407: Gestão e linhas de cuidados na Atenção Primária e Secundária | |
Debatedor: Josué Souza Gleriano | |
Data: 29/10/2020 Local: Sala 06 - Rodas de Conversa Horário: 16:00 - 18:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
9193 | O IMPACTO DA INTERPROFISSIONALIDADE NA GESTÃO DO CUIDADO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NA REGIÃO NORTE DO BRASIL. edilson Alves da Silva, Camila pardo Dala riva, Georgya Maria Tomaz Azevedo Gambarra, Katia Fernanda Alves Morreira, Jorcilene Maria Salton de Lara O IMPACTO DA INTERPROFISSIONALIDADE NA GESTÃO DO CUIDADO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NA REGIÃO NORTE DO BRASIL.Autores: edilson Alves da Silva, Camila pardo Dala riva, Georgya Maria Tomaz Azevedo Gambarra, Katia Fernanda Alves Morreira, Jorcilene Maria Salton de Lara
Apresentação: Os cenários reais nos serviços e unidades de Atenção Primária a Saúde (APS), são espaços profícuos para a construção de processos de trabalho mais democráticos, dialógicos e compartilhados. A gestão compartilhada, por meio de práticas colaborativas e interprofissionais promovem e asseguram a organização e qualificação dos processos assistenciais ao contemplar o cuidado em sua integralidade e longitudinalidade. Desenvolvimento: O relato de experiência evidencia a potencialidade do acolhimento à demanda espontânea em uma UBS no município de Vilhena/RO quando realizado entre profissionais da equipe de saúde (médico e enfermeiro) e NASF (psicólogo e assistente social) por meio de interconsultas. Os usuários são acolhidos pelo profissional de enfermagem que identifica necessidades em saúde e classifica as demandas, compartilhando o cuidado com equipe multiprofissional; garantindo acessibilidade, longitudinalidade, coordenação e integralidade. As informações acerca dos planos de cuidados são geradas por meio do sistema e-SUS AB via consulta compartilhada. Resultado: Os resultados fomentam para a qualificação da assistência e da gestão do cuidado; o fortalecimento da Estratégia da Saúde da Família; a construção de vínculo e o reconhecimento adequado dos problemas biológicos, psicológicos e sociais dos usuários. A escuta qualificada permite aprimorar as percepções e as necessidades de saúde dos usuários, além de assegurar a tomada de decisão de maneira interprofissional, promovendo uma relação mútua e humanizada entre equipe de saúde e usuário. Considerações finais: A implementação do acolhimento e escuta qualificada no âmbito da Estratégia da Saúde da Família reordena as práticas assistenciais, além de evidenciar a equipe da eSF como protagonista na produção do cuidado. O fortalecimento do papel da equipe interprofissional nos cenários de prática é primordial para a garantia dos atributos essenciais da APS. |
6094 | HEPATITE C: ACESSO AO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO PACIENTE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Camila Correia Sampaio, Joyce Cristina Meireles da Silva, Carmem Lúcia Pereira Lopes, Juliana Domênico Queiroz HEPATITE C: ACESSO AO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO PACIENTE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.Autores: Camila Correia Sampaio, Joyce Cristina Meireles da Silva, Carmem Lúcia Pereira Lopes, Juliana Domênico Queiroz
Apresentação: A Hepatite C é uma doença causada pelo vírus C (HCV) que provoca uma inflamação aguda ou crônica no fígado. Por ser uma doença silenciosa e de evolução lenta, o diagnóstico é feito tardiamente, o que eleva os riscos da infecção progredir para formas mais graves, ocasionando cirrose hepática e câncer. No município do Rio de Janeiro, o processo de diagnóstico inclui a realização de teste rápido – Anti-HCV - que pode ser executado em todas as unidades de saúde do município, e caso seja reagente, será complementado com o exame de quantificação da carga viral – PCR quantitativo do HCV-RNA, que confirmará ou não a infecção pelo vírus C. Uma vez identificado um quantitativo de carga viral, o paciente deve ser regulado para outros níveis de atenção para que possa iniciar o tratamento. Durante todo esse processo, o acolhimento desse usuário é de extrema importância para que ele possa ter uma terapêutica humanizada e eficaz. Todo esse processo de diagnóstico e referenciamento para os demais níveis de atenção são de extrema importância, de forma que o tratamento seja realizado em tempo hábil, minimizando outras complicações como a cirrose hepática, o câncer, bem como a evolução para o óbito. Objetivo: Descrever o processo de referência dos usuários com teste rápido Anti-HCV reagente nas unidades de saúde das Áreas Programáticas 5 (5.1, 5.2, e 5.3), confirmados com HCV-RNA para o serviço secundário e/ou terciário em saúde e avaliar o cumprimento do fluxo de atendimento do usuário a partir da testagem rápida na atenção primária, segundo o preconizado na Linha de Cuidados em Hepatites Virais da SMS (RJ). Método: Estudo de coorte retrospectivo com análise exploratória, onde foram descritas as características dos pacientes que realizaram o teste de confirmação para o diagnóstico da Hepatite C, bem como a análise dos pacientes que foram regulados para o serviço especializado no Rio de Janeiro, durante os 06 primeiros meses de 2019. A partir dos bancos de dados secundários envolvidos no processo de diagnóstico e tratamento da Hepatite C, (Sistema de Controle Logístico de insumos Laboratoriais - SISLOGLAB, Gerenciador de Ambiente laboratorial – GAL e o Sistema de Regulação - SISREG) os pacientes foram identificados e tiveram seus caminhos avaliados de acordo com o esperado pela linha de cuidado do município. Resultado: Nas APs 5, nos seis primeiros meses de 2019, foram realizados 42.519 testes rápidos para Hepatite C, sendo 84 reagentes. Do total de 129 exames de carga viral detectável, 68 eram de pacientes já em acompanhamento médico, com diagnóstico prévio ao período da pesquisa. Portanto, dos 129 exames cuja carga era detectável, 61 (47,3%) eram casos novos. Tais análises foram possíveis através do cruzamento de dados com o SISREG. Após avaliação dos dados do SISREG, verificou-se que dos 61 casos novos, apenas 29 foram regulados para atendimento com especialista. Os outros 32 (52,4%) pacientes sequer foram inseridos no sistema. Após investigação, foram levantadas algumas hipóteses para tentar explicar a discrepância encontrada entre o número de testes rápidos reagentes e o número de casos novos. A primeira delas é que pacientes sabidamente com diagnóstico prévio de Hepatite C submeteram-se a realização de teste rápido. O paciente com diagnóstico de Hepatite C, mesmo com resposta virológica sustentada após o tratamento, permanecerá com o teste rápido reagente, pois ele detecta a presença de anticorpos para o vírus da Hepatite C (anti-HCV). Concluiu-se, portanto, que, nesse caso, houve uma falha no acolhimento desses pacientes. É importante ressaltar que, na suspeita de reinfecção, o paciente deve ser encaminhado para realização de carga viral. A segunda hipótese é de que os pacientes com teste rápido reagente que tiveram exame de PCR-RNA não detectável (seja por cura espontânea ou por TR falso reagente), não foram inseridos no SISREG, visto não necessitarem de avaliação do especialista. A terceira e última hipótese, é que esses pacientes com Anti- HCV reagente não tenham realizado exame HCV-RNA. Isto mostra uma falha grave na condução do diagnóstico da doença, pois é essencial que o paciente realize o exame de carga viral confirmatória. É função da equipe de referência desse paciente acompanhá-lo desde o diagnóstico, encaminhando-o ao especialista e o acompanhando durante o tratamento específico, uma vez que a atenção primária é ordenadora do cuidado e este deve ser compartilhado com a atenção especializada. O estudo também apontou falhas no que diz respeito ao processo de referenciamento desses pacientes para o especialista. Dos 61 casos novos encontrados no GAL, apenas 29 foram inseridos no SISREG, mostrando assim uma lacuna nessa fase do diagnóstico e início do tratamento. A análise do SISREG mostra que todos os pacientes inseridos no sistema foram regulados com uma média de 54 dias de espera, desde a data da solicitação da vaga até a data da primeira consulta com o especialista. Esses dados mostraram uma falha das equipes de referência no monitoramento desses 32 pacientes que não tiveram pedido de consulta com especialista inserido no SISREG. É importante que as equipes estejam atentas a não complementação do diagnóstico do paciente e realize a busca ativa desses casos a fim de compreender quais os motivos que levaram esses pacientes a não terem sido inseridos no SISREG. Existem algumas possibilidades a serem consideradas como, por exemplo, mudança de município de residência e/ou tratamento, óbito, ter iniciado tratamento na rede privada, entre outros. Ou na pior das hipóteses, esses pacientes estão sem tratamento, o que indica uma falha gravíssima no acolhimento desses pacientes por parte de sua equipe de atenção primária. Resultado: Conclui-se que ainda existem aspectos do acesso ao diagnóstico e tratamento da Hepatite C que precisam ser melhorados, principalmente no que diz respeito aos serviços de atenção primária à saúde, uma vez que foi identificado neste nível de atenção o maior número de possíveis falhas. É fundamental que tanto gestores quanto profissionais da assistência reúnam esforços para promover um acolhimento de forma humanizada e eficaz, de modo que os pacientes sejam encaminhados de forma adequada para o tratamento da Hepatite C, buscando assim, a cura desses indivíduos e reduzindo agravos decorrentes do não tratamento. |
7211 | ANÁLISE DOS DADOS DE IDOSOS ATENDIDOS POR UMA EQUIPE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE A PARTIR DE UMA PLANILHA DE ACOLHIMENTO Marina Chabrol Haas, Deborah Rodrigues de Souza Goncalves Sardinha, Ilsa de Souza Carvalho ANÁLISE DOS DADOS DE IDOSOS ATENDIDOS POR UMA EQUIPE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE A PARTIR DE UMA PLANILHA DE ACOLHIMENTOAutores: Marina Chabrol Haas, Deborah Rodrigues de Souza Goncalves Sardinha, Ilsa de Souza Carvalho
Apresentação: O acolhimento permite a classificação dos indivíduos conforme o risco, promovendo maior organização dos serviços de saúde, viabilizando a utilização da agenda, de modo a organizar o fluxo da demanda espontânea e programada, além de facilitar o acesso ao usuário de forma justa, ampliada e integral (Leite, 2009). A implementação da planilha de acolhimento se deu em uma equipe de Estratégia de Saúde da Família, localizada no Centro do Rio de Janeiro. Ao chegar à unidade, o usuário dirige-se ao acolhimento, de modo a descrever sua queixa ao Agente Comunitário de Saúde, que preenche um formulário online e imediatamente é enviada para uma planilha compartilhada com a equipe técnica. Posteriormente, os casos são avaliados para definição do horário de atendimento ou agendamentos. Após a avaliação, tem-se quatro possíveis desfechos: atendimento no dia, agendamento, retorno para outro acolhimento ou não aguardou. Objetivo: Identificar a proporção de idosos acolhidos em uma equipe de Estratégia de Saúde da Família, identificar suas demandas e o desfecho realizado durante esse acolhimento. Método: Foi realizada uma análise dos dados da planilha do mês de julho de 2018 a janeiro de 2019. Resultado: 667 usuários com idade igual ou acima de 60 anos foram acolhidos nesse período, um percentual de 26% do total de usuários acolhidos. O motivo da procura a unidade desses usuários foi principalmente por queixas clínicas (42%) e para mostrar resultado de exames (35%). Das queixas clínicas a prevalente foi dor nos membros e articulações, totalizando 18%. A equipe de saúde da família conseguiu realizar atendimento no mesmo dia em 78% das demandas. O Sistema Único de Saúde do Brasil possui um grande desafio no processo de transição epidemiológica, devido ao envelhecimento da população e aumento da prevalência de doenças crônicas. No Brasil estima-se que entre 2020 e 2045 a população idosa aumentar consideravelmente, e irá ultrapassar os 60 milhões em 2045 (Flores, 2015). Considerações finais: A análise da planilha do acolhimento revela que a população idosa é uma porcentagem importante dos usuários que procuram atendimento na Atenção Primária à Saúde, com demandas e queixas variadas. Esses dados auxiliam a equipe a planejar e implementar ações em saúde voltada para essa população. A equipe consegue na maioria dos casos resolver a demanda que motivou a procura a unidade, porém é necessário aprofundar a análise do atendimento dos idosos pelas equipes de Estratégia de Saúde da Família para verificar se a integralidade está permeando esse cuidado. |
7668 | DESAFIOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE FRENTE AO EVENTO ADVERSO PÓS-VACINAÇÃO Lidyane Parente Arruda, Maria Vanessa Azevedo da Silva, Francisca Alanny Rocha Aguiar, Rosalice Araújo de Sousa Albuquerque DESAFIOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE FRENTE AO EVENTO ADVERSO PÓS-VACINAÇÃOAutores: Lidyane Parente Arruda, Maria Vanessa Azevedo da Silva, Francisca Alanny Rocha Aguiar, Rosalice Araújo de Sousa Albuquerque
Apresentação: O Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV) é caracterizado como qualquer ocorrência clínica indesejada ou não intencional em pessoas que foram administrados imunobiológicos. Assim, esta pesquisa tem como objetivo investigar os desafios dos profissionais da Atenção Primária à Saúde frente ao Evento Adverso Pós-Vacinação. Desenvolvimento: Estudo exploratório de abordagem qualitativa realizado nos meses de agosto a novembro de 2019 em um município do Ceará. Participaram do estudo 10 profissionais da Atenção Primária à Saúde. Utilizou-se como critérios inclusão profissionais da saúde que realizaram notificações de EAPV no período de 2014 a 2018 e que mantinham vínculo empregatício com a rede atenção de atenção à saúde do município estudado. Os critérios de exclusão foram profissionais de saúde que estavam de licença trabalhista, de férias e os não tinham informações pertinentes a identificação do profissional de saúde na ficha de notificações, como nome completo e local de atuação. Para coleta de informações foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado e a ficha de notificação de EAPV. O estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira realizou-se uma visita na vigilância epidemiológica do município para apresentação do projeto e autorização do acesso as fichas notificações correspondentes ao período de investigação. Posteriormente, extraiu-se informações relacionadas ao nome completo do profissional notificador e local de atuação profissional. Já na segunda etapa foram realizados encontros com profissionais. Para tanto, realizou-se visitas nas unidades básicas de saúde. Foram disponibilizados termos de consentimento livre e esclarecido e em seguida realizou-se entrevistas semiestruturas nos locais de atuação profissional dos participantes. Para análise utilizou-se análise temática proposta por Minayo. O estudo respeitou os aspectos éticos da resolução 466 de 12 de dezembro de 2012 com parecer do comitê de ética em pesquisa: 2.374.360. Resultado: Para os profissionais, os principais desafios vivenciados na atenção primária à saúde frente ao EAPV são o conhecimento incipiente, burocratização no processo de investigação e aquisição de imunobiológicos especiais e a necessidade formação profissional. No que se refere ao conhecimento incipiente observou-se que os profissionais apontam pouca experiência e habilidade frente ao EAPV. Com isso, compreende-se que existem lacunas referente preparo teórico e prático dos profissionais que atuam na APS interferindo consequentemente na segurança e qualidade da assistência à saúde potencializando o risco de dano ao paciente. Quanto a burocratização, foi apontado dificuldade no retorno do desfecho dos casos de EAPV e aquisição de imunobiológicos especiais pelo centro de referência. Esse achando evidência desafios na continuidade do cuidado referente a prevenção de doenças imunopreviníveis. Além disso, os profissionais também mencionaram como dificuldade a redução significativa de capacitações com foco no EAPV, isso mostra que os profissionais não são instigados para aperfeiçoamento da prática frente aos eventos adversos. Considerações finais: Foi possível identificar que os desafios significativos na assistência ao EAPV caracterizam risco de danos ao paciente, gerando custos para o sistema e serviços de saúde do município. Entre as limitações deste estudo destaca-se a dificuldade de acesso aos dados das notificações realizadas em um período mais longo. |
7780 | PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A SUPLEMENTAÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO EM GESTANTES ATENDIDAS PELA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA Hudson Manoel Nogueira Campos, Daiene Rosa Gomes, Auana Daniele Prates Xavier, Mússio Pirajá Mattos, Kelry Suely Dias da Silva, Karina Oliveira Assunção, Bruna de Figueredo Queiroz, Ana Cristina Xavier de Oliveira Carvalho PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A SUPLEMENTAÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO EM GESTANTES ATENDIDAS PELA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIAAutores: Hudson Manoel Nogueira Campos, Daiene Rosa Gomes, Auana Daniele Prates Xavier, Mússio Pirajá Mattos, Kelry Suely Dias da Silva, Karina Oliveira Assunção, Bruna de Figueredo Queiroz, Ana Cristina Xavier de Oliveira Carvalho
Apresentação: O ácido fólico (AF) é uma vitamina do complexo B, essencial na prevenção de doenças e manutenção da saúde. No período gestacional as mulheres requerem maior quantidade desse nutriente, uma vez que a divisão celular embrionária aumenta nessa fase. Apenas por meio da alimentação é difícil alcançar os níveis desejáveis para esse período, portanto faz-se necessário a utilização da suplementação de AF. É importante que as mulheres nessa fase conheçam e entendam a importância da suplementação, além da dosagem e o período correto para utilizar esse medicamento, e nesse contexto a Estratégia de Saúde da família é muito importante, visto que é destinado para promoção da saúde, orientação, programas de intervenção para toda população inserida e com isso instruir as mulheres o uso adequado desse nutriente. De acordo com estudo de revisão de literatura a prevalência internacional da suplementação de ácido fólico é muito variável, está entre, 0,5% e 52%, contudo, um estudo realizado na China mostrou uma prevalência maior de 87,9%2. Com relação ao panorama nacional, um estudo conduzido por 15 municípios do Vale de Jequitinhinha (MG) uma das regiões mais pobres do país, realizado com 492 gestantes no terceiro trimestre, com o objetivo de analisar o padrão do consumo de folato nas gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde (UBS), foi identificado que apenas 4,8% das mulheres usaram a suplementação antes da concepção, 34,3% usou no primeiro mês gestacional e 53,9% fizeram suplementação mais tarde. Com relação aos fatores associados com a suplementação de ácido fólico na gestação, de acordo com a literatura, foi observado que mulheres com companheiro, maior escolaridade, renda familiar mais alta, ter planejado a gestação, ter seis ou mais consultas no pré-natal e ter iniciado o pré-natal no primeiro trimestre teve associação com o uso do ácido fólico antes e durante a gestação. Nesse sentido, o presente estudo tem o objetivo de estimar a prevalência e os fatores associados a suplementação de ácido fólico antes e durante a gestação de mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família do município de Barreiras, Bahia. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de corte transversal aninhado a uma coorte prospectiva intitulada “Coorte materna e infantil: perfil epidemiológico de gestantes, lactantes e crianças atendidas pela Estratégia de Saúde da Família do Município de Barreiras, Bahia”, envolvendo gestantes cadastradas na Estratégia de Saúde da Família do município de Barreiras. Essa pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa em seres humanos da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) sob o CAAE nº 15953513.0.0000.0053. Determinou-se uma amostra mínima de 333 gestantes. Durante a coleta de dados foram adotados os seguintes critérios de inclusão: (1) Gestantes vinculadas a Estratégia de Saúde da Família (ESF) da zona urbana do município de Barreiras, Bahia; (2) Gestantes clinicamente saudáveis. E os seguintes critérios de exclusão: (1) Gestantes HIV positivas; (2) Gestantes que não são acompanhadas pela ESF. Os dados foram coletados por pesquisadores e estudantes dos cursos da saúde, devidamente treinados para a execução das atividades. Com aplicação de um questionário cada entrevistador visitava as USF, em dias já disponibilizados pelos funcionários de cada unidade. As gestantes eram informadas a respeito da pesquisa e convidadas a participar, em caso afirmativo do convite os entrevistadores entregavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A variável dependente deste estudo é o “uso de ácido fólico antes e/ou durante a gestação”. As variáveis independentes utilizadas para analisar os fatores associados ao uso do ácido fólico são: Idade da mãe (13-19, 20-24, 25-29 e ≥ 30 anos), cor da pele, estado civil, vive com companheiro renda familiar, nível de escolaridade, benefício do governo, orientação nutricional, quantas vezes ficou grávida, gravidez planejada, quantidade de consultas realizadas, trimestre de início do pré-natal, usa vitamina durante a gestação. Os dados foram duplamente digitados e validados mediante o software Validate Epidate, versão 3.1 e processados pelo programa SPSS versão 22, na análise descritiva e inferencial. Resultado: Ao total 336 gestantes foram entrevistadas. 39,3% tinham idade igual ou maior que 30 anos, 78,6% se declararam como de cor de pele preta, 86,9% tinha escolaridade acima do ensino fundamental, a renda familiar em 77,13% das gestantes era maior do que um salário mínimo, a classe socioeconômica que prevaleceu foi a C, D e com 80,36%, a maioria das gestante viviam com companheiro (92,56%), 56,85% não trabalham fora do lar, um terço das mulheres entrevistadas recebiam algum benefício do governo. A maioria das gestantes não bebem (42,56%) ou pararam de beber bebida alcoólica durante a gestação (44%), com relação ao uso de cigarros apenas 2,08% ainda eram fumantes. 66,97% já haviam engravidado anteriormente, 98,81% tem realizado o pré-natal, 42,56% das gestantes planejaram a gestação, 87,5% iniciaram o pré-natal durante o primeiro trimestre, e 66,26%realizaram mais do que 3 consultas durante a gestação, apenas 49,4 % receberam orientação nutricional nas USF, e 77% afirmaram está tomando algum suplemento vitamínico. A suplementação de ácido fólico antes da gestação foi de apenas 3,27%, e durante a gestação foi de 64,58%. Na análise bivariada que foram significativamente associadas ao desfecho foram: classe socioeconômica (OR=0,277/P= 0,028), trabalho fora do lar (OR= 3,659/P=0,044), planejou a gestação (OR= 6,144/P=0,007), e a orientação nutricional (OR= 10,833/P=0,005), para a suplementação com ácido fólico antes da concepção. Quando foi feita a análise ajustada, a suplementação de ácido fólico antes da gestação foi maior para as mulheres que planejaram a gestação (OR= 7,471/ P= 0,007) quando comparado as mulheres que não planejaram e para as gestantes que receberam orientação nutricional (OR= 13,899/ P=0,005), em comparação com as que não receberam. Já na variável classe socioeconômica as classes C/D/E teve associação inversa (OR= 0,278/ P= 0,028). Os resultados da análise do uso de ácido fólico durante a gestação, na qual obteve variação de 25% entre as mulheres que realizaram o pré natal e até 79,2% entre as mulheres de 20 a 24 anos. Após realizada a análise bruta as variáveis que tiveram significância foram classe socioeconômica (OR= 1,98/P= 0,013), consumo de bebida alcoólica (OR=0,468/P=0,061), planejou a gestação (OR=1,511/P= 0,078) e o uso de suplemento vitamínico (OR=1,757/P=0,032). Porém na análise ajustada a variável consumo de bebida alcoólica não entrou para análise pelo sistema. Assim na análise ajustada a suplementação do uso de ácido fólico durante a gestação, foi maior para as mulheres com classe socioeconômica C/D/E, (OR= 2,201/P=0,005) do que as de classe A e B, gestantes que planejaram a gestação (OR= 1,611/P=0,037) do que as que não planejaram, e por último, gestantes que estavam usando algum suplemento vitamínico durante a gestação (OR= 1,805/P=0,025) quando comparado as que não estavam em uso. Considerações finais: Quando analisamos o percentual de mulheres que não usaram AF, antes da gestação (96,73%) e durante a gestação (35,4%), esses dados nos chamam atenção a fim de tomar medidas adequadas para mudança desse quadro na Estratégia de saúde da família, a fim diminuir essa prevalência. Dentre essas medidas a primordial é a prescrição e a informação sobre os benefícios da suplementação desse nutriente, logo, os profissionais da saúde precisam estar atentos a esses dados e consequentemente ter mais cuidado com a população atendida principalmente pela atenção básica. |
8609 | A PREVALÊNCIA DO TABAGISMO ENTRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: FRENTE AO ESTIGMA NA PROCURA DE AJUDA ESPECIALIZADA LARESSA DA SILVA BARBOSA DA SILVA PEREIRA, GISELLE MÓSER Móser Jorge Saad Ferreira, DEBORA PASSOS Passos da silva jones, THAYNA PONTES PONTES PEREIRA A PREVALÊNCIA DO TABAGISMO ENTRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: FRENTE AO ESTIGMA NA PROCURA DE AJUDA ESPECIALIZADAAutores: LARESSA DA SILVA BARBOSA DA SILVA PEREIRA, GISELLE MÓSER Móser Jorge Saad Ferreira, DEBORA PASSOS Passos da silva jones, THAYNA PONTES PONTES PEREIRA
Apresentação: O tabagismo é um problema de saúde publica, apesar do avanço ao combate ao seu consumo, o tabaco continua sendo uma das principais causas evitáveis de morte. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que por ano mais de seis milhões de pessoas morram no mundo em decorrência as doenças relacionadas ao tabagismo. O tabaco expõe os indivíduos a mais de sete mil substâncias tóxicas queatuam como fator de risco para diversas doenças crônicas como câncer, doenças respiratórias, cardiovasculares e outras. Dessa forma, a suspensão do tabagismo é a única maneira de diminuir a mortalidade diante dessa problemática. A partir de 2005, o tratamento formal para cessação do tabagismo passou a ser implantado em unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), de forma planejada e monitorada. Garantida pelo Ministério da Saúde, portaria 1.575/02, e consolidada pelo Programa Nacional de Combate ao Tabagismo, este colaborou para que os profissionais de saúde sejam sensibilizados para o fato da dependência em nicotina, com propósito da interrupção do fumo. Essa situação se agrava quando há uma prevalência do uso do tabaco entre os profissionais de saúde, pois é um fator que pode prejudicar sua atuação no controle adequado ao tabagismo. O fato dos profissionais serem considerados referências para os pacientes são eles que deveriam combater com maior intensidade e responsabilidade essa doença. Dentro da problemática do trabalhador da saúde que fuma, percebe-se o estigma, a tentativa de manter em sigilo o hábito e de se sentir inibido na procura a ajuda especializada. Objetivo: O estudo propõe uma reflexão sobre a prevalência do tabagismo entre os profissionais de saúde e ao estigma na procura de ajuda especializada. Enfatiza o quanto essa situação agrava e dificulta na cessação do fumo entre os pacientes e profissionais de saúde. Método: Abordagem qualitativa do tipo exploratória, utilizando a base de dados em artigos e revistas de saúde. Resultado: Os artigos científicos já consultados demonstram a necessidade de instituir novos programas de promoção e prevenção de saúde que abordem os diversos fatores sociodemográficos e individuais, como programas voltados para os profissionais de saúde ligados ao tabagismo, a fim de possibilitar a redução de sua prevalência entre esses profissionais. Obter novas estratégias para abandono do habito, uma vez que somente ressaltar os malefícios do uso tabaco, não é o principal método para alcançar este objetivo, visto que, estes profissionais possuem esses conhecimentos. Sendo indispensável ajuda psicológica, levando em consideração as condições de trabalho com longas jornadas e alta carga de responsabilidade. Considerações finais: A intervenção para a interrupção do uso do tabaco é fundamental seja com programas de prevenção, seja por outras estratégias. As unidades de saúde devem aproveitar o clima social de debate em relação ao fumo e adotar, uma política antifumo, com iniciativas de promoção da saúde e prevenção de complicações de correntes ao tabaco. Os profissionais de saúde ex-fumantes podem gerar um impacto importante na saúde da população em geral. |
8627 | AVALIAÇÃO DOS RISCOS À SAÚDE DE AÇOUGUEIROS DE UM MERCADO PUBLICO NO INTERIOR DO CEARÁ Layse Fernandes Queiroz Vasconcelos, Benedita Shirley Carlos Rosa, Francisco Antonio William Moreira Madeiro, Francisco Thiago Araujo Cunha, Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto AVALIAÇÃO DOS RISCOS À SAÚDE DE AÇOUGUEIROS DE UM MERCADO PUBLICO NO INTERIOR DO CEARÁAutores: Layse Fernandes Queiroz Vasconcelos, Benedita Shirley Carlos Rosa, Francisco Antonio William Moreira Madeiro, Francisco Thiago Araujo Cunha, Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto
Apresentação: O mercado de carnes representa um setor importante da economia mundial e brasileira, sendo o Brasil um dos maiores produtores de carne, tendo o açougueiro um dos pequenos comerciantes da ponta dessa cadeia produtiva. O açougueiro é uma profissão histórica e das mais antigas, que vem modificando-se ao longo do tempo, com a evolução do mercado de trabalho, assim como o surgimento de frigoríficos, e também a questão do seu caráter social – uma profissão antes bem-conceituada, tornando-se hoje de baixo prestígio social e reconhecimento. O processo produtivo a que estão expostos esses trabalhadores, com ambientes quase sempre insalubres os expõe a diversos riscos à saúde, o que os torna vulneráveis a doenças e agravos. Diante do exposto, esse estudo tem como objetivo identificar os riscos a que estão expostos os açougueiros em seu processo de trabalho, que são determinantes para o processo saúde-doença-trabalho. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo estudo de caso, desenvolvida no município de Sobral – Ceará – Brasil, durante o período de novembro a dezembro de 2019, com oito trabalhadores de açougues do Mercado Público de Sobral – Ceará, Brasil. Antes da coleta das informações, os sujeitos foram informados sobre o objetivo da pesquisa, os riscos e benefícios do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta das informações foi realizada por meio de um formulário, contendo perguntas sobre dados sociodemográficos, processo de trabalho e os riscos a que estão submetidos. Concomitante à realização do questionário, foi efetuada observação durante as diversas fases do processo de trabalho dos açougueiros. Os sujeitos foram abordados durante o horário de trabalho. Durante a coleta das informações foi observado como se dá o processo de trabalho dos sujeitos, com a identificação das diferentes funções que cada trabalhador desempenhava, se fazem uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e a avaliação dos riscos a que estavam expostos. Durante o desenvolvimento do estudo, foram observados os aspectos éticos e legais da pesquisa de acordo com a Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), com protocolo submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) sob CAE Nº 47808515.4.0000.5053, sendo este aprovado pelo parecer Nº 1.344.066. Ressalta-se que esta pesquisa é um recorte da pesquisa intitulada “Doença, labor e trabalho no Semiárido Cearense: avalição do perfil dos acidentes e da mortalidade por causas relacionadas ao trabalho na Zona Norte do Ceará, 2009 a 2013”. Resultado: Quanto ao perfil sociodemográfico, os sujeitos desse estudo são todos homens, sendo quatro com faixa etária entre 20 e 40 anos, e quatro de 41 a 70 anos, demonstrando uma força de trabalho diversificada, que vai desde a juventude até a aposentadoria. Em relação a cor/raça, quatro deles se autodeclaram pardos, três brancos e, um se negro. Em relação ao tempo de trabalho, cinco atuam na ocupação há mais de 21 anos. Diante disso, o trabalho em açougue é um trabalho tradicional e permanente de acordo com essa população, que trabalham para sua subsistência e da sua família durante longos anos, de forma autônoma. Dos sujeitos, quatro consideram a atividade desgastante. Os fatores que justificam esse desgaste apontados por eles são: a jornada de trabalho intensa, ausência de folgas ou férias, desconforto ergonômico decorrente da carga horária ampliada, dificuldades de relacionamento com os clientes, atividades repetitivas e de grande esforço físico, e o estresse gerado desses problemas. A rotina do processo de trabalho se dá pelo processo de recebimento da carne dos fornecedores e abatedouros no fim da madrugada, a organização para armazenamento e refrigeração dos produtos que serão utilizados posteriormente, a realização dos cortes para exposição na bancada e venda das carnes ao consumidor final; limpeza das camaras de refrigeração, bancadas, mesas, utensilios, maquinas de corte e chão ao final do dia; o uso de EPI é precário e quase inexistente, onde a utilização de botas e aventais prevalece como a mais utilizada, o uso de luvas, máscaras e óculos de proteção não foi observado em nenhum dos boxes do setor de frigorifico analisado nesse estudo, fator agravante em relação a exposição a riscos à saúde desses trabalhadores. Quanto aos riscos têm-se: O ambiente de trabalho por si só representa riscos físicos à sua saúde, relacionadas a iluminação, ventilação, umidade e ruídos. Estes trabalhadores estão expostos a facas, machados e máquinas que serram ossos, as câmaras frias de armazenamento da carne contrastam diretamente com o local de atendimento ao público abafado, quente e mal iluminado onde passam boa parte do dia. Quanto aos riscos químicos, durante a limpeza do ambiente (bancadas, freezers, piso, mesas e facas) estes trabalhadores entram em contato com produtos químicos muito fortes e por vezes tóxicos, tanto pelo contato direto com a pele (durante o não uso ou uso inadequado de EPI) ou pela inalação de gases e vapores emitidos por eles. Como consequência, essa população incidência de dores de cabeça relacionadas ao cheiro forte e irritação das vias aéreas, para, além disso, em situações de contato constante e extremo, esses gases podem causar até mesmo asfixia. Os riscos biológicos podem ser classificados quanto a contaminação por vírus, fungos e bactérias, podem ser adquiridos pelo contato com objetos contaminados, pelo acúmulo de sangue e pela carne, assim como por meio dos acidentes de trabalho com objetos perfurocortantes, como facas e máquinas de corte. As características dos riscos ergonômicos identificados e relatados neste estudo ficaram evidenciadas pela repetitividade de movimentos, esforço físico intenso e postura inadequada. Além disso, evidencia-se também a relação dos agravos como dores na coluna e articulares, com a intensa jornada de trabalho a que estão expostos, associado há muitas horas em pé e a incidência de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) aumentam progressivamente. Os riscos foram caracterizados nesse estudo pela jornada de trabalho extensa, ritmo acelerado e organização do espaço físico, que anteriormente foram citadas como fatores desgastantes do processo de trabalho. Considerações finais: Por fim, percebe-se que os açougueiros precisam ser orientados quanto a prevenção dos riscos, o uso de EPI e de ações de promoção da saúde que reduzam os riscos de LER/DORT, bem como do modo correto de higienização do ambiente de trabalho. |
8793 | INDICADORES SOCIOECÔNOMICOS RELACIONADOS AO CONSUMO ALIMENTAR E À CONDIÇÃO DE INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE PRÉ-ESCOLARES Luiz Felipe de Paiva Lourenção, Paula Ribeiro Santos, Izabela Regina Cardoso de Oliveira, Fernando Luiz Affonso Fonseca, Míriam Monteiro de Castro Graciano, Stela Márcia Pereira-Dourado INDICADORES SOCIOECÔNOMICOS RELACIONADOS AO CONSUMO ALIMENTAR E À CONDIÇÃO DE INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE PRÉ-ESCOLARESAutores: Luiz Felipe de Paiva Lourenção, Paula Ribeiro Santos, Izabela Regina Cardoso de Oliveira, Fernando Luiz Affonso Fonseca, Míriam Monteiro de Castro Graciano, Stela Márcia Pereira-Dourado
Apresentação: O acompanhamento nutricional e alimentar adequado na infância é fundamental para um completo crescimento e desenvolvimento do indivíduo, podendo trazer alterações de diversas ordens no futuro. Objetivo: a) Avaliar o estado nutricional de crianças assistidas em Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Lavras-MG, por meio de dados antropométricos, marcadores alimentares e bioquímicos; b) Avaliar o consumo alimentar e a situação de insegurança alimentar e nutricional; c) Identificar os principais fatores que possam estar associados aos desfechos investigados. Método: Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, conduzido com 581 crianças de 0 a 5 anos e 11 meses, nas quais foram investigadas as condições antropométricas, consumo alimentar e insegurança alimentar e nutricional e avaliados parâmetros bioquímicos de 218 crianças. Foram criadas árvores de classificação para as variáveis respostas consumo alimentar e insegurança alimentar e modelos de regressão logística para quantificação dos efeitos associados a essas. Resultado: De acordo com o perfil antropométrico observou-se que 23,6% das crianças apresentavam-se com baixa estatura, 8,3% de peso elevado e 22,7% de sobrepeso e 8,8% de obesidade, de acordo com os indicadores E/I, P/E e IMC/I, respectivamente. Foi encontrado valor médio do índice Ales de 6,2 (DP = 4,5). Pode-se observar que 32,0% das crianças consomem alimentação de baixa qualidade, 15,8% de média qualidade e 52,2% de boa qualidade. O índice de insegurança alimentar foi de 43,2%, 185 crianças (35,3%) possui Insegurança leve; 26 crianças (5,0%) possui Insegurança moderada e 15 crianças (2,9%) possui Insegurança grave. Verificou-se que 16,9% apresentam sideropenia e 9,5% de crianças com baixa ferritina; 14,5% apresentam hipervitaminose A, contrapondo a 8,1% de hipovitaminose D; as deficiências de zinco e ferro correspondem a 12,4% e 6,3% da amostra, respectivamente. Pelos modelos logísticos ajustados, constatamos que a insegurança alimentar foi associada à situação econômica familiar, ao número de refeições diárias e a idade gestacional da mãe. O consumo alimentar inadequado também apresentou associação com as mesmas variáveis, incluindo o uso de fórmulas infantis. Considerações finais: Uma parcela relevante das crianças investigadas encontra-se sob insegurança alimentar e consumo alimentar inadequado e, estes, estão relacionados ao nível socioeconômico familiar, demonstrando a necessidade de intervenções de cunho educativo e preventivo, com o intuito de se evitar repercussões negativas no crescimento e desenvolvimento. |
9170 | O ACOLHIMENTO DA DEMANDA ESPONTÂNEA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: REFLEXÕES A PARTIR DO PROCESSO DE TRABALHO DE UMA UNIDADE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ANDREZA RODRIGUES, Camila dos Santos Ferreira O ACOLHIMENTO DA DEMANDA ESPONTÂNEA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: REFLEXÕES A PARTIR DO PROCESSO DE TRABALHO DE UMA UNIDADE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIROAutores: ANDREZA RODRIGUES, Camila dos Santos Ferreira
Apresentação: Assegurar acessibilidade e acolhimento na Atenção Primária à Saúde pressupõe uma lógica de organização e funcionamento orientada pelo princípio de que as equipes devem receber e ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de modo, a construir respostas para suas demandas e necessidades. O objetivo deste estudo foi identificar diferentes formas de realizar o acolhimento da demanda espontânea em Unidades Básicas de Saúde e relatar a utilização de um instrumento na reorganização do acolhimento da demanda espontânea de uma Clínica de Saúde da Família no município do Rio de Janeiro. Utilizou-se dois percursos metodológicos complementares: uma revisão integrativa de literatura e uma descrição crítica de uma experiência vivida no contexto do trabalho enquanto residente. Na revisão, foram selecionadas dez publicações - todas brasileiras-, que após análise compuseram quatro categorias: “Acolhedores do dia”: a enfermagem como protagonista do processo de acolhimento; Classificação de risco: acolhimento ou triagem da demanda?; Organização da agenda dos profissionais; e participação dos usuários no acolhimento. Identificou-se uma concentração em três ferramentas no lidar com o acolhimento da demanda espontânea, mesmo em municípios de portes diferentes, com predominância em cidades com baixo índice populacional. Do segundo percurso metodológico - a experiência vivida pela residente - identifica-se que a ferramenta denominada de "planilha" inclina-se a uma perspectiva no âmbito da triagem e estudo da demanda, em detrimento do acolhimento numa lógica de humanização nas relações entre trabalhadores e usuários. A partir disso, foi possível apontar similaridades entre os resultados deste estudo, no que diz respeito a ambiência do local onde se realiza o acolhimento e a excessiva demanda espontânea dos serviços. |
9194 | O USO DO GOOGLE DRIVE COMO FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DE PRÉ-NATAL E PUERICULTURA POR EQUIPE DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO SUL DE RONDÔNIA. edilson Alves da Silva, Camila Dala riva, Georgya Maria Tomaz Azevedo Gambarra, Jorcilene Maria Salton de lara, katia Fernanda Alves Morreira O USO DO GOOGLE DRIVE COMO FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DE PRÉ-NATAL E PUERICULTURA POR EQUIPE DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO SUL DE RONDÔNIA.Autores: edilson Alves da Silva, Camila Dala riva, Georgya Maria Tomaz Azevedo Gambarra, Jorcilene Maria Salton de lara, katia Fernanda Alves Morreira
Apresentação: A mortalidade infantil no Estado de Rondônia permanece com níveis indesejáveis e assim a linha de cuidado materno-infantil foi estabelecida pelo governo do estado e conselho nacional de secretários de saúde - CONASS como prioritária para estratégia de planificação da atenção primaria à saúde – APS em Rondônia. Diante da dificuldade dos profissionais no acompanhamento desse grupo populacional nas micro áreas dos agentes comunitários de saúde – ACS, foi proposto que, nas visitas domiciliarias, estes atores coletassem informações em planilhas de acompanhamento, as quais foram sugeridas nas oficinas de tutoria da planificação da APS de Rondônia, convertendo-as posteriormente para a versão compartilhada do Google Drive. Desenvolvimento: A ação principal foi a conversão destas planilhas para formato digital e compartilhado com todos os profissionais da equipe de saúde da família via e-mail, onde os ACS alimentam os dados essenciais, via dispositivo móvel, disponibilizado a todos. As informações das gestantes e crianças são visualizadas em tempo real a partir da inserção dos dados, além de avaliados em espaço de reunião de equipe. Resultado: A estratégia possibilitou uma visão diferenciada do acompanhamento de crianças e gestantes, tanto por dados vitais para qualificação do cuidado como para verificar as ações individualizadas por micro área e ACS. A planilha possibilitou a diminuição do absenteísmo, intervenções em intercorrências do acompanhamento infantil, bem como o fortalecimento da visita puerperal. Considerações finais: A utilização das ferramentas digitais contribuiem positivamente no cuidado por parte das equipes de estratégia de saúde da família, potencializa os atributos essências da APS e possibilita a diminuição da mortalidade materna-infantil. |
11162 | A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ACOMETIDO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: RELATO DE CASO Flavine Evangelista Gonçalves, João Enivaldo Soares de Melo Junior, Vitória Gabrielle Matos Nascimento, Joanny Emanoelly Campos do Nascimento A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ACOMETIDO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: RELATO DE CASOAutores: Flavine Evangelista Gonçalves, João Enivaldo Soares de Melo Junior, Vitória Gabrielle Matos Nascimento, Joanny Emanoelly Campos do Nascimento
Apresentação: A Sistematização da Assistência de Enfermagem ao paciente acometido com hipertensão arterial sistêmica em uma Unidade Básica de Saúde: Relato de casoA hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Consequentemente, é uma doença com fatores de riscos percussores de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. Simultaneamente, a atenção básica é a porta de entrada para a rede de serviços do SUS a qual se responsabiliza pela promoção, prevenção, proteção, diagnostico, tratamento e reabilitação do usuário. Nessa conjectura, a atenção básica é a válvula de escape para a prevenção da hipertensão e demais doenças crônicas que vem se encontrando na enfermagem como recurso essencial no rastreamento e combate da hipertensão. Em contra partida, a Sistematização da Assistência de Enfermagem, garante contornos satisfatórios na efetivação da prestação do cuidado ao passo que conduz e organiza as principais ações do enfermeiro e seus respectivos resultados assim como a documentação da sua prática profissional. O intuito do referido trabalho é relatar um caso clínico vivenciado por acadêmicos de enfermagem do 7º período, da Universidade Federal do Pará, no Semi Internado em Saúde Coletiva durante uma consulta subsequente de um paciente diagnosticado com HAS que realiza tratamento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). A partir do referido quadro clínico obteve-se os seguintes diagnósticos de enfermagem: Dentição prejudicada relacionada à higiene oral inadequada e conhecimento insuficiente sobre saúde dental, evidenciado por ausência de dentes e cáries dentárias; Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz relacionado à hipertensão; Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída relacionado à hipertensão; Perfusão Tissular Periférica Ineficaz relacionada à conhecimento insuficiente sobre o processo da doença, evidenciado por edema em membros inferiores. Em seguida, foram implementadas as seguintes intervenções de enfermagem: orientação sobre higiene corporal, prescrição de dieta hipossódica e hipocalórica e prescrição de atividade física três vezes por semana durante uma hora. Ademais, devido ao alto risco relacionado aos valores pressóricos elevados, o usuário foi diretamente encaminhado para uma unidade de pronto atendimento localizada no mesmo bairro. Após a execução da SAE, espera-se atingir os seguintes Resultado: recuperação e preservação dos valores pressóricos arteriais normais e higiene corporal adequada. Conclui-se a importância da SAE nas consultas de enfermagem ao adoecido crônico, haja vista garantir uma avaliação holística do indivíduo, identificando alterações, intervindo e encaminhando em casos emergênciais como no presente estudo. Portanto, o profissional enfermeiro junto à equipe multiprofissional de saúde da atenção básica precisam estar capacitados na prevenção de doenças e agravos, conhecendo a rede dos serviços de saúde locais e encaminhando casos clínicos de média e alta complexidade para unidades e hospitais de referência. |
9335 | CAPACITAÇÃO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA (PA): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Heloize de Souza Machado, Leonardo Rodrigues Dias, Lídia Gonçalves Dias, Luiz Augusto Bentes Leite, Moana Pinheiro Silva CAPACITAÇÃO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA (PA): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.Autores: Heloize de Souza Machado, Leonardo Rodrigues Dias, Lídia Gonçalves Dias, Luiz Augusto Bentes Leite, Moana Pinheiro Silva
Apresentação: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de acadêmicos da Universidade Federal do Pará, integrantes do Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança - estágio Multicampi, acerca da inserção de procedimento para a classificação de risco de pacientes em uma na unidade de Estratégia Saúde da Família (ESF) no município de Abaetetuba, interior do estado. Seu objetivo é apresentar a experiência exitosa durante o processo de treinamento e capacitação de uma equipe multiprofissional, como passo inicial da implantação de classificação de risco realizada na unidade de saúde. A classificação de risco constitui instrumento importante para priorização da assistência em um serviço de saúde, sendo utilizada com maior frequência em unidades de pronto atendimento. Sua implementação efetiva na atenção básica é um desafio, haja vista que em todos os estabelecimentos de saúde da atenção básica no município utilizam-se da ordem de chegada como critério de prioridade, tratando-se de uma prática cultural. Entretanto, há falhas nessa metodologia de trabalho, pois permite que pacientes em situações de maior vulnerabilidade não sejam tratados como prioridades, oferecendo risco à saúde desses usuários do serviço público. Desenvolvimento: Aplicar um sistema de classificação de risco na ESF objeto de estudo estava no planejamento dos último ano, tendo como precursora a enfermeira da unidade, porém ainda não havia sido implementado. Existe o interesse em organizar o fluxo de usuários agendados assim como a demanda espontânea, onde esta segunda é extensa e afeta diretamente o registro de produção diária, pois muitos atendimentos não foram contabilizados devido à dificuldade de gerenciamento desse tipo de demanda. Inicialmente foi identificada a situação-problema, fundamentada na ausência de critério único para estabelecer a prioridade de cada usuário ao chegar na unidade, sendo observados conflitos entre os próprios pacientes (por não entenderem o critério de urgência), aumento da demanda espontânea, sobrecarga diária de atividades, filas de espera na área externa da unidade antes do horário de funcionamento mesmo em consultas agendadas, pois o critério principal utilizado era a ordem de chegada. Todavia, alguns profissionais adotavam classificações de risco não convencionais, divergindo da utilização de classificação como o exemplo demonstrado no caderno de atenção básica, realizando uma triagem de pacientes segundo a orientação de suas próprias experiências (sintomas dos pacientes e aprendizagem recebida em cursos profissionalizantes) e reflexões do que seria um caso emergencial a se resolver. Assim, foi realizada pesquisa sobre os modelos de classificação de risco existentes, buscando elaborar um modelo que atendesse às necessidades da unidade. Encontrou-se o protocolo de Manchester, originalmente desenvolvido na Inglaterra, em 1994, para serviços de emergência, e o protocolo de classificação de risco na atenção básica sugerido pelo Ministério da Saúde no caderno de atenção básica de número 28 volume 2, que por sua vez, descreve a importância do acolhimento eficiente e sensível frente às necessidades biopsicossociais do usuários de demanda espontânea, baseadas nos princípios do Sistema Único de Saúde - universalidade, integralidade e equidade. Por conseguinte, foi promovida capacitação inicial para a equipe 1 (um) no auditório da unidade, participando 9 (nove) agentes comunitários de saúde (ACS), 1 (um) assistente de saúde bucal (ASB), 1(um) assistentes administrativos, 2 (dois) técnicos de enfermagem e a enfermeira da unidade. A ação de capacitação consistiu-se de uma apresentação de diapositivos realizada no auditório do estabelecimento de saúde, com exposição de 2 (dois) casos clínicos de diferentes gravidades em odontologia utilizados como instrumentos de exemplificação, onde o primeiro caso se tratava apenas de uma fratura de esmalte dentário em uma criança de 7 anos que chegou primeiro na unidade e o segundo caso era de uma mulher de 35 anos com um quadro de alveolite que chegou após a criança. Em seguida, foi solicitado aos profissionais, conforme seus conhecimentos prévios, a classificação de prioridade de atendimento para os casos apresentados. Do total presente no treinamento, 20% (três) indicaram que o primeiro caso por ser de uma criança e ter chegado primeiro na unidade merecia prioridade, enquanto os demais apontaram o segundo caso como prioridade, o que estaria correto em decorrência da gravidade do quadro. Dos 3 (três) profissionais que sinalizaram a criança como caso emergente, um mostrou-se com dificuldade em reconhecer o caso de alveolite como prioritário, mesmo após as explicações e exposição do motivo de priorização, o que indicou durante o treinamento que a cultura estabelecida (priorização por ordem de chegada) pode tornar-se um dificuldade durante a implementação do novo processo de trabalho. Em seguida, apresentou-se os pontos essenciais para o desenvolvimento do uso da categorização de risco, como: a capacitação de toda a equipe como fator de sucesso para o processo; treinar a percepção para identificar sinais não verbais evidenciados ou não pelos usuários; a flexibilização dos períodos de assistência inicial (peculiar ao serviço de urgência e emergência), uma vez que os estabelecimentos da atenção básica possuem um caráter de promoção e prevenção à saúde, visando considerar riscos e vulnerabilidades do usuário durante a priorização. Posteriormente, foram descritas as especificidades do Protocolo de Manchester, da tabela de classificação de riscos na atenção básica e atualização da proposta inicial, apresentado à unidade pela enfermeira, bem como as etapas para a real implementação do processo de classificação, sendo elas: capacitação da equipe multiprofissional; elaboração do protocolo da unidade; apresentação do projeto à comunidade; execução e validação do protocolo elaborado; avaliação semestral da metodologia de classificação implementada e ajustes pertinentes a fim de melhorar fluxo de trabalho. Por fim, foram expostos 2 (dois) casos clínicos diferentes dos iniciais, onde registrou-se o acerto de toda a equipe na classificação de prioridade, demonstrando êxito no treinamento. Resultado: A atividade teve duração total de 60 minutos (uma hora), com participação expressiva da equipe, a qual se demonstrou receptiva ao desenvolvimento da ação e discussão do temáticas propostas, indicando a necessidade de uniformizar a classificação de risco na unidade. Após a realização da atividade descrita, ficou acordada a construção conjunta do protocolo de classificação de risco pelos acadêmicos e equipe da unidade de saúde, com elaboração de plano de ação para divulgação da ideia para a comunidade, sua implementação e reavaliação periódica semestral, permitindo ajustes futuros que, porventura, surjam. Para os acadêmicos do projeto Multicampi, desenvolver uma atividade coletiva de capacitação favoreceu a experiência de trabalho em gerenciamento de grupos e permitiu uma aproximação maior com a equipe. Considerações finais: Considerar as necessidades individuais de cada paciente ao chegar ao estabelecimento de saúde é de extrema importância para o atendimento adequado do paciente, alcance do princípio de equidade e estabelecimento de vínculo entre usuário e unidade. Nesse sentido, a adoção de classificação de risco se destaca como elemento facilitador deste processo. A ESF encontra-se em regime de estruturação e implantação do protocolo de classificação de risco, inclusive com a construção de ficha de acompanhamento semestral da classificação de risco dos pacientes durante os respectivos atendimentos na unidade, o que ajudará na avaliação dos indicadores de saúde individuais e da comunidade, sugerindo as intervenções a serem realizadas em cada situação. |
9800 | MONITORAMENTO DA COMPLETUDE DA CADERNETA DA GESTANTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Melissa de Mello, Raquel Santos de Queiroz, Bruna De Souza Resende, Myrian Coelho Cunha da Cruz, Odila Dias Curi MONITORAMENTO DA COMPLETUDE DA CADERNETA DA GESTANTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Melissa de Mello, Raquel Santos de Queiroz, Bruna De Souza Resende, Myrian Coelho Cunha da Cruz, Odila Dias Curi
Apresentação: A Caderneta da Gestante é um instrumento da Rede Cegonha que permite comunicar, para os diversos pontos de atenção, o histórico do atendimento pré-natal, do parto e do puerpério. Os registros neste documento visam informar à maternidade sobre o atendimento pré-natal realizado e, ao mesmo tempo, permitir a expressão de saberes, sentimentos e emoções de gestantes e parceiros. A diversidade de registros na Caderneta é fundamental para a atenção humanizada. Dessa forma, é essencial o registro adequado, pela equipe de saúde, das informações solicitadas pela caderneta para a tomada de decisões, e evitar repetição ou omissão de procedimentos e facilitar a comunicação transversal dos serviços. A fim de proporcionar melhoria na comunicação da Rede Cegonha em Niterói, foi proposto pelo PAISM/DESUM/VIPACAF/FMS, com apoio das enfermeiras residentes em Saúde Coletiva da UFF, a avaliação da qualidade das informações registradas, por meio de análise da completude dos campos de preenchimento da Caderneta da Gestante (Ministério da Saúde), no momento da alta da maternidade. Desenvolvimento: A verificação do preenchimento dos campos da Caderneta da Gestante (MS) foi realizada por meio de instrumento próprio de coleta de dados em três etapas, pelas residentes: dezembro de 2018, junho de 2019 e em janeiro de 2020. No momento da alta da Maternidade Municipal Alzira Reis, era apresentado às puérperas o objetivo do trabalho de monitoramento da completude da Caderneta e sua importância. O termo completude refere-se ao grau de preenchimento de cada categoria disponível, e a quantidade de registros pode ser classificada utilizando pontos de cortes no percentual de preenchimento. Foram adotados os graus: Excelente (mais de 95% de registros preenchidos); Bom (de 95% a 91% de registros preenchidos); Regular (de 90% a 81% de registros preenchidos); Ruim (de 80% a 50% de registros preenchidos); e Muito Ruim (menos de 50% de registros preenchidos). Foram verificadas as Cadernetas da Gestante (MS) de puérperas em alta da Maternidade Municipal Alzira Reis, independente da faixa-etária, que realizaram o Pré-Natal na rede pública do município. As Cadernetas de mulheres não residentes de Niterói, que realizaram o Pré-Natal em outro município ou na rede particular, ou não aceitaram participar do estudo não foram avaliadas. Resultado: Durante 24 visitas à MMAR, as residentes encontraram 114 puérperas de alta, sendo 30 em dezembro de 2018, 35 em junho de 2019 e 49 em janeiro de 2020. Dessas, 60 cadernetas foram selecionadas a partir dos critérios de inclusão e exclusão, 20 em cada período. O perfil das puérperas que disponibilizaram a Caderneta da Gestante é o de mulheres entre 20 e 24 anos (40%), de raça/cor autodeclarada parda (52%), que concluíram o ensino médio (47%). A maioria delas realizou o Pré-Natal em módulos do PMF (60%), e 83% delas tiveram seis consultas ou mais. Em relação ao parto, 76% dessas puérperas pariram por via vaginal. Para a análise da completude da Caderneta foram agrupadas sete dimensões da Caderneta: Identificação; Antecedentes (Gestacionais, Clínicos e Obstétricos); Gestação Atual; Consultas de Pré-Natal; Exames, Tratamento, Suplementação e Imunização; Ultrassonografia; Dados do Parto; e Outras informações. Nas variáveis da dimensão Identificação, o registro do “Nome” foi a única que obteve a classificação Excelente. Itens básicos como “Raça/cor”, “Estado civil/união”, “Instrução/escolaridade” e “Unidade de Saúde do Pré-Natal” tiveram a classificação de registro Ruim. E a variável “Serviço de saúde indicado para o parto”, que indica para a gestante onde ela deve se dirigir quando estiver em trabalho de parto está classificado como “Muito Ruim”. O preenchimento das variáveis de Antecedentes (gestacionais, clínicos e obstétricos) variou de Excelente a Muito ruim, predominando a classificação Ruim, que foi encontrada em 13 das 20 variáveis disponíveis. Essa dimensão contém informações como: “DM (familiar)”, “HAS (familiar)”, “DM (gestação anterior)”, “HAS (gestação anterior)”, “Cirurgia Pelv. Uterina”, “Gestação anterior 1 ano”, que obtiveram um desempenho ruim em sua completude. A análise do preenchimento correspondentes à dimensão Gestação Atual indicou que dentre as trinta variáveis, vinte e nove delas apresentaram uma completude Ruim ou Muito Ruim. A “DUM”, que teve seu preenchimento ruim na 1ª etapa e Regular na 2ª, apresentou Excelência na 3ª amostra. Em contrapartida, informações de “Gravidez planejada”, “Fumo/nº de cigarros”, “Álcool”, “Violência Doméstica”, “Sífilis”, “Febre” são exemplos importantes que foram preenchidos de maneira muito ruim, e interferem diretamente na assistência ao Pré-Natal dessa mulher. A categoria Consultas de Pré-natal teve uma variação de Bom a Muito Ruim. As variáveis foram analisadas por três perspectivas: preenchido em todas as consultas; preenchido em algumas consultas; e sem preenchimento. Destaca-se que dos itens analisados, 5% das cadernetas não continham nenhum preenchimento no item “Queixa”, 3% sem nenhum preenchimento sobre “Peso”, 20% sem nenhum preenchimento sobre “Edema” e 17% das cadernetas não tinham “Assinatura do Profissional” que realizou a consulta. No preenchimento das variáveis correspondentes a dimensão Exames, predominou a classificação Ruim de completude, sendo que foi considerado o registro de pelo menos um exame para cada tipo. Exames como “Sífilis Teste Rápido”, “VDRL”, “Hepatite B/HBsAg”, “Urina EAS”, “Hemoglobina/hematócrito” e “Urinocultura”, que são preconizados pelo Ministério da Saúde, foram considerados Ruins. O preenchimento das variáveis correspondentes a dimensão de Dados do Parto variou de Ruim a Muito Ruim. O item “Tipo de parto”, “Sangramento”, “Alta na Maternidade”, “Apgar 1ºminuto”, e “Apgar 5º minuto” foram os que receberam a classificação Ruim. Enquanto que “Intercorrências no parto” e “Medicamentos usados” foram preenchidos de forma Muito ruim. Cabe destacar que em relação ao “Peso na alta” do Recém-nascido teve a pior classificação de preenchimento, porém pode ser explicada pelo fato que na maioria das situações a alta do Recém-Nascido é dada posteriormente a alta da Puérpera. Em Outras Informações, cabe destacar que Consulta odontológica, Espaço destinado ao parceiro, Mobilograma, Pré Natal do Parceiro, Visita à maternidade, Acompanhamento Nutricional e Atividades educativas, em todas as amostras, apresentaram um resultado Muito ruim. Essas variáveis permitem a reflexão a cerca do diálogo que há entre o profissional que atende a gestante e a sua relação com a caderneta, sendo importante enfatizar para a gestante que a caderneta é um instrumento que a pertence e que ela pode registrar suas dúvidas, seus anseios e dividir com a rede. Considerações finais: Uma vez que a Caderneta da Gestante é um instrumento da Rede Cegonha que permite comunicar, para os diversos pontos de atenção, o histórico do Pré-Natal, do parto e do puerpério, monitorar a adequação do preenchimento dos registros se tornou necessário para entender o funcionamento do Pré-natal em Niterói. Dessa forma, podemos afirmar que há um baixo preenchimento de informações básicas da Caderneta da Gestante, que pode implicar em um comprometimento da qualidade da Rede Cegonha no Município. Ao comparar as amostras de cada período, certas variáveis como “Gesta”, “Aborto”, “Partos”, “Partos Vaginais”, “Cesareas” apresentaram classificações melhores do que o período anterior. Em contrapartida, os Dados do Parto, como “Tipo de Parto”, “Motivo de cesárea”, “Episiotomia” e “Sangramento” manifestaram piora no preenchimento. É importante destacar que o trabalho proveniente da primeira amostra foi apresentado para a Rede de Saúde em duas ocasiões, nos meses de fevereiro e junho, pela residente Bruna Resende, no NEPP e na MMAR, respectivamente. A segunda amostra foi apresentada no NEPP, em novembro, pela residente Raquel Queiroz. E a terceira amostra está em processo de finalização para apresentação pela residente Melissa de Mello. A apresentação possibilita a discussão e a reflexão do processo assistencial em rede de forma crítica da captação precoce, pré-natal, parto e puerpério por todos os agentes envolvidos, desde a Rede Básica, Laboratório, Assistência Farmacêutica, Coordenação IST e IST/Aids e Hepatites Virais e Maternidade. Estimula-se, nesse processo, a qualificação da atenção à saúde de Mulheres, por meio de discussões críticas e debates nas unidades de saúde. Aguarda-se o retorno de pleito para ampliar a ação de monitoramento para maternidades do município de Alto Risco. |
9879 | AVALIAÇÃO DAS AÇÕES PARA CONTROLE DA HANSENÍASE EM UM MUNICÍPIO BAIANO DE PEQUENO PORTE Camila Pereira Jardim, Hildebrando Antunes de Carvalho Neto, Vigna Maria de Araújo, Nilia Maria de Brito Lima Prado, Eliana Amorim de Souza AVALIAÇÃO DAS AÇÕES PARA CONTROLE DA HANSENÍASE EM UM MUNICÍPIO BAIANO DE PEQUENO PORTEAutores: Camila Pereira Jardim, Hildebrando Antunes de Carvalho Neto, Vigna Maria de Araújo, Nilia Maria de Brito Lima Prado, Eliana Amorim de Souza
Apresentação: A hanseníase se configura como uma Doença Tropical Negligenciada segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), visto que faz parte de um grupo de doenças transmissíveis, com características comuns, relacionadas aos aspectos econômicos e socioculturais da população acometida por esses agravos, essencialmente, as que vivem em situação de vulnerabilidade, com precárias condições de vida e saúde. Soma-se a isso, os baixos investimentos em medidas preventivas, métodos diagnósticos, medicamentos e o fomento às pesquisas nessas temáticas. Conhecida há muitos séculos, a hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa que dispõe de terapêutica medicamentosa bem conhecida, eficaz e disponível de forma gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar disso, esse agravo apresenta-se como uma questão de saúde pública relevante, especialmente no Brasil, onde as taxas de prevalência voltaram a se apresentar como uma curva ascendente desde 2017. Ao longo dos anos, diversos planos, diretrizes e estratégias têm sido elaboradas e implementadas com o objetivo de controlar a transmissão da hanseníase no Brasil e no mundo. Nesse sentido, a avaliação se destaca como importante ferramenta no campo da Saúde Coletiva para o desenvolvimento de análises políticas, dos processos de gestão e planejamento em saúde, visto que incorpora distintos campos de saber e fornece subsídios para produzir informações acerca de serviços e políticas públicas em diversos âmbitos. Ao se considerar os inúmeros contextos e a multiplicidade de fatores que envolvem a implementação de programas e políticas de saúde, pode-se apreender a existência de fragilidades e potencialidades que exercem interferência direta na operacionalização e nos resultados das intervenções propostas. Dessa forma, os estudos de avaliação despontam como ferramentas úteis para estabelecer em que medida uma intervenção está sendo implantada conforme concebida, colaborando para o desenvolvimento de ações, programas e intervenções mais completas e resolutivas. Este estudo objetivou avaliar a implementação das ações do Programa Nacional de Controle da Hanseníase em um município baiano de pequeno porte, localizado na macrorregião sudoeste da Bahia, que dista cerca de 600 km da capital. Possui uma cobertura de 100% de Estratégia Saúde da Família (ESF) e apresentava parâmetros hiperendêmicos para este agravo em 2011, porém, até a metade de 2019 o município se encontrava silencioso quanto à notificação de novos casos de hanseníase.Trata-se de pesquisa qualitativa realizada através da revisão documental, observação direta e entrevistas semiestruturadas com atores chave envolvidos diretamente na organização das ações e serviços voltados para o agravo no município. Pessoas acometidas pela hanseníase e usuários dos serviços de saúde local também foram entrevistados, considerando-se que grande parte do funcionamento do programa pode ser apreendido por meio da observação e relato das experiências vivenciadas por estes. Através da análise dos documentos técnicos e normativos que definem as atuais diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como problema de saúde pública, foram elaborados roteiros que nortearam as entrevistas. Estas, foram gravadas após a devida autorização e preenchimento de termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) pelos respondedores. Foram realizadas 16 entrevistas contemplando gestores, profissionais de saúde e usuários que foram tratados para hanseníase no município. A análise destas entrevistas foi feita através da leitura flutuante das respostas, sistematização das ideias iniciais e exploração do material para codificação das questões. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa Integração de ações de vigilância, prevenção e controle de doenças tropicais negligenciadas: perspectivas epidemiológicas e operacionais para Hanseníase e Doença de Chagas no SUS no sudoeste do Estado da Bahia, desenvolvido no Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Aprovado pelo Edital FAPESB nº 003/2017, Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia – Campus Anísio Teixeira, através do parecer nº 2.644.039. Percebeu-se que o município, apesar de ser referido pelos gestores e profissionais atuantes como endêmico para o agravo, não apresenta um arcabouço estrutural bem definido para o diagnóstico e acompanhamento dos casos de hanseníase. Isso fica evidente pela a ausência da instituição oficial de fluxos assistenciais para pessoas com suspeita da doença, para os acometidos, ou para os contatos dos que já fizeram tratamento para o agravo. As ações são centralizadas na coordenação da Vigilância Epidemiológica (VIEP), que através de contatos informais com outros profissionais da rede realiza os encaminhamentos necessários aos casos. A assistência ao paciente acometido pela hanseníase é oferecida por uma médica dermatologista, que atende no município, porém, não é contratada pela gestão, mas, por ter sido médica do Centro de Referência do município sede da regional a qual pertence, atende aos casos suspeitos, realiza o diagnóstico, prescreve e acompanha o tratamento, bem como, avalia outras situações como reações hansênicas ou intolerância medicamentosa, sendo remunerada diretamente pela Secretaria de Saúde. Quando necessário, esta profissional solicita o encaminhamento do paciente ao Serviço de Referência pactuado, situado na capital do estado, onde os profissionais relatam enfrentar lentidão e dificuldades na marcação de consultas e encaminhamento dos usuários. Segundo os relatos dos profissionais e gestores, os profissionais da atenção primária não se sentem seguros para realizar o diagnóstico dos casos, bem como, para acompanhar possíveis reações ou eventos adversos ao longo do tratamento da doença, visto que existem dificuldades para a manutenção das equipes de saúde, devido a intensa rotatividade de profissionais, incluindo os que receberam capacitações e treinamentos acerca do agravo, o que dificulta a longitudinalidade do cuidado. A assistência farmacêutica no município, realiza a dispensação do medicamento para a VIEP, que redistribui as doses para as unidades de saúde de referência dos pacientes. O contato do farmacêutico com os pacientes, acontece em casos específicos, quando existe alguma dificuldade de acesso ou necessidade do usuário ir até a farmácia buscar o seu medicamento. As informações referentes à tomada da medicação e orientações acerca dos possíveis efeitos adversos ou outras situações, são fornecidas pela coordenadora da vigilância epidemiológica, que também realiza as notificações e investigações dos casos suspeitos e confirmados. No que diz respeito à prevenção, campanhas educativas são realizadas pontualmente, através da realização de feiras de saúde ou salas de espera nas unidades, abordando a temática e sinalizando para a necessidade do diagnóstico precoce, com exposição dos principais sinais e sintomas do agravo. Diante dos relatos dos entrevistados e da observação in loco, verificou-se a centralização das ações para o controle da hanseníase no município, em setores e profissionais específicos, bem como a inexistência de fluxos assistenciais para o cuidado com os acometidos e seus contatos. A atenção primária, apesar de alcançar 100% do território deste município, predominantemente rural, não consegue desenvolver de maneira integral e articulada o seu papel de coordenadora do cuidado, visto a dificuldade dos profissionais no manejo dos casos, além da avaliação e acompanhamento dos pacientes e contatos. Essas observações demonstram alguns dos desafios e dificuldades a serem superados por este município na implementação das ações e estratégias preconizadas para o alcance da meta de controle da hanseníase. Evidencia também a necessidade de uma maior compreensão, pelos profissionais e gestores, acerca de todos os aspectos do Programa Nacional de Controle da Hanseníase, para uma atenção à saúde mais abrangente e resolutiva, levando-se em conta as especificidades locais. Desta forma, esse estudo contribui ao fornecer subsídios e embasar ações e serviços de saúde mais efetivos para o controle dessa doença, objetivo há tanto tempo almejado. |
10169 | A ATUAÇÃO DA REDE FRENTE À OCORRÊNCIA DA SÍNDROME CONGÊNITA ASSOCIADA AO ZIKA VÍRUS: UMA ANÁLISE DAS DEMANDAS E POLÍTICAS DE SAÚDE OFERTADAS Maria Eduarda França de Lannes Pereira, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça A ATUAÇÃO DA REDE FRENTE À OCORRÊNCIA DA SÍNDROME CONGÊNITA ASSOCIADA AO ZIKA VÍRUS: UMA ANÁLISE DAS DEMANDAS E POLÍTICAS DE SAÚDE OFERTADASAutores: Maria Eduarda França de Lannes Pereira, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça
Apresentação: Em meados de 2015, associações dos casos de microcefalia em bebês aliada ao vírus da Zika vieram a tona no país, dado que casos de malformação sofreram aumento nos nascidos vivos e o cenário epidemiológico brasileiro caracterizava uma epidemia de pessoas infectadas pelo virpus da Zika, incluindo muitas gestantes durante o pré-natal. A possível fragilização da rede ao se deparar com uma nova doença relacionada a um grupo específico coloca em pauta a ocorrência da sistematização dos acontecimentos e a necessidade da garantia de todos os direitos preconizados serem de fato assegurados através da rede de ações e serviços de saúde. O objetivo do estudo é, portanto, identificar o desempenho da rede no que tange ofertas de serviços associados à síndrome congênita do Zika Vírus. Na metodologia, utilizou-se a técnica da análise de conteúdo para caracterizar o cuidado e demandas em saúde a partir dos achados durante o levantamento bibliográfico. Baseado nessa proposta, foram inclusos doze documentos oficiais para serem averiguados a partir de eixos selecionados junto às demandas relatadas. Percebeu-se que houveram poucos achados sobre a vivência dos atores sociais na rede e que a grande maioria evidenciava o período de epidemia, em 2016. Regiões como Sudeste e Nordeste eram pontos principais dos achados e ressaltam características como falta de suporte psicossocial, sobrecarga financeira, abandono do trabalho, déficit em informações, problemas com assistência ampla de reabilitação e falta de vínculo com a atenção básica. Em termos de política, muito se foi feito em relação a orientações técnicas de vigilância em saúde e aconselhamento precoce para detectar a doença, principalmente a respeito de medidas de proteção e planos terapêuticos. O presente trabalho concluiu que apesar de existirem diversos instrumentos estratégicos do governo, a assistência ainda não se encontra consolidada, pois o rol de serviços ainda se encontram fragmentados ou desprovidos de uma gestão compartilhada dos fluxos assistenciais da síndrome, principalmente no que diz respeito a complexos sociais, financeiros e psicológicos dos acometidos, visto que ainda existem problemas com atenção continuada e uma rede de suporte bem direcionada. |
10172 | UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (SISVAN) COMO FERRAMENTA PARA QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Katiana dos Santos Teléfora, Laura Jane Neumann, Regiane Borges de Almeida UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (SISVAN) COMO FERRAMENTA PARA QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.Autores: Katiana dos Santos Teléfora, Laura Jane Neumann, Regiane Borges de Almeida
Apresentação: O Programa Bolsa Família (PBF) foi criado através da Lei 10.836, em 09 de janeiro de 2004, com o objetivo de melhorar as condições de vida e as perspectivas futuras das famílias em vulnerabilidade social por meio da transferência de renda e a garantia de direitos sociais. Para tanto, requer a viabilização de ações articuladas e intersetoriais das áreas de educação, assistência social e saúde. No Estado do Rio de Janeiro a gestão do programa na área de Saúde é de responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde por meio da Área Técnica de Alimentação e Nutrição a qual cabe coordenar, qualificar, monitorar e avaliar as ações do programa nos 92 municípios, assim como monitorar o estado nutricional dessa população, tendo como instrumento facilitador o SISVAN. Contudo essa prática é um tanto secundarizada pelos gestores do PBF, observação que instigou à elaboração desta investigação. As primeiras experiências de um olhar qualificado de vigilância alimentar no Brasil datam da década de 70 do século passado e como política no Sistema Único de Saúde se iniciou com mais força no início dos anos 2000. A integração do SISVAN e o PBF é dada desde do início do programa. E a partir do 2008, com a informatização mais efetiva do SISVAN, essa associação ficou mais estimulada, inclusive pela transferência dos dados dos acompanhamentos do estado nutricional dos beneficiários para o SISVAN. Portanto, o propósito deste trabalho é apresentar a avaliação do estado nutricional do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional quanto ao estado nutricional de crianças e gestantes do Programa Bolsa Família no período de 2014 a 2018, estimular os gestores dos municípios quanto à relevância da inserção de informações e da análise dos dados para o diagnóstico situacional, o planejamento e a identificação de estratégias para alcance de melhores resultados em saúde. Desenvolvimento: o acompanhamento das condicionalidades de saúde dos beneficiários faz parte do rol das ações da Atenção Primária à Saúde (APS) visando à imunização e a avaliação antropométrica de crianças menores de sete anos, assim como a assistência ao pré-natal de gestantes. Ao longo da última década o percentual de cobertura no Estado do Rio de Janeiro aumentou juntamente com a expansão da Estratégia de Saúde da Família. Em 2014, o percentual de cobertura dos acompanhamentos das condicionalidades de saúde no estado foi de 60,38%%, sendo 60,68% crianças e 99,28% gestantes; em 2018, o estado ultrapassou a meta da pactuação interfederativa do SUS - SISPACTO correspondente a 65%, registrando 68,43% de cobertura dos beneficiários, sendo 60,32% crianças 120,71% de gestantes. Desse modo, para fins deste trabalho, foram considerados dados antropométricos extraídos do SISVAN considerando de crianças menores de 5 anos, de 5 a 7 anos e de gestantes. Foram elaborados tabelas e gráficos, e utilizados como indicadores IMC por idade e IMC por idade gestacional. Cabe ressaltar que o SISVAN também possui um módulo de consumo alimentar, outro método de avaliação nutricional, no entanto, não apresentaremos esses dados nesse trabalho. Resultado: Em relação as gestantes, quase metade do grupo avaliado estava com excesso de peso (percentuais de sobrepeso e obesidade somados) com 46,3 % em 2014 e 49,2 % em 2018, e como visto, com tendência de aumento, sendo a proporção de gestantes com obesidade ter um aumento da tendência a partir do ano de 2016. No entanto, também se destaca o percentual elevado de baixo peso entre as gestantes, que no ano de 2018 estava com 17,2%. Já nas crianças observa-se que o excesso de peso no período avaliado girou em torno de 38 % entre as do grupo de 0 a 5 anos e de 31 % nas crianças de 5-7 anos no mesmo período. Porém, o baixo peso também aumentou. Na primeira faixa etária em 2014 o percentual em 2014 foi de 6,9% e em 2018 chegou a 9,2%. Na segunda faixa, os valores foram 5,3% e 7,5 %, em 2014 e 2018, respectivamente. Observa-se também o aumento expressivo dos números absolutos de crianças com magreza acentuada (uma das classificações de baixo peso no indicador de IMC por idade). Do ano de 2017 para 2018, o número de crianças de 0 até 5 anos passou de 5.223 para 12.125 e no grupo de 5 a 7 anos foi de 2.122 para 4.132 com magreza acentuada. Os dados estudados mostram que apesar dos beneficiários do Programa Bolsa Família também estarem expostos à expressão de insegurança alimentar e nutricional - a obesidade - como a população em geral, eles continuam vulneráveis ao baixo peso. No que se refere a magreza acentuada, pode sugerir dificuldade de acesso à alimentos, principalmente a partir do ano de 2017. Considerações finais: A análise dos dados tem subsidiado discussões e ações para fundamentar o pensar e o agir em saúde tanto no âmbito estadual como municipal, visando à utilização dos dados não só no setor saúde, mas das áreas ligadas à Segurança Alimentar e Nutricional que possuímos interface. É de suma importância resgatar a informação de que o SISVAN é o único sistema que possibilita a análise dos dados do estado nutricional sejam antropométricos quanto de consumo alimentar de todos os municípios do Brasil independentemente da localização e porte populacional ao contrário de pesquisas de representatividade nacional. Daí a importância dos municípios realizarem o processo de monitoramento do estado nutricional de forma sistemática de todos a população, mas, em especial do público mais vulnerável de seus territórios. Além disso, se faz fundamental para promover mudanças de entendimento sobre o acompanhamento das condicionalidades do setor saúde saindo de uma lógica de produção de números para um olhar que também contemple o cuidado ao público alvo do programa. É extremamente necessária a construção de estratégias para efetivar as políticas existentes a fim de enfrentar a situação alimentar apresentada pelo publico alvo deste trabalho. Espera-se também contribuir para a discussão e o planejamento de ações de atenção à saúde, promoção da alimentação adequada e saudável visando à garantia do Direito Humano à Alimentação. |
10188 | 10 ANOS DO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO A MEDICAMENTOS AO CUIDADO FARMACÊUTICO Loraine Melissa Dal Ri, Letícia Farias Gerlack, Luciana Costa Xavier, Marta da Cunha Lobo Souto Maior, Adriana Blanco Antelo, Ana Luce de França Araújo, Alexandre Martins de Lima, Sandra de Castro Barros 10 ANOS DO COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO A MEDICAMENTOS AO CUIDADO FARMACÊUTICOAutores: Loraine Melissa Dal Ri, Letícia Farias Gerlack, Luciana Costa Xavier, Marta da Cunha Lobo Souto Maior, Adriana Blanco Antelo, Ana Luce de França Araújo, Alexandre Martins de Lima, Sandra de Castro Barros
Apresentação: O Brasil garante assistência integral à saúde, inclusive farmacêutica, aos cidadãos. Uma das estratégias para o acesso a medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS) é o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF). Esse Componente é caracterizado pela busca da garantia da integralidade do tratamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de cuidado estão definidas em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) publicados pelo Ministério da Saúde. Tendo em vista a relevância do CEAF para o SUS e seu papel inovador na gestão da Assistência Farmacêutica (AF) no Brasil, o presente trabalho visa apresentar e discutir a sua evolução, com a implantação do cuidado farmacêutico em farmácias públicas. Método do estudo: Foi realizada uma pesquisa documental acerca do desenvolvimento do CEAF, no contexto histórico das Políticas Nacional de Medicamentos (PNM) e de Assistência Farmacêutica (PNAF). Foram analisados documentos institucionais, publicações técnicas da área e o arcabouço legal entre os anos de 1982 e 2019. Resultado: A história do SUS é marcada por projetos, programas, ações estratégicas e políticas que impactam diretamente na qualidade da saúde ofertada à população e o acesso aos medicamentos se destaca por ser fator crítico à proteção, recuperação e reabilitação da saúde. Desde 1982 medicamentos que não estavam na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) eram dispensados em caráter excepcional. Em 1993, foi instituída no SUS a primeira lista de medicamentos excepcionais para atendimento de pacientes transplantados e portadores de doenças renais crônicas, conforme a Portaria SAS/MS nº 142. O elenco dessa lista foi ampliado em 1996, por meio da Portaria SAS/MS nº 024. No entanto, um importante marco histórico para a AF no SUS ocorreu em 1998, com a publicação da PNM, por meio da Portaria GM/MS nº 3916. A PNM tem como finalidade garantir o acesso aos medicamentos essenciais e sua segurança, eficácia e qualidade além de promover o seu uso racional. Como reflexo da PNM, viu-se a necessidade de vincular a dispensação dos medicamentos excepcionais a parâmetros e critérios de inclusão próprios estabelecidos nos PCDT para o atendimento de condições de saúde específicas. Essa mudança foi regulamentada pela Portaria GM/MS nº 1.318 de 2002. Posteriormente, no processo de aperfeiçoamento da AF, compreendeu-se a necessidade de sua reorientação, atendendo ao seu caráter universal e entendendo que o medicamento permeia toda a rede de serviços do SUS. Assim, ações no sentido da integralidade do cuidado e do uso racional de medicamentos deveriam ser desenvolvidas, ampliando o foco de atuação para além do binômio aquisição e distribuição de medicamentos. Foi assim que, a partir de discussões propiciadas pela I Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica em 2003, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), por meio da Resolução nº 338, de 06 de maio de 2004, aprovou a PNAF, que definiu a AF como política pública norteadora na formulação de políticas setoriais, visando à qualificação dos serviços e recursos humanos. Com a crescente demanda e desafios encontrados no âmbito da gestão e execução do Programa de Dispensação Excepcional, aprovou-se o Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional (CMDE), por meio da Portaria GM/MS nº 2.577, de 27 de outubro de 2006, com o objetivo de aprimorar a Política de Medicamentos. Apesar dos avanços, alguns obstáculos ainda precisavam ser superados, como o desenvolvimento do cuidado integral ao paciente sem sua fragmentação. Para contornar esses problemas conceituais e práticos encontrados no CMDE, instituiu-se o CEAF a partir da Portaria GM/MS nº 2.981, de 26 de novembro de 2009. Em compasso com a evolução do SUS e suas estratégias de pactuações e divisão de responsabilidades da União com estados e municípios, ocorreu a atualização das regras de financiamento e execução do CEAF, institucionalizadas no ano de 2013 pela Portaria GM/MS nº 1.554. Posteriormente, em 2017, esta Portaria foi substituída pelas Portarias de Consolidação GM/MS nº 2 e nº 6, ambas de 28 de setembro de 2017, que consolidam, respectivamente, as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS, e sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e serviços de saúde do SUS. Desde 2009, o Componente passou a ser denominado como Especializado e não mais como Excepcional. Essa mudança reflete o objetivo deste Componente como estratégia de acesso a medicamentos diferenciados, com alta densidade tecnológica e necessidade de diagnósticos diferenciais, acompanhamento e monitoramento do paciente. Atualmente, o CEAF atende 97 condições clínicas, sendo 91 descritas em PCDT, tais como esquizofrenia, epilepsia, alzheimer, esclerose múltipla e algumas doenças raras, como: atrofia muscular espinhal Tipo I (AME), esclerose lateral amiotrófica (ELA), hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), entre outras. O processo evolutivo do CEAF acompanhou avanços importantes, como o processo racional e integrado de incorporação tecnológica, com prerrogativa da viabilidade orçamentária, baseado em análises e recomendações da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec); o desenvolvimento de estudos econômicos, resultando na economia significativa para o orçamento tripartite; a reorganização da Rename; o fortalecimento do processo de elaboração dos PCDT; e o desenvolvimento e integração de sistemas de informação no âmbito da Assistência Farmacêutica. No entanto, além de garantir o acesso a medicamentos, é necessário assegurar o acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes. Assim, em 2018, iniciou-se um projeto piloto visando à implantação desses serviços, voltado aos pacientes com Artrite Reumatoide e Hepatite Viral C Crônica, assistidos pelo CEAF, em três estados e no Distrito Federal. Foi realizado um diagnóstico situacional da estrutura e dos processos nas farmácias do Componente. Posteriormente, ocorreu a capacitação dos farmacêuticos por meio de oficinas em grupo, simulações in loco e prática supervisionada dos atendimentos, com o suporte de apoiadores locais contratados pelo Ministério da Saúde. Assim, entre setembro de 2018 e dezembro de 2019, foram treinados 41 farmacêuticos em 16 pontos de atenção à saúde, totalizando 680 horas de capacitação profissional. Ainda, foram atendidos 1.255 pacientes com artrite reumatoide e 170 pacientes com hepatite C, realizadas 8.516 intervenções farmacêuticas e identificados 2.871 Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM). Atualmente, o projeto está em fase de implantação e consolidação das ações no DF e nos estados participantes do piloto. Tendo em vista os resultados obtidos no âmbito do CEAF, percebe-se a necessidade de fortalecer a atuação clínica do farmacêutico na rede de atenção à saúde, além das suas ações logísticas. Isso posto, o Ministério da Saúde vislumbra a criação de um programa de Cuidado Farmacêutico. Considerações finais: Ao longo da sua trajetória, o CEAF atendeu os preceitos do SUS e acompanhou as mudanças do perfil epidemiológico da população, buscando promover e garantir o acesso aos medicamentos. Com o intuito de não se limitar ao fornecimento de medicamentos, mas se constituir como uma estratégia de garantia do tratamento medicamentoso, recentemente, as ações do CEAF se expandiram ao cuidado farmacêutico. Para tal, foi realizada a capacitação de farmacêuticos para colaborar no monitoramento dos resultados terapêuticos e efeitos adversos, melhorar a adesão ao tratamento dos pacientes por meio de medidas preventivas e educativas, minimizar interações medicamentosas e facilitar o acesso a medicamentos que melhorem os resultados em saúde dos pacientes e reduzam os custos do sistema de saúde. |
10367 | AÇÕES DE GERÊNCIA DO CUIDADO EM SETOR DE EXAME DE COLONOSCOPIA: ESTUDO DE CASO SONIA CRISTINA CHAGAS PECANHA, BARBARA POMPEU CHRISTOVAM AÇÕES DE GERÊNCIA DO CUIDADO EM SETOR DE EXAME DE COLONOSCOPIA: ESTUDO DE CASOAutores: SONIA CRISTINA CHAGAS PECANHA, BARBARA POMPEU CHRISTOVAM
Apresentação: O setor hospitalar de exames de métodos diagnósticos ou especiais possui características próprias que influencia a organização do trabalho e a gerência do cuidado. Um dos exames realizados é a colonoscopia. Tem-se discutido muito sobre a realização de colonoscopia no atual contexto político do sistema de saúde brasileiro devido a sua importância no diagnóstico precoce do câncer colorretal que é a quarta principal causa de mortes no mundo1. Na prática, o exame de sangue oculto nas fezes é uma estratégia utilizada como um primeiro teste em caso suspeito, que necessitará, nos casos positivos, de exame complementar/confirmatório – colonoscopia e sigmoidoscopia. Eles permitem fazer a biópsia e retirar a lesão pré-maligna durante sua realização2. O enfermeiro que atua nesse setor é responsável pelas ações de gerência do cuidado de enfermagem. Seu processo de trabalho envolve o cuidar (ações de cuidado direto) e o administrar (ações de cuidado indireto)3. Sua prática clínica incide na superação de uma lógica curativa para operar em sentido ao diagnóstico, à promoção da saúde e prevenção de doenças e/ou agravos, por meio de atitudes clínicas multiprofissionais junto ao paciente e família nas diferentes demandas conhecidas nesse cenário4. A gerência do cuidado na especificidade apresentada pelo setor de colonoscopia, não é uma tarefa fácil para o enfermeiro, constituindo-se, portanto, uma problemática relevante e pouco explorada na literatura científica da enfermagem. Assim, interroga-se: Como o enfermeiro gerencia o cuidado em um setor de exame de colonoscopia? Quais são as principais ações de gerência do cuidado realizada pelo enfermeiro nesse setor? Para buscar respostas a esses questionamentos, delineou-se como Objetivo: Analisar as ações de gerenciamento do cuidado realizadas pelo enfermeiro em um setor de colonoscopia. Método: Trata-se de um estudo qualitativo do tipo estudo de caso. O cenário estudado foi o setor de colonoscopia de um Hospital Universitário localizado no município do Rio de Janeiro, que atende pacientes do hospital e via SISREG (Sistema de Regulação de Vagas). A coleta de dados ocorreu entre janeiro a junho de 2019, a partir de observação participante com os dois enfermeiros plantonistas que trabalham de segunda a sexta sendo um no dia par e o outro no dia ímpar. Para realização das observações, utilizou-se o protocolo assistencial do setor que descreve o trabalho do enfermeiro e sua relação com a equipe multiprofissional, pacientes e acompanhantes. O registro das informações oriundas das observações foi realizado em um diário de campo. Para análise do material empírico, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temática5. Resultado: Geralmente o exame é realizado a nível ambulatorial, aonde o paciente chega ao hospital com o cólon preparado, realiza o procedimento, e logo em seguida, obedecendo alguns critérios de segurança, recebe alta. No entanto, todo procedimento tem seus riscos, sendo assim, alguns pacientes têm indicação de realizar o exame internados, como no caso de idade avançada, problemas cardíacos de alto risco e programação de ressecção de grande lesão6. Identificamos que os enfermeiros no gerenciamento do cuidado em um setor hospitalar de colonoscopia apresentam as ações: Ações relacionadas ao cuidado direto ao paciente no período pré, intra e pós-exame7, como por exemplo: Punção e retirada de acesso venoso periférico; administração de medicação; verificação de sinais vitais e glicemia capilar; posicionamento do paciente na mesa de exames; monitorização do paciente com pressão não invasiva e oximetria digital; transporte para a sala de recuperação anestésica; auxílio na alimentação e manutenção da higiene íntima. No que se refere às ações relacionadas ao cuidado indireto ao paciente e seu acompanhante8, foram levantadas: Orientações pré e pós exame relacionadas ao termo de consentimento, jejum, preparo intestinal, medicações, higiene, sinais vitais, objetos e pertences, alimentação; realização de anotações e evoluções de enfermagem; ações relacionadas a supervisão, previsão e provisão9, como por exemplo: Supervisão da equipe, identificação dos frascos com material para biopsia, testagem da solução desinfetantes, desinfecção do colonoscópio; organização e conferência do ambiente, materiais permanentes, carro de reanimação cardiopulmonar, bala de oxigênio; solicitação de material e medicação semanal ao almoxarifado e farmácia; previsão de material para os exames do dia seguinte; confecção de escala mensal e diária da equipe de enfermagem; ações relacionadas ao paciente internado10, como por exemplo: Contato telefônico com o enfermeiro do setor onde tem paciente internado para fazer exame conferindo pedido, exame, preparo, medicações usuais, precaução de contato, acompanhante, termo de consentimento. A prática do enfermeiro na gerência do cuidado em um setor de exame de colonoscopia consiste na sistematização de suas atividades, as quais envolvem diferentes níveis de complexidade no diagnóstico, planejamento, organização, execução e avaliação do cuidado de enfermagem e de saúde, do processo de trabalho da equipe de enfermagem e de saúde, do ambiente terapêutico, do capital humano, dos recursos materiais e dos equipamentos necessários à implementação de ações de caráter instrumental e expressivo de cuidado direto e indireto3. O enfermeiro do Setor de Métodos Especiais (SME) planeja suas atividades visando à realização de melhores práticas de cuidado no serviço de saúde e enfermagem por meio do planejamento das ações de cuidado, da previsão e provisão de recursos necessários para assistência e da potencialização das interações entre os profissionais da equipe de saúde11. Considerações finais: Ao analisar as ações dos enfermeiros no gerenciamento do cuidado em um setor hospitalar de colonoscopia, este estudo possibilitou a visualização das possibilidades de articulação entre as dimensões gerencial e assistencial do trabalho do enfermeiro, por meio do planejamento do cuidado, da previsão e provisão de recursos e da supervisão. As ações de gerência do cuidado de enfermagem referem-se às ações de cuidado direto e de cuidado indireto, realizado pelo enfermeiro e sua equipe de forma integrada e articulada, cuja finalidade é oferecer um cuidado sistematizado e de qualidade aos pacientes do serviço de endoscopia digestiva baixa. Implicações para gestão em enfermagem: Espera-se que o entendimento das necessidades assistenciais do paciente que se submete a um exame de colonoscopia, sejam identificadas pelo enfermeiro e ele tenha habilidade para fazer uso das afirmativas de diagnósticos, dos resultados e das intervenções de enfermagem no atendimento ao paciente proporcionando uma melhoria na qualidade da assistência e segurança para o paciente. |
10383 | REDES DE SOLIDARIEDADE E PROTEÇÃO SOCIAL PARA O CUIDADO EM SAÚDE PARA AS CRIANÇAS MICROCEFALIA EM TEMPOS DE ZIKA Berenice de Freitas Diniz, André Amorim Martins, Raul Lansky, Rose Carmo Ferraz, Zélia Maria Profeta da Luz REDES DE SOLIDARIEDADE E PROTEÇÃO SOCIAL PARA O CUIDADO EM SAÚDE PARA AS CRIANÇAS MICROCEFALIA EM TEMPOS DE ZIKAAutores: Berenice de Freitas Diniz, André Amorim Martins, Raul Lansky, Rose Carmo Ferraz, Zélia Maria Profeta da Luz
Apresentação: No ano de 2015, o Brasil foi surpreendido por um grave problema de saúde pública devido a ocorrência de aumento de crianças nascendo com microcefalia. Pouco tempo depois foi constatada a consequência de microcefalia devido ao Zika vírus. Os governos federal, estaduais, o Ministério da Saúde por meio do SUS, instituições de pesquisa nacionais e internacionais se mobilizaram a fim de compreender o fenômeno, buscar soluções e apontar ações e políticas para o futuro. Segundo o Ministério da Saúde, a microcefalia é uma condição em que uma criança apresenta a medida da cabeça substancialmente menor, quando comparada com a de outras crianças do mesmo sexo e idade. Essas crianças correm o risco de atraso no desenvolvimento e incapacidade intelectual, podendo desenvolver convulsões e incapacidades físicas, incluindo dificuldades auditivas e visuais Por isso, essas crianças necessitam de muitos cuidados e uma rede de proteção social a fim de garantir a dignidade humana. Nesta pesquisa de doutorado, estamos acompanhando um grupo de mães de crianças com microcefalia denominado Grupo Mães de Anjos de Minas. Objetivo: Identificar as redes de solidariedade e proteção social que essas mulheres acionam para garantir os direitos humanos, sociais, da pessoa com deficiência e saúde. Como metodologia, estamos utilizando a pesquisa qualitativa, com entrevistas a fim de obter informações sobre a rotina de cuidados com as crianças, a história da gestação, as dificuldades e desafios enfrentados no cotidiano do cuidado. Realizamos observação participante para observar as relações e ações do Grupo Mães de Anjo. Realizamos reuniões, oficinas, reflexões e discussões com esse grupo a fim de conhecer a realidade dessas famílias, propor políticas públicas e fortalecer o grupo para a sua atuação na garantia dos direitos e da solidariedade. Identificamos que há uma Rede de Solidariedade composta pela sociedade, família, comunidade, vizinhos, o próprio Grupo e instituições públicas para a garantia dos direitos humanos e sociais. Observamos que são muitas as dificuldades enfrentadas por essas mulheres e suas famílias, principalmente no que se refere à acessibilidade, garantia do Benefício de Prestação Continuada (BPC), exaustão física devido a rotina de cuidados, angústias sobre o prognóstico, as incertezas e os problemas relacionados à saúde das crianças com microcefalia. Também enfrentam muitos preconceitos familiares e da sociedade. Para garantir o direito à vida com dignidade para essas crianças, é necessário SUS forte, integral, regionalizado e universal, um sistema de assistência social equânime, para a garantia dos direitos sociais. É necessário um conjunto de políticas públicas que considerem as diferentes realidades e vulnerabilidades para suas ações. Também é necessária uma sociedade cada vez mais solidária para reconhecer e conviver com as diferenças. Importante: essa pesquisa faz parte de uma proposta desenvolvida pela Fiocruz Minas e parceiros (Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais; Secretaria de Estado da Saúde, Escola de Saúde Pública de Minas Gerais) para estimular participação das pessoas no estado e pensar ações de enfrentamento da dengue, zika e chikungunya na comunidade em que vivem. O nome desse projeto é: “Vamo Junto?” |
10857 | TERRITÓRIO SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: ESTUDO DE CASO DE UMA OFICINA PARA A CONSTRUÇÃO DE PLATAFORMA PARA GEORREFERENCIAMENTO DAS OFERTAS PARA A PSR Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Márcia Helena Leal, Rosana Ballestero Rodrigues, Stella Gomes Alves dos Santos, Carina Maria Batista Machado, Guilherme Augusto Pires Gomes TERRITÓRIO SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: ESTUDO DE CASO DE UMA OFICINA PARA A CONSTRUÇÃO DE PLATAFORMA PARA GEORREFERENCIAMENTO DAS OFERTAS PARA A PSRAutores: Maria Fabiana Damásio Passos, Marcelo Pedra Martins Machado, Márcia Helena Leal, Rosana Ballestero Rodrigues, Stella Gomes Alves dos Santos, Carina Maria Batista Machado, Guilherme Augusto Pires Gomes
Apresentação: Este trabalho apresenta um estudo descritivo e exploratório sobre a elucidação dos problemas da fase de pré-protótipo de um sistema que visa a promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis para pessoas em situação de rua (PSR) e para a qualificação dos processos de trabalho de equipes e serviços que trabalhem junto à essa população, por meio do mapeamento das ofertas e integração de ações, serviços e políticas que possam colaborar para a consolidação e sustentabilidade das ofertas para a PSR, com ênfase para as equipes de Consultório na Rua, em âmbito nacional através do desenvolvimento de sistema de georrefenciamento colaborativo online que identifique ofertas de atendimento às pessoas em situação de rua para uso por profissionais. Tendo em vista o compromisso com a Agenda 2030, a Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ vem trabalhando desde 2016 em favor da jornada coletiva para o alcance dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável - ODS. Nesta perspectiva, o trabalho se insere no âmbito do posicionamento estratégico da Fundação a partir do foco na construção de territórios saudáveis e sustentáveis para PSR. Por meio de uma estratégia institucional bem delimitada, que incorpora o documento da ONU a seu desenvolvimento estratégico, a FIOCRUZ destaca a importância de se considerar a determinação social da saúde e parte do entendimento de que esta última tem um forte potencial de integrar direitos humanos, políticas sociais, respeito ao meio-ambiente, inovação e base produtiva. Partindo do entendimento de que os territórios geram transformações e são transformados por processos de desenvolvimento local, regional e global, a escolha pela construção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis - TSS se deu a partir do foco na proposição e no desenvolvimento de ações territorializadas e contextualizadas. A partir deste conceito e de que a saúde se constitui como componente essencial do desenvolvimento sustentável, propõe-se o foco em ações intersetoriais. Neste contexto, destaca-se que, em face de suas especificidades, o atendimento às PSR acaba por se constituir, de uma forma geral, como um grande desafio para as políticas públicas, exigindo ações articuladas para a conquista de seus objetivos. A proposta de inovação em saúde parte dos princípios da integralidade, da universalidade e da equidade o SUS prevê como sua principal porta de entrada a Atenção Básica – AB, definida como um conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas. Esta, é desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e de gestão qualificada, sendo ofertada integralmente e gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e com as demandas do território, considerando os determinantes e condicionantes de saúde. Diante disto, a definição de diretrizes e de responsabilidades para que gestores e trabalhadores possam atuar em favor da Atenção Básica é descrita na Política Nacional de Atenção Básica – PNAB. Dentre as diretrizes descritas, destaca-se com maior ênfase na proposta do presente trabalho a territorialização, a resolutividade e a coordenação do cuidado. Desenvolvimento: A construção da plataforma está dividida em quatro fases, seguindo o método proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o monitoramento e avaliação de intervenções de saúde digital, quais sejam: (1) Pré-protótipo, (2) Protótipo, (3) Piloto e (4) Demonstração. Cada fase segue o método proposto por Johnston et al, o qual consiste em ciclos de três etapas: (a) elucidação dos problemas, (b) design do sistema e (c) avaliação. O estudo utilizou-se de revisão bibliográfica, realização de oficinas, observação participante e análise documental para a identificação, descrição e exploração de como atores diversos relacionados à promoção de direitos à PSR colaboraram com a elucidação de problemas, ampliação do escopo e desvio de rota de uma proposta de intervenção digital, a fim de atender a real necessidade dos profissionais e atores envolvidos. A pesquisa consta com parecer de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Fiocruz Brasília cujo número do parecer é: 3.774.966. A fim de validar a proposta de construção de uma ferramenta online colaborativa de georreferenciamento para a oferta dos serviços para as pessoas em situação de rua no Distrito Federal, foi pensada uma oficina com trabalhadores e gestores, afim de reunir trabalhadores e gestores dos serviços de saúde, assistência social, educação, garantia de direitos, ONGs, serviços e equipes do 3º setor, entre outros atores dos territórios do Distrito Federal, que de algum modo se relacionam com a PSR. A metodologia de trabalho desenvolvida na oficina consistiu em 3 etapas: painel de abertura, discussão em grupos e plenária final. No Painel de abertura realizou-se a apresentação de diferentes perspectivas sobre o tema do trabalho em rede e o uso da tecnologia. Para a discussão em grupos foram apresentadas questões norteadoras. Neste momento, o painelista e demais convidados se dividiram em 5 grupos e conversaram sobre as questões apresentadas. Os conteúdos discutidos pelos participantes foram anotados em cada grupo por um relator, escolhido entre eles. Para a plenária final foram apresentados e debatidos o resultado das discussões. Pesquisadores do grupo de trabalho se organizaram para fazer anotações sobre o que estava sendo discutido, assim como a sistematização da observação participante. Resultado: A partir dos achados da revisão bibliográfica, análise documental e observação participante da oficina, a proposta da plataforma de georreferenciamento foi ampliada para o desenvolvimento de um Portal Pop Rua Fiocruz Brasília - portal on-line - para a comunicação interprofissional e divulgação de experiências voltadas para a promoção de TSS para PSR, que abarque a plataforma de georreferenciamento e a prospecção e análise de boas práticas implementadas quanto à organização do processo de trabalho das eCR com foco na ampliação do acesso à saúde para a PSR (incluindo saúde bucal) e o desenvolvimento validação e implementação de comunicação interprofissional com foco na organização de processo de trabalho, fomento e qualificação do uso do e-SUS AB e ampliação do acesso à saúde (incluindo a saúde bucal). Considerações finais: Observou-se como fundamental a participação ativa e as considerações dos atores envolvidos na oficina para a reformulação da proposta de inovação web para o SUS. Importante ressaltar que a iniciativa busca romper com a indefinição da agenda clínico operacional (processo de trabalho) das eCR (objetivos, ofertas clínicas, indicadores e estratégias de monitoramento e avaliação). Esta se dá pelo esvaziamento da dimensão política do trabalho, não ocupação da agenda da Atenção Básica e do SUS, em prol da agenda exclusiva dos direitos, por vezes na categoria acesso deslocada da agenda clínico operacional. Essa posição não legitima a clínica como uma agenda política, não relaciona e valida a universidade e a formação como agenda estatal central para o SUS; além de não contribuir para a ocupação da agenda do território e suas estratégias de circulação para a PSR (TSS). |