399: Experiências e desafios da gestão na Saúde Bucal e Saúde da Mulher
Debatedor: Ana Paula Alves Gregório
Data: 29/10/2020    Local: Sala 08 - Rodas de Conversa    Horário: 08:00 - 10:00
ID Título do Trabalho/Autores
7357 A RELAÇÃO DA INICIATIVA UNIDADE BÁSICA AMIGA DA AMAMENTAÇÃO NA PREVALÊNCIA DE ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Ana Paula Alves Alves Gregório, Endi Evelin Ferraz Souza Kirby, Francine Ramos de Oliveira Moura Autonomo, Mônica Villela Gouvêa

A RELAÇÃO DA INICIATIVA UNIDADE BÁSICA AMIGA DA AMAMENTAÇÃO NA PREVALÊNCIA DE ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores: Ana Paula Alves Alves Gregório, Endi Evelin Ferraz Souza Kirby, Francine Ramos de Oliveira Moura Autonomo, Mônica Villela Gouvêa

Apresentação: O leite materno é a primeira fonte alimentar da criança, sendo fundamental para o desenvolvimento tanto do ponto de vista nutritivo e imunológico pois é composto de muitas substâncias representadas por proteínas, gorduras, carboidratos e células, tornando-se a melhor fonte de nutrição para os lactentes e a proteção contra diversas doenças agudas e crônicas, pois contém anticorpos da mãe que passam para o bebê, combatendo ainda a diarreia, anemia e desidratação, além de favorecer o vínculo mãe-filho. O Ministério da Saúde tem desenvolvido diversas ações de promoção e incentivo ao aleitamento materno, sendo a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM) uma delas, com vistas a estimular e instrumentalizar a rede Básica de Saúde para implantação de um conjunto de procedimentos de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. O processo de sensibilização para a amamentação inicia-se antes do parto. O incentivo à amamentação deve-se dar durante o pré-natal, onde se faz necessário um olhar e escuta diferenciada da realidade das gestantes, levando em consideração seus anseios, medos, frustrações, conhecimentos acerca do processo de amamentação, e potencial para tal. De acordo com o Ministério da Saúde (2009), O leite materno é tão importante que estudiosos já constataram que ele deveria ser oferecido logo após o parto, pois facilita a apojadura e o bebê recebe todos os nutrientes de que necessita para se desenvolver. Segundo CALDEIRA et al (2007) muitas mães, param de amamentar logo cedo, por acharem que o leite é insuficiente ou por terem que retornar ao trabalho, entre outros. De acordo com SILVA (2005) menos de 35% das crianças no mundo são exclusivamente alimentadas ao seio pelos primeiros quatro meses de vida. Além disso, as práticas de alimentação complementar são frequentemente inapropriadas e perigosas. A Organização Mundial de Saúde (2001) recomenda a prática da amamentação exclusiva por seis meses e a manutenção do aleitamento materno acrescido de alimentos complementares até os dois anos de vida ou mais. O aleitamento materno é uma das maneiras mais eficientes de atender os aspectos nutricionais, psicológicos e imunológicos da criança em seu primeiro ano de vida, portanto é praticamente sinônimo de boa sobrevivência para o recém nascido. Para isso, é necessário que a gestante seja orientada em todas as oportunidades, pois o processo de amamentação se inicia na gravidez, onde o profissional de saúde durante o pré-natal tem a possibilidade de acolher, ouvir, reconhecer e identificar a vivencia social e familiar, crenças e experiência da gestante com a amamentação, a fim de promover educação em saúde para o aleitamento materno, garantindo a continuidade do cuidado no pós-parto. Objetivo: compreender a relação da Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação nas prevalências de aleitamento materno. Método: Este trabalho trata-se de revisão integrativa de literatura voltado à Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação na prevalência de aleitamento materno exclusivo, o método de pesquisa para alcance dos objetivos foi a Revisão Integrativa, para a pergunta norteadora deste trabalho utilizou-se a estratégia PICO, onde foi feito uso de vocabulário controlado e não controlado. Como primeira etapa foi apresentada a seguinte questão norteadora: “Qual a relação da Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação e sua associação com a prevalência de Aleitamento Materno Exclusivo?”. Para a pesquisa foram utilizadas as seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Portal de Periódicos CAPES, e PubMed. A busca dos estudos utilizados ocorreu no período de Outubro a Dezembro de 2018.Quanto ao critério de inclusão foram utilizados artigos relacionados ao tema, em todos os idiomas disponíveis nas bases de dados escolhidas e publicado nos últimos 05 anos. Na primeira pesquisa geral foram encontrados 12 artigos, porém quanto ao critério de exclusão não foram utilizados artigos com mais de 5 anos, artigos repetidos e que não abordava o objeto estudado, dos 12 artigos encontrados, 08 foram excluídos por duplicidade ou por não atenderem aos critérios de inclusão. Para a concretização da busca, foram utilizadas combinações entre as seguintes palavras-chave, consideradas descritores no DeCS (Descritores em Ciências de Saúde): Aleitamento Materno, Promoção da Saúde; Iniciativa Unidade Básica Amiga da amamentação. Após encontro dos termos como descritores e também como palavras do título e do resumo, foram inicialmente identificados 04 artigos científicos na base de dados, sendo 2 na LILACS, 1 artigo na base MEDLINE e 1 BDENF para a leitura exploratória dos resumos e, então, selecionados 04 artigos integralmente lidos. Depois da leitura analítica destes artigos, os 04 foram selecionados como objeto de estudo por apresentarem aspectos que respondiam à questão norteadora desta revisão. Resultado: Dos artigos analisados e que atenderam ao critério de inclusão, ambos discorrem sobre Aleitamento materno, assim como a sua importância até os 6 meses exclusivamente e identificam a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação como eficaz, porém que precisa de avanços e fortalecimento. Alves et al 2014 no artigo “Reflexões sobre o valor da amamentação como prática de saúde: uma contribuição de Enfermagem” discorre sobre o depoimento dos Enfermeiros que já fazem parte da IUBAAM e que carregam valores “impregnados” sobre aleitamento materno. A autora Ana Lúcia Naves Alves apresenta uma avaliação referente a Iniciativa numa região específica, demonstrando a relação do Aleitamento materno exclusivo e sua associação com a IUBAAM, identificando o aumento e fortalecimento nas unidades que trabalham com a Iniciativa, segundo o artigo “Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação e sua relação com o aleitamento materno exclusivo”. No artigo “Grau de cumprimento dos dez passos da Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação e sua associação com a prevalência do aleitamento materno exclusivo” Ritol et al, 2013 evidencia os benefícios da amamentação para a saúde materna e para o crescimento e o desenvolvimento saudáveis da criança, discorre sobre a IUBAAM e entende sua importância, mas faz uma crítica que apesar do desenvolvimento de unidades credenciadas à Iniciativa, não se conhecia em que expansão a Rede Primária de saúde estava de fato envolvida e as potencialidades da Iniciativa na prática do Aleitamento Materno Exclusivo, sendo possível isso através dos dez passos utilizados pela IUBAAM. Em seu artigo “Iniciativa Unidade Básica Amiga da amamentação :avaliação do nível de sua implementação em uma metrópole brasileira”, Ritol 2013 através de uma ferramenta desenvolvida utilizando os protocolos existentes, permitiu avaliação geral da implantação da IUBAAM, o que resultou na reorientação das estratégias utilizadas pelas equipes. Considerações finais: Este trabalho permitiu constatar que a implantação da IUBAAM coopera e fortalece o aumento da prevalência do Aleitamento Materno Exclusivo, tendo em vista que a iniciativa poderá de forma efetiva aperfeiçoar a relação das ações de promoção, proteção e apoio a amamentação na Atenção primária; bem como demonstrou o número reduzido de publicações que concerne ao tema, fortalecendo a importância da pesquisa e a relevância da necessidade de investigação acerca da temática. 

6090 FATORES QUE INTERFEREM NA EXECUÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE BUCAL: DESENVOLVIMENTO DE QUESTIONÁRIO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO
Bruno Rafael Teixeira Balen, Mara Vasconcelos, Viviane Elisângela Gomes, Maria Inês Barreiros Senna, Raquel Conceição Ferreira, Marcos Azeredo Furquim Werneck, João Henrique Lara do Amaral

FATORES QUE INTERFEREM NA EXECUÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE BUCAL: DESENVOLVIMENTO DE QUESTIONÁRIO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO

Autores: Bruno Rafael Teixeira Balen, Mara Vasconcelos, Viviane Elisângela Gomes, Maria Inês Barreiros Senna, Raquel Conceição Ferreira, Marcos Azeredo Furquim Werneck, João Henrique Lara do Amaral

Apresentação: Na execução das políticas de saúde, o monitoramento  permite a identificação de situações problema cujo enfrentamento deve ser assumido por toda a equipe. Tradicionalmente, o monitoramento dos serviços de saúde é orientado pelo volume de procedimentos oferecidos. Mais recentemente, observa-se a valorização de processos de avaliação em saúde de caráter multidimensional que não se esgotam na contabilidade da oferta de serviços. O estudo descreveu o desenvolvimento e a validação de conteúdo de questionário para monitorar a execução da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), na percepção dos cirurgiões dentistas, no campo da Atenção Básica. Neste trabalho a integralidade se apresenta com um princípio transversal e integrador para a formulação das políticas de saúde. Foram definidas como dimensões para o monitoramento:  o acesso/acolhimento e atendimento, infraestrutura, processo de trabalho, gestão participativa e apoio institucional, participação social. Para a definição dos itens do questionário foram cumpridas as etapas: delimitação do modelo teórico, levantamento sobre a realidade da atenção à saúde bucal na Atenção Básica (grupos focais com cirurgiões dentistas e gestores) e validação de conteúdo por Experts (professores pesquisadores, gestores e cirurgiões dentistas) no que tange à avaliação qualitativa do questionário em relação à repetição, clareza ou ambiguidade dos itens e sugestões de redação. Foram necessárias três rodadas de validação de conteúdo resultando em 38 itens com nível satisfatório de compreensão, sendo a versão final do questionário considerada válida, em seu conteúdo, para monitorar a execução da PNSB. Dessa forma, o instrumento encontra-se elegível para prosseguir às etapas finais de avaliação, referentes às propriedade psicométricas (consistência interna, reprodutibilidade e validade de construto).

6246 COINSTITUINDO UMA REDE DE CUIDADOS EM SAÚDE BUCAL - A EXPERIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES
Andreas Rucks Varvaki Rados, Luiza Dietrich Loch, Maurício Fernando Nunes Teixeira, Fabíola Colombo Muller

COINSTITUINDO UMA REDE DE CUIDADOS EM SAÚDE BUCAL - A EXPERIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES

Autores: Andreas Rucks Varvaki Rados, Luiza Dietrich Loch, Maurício Fernando Nunes Teixeira, Fabíola Colombo Muller

Apresentação: No presente trabalho, apresentaremos a proposta de constituição de um curso de Odontologia e sua Clínica escola como parte da rede de atenção à saúde da região referente à 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS). Lajeado situa-se em uma região central do Estado do Rio Grande do Sul, denominada Vale do Taquari. Ela é composta por 36 municípios e 327.822 pessoas, conforme o Censo de 2010. Historicamente, colonizada por povos açorianos, germânicos e italianos, desde o século XIX. A primeira cidade fundada foi Taquari, em 1849. As primeiras famílias chegaram à região para a ocupação e cultivo das terras, mas os homens também serviram para a constituição do Corpo de Estrangeiros, grupamento civil-militar criado para garantir a independência brasileira. Inicialmente, a produção econômica regional se restringia ao extrativismo de madeira e à produção de erva-mate. Com o passar dos anos a economia regional diversificou-se, tendo uma divisão entre a agropecuária, o setor da indústria e serviços, com uma maior importância para os dois últimos. Em 2019, a Universidade do vale do taquari (Uni vates) completou 50 anos de ensino superior se caracterizando como uma instituição comunitária com forte impacto no desenvolvimento da região. Desde 2007 a instituição oferece cursos na área da saúde, quando começou a fazer parte da rede de saúde local, através do curso de Enfermagem e Fisioterapia. No ano de 2014, o curso de Medicina iniciou as atividades e em 2015, o curso de Odontologia, último curso presencial oferecido pela Uni vates. Este trabalho pretende apresentar o processo de articulação de convênios de integração ensino-serviço-comunidade do curso de Odontologia da Uni vates com a rede de saúde da região do vale do Taquari. Desenvolvimento: curso de Odontologia teve como documentos norteadores de sua construção a constituição federal de 1988 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Odontologia. A partir desse fato, organizou-se a matriz curricular de modo que os estudantes do curso tivessem contato com a rede de cuidados em saúde desde o primeiro semestre, quando atuam na Clínica Universitária Regional de Educação em Saúde (CURES). A partir deste momento, o contato com serviços multidisciplinares se inicia com práticas de acolhimento, atendimento multiprofissional e reuniões de equipe. Após as atividades na CURES, os estudantes realizam atividades com escolares, em um colégio municipal da cidade. As ações vão de práticas de promoção e educação em saúde, como orientação de higiene bucal, práticas interativas com os escolares até a utilização de materiais lúdicos que simulam a anatomia bucal e seus processos de adoecimento. No terceiro módulo os estudantes frequentam os espaços do controle social dos municípios e do estado, procurando entender a dinâmica de construção das redes. No quarto módulo iniciam os atendimentos na farmácia-escola da Universidade. O processo de constituição da Clínica de Odontologia Ampliada (COAm) da Uni vates teve início com atendimentos vinculados ao SUS, de moradores de bairros próximos à Universidade. Esse atendimento logo se tornou disponível para todos moradores do município. Em Agosto de 2018, a assinatura do convênio com o Consórcio Intermunicipal do Vale do Taquari(CONSISA) possibilitou aos municípios encaminharem usuários para atendimento na Uni vates de necessidades até então não atendidas pelos municípios conveniados. Também temos trabalhado em conjunto com a rede de Lajeado, acolhendo usuários, principalmente crianças que profissionais da rede não se sentem seguros para a realização do atendimento odontológico, além de consolidar os atendimentos ao Vale do Taquari através do CONSISA em diferentes especialidades odontológicas. Nos dois módulos finais os estudantes fazem estágio na Fundação para Reabilitação das Deformidades Craniofaciais (FUNDEF), uma instituição beneficente que busca a reabilitação de pessoas com fissuras labiopalatais e deficiência auditiva. É reconhecida nacional e internacionalmente por sua atuação. Além disto, fazem estágio em hospitais da região, realizando atividades de promoção de saúde bucal com usuários internados e atendimento odontológico a usuários oncológicos que necessitaram de quimioterapia/radioterapia fazendo adequações do meio bucal destes usuários. Ademais, pensando no futuro, estamos pactuando a habilitação de um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), visto que existe a necessidade por parte da comunidade. Resultado: O processo de constituição de uma rede de serviços é contínua e por etapas. Ao iniciar as atividades do curso de Odontologia na CURES, pensando atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças com estudantes de outros cursos, os estudantes se deparam com a primeira quebra de paradigma. Ao frequentar as reuniões dos conselhos de saúde começam a entender a complexidade do processo de formação das redes. Quando iniciam os atendimentos de núcleo, o processo de formação generalista e interdisciplinar está bem encaminhado. A Clínica de Odontologia Ampliada já possui diversas inserções junto à rede local de saúde e contribuem de forma bastante interessante e importante para o estudante, especialmente na criação de vínculo entre professores, estudantes e usuários, seja nos primeiros módulos do curso ou no transcorrer do percurso da inserção na clínica. É inegável que esse processo interfere na formação dos futuros profissionais, no que diz respeito à articulação e inserção do aluno na rede de saúde, principalmente a partir do 1º semestre, quando ele participa de atendimentos em equipe multiprofissional na CURES; a equidade no tratamento e na relação com o usuário, assim como no método de acolhimento, diálogo multiprofissional e excelência técnica. Os estudantes, dessa forma, conseguem entender progressivamente o funcionamento e a articulação dos serviços em rede, da referência de usuários e comunicação interprofissional. Para a rede de saúde, a ampliação do escopo de serviços especializados aumenta a resolutividade e integra os diferentes atores do processo, modificando um quadro que historicamente é de pouco acesso e serviços limitados em saúde bucal. Considerações finais: A partir do exposto anteriormente, toda a caracterização da rede de cuidado em saúde bucal do curso de Odontologia da Uni vates, do processo de articulação dos convênios, da conduta de incorporação dos estudantes do curso na rede de cuidado à saúde e a inserção do curso nos diversos níveis de atenção à saúde corroboram para um currículo inovador para a formação de profissionais generalistas, humanistas, com perfil ético e científico capaz de atuar nos diversos espaços que a rede de saúde necessita.

7835 PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE BARREIRINHA (AM)
Angela Xavier Monteiro, Lauramaris de Arruda Regis Aranha, Iane Silva de Oliveira, Marcelino Anthony mar Galvão da Cruz, Ricardo Seiti Kise, Lauro Antônio Diógenes Gonçalves, Guilherme Regis Aranha, Adriana Beatriz Silveira Pinto

PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE BARREIRINHA (AM)

Autores: Angela Xavier Monteiro, Lauramaris de Arruda Regis Aranha, Iane Silva de Oliveira, Marcelino Anthony mar Galvão da Cruz, Ricardo Seiti Kise, Lauro Antônio Diógenes Gonçalves, Guilherme Regis Aranha, Adriana Beatriz Silveira Pinto

Apresentação: Segundo o último levantamento epidemiológico de saúde bucal realizado pelo Ministério da Saúde em 2010, na região Norte do Brasil há uma alta prevalência da cárie dentária, principalmente nos municípios do interior do Estado do Amazonas. Um dos melhores parâmetros para avaliar e acompanhar a saúde bucal dos adolescentes é utilização do Índice CPO-D (número de dentes cariados, perdidos e obturados para dentes permanentes).  Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a cárie dentária e necessidade de tratamento odontológico  de duas turmas do segundo ano do ensino médio em uma escola estadual vinculada ao Programa Saúde do Escolar,  em novembro de 2018, no município de Barreirinha, interior do Estado do Amazonas. Do total de 66 escolares, apenas 27 estudantes, entre 16 e 19 anos, entregaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), representando uma taxa de resposta de 40,9% dos alunos dessa escola estadual. Primeiramente, todos participaram de uma roda de conversa abordando temas sobre a técnica de escovação, uso inteligente do açúcar e prevenção da cárie dentária. Em seguida, realizou-se o exame epidemiológico, sob luz natural, seguindo a padronização da Organização Mundial de Saúde e os dados foram registrados em fichas apropriadas. Observou-se que 96,3% dos estudantes apresentaram experiência para cárie dentária, ou seja, CPO-D ≥ 1. A média do CPO-D aos 16, 17, 18 e 19 anos foram 4,2; 2,6; 5,5 e 2,5 respectivamente. A necessidade de tratamento odontológico foi caracterizado por 33,3% dentística restauradora, 11,1% tratamento endodôntico e 7,4% exodontias. No final, foi entregue uma relação com os nomes desses estudantes com maior necessidade de tratamento odontológico para o cirurgião-dentista da Equipe da Estratégia Saúde da Família, que essa escola faz parte do Programa Saúde na Escola, para que fossem atendidos. Os resultados deste estudo apontam para a necessidade de maior cobertura de saúde bucal no município de Barreirinha, a fim de proporcionar um melhor acesso aos adolescentes e prevenir o agravamento das condições de saúde bucal, como também reforçar as ações de prevenção da cárie dentária.

6718 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER COMO FERRAMENTA DE GESTÃO PARA AVALIAÇÃO DO RASTREAMENTO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO
Lucrecia Formigosa, Samara Machado Castilho, Joana Dulce Cabral Formigosa, Jaqueline Dantas Neres Martins

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER COMO FERRAMENTA DE GESTÃO PARA AVALIAÇÃO DO RASTREAMENTO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO

Autores: Lucrecia Formigosa, Samara Machado Castilho, Joana Dulce Cabral Formigosa, Jaqueline Dantas Neres Martins

Apresentação: O câncer de colo do útero (CCU) possui um meio de diagnóstico simples e eficaz na sua detecção, denominado exame citopatológico do colo do útero e pode ser realizado gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde. O Ministério da Saúde recomenda que a cobertura de rastreamento pelo exame deva atingir 85% da população feminina, na faixa etária de 25 a 64 anos de idade. Entretanto, apesar dos avanços voltados para o rastreamento precoce do CCU e da oferta gratuita do exame pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a incidência da doença ainda é muito elevada no Brasil e especialmente no norte do país, onde ocupa a primeira posição, com taxa bruta estimada de 25,62/100 mil habitantes para o ano de 2019, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer. A organização dos serviços para a prevenção e detecção precoce desses cânceres exige monitoramento e avaliação constantes das ações de saúde realizadas com vistas a reduzir os indicadores de incidência e mortalidade por essas neoplasias. Para tanto, foi implantado em 2013, o Sistema de Informação do Câncer (SISCAN) que integra dados dos sistemas de informação dos Programas de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama (SISCOLO e SISMAMA), e tem como objetivo, enquanto ferramenta de gestão, fortalecer as ações de controle e prevenção destes cânceres. A importância gerencial dos sistemas de informação é caracterizada, pela sua definição, como componente fundamental da Política Nacional de Atenção Oncológica (Portaria GM nº 2439/05, art. 3º). Neste contexto, são de extrema importância os dados fornecidos pelo SISCAN, a fim de subsidiar a análise do desempenho do programa de rastreamento do CCU. A relevância deste trabalho se dá pelo potencial que a temática possui para contribuir para a implementação e fortalecimento de políticas públicas de saúde da mulher na prevenção das doenças e promoção da saúde. Deste modo, a pesquisa teve por objetivo de avaliar o rastreamento do câncer de colo de útero em Belém, Pará, Brasil. Método: Trata-se de estudo transversal, retrospectivo, descritivo, com abordagem quantitativa, utilizando-se a base de dados do SISCAN, de domínio público e irrestrito. Os dados coletados são referentes exames citopatológicos realizados pelas mulheres residentes no município de Belém (PA), no período de 2013 a 2019.  Foram selecionados os seguintes atributos e indicadores: proporção dos exames realizados, por ano e faixa etária/população-alvo; proporção de positividade; proporção de alterações pré-malignas ou malignas nos exames, por ano e faixa etária; citologia anterior; tempo do último exame preventivo; percentual de amostras insatisfatórias; e representatividade da zona de transformação (ZT). Utilizou-se somente a faixa etária de rastreamento (25 a 64 anos), conforme determinam as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do CCU. Foi realizada análise estatística descritiva mediante distribuições de frequência absoluta e relativa, com a utilização do software Excel 2010. Resultado: No período avaliado, foram registradas 66.808 citologias nas mulheres residentes no município de Belém, dos quais 95,6% tiveram como motivo de realização o rastreamento; e apenas 6% não haviam realizado citologia. A realização periódica do exame citopatológico continua sendo a estratégia mais adotada para o rastreamento do CCU. Atingir alta cobertura da população definida como alvo é o componente mais importante na esfera da atenção primária para que se obtenha relevante redução da incidência e da mortalidade por esse tipo de câncer. Majoritariamente, foram realizados em 2019 (42%), o que pode ser explicado pelo longo processo de implantação do SISCAN, havendo nos anos iniciais uma subnotificação dos exames realizados, principalmente, pela coexistência com os antigos sistemas de informação (SISCOLO e SISMAMA). Apenas 0,3% das amostras foram insatisfatórias, estando dentro dos limites recomendados pelo MS (1%). Havia representatividade da ZT em 71,7% dos casos, o que significa dizer que aqueles exames possuíam representação do epitélio metaplásico e/ou glandular (endocervical). O profissional de saúde, ao apresentar o resultado do exame à mulher, deve analisar se a amostra teve representatividade da ZT, visto que a maioria das lesões precursoras do CCU surgem nessa região. Em 42% dos casos, o tempo decorrido do último preventivo foi de 1 (um) ano; e em 21% foi de 2 (dois) anos, o que era esperado, considerando o caráter oportunístico do programa de rastreamento brasileiro. A repetição do exame citopatológico no período até um ano é indicada somente para mulheres que realizaram o exame pela primeira vez, ou que tiveram exames com amostra insatisfatória, ou que apresentaram alterações com necessidade de controle em intervalo. Houve alteração em 92% dos exames, sendo 6% foram atípicas de células escamosas; e 1% de celulares glandulares. Entre as atípicas escamosas, as principais forma as lesões de baixo grau (NIC I), representando 82% delas. As alterações consideradas pré-malignas ou malignas encontradas nos exames foram os adenocarcinomas e corresponderam a 0,2% da amostra total. É consenso na literatura que um programa de rastreamento bem organizado pode reduzir a incidência e a mortalidade do câncer do colo uterino em até 90%, cujas evidências vêm, principalmente, da experiência de países desenvolvidos, onde foram obtidas reduções significativas após a introdução de programas de rastreio de base populacional. Considerações finais: Destarte, observou-se elevado percentual de repetição anual do exame, baixa captação de mulheres que nunca realizaram o exame, baixa proporção de positividade dos exames e baixa representatividade da zona de transformação. Não foi possível a avaliação das informações socioeconômicas, devido à baixa completitude sobre as mulheres cadastradas no programa. Os resultados demonstram a importância de conhecer a distribuição dos exames de colo do útero para organizar o acesso a rede de serviços, contribuindo para a estruturação das redes de assistência à saúde e otimizando a utilização dos recursos. Ademais, percebeu-se a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde na atenção primária, especialmente o enfermeiro que exerce um papel fundamental na prevenção desse tipo de câncer, o que se dá por meio de atividades de monitoramento, da prevenção dos fatores de risco, do esclarecimento de dúvidas e da realização de exames preventivos, buscando garantir a qualidade e a segurança do cuidado na atenção primária. Desta feita, torna-se notório que os sistemas de informação são ferramentas indispensáveis à gestão dos programas de saúde, por subsidiarem tomadas de decisão embasadas no perfil epidemiológico e na capacidade instalada de cada localidade. 

6910 CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA SÍFILIS CONGÊNITA NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO (RJ): 2008-2017
Sandra Vitória Thuler Pimentel, Helia Kawa, Lidiane Santos de Morais, Sandra Costa Fonseca

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA SÍFILIS CONGÊNITA NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO (RJ): 2008-2017

Autores: Sandra Vitória Thuler Pimentel, Helia Kawa, Lidiane Santos de Morais, Sandra Costa Fonseca

Apresentação: A Sífilis Congênita (SC) é uma doença infecciosa evitável, de tratamento simples e eficaz. Contudo, persiste como um importante agravo de saúde pública no Brasil, apresentando taxas crescentes de incidência, chegando a 8,6/mil nascidos vivos (NV) em 2017. Merece destaque a alta taxa do Estado do Rio de Janeiro no mesmo ano, 18,8 casos/mil NV, a mais elevada entre as unidades federadas, e, no estado, o município de São Gonçalo, com 38,3 casos/mil NV, mais de 70 vezes o recomendado pela OMS e Ministério da Saúde, de 0,5 casos/mil NV. Em relação à taxa de mortalidade infantil por sífilis congênita, São Gonçalo passou de 8,6 óbitos/100mil NV em 2011 para a marca de 70,9 óbitos/100mil NV em 2017, ficando 11 vezes superior à nacional (6,1 óbitos/100mil NV). Vale ressaltar que São Gonçalo é o município com a segunda maior população do estado (aproximadamente 1.084.839 em 2019), superado apenas pela capital. Apresenta IDH de 0,739, considerado alto, ocupando a 14ª posição do estado. Segundo o IBGE, o índice de Gini é de 0,46 com uma incidência de pobreza de 24,74%. Atualmente, a sífilis congênita tem sido alvo de políticas públicas, como por exemplo, a portaria 3502 de dezembro de 2017, que instituiu no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Estratégia de fortalecimento das ações de cuidado das crianças suspeitas ou confirmadas para Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika e com outras síndromes por sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes. Esta estratégia reforça a Rede Cegonha, implantada em 2011, que prevê assistência durante a gestação, parto, pós-parto e o desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Por meio da Rede Cegonha, foram implantados testes rápidos para triagem de sífilis na Atenção Básica, como um conjunto de estratégias do Ministério da Saúde, com objetivo de ampliar o acesso da população à detecção da sífilis, e ao diagnóstico oportuno da sífilis nas gestantes e parceiros durante o período gestacional, reduzindo assim a transmissão vertical. Ademais, no ano de 2019, no Estado do Rio de Janeiro, foi instituído o Programa Estadual de Financiamento da Atenção Primária à Saúde – PREFAPS (estratégia para o financiamento da Atenção Primária em Saúde), baseado em indicadores estratégicos escolhidos anualmente pela Secretária de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Foram determinados, entre outros, o indicador 4: Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal, tendo como meta 75% e o indicador 6: Número de casos novos de sífilis congênita em menores de 1 ano com a meta de redução de 5% em relação ao ano anterior. Ambos são importantes indicadores a serem considerados para avaliar a qualidade do atendimento pré-natal. A partir deles, os gestores poderão avaliar e acompanhar as estratégias adotadas e usá-los como base para fazer ou readequar seu planejamento de ações, visando alcançar um melhor desempenho das equipes e, consequentemente, aprimorar o serviço ofertado para a população. Esse cenário aponta para a relevância de compreender melhor os processos epidemiológicos relacionados à doença, juntamente com as propostas de gestão dos serviços de saúde para enfrentar o problema, tentando entender as falhas dessa linha de cuidado, e assim orientar as atividades de controle da sífilis no município. O objetivo deste trabalho é estudar/analisar as características epidemiológicas da sífilis congênita no município de São Gonçalo (RJ) no período de 2008 a 2017, levando-se em conta características maternas e da atenção primária no município. Desenvolvimento: Utilizaram-se dados secundários relativos à sífilis congênita no município de São Gonçalo, disponíveis no Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN), do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), no período 2008 a 2017, considerando idade da mãe, escolaridade, cor/raça, realização de pré-natal, data do diagnóstico, tratamento materno e do parceiro. Para analisar a tendência temporal, utilizou-se o programa Joinpoint regression. Também foi consultado o e-gestor AB para verificar as estratégias utilizadas para a prevenção, controle e tratamento da doença. Resultado: No período analisado verificou-se crescimento da taxa de incidência da SC em menores de um ano, sendo em 2017, de 38,8/mil NV, nove vezes maior do que em 2008 (4,2). Entre as características sociodemográficas maternas, de 2008 a 2017, destaca-se que 34% das mulheres tinham escolaridade baixa ( 8 anos), 35% média (8-11 anos) e 30% ignorada. Em relação à faixa etária, houve aumento na proporção de mulheres com 30 e mais anos, atingindo 12% em 2017, persistindo o maior número de casos na faixa de 20-29 anos (58%). No que se diz respeito a cor/raça, 67,7% eram autodeclaradas pardas, 13,7% brancas e 13,4 % pretas. O pré-natal foi realizado em 82% dos casos, contudo até 2013 a maioria dos casos eram diagnosticados somente no parto/curetagem; após 2014 já se diagnosticava mais no pré-natal, chegando a 58,8% em 2017; ainda sim, apenas 0,2% destes receberam tratamento adequado. Observa-se que, para a variável tratamento do parceiro, a maioria era classificada como ignorado até 2013 (61%); contudo, houve melhora desse indicador alcançando 3,7% ignorado e 32% dos parceiros tratados em 2017. Quanto aos serviços de saúde do município, observa-se que em 2017 a cobertura da população pela Atenção Básica atingiu 84,02%, maior do que a do Estado no geral (68,7%), sendo o 5º município com maior cobertura de atenção básica do estado. Já a cobertura da população por ACS é de 63,7%. Em São Gonçalo, a razão de consultas médicas na Atenção Primária à Saúde foi de 0,04 em 2017 (30.525 consultas para aproximadamente 1 milhão de habitantes), 18,5 vezes inferior à estadual (0,74), sendo o recomendado 2 a 3 consultas médicas/hab./ano. Mais da metade das gestantes (67,55%) realizaram 7 ou mais consultas de pré-natal no município. A distribuição temporal da taxa de incidência do período mostrou uma tendência de relevante crescimento com variação percentual anual de 33,9% (IC: 9,4; 64,0), havendo um incremento maior nos anos de 2012-2017. Neste último período, houve aumento percentual anual mais expressivo, de 75,4% (IC: 64,8; 86,7). Considerações finais: Ressaltam-se os elevados e crescentes indicadores da SC observados em São Gonçalo. O número de casos vem aumentando, mesmo no grupo de mulheres que realizaram o pré-natal, o que reflete falhas no cuidado, tanto no diagnóstico quanto na realização de um tratamento adequado. A maior incidência é em mulheres jovens, pardas e com baixa e média escolaridade, padrão semelhante ao observado no Estado e no país. A cobertura pela atenção básica no município é boa, entretanto, bastante heterogênea, observando-se áreas com deficiência na cobertura por ACS, cujo papel é de fundamental importância na busca ativa de gestantes para realização do pré-natal. Algumas das estratégias que podem ser utilizadas por gestores e profissionais da atenção básica envolvem sensibilização e maior captação no pré-natal. São elas: atividades de orientação e capacitação, formação de grupos, palestras na própria unidade de saúde adequadas à realidade local, envolvimento de demais serviços e parceria com líderes comunitários, associação de moradores e outras instituições que tenham papel relevante na comunidade. Para que assim, se possa prevenir e controlar essa enfermidade, que ainda é um relevante problema de saúde pública no município.  

8670 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Marieli Thomazini Piske Garcia, Gabriela Callo Quinte

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Autores: Marieli Thomazini Piske Garcia, Gabriela Callo Quinte

Apresentação: A sífilis é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum e se apresenta como um desafio à saúde pública em todo o mundo. É um agravo transmitido por via sexual, vertical pela placenta da mãe para o feto, ou ainda, por outras formas de transmissão como por via indireta (objetos contaminados) e por transfusão sanguínea. Falando especificamente da Sífilis Congênita, esta é resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum da gestante infectada não tratada ou inadequadamente tratada para o concepto por via transplacentária. O objetivo foi descrever os casos notificados de sífilis congênita em recém nascidos no Estado do Espírito Santo, no período 2009 a 2013. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo de dados secundários de casos de sífilis congênita, notificados no Estado do Espírito Santo, Brasil, no período de 2009 até 2013, disponíveis publicamente na plataforma do Ministério da Saúde através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis em estudo foram: diagnóstico da sífilis materna, escolaridade da genitora, realizou pré-natal nesta gestação, parceiro(s) tratado(s) concomitantemente a gestante e evolução. O processamento e análise dos dados (frequência, porcentagem, incidência) foram feitos a partir da Tabulação para Windows (Tabwin) e do programa Microsoft Office Excell 2007 for Windows.  Resultado: Os dados analisados mostram que o Espírito Santo apresentou 834 casos notificados de sífilis congênita no período de 2009 até 2013, com incidência de 2,1 até 2,3 casos nos anos avaliados. Foi observado que 30,0% (251 casos) das gestantes possuíam de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental, 50,0% tiveram seu diagnóstico estabelecido durante o pré-natal, 28,0% não realizaram o pré-natal, 69,0% dos parceiros não foram tratados e 88,0% foram classificados como Sífilis Congênita Recente. Considerações finais: No período em estudo o Espírito Santo apresentou uma incidência de sífilis congênita acima da meta da Organização Mundial de Saúde (0,5 ou menos casos de sífilis congênita para cada mil nascidos vivos). Ainda, os resultados possibilitaram conhecer as características dos casos, onde seria possível interferir na qualidade da assistência pré-natal ofertada às gestantes, no diagnóstico e tratamento materno e do parceiro, na sensibilização dos familiares e profissionais de saúde quanto às informações e educação em saúde sobre a doença e importância da prevenção e instituição do tratamento, com consequente controle da sífilis gestacional e congênita.

9368 PROPORÇÃO DE CESÁREAS NAS REGIÕES SUDESTE E NORDESTE NO PERÍODO DE 2007 A 2017
Maria Eduarda Borges de Carvalho, Gerson Marinho, Callyne Duarte Feitosa, Lucas Lima

PROPORÇÃO DE CESÁREAS NAS REGIÕES SUDESTE E NORDESTE NO PERÍODO DE 2007 A 2017

Autores: Maria Eduarda Borges de Carvalho, Gerson Marinho, Callyne Duarte Feitosa, Lucas Lima

Apresentação: Este é um estudo transversal que visa avaliar os fatores predisponentes relacionados ao número de partos por cesariana, a partir da população selecionada. Em condições ideais, essa cirurgia é segura e com baixa frequência de complicações graves. Além disso, quando realizada em decorrência de razões médicas, a cesariana é efetiva na redução da mortalidade materna e perinatal. Entretanto, é frequentemente utilizada de forma desnecessária, sem razões médicas que possam justificar as altas taxas observadas no Brasil. Este estudo tem como objetivos: apresentar e discutir a proporção do número de cesáreas nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil, no período de 2007 a 2017 utilizando as variáveis cor/raça e idade gestacional e comparar as proporções de cesáreas entre as duas regiões estudadas. Para fins de análise traçou-se a relação comparativa com variáveis de hipóteses segundo cor/raça, idade gestacional e região. O estudo foi analisado com base dos dados disponíveis no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC (Sistema desenvolvido pela plataforma Datasus, com o objetivo de reunir informações epidemiológicas referentes aos nascimentos de todo o território nacional) entre os anos de 2007 e 2017. Essas regiões foram escolhidas devido ao elevado número de cesáreas em relação aos outros territórios do país no período referido. Quanto aos resultados referentes à distribuição de ocorrência de nascidos vivos por partos cesáreos e os nascidos vivos totais, incluindo todos os tipos de parto, foi percebido que a Região Sudeste detém uma taxa de distribuição mais alta, com em média 11% a mais, quando comparada à Região Nordeste. Porém, avaliando uma tendência temporal, o resultado foi que a Região Nordeste obteve um aumento significativo de 14% na proporção de ocorrência ao longo dos anos dentro do período estudado (entre 2007 e 2017), enquanto que na Região Sudeste o aumento foi de 4%. Em relação à variável cor/raça, foi observado que na Região Nordeste, as mulheres autodeclaradas pardas obtiveram, durante os anos analisados, um aumento de 1,11% na realização de cesarianas, enquanto com as mulheres autodeclaradas brancas, o aumento foi de 0,59%. O mesmo acontece com a Região Sudeste, onde os resultados apontam que a taxa de cesariana aumentou em 1,68% nas mulheres autodeclaradas pardas, enquanto que nas brancas aumentou em 0,78%. Segundo o DATASUS, a cesariana na Região Nordeste, apesar de ser maioria, ainda apresenta menor número do que no Sudeste. Pode-se dizer que condições socioeconômicas influenciam diretamente nesses números, considerando que a população da Região Sudeste possui maior concentração de renda. Ao investigar os fatores determinantes da alta incidência da cirurgia cesariana, percebe-se também em especial que está interligado ao grau de escolaridade da mulher. Quanto maior nível de instrução, maior será a prevalência por cesariana, e em algumas situações, mesmo sem o fator de risco se sobrepondo, a mulher é induzida a procedimentos cirúrgicos. Leva-se também em consideração a questão cultural de cada região.

9762 ANÁLISE ESPACIAL DA REDE DE SAÚDE BUCAL DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SAQUAREMA (RJ)
Rodrigo Pires Figueira, Adriana Martins Figueira

ANÁLISE ESPACIAL DA REDE DE SAÚDE BUCAL DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SAQUAREMA (RJ)

Autores: Rodrigo Pires Figueira, Adriana Martins Figueira

Apresentação: Um desafio constante para qualquer serviço público em especial o da saúde no Sistema Único de Saúde, é a localização espacial das unidades de saúde, que devem estar em locais que melhor atendam às necessidades dos usuários, de forma a facilitar o acesso ao mesmo. O Objeto de estudo: Análise Espacial da distribuição física ideal da rede de serviços de saúde bucal do SUS do município de Saquarema. Objetivo Geral: Realizar Análise Espacial da localização dos níveis da atenção primária e secundária da saúde bucal do município de Saquarema levando em consideração as condições que possam facilitar ou dificultar a acessibilidade aos usuários. Objetivo: Específicos: Levantar e analisar a conformação da Rede de ações e serviços da saúde bucal em relação território e a população do município; traçar os fluxos existentes entre atenção primária e secundaria da saúde bucal em Saquarema e descrever a atual oferta do transporte público dos territórios cobertos por USF. Metodologia e procedimentos: O estudo tem caráter exploratório, constituindo uma análise espacial, portanto de caráter quantitativo. O cenário de estudo foi Saquarema que é um município do Estado do Rio de Janeiro. Na coleta de dados foram utilizados o aplicativo de celular: MOBILE TOPOGRAPHER© que é um topógrafo, para localizar as coordenadas das unidades de saúde, já para a criação da base cartográfica foi utilizado o software: QGIS© que é um Sistema de Informação Geográfica (SIG). Na análise de dados foram utilizadas as técnicas de: Área com Contagens e Taxas Agregadas, assim como Linha de Desejo. O estudo pretende contribuir para a gestão do município para um olhar mais técnico sobre a distribuição física ideal de sua rede SUS, aproveitando o momento atual em que a mesma passa por uma expansão da atenção primária. Resultado: A pesquisa apontou a importância da utilização do instrumento do SIG e da necessidade da gestão se apropriar das informações pertinentes ao perfil do seu território, para o planejamento de suas ações, além de subsidiá-la na tomada de decisão para futuras ampliações de sua Rede SUS, bem como apontou necessidade da melhora dos serviços de transporte público que estão intimamente ligados ao deslocamento desta população na rede.

9860 DA SALA DE ESPERA À MESA DE PARTO: MORTALIDADE MATERNA EM MULHER PRETA NO BRASIL
Marianna Rios de Souza, Arthur Thomaz, Emily Figueiredo, Mariana Ponciano, Roberto Rocha, Sandra Vitoria Pimentel, Helia Kawa, Edna Massae Yokoo

DA SALA DE ESPERA À MESA DE PARTO: MORTALIDADE MATERNA EM MULHER PRETA NO BRASIL

Autores: Marianna Rios de Souza, Arthur Thomaz, Emily Figueiredo, Mariana Ponciano, Roberto Rocha, Sandra Vitoria Pimentel, Helia Kawa, Edna Massae Yokoo

Apresentação: A mortalidade materna é classificada, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), como: A morte de uma mulher durante ou até 42 dias após o término da gravidez, independentemente da duração e do local da gravidez, por qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez ou pela sua gestão, mas não devido a causas acidentais ou incidentais. O conhecimento da razão da mortalidade materna (RMM) é indispensável para o planejamento e gerência das ações de saúde, em qualquer instância, sendo obtido por meio da análise das declarações de óbito e, se possível, mediante investigações da causa básica do óbito de mulheres em idade fértil. No Brasil, a mortalidade materna se configura como problema de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde (MS), as altas taxas de mortalidade materna compõem um quadro de violação dos direitos humanos de mulheres e de crianças, atingindo desigualmente aquelas das classes sociais com dificuldade de acesso aos bens sociais, nas várias regiões brasileiras.Juntamente com as questões socioeconômicas emerge a questão racial. A análise é difícil por causa da dificuldade de entendimento da classificação entre raça e cor. Vários autores afirmam que as mulheres negras têm os piores níveis de renda e escolaridade no Brasil. O presente estudo tem por objetivo analisar a tendência da RMM de mulheres pretas e não pretas, considerando as macrorregiões do País, e a faixa etária, bem como verificar as diferenças entre alguns marcadores de assistência à saúde materna (assistência pré-natal, causa de óbitos maternos) destes grupos sociais. Estes resultados poderão subsidiar a construção de um cenário para a compreensão dos processos epidemiológicos e da gestão dos serviços de saúde para a redução da mortalidade materna, principalmente do grupo socialmente mais vulnerável. Desenvolvimento: Estimou-se a razão de mortalidade materna (RMM) pelos dados secundários disponíveis no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e pelos do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), no site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), relativos ao período de 2012 a 2017. A RMM foi estimada para mulheres autodeclaradas pretas e não pretas, por macrorregião do País (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), considerando-se também a idade materna por cada faixa etária (≤ 19 anos, de 20 a 34 anos e ≥ 35 anos). Para analisar a tendência temporal da RMM no período, utilizou-se o programa Joinpoint Regression. Neste estudo utilizou-se a definição de mulheres pretas e não pretas como mulheres que se identificam como pertencentes à cor preta e mulheres pertencentes às cores branca, parda e indígena, respectivamente. O termo preta é relacionado com a cor da pele, enquanto o termo negra com  à questão racial. Para analisar a qualidade da assistência a saúde materna, também foram consideradas para o ano de 2017 as informações sobre consulta de pré-natal, causa de morte materna segundo as categorias da CID 10 de mulheres pretas e não pretas. Resultado: No período analisado, a tendência da RMM de mulheres pretas no Brasil é consideravelmente maior do que a de mulheres não pretas. Verificou-se também que a RMM diminuiu 16,57% na variação percentual anual (APC) de morte materna em não pretas,, enquanto que a mortalidade de mulheres pretas cresceu 59,36%. Considerando as macrorregiões do Brasil, verificou-se que Norte e Nordeste apresentaram os indicadores mais elevados, e a região Sul, os mais baixos, provavelmente refletindo as diferenças entre as condições socioeconômicas das macrorregiões, as quais se refletem diretamente na assistência a saúde materna.​Ao analisar a RMM em função das faixas etárias, no ano de 2017, este estudo demonstra que mulheres menores de 19 anos pretas apresentaram RMM maior em todas as macrorregiões, à exceção do Nordeste. Na faixa etária de 20 a 34 anos, verificou-se que a RMM de mulheres pretas é mais elevada em todas as macrorregiões, ressaltando que não é considerada uma idade de risco para engravidar. Na faixa etária acima de 35 anos, a RMM também é maior em mulheres pretas em todas as macrorregiões, sendo esta considerada a faixa etária de risco para engravidar. Como reflexo da precariedade do acesso a saúde das gestantes pretas, destaca-se a faixa etária dos 20 a 34 anos, pois, mesmo sem ser esta faixa etária considerada de risco para gravidez, não foi possível evitar o óbito destas mulheres. As consultas pré-natais são um meio de avaliar a existência e a qualidade do atendimento, podendo ser considerado como um marcador do acesso ao serviço em cada uma das macrorregiões. Observou-se que em todas as regiões do País, com exceção do Norte, há proporcionalmente mais gestantes pretas que não fizeram nenhuma consulta pré-natal do que não pretas e, em todas as regiões, as proporções de mulheres pretas que fizeram apenas de 1 a 3 consultas são maiores do que as das não pretas. Porém, observou-se que, com exceção da região Norte, há predominância de mulheres não pretas realizando 7 ou mais consultas de pré-natal.Quanto à análise das causas da mortalidade materna (CID 10), verificou-se que as mães pretas apresentaram maior proporção de óbitos do que as não pretas, devido a problemas como edema, proteinúria e hipertensão arterial sistêmica. Sabe-se que a mortalidade por essas causas pode ser evitada por meio do acompanhamento adequado no pré-natal. Contudo, conforme também verificado neste estudo, as mães pretas apresentaram maior proporção entre as que nenhum ou menor numero de consultas de pré-natal realizaram, evidenciando assim o menor acesso ao serviço de saúde das mulheres pretas, sendo esta a geratriz desse problema, para evitar a mortalidade materna das mães pretas. O padrão de causas de mortalidade materna identificado no Brasil é o mesmo nas cinco macrorregiões do País. Considerações finais: A análise dos dados dos dados revela que o risco de mortalidade materna em mulheres pretas é maior que o risco entre as demais autodeclaradas de cor/raça, considerando-se a faixa etária e por macrorregião do País. A morte materna da mulher preta é, em geral, evitável, e diretamente relacionada ao acesso aos serviços de saúde, principalmente os de qualidade. Por serem as mães pretas as mais atingidas, é preciso formular metas consistentes e foco em ações diferenciadas, para solução. Os gestores do poder público responsáveis devem promover ações específicas para combate a desigualdades desse tipo, não apenas na retórica, mas efetivamente, promovendo ações para reduzir essa vulnerabilidade e ampliando o acesso ao serviço de qualidade. As políticas de promoção de equidade no SUS exigem foco na população mais vulnerável. Ressalta-se a importância de compromisso político com a problemática aqui apresentada, independente da gestão atuante, pois estas questões não são recentes, e ocorrem de modo continuado. Era possível reverter muitos dos casos apresentados neste estudo, melhorando o acompanhamento pré-natal. Reduzir-se-iam os números de morte materna por causas evitáveis, entre outros tantos não incluídos no escopo deste trabalho.

10237 MULHERES EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES
Márcia Helena Leal, Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Guilherme Augusto Pires Gomes, Rosana Ballestero Rodrigues

MULHERES EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES

Autores: Márcia Helena Leal, Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Guilherme Augusto Pires Gomes, Rosana Ballestero Rodrigues

Apresentação: Este estudo apresenta os resultados da pesquisa cujo objetivo foi analisar as políticas públicas para mulheres buscando identificar se as mulheres em situação de rua são contempladas nestas políticas por meio de análise documental. A população em situação de rua, representa a expressão de uma sociedade e encontra-se impregnada de diversos tipos de violações de direitos dos quais podemos destacar, o direito à moradia, a saúde, a educação e ao lazer. Destacamos que este grupo social representa hoje um total de 101.854 pessoas no Brasil, de acordo com os dados do Instituto de Pesquisa Estatística Aplicada (IPEA). Neste contexto o investimento de políticas públicas que reconheçam as necessidades desta população torna-se relevante, embora em sua maioria ser do sexo masculino, existe uma parcela crescente constituída por mulheres, que por sua condição de gênero vivencia tal realidade de forma muito mais vulnerável e exposta a outros tipos de violência, aumentando os riscos sociais e as desigualdades e sua invisibilidade. Ao reconhecer que as mulheres necessitam de políticas que garantam seus direitos nas suas especificidades e necessidades faz-se necessário identificar as políticas públicas que contemplam este recorte das mulheres em situação de rua. Desenvolvimento: A partir do objetivo do estudo de identificar as políticas públicas para as mulheres e analisar o quanto estas políticas foram pensadas para atender as demandas das mulheres que vivem em situação de rua, optou-se a revisão bibliográfica e análise documental das políticas públicas para mulheres instituídas pela Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) que hoje faz parte do Ministério da mulher, família e dos direitos humanos. Resultado: Nos resultados foram identificadas políticas contendo ações, serviços e programas que visam para contemplar a necessidade das mulheres de maneira geral, dentre estes destacamos a própria SPM-PR tendo como principal objetivo promover a igualdade entre homens e mulheres e combater todas as formas de preconceito e discriminação, criada em 2003 veio lutando para a valorização da mulher e de sua inclusão no processo de desenvolvimento social, econômico, político e cultural do País e em 2018 saiu da Presidência da República passando a ser parte do Ministério da mulher, família e dos direitos humanos. A Política de Igualdade de Gênero no Campo, na Floresta e nas Águas discute a promoção da igualdade entre homens e mulheres no Brasil rural onde vivem mais de 14 milhões de mulheres, na sua maioria, em condições precárias agravadas pela distância das áreas urbanas e dos serviços públicos, levando em consideração as diferenças de raças, etnias, povos, religiões, sistemas de produção e estruturas sociais, bem como de acesso a recursos naturais, tecnológicos e financeiros para trabalhadoras rurais, agricultoras familiares, camponesas, extrativistas, quebradoras de coco babaçu, pescadoras, seringueiras, quilombolas, indígenas e ribeirinhas. O serviço “Ligue 180” criado em 2005 é uma central telefônica para esclarecer às vítimas sobre seus direitos e onde e como obter ajuda. O serviço é nacional e gratuito sendo uma importante porta de entrada na rede de atendimento para as mulheres. A Ouvidoria da Mulher tem o objetivo de estabelecer canais de comunicação com a sociedade, orientando e informando na busca e defesa dos direitos das mulheres. De forma geral, as questões levantadas pelas mulheres dizem respeito à violação de direitos associada à questão de gênero. Elas incluem desde sugestões, solicitações, reclamações, e até denúncias de crimes e pedidos de apoio a mulheres em situação de violência.9 A Lei Maria da Penha de 2006 trata à defesa dos direitos das mulheres brasileiras em relação ao enfrentamento a violência doméstica e familiar contra as mulheres. A lei altera o código penal e possibilita que agressores sejam presos em flagrante, ou tenham sua prisão preventiva decretada, quando ameaçarem a integridade física da mulher.O Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres de 2007, constituiu num acordo federativo tripartite para o planejamento de ações que visem à consolidação da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, através da implementação de políticas públicas integradas em todo o território nacional. 4A  rede de atendimento à mulher em situação de violência contempla setores/áreas (saúde, justiça, segurança pública e assistência social). Destacamos o Programa Mulher Viver sem Violência com ações estratégicas para a promoção da integração dos diversos serviços públicos existentes de atendimento às mulheres em situação de violência, articulando os atendimentos especializados nos âmbitos da saúde, segurança pública, justiça, atendimento sócio assistencial, psicossocial e promoção da autonomia econômica. ³As conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres também são consideradas de grande importância, em destaque a 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres como espaço de luta e garantias políticas públicas de gênero, com enfoque na diversidade, esta contempla mulheres negras, indígenas, quilombolas, de matriz africana, ciganas, de comunidades e povos tradicionais, de terreiro, do campo, das águas, da floresta, lésbicas, transexuais, travestis, egressas do sistema prisional, com deficiência e com mobilidade reduzida. Na saúde destacamos o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) criado em 1983, em 2004 a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher sendo, legitimada por diversos setores da sociedade e pelas instâncias de controle social do Sistema Único de Saúde (SUS). Considerações finais: Concluímos que diante da análise das políticas públicas para mulheres, observou-se em seus conteúdos um olhar voltado principalmente para as necessidades das mulheres que vive num contexto domiciliar. A rua como um fator de vulnerabilidade sócio econômica, exposição à violência e precariedade para as condições de saúde das mulheres em situação de rua é pouco fomentada pelas políticas existentes. Embora existam iniciativas de políticas nas áreas de saúde e assistência social para o atendimento à mulher em situação de rua, ainda é um desafio dar visibilidade e reconhecer os direitos básicos destas mulheres ate mesmo em politicas especificas para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Deste modo, a invisibilidade observada na população em situação de rua em relação à sociedade, parece representar para a mulher ainda um desafio maior no que se refere à construção de políticas públicas que reconheçam a vulnerabilidade da mulher em situação de rua. 

10754 ANÁLISE DAS EQUIPES DE SAÚDE BUCAL DESCLASSIFICADAS NO 3º CICLO DO PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA – PMAQ/AB DO ESTADO DO PARÁ
ADALBERTO LIRIO DE NAZARE LOPES, LILIANE SILVA DO NASCIMENTO, INGRID AMANAJÁS DE OLIVEIRA, Rosana Nazaré Leão Souza

ANÁLISE DAS EQUIPES DE SAÚDE BUCAL DESCLASSIFICADAS NO 3º CICLO DO PROGRAMA NACIONAL DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA – PMAQ/AB DO ESTADO DO PARÁ

Autores: ADALBERTO LIRIO DE NAZARE LOPES, LILIANE SILVA DO NASCIMENTO, INGRID AMANAJÁS DE OLIVEIRA, Rosana Nazaré Leão Souza

Apresentação: O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), lançado pelo Ministério da Saúde e instituído pela Portaria nº 1.654 GM/MS, de 19 de julho de 2011, tem como objetivo a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica e traz a proposta de avaliação e coordenação de ações para melhoria do padrão de qualidade assistencial nos serviços públicos de saúde, por meio das equipes de atenção básica. Em 2015, iniciou seu 3º ciclo e a partir da avaliação externa, o desempenho das equipes foi classificado em: desclassificada, insatisfatória, ruim, regular, bom, muito bom e ótimo. Desse modo, é objetivo deste trabalho descrever a desclassificação das equipes de saúde bucal no 3° ciclo do PMAQ-AB, do Estado do Pará. Este estudo quantitativo, descritivo, de corte transversal, utiliza os dados secundários obtidos pelo PMAQ-AB Pará, realizado no ano de 2018. O Pará agrega, segundo o IBGE, seis mesorregiões: mesorregião Metropolitana de Belém, Baixo Amazonas, Marajó, Nordeste, Sudeste e Sudoeste paraense. No Pará, 1.101 equipes de saúde participaram da avaliação externa do 3° ciclo do PMAQ-AB e 60 equipes de saúde foram desclassificadas, sendo 34 equipes de saúde bucal (AB/SB), com os motivos: ausência da cadeira odontológica em 26 equipes e recusa em responder a avaliação externa de 8 equipes. A desclassificação de equipes de saúde bucal, por mesorregião, foi de 41% no Sudeste Paraense, 23% no Nordeste Paraense, 18% na região Metropolitana, 12% no Sudoeste Paraense e 6% no Marajó. Conclui-se que os achados deste estudo são preocupantes, uma vez que os motivos de desclassificação, recusa em responder ao questionário da avaliação externa e ausência de cadeira odontológica, são cabíveis de resolução, seja em nível de gestão municipal e/ou em nível dos atores envolvidos. Os dados referentes à ausência da cadeira odontológica implicam diretamente na garantia da qualidade da atenção à saúde à população, sobretudo na oferta dos serviços de saúde odontológicos, visto que se torna inviável o profissional da equipe de saúde bucal desenvolver todas as suas atribuições clínicas. Assim, os dados oficiais do 3° ciclo da avaliação externa do PMAQ-AB, permitem concluir que o referido programa constitui uma boa ferramenta de avaliação das equipes de saúde, pois a partir dela, é possível discutir e reafirmar a importância da saúde bucal, a fim de construir novas políticas de saúde que visem à garantia do acesso e que reduzam as iniquidades municipais presentes, pois a qualidade e oferta de serviços de saúde devem ocorrer em todos os níveis de organização.

6586 AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ESTADO DO PARÁ
Andréa Cristina Marassi Lucas, Sâmela Stefane Corrêa Galvão, Adalberto Lírio de Nazaré, Pettra Lira Matos, Alexandre Eduardo Rios Lucas, Ana Maria Baia Cardoso, Lucas de Oliveira da Silva, Liliane Silva do Nascimento

AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ESTADO DO PARÁ

Autores: Andréa Cristina Marassi Lucas, Sâmela Stefane Corrêa Galvão, Adalberto Lírio de Nazaré, Pettra Lira Matos, Alexandre Eduardo Rios Lucas, Ana Maria Baia Cardoso, Lucas de Oliveira da Silva, Liliane Silva do Nascimento

Apresentação: Os fundamentos legais do Sistema Único de Saúde (SUS) através do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, definem a organização do SUS e as atribuições dos entes federativos que incluem o Planejamento, o Controle e a Avaliação das ações e serviços de saúde. A avaliação em saúde tem importância considerável para identificação dos problemas e posterior acompanhamento e elaboração de propostas de intervenção para que haja melhoria dos serviços nas unidades de saúde. O Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) tem como objetivo induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da Atenção Básica, com garantia de um padrão de qualidade comparável nacional, regional e localmente, de maneira a permitir maior transparência e efetividade das ações governamentais direcionadas à Atenção Básica em Saúde. Através do Programa, podem ser avaliados a estrutura física, a ambiência, a organização dos serviços e cuidado aos usuários, o processo de trabalho, a satisfação e percepção dos usuários quanto ao acesso e utilização dos serviços de saúde. A Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) foi instituída pelo Ministério da Saúde (MS), em 2004, com o objetivo de promover a reorganização da prática e da qualificação das ações e serviços oferecidos, através de ações em saúde bucal voltadas para os usuários de todas as idades, visando à ampliação do acesso ao tratamento odontológico gratuito por meio do SUS. Desta forma, se faz necessário compreender a forma de organização das Equipes de Saúde Bucal no Estado do Pará e de que forma esse comportamento afeta a assistência odontológica nas unidades de saúde, no que se refere ao acesso, qualidade e continuidade do cuidado aos usuários no âmbito da Saúde Bucal. Logo, este estudo teve por objetivo avaliar a assistência odontológica na Atenção Primária à Saúde dos municípios do Pará que aderiram ao 2º Ciclo do PMAQ/AB aos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs). Desenvolvimento: Trata-se de proposta de estudo epidemiológico descritivo e analítico, com análise dados secundários do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS), e dados extraídos do sistema e-gestor, referentes à fase de avaliação externa das 508 equipes de Saúde Bucal (ESB), dos 115 municípios do Estado do Pará participantes do 2º Ciclo do PMAQ e dados dos 28 municípios do Estado do Pará participantes do 1º Ciclo do PMAQ-CEO, no ano de 2013 a 2014. As variáveis do PMAQ-AB para análise foram retiradas do Módulo VI, itens 14 e 15 do “Instrumento de avaliação externa para as equipes de atenção básica (AB)”, aplicada aos cirurgiões dentistas das ESB das unidades básicas de saúde (UBS) participantes, por meio de formulários padronizados para aplicação, com o intuito de avaliar os serviços oferecidos na AB desses municípios. Foram extraídos também, dados referentes à avaliação externa do módulo VIII, itens 9 e 10, aplicada aos cirurgiões-dentistas dos CEO(s) dos municípios do Estado do Pará participantes do 1º Ciclo do PMAQ-CEO. Resultado: Considerando a cobertura de saúde bucal do Estado no período do estudo de 28%, observando a importância do fluxo de encaminhamento da rede de AB para o CEO, e analisando os resultados do presente trabalho, demonstrou-se que das 508 ESB (s) participantes do 2º Ciclo do PMAQ/AB no Estado do Pará, 271 informaram que suas unidades ofertam consultas especializadas. Porém, quando existe a necessidade de encaminhar o usuário para consulta especializada, somente 10,71% das ESB informou que o paciente sai com a consulta agendada pela própria UBS, demonstrando que o sistema de referência e contra referência fica a critério de deslocamento individual do usuário e, portanto pode haver prejuízo no acesso do usuário ao serviço especializado de Odontologia. Com a implantação dos CEO(s) e a expansão das ESB na AB, a partir da PNSB em 2004, houve o aumento do acesso aos serviços de Saúde bucal e o referenciamento dos usuários para centros especializados, onde seriam realizados procedimentos odontológicos complementares e de maior complexidade, como tratamentos endodônticos, próteses dentárias, cirurgias extensas. Os CEO (s) surgem numa tentativa de reorganizar as práticas de saúde bucal, melhorar a o acesso e a resolutividade dos serviços e garantir a integralidade da assistência. Neste sentido é importante que haja a planificação e a comunicação entre gestão, assistência e usuários para que se possa estabelecer uma rede integrada e hierarquizada de serviços, considerando o mapeamento das unidades básicas e centros especializados disponíveis e a situação de saúde bucal da população adscrita. No entanto, o que ainda se observa é a deficiência na organização da demanda e na definição de fluxos padronizados que possam garantir a continuidade e longitudinalidade da assistência odontológica no Estado, o que acaba acarretando na sobrecarga de atendimento odontológico pelas ESB na AB e na perda dentária precoce pela descontinuidade do cuidado. Corroborando para este fato, foi constatado no estudo que, do total das equipes, 96,43 % informaram que não há percurso definido de agendamento para o CEO, ou seja, não existe fluxo de assistência à saúde bucal definido. Ademais, no que se refere ao fluxo de referência e contra referência, 92,86% das ESB(s) responderam que o paciente recebe uma ficha de encaminhamento e deve dirigir-se ao serviço especializado. Desta forma, o que se observa é a predominância da ficha de referência como instrumento predominante de comunicação entre as ESB(s) da rede básica e os profissionais dos serviços especializados de Odontologia, o que em sua maioria não garante que o usuário será atendido no centro especializado. Considerações finais: Observou-se que a assistência odontológica no Estado do Pará apresenta entraves que tendem a prejudicar a continuidade e longitudinalidade do atendimento odontológico no Estado, como a baixa cobertura de Saúde Bucal, o desconhecimento da população no que tange aos serviços de saúde bucal, o planejamento insuficiente no que tange ao processo de trabalho e principalmente a falha de comunicação entre os profissionais da rede básica e especializada dos serviços. Há de se considerar também, a ausência de fluxos e protocolos definidos de referência e contra referência que possam orientar profissionais e usuários, bem como ordenar o cuidado em saúde bucal. Tais circunstâncias tendem a gerar agravos à saúde bucal, implicando em altas taxas de exodontia e edentulismo, aumento nas filas de espera, absenteísmo nos serviços e oneração da saúde pública, impactando negativamente na qualidade da assistência odontológica e na situação de saúde bucal da população do Estado.

10457 SÍNTESE DE EVIDÊNCIAS: REDUZINDO A RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tatianna Rosa Pereira, Luciano Rocha, Carla de Oliveira Pires da Silva, Denise Alves Martins Finamore, Ângela Patrícia Souza Silva Ferreira de Melo, Thaís Severino da Silva, Mirian Grayce Motta Guimarães, Samara Souza Cruz

SÍNTESE DE EVIDÊNCIAS: REDUZINDO A RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Autores: Tatianna Rosa Pereira, Luciano Rocha, Carla de Oliveira Pires da Silva, Denise Alves Martins Finamore, Ângela Patrícia Souza Silva Ferreira de Melo, Thaís Severino da Silva, Mirian Grayce Motta Guimarães, Samara Souza Cruz

Apresentação: Complicações na gestação, parto ou puerpério, sem o manejo clínico adequado, podem levar a mulher ao óbito materno, sendo essas ocorrências inaceitavelmente altas em âmbito mundial, com quase a totalidade dos casos ocorrendo nos países em desenvolvimento. Em 2015 a Organização Mundial de Saúde (OMS) através dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propôs aos seus países membros que a razão de mortalidade materna (RMM) fosse de até 30 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivo. No entanto, no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2017 a RMM foi de 87 para 100 mil nascidos vivos (190% acima da meta). Com vistas ao enfrentamento desse grave problema de saúde pública um grupo de dez especializandos do projeto “Gestão de Políticas de Saúde Informadas por Evidências (ESPIE)” promovido pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa em parceria com o Ministério da Saúde por intermédio do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (Decit/SCTIE) no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), desenvolveu uma Síntese de Evidências para ajudar gestores a tomarem decisões políticas na direção da redução da RMM. Descrição do método do estudoAs Sínteses de Evidências para Gestão de Políticas de Saúde (SEGPS) são produtos elaborados com base nos métodos SUPPORT (SUPporting POlicy relevant Reviews and Trials) e seu um conjunto de ferramentas que podem ser adaptadas considerando-se os contextos locais. Apropriando-se desse método, um grupo composto por profissionais com diferentes formações de nível superior na área da saúde e atuantes nas três esferas de gestão do SUS -  havendo representantes da assistência de seis municípios diferentes do Estado do Rio de Janeiro, da gestão das secretarias de saúde do município e do Estado do Rio de Janeiro, da gestão do Ministério da Saúde e de institutos de pesquisa e de universidades públicas - reuniu durante os meses de maio a novembro de 2019 evidências de pesquisas globais e locais sobre políticas e programas de saúde que alcançaram resultados positivos na redução da RMM implementando ações e mecanismos de impacto e resolutividade. A estratégia utilizada pelo grupo foi buscar evidências nas seguintes bases de dados científicos: Biblioteca Virtual em Saúde, Health Evidence, Health Systems Evidence, RX for Change, PubMed, Epistemonikos, Tabnet, Evipnet. Os termos/descritores utilizados foram: “mortalidade materna”, “puerpério”, “auditoria”, “doula”, “enfermagem obstétrica”, “parto”, “comunidade”, “cuidado comunitário”, “gestores”, “barreiras”, “gestantes”, “planejamento familiar”, “profissionais de saúde”, “pré-natal”, “near miss”, “saúde sexual e reprodutiva”, em português e inglês, de acordo com a especificidade de cada base. No total foram obtidos 1.147 artigos, dos quais 1.078 foram excluídos após leitura dos títulos resumos ou artigos completos e 20 revisões sistemáticas foram incluídas nesta síntese de evidências. A qualidade metodológica das revisões sistemáticas foi avaliada com o instrumento AMSTAR (Assessing the Methodological Quality of Systematic Reviews) e, quando uma avaliação estava disponível nas bases de dados, ela foi aproveitada. As evidências extraídas principalmente das revisões sistemáticas e também de estudos primários, subsidiaram a elaboração das etapas da construção da SEGPS, que são: a) Descrição do problema; b) Opções para o enfrentamento do problema; c) Identificação das barreiras de implementação; d) Estratégias de suplementação das barreiras. Resultado: encontrados na pesquisaAs evidências provenientes dos achados de revisões sistemáticas fomentaram a proposição de quatro opções para o enfrentamento do problema da mortalidade materna no Estado do Rio de Janeiro, quais sejam: a) Opção 1 - Ampliação e qualificação das ações de Planejamento Sexual e Reprodutivo no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) com enfoque no acesso aos serviços, na disponibilidade de insumos e, em ações educativas, que incentivem o autocuidado e a busca por cuidados assistenciais em saúde, se existe a intenção de engravidar, de forma a minimizar intercorrências no período gestacional, e promovam a autonomia dos indivíduos para a escolha do método contraceptivo; b) Opção 2 - Qualificação do pré-natal e do cuidado em nível comunitário incluindo tanto as demandas prévias à gestação como as do próprio pré-natal, do trans-parto e do puerpério além da assistência por meio do cuidado em nível comunitário que diminui distâncias entre serviço e usuário, aumenta a adesão ao cuidado e reduz agravos decorrentes da gestação e do período perinatal; c) Opção 3 - Estímulo à atuação de enfermagem obstétrica e doulas no modelo colaborativo de assistência obstétrica cuja proposta abrange desde a atuação autônoma da enfermagem obstétrica com devida qualificação profissional e execução de protocolos e diretrizes, até a assistência obstétrica no modelo colaborativo integrando as médicas, as enfermeiras obstétricas e as doulas; d) Opção 4 - Implementar o near miss materno como estratégia de auditoria e feedback onde os casos de mulheres que sobrevivem a complicações da gravidez, parto e pós-parto também são submetidos a análises robustas de investigação da mesma maneira que os casos de morte materna são. Considerações finais: As opções que esse estudo propõe para o enfrentamento da elevada razão da mortalidade materna no Estado do Rio de Janeiro foram resultado da análise de evidências, sobretudo revisões sistemáticas, devem ser consideradas como opções complementares às já existentes. Elas podem e devem ser implementadas nos diferentes níveis de atenção à saúde sempre em abordagem multiprofissional. O produto desse estudo consiste, portanto, em uma potente ferramenta para a elaboração de um projeto de intervenção que subsidie os tomadores de decisão no enfoque aos problemas de saúde prioritários, relacionados à mortalidade materna em seu contexto local e instrumentalize os profissionais de saúde para o aprimoramento das suas práticas assistenciais. Ressalta-se que, a implementação de políticas como essas requer um esforço coletivo, contemplando a participação de gestores, da academia, de profissionais de saúde e sociedade civil, objetivando o enfrentamento eficaz por meio do emprego racional e equitativo dos recursos (financeiros, políticos, tecnológicos e humanos) em prol da redução da razão da mortalidade materna no Estado do Rio de Janeiro, que nada mais significa que salvar as vidas de mulheres, sobretudo mulheres negras e pobres, reduzindo os impactos sociais que decorrem desse tipo de tragédia social.

10675 RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AMPLIAÇÃO DO ACESSO AO ABORTO LEGAL POR VIOLÊNCIA SEXUAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Amanda Almeida Mudjalieb

RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AMPLIAÇÃO DO ACESSO AO ABORTO LEGAL POR VIOLÊNCIA SEXUAL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Autores: Amanda Almeida Mudjalieb

Apresentação: Trata-se de relato de experiência desenvolvida na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS RJ), que teve como objetivo a implementação de uma metodologia de sensibilização de gestores e profissionais de saúde, para qualificar o atendimento às vítimas de violência sexual e ampliar o acesso ao aborto legal. Desenvolvimento: No Brasil, existem três permissivos legais para a realização do aborto: em casos de risco à vida da gestante, estupro e gravidez de feto anencéfalo. Para garantir este direito, os serviços de saúde, especialmente maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS), precisam estar preparados para atender as mulheres no tempo oportuno, com acolhimento e resolutividade. Embora a Lei nº 12.845/2013 e a Norma Técnica do Ministério da Saúde de 2012, estabeleçam as responsabilidades dos serviços no atendimento às vítimas de violência sexual e nos casos de aborto legal, ainda hoje existem obstáculos no acesso a este direito. Nos casos de aborto legal por violência sexual, as barreiras incluem: falta de informação dos profissionais sobre a legislação e as políticas públicas; solicitação inadequada do boletim de ocorrência policial; e dificuldade de identificação de profissionais que se disponibilizem para assistir o aborto previsto em lei. A alegação da objeção de consciência, quando há recusa do profissional em realizar o procedimento, apresenta-se como grande dificultador. No entanto, este não é um direito absoluto e a instituição não pode alegá-lo para se furtar a prestar assistência, tendo o dever de informar a mulher sobre seus direitos e garantir a atenção ao abortamento por outro profissional ou serviço. Neste contexto, considerando a necessidade de qualificação do atendimento às mulheres que sofrem violência sexual e demandam o aborto legal na rede SUS, um grupo de trabalho (GT) coordenado pela Superintendência de Maternidades da SMS RJ elaborou uma metodologia de sensibilização de gestores e profissionais de saúde com foco nesta temática. O GT foi composto por cerca de dez profissionais, incluindo psicólogas, assistentes sociais e enfermeiros de três das doze maternidades da rede municipal. A implementação da metodologia aconteceu de outubro de 2017 a outubro de 2018 e foi dividida em três etapas:1)      Oficina de trabalho: Marco inicial do processo, reuniu direções das maternidades e a equipe multidisciplinar de atendimento (psicólogos, assistentes sociais, médicos, enfermeiros) que tiveram acesso às principais diretrizes, legislações e dados sobre violência sexual e aborto legal e participaram de uma discussão de casos de mulheres que buscaram atendimento.2)      Sensibilizações nas maternidades: A partir da Oficina, formaram-se Grupos Multiplicadores em todas as doze maternidades da rede para sensibilização das equipes assistenciais, da rotina e dos plantões, de modo a disseminar os protocolos e fluxos acordados. Para apoiar este processo, foi criado o folder “Orientações sobre Atendimento à Vítima de Violência Sexual e Aborto Legal”, com as principais informações sobre estas linhas de cuidado, que foi entregue a cada profissional. Buscou-se também promover atividades de sensibilização específicas com a equipe médica, que frequentemente se coloca contrária à realização do aborto alegando objeção de consciência, conforme experiência da equipe da SMS RJ, corroborada por estudos sobre o tema.3)      Monitoramento: Por fim, foram realizadas visitas do GT às maternidades para diagnóstico do atendimento. Foram aplicados questionários junto aos Grupos Multiplicadores (compostos por equipe multiprofissional e direções) e aos profissionais que atuavam nas maternidades no momento das visitasOs questionários aplicados continham perguntas referentes ao funcionamento da instituição e foram abordados os seguintes itens: fluxos e protocolos de atendimento; acolhimento e classificação de risco; oferta de exames e medicações; oferta de atendimento multiprofissional; atividades para discussão de casos; notificação dos casos nos sistemas de informação; métodos para realizar o aborto legal; objeção de consciência; organização do grupo multiplicador e das sensibilizações. Após a realização das visitas, os dados consolidados foram apresentados aos Grupos Multiplicadores. O monitoramento das ações deve acontecer bianualmente, aproximando equipes de gestão e assistência nestas ocasiões. Resultado: Os dados de aborto legal por violência sexual do município do Rio de Janeiro registrados em instrumento próprio da SMS RJ demonstram a ampliação do número de maternidades municipais que realizaram o procedimento nos últimos quatro anos. Em 2016, apenas duas maternidades realizaram aborto legal por violência sexual, somando 53 atendimentos. Nos anos seguintes, houve um aumento do número de serviços e abortos realizados: em 2017, foram 04 maternidades com 59 casos de aborto legal; em 2018, 07 maternidades com 106 casos; e em 2019, 10 maternidades com 120 casos (dados preliminares). Além do aumento do número de casos, após as visitas de monitoramento, constatou-se que todas as 12 maternidades da SMS RJ estão aptas para realizar o aborto legal por violência sexual, com o fortalecimento das seguintes diretrizes:•         Prioridade às vítimas de violência sexual e aos casos de aborto legal nas portas de entrada, com acolhimento e classificação de risco pela enfermagem;•         Nos casos de violência sexual, acolhimento, oferta dos testes rápidos, medicações para profilaxia das infecções sexualmente transmissíveis e contracepção de emergência, necessitando de ajustes de fluxos em alguns dos serviços visitados;•         Oferta de atendimento multiprofissional nas maternidades, com espaços para discussão dos casos de aborto legal;•         Garantia da presença de acompanhante durante a internação para mulheres que realizam o aborto legal. O monitoramento apontou também dificuldades para consolidação e qualificação do atendimento, tais como: desconhecimento das normativas; fluxos ainda em construção e a serem implantados em alguns serviços; mapeamento incipiente sobre objeção de consciência; fragilidade no encaminhamento das usuárias após o aborto; desalinhamento entre os dados registrados nos sistemas. Considerações finais: A garantia do aborto legal em serviços do SUS permite que o procedimento seja realizado em condições seguras, sem que as mulheres precisem se expor a situações de risco, que podem lhes causar danos à saúde e mesmo levar à morte. A experiência relatada demonstra que é possível atingir este objetivo no atendimento às mulheres, desde que haja vontade política da gestão e o compromisso dos profissionais envolvidos, como houve no caso do Rio de Janeiro. Somado a isto, algumas condições contribuíram para a realização deste trabalho, tais como: aposta em ações descentralizadas de educação permanente; formação do GT e a elaboração colegiada da metodologia de sensibilização; acompanhamento dos dados sobre atendimentos; monitoramento local com visitas às maternidades. A etapa de monitoramento foi fundamental para avaliação das ações, sendo possível identificar que as equipes das maternidades ainda tinham questões e enfrentavam resistências internas para incorporar as diretrizes apresentadas. Mesmo com resistências, abriram-se espaços de diálogo e de reforço sobre as políticas institucionais para garantia do aborto legal. Ainda assim, é necessário enfrentar as dificuldades apontadas, realizando novos ciclos de monitoramento e melhorando a qualidade dos registros para superar a diferença observada entre as fontes. A metodologia apresentada foi construída de forma coletiva, embasada nas diretrizes que norteiam o trabalho no SUS, e deve ser avaliada e aprimorada. A gravidade das situações atendidas deve ser enfrentada, assim como a necessidade de oferecer assistência que envolva acolhimento, resolutividade e respeito às mulheres que procuram esses serviços. Por fim, é importante destacar que este é um processo em construção, e que ainda é necessário avançar consideravelmente na organização dos serviços para o acolhimento e atendimento adequado às mulheres que sofrem violência sexual e que demandam o aborto legal.   

10532 COMPARAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER COM POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA: UM OLHAR PARA SAÚDE DAS MULHERES EM SITUAÇÃO DE RUA
Márcia Helena Leal, Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Rosana Ballestero Rodrigues, Guilherme Augusto Pires Gomes

COMPARAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER COM POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA: UM OLHAR PARA SAÚDE DAS MULHERES EM SITUAÇÃO DE RUA

Autores: Márcia Helena Leal, Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Rosana Ballestero Rodrigues, Guilherme Augusto Pires Gomes

Apresentação: Este estudo apresenta os resultados da pesquisa comparação de  políticas públicas de saúde, buscando identificar se as mulheres em situação de rua são contempladas. Destacamos que este grupo social representa hoje um total de 101.854 pessoas no Brasil, de acordo com os dados do Instituto de Pesquisa Estatística Aplicada. Ao reconhecer que as mulheres necessitam de políticas que garantam seus direitos nas suas especificidades e necessidades faz-se necessário identificar nas políticas públicas que as contemple. Desenvolvimento A partir do objetivo de identificar as políticas públicas para as mulheres e analisar o quanto estas políticas foram pensadas para atender as demandas das mulheres que vivem em situação de rua, a metodologia utilizada foi  revisão bibliográfica e análise documental onde possibilitou comparar a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PNAISM com Política Nacional de Atenção Básica-PNAB buscando identificar as ofertas para as Mulheres em Situação de Rua. A PNAISM foi elaborada em 2004, a partir de diagnóstico epidemiológico da situação da saúde da mulher no Brasil e do reconhecimento da importância de se contar com diretrizes que orientassem as políticas de Saúde da Mulher. Resultado: A PNAB estabelece a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde. Objetivo: Realizar ações de: promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolvendo ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do território onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica do território;   Realizar um conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à alta complexidade) para mulheres; Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. Diretrizes A) Regionalização e Hierarquização;b) Territorialização;c) População Adscrita;d) Cuidado centrado na pessoa;e) Resolutividade;f) Longitudinalidade do cuidado;g) Coordenação do cuidado;h) Ordenação da rede; ei) Participação da comunidade.   A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).  A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde da mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as fronteiras da saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcançar todos os aspectos da saúde da mulher. objetivos específicos Ser porta de entrada e centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede; Ser resolutiva, de forma agarantir a coordenação do cuidado, ampliando o acesso; Adotar estratégias que permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessidades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de Atenção Básica); Equipe de Consultório na Rua (eCR).   Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST; Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde; Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes; Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual. Método de implementação ofertada integralmente e gratuitamente a todas as pessoas por estados e municípios.   ofertada integralmente e gratuitamente a todas as mulheres acima de 10 anos por estados e municípios; Stakeholders 3 esferas de gestão, controle social, população, profissionais de saúde (As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais especificadas em portaria específica.   3 esferas de gestão, controle social, população, profissionais de saúde; diversos setores da sociedade; Resultado: esperados Garantir a saúde para população através dos serviços da Atenção básica e equipes de Consultório na Rua.   Garantir assistência e acesso a saúde das mulheres  Quando comparamos as duas políticas podemos perceber que a PNAB é mais ampla pois atinge todos os gêneros e a PNAISM somente o gênero feminino, ampliando para as mulheres transexuais. Sob o olhar de “A quem se destina” o texto de nenhuma delas traz de forma escrita a mulher em situação de rua. Os “objetivos” as duas políticas trazem em comum no seu texto as ações de promoção e proteção no nível da atenção básica em saúde. A PNAB traz em seu texto que as suas atividades podem ser realizadas de forma itinerante, desenvolvendo ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do território. Embora não aborde no texto ações específicas para mulheres a PNAB destaca a rua como um lugar também de se realizar o cuidado. As “Diretrizes” o texto das duas políticas não pode ser comparado pois apresentam elementos diferentes neste quesito.Quanto aos “Objetivos específicos” observamos que cada política apresenta sua especificidade, a PNAB de uma forma mais genérica e a PNAISM mais focada para as ações que atende a população feminina. No texto da PNAB aparece a equipe de consultório na rua como sendo um arranjo para atender à necessidade das pessoas que vivem em situação de rua, mas também não cita especificidades para mulher. O “Método de implementação” ambas políticas trazem em seu texto que são “ofertadas integralmente e gratuitamente por estados e municípios” o que as diferem é que a PNAB se refere a toda população e a PNAISM a todas as mulheres acima de 10 anos de idade. Portanto embora não citarem a mulher em situação de rua, quando se referem “a toda” em ambas políticas podemos subentender que estados e municípios devem contemplar a mulher em situação de rua na implementação dessas duas políticas públicas. Referente aos Stakeholders identificamos que as três esferas de gestão (estadual, municipal, e federal), são iguais. Os resultados esperados ambas políticas visam garantir a saúde, porém a PNAB aborda toda a população e a PNAISM é focada para as mulheres. Considerações finais: Concluímos que comparar as duas políticas serviu para analisar o quanto algumas políticas públicas são abrangentes e outras são focadas em apenas um gênero. A mulher em situação de rua é contemplada nas duas políticas, porem de forma genérica sem ser citada diretamente em seu texto.

10653 A RECORRÊNCIA DE PÓLIPO ENDOMETRIAL PÓS-HISTEROSCOPIA: IMPLICAÇÕES MÉDICAS
Raimundo Nonato Silva Gomes, Igor Eduardo Dias Cestari, Cláudia Regina Dias Cestari, Vânia Thais Silva Gomes, Larissa Vanessa Machado Viana, Maria Silva Gomes

A RECORRÊNCIA DE PÓLIPO ENDOMETRIAL PÓS-HISTEROSCOPIA: IMPLICAÇÕES MÉDICAS

Autores: Raimundo Nonato Silva Gomes, Igor Eduardo Dias Cestari, Cláudia Regina Dias Cestari, Vânia Thais Silva Gomes, Larissa Vanessa Machado Viana, Maria Silva Gomes

Apresentação: A palavra pólipo é utilizada na prática clínica para nomear qualquer formação séssil ou pediculada, que faça relevo a partir da área de implante em relação à superfície adjacente, independente de sua estrutura histológica. O pólipo endometrial (PE), mais especificamente, designa a formação polipoide que reproduz total ou parcialmente o endométrio. São comuns na pós-menopausa e constituem fonte frequente de preocupação para os enfermeiros obstétricos e para as pacientes. Esta preocupação se torna ainda mais importante quando observamos que os tumores diagnosticados em pólipos endometriais apresentam prognóstico ruim. A prevalência destas lesões pode chegar até a 25% nas mulheres após a menopausa. Com a popularização da ultrassonografia e da histeroscopia, o número de casos diagnosticados tem aumentado nos últimos anos. O tratamento dos pólipos endometriais assintomáticos tem sido discutido por diversos autores. Atualmente recomenda-se que os pólipos assintomáticos, após a menopausa, devem ser removidos e que os pólipos pequenos, assintomáticos, na menacme, podem ser observados. No entanto, autores sugeriram a ressecção histeroscópica de pólipos endometriais em mulheres sintomáticas e assintomáticas, devido à similar taxa de malignidade entre esses dois grupos. Objetivo: Descrever as principais implicações médicas da recorrência de pólipo endometrial pós-histeroscopia. Material e Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica, que visa reunir e sintetizar informações já publicadas em periódicos científicos. Optou-se por utilizar a revisão narrativa, que é um dos tipos de revisão de literatura, pela possibilidade de acesso a experiências de autores que já pesquisaram sobre o assunto, revisão narrativa não é imparcial porque permite o relato de outros trabalhos, a partir da compreensão do pesquisador sobre como os outros fizeram. No presente estudo, foram descritos e discutidos o tema a recorrência do pólipo endometrial no pós-histeroscopia, visto que esta revisão possibilita sumarizar as pesquisas já concluídas e obter conclusões. As pesquisas foram realizadas por meio de buscas nas bases de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências Sociais e da Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library OnLine), PubMed (Public Medline or Publisher Medline) e COCHRANE, consultando periódicos nacionais e internacionais sobre o tema, utilizando as palavras-chave: pólipos endometriais, histeroscopia e ginecologia. Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos completos em português, inglês e espanhol; publicados entre 2007 a 2016; e que se referiam diretamente ao tema proposto. E, como critérios de exclusão utilizaram-se: trabalhos publicados em anais de congressos; artigos incompletos; estudos publicados antes de 2007; e trabalhos publicados em outros idiomas, que não o português, inglês e espanhol.  Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram para compor a amostra do estudo, 21 estudos. Depois de resumidos e analisados, realizaram-se duas etapas: na primeira etapa, classificaram-se todos os artigos e resumos em relação de ano de publicação, idioma de publicação e nacionalidade. Para a segunda etapa, seguiu-se a análise dos artigos coletados e elaboração da discussão. Após a coleta de dados, utilizaram-se as principais informações e resultados dos estudos analisados e procedeu-se a construção do referencial teórico desta pesquisa. Levando em consideração conceitos, parâmetros e dados estatísticos apresentados nos estudos. Resultado: A histeroscopia cirúrgica é o procedimento cirúrgico de menor morbilidade e mortalidade para o tratamento de patologia benigna intra-uterina. É, por isso, a técnica preferencial para o tratamento deste tipo de patologia. Na histeroscopia cirúrgica temos de distinguir dois grandes grupos: a histeroscopia cirúrgica em consultório, para os procedimentos mais simples, e a ressectoscopia para as situações mais complexas. A histeroscopia diagnóstica panorâmica identifica facilmente e permite a biópsia dirigida da lesão e, embora avalie com detalhes toda a cavidade uterina, pode falhar no diagnóstico diferencial visual de lesões benignas das pré-malignas e malignas. Dois casos clínicos de pacientes com câncer de endométrio (adenocarcinoma polipóide de células claras) quando analisaram 60 pacientes com pólipos endometriais de aspecto benigno típico à histeroscopia panorâmica, analisando o padrão vascular, cor e superfície da lesão, submetidos posteriormente à ressecção histeroscópica com ressectoscópio. Apesar dos inúmeros benefícios da histeroscopia, existem algumas contra indicações, a mais significativa é gravidez em curso. As demais contra indicações poderiam ser mais bem definidas como contra indicações relativas, e mesmo a gravidez pode associar-se a situações onde a histeroscopia pode ser utilizada excepcionalmente. Assim, destacam-se então como contra indicações para o procedimento diagnóstico e cirúrgico a presença de sangramento uterino abundante, que podem dificultar a visualização através do histeroscópio, e a infecção recente ou ativa, também notadamente associada a dificuldades técnicas na execução do procedimento como dificuldades para biópsias, sangramentos mais frequentes e fragilidade dos tecidos uterinos. Existem poucos dados que detalham o processo de recorrência dos pólipos endometriais após ressecção histeroscopica. No entanto, alguns outros fatores podem ser somados à esta possível recorrência, são eles: idade precoce na menopausa, baixa paridade, assim como a técnica cirúrgica utilizada para a ressecção histeroscopica. No que se refere às lesões pré e malignas a histeroscopia diagnóstica tem alta acurácia tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento dos pólipos endometriais, mas a estimativa de lesões hiperplásicas e pré-malignas é baixa. A especificidade do diagnóstico visual, na histeroscopia, para detectar câncer endometrial em pólipos endometriais é baixa, e mesmo com biópsias nem todas as lesões malignas endometriais associadas aos pólipos são detectadas. Portanto seria mais prudente, ao se encontrar um pólipo endometrial durante a realização de uma histeroscopia diagnóstica, ressecar toda a estrutura encontrada para, assim, obtermos uma avaliação histológica fidedigna. A taxa de recorrência dos pólipos endometriais é praticamente desconhecida na literatura, uma vez que não há estudos focados em quantificar e analisar os fatores que contribuem diretamente ou indiretamente para a recorrência dos pólipos. Portanto, os cuidados específicos direcionados à profilaxia da recorrência dos pólipos endometriais no pós-histeroscopia são escassos e pouco específicos. Considerações finais: Apesar do comprovado efeito terapêutico da polipectomia por via histeroscopica, vários fatores sobre a técnica permanecem interrogadas devido à limitação de estudos com um grande contingente de pacientes e, sobretudo sobre a efetividade da técnica levando-se em consideração eventuais complicações e demais eventos, como a taxa de recorrência. Neste contexto, a recorrência dos pólipos endometriais pode ser devido a diversos fatores, um de importância considerável seria as aberrações genéticas, que contribuem de forma muito importante na recorrência pós-histeroscopia de pólipos no endométrio. Dessa forma, o número de pólipos endometriais e tempo de seguimento, mas não o tipo de pólipos, são os principais fatores que determinam o potencial de recorrência após a polipectomia histeroscópica. Assim, um maior número de pólipos endometriais e maior tempo de seguimento estão associados a um maior potencial de recorrência de pólipos. Nessa perspectiva, sugere-se, para estudos futuros, o desenvolvimento de protocolo clínico para o manejo do pólipo endometrial por histeroscopia, levando-se em consideração estudos clínicos e revisões de literatura.

9011 MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS NA POLÍTICA FEDERAL E OS MODOS DE REPRESENTAÇÃO NA TELEVISÃO
Neusa Maria Bongiovanni Ribeiro Bongiovanni Ribeiro, Liliane Spencer Bittencourt Brochier, Tainá Suppi Pinto, Laura Rego da Silva, Cristianne Maria Famer Rocha, Norma Berenice Almeida da Silva Barros, Claudia Rodrigues

MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS NA POLÍTICA FEDERAL E OS MODOS DE REPRESENTAÇÃO NA TELEVISÃO

Autores: Neusa Maria Bongiovanni Ribeiro Bongiovanni Ribeiro, Liliane Spencer Bittencourt Brochier, Tainá Suppi Pinto, Laura Rego da Silva, Cristianne Maria Famer Rocha, Norma Berenice Almeida da Silva Barros, Claudia Rodrigues

Apresentação:  Estudar as relações de poder e as relações de comunicação encadeadas nas relações funcionais, nas diferentes instâncias do governo federal, e a operação de um sistema de comunicação televisivo, que se supõe um poder fundamental presente na sociedade brasileira, restritivo à visibilidade das mulheres negras que exercem cargos de destaque, no período recente dos últimos 10 anos. Este é o foco que deve ser seguido neste estudo, a ser realizado de 2019 a 2020, onde se intercalam outras tramas das redes de poder que vão se estabelecendo no sistema governamental federal e consistem em preconceito racial e de gênero. Para se realizar esta pesquisa, estabeleceu-se como objetivo principal analisar as relações de poder e as relações de comunicação encadeadas nas relações funcionais, nas diferentes instâncias do governo federal, e a operação de um sistema de comunicação televisivo, relativo à visibilidade das mulheres negras, que exercem cargos de destaque. Desenvolvimento:  Ao se tratar de uma pesquisa descritivo-qualitativa, se localiza a metodologia deste estudo partindo-se de um referencial teórico mais abrangente, como suporte ao tema desenvolvido e seus recortes. Esse referencial deve trazer autores relacionados ao tema central do trabalho, se interseccionando comentários sobre estudos de gênero, etnia/racismo e desigualdade social, bem como a conjuntura político-governamental do país e as oportunidades de exercício funcional de mulheres negras, nas práticas de políticas públicas. Para se avançar nas análises documentais sobre mulheres negras neste estudo, deve-se adotar a estratégia analítica do Discurso do Sujeito Coletivo, metodologia essa criada por Fernando Lefèvre e Ana Maria Cavalcanti Lefèvre (2002). Resultado: Pode-se afirmar que a referência ao lugar ocupado pelas mulheres na sociedade, ainda discutido neste Século XXI, vem das relações primitivas entre homens e mulheres, que se estabeleceram no início da vida em sociedade. E as relações marcadas pela diferenciação sexual, feminino e masculino foram se estabelecendo tão fortemente pelos diversos papéis utilizados até que os estudos de gênero se amplificaram com outros papéis culturais múltiplos, depois de muitos debates, conflitos e encaminhamentos de políticas públicas até, em anos mais recentes, ao ponto de se reforçarem relações de poder marcadas por essas diferenças. No caso das mulheres negras, as conquistas em menor escala em relação ao que se obteve, foram marcantes, mas insuficientes para os resultados obtidos. Considerações finais: Considera-se significativo um estudo como este, em 2019/2020, entre outros já realizados, pois nos levantamentos de 2013, segundo registros do “Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil”, de acordo com análise de Edilza Correa Sotero, os dados indicados por autoras do feminismo negro, entre elas Patrícia Hill Collins (1990-2005) se interseccionam “entre gênero, raça, classe, geração, sem predominância de algum elemento sobre outro”, para a manutenção da desigualdade social, econômica, política e sexista.   

11000 PARTICIPAÇÃO DA COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER - CONQUISTAS SOCIAIS E POLÍTICAS NO RIO DE JANEIRO
Karine Melo Lucas, Andréa Oliveira de Sant’Ana Oliveira, Carolina de Souza Silva, Maria Manuela Vila Nova Cardoso

PARTICIPAÇÃO DA COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER - CONQUISTAS SOCIAIS E POLÍTICAS NO RIO DE JANEIRO

Autores: Karine Melo Lucas, Andréa Oliveira de Sant’Ana Oliveira, Carolina de Souza Silva, Maria Manuela Vila Nova Cardoso

Apresentação: Os esforços em  intervenções por parte da Comissão  da Mulher sediada na ALERJ, uma comissão permanente na casa legislativa, que em fevereiro de 2015 passou a ser presidida pela deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB), tem como finalidade: "A missão da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher é lutar pela igualdade entre homens e mulheres, e prestar apoio e acolhimento amigável às mulheres. A Comissão combate ideias preconceituosas, o machismo e o patrimonialismo, que geram desigualdade nas relações de trabalho, assédio sexual e moral, além de violência à mulher, que a cada 14 minutos faz uma vítima no Brasil. A Comissão se utiliza de redes de atendimento e serviços voltados para a mulher, criados por políticas públicas e espaços de solidariedade conquistadas na luta por respeito e igualdade, para fazer seu trabalho. O "SOS MULHER", como é chamado o 0800 da Comissão, funciona de segunda a sexta, das 9h às 18h, com um atendimento especializado e feito apenas por mulheres preparadas". São  demandas e denúncias  recebidas através do 0800 212 0119  (alô ALERJ)  ou de fatos de violências das mais variadas naturezas que são veiculadas pela  mídia, ao longo dos últimos anos. São  discutidas por um grupo composto desde parlamentares, psicólogas, cientistas políticas,  passando por várias  representações de profissionais e integrantes de alguns movimentos sociais e da sociedade civil em vários espaços como audiências públicas, grupos de trabalhos e  nas demais instâncias representativas. Essas atuações visam diminuir  a crescente onda de violência que repercute no Estado do Rio de Janeiro (RJ) num  alto índice de feminicídio, assédio moral e sexual e descaso com a saúde física  e mental  a que milhares de mulheres são  subjugadas rotineiramente por hábitos estruturalmente  machistas praticados há anos em nossa sociedade. As intervenções específicas a serem priorizadas, sempre em favor das mulheres é a forma de combater e enfrentar as desigualdades que ainda atingem milhares de mulheres que dependem de movimentos que, como esses,  lhe tragam proteção e garantias em seus direitos e necessidades mais básicas, seja em saúde ou em segurança, prioridades para que a mulher tenha qualidade de vida em sua vivência, que é o que lhe garante a Constituição Federal em seu Art 5° "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza ". Desenvolvimento: Trata-se de um estudo qualitativo desenvolvido por meio de uma pesquisa documental para a compreensão da realidade social e produção de conhecimento por meio da análise de vários tipos de documentos. A pesquisa documental foi realizada por meio de  documentos que constam no sítio eletrônico da página do  facebook da Comissão, sendo utilizadas como fontes de evidência, publicações, em Diário Oficial (D.O), boletins informativos, material de fóruns, grupos de trabalhos e atas de audiências públicas. Após a seleção das fontes de evidência os dados foram organizados, analisados e discutidos. Resultado: Os projetos aprovados foram: Lei nº 7.835/2018 obriga que produtos de beleza, cosméticos, higiene pessoal e preservativos fabricados no Estado devam exibir nas embalagens a mensagem de advertência “Violência contra a mulher é crime! Denuncie: LIGUE 180”. Lei nº 8.332/2019 que garante recursos para a efetivação de politicas públicas de combate à violência contra mulher. Lei nº 8.379/2019 que assegura as mulheres em locais públicos exibindo cartazes nos banheiros femininos informando sobre atitudes que são consideradas assedio, constrangimento ou ameaça e orientando que procurem um segurança no local.    Lei Marisa Pires, nº 7.516 de 2017, que garante recursos  financeiros ao futebol feminino como são oferecidos no futebol masculino, visando a igualdade de gênero. Lei nº 8.301 de 2019 que veta a contratação de homens condenados por agressões a mulheres impedindo que assumam cargos em comissão nos órgãos de administração pública Fluminense. Lei nº 7.835 de 2018 que proíbe a veiculação de propagandas no Rio de Janeiro consideradas sexistas, que representem aversão as mulheres ou estimulem agressão e violência sexual. Validas para publicações impressas, radio, televisão ou redes sociais. Considerações finais: Para assegurar a saúde e o bem-estar de cada mulher, é fundamental que esta comissão continue superando  os desafios existentes no cenário do RJ para alcançar os objetivos de desenvolvimento de políticas públicas. Cada Mulher deve ter seus direitos garantidos porque eles são elementos centrais nos papéis de profissionais, chefes de famílias e cidadãs. Promover e garantir direitos à saúde, ao bem-estar, à educação e à participação plena e igualitária na sociedade é  uma luta de todas nós para que alcancemos nosso pleno potencial como indivíduos. Cada mulher, deve ter seus agravos passíveis de prevenção independente de gênero, raça ou religião. Enfrentar esse sistema através da atuação desta comissão, é apenas o começo para que as mulheres em toda parte possam realizar o direito de gozar do melhor estado de saúde e bem-estar que seja possível atingir. Isso trará enormes benefícios sociais, demográficos e econômicos.

11884 USO DO BRAINSTORM COMO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO COLETIVA DE NOVOS CAMINHOS PARA A MELHORIA DO INDICADOR DA COLETA DE PREVENTIVO
LUCIA MARQUES DE FREITAS, JOCILANE LIMA DE ALMEIDA VASCONCELOS

USO DO BRAINSTORM COMO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO COLETIVA DE NOVOS CAMINHOS PARA A MELHORIA DO INDICADOR DA COLETA DE PREVENTIVO

Autores: LUCIA MARQUES DE FREITAS, JOCILANE LIMA DE ALMEIDA VASCONCELOS

Apresentação: O câncer de colo do útero é uma doença que pode ser detectada precocemente é considerado o terceiro em incidência entre as neoplasias femininas no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer – INCA estima que para cada ano do triênio 2020/2022 sejam diagnosticados 16.590 novos casos de câncer de colo do útero no país. Apesar do empenho da área da saúde em informação da população, ampliação e disponibilização do exame em rede pública, tem se mostrado uma doença que ainda apresenta altas taxas de morbimortalidade. Em  Manaus, no ano de 2019, foram coletados 87.549 preventivos, na faixa etária de prioritária  de 25 a 64 anos. Em novembro  de 2019, através da Portaria Nº 2979, o Ministério da Saúde - MS, instituiu no âmbito do SUS o Previne Brasil  que estabelece um novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, tendo como um dos seus eixos a atenção a Saúde da Mulher priorizando o indicador cobertura de exame Citopatológico, visando monitorar a capacidade da equipe em realizar a captação das mulheres da sua área abrangência que se enquadram no perfil de risco para desenvolvimento de câncer do colo do útero facilitar o acesso ao exame supracitado. (Brasil, 2019). A intervenção em tempo oportuno das situações de risco, através da detecção precoce e do rastreio das lesões precursoras aliados a um sistema um sistema ágil de referência assegura a mulher o diagnóstico seguro do câncer de colo do útero antes que ele se desenvolva. Desenvolvimento: A oferta da coleta de preventivo tem contribuído para a melhoria da qualidade da assistência a saúde da mulher. As unidades de atenção primária devem realizar o rastreio na faixa etária de 25 a 64 anos, priorizando aa busca ativa das mulheres além da  livre demanda no atendimento, articulando-se com os serviços de apoio diagnóstico de modo a assegurar um desfecho e encaminhamentos seguros para as possíveis variáveis de resultados que se apresentarão. A Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA tem sob sua responsabilidade 227 Unidades Básicas de Saúde e 240 Unidades da Estratégia Saúde da Família, divididas entre cinco distritos de saúde, a saber norte, sul, leste, oeste e rural. Em conformidade com o preconizado pelo Instituto Nacional do Câncer - MS a área técnica da Saúde da Mulher desenvolve um trabalho de educação permanente, monitoramento, acompanhamento e planejamento das ações voltadas para prevenção do câncer de colo do útero. Na sede da SEMSA, está o Núcleo de Saúde da Mulher que conta com um grupo de profissionais, que realizam atividades de suporte aos distritos de saúde, no que concerne ao desenvolvimento da política do referido programa. Cada distrito de saúde também possui uma referência técnica da área saúde da mulher que desenvolve suas atividades em consonância com a sede, está mais próxima das unidades de saúde, podendo assim acompanhar mais diretamente os processos de trabalho. As unidades de saúde são orientadas a desenvolver a captação das mulheres   através do rastreio organizado quando são realizadas busca ativa e agendado o exame e do rastreio oportunístico aproveitando a presença da mulher na unidade, e se ela estiver preparada, será oferecido o exame. Após a publicação da Portaria 2979, foi realizada uma ampla reunião com os técnicos de saúde distritais tendo como foco o levantamento individual das unidades que estavam com os resultados baixos estes dados foram apresentados a todos que iniciaram uma tempestade de ideias, brainstorm com sugestão de melhorias. As unidades que com menor desempenho foram chamadas e ouvidas sobre seus desafios e problemas para alcance das metas dentre os fatores apontados foram relatados: medo, desinteresse da mulher em realizar o exame preventivo, agendas fechadas em um dia (manhã ou tarde) para realização do exame, desconhecimento sobre o registro dos códigos corretos no prontuário eletrônico do cidadão – PEC, que implica também em perda de produção, não atualização do cartão SUS da usuária, o que faz com que alguns procedimentos possam ser anulados. Foram realizados alinhamentos, pactuações e a partir daí elencadas as seguintes sugestões: Revisão do passo a passo do rastreio organizado; Implantação do livro eletrônico para registro da coleta do preventivo, foi fornecido as unidades no dia da reunião; Orientação in loco acerca dos códigos corretos a serem utilizados no registro da coleta do preventivo no PEC e para o registro da coleta do preventivo; Construção de uma agenda de reuniões mensais e visitas in loco, com a finalidade de esclarecer dúvidas, reforçar orientações acerca do indicador, compartilhamento de estratégias exitosas; Realização de atividades educativas voltadas para as mulheres a fim de ouvi-las esclarecer as dúvidas e medos das mesmas sobre o exame e as possíveis consequências da não realização do mesmo; Resultado: Esta intervenção com vistas a melhorar os processos de trabalho tem possibilitado as equipes de saúde um olhar diferenciado às mulheres que estão sobre sua responsabilidade, ampliando a possibilidade de identificação das mulheres que por medo, desconhecimento ou outros motivos, deixam de realizar o exame preventivo, tal mudança favorece a promoção e a continuidade do cuidado e o desenvolvimento de ações de prevenção. As equipes de saúde têm estado mais atentas as mulheres que deixam de comparecer ao exame agendado, realizando busca ativa das mesmas. Se elas estão na unidade de saúde aproveitam o momento do comparecimento e fazem a oferta do exame. Como resultado desse processo, observa-se uma melhora ainda tímida, porém ascendente desse indicador, esta é uma experiência que tem sido bem aceita e que tem encorajado os profissionais a refletirem sobre a necessidade das mudanças e revisão dos processos de trabalho. As ações e intervenções que foram definidas por ocasião da reunião com esses profissionais, estão sendo acompanhadas por meio de visitas as unidades e compartilhamento de informações, com isso pretende se melhorar os indicadores de saúde da mulher além de promover a motivação e adesão para o alcance das metas pactuadas. Considerações finais: Apesar da ampliação da cobertura da atenção básica do município de Manaus, a qualidade da assistência e o acesso aos serviços ainda são uma grande preocupação para a saúde pública. O comparecimento da mulher na Unidade de Saúde é um momento de suma importância no qual as equipes podem avaliar as condições de saúde da mesma, oferecendo assistência de forma integral, apoiando e orientando no que concerne as principais dúvidas relativas ao exame coleta de preventivo sem esquecer do contexto social no qual essa mulher se encontra inserida.

6556 PROPOSTA DE DIMENSÕES E CRITÉRIOS AVALIATIVOS DA ATENÇÃO PUERPERAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Pamela Lorrane Ribeiro da Silva, ITALO RICARDO SANTOS ALELUIA, Lucas Toriyama Ribeiro

PROPOSTA DE DIMENSÕES E CRITÉRIOS AVALIATIVOS DA ATENÇÃO PUERPERAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Pamela Lorrane Ribeiro da Silva, ITALO RICARDO SANTOS ALELUIA, Lucas Toriyama Ribeiro

Apresentação: A mortalidade infantil é um desafio para os serviços de saúde e para a sociedade. Dentre os óbitos infantis, muitos são considerados evitáveis quando um adequado serviço de Atenção Primária à Saúde (APS) é ofertado. A puericultura refere-se a ações destinadas à prevenção e promoção da saúde da criança e objetiva preservar a saúde infantil, visando garantir seu pleno desenvolvimento e crescimento. O Ministério da Saúde preconiza um número mínimo de consultas buscando garantir um atendimento de qualidade e, além disso, diretrizes atribuem aos profissionais das Equipes de Saúde da Família (EqSF) outras ações para assegurar a qualidade do serviço como imunização, orientações, visitas domiciliares, entre outras. Tanto os altos índices de mortalidade infantil quanto os registros de mortes evitáveis mostram a necessidade de avaliar práticas de saúde nos serviços primários prestados à população materno-infantil, visto que as EqSF devem ser o ponto de atenção central das ações de puericultura. Estudos nacionais e internacionais apontam inúmeros desafios à consolidação da atenção puerperal na APS, dentre eles a fragmentação do processo de trabalho, a quantidade insuficiente de consultas, as novas demandas decorrentes da Síndrome Congênita Relacionada ao Zika Vírus, os casos de sífilis congênita e a inexistência de Educação Permanente em Saúde (EPS) para os profissionais da APS, relativas ao escopo das práticas de puericultura, entre outros. No Brasil, as pesquisas sobre a puericultura na APS estão concentradas no sudeste do país, sendo a maioria de natureza exploratória e poucas com focos avaliativos considerando o nível local das equipes e da gestão municipal. Ademais, se percebeu a ausência de propostas de critérios, dimensões e metodologias avaliativas das práticas de puericultura na APS devidamente embasadas em revisões da literatura nacional e internacional. Este trabalho apresenta parte da monografia da autora, intitulada “Avaliação das práticas de puericultura na Estratégia de Saúde da Família (ESF) em município-sede do Oeste da Bahia” e tem como principal objetivo propor dimensões, critérios e padrões avaliativos da atenção puerperal na ESF. Trata-se de um estudo avaliativo com abordagem qualitativa. Foi elaborada uma situação-objetivo na qual estão sumarizadas diferentes dimensões, critérios e padrões de avaliação para o âmbito da gestão municipal e das EqSF. A construção da proposta avaliativa ocorreu através de uma revisão da literatura de estudos empíricos nacionais (37 artigos) e internacionais (17 artigos), indexados nas bases de dados Scielo, MedLine, PubMed e Lilacs. Também foram incluídos documentos normativos relativos a diretrizes e protocolos de atenção puerperal elaborados pelo Ministério da Saúde brasileiro. Incluiu-se na revisão estudos de abrangência local, regional, estadual ou nacional, que tratassem de práticas de atenção puerperal na APS e foram excluídos aqueles voltados à atenção pré-natal e aos grupos etários fora da faixa estabelecida para a puericultura. Todas as informações presentes nos trabalhos foram sistematizadas em uma planilha de revisão que sumarizava os seus principais resultados e propostas consensuais de práticas de atenção puerperal na APS. Com base no consenso dos documentos normativos e dos resultados mais exitosos dos estudos empíricos foram propostos critérios considerados relevantes para avaliação da puericultura na ESF e seus respectivos padrões, pesos e pontuações, distribuídos em dimensões avaliativas, a saber: a organização do sistema municipal de saúde e a organização local das EqSF. A classificação dos pesos de cada dimensão considerou o número de critérios mais ou menos dependentes da organização do sistema municipal ou local das EqSF. Já os pesos entre os critérios foram atribuídos considerando o grau de dificuldade requerido pela gestão municipal ou EqSF para cumprir o padrão necessário ao alcance do critério. Este padrão foi classificado em “insatisfatório”, “intermediário” e “satisfatório”, com pontuação variando de zero a quatro, a depender da situação-objetivo exposta em cada classificação. A proposta de avaliação corresponde a duas dimensões com 33 critérios que totalizam 100 pontos. Considerando que as práticas de puericultura são desenvolvidas no âmbito local das EqSF, atribuiu-se maior peso (70 pontos) para dimensão da organização local das EqSF e menor peso (30 pontos) para organização do sistema municipal de saúde. Na esfera local, 22 critérios visam apreender o alcance das EqSF a padrões relativos ao agendamento e marcação de consultas de puericultura; número de consultas realizadas; acolhimento materno-infantil; adoção de protocolos e diretrizes de atenção puerperal; incentivo à amamentação; orientações de cuidado à mãe e criança; pesagem da criança, avaliação do perímetro cefálico; avaliação do desenvolvimento infantil; ações de imunização; Caderneta de Saúde da Criança; visitas domiciliares; acompanhamento das crianças em condições especiais; estimulação precoce; meios ou instrumentos para encaminhamento; encaminhamento para o NASF-AB; ações conjuntas com o NASF-AB; encaminhamento para atenção de média e alta complexidade; contrarreferência; e ações educativas coletivas no território. No nível de avaliação da gestão municipal, propõe-se 11 critérios que visam avaliar determinantes contextuais do sistema de saúde e que interferem na organização local das equipes. Dente eles estão inclusos a APS como ordenadora do sistema de saúde; a existência de protocolos e diretrizes municipais para puericultura; atribuições bem definidas para os pontos de atenção puerperal; ações de Educação Permanente em Saúde; o sistema de marcação de consultas e exames; os fluxos assistenciais; o sistema de referência e contrarreferência; a oferta de consultas e exames especializados; a oferta de insumos (vacinas) e de equipe multiprofissional especializada. Recomenda-se ao avaliador que irá utilizar a proposta metodológica da presente situação-objetivo que durante a avaliação de cada critério cerque-se de evidências suficientes sobre o contexto avaliado, a fim de ponderar seu juízo de valor sobre cada padrão, os critérios e respectivas dimensões. Para tanto, deve-se avaliar o município e as equipes, considerando estratégias de investigação que combinem, no mínimo, entrevistas semiestruturadas com gestores municipais, profissionais e usuários das EqSF; e a análise documental das equipes e da secretaria municipal de saúde, sendo esta correspondente apenas a documentos que tenham relação direta com a compreensão do cenário da atenção puerperal. A atribuição da pontuação de cada critério deverá observar em qual padrão proposto a situação de ambos os níveis de análise (município e equipe) se enquadram. A classificação final da avaliação será a soma da pontuação alcançada pelo município e equipe em cada critério avaliativo, sendo proposto o seguinte estrato: nível municipal – insatisfatório - menor ou igual a 10 pontos; intermediário – de 11 a 20 pontos; satisfatório – de 21 a 30 pontos e nível local das EqSF – insatisfatório – menor ou igual a 23,3 pontos; intermediário – 23,4 a 46,6 pontos; e satisfatório de 46.7 a 70 pontos. A presente proposta de dimensões, critérios e padrões avaliativos para atenção puerperal pode auxiliar na sistematização de processos avaliativos das práticas de saúde e identificar os principais aspectos de dificuldade e facilidade para a gestão municipal e EqSF alcançarem uma atenção mais qualificada e condizentes com as diretrizes nacionais e singularidades de cada contexto municipal, para puericultura. Nesse sentido, a identificação dos aspectos críticos na atenção puerperal pode subsidiar processos de gestão e de trabalho EqSF, no sentido de implementar estratégias que aprimorem a qualidade do serviço de puericultura ofertado no município. Além disso, esta proposta viabiliza uma análise comparativa entre diferentes equipes de um mesmo contexto e até mesmo entre diferentes municípios e equipes de uma região de saúde (caso a opção do avaliador seja por uma análise extensiva).