429: Crônicas, Infecciosas e Parasitárias, experiências na Rede de Atenção
Debatedor: Mônica Testa m Morangueira
Data: 29/10/2020    Local: Sala 07 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
7820 AVALIAÇÃO CLÍNICA-LABORATORIAL DOS PACIENTES COM RISCO DE DOENÇA RENAL CRÔNICA CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA EM UM MUNICÍPIO NO INTERIOR DA AMAZÔNIA
Edna Ferreira Coelho Galvão, Miguel Rebouças de Sousa, Ana Carolina Magalhães de Araújo Magalhães de Araújo, Gabriel da Costa Soares

AVALIAÇÃO CLÍNICA-LABORATORIAL DOS PACIENTES COM RISCO DE DOENÇA RENAL CRÔNICA CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA EM UM MUNICÍPIO NO INTERIOR DA AMAZÔNIA

Autores: Edna Ferreira Coelho Galvão, Miguel Rebouças de Sousa, Ana Carolina Magalhães de Araújo Magalhães de Araújo, Gabriel da Costa Soares

Apresentação: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são consideradas um grave problema de saúde pública, com destaque para a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a diabetes melito (DM). Tais patologias acabam por comprometer as funções de órgão como o coração e os rins. Muitos casos de Doença Renal Crônica (DRC) acontecem em associação com hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, envelhecimento e obesidade. Objetivo: avaliar clínica e laboratorialmente os pacientes com risco de doença renal crônica cadastrados no programa HIPERDIA numa UBS através de dados antropométricos, risco cardiovascular através do Escore de Framingham e classificação da função renal. Método: buscou-se informações dos prontuários e de entrevista com pacientes cadastrados no programa HIPERDIA de três Unidades Básicas de Saúde (UBS) no município de Santarém-Pará. Participaram 188 pacientes diabéticos e/ou hipertensos. A pesquisa foi aprovada pelo CEP/CAAE 03285318.7.0000.5168. Iniciou-se o projeto com esclarecimentos e convite em seguida realizou-se a entrevista e as medidas da massa corporal, altura, circunferências, índice de massa corporal e pressão arterial. Foi feito agendamento para exames de sangue e urina. Num segundo momento, foram entregues os resultados do rastreamento da DRC, os pacientes que apresentaram alterações da taxa de filtração glomerular, passaram por um novo exame de urina e de creatinina a fim de confirmar o diagnóstico de DRC. Realizou-se uma ação educativa sobre a prevenção da obesidade, da DRC e das demais comorbidades oriundas da hipertensão e do diabetes. Os pacientes que tiveram a DRC confirmada foram encaminhados ao médico nefrologista. Resultado: O estudo contou com a participação de 188 pacientes de 4 UBS do município de SANTARÉM (PA). A idade média é 64,64 ± 11,51, a faixa etária mais prevalente foi a faixa etária de 60 a 71 anos (41,49. O sexo mais prevalente foi o feminino (66,49%), seguido pelo masculino (33,51%). 63,30% eram casados ou em união estável, e 46,28% tinham DM e HAS concomitantemente. Dos 127 diabéticos, 53,53% (n=68) tem diagnóstico de DM há menos de 5 anos e 9,44% tem o diagnóstico há mais de 10 anos. Dos 151 hipertensos, 40,40% (n=61) tem diagnóstico de DM de 6 a 10 anos e 20,53% (n=31) possuem diagnóstico há mais de 10 anos. Apenas 25,82% dos pacientes tem um IMC considerado normal, sendo 39,56% com sobrepeso. Com relação à circunferência abdominal (CA) dos pacientes, apenas 8,13% das mulheres e 22,81% dos homens avaliados não são classificados como obesos. A prevalência de SM é de 71,43% e no sexo feminino, a prevalência é de 68,80%. Dos participantes 67% conhecem a função dos rins, 36% sabem o que é DRC, 63% afirmam que o tratamento da DRC leva à cura, 90% afirmam que o tratamento da HAS e do DM melhora a função renal e 63% afirmaram que o tratamento é para a vida toda. Além disso, 68% dos participantes sabiam que a HAS causa DRC, 83% sabiam que o DM causa DRC, entretanto apenas 62% acreditavam ter risco para desenvolver DRC, 88% afirmaram que o tratamento da HAS e do DM previnem a DRC e 87% afirmaram que dieta e exercício físico previnem DRC. Dos participantes, 18,18% possuem a TFG classificada dentro do estágio G0/G1 de DRC, estimada através da equação CKD-EPI. 38,76% possuem TFG classificada dentro do estágio G2 de DRC. 33,06% (n=40) dos pacientes possuem uma TFG estimada menor que 60 ml/min/1,73m2. Dos 188 pacientes, foi possível estabelecer o risco pelo Escore de Risco de Framingham (ERF) para 80 pacientes. Desses, 23,75% foram classificados como sendo de baixo risco, 45% foram classificados como possuindo risco moderado e 31,25% foram classificados como tendo alto risco. Pela avaliação do Escore de Risco Global (ERG) foi possível analisar 158 pacientes. Desses, a grande maioria (96,84%) foi classificada como tendo alto risco para evento cardiovascular em 10 anos, e apenas 3,16% foram classificados como tendo risco moderado. Todos os pacientes estratificados como risco moderado no ERF foram estratificados como baixo risco no Escore da American Heart Association (EAHA). Dos que foram estratificados como risco alto pelo ERF, 73,91% foram estratificados também como risco alto pelo EAHA, 21,74% foi estratificado como risco moderado e 4,35% foi estratificado como risco baixo pelo EAHA. Levando em consideração todo o espaço amostral, 80 foram estratificados pelo ERF e pelo ERG simultaneamente. Dos pacientes estratificados como baixo risco no ERF, 15,79% foi estratificado como risco moderado no ERG e 84,21% foi estratificado como risco alto. Todos os pacientes estratificados como risco moderado no ERF foram estratificados como alto risco no ERG. Todos os pacientes estratificados com risco alto no ERF foram estratificados também como risco alto pelo ERG. Apenas 24 foram estratificados pelo ERG e pelo EAHA simultaneamente. Dos pacientes estratificados como baixo risco no ERG, 50% foi estratificado como risco moderado no EAHA e 50% foi estratificado como risco alto no EAHA. Todos os pacientes estratificados como risco moderado no ERG foram estratificados como alto risco no EAHA. Todos os pacientes estratificados com risco alto no ERG foram estratificados também como risco alto pelo EAHA. Discussão: A predominância de mulheres, idosos e diabéticos encontrados neste estudo é semelhante a outros estudos do país. Já em relação ao perfil antropométrico, este estudo encontrou um perfil típico da região, com estaturas médias 152 e 162 para mulheres e homens, respectivamente, corroborando com o estudo de Quirino et al  (2018) realizado no interior de Goiás, que também encontrou IMC médio de 30kg/m (WOW, 2010) e Circunferência Abdominal de 104cm, ambos acima dos valores recomendados pela OMS. Um estudo realizado em Coimbra (MG) analisou a associação de idosos e síndrome metabólica, também encontraram maior prevalência em mulheres. No estudo realizado em Minas Gerais, a avaliação do conhecimento dos usuários sobre a DRC demonstrou que 54,6% dos pacientes apresentavam conhecimento insuficiente sobre tal patologia, e que este fato estaria diretamente associado a uma maior probabilidade de não adesão ao tratamento das doenças crônicas já citadas no trabalho e, consequentemente, progressão da injuria renal (CANHESTRO, 2010). Na estratificação de risco cardiovascular, através do ERF modificado em hipertensos de Juiz de Fora (MG), constatou-se que o risco era baixo em apenas 22%, médio em 56% e alto 22% hipertensos, o presente estudo compartilha dados semelhantes, no entanto apresenta mais pacientes em alto risco (31%)6. No ERG, baseados na identificação de doença aterosclerótica, na análise do ERG e na reclassificação do risco conforme presença de fatores agravantes, conseguiu enquadrar 96% dos pacientes em alto risco. Estudos direcionados para a identificação de fatores de risco para doenças cardiovasculares, identificaram que 94% de alto risco, dado que se assemelha a este estudo (MENDEZ et al, 2018). Considerações finais: levantou-se dados socioeconômicos e antropométricos da maioria dos pacientes dos grupos de HIPERDIA, entretanto, a estratificação nos escores e a análise de dados não foram possíveis para todos, pois muitos pacientes não retornaram com os dados laboratoriais que permitiriam sua estratificação nos escores de risco. Reforça-se a necessidade de mais estudos para estabelecer quais dos escores melhor se aplica à realidade brasileira. Ressalta-se que a elaboração de um plano de ação se faz necessário para que ações mais efetivas de educação em saúde sejam desenvolvidas a fim de melhorar a atenção primária à saúde.  

6003 DESCRIÇÃO DA OFERTA E DA DEMANDA NA REDE DE ATENÇÃO À HIPERTENSÃO E DIABETES SOB GESTÃO MUNICIPAL: CIDADE DO RECIFE - PE
Luiza Milena Reis Silva Dos Santos, Mariana Leopoldino Da Silva, Camila Karine da Silva Serafim, Anderson Trajano De Araújo

DESCRIÇÃO DA OFERTA E DA DEMANDA NA REDE DE ATENÇÃO À HIPERTENSÃO E DIABETES SOB GESTÃO MUNICIPAL: CIDADE DO RECIFE - PE

Autores: Luiza Milena Reis Silva Dos Santos, Mariana Leopoldino Da Silva, Camila Karine da Silva Serafim, Anderson Trajano De Araújo

Apresentação: Esta é uma pesquisa sobre Rede de Atenção à Saúde do município de Recife que objetivou analisar a relação de oferta e demanda da rede voltada aos agravos de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. A pesquisa exploratória e descritiva foi empregada para explorar o objeto de estudo, descrevendo e compreendendo o seu propósito no trabalho a fim de disponibilizar informações úteis para o aprofundamento de uma futura possível pesquisa. Foram coletados dados do SIA/SUS acerca da oferta de exames e consultas. Também foram utilizados documentos oficiais da Secretaria de Saúde do Recife - Plano Municipal de Saúde do Recife (2018 - 2021), Programação Anual de Saúde (PAS) do Recife, os Relatórios Detalhados Quadrimestrais da Secretaria de Saúde do Recife dos anos de 2017 e 2018, os documentos de “Critérios e parâmetros para o planejamento e programação de Ações e Serviços de Saúde no  muito do Sistema Único de Saúde” foram utilizados para calcular a demanda de casos, exames e consultas de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes. A cidade de Recife atualmente possui 1.214.750 habitantes, destes estima-se que aproximadamente 260 mil sofram com Hipertensão Arterial Sistêmica, sendo 60% dos casos de médio e alto risco, e cerca de 84 mil  possuam Diabetes Mellitus, sendo 75% deles médio e alto risco. Para o acompanhamento dos diabéticos são necessários diversos exames de dosagem para diagnóstico de taxas, além de diagnósticos oftalmológicos e cardíacos. Para a população de Recife, fica estimada a realização de aproximadamente 268.219 procedimentos para risco baixo, 565.774 para risco médio, 360.419 para alto risco e 66.190,546 para risco muito alto. Os exames para diagnóstico de fatores de risco que são englobados pela HAS são feitos anualmente para cada portador da doença. Estima-se que a população alvo para a realização desses exames seja de aproximadamente 259.959 para o SUS do Recife. Os parâmetros relacionados a exames laboratoriais, oftalmológicos e cardiológicos em hipertensos estimam para o ano de 2018 a realização de aproximadamente 2.339.628 procedimentos. No decorrer do estudo é observado pela opinião de variados autores, que o aumento de doenças crônicas refletem diretamente no quadro epidemiológico do país, já que o Brasil apresenta uma tripla carga de doenças, que são: infecciosas/parasitárias, reprodutivas e situações crônicas. De acordo com os dados coletados foi possível concluir a Rede de Atenção a hipertensos e diabéticos precisa ser fundamentada para o acompanhamento integral e preventivo da população. Além disso, os resultados demonstram que a maior demanda gerada por esses agravos (HAS e DM) se encontra na investigação de agravos consequentes, como exames de diagnósticos oftalmológicos e cardíacos, principalmente no caso do DM pois o agravo possui maior estimativa em relação a população de portadores. Sendo assim, para que o sistema de saúde seja eficiente deve-se separar as condições agudas das crônicas, já que as mesmas possuem tempos de cursos e cuidados diferentes.

6313 VIGILÂNCIA DA LEPTOSPIROSE: INTERSECÇÕES ENTRE A HIDROMETEOROLOGIA E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO APRIMORAMENTO DO ALERTA SOBRE A DOENÇA
ANDREZA PEREIRA RODRIGUES, LINO AUGUSTO SANDER DE CARVALHO, Carla Maria Camilo de Brito

VIGILÂNCIA DA LEPTOSPIROSE: INTERSECÇÕES ENTRE A HIDROMETEOROLOGIA E A VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO APRIMORAMENTO DO ALERTA SOBRE A DOENÇA

Autores: ANDREZA PEREIRA RODRIGUES, LINO AUGUSTO SANDER DE CARVALHO, Carla Maria Camilo de Brito

Apresentação: A leptospirose é uma zoonose, que nas apresentações clínicas graves, pode ser letal em mais da metade dos casos. A urina de um rato infectado pela bactéria tem nas enchentes um meio de dispersão, o que favorece a contaminação de seres humanos. As intervenções para o controle da doença são multifocais, passando pelo controle do vetor, por melhorias nas condições de saneamento e por monitoramento de condições ambientais favoráveis à disseminação da bactéria para os humanos. A Vigilância em Saúde se utiliza de diferentes estratégias para monitorar a doença e alertar os profissionais dos serviços de saúde, sendo os informes técnicos os mais conhecidos. A relação entre as variáveis climáticas e socioeconômicas, e sua influência na taxa de incidência de leptospirose é amplamente encontrada na literatura, sendo encontrados registros de surtos da doença após chuvas torrenciais e enchentes. Essa relação subsidia as ações de vigilância da doença e, a partir dessa compreensão, formulou-se as questões do estudo. Este trabalho analisa a relação entre as taxas de incidência de leptospirose e o comportamento pluviométrico e fluviométrico no município do Rio de Janeiro, no período de 2007 a 2017, e propõe uma discussão sobre os mecanismos de alerta sobre a leptospirose a partir da construção de intersecções entre a vigilância em saúde e os conhecimentos e medidas da hidrometeorologia. Identifica-se um comportamento sazonal característico da leptospirose e encontra-se limitações nas medidas de fluviometria. Em que pese essas limitações, o estudo aponta para a necessidade de reflexão a respeito da importância de uma estratégia mais adequada que integre a gestão de serviços meteorológicos e da saúde para o aperfeiçoamento da prevenção, controle e mapeamento dos casos de leptospirose.

9124 ANÁLISE DO PERFIL DAS PESSOAS DIAGNOSTICADAS COM AIDS NOS ANOS DE 2004 A 2018 NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL.
Renata Silva de Lima, Gerson Luiz Marinho, Lucas Lima de Carvalho, Lizandra Quintiliano de Carvalho, Rayza Garcia Nascimento

ANÁLISE DO PERFIL DAS PESSOAS DIAGNOSTICADAS COM AIDS NOS ANOS DE 2004 A 2018 NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL.

Autores: Renata Silva de Lima, Gerson Luiz Marinho, Lucas Lima de Carvalho, Lizandra Quintiliano de Carvalho, Rayza Garcia Nascimento

Apresentação: Consiste em um estudo transversal e descritivo cujo foco é analisar a prevalência de casos de AIDS na Região Sudeste do Brasil no período de 2004 a 2018. A AIDS é uma doença de notificação obrigatória, causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e que tem como principal reservatório os seres humanos. É uma comorbidade infecciosa e contagiosa, na qual há necessidade de contato com a corrente sanguínea para que ocorra a contaminação, dessa forma, através do contato com fluidos corporais, sexo desprotegido, transmissão vertical ou amamentação e compartilhamento de materiais perfuro-cortantes o vírus consegue entrar em contato com o sangue e se prolifera, levando a uma diminuição progressiva da imunidade ao longo dos anos. Nesse estudo, a Região Sudeste foi escolhida por apresentar o maior número de casos de diagnósticos nos residentes no período estudado. Os anos escolhidos como foco de estudo tem como precedente o Programa Nacional de DST e AIDS de 2005 e seu impacto ao longo de mais de uma década. O estudo apresenta como objetivo a análise de dados epidemiológicos sobre a prevalência de AIDS, com foco na Região Sudeste do Brasil, e caracterizar seu perfil segundo raça/cor, idade e sexo nos anos de 2004 a 2018. Os dados coletados tiveram origem a partir da plataforma DATASUS que é alimentado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que visa coletar e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância Epidemiológico Brasileiro. Também foram utilizados dados da plataforma SIDRA (Sistema IBGE de Reprodução Automática), que permite a consulta aos dados armazenados e disponibilizados das pesquisas de Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As variáveis consultadas no SINAN foram região de residência, ano diagnóstico, raça/cor, idade e sexo. As variáveis consultadas no SIDRA foram população por região de residência, população por sexo, população por raça/cor e população por idade. Para calcular a prevalência, o numerador é definido pelo número de casos durante um período específico de tempo e o denominador é a população total da região de estudo, utilizando a base de dados do SIDRA, multiplicado por 100000 habitantes, o que expressa o risco de desenvolvimento da doença na população. Como resultados, pode-se inferir que na região Sudeste, ao longo do período estudado, ocorreu um declínio na prevalência de casos de AIDS em todas as raças, com exceção da indígena. Além disso, há uma predominância da raça negra tendo maior prevalência na maior parte do período estudado neste trabalho, sendo de 2004 a 2018, mantendo uma constância. Tal disparidade foi analisada usando a nova classificação do IBGE, em que negros são considerados pretos e pardos, observa-se que tal discrepância tende a aumentar ainda mais, justificando-se pela perpetuação da desigualdade social entre as duas raças. Ademais, torna-se imprescindível compreender fatores associados a alta da prevalência dos diagnósticos de AIDS na região Sudeste correspondente à população indígena, isso se deve à difícil assistência dessa parcela da população, assim como suas dimensões socioculturais, econômicas, demográficas e geográficas de cada povo indígena que os expõe à fatores de risco singulares que levam a uma maior vulnerabilidade e também a negação do uso de preservativo. Ainda relacionado aos dados analisados, foi possível identificar a discrepância em relação aos casos de AIDS no sexo masculino e feminino por ano diagnóstico na região sudeste. Com notoriedade que o diagnóstico de AIDS em indivíduos do sexo masculino tem a maior prevalência em todos os anos analisados no presente trabalho, ou seja, de 2004 a 2018. Outrossim, observa-se diferença entre prevalência de diagnósticos entre as faixas etárias. Identificou-se que as faixas etárias de 30-39 anos e 40-49 lideram a prevalência do número de diagnósticos em todos os anos analisados, tal dado é sugestivo de que no Brasil há um déficit na manutenção do diálogo acessível sobre educação sexual. A manutenção de uma constância de maior prevalência entre os anos analisados é uma importante sinalização de que é preciso articulação para continuidade de campanhas direcionadas a este público. Ainda sobre este estudo, foi observado que entre 2004 e 2010 o grupo que também teve destaque com alta prevalência de diagnóstico foram adultos entre 50-59 anos, atrelado à isso, outro dado que chama a atenção é a prevalência analisada de 2005 a 2009 do grupo de 60-69 anos. Jovens de 20-29 anos e 10-14 anos mantivera-se em menor prevalência em relação às faixas etárias já abordadas (exceto 60-69 anos), entretanto, ainda é preciso entender fatores que corroboram para tal constância e não para seu declínio. Contudo, é esperançoso a queda da prevalência dada pela faixa etária de 0-4 anos no período de 2005 a 2018 demonstra que os esforços para ampliar a cobertura do pré-natal é um grande aliado para a diminuição da transmissão vertical. A partir dos resultados encontrados e de sua respectiva análise, é necessário que se tenha uma profunda reflexão quanto aos fatores socioculturais, econômicos e étnico-raciais do país. Associado à vulnerabilidade da população negra ainda que paralelo às condições de acesso à saúde é a pobreza, é transversal a baixa escolaridade, moradia precária, acesso à informação, bem como complexo à resolubilidade do serviço de saúde. Sendo estes pacientes invisibilizados e obtendo diversas barreiras para o atendimento. É possível inferir que a desigualdade socioeconômica ainda é presente no cotidiano das raças/cor pretas e pardas, dificultando o acesso dessa parcela à serviços de saúde para proceder à exames e consultas, muitas vezes pelo difícil acesso, jornada de trabalho exaustiva e/ou pelos altos custos dos transportes que levam até os serviços, impossibilitando o acompanhamento e tratamento eficaz. É imprescindível dialogar sobre a prevalência encontrada nos dados de diagnósticos em indígenas, grupo populacional impactado pela dificuldade de acessibilidade à cobertura de saúde. Reafirmando a necessidade de uma atenção integral à saúde da população, bem como, o seu acesso. É notória a dificuldade do êxito na promoção de educação sexual, sendo considerado assunto “tabu”, um dos pontos principais a serem contornados para alcançar a chegada de informação. Ao falarmos então sobre a disparidade entre homens e mulheres, destaca-se a predominância dos homens sob o diagnóstico de AIDS. Tal dado atrela-se ao comportamento de risco ser maior por parte do perfil masculino e também à cultura machista do país. Outro fator é que homens são os maiores consumidores de drogas, comumente têm múltiplas parcerias sexuais, e também práticas sexuais homossexuais. Contudo, cabe ao Ministério da Saúde enfoque em campanhas e políticas para educação sexual, com intuito de intervir numa problemática anunciada, entre diferentes faixas etárias. Sendo importante lembrar do crescimento do diagnóstico à pessoa idosa, afetados pela falta de direcionamento de estratégia de prevenção e saúde sexual. Pode-se concluir, portanto, que é de primordial importância o esforço do Sistema Único de Saúde, principalmente no que tange à Atenção Primária à Saúde, em dedicar atenção à redução do número de novos casos de AIDS, bem como de dar qualidade de vida e assistência adequada às pessoas vivendo com a Síndrome, em associação às outras parcelas da sociedade que influenciam nos determinantes sociais da saúde, como educação, moradia e emprego.

9414 MORBIMORTALIDADE POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UMA SÍNTESE DE EVIDÊNCIAS
Livia de Oliveira Pasqualin, Adriana Castro Barbosa Lobo, Adriano de Oliveira, André Quintilhano Benicio, Daíse Porto Lyra, Izaide Ribeiro dos Santos, Keroulay Estebanes Roque, Tony de Oliveira Figueiredo

MORBIMORTALIDADE POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UMA SÍNTESE DE EVIDÊNCIAS

Autores: Livia de Oliveira Pasqualin, Adriana Castro Barbosa Lobo, Adriano de Oliveira, André Quintilhano Benicio, Daíse Porto Lyra, Izaide Ribeiro dos Santos, Keroulay Estebanes Roque, Tony de Oliveira Figueiredo

Apresentação: Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 71% das mortes mundiais em países desenvolvidos e em desenvolvimento. As doenças cardiovasculares (DCV) representam 44% das mortes relacionadas às DCNT, contribuindo significativamente na ocorrência de mortes prematuras, incapacidade física e invalidez, acarretando no aumento de despesas públicas em saúde. Trata-se de uma síntese de evidências que teve como objetivo instrumentalizar os gestores públicos para tomada de decisão na elaboração de políticas de saúde informadas por evidências para a redução da morbimortalidade por DCV no Estado do Rio de Janeiro. Utilizou-se as ferramentas Supporting Policy Relevant Reviews and Trials (SUPPORT),  método de construção de síntese de evidências para abordar um determinado problema de saúde. São etapas da síntese: priorização e explicação do problema, identificação de opções, estratégias de enfrentamento e barreiras na implementação de políticas de saúde loco-regionais. As seguintes bases de dados foram consultadas: PubMed, Epistemonikos, Cochrane, Health Systems Evidence, RX for Change e Biblioteca Virtual de Saúde. Revisões sistemáticas foram identificadas para informar as opções de enfrentamento e estudos primários, documentos oficiais, relatórios nacionais e internacionais para a descrição do problema. Das 132 publicações identificadas, 60 foram excluídas após a leitura dos títulos, resumos ou textos completos. Dos 72 estudos considerados, 17 são revisões sistemáticas e foram avaliadas quanto à qualidade metodológica pelo instrumento Assessing the Methodological Quality of Systematic Reviews (AMSTAR). Estruturou-se 3 opções de enfrentamento, sendo:  opção 1 – Intervenções Multifatoriais para Modificação de Estilo de Vida; opção 2 – Prevenção e controle da Hipertensão Arterial (HA) e opção 3 – Implantação de Serviço de Telessaúde para apoio diagnóstico e terapêutico por meio de telediagnóstico e telemonitoramento para manejo das DCV na Atenção Primária à Saúde (APS). Levantou-se possíveis barreiras ao controle das DCV identificadas no nível do usuário, nos níveis do profissional de saúde, da organização de serviços e do sistema de saúde. Quanto aos usuários, foram identificadas: falta de tempo e motivação, baixa percepção de risco para DCV, baixa conscientização geral sobre seu estado de saúde, baixo nível de escolaridade, baixa adesão ao tratamento farmacológico e às propostas de modificação de estilo de vida. Quanto aos profissionais de saúde e a organização dos serviços de saúde, foram identificadas questões como falta de tempo e motivação para a implementação das intervenções, baixa proficiência técnica para aconselhamento, falta de incentivo financeiro e os resultados ruins dos índices de satisfação do usuário. As estratégias apresentadas contemplam intervenções educativas e de apoio psicológico em grupos multidisciplinares, com a inclusão de apoio e participação de membros da família; a inclusão do profissional farmacêutico clínico na equipe multidisciplinar e intervenções digitais interativas. Os resultados demonstram opções com potencial de aplicação para o desenvolvimento de políticas de saúde informadas por evidências no Estado do Rio de Janeiro, destacando-se a importância da realização de um diálogo político para o desdobramento do plano de ação.

9426 CORONAVÍRUS- UM INIMIGO SILENCIOSO
Lara Rocha de Brito Oliveira, Erika Luci Pires de Vasconcelos, Alice Damasceno Abreu, Daiana do Nascimento Pereira, Claudia Cristina Dias Granito, Stefany Jennyfer da Silva Pacheco, Lucas de Almeida Figueiredo, Paulo Rogério Lamarca Flores

CORONAVÍRUS- UM INIMIGO SILENCIOSO

Autores: Lara Rocha de Brito Oliveira, Erika Luci Pires de Vasconcelos, Alice Damasceno Abreu, Daiana do Nascimento Pereira, Claudia Cristina Dias Granito, Stefany Jennyfer da Silva Pacheco, Lucas de Almeida Figueiredo, Paulo Rogério Lamarca Flores

Apresentação: Os primeiros casos de Coronavírus aconteceram em meados de 1960.  Este novo vírus é apontado como uma mutação desta família. A doença foi oficialmente nomeada pela Organização Mundial de Saúde como "Doença Respiratória de 2019-nCoV" Outras variações mais antigas de coronavírus, como SARS-CoV e MERS-CoV, já são conhecidas pelos cientistas. Tais vírus também chegaram aos humanos por contato com animais: gatos, no caso da Sars, e dromedários, no vírus Mers. As pesquisas apontam que a primeira transmissão ocorreu de animal para humano. E depois passou a ocorrer de pessoa para pessoa. A (OMS) fomentou o primeiro alerta para a doença em 31 de dezembro de 2019, depois que autoridades chinesas notificaram casos de uma questionável pneumonia na cidade de Wuhan. O surto inicial atingiu pessoas que tiveram alguma associação a um mercado de frutos do mar em Wuhan – o que despertou a suspeita de que a transmissão desta variação de coronavírus ocorreu entre animais marinhos e humanos. O mercado foi fechado para limpeza e desinfecção. Quanto aos sintomas foram identificados como febre, tosse, dificuldade em respirar e falta de ar. Em casos mais graves, notou-se,  pneumonia, insuficiência renal e síndrome respiratória aguda grave. Muitos estudos ainda devem ser feitos no n-CoV, não se sabe se este gera uma resposta imune definitiva ou se uma pessoa poderá ter a possibilidade de reinfecção, uma vez, que ainda não há vacina disponível. A OMS declarou que os casos do novo coronavírus 2019 n-CoV são uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Com isso, uma ação coordenada de combate à doença deverá ser traçada entre diferentes autoridades e governos. Esta foi a quinta vez que a organização decretou estado de emergência global para uma epidemia viral. As decisões anteriores foram tomadas para o zika vírus, a gripe H1N1, a poliomielite e o ebola. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura com aspecto qualitativo, apoiado em pesquisas publicadas nas bases de dados nacionais e internacionais no periódico de 2003 a 2019. Para compreender a gravidade de tal vírus viemos aqui, como graduandos de enfermagem trazer a discussão acerca de medidas de prevenção e promoção de saúde realizadas na Atenção Primária. Estes profissionais serão primeiramente atingidos. Devendo para tal serem orientados, a um treinamento intensivo para: Avaliação dos contactantes, busca ativa dos mesmos, evitar compartilhamento de utensílios, orientação dos sintomas, necessidade de afastamento do domicílio.  Resultado: Este estudo poderá assegurar aos usuários do Sistema de Saúde o direito de acesso ao melhor tratamento conforme as suas necessidades e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela reinserção na família, no trabalho e na comunidade. A Atenção primária como ponta de um sistema e a porta de entrada deve ser monitorada e preparada para atender as demandas desse surto. Considerações finais: Ainda não podemos mencionar a magnitude do vírus e nem sua patogenicidade, mas podemos trabalhar na contenção de disseminação dessa infecção.

9635 PROPOSTA DE MATRIZ PARA O MONITORAMENTO E IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES DIRECIONADAS A DOENÇA DE CHAGAS: SUBSÍDIO PARA A GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Taise de Alcantara Amancio, Hebert Luan Pereira Campos dos Santos, Hildebrando Antunes Neto, Maria de Lourdes Lacerda Lemos, Josilene Silva Oliveira, Verônica Alves Campos, Eliana Amorim de Souza, Nilia Maria de Brito Lima Prado

PROPOSTA DE MATRIZ PARA O MONITORAMENTO E IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES DIRECIONADAS A DOENÇA DE CHAGAS: SUBSÍDIO PARA A GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Autores: Taise de Alcantara Amancio, Hebert Luan Pereira Campos dos Santos, Hildebrando Antunes Neto, Maria de Lourdes Lacerda Lemos, Josilene Silva Oliveira, Verônica Alves Campos, Eliana Amorim de Souza, Nilia Maria de Brito Lima Prado

Apresentação: As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) mantém-se no Brasil com elevada carga de morbimortalidade e de incapacidades, acometendo principalmente populações em situação de maior vulnerabilidade social, institucional e individual. A Doença de Chagas (DC) compõem a relação destas doenças marcada pela invisibilidade política e social, especificamente, pelo maior acometimento de indivíduos que residem em periferias e zonas rurais afastadas e pelo longo curso crônico da patologia. Evidenciando que decorrido mais de 110 anos de descoberta da doença, ainda persistem inúmeros desafios político-sociais que impedem que a doença seja superada no país. Ao longo de quase trinta anos de Sistema Único de Saúde, foram produzidos pelo Ministério da Saúde instrumentos ordenadores da descentralização administrativa e organizativos da Atenção Primária à Saúde (APS), com base nos quais seriam promovidas ações de controle e eliminação da DC. Com o processo de descentralização das ações de saúde, houve a transferência das responsabilidades operacionais para os estados e municípios, que passaram a enfrentar dificuldades na execução das diretrizes previstas pelas políticas e planos nacionais, visto não terem tradição no controle da enfermidade. Acredita-se que a discussão sobre matrizes de monitoramento dos processos da vigilância e controle, constitui um instrumento oportuno para ajudar na tomada de decisão antes mesmo que a avaliação propriamente dita seja feita. Assim, o objetivo deste trabalho é sistematizar uma matriz contendo as intervenções propostas para o enfrentamento da doença de Chagas em âmbito nacional. Método: Trata-se de estudo avaliativo, de natureza qualitativa, sobre o Programa Nacional de Controle da Doença de Chagas (PNCDCh) no Brasil. Para tanto, realizou-se uma análise documental incluindo 08 documentos técnicos do Ministério da Saúde, 32 portarias/resoluções disponíveis na plataforma Saúde Legis e 126 artigos científicos disponíveis e indexados na Biblioteca Virtual em Saúde, Scielo, Medline e Lilacs, entre 2000 a 2019. Foram selecionados 08 documentos/normativas vigentes que instituíram o programa, e após leitura minuciosa, possibilitou o delineamento de uma matriz com dimensões, sub-dimensões, objetivos, padrões e critérios do PNCDCh, apontados como desejáveis para o processo de implementação, posteriormente, validada por especialistas da área. A construção da matriz incluiu a identificação de práticas técnico-gerenciais e assistenciais desenvolvidas ao longo dos anos no âmbito nacional para o processo de saúde-doença, cuidado, tratamento e cura voltadas para esta enfermidade. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa integração de ações de vigilância, prevenção e controle de doenças tropicais negligenciadas: perspectivas epidemiológicas e operacionais para hanseníase e doença de Chagas no SUS no sudoeste do Estado da Bahia, desenvolvido por docentes, estudantes de graduação e pós-graduação do Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho foi aprovado pelo Edital FAPESB nº 003/2017, Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia – Campus Anísio Teixeira, através do parecer nº 2.644.039. Resultado: Os resultados refletem o conteúdo validado das matrizes organizadas segundo quatro componentes técnicos: planejamento estratégico, planejamento administrativo, gestão e organização das práticas, monitoramento e avaliação. A estrutura e os processos necessários para a realização das ações, bem como os resultados esperados em curto, médio e longo prazos, foram descritos em um modelo lógico teórico. A análise descrita resultou na conformação de três grandes dimensões e suas respectivas subdivisões, sendo estas as seguintes: prevenção e controle composto por entomologia, epidemiologia, sanitária e educação em saúde, cuidado à saúde compreendendo diagnóstico, tratamento, seguimento e rastreamento e organização dos serviços nele contida atenção primária em saúde e serviço especializado, além de descrever macroações/ações propostas para cada campo mencionado. Dada a pluralidade dos documentos publicados para garantir a condução do Programa Nacional de Controle da Doença de Chagas, a ausência ou dificuldade dos profissionais de saúde e gestores em conhecerem e/ou compreenderem os pressupostos de tais documentos, a matriz viabilizou o agrupamento sistematizado de normativas relacionadas a tripanossomíase americana que possibilita uma visão ampliada do programa e constitui um instrumento efetivo para que as ações voltadas ao controle da transmissão e ao cuidado com os usuários com doença de Chagas sejam implementadas e monitoradas a fim de promover ajustes necessários e alimentar o ciclo saudável da política em contexto local. Para aprimorar essa matriz iniciou-se a técnica de conferência por consenso, com envio por e-mail de um formulário do Google Drive®/ planilha do Excel® derivado da matriz de padrões e critérios para apreciação de vinte e oito pesquisadores (especialistas na temática), com a atribuição de um juízo de valor, o retorno dessas avaliações será precedida das sugestões/correções assinaladas para uma posterior apreciação definitiva. Contudo, o processo supracitado necessita de um quantitativo mínimo de participações para que seja estabelecido o consenso e a frequência das respostas ainda é lenta, sobretudo, em decorrência de desafios inerentes ao tamanho do arquivo, que demanda disponibilidade de tempo para que seja apreciado e avaliado, dada a complexidade dos pressupostos da Política Nacional de Controle da Doença de Chagas, e ao formato inicial do documento, que gerou dificuldades na abertura e salvamento das respostas, sendo devidamente alterado no decorrer do processo. Considerações finais: A validação de uma matriz de monitoramento contribui para ampliar o debate, fortalecer a implementação e a aprendizagem dos envolvidos, sejam eles pesquisadores, gestores, profissionais ou usuários da intervenção. Possibilita também ampliar a validade interna do modelo lógico teórico e abre uma oportunidade para o diálogo entre a teoria e sua crítica a respeito de convicções, experiências e conhecimento. A matriz de padrões e critérios do PNCDCh pode ampliar a capacidade de organização dos serviços, ações clínicas e sócio epidemiológicas, e propiciar o monitoramento e avaliação do programa, considerando as diversidades locorregionais. A validação da teoria de funcionamento da intervenção cumpriu o seu objetivo de aumentar a validade de conteúdo do constructo e dar suporte à generalização analítica do método de estudos de caso, estratégia adotada para avaliar a implantação das ações de controle e eliminação da DC em um dado contexto, além de criar espaço para o diálogo entre a teoria e sua crítica ao envolver diferentes interessados no processo avaliativo e oportunizar uma ferramenta útil para a gestão.

9882 VALIDAÇÃO DO MODELO TEÓRICO LÓGICO DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA HANSENÍASE
Camila Pereira Jardim, Hildebrando Antunes de Carvalho Neto, Vigna Maria de Araújo, Nilia Maria de Brito Lima Prado, Eliana Amorim de Souza

VALIDAÇÃO DO MODELO TEÓRICO LÓGICO DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA HANSENÍASE

Autores: Camila Pereira Jardim, Hildebrando Antunes de Carvalho Neto, Vigna Maria de Araújo, Nilia Maria de Brito Lima Prado, Eliana Amorim de Souza

Apresentação: A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução lenta e caráter crônico, que pode acometer, principalmente, pele e nervos periféricos de pessoas em qualquer faixa etária, sexo e nível social. Suas manifestações clínicas envolvem sinais e sintomas dermatoneurológicos, acompanhadas ou não de deficiências motoras e/ou sensitivas. Para além das repercussões clínicas, as incapacidades e deformidades provocadas pela doença podem reverberar em limitações da vida social, problemas psicológicos, além de estigma e preconceito. Apesar dos avanços clínicos, terapêuticos e epidemiológicos esta patologia ainda se configura atualmente como um importante problema de saúde pública no Brasil, devido à sua elevada endemicidade, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Nesse sentido, políticas públicas para o controle da hanseníase vêm sendo construídas e atualizadas a partir da identificação dos diversos contextos, abordagens e normatizações, que permeiam o planejamento das ações, tendo em vista, principalmente, a melhoria da qualidade da assistência ao acometido pela hanseníase e dos seus contatos, na busca pela quebra da cadeia de transmissão do agravo. Assim, diversos protocolos, normas e diretrizes contribuem para a sistematização do atendimento, diagnóstico e tratamento do paciente acometido pela doença, bem como dos processos de vigilância em saúde, visando orientar a atuação dos profissionais e gestores da saúde. Nesse sentido, ao se compreender e sistematizar as diretrizes que compõem o atual Programa Nacional de Controle da Hanseníase foi possível elaborar uma representação gráfica preliminar do programa (modelo teórico lógico), ao se apresentar os principais padrões e critérios que contribuem para instrumentalizar a tomada de decisão dos gestores e profissionais de saúde e qualificar a atuação prestada, seja no âmbito assistencial ou institucional. Dessa forma, esse estudo visa descrever as etapas de desenvolvimento e resultados do processo de validação do modelo teórico lógico e da matriz de padrões e critérios do referido programa, a partir da análise de diferentes especialistas e pesquisadores na temática. Este estudo compõe o subprojeto "AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA HANSENÍASE: UM ESTUDO DE CASO EM DOIS MUNICÍPIOS DO SUDOESTE DA BAHIA", que está inserido na pesquisa intitulada "INTEGRAÇÃO DE AÇÕES DE VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS TROPICAIS NEGLIGENCIADAS: PERSPECTIVAS EPIDEMIOLÓGICAS E OPERACIONAIS PARA HANSENÍASE E DOENÇA DE CHAGAS NO SUS NO SUDOESTE DO ESTADO DA BAHIA", aprovada pelo Edital FAPESB nº 003/2017, Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia – Campus Anísio Teixeira, através do parecer nº 2.644.039..Trata-se de uma pesquisa do tipo análise lógica, de natureza qualitativa e descritiva do Programa Nacional de Controle da Hanseníase.Objetivando construir uma avaliação sistematizada pelo modelo teórico lógico, utilizou-se, como técnica de investigação,  a revisão e identificação documental, em uma primeira etapa. Para isso, realizou-se uma busca detalhada, em bases de dados científicos e sites oficiais, por diretrizes, normas e protocolos atuais de assistência à Hanseníase, sendo então, selecionados os seguintes documentos: DIRETRIZES PARA VIGILÂNCIA, ATENÇÃO E ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA: MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016; GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 3ª ED., 2019 e ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O ENFRENTAMENTO DA HANSENÍASE 2019 – 2022.Tal investigação originou a construção de uma matriz de dimensões, subdimensões, padrões e critérios, elencados como necessários para o processo de estruturação do modelo lógico preliminar. A partir disso, seguiu-se a análise e validação do modelo, a qual foi delineada pela apreciação de estudiosos do assunto em questão. Este processo contou com a participação de cinco pesquisadores de referência nacional, os quais foram convidados e consultados por meio de um formulário eletrônico e planilha do Excel contendo todos os padrões a serem avaliados quanto à concordância ou não dos critérios propostos pelo modelo teórico. Com a análise dos especialistas e a partir do levantamento das respostas consensuais entre os avaliadores obteve-se a construção de um modelo teórico lógico do Programa Nacional de Controle da Hanseníase. O processo de validação da matriz de critérios e padrões e do modelo teórico lógico do Programa Nacional de Controle da Hanseníase foi conduzido pela técnica do consenso de especialistas, que contribuíram com sugestões, análises e críticas ao instrumento. A matriz continha como dimensões centrais a categoria assistencial, subdividida em diagnóstico e tratamento, comportando como público-alvo os usuários do serviço de saúde, e a categoria institucional, que por sua vez tinha como subdimensão a vigilância em saúde e como público-alvo os gestores, profissionais de saúde e usuários. Essas divisões compõem o escopo central de análise do programa, abarcando todos os padrões extraídos da análise documental de normas, protocolos e diretrizes nacionais. Para um melhor detalhamento do modelo teórico, as subdimensões foram divididas cada uma em diferentes eixos de análise. No que tange à primeira subdimensão (diagnóstico), foram elencados seis objetivos preliminares. Para cada objetivo foram delimitadas diferentes ações, totalizando um padrão de setenta e um critérios preliminares. Ao abordar a outra subdimensão (tratamento), foi possível desenvolver dezessete padrões a serem analisados, contando com um total de noventa e nove ações estabelecidas. Na última subdimensão analisada (vigilância em saúde) os objetivos colocados formaram um total de doze. Os padrões estabelecidos comportaram setenta e quatro critérios analisados preliminarmente. Após a revisão pelos especialistas, os dados foram sistematizados em uma planilha Excel e analisados quanto às respostas consensuais ou não dos avaliadores. Os experts sugeriram algum tipo de alteração ou complementação em 65 (26,63%) questões (critérios) do total de 244 que abrangeram as três subdimensões e todos os padrões estabelecidos. Nessa fase, foi sugerido a inclusão de um outro padrão (realizar diagnóstico Neural Primária) dentro da subdimensão diagnóstico, todos os dissensos foram excluídos, permanecendo apenas os critérios considerados como consensuais, totalizando 179 (73,36%) critérios propostos para o modelo teórico lógico após validação. Ao se considerarem as subdimensões deste estudo na ordem apresentada, a primeira recebeu maior número de dissensos e sugestões para modificações nas ações propostas, correspondendo a 42 (58,15%), a segunda correspondeu a 24 (24,24%) e a terceira correspondeu a 12 (16,21%). Em todas as avaliações foram identificadas as sugestões referentes aos critérios, tomando-as como essenciais para a melhor credibilidade dos padrões desenvolvidos. A partir da validação da matriz de critérios pode ser delineado e descrito o modelo teórico lógico do Programa Nacional de Combate à Hanseníase contemplando dimensões, subdimensões, objetivos, público alvo e ações/atividades.Hoje há uma concordância de que a implementação de um modelo lógico pautado por diretrizes para diagnóstico, tratamento, reabilitação e vigilância de doenças, definidas por evidência científica disponível e com base no entendimento de especialistas no assunto, produz melhores resultados na qualidade da assistência e gestão. Nesse sentido o processo de validação da matriz e do modelo teórico lógico do Programa Nacional de Combate à Hanseníase constitui-se como um importante instrumento para ampliação do debate, fortalecimento da implementação de políticas públicas e diretrizes assistenciais, assim como também, para a promoção do conhecimento aos envolvidos, quer sejam pesquisadores, gestores, profissionais de saúde ou usuários do serviço. Ressalta-se aqui, por fim, que a matriz de critérios e padrões construída e validada a partir de critérios sistematizados contribui para auxiliar à assistência prestada ao acometido pela Hanseníase e a conduta de diferentes atores no planejamento e na organização de estratégias para prevenção, controle e combate desta doença, que ainda hoje atinge milhares de brasileiros, comprometendo a qualidade da saúde de toda a população.

10042 TAXA DE MORTALIDADE POR DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM JOVENS E IDOSOS - UM ESTUDO COMPARATIVO DAS REGIÕES SUDESTE E NORTE DO BRASIL NO PERÍODO DE 2013 A 2017
Brenda Oliveira, Gerson Luiz, Lucas Lima, Andressa Azevedo, Nathany Caroliny, Marcelle Viana, Juliana Santos

TAXA DE MORTALIDADE POR DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM JOVENS E IDOSOS - UM ESTUDO COMPARATIVO DAS REGIÕES SUDESTE E NORTE DO BRASIL NO PERÍODO DE 2013 A 2017

Autores: Brenda Oliveira, Gerson Luiz, Lucas Lima, Andressa Azevedo, Nathany Caroliny, Marcelle Viana, Juliana Santos

Apresentação: Esse é um estudo comparativo entre a taxa de mortalidade de jovens e idosos por Diabetes Mellitus (DM) e por Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). A HAS é caracterizada por elevações dos valores da pressão arterial associados a alterações funcionais e estruturais do coração, vasos sanguíneos, rins e encéfalo. O DM, por sua vez,  tem como característica principal alterações no metabolismo, cujo indivíduo encontra-se em condição de hiperglicemia devido disfunções na ação ou secreção de insulina. O presente artigo tem como objetivo verificar em que região do Brasil a taxa de mortalidade por DM e HAS se encontra maior, comparando jovens, entre 15 a 29 anos, e idosos, acima de 60 anos de idade, residentes das regiões Norte e Sudeste. Para realização deste estudo foram coletados dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), tendo sido utilizadas como variáveis a faixa etária, o sexo e a região de moradia. Como resultado principal, infere-se que a taxa de mortalidade em jovens adultos com DM e HAS varia entre as duas regiões. Na região Sudeste do país, ambas as doenças acometem mais as pessoas idosas, destacando-se as com 80 anos ou mais, que apresentam uma taxa de mortalidade por ambas as doenças, sendo 67 vezes maior, quando comparadas com a taxa de mortalidade dos jovens da mesma região. Já na região Norte a taxa de mortalidade em idosos também é maior, onde os mais afetados são aqueles com faixa etária de 80 anos ou mais, onde há um aumento de ± 50 vezes mais da taxa de mortalidade do que em jovens, devido a dificuldade em estar presente na Atenção Primária por conta da situação precária do acesso ao sistema de saúde. Considerando a população alvo e as estratégias de Atenção Primária à Saúde (APS), pode-se concluir que os achados deste estudo ressaltam alguns pontos fracos da prevenção e assistência relacionadas à Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial na região Norte e Sudeste, o que demonstra a  necessidade da melhora do acesso ao sistema de saúde, além de um maior investimento na atenção primária para evitar o desenvolvimento de doenças crônicas que vão gerar morbimortalidades.

10051 ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE UM MUNICÍPIO PRIORITÁRIO NO ENFRENTAMENTO DA TUBERCULOSE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE UM MUNICÍPIO PRIORITÁRIO NO ENFRENTAMENTO DA TUBERCULOSE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Autores: Lucas Fernandes Gonçalves, Mary Ann Menezes Freire

Apresentação: A tuberculose, com suas diferentes representações históricas, afetou diversos povos antigos no mundo. No Brasil não seria diferente; terra com desigualdades sociais, econômicas e políticas perpetuadas ao longo dos anos e é classificado atualmente no grupos dos 30 países com as maiores prevalências de tuberculose no mundo. As políticas de saúde se reinventaram ao passar dos anos no enfrentamento da tuberculose, do isolamento a integração, da centralização a descentralização, das altas taxas de falência terapêutica à segurança do esquema básico. O Brasil registrou 72.788 casos novos de tuberculose em 2018, demonstrando a vivacidade da doença nos territórios. A incidência de tuberculose, indicador que mede a notificação de casos novos pela população residente, no Brasil em 2009 foi de 39,4 casos a cada 100.000 habitantes em queda em 2018 que registrou uma incidência de 34,8 casos a cada 100.000 habitantes. A incidência, reduzida em aproximadamente 12% em 9 anos, traduz o permanente risco de transmissibilidade e manifestação da doença em uma população, o que também gera uma reflexão sobre as condições socioeconômicas e a disponibilidade e resolubilidade dos serviços de saúde. Em 2018, o Rio de Janeiro foi o segundo Estado com o maior incidência de tuberculose a cada 100 mil habitantes: 66,3, o dobro da Brasil. Além disso, se coloca como estado com maior mortalidade, 4,2 casos a cada 100 mil habitantes e segundo maior percentual de retratamento do Brasil: 18%. Logo, há uma clara demanda de discutir as complexidades do enfrentamento e acompanhamento dos usuários diagnosticados. Ao mesmo tempo, é necessário reconhecer a diversidade entre os municípios e os indicadores consolidados do Estado, afinal a organização dos serviços de saúde se dá de forma descentralizada, com participação da população e ascendente. Ao lançar olhares para os municípios, observa-se singularidades do enfrentamento das doenças mais comuns aos territórios e a tuberculose se insere como importante questão de saúde pública.Apresentação: Um levantamento epidemiológico sobre os impactos da doença em um município do Estado do Rio de Janeiro, de 2015 a 2017, apresentando indicadores da doença e do acompanhamento nos serviços de saúde de usuários diagnosticados e notificados tuberculose. Método: Estudo do tipo descritivo e recorte da dissertação no Programa de Pós Graduação em Enfermagem na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Utiliza dados de usuários notificados do Sistema de Notificação de Doenças Notificáveis municipal, de 2015 a 2017, e as respectivas informações de acompanhamento e encerramento dos casos. Os indicadores foram gerados no Excel e utilizando dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística dos anos correspondentes. A pesquisa foi aprovado no Conselho de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, CAE 13557919.3.0000.5285, respeitando todas as normas da ética e pesquisa. Resultado: Ao realizar o levantamento de dados sobre tuberculose do município de 2015 a 2017, nota-se uma incidência da doença com tendência estacionária, registrando 76,2 casos novos a cada 10 mil habitantes em 2015, 67,7 casos novos a cada 100 mil habitantes em 2016 e 78,6 casos novos a cada 100 mil habitantes em 2017. As informações comparadas a nível nacional chamam atenção pela disparidade: o Brasil, em 2015 e 2016, possuía um incidência de próximo a 34 casos e 32,4 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente. No Estado do Rio de Janeiro, em 2016, a incidência era de 61,2, evidenciando disparidade e singularidades entre os municípios do estado. Ou seja, há uma doença “viva” no território, onde os fatores determinantes e condicionantes da infecção da doença ainda não foram suficientemente combatida ao longo dos anos. Se aproximar do território permite olhar a epidemiologia local, poderando os grandes compensados e indicadores gerais e, com potência singular, analisar a importância desses indicadores locais na dinâmica de vida dos moradores das regiões. Ao analisar quais serviços notificam ao passar dos anos, observa-se que em 2015, 90% foram notificados na referência secundária, 10% em UBS e 0% em Hospital particular (1 caso). Em 2016, 78,43% foram notificados na referência secundária, 1,3%, em Hospital, 12,67% em UPA, 7,6% em UBS. Em 2017, foram 75,94% notificados na referência secundária, 12,36% em UBS e 11,70% em UPA. Observa-se uma centralidade da assistência na referência secundária, pouca inserção da UBS e falta de diversidade de serviços de saúde notificando a doença no âmbito municipal. Não há registro de outros serviços que compõem a Rede de Atenção à Saúde, como Centro de Atenção Psicossocial. Além disso, nota-se que há uma fragilidade em parcerias com os serviços de urgência e emergência, pois há uma clara variação de notificações com incompatibilidade a alta incidência no município e permeabilidade nos serviços de saúde. Outro indicador de acampamento importante é a realização de testagem para o vírus da deficiência imune (hiv) no diagnóstico de tuberculose, obrigatória e justificável pela alta mortalidade e letalidade da coinfecção exposta após a epidemia de hiv/AIDS na década de 80. A taxa de testagem foi de 88,40% em 2015, 82,50% em 2016 e 82,60% em 2017, não aparentando evolução na importância da realização do teste e do registro. É condizente também com o tipo de serviço que notifica a doença e suas características, visto que a UBS está inserida nos territórios, permeia as vulnerabilidades ali encontradas e possui maior vinculação com as famílias do usuário com tuberculose que permite a criação de vários possíveis momentos de testagem de hiv durante o acompanhamento. Ainda sobre o acompanhamento, o alto índice de encerramento por abandono aumenta o risco do aparecimento da resistência aos medicamentos do esquema básico. Só em 2015, foram registrados 19,5% de abandonos e apenas 66,2% de alta por cura. Materializa a dificuldade no acompanhamento e aumenta o risco de aparecimento da tuberculose drogarresistente (TB DR). No recorte temporal do estudo, 36 casos foram encerrados como TB DR, sendo que apenas 27 iniciaram o tratamento medicamentoso especial na referência terciária. A complexidade também está desde o início do tratamento especial proposto, visto sua particularidade clínica e sua longa duração, o que cria uma demanda maior de vinculação com os profissionais de saúde e expõe ainda mais a necessidade de articulação de políticas públicas no enfrentamento. Considerações finais: Logo, comprova-se clara centralização do diagnóstico e acompanhamento em um serviço especializado, não dando o protagonismo ao tratamento diretamente observado e a inserção das unidades básicas no cuidado. Mitiga-se a potência da atenção básica e das atuais recomendações de acompanhamento e tratamento de usuários com tuberculose. Há necessidade de debate e reconstrução de políticas públicas intersetoriais a favor do enfrentamento da doença e de fatores mitigante da determinação social da doença. Expor as iniquidades, enfrentá-las e (re)pensar sobre as condições de vida, moradia e trabalho são essenciais para o enfrentamento da doença como política pública no enfrentamento da tuberculose.

10394 ANÁLISE ORGANOFUNCIONAL DA SALA DE VACINA DE UM CENTRO DE SAÚDE ESCOLA
Patrick da Costa Lima, Brena de Nazaré Barros Rodrigues, Carlos Victor Vinente de Sousa, Laryssa Cristiane Palheta Vulcão, Matheus Ataíde Carvalho, Silvia Renata Pereira dos Santos, Vitória Regina Silva Teixeira, Beatriz Souza da Costa

ANÁLISE ORGANOFUNCIONAL DA SALA DE VACINA DE UM CENTRO DE SAÚDE ESCOLA

Autores: Patrick da Costa Lima, Brena de Nazaré Barros Rodrigues, Carlos Victor Vinente de Sousa, Laryssa Cristiane Palheta Vulcão, Matheus Ataíde Carvalho, Silvia Renata Pereira dos Santos, Vitória Regina Silva Teixeira, Beatriz Souza da Costa

Apresentação: Os Centros de Saúde são instituições que desempenham um papel fundamental no acesso a atenção primária de saúde à pessoas e famílias, considerando-as como elementos de uma comunidade com os suas necessidades e particularidades. Nos serviços primário de saúde algumas atribuições e competências são do enfermeiro durante o cotidiano de atendimento como, por exemplo, o processo educacional em sala de vacinação que busca, a qualidade nos serviços prestados à população. Em 1973, o Ministério da Saúde (MS) estabeleceu o Programa Nacional de Imunização (PNI), que contribuiu no controle das doenças transmissíveis. O PNI tem a função de normatizar, implantar, supervisionar e avaliar as ações de imunização, além das políticas e estratégias para viabilizar coberturas vacinais em todo o território nacional. Dispõe de normas e diretrizes consonantes com recomendações internacionais, sendo responsável pela aquisição, acondicionamento, distribuição e aplicação de imunobiológicos contemplados no calendário básico de vacinação ou indicados em situações especiais. A vacinação constitui ação prioritária de Atenção Primária à Saúde e de grande impacto nas condições gerais de saúde da população, podendo ser realizada como rotina nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Saúde e em campanhas periódicas, sob a orientação da vigilância epidemiológica. A complexidade do processo de enfermagem em sala de vacinas na atualidade, exige uma abordagem diferenciada permitindo reconstruir o conhecimento dos determinantes sociais nas imunizações. No Brasil, especialmente no Estado do Pará, poucos trabalhos abordaram a avaliação da estrutura deste serviço nas salas de vacinação, apesar da importância de um olhar direcionado a esse setor. Diante disso, o presente estudo, tem por objetivo fazer uma crítica reflexiva sobre como o programa está sendo ofertada a população e compará-lo com o manual proposto pelo MS. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência, a partir da visita no Centro de Saúde Escola (CSE), localizado em Belém-Pa, realizada em setembro de 2019 com o intuito de discutir e realizar uma análise organofuncional da sala de vacina, a fim de comparar as diretrizes propostas pelo manual instituído e preconizado pelo Ministério da Saúde com o cotidiano do serviço. Então, começou uma observação das características organizacionais do serviço oferecido com as normas preconizadas, com o objetivo de fazer uma crítica reflexiva sobre como o programa está sendo ofertado à população. Resultado: As vacinas permitem a prevenção, o controle e a erradicação das doenças imunopreveníveis, assim como a redução da morbimortalidade por certos agravos. No centro de saúde escola, deste estudo, a sala de imunização é dividida em dois cômodos climatizados, a triagem e a sala de aplicação e manipulação dos imunobiológicos, com sentido unidirecional, seu funcionamento ocorre em dois turnos, no horário matutino e vespertino. Em locais com grande demanda de população, segundo o Ministério da Saúde (2014), devem ser utilizadas duas salas com comunicação direta, sendo uma para triagem e orientação do usuário e outra para administração dos imunobiológicos, desta forma, a sala em análise está em conformidade. O quadro de funcionários da sala de vacina do CSE é composto por cinco funcionários pela manhã, sendo um enfermeiro, um técnico de enfermagem, três funcionários administrativos. Pela tarde, é composta por um enfermeiro, quatro técnicos de enfermagem, um administrativo, totalizando em seis funcionários. A equipe de vacinação deve ser formada pelo enfermeiro e pelo técnico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois vacinadores para cada turno de trabalho, detectando-se assim, a não conformidade e a necessidade de ajustes. Um vacinador pode administrar com segurança cerca de 30 doses de vacinas injetáveis ou 90 doses de vacinas administradas pela via oral por hora de trabalho. Porém, na prática, observa-se que esses números sobrecarregam o profissional e necessitam ser revistos, já que para alcançá-los seria necessário administrar uma dose de vacina injetável a cada 2 minutos ou a cada 0,6 minutos uma dose de vacina via oral. Demonstrando-se inviável, pois, antes da administração dos imunobiológicos há necessidade de explicar o procedimento ao usuário, orientar sobre os cuidados e possíveis eventos adversos pós-vacinais (EAPV), demandando tempo superior ao recomendado, contudo, são atitudes imprescindíveis para assegurar a efetiva imunização do vacinado. Destarte, para que ocorra a imunização de forma adequada, são necessárias normas de procedimentos que assegurem um manuseio, conservação, preparo e administração correta desses imunobiológicos, além de registro e descarte dos resíduos resultantes das ações de vacinação. A sala de vacinação é classificada como área semicrítica, devendo ser destinada excepcionalmente à administração dos imunobiológicos, além da câmara fria e dos refrigeradores serem exclusivos de vacinas egeloxs. No CSE, a sala dos imunobiológicos tem como estrutura de equipamentos e materiais permanentes, câmara de conservação, utilizada para armazenar as vacinas, caixas térmicas para conservar as doses diárias de vacinas, macas fixas, pia e balcões. A câmara fria é aberta duas vezes ao dia, para a retirada das vacinas antes do início do expediente e outra para recolocar as doses que sobraram ao final do serviço, há controle e registro da temperatura (+2°C e +8°C) e data, devendo ser registradas doses administradas, as desprezadas e frascos quebrados. A temperatura ideal, é imprescindível para a conservação dos imunobiológicos, pois são produtos termolábeis, que necessitam de refrigeração para manutenção da temperatura adequada e constante, falhas no equipamento ou armazenamento pode resultar em perda potencial do produto. Os insumos básicos como seringas e agulhas descartáveis, bandejas de aço inoxidável, termômetros, algodão e coletores de perfuro cortantes estão localizados em pontos estratégicos para os vacinadores como preconizado pelo MS em seu Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação (MNPV) de 2014. No quesito limpeza, a equipe responsável faz a limpeza concorrente da sala com pano úmido duas vezes ao dia e sem técnica adequada, assim algumas superfícies não são contempladas com o serviço, propiciando o acumulo de sujidades. A limpeza terminal não é feita há alguns meses, e segundo o manual deve ser realizada a cada 15 dias, contemplando a lavagem de piso, teto, paredes, portas e janelas, mobiliário, luminárias, lâmpadas e filtros de condicionadores de ar. A limpeza concorrente da sala de vacinação deve ser realizada pelo menos duas vezes ao dia em horários preestabelecidos ou sempre que for necessária. Considerações finais: Diante do exposto, a sala de vacinação do CSE, atende a maioria dos quesitos propostos pelo MNPV, diferindo apenas no quesito limpeza que poderia ser sanado com uma atualização do profissional para adequada higienização do local. Quanto aos recursos físicos e humanos, nota-se, pelo turno da manhã, um quadro de funcionários menor do que o recomendado pelo MS, provocando sobrecarga de trabalho, além de ocasionar um tempo de espera para o serviço maior que o necessário. Vale ressaltar que o enfermeiro atua como supervisor técnico na sala de vacina e sua contribuição na organização do serviço, educação permanente da equipe de enfermagem, vigilância epidemiológica, entre outros, possibilitando desempenhar o seu papel de educador, líder e profissional com habilidades específicas. Contudo, a ineficiente gestão e falta de investimento do Estado ainda provoca desigualdades de atendimento que ferem o direito a saúde. Nesse sentido, a figura do profissional de enfermagem na condição de vacinador é necessária para o sucesso do Programa Nacional de Imunizações. Esses profissionais são peças essenciais para a vacinação segura e à acolhida dos usuários. Nesta engrenagem, ele é fundamental e precisa ser valorizado pelo trabalho que desempenha.

11333 NOTIFICAÇÃO DE TUBERCULOSE ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO BRASIL, 2001-2018
Nilma Célia Neves Silva, Mateus Lisboa Sales Gomes, Aline Cristina Almeida Gusmão, Martha Cerqueira Reis, Thayanne Pastro Loth, Barbara Cabral de Sousa Oliveira, Camila Silveira Silva Teixeira

NOTIFICAÇÃO DE TUBERCULOSE ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO BRASIL, 2001-2018

Autores: Nilma Célia Neves Silva, Mateus Lisboa Sales Gomes, Aline Cristina Almeida Gusmão, Martha Cerqueira Reis, Thayanne Pastro Loth, Barbara Cabral de Sousa Oliveira, Camila Silveira Silva Teixeira

Apresentação: Apesar dos avanços no combate à tuberculose, seu controle é ainda uma prioridade de saúde pública global, e a categoria de profissionais de saúde representa um grupo de risco. O tempo de exposição a pacientes com a doença, o trabalho em locais insalubres, bem como, a falta de medidas administrativas de controle ambiental e de proteção individual são fatores associados ao maior risco entre estes profissionais. O objetivo deste estudo é descrever a distribuição das notificações por tuberculose entre profissionais da saúde no Brasil, entre os anos de 2001 e 2018. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados secundários do Sistema Nacional de Agravos de Notificações (SINAN) para os 5.570 municípios do Brasil no período de 2006 a 2018. Para inclusão no estudo, foram considerados indivíduos de ambos os sexos, com idade ≥20 anos. Resultado: Foram notificados 387.677 casos de tuberculose entre pessoas com idade ≥20 anos no período de 2006 a 2018 no Brasil, dos quais 5.398 (1,4%) ocorreram entre profissionais de saúde. O número de casos foi crescente no período analisado, com aumento expressivo a partir de 2011 (n=242) e maior número de casos em 2018 (n=1223). A maior parte dos casos foram casos novos (90,3%) e recidiva (4,7%), ocorridos entre pessoas do sexo feminino (62,7%), na faixa etária de 20-39 anos (54,3%) e 40-59 anos (36,5%), e de raça/cor branca (48,6%) e parda (32,8%), com ensino médio completo (18,2%) e nível superior (41,2%), e residentes na zona urbana (59,5%). A distribuição do número de caso de tuberculose entre profissionais de saúde de acordo com a UF evidenciou que na região Sudeste – região com maior proporção de casos – houve uma concentração de notificações nos estados de São Paulo (185.416 -| 231.297 casos) e Rio de Janeiro (139.536 -| 185.416 casos). Na região Nordeste, segunda com maior número de notificações, os casos foram mais concentrados nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, todos com variação entre 47.775 -| 93.655 casos. O ranking dos municípios com mais de 10.000 casos confirmados seguiu a seguinte ordem decrescente: Rio de Janeiro (91.251), São Paulo (89.102), Salvador (31.261), Recife (30.179), Porto Alegre (28.939), Manaus (25.975), Fortaleza 23.883), Belém (20.552), Belo Horizonte (13.163), São Luís (11.311) e Duque de Caxias (10.812). Considerações finais: O presente estudo evidenciou o risco ocupacional para tuberculose entre profissionais de saúde como um grave problema de saúde pública no Brasil. Além da adoção de medidas de proteção individual, os serviços de saúde também devem estabelecer medidas administrativas e de controle ambiental, tais como a mudança na organização dos serviços e treinamento dos profissionais. Adicionalmente, recomenda-se implementação de um programa específico para a triagem periódica e identificação e acompanhamento dessa infecção entre esses profissionais.

10654 ATIVIDADES INTERATIVAS NA PREVENÇÃO À HIPERTENSÃO
Natália da Silva e Silva, Russell Santiago Correa, Janice Moura da Silva, Suelen da Costa Chaves, Sara Edyele Santos Marques, Flávia Carolina da Silva Oliveira, Camila de Cassia da Silva de França

ATIVIDADES INTERATIVAS NA PREVENÇÃO À HIPERTENSÃO

Autores: Natália da Silva e Silva, Russell Santiago Correa, Janice Moura da Silva, Suelen da Costa Chaves, Sara Edyele Santos Marques, Flávia Carolina da Silva Oliveira, Camila de Cassia da Silva de França

Apresentação: O presente estudo é um relato de experiência de uma manhã de atividades que abordaram a prevenção da hipertensão arterial na Secretaria de Saúde do município de Ananindeua – PA, que foi realizada por residentes de um programa de Residência Multiprofissional em Estratégia Saúde da Família, sob a orientação da preceptora do cenário. Desenvolvimento: A manhã de atividades foi realizada no Dia Nacional de Prevenção e Combate a Hipertensão, por residentes das categorias profissionais: Odontologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Enfermagem, que no período tinham como cenário de práticas a gestão municipal. O público-alvo foi os funcionários da secretaria de saúde. A iniciativa para realização das atividades partiu da observação da necessidade de falar a respeito da prevenção a hipertensão para trabalhadores que exercem funções administrativas que demandam mínimo esforço físico e demasiado repetitivo, além da tendência a hábitos alimentares pouco saudáveis. Por se tratar de uma estância diretamente ligada a saúde, onde grande parte do público teria minimamente ouvido falar sobre hipertensão pensou-se que o evento poderia se tornar pouco atrativo, mesmo que necessário, por isso buscou-se montar uma programação dinâmica, e ofertar premiações aos participantes. No dia de realização, ao chegar ao local (auditório da secretaria de saúde), os participantes tiveram sua pressão arterial aferida por técnico de saúde convidado e foram posteriormente direcionados para orientação nutricional no próprio local, realizada por membro da referência técnica em nutrição do município. Concomitante a isto, estavam sendo realizadas atividades sobre a prevenção da hipertensão. A primeira atividade se tratou da distribuição de cartas aos participantes, nelas constavam figuras que representavam hábitos diários, sendo eles saudáveis ou não, após a análise, os participantes devolviam as cartas a uma caixa classificando-as como “Saudável” ou “Prejudicial”, depois de todos terem depositado suas cartas foram feitos breves comentários sobre cada hábito, havendo espaço para perguntas. A segunda atividade tratou-se do bingo de hábitos saudáveis, quem completasse primeiro a cartela que foi distribuída ganhava prêmios, esta atividade foi bastante interativa e disputada de forma acirrada pelos presentes. Na terceira atividade foi utilizado como aliado um aplicativo para celular, que tem por função descrever rótulos de alimentos industrializados de acordo com seus componentes prejudiciais, o que foi interessante para demonstrar os prejuízos de seu consumo exacerbado. Por fim, com participação de um educador físico foi passado aos participantes uma aula de alongamento, com foco no trabalho em escritório, que poderia ser realizado antes das atividades diárias. Resultado: Apesar das atividades terem sido realizadas no prédio da gestão central de saúde municipal, foi observado que nem todos os trabalhadores possuíam formação em saúde, e que muitos tinham dúvidas sobre o tema abordado. Foi observado também a necessidade de atividades direcionadas aos que atuam na gestão e que normalmente realizam atividades para os profissionais da assistência. Ressaltando a importância de os residentes identificarem as necessidades dos cenários onde atuam. Considerações finais: Espera-se que esta atividade possa ser reaplicada, realizando-se as modificações necessárias de acordo com o público, mantendo-se a iniciativa de promover saúde de forma interativa.

12264 PROCESSO DE GESTÃO DA PRIMEIRA LIGA DE FERIDAS E CURATIVOS DO RIO DE JANEIRO
Rebeca de Araujo Duarte, Luciana Gomes Monteiro, Rayane Gomes da Silva, Victor de Souza Miranda Costa, Gabriel de Oliveira Teixeira, Sônia Regina de Souza, Rosane de Paula Codá, Alcione Matos de Abreu

PROCESSO DE GESTÃO DA PRIMEIRA LIGA DE FERIDAS E CURATIVOS DO RIO DE JANEIRO

Autores: Rebeca de Araujo Duarte, Luciana Gomes Monteiro, Rayane Gomes da Silva, Victor de Souza Miranda Costa, Gabriel de Oliveira Teixeira, Sônia Regina de Souza, Rosane de Paula Codá, Alcione Matos de Abreu

Apresentação: As Ligas Acadêmicas são entidades organizadas por discentes sob orientação de um docente com vista a criar um espaço de discussão, construção, interação e atividades práticas sobre determinados temas e vêm assumindo cada vez mais importância na formação dos alunos enquanto atividade extracurricular, dado seu potencial constitutivo de todo processo ensino-aprendizagem e de desenvolvimento de competências. Em 2018, um grupo de graduandos em Enfermagem de uma universidade federal se reuniram para fundar a primeira Liga Acadêmica de Feridas e Curativos (LA) do Estado do Rio de Janeiro que visa cumprir os objetivos de ensino, pesquisa e extensão de forma integrada através da organização e participação ativa em eventos, ações e campanhas de prevenção, proporcionando o enriquecimento da formação acadêmica, a promoção da educação continuada em feridas e curativos e o autocuidado,  a divulgação de informações sobre feridas e curativos, o estímulo e a promoção do desenvolvimento de trabalhos científicos e pesquisas. Assim, é possível não só difundir o conhecimento, mas também aumentar o intercâmbio entre alunos, professores, integrantes da comunidade e profissionais que atuam na área dermatológica, potencializando as relações sociais e o aprendizado teórico-prático. Para que as ações da LA sejam concretizadas, a gestão é realizada de forma articulada por uma equipe de Diretores divididos em nove cargos: Presidente, Vice–Presidente, Financeiro, 1º Secretário, 2º Secretário, Marketing e Comunicação, Ensino, Extensão e Pesquisa. Quando bem definida e executada, a gestão garante que os processos sejam devidamente definidos para manter a rotina bem organizada, identifica possíveis obstáculos e oportunidades, busca diferenciais de atuação, estabelece metas e desenvolve a liderança em prol do bom funcionamento da LA. O objetivo deste relato de experiência é descrever o processo de gestão da LA, bem como as conquistas, contribuições e realizações práticas que foram preponderantes para a manutenção e aprimoramento da entidade. Desenvolvimento: Estudo do tipo relato de experiência com abordagem descritiva exploratória sobre as experiências gerenciais vivenciadas pelos Membros Diretores de uma Liga Acadêmica de Feridas e Curativos, vinculada a uma universidade federal localizada no Estado do Rio de Janeiro, onde os dados inerentes às atividades de gestão desenvolvidas foram obtidos através de análise e seleção documental do estatuto e dos livros de atas e de registros de eventos no período compreendido entre janeiro a dezembro de 2019. Resultado: No processo de gestão da LA ocorreram 09 reuniões, dentre elas 07 foram Reuniões Gerais Administrativas onde os Diretores discutiram e decidiram, através de votação, o seguinte: planejamento e organização de eventos tanto para os discentes da universidade na qual a LA está vinculada, quanto para discentes de outras instituições e universidades, docentes e comunidade; elaboração de cronogramas semestrais; remanejamento ou acúmulo de cargos; discussões sobre os temas e convidados para ministrar aulas e estabelecimento de regras para o edital do processo seletivo para novos Ligantes, onde foi preconizado o número de vagas, o cronograma do processo e as etapas. O processo seletivo se deu em duas fases: a primeira etapa consistiu no envio de uma carta de interesse para o e-mail da LA, onde o Presidente atribuiu para cada candidato um número de inscrição para a avaliação de forma imparcial pelos demais Diretores e a segunda etapa foi constituída de uma entrevista presencial. Em cada etapa os candidatos receberam uma pontuação atribuída por cada Diretor. A seleção se deu por uma média aritmética das duas pontuações, de acordo com o número de vagas. Realizou-se, também, 01 Reunião com Orientador e Coordenadora, para a discussão sobre planejamentos futuros, e 01 Assembleia Geral Extraordinária para a posse de novos Ligantes, bem como a eleição para o cargo de 1º Secretário e troca do cargo de 1º secretário para 2º secretário. Para a troca de cargos, o processo foi de eleições restritas com votação interna, onde na Reunião Geral Administrativa foi dada a oportunidade para todos os Diretores, que estiverem interessados na vaga, trocar seu cargo pelo cargo vago, desde que seja aprovado por maioria simples dos demais Diretores. Depois, foi dada a oportunidade aos Ligantes matriculados no curso de Enfermagem da universidade onde a LA está vinculada a se candidatarem a vaga ociosa. Em relação aos eventos, foram realizados um total de 12, que foram planejados e executados pelos Diretores, dentre eles foram realizados: a) 02 acolhimentos dos calouros de enfermagem em parceria com a Liga Acadêmica sobre fenômenos das drogas, vinculada à mesma universidade da LA, cujo objetivo foi criar uma simulação realística para alertar sobre as consequências para o usuário de drogas ilícitas, que pode causar feridas e põe em risco a vida e a integridade física. Os eventos abrangeram cerca de 120 acadêmicos e os trabalhos foram organizados em reuniões e as tarefas distribuídas entre os diretores e ligantes de ambas as ligas. Os diretores da LA foram responsáveis pelo seguinte: dois criaram um roteiro, dois cuidavam dos equipamentos sonoros, dois elaboraram um cenário e um foi o narrador. Ambas as ligas foram responsáveis pela atuação nos papéis (ligantes e diretores) e pela iluminação e adereços (ligantes). Foram realizadas 07 aulas sendo que todas contaram com a participação em média de 15 ouvintes, e foram ministradas por Profissionais, Diretores ou Ligantes convidados pelo Diretor de Ensino. As aulas foram pré-divulgadas nas redes sociais da LA pelo Diretor de Marketing. A coleta das assinaturas dos ouvintes ocorre na entrada, sendo registrados a presença no Livro de eventos da LA pelo 1º Secretário. Logo após o evento, o Diretor de Marketing e Comunicação confeccionava a arte e emitia os certificados dos ouvintes, sendo conferidos e enviados pelo 1º secretário por e-mail aos seus destinatários num prazo de 30 dias após o evento. Foi realizado 01 evento I Simpósio Integrado da LA, em parceria com outras duas ligas acadêmicas e sob instrução dos Orientadores e CoOrientadores, com o tema “O Uso de Práticas Integrativas e Complementares no Tratamento de Feridas na Pessoa Idosa”. Quanto ao planejamento, as responsabilidades foram conforme divisão consensual (funções administrativas, de infraestrutura, de comunicação, organização de coffee break e apoio) entre as diretorias das ligas e regulamentação de seus respectivos estatutos no que tange à realização de eventos. Compareceram a este evento aproximadamente 100 pessoas. O dinheiro arrecadado com as inscrições foi repartido igualmente entre as ligas organizadoras. Também foi realizada 01 Jornada Científica em comemoração aos 90 anos de atividades de um hospital universitário, no qual foram realizadas atividades de educação em saúde sobre Lesão por Pressão com pacientes que estavam aguardando consultas. A LA organizou, em parceria com um diretório acadêmico de uma instituição, o 1º curso de desbridamento de feridas com pata de porco com objetivo de capacitar os membros da LA, com participação de 17 estudantes, entre eles mais da metade dos Diretores e Ligantes da LA. Considerações finais: A experiência descrita visou ratificar a recomendação das Diretrizes Curriculares Nacionais e possibilitou o desenvolvimento da autonomia estudantil, capacidade de gestão e a cultura organizacional de uma liga acadêmica através do amplo espaço de produção, discussão e reflexões críticas.

6702 CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE INJEÇÃO INTRAVÍTRA PARA RETARDO DA DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA IDADE
Lourena Silva Bahia dos Anjos, Mayara Carvalho Larrat Cristino, Ana Carla Cavalcante Ferreira, Amanda Gabrielly Miguel da Rocha, Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira

CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE INJEÇÃO INTRAVÍTRA PARA RETARDO DA DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA IDADE

Autores: Lourena Silva Bahia dos Anjos, Mayara Carvalho Larrat Cristino, Ana Carla Cavalcante Ferreira, Amanda Gabrielly Miguel da Rocha, Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira

Apresentação: O atual Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Degeneração Macular Relacionada com a Idade dispõe sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologias em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, no qual está incluída a injeção intravítrea. A Degeneração Macular Relacionada a Idade é uma lesão progressiva e degenerativa que afeta a área central da retina, especificamente a macula acometendo a perda gradual da visão. A mudança terapêutica também alterou a linha de cuidado ao idoso dentro da rede de atenção a pessoa com a doença crônica, surgindo a necessidade da reorganização do serviço de saúde para garantia do cuidado integral e humanizado aos usuários. Logo, o gestor de saúde e profissionais de saúde devem conhecer as novas mudanças do tratamento dentro da linha de cuidado ao idoso, devido a isso, o uso de ferramentas eficazes como fluxogramas pode ser utilizada para representar a sequência e interação das atividades do processo por meio de símbolos gráficos, os quais proporcionam uma melhor visualização do funcionamento do processo, ajudando no seu entendimento e tornando a descrição do processo mais visual e intuitiva, contribuindo uma gestão de qualidade. Com base nessa realidade, o estudo objetiva descrever a elaboração de um fluxograma do processo de administração da injeção intravítrea voltada ao retardo da degeneração macular relacionada idade realizado em um Hospital Universitário de Belém. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência realizado no mês de outubro de 2019, por discentes do quinto semestre do curso de graduação em Enfermagem, a partir vivência prática da disciplina Gestão no serviço de Saúde, associado ao projeto de extensão "Gestão de serviços na rede de atenção a pessoa com deficiência: práticas integradas de ensino e extensão" da Universidade Federal do Pará. A produção se estabeleceu em duas etapas: 1) a partir das entrevistas com os profissionais que fazem parte do processo buscou-se conhecer todo o fluxo de atendimento do usuário, desde os critérios de regulação da assistência até a aplicação da injeção. 2) a partir do estabelecido no protocolo e diretrizes clínicas e o coletado nas entrevistas foi construído o fluxograma do processo de administração da injeção intravítrea voltada ao retardo da degeneração macular relacionada idade. Resultado: O fluxo se inicia a partir dos critérios de admissão do usuário para uma primeira consulta, com acesso via sistema de regulação, em seguida é realizado uma triagem por um médico oftalmologista e residentes, posteriormente é encaminhado ao médico retinólogo, sendo este o profissional que irá verificar se o paciente se enquadra nos critérios de inclusão: apresentando a angiografia floresceínica com formação neovascular clássica ou oculta e a tomografia de coerência óptica apresentando lesão de tipo neovascular, dessa forma estando apto para o tratamento com a injeção intravítrea. Em seguida é direcionado à consulta de enfermagem, onde ocorre a orientação quanto ao procedimento, entrega das cartas de orientação para cirurgia e para a injeção intravitrea, assinatura do termo de consentimento, avalição de enfermagem e o preenchimento do “Laudo para Solicitação de Procedimento Ambulatorial”, logo após o laudo é enviado para a regulação do hospital para marcação das datas do procedimento. Um dia antes a regulação envia para a farmácia a quantidade de procedimentos que serão realizados no dia seguinte, para que a mesma tenha controle sobre a liberação do medicamento. Já no dia do procedimento cirúrgico o paciente deve passar primeiramente na farmácia, para que a farmacêutica realize a dispensação do medicamento junto ao Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica (Sistema Hórus), levando uma série de documentos padronizados pelo hospital e entregues pela enfermeira, que contém a quantidade de doses que serão aplicadas, visto que o tratamento é composto por três doses em cada olho e que dependem da gravidade do estágio da doença. Após a dispensação realizada, o paciente é encaminhado para a Unidade Ambulatorial Cirúrgica, para realização de triagem com residentes do Hospital, sendo esta uma forma de garantir a estabilidade do paciente para a realização do procedimento. Em caso de estabilidade, a aplicação da injeção é realizada e o paciente retorna no dia seguinte para avaliação e após as três aplicações necessárias, caso haja necessidade dar continuidade ao tratamento, o mesmo retorna ao retinólogo. Além disso, o fluxograma apresenta alguns anexos importantes para o desenvolvimento do mesmo, sendo eles: a Classificação Estatística Internacional de doenças, de 2010 (CID-10) e condições de saúde, diagnósticos clínicos, diagnóstico complementar, critérios de inclusão, critérios de exclusão todos baseados no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Degeneração Macular Relacionada com a Idade e o laudo do retinólogo; assim como os apêndices disponibilizado pelo hospital. Ademais, o fluxograma ficará acessível aos profissionais, contribuindo para a equipe multiprofissional possa ter acesso rápido e objetivo para o desenvolvimento de uma assistência integral ao usuário do serviço, espera-se que com a integração do mencionado suceda uma melhora no processo de trabalho, haja visto que, não apresentaram nenhum documento padronizado que auxilie este fluxo interno. Considerações finais: Ao realizar a intervenção no serviço de saúde foi possível constatar a importância do aprimoramento e desenvolvimento dos conhecimentos de gestão na graduação do ensino de enfermagem visto que gerir serviços de saúde é uma das competências do trabalho do enfermeiro, assim como, conhecer e desenvolver habilidade e competência do serviço de gestão dentro do serviço de saúde e como o enfermeiro gestor pode corroborar quando o mesmo conhece os fluxos dentro da rede de atenção, colaborando com os profissionais envolvidos e organizado os processos dentro do ambiente de trabalho, contribuindo principalmente aos usuários. Ademais, o desenvolvimento e o compartilhamento do fluxograma ratificaram a importância do uso de ferramentas de qualidade para a organização do serviço, pois auxilia os profissionais na compreensão da rede de atenção ao usuário e, por fim, também contribui como fonte de informação aos próprios usuários do serviço ao fornecer dados de localização dentro da Rede de Atenção do SUS. Ademais, ressaltamos a importância da atividade em corroborar com o aprendizado das discentes, colaboração e a disponibilidade da equipe multiprofissional em participarem da estruturação deste produto. 

8204 INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO - UMA ANÁLISE POR ÁREA PROGRAMÁTICA NO PERÍODO 2010-2018
Veronica Rodrigues Amaral de Mello, Gerson Luiz Marinho, Lucas Lima de Carvalho, Natália Alves Fernandes, Thalia Cristina Rodrigues da Silva, Leticia dos Santos Silva de Oliveira

INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO - UMA ANÁLISE POR ÁREA PROGRAMÁTICA NO PERÍODO 2010-2018

Autores: Veronica Rodrigues Amaral de Mello, Gerson Luiz Marinho, Lucas Lima de Carvalho, Natália Alves Fernandes, Thalia Cristina Rodrigues da Silva, Leticia dos Santos Silva de Oliveira

Apresentação: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, acometendo primariamente os pulmões. Sua transmissão ocorre a partir da inalação de aerossóis provenientes das vias aéreas durante a fala, espirro e tosse. Assim, promove uma rápida disseminação da doença, principalmente em aglomerados de zonas residenciais urbanas, favorecendo a classificação da tuberculose como problema de saúde pública de difícil resolução. Nesse contexto se insere a Estratégia da Saúde da Família e Atenção Primária à Saúde, as quais detém a responsabilização pela implementação de ações de controle e preventivas relacionadas à tuberculose. Observa-se assim a atuação do enfermeiro na implementação dessas ações enquanto protagonista na rede de atenção básica à saúde. No entanto, há barreiras no sucesso das metas de combate estabelecidas pelo Ministério da Saúde, o que pode ser evidenciado pelos 72.788 novos casos de tuberculose diagnosticados no ano de 2018. O estudo tem como objetivo apresentar e discorrer sobre os dados epidemiológicos da tuberculose com enfoque na região do município do Rio de Janeiro no período de 2010 a 2018, assim buscando avaliar a correlação da incidência da doença com os fatores infraestruturais e socioeconômicos característicos de cada Área Programática. Os dados utilizados foram retirados do portal TABNET RIO – DATASUS, plataforma suprida pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) através de fichas de notificação compulsória da tuberculose. Também foram utilizados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em que foi manipulado o Sistema IBGE de Reprodução Automática (SIDRA). Como resultado, a AP 1 apresentou o maior coeficiente de incidência de tuberculose dentre todas as APs estudadas de maneira consistente durante todos os anos estudados e tais números se mostram aproximadamente 3 vezes maior do que os da AP 4, região que expôs as menores taxas de incidência da doença. A AP 2 foi a região que apresentou o maior decréscimo da taxa de incidência dentre todas as APs. A AP 3 demonstra um considerável aumento no coeficiente de incidência de tuberculose. É possível concluir que a ação da Atenção Básica e Estratégia de Saúde da Família se torna fundamental na busca ativa por novos casos de tuberculose, com enfoque na importância dos Agentes Comunitários de Saúde que estão em contato direto com a comunidade, facilitando o diagnóstico precoce. Já o enfermeiro está envolvido - além de todo o processo de suspeição à tratamento – na gestão da Unidade Básica de Saúde a partir da identificação das principais necessidades da comunidade alvo onde está prestando o cuidado. Em vista disso, a importância do estudo previamente descrito se torna evidente de modo a ressaltar as áreas com maior concentração de novos casos de tuberculose junto ao questionamento sobre as possíveis causas para tal. Desse modo, se torna possível o desenvolvimento de Estratégias e Ações em Saúde com enfoque nas necessidades específicas de cada Área Programática a partir dos determinantes sociais encontrados e sua influência nas respectivas taxas de incidência de cada área.

5852 ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM NO SETOR DE CURATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Manuella Reis de Almeida Holovaty, Monique Alves Mendes, Raissa Luz de Figueiredo, Dara Martins da Silva, Maritza Consuelo Ortiz Sánches, Maria Lelita Xavier

ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM NO SETOR DE CURATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Manuella Reis de Almeida Holovaty, Monique Alves Mendes, Raissa Luz de Figueiredo, Dara Martins da Silva, Maritza Consuelo Ortiz Sánches, Maria Lelita Xavier

Apresentação: Desde a concepção da enfermagem como profissão, o parcelamento do trabalho entre os diferentes membros da equipe teve na gerência o elo de articulação das atividades e de sua integração ao processo de trabalho em saúde na sua totalidade. O processo de trabalho foi, desde então, organizado e controlado pelo enfermeiro com uso de instrumentos administrativos para alcançar as necessidades da clientela e as metas da organização na qual atua. Dessa forma, a gerência configura-se como ferramenta do processo de cuidar, pois busca organizar o trabalho e desenvolver condição para a realização da assistência de enfermagem. O processo de trabalho de enfermagem pode ser compreendido em diferentes subprocessos – cuidar, administrar/gerenciar, pesquisar e ensinar, em que cada qual dispõem de seus próprios elementos e coabitam em diferentes situações. O trabalho tem por objetivo relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem sobre a organização do processo de trabalho no setor de curativos em uma unidade de atenção básica. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa tipo relato de experiência em uma policlínica regional do município de Niterói, localizado no Estado do Rio de Janeiro, durante as atividades de ensino teórico prático, da disciplina Enfermagem no Gerenciamento da Assistência em Saúde I, que corresponde ao sexto período na estrutura curricular. Esta atividade ocorreu no primeiro semestre do ano de 2019. A policlínica é classificada quanto à natureza da prestação dos serviços de atenção à saúde como de baixa e média complexidade. O relato foi baseado na observação dos acadêmicos de enfermagem do sexto período de uma Universidade Pública, na organização do processo de trabalho que os profissionais de enfermagem realizam no setor de curativos desta unidade. Levaram-se em consideração o objeto, agentes, instrumentos, finalidade, métodos, produtos que são os componentes do processo de trabalho. Resultado: A realização dos cuidados prestados no cotidiano do setor de curativos em busca da melhora clínica da ferida é feita por profissionais qualificados para este fim. Neste sentido, a seção é gerenciada por uma enfermeira, e conta com uma técnica de enfermagem que auxilia na realização dos procedimentos. Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta, de 8h-13h no turno da manhã e das 14h-17h no turno da tarde, ocorrendo no intervalo entre os turnos uma desinfecção de baixo nível local. São distribuídas 40 senhas diárias, sendo 20 para turno da manhã e 20 para a tarde. O processo compreende: o preparo de materiais para os curativos que são realizados ao longo do dia, uma pasta contendo as evoluções de enfermagem dos pacientes separadas por ordem alfabética, um livro de ocorrências onde são registrados os curativos do dia e os respectivos pacientes atendidos como forma de controle gerencial e administrativo mensal de presença feito pela unidade, abertura de uma guia Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) de preenchimento diário, esta contém a classificação dos curativos da seguinte forma: curativo I: sem perda tecidual/suturas cirúrgicas e curativo II: com perda tecidual. Antes dos atendimentos é realizada pela enfermeira a conferência do material e medicações, para o controle de uso e estoque, verificação da integridade dos instrumentais esterilizados e preenchimento do livro de controle de entrada e saída de instrumentais, assim como a guia de pedidos de material para o almoxarifado, a requisição de medicamentos à farmácia, tendo como objetivo a organização do processo de trabalho para que não ocorra a falta de material. As consultas são individuais, mantendo a privacidade dos usuários. Antes da realização do procedimento, a enfermeira avalia a ferida e toma a decisão quanto a melhor cobertura (primária e secundária) para cada paciente, após o término do curativo é realizada a assepsia do tanque, local utilizado para realização do procedimento. O aspecto da ferida, a conduta realizada e a cobertura utilizada pela enfermeira são registradas na evolução de enfermagem, documento que respalda o profissional quanto aos cuidados realizados com o paciente. Além disso, preenche-se o livro de cadastro dos pacientes, onde se tem o controle do número usuários crônicos, que obtiveram altas ou abandonaram o tratamento. As quartas-feiras de cada mês, no turno da tarde ocorre o acompanhamento médico aos pacientes cujas feridas não apresentem evolução favorável ou em casos de infecção, sendo que ambos os casos têm a avaliação previa da enfermeira durante a consulta. Ao término do dia é conferido o material que foi utilizado, para que seja providenciada a reposição no dia seguinte, finalização do livro de ocorrências e a guia SIA/SUS é entregue para a central de processamento de dados. Observaram-se algumas dificuldades relacionadas a materiais e medicamentos para as especificidades atendidas, entretanto ressalta-se que o processo de gerenciamento, planejamento e conduta desde a preparação da sala, quantidade de materiais e medicações, atendimento e avaliação é de responsabilidade da enfermeira do setor com a finalidade de gerir o cuidado final ao cliente. Considerações finais: A experiência vivenciada teve por finalidade agregar conhecimento quanto o processo de trabalho do enfermeiro frente ao setor de curativos na Atenção Básica de Saúde. Foi possível compreender como as etapas desse processo são empregadas pela enfermeira durante sua atuação direta e indireta ao paciente, em busca da melhora da saúde/qualidade de vida do mesmo. A atuação do enfermeiro no gerenciamento dos setores da unidade é fundamental, visto que possuem total autonomia para executar os procedimentos com competências e habilidades. Desse modo, se faz necessária a constante atualização do profissional para que sua prática gerencial esteja sempre baseada em evidências e a comunicação com a equipe deve ser ativa e permanente, além da supervisão da atividade. O enfermeiro no setor de curativos tem visão clínica além da ferida, visto que existem patologias que podem influenciar na cicatrização; observou-se que nestes casos são feitas orientações, prescrições de enfermagem e marcações e encaminhamentos para outras especialidades. Destaca-se a participação multiprofissional no cuidado do paciente. O enfermeiro busca estratégias de prevenção de complicações, avaliação o tratamento visando promover condições que favoreçam a cicatrização eficaz.

9851 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PARA PREVENÇÃO DOS ÓBITOS POR TUBERCULOSE EM UMA ÁREA PROGRAMÁTICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
FRANCISCA REGILENE DE SOUSA BARROS, Halene Cristina Dias de Armada e Silva, Maria Regina Bernardo da Silva, Érica Cristina do nascimento, Sonia Acioli Oliveira, Fabiana Teixeira de Freitas, Emanuelle Pereira de Oliveira Corrêa, Ana Carolina Barbosa

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PARA PREVENÇÃO DOS ÓBITOS POR TUBERCULOSE EM UMA ÁREA PROGRAMÁTICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: FRANCISCA REGILENE DE SOUSA BARROS, Halene Cristina Dias de Armada e Silva, Maria Regina Bernardo da Silva, Érica Cristina do nascimento, Sonia Acioli Oliveira, Fabiana Teixeira de Freitas, Emanuelle Pereira de Oliveira Corrêa, Ana Carolina Barbosa

Apresentação: O relato de experiência objetiva apresentar as estratégias de intervenção para prevenção de óbitos por tuberculose, construídas por um grupo de trabalho na confecção e discussão do relatório de gestão de uma área programática do Município do Rio de Janeiro. Desenvolvimento: Devido à elevada taxa de mortalidade na referida área de planejamento tornou-se necessário a construção de um planejamento pautado em intervenções que buscavam como meta principal a redução da proporção de abandono do tratamento nos casos de tuberculose. Para tal, foram discutidos objetivos e metas passíveis de aplicação junto às equipes do território para alcance dos resultados desejados. Foram planejados: capacitação dos profissionais na atenção primária à saúde para identificação dos sintomáticos respiratórios, realização do diagnóstico, acompanhamento e tratamento adequados;  Realização do controle diário dos faltosos às consultas; Monitoramento pelos profissionais da atenção primária e corresponsabilização dos casos referenciados para atenção secundária ou terciária garantindo a longitudinalidade e a vigilância na rede; Ampliação da atenção para os casos de maior vulnerabilidade, considerando os determinantes e condicionantes em saúde.  Resultado: Os resultados esperados foram pautados na qualificação da equipe, visto que este foi considerado um dos principais determinantes passíveis de intervenção que contribuíam para o abandono do tratamento pelo paciente. Situações como rotatividade dos profissionais e inserção dos mesmos nas equipes de saúde da família sem experiência, corroboraram para que muitos processos de trabalho se tornassem frágeis e segmentados, não garantindo a integralidade das ações, dificultando o cuidado qualificado, contribuindo para uma vigilância inadequada. Considerações finais: Sabe-se que a redução dos óbitos por tuberculose envolve uma série de ações não podendo estar restrita a redução da proporção do abandono, porém este é um indicador fundamental para coordenação do cuidado ao portador da doença, representando uma estratégia para a vigilância epidemiológica dos casos existentes.  

9633 ANÁLISE DO PLANEJAMENTO DE AÇÕES DIRECIONADAS A DOENÇA DE CHAGAS NO CONTEXTO LOCAL: INCIPIÊNCIA OU INEXISTÊNCIA?
Taise de Alcantara Amancio, Hebert Luan Pereira Campos dos Santos, Hildebrando Antunes Neto, Maria de Lourdes Lacerda Lemos, Josilene Silva Oliveira, Verônica Alves Campos, Eliana Amorim de Souza, Nilia Maria de Brito Lima Prado

ANÁLISE DO PLANEJAMENTO DE AÇÕES DIRECIONADAS A DOENÇA DE CHAGAS NO CONTEXTO LOCAL: INCIPIÊNCIA OU INEXISTÊNCIA?

Autores: Taise de Alcantara Amancio, Hebert Luan Pereira Campos dos Santos, Hildebrando Antunes Neto, Maria de Lourdes Lacerda Lemos, Josilene Silva Oliveira, Verônica Alves Campos, Eliana Amorim de Souza, Nilia Maria de Brito Lima Prado

Apresentação: As doenças negligenciadas ainda que impactem fortemente nas condições de saúde, receberam historicamente insuficiente atenção das agendas políticas dos países. Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu uma série de doenças que possuem tal característica, incluindo neste panorama a Doença de Chagas (DC). As estratégias e os planos de ação da Organização Pan-Americana (OPAS) e Organização Mundial de Saúde (OMS) são o resultado de trabalho significativo na área de saúde pública e servem não apenas como base para a eliminação integrada de doenças, mas também para delinear a visão, as metas e os objetivos para essa eliminação. A expectativa é que a estrutura integrada para a eliminação inclua os itens notificação e validação, comunicações e parceria, informações estratégicas e estabelecimento de fluxos nos serviços, mediante a capacitação prévia de gestores e profissionais de saúde.Uma análise de controle da doença de Chagas envolve múltiplos aspectos e abordagens. A solução completa e definitiva do problema depende de profundos câmbios na estrutura social, política e econômica das regiões endêmicas. As condições de vida têm de ser investigadas como premissas-base da discussão sobre o controle da doença e suas estratégias, necessariamente a levar-se em âmbito interdisciplinar e com ampla participação comunitária. Publicações recentes procuraram analisar as condições e circunstâncias da implantação de um programa de controle da doença de Chagas no país, contemplando-se a história do desenvolvimento dos recursos e técnicas ao lado da história das tomadas de decisão em aplicá-los na prática, ou seja, da priorização política do programa. Há problemas, ações a implementar, decisões a serem tomadas. Ante a esses pressupostos, o objetivo deste trabalho é descrever e analisar o planejamento das ações voltadas para a doença de Chagas em um município de pequeno porte e de alto risco para transmissão da DC no sudoeste baiano. Método: O presente estudo trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas, observação direta e análise documental em um município da Bahia, entre os meses de julho à setembro de 2019. O referido município está localizado na região sudoeste da Bahia, com mais de 500 Km de distância da capital Salvador possui uma cobertura de 100% de Estratégia Saúde da Família (ESF) e de acordos com os indicadores de infestação de triatomíneos, índices socioeconômicos e ambientais é considerado um município de alto risco para a transmissão vetorial da doença de Chagas. As entrevistas semiestruturadas permitem ao entrevistador partir de questões norteadoras básicas e ampliar os temas abordados, assim como possibilita participação ativa do entrevistado na elaboração de novos elementos de pesquisa. Ao total, foram 14 entrevistados, incluindo gestores e profissionais de saúde. A análise de dados deu-se por meio da leitura flutuante das respostas, sistematização das ideias iniciais e exploração do material para codificação das questões. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa integração de ações de vigilância, prevenção e controle de doenças tropicais negligenciadas: perspectivas epidemiológicas e operacionais para hanseníase e doença de Chagas no SUS no sudoeste do Estado da Bahia, desenvolvido por docentes, estudantes de graduação e pós-graduação do Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho foi aprovado pelo Edital FAPESB nº 003/2017, Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia – Campus Anísio Teixeira, através do parecer nº 2.644.039. Resultado: Evidenciou-se que o planejamento de intervenções para a doença de Chagas não ocorre articuladas com todos os componentes da rede de atenção à saúde do município, restringindo a tomada de decisão aos campos da vigilância epidemiológica/entomológica, característica que fragmenta a oferta de cuidado. Os relatos trazidos nas entrevistas demonstram que os outros membros da rede, sobretudo, profissionais que atuam na atenção primária à saúde, assistência farmacêutica e unidade hospitalar, desconhecem ou conhecem parcialmente como as intervenções são pensadas para os territórios locais, quais serviços são oferecidos e o fluxo dessas intervenções. Presumidamente, as ações propostas anualmente ficam delimitadas no campo de atuação do agente de combate de endemias com a seleção das localidades que deverão ser visitadas para busca ativa de triatomíneos e aquelas unidades domiciliares que deverão receber controle químico, através da borrifação de inseticidas. Ainda, pode-se citar outras importantes ações para o controle do vetor, como, a existência de oito Postos de Informação de Triatomíneos (PITs) para entrega de barbeiros pela população, há um laboratório local com laboratorista treinado para identificação inicial do triatomíneo com positividade para o Trypanosoma cruzi e investe-se em educação em saúde para escolares sobre a temática. Contudo, o impacto sobre a transmissão vetorial da doença de Chagas no Brasil foi demonstrado não somente por meio dos indicadores entomológicos utilizados para monitoramento das ações de controle, mas também pela ausência de grupos mais jovens de pessoas infectadas. Constata-se inúmeros avanços na condução da vigilância entomológica municipal, no entanto, visualiza-se que as ações seguem voltadas, em sua maioria, ao controle da doença e pouco são direcionadas ao cuidado à saúde dos usuários acometidos, o que demonstra a importância da participação de gestores/profissionais da rede assistencial com a proposição da integralidade. A estratégia de atenção primária à saúde adotado no Brasil, Saúde da Família, possui potencial para realizar tal integração. Este preconiza o atendimento integral, a promoção da saúde, a abordagem territorial e ambiental, a colaboração intersetorial e o trabalho em equipe multiprofissional. Contudo, existem grandes desafios para superar na prática, com a integração de atividades que possuem diferentes objetivos epidemiológicos e métodos de controle. Considerações finais: Os dados encontrados reforçam uma tendência histórica brasileira, que priorizou/prioriza, essencialmente, o controle do vetor da doença em detrimento das ações sócio assistenciais. Contudo, esta lógica tem sido alvo de transformações normativas, principalmente, com a publicação de importantes documentos ministeriais, cabendo ressaltar a publicação em 2018 do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para doença de Chagas.É válido ressaltar que o desenvolvimento de estudos como este possibilitam reconhecer como tem sido desenvolvida as políticas de saúde voltadas para doença contextualizada na realidade dos diversos cenários brasileiros, considerando as diferentes realidades socioeconômicas, culturais e políticas dos municípios brasileiros. Estes resultados reafirmam a necessidade e o compromisso técnico-científico e político que o Brasil precisa assumir não só para prevenção de casos novos, mas principalmente para melhoria do cuidado ofertado aos pacientes que já se encontram doentes.

9811 BARREIRAS PARA A COORDENAÇÃO DO CUIDADO VERTICAL AOS PACIENTES COM CONDIÇÕES CRÔNICAS: REVISÃO SISTEMÁTICA
Amanda Morais Polati, Jenyfer Regonini Schineider, Ana Paula Santana Coelho Almeida, Thiago Dias Sarti

BARREIRAS PARA A COORDENAÇÃO DO CUIDADO VERTICAL AOS PACIENTES COM CONDIÇÕES CRÔNICAS: REVISÃO SISTEMÁTICA

Autores: Amanda Morais Polati, Jenyfer Regonini Schineider, Ana Paula Santana Coelho Almeida, Thiago Dias Sarti

Apresentação: Ao realizar-se uma análise dos sistemas de saúde, é imprescindível abordar a questão da fragmentação dos serviços de saúde, uma vez que a mesma pode ocasionar dificuldades no acesso, serviços de baixa qualidade técnica, descontinuidade do cuidado, uso irracional dos recursos disponíveis e baixa satisfação dos usuários com serviços recebidos. Neste sentido, a coordenação do cuidado tem sido apontada na literatura nacional e internacional como atributo fundamental na organização de sistemas de saúde, sendo associada a melhorias na prestação do cuidado, no acesso, qualidade e continuidade da atenção, integrando serviços e ações entre diferentes níveis do sistema de saúde. Sendo assim, evidencia-se que usuários portadores de condições crônicas, como diabetes e hipertensão, são conhecidos como usuários frequentes do sistema de saúde, sendo mais suscetíveis a experimentar um cuidado fragmentado. Portanto, tem sido demonstrado que a coordenação do cuidado configura-se como um atributo central na atenção a pacientes com condições crônicas. Entretanto, ainda é um desafio coordenar o atendimento entre diferentes prestadores do sistema de saúde, o que pode contribuir para a prestação de um cuidado fragmentado. Neste sentido, realizou-se uma revisão sistemática de estudos mistos da literatura afim de identificar as barreiras para a coordenação do cuidado vertical, ou seja, entre diferentes níveis assistenciais, aos indivíduos portadores de Diabetes Mellitus (DM) e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e/ou suas complicações (ex: retinopatia, nefropatia, acidente vascular encefálico etc.). Desenvolvimento: Foi realizada uma revisão sistemática de estudos mistos da literatura, onde foram incluídos artigos publicados em revistas científicas e/ou  dissertações de mestrado e teses de doutorado. Incluiu-se investigações empíricas, de abordagem quantitativa e/ou qualitativa, que discorressem acerca das barreiras para a execução da coordenação vertical do cuidado ao indivíduo portador de DM e/ou HAS e/ou suas complicações. Foram excluídos estudos realizados com crianças (18 anos de idade), revisões da literatura e/ou que não fossem ao encontro do objetivo do estudo. Não houve exclusão por língua ou data de publicação. A busca foi realizada nos meses de Outubro e Novembro de 2019, nas seguintes bases de dados: MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), acessada através do portal da PubMed; LILACS (Latin American and Caribbean Health Sciences Literature), acessada através do portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Internet of Science; e EMBASE (Excerpta Medica Database). A estratégia de busca foi elaborada a partir da consulta aos Mesh terms (Medical Subject Headings) para a pesquisa nas bases da MEDLINE e Internet of Science; aos Emtree terms (Embase subject headings), para a busca na EMBASE; e aos Decs (Descritores em Ciências da Saúde) para a busca na LILACS. A seleção dos estudos foi realizada por duas pesquisadoras através da leitura dos títulos, seguida pela leitura dos resumos e, por fim, a leitura dos artigos na íntegra, sendo as discordâncias encontradas durante essse processo, resolvidas por consenso. Além disso, uma das pesquisadoras realizou uma busca adicional no Google Acadêmico, além de rastrear as referências dos estudos incluídos até que nenhuma outra referência elegível fosse encontrada. Os dados dos estudos selecionados foram extraídos utilizando uma planilha do Excel elaborada pelos autores, sendo posteriormente, realizada uma síntese descritiva dos estudos de acordo com os principais resultados relacionados às barreiras para a coordenação do cuidado vertical aos indivíduos portadores de HAS e/ou DM e/ou suas complicações. Resultado: A partir da utilização da estratégia de busca elaborada, foram identificadas 5813 publicações, sendo 2643 encontradas na EMBASE, 2175 na MEDLINE, 738 na Internet of Science, e 257 na LILACS (19 na busca em inglês e 238 na busca em português). Após a eliminação dos estudos duplicados, realizou-se a leitura dos títulos e resumos, permanecendo 91 estudos para a leitura na íntegra, sendo que destes, 11 foram selecionados para a análise final de acordo com os critérios de elegibilidade. Além disso, buscas complementares foram realizadas no Google Acadêmico, e a partir do rastreio das referências dos estudos selecionados, sendo adicionadas mais 3 publicações, totalizando 14 estudos analisados nesta revisão (13 artigos e 1 dissertação). Os estudos incluídos nesta revisão foram publicados entre os anos de 2009 e 2019. Em relação ao cenário dos estudos, cinco foram realizados nos Estados Unidos, cinco no Brasil, três na Austrália e um  na China. A partir da análise das investigações presentes neste estudo, evidencia-se algumas barreiras relacionadas à integração entre as distintas equipes e serviços que acabam impactando no desenvolvimento da coordenação do cuidado, como a debilidade no processo de referência e contrarreferência; a ausência de critérios, instrumentos e/ou protocolos para organização dos fluxos entre os diferentes níveis de atenção; a dificuldade de desenvolver um trabalho colaborativo em equipes multidisciplinares e que atuam em diferentes pontos de atenção com rotinas e normas diferentes; e a a precariedade do processo de comunicação entre equipes e serviços, o que pode colaborar para uma dispersão do cuidado ofertado aos usuários. No que se refere à responsabilidade pela coordenação do cuidado, alguns estudos  evidenciaram a existência de uma confusão sobre os papéis entre os provedores de cuidado no desempenho dessa coordenação. Em determinadas investigações realizadas no Brasil no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem a coordenação do cuidado como um dos atributos da Atenção Primária à Saúde (APS), constatou-se que o não reconhecimento da APS enquanto responsável por essa coordenação, seja pelos usuários ou pelos outros níveis de atenção, configura-se como um grande desafio para a coordenação vertical. Por fim, a ausência e/ou má utilização dos sistemas de informações de saúde, que garantem a disponibilidade dos registros de saúde informatizados,  foi apontada com um desafio transversal para a efetivação da coordenação do cuidado. Considerações finais: Através da realização desta revisão foi possível identificar algumas barreiras que impedem a efetivação da coordenação do cuidado entre distintos níveis assistenciais. Em suma, evidenciou-se que as barreiras apontadas pela literatura configuram-se como um importante obstáculo para a garantia da integralidade, do acesso e da oferta de serviços de saúde de qualidade. Neste sentido, destaca-se a necessidade da elaboração de um planejamento, políticas e ações estratégicas pela gestão, de acordo com o contexto e modelo de organização de cada sistema de sáude,  no sentido de avançar na integração dos diversos componentes dos sistemas.

7205 COBERTURA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS, AMAZONAS.
Jacob Pereira de Assis Xavier, Eva Vilma Cuellar

COBERTURA DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS, AMAZONAS.

Autores: Jacob Pereira de Assis Xavier, Eva Vilma Cuellar

Apresentação: A cobertura do sistema de abastecimento público de água é uma preocupação crescente devido à escassez da água e à deterioração de sua qualidade. O objetivo desta pesquisa foi verificar a cobertura de abastecimento público de água nos municípios da região metropolitana de Manaus. A pesquisa consistiu de um estudo ecológico, utilizando dados de fontes secundárias, sendo o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para consumo humano, para avaliar a cobertura de abastecimento de água nos municípios da Região de Saúde entorno de Manaus no ano de 2018  e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Atlas de Desenvolvimento Humano para os dados sociodemográficos.  Os dados coletados foram analisados de modo descritivo por meio de frequências absoluta e relativa. Ao analisar o percentual de população com abastecimento de água, o município com o maior percentual de cobertura foi a capital, Manaus, e o município com valor mais baixo foi Careiro da Várzea com 5,87% da população coberta por abastecimento de água; 58,34% dos municípios pesquisados não contavam com tratamento na água distribuída à população e deste total 41,77% não realizavam controle da qualidade da água pelas empresas responsáveis, o que pode incorrer em prejuízos à saúde da população. Tal problemática atinge grandes níveis com  mal gerenciamento da água e privatização do saneamento básico em trâmite no Senado Brasileiro. Concluiu-se que no período estudado, a maior parte dos municípios da região metropolitana de Manaus não contavam com tratamento da água que é ofertada à população e não havia controle da qualidade desta água na maior parte destes municípios.