378: Educação: experiências, corpos e linguagens
Debatedor: Jefferson Thomaz da Silveira Júnior
Data: 31/10/2020    Local: Sala 04 - Rodas de Conversa    Horário: 13:30 - 15:30
ID Título do Trabalho/Autores
11674 DISCURSOS DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE HOTELARIA HOSPITALAR NO CUIDADO A SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Lizandra Quintiliano de Carvalho, Aline Miranda da Fonseca Marins

DISCURSOS DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE HOTELARIA HOSPITALAR NO CUIDADO A SAÚDE DA PESSOA IDOSA

Autores: Lizandra Quintiliano de Carvalho, Aline Miranda da Fonseca Marins

Apresentação: O conceito de hotelaria clássica adaptado ao ambiente hospitalar, pode contribuir para a humanização, hospitalidade e acolhimento dos clientes e dos profissionais de saúde. Para isso, é necessário que a hotelaria hospitalar seja reconhecida como um elemento importante e integrante do processo de trabalho em saúde, mesmo ainda em transformação e desenvolvimento. Objetivo: Investigar de quê forma a hotelaria hospitalar pode contribuir para a humanização da assistência ao idoso no ambiente hospitalar. Desenvolvimento: estudo descritivo com abordagem qualitativa, no qual participaram 30 graduandos de enfermagem de numa instituição pública de ensino superior, com experiência e/ou vivência de cuidar do idoso no contexto hospitalar. A coleta de dados foi realizada a partir de um roteiro semiestruturado no período de agosto a dezembro de 2018. A análise foi pautada no Discurso do Sujeito Coletivo. O estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa HESFA – EEAN – UFRJ sob o parecer consubstanciado nº 2.826.626 e CAAE: 91400618.3.0000.5238. Resultado: foram destacadas três ideias centrais sobre a hotelaria hospitalar na visão dos estudantes: serviços de hotel, ambiente e prestação de cuidados. Como contribuições para a humanização do ambiente hospitalar para o idoso, foram apontadas as palavras-chave: conforto, qualidade, insumos, capacitação profissional. Considerações finais: humanizar o espaço hospitalar, com vistas ao atendimento às necessidades de saúde da pessoa idosa pode contribuir para a melhoria da qualidade de saúde e de vida dessa população, proporcionando uma estadia hospitalar mais segura, mais harmoniosa e acolhedora para os idosos e familiares / acompanhantes. Faz-se mister (re)pensar a estrutura e processo de trabalho nos serviços hospitalares. Novas competências se impõem ao trabalho em saúde, de forma desafiadora, além da necessidade de reformulação dos serviços de saúde para o atendimento das demandas emergentes oriundas desse novo perfil epidemiológico do país.

11248 RELATO DE EXPERIÊNCIA: ACOLHIMENTO E CUIDADO INTEGRAL À POPULAÇÃO TRANS NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE
Fernando Gontijo Resende Souza, Eduardo Siqueira Fernandes

RELATO DE EXPERIÊNCIA: ACOLHIMENTO E CUIDADO INTEGRAL À POPULAÇÃO TRANS NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE

Autores: Fernando Gontijo Resende Souza, Eduardo Siqueira Fernandes

Apresentação: Ainda que as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Medicina encorajem timidamente a discussão de questões de gênero na formação do graduando em Medicina, a invisibilidade das identidades trans na prática médica persiste na realidade da educação médica formal no Brasil. Objetivo: Relatar experiências extracurriculares de um discente de Medicina no acolhimento e cuidado integral a indivíduos de identidades trans. Desenvolvimento: Relata o discente que "realizar atividades vivenciais facultativas em ambulatório de cuidados integrais a pessoas transgênero, inseridas no espectro do currículo informal proporcionou-me oportunidade de acompanhar e aprender de perto acolhimento e cuidados interdisciplinares. Minhas vivências foram realizadas junto a médico preceptor, que realizava e acompanhava as consultas e me orientava quanto às singularidades, subjetividades e individualidades do atendimento. Tudo era pautado no cuidado humanizado e tratamento holístico do indivíduo, perpassando vivências e experiências que traziam consigo, abordando aspectos de gênero, sexualidade e de determinantes biopsicossociais do processo da saúde integral". Resultado: As experiências vivenciadas proveram ao discente substrato de reflexão acerca da estruturação teórico-prática dos currículos formais das escolas médicas no Brasil. Essa estruturação apresenta dificuldades em contemplar matérias específicas que fomentem o cuidado e acolhimento à população trans. Destaca-se como obstáculo: limitados estudos acadêmicos na área, que culmina na falta de qualificação de profissionais de saúde que atendam as demandas e necessidades dessa população. Ao pensar-se esses fatores de forma sistêmica ao processo ensino-aprendizagem dos graduandos em Medicina, ressalta-se a lacuna de conhecimento deixada por essa defasagem curricular, somente parcialmente preenchida. Pequena parcela de graduandos, através de interesses particulares e oportunidades extracurriculares, conseguem suprir em partes essa lacuna. É essencial criar forma sistemática e transversal de estabelecer cuidados à população trans nas diversas cadeiras acadêmicas, com o intuito de fortalecer a visibilidade da população trans, retirando-a da chancela exclusiva, por vezes limitada no alcance integral, da saúde mental. Considerações finais: Embora experiências extracurriculares sejam parte importante da formação acadêmica, adequar oficialmente a educação e produção médica torna-se elemento indispensável na busca pela formação de um egresso verdadeiramente capacitado a identificar e cuidar das necessidades individuais de cada ser humano.

11249 A INSERÇÃO DO PET-SAÚDE NA CLÍNICA DA FAMÍLIA WILMA COSTA: CONSTRUÇÃO, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Analaura Ribeiro Pereira, Anderson Martins da Rocha, Renata da Silva Rodrigues

A INSERÇÃO DO PET-SAÚDE NA CLÍNICA DA FAMÍLIA WILMA COSTA: CONSTRUÇÃO, DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Autores: Analaura Ribeiro Pereira, Anderson Martins da Rocha, Renata da Silva Rodrigues

Apresentação: Trata-se do relato da inserção do PET-Saúde na Clínica da Família Wilma Costa no contexto vivenciado da crise na Atenção Primária à Saúde no município do Rio de Janeiro. O foco do PET-Saúde nesta unidade de Atenção Primária à Saúde é voltado para o cuidado da população LGBT. Desenvolvimento: A inserção será descrita a partir de uma linha do tempo tendo como pano de fundo a contextualização e o cuidado da população LGBT na Atenção Primária à Saúde no Município do Rio de Janeiro. O município do Rio de Janeiro no ano de 2019 teve uma diminuição da cobertura de Atenção Primária à Saúde, anunciando um desmonte. Em Dezembro de 2017, tinha 1294 Equipes de Saúde da Família (ESF), estando o município com uma cobertura de Estratégia de Saúde da Família de 70,36% e de Equipes de Saúde Bucal (ESB) de 446 equipes. Em Janeiro de 2020, com a redução das equipes devido para 1086 equipes de ESF com cobertura de 50,11% e de ESB 345 equipes. Ou seja, 70% da população estava coberta com a Estratégia de Saúde da Família que significa 4,4 milhões de pessoas cadastradas e assistidas pela Atenção Primária à Saúde, pelo SUS. Como cortaram as equipes da Atenção Primária à Saúde, a cobertura 3,1 milhões de pessoas, considerando a população do município do Rio de Janeiro 6.320.446. A Clínica da Família Wilma Costa perdeu duas equipes de profissionais da Estratégia de Saúde da Família e duas equipes de Saúde Bucal, mantendo o seu território de cobertura, ou seja, ampliando o número de cadastrados pelas seis equipes que restaram. Em 2019, os profissionais estiveram em greve durante oito meses no ano, o que dificulta muito processos de cuidado na Atenção Primária à Saúde. Resultado: A proposta é descrever como está sendo feita a construção, desafio e possibilidades do PET-Saúde na unidade de Atenção Primária à Saúde no Município do Rio de Janeiro. Desde do levantamento do banco de dados, entrevistas, oficinas e seminários. Trata-se de dar visibilidade de como está assistida a população LGBT na Atenção Primária à Saúde, trazendo a reflexão da necessidade de investimento em educação permanente sobre o tema LGBT e utilização de espaços e ferramentas que melhore o cuidado da população LGBT na Atenção Primária à Saúde. Considerações finais: O PET-Saúde agrega ensino-serviço traz a possibilidade da construção do cuidado, agregando valores aos profissionais, alunos, professores e usuários. Proporcionando ampliar os olhares e práticas de cuidado às populações mais vulneráveis na Atenção Primária à Saúde.

11350 O TRABALHO COM OS GRUPOS DE USUÁRIOS NA UBS DE CONSOLAÇÃO: EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE
Milena Siqueira Maia, Renan Mozer Grassi, Grace Kelly Filgueira Freitas, Gabriela Vigorito Magalhães, Mariana Ribeiro de Souza, Lívia Bollis Campagnaro, Raíssa Olegario Aguiar Pavesi, Syérlenn Veronez Muniz

O TRABALHO COM OS GRUPOS DE USUÁRIOS NA UBS DE CONSOLAÇÃO: EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE

Autores: Milena Siqueira Maia, Renan Mozer Grassi, Grace Kelly Filgueira Freitas, Gabriela Vigorito Magalhães, Mariana Ribeiro de Souza, Lívia Bollis Campagnaro, Raíssa Olegario Aguiar Pavesi, Syérlenn Veronez Muniz

Apresentação: As práticas colaborativas e os trabalhos com grupos são indispensáveis naatenção primária, visto que um indivíduo possui demandas que não se limitam ao saber deuma só profissão. Uma forma de desenvolver este tipo de colaboração é a prática do apoiomatricial, visão ampliada do processo saúde-doença-cuidado, em suas dimensões sociais, sanitárias e pedagógicas que objetiva a construção de corresponsabilidade no cuidado emsaúde entre equipes multiprofissionais e profissionais apoiadores especialistas. Assim, com a interprofissionalidade e o compartilhamento de saberes, efetiva-sea promoção da saúde, a prevenção de agravos e a busca pela terapêutica adequada aoscasos clínicos discutidos e estudados. A Unidade Básica de Saúde(UBS) de Consolaçãoem Vitória, Espírito Santo, conta com o apoio matricial de modo à complementar o trabalhoexercido pelas equipes de saúde da família atuantes. Uma forma de colocá-lo em prática éatravés dos grupos, um encontro semanal onde pacientes da instituição com demandasafins são convidados à participar e desenvolver atividades planejadas por um profissionalde referência responsável. A UBS de Consolação dispõe de grupos de usuários diversos, como: Idosos, Mulheres, Homens, Gestantes, HiperDia e de Saúde Mental. Objetivo: Relatar a experiência dos alunos inseridos nos grupos existentes na unidade, dentro da perspectiva do matriciamento e da interprofissionalidade em saúde. Método: Os alunos envolvidos fizeram parte dos grupos semanais existentes naunidade, participando das ações propostas e também de seu planejamento. Resultado: Com essa experiência, foi possível alinhar a prática em campo aos conceitosteóricos de apoio matricial, visto que sua interpretação é vasta e, eventualmente, complexa. Além disso, percebeu-se que esses encontros são de suma importância para ofortalecimento de vínculo entre os pacientes e com o matriciador, tendo impacto direto naadesão e sucesso dos seus respectivos projetos terapêuticos. Ainda, a experiência dotrabalho em grupo permitiu que os alunos pudessem entender melhor o papel de seuscolegas de diferentes cursos e, sobretudo, quais são as atribuições em comum à todos osprofissionais da área da saúde, fomentando assim a interprofissionalidade em saúde, oaprendizado mútuo e o conhecimento e a efetivação das práticas colaborativas. Considerações finais: A participação dos alunos nos grupos da UBS de Consolação possibilitou atroca de diversas experiências, escuta ativa e produção de conhecimento de forma conjuntaentre alunos e usuários. Concretizou o fomento e exercício da autonomia e favoreceu aexpressão de ambos nas diferentes dimensões do cuidado e do autocuidado com a saúde. As atividades propostas nos grupos mostraram que diálogo e a comunicação entreusuários, profissionais da saúde e alunos de diferentes cursos pode contribuir efetivamentepara a prática da interprofissionalidade em saúde.

11357 APRESENTAÇÃO DE METODOLOGIA ATIVA NAS AULAS DE RADIOLOGIA PARA A GRADUAÇÃO
MAGALI WERNECK, Mari Hatorri, Ramon Maciel, Cristina Asvolinsque, Mary Bedran

APRESENTAÇÃO DE METODOLOGIA ATIVA NAS AULAS DE RADIOLOGIA PARA A GRADUAÇÃO

Autores: MAGALI WERNECK, Mari Hatorri, Ramon Maciel, Cristina Asvolinsque, Mary Bedran

Apresentação: As aulas expositivas são frequentes na graduação na Faculdade de Medicina, e também na Radiologia, sendo está a forma de transmissão de conhecimentos mais comum, porém neste ano reservamos os quinze minutos finais das aulas para acrescentar duas perguntas sobre o conteúdo apresentado, e que devem ser respondidas e entregues para o professor na mesma hora. Atualmente este método está sendo carinhosamente chamado de ¨provinha¨ pelos alunos. Objetivo: Aumentar a frequência integral nas aulas, estimular outras frentes de aprendizado, coibir as faltas e avaliar o todos os conteúdos apresentados. Discussão: A frequência era feita através da coleta das assinaturas por lista escrita passada durante a aula, e surgiram várias situações, sendo as mais frequentes o aluno assinar no início da aula e ir embora, e chegar atrasado e assinar. Destas formas, havia prejuízo para a assimilação do conteúdo. Com relação a presença e a instituição da MA inicialmente houve a adaptação a este método, e citamos como exemplo que na primeira ¨provinha ¨, alunos que se encontravam em sala de aula, enviaram zap para alguns que já haviam se retirado retornarem, assim que foi anunciada a ¨provinha¨, e também em outra situação semelhante os parcialmente ausentes não realizaram a ¨provinha¨, pois as questões tinham sido projeção de power point de duas imagens de exames da aula, e o computador já estava até desligado. Os professores utilizaram projeção da questão em power point, com resposta escrita em folha em branco e um com resposta das questões em múltipla escolha. A ¨provinha ¨ de US tem as imagens de exame impressas e questões de múltipla escolha, pois é feita na sala do arquivo, durante o rodízio dos alunos no revezamento entre a sala de exames de US, e estudo de imagens de casos nos terminais de laudo, portanto inviabilizando a projeção. Sobre a presença, inicialmente excluímos a pior nota, o que correspondia aceitar somente uma falta, porém fomos questionados quanto a permissão pelo estatuto de ter até 25% de falta, então atualmente excluímos as três piores notas ou aceitamos três ausências. Considerações finais: Quanto a aumentar a frequência nas aulas e coibir as faltas, houve um aumento do número de alunos que tiveram 100% de presença, em relação aos semestres anteriores. Notamos que as notas da prova final foram melhores que as dos semestres anteriores. Comparando com o modelo de avaliação anterior, é possível abordar todos os conteúdos dados nas diferentes aulas, não apenas a priorização de Tórax e Abdome como anteriormente, além de termos mais um dia para conteúdo e não efetuar duas avaliações teóricas em dois momentos diferentes. Assim, os pontos positivos se destacam frente ao modelo anterior, pois todos os assuntos da ementa de radiologia são avaliados, o número de faltas foi reduzido, o número de alunos nas aulas práticas aumentou e os monitores possuem maior participação e são mais procurados pelos alunos. Resultando em melhor aproveitando do tempo em aula, nas salas de laudos e aprendizado individual de cada aluno nesse primeiro contato com a prática clínica.  

11367 PET SAÚDE INTER PROFISSIONALIDADE UFPB - UMA VIA DE MÃO DUPLA, A REORIENTAÇÃO DA MINHA PRÁTICA COMO PRECEPTORA DO SUS
jamayana lima de souza amaral, DAYSE CATÃO RAMALHO

PET SAÚDE INTER PROFISSIONALIDADE UFPB - UMA VIA DE MÃO DUPLA, A REORIENTAÇÃO DA MINHA PRÁTICA COMO PRECEPTORA DO SUS

Autores: jamayana lima de souza amaral, DAYSE CATÃO RAMALHO

Apresentação: Este relato trata das mudanças que ocorreram em minha prática como preceptora após ser inserida no Pet Saúde. Ao ser inserida, não me percebia como parte integrante que sou nesse processo do trabalho inter profissional, pois na minha visão eu iria desenvolver o papel de preceptora no pet na unidade de saúde em que trabalho, realizando apenas orientações ao mesmo sobre o serviço. Porém quando começamos os encontros percebi que uma das propostas do projeto é pensarmos como diversificar os cenários de ensino aprendizagem para que se construam novos currículos e novos profissionais, mudando o ensino tradicional, mecanicista, centrado no professor, para uma concepção problematizadora dos saberes e para que essa mudança de cenários aconteça é necessário criar espaços de discussão e reflexão das práticas e referenciais que norteiam essas práticas, bem como pensar no trabalho inter-profissional. Na academia essa mudança pode acontecer nas salas de aula através da aplicação da metodologia ativa, problematizadora, aonde o aluno participa ativamente da construção dos saberes, bem como no desenvolvimento de atividades com alunos de outros cursos, ou ainda a oferta de algumas disciplinas que contemple vários cursos para que haja integração dos alunos, porém se observa uma enorme resistência a essas mudanças, pois seria necessário um trabalho integralizado das disciplinas e não a fragmentação dos conteúdos, sendo assim necessária a mudança nos currículos dos cursos, com disciplinas que proporcione aos alunos uma integração com alunos de outros cursos para garantir uma formação ampliada, humanista e generalista, aonde o aluno aprende a ver o indivíduo com suas necessidades de saúde, mas também nos campos político e social. Para isso é de extrema importância a inserção dos estudantes no campo da pratica desde o início do curso, vivenciando a realidade dos cenários de pratica, possibilitando assim uma clínica ampliada dos saberes profissionais. Ainda pode e deve ser feito muitas reflexões sobre a temática, pois todo processo de mudança exige muita persistência e é um processo lento, pois estamos lidando com mudança de pensamentos e práticas.  

11421 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERATIVAS APLICADAS AO CAMPO DA SAÚDE/ ENFERMAGEM: ARTICULADAS COM O ENSINO-APRENDIZADO.
Franciele Marins Calazans, Glaucia Valente Valadares

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERATIVAS APLICADAS AO CAMPO DA SAÚDE/ ENFERMAGEM: ARTICULADAS COM O ENSINO-APRENDIZADO.

Autores: Franciele Marins Calazans, Glaucia Valente Valadares

Apresentação: O trabalho em tela origina-se da produção de Trabalho de Conclusão de Curso de Enfermagem e Obstetrícia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus UFRJ-Macaé Professor Aloísio Teixeira, apresentado em dezembro de 2019. Aqui tem-se um recorte do trabalho, que traz como abordagem central as práticas pedagógicas interativas utilizadas no ensino-aprendizagem voltados para o campo da saúde/ enfermagem. O trabalho realizado foi uma revisão bibliográfica, com caráter exploratório, contextualizando o tema frente à Lei Nº 9.394, que fundamenta a Nova Lei de Diretrizes e Bases para Educação no país. Também, na contextualização, houve inclusão dos quatros pilares à luz do relatório Delors. Objetivo: analisar as práticas pedagógicas interativas aplicadas ao ensino em áreas da saúde/ enfermagem. Método: Para a busca aplicou-se os descritores com os seguintes recursos booleanos: saúde (health/ salud) or enfermagem (nursing/ enfermería) and aprendizagem por associação (learning by association/ aprendizaje asociativo). O recorte aplicado abarcou publicações entre os anos de 2009 a 2019, em seis bases de dados. Resultado: Ao todo foram incluídos como pertinentes à pesquisa 68 artigos, oriundos de três fontes distintas, sendo elas: BVS, SciELO e ERIC. Após, houve a leitura na íntegra destes. Assim, foram organizados para que se evidenciasse o resultado apresentado no estudo. Os artigos encontrados na busca foram organizados inicialmente em três quadros por fonte de dados, sendo o primeiro quadro relativo a BVS; o segundo relacionado a Scielo; e o terceiro cabível à ERIC. Nos quadros, as informações contidas foram extraídas dos respectivos trabalhos originais. Foi considerado relevante: código; ano de publicação; local de origem; base de publicação; título do trabalho; objetivos; métodos; e achados principais. O referencial teórico adotado neste estudo foi o Interacionismo Simbólico (IS), pois há conexão haja vista às interações significativas envolvidas na elaboração de saberes e na construção do conhecimento. Os artigos foram distribuídos em três categorias distintas que abarcaram as pedagogias interativas, fazendo nexo aos quatro pilares da educação, bem como articulando ao Interacionismo Simbólico. Desta forma, a priori, as práticas pedagógicas interativas presentes nos estudos podem ser captadas, constituindo fonte importante para o advento de um conhecimento reflexivo inovador. As categorias são: Categoria I – conhecer & fazer: manifestação do self social; Categoria II - conhecer & ser: a percepção da consciência auto reflexiva; Categoria III - ser, conhecer, fazer & conviver: interagindo positivamente com e junto a teia social. Considerações finais: O estudo apontou que as formas de ensinar e aprender em saúde/ enfermagem sofrem modificações na medida que os partícipes se percebem ativos no processo. Sobre a questão do ensino a distância, ainda que mereça mais estudos, o TCC em tela preocupa-se com a formação dos profissionais da saúde e, especialmente, dos enfermeiros na observância desta possibilidade. Não acredita ser uma opção adequada. Trata-se de uma profissão que atuará diretamente no cuidado humano. Logo, existem inúmeros indicadores que sublinham a necessidade de um preparo qualificado que precisa ser presencial, haja vista a complexidade da atuação, bem como necessário acompanhamento competente e habilitado. As práticas, em sua maioria, tenderam a atividade grupal. Verifica-se que motivar o aprendiz a atuação multiprofissional e em equipe, já na academia, possa promover a compreensão mais aguçada do trabalho interdisciplinar, tão presente e necessário no âmbito da saúde. Aponta ainda a necessidade de mais pesquisas que possam dar visibilidade à temática, pois embora tenham sido localizadas práticas pedagógicas interativas interessantes, acredita-se que ainda ocupam um espaço de significação na teia social na sombra de práticas dominantes de ação ultrapassadas.

11126 APRENDIZAGEM BASEADA EM EQUIPES NA DISCIPLINA ANATOMIA: PERCEPÇÃO DE DISCENTES DO CURSO DE MEDICINA.
Bruno Sant' Ana Costa, Vivian de Oliveira Sousa Côrrea

APRENDIZAGEM BASEADA EM EQUIPES NA DISCIPLINA ANATOMIA: PERCEPÇÃO DE DISCENTES DO CURSO DE MEDICINA.

Autores: Bruno Sant' Ana Costa, Vivian de Oliveira Sousa Côrrea

Apresentação: Aprendizagem Baseada em Equipes (ABE) ou “Team-based learning” (TBL) caracteriza-se por ser uma metodologia ativa em que a aprendizagem é baseada no diálogo e na interação entre os alunos, através da formação de equipes, e trabalha a resolução de problemas como parte importante do processo e etapa fundamental para aplicação dos conceitos aprendidos. Utilizando o TBL buscou- se analisar a percepção dos discentes de Medicina do Campus UFRJ-Macaé sobre a utilização desse método na disciplina de Anatomia do Aparelho Locomotor. Desenvolvimento: Iniciamos a preparação a partir da fase 3, onde há a aplicação dos conhecimentos estudados, com a montagem de casos relacionados ao tema. Depois, com os casos delineados, montamos as questões da fase 2, garantia de preparo. Por fim, preparamos a fase 1, material que será disponibilizado aos alunos para o preparo. Três sessões de TBL na disciplina Anatomia do Aparelho Locomotor foram aplicadas desde o segundo semestre de 2017 em quatro turmas do primeiro período do curso de medicina. A percepção dos alunos acerca do método e da disciplina foi avaliado através de questionário. (Comitê de ética: 47816915.4.0000.5291). Resultado: 65% dos alunos participantes concordam que a estratégia pedagógica utilizada no TBL é mais motivadora para o estudo se comparada às aulas expositivas; 88,5 % concordam plenamente ou parcialmente que a metodologia utilizada no TBL ajuda a aprender a trabalhar em equipe e 73% concordam que a metodologia (TBL) utilizada promoveu uma melhor compreensão, além da memorização. Resultado: do segundo semestre do presente ano ainda serão analisados e incorporados. Considerações finais: O uso deste método ativo pode trazer benefícios a longo prazo na estrutura curricular e no perfil dos discentes, podendo gerar um impacto real na qualidade do curso de Medicina e na formação dos profissionais médicos.

11131 TIPOS DE SEROSITE QUE MAIS ACOMETEM OS PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DA REGIÃO NORTE
Karollayny Macêdo Oliveira, Andrezza Mendes Franco, Igor Oliveira da Silva, Maria Victória Emanuelli Queiroz, Pamella Pádua Rodrigues, Laura Raquel Silva da Costa, Murillo Umbelino Malheiros, Domingos Sávio Nunes de Lima

TIPOS DE SEROSITE QUE MAIS ACOMETEM OS PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DA REGIÃO NORTE

Autores: Karollayny Macêdo Oliveira, Andrezza Mendes Franco, Igor Oliveira da Silva, Maria Victória Emanuelli Queiroz, Pamella Pádua Rodrigues, Laura Raquel Silva da Costa, Murillo Umbelino Malheiros, Domingos Sávio Nunes de Lima

Apresentação: A Serosite é uma manifestação do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) que consiste em uma inflamação das serosas do organismo, atingindo pleura, pericárdio ou peritônio. No caso das manifestações cardiovasculares, a pericardite é a manifestação cardíaca mais comum do LES, podendo evoluir para o derrame pericárdico, que geralmente é pequeno e detectável apenas por ecocardiograma. A miocardite está frequentemente associada à pericardite, ocorrendo em cerca de 25% dos casos. Além disso, o atrito pericárdico e a dor pericárdica típica podem surgir durante o quadro clínico. Com relação às manifestações pulmonares, o envolvimento pulmonar e pleural ocorre em cerca de 50% dos pacientes, sendo a manifestação mais comum a pleurite associada a derrame pleural de pequeno a moderado volume, geralmente sendo bilateral. Também é comum encontrar o atrito pleural. O estudo tem como propósito analisar quantitativamente as manifestações de serosite ocorridas dentro de um período bem estabelecido e inferir, a partir dos dados, a prevalência desses acometimentos. Desenvolvimento: O período do estudo ocorreu entre agosto de 2018 e junho de 2019, sendo analisados 595 prontuários de pacientes com LES, tendo a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Desses prontuários, buscou-se avaliar: média de idade dos pacientes, sexo e tipos de Serosite. Dos tipos de Serosite, especificou-se: derrame pleural; derrame pericárdico; pericardite; pleurite; dor pericárdica, atrito pleural e atrito pericárdico conjuntamente; e não especificado. Além disso, avaliaram-se outras comorbidades:  ascite, infarto agudo do miocárdio, miocardite e mastoidite bilateral. Resultado: Dos 595 pacientes com diagnóstico de LES, 200 apresentavam Serosite, correspondendo a 33,6% do total de casos. Desses pacientes, 19 prontuários foram descartados devido defasagem de dados. Observou-se que a média de idade acometida foi de 38,9 anos, com prevalência do sexo feminino (85,1%). Com relação aos tipos de Serosite, foram encontrados 118 casos de derrame pleural (65,6%), 43 casos de derrame pericárdico (23,9%), 23 casos de pericardite (12,8%), 16 casos de pleurite (8,9%), e 3 casos de dor pericárdica, atrito pleural e atrito pericárdico combinados (1,7%). Por fim, em relação às outras comorbidades, localizaram-se 6 casos de ascite, 1 caso de infarto agudo do miocárdio, 1 caso de miocardite, e 1 caso de mastoidite bilateral. Considerações finais: A Serosite acomete mais mulheres do que homens, com faixa etária entre os 38 e 39 anos, sendo o derrame pleural e derrame pericárdico as manifestações de serosite mais frequentes. Os resultados obtidos com esse estudo, encontra-se dentro do esperado de acordo com a literatura. Dessa forma, o estudo se faz importante e necessário para caracterizar o perfil de pacientes que possam adquirir esse tipo de acometimento e, assim, agir na prevenção dessas complicações da doença de base, promovendo a diminuição de riscos os quais os mesmos estão sujeitos tanto a nível cardiovascular quanto pulmonar, a fim de diminuir possíveis procedimentos invasivos para resolução do quadro, agregando ainda mais morbimortalidades a esse grupo de pessoas.

11133 PRÁTICAS INTEGRATIVAS: UM OLHAR AMPLIADO DA SAÚDE A PARTIR DA VIVÊNCIA NO CAMPO PRÁTICO DE UMA UNIDADE CURRICULAR EM UM TERRITÓRIO
Daniela Lacerda Santos, Georgia Bedran de Paschoal Milito, Jéssica de Araújo Silva Lemos, Júlia Patrão Scorzelli Rates

PRÁTICAS INTEGRATIVAS: UM OLHAR AMPLIADO DA SAÚDE A PARTIR DA VIVÊNCIA NO CAMPO PRÁTICO DE UMA UNIDADE CURRICULAR EM UM TERRITÓRIO

Autores: Daniela Lacerda Santos, Georgia Bedran de Paschoal Milito, Jéssica de Araújo Silva Lemos, Júlia Patrão Scorzelli Rates

Apresentação: Esse trabalho foi construído a partir de um relatório do campo prático, consistindo em um relato de experiência de uma unidade curricular do terceiro período de medicina- Saúde e Sociedade- Esta unidade passou por mudanças a partir da nova reforma curricular e hoje ela contempla do primeiro ao quarto período do curso, com carga horária dividida entre campo teórico e prático na Atenção Primária à Saúde. Todos os projetos metodológicos realizados por essa unidade curricular no campo prático estão em consonância com a demanda do território levantada pela equipe técnica da Estratégia de Saúde da Família (ESF), seja em relação a uma ação de vigilância em saúde, epidemiológica ou uma intervenção e também estão de acordo com o plano de ensino elaborado para cada período. Objetivo: Relatar uma experiência vivenciada dentro do campo prático da disciplina Saúde e Sociedade, unidade curricular obrigatória. do terceiro período do curso de medicina,. Esta prática foi desenvolvida em uma unidade de saúde da Estratégia Saúde da Família vinculada à Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/FASE), no município de Petrópolis, RJ. Desenvolvimento: Após primeiro diálogo com a equipe da ESF foi identificada a necessidade de vigilância de fatores de risco para a obesidade no território e de averiguar comportamentos nutricionais, determinantes socioambientais, índice de massa corporal (IMC) e também captar a população para avalição e acompanhamento nutricional, consultas médicas e de enfermagem. Havia uma demanda por parte da equipe em conhecer a população deste território, especificamente a que não frequentava esse serviço. Foi realizada busca ativa em três microáreas, a partir do olhar dos agentes comunitários, acompanhada dos mesmos e da preceptora da disciplina. Durantes as visitas domiciliares e busca ativa em outros equipamentos do território, como uma creche municipal, cujo público alvo foram as cozinheiras, foram realizadas ações de educação em saúde, aferição de pressão arterial, coleta de dados antropométricos para o cálculo de IMC e encaminhamentos para acompanhamento e consultas com os profissionais da ESF. Foram visitadas 34 famílias (residências), além da creche municipal. O cenário foi a unidade de ESF Estrada da Saudade II, que possui cinco microáreas. No entanto só foi possível no decorrer do semester letivo realizar as ações de saúde em três microáreas, ficando a preceptor com a responsabilidade de propor a continuidade do trabalho para uma nova turma. O território Estrada da Saudade possui a particularidade de ter duas equipes da ESF, que atuam de acordo a divisão do território em Estrada da Saudade I e II. Cada unidade, tanto a da ESF Estrada da Saudade I, quanto a II são compostas por uma médica, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e seis ACS. Essas são consideradas ampliadas, porque possuem o suporte da equipe de saúde bucal com um dentista, um assistente de saúde bucal, além do auxiliar de serviços gerais, uma recepcionista e uma nutricionista. Resultado: O público alvo majoritariamente encontrado foi do sexo feminino, chama-se atenção o fato de mais de 50% destas já apresentavam níveis de obesidade significativo (grau 1 ou 2), com 34% para o grau 2. Mais de 20% estavam com sobrepeso. Também foi houve relato de diabetes e hipertensão arterial, onde 15 famílias relataram histórico para hipertensão e 20 famílias relataram diabetes entre seus antecedentes. Outro resultado que necessita ser mencionado foi o fato de três mulheres com a faixa etária abaixo de 30 anos, comporem um quadro de obesidade grau III e relatarem depressão e uso de psicotrópicos, sendo que duas destas eram mães e seus filhos (crianças) não possuíam cartão de vacinação atualizado para as principais vacinas do calendário infantil. Considerações finais: É sabido que a obesidade é o principal fator de risco para doenças crônicas como síndromes metabólicas, doenças cardiovasculares e cânceres, no entanto esse não é o lócus de relevância e discussão do relato de experiência. A intenção que está em voga é destacar a importância desta disciplina para aproximar o aluno de territórios tão diferentes de sua realidade, de entender a importância do olhar ampliado da saúde, que o cuidado deve ser centrado na família e na comunidade dentro de um contexto social. É entender que aquela mãe que está obesa e com relato de depressão terá todo o cuidado com seu infante comprometido, é entender que essa informação só foi possível a partir de uma escuta cuidadosa e da construção de um acolhimento durante a visita domiciliar. É compreender que todo conhecimento adquirido só foi possível graças à democratização da saúde e o acesso aos determinantes sociais. Como mencionado por Foucault (1989), só a prática é capaz de fazer com que a teoria consiga atravessar seu muro e se firmar enquanto conhecimento; portanto só através desta vivência foi possível compreender o papel da ESF como um novo modelo proposto para mudar a atenção ao cuidado da população, e entender a importância desse modelo de assistência. Quanto à unidade curricular, só a partir das Novas Diretrizes Curriculares (NDC) que permitiram a possiblidade de mostrar ao aluno o conhecimento de novas dimensões do cuidado, que são se fundamentam na exclusividade do modelo biomédico da saúde. Essa possiblidade só é alcançada com o fortalecimento da Atenção Básica e o acolhimento com vistas a alcançar as condições sanitárias da população. Essas NDC enfatizam e estabelecem estratégias para facilitar que o aluno de medicina não prenda somente ao diagnóstico e tratamento das doenças, mas que ele reconheça e assuma seu protagonismo nesse processo de aprendizagem e se reconheça como ator social nesse processo de cuidado, entendendo o quão transformadora pode ser a sua atuação em um território. É notório que há ainda um longo caminho de mudanças pela frente, tanto relacionado ao modelo biomédico tão arraigado na representação social do aluno que escolhe a formação médica como profissão, quanto da sua família e principalmente da sociedade que demanda e ainda valoriza a clínica prescritiva desse profissional. O longo caminho deverá ser perpassado pelo tripé ensino-serviço-comunidade, sendo assim capaz de realizar as transformações necessárias na formação profissional e provocar impacto social. Como sugestão de pesquisa ou relatos de experiências seria ouvir os alunos já formados e investigar qual foi a contribuição que essa unidade curricular oferecida nos dois primeiros anos do curso possa ter contribuído na sua formação enquanto profissional.

11140 DISCUTINDO ESTRATÉGIAS DE AUTOCUIDADO COMO FERRAMENTA DE PREVENÇÃO DO SUICÍDIO COM USUÁRIOS DE UM CAPS-AD.
João Paulo dos Santos Leite, Alexandre Henrique dos Reis, Hellen Andrade Nunes, Heloisy Tinel Silva, Mariana Cardoso Dantas, Mauricio Rosendo Leandro dos Santos, Mayriane Santos Silva, Washington Luiz Santos Azevedo

DISCUTINDO ESTRATÉGIAS DE AUTOCUIDADO COMO FERRAMENTA DE PREVENÇÃO DO SUICÍDIO COM USUÁRIOS DE UM CAPS-AD.

Autores: João Paulo dos Santos Leite, Alexandre Henrique dos Reis, Hellen Andrade Nunes, Heloisy Tinel Silva, Mariana Cardoso Dantas, Mauricio Rosendo Leandro dos Santos, Mayriane Santos Silva, Washington Luiz Santos Azevedo

Apresentação: O fenômeno do suicídio é complexo e multifatorial, perpassando todas as dimensões biopsicossociais de sujeitos e grupos, necessitando pois, de uma abordagem interprofissional e intersetorial na sua compreensão e prevenção. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem indicado o suicídio como problema de saúde pública desde os anos de 1990, evidenciando a urgência de ações de prevenção e posvenção do suicídio nos mais diversos contextos, especialmente com sujeitos e grupos em situação de risco e vulnerabilidade. Nesse cenário, é importante enfatizar os usuários de álcool e outras drogas, pois o comportamento aditivo se configura como fator de risco - o uso abusivo de álcool está presente em mais de 80% dos óbitos por suicídio. Tal relação - dentre outros fatores de ordem psicossocial: segregação social, rompimento de vínculos, estigmatização e marginalização -, pode ser explicada pelo potencial de muitas substâncias em aumentar a impulsividade e reduzir o autocontrole dos sujeitos que fazem uso das mesmas. Com base nessas implicações, a Liga Acadêmica Interdisciplinar para o Estudo da Morte e do Suicídio (LAIEMS - Thanátous) realizou três rodas de conversa e oficinas de autocuidado, nos dias 09 e 16 de Setembro e 21 de Outubro de 2019, no CAPS AD III no município de Petrolina - localizado na região do Vale do São Francisco. Tais oficinas foram realizadas sob convite do próprio serviço, tendo as datas sido pensadas com os profissionais para encerrarem a programação prevista para a Campanha do Setembro Amarelo. O público-alvo foram os usuários do serviço, em sua maioria homens negros com idades entre 18 e 50 anos, usuários de álcool com histórico recorrente na instituição (sendo acompanhados em um período de tempo superior a um ano). O conteúdo das rodas de conversa e oficinas foi: 1) Breve explanação sobre a campanha “Setembro Amarelo”; 2) Breve explicação sobre estresse, ansiedade e sua relação com o uso de substâncias; 3) Explanação de estratégias de autocuidado físico (alimentação e atividade física) e mental (redes de apoio, assertividade e técnicas de relaxamento) e a aplicação de tais estratégias no cotidiano. Além disso, dedicou-se um tempo considerável das oficinas para discutir como o acompanhamento com o Redutor de Danos pode ser considerado uma importante estratégia de autocuidado com benefícios para a saúde física e mental dos usuários em questão. Os resultados iniciais obtidos por feedback verbal apontam para uma recepção positiva das rodas de conversa/oficinas pelos usuários, que elencaram muitas estratégias de autocuidado ao longo da discussão. Como por exemplo, realizar alongamento, evitar certos alimentos e procurar estar com amigos/familiares, não sabendo o potencial benéfico das mesmas. Por fim, percebe-se que espaços que promovam o diálogo e a desmistificação dos múltiplos fenômenos relacionados ao suicídio são uma potente ferramenta de combate à tal problemática, especialmente quando feitos de forma interprofissional e intersetorial, tendo em vista que a interdisciplinaridade e a intersetorialidade acerca do tema é indispensável na promoção de ações interventivas. Além disso, percebe-se que as ligas acadêmicas são importantes ferramentas que propiciam a interação universidade-comunidade e o protagonismo discente.

11154 AS CONTRIBUIÇÕES DO PET INTERPROFISSIONALIDADE NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE VISANDO MELHORAR OS INDICADORES VACINAIS NO MUNICÍPIO DE CANOAS (RS).
Jonas Hantt Corrêa Lima, Maria Renita Burg, Liane Einloft, Maria Isabel Morgan, Bruna Barros, Douglas da Silva, Caroline Machado Garcia, Sheila Beatris Kochhann

AS CONTRIBUIÇÕES DO PET INTERPROFISSIONALIDADE NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE VISANDO MELHORAR OS INDICADORES VACINAIS NO MUNICÍPIO DE CANOAS (RS).

Autores: Jonas Hantt Corrêa Lima, Maria Renita Burg, Liane Einloft, Maria Isabel Morgan, Bruna Barros, Douglas da Silva, Caroline Machado Garcia, Sheila Beatris Kochhann

Apresentação: No Brasil, o importante Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado na década de 1970, alcançou altos níveis de cobertura vacinal, levando à eliminação da poliomielite no país, em 1989, e ao controle de várias doenças, tais como: o sarampo, tétano neonatal, difteria, tétano acidental e coqueluche. A prática de imunização constitui uma das medidas mais eficazes dentre as propostas dos programas de Saúde Pública, devido ao fato de oferecer proteção duradoura e individual às pessoas. Economicamente, estudos demonstram que o baixo custo das vacinas e o número reduzido de pessoal necessário para desenvolver os programas de vacinação são bastante compensadores, comparados ao custo elevado dos tratamentos.  Atualmente, a cobertura vacinal não está sendo atingida no Brasil, bem como no município de Canoas (RS). Dentre os motivos para as baixas taxas de vacinação estão os movimentos antivacinais, lendas urbanas, algumas práticas de homeopatia, com poucos resultados, contra gripe, por exemplo, e falsas notícias relacionando vacinas ao autismo, medo de agulhas, baixa escolaridade, falta de vacinas, falta de Unidades Básicas de Saúde preparadas. Mesmo com os avanços no desenvolvimento e disponibilização de vacinas gratuitamente no Brasil ainda há baixas coberturas vacinais. Segundo o Programa Nacional de Imunizações de 2019 (PNI), a região Sul do país apresentou cobertura vacinal de apenas 56,37 (dados 04/09/2019). Deve-se salientar que a linha de frente no atendimento em vacinas são enfermeiros e técnicos de enfermagem que necessitam educação permanente para atuar de forma ideal. Este trabalho objetiva relatar a experiência das atividades de educação permanente desenvolvidas com os enfermeiros e técnicos de enfermagem, da rede básica da saúde de Canoas (RS). Sobretudo queremos elencar a importantíssima função do processo de imunizar respeitando as diferenças e buscando o bem comum da sociedade. Desenvolvimento: Esse trabalho consiste em relato de experiência desenvolvido pela equipe do PET/Interprofissionalidade, subgrupo de vacinas, constituída por seis acadêmicos de cursos da saúde:  enfermagem, medicina e biomedicina; dois enfermeiros preceptores os quais são servidores da Secretaria Municipal da Saúde e dois professores - um biólogo e outro enfermeiro da Universidade Luterana do Brasil desenvolveu educação permanente para 127 Técnicos de Enfermagem e 90 enfermeiros da rede básica de saúde. Os referidos profissionais são integrantes das 27 Unidades Básicas de Saúde do município de Canoas (RS) (Localizado na Região Metropolitana de Porto Alegre)Resultado: Os técnicos de enfermagem foram divididos em quatro grupos sendo que cada grupo realizou três encontros de quatro horas. Já os enfermeiros foram divididos em três rupo com 8 horas de atividade. As atividades foram realizadas nas dependências da ULBRA. A Secretaria da Saúde, através do Núcleo Municipal de Saúde Coletiva (NUMESC) realizou a inscrição dos profissionais. Foram utilizadas metodologias ativas que possibilitaram a ampla participação dos profissionais. Conseguiram esclarecer suas diferentes dúvidas sobre as vacinas. No final dos dois encontros foi entregue o certificado de participação para os técnicos e enfermeiros com a respectiva carga horária de participação. A equipe do PET que desenvolveu as atividades vivenciou a importância da Interprofissonalidade a qual consideramos ser uma das principais qualidades de um profissional da saúde no século XXI. O grupo teve a oportunidade de dialogar com os colegas de outras áreas bem como com todos os técnicos e enfermeiros das estratégias de Saúde da Família de Canoas, de maneira extremamente produtiva e enriquecedora. O PET proporcionou a oportunidade de conversar, interagir, conhecer pontos de vista diferentes, planejar ações, estratégias e reavaliar resultados em conjunto com outros cursos da área da saúde, mostrando que os serviços de saúde para um cuidado integral e eficaz deve ocorrer em conjunto, somando forças. A educação permanente foi assim avaliada pelos técnicos de enfermagem por intermédio de apontamentos tais como: “A educação permanente foi muito boa. Gostaria que fosse repetido a cada 6 meses para relembrar, tirar dúvidas etc.”. Ainda nesse ínterim outros profissionais elencaram outro comentário validando a relevância da oportunidade de atualização no ambiente acadêmico: “Cursos referentes a vacinas sempre são bem vindos, pois assim ajudam a evitar possíveis erros na sala de vacina. As atividades foram dinâmicas, como montar em uma mesa ou em vídeo sobre as vacinas. As informações foram claras, dando oportunidade de esclarecer várias dúvidas e participar falando as experiências diárias.” Nesse contexto de observações podemos notar que conseguimos de maneira simples, objetiva e precisa trocar conhecimento observando sempre o contexto de inserção biopsicossocial de cada ESF. Essa atividade possibilitou que técnicos com menor tempo de experiência pudessem compartilhar dúvidas com os mais experientes como ficou marcado pelo seguinte relato: “Foi possível interagir com colegas de outras Unidades Básicas algumas com muitos anos de experiência. A capacitação foi muito bem desenvolvida abordando todos os assuntos nos quais os profissionais estão envolvidos no seu dia a dia”. Para os acadêmicos praticantes da ministração do curso foi extremamente enriquecedor para desenvolver habilidades e competências que proporcionaram experiências positivas. Nesse contexto recebemos feedback’s positivos como demonstra a declaração: “Os acadêmicos foram muito prestativos e educados, assim como os professores e enfermeiras da Secretaria.” Ao discutirmos sobre o processo todo dentro da equipe do PET foi possível observar como esclarecemos nossas dúvidas e dos profissionais da atualização. Percebemos que haviam muitas dúvidas teóricas em relação aos imunobiológicos, interações entre vacinas, contraindicações e outras dúvidas gerais. Cabe salientar também a questão do ensinamento lúdico que auxilia na fixação dos conteúdos teóricos que foram discutidos. Considerações finais: Destacamos a suma importância da inserção do contexto da educação permanente ao ambiente interprofissional, diferentes profissionais e acadêmicos de cursos variados da saúde permitiram o enriquecimento da experiência. Desse modo, proporcionamos ao profissionais de sala de vacina a visão geral desse setor importante que é vital para prevenção de doenças potencialmente fatais. Espera-se que a Educação Permanente desenvolvida com a equipe de enfermagem colabore de maneira eficiente para atingir a meta de 95% de cobertura vacinal no município, nos próximos anos e fortalecendo as equipes de saúde, na busca ativa de crianças que apresentem falhas no esquema vacinal principalmente aquelas em vulnerabilidade social. Os resultados serão apresentados aos gestores municipais e visam colaborar a encontrar alternativas mais inovadoras e atrativas para melhora da cobertura vacinal no município de Canoas.

11158 PRÁTICA DE MAPEAMENTO DEMOGRÁFICO EM SAÚDE COLETIVA EM UMA CIDADE DO INTERIOR DO AMAZONAS.
Karoline Rocha Ferreira, Raynah Letícia Feitosa Torres, Maria de Jesus Menezes, Rodrigo Silva Marcelino, Luciana Ramos Barreto, Maria Tomaz Ferreira, Patrícia dos Santos Guimarães

PRÁTICA DE MAPEAMENTO DEMOGRÁFICO EM SAÚDE COLETIVA EM UMA CIDADE DO INTERIOR DO AMAZONAS.

Autores: Karoline Rocha Ferreira, Raynah Letícia Feitosa Torres, Maria de Jesus Menezes, Rodrigo Silva Marcelino, Luciana Ramos Barreto, Maria Tomaz Ferreira, Patrícia dos Santos Guimarães

Apresentação: O mapeamento demográfico constitui-se como uma ferramenta utilizada para o diagnóstico e planejamento de atividade de campo, promovendo a reflexão frente às diversas situações de saúde e a elaboração de intervenções coerentes com a problemática do território, no intuito de melhorar a qualidade da atenção à saúde. O mapeamento configura-se uma estratégia de apoio à qualificação e gestão da informação no âmbito da atenção básica, uma vez que possibilita, a partir de uma dimensão espacial, monitorar e avaliar indicadores e informações em saúde no âmbito do SUS. O mapa inteligente pode apresentar, por exemplo, o fluxo da população através das ruas, os transportes utilizados e as barreiras geográficas que dificultam o acesso da população à unidade e na circulação no bairro; as características das moradias e seus entornos; as condições de saneamento básico, presença de esgotos a céu aberto e lixo, área abastecida por água tratada e fluoretada; infraestrutura urbanística: características da ocupação do espaço urbano, ruas, calçadas, praças, espaços de lazer e paisagismo; as condições do meio ambiente, como desmatamento ou poluição; os principais equipamentos sociais: escolas, creches, centros comunitários, clubes, igrejas e outros serviços que a população utiliza para desenvolver a sua vida no território; a presença de animais no entorno das residências e nas ruas; áreas de risco social de diversas ordens. No mapa inteligente também podem ser identificadas áreas de grupos em situação de risco ou vulnerabilidade, dados demográficos e epidemiológicos. Um mapa inteligente evidenciará informações que antes constavam ocultas. As equipes da Atenção Básica realizando a territorialização com a utilização dos mapas do território e inteligente atende o atributo da orientação comunitária, em que reconhecem as necessidades de saúde da comunidade, propiciando o planejamento e a avaliação dos serviços. A proposta é que uma equipe acompanhe um número definido de famílias, localizadas em áreas geográficas delimitadas, prestando serviços de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde da comunidade, seja nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou na casa das pessoas. As atribuições da Equipe de Saúde da Família (ESF) é participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos, inclusive aqueles relativos ao trabalho, e da atualização contínua dessas informações, priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local. Na gestão e/ou na execução das práticas assistenciais, educativas e preventivas, no nível da atenção básica, o trabalho do enfermeiro é estratégico e indispensável, sendo assegurada sua inserção nas equipes e nos territórios por meio dos marcos programáticos e legais do SUS. Diante disso, esse trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem na prática de mapeamento demográfico na cidade de Coari-Amazonas. Método: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência realizado no período de 20 a 27 de setembro de 2019. Narra-se a vivencia de discentes de enfermagem da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) na realização de mapeamento demográfico na cidade de Coari-Amazonas, localizada a 365 km da capital Manaus, na disciplina de Saúde coletiva I. Os alunos foram separados em grupos de seis componentes, cada grupo se responsabilizou por escolher um bairro da cidade para mapear apenas um quarteirão do mesmo. Os critérios de escolha do bairro e do seu quarteirão foram estabelecidos por meio de reconhecimento prévio do local e reuniões organizadas na instituição de ensino. Levou-se em consideração as regiões com maior risco e vulnerabilidade à saúde das famílias. Após a escolha, utilizou-se recursos online de satélite para reconhecer a dimensão da área a ser mapeada. O mapeamento foi realizado por meio de visita, por todos os integrantes do grupo, utilizando recursos fotográficos para facilitar na coleta de informações. Diante das informações coletadas realizou-se reuniões periódicas para debater as questões, identificadas na visita, pertinentes à saúde e suas possíveis soluções, considerando os recursos disponíveis na atenção primária à saúde. Após isso foi utilizado software gráfico para produzir o mapa e posteriormente sua apresentação em sala de aula. Resultado: O mapeamento demográfico permite identificar os principais problemas de determinada região, é relevante para melhoria da saúde pública e reconhecimento territorial, é uma iniciativa básica para caracterização dos indivíduos, bem como seus problemas de saúde, além de proporcionar uma avaliação da efetividade do serviço de saúde e melhorar o acesso da população para a unidade de saúde. Assim, faz-se necessário a implantação e implementação deste plano de intervenção para dar cobertura as áreas, garantir a promoção da saúde e prevenção de doenças na comunidade. Após conhecer a vulnerabilidade e os determinantes sociais em saúde, é possível construir estratégias educacionais para solucionar situações de risco. Como: orientações ao público adolescente; intervenções como mutirões de limpeza, além de diálogo com a gestão local acerca de outros problemas pertinentes, dentre outras ações que estejam baseadas nas particularidades e deficiências desta população. Um problema social encontrado durante o mapeamento foi o receio por parte da população devido ao índice crescente de roubos e assaltos, evidenciando um problema de segurança pública. Atividades como estas, quando realizadas na graduação, além de contribuir com a melhoria das ações no campo de estágio, prepara o acadêmico para lidar com a prática profissional, ampliando seus horizontes, proporcionando melhoria na qualidade de sua futura assistência e a valorização do trabalho em equipe. Através do mapeamento de uma área de, aproximadamente, 31.140 m² identificamos vários problemas que afetam diretamente a população, como: esgoto a céu aberto, casas e pontes de madeira em estado de decomposição, oferecendo vários riscos as crianças, gestantes e idosos; entulhos em diferentes pontos, favorecendo a proliferação de vetores que transmitem os mais variados tipos de doenças; casas abandonadas e terrenos baldios, proporcionando espaço ideal para o consumo de drogas e outras práticas em seu interior; crianças e animais expostos a vários tipos de contaminação; becos e ruas esburacadas, sem pavimentação, dificultando o acesso de idosos, gestantes, deficientes, coleta de lixo, e até mesmo visitas domiciliares dos agentes comunitários de saúde. Considerações finais: diante disso constata-se que o processo de territorialização é uma prática de extrema importância, pois possibilita o reconhecimento do ambiente, da população e da dinâmica sociocultural, econômica e política da comunidade. Entendemos que este deve ser utilizado como ferramenta de planejamento para as ações, visto que o processo de territorialização deve ser contínuo, pois o território é vivo, dinâmico e passível de frequentes transformações.

11165 O IMPACTO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NA SAÚDE MENTAL DE EDUCADORES DA PRIMEIRA INFÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA NO CMEI HERMANN GMEINER
Kátia Helena Serafina Cruz Schweickardt, Euzeni Araújo Trajano, Adriana Maria Barbosa Guimas, Zilene Maia Trovão, João Vitor Cruz Schweickardt

O IMPACTO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NA SAÚDE MENTAL DE EDUCADORES DA PRIMEIRA INFÂNCIA: UMA EXPERIÊNCIA NO CMEI HERMANN GMEINER

Autores: Kátia Helena Serafina Cruz Schweickardt, Euzeni Araújo Trajano, Adriana Maria Barbosa Guimas, Zilene Maia Trovão, João Vitor Cruz Schweickardt

Apresentação: Este trabalho trata da experiência vivenciada no Centro Municipal de Educação Infantil Hermann Gmeiner, escola da rede pública de Manaus, a partir da implementação da concepção de Educação Integral nas práticas pedagógicas da escola e objetiva identificar, por meio de uma análise qualitativa, os impactos da implantação desta metodologia sobre a saúde mental dos educadores envolvidos no processo. As reformas educacionais a partir da Constituição de 1988, iniciadas na década de 1990, no Brasil, trouxeram muitos benefícios aos professores e as unidades educacionais que passaram a se beneficiar da descentralização administrativa, financeira e pedagógica. E os professores, passaram a ter mais autonomia e liberdade  para organizar o seu trabalho. Mas, ao mesmo tempo, muitas exigências profissionais foram se estabelecendo sem a melhoria das condições de trabalho. Cresceu a autonomia dos docentes, mas também o controle sobre eles e sobre a qualidade do seu trabalho. Além disso, a implantação de sistemas de avaliação da aprendizagem em todos os âmbitos, especialmente as avaliações nacionais estão, por um lado, apontando caminhos para melhorar as políticas e resultados da Educação e a qualidade da aprendizagem e influenciado a realidade escolar brasileira e de várias cidades, entre elas Manaus. Por outro, vem afetando a cultura escolar hegemônica, modificando valores e objetivos, reestruturando o trabalho docente e desafiando as relações entre os indivíduos que fazem parte da escola a ressignificarem suas relações entre si e para fora da escola. Isso tudo acabou por causar inseguranças e ansiedades quanto ao fazer pedagógico dos educadores. É urgente entender e investir na saúde mental de professores. Observamos no cotidiano escolar, o crescente aumento do número de professores afastados por doenças associadas à saúde mental como estresse, ansiedade e depressão. Muitos reclamam da sobrecarga de trabalho, da falta de controle sobre o tempo, dos problemas comportamentais dos estudantes, da burocracia excessiva, das muitas novas iniciativas educacionais, assim como das dificuldades de relacionamento com supervisores pedagógicos. É comum nos atentarmos ao cuidado imediato da doença, no entanto faz-se necessário observar quais elementos do ambiente, e que práticas pedagógicas favorecem a construção do bem-estar mental para os servidores e estudantes. A concepção de Educação Integral no Brasil tem se mostrado uma aliada na melhoria desse bem estar, pois historicamente possui duas perspectivas que são complementares. Uma voltada para a formação integral da pessoa humana, em suas múltiplas dimensões, e a outra voltada para uma função social de caráter integrador e de política social promotora de justiça e de garantia da democracia. Assessorados pelo Coletivo Escola Família Amazonas (CEFA), pela Secretaria Municipal de Manaus (SEMED) e pelas Aldeias Infantis SOS, os educadores do CMEI Hermann Gmeiner construíram projetos para uma educação inovadora, deixando de ser uma escola tradicional para ser uma escola de educação integral. A metodologia de trabalho na educação integral desloca a centralidade do processo educativo para a criança tornando-a protagonista. O professor assume o papel de mediador na experiência da criança no acesso ao mundo cultural e simbólico. No ensino tradicional o professor é o centro e as exigências desse protagonismo (a autoridade máxima do saber, centralidade da fala, o ensino apostilado, ensino por memorização e repetição) afetam a sua saúde mental. O CMEI Herman Gmeiner adotava a proposta educativa fundamentada no ensino tradicional e de acordo com relatos da equipe, as aulas eram exaustivas para crianças e professores. A rotina de trabalho repetitiva e focada no professor gerava estresse, além de inúmeros problemas psicológicos como a baixa-estima de professores, falta de motivação, desencantamento com a escola e o adoecimento, aumentando o índice de abandono, faltas e licenças médicas de professores e crianças. A inserção da concepção de educação integral como prática pedagógica incorpora questões essenciais no processo de reconstrução da escola contemporânea. Em termos organizacionais, a escola deixa de estruturar o seu fazer pedagógico com base na tradição, na autoridade e na abstração do pensamento intelectual, na competitividade e no esforço pessoal, para uma pedagogia construída e exercitada em torno da liberdade, da iniciativa, da autodisciplina e do trabalho colaborativo. A Educação seria o processo de contínua reconstrução e reorganização da experiência por meio da reflexão. A escola seria o locus privilegiado para as práticas reflexivas e não apenas um lugar para preparação do que vem depois. Educação seria entendida como vida e não como preparação para a vida. A renovada escola, proporciona um ambiente de aprendizagem, exercício da cidadania e de saúde mental para alunos e professores, famílias e a comunidade do entorno da escola. O trabalho desenvolvido no CMEI passa a incorporar processos de acolhimento e escuta das famílias, no espaço escolar e fora dela, passa a desenvolver o dia da família na escola, ao invés do dia das mães ou dos pais, refletindo e acolhendo os novos perfis de família que estão postos hoje na sociedade. Dá voz às crianças por meio de assembleias e da escolha de gestores mirins, e envolvem todos os demais atores da escola como os serviços gerais e a responsável pela cozinha e a manipulação dos alimentos nas instâncias de decisão da escola, o que permite uma visível melhora no clima escolar, na autoestima, nas relações interpessoais e em consequência disso no bem estar sócio emocional de toda a comunidade educativa. A proposta vai aos poucos tornando a escola e todos nela envolvidos numa grande comunidade de aprendizagem. A educação integral é uma política contemporânea, inclusiva, sustentável e promotora de equidade que tem contribuído para reconectar o sentido da escola e da educação com a vida. Para a gestora do CMEI, a educação integral transforma a vida e não é só na escola, é no dia a dia de cada um que com ela está envolvido direta ou indiretamente,, principalmente para as professoras, pois isso trouxe mais qualidade de vida, para elas e para as crianças. Na fala dos educadores do CMEI é nítida a consciência do seu papel naquele contexto quando dizem que é importante valorizar o que fazem e, mesmo assim, sentir-se incomodados, pois é isso que os move. Sentem o quanto é necessário ser flexível e reconhecem a relevância de ser audacioso, de não ter medo de errar. Essa mesma percepção tem os pais, pois podem opinar e contribuir com a escola que desejam para os seus filhos. Quando se consolida a concepção, os educadores acreditam naquilo que ensinam e tornam-se autores dos processos, tem mais liberdade para propor novas ideias, métodos e contam com mais apoio e acompanhamento, se sentindo também seguros e acolhidos, expõem com mais liberdade suas fragilidades e medos, o que os torna mais preparados para o trabalho e a vida colaborativa, tornando-os mais afetiva e mentalmente mais saudáveis. É uma metodologia que propõe um maior engajamento das famílias e dos adultos de referência das crianças e incentiva nos professores, por meio da empatia,  a consciência e o comprometimento com seu papel de protagonistas e mediadores desse engajamento que, quando praticado, humaniza as relações, compartilha responsabilidades, potencializa a aprendizagem e a promoção da saúde de todos. Assim, a escola torna-se democrática, humanizada e um ambiente  de cidadãos mentalmente mais saudáveis.

11167 MEXA-SE: MAIS QUE UM GRUPO DE ATIVIDADES COLETIVAS
Antônia Suellen Fernandes Dantas, Bianka Andressa de Oliveira Medeiros, Camila Mesquita Soares, Maria Bianca Brasil Freire, Fernanda mariany de Almeida Menezes Freire

MEXA-SE: MAIS QUE UM GRUPO DE ATIVIDADES COLETIVAS

Autores: Antônia Suellen Fernandes Dantas, Bianka Andressa de Oliveira Medeiros, Camila Mesquita Soares, Maria Bianca Brasil Freire, Fernanda mariany de Almeida Menezes Freire

Apresentação: Sabemos que uma das modalidades de atuação dos profissionais de saúde no nível primário é por meio do trabalho grupal. Tendo em vista que o trabalho em grupo favorece um olhar integral para o usuário e ainda gera resolutividade, foi criado o grupo Mexa-se pela fisioterapeuta residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica Saúde da Família e Comunidade da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte em parceira com a Prefeitura Municipal de Mossoró. O grupo foi idealizado com o objetivo de realizar atividades de promoção à saúde, redução de danos, educação popular em saúde, participação popular e acompanhamento multiprofissional de possíveis doenças/distúrbios dentre outros eventos que os participantes possam ter/passar. Com encontro nas terças e quintas-feiras das 16:00h ás 17:00h com participação de cerca de 10 a 20 participantes, entre eles usuários(as) da UBS onde a equipe multiprofissional da residência está lotada e os próprios funcionários(as) da mesma, o grupo segue uma espécie de roteiro que foi feito elaborado com base no comportamento do grupo pois foi observado com o andamento do mesmo que devido atitudes de alguns integrantes outros não se sentiam acolhidos. O primeiro momento do encontro grupal consiste em realizar uma atividade chamada “Baixando as barreiras do julgamento”, o segundo alongamento de todo o corpo, seguido de exercícios físicos e atividade aeróbica. Uma vez por mês todos os participantes do grupo entram em consenso e votação e escolhem 01 (um) tema para que seja abordado/discutido. Geralmente, essa escolha é feita na segunda semana do mês e já na terceira semana é feito o debate por todos que compõem o grupo sobre o tema escolhido e também é feita a entrega de algum material educativo sobre o tema como por exemplo cordel, caça palavras e cartilhas. Com a realização de todas essas atividades e o acompanhamento multiprofissional dos participantes do grupo, foi possível observar que os mesmos obtiveram melhoras tanto em aspectos físicos como psicológicos, também houve o fortalecimento com a UBS e equipe multiprofissional e o de vínculo com a comunidade e seus espaços. 

11173 ENTRE A MONITORIA ACADÊMICA E A MILITÂNCIA ESTUDANTIL: A RELEVÂNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE NO BRASIL
Eliza Paixão da Silva, Alessandra de Cássia Lobato Dias, Camilla Cristina Lisboa do Nascimento, Marcio Yrochy Saldanha dos Santos, Marcos José Risuenho Brito Silva, Ricardo Luiz Saldanha da Silva, Vitória Cristiane Leandro da Silva, Willame Oliveira Ribeiro Junior

ENTRE A MONITORIA ACADÊMICA E A MILITÂNCIA ESTUDANTIL: A RELEVÂNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE NO BRASIL

Autores: Eliza Paixão da Silva, Alessandra de Cássia Lobato Dias, Camilla Cristina Lisboa do Nascimento, Marcio Yrochy Saldanha dos Santos, Marcos José Risuenho Brito Silva, Ricardo Luiz Saldanha da Silva, Vitória Cristiane Leandro da Silva, Willame Oliveira Ribeiro Junior

Apresentação: As Políticas Públicas em Saúde são, em síntese, uma das formas de ação do governo para organizar o sistema de saúde, sendo assim, importantes ferramentas na manutenção dos direitos das cidadãs e dos cidadãos do país. Esta manutenção pode ocorrer de forma positiva, beneficiando as pessoas as quais são diretamente ligadas e em acordo com os preceitos dos direitos humanos, ou, pode ocorrer de forma negativa, com o cerceamento das condições humanas de vida e a retirada de direitos previamente estabelecidos. Neste sentido, ocorre a organização de grupos de movimentos sociais, trabalhistas e estudantis em razão da luta pela criação de novas políticas públicas em saúde ou em prol da manutenção positiva de políticas já formuladas, como o caso dos Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos e Coletivos estudantis, que são mecanismos utilizados por estudantes para agir na busca destes direitos. Um deles é o Centro Acadêmico de Enfermagem Wanda de Aguiar Horta, criado na década de 60 na Escola de Enfermagem Magalhães Barata - a qual hoje se encontra vinculada à Universidade do Estado do Pará (UEPA) - e que age na representação das e dos estudantes de enfermagem da UEPA, Campus Belém. Uma das lutas constantes deste Centro Acadêmico é pela manutenção da monitoria acadêmica, a qual constantemente sofre cortes, mudanças de datas de forma arbitrária e criação de comissões sem a participação estudantil. Em razão disto, é importante salientar que uma das disciplinas que compõem o programa da Monitoria é “Políticas Públicas e Programas de Saúde”, importante para o decorrer do curso e da vida profissional, visto que ela irá apresentar o aparato legislativo que sustenta o Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, esta disciplina também permite que a professora ou professor possa estimular o senso crítico dos seus discentes e ser a influência para que estes conheçam as políticas que regem a vida de todos os brasileiros, isso inclui os alunos que irão passar pelo disciplina e os próprios monitores. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de uma acadêmica de enfermagem em uma monitoria acadêmica e na participação da gestão de um Centro Acadêmico. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, visando apresentar as vivências da monitoria da disciplina "Políticas públicas e programas de saúde" e da participação no Centro Acadêmico de Enfermagem Wanda de Aguiar Horta de acadêmicos de enfermagem. A escolha de monitores da Universidade se dá por meio de Processo Seletivo, o qual busca fazer uma análise por meio de prova e da nota curricular que o discente obteve no componente curricular pleiteado, cada processo ocorre uma vez por ano, oferecendo cerca de 35 vagas, sendo 15 voluntárias e 20 bolsistas. Ao participar do processo, o discente é submetido a uma prova elaborada pelo docente da disciplina, podendo ser de múltipla escolha, subjetiva ou de redação. Quando selecionado, o discente passa por um treinamento e por planejamento docente, indo logo em seguida para as atividades com o docente. Para a disciplina de políticas públicas, o cronograma do semestre inclui aulas teóricas, aulas práticas e a Atividade Integrada em Saúde, visando apresentar as principais políticas públicas de saúde vigentes na sociedade brasileira e como foram criadas, além de fomentar a discussão crítica acerca delas e da conjuntura política atual. Com relação ao Centro Acadêmico, por ser um espaço de representação também política, acaba tendo princípios parecidos com os da disciplina em questão, pois, os acadêmicos que o compõe precisam conhecer as políticas públicas as quais defendem e qual a importância delas para a comunidade acadêmica e para a profissão de enfermagem, realizando debates, cinedebates, rodas de conversa, workshops e formações políticas que visem cumprir estes objetivos. Resultado: Durante as aulas teóricas da disciplina foi observado que os estudantes tinham uma certa dificuldade em estudar as políticas públicas, ao fazer esse questionamento em uma das aulas, os discentes elencaram quais os principais desafios: Ler e entender as legislações apresentadas, falta de afinidade com a temática política e a monotonia das aulas teóricas. Neste sentido, utilizando-se de um dos instrumentos básicos da enfermagem que é a Criatividade, o monitor pode organizar formas diferenciadas e utilizando metodologias diferentes para estudo. Com o apoio das atividades realizadas no Centro Acadêmico, pôde-se aprender metodologias ativas como o "World Cafe" e aplicá-las na sala de aula em forma de grupo de estudos. A metodologia do World Cafe consiste na discussão em grupos por um determinado tempo e, após isso, trocam-se as pessoas do grupo para que possam apresentar o que o seu grupo previamente discutiu, acrescentando possíveis debates novos a partir dali. Esse tipo de metodologia é utilizada pelo centro acadêmico durante a Semana dos Calouros. Além disso, a discussão sobre as políticas públicas realizada no Centro Acadêmico, permite uma ampla abertura para conhecimentos novos e trocas de experiências acerca do tema, de modo que o discente monitor pode ampliar a sua discussão na sala de aula e complementar as informações. Tais situações demonstram que a participação no Centro Acadêmico é uma forma de contribuir positivamente na vida dos discentes, lhes dando aporte teórico de discussão, conhecimentos técnicos de metodologias ativas e facilitando sua abertura para falar em público e se posicionar frente à debates. Por fim, um resultado observado durante o período da monitoria é que as políticas públicas de saúde estão ligadas à todas as áreas, desde o ensino, à pesquisa, à extensão, à docência e às áreas de conhecimento específicas da graduação como obstetrícia, saúde da família e terapia intensiva, porém, por serem abordadas nos semestres iniciais, os discentes apresentam uma certa ineficácia em aliar estas políticas com a prática social e profissional, da qual só terão mais escopo com o decorrer do curso. Considerações finais: Compreende-se, assim, que o estudo das políticas públicas vai muito além do que apenas uma disciplina teórica na Universidade e sim, algo que permeia todas as áreas. A experiência tida no movimento social do Centro Acadêmico permitiu uma facilidade de desempenhar as funções da monitoria e demonstrou que as atividades realizadas dentro do mesmo são de vital importância na manutenção do senso crítico-reflexivo dos estudantes de graduação em Enfermagem. Sendo assim, aliar as duas atividades permitiu uma formação ímpar no quesito da compreensão de leis, decretos, políticas e planos operativos da gestão do SUS.

11190 A TROCA DE EXPERIÊNCIA ENTRE ACADÊMICOS DE MEDICINA E IDOSOS DO NÚCLEO TEREZA TUPINAMBÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE AULAS PRÁTICAS NA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
Anna Luísa Oliveira dos Santos, Bruna Guido do Nascimento Barros, Felipe Thiago Dias de Lima, Elmayssa Menezes Pinheiro Pereira

A TROCA DE EXPERIÊNCIA ENTRE ACADÊMICOS DE MEDICINA E IDOSOS DO NÚCLEO TEREZA TUPINAMBÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE AULAS PRÁTICAS NA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

Autores: Anna Luísa Oliveira dos Santos, Bruna Guido do Nascimento Barros, Felipe Thiago Dias de Lima, Elmayssa Menezes Pinheiro Pereira

Apresentação: Ao adentrar a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o aluno de Medicina tem contato com a primeira das quatro matérias de Saúde Coletiva que terá ao longo da graduação, onde passa-se a entender a saúde como um processo social, que pode ser determinada por fatores socioeconômicos, culturais e ambientais. A fim de compreender esse fenômeno e ter uma visão mais humanizado com relação aos futuros pacientes, os discentes realizaram ações de Promoção e Prevenção de Doenças junto aos idosos Núcleo Tereza Tupinambá. Desenvolvimento: Para a realização das atividades propostas, foram adotadas práticas lúdicas separadas em 9 dias, datados durante o período de agosto a novembro, e aplicadas com o grupo de 21 idosos do Núcleo, além dos alunos de medicina, uma professora responsável e profissionais capacitados para o auxílio. O perfil das atividades foi determinado buscando uma maior interação com os idosos, além de promover uma melhora no condicionamento físico, por exemplo, no dia em que foi realizado alongamento com todos, aprimoramento de habilidades intelectuais como os jogos de lógica, a fuga do sedentarismo, a saber, práticas de danças típicas do norte e descontração associada com rodas de conversas sobre bem estar e apoio em grupo. Durante os dias, cada aluno acolheu um idoso, com o qual manteve um contato mais próximo e, durante a realização das práticas, houve uma atenção especial para cada um, garantindo, portanto, uma experiência enriquecedora não somente para os integrantes do núcleo quanto para os alunos envolvidos. Resultado: A interação com os participantes do Núcleo Tereza Tupinambá foi extremamente gratificante. As atividades eram executadas e, ao mesmo tempo, eram construídos laços com os idosos acolhidos. Muitos idosos relataram que aguardavam ansiosos o momento em que os discentes chegariam, a fim de que tivessem um momento de descontração e relaxamento. Outros afirmaram que as práticas desenvolvidas os ajudavam a esquecer de problemas, funcionando como terapia. Para os discentes foi uma oportunidade de aprender não só sobre o processo de senescência, mas também de desconstrução do pensamento no que diz respeito ao envelhecimento. Percebeu-se que o envelhecer pode não ser tão penoso como se supunha, a partir do momento em que aquele que está envelhecendo se abre para a oportunidade de interagir com outras pessoas, confraternizar e participar de atividades educativas,  lúdicas e divertidas. Ademais, esta prática fez com que os alunos exercitassem a empatia e humanização, elementos tão importantes e cruciais para a boa formação médica. Considerações finais: A interação do acadêmico de medicina com os idosos do Núcleo Tereza Tupinambá na produção de experiências de recreação atua como ponto de fundamental importância no crescimento do futuro profissional de saúde em seu aspecto humano- especialista, ao passo que propicia ao discente uma vivência mais ampla do cuidar. Assim, nessa prática extramuro da matéria de Saúde Coletiva da UFAM, tem-se uma troca mútua de aprendizados e lições que serão levadas ao longo da formação acadêmica, firmando um futuro profissional que além de técnico é capaz de entender e visualizar o paciente muito além do físico.

11213 PET-SAÚDE/ INTERPROFISSIONALIDADE: TECENDO FIOS E DESAFIOS ENTRE A EDUCAÇÃO E O TRABALHO INTERPROFISSIONAL EM UMA ESF DE PORTO ALEGRE-RS
Aline Gerlach, Ana Amélia Nascimento da Silva Bones, Rosa Maris Rosado, Helena Caye Dahlem, Isadora Musse Nunes, Patrícia de Souza Rezende, Cristiane Machado Mengatto

PET-SAÚDE/ INTERPROFISSIONALIDADE: TECENDO FIOS E DESAFIOS ENTRE A EDUCAÇÃO E O TRABALHO INTERPROFISSIONAL EM UMA ESF DE PORTO ALEGRE-RS

Autores: Aline Gerlach, Ana Amélia Nascimento da Silva Bones, Rosa Maris Rosado, Helena Caye Dahlem, Isadora Musse Nunes, Patrícia de Souza Rezende, Cristiane Machado Mengatto

Apresentação: A interprofissionalidade tem por base o aprendizado compartilhado entre duas ou mais profissões de saúde distintas, em práticas colaborativas e trabalho em equipe, visando um objetivo comum: o cuidado em saúde centrado nas demandas do usuário, suas famílias, cuidadores e comunidades. Revisões sistemáticas da literatura no âmbito internacional mostram os efeitos positivos do trabalho em equipe e da Educação interprofissional (EIP) na formação em saúde e nos serviços. No entanto, no Brasil ainda são escassas as consistências de tais relatos e experiências. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde/ Interprofissionalidade (PET-IP) é uma iniciativa voltada ao fortalecimento da integração ensino-serviço-comunidade, para o aprimoramento das equipes de saúde e da formação curricular à luz da interprofissionalidade. A natureza complexa e multifacetada das demandas de saúde da população nos serviços de saúde requerem o desenvolvimento de competências atitudinais e colaborativas com habilidades de trabalho em equipe em vistas de prover maior qualidade do cuidado e segurança ao usuário. No entanto, a  maioria dos currículos dos cursos de saúde no Brasil são focados em práticas clínicas e treinamentos técnicos uniprofissionais e especialidades profissionais, com alguns estágios na Rede do SUS. A atuação nos territórios de saúde na Atenção Primária está presente nos cursos de graduação, em especial, nos estágios curriculares, porém, não sob o olhar do trabalho em equipe interprofissional, que apresenta-se um desafio a ser alcançado. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi trazer o relato e reflexão da experiência de estudantes de graduação vivenciada por meio do PET-IP no Sistema Único de Saúde (SUS), afim de compreender como ocorrem (ou não) os processos de interprofissionalidade em ato e suas implicações, com o olhar para as iniquidades de saúde. Desenvolvimento: O projeto PET intencionalizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS/POA) trouxe como temática norteadora o desenvolvimento da educação e do trabalho interprofissional no atendimento das demandas das iniquidades de saúde, em especial: Saúde da População Idosa, Negra, Indígena e em Situação de Rua. Em seu primeiro ano, uma parte do grupo realizou vivências na Estratégia de Saúde da Família (ESF) Santa Marta, em Porto Alegre- RS, englobando alunos de graduação de três cursos da área da saúde (Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia). As vivências consistiram em: conhecer a estrutura física e a equipe; participar em ação com a unidade móvel; realizar matriciamento de saúde mental infantil e atividade de prevenção ao câncer de boca; participar de grupo de convivência; acompanhar as consultas nutricionais, o  acolhimento da unidade de saúde e as consultas médicas, entre outras atividades da equipe da ESF Santa Marta. Posteriormente, foram redigidas as reflexões dos processos vivenciados e discutidas em reunião do grupo tutorial. A experiência da interação ensino-serviço-comunidade nos territórios de saúde na Atenção Primária está presente nos currículos dos cursos de graduação em saúde, porém não com o foco da interprofissionalidade e da conexão entre acadêmicos e docentes dos diferentes cursos. As ações aqui relatadas, por meio das vivências, trouxeram a reflexão sobre a essencialidade e complimentaridade dos diferentes profissionais e saberes dos cursos da saúde, complementando-se para o atendimento integral das demandas complexas dos usuários, o que perpassa suas situações de vulnerabilidade, bem como de potencialidades. O grupo Tutorial PET pôde também vivenciar com proximidade e discutir os impactos das decisões da gestão municipal e federal sobre o trabalho das equipes de saúde da ESF Santa Marta, que veio a partir da declaração de inconstitucionalidade do Instituto Municipal de Estratégia da Saúde da Família - IMESF, e que afetou diretamente as ações de saúde no município de Porto Alegre, traçando um marco histórico de instabilidade em que muitos fios ora tecidos, tiveram nós desatados. Assim, aprofundando as reflexões do grupo Tutorial, à luz das teorias de trabalho em equipe, percebeu-se que as rotinas e decisões da ESF pelo grupo passam por processos muito dinâmicos de mudanças e necessidades de rápidas e ágeis desconstrução e reconstrução dos processos de trabalho da equipe e das decisões, em um trabalho colaborativo que passa pela comunicação em redes virtuais e por espaços informais de construção de rotinas e saberes entre os profissionais que se apoiam para manter o melhor atendimento possível à população em meio às mudanças rápidas e demandas interpostas pela população ou pela gestão. Tal complexidade de trabalho colaborativo das equipes é explicada em parte pelas teorias e conceitos de knotworking, em um alinhamento e tecer rápido de fios entre os membros das equipes frente aos desafios abarcados; teorias tais que podem trazer luz e qualificação aos processos e que serão estudados, no futuro, por este grupo tutorial. Destaca-se também que as vivências constituíram uma estratégia importante de compartilhamento de saberes entre profissionais, alunos e docentes e entre as diferentes profissões. Tecer os fios dessa construção conjunta entre ensino e serviço mostra-se um desafio diário entre os diversos atores, desde as demandas de mudança interpostas pela gestão municipal e federal até as dificuldades das raízes profundas das práticas ainda tradicionalistas entre os profissionais dos serviços de saúde e os docentes, assentadas no trabalho dentro de seu próprio núcleo profissional. Os alunos se mostram atores bastante abertos a esse processo de conexão e troca de saberes entre as profissões, já que não possuem raízes aprofundadas mas a disponibilidade ao saber, sendo peças importantes para romper as barreiras encontradas, com ideias inovadoras de construção e cogestão das ações de maneira compartilhada com a universidade e os serviços. Considerações finais: Sabendo da relevância da interprofissionalidade, o PET- IP é de extrema pertinência para seu fortalecimento, tanto na formação acadêmica quanto nos serviços de saúde. Destaca-se a importância da implantação de programas como o PET-Saúde na consolidação da interação entre ensino-serviço-comunidade, contribuindo para construção de serviços de saúde mais qualificados, capazes de integrar promoção, prevenção e assistência à saúde e possibilitando práticas mais próximas das reais necessidades do SUS. Como no trecho de João Cabral de Melo Neto, podemos refletir que "Somos muitos Severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras, suando-se muito em cima". E, assim, no contexto desses desafios da implantação e desenvolvimento da interprofissionalidade no Brasil, mostra-se claro que tecer fios interprofissionais exige perseverança e resiliência, qualificando os processos fio a fio.

11218 O ESTUDANTE DE MEDICINA E A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTICIAS
MARCIA ARAUJO, Bruna Villela, Carolina Fonseca, Lara Valladares, Letícia Ferreira, Lucas Meirinho

O ESTUDANTE DE MEDICINA E A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTICIAS

Autores: MARCIA ARAUJO, Bruna Villela, Carolina Fonseca, Lara Valladares, Letícia Ferreira, Lucas Meirinho

Apresentação: A comunicação é um importante fator na interação pessoa-pessoa. É por meio dela que o médico deve manter um diálogo informativo e de respeito com cada indivíduo de maneira a assegurar que haja conhecimento sobre a sua situação, tratamento e prognóstico, além de informar que o profissional de saúde está disponível para o que for necessário para ele e sua família, não apenas no âmbito da saúde física. No entanto, vê-se que os médicos, muitas vezes, não são capacitados para estas situações, por mais que elas sejam comuns na rotina diária de atendimentos de diferentes níveis da atenção, e esta dificuldade se deve tanto a falta de preparo dos estudantes de medicina e dos profissionais já formados, quanto à própria natureza dos temas que são abordados. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo com o objetivo de conhecer o preparo dos estudantes de medicina de uma instituição de ensino privada na comunicação de más notícias aos pacientes e familiares. A coleta de dados por meio de questionários autoaplicáveis online com perguntas fechadas, com aluno matriculados do 1° ao 5° ano. Os dados foram consolidados em frequências relativas e apresentados em gráficos e tabelas. Resultado: Foram entrevistados 44 estudantes do curso de medicina da Fundação Técnico Educacional Souza Marques, destes 54,5%, já vivenciaram  comunicação de más notícias, e 36,4 % julgaram a comunicação inadequada. A maioria dos estudantes (79,5%) relataram dificuldades de lidar com a emoção e o sentimento do outro no momento, principalmente por insegurança (47,7%), falta de preparo(47,9) e medo (38,6). 59,1% dos participantes da pesquisa conheciam o protocolo SPIKES, mas apenas 43,1% dos alunos concordaram, totalmente ou em parte, quando foram perguntados sobre a adequação dos ensinamentos específicos fornecidos pela faculdade de medicina em relação ao tema. Tal fato corrobora quanto ao despreparo na formação acadêmica do médico abordada pelos autores estudados. que os próprios profissionais reconhecem que não são capacitados para esse tipo de circunstância. Tal assertiva está relacionada à natureza inconstante de cada indivíduo e a comunicação para o mesmo ou para seus familiares. Dessa forma, tal incapacidade não está relacionada apenas aos ensinamentos adotados pela faculdade, mas também pela capacidade de lidar com sentimentos que variam de indivíduo para indivíduo. Assim, a melhor maneira que os estudantes desenvolvem a habilidade de lidar com essas pessoas é por meio de experiências próprias. CONSIDERAÇÕES: Sob essa ótica, compreendendo que comunicação de má notícia em saúde constitui uma das tarefas mais difíceis e complexas no contexto das relações interpessoais com o paciente, família e profissional de saúde, é nítida a suma importância de se intervir e aprofundar a discussão acerca do aprimoramento acadêmico. Uma possível solução para que a falta de capacidade de comunicação entre médicos e pacientes seja corrigido é o aprofundamento na abordagem desse assunto na faculdade. É referido como uma tentativa de ajudar os profissionais da saúde, o uso do protocolo SPIKES que tem o objetivo de facilitar a abordagem de assuntos delicados com  pacientes em diferentes cenários da prática médica.

12085 O NASCIMENTO DA RELAÇÃO MÃE-BEBÊ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
BARBARA YUMI BRANDÃO SAKANE, VERONICA APARECIDA PEREIRA

O NASCIMENTO DA RELAÇÃO MÃE-BEBÊ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: BARBARA YUMI BRANDÃO SAKANE, VERONICA APARECIDA PEREIRA

Apresentação: O presente trabalho discorre acerca das vivências experienciadas no Estágio Básico do curso de Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados, durante todo o ano de 2019. Desta forma, termina-se por relatar as conclusões construídas das intervenções realizadas, que foram direcionadas ao fortalecimento do vínculo da díade mãe-bebê, à saúde mental materna e à manutenção do desenvolvimento cognitivo, motor e de linguagem do bebê. Desenvolvimento: Para a realização dos acompanhamentos foram feitos convites na maternidade do Hospital Universitário do município de Dourados, Mato Grosso do Sul. Efetuado o contato inicial, os atendimentos ocorreram uma vez ao mês, com duração média de uma hora cada. As mães foram avaliadas quanto a sinais de ansiedade, estresse e depressão pós-parto. Quando necessário, foram encaminhadas a serviços de atendimento psicológico. Os bebês foram avaliados a partir da Escala Bayley III, identificando os padrões comportamentais já desenvolvidos nas diferentes áreas. No caso de identificação de déficits, orientações específicas eram direcionadas às mães para devida estimulação de seus bebês. Também houve o registro de interações diádicas, com filmagem em situação estruturada de até nove minutos, avaliando-se os comportamentos maternos e dos bebês em relação à orientação social positiva, orientação social negativa e autorregulação do bebê. Também, em relação ao vínculo, foram ensinadas técnicas de Shantala, de modo a oferecer ao bebê um momento de relaxamento, o que muito reflete no bem estar materno. Por fim, em uma perspectiva multidisciplinar, realizou-se a avaliação nutricional do bebê, com incentivo especial à manutenção da amamentação exclusiva. Resultado: Houve um bom engajamento por parte das mães, possibilitando avaliações sucessivas dos bebês com escores dentro ou acima do esperado para a idade. Sugere-se que as orientações das áreas de Psicologia e Nutrição, possibilitaram a promoção de vinculações afetivas mais saudáveis, tanto pela devolutiva dos padrões positivos de interação observados nos vídeos, como pela rotina estabelecida pelo toque e cuidado favorecido pela Shantala. Ressalta-se deste modo a tentativa de dialogar com os conhecimentos apropriados avaliados a partir da Escala Bayley III e da avaliação do vínculo e nutricional, com as aprendizagens já obtidas pelas mães, considerando-se as influências da sua cultura e entendimento de mundo. Considerações finais: Muitas foram as diversidades observadas pelos grupos do Estágio Básico, tais como: mães de grupos étnico-culturais diferentes, com limitações de locomoção, e de diversos níveis socioculturais. O contato direto com estas possibilitou um intercâmbio de conhecimentos. O modelo de intervenção participativo, no qual a mãe é ouvida e seu contexto considerado, possibilita um maior empoderamento das mães no cuidado de seus filhos e maior adesão aos programas de intervenção precoce, uma vez que são ouvidas e respeitadas em sua cultura e realidade social. Considerar os diferentes saberes é reconhecer que existem diversas “maternidades” e que todas necessitam de programas de promoção de saúde.

7641 INTERDISCIPLINARIDADE E FORMAÇÃO DO SENSO PESQUISADOR: A IMPORTÂNCIA DAS AULAS PRÁTICAS DE MICROBIOLOGIA NO CURSO DE ENFERMAGEM
Vitória Cristiane Leandro da Silva, Ana Clara Lima Moreira, Auriele Cristine de Souza da Costa, Camilla Cristina Lisboa do Nascimento, Eliza Paixão da Silva, Marcio Yrochy Saldanha dos Santos, Ricardo Luiz Saldanha

INTERDISCIPLINARIDADE E FORMAÇÃO DO SENSO PESQUISADOR: A IMPORTÂNCIA DAS AULAS PRÁTICAS DE MICROBIOLOGIA NO CURSO DE ENFERMAGEM

Autores: Vitória Cristiane Leandro da Silva, Ana Clara Lima Moreira, Auriele Cristine de Souza da Costa, Camilla Cristina Lisboa do Nascimento, Eliza Paixão da Silva, Marcio Yrochy Saldanha dos Santos, Ricardo Luiz Saldanha

Apresentação: A interdisciplinaridade é uma maneira de unir duas ou mais áreas do conhecimento de forma que uma complemente a outra. Trata-se de uma abordagem mais enriquecedora no viés técnico e didático do que somente uma área do conhecimento. Isso porque as vertentes de cada área, quando unidas e aplicadas com coerência e propósito bem estabelecidos, entram em consonância para estabelecer uma ampla visão sobre o mundo e as suas particularidades. A interdisciplinaridade é uma ferramenta acadêmica com bons resultados entre os estudantes no que diz respeito à formação profissional centrada no tripé universitário - ensino, pesquisa e extensão, sendo um meio de sensibilizar os estudantes quanto a importância de pesquisas científicas. O senso pesquisador é a base para a produção científica, pois se caracteriza como a atitude de observar fenômenos formular hipóteses e realizar testes para comprovar ou refutar essas hipóteses. Além de procurar explicações para os fenômenos, o senso pesquisador é o que estimula a resolução de problemáticas através da busca de soluções.A microbiologia é uma das áreas com grande foco na pesquisa, pois estuda os microrganismos e suas dinâmicas de sobrevivência, tendo um papel importante no entendimento da existência desses pequenos organismos nos mais variados lugares e o impacto deles no equilíbrios dos sistemas. Já a enfermagem é uma ciência destinada à manutenção e recuperação da saúde de uma comunidade, focada no conhecimento e domínio das técnicas assistenciais e das circunstâncias que predispõem agravos à saúde. A partir disso, é certo dizer que a microbiologia e a enfermagem, quando trabalhadas em conjunto, são capazes de fomentar o alicerce da pesquisa na comunidade científica. A ciência preocupada em estudar os microrganismos contribui para que técnicas assistenciais à saúde da população sejam implementadas com resultados positivos. O objetivo deste trabalho é ressaltar a importância das aulas práticas de microbiologia no curso de enfermagem, baseada nos benefícios da interdisciplinaridade e nas contribuições para a formação do senso pesquisador. Desenvolvimento: As aulas práticas de microbiologia ocorreram na Universidade do Estado do Pará, no segundo semestre do curso enfermagem, no período de agosto a dezembro de 2019. Elas eram ministradas no laboratório e divididas em três momentos, sendo o tempo total de três semanas para cada conteúdo trabalhado. Essa divisão se dava para os assuntos abordados, os quais foram: biossegurança e antissepsia das mãos, ubiquidade dos microrganismos, urocultura e coprocultura. As atividades e a avaliação eram realizadas em dupla, pois o aprendizado em pares facilita a fomentação do conhecimento, além de permitir melhor aproveitamento da disciplina ao dividir as tarefas entre a dupla, para não ocorrer sobrecarga. Na primeira semana foi feita a introdução do assunto pela docente de forma teórica, com o ensinamento do conteúdo para posterior coleta do material. Esse material foi semeado em um meio de cultura (ágar nutriente, ágar sangue, ágar manitol, ágar CLED ou ágar MacConkey, dependendo do tipo de amostra) e armazenado na estufa por 24 horas para que os microrganismos pudessem de reproduzir em uma temperatura favorável. Na segunda semana realizou-se a observação da semeadura após a colonização dos microrganismos, de modo que as colônias foram fixadas em uma lâmina de vidro para que fossem observadas no microscópio. A partir dessa análise, um relatório foi elaborado, o qual descrevia todos os procedimentos realizados, desde a coleta do material até os resultados observados em um aumento das lentes microscópicas, além de uma descrição teórica a partir de buscas em materiais de apoio, como LILACS, BVS, Scielo e Periódicos CAPES, acerca dos micro-organismos encontrados na lâmina. Resultado:S: As aulas práticas de microbiologia proporcionaram experiências muito enriquecedoras para os acadêmicos, pois foi a primeira disciplina no ambiente laboratorial de pesquisa presenciada pelos discentes em campo universitário. As técnicas de coleta e semeadura aproximaram os estudantes do universo microbiológico, ampliando assim o conhecimento teórico já apresentado em sala de aula, pois a utilização dos materiais de biossegurança (equipamentos de proteção individual e coletiva) e dos instrumentos e vidrarias contribuíram para uma construção de perspectiva que ampliou o conhecimento dos acadêmicos e os instigou à formação de futuros cientistas, além de propiciar também a vivência de enfermagem como pesquisa. Ademais, os assuntos ministrados foram importantes para agregar conhecimento sobre as características morfo e fisiológicas dos organismos, sendo fator essencial para o bom exercício dos futuros profissionais que os acadêmicos poderão se tornar, pois os assuntos foram bem compreendidos pelos discentes. As amostras e seus resultados foram experiências enriquecedoras para os estudantes, pois houve a correlação das análises com as consequências para a saúde, o que caracterizou a interdisciplinaridade trabalhada em laboratório. O senso pesquisador foi fomentado pelas técnicas de investigação aprimoradas no decorrer do semestre, com busca de artigos em plataformas como LILACS, BVS, Scielo e Periódicos CAPES, para a elaboração do referencial teórico dos relatórios. Dessa forma, ao término do semestre, os discentes estavam bem mais acostumados com a dinâmica investigativa da pesquisa científica do que no começo do semestre. Considerações finais: Portanto, é válido afirmar que o ensino da microbiologia em aulas práticas no curso de enfermagem contribui para a formação do senso pesquisador nos acadêmicos, através da execução de atividades próprias da área da pesquisa. Dessa maneira, já nos semestres iniciais do curso de enfermagem - que geralmente tem duração de 5 anos - os estudantes têm contato com o ambiente investigativo, observando fenômenos, elaborando hipóteses e testando a veracidade das mesmas. Sendo um dos eixos do tripé universitário, a pesquisa contribui para o desenvolvimento pleno do acadêmico, pois aprimora o senso crítico e o raciocínio para a resolução de problemas. No âmbito da enfermagem, ter conhecimento sobre as técnicas de coleta e semeadura de materiais de diversos sistemas do organismo, não se limitando somente ao corpo humano mas também adquirindo informações sobre seres vivos que influenciam na saúde de uma comunidade, é um fator importante para um bom exercício da profissão. Sendo assim, as aulas práticas de microbiologia ministradas no segundo semestre foram de grande importância para fomentar o interesse pela pesquisa científica, e em consonância com a área assistencial da enfermagem, em um viés interdisciplinar, propiciou uma formação de qualidade e abriu caminhos e perspectivas para futuros pesquisadores.