-estar das próprias mulheres” observou-se que poucas mulheres entrevistadas mostraram conhecimento em relação a violência obstétrica e fragilidade na autonomia feminina para definir como deseja que seu parto seja realizado  

9186 GESTANTE APENADA: DA ASSISTÊNCIA AO IMPACTO SOCIAL
Camila Mendonça de Almeida Senna, Alice Damasceno Abreu, Erika Luci Pires de Vasconcelos, Caio Ramos, Claudia Cristina Dias Granito, Daiana do Nascimento Pereira, Lucas de Almeida Figueiredo, Lara Rocha de Brito Oliveira

GESTANTE APENADA: DA ASSISTÊNCIA AO IMPACTO SOCIAL

Autores: Camila Mendonça de Almeida Senna, Alice Damasceno Abreu, Erika Luci Pires de Vasconcelos, Caio Ramos, Claudia Cristina Dias Granito, Daiana do Nascimento Pereira, Lucas de Almeida Figueiredo, Lara Rocha de Brito Oliveira

Apresentação: Atender a gestante é prioridade no sistema de saúde. As mulheres gestantes apenadas e em fase de amamentação merecem um cuidado especial, surgindo então certo impasse: Como uma progenitora que transgrediu a lei pode afetar a vida de seu filho? Por outro lado temos a questão de não poder deixar mais uma criança sem a presença de sua mãe. Ao poder público fica designado proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré, pós hospitalar e pós-natal na forma de prevenir ou diminuir problemas puerperais (Art.8, cap. 4 da Lei Nº 8069/90, com alterações da Lei Nº 12.010/2009). Desenvolvimento: Trata-se de uma inquietação dos estudantes de enfermagem diante da falta de humanização nos serviços de saúde ofertados a essas mulheres do sistema penitenciário. Busca-se instigar o perfil das apenadas apesar das futuras mães mostrarem-se frágeis, dificuldade na reabilitação e juntamente analisar as barreiras encontradas por estas futuras famílias. Discutir sobre os problemas enfrentados pela mulher encarcerada referente ao espaço físico que se encontra, atuação da enfermagem no cuidado e humanização a esta gestante e no puerpério imediato. Trata-se de uma revisão literária descritiva. A base de dados pesquisados foi o Scielo (Scientific Electronic Library Online). Resultado: Percebe-se que essas mulheres têm seus direitos excluídos pela sociedade e são punidas por seus atos ilícitos, antes e depois de seu tempo na carceragem, observa-se o pré julgamento antes da condenação. Considerações finais: Sob a luz da Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda de Aguiar Horta, das necessidades psicoespirituais da pessoa, ou seja, “religiosa, ética ou de filosofia de vida”, a Enfermagem atua na equipe multiprofissional, e o contato com essa gestante privada do convívio extramuros, pode ser um fator de alívio das tensões provocadas pela dor, física e emocional, pelo desconhecido que se faz presente e pelas angústias vivenciadas neste momento de sua vida. No cárcere, pequenas comunidades são formadas como sujeitos produtores e disseminadores de informação, as quais nem sempre condizem com a realidade do “mundo” externo. Assim contextos sociais são modificados para atender as necessidades e demandas dessas mulheres isoladas.

9210 ASSISTENCIA DA ENFERMAGEM ÀS MULHERES GESTANTES USUÁRIAS DE DROGAS
Bia Henriques Ferreira

ASSISTENCIA DA ENFERMAGEM ÀS MULHERES GESTANTES USUÁRIAS DE DROGAS

Autores: Bia Henriques Ferreira

Apresentação: A gestação é um período de grandes mudanças na vida da mulher, causando alterações significativas não apenas em seu organismo, em seu psiquismo e em seu papel sócio-familiar. Diante desta afirmativa pode-se dizer que o abuso e a dependência de substâncias psicoativas, podem provocar consequências físicas potencialmente graves para a mãe e para a criança (SBP, 2016). O uso de drogas ilícitas vem aumentando em diversos países, principalmente no Brasil. Nos Estados unidos, 5% das gestantes relataram ter usado droga ilícita, sendo o Cannabis, o mais utilizado, seguido da cocaína. A maconha é altamente lipossolúvel e atravessa a barreira placentária. A maioria das pesquisas mostrou uma associação entre o consumo materno de maconha e o desenvolvimento fetal, sendo a restrição do crescimento fetal a maior complicação da exposição à maconha(SBP, 2016). A realização deste trabalho justifica-se pela importância de conhecer as consequências do uso de drogas licitas e ilícitas durante a gravidez, tanto para a mãe quanto para o recém nascido e a importância do acompanhamento da Atenção Primária à Saúde, pelo profissional de Enfermagem. Método: O presente trabalho baseia-se em um estudo de natureza bibliográfica com características descritivas. Trata-se de um estudo exploratório do tipo bibliográfico, através de artigos científicos, com estratégias de busca descritoras, retirados da base de dados Scielo, BVS e PubMed, com utilização dos descritores: “Drogas ilícitas”; “Transtornos relacionados ao uso de substancias”; “gestantes”. A análise tem como objetivo estabelecer e sumariar os dados de forma que permitam a fundamentação e aprofundamento do tema proposto para investigação. Considerações finais: Conclui-se então que o uso de drogas é um problema de saúde crescente e exige dos profissionais de enfermagem uma assistência qualificada, capaz de identificar e intervir com objetivo de reduzir ou sanar quaisquer danos causados. Para que assim, a mulher tenha um atendimento de forma integral e com qualidade, como preconiza os princípios do SUS.

9575 FLUXO DA GESTANTE ENCARCERADA NO CENTRO DE REFERÊNCIA A GESTANTE PRIVADA DE LIBERDADE EM MINAS GERAIS
Mariane da Silva Gomes, Mariana de Oliveira Santos, Adriele Candido Maldonado, Joyce Canaan de Castro Santos

FLUXO DA GESTANTE ENCARCERADA NO CENTRO DE REFERÊNCIA A GESTANTE PRIVADA DE LIBERDADE EM MINAS GERAIS

Autores: Mariane da Silva Gomes, Mariana de Oliveira Santos, Adriele Candido Maldonado, Joyce Canaan de Castro Santos

Apresentação: A presente pesquisa teve como objetivo identificar o fluxo de atendimento da gestante do Centro de Referência a Gestante na cidade de Vespasiano, MG (CRGPL/MG) no ano de 2019, o local é considerado modelo na assistência prestada à gestante privada de liberdade. Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza descritiva, foi utilizado para coleta de dados um questionário destinado ao Gestor do Centro, com questões relacionadas à rede de assistência as mulheres encarceradas. O CRGPL (MG) atende todo o Estado de Minas Gerais, portanto, quando uma mulher que se encontra presa tem a suspeita de gravidez, o presídio de origem da mesma, solicita exames para comprovação e assim que é confirmada a gestação, é realizada a transferência da interna, sendo realizada por uma viatura disponibilizada pelo presídio. A interna fica no Centro  durante a gestação e após o nascimento do filho  por  um ano, ao final desse período, o bebê fica com um guardião escolhido pela mãe e ela volta para o presídio de origem para terminar de cumprir sua pena ou é liberada caso receba o alvará de soltura. A realização de exames e consultas de acompanhamento de pré-natal é de responsabilidade CRGPL/MG, as enfermeiras do Centro fazem o contato com a UBS de referência do CRGPL/MG, com o Hospital Sofia Feldman ou em alguma clínica para realização de ultrassom e as gestantes são levadas com escolta para realizar os procedimentos,, todos os procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Quanto ao fluxo de atendimento da detenta em trabalho de parto, as enfermeiras seguem um protocolo, que se baseia na contagem  das contrações e o tempo de duração, quando chega o momento indicado por esse protocolo, a interna é levada para o Hospital Sofia Feldman  referência para o parto em uma ambulância do Centro. Até a data da pesquisa, aos finais de semana não haviam nenhum profissional da equipe de enfermagem, sendo as próprias agentes penitenciárias quem assumiam a aplicação do protocolo caso alguma interna entrasse em trabalho de parto, e decidindo assim, o momento em que a interna seria levada ao Hospital. É importante destacara importância do treinamento das agentes penitenciarias para evitar risco para a mãe e o bebê. Durante a pesquisa ao CRGPL (MG) não foi permitido o acesso ao protocolo, o que impede uma análise, das orientações e dos sinais de risco durante a avaliação da interna em trabalho de parto nos finais de semana.  No CRGPL/MG, a gestante tem direitos iguais aos de qualquer pessoa que estiver em cárcere como: direito ao trabalho, ao estudo, a visita, a integração social, ao telefonema, envio de cartas etc. Podemos perceber que a atenção as internas gestantes no CRGPL (MG) está adequada, em uma perspectiva geral,  apesar da singularidade que envolve a assistência de gestar e parir no cárcere.

9578 O PERFIL DAS PUÉRPERAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA À GESTANTE PRIVADA DE LIBERDADE EM VESPASIANO, MG.
Adriele Candido Maldonado, Mariana Oliveira, Mariane Gomes, Joyce CANAAN DE CASTRO SANTOS, Yara Mendes Sudermann

O PERFIL DAS PUÉRPERAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA À GESTANTE PRIVADA DE LIBERDADE EM VESPASIANO, MG.

Autores: Adriele Candido Maldonado, Mariana Oliveira, Mariane Gomes, Joyce CANAAN DE CASTRO SANTOS, Yara Mendes Sudermann

Apresentação: Quando se trata de sistema prisional, o brasileiro é o terceiro maior no mundo. Nota-se que grande parte da população carcerária se origina de grupos com pior condição socioeconômica. A vulnerabilidade se intensifica quando exploramos questões de gênero concernente ao nosso público alvo, a mulher. Estas são caracterizadas por ser maioria da população brasileira e também as principais usuárias do SUS. Apesar disso, são as mais afetadas pelos agravos em saúde, isso porque a mulher tem maior vulnerabilidade não a fatores biológicos e sim as situações discriminatórias em que vivem frente a sociedade – desigualdade de gênero. A presente pesquisa teve como objetivo identificar a assistência ao puerpério dentro do Centro de Referência a Gestante na cidade de Vespasiano, MG. Este estudo trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa de natureza descritiva. O estabelecimento é destinado exclusivamente a mulheres e acolhem presas provisórias e em cumprimento de pena. Foi utilizado como instrumento de coleta um questionário destinado às puérperas e o projeto foi aprovado pela Secretaria do Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (SEJUSP) e Comitê de Ética da Pontifíqucia Universidade Católica de Minas Gerais (CAEE:23543219.9.0000.513). Os dados apresentados são referentes às 15 mulheres privadas de liberdade residentes no Centro em 2019. A pesquisa apresenta que 62% das mulheres residentes tinham até 29 anos, 34% apresentam idade entre 30 e 39 anos e 4% das mulheres tem mais de 40 anos de idade. No perfil sociodemográfico, 73% das mulheres se declaram negras, e  27% se autodeclararam brancas. Quanto à escolaridade, 58% das mulheres custodiadas no Centro tem ensino fundamental incompleto ou completo, 15% residentes tem ensino médio incompleto e 23% ensino médio complete e 4% com ensino superior incompleto. Se tratando da situação conjugal, 35% das mulheres responderam ter união estável, 54% são solteiras, 7% divorciadas e 14% casadas. Quanto ao número de gestações, 30% das internas alegaram que vivenciaram seis ou mais gestações, 20% quatro vezes e 20% apenas uma vez antes do cárcere.Todas as internas relataram gestação anterior única, 80% das entrevistadas conseguiram levar a gestação até o final e 20% chegaram a vivenciar o abortamento. Ao compararmos os dados referentes aos homens que se encontram no sistema prisional, 53% declaram não possuir filhos, e 74% das mulheres privadas afirmam ter filhos. Percebe-se a  responsabilidade social imposta a mulher sobre a maternidade. Quanto ao desejo dessa gestação das puérperas no Centro, 40% mencionaram que desejavam a gravidez, 20% planejavam e 40% dessas não planejavam naquele momento ser mãe. Muitas vezes, o não planejamento deve-se à falta de aconselhamento e orientação, ou de oportunidade para a aquisição de um método anticoncepcional, e isso ocorre comumente nas mulheres privadas de liberdade. Sobre com quantas semanas ou meses elas iniciaram o pré-natal, 40% assinalaram que fizeram com até 8 semanas, 10% entre 9 e 16 semanas e 30% começaram entre 17 e 24 semanas de gestação. Ressaltamos que 10% afirmaram não ter realizado em nenhum momento da gestação o pré-natal e 10% não conseguiu se lembrar quando inicio as consultas. O inicio do pré-natal tardio, pode estar relacionado ao momento da decretação da prisão. Em relação ao número de consultas realizadas durante o pré-natal certificou-se que, 20% das entrevistadas alegaram que fizeram seis consultas, 10% realizaram cinco, 10% quatro e 10% três consultas durante o período gestacional, 20% das internas realizaram duas consultas e 20% realizou apenas uma consulta. Todas afirmaram que realizaram durante o pré-natal o teste rápido para sífilis, hepatite, HIV/AIDS e toxoplasmose. O Ministério da Saúde preconiza que seja realizada três exames ultrassonografia na gestação, referente ao exame 20% das internas realizaram três exames, 40% fizeram duas ultrassonografias, 30% apenas um e 10% não fez o exame em nenhum momento da gestação. Para mapear como o pré-natal dentro do Sistema Prisional prepara a gestante para o parto, um dos temas abordados junto às internas, é se elas foram informadas como começa o trabalho de parto, 60% informaram que sim e 40% não foram informadas. Quando questionamos se as internas foram orientadas no pré-natal sobre os sinais de riscos durante a gravidez, 60% relataram que não foram informadas e 40% relataram que foram informadas. Entre elas 80% das puérperas não foram orientadas quanto a melhor posição para o trabalho de parto e somente 20% receberam essa informação. Percebemos que as atividades relacionadas a educação em saúde apresentam uma certa fragilidade, que podem estar relacionadas ao contexto em que essas mulheres são atendidas e/ou a equipe de profissionais que realizam o atendimento. A respeito da amamentação na primeira hora de vida, 70% das internas chegaram a realizar o aleitamento, no entanto 20% dessas mulheres não tiveram seus bebês direcionados para serem amamentados na primeira hora de vida e 10% não se lembram. É relevante ressaltar que nesse momento do parto as internas são acompanhadas por uma agente penitenciaria que seguem o protocolo do Sistema Prisional, que define o uso de algemas nas puérperas ainda no bloco obstétrico. Sobre o direito a saber a maternidade de referência e de visitar antes do parto, 50% das internas responderam que foram informadas o local onde ocorreria o parto e 50% não foram informadas. Em relação ao cartão vacinal e as vacinas recebidas durante a gestação 80% foram vacinadas e 20% não receberam. Não podemos identificar pesquisa, se a falta de vacinação está relacionada com o fato do esquema vacinal da gestante estar completo. Em relação ao uso de medicamentos durante a gestação,  60% das puérperas relataram não ter ingerido nenhum fármaco e 40% das internas chegaram a tomar alguma medicação. Em relação ao tipo de parto 70% das internas responderam  que foi vaginal e 30% que foi cesariana. Em relação ao acompanhante durante o trabalho de parto 70% das internas do Centro responderam que não foram orientadas quanto ao seu direito de ser acompanhada e 30% alegam que foram acompanhadas, porém suas acompanhantes foram as agentes penitenciárias. A lei garante a parturiente o direito ao acompanhante de sua escolha podendo ser homem ou mulher. Sabe-se da dificuldade dessas mulheres serem acompanhadas por seus familiares devido à localização, e a ausência do pai é em parte justificada pelo fato do encarceramento, a maioria delas relataram estarem sozinhas para enfrentar o desafio da maternidade. Concluímos  que as internas que pariram em situação de cárcere vivenciaram a  fragilidade da assistência pré-natal no sistema prisional. Para superar essa fragilidade é necessário  capacitar todos os atores envolvidos no atendimento a puérpera privada de liberdade.

9671 O TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO BÁSICA NO CUIDADO MANEJO DE MULHERES COM DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Larissa Chagas Suhett, Brendon Edson Armanini, Caroline Nascimento de Souza, Juliana Maria Bello Jastrow, Italla Maria Pinheiro Bezerra, Amelia Toledo da Silva Bauduina, Eloíza Toledo Bauduina

O TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO BÁSICA NO CUIDADO MANEJO DE MULHERES COM DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Autores: Larissa Chagas Suhett, Brendon Edson Armanini, Caroline Nascimento de Souza, Juliana Maria Bello Jastrow, Italla Maria Pinheiro Bezerra, Amelia Toledo da Silva Bauduina, Eloíza Toledo Bauduina

Apresentação: O puerpério compreende a um período que perpassa desde o parto até o retorno da mulher às condições fisiológicas anteriores à gestação. Durante esse processo a puérpera se encontra susceptível a sofrer diversas alterações psicológicas, sociais e fisiológicas. É nesse momento de bruscas mudanças que a mulher pode vir a desenvolver a depressão pós-parto (DPP). De acordo com o Ministério da Saúde a depressão pós-parto é definida como uma síndrome psiquiátrica de extrema importância, pois ocasiona alterações cognitivas, físicas, emocionais e comportamentais, podendo causar diversos impactos negativos na ligação afetiva entre mãe e filho. Alguns fatores podem ser gatilhos para o desenvolvimento da DPP como, ser mãe solteira; gravidez não planejada; falta de apoio da família; perda de emprego e vínculo conjugal. A atenção primária é a porta de entrada da gestante ao acesso ao Sistema Único de Saúde, sendo assim, é importante que a equipe de enfermagem inserida nesse contexto esteja capacitada para identificar e junto com a equipe multidisciplinar auxiliar as mulheres no enfrentamento a depressão pós-parto. Com isso o presente estudo tem por objetivo analisar a atuação da equipe de enfermagem entreposta na atenção básica no cuidado a mulheres com depressão pós-parto. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão integrativa realizada na base de dados regional da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) durante o mês de janeiro de 2020. Para busca, utilizou-se o descritor baseado no Decs: Depressão Pós-Parto. Os critérios de inclusão foram: Artigos em português escritos no período de 2015 a 2020. Resultado: Foram encontrados 82.236 mil estudos, após a aplicação dos critérios de inclusão, restaram 38 artigos, e depois da leitura de títulos e resumos, posteriormente realizando-a de forma completa, resultou-se em um total de 04 artigos analisados. Os estudos analisados, mostraram que a assistência de enfermagem prestada à mulher no período do puerpério na atenção básica de saúde é mais centrada em procedimentos técnicos, nos cuidados ao recém nascido, nas necessidades fisiológicas e no acompanhamento do planejamento familiar. Em relação ao conhecimento teórico dos profissionais da enfermagem sobre a DPP, identificou-se que os profissionais pouco entendem sobre o assunto, demonstrando dificuldades na elaboração de intervenções relacionadas ao aspecto biopsicossocial da puérpera e de sua família. Considerações finais: A partir desta revisão, concluiu-se que a equipe de enfermagem exerce um papel crucial no que diz respeito a assistência prestada a mulher que procura a unidade básica de saúde durante o período do puerpério, com isso, se faz necessário que tais profissionais compreendam a importância de desenvolver um trabalho de  acompanhamento com a mulher, mas que esse não seja focado somente na técnica, mas sim, que a assistência seja desenvolvida de forma abrangente, visando atender as necessidades da mulher como um todo, contemplando seu estado físico, psíquico e emocional, promovendo ainda,  a inclusão da família nesse processo por meio de ações educativas, visitas domiciliares e consultas com a equipe multidisciplinar, entre outros, no intuito de diminuir os fatores de risco psicossociais que propiciam o desenvolvimento da DPP na mulher.

9995 MULHERES, PRISÕES E ACESSO À SAÚDE: RELATO DE PESQUISA
MÍRIAM THAIS GUTERRES DIAS, Gabrielle de Souza Netto, Laura Barcellos de Valls Machado, Sofia Mainardi Baptista

MULHERES, PRISÕES E ACESSO À SAÚDE: RELATO DE PESQUISA

Autores: MÍRIAM THAIS GUTERRES DIAS, Gabrielle de Souza Netto, Laura Barcellos de Valls Machado, Sofia Mainardi Baptista

Apresentação:  Este relato da experiência de pesquisa resulta da entrada em campo da pesquisa Mulheres privadas de liberdade: contexto de violências e necessidades decorrentes do uso de drogas, financiado pelo Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS/FAPERGS). Esta vivência se articula à análise dos parâmetros legais que regulamentam o direito à saúde da mulher privada de liberdade no Brasil, que dialoga com os dados sobre a força de trabalho do setor penitenciário do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN), visto que os direitos sociais da pessoa privada de liberdade vinculam-se às políticas sociais que são colocadas na ordem do dia pelo trabalho dos operadores dessa política. Os parâmetros legais referenciados foram aqueles que vertem sobre a saúde da pessoa privada de liberdade: Lei de Execução Penal nº 7.210 (LEP, 1984); Sistema Único de Saúde (SUS, 1990); Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional (PNAMPE, 2014) e Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP, 2014). O presente estudo tem como objetivo analisar os principais desafios e entraves do acesso à saúde das mulheres privadas de liberdade, considerando a perspectiva de gênero. Desenvolvimento: A pesquisa Mulheres privadas de liberdade: contexto de violências e necessidades decorrentes do uso de drogas é de natureza quantitativa transversal, tipo descritivo analítico de abrangência regional, com entrevistas por meio de questionários fechados com mulheres privadas de liberdade de dois estabelecimentos prisionais femininos do RS, totalizando uma amostra populacional de 75 mulheres. A fase da coleta de dados (que constitui a entrada em campo das pesquisadoras) contou com o instrumento do diário de campo e permitiu a apreensão de particularidades imanentes às condições de acesso à saúde das mulheres privadas de liberdade desse universo, possibilitando às pesquisadoras identificar dificuldades e limitações do processo de trabalho, o que vincula-se aos processos de saúde-doença. De acordo com a LEP que dispõe sobre os direitos dos sujeitos que cumprem pena privativa de liberdade, à pessoa privada de liberdade será assegurado direitos de assistência à saúde, entre outros (BRASIL, 1984). No que tange às mulheres em privação de liberdade, somente em 2014 é publicada a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional (PNAMPE), que traz disposições específicas como a necessidade de existência de berçários nos estabelecimentos penais destinados às mulheres, a exclusividade de haver apenas agentes do sexo feminino nestes estabelecimentos e remete às ações relacionadas à prevenção dos tipos de violência contra as mulheres , entre outros. Esta política vai ao encontro da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade (PNAISP), que prevê a inclusão da população privada de liberdade no SUS e compreende as especificidades de cada segmento populacional. Ainda que tais legislações demonstrem avanço em direção à integralidade da atenção à saúde da população privada de liberdade, a experiência da pesquisa nos estabelecimentos prisionais femininos evidencia que o direito à saúde nesse contexto, está fortemente articulado à categoria trabalho, indissociável da conjuntura de precarização na atualidade. Resultado: A partir das entrevistas realizadas junto das participantes e do contato com os trabalhadores dos estabelecimentos prisionais, observa-se o baixo efetivo de Agentes de Segurança Penitenciário (ASP), categoria que, junto à Equipe Técnica, tem papel central na viabilização do acesso aos direitos da população em privação de liberdade. A equipe técnica é composta por trabalhadores de nível superior, que realizam atividades de assistência à população privada de liberdade, bem como, o acompanhamento técnico de atenção integral à saúde, assistência à saúde e prevenção (RIO GRANDE DO SUL, 2009). Já o ASP efetua toda e qualquer movimentação junto às pessoas privadas de liberdade, incluindo aquelas relacionadas ao acesso à saúde.  A partir da entrada em campo, percebe-se que a centralidade do ASP também se expressa quando as relações entre tais agentes e a população privada de liberdade são determinantes no acesso ou não à saúde e, portanto, ao próprio direito à saúde. Quando questionadas sobre o que costuma dificultar o acesso ao serviço de saúde dentro da prisão e podendo responder mais de uma alternativa, 50% das entrevistadas responderam que este é dificultado pelo próprio serviço de saúde da prisão e 50% que o acesso é dificultado pelos agentes penitenciários da prisão; 5,9% responderam que o acesso é dificultado por outras detentas, 11,8% pelo setor técnico/psicossocial e 8,8% por outros motivos, enquanto 2,9% alegaram não buscar atendimento de saúde e outros 2,9% não souberam responder. Nenhuma entrevistada optou por não responder. O baixo contingente de trabalhadores nesse contexto, fator observado em campo, impacta diretamente na inviabilização do acesso à saúde das mulheres que, sob custódia do Estado, devem ter seus direitos sociais garantidos através das políticas desenvolvidas por ele. A violação do direito à saúde da mulher se expressa quando, nesse contexto específico, a série histórica desenvolvida para analisar a alocação dos trabalhadores de saúde do sistema prisional evidenciam um total de zero ginecologistas de 2008 a 2017, exceto em 2014, quando consta a contratação de dois desses profissionais para todo o território do Rio Grande do Sul. Considerações finais: A experiência em campo articulada às normativas legais e dados referentes ao contexto prisional traduzem a dinâmica concreta das condições de acesso à saúde das mulheres privadas de liberdade. Demonstram os significativos avanços normativos e a aproximação do SUS à população privada de liberdade e, concomitantemente, a adesão formal por parte do Estado frente à legislação que garante o direito à saúde. Explicita-se a existência de um Estado mínimo para o social e máximo para manutenção da “ordem” regida pelo capital, desresponsabilizando-se da garantia dos direitos sociais que acabam por ser articulados através do trabalho, que não é efetivado. Assim, materializam-se privações que extrapolam a pena privativa de liberdade: a violação do direito à saúde das mulheres privadas de liberdade - sob custódia do Estado - que conformam violência de ordem institucional.

10088 A COMUNICAÇÃO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHERES SURDAS EM PARTURIÇÃO: UMA LACUNA NO CUIDAR
Greyce Trindade Pereira, Carolina de Souza Silva, Andreza Andrade de Azevedo, Antônio da Silva Ribeiro, Paulo Alexandre de Souza São Bento, Carla Oliveira Shubert

A COMUNICAÇÃO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHERES SURDAS EM PARTURIÇÃO: UMA LACUNA NO CUIDAR

Autores: Greyce Trindade Pereira, Carolina de Souza Silva, Andreza Andrade de Azevedo, Antônio da Silva Ribeiro, Paulo Alexandre de Souza São Bento, Carla Oliveira Shubert

Apresentação: No Brasil, a comunidade surda representa cerca de 9 milhões de pessoas, destas, quase metade, mulheres. Sendo assim, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) primeira língua da comunidade surda, legitimada pela Lei 10.436/2002, prevê a garantia ao direito à comunicabilidade funcional, imprescindível para compreensão, formação de vínculo e qualidade à assistência da equipe de enfermagem à pessoa surda, especialmente, às mulheres surdas em processo de trabalho de parto. Para tanto, torna-se imprescindível o domínio de LIBRAS e ainda, conhecer e apropriar-se da cultura surda para melhor entendimento e diálogo, favorecendo o conhecimento das necessidades de saúde da gestante surda.

10236 A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO NA ADESÃO AO PRÉ-NATAL EM MULHERES USUÁRIAS DE CRACK: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Laylla Ribeiro Macedo, Vivandre Lívia Sant'Ana Marques, Anna Keylla da Silva dos Santos, Keli Marini dos Santos Magno, Magda Guimarães de Araújo Faria, Donizete Vago Daher, Felipe Guimarães Tavares, Emanuele Menezes Correia

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO NA ADESÃO AO PRÉ-NATAL EM MULHERES USUÁRIAS DE CRACK: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: Laylla Ribeiro Macedo, Vivandre Lívia Sant'Ana Marques, Anna Keylla da Silva dos Santos, Keli Marini dos Santos Magno, Magda Guimarães de Araújo Faria, Donizete Vago Daher, Felipe Guimarães Tavares, Emanuele Menezes Correia

Apresentação: A integralidade bem como a universalidade são princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS), contudo em muitas situações observa-se na prática profissional que alguns usuários sofrem diariamente diversos estigmas e não são respeitados esses princípios, como é o caso das gestantes usuárias de crack. Aliado a isso, estudos apontam que nos últimos anos, o número de mulheres usuárias de crack, vem crescendo a cada dia e quando estão gestantes, essas mulheres convivem com preconceito, sentimento de medo, culpa e desamparo. Este relato de experiência tem como objetivo conscientizar sobre a importância do vínculo no acompanhamento do pré-natal de uma mulher usuária de crack. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência vivido durante a prática na Residência de enfermagem em Saúde Coletiva em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município do Rio de Janeiro. Resultado: O caso em questão se refere a uma mulher de 38 anos que se encontrava em sua nona gestação, vítima de violência doméstica, usuária de crack com uma situação sócio econômica extremamente vulnerável. Em nenhuma das gestações anteriores a equipe responsável conseguiu acompanhar o pré-natal, principalmente pela falta de vínculo entre a equipe e assistida. Ao ter conhecimento do caso, a profissional residente de enfermagem realizou busca ativa, escutou a gestante, conversou com os agentes comunitários e entendeu os aspectos biopsicossociais nos quais essa mulher estava inserida. A partir desse momento e diante das dificuldades da mesma em ir nas consultas na unidade, alguns exames e consultas referentes ao de pré-natal e a sua saúde mental foram realizadas no domicílio. Contudo sempre que a usuária precisava, a mesma acessava a clínica. Ressalta-se ainda que o diálogo e trabalho conjunto com a equipe da maternidade foi decisivo na assistência prestada, uma vez que a residente acompanhava a gestantes em todas as consultas. Dessa maneira foi possível ter contato direto com enfermeiras, assistentes sociais e médicos que puderam entender melhor o caso. Vale destacar que a usuária manifestava o desejo em fazer laqueadura há alguns anos e que através do acesso as ferramentas do planejamento familiar, foi obtido êxito na realização do procedimento ao final dessa gestação. Considerações finais: Diante do exposto a assistida, que nas outras gestações não acompanhou o pré-natal e/ou acompanhou de maneira ineficaz, a partir da construção do vínculo conseguiu realizar cinco consultas de rotina. Tal número ainda se encontra abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde (MS), porém nota-se um relevante avanço se comparado com a adesão nas gestações anteriores. Sendo assim, pode-se observar que diante da construção do vínculo bem como da escuta ativa e da integralidade é possível realizar uma assistência de maior qualidade e resolutividade. Sendo de suma importância prestar tal assistência livre de preconceitos, estigmas e entendendo verdadeiramente os conceitos de equidade, universalidade e integralidade, pois dessa forma é possível realizar um SUS de excelência.

10439 A PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM TEMPOS ATUAIS: REVISÃO INTEGRATIVA
Márcia Reis, Elina Souza, Elineide Nascimento, Samily Rocha, Saulo Vilhena, Suane Antunes, Yara Miranda, Miriam Silva

A PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM TEMPOS ATUAIS: REVISÃO INTEGRATIVA

Autores: Márcia Reis, Elina Souza, Elineide Nascimento, Samily Rocha, Saulo Vilhena, Suane Antunes, Yara Miranda, Miriam Silva

Apresentação: A violência obstétrica ocorre a partir da invasão do corpo e da apropriação dos processos reprodutivos das mulheres por profissionais de saúde, exprimindo-se por meio de relações abusivas e desumanas, de abuso farmacológico e da conversão patológica dos processos naturais do parto. Mesmo em dias atuais, há concordância entre órgãos mundiais de saúde que as mulheres ainda são vítimas, diariamente, de algum tipo de violência em alguma fase do parto. Essas mulheres vivenciam situações de maus tratos, desrespeito, abusos, negligências, violação dos direitos humanos por profissionais de saúde, principalmente, durante a assistência ao parto e ao nascimento. Objetivo: Analisar por meio da produção científica disponíveis na literatura, a persistência da violência obstétrica no Brasil. Método: Revisão integrativa da literatura, estudo que oferece acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas e de evidências que fundamentam as condutas ou a tomada de decisão, proporcionando um saber crítico. Esse estudo foi realizado por meio das bases de dados LILACS, SciELO e BDENF, a busca seguiu os seis passos para a elaboração de uma revisão integrativa, ao fim da busca foram selecionados oito artigos completos publicados entre os anos de 2015 a 2019. O instrumento validado por Ursi foi utilizado para a coleta de dados. Os critérios de inclusão foram artigos completos, grátis, publicados em português, inglês e espanhol e que abordavam a temática em questão. Os critérios de exclusão foram apostilas, cartas, editoriais, revisões, estudo/relato de caso, dissertações, teses, livros e documentos. Resultado: Entre os fatores predominantes que acarretaram episódios de violência obstétrica, tem-se: a deficiência na formação de médicos e de outros profissionais da saúde, a realização, sem recomendação médica, da episiotomia; a administração excessiva de medicamentos; a violação do direito ao acompanhante; a negligência terapêutica; os maus-tratos físicos e psicológicos e o despreparo institucional para receber as gestantes. Ademais, os resultados relevam que na maioria das publicações evidenciou-se ocorrências de mais de um tipo de violência e a violência discriminatória motivada pela classe social da mulher também foi descrita, contudo, em menor incidência. Considerações finais: Apesar dos esforços para combater a prática violenta durante as fases da gravidez, a violência obstétrica se faz presente em diferentes âmbitos de cuidado. Diante disso, observa-se que as iniciativas de erradicação da violência obstétrica são insuficientes. Entretanto, acredita-se na mudança desse cenário, mas para que isso ocorra é necessário repensar o ensino de médicos e de enfermeiros, os quais, muitas vezes, ensinam e praticam assistências desatualizadas e descontextualizadas, as quais serão reproduzidas por estudantes e por novos profissionais, contribuindo para um retrocesso no processo de cuidar em obstetrícia.

10529 ACESSO À REDE PÚBLICA DE SAÚDE: DIFICULDADES DE MULHERES GRÁVIDAS MORADORAS DE UM ASSENTAMENTO AGRÍCOLA NO INTERIOR DO ESTADO DO AMAPÁ.
Amanda Almeida da Silva Carvalho, Tatiana do Socorro dos Santos Calandrini

ACESSO À REDE PÚBLICA DE SAÚDE: DIFICULDADES DE MULHERES GRÁVIDAS MORADORAS DE UM ASSENTAMENTO AGRÍCOLA NO INTERIOR DO ESTADO DO AMAPÁ.

Autores: Amanda Almeida da Silva Carvalho, Tatiana do Socorro dos Santos Calandrini

Apresentação: As extremas diferenças entre as áreas urbanas e rurais, refletem diferentes estágios de desenvolvimento socioeconômico e contribuem para a desigualdade no que se refere às condições e ao acesso a uma série de itens básicos para a qualidade de vida. Residir em localidades vulneráveis geram uma série de custos ao indivíduo, sejam aqueles relacionados à infraestrutura, como maior distância e dificuldade para acesso aos serviços públicos. Percebe-se que nas áreas rurais o acesso é menor em função da maior vulnerabilidade social de sua população e das maiores dificuldades de acesso que seus grupos sociais estão submetidos. Diante disso, e  conhecedora da realidade a qual a população da zona rural está inserida, tal estudo tem a finalidade de expor para a sociedade acadêmica e científica as dificuldades que uma mulher grávida é submetida para poder obter o acompanhamento de pré-natal com o mínimo de auxílio que se é preconizado. Objetivo: Descrever as principais dificuldades encontradas para ter o devido acesso a rede pública de saúde. Método: Trata-se de um trabalho descritivo do tipo relato de experiência baseado no contato direto com moradores da área e vivenciado pelas autoras do curso de enfermagem. Discussão: Criado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em janeiro de 1997, o Projeto de Assentamento (PA)  Nova Colina tem capacidade de instalação para 309 famílias, está localizado na zona rural dos municípios de Macapá e Porto Grande, no Sudoeste do Estado do Amapá, sua sede fica a uma distância de aproximadamente 100 km da capital com acesso principal pela BR-156. A maioria dos moradores recebem auxílio federal e recorrem a criação de pequenos animais, fabricação de farinha de mandioca e plantações de frutas para vender e se alimentarem. Atualmente há uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no assentamento que não foi inaugurada por falta de materiais e de profissionais para atuação no local, assim sendo, a distância do assentamento para unidade de saúde do município de Porto Grande para as gestantes terem acesso é de aproximadamente17 km. Esse deslocamento para os municípios vizinhos é trabalhoso e torna-se complicado em se tratando de mulheres em período gravídico. Pois, a estrada de acesso não é pavimentada, o terreno é repleto de ladeiras íngremes, ribanceiras e pontes de madeira sob os rios, que em período chuvoso pode haver terríveis acidentes mesmo com aqueles que já conhecem a área. Geralmente a logística de deslocamento para as consultas de pré-natal é conturbada, aqueles que não possuem meio de transporte próprio dependerão da colaboração dos vizinhos ou pagando em média 100 reais por pessoa pelo seu deslocamento de ida e volta do assentamento a UBS/outros serviços necessários para a condução de seu pré-natal. Considerações finais: Percebe-se que acontecem fragilidades no acesso aos serviços de saúde, principalmente nas condutas acolhedoras para as moradoras do Assentamento Nova Colina para uma ambiência com qualidade. É necessário ações que pudessem incluir os níveis da atenção, tais como: promoção, prevenção e assistência à saúde, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco.

10818 PERCEPÇÃO DE MULHERES NEGRAS SOBRE O ATENDIMENTO AO PARTO: PÚBLICO VERSUS PRIVADO
Joecio Cordeiro Cardoso, Luana Gabriela Pinheiro Barreto, Zannety Conceição Silva do Nascimento Souza, Ariane Cedraz Morais, Ana Jaqueline Santiago Carneiro, Rita da Cruz Amorim

PERCEPÇÃO DE MULHERES NEGRAS SOBRE O ATENDIMENTO AO PARTO: PÚBLICO VERSUS PRIVADO

Autores: Joecio Cordeiro Cardoso, Luana Gabriela Pinheiro Barreto, Zannety Conceição Silva do Nascimento Souza, Ariane Cedraz Morais, Ana Jaqueline Santiago Carneiro, Rita da Cruz Amorim

Apresentação: O parto representa na vida de muitas mulheres um momento singular, mas também possui aspectos negativos de acordo com o atendimento recebido na unidade de saúde. A Constituição federal, a Lei 8080/90 e a Lei 8142/90 tornaram a saúde um direito da população, regulamentam o Sistema Único de Saúde (SUS) e o controle social. No entanto, os desafios enfrentados pelo SUS, a exemplo da insuficiência de investimentos, de gestão, baixo número de profissionais, dentre outras contribuem para a desvalorização do serviço ofertado em algumas situações. Referente às mulheres negras, estudos mostraram que o atendimento obstétrico nem sempre alcança a mesma qualidade do oferecido às mulheres brancas, o que reforça a importância de ouvi-las.  O objetivo deste estudo é compreender a percepção de mulheres negras sobre o atendimento ao parto na perspectiva do serviço público versus privado. Desenvolvimento: estudo exploratório e qualitativo realizado em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) de um município da Bahia, com dez mulheres negras que já vivenciaram a experiência do parto normal ou cesáreo, maiores de 18 anos, com mais de 15 dias de pós-parto. Coleta de dados por meio de entrevista semiestruturada e a análise pelo método de Bardin. Recorte de monografia de conclusão de curso de graduação em Enfermagem, inserida no projeto “Atenção à saúde da mulher nos serviços públicos do município de Feira de Santana (BA)”, vinculado ao Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde da Mulher; pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Feira de Santana, parecer número 1.327.867. Resultado: As questões socioeconômicas influenciaram diretamente na acessibilidade das participantes deste estudo aos serviços de saúde, com associação do atendimento ao parto em unidade privada à maior qualidade. Existiu insatisfação das usuárias do SUS em relação à demora no atendimento, que levou inclusive a óbito fetal segundo uma entrevistada. Porém, vale salientar que os serviços de saúde privados possuem demanda menor do que os públicos, já que a população abrangida por estes últimos é muito maior, considerando as condições socioeconômicas da população brasileira. Por isso, a superlotação dos serviços públicos afeta diretamente na qualidade da assistência das usuárias, culminando com a insuficiência dos insumos, assim como de profissionais para a demanda existente. Considerações finais: É necessário que as instâncias governamentais fortaleçam a estrutura do SUS, para que haja melhoria dos serviços, evitando que a falta ou demora da assistência coloquem em risco a vida das gestantes e fetos. O SUS é um direito de todos, completo e bem organizado do ponto de vista das leis que o regulamentam; mas precisa de excelência na execução de suas ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.

10949 PARTEJAR NA FLORESTA: PRÁTICAS E ENGAJAMENTO POLÍTICO DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO MÉDIO SOLIMÕES, AMAZÔNIA-BRASIL
Marilia de Jesus da Silva Sousa, Ana Claudeíse Silva Nascimento, Julio Cesar Schweickardt, Dores Marinho, Edila Arnoud Moura, Leandro Eutasquio Gomes

PARTEJAR NA FLORESTA: PRÁTICAS E ENGAJAMENTO POLÍTICO DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO MÉDIO SOLIMÕES, AMAZÔNIA-BRASIL

Autores: Marilia de Jesus da Silva Sousa, Ana Claudeíse Silva Nascimento, Julio Cesar Schweickardt, Dores Marinho, Edila Arnoud Moura, Leandro Eutasquio Gomes

Apresentação: Este estudo busca descrever o histórico de engajamento e atuação das parteiras tradicionais no Estado do Amazonas dando enfoque para as práticas das parteiras na região do Médio Solimões. A luta pelo reconhecimento do trabalho realizado pelas parteiras tradicionais foi fortalecida com a criação da Associação das Parteiras Tradicionais do Estado do Amazonas Algodão Roxo (APTAM) em 2018 durante o Congresso Internacional da Rede Unida em Manaus que teve a presença de várias parteiras e o apoio decisivo da FIOCRUZ Amazônia. Este movimento das parteiras que toma força com a criação da associação, tem uma trajetória de mobilização construída desde 2001 no contexto das ações do Instituto Mamirauá com as parteiras da região do Médio Solimões por meio de várias atividades envolvendo profissionais de saúde, mas especialmente com a realização de 11 Encontros de Parteiras Tradicionais no período de 2001 a 2015.  Estes encontros foram promovidos em parceria com o Grupo Curumim, SESAM, secretarias municipais de saúde, com o financeiro do Ministério da Saúde (MS/Área Técnica da Saúde da Mulher) no bojo da implementação do Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais (PTPT) cujo objetivo consiste “na melhoria do parto e nascimento domiciliar assistido por parteiras tradicionais, considerando os direitos de cidadania e equidade”. As ações foram exitosas em vista do comprometimento dos profissionais que se articularam em diferentes frentes de mobilização nos níveis municipal, estadual e federal para dar visibilidade ao trabalho das parteiras e fomentar o protagonismo e reconhecimento da atuação das parteiras no interior da Amazônia. Esta análise está baseada em informações levantadas em relatórios, entrevistas com as parteiras e profissionais engajados com essa causa e com as observações e registros feitos durante as reuniões e os encontros das parteiras. Promover o reconhecimento deste trabalho no contexto da humanização do parto e nascimento, são elementos imprescindíveis para dar protagonismo às parteiras como detentoras de saberes que devem ser validados, integrando este saber-fazer à rede de atenção básica de saúde.

10403 CICLONE, MST E MULHERES: Um intercambio de saberes entre Moçambique e Brasil
Raissa de Oliveira Orlof

CICLONE, MST E MULHERES: Um intercambio de saberes entre Moçambique e Brasil

Autores: Raissa de Oliveira Orlof

Apresentação: Este trabalho é um relato de experiência de uma profissional de saúde que foi selecionada pelo coletivo de médicos e médicas populares do Brasil, juntamente com Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Escola Florestan Fernandes, para compor a equipe de sáude de uma brigada de solidariedade à comunidade campesina atingida pelo Ciclone Idai em Moçambique-África. O objetivo é propor uma conversar entre alguns olhares sobre a construção de saúde. O olhar á população atingida por um ciclone a qual deixa grandes feridas psíquicas e físicas, o olhar ao se fazer/produção de saúde em um mês com o auxilio do trabalho de base de um dos movimentos sociais mais importantes do Brasil hoje (MST) e com certeza a fortaleza desse trabalho e de todos os outros, que são as mulheres. Este relato é contado pela visão de uma jovem branca (musungo), assim chamada pela população local. Nós da equipe da brigada tivemos nossos primeiros questionamentos, não poderíamos reproduzir o jeito colonial e assistencial de ser, que não estávamos naquele contexto, com aquelas pessoas para isso. Mas como fazer isso? Minha pele já traduz todo esse massacre histórico, como pode eu, com minha formação, no quentinho dos meus privilégios vir aqui curar? Curar o que? Endemias? Transtornos Psíquicos? Uma dor de dente? Entregar medicações pra quantos meses? Não tínhamos nada disso. Nenhuma segurança, nenhum certeza. Tínhamos uns aos outros em lonas pretas e uma estrutura de acampamento, que já familiar para os/as camponeses e camposesas do MST. O MST possibilitou através do trabalho de base, que todos nos saíssemos de lá com uma leitura de classe trabalhadora e luta de massa. Pois fazendo educação de gente pra gente, ensinaram pra  além da academia, dos livros, foi na ação que Paulo Freire, Cheguevara, Samora Machel, Marx (re) existem, e atuam. Me (re)conectaram  com a ciência que se faz com afeto e humanidade e que humanidade é diferente de dó, pena e misericórdia. E a partir do momento que você enxerga com os olhos a verdadeira história, contada onde e com os mesmos medos de seus atores, você compreende o seu real papel enquanto trabalhador de saúde. Que vai  muito além da categoria profissional, e sim de Ser humando que luta e sobrevive sobre as diversidades da vida. Pude modificar esse olhar sobre o nosso jeito de se fazer saúde, pude sentar no chão com as mulheres campesinas do local. E eu percebi que ao longo da conversa essas mulheres me perguntavam  como faziam para não engravidar, como era o casamento no Brasil, como as mulheres trabalhavam no Brasil, como era a escola, a saúde etc., vi, um mundo muito parecido entre nos mulheres, que não existiam fronteiras ali,  mulheres curiosas com o diferente com a vontade de encontrar o que nos unia naquele momento e como se quisessem uma resposta para um sofrimento. Naquele momento eu entendia o potencial da saúde publica, da educação popular, não como essa ciência construída no nosso País, mas da Saúde  que se é construída pelo povo, com o povo e acima de tudo em seus territórios. Acredito que nós Profissionais de saúde, militantes do SUS, lutamos contra tudo aquilo que nos oprime. Seja falta de terra, falta de igualdade de gênero, falta de direitos humanos, falta de esperança, falta de medicação, acesso a saúde. Então nossa missão é sentar no chão com a população, se afetar pela dor do outro, compreender as formas de opressões que nos classe trabalhadora sofremos. 

10011 OS BENEFÍCIOS EVIDENCIADOS PELA TEORIA AMBIENTALISTA DE FLORENCE NIGHTINGALE DURANTE O TRABALHO DE PARTO E PARTO
Alessandra Aparecida de Saldes, Tuanny Caroline Pereira de Santana, Milena da Silva, Caroline Nascimento de Souza, Joanna Francynne Silva de Barros

OS BENEFÍCIOS EVIDENCIADOS PELA TEORIA AMBIENTALISTA DE FLORENCE NIGHTINGALE DURANTE O TRABALHO DE PARTO E PARTO

Autores: Alessandra Aparecida de Saldes, Tuanny Caroline Pereira de Santana, Milena da Silva, Caroline Nascimento de Souza, Joanna Francynne Silva de Barros

Apresentação: Florence Nightingale desenvolveu a teoria ambientalista no século XIX, na Inglaterra, tal teoria apresenta como foco principal, a recuperação da saúde refletida no ambiente em que o paciente está inserido, reconhecendo que um clima negativo causaria estresse e dano emocional, assim, a influência do ambiente está diretamente relacionada ao bem-estar da mulher durante o trabalho de parto e parto. “Logo, o que Florence acreditava era que tudo que está à volta do sujeito influencia e determina as condições de saúde e recuperação dele, sendo isto, de forma a beneficiar essas condições ou prejudicá-las”, e é este preceito que fundamenta a Teoria Ambientalista. Em seus escritos, Nightingale aborda o provimento de fatores para a manutenção de um ambiente favorável no sentido de facilitar o processo de cura e o viver saudável, tais como: ventilação, limpeza, iluminação, calor, ruídos, odores e a alimentação, de modo que o processo de reparação, instituído pela natureza, não seja impedido. No âmbito da enfermagem, tal preocupação com o meio ambiente existe desde a fundação da enfermagem profissional na segunda metade do século XIX, o que reflete, nos dias de hoje, em uma assistência humanizada, fundamentada no controle do ambiente ao redor do paciente, o qual é visto como um ser de relações e interações com o meio em que está inserido. Salienta-se, ainda, que a ambiência é apenas um dos dispositivos para o desenvolvimento de uma assistência humanizada, mas acresce-se dentre tais dispositivos: acolhimento, com classificação de risco; colegiados gestores; programa de formação em saúde e trabalho; equipes de referência e de apoio matricial; projetos cogeridos de ambiência, direito de acompanhante e visita aberta e construção de processos coletivos de monitoramento e avaliação das atividades de humanização. O modo de parir tem vivido mudanças históricas, atualmente os partos têm sido realizados não de acordo com as necessidades da parturiente, mas da convivência dos profissionais. O parto humanizado caracteriza-se pela autonomia que a mulher adquire ao tomar suas decisões, compondo de tecnologias de cuidado, usando intervenções mais saudáveis, assim como os métodos não farmacológicos para alívio de dor. Desta forma, o modelo assistencial de parto e puerperal torna-se holístico, dando ênfase ao autocuidado e a implementação de alternativas integrativas de forma que a experiência de parto seja a melhor possível, de forma fisiológica e não tecnista. Humanizar o trabalho de parto e parto é respirar a individualidade e reconhecer que os fatores ambientais de um hospital influenciam o processo de parir, assim, permitir que a mulher reconheça a maternidade como um ambiente acolhedor, reflete na redução do estresse, proporciona confiança, minimiza a ansiedade e favorece na evolução fisiológica do parto. Diante do exposto, o presente estudo tem por objetivo, evidenciar os benefícios de um ambiente favorável à fisiologia do trabalho de parto e parto, protagonizando a mulher em todo o processo. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), durante o mês de janeiro de 2020. Para a busca utilizou-se os descritores baseados no DeCS, e assim montou a estratégia de busca: Teorias de Enfermagem AND Parto AND Cuidados de Enfermagem. Os critérios de inclusão na primeira busca foram: artigos originais, disponíveis na íntegra, que apresentou uma abordagem qualitativa e reflexiva, quanto aos benefícios da utilização da teoria ambientalista de Florence Nightingale durante o trabalho de parto e parto, idioma português e que tivessem dentro do recorte temporal de 2008 a 2018. Foram excluídos os artigos que abordavam revisões de literatura, manuais técnicos, monografias, dissertações e teses, assim como, os artigos cujos resumos estavam indisponíveis e aqueles que fugiam da temática proposta. Ao final da primeira busca foram pré-selecionados 98 artigos, uma segunda análise foi realizada, e após a aplicação dos critérios de inclusão, restaram 10 artigos, e depois da leitura de títulos e resumos, posteriormente realizando-a de forma completa, resultou-se em um total de 5 artigos analisados. Resultado: Com base nas evidências literárias, nota-se que Florence apresenta conceitos que fundamenta sua teoria, como a saúde, o ambiente, o humano e a enfermagem. A abordagem sobre o ambiente vem como o principal nos seus escritos, mediante aos fatores externos que comprometem a vida e seu desenvolvimento, e desta forma, deixa evidente que tudo que se encontra ao redor do sujeito vai influenciar e determinar as condições de saúde e sua recuperação. Quando a enfermagem obstétrica agrega esses conceitos da teoria, assegura a autonomia da mulher, empregando técnicas que a ajudam no trabalho de parto, parto e pós-parto, como exercícios respiratórios, movimentos pélvicos, deambulação, massagem e o banho de imersão. O ambiente acolhedor visa aproximar ao máximo o ambiente muitas vezes impessoal das maternidades ao ambiente doméstico da parturiente. Acredita-se que desta forma reduz o nível de estresse causado, o que irá favorecer o desenrolar fisiológico do trabalho de parto. Também existem estudos que abordam a cromoterapia como uma tecnologia de cuidado. Referente ao som do ambiente, Florence cita que a qualidade dos sons é mais prejudicial do que sua intensidade e durante o parto os ruídos externos, em especial as vozes de comando durante o trabalho de parto, não ajudam a mulher. Deixar a mulher seguir seus instintos e manter um ambiente silencioso é uma tecnologia de cuidado de enfermagem. Outra tecnologia que pode ser citada é a penumbra. Manter um ambiente o mais natural possível não interfere no córtex materno, pelo contrário, parece que as mulheres se sentem confortáveis durante este contato. Por outro lado, as luzes artificiais inibem o córtex primal e a penumbra o estimula. Percebe-se que as mulheres durante o parto demonstram inquietude enquanto confinadas. A movimentação melhora o fluxo sanguíneo fetal, aumentam a intensidade e eficácia das contrações, reduzem a dor, contribuem para a introspecção necessária para o andamento fisiológico do processo e facilitam a ação da gravidade. Desta forma, a deambulação é uma tecnologia de cuidado necessária que auxilia no trabalho de parto. Considerações finais: Através das tecnologias de cuidado, a enfermagem obstétrica possibilita à mulher um trabalho de parto cômodo, promovendo a valorização da natureza humana na parturição. Florence serve de inspiração para expandir as possibilidades e gerir o melhor cuidado aos pacientes, provocando uma assistência mais humana, focada no ser integral, respeitando sua individualidade, acreditando que um ambiente acolhedor que é capaz de aliviar a tensão, possibilitando a mulher a viver essa experiência de forma natural, a fim de minimizar os efeitos que o corpo tem sobre a mente. Desta forma, o presente estudo mostrou-se relevante, com o propósito de destacar o ambiente como algo inibidor durante o processo de parir e que faz-se necessário aceitar que a mulher precisa conhecer o ambiente em que está inserida, e que esse ambiente transmita confiança e seja agradável, assim, refletindo numa boa condução do trabalho de parto e parto.

12181 ACESSO E QUALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE DE LGBTs NO INTERIOR DO PIAUÍ
Ana Karla Sousa de Oliveira, Brenda Lia Pinheiro de Araújo Leite, Luís Eduardo Soares dos Santos, Luísa Helena de Oliveira Lima, Ana Roberta Vilarouca da Silva, Antonio Breno Feitosa dos Santos

ACESSO E QUALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE DE LGBTs NO INTERIOR DO PIAUÍ

Autores: Ana Karla Sousa de Oliveira, Brenda Lia Pinheiro de Araújo Leite, Luís Eduardo Soares dos Santos, Luísa Helena de Oliveira Lima, Ana Roberta Vilarouca da Silva, Antonio Breno Feitosa dos Santos

Apresentação: A população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) compreende um grupo historicamente marcado pelo estigma social e discriminação, o que os coloca em condição de vulnerabilidade em diferentes dimensões na vida. No tocante à saúde, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais compreende um importante avanço para o reconhecimento dessa vulnerabilidade, para a legitimação de suas demandas específicas e para o incremento de iniciativas que garantam o direito irrestrito à saúde. Dessa forma, objetivou-se neste estudo descrever o acesso e a qualidade da atenção à saúde do público LGBT no âmbito da Atenção Básica, a partir da perspectiva de profissionais da Estratégia Saúde da Família de um município do interior do Piauí. Trata-se de uma proposta de investigação integrada a um projeto maior, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Saúde Pública/NESP/CEAM/UnB, em parceria com a FIOCRUZ/PE, as Universidades Federais da Paraíba, Piauí, Uberlândia, Universidade de São Paulo, Universidades Estaduais de Maringá e do Rio de Janeiro, intitulado: “Análise do acesso e da qualidade da atenção Integral à saúde da população LGBT no SUS”. Estudo descritivo, de abordagem qualitativa, realizado em duas Unidades Básicas de Saúde, com dez profissionais da equipe de Saúde da Família (médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e técnicos de enfermagem). A produção do material empírico ocorreu a partir da realização de entrevista individual semiestruturada, com a finalidade de apreender a perspectiva dos profissionais acerca do acesso e da qualidade da atenção à saúde oferecida à população LGBT. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas e analisadas à luz do método de Análise de Discurso na vertente proposta por José Luis Fiorin. Os resultados foram agrupados em função de duas categorias intituladas “Conhecimento da política e sua implementação pelos profissionais” e “Dimensão técnica do cuidado à população LGBT” com a finalidade de organizar o processo de análise do material produzido e atingir o objetivo definido. O estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, recebendo aprovação, cumprido as exigências formais dispostas na Resolução 466/12. Os resultados revelaram diversos fatores que compreendem obstáculos ao acesso à saúde desse público, sendo o principal deles o desconhecimento dos profissionais sobre os princípios e diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Somado a isso, de acordo com os relatos dos profissionais, tal política não foi implementada na rotina assistencial dos serviços, mesmo com ordenamentos que orientam a igualdade no acesso à saúde, garantia da isonomia e respeito à diversidade, com repercussões sobre o acolhimento a esses indivíduos, resultando, por sua vez, na ausência e/ou limitação de ações nesse âmbito. Algumas contradições importantes emergem quando os profissionais apontam que para além do desconhecimento sobre a política, falta preparo das equipes para o atendimento às especificidades desse público, ao mesmo tempo em que afirmam que o público LGBT tem acesso ao que precisa. As ações ofertadas ao público LGBT, seguem afirmando, são as mesmas ofertadas ao público em geral, alegando-se garantia de atendimento igual para todos. Não obstante, é importante pontuar o risco de que nessa igualdade negue-se as especificidades, e, com isso, a promoção da equidade como garantia de superação das condições de vulnerabilidade às quais esse grupo ainda está exposto. Nesse sentido, o desenvolvimento de ações pontuais e superficiais não possibilitam transformações efetivas, uma vez que obscurecem a apreensão de demandas que vão além do que os programas regulares definem, e no caso do público LGBT, nega suas particularidades, indo de encontro ao cuidado equânime e integral. Observou-se também que alguns profissionais negam as barreiras existentes ao acesso desse público ao cuidado em saúde na atenção básica. No que diz respeito à dimensão técnica do cuidado no contexto da população LGBT, a mesma apresentou-se falha, tendo em vista a falta de preparo para lidar com as questões de gênero e a ausência da abordagem da orientação sexual durante o atendimento, sendo estas essenciais para a garantia da atenção à saúde a esse público no contexto da Atenção Básica. A carência de formação repercute de forma preocupante nas práticas de cuidado, impondo dificuldades que vão desde a impossibilidade de identificar as especificidades desse público até o impedimento de realizar o encaminhamento correto das demandas, estabelecendo-se uma lacuna entre o que a política prevê e o que realmente se efetiva no cotidiano do cuidado à saúde LGBT. No que se refere aos encaminhamentos, em particular, convém pontuar que trata-se de uma prática comum em relação a esse público no contexto investigado, e que ocorre orientada pela perspectiva construída ao longo da história que situa as demandas desse público sob a responsabilidade estrita dos serviços especializados no acolhimento a Infecções Sexualmente Transmissíveis. Logo, o Centro de Testagem e Acolhimento do município, embora seja um serviço especializado, é visto como o local por excelência para atendimento às demandas de LGBTs, seja pelos profissionais da atenção básica, seja pelos próprios usuários. Diante desse cenário, é razoável questionar se estão disponíveis os recursos adequados para a formação dos profissionais de saúde quanto ao cuidado e atendimento integral às demandas específicas desse público. Isso se deve ao fato de que a ausência de tecnologias de cuidado à saúde adequadas – aliadas à persistência de pré-noções e preconceitos – convertem-se, no cotidiano das ações, em desperdício de recursos, em constrangimento durante o atendimento, em assistência inadequada e, muito provavelmente, em um grande contingente de usuários com problemas de saúde não diagnosticados e não tratados. Para além dessa possibilidade, é preciso criar oportunidades formativas em cada contexto de atuação, considerando não somente as especificidades do público em questão, mas também as especificidades regionais em termos de demanda e disponibilidade de recursos assistenciais. No que diz respeito à Política LGBT, os achados deste estudo demonstram os desafios e impasses que circundam o seu processo de implementação, visto que a realidade da atenção à saúde revela um cenário estruturado em total descompasso com seus princípios e diretrizes, ferindo, como consequência, os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Por hora, fundamental destacar a importância de ampliar o debate em torno dos problemas vivenciados por essa população, visando estratégias de combate ao preconceito, discriminação e na legitimação de seus direitos fundamentais. Em relação aos profissionais de saúde, é preciso investir em processos formativos (desde a graduação ou formação em nível médio e para além delas), capazes de mobilizar transformações no modo de pensar e de agir desses indivíduos em relação ao público LGBT e suas demandas, especialmente no que se refere ao rompimento com o padrão heteronormativo que exerce influência direta sobre o cuidado além de impor barreiras ao acesso às ações e serviços.