382: Os currículos de formação profissional: potencialidades, experiências e inovações | |
Debatedor: Magali Inês Pessini | |
Data: 30/10/2020 Local: Sala 04 - Rodas de Conversa Horário: 08:00 - 10:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
7981 | O EIXO “SAÚDE, SOCIEDADE, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS” NO CURRÍCULO MODULAR INTEGRADO DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVATES Eduarda Renata Ariotti, Andreas Rucks Varvaki Rados, Maurício Fernando Nunes Teixeira O EIXO “SAÚDE, SOCIEDADE, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS” NO CURRÍCULO MODULAR INTEGRADO DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVATESAutores: Eduarda Renata Ariotti, Andreas Rucks Varvaki Rados, Maurício Fernando Nunes Teixeira
Apresentação: O Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES é organizado em um currículo modular integrado constituído por quatro eixos norteadores, com forte inserção no ensino em serviço, sendo que a metodologia do curso é baseada nas metodologias ativas de ensino e de aprendizagem. O eixo intitulado Saúde, Sociedade, Cidadania e Direitos Humanos (SSCDH) é um destes eixos norteadores, transversais aos dez módulos do curso. Desta forma, um dos diferenciais do curso é presença de conteúdos e práticas de Saúde Coletiva do início ao fim da formação. O objetivo do presente trabalho é descrever o processo de ensino e aprendizagem no eixo de SSCDH do curso de Odontologia da Univates, na percepção de estudantes ao longo dos módulos. Desenvolvimento: As práticas de ensino e aprendizagem utilizadas nos módulos durante o curso, se pautam em leituras prévias, discussão e problematização de diversos assuntos, todos voltados a formação integral, reflexiva e humanística. Um dos princípios norteadores do curso é trabalhar saúde coletiva no currículo, estudando na teoria no eixo SSCDH inserindo os acadêmicos em vivências na rede de saúde desde o primeiro semestre. Para a prática do eixo de Educação Permanente (EP) como exemplo, temos o estudo da Produção Social do processo saúde-doença no SSCHD I e a inserção dos estudantes em práticas de promoção de saúde na EP I; estudo de Tecnologias de Informação e Comunicação em Saúde no SSCDH II e atividades de promoção de saúde bucal em uma escola de ensino fundamental na EP II; estudo de Relações Étnico-raciais Positivas na EP III e a participação dos estudantes em reuniões mensais de Conselhos de Saúde na EP III; estudo da Intersetorialidade no setor saúde no SSCDH IV e observação das práticas farmacêuticas na Farmácia-escola; estudo da Clínica Ampliada no SSCDH V e início do Estágio Curricular nas Unidades de saúde na EP V. Essa metodologia coloca os estudantes como os principais atores do seu aprendizado, superando os limites da formação e possibilitando se inserir como membros ativos do processo de ensino e aprendizagem, não meros expectadores da sua formação acadêmica. O aprendizado é construído coletivamente, com base em discussões e trocas de saberes/ideias fazendo com que o estudante saia das aulas sempre reflexivo sobre os assuntos abordados. Considerações finais: A influência do eixo SSCDH articulado ao eixo de EP na perspectiva dos estudantes demonstrou-se significativa, impactando diretamente no processo de ensino e aprendizagem. A percepção crítica e a sensibilização na percepção dos fatos reais do cotidiano da saúde bucal na área da saúde coletiva parte do pressuposto de uma educação horizontalizada, constituindo novos métodos de ensino. A articulação entre teoria e prática, a partir da problematização, proporciona ampliar o olhar no cuidado em saúde, possibilitando encontrar possibilidades de resolução dos impasses encontrados e implementação de novas formas de cuidado. |
8592 | CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO EXTRACURRICULAR A PARTIR DE VIVÊNCIAS NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM UM MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO SUL Verônica Garrido, Rosa Rosa Minho dos Santos, Thassiane Oliveira Bitencourt de Abreu, Camila Neumaier Alves Correio CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO EXTRACURRICULAR A PARTIR DE VIVÊNCIAS NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM UM MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO SULAutores: Verônica Garrido, Rosa Rosa Minho dos Santos, Thassiane Oliveira Bitencourt de Abreu, Camila Neumaier Alves Correio
Apresentação: O Programa Saúde na Escola (PSE) foi instituído em 2007 com a proposta de contribuir para o desenvolvimento de ações que colaborem na formação integral de estudantes da rede pública. Apoiado ao trabalho conjunto entre as escolas públicas e as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), esta política intersetorial desempenha uma importante função na atenção primária, uma vez que coopera para a detecção de alterações no estado de saúde dos estudantes e torna possível o encaminhamento para o atendimento e acompanhamento do usuário em uma unidade de saúde. Este trabalho, portanto, trata-se de um relato de experiência acerca das percepções e impressões de uma acadêmica de enfermagem durante um estágio extracurricular no PSE em um território de um município do Rio Grande do Sul desde Janeiro de 2019 até o presente momento. Desenvolvimento: Para este relato, foram consideradas as vivências de capacitações oferecidas para os graduandos; o planejamento e ações realizadas no território de uma gerência distrital, situada no município de Porto Alegre. Assim como, pretende-se relatar a experiência de atuação no processo de implantação do programa. Resultado: Pode-se perceber que o programa pretende alcançar benefícios através da promoção da saúde e do bem estar dos escolares, mediante do planejamento de ações intersetoriais. Ao realizar as atividades o acadêmico exerce o papel de facilitador na articulação e promoção do vínculo entre os setores de educação e de saúde. Considerações finais: A vivência de um estágio extracurricular voltado para comunidades vulneráveis possibilita ao acadêmico o desenvolvimento do pensamento crítico reflexivo acerca das diferenças sócio-econômicas presentes no território. Além disso, enriquece para a organização das ações que devem contemplar as especificidades de cada grupo de escolares. A partir da operacionalização do PSE foi possível compreender a potência da promoção de ações realizadas para além da ESF, e principalmente, o rompimento com a lógica da produção do cuidado institucionalizado em estabelecimento de saúde. É possível perceber a importância do vínculo extramuros entre ensino-comunidade-usuário. |
8775 | VIVÊNCIA NO ESTÁGIO DOCÊNCIA NA DISCIPLINA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO I NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE Tatiana Almeida Couto, Flavia Pedro dos Anjos Santos, Josiane Moreira Germano, Sérgio Donha Yarid VIVÊNCIA NO ESTÁGIO DOCÊNCIA NA DISCIPLINA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO I NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDEAutores: Tatiana Almeida Couto, Flavia Pedro dos Anjos Santos, Josiane Moreira Germano, Sérgio Donha Yarid
Apresentação: A formação no Curso de Graduação em Enfermagem busca proporcionar o desenvolvimento de competências e habilidades para a assistência individual e coletiva, embasado também na escuta e na humanização. Além disso, a educação em saúde se constitui em uma das temáticas que deve ser transversal no Curso de Graduação em Enfermagem, sobretudo nas disciplinas Estágio Curricular Supervisionado I (em cenário da Atenção Básica) e Estágio Curricular Supervisionado II (em ambiente hospitalar), pois, além do conhecimento técnico-científico adquirido nas demais disciplinas durante a graduação, nos estágios são discutidas também as características para educação e comunicação em saúde, considerando ser essa uma atribuição inerente do(a) enfermeiro(a). Nessa perspectiva, a formação em Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, oportuniza que os discentes do mestrado e doutorado realizem a supervisão de discentes de Curso de Graduação, sendo uma das atividades a serem desenvolvidas para a aquisição de conhecimentos teóricos e práticos referentes à didática e direcionamento de aulas, preferencialmente por meio de metodologias ativas. Dessa forma, o objetivo desse estudo é relatar a vivência do estágio docência na disciplina Estágio Curricular Supervisionado I com ênfase na educação em saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência de uma vivência no período de agosto a outubro de 2017 (carga horária total de 30 horas), de discente de doutorado, na supervisão de três grupos de graduandos (dois com quatro membros e outro com três membros) na temática de educação em saúde, em três Unidades de Saúde da Família (USF) no interior da Bahia. O estágio acontecia semanalmente, nos turnos matutino e vespertino, sendo que alguns períodos do turno vespertino foram destinados para o planejamento da atividade educativa entre a discente do doutorado e os graduandos no que se refere a local, data, duração da atividade, responsáveis, público-alvo, objetivos propostos, conteúdos a serem abordados, recursos didáticos e estratégia metodológica proposta, bem como a implementação e a avaliação de atividades educativas na USF e em equipamentos sociais, principalmente nas escolas. As temáticas discutidas foram selecionadas por meio da escuta da equipe de Saúde da Família, dos usuários e profissionais de saúde, considerando os contextos e demandas de saúde, o perfil epidemiológico da área de abrangência das USF, além de fomentar a articulação intersetorial e a participação social. Assim, os temas abordados foram: alimentação saudável; amamentação: as delícias e as dificuldades; contextualizando a microcefalia; hepatites virais; saúde da mulher e do homem (cânceres de útero, mamas e pênis) e saúde sexual e sofrimento mental. Impactos A supervisão de graduandos do Curso de Graduação em Enfermagem permitiu a agregação de conhecimentos técnico-científicos específicos da enfermagem e de didática, bem como o uso da escuta sensível para as orientações. Além disso, foi oportunizada a prática docente por meio da supervisão, acompanhamento e avaliação dos graduandos. Os encontros com os graduandos ocorreram tanto nos momentos de atividades práticas, como no planejamento de discussões, reflexões teóricas na Universidade e em domicílio por meio de e-mail e telefone, que possibilitou a aprendizagem significativa enquanto discente do doutorado. Por sua vez, para os graduandos essa aprendizagem foi possível pelo compartilhamento de referências clássicas e atualizadas, discussão em grupo e o planejamento e implementação de atividades educativas, considerando que além dos conhecimentos adquiridos nas aulas teóricas, os graduandos almejavam a compreensão de que a educação em saúde também poderia ser produzida por meio de ações menos instituídas e sistematizadas, pois era em ato que tais atividades iam se desenvolvendo, apesar de ser necessária a compreensão e a aprendizagem do planejamento prévio. Nessa direção, as supervisões ocorriam no sentido do estímulo para o respeito à autonomia dos participantes dessas atividades, para as adequações da fala à realidade vivenciada pelos usuários e da escuta sensível, buscando o afastamento das práticas educativas imperativas, fato que oportunizou a percepção dos graduandos, equipe de Saúde da Família, usuários e família sobre atividades educativas potentes na escuta, na autonomia e na corresponsabilização, além de perceberem as possibilidades de espaços para essas ações durante a realização das visitas domiciliares e das consultas. No intuito de estimular os graduandos a vivenciarem a dissociação da necessidade de recursos tecnológicos para a realização ou não de atividades educativas individuais ou coletivas, foram utilizados alguns recursos metodológicos para o desenvolvimento dessas atividades, entre os quais se destaca o uso de banners informativos, caixa contendo perguntas, cartazes, convites, demonstrações de técnicas, materiais impressos, materiais para simulações, peças de silicone, relatos de casos, rodas de conversa, vídeos e recursos audiovisuais. Ressalta-se que a relação entre pós-graduanda e graduanda proporcionou o aprender com o outro desde o encontro para o levantamento das temáticas a serem abordadas e o fazer com ludicidade, criatividade, embasamento dos principais referenciais teóricos e atualizados. Além disso, a formação para a docência e pesquisadora esteve presente desde a preparação dos encontros, realização de supervisão e avaliação, e o estímulo para a escrita de trabalho para eventos. Por sua vez, as docentes supervisoras do estágio docência realizaram as orientações necessárias para o planejamento da disciplina, por meio da dinâmica de interação com os graduandos, no acompanhamento das atividades e à disposição para os esclarecimentos de dúvidas e compartilhamentos de materiais, bem como para a avaliação da atuação acadêmica no estágio docência, o que contribuiu para a consolidação dos conhecimentos no processo ensino-aprendizagem e para a vivência de uma atuação proativa, dialógica e ética. Considerações finais: Na condição de discente de Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, nível doutorado, a vivência em estágio docência oportunizou a reflexão e implementação de atividades de orientações aos graduandos do Curso de Graduação em Enfermagem, com significativa contribuição para o aprimoramento da prática docente e o compartilhamento de conhecimentos com os graduandos, bem como os encontros com os usuários e equipes das USF que direcionaram as atividades a serem implementadas e assim, sendo válido o reconhecimento desses sujeitos também no processo de ensino-aprendizagem e na constituição enquanto indivíduo em formação na saúde. Destaca-se que enquanto supervisora o vínculo com os graduandos oportunizou reflexões e discussões para a atuação docente de forma crítica, contextualizada com o território e por meio de metodologias ativas. Além disso, as atividades supervisionadas em educação em saúde despertaram nos graduandos a relevância de escuta da equipe de Saúde da Família, usuários e família favorecendo a ressignificação do cuidado produzido tanto no âmbito individual quanto coletivo. |
8945 | UNIDADE CURRICULAR COMO PROPOSTA DE FORTALECIMENTO DO PROCESSO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE-GESTÃO EM JUIZ DE FORA (MG) Maria Helena Braga, Marcelo Silva Silverio, Glenda de Almeida Aquino, Guiomar Godinho Borcard, Glauciemar Del’Vechio Vieira, Juliana Marques Martins, Vitor Franco Machado, Alessandra Ésther de Mendonça UNIDADE CURRICULAR COMO PROPOSTA DE FORTALECIMENTO DO PROCESSO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE-GESTÃO EM JUIZ DE FORA (MG)Autores: Maria Helena Braga, Marcelo Silva Silverio, Glenda de Almeida Aquino, Guiomar Godinho Borcard, Glauciemar Del’Vechio Vieira, Juliana Marques Martins, Vitor Franco Machado, Alessandra Ésther de Mendonça
Apresentação: A partir da década de 1990, a educação na área da saúde passou por importantes modificações considerando a edição da Lei Orgânica da Saúde 8080/90 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Com a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), a sistematização dos Projetos Pedagógicos (PP) dos cursos da área da saúde incluiu novas metodologias de ensino e avaliação, de educação permanente e de formação docente, que contribuíram para a mudança do paradigma na construção do conhecimento. A reorganização curricular do curso de farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) teve início ainda na década de 1980 apoiada na efervescência dos movimentos sociais e acompanhou a evolução dos seminários de currículos realizados sob a égide da Executiva Nacional de Estudantes de Farmácia (ENEFAR) e da Federação Nacional dos Farmacêuticos (FENAFAR) entre 1987-1995, inserindo paulatinamente importantes alterações: ênfase na Assistência Farmacêutica (AF) e nas Ciências Sociais, fortalecimento dos estágios, criação da farmácia universitária e de espaços verdes para atividades de pesquisa e extensão. O presente estudo teve como objetivo descrever a organização da disciplina Atividade Orientada III (AOIII): inserção do farmacêutico no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir das Diretrizes Curriculares para o Curso de Farmácia editada em 2002. A disciplina foi inovadora, constituindo o eixo assistência farmacêutica representado pelas atividades orientadas (AOI à AOVIII). Este eixo foi idealizado na perspectiva de inserção do aluno precocemente no SUS, contribuindo para a melhoria das práticas de gestão de medicamentos, dentro do que preconiza a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. A primeira dificuldade surgida para inserção dos alunos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) foi a ausência ou incipiência da organização dos serviços farmacêuticos em Juiz de Fora (MG), a exemplo da maioria dos municípios brasileiros à época. Tal fato inviabilizou o desenvolvimento da disciplina nos moldes aprovados. Assim, no período de 2004 a 2017, a AOIII, principalmente, vinculou-se às atividades nas UBS tendo como foco o projeto de extensão “AF: relação ensino serviço”, desenvolvido em parceria entre a Faculdade de Farmácia (FF/UFJF) e a Prefeitura Municipal. Foram constituídos grupos tutoriais com a participação de 6 a 10 alunos por período, contemplando 200 alunos. A partir de 2017, com a estruturação da AF no município, a disciplina passa a ser desenvolvida como preconizada em 2004 e, aproximando-se dos requisitos atuais das DCN para os cursos de Farmácia, Resolução CNE/CES nº 6/2017, tendo como cenário de prática a UBS. Desenvolvimento:. Buscando concretizar a proposta anterior, houve a construção coletiva da unidade curricular (UC) pelos atores envolvidos. Esses, motivados pelas conquistas em AF no município, realizaram reuniões, oficinas e grupos focais contemplando os principais atores: gestão do SUS local, docentes da FF/UFJF, farmacêuticos (as) lotados (as) nas UBS e discentes. O objetivo geral da UC, definido a partir de 2019, foi articular os saberes adquiridos em AF e seu papel na Rede de Atenção à Saúde a fim de mobilizar competências e desenvolver habilidades voltadas para a Gestão do Cuidado Farmacêutico e de Serviços e Programas de Saúde, construindo projetos de intervenção, visando o uso racional de medicamentos a partir de um diagnóstico situacional para priorização de um problema identificado no território e/ou na comunidade. Dentre os principais objetivos específicos estavam: desenvolver competências, habilidades e atitudes no desenvolvimento do processo de cuidado em saúde e da gestão da AF, respondendo aos desafios do cenário de prática; preparar o discente para realizar o diagnóstico situacional do território ou UBS; planejar, desenvolver, executar e avaliar o projeto de intervenção definido. A partir das discussões entre os atores foi proposta a UC com base em quatro eixos: I-Conhecimento da realidade da população atendida, II-Conhecimento sobre o SUS, III-Articulação de conteúdos de diferentes disciplinas e IV-Relação farmacêutico-equipe-paciente. Os eixos propostos objetivaram proporcionar ao discente a articulação do conhecimento teórico à realidade a fim de obter e/ou fomentar desfechos, tais como: mudanças no contexto em que está inserido pelo estímulo ao pensamento crítico sobre as políticas de saúde vigentes. Para a organização e operacionalização da UC, os discentes receberam treinamento inicial sobre as normativas municipais para a prescrição e dispensação de medicamentos e sobre o funcionamento do SUS local. Dividiram-se em grupos de quatro a oito integrantes por UBS, dependendo da capacidade de oferta do estabelecimento, cumprindo três horas semanais de atividades práticas. As estratégias utilizadas para a integração do discente nas ações de saúde individual e coletiva variaram conforme a realidade de cada UBS e do processo de trabalho do farmacêutico, incluindo: visitas domiciliares; acompanhamento da dispensação de medicamentos e de atividades clínicas e educativas realizadas na UBS, participação em grupos operativos, em reuniões de equipe e em campanhas diversas. A supervisão docente direta, como estratégia de avaliação, foi viabilizada por atividades integradoras para a reflexão sobre a vivência, a sistematização de um diagnóstico situacional e a elaboração dos projetos de intervenção, com anuência do farmacêutico responsável pela farmácia da UBS. Tais atividades envolveram oficinas de planejamento, reuniões de avaliação e monitoramento das atividades e fóruns virtuais. Resultado: cada discente e/ou grupo de discentes foram acompanhados pelos farmacêuticos, in loco, nas atividades de dispensação e outras inerentes ao serviço farmacêutico na Atenção Básica e periodicamente reuniram-se com os docentes nas atividades integradoras para a articulação entre a teoria e a prática, tendo o acadêmico como protagonista no processo de ensino-aprendizagem para refletir sobre a prática profissional. A sistematização das atividades, para fins didáticos, estabeleceu um cronograma para a entrega de produtos parciais no desenvolvimento dos projetos de intervenção, utilizando o recurso da plataforma virtual de aprendizagem disponibilizada pela instituição de ensino. Após cada etapa estabelecida, ocorria uma devolutiva aos grupos sobre os produtos postados. Os projetos de intervenção tal como executados na prática, foram postados na plataforma juntamente com um parecer do farmacêutico sobre as ações desenvolvidas. Foi solicitado a cada farmacêutico que avaliasse a viabilidade do projeto, bem como se este propunha ações pontuais ou que pudessem ter continuidade na UBS. Ao final de cada semestre foi definida a entrega do relatório dos projetos executados, segundo modelo pré-estabelecido e uma reunião final de avaliação com os discentes, farmacêuticos e gestores, separadamente, por segmento. A UC fortaleceu a articulação entre a UFJF e a rede de atenção municipal, a elaboração de trabalhos de conclusão de curso, a integração com as residências multi e uniprofissionais e a inserção precoce dos discentes no sistema de saúde. Indiretamente, fomentou a participação das farmácias das UBS nas políticas ativadoras dos programas do Ministério da Saúde, tais como o Programa de Educação para o Trabalho (PET-SAÚDE) e nos projetos de extensão. A reorientação da UC vem sendo realizada a cada semestre com a avaliação dos desafios e limitações a serem sanados. Considerações finais: durante a trajetória relatada, percebe-se que a unidade curricular se encontra em construção, buscando incrementar a articulação ensino-serviço-gestão-comunidade e fortalecer o trabalho interprofissional, bem como a prática colaborativa. Além disso, sensibilizar os gestores das instituições de ensino e dos serviços para a corresponsabilidade na necessidade de investimentos na formação de recursos humanos para o SUS na perspectiva da integralidade do cuidado, cumprindo assim, os princípios constitucionais estabelecidos. |
9648 | CURRÍCULO INTEGRADO E ARTICULADO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: PERFIL E PERSPECTIVAS DE FORMANDOS EM ODONTOLOGIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA Fernando Valentim Bitencourt, Thaís Ostroski Olsson, Juliana Maciel de Souza Lamers, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi CURRÍCULO INTEGRADO E ARTICULADO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: PERFIL E PERSPECTIVAS DE FORMANDOS EM ODONTOLOGIA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICAAutores: Fernando Valentim Bitencourt, Thaís Ostroski Olsson, Juliana Maciel de Souza Lamers, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi
Apresentação: Orientada pela implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Odontologia, a partir de 2005, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reestruturou o currículo do curso de graduação em Odontologia, prevendo um ensino baseado em competências, integrado às demandas sociais e articulado ao Sistema de Único de Saúde (SUS). Neste sentido, objetivo do presente estudo foi analisar o perfil do estudante concluinte do curso de graduação em Odontologia da UFRGS, identificando o perfil sociodemográfico destes estudantes, a percepção sobre o curso realizado e perspectivas de atuação profissional e educação permanente após o término da graduação. Trata-se de um estudo observacional transversal realizado com 677 estudantes do último semestre de Odontologia, de 2010 a 2019, os quais preencheram um questionário pré-testado (taxa de resposta de 85,1%). Os estudantes concluintes são, em sua maioria, jovens (72,9% com idade entre 21 e 25 anos), mulheres (67,7%), solteiros (96,2%), sem filhos (96,2%), do Estado do Rio Grande do Sul (92,3%) e com renda familiar entre 6 e 10 salários (36,9%) ou entre 2 e 5 salários mínimos (20,8%). Foram estudantes que não passaram no primeiro vestibular (56,1%) e Odontologia foi seu primeiro curso de graduação (80,2%). Ingressaram no curso através do vestibular (81,0%), tendo idade entre 17 a 22 anos (89,5%). Consideram o tempo de duração do curso de graduação adequado (73,0%), e durante esse período a maioria realizou atividades de monitoria, iniciação científica e extensão (97,8%). Seus pais trabalham (pais: 61,3% e mães: 56,4%) e possuem ensino superior completo (pais: 47,6% e mães: 54,8%). Não possuem cirurgião-dentista na família (68,1%). Os estudantes mostraram-se satisfeitos com a escolha profissional (95,1%) e os principais motivos da opção pela Odontologia foram a realização pessoal/profissional, segurança e tranquilidade no futuro/posição social, conforto financeiro e influência de cirurgião-dentista parente ou amigo. O curso foi avaliado como bom ou ótimo (94,5%) e aspectos como a vivência dos estágios no SUS e o atendimento humanizado e integral do paciente foram citados como aprendizagens significativas da graduação. Os estudantes não trancaram a faculdade (88,2%) e não reprovaram (81,2%). Consideram que a principal finalidade da Odontologia é a prevenção, manutenção da saúde bucal e o tratamento. Os estudantes pretendem trabalhar de forma articulada no setor público e privado (43,7%) e 61,4% afirmaram que se dedicariam 40 horas para trabalhar junto a uma Estratégia de Saúde da Família (ESF). Destaca-se que 91,6% dos estudantes pretende continuar se atualizando após a graduação e 63,6% pretende fazê-lo até um ano após formado, sendo que mais da metade pretende fazer especialização (53,2%), especialmente nas áreas de Prótese/Implantodontia, Cirurgia e Saúde Coletiva. Os resultados desta pesquisa de acompanhamento contribuem para a compreensão de como a formação está sendo desenvolvida, considerando o currículo integrado e articulado ao SUS e o projeto pedagógico do curso, de acordo com os objetivos propostos para a formação acadêmico-profissional nas Diretrizes Curriculares Nacionais. |
9802 | ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE PORTO ALEGRE (RS) EM MEIO A UMA CRISE NO INSTITUTO MUNICIPAL DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Gabriele Araújo, Luciane Pilotto ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE PORTO ALEGRE (RS) EM MEIO A UMA CRISE NO INSTITUTO MUNICIPAL DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIAAutores: Gabriele Araújo, Luciane Pilotto
Apresentação: Como parte do currículo obrigatório do curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é proposto aos estudantes do último ano que realizem estágio curricular supervisionado em serviços de atenção primária à saúde (APS) do município de Porto Alegre e região metropolitana. Em 2019, como resultado de uma longa batalha judicial, a lei que criou o Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (IMESF), órgão que opera a Estratégia de Saúde da Família (ESF) em Porto Alegre, foi definida como inconstitucional, gerando entre outros transtornos, a ameaça de demissão dos profissionais de saúde que recebem a maioria dos estudantes no estágio curricular em seus locais de trabalho. Os objetivos do estágio são proporcionar ao estudante o conhecimento, o estabelecimento de vínculos e a análise crítica dos processos de trabalho em Saúde Coletiva, inter e transdisciplinarmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como instigá-lo ao desenvolvimento de ações em nível de diagnóstico, planejamento, execução e avaliação dos serviços. Destacam-se como objetivos específicos o conhecimento das políticas de descentralização e cidadania que propiciam novas práticas de saúde no Brasil; compreensão da estrutura, funcionamento e a organização do trabalho na APS e participar dos processos de trabalho no SUS, considerando os princípios da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), no que diz respeito ao acolhimento, ao vínculo, à integralidade, à descentralização e à participação da comunidade na organização da atenção básica, incluindo a ESF e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Além de, no âmbito da saúde bucal planejar e desenvolver ações de promoção e prevenção de saúde necessárias à manutenção e restabelecimento da saúde bucal da população de referência, considerando a disponibilidade dos espaços físicos, a atuação conjunta com os diversos profissionais que compõem a equipe nas Unidades de Saúde e áreas adscritas e desenvolver atividades de diagnóstico, planejamento e intervenção clínica adequadas a cada plano terapêutico. O IMESF, foi criado em 2011 é responsável pela implantação e qualificação das Equipes de Saúde da Família, a fim de ampliar o acesso da população aos serviços e prestar atendimento à população de forma humanizada, integral e contínua, de acordo com o preconizado pela APS. E tem como finalidade operar a rede integrada e articulada da Estratégia da Saúde da Família em Porto Alegre, sob a forma de promoção, prevenção e proteção da saúde coletiva e individual, além de desenvolver atividades de ensino e pesquisa que favoreçam o aperfeiçoamento da ESF, melhorando a qualidade assistencial oferecida aos munícipes. Em Setembro de 2019, após uma longa disputa judicial que se estendia desde sua criação, por se tratar de uma fundação pública de direito privado, a lei que criou o IMESF foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal de Justiça (STF), e como consequência da decisão do STF, ficariam anuladas todas as suas relações jurídicas, inclusive as contratações dos profissionais. O objetivo deste trabalho é relatar as vivências dos estudantes de odontologia durante a realização do estágio curricular realizado no período de agosto a dezembro de 2019 em meio à crise do IMESF. Os trabalhadores receberam em seus e-mails institucionais uma carta informando sobre a decisão do STF, um agradecimento geral pelos serviços prestados e a informação de que a documentação referente às demissões em breve começaria a ser recebida. A notícia foi recebida com muita consternação por parte dos funcionários, que esperavam mais sensibilidade da parte contratante ao tratar da demissão de mais de 1.840 pessoas, bem como que houvessem mais esforços na tentativa de reverter a decisão do Supremo até se esgotarem as possibilidades. Após o anúncio referente ao fim do IMESF e a ameaça das demissões, foram realizadas assembleias entre os trabalhadores, manifestações públicas e recorreram aos sindicatos em busca da chance de pleitearem uma solução junto a prefeitura, que não fosse o plano emergencial divulgado pela mesma, que considerava a entrega da saúde pública a alguma Organização Social (OS). Os trabalhadores, desolados, foram atingidos de diversas maneiras durante esse processo, de início, grande parte da população não entendia a situação e descontava o medo de que as UBS fechassem nos trabalhadores. Os estagiários e a Universidade se sensibilizaram com o momento enfrentado pelos profissionais e se colocaram em defesa do SUS, do cumprimento das diretrizes da ESF e dos trabalhadores do IMESF, através de uma carta aberta os acadêmicos manifestaram seu apoio e puderam se unir a suas equipes nas diversas manifestações que ocorreram no período. Também foi bastante marcante a participação dos demais trabalhadores da saúde pública do município e de parte dos mais de 500.000 pacientes atendidos pelo IMESF. O funcionamento das atividades em cada UBS ocorreu de acordo com a situação das equipes e suas organizações internas, em algumas interrompeu-se a marcação de consultas futuras, devido a incerteza da possibilidade de cumprimento das agendas, em outras os serviços eram oferecidos apenas por demanda espontânea, com cancelamento das agendas imediatamente a partir do anúncio da extinção do Instituto. Houve também grande queda na busca de atendimento, pois a população receava chegar a unidade de saúde e encontrá-la fechada, devido a um grande terrorismo midiático. Os eventos causaram grande impacto sobre as comunidades e principalmente sobre os trabalhadores, que sentiam-se desvalorizados, pressionados e assustados com as incertezas do futuro. Em um breve levantamento em uma unidade de saúde, através de questionário anônimo com a equipe, mais de 65% da equipe relatou estar enfrentando crises de ansiedade, crises de estresse, crises de choro e insônia. Além disso, 89% da equipe relatou desânimo frente às atividades do cotidiano. Os estagiários das unidades do IMESF buscaram auxiliar as equipes, assumindo as responsabilidades que eram capazes, tanto em atendimentos clínicos e processos organizacionais como em informar os usuários sobre este complicado momento, que ainda segue em aberto para os trabalhadores que aguardam uma posição definitiva após alguns desdobramentos do caso, onde por hora ficam proibidas as demissões. Muitos destes campos de estágio ficam em uma regiões mais vulnerabilizadas na periferia da cidade e contam com equipes de saúde da família na modalidade simples composta por enfermeiro, médico, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde e equipes de saúde bucal composta por cirurgião-dentista e auxiliar de saúde bucal. As vivências nas Unidades de Saúde foram bastante rica, apesar das condições enfrentadas no período tivemos a oportunidade de cumprir a maioria dos objetivos propostos no estágio curricular, além de, em muitos locais, participar regularmente das reuniões de equipe, acompanhando de perto tanto as discussões acerca do cenário da população usuária, como dos protocolos e procedimentos recomendados pelas gerências distritais. As experiências durante o estágio curricular reforçaram a importância do trabalho em equipe, do enfrentamento de desafios e da busca pela melhoria da saúde da população de acordo com os princípios da APS. Ainda, os estagiários desenvolveram a autonomia na prática clínica, já que dentro da Universidade isto dificilmente acontece. Além do exercício de empatia para entendimento e apoio aos profissionais durante este difícil momento de extinção do IMESF que ainda está gerando muito desconforto e angústia aos profissionais que não sabem como será seu futuro profissional nem o futuro da APS no município de Porto Alegre. |
10794 | DA EMERGÊNCIA CURRICULAR DO COMPONENTE DE PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SUS NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA Alcione de Almeida Silva, Paulo Rogers da Silva Ferreira, Nívea Maria Silveira de Almeida, Daniel Bastos Alves Lima, Luiz Henrique Pitanga Evangelista dos Santos DA EMERGÊNCIA CURRICULAR DO COMPONENTE DE PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO SUS NA GRADUAÇÃO EM MEDICINAAutores: Alcione de Almeida Silva, Paulo Rogers da Silva Ferreira, Nívea Maria Silveira de Almeida, Daniel Bastos Alves Lima, Luiz Henrique Pitanga Evangelista dos Santos
Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu a partir de demandas populares dos movimentos sociais, em que se busca a saúde como direito do cidadão e dever do Estado. O SUS tem em seus princípios e diretrizes a busca de um acesso universal, integral e com maior equidade dos serviços de saúde por toda a população brasileira. Para isso, a participação e o controle social no SUS se tornam elementos cruciais para construção de um sistema público democrático, permitindo que a sociedade também exerça controle sobre as condições e processos que determinam o direito à saúde, assim como participe da construção deste direito. Em vista disso, o presente trabalho busca refletir sobre a emergência do componente Participação e Controle Social no SUS, presente na matriz curricular da graduação em medicina do Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia (IMS-CAT-UFBA), correlacionando-a com a realidade da formação e da prática médica, para que indivíduos em formação e futuros atuantes em medicina possam colaborar na construção de uma participação e um controle social no SUS mais eficazes. As discussões e vivências referentes à participação e controle social no SUS se deram por meio do componente curricular GEAC- Participação e controle social no SUS, na turma de segundo período de medicina da Universidade Federal da Bahia, campus Anísio Teixeira, no semestre de 2019.2, tendo como professores duas enfermeiras e um antropólogo. Os encontros ocorriam duas vezes por semana, de maneira que um encontro era com aula teórica e outro, com uma aula prática. Durante os encontros, foi possível aprofundar noções de como ocorrem a participação e o controle social no Sistema único de Saúde e a sua importância na construção de um sistema democrático, participativo e igualitário. Embasados em bibliografias indicadas anteriormente pelos professores, nas aulas teóricas ocorreram discussões sobre o surgimento e formação do SUS, atribuições e diretrizes deste Sistema, importância de conselhos e conferências somados as suas composições, funções e emergência. Já nas aulas práticas, com utilização de recursos audiovisuais como a do filme “As sufragistas”, foi possível perceber como movimentos sociais gerados por instigações coletivas podem transformar um sistema, reforçando a participação social como forma de fortalecimento. No mais, com a construção de uma espiral construtivista sobre conselhos de saúde, foi possível discutir o funcionamento atual dos conselhos de saúde, seus deveres e atribuições em diferentes esferas do governo e seu nível de intervenção dentro dos planos de saúde. Um outro método utilizado e que ajudou a entender a emergência desta disciplina no curso de medicina, foi uma capacitação nos Conselhos locais de saúde de Vitória da Conquista, feita com os seus integrantes, na medida de estimulá-los e buscar uma otimização da Participação e o Controle Social nos bairros e Unidades de Saúde da Família nas quais fazemos aulas práticas durante os semestres letivos. Nesse contexto, os participantes apontavam os problemas dentro da comunidade que necessitavam de intervenção mais urgente e, dessa forma, evidenciavam a importância da participação e atuação destes conselheiros na elaboração de planos de ação e estratégias de saúde. Por fim, como última atividade do componente, os discentes foram convidados a criar uma intervenção sobre as conferências de saúde. A atividade escolhida foi um bate papo com os estudantes de graduação na área de saúde, dentro da própria Universidade, onde os discentes selecionados eram convidados a responder um questionário sobre conferências de saúde e no final, havia uma conversa sobre o questionário, o funcionamento das conferências e suas atribuições. As discussões e vivências na disciplina Participação e Controle Social no SUS permitiram uma melhor compreensão sobre o funcionamento dessa vertente dentro dos princípios do Sistema Único de Saúde, isto é, como ela deve funcionar, qual o grau de interferência e a hierarquia dos conselhos e das conferências de saúde dentro da execução das suas atividades e como interferem no regulamento e controle para a saúde nas diferentes esferas de Governo. Com esta metodologia, os discentes puderam perceber a construção de um sistema que conte com a atuação da comunidade, como ela pode intervir e porque ela deve intervir, enfatizando seu papel dentro do SUS e como esse papel é um meio de fortalecimento do Sistema. Por fim, foi possível entender os objetivos das Conferências e Conselhos de saúde. Enquanto os conselhos buscam levantar as demandas da população, revisar e formular regras e fiscalizam as decisões tomadas em relação aos planos de saúde, as conferências têm o papel de avaliar a situação de saúde, estabelecer quais demandas a serem priorizadas e quais as melhores formas de superá-las, para que a partir daí se possa estabelecer diretrizes a serem seguidas e caminhos a serem traçados para democratização e efetivação dos princípios que conferem legitimidade ao Sistema Único de Saúde. Ambos são espaços de encontro e reflexões que possibilitam a construção de consensos para contribuição no campo da saúde e construções conceituais que sustentam esse espaço. Os discentes também foram capazes de entender que a participação, quando efetiva e com representatividade, se torna uma importante ferramenta para democratização da saúde e fortalecimento do SUS, com mérito na formulação de políticas de saúde efetivas em que possam atender as reais demandas da população. A partir desta componente podemos entender que a construção do direito a saúde depende tanto da participação da comunidade como dos profissionais da área, os primeiros levantando seus verdadeiros problemas e o segundo traçando metas para superá-los, ambos colaborando para um retorno efetivo e uma saúde democrática. A emergência da disciplina Participação e Controle Social no SUS na graduação em medicina enfatiza o caráter democrático do SUS e reafirma um modelo assistencial construído pelo povo e para o povo através da participação e representação tanto da comunidade quanto dos profissionais da área, reafirmando a saúde como dever do Estado e oriunda de uma construção social desde suas origens, culminando na formação de profissionais cientes da importância da fala da comunidade, da escuta e do entendimento das necessidades locais da população. Contribuindo para que os futuros médicos entendam como funciona esse princípio do SUS e qual sua importância, resultando em profissionais ativos e colaborativos na construção e efetivação deste modelo democrático da saúde. |
10811 | ENSINO SUPERIOR E SUS: INTERFACE ENTRE O CURRÍCULO DA GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA UFPA E OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Gilda Leticia Oliveira Andrade, Janaína Rabelo Monteiro Da Silva, Mauricio Amaral De Souza ENSINO SUPERIOR E SUS: INTERFACE ENTRE O CURRÍCULO DA GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA UFPA E OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDEAutores: Gilda Leticia Oliveira Andrade, Janaína Rabelo Monteiro Da Silva, Mauricio Amaral De Souza
Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) é um complexo sistema que abrange o atendimento desde atenção básica até níveis complexos de assistência em saúde. Os seus princípios fundamentais são a universalização, equidade e integralidade do serviço. Essa última, refere-se ao atendimento do usuário como um todo, oferecendo a promoção de saúde e prevenção de doenças, além do tratamento e reabilitação. Além de oferecer serviços de forma articulada e intersetorial. Nesse sentido, percebe-se que é demandada do psicólogo uma formação não restrita ao modelo clínico-individualizante no qual a profissão foi historicamente construída, mas condizente com o cenário da rede do SUS. No entanto para que a atuação profissional do (a) psicólogo (a) ocorra de forma efetiva, a formação acadêmica dos estudantes de psicologia deve compreender as estruturas fundamentais do SUS, haja vista que trata-se de um sistema que, além de essencial para a sociedade brasileira, é um agente de ensino e aprendizagem e mecanismo de produção de conhecimento científico. Ademais, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), em 2006, designou o referido ano para que no seu decorrer ocorressem discussões acerca das contribuições que a psicologia pode oferecer à saúde pública, na tentativa de ampliar e fortalecer a presença do psicólogo nas mais distintas áreas da saúde. É necessário, para tanto, discutir a formação dos futuros psicólogos e psicólogas nos mais diversos campos da saúde, principalmente no que se refere ao SUS a fim de que sua prática possa ser condizente com os princípios éticos da profissão. Dessa forma, este trabalho objetiva analisar o currículo do curso de psicologia da Universidade Federal do Pará a fim de verificar suas interfaces com os princípios e diretrizes fundamentais do SUS. Desenvolvimento: O trabalho foi elaborado a partir de uma revisão bibliográfica comparativa entre o projeto político pedagógico do curso de psicologia da UFPA (2011) e os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. Nesse sentido, comparou-se a grade curricular e as ementas das disciplinas com as diretrizes e princípios norteadores do SUS. A coleta de dados consistiu na busca de termos e de expressões do documento de matriz curricular do curso em questão correlatas aos princípios norteadores do SUS - universalidade, integralidade e equidade. Resultado: Assim como previsto pelas diretrizes nacionais, o curso de psicologia é dividido em dois núcleos de formação. Sendo a primeira o núcleo de formação básica composta por 3.910 horas e inclui 48 disciplinas obrigatórias, estágios e atividades complementares. Enquanto que o segundo núcleo é a ênfase das disciplinas avançadas na qual, dentro do curso de psicologia da UFPA, são cinco: clínica, saúde, educação, pesquisa e gestão. Para analisar a interface com as diretrizes do SUS, agrupou-se as disciplinas da formação básica de três eixos que mais dialogam com as políticas de saúde. Os eixos de psicologia da saúde, fundamentos teóricos e avaliação clínica e psicologia social. Inicialmente, na formação do curso, são propostas as interfaces com a biologia sendo estas as disciplinas de genética, de neuroanatomia e de neurofisiologia. As disciplinas citadas são voltadas para aspectos biológicos da ocorrência e tratamento de transtornos e déficits cognitivos. Com isso, é visto uma dicotomia no aprendizado e ensino, de um ponto de vista, tem-se a importância de tais disciplinas para no auxilio do diagnostico e da interprofissionalidade que o SUS propõe, em contrapartida, é constante que haja problemáticas no ensino ao se voltar os enfoques de atuação profissional apenas para o tratamento biológico de sintomas, sem levar em consideração os diversos atravessamentos que podem estar influenciando na saúde do individuo. Percebe-se que dentro das ementas, principalmente, das disciplinas de psicologia social há a preocupação com o trabalho inter e multidisciplinar do psicólogo em reconhecer demandas de outras áreas da saúde, principalmente, psiquiatria, fonoaudiologia e psicopedagogia. Há também, o fomento de habilidades e competências para analisar criticamente relações de trabalho e políticas públicas. Além disso, debate-se o conhecimento de processos sociais e subjetivos que condicionam a saúde individual e coletiva. Dentro da área de saúde e clínica há a preocupação de desenvolver técnicas de escuta e habilidades clínicas, além de aplicar a fundamentação teórica clínica e de avaliação a contextos aplicados, possibilitando com isso, a adequada prática de saúde ampliada, em diversos casos, em conjunto com demais profissionais necessários. Também, pode-se ver relação com SUS no ensino à praticas grupais e comunitárias, sendo essa, em sua maioria, base do trabalho do psicólogo na atenção primária. Contudo, dentre as habilidades previstas, somente uma cita diretamente a interface com o SUS (Compreender os pressupostos e finalidades da política de saúde do trabalhador e de vigilância em saúde do SUS), não sendo exposto em nenhuma outra a necessidade de conhecer os três níveis de atuação do sistema ou seu esquema básico de funcionamento. Considerações finais: A partir da análise comparativa entre os documentos supracitados, percebeu-se que embora a profissão seja essencial na esfera da saúde pública, a grade curricular do curso de graduação em psicologia da UFPA possui déficits no que se refere a uma formação teórico-prática adequada aos discentes matriculados para atuação no serviço público de saúde. O SUS, enquanto sistema universal de saúde, demanda por profissionais que, além de uma formação humanizada, atuem também compreendendo a sua importância na sociedade brasileira e suas redes de atendimento para que o serviço seja eficiente aos usuários. Ademais, faz-se necessário apreender os princípios e as diretrizes do SUS na formação acadêmica em uma instituição pública, principalmente, para traçar caminhos de resistência, afirmação e defesa de um singular sistema que possibilita a melhoria na saúde de milhares brasileiros. Portanto, há uma direta interferência da, ainda pouca, implementação da profissão no âmbito da saúde pública e do vínculo ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas na estrutura curricular do curso de psicologia da UFPA. A relação entre algumas disciplinas e as diretrizes básicas do SUS existe e envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais, no entanto, é necessário que se dê maior relevância ao tema para expansão da teoria e, para além disso, da prática, permitindo a vivência do estudante no processo inserção na área da saúde. |
9449 | EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA: UMA VISÃO DE SUA TRAJETÓRIA Gabriela da Silva Gonçalves, Maria Helena Braga EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA: UMA VISÃO DE SUA TRAJETÓRIAAutores: Gabriela da Silva Gonçalves, Maria Helena Braga
Apresentação: As mudanças na dinâmica do ensino superior que se deram pela publicação da LDB desempenharam um papel fundamental na educação universitária como um todo, e por extensão no ensino em Farmácia. Em resposta à necessidade de adequação da educação farmacêutica às demandas do novo sistema de saúde a educação farmacêutica promoveu a sua reformulação para o modelo proposto pela LDB. Assim, em 2002, depois de um longo período sob regência dos Currículos Mínimos, são lançadas as primeiras Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Farmácia com o objetivo de reorientar a formação do farmacêutico para os serviços de saúde. Desenvolvimento: O presente trabalho acompanhou o processo de transição do Currículo Mínimo de Farmácia para o modelo das DCN de 2002. Esse estudo caracteriza-se por uma pesquisa documental exploratória. Para fundamentação do trabalho foram levantados documentos oficiais, relatórios de seminários e encontros farmacêuticos, edição formal dos currículos mínimos em documentos do Ministério da Educação, dissertações e teses de mestrado e doutorado além de literatura cinza. O foco no período de 1987 a 1995 foi apoiado nos registros dos debates acerca da educação farmacêutica e que resultou numa proposta de reformulação do modelo de formação em Farmácia. O trabalho apresenta ainda a síntese das discussões entre diversos autores acerca da proposta de ensino representada pelas DCN de 2002 e os desafios legados para a educação a serem superados. Resultado: Observamos o impacto gerado pela publicação das diretrizes bem como a avaliação dos resultados através da fala de diversos estudiosos do tema, apontando as dificuldades e sugerindo modos de superar os pontos mais críticos. Dentre os desafios a serem superados temos: O modelo tradicional de ensino descolado da realidade de prática profissional; formação apoiada em um enfoque “predominantemente biologicista, curativo, médico-centrado e desarticulado das práticas em saúde”; A transmissão de conhecimento acumulado; modelo de ensino que ainda prioriza a superespecialização e sofisticação em detrimento de táticas de ensino alicerçadas em metodologias ativas. Como estratégias para superação desses desafios os autores os autores observam e reforçam: a utilização de metodologias de ensino-aprendizagem inovadoras; a aplicação de métodos de avaliação que valorizem outras capacidades além da cognitiva; a elaboração de projetos pedagógicos adequados; a qualificação do docente para a didática adequada; educação permanente. Considerações finais: Apesar dos avanços trazidos pelas DCN, não só para a educação farmacêutica, muito ainda há que se aprofundar para a melhoria da formação dos profissionais em saúde na perspectiva da formação alinha às diretrizes do SUS. |
9638 | A VOZ DO MOVIMENTO ESTUDANTIL EM DEFESA DO SUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE FORMAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E HUMANA Catherine Marques Barros, Roberta de Araújo Silva, Karen Helen Martins Canazart, Samuel Lopes dos Santos, Vanessa de Souza Amaral A VOZ DO MOVIMENTO ESTUDANTIL EM DEFESA DO SUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE FORMAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E HUMANAAutores: Catherine Marques Barros, Roberta de Araújo Silva, Karen Helen Martins Canazart, Samuel Lopes dos Santos, Vanessa de Souza Amaral
Apresentação: Historicamente, o movimento estudantil tem se colocado como fundamental na formação de profissionais da área da saúde, pois une o ensino às demandas sociais e de saúde promovendo organização dos estudantes enquanto força coletiva capaz de lutar por voz dentro da universidade. A partir disso, nota-se que o movimento estudantil possui relevância significativa, especialmente quando este converge com a luta do povo, sendo que o encontro entre pessoas que possuem experiências de vida distintas - dentro e fora das instituições de ensino - promove momentos de alteridade, nos quais o encontro com o outro desperta. Promover espaço para discussões e mudança, possui a importância de introduzir a discussão política no ambiente de formação acadêmica e provoca a defesa de um sistema de saúde universal, equânime e integral para futuros profissionais. O estudo é um relato de experiência sobre a mobilização e organização de estudantes de enfermagem da Universidade Federal de Viçosa para participar do 15º Congresso Brasileiro dos Estudantes de Enfermagem, em Feira de Santana (BA). Desenvolvimento: O 15º Congresso Brasileiro dos Estudantes de Enfermagem, ocorreu durante os dias 06 a 10 de novembro de 2019, na cidade de Feira de Santana (BA), cujo o tema foi “O Empoderamento Sociocientífíco da Enfermagem: O Futuro da Educação Frente aos Retrocessos do Atual Cenário Político”. O evento é organizado por estudantes de enfermagem, como parte do cronograma anual da Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem, sendo esse seu órgão máximo de representação. Diante da importância do evento para a categoria profissional, o Centro Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa fomentou uma construção coletiva entre diversos segmentos, afim de organizar e financiar os custeios para a participação e o deslocamento, pois com financiamento próprio seria inviável participar presencialmente. Um diálogo e articulação com outros diretórios de enfermagem fortaleceu as ações propostas no sentido de organização da equipe, fazendo se valer de experiências anteriores exitosas por outros diretórios. Movidos pelo incentivo e desejo de partilhar novas experiências, novos estudos e diversos eixos de formação, foi promovida uma campanha de contribuição através de rifas, divulgada por todo o campus da instituição e através de redes sociais dos graduandos de enfermagem. Essa mobilização evidenciou a importância do evento como múltiplas oportunidades de aprendizagem e contou com o apoio de estudantes de outros cursos, dos docentes e gestores da instituição para que fosse de fato possível acontecer. É necessário ressaltar que esse movimento foi de extrema importância coletiva, pois independente da condição financeira do estudante, todos que manifestaram o interesse, foram acolhidos igualitariamente na possibilidade de vivenciar essa rica experiência. Totalizando, 16 estudantes compareceram ao evento, puderam partilhar as experiências do curso de enfermagem da UFV, apresentaram as evidências científicas que tem sido produzidas, recebendo por essas algumas premiações e o mais importante firmaram uma rede de parceria muito significativa com estudantes que possuem outros contextos, fortalecendo assim a aprendizagem e mobilizações futuras. Resultado: Nesse evento, a universalidade e a participação social, conceitos que fazem parte dos princípios e diretrizes operacionais do SUS, foram demonstrados pela contribuição democrática e coletiva de todos os presentes. As atividades se dividiram entre palestras, momentos de debate coletivos e específicos, apresentações de trabalhos científicos, dentre outros. Os temas abordados foram sobre as diretrizes curriculares de enfermagem, o movimento estudantil, a saúde de populações vulneráveis, a educação pública e a importância da qualificação profissional dentro da categoria. Debates relevantes para o atual momento sociopolítico foi emergido, entre eles: a necessidade do fortalecimento do movimento estudantil de enfermagem ; a falta de continuidade, devido a transitoriedade de membros os quais, em média, permanecem 5 anos no ensino superior é característico desse tipo de agremiação, como consequência, discussões mais profundas são dificultadas; o ensino privado e o ensino a distância de enfermagem, notou-se uma união de pensamentos a respeito do impacto negativo que o ensino a distância teria na saúde da população; a necessidade de ações para mudança no perfil das universidades privadas, afim de transformar um ensino predominantemente tecnicista e hospitalocêntrico para um voltado e ancorado em práticas que valorizem a saúde pública. O espaço permitiu a reflexão e o protagonismo dos estudantes. Evidencia-se aqui também, a percepção do quanto a organização política é uma habilidade necessária para os futuros e atuais profissionais da enfermagem, sendo vital desenvolvê-la ainda no ambiente de formação acadêmica. Dessa forma, as grades curriculares devem desenvolver o aprender a ser - um dos quatro pilares da educação da Unesco, proporcionando ao indivíduo criticidade e autonomia. Ademais, é necessário a ocupação de espaços de fala que demonstrem as reais vivências, desafios e potencialidades de uma sociedade onde 75% da população tem como suporte apenas a saúde púbica, cenário esse que será o local de atuação de grande parte destes profissionais. Compreender essa população, requer um olhar social, capaz de somar conhecimento e humanização e assim desdobrar-se em práxis que trazem à tona laços de empatia e atitudes transformadoras. Uma outra vertente de experimentação foi o lugar de um trabalho em equipe, onde estudantes desejaram, articularam, se organizaram e conquistaram o almejado -se fazer presente no congresso. Visivelmente ficou expressa para esses estudantes a importância da força coletiva para impulsionar ações. Sendo assim, estreitar esse contato ainda na graduação dentro de um movimento estudantil, contribui para a formação do enfermeiro no aprender a lutar por sua qualificação profissional, reivindicar melhorias nos serviços de saúde onde atuará, buscar soluções para os problemas e ressaltar a gigantesca abertura que o contato com pessoas pode proporcionar e assim mudar o curso dos acontecimentos, criar possibilidades e reinventar a enfermagem. Considerações finais: A experiência descrita permitiu vivenciar um espaço formativo que rompe com as paredes de uma sala de aula, rico de sentidos e de fortalecimento. A construção de uma enfermagem politizada e com raízes firmadas na liderança é fundamental para luta em defesa do SUS, formando futuros trabalhadores que possam visualizar no Sistema Único de Saúde mais do que um sistema público, mas um ato de resistência contra a iniquidade, desqualificação e inércia. Um graduando que participa do movimento estudantil carrega consigo elementos que podem ser o diferencial no meio em que atuar, despertando assim a consciência social e apreendendo o exercício da cidadania. |
11531 | PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE SOBRE A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS EM DISCIPLINAS DE LINGUAGEM INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA Tatiana Bagetti, Patrícia do Valle Alves PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE SOBRE A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS EM DISCIPLINAS DE LINGUAGEM INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Tatiana Bagetti, Patrícia do Valle Alves
Apresentação: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência da utilização de duas ferramentas adaptadas de metodologias ativas em disciplinas de linguagem infantil, no curso de Fonoaudiologia, na área da saúde. As atividades foram realizadas sob supervisão e mediação da professora e contaram com a mediação da monitora. Foi realizada uma atividade utilizando-se um “jogo” e posteriormente foi desenvolvida uma adaptação da rotação por estações. Na atividade em que se realizou o “jogo”, foi construído um jogo de tabuleiro e foi enfocado o desenvolvimento da linguagem oral infantil. Os estudantes foram divididos em grupos, os quais deveriam jogar o dado e avançar as casas conforme as regras propostas. No tabuleiro havia cartas que continham desafios de verdadeiro e falso, perguntas e orientações a serem dadas acerca do tema. A equipe vencedora foi aquela que chegou primeiro na última casa do tabuleiro chamada metaforicamente de “clínica de Fonoaudiologia”. O objetivo do “jogo” foi revisar assuntos básicos necessários para o entendimento do tema central da disciplina e teve com a participação e cerca de 20 estudantes. A segunda atividade, denominada “adaptação da rotação por estações”, teve como objetivo familiarizar os estudantes com os instrumentos de avaliação mais relevantes para a atuação clínica em linguagem infantil. A proposta foi aproximar os estudantes da prática por meio do manuseio desses instrumentos, consolidando o aprendizado sobre os protocolos de avaliação. Nesta atividade foram organizadas estações, sendo em que em cada uma apresentava instrumentos de avaliação da linguagem. As 9 alunas participantes foram divididas em grupos que revezaram entre as estações. Durante a atividade, a professora e a monitora passavam pelas estações tirando dúvidas e comentando sobre os instrumentos. As duas atividades foram avaliadas online pelo Google Forms, e os participantes foram convidados posteriormente a responder o questionário on-line. No “jogo de tabuleiro”, 10 estudantes responderam ao questionário e todos mencionaram que gostaram da atividade. Quando solicitadas para atribuir uma nota de 0 a 5 a oficina sendo 5 a nota máxima, 80% dos estudantes atribuíram nota 5 e 20% atribuíram nota 4. Ao ser perguntado se a atividade contribuiu para a aprendizagem foi mencionado que “a atividade foi uma forma de aprendizado leve que contribuiu para revisão e para aprender coisas novas sobre o assunto”. No sugestões e/ou comentários, 6 dos 10 estudantes disseram que nada deveria ter sido diferente, uma relatou ter sido um pouco maçante em alguns momentos e duas comentaram acerca da clareza das questões. Na atividade “Adaptação de rotação das estações” 7 participantes responderam ao questionário, sendo que todos relataram ter gostado da atividade, 57,1% estudantes atribuíram nota 5 (nota máxima) à dinâmica e 42,9% atribuíram nota 4. Os estudantes comentaram a atividade contribuiu para sua aprendizagem uma vez que permitiu ver a aplicação dos instrumentos de avaliação na prática, simular suas aplicações e entender melhor como os protocolos funcionam. Considera-se que o uso e/ou a adaptação de metodologias ativas foram efetivas para facilitar o aprendizado, uma vez que os estudantes demonstraram interesse, engajaram-se nas atividades participaram ativamente da construção do seu conhecimento. |
11712 | INTERNATO RURAL LOCALIZADO EM UMA REGIÃO REMOTA NO OESTE DA BAHIA Inara Russoni, Bruna Clemente Gontijo, Thales Rodrigues da Silva INTERNATO RURAL LOCALIZADO EM UMA REGIÃO REMOTA NO OESTE DA BAHIAAutores: Inara Russoni, Bruna Clemente Gontijo, Thales Rodrigues da Silva
Apresentação: O internato de Medicina de Família e Comunidade se desenvolvera em Unidades Básicas de Saúde (UBS) onde há implantação da Estratégia Saúde da Família (ESF), preparando o discente para a formação mais generalista e condizente a realidade da região Oeste. Será composto em dois momentos: momento voltado para a realidade urbana e parte com a realidade rural e em territórios remotos. Voltado para: Atenção primária à saúde de maneira integral. Educação em Saúde. Promoção em saúde. Prevenção de doenças. Diagnóstico e tratamento das patologias e demandas relacionado a todo ciclo de vida das pessoas e famílias em núcleo urbano e rural. Treinamento em educação em saúde. Prontuário de Família. Estratégias aplicadas à territorialização. Projeto Terapêutico Singular. Projeto Terapêutico Coletivo. Trabalho em equipe. Saúde no campo e na floresta (áreas remotas e rurais). Populações ribeirinhas. Objetivo Geral: Aprofundar os princípios do médico generalista atuante na ESF e com treinamento teórico-prático supervisionado para desenvolvimento de habilidades para o cuidado com o usuário na prevenção, promoção da saúde, diagnóstico e terapêutico num contexto individual, familiar e comunitário. Método: Acompanhamento clínico diário e de pessoas residentes na área adstrita da Unidade de Saúde da Família (ESF); Estudo de caso; Discussão de caso; Visita domiciliar com Agente Comunitário de Saúde; Visita domiciliar com membro(s) da equipe técnica; Sessão de equipe; Revisão de prontuários de família; Acompanhamento de grupos e implantação dos grupos. Programa Saúde na Escola, entre outras metodologias ativas com aplicação direta de dados oriundo de paciente(s) acompanhado(s). No Estágio Rural Interno será inserido na Equipe de Saúde local, e o Supervisor será o Chefe da Equipe de Saúde, mas cabe à coordenação deste módulo fazer avaliação periódica da oferta do mesmo. Resultado: Foi realizado o diagnóstico comunitário com o plano de intervenção por escrito sobre o internato; avaliação dos dados epidemiológicos; Mapa do território o local não era localizado pelo sistema de informação, os alunos criaram o mapa com ajuda da tecnologia; Realizado devolutiva para a Equipe, gestores e lideranças; Ao final de cada semana o discente deve realizar um diário de campo narrando as dificuldades e fortalezas encontradas: caso clinico complexo, equipe, território. Segue um trecho importante da territorialização dessa UBSAtualmente, Goiabeira é um distrito do município de Wanderley. O povoado de Goiabeira conta com uma população de 943 pessoas, habitando em um total de 222 residências, segundo dados colhidos pela agente comunitária de saúde do distrito. A região é habitada, predominantemente, por moradores remanescentes dos povos fundadores da região, como os descendentes de lavradores, fazendeiros, de povos indígenas e quilombolas. Há forte miscigenação de etnias no local. A Goiabeira é um povoado ribeirinho, banhado pelas margens do Rio Grande, componente da bacia de mesmo nome na região. As moradias são, em sua grande maioria, construídas em pau-a-pique - poucas são as construções em alvenaria. A malha viária é baseada em ruas e estradas de terra, que ligam o distrito a outros povoados mais próximos. O povoado é a referência hierárquica entre outros povoados adjacentes, que são: São Félix, Riacho Sacutiaba, Baboseira e Reforma Campo Alegre, comportando os habitantes dessas outras regiões na sua escola e na Unidade de Saúde da Família (USF) local. |
12322 | CONTRIBUIÇÃO DO MOVIMENTO POPULAR DE SAÚDE DO ESTADO DE SERGIPE PARA A FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA Renata Roberta Dantas Silva CONTRIBUIÇÃO DO MOVIMENTO POPULAR DE SAÚDE DO ESTADO DE SERGIPE PARA A FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Renata Roberta Dantas Silva
Apresentação: No segundo semestre de 2019 o Movimento Popular de Saúde do Estado de Sergipe (MOPS) firmou parceria com a Universidade Paulista (UNIP) com o intuito de elaborar um estágio para os estudantes do último período do curso bacharel em enfermagem. Objetivo: Contribuir com a formação de profissionais do nível superior de enfermagem, especificamente a identificar de que forma a educação popular de saúde pode contribuir para a formação de profissionais de nível superior e qual a importância das práticas integrativas na formação superior em enfermagem. Desenvolvimento: Realizados encontros semanais de setembro a dezembro nas sextas-feiras a tarde com duração de 6 horas corridas cada um deles, com os alunos do estágio de saúde pública, o MOPS e a UNIP buscaram construir em cima do seus objetivos gerais e específicos uma introdução via estagio numa Universidade da rede particular de ensino a formação profissional diferenciada com uma novo horizonte no que se diz respeito a formação profissional com a introdução da prática integrativa e o viés da educação popular todos esses meses. Resultado: Durante toda a experiência pode-se perceber a construção de novos aprendizados, um olhar diferenciado e a perspectiva que serão enfermeiros que provavelmente trabalharão com as práticas integrativas e a educação popular, transformando os alunos ali envolvidos docente e discente. Considerações finais: A inserção desses alunos da graduação no contexto das práticas integrativas, junto a um movimento popular de saúde onde forneceu toda uma estrutura para as atividades de educação popular e práticas integrativas em saúde contribuiu de forma significativa para uma transformação para os futuros enfermeiros e seus futuros atendimentos em serviços de saúde através de uma educação horizontal. |
11908 | A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO EM SAÚDE DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: UMA ANÁLISE DO CURRÍCULO Carolina Nascimento Spiegel, Caio Cesar de Souza Ferreira A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO EM SAÚDE DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: UMA ANÁLISE DO CURRÍCULOAutores: Carolina Nascimento Spiegel, Caio Cesar de Souza Ferreira
Apresentação: Apesar de não ser a única responsável, a escola tem um grande potencial para protagonizar a educação em saúde, contribuindo para a formação integral dos alunos. No entanto, a implementação de atividades de Educação em Saúde com abordagens que extrapolam as concepções tradicionais, não é trivial e, requer docentes que possuam conhecimento e interesse necessários para fazê-la. Dessa forma, a inserção desta temática nos currículos de licenciatura se torna fundamental sobretudo na área de Ciências/Biologia que em geral se apresenta como um importante mediador, especialmente sobre assuntos relacionados à saúde. Este trabalho teve como finalidade analisar a grade curricular do curso de licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Federal Fluminense a fim de entender se, e como este tema tem sido trabalhado no currículo formal. DesenvolvimentoForam analisadas as ementas da grade curricular do curso de graduação de Licenciatura de Ciências Biológicas da UFF. Ao todo foram analisadas 260 disciplinas, sendo 44 obrigatórias e 216 optativas. Avaliou-se as ementas da grade curricular da licenciatura por meio das seguintes palavras-chave: “educação em saúde”, “políticas públicas”, “saúde coletiva” e “saúde pública”, a fim de averiguar quantas disciplinas tinham como objetivo a discussão sobre saúde. Deve-se destacar que este estudo apresenta as seguintes limitações: algumas ementas apresentavam o conteúdo incompleto ou oculto, logo o tema pode estar sendo contemplado em algumas disciplinas cujas ementas não especificam o objetivo. A outra limitação é que não estar presente na ementa não significa que este tema não esteja sendo abordado de forma transversal ao longo da formação do estudante. De toda forma, esta análise permite um panorama geral da formação do licenciando em Ciências Biológicas. Resultado: As análises mostraram que menos de 5% das 260 disciplinas têm relação com Educação em Saúde. No entanto, a maioria das disciplinas relacionadas à saúde parece apresentar um enfoque mais biomédico, sem instigar discussões e reflexões da saúde além do aspecto biológico, englobando os aspectos, humanos, sociais econômicos e políticos. Apenas as disciplinas “Saúde pública e ambiental”, “Educação, saúde e sociedade”, “Bioética”, “Saúde coletiva, produção e ambiente”, “Avaliação de impactos ambientais”, “Epidemiologia” e “Iniciação à docência para licenciatura” parecem contemplar esta abordagem, sendo a última a única disciplina obrigatória para a licenciatura. Portanto, dependendo das optativas escolhidas pelo profissional, é possível que tenha pouco domínio sobre o tema de Educação em Saúde e Saúde Pública. Considerações finais: O presente estudo condiz com várias pesquisas que revelam a lacuna na formação dos professores de Ciências/Biologia como importantes mediadores em Educação em Saúde nas escolas. Para continuar a análise e discussão a respeito dessa temática na proposta curricular desse curso de graduação serão necessárias entrevistas com os licenciandos para avaliar se de fato não estão sendo contemplados estes temas de forma oculta no currículo e, caso sim, discutir a importância deste tema estar explícito nas ementas das disciplinas. |
6288 | A PARTICIPAÇÃO POPULAR QUE A PEDAGOGIA GRIÔ FOMENTA NA FORMAÇÃO MÉDICA: UMA INTERVENÇÃO CURRICULAR. GEORGE LUIZ NÉRIS CAETANO, DIANE MARIA SCHERER KUHN LAGO A PARTICIPAÇÃO POPULAR QUE A PEDAGOGIA GRIÔ FOMENTA NA FORMAÇÃO MÉDICA: UMA INTERVENÇÃO CURRICULAR.Autores: GEORGE LUIZ NÉRIS CAETANO, DIANE MARIA SCHERER KUHN LAGO
Apresentação: Este resumo tem por finalidade destacar a importância dos instrumentos da pedagogia griô no resgate da oralidade, dos saberes populares, que somados à ciência do povo, forjam vivências antroposóficas e libertadoras na formação médica. Norteado pelo desejo de resgatar e inserir a ciência popular como mediadora de saberes na vivência médica, o resumo a seguir traz à luz a oralidade e memória ancestres, responsáveis pela identidade de povos historicamente cerceados da produção cientifica no País. Desenvolvimento: O conceito de epistemicídio revela que, no decorrer dos séculos, os saberes populares foram extinguidos da formação médica, que passou a reverberar uma única voz. Todavia, a pedagogia griô, idealizada por Lillian Pacheco, possibilita uma formação médica desenvolvida nos valores, crenças, mitos, saberes e ciências do povo por meio da oralidade e memória que habita nos cânticos, danças afeto-dramáticas e contação de causos. A partir da proposta de interiorização e reformulação do currículo, a formação médica passa a contemplar saberes intergeracionais, assim, a pedagogia griô, na luta identitária dos povos indígenas, quilombolas e do campo, é aliada na despatologização, bem como na desmedicalização, sendo importante na humanização da medicina e dos seus agentes. Logo, trata-se de uma intervenção pontual que conta com o dessilenciamento de narrativas contra hegemônicas, possibilitada a partir da participação ativa multietária e pluricultural de personagens comunitários, denominados de brincantes, que por meio de suas artes corporais e espirituais, tomam para si espaços negados aos seus ancestrais. Todos os espaços para aprendizagem são ressignificados e passam a abrigar a expressão artística que o brincante griô adota para transmitir o seu saber e compor o tecido social do coletivo. Dessa forma, a formação é humanizada e desmistifica a prática clínica ao se atentar ao contexto biopsicossocial do paciente que passa a ocupar lugar de fala desde a formação até a prática médica. A dialética entre o saber erudito acadêmico e o saber popular rústico é a grande faceta da pedagogia griô, pois coloca em igualdade médico e paciente, permitindo condutas clínicas mais eficientes e de fácil adesão. Resultado: A pedagogia griô é uma ferramenta de dessilenciamento e construção da autoimagem dos povos que agora bradam por equalização e reparação sociais. A partir da vivência contra hegemônica, a formação médica passa a utilizar outras fontes de conhecimento, além das já massificadas pelas cátedras das Universidades. A intervenção griô se dá por meio não só de oficinas ou aulas temáticas, mas principalmente pela reformulação curricular, que se torna hibrida ao adotar naturalmente práticas inovadoras que incluam cânticos, encenações afeto-dramáticas e narração de histórias e causos. |
11155 | CURRÍCULO INTEGRADO EM NUTRIÇÃO SOCIAL Raquel de Souza Mezzavilla, Brigitte V. M. Olichon Gonçalves, Aline Gaudard, Thalita Fialho da Rocha, Talita Berti, Jamile Lima Nogueira, Mariana da Roza Andrade, Cátia Stumpf, Andrea Pardal, Esthefanie Parreira Mello CURRÍCULO INTEGRADO EM NUTRIÇÃO SOCIALAutores: Raquel de Souza Mezzavilla, Brigitte V. M. Olichon Gonçalves, Aline Gaudard, Thalita Fialho da Rocha, Talita Berti, Jamile Lima Nogueira, Mariana da Roza Andrade, Cátia Stumpf, Andrea Pardal, Esthefanie Parreira Mello
Apresentação: As Diretrizes Curriculares Nacionais descrevem que a formação do nutricionista deve contemplar as necessidades sociais de saúde, com ênfase no SUS, buscando a concepção da integralidade da atenção à saúde, ou seja, a promoção, proteção e recuperação da saúde a partir da qualificação das ações de alimentação e nutrição, direcionadas tanto a indivíduos, quanto às famílias e comunidades, além de atividades de alimentação e nutrição realizadas no âmbito das políticas e dos programas institucionais, de atenção básica e de vigilância sanitária. Assim, a integração entre as disciplinas da saúde coletiva possibilita o amadurecimento de conhecimentos, habilidades e competências, além da vivência de conteúdos articulados com o campo de prática profissional e aproximação com outros profissionais da área. Objetivo: Promover a integração dos conteúdos teórico-práticos das disciplinas do eixo de Nutrição Social da Faculdade Arthur Sá Earp Neto e aproximar o aluno do campo de prática profissional, possibilitando experiências de vivência desde o início da formação. METODOS: A integralidade é incorporada nas práticas em saúde, via um processo educativo inovador, centrado no aluno e no seu processo de aprendizagem, com um maior enfoque na promoção da saúde, tendo a realidade social e o sistema único de saúde como campo de prática desde o início do processo formativo. Os alunos realizam atividades integradas, desde o 2º. período do curso, em Unidades de Saúde da Família (USF) vinculadas à Instituição de Ensino com a participação e supervisão dos preceptores e professores do Estágio na área da Atenção Básica. Desenvolvimento: No 2º. período, os alunos são alocados em grupos nas USFs e realizam 3 visitas no território para conhecer o funcionamento da unidade, caracterização da área de cobertura e o perfil da população adstrita) e para articular conteúdos abordados na disciplina (conceito de saúde, SUS, atenção básica, determinantes sociais da saúde, promoção da saúde etc.) com a realidade vivenciada na ESF; no 3º. Período, os alunos visitam as mesmas USFs do período anterior para realizar avaliação nutricional antropométrica e avaliação do consumo alimentar dos usuários, utilizando os recursos e instrumentos disponíveis na unidade, com apresentação e discussão dos casos em sala de aula; no 4º. Período, os alunos elaboram um projeto de pesquisa, baseado nas vivências e dados coletados nos períodos anteriores, que, no 5º. Período, será trabalhado, explorando as análises estatísticas descrevendo e discutindo os resultados encontrados. A partir daí, no 6º. período, os alunos desenvolvem estratégias e aplicam intervenções nas USFs, e avaliam as intervenções realizadas. Assim, o trabalho se desenvolve de forma linear e transversal, atravessando as principais disciplinas do eixo de Nutrição Social, numa atividade dialógica entre academia e território, criando vínculos entre teoria e prática, estimulando conexões e construção de conhecimento. Considerações finais: O planejamento integrado do currículo estimula e desenvolve um conjunto de competências, como liderança, comunicação, trabalho em equipe, tomada de decisão, conduta humanizada e ética, que promove no aluno a capacidade de desenvolvimento intelectual e profissional autônomo e permanente, competências essas articuladas à Resolução CFN 380/2005. As reflexões geradas durante as atividades confirmam a importância da inserção dos alunos nos serviços de saúde desde os primeiros períodos de formação, com atividades de educação em saúde em uma perspectiva multidisciplinar, sendo assim positiva e agregadora. A experiência e as práticas interdisciplinares em saúde, baseadas no conhecimento e na experiência de todos os atores envolvidos, devem ser incentivadas e essenciais na formação dos estudantes e na corresponsabilidade dos professores com os serviços de saúde. |
6676 | PORQUE NÃO SE ENSINA MAIS PRIMEIROS SOCORROS? UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Alex Duarte, Sandra Conceição Ribeiro Chícharo, wellingtoin Vasconcelos dos Santos PORQUE NÃO SE ENSINA MAIS PRIMEIROS SOCORROS? UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.Autores: Alex Duarte, Sandra Conceição Ribeiro Chícharo, wellingtoin Vasconcelos dos Santos
Apresentação: Cada vez menos os instrutores de cursos da área de emergência lecionam primeiros socorros, sempre priorizando os cursos oriundos dos protocolos internacionais como por exemplo BLS, ACLS, PHTLS, ITLS, ATLS entre outros. Até mesmo os cursos com nomenclatura nacional seguem o mesmo padrão dos importados como o RADA e RMC. Essa sopa de letrinhas de cursos acaba tendo um custo muito alto e atingindo uma classe de alunos muito específica, as turmas possuem uma quantidade pequena de inscritos, fato que reduz ainda mais a quantidade de pessoas com algum conhecimento sobre emergência. E que ainda devemos considerar, que a grande maioria desses cursos não é desenvolvido para a realidade brasileira, o que leva os instrutores a erros frequentes. Diante de tais fatos podemos concluir que o foco não é disseminar o conhecimento de primeiros socorros, ajudando a salvar cada vez mais vidas, e sim obter vantagens financeiras para os profissionais que lecionam esses cursos. Objetivo: discutir a importância do conhecimento de primeiros socorros pela população, discutir sobre que tipo de clientela os curso da área de emergência abrangem, demonstrar que não e de interesse a orientação cidadão comum, discutir de que forma uma possível orientação de grande parte dos indivíduos de uma sociedade, incluindo a população leiga, pode repercutir no aumento de sobrevida das vítimas de eventos clínicos e traumáticos pré-hospitalares e demonstrar a pouca relação dos protocolos internacionais com a realidade do serviço de saúde onde vivemos. Justificativa: durante uma experiência individual com um ente querido, quando foi observado pouco conhecimento de primeiros socorros, fato que levou um dos autores a pensar sobre como seria adequado se o maior número possível de pessoas soubesse abordar, avaliar e iniciar as condutas pré-hospitalares básicas, provavelmente, aumentando a sobrevida de vítimas potencialmente graves. Método: Trata-se de um relato de experiência diante da vivência profissional e pessoal com situações críticas onde pode-se questionar como podemos ajudar no processo de disseminação do conhecimento de socorros básicos no ambiente extra hospitalar, do convívio diário. Resultado: Na busca em redes sociais onde se observa a oferta de cursos na área de emergência observou-se a presença praticamente inexistente de cursos de primeiros socorros. Encontra-se com grande frequência cursos que abrangem profissionais de saúde, em especial os de nível superior, médicos e enfermeiros. Durante um evento adverso à saúde as primeiras pessoas e prestar atendimento à vítima são seus contactantes diretos, familiares e amigos próximos, tornando essas pessoas essenciais no início do atendimento pré-hospitalares e no aumento da sobrevida do indivíduo que sofreu o agravo à saúde. Debate-se assuntos relativamente atuais como a utilização ou não de prancha longa na restrição do movimento da coluna no trauma e o atendimento de vítimas em situações de confronto armado, sem levar em consideração as devidas diferenças entre os serviços policiais e de saúde do Brasil e dos ambientes onde tais protocolos foram idealizados. Com isso podemos observar discrepâncias entre a atuação pré-hospitalar e intra hospitalar e ainda uma dissociação nítida entre os protocolos e os recursos de saúde utilizados, fato que provavelmente altera os resultados finais do atendimento. Copiar protocolos, por melhores que sejam, nem sempre é a solução, precisamos sim, alia-los a realidade de nosso país. Neste ponto podemos citar o PHTLS 8º edição que na página dois diz: “Os socorristas que prestam cuidados pré-hospitalares devem ter e utilizar habilidades de pensamento crítico para tomar e executar as decisões que irão melhorar a sobrevivência do paciente em trauma.”. Ou seja, o tema em discussão era tão específico que o básico foi esquecido, o que fazer quando nos cortamos. Considerações finais: A importância da orientação da população, em especial a leiga, reside no fato de os primeiros socorros e o acionamento de serviços pré-hospitalares serem feitas de forma adequada aumentando as chances de sobrevida da vítima. Diante de tal conclusão, revisando, um grupo de mensagens de instrutores, um diálogo chama a atenção, o debate sobre o protocolo NEXUS e a justificativa para a não utilização da prancha longa. O outro interlocutor acirradamente defendia a utilização de tal protocolo afirmando que com a prancha, a lordose e a escoliose sofreriam danos e, sem ela, ou seja, com a vítima deitada diretamente sobre o colchão da maca da ambulância, não haveria dano. Provocativo, lancei a afirmação de que quando essa vítima, que não usou a prancha, por ser rígida, chega ao hospital, principalmente as grandes emergências de porta aberta no Rio de Janeiro, ela é deitada sobre a maca de aço (material rígido), sem colchão, e ali passa horas e horas aguardando um RX ou TC? Vale ressaltar que o protocolo NEXUS foi desenvolvido nos Estados Unidos da América pelo Dr. Jerome Hoffman, país em que notadamente a vítima de trauma não aguarda para os exames de imagem como aqui no Brasil. Empolgado pelo debate e como acadêmico de enfermagem fui, em busca de mais conhecimento e mais opiniões técnicas, quando escutei, de um profissional do atendimento pré-hospitalar que: “Usamos o protocolo e fazemos a nossa parte, se o hospital não faz a dele, isso não é mais problema nosso”. Ora é preciso entender que atendimento de emergência, ou os primeiros socorros não terminam com a chegada ao hospital, precisamos ter uma visão mais holística, mas humanizada sobre todo o atendimento à vítima. A elaboração de protocolos que contemplem de forma mais realista a realidade dos serviços de saúde do brasil melhorária a continuidade do atendimento que se inicia no pré-hospitalar e deve permanecer nos mesmos padrões no intra, aumentando a integração entre essas duas equipes e melhorando os resultados para a saúde da vítima. Como restou demonstrado tal conhecimento pode ser passado de forma simples e é compreensível, até mesmo em poucas palavras, enquanto as mirabolantes discussões nos levam a interrogações ainda maiores e a debates cada vez mais acirrados que ao final a vítima fica em segundo plano, conforme exemplificado. Quando vamos descer dos nossos pedestais, dos nossos títulos, de nossas qualificações e voltar à raiz? Quando vamos voltar a ensinar primeiros socorros? Quando vamos salvar vidas através do conhecimento? Fica a dica, não queira ser mais, queira, sim, fazer a diferença. Volte à raiz e ao invés de ter uma turma com poucos alunos para um curso mirabolante, vá a uma igreja, centro espírita, associação de moradores, a uma escola e ensine primeiros socorros, ensine os procedimentos que vão fazer a diferença entre a vida e a morte, dentro da realidade brasileira. |
8014 | A PSICOLOGIA E A FORMAÇÃO PARA ATENÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE E DE APOIO A COMUNIDADES E AOS ESTUDANTES INDÍGENAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Maria Eunice Figueiredo Guedes A PSICOLOGIA E A FORMAÇÃO PARA ATENÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE E DE APOIO A COMUNIDADES E AOS ESTUDANTES INDÍGENAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁAutores: Maria Eunice Figueiredo Guedes
Apresentação: As políticas públicas de saúde no Brasil ganharam a partir da Constituição de 1988, relevância indiscutível e especial destaque no esforço nacional de recondução do Estado Brasileiro aos caminhos da democracia. Com o início da abertura política nos anos oitenta, resultante de grande pressão social, o Movimento Sanitário, surgido em meados da década de 70, em conjunto com o Movimento Popular e Sindical, pôde denunciar os efeitos do modelo econômico sobre a saúde da população, agravados pela irracionalidade do sistema. Precisamos a partir das necessidades de atenção e promoção de saúde para a população pensar em alternativas de atendimento que tenham como premissa essa realidade social e que está se agudizando ainda mais atualmente correlacionando com o que está previsto em alguns dos princípios do Sistema único de Saúde (SUS) como, por exemplo, o acesso universal; a integralidade na atenção e equidade etc. Precisamos também estabelecer com o outro (tão sujeito quanto nós profissionais) uma relação de diálogo e escuta. Assim concordamos com Martins que afirma que “para que haja ética, é preciso ver (perceber) o outro e que para que ocorra a assistência humanizada também é preciso perceber o outro, conclui-se que assistência humanizada e ética caminham juntas”. Importante então trazer à reflexão o cuidado que é uma categoria epistemológica que deve gerar autonomia para a sociedade e a possibilidade de expansão do viver. Assim os sujeitos com quem trabalhamos nos serviços de saúde e na nossas várias são seres vivos que estão atravessados por um conjunto de fatores históricos, sociais, econômicos, subjetivos e geracionais. Nesse sentido, temos que ver como está se construindo o sentido do desenho da realidade social nos diversos níveis de complexidade na saúde. Quais possibilidades e que tipo de tratamento devemos realizar tanto na promoção, prevenção e/ou recuperação que possa possibilitar ao usuário o “cuidado de si”. Consideramos notável e admirável a capacidade da pessoa humana em experimentar o mundo das maneiras mais diversas que possamos imaginar. Segundo Martins (2001), merece reflexão a atual tendência das ações humanizadoras no tecido institucional em que as ações de saúde se veiculam. A teia interacional, ou seja, o conjunto das relações que se estabelecem nas instituições e na forma como se atua em relação aos problemas sociais demandam hoje ações interprofissionais no trato com essas problemáticas. Precisamos também estabelecer com o outro (tão sujeito quanto nós profissionais) uma relação de escuta e diálogo, tal como afirma Martins (2001) “[..] para que haja ética, é preciso ver (perceber) o outro [...]; e para a assistência humanizada também é preciso perceber o outro, conclui-se que assistência humanizada e ética caminham juntas”. Bock (2001) afirma que a Psicologia deve contribuir para “[...] fortalecer os sujeitos, permitir-lhes o desenvolvimento de uma “compreensão crítica” da inserção que têm no mundo social, contribuir para a construção de projetos de intervenção cotidiana e, trabalhar para ‘ressignificar experiências’, de modo a reestruturar as apropriações que fazem, atualizando-as e tornando-as parte confortável de sua subjetividade”. Boaventura Santos (2002) afirma a importância e a necessidade de “restaurar os valores comunitários e a importância da comunidade local nas mudanças sociais”. Modos de significar e ressignificar o ambiente que evidenciam miríades de compreensões de si e do mundo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos compreende que todo ser humano " tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar". Assim na formação e intervenção que realizamos desde 2014 temos essas reflexões na tarefa que realizamos enquanto órgão formador tanto junto aos os profissionais do sistema de saúde, educação, assistência entre outros (nos serviços) que operacionalizam as políticas públicas quanto no espaço de implementar a reflexão na formação acadêmica. A saúde é um campo de lutas, depende do sentido que se dá ao adoecimento, é a luta do sujeito contra o adoecimento e contra os percalços do meio. Não há na pessoa humana a possibilidade de não se defrontar com os perigos da vida cotidiana e não vivenciar situações em que o medo, a angústia e ansiedade se entrelacem, produzindo ressonâncias em suas subjetividades (BENEVIDES, 2005). O Sistema Único de Saúde (SUS) também não deve lidar com as pessoas descontextualizadas da realidade social, geográfica e política onde vivem e os povos da Amazônia na sua diversidade e especificidades é uma realidade que demanda um cuidado e atenção especial. O objetivo deste trabalho é relatar ações que vimos realizando de atenção, formação e cuidado com comunidades e estudantes indígenas e quilombolas da Amazônia. Alguns dos maiores problemas encontrados no índice de “acesso aos serviços” (dados da pesquisa Amazônia) foi falta de assistência profissional (principalmente de profissionais de nível superior); baixa cobertura na atenção básica através dos programas de assistência a saúde da família e; pouco empoderamento das comunidades no sentido de lançar mão de mecanismos de resistência e luta que garantam seus direitos, e de práticas de cuidado de si e da família. Este trabalho relata as situações decorrentes de momentos de escuta, discussões e construção de ações e projetos e de vivências relacionadas a construção no espaço comunitário ou universitário da articulação saúde, cidadania e Direitos Humanos. Estamos sempre nos inventando e nos compreendendo, fazendo parte desta experiência humana como sujeitos, grupo de pessoas das mais diversas características e modos de se sentir étnicos e raciais. Existem no mundo atualmente centenas de etnias indígenas e comunidades remanescentes de quilombos, com históricos mais singulares e continuam a existir e resistir em seus territórios/terras e a desenvolver suas práticas culturais e estratégias de sobrevivência, principalmente os que se encontram ameaçados pelos mais diversos vetores sociais, ambientais, climáticos, políticos e industriais. Atualmente, no Brasil Segundo o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) são cerca de trezentos e cinco etnias indígenas, em situações mais diversas e adversas em seus territórios. Na Amazônia notamos o avanço dos grandes projetos e intensificação nos conflitos de terra. Diversas são as táticas de resistências destes povos na Amazônia para garantir a continuidade de sua existência e reprodução sociocultural e assim da saúde destes povos. Neste contexto, a década de 1980 é de suma importância para compreender como um acontecimento no que se refere ao histórico das mobilizações dos povos indígenas e quilombolas e da conquista dos seus direitos. A constituição de 1988 assegura em seu texto o direito à saúde, educação diferenciada e reconhecimento de terras para indígenas e quilombolas. Isso nos faz notar a grande responsabilidade que as instituições de saúde e educação tem em saber acolher de modo responsável e respeitando as especificidades culturais destes povos, para que sigam tendo garantidos seus direitos indissociáveis pela terra, saúde e educação. Esse nosso trabalho conta com o apoio da Associação de Povos Estudantes Indígenas da Universidade Federal do Pará (APYEUFPA), da Associação de Estudantes Quilombolas (ADQ-UFPA que são parceiras desse nosso projeto. E também contamos com o apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá- Tocantins (DSEI GUATOC), Casa de apoio à Saúde Indígena de Icoaraci – CASAI Icoaraci/ DSEI GUATOC, Associação dos Quilombolas do Abacatal – Ananindeua/Marituba – Pá, Faculdade de Psicologia da UFPa, Liga de Saúde Indígena da UFPa- LASIPA, Comissão de Psicologia e Povos Indígenas do Conselho Regional de Psicologia Pará _ Amapá. CRP10, Liceu Escola de Artes e Ofícios Mestre Raimundo Cardoso – Icoaraci/Belém |
7923 | A FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA EM OUTROS TERRITÓRIOS – RELATO DE EXPERIÊNCIA DE VIAGEM DE CAMPO À COMUNIDADE INDÍGENA E ACAMPAMENTOS DO MTST DE UMA TURMA DE GRADUAÇÃO NA CIDADE DE MARABÁ (PA) Igor do Carmo Santos, Normando José Queiroz Viana, Luciana Pereira Colares Leitão A FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA EM OUTROS TERRITÓRIOS – RELATO DE EXPERIÊNCIA DE VIAGEM DE CAMPO À COMUNIDADE INDÍGENA E ACAMPAMENTOS DO MTST DE UMA TURMA DE GRADUAÇÃO NA CIDADE DE MARABÁ (PA)Autores: Igor do Carmo Santos, Normando José Queiroz Viana, Luciana Pereira Colares Leitão
Apresentação: Este trabalho tem como objetivo relatar alguns aspectos de uma experiência de atividade de campo desenvolvida com alunos do 04º semestre da graduação em Psicologia na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Esta atividade foi desenvolvida dentro da disciplina “Psicologia Social” e incorporada como parte dos critérios avaliativos dela. A proposta surgiu a partir da experiência de participação de uma viagem de campo por um dos docentes da disciplina, realizado dentro de uma matéria do curso de “Educação do Campo” da mesma universidade. Como ainda não existe uma disciplina específica que abarque atividades em campo, foi decidido incluir essa proposta nas atividades avaliativas da disciplina regular “Psicologia Social”, entendendo que esta matéria tem como objetivo discutir e problematizar junto aos discentes o caráter sociocultural das formações subjetivas. Além disso, a graduação em Psicologia, na UNIFESSPA, tem como uma de suas ênfases a área da saúde, o que implica na formação de profissionais que atuarão na região como agentes de promoção, prevenção e reabilitação de saúde mental junto à comunidade. Desenvolvimento: A atividade foi realizada no período final da disciplina, que foi conduzida por dois docentes que trouxeram diferentes referenciais teóricos/práticos que possibilitaram aos alunos distintos olhares dos fazeres dentro da Psicologia Social. Foi realizado um planejamento prévio que incluiu a solicitação de orçamento para a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis da Universidade para o custeio de ônibus e diárias para os motoristas, assim como pedido de diárias para os professores (devido aos diversos cortes orçamentários realizados pelo Governo Federal em relação às Universidades, não foi possível adquirir diárias para os docentes). Considerando que a região de Marabá e do Sudeste do estado conta com inúmeros grupos e comunidades indígenas de diferentes etnias e línguas, onde inclusive muitos sujeitos desses grupos estão acessando à universidade a partir, principalmente, de políticas afirmativas, foi incluída a visita à uma comunidade indígena como parte do roteiro. Outro local incluído, foi a visita a acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MTST), entendendo que a questão dos conflitos agrários na região é um dos principais desafios a serem enfrentados em termos de políticas de desenvolvimento econômico, direitos humanos e de promoção à saúde mental. Dessa forma, a escolha dos lugares a serem visitados perpassou uma dimensão ético-política de afirmação da Psicologia como um campo de conhecimento e de práticas que busca a consolidação do compromisso social com a construção efetiva de uma política de direitos humanos e de cidadania. Nessa esteira, objetivamos com essa visita fomentar nos alunos um olhar crítico sobre a formação de subjetividades em territórios distintos daqueles que usualmente fazem parte da formação em psicologia, onde o contato com o “outro” ocorre em lugares institucionais específicos como a clínica, escola, organizações e em momentos específicos do curso, como os estágios. A atividade também permitiu aos alunos a experiência da alteridade, no contato estabelecido com outras cosmologias, outras formas coletivas de organização, distintas maneiras de compreender e vivenciar o sofrimento, assim como as diferentes formas de produzir saúde e cuidado, o que lhes permite desacomodar o lugar institucionalizado da psicologia de detentora da “verdade” sobre os sujeitos e permite um lugar dialógico da produção desse campo com outros territórios sociais e subjetivos. As visitas foram realizadas entre os dias 06 e 08 de dezembro de 2019. Nas semanas anteriores a visita, os alunos receberam a visita de representantes de cada local que explicaram um pouco a história do seu grupo e organização, assim como a história de construção dos espaços a serem visitados. Os docentes também repassaram informações gerais sobre o que deveria ser levado para a visita. No primeiro dia, a visita ocorreu na Aldeia Parkatêjê da etnia Gavião, onde ocorria a 8ª Meia Maratona Indígena Krôhôkrenhum Parkatêjê, evento que reuni diversas etnias e tribos do Estado do Pará, assim como de outros estados, exemplo de Tocantins e Maranhão. No segundo e terceiro dia, as atividades foram desenvolvidas nos acampamentos Helenira Resende e Hugo Chávez do MTST, situados na divisa entre as cidades de Marabá e Eldorado dos Carajás. Resultado: Consideramos ter obtido a partir dessa atividade de campo alguns resultados interessantes que apontamos a seguir: foi possível aos alunos observar, compartilhar e experienciar a formação subjetiva em outros territórios; nesses espaços eles puderam dialogar diretamente com profissionais da área da saúde, como durante a visita na Aldeia onde os alunos tiveram a oportunidade de participar de uma Roda de Conversa com profissionais que integravam a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e conhecer um pouco de como funciona a Atenção à Saúde Indígena, assim como ouvir dos profissionais a importância e necessidade da(o) Psicóloga(o) naquele espaço; no acampamento, os estudantes também participaram de rodas de conversa, mas agora com as lideranças do espaço, que contaram a história de construção do lugar, marcada pela disputa desigual com grandes forças econômicas da região que já resultaram em pedido de reintegração de posse, despejo das famílias, perda total de produção, mas também composta por organização coletiva, resistência, esperança e, sobretudo luta e mobilização social; nesse local também, os estudantes foram acolhidos nas casas dos acampados, e puderam ouvir diretamente a história de vida dos sujeitos que ali vivem, além de terem realizado uma atividade lúdica com as crianças do acampamento, utilizando-se do desenho como dispositivo para acessar um pouco da relação deles com o seu território; além do resultado do ponto de vista da experiência subjetiva dos discentes, tivemos como produto a elaboração por parte deles de um relatório entregue ao final da disciplina, contendo os diários de campo produzidos durante as visitas e uma conversação com os referencias teóricos dialogados durante o semestre no campo da Cognição Social e da Cartografia Social. Considerações finais: Entendemos que essa vivência foi um momento ímpar na formação desses estudantes, que saem do ambiente de sala de aula e universitário para se lançarem em uma relação direta com esses outros territórios e aprenderem com esses saberes e sujeitos que poucas vezes adentram o espaço universitário. Com esses resultados, vislumbramos a possibilidade de manter regularmente essa atividade de campo dentro da disciplina de “Psicologia Social”, assim como a perspectiva de criação de uma disciplina específica na graduação para a realização dessas atividades em diversos territórios com os quais a Psicologia possa abrir diálogos e conversação. |
8543 | ESTÁGIO EXTRAMURAL SUPERVISIONADO NA ODONTOLOGIA: UMA IMERSÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Carlos Felipe Fontelles Fontineles, Normanda de Almeida Cavalcante Leal, Aldo Angelim Dias, Lysrayane Kerullen David Barroso, Lucianna Leite Pequeno, Yohana De Oliveira Ponte ESTÁGIO EXTRAMURAL SUPERVISIONADO NA ODONTOLOGIA: UMA IMERSÃO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDEAutores: Carlos Felipe Fontelles Fontineles, Normanda de Almeida Cavalcante Leal, Aldo Angelim Dias, Lysrayane Kerullen David Barroso, Lucianna Leite Pequeno, Yohana De Oliveira Ponte
Apresentação: A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) resultou em importantes mudanças na assistência à saúde e, por conseguinte, na prática profissional daqueles que o compõe. Em 1994, com a implantação do Programa de Saúde da Família, atualmente denominado de Estratégia de Saúde da Família (ESF), foi possível reestruturar o modelo de atenção primária, com olhar não apenas ao indivíduo, mas, também, à família e à comunidade, tendo uma equipe multiprofissional capaz de realizar ações de promoção e prevenção de saúde. Este novo cenário no campo da saúde exigiu mudanças e avanços no âmbito da educação, ficando evidente que o perfil dos profissionais de saúde formados no país não atendia às demandas e às necessidades do SUS. Desta maneira, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos da área da saúde, surgem no intuito de propiciar uma formação onde os profissionais estejam aptos a desenvolver competências, habilidades e conteúdos condizentes com as necessidades dos usuários, com qualidade, eficiência e resolutividade, englobando o conceito de processo saúde-doença. As diretrizes destacam ainda o trabalho em equipe, a promoção da saúde e fortalecimento da atenção primária como essenciais para formação dos profissionais de saúde. No que diz respeito à formação do cirurgião-dentista (CD) os Cursos de Graduação em Odontologia devem garantir um ensino com perfil generalista, humanista, crítico e reflexivo, para que o futuro profissional possa atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, levando-o a exercer atividades referentes à saúde bucal da população. Essas atividades, por sua vez, têm que ser pautadas em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do meio em que o usuário está inserido, sendo agente transformador da realidade em benefício da sociedade. Desta forma, as disciplinas de Estágio Supervisionado, presentes nas matrizes curriculares dos cursos de odontologia em todo o país, tem como objetivo integrar o aluno a realidade social e econômica de sua região, além proporcionar conhecimento sobre o trabalho em sua área, realizando atividades que vão desde a educação em saúde até a reversão dos danos causados pelas doenças. São nessas disciplinas, sejam elas intra ou extramuros, que conceitos como integralidade e trabalho interprofissional podem ser vivenciados na prática. Assim, o Estágio Supervisionado é apresentado como um instrumento que possibilita vivências para além do conhecimento técnico científico, onde o acadêmico de Odontologia pode se ver imerso na realidade de saúde da sociedade em que vive, na qual e para a qual irá trabalhar. Portanto, a acompanhar e avaliar os Estágios Supervisionados nos cursos de graduação em Odontologia no Brasil é de extrema importância para que seja garantida aos futuros cirurgiões-dentistas uma formação que leva em consideração as DCN e o sistema de saúde do nosso país. Objetivou-se relatar a experiência de um grupo de seis alunos do nono semestre de um curso de odontologia durante o Estágio Extramural e conhecer a percepção dos mesmos sobre esta disciplina. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, na modalidade de relato de experiência, a partir da disciplina Estágio Extramural do curso de Odontologia de uma universidade particular no Estado do Ceará. O Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório ocorreu durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2019, em Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) no Município de Fortaleza. Sempre as sextas feiras durante o turno da manhã, os alunos eram designados a trabalhar em duplas, onde as atividades práticas desenvolvidas eram previamente planejadas em conjunto com o preceptor responsável (CD da UAPS) e sob a supervisão do professor tutor. Todas as atividades foram previamente planejadas levando em consideração o tempo de estágio e a rotina e particularidades do serviço. Foram vivenciadas ações inerentes à rotina do CD, desde o planejamento até o desenvolvimento de atividades coletivas e clínico-assistenciais com o foco na promoção e prevenção da saúde. Assim, destacam-se as atividades de puericultura compartilhada, rodas de conversa com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família e atividades de educação em saúde na sala de espera. Após a finalização das atividades previstas para o dia, fossem coletivas ou clínicas, o grupo se reunia com o professor tutor e o preceptor para avalia-las, destacando pontos positivos e negativos. Ao final do semestre foi realizada uma roda de conversa entre professor tutor e alunos para avaliação da disciplina. Resultado: O estágio permitiu que alguns objetivos propostos nas DCN para o curso de Odontologia fossem atingidos. A partir do contexto ao qual estavam inseridos, os alunos puderam refletir e analisar criticamente os processos de trabalho, percebendo a importância de se ofertar um cuidado integral em saúde com qualidade, eficiência e resolutividade. Disciplinas como essa reafirmam a ideia de que o processo ensino-aprendizagem precisa estar vinculado a cenários e situações reais de trabalho que proporcionem conhecimentos e habilidades essenciais ao exercício profissional. Em relação às atividades clínicas, durante os três meses de estágio, os alunos realizaram exame clínico, anamnese, plano de tratamento, limpezas, raspagens gengivais, adequação do meio bucal, restaurações diretas, extrações e atendimento de urgência em crianças e adultos. Durante o momento de avaliação da disciplina foi possível identificar nos discursos elementos que valorizavam o potencial do estágio em promover experiências importantes para o desenvolvimento de habilidades e técnicas para a prática clínica. Os discursos também validaram a importância de se conhecer a realidade social, econômica, cultural e demográfica do local de inserção para o cuidado em saúde bucal e pontuaram como positivas as avaliações ao final de cada dia, pois o momento permitia correlacionar a teoria estudada com a prática vivenciada, fomentada com frequência pelo professor tutor. As percepções apresentadas evidenciaram também o descontentamento do grupo de acadêmicos em relação à falta de momentos realmente interprofissionais, mostrando o interesse dos mesmos em ter uma maior aproximação com as diferentes categorias profissionais, campos e processos de trabalho no SUS. Assim, fica claro que o estágio, para ser exitoso, depende de escolhas acertadas de cenários de prática, onde todos os atores envolvidos estejam conscientes e dispostos a promover uma verdadeira interação ensino-serviço-comunidade. Considerações finais: A disciplina de Estágio Extramural proporciona ao aluno um contato direto com a realidade do sistema público de saúde, contribuindo para que o futuro profissional já tenha uma importante prática sobre a realidade do funcionamento do SUS. Ficou evidenciado que os graduandos foram capazes de valorizar as vivências na UAPS, o conhecimento da realidade social, as relações interprofissionais e o treinamento técnico em condições diversas, fora dos padrões das clínicas da universidade. Nesta perspectiva, deve‐se trabalhar para o desenvolvimento e fortalecimento de estratégias institucionais como os estágios supervisionados, que criem relações/interações entre universidade e serviços de saúde com vistas à qualificação da formação no campo da Odontologia. |