440: Saúde & Educação Como Prática de Cidadania
Debatedor: Maria das Graças Alves Pereira
Data: 28/10/2020    Local: Sala 03 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
11520 SUS E DEMOCRACIA: A CONSTRUÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA A PARTIR DOS CORPOS ADOECIDOS
Janaína Rabelo Monteiro da Silva

SUS E DEMOCRACIA: A CONSTRUÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA A PARTIR DOS CORPOS ADOECIDOS

Autores: Janaína Rabelo Monteiro da Silva

Apresentação: Para além de um grande sistema que garante o direito à saúde de milhões de brasileiros, o SUS é o meio pelo qual nós vivenciamos uma experiência, essencialmente, democrática, haja vista que, além de os serviços ofertados serem  baseados nos princípios da Universalidade, Integralidade e Equidade, o contexto político e social no qual ele foi criado encaminhou uma luta de resistência em defesa do sistema público de saúde que perdura até os dias atuais em busca da consolidação dos direitos de cidadania que uma democracia pode possibilitar. Nesse sentido, é difícil separar o adoecimento psíquico e físico da sociedade contemporânea do processo de luta pela democratização efetiva do Estado brasileiro, tendo em vista que a luta pela saúde e a igualdade de bem estar social foi alavancada pela comunidade de corpos adoecidos e esquecidos pelos representantes políticos que deixavam às margens os que não se encaixavam dentro dos padrões estabelecidos para o perfil de cidadão brasileiro. Portanto, o SUS é um dispositivo que deve ser compreendido a partir das relações sociais dentro da conjuntura coletiva que é construída pelos profissionais envolvidos e os usuários, pois esse processo contribui com a formação e construção histórica de nosso país. Desse modo, o presente trabalho objetiva apresentar um breve histórico sobre a construção do SUS ressaltando aspectos importantes como o aumento do acesso à saúde em um momento em que o sistema vinha sendo progressivamente privatizado e como a atuação da sociedade civil na reforma sanitária brasileira foi essencial para que as políticas públicas no Brasil fossem elaboradas e alçadas. Ademais, far-se-á esse trabalho acerca das experiências democráticas proporcionadas pelo SUS tendo como base o que conceituamos como “democracia” e os princípios e as diretrizes do sistema de saúde. Apesar de não se ter cessado as batalhas em favor da manutenção, ampliações e aperfeiçoamentos do Sistema Único de Saúde no Brasil, o conhecimento acerca dos serviços prestados e os avanços significativos já vividos devem ser ressaltados para a comunidade que fica aquém das discussões sobre o funcionamento do sistema para que compreendamos que a saúde é uma questão social e política que não se limita apenas aos aspectos biológicos e  assistencialistas.

9212 PROGRAMA DE INCENTIVO EDUCACIONAL E AO PROTAGONISMO DO JOVEM: A CONSTRUÇÃO EM NITERÓI
Ana Maria Machado Vieira, Ana Cristina Costa dos Santos, Maria Inez Bernardes do Amaral, Marilia Sorrini Perez Ortiz, Rubia Cristina Costa Bonfim Secundino, Vilde Dorian da Silva Castro

PROGRAMA DE INCENTIVO EDUCACIONAL E AO PROTAGONISMO DO JOVEM: A CONSTRUÇÃO EM NITERÓI

Autores: Ana Maria Machado Vieira, Ana Cristina Costa dos Santos, Maria Inez Bernardes do Amaral, Marilia Sorrini Perez Ortiz, Rubia Cristina Costa Bonfim Secundino, Vilde Dorian da Silva Castro

Apresentação: O presente trabalho tem por objetivo apresentar a experiência de implementação do Programa Poupança Escola (PPE), que integra o Eixo Prevenção do Pacto Niterói contra a Violência, desenvolvida durante o ano de 2019 na cidade de Niterói. Criado pela Lei Municipal nº 3363/18, o programa tem como finalidade incentivar o jovem, integrante de família beneficiária do Programa Bolsa Família, morador de Niterói (no mínimo um ano), e que esteja matriculado e cursando o 9º ano do ensino fundamental ou em qualquer ano do ensino médio ou profissionalizante integrado, a concluir o ensino fundamental e ensino médio na rede pública no município. O aluno elegível fará jus a um incentivo financeiro por cada ano concluído, com aprovação, definido conforme critérios que variam com alcance das metas de escolaridade, podendo receber de R$ 800,00 a R$1.200,00. Além de um benefício adicional, concedido ao aluno que tenha completado o Ensino Médio e alcançado 50% da pontuação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Além da aprovação anual sem dependência, frequência anual de no mínimo 75% e cumprimento do Regimento Escolar, o aluno deverá participar de atividades extracurriculares obrigatórias, ofertadas pelo Município de Niterói, tais como cursos e/ou oficinas sobre educação financeira, empreendedorismo, preparação para o mercado de trabalho, educação em saúde, serviços ofertados nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), atividades de caráter cultural e esportivo e outros temas relevantes para o público do Programa. Para acompanhar o desempenho do Programa foi instituída a Comissão de Fiscalização e Gestão do Poupança Escola (CFGPE) com as seguintes atribuições: i) Promover, gerir e fiscalizar a execução do Programa; ii) selecionar e recomendar atividades previstas na lei para os beneficiários; iii) julgar os casos de desligamento e exclusão do programa, observados os princípios do contraditório e da ampla defesa; e iv) propor regras para aperfeiçoamento do regulamento do Programa. A CFGPE é presidida pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH) e conta em sua composição intersetorial, com representantes das Secretarias: da Educação, Saúde, Planejamento, Fazenda, Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, Conselho Municipal de Assistência Social e Conselho Municipal de Educação. Além da meta de aumentar o índice de conclusão do ensino médio, o Programa possui os seguintes objetivos; i) melhorar o desempenho e rendimento escolar dos estudantes; ii) estimular a frequência regular para um melhor processo de ensino-aprendizagem e redução do abandono escolar; iii) reduzir a evasão escolar e os efeitos intergeracionais na reprodução da pobreza; iv) aumentar os fatores de proteção e reduzir os fatores de risco que influenciam os índices de criminalidade na juventude; e v) incentivar a autonomia do jovem na tomada de decisões. Desenvolvimento: descrição da experiência O processo de elaboração das normativas e demais componentes da implementação foi fruto de uma construção coletiva, da qual participaram as secretarias que integram o programa, a coordenação geral do Pacto Niterói contra a Violência e, especialmente, os membros indicados para a composição da CFGPE, de modo a estimular o compromisso, a pactuação e a gestão compartilhada. No processo de implantação do programa foram realizadas parcerias com a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, assim como tratativas para acordos de Cooperação Técnica (ACT), sem repasse de recursos financeiros, com as três escolas vinculadas à esfera federal e com sede no município de Niterói – Colégio Universitário Geraldo Reis/COLUNI-UFF, Colégio Pedro II e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro/IFRJ, as quais já participam do Programa em 2019, juntamente com as doze escolas do ensino fundamental da rede municipal de educação. Prosseguem as tratativas com Secretaria Estadual de Educação, Colégio Técnico e Fundamental Henrique Lage da FAETEC e Colégio da Polícia Militar com vistas à participação dos alunos dessas escolas a partir de 2020. Em paralelo foi estabelecida parceria com o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (PRODERJ) para o desenvolvimento do sistema de gestão do programa, cujo site foi disponibilizado no endereço www.poupancaescola.niteroi.rj.gov.br em 01/11/19. Para a operacionalização do pagamento dos benefícios do Programa, incluindo a abertura de conta poupança em nome do aluno e emissão de cartão personalizado, a prefeitura designou a Caixa Econômica Federal - CAIXA, instituição pública com longa experiência na operacionalização de Programas Sociais, especialmente o Programa Bolsa Família. Resultado: efeitos percebidos decorrentes da experiência Do universo de 281 alunos elegíveis, 231 (82,21%) realizaram a sua pré-inscrição no endereço eletrônico do programa e deste total 167 alunos (72,29%) abriram a conta poupança na CAIXA. Após a apuração, o recebimento das informações de acompanhamento das 12 escolas da rede municipal e identificação dos alunos que cumpriram todos os requisitos definidos nas normativas, em dez/2019, foi efetivado o primeiro fluxo de pagamento dos incentivos financeiros para 115 alunos, totalizando o montante de R$ 41.400,00. A partir de maio de 2020, está prevista a efetivação do 2º fluxo de pagamento dos incentivos para os alunos das três escolas da rede federal e para os remanescentes da rede municipal. Para a obtenção desses resultados foi necessário um intenso trabalho de articulação intramunicipal e estabelecimento de parcerias: com o Observatório de Segurança Pública de Niterói para a apuração inicial dos alunos elegíveis; com o Projeto Escola para a Vida da Secretaria Municipal de Educação, pela qual os professores dinamizadores atuaram como ponto focal e facilitadores para as ações do Programa - sensibilização, divulgação, entre outras – junto aos alunos das 12 escolas da rede municipal; assim como a realização de reuniões nas escolas e contatos telefônicos com alunos e responsáveis para esclarecimentos sobre o programa e sobre os procedimentos de adesão. Vale destacar a percepção de alguns dos alunos participantes reconhecendo a importância do programa, como forma de estímulo e contribuição para um futuro melhor para o jovem. Para o ano de 2020, conforme previsto nos Decretos nº 13.267/19 e nº 13.428/19, será realizado até o dia 30 de junho novo processo de adesão para os alunos regularmente matriculados em qualquer dos anos do Ensino Médio ou no nono ano do Ensino Fundamental nas escolas da rede pública em Niterói. Dessa forma, estima-se o ingresso de cerca de 2.200 alunos oriundos da rede estadual.

9396 SENSIBILIZANDO ESTUDANTES DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA QUESTÕES EM CIÊNCIA, SAÚDE E INCLUSÃO SOCIAL
Uliana Pontes Vieira, Bianca Pinto Silva do Nascimento, Leonardo Gomes, Jane de Carlos Santana Capelli

SENSIBILIZANDO ESTUDANTES DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA QUESTÕES EM CIÊNCIA, SAÚDE E INCLUSÃO SOCIAL

Autores: Uliana Pontes Vieira, Bianca Pinto Silva do Nascimento, Leonardo Gomes, Jane de Carlos Santana Capelli

Apresentação: O projeto de extensão Construindo Pontes (UFRJ-Macaé) desde 2017 atua junto a turmas de Formação de Professores (antigo Magistério) do Colégio Estadual Luiz Reid, em Macaé (RJ). Os objetivos das atividades são: 1) apresentar aos estudantes secundaristas possibilidades de continuidade dos estudos, privilegiando o ingresso em universidades públicas; b) incentivar o exercício do magistério e o posicionamento ético e crítico como (futuros) educadores; c) estimular o interesse pelas ciências e artes; d) valorizar e respeitar a diversidade humana, promovendo cultura de paz e inclusão. Desenvolvimento: O Construindo Pontes existe desde 2010 e objetiva promover o uso ético e crítico de informações em saúde, valorizando e respeitando os saberes e práticas científicos e populares, de maneira a promover o cuidado em saúde que considera a complexidade do binômio saúde-doença, a diversidade humana e os desafios do mundo contemporâneo. Atividades como seminários e rodas de conversa sobre temas como consumo, representatividade, mídia e imagem corporal, pesquisa em saúde, dentre outros, mesmo quando abertas para profissionais ou estudantes de saúde, atraíam também estudantes de Ensino Médio da região. Em 2015 foram feitos os primeiros eventos voltados para este público, em caráter experimental e esporádico. Em 2018, surgiu a oportunidade de fazer uma ação contínua e sistemática junto a estudantes de uma turma de 3º ano de Magistério do Colégio Estadual Luiz Reid. Resultado: O projeto organiza encontros mensais Em 2018, foram realizados 08 encontros com uma turma de terceiro ano do curso Magistério.  Em 2019, a parceria com o colégio foi ampliada: duas turmas de terceiro ano de Magistério passaram a participar dos encontros mensais, a partir de março de 2019, durante o evento Verão com Ciência da UFRJ Macaé, ocasião em que foi apresentada a proposta do projeto e trabalhado o tema “Ser Cientista”. O segundo, realizado em abril, no auditório do colégio, objetivou a aproximação das turmas com a equipe do projeto, a partir de roda de apresentação, formulário de proposta de temas para os demais encontros e dinâmica sobre pertencimento e identidade. Notou-se interesse em temas como combate ao racismo, ao sexismo e outros preconceitos, incentivo à educação pública de qualidade, oportunidades de emprego e formação para jovens recém egressos do Ensino Médio. Estes e outros temas foram debatidos ao longo do ano, numa abordagem dialogada e participativa. A equipe notou a necessidade de desconstruir alguns estereótipos negativos sobre as carreiras das ciências, naturalizados pelos estudantes. Duas professoras do colégio, responsáveis pelas turmas, também participam do planejamento das ações, para que estas dialoguem também com outros temas abordados em sala de aula. Considerações finais: Espera-se com essas ações reforçar os laços entre a universidade e a rede de educação pública no município de Macaé e formar estudantes que busquem também ingressar na universidade pública perpetuando uma geração de cientistas e educadores de excelência na região.

11649 TRABALHO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA ENTRE A BIBLIOTECA CB/B - BIOMÉDICA B/ REDE SIRIUS – REDE DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ) E A BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE INTEGRALIDADE (BVS INTEGRALIDADE): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Diana Amado Baptista dos Santos, Adriana Campos Jana Caamaño, Kárin Ribeiro Nascimento Cardoso

TRABALHO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA ENTRE A BIBLIOTECA CB/B - BIOMÉDICA B/ REDE SIRIUS – REDE DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ) E A BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE INTEGRALIDADE (BVS INTEGRALIDADE): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Diana Amado Baptista dos Santos, Adriana Campos Jana Caamaño, Kárin Ribeiro Nascimento Cardoso

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência do trabalho de cooperação técnica entre a Biblioteca CB/B - Biomédica B, pertencente a Rede Sirius – Rede de Bibliotecas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Biblioteca Virtual em Saúde Integralidade (BVS Integralidade). O acordo de cooperação prevê a indexação da produção técnico-científica da UERJ nas BVS temáticas: Enfermagem, Odontologia, Psicologia, Adolescência e Integralidade. Este trabalho é realizado desde o início da década de 1990, todavia a cooperação para a BVS Integralidade começou em 2006 e tem como objetivo disseminar a informação especializada na área de saúde, porém com foco em temas como políticas, planejamento e administração em saúde; atenção à saúde; saúde e sociedade e cuidados integrais de saúde especialmente voltados para as ações e atividades realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). A disponibilização em texto completo e gratuita dos artigos e teses e dissertações na BVS Integralidade possibilitam o acesso de forma democrática ao conhecimento e a pesquisa técnico-científica produzida na Universidade, o fortalecimento  do compromisso entre a UERJ e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), instituição que junto com a Organização Mundial da saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde é responsável pela  coordenação da Rede de Bibliotecas Virtuais em Saúde e o fortalecimento do SUS, já que a integralidade em saúde é um dos princípios que regem a saúde no Brasil em vários aspectos, desde os aspectos legais, organizacionais e políticos. Os critérios para inclusão das teses, dissertações e artigos na BVS Integralidade abordam todos os assuntos que se referem ao atendimento integral e holístico do ser humano, em destaque atenção primária à saúde, estratégia saúde da família, e todos os trabalhos que abordem o Sistema Único de Saúde (SUS) apresentados na área de Enfermagem. Atualmente, a inclusão dos dados e indexação são realizadas através do sistema Lildbiweb que utiliza a metodologia Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Dentro dessa metodologia utiliza-se o vocabulário controlado Descritores em Ciências da Saúde (DeCs) que realiza a padronização dos termos em saúde na América Latina e Caribe. Já foram inseridos e indexados pela Biblioteca CB/B mais de 700 itens na BVS Integralidade. As Bibliotecas do Centro Biomédico, CBA e CBB, da UERJ coordenadas pela Biblioteca CB/C, da área de Medicina Social, fazem parte do Comitê executivo da BVS Integralidade e juntamente com a FIOCRUZ vem trabalhando para impulsionar as publicações e atualizar o Portal da BVS Integralidade. Logo, podemos concluir que o trabalho de cooperação entre a Biblioteca CB/B e a BVS Integralidade permite o acesso, disseminação e compartilhamento de informações referentes ao SUS em todos os seus aspectos nas áreas da saúde, impactando na produção de pesquisas e maior visibilidade acadêmica para as instituições envolvidas no trabalho de cooperação principalmente na América Latina e Caribe.

9122 O MÉDICO COMO SUJEITO POLÍTICO: REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO MÉDICA E A SUPERAÇÃO DAS OPRESSÕES INSTITUCIONAIS NA SAÚDE
Ana Luísa Souki Parreira, Ana Carolina Mineiro, Aluísia Tavares de Faria, Gabriela Maciel dos Reis, Clara Guimarães Silveira

O MÉDICO COMO SUJEITO POLÍTICO: REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO MÉDICA E A SUPERAÇÃO DAS OPRESSÕES INSTITUCIONAIS NA SAÚDE

Autores: Ana Luísa Souki Parreira, Ana Carolina Mineiro, Aluísia Tavares de Faria, Gabriela Maciel dos Reis, Clara Guimarães Silveira

Apresentação: A medicina é uma profissão que se pauta em valores como a empatia, solidariedade, a atenção e o respeito. Nesse sentido, é de suma importância que durante a atuação na sociedade o profissional possua uma relação sólida com o ambiente em que está inserido e com a amplitude da sua capacidade de ação. Este estudo tem como objetivo refletir sobre como a educação em saúde pode ser utilizada como instrumento de superação de questões como racismo e outras opressões sociais presentes na cultura brasileira. Desenvolvimento: Trata-se de uma relato elaborado a partir de reflexões acumuladas durante o segundo semestre de 2019 na unidade de aprendizagem “Bases Psicossociais da pratica médica I” do primeiro período de Medicina da Universidade Federal de São João Del-Rei no campus Dona Lindu, onde se abordou temas como bases da saúde coletiva, Educação em saúde, Racismo Institucional  entre outros. Resultado: Em um primeiro momento, é interessante destacar que quanto mais se sabe sobre determinado assunto, mais coisas podem ser feitas num sentido de melhorar e corrigir problemas. Na atuação em saúde isso não é diferente. Quando um médico participa da vida na comunidade de forma ativa, ou seja, quando ele conhece bem os determinantes sociais da saúde que interferem na região, suas propostas de intervenção e tendem a promover uma melhor clínica e um melhor direcionamento da gestão dos recursos disponíveis. Pode-se dizer que o propósito maior de se criar estratégias de ensino sobre a saúde é incorporar na rotina da comunidade ações que promovam maior qualidade de vida. Para isso, é necessária a introdução do conceito de emancipação, que pode ser entendido como a autonomia para a tomada de decisões de forma consciente. Sendo assim, torna-se essencial que o que se descobre na área da ciência seja, não só aplicado na sociedade, mas também transmitido de forma compreensível por seus integrantes. Vale ressaltar que ao dialogar com a sociedade, nem sempre é adequado ater-se a uma linguagem extremamente rebuscada, pois a função maior de se ensinar é que a ideia apresentada se torne algo útil e aplicável à rotina de quem a recebe, fato que é prejudicado quando há falhas no processo de comunicação. A educação pode ser entendida como o processo de introdução e construção do que se conhece sobre determinado assunto. No campo da saúde, isso se aplica, por exemplo, por meio da transmissão de ideias sobre prevenção de doenças, higiene corporal e cuidado mental, que serão recebidas por um indivíduo que irá “filtrá-las” e atribuir significados particulares a elas. Ao propor tratamentos, o médico deve buscar o que melhor se adequa aos princípios e a rotina do paciente, num cuidado holístico (paciente entendido física, psico e socialmente) por meio do estabelecimento de uma relação de confiança. Além disso, o conhecimento não necessariamente é transmitido, ele é algo construído, por meio do compartilhamento de ideias de diferentes indivíduos que cria uma síntese das percepções dessa pessoa sobre as interações entre o que ele sabe e o que aprendeu, sendo, portanto, intrínseco a cada um. Em um segundo momento, é válido abordar que os desafios da atuação médica estarão, por vezes, atrelados a valores enraizados na sociedade, que dependem de um longo processo de mudança para serem superados, como no caso do racismo. Ele pode ser entendido como uma forma de discriminação de pessoas baseada na concepção errônea da supremacia branca em detrimento do povo negro. Uma das consequências disso, no meio social surgem as discrepâncias no modo de vida dos diversos segmentos, fundamentadas na desqualificação e inferiorização dos que não fazem parte da parcela dominante. Para tratar o racismo no Brasil deve-se considerar que a concepção racista de brancos para com negros já ocorria na Europa antes mesmo da re-colonização brasileira pelos portugueses. Dessa forma, quando o modelo de trabalho escravocrata foi implantado na colônia, a cultura racista já estava presente no imaginário das pessoas que vieram repovoar as Américas. Apesar das tentativas de abolir a escravidão, as medidas tomadas não promoveram mudanças culturais que permitissem a inclusão e o respeito aos negros e índios. Por isso, as condições precárias de vida dessas populações enquanto escravos persistiram ao longo dos anos e, até os dias atuais, observa-se que a maior parte da população em vulnerabilidade social é composta por indivíduos negros ou indígenas. Do ponto de vista médico, sob a ótica das doenças relacionadas às más condições de saneamento básico, por exemplo, sabe-se que a maior parte das pessoas que terão contato com a doença são as que se encontram em situação de vulnerabilidade social. E ao analisar a forma como a sociedade se distribui fisicamente nas cidades, é evidente que em grande parte dos casos os negros ainda são a maioria dos vulneráveis. Nesse sentido, quando se pensa sobre os tratamentos envolvidos no caso de pessoas negras deve-se considerar não só a doença mas também o contexto em que aquela pessoa se encontra, as situações a que ela está sujeita diariamente, a forma como ela lida com a discriminação, mas sobretudo, como um possível quadro crítico poderia ser revertido. As doenças surgem não só pelas condições que circundam os indivíduos, mas também por sua forma de lidar com elas, como aquilo influencia sua vida. Considerações finais: A história é um processo contínuo, assim como o conhecimento. As pessoas brancas tiveram ao longo da história uma serie de privilégios e relações opressoras contra o povo negro. Paralelo a isso temos um cenário brasileiro onde a maioria dos profissionais médicos são brancos. Porém, saber que todas estas situações existiram/existem e não tomar um posicionamento sobre elas, ou ainda assistir passivamente a mesma situação ocorrer de forma “mascarada” na sociedade atual é permanecer em uma concepção errônea de que o racismo foi superado no momento da abolição da escravidão pela assinatura da Lei Áurea, desconsiderando assim, o fato de que passaram a tratar com igualdade, duas parcelas da população que deveriam ter sido niveladas, primeiramente, por políticas de equidade. É nesse momento que passam a atuar as ações como as cotas sociais para universidades, os auxílios financeiros governamentais, as mudanças na forma de ensinar o respeito desde as séries iniciais, no intuito de promover uma reparação histórica das desigualdades sociais no Brasil, para que se comece a traçar um caminho com mais equidade social em busca de um momento, talvez utópico, de igualdade total entre cada indivíduo. Além da implementação das ações afirmativas é indispensável incluir na formação dos futuros médicos e outros profissionais da saúde debates como esse de inclusão social e percepção sobre a necessidade de que cada vez mais negros, indígenas e outros grupos sociais também tenham os direitos garantidos. Essa oportunidade nos possibilitou perceber o quanto as questões raciais ainda precisam ser melhor discutidas, a fim de que todos tenham oportunidades iguais na sociedade, para um agir em saúde comprometidos com os  princípios do SUS  da equidade, integralidade  e universalidade. E, para isso, é indispensável que os médicos tenham consciência da existência de valores racistas remanescentes na cultura brasileira e sejam proativos, desenvolvendo iniciativas de diálogo que possam revertê-los.

9216 TENDA PAULO FREIRE: DISCUTINDO PRÁTICAS POPULARES DE SAÚDE
Romero dos Santos Caló, Lucas Rodrigo Batista Leite, Aparecida Fátima Camila Reis

TENDA PAULO FREIRE: DISCUTINDO PRÁTICAS POPULARES DE SAÚDE

Autores: Romero dos Santos Caló, Lucas Rodrigo Batista Leite, Aparecida Fátima Camila Reis

Apresentação: O conhecimento e os saberes sociais não podem ser compreendidos como um processo elaborado de forma isolada, fechada, nas universidades e sistemas oficiais de ensino. Deve ser visto como processo resultante de relações, estabelecidas entre o conhecimento popular e o conhecimento científico.É na/pela valorização desse intercâmbio, do saber popular e saber científico, que a Educação Popular em Saúde (EPS) se faz/atua. Suas ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde, são norteadas “a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, valorizando os saberes populares, a ancestralidade, o incentivo à produção individual e coletiva de conhecimentos e a inserção destes no SUS”. Em nível nacional, os coletivos de EPS têm se aglutinado na Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde (ANEPS), cujo objetivo é funcionar enquanto espaço de reflexão das práticas e ações de educação popular e de práticas integrativas e complementares (PIC) e um meio de diálogo dos movimentos com o governo (municipal, estadual e federal), no que se refere a essas temáticas. A ANEPS, em sua atuação, tem desenvolvido variadas estratégias de divulgação/promoção da EPS, bem como das PIC´s, em todo o país. Uma dessas estratégias é a construção/realização da Tenda Paulo Freire, em grandes eventos da área de saúde e afins. As Tendas de Educação Popular em Saúde (EPS) tem funcionado como espaços de construção compartilhada de saberes e de conhecimentos, permeados pela ideia dos círculos de cultura, desenvolvidos por Paulo Freire. Costumeiramente chamadas Tenda Paulo Freire - em homenagem ao teórico que sustenta as práticas desses agrupamentos - essas construções coletivas têm se apresentado como uma marca dos movimentos EPS e nelas são realizadas rodas de conversas, oficinas, intervenções, vivências artísticas e práticas integrativas, complementares e populares de cuidado à saúde, articuladas a partir de temas previamente definidos. Desenvolvimento: Este trabalho descreve a construção e realização da Tenda Paulo Freire, na Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), realizada entre os dias 27 e 29 de maio, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, pelo Projeto de Extensão VER-SUS, vinculado a Faculdade de Enfermagem (FAEN/UFMT), em parceria com o PET Conexões de Saberes “Universidade, Saúde e Cidadania” (FAEN/UFMT) e ANEPS MT. A JURA é um evento que tem o propósito de colocar em discussão o projeto de Reforma Agrária [reorganização das terras no campo] e os temas que a circundam. No caso da Tenda Paulo Freire, os temas abordados versaram sobre a saúde, interseccionada pelas questões de raça, gênero, sexualidade; saberes tradicionais e populares, A Tenda, embora estivesse como atividade, dentro da programação geral da JURA, teve programação própria, que acompanhou as demais ações do evento. Resultado: No primeiro dia, com atividade apenas no período vespertino, a Tenda teve como tema central o racismo na sua intersecção com a saúde. A roda de conversa foi facilitada por especialistas e militantes na área. Entre as principais discussões desencadeadas estavam o conceito e percepção do racismo no cotidiano e as ineficiências de políticas públicas que não levam em consideração, efetivamente, a questão étino-racial. No segundo dia, pela manhã, ocorreu diálogo sobre saúde LGBT, que contou com a participação de representantes do Conselho Municipal de Políticas LGBT, de mães de LGBT´s e de pesquisador na área. Entre os principais assuntos levantados, estavam a criminalização da homofobia, o estigma da AIDS associado a pessoas LGBT´s, as principais dificuldades enfrentadas por esse público etc. No período vespertino, era para ocorrer uma roda de conversa com benzedeiras, todavia, como as mesmas não conseguiram participar da atividade, foi realizada uma roda sobre práticas integrativas, que contou com a participação de terapeutas: Reiki, Constelação Familiar, Terapia Comunitária, Meditação, Biomagnetismo etc.; os terapeutas explicaram brevemente o funcionamento de cada terapia. Fechando o dia, no período noturno, houve um diálogo sobre a educação popular em saúde, com militantes da ANEPS, que explanaram sobre o que era a EPS, a ANEPS, como esse coletivo atua, como é feita a discussão das PIC´s etc. No terceiro e último dia, houve, pela manhã, discussão sobre alimentação saudável e plantas medicinais, também mediadas por especialistas na temática, onde foi apresentado os pressupostos da alimentação saudável e a funcionalidade terapêutica das plantas. No período vespertino ocorreu roda de conversa sobre saúde da mulher, que teve como eixo central a discussão do parto humanizado; a roda foi moderada por enfermeira obstetra. Todos os espaços contaram com a Mística, atividade lúdica (poesia, teatro, jogral etc.), que traz um performance relacionada a temática a ser discutida. E com ações de cuidado coletivo, no sentido de mostrar que cada um pode cuidar de si e do outro; entre os cuidados praticados estavam o corredor do cuidado e a meditação ativa. Considerações finais: A Tenda Paula Freire da JURA 2019, desde sua organização até sua realização, pautou-se pelos princípios da EPS, utilizando de metodologias participativas - como as rodas de conversa - para a promoção de um espaço horizontal, onde todos os sujeitos e saberes fossem vistos e ouvidos. Em um espaço caracterizado pelo rigor científico - a universidade - regado à cuidados, comidas, e afetos, promovidos por todos os participantes, se desenvolveu a tenda que, sem dúvidas, foi um ato de resistência. Resistência do saber popular - base de todos os outros saberes - na reivindicação de um seu espaço. Resistência no centro de todas as ciências, com suas cores, flores, aromas. 

9221 A INAUGURAÇÃO DO ENSINO DE SAÚDE COLETIVA NA PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO SUL DO BRASIL
Alan Knuth, Giulia Salaberry Leite, Raul Victoria, Inácio Crochemore Silva

A INAUGURAÇÃO DO ENSINO DE SAÚDE COLETIVA NA PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO SUL DO BRASIL

Autores: Alan Knuth, Giulia Salaberry Leite, Raul Victoria, Inácio Crochemore Silva

Apresentação: O Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Pelotas abriga um curso de mestrado desde 2006 e um de doutorado desde 2013. A partir da linha de pesquisa “Estudos Socioculturais do Esporte e da Saúde” surge o interesse em aproximar Educação Física e Saúde Coletiva, oferecendo pela primeira vez a disciplina “Debates em Saúde Coletiva”. Dois docentes promovem a criação da disciplina, formatam um plano de ensino e conduzem as atividades de ensino entre agosto e dezembro de 2019. A turma contou com 27 mestrandos e doutorandos contemplando de forma transversal as linhas de pesquisa e áreas de concentração do programa. Durante a disciplina foi adotado o referencial teórico-metodológico da Saúde Coletiva. A disciplina foi apresentada para os alunos a partir de três pressupostos: apostar em conceitos críticos de saúde, defesa do Sistema Único de Saúde e garantia de espaço ao contraditório. Assim, a disciplina Debates em Saúde Coletiva foi organizada em seis encontros de oito horas, sempre às sextas-feiras, distribuídos a partir dos três eixos fundamentais da Saúde Coletiva e sempre com vistas a repercutir sobre cada temática com mais intimidade à Educação Física. Durante os seis encontros, três grandes formatos foram estabelecidos e cada um destes teve diferentes aprofundamentos. Os formatos: a) aulas expositivas disparadas pelos dois docentes responsáveis, seguidas de discussões em metodologias ativas; b) aula direcionada por grupos de alunos e; c) aula com visita técnica a políticas públicas de saúde. Os temais centrais para os formatos e aprofundamentos foram: histórico e aproximações com saúde pública e saúde coletiva; epidemiologia, epidemiologia da atividade física, potencialidades e fragilidades desta área; políticas, planejamento e gestão do SUS e de políticas que acionem o eixo Práticas Corporais/Atividade Física e ciências sociais e humanas na saúde. A tentativa de mergulhar nas teorias e depois vivenciar uma parte das políticas foi recebida com entusiasmo pela turma e certamente merecerá reflexão no sentido de ampliação. Um eixo importante para a disciplina foi o diálogo com as portarias, consultas, eventos e políticas que foram ocorrendo entre agosto e dezembro, período da disciplina. Em alguns momentos o espaço-tempo se tornava um fórum de informes, posicionamentos, leitura e observação do cotidiano das políticas de saúde em um contexto de ameaças aos temas educação e saúde. A maioria destes mestrandos e doutorandos desconhecia a Saúde Coletiva e esta foi uma significativa colaboração da disciplina. O aporte destes conhecimentos pode impulsionar atos de coragem e ampliação da noção de saúde a ser experimentada por tais atores, predominantemente da Educação Física, mas também da Nutrição e Fisioterapia. Nos parece que foi possível induzir uma ideia de advocacy pelas políticas sociais, em especial a defesa pelo Sistema Único de Saúde, seja pela sua face de encontro com a Educação Física ou pela dimensão de contato com a grande parcela da população que necessita do acesso. Este sistema, para além de sua importância como opção de trabalho, é indispensável frente às desigualdades sociais persistentes no país.

7309 AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO PROGRAMA SAÚDE MENTAL DA IFMSA BRAZIL EM 2019
André Luís e Silva Evangelista, Neyde Alegre de Souza Cavalcante, Juliana Vieira Saraiva, Pedro Thiago de Cristo Rojas Cabral, Erick Vinícius Fernandes Pacheco, Vicente Mendes da Silva Júnior, Ana Francisca Ferreira da Silva

AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO PROGRAMA SAÚDE MENTAL DA IFMSA BRAZIL EM 2019

Autores: André Luís e Silva Evangelista, Neyde Alegre de Souza Cavalcante, Juliana Vieira Saraiva, Pedro Thiago de Cristo Rojas Cabral, Erick Vinícius Fernandes Pacheco, Vicente Mendes da Silva Júnior, Ana Francisca Ferreira da Silva

Apresentação: O conceito de saúde mental remete ao estado de equilíbrio emocional entre o patrimônio interno e as exigências ou vivências externas. Neste contexto, saúde mental é o componente essencial para a manutenção da vida humana nos espaços sociais, sendo na sua estabilidade a garantia de alcançar qualidade de vida. As diversas desordens mentais, classificadas com CID incluem - mas não estão limitadas a- depressão, psicose, ansiedade, suicídio, demência, problemas devido ao uso de álcool e drogas, saúde mental infantil e relacionada ao trabalho e/ou atividade exercida. Porém cerca de 85% dessas pessoas que sofrem de alguma desordem mental, não possuem acesso a qualquer forma de tratamento ou oportunidades educacionais e profissionais para atender ao seu pleno potencial. Sendo assim a saúde mental, precisa ser promovida a nível individual (motivação dos recursos próprios da pessoa), a nível comunitário (com uma coesa inclusão social) e a nível oficial (acesso à saúde pública) para que se possa abranger suas necessidades. Dessa forma, a Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina do Brasil, IFMSA Brasil, através do Programa Saúde assumiu o compromisso de promover a discussão sobre o tema, contribuindo para uma melhor qualidade da saúde mental, a fim de alcançar mudanças no atual panorama, garantindo a Atenção à Saúde de populações afetadas ou vulneráveis além de possibilitar redução de agravos em saúde mental. Segundo dados da OMS, indivíduos portadores de distúrbios mentais inserem-se como um dos grupos mais marginalizados nos países em desenvolvimento, como o Brasil e nesta perspectiva, o programa também surge para fomentar iniciativas de inclusão e desenvolvimento da saúde a fim de reduzir o estigma inibidor no progresso de direitos e acesso à saúde dessa população. Desenvolvimento: para composição deste trabalho realizou-se análise dos relatórios submetidos em 2019 na plataforma Sistema Online de Atividades e Relatório 2.0 da IFMSA Brasil, responsável por receber os planejamento pré ação e feedback pós-ação de todas as atividades realizadas pelos Comitês Locais (LC). Resultado: As atividades de educação popular em saúde possuem proposta de promoção da qualidade da saúde mental, cujos os temas são relacionados a depressão, ansiedade, estresse, bullying, suicídio, saúde mental de vestibulandos, saúde mental de universitários, saúde mental do estudante de medicina, saúde mental na educação médica, envelhecimento saudável, saúde mental da população em geral e saúde mental de crianças e adolescentes. As estratégias pedagógicas utilizadas para desenvolver esse projeto foram: campanhas, projetos, seminários, simpósios, workshops, palestras, “Free Hugs” e “CineMED”, com conteúdos com práticas integrativas e complementares - PICS. O público alvo das atividades foram estudantes de Medicina, estudantes do ensino médio, vestibulandos, pacientes de unidades de saúde, populações em situação de vulnerabilidade e população em geral. Destacam-se parcerias com Ligas Acadêmicas, Instituições de Ensino Médio, ONGs, Núcleos de Apoio Psicossocial e departamentos das universidades públicas e privadas. Durante o ano de 2019 foram realizadas atividades por todas as regionais da Federação, demonstrando a importância que foi dada a essa temática durante este ano. Por outro lado, esse processo não correu de forma igualitária entre as regiões, justificado por uma maior necessidade de se trabalhar as temáticas do programa em alguns locais em detrimento de outros, bem como pela proporção do número de comitês existentes em cada regional do país. Ressalta-se a quantidade de campanhas realizadas em universidades, voltadas para acadêmicos de Medicina com o intuito de falar sobre os principais transtornos relacionados com a saúde mental, como: suicídio, ansiedade e como buscar ajuda nesses casos, além do uso de técnicas de relaxamento e alívio de estresse. Outro ponto muito significativo foi a realização da Chamada Multicêntrica de Saúde Mental que contou com a participação de mais de 40 Comitês por todo país e 59 atividades realizadas. Foi possível, dessa forma, trabalhar diversos tipos de atividades durante o ano, expandindo discussões importantes a respeito de saúde mental. O Relatório Anual do Programa apontou a realização de 201 Fichas de Submissão de Atividade (FISA) durante o ano de 2019. Tal acontecimento sinaliza que o programa de saúde mental seja um dos programas que mais receberam atividades durante o período analisado, ressaltando o crescimento que as atividades dessa temática obtiveram. Das parcerias especificadas, houve predominância de Ligas Acadêmicas, ONGs e Unidades de Saúde. Dentro de outras categorias existiram muitas parcerias entre setores e departamentos das universidades, evidenciando, portanto, a importância que a criação de vínculos com as estruturas locais têm para que se consiga expandir as ações realizadas. Em relação ao público-alvo das ações observou-se uma concentração na abordagem de estudantes de medicina e vestibulandos, que juntos correspondem a quase 80% da população atingida. Já quanto a metodologia para avaliação de impacto das atividades, os principais mecanismos utilizados foram o questionário, feedbacks, rodas de conversa, relatórios e dinâmicas interativas, com destaque para feedback oral (28,9%) e aplicação de questionários pré e pós atividade (18,9%). Dentre outras ações realizadas pela IFMSA Brasil direcionadas para membros associados, durante as Assembleias Gerais (AG) que acontecem anualmente e reúnem membros de todas as regionais, destacam-se a Sessão acerca da Saúde Mental dentro do SUS na 55° AG; Sessão sobre saúde mental no estudante de medicina na 56° AG; Treinamento de saúde mental e mindfulness com a Giovana da UNIFACISA na 56° Assembleia Geral da IFMSA Brasil. Em vista disso, é evidente o compromisso da instituição em capacitar seus colaboradores, por meio de conferências, onde o intercâmbio de saberes entre pessoas oriundas de diversas universidades e vivências se faz presente. Considerações finais: A temática de saúde mental necessita ser colocada em discussão, debatida e levada a diversos públicos. Atualmente, os transtornos mentais representam parcela significativa das enfermidades e, infortunadamente, ainda são desconsiderados em diversas ocasiões. Dessa forma, as atividades realizadas contribuem bastante no sentido de dar mais visibilidade ao assunto, e conhecimento, ao incentivar um olhar de maior empatia da sociedade para com o próximo. Outrossim, as realizações das práticas fomentam um exercício de autocuidado e mudança de estilo de vida, posto que os envolvidos são convidados a uma reflexão sobre o meio que convivem. Ao se comparar os dados do relatório de 2019 do programa com os de anos anteriores, percebe-se que houve expressivo crescimento nesse eixo. Ademais, a iniciativa conseguiu atingir um bom impacto com a maioria das atividades, principalmente as ações realizadas na Chamada Multicêntrica de Saúde Mental realizada durante o mês de setembro. Além disso, é importante destacar que se faz necessário expandir essas atividades para fora do ambiente acadêmico, bem como incentivar a realização de ações prolongadas em saúde mental de modo a gerar realmente impacto positivo para os envolvidos, além de buscar a inserção de políticas públicas mais condizentes com a realidade do Sistema Único de Saúde e da população brasileira.

8164 FORÇA ESTADUAL DE SAÚDE DO MARANHÃO: UM RELATO SOBRE O DIREITO À SAÚDE PÚBLICA
Natânia Candeira dos Santos, Aretusa Lopes Cavalheiro, Laiane Maria Machado Damasceno

FORÇA ESTADUAL DE SAÚDE DO MARANHÃO: UM RELATO SOBRE O DIREITO À SAÚDE PÚBLICA

Autores: Natânia Candeira dos Santos, Aretusa Lopes Cavalheiro, Laiane Maria Machado Damasceno

Apresentação: A Estratégia de Saúde da Família (ESF), como estratégia prioritária de saúde do país deve ser fortalecida para que possa proporcionar aos usuários do SUS a prevenção de agravos, a promoção da saúde e, em caso de condição de saúde ou agravo já instalado, a melhor assistência possível, sempre centrada na família e na integralidade. Assim, a Força Estadual de Saúde do Maranhão foi criada para dar suporte aos 30 municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Estado do Maranhão, sendo uma das estratégias do Plano Mais IDH. Esta Força de trabalho foi idealizada para atuar em cinco focos prioritários, a saber: Mortalidade Materna; Mortalidade Infantil; Redução das Complicações por Hipertensão; Redução das Complicações por Diabetes; Prevenção e Diagnóstico Precoce de Hanseníase. Método: Trata-se de um relato de experiência da equipe lotada na cidade de Santana do Maranhão. A equipe foi inicialmente composta por duas enfermeiras, um profissional de educação física e uma fisioterapeuta, os quais foram vivenciar a experiência de morar e atuar no 8ª município de menor IDH do Estado do Maranhão. O trabalho se deu como 20 horas de apoio a gestão municipal e 20 horas de assistência à saúde, sendo equipe auxiliar e não equipe substitutiva daquelas já existentes no município pela saúde da família. Resultado: O trabalho da equipe da Força Estadual de Saúde do Maranhão, no âmbito assistencial e, dentro das prioridades elencadas, atuando na busca ativa de gestantes, crianças, hipertensos, diabéticos e pacientes com possível quadro de hanseníase, englobando ainda àqueles com tuberculose. Foi realizada classificação de riscos dos pacientes, alimentação de planilhas e sistema próprio do projeto (SISFESMA – Sistema da Força Estadual de Saúde do Maranhão). O município contava com cinco Estratégias Saúde da Família (ESF) e um Núcleo de Apoio à Saúde da Família, bem como 27 Agentes Comunitários de Saúde e 36 povoados, com maioria em zona rural sem saneamento básico. Em contrapartida, o trabalho de apoio à gestão e planejamento das ações junto às equipes de saúde foi de difícil realização, uma vez que o município não acolhe a equipe de apoio em sua totalidade, a partir de uma visão errônea de equipe de fiscalização. Ainda assim, foram realizadas contínuas reuniões, trabalho em conjunto, reforço nas atividades de preenchimento de sistemas, capacitações e planificação de atenção básica. Considerações finais: O acolhimento da comunidade tornou-se chave fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos, uma vez que a população sempre relatava a necessidade do cuidado à saúde. Sabe-se que projetos como a Força Estadual de Saúde do Maranhão devem continuar a serem idealizados, tendo em vista a crescente desigualdade social brasileira e sucateamento da saúde pública. O fornecimento desses cuidados de saúde nos municípios ainda não está consolidado, e, neste sentido, espera-se que projetos neste modelo possam intervir na reorganização da atenção primária.  

8882 REFLEXÕES ACERCA DA PROMOÇÃO DE DIREITOS HUMANOS NA IFMSA BRAZIL-UFAM
Clara Guimarães Mota, Juliana Vieira Saraiva, Camile Smith de Oliveira Brito, Vicente Mendes da Silva Junior, André Luis e Silva Evangelista, Pedro Thiago de Cristo Rojas Cabral, Erick Vinícius Fernandes Pacheco, Ana Francisca Ferreira da Silva

REFLEXÕES ACERCA DA PROMOÇÃO DE DIREITOS HUMANOS NA IFMSA BRAZIL-UFAM

Autores: Clara Guimarães Mota, Juliana Vieira Saraiva, Camile Smith de Oliveira Brito, Vicente Mendes da Silva Junior, André Luis e Silva Evangelista, Pedro Thiago de Cristo Rojas Cabral, Erick Vinícius Fernandes Pacheco, Ana Francisca Ferreira da Silva

Apresentação: De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os direitos humanos (DH) são inerentes a todos os seres humanos, independente da raça, religião, sexo, etnia, nacionalidade, idioma ou qualquer outra condição. Nessa perspectiva, estão inclusos os direitos à vida e à liberdade - de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem exceção e discriminação. Com isso, a divulgação e promoção dos DH são mecanismos essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, com cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e preparados para a ação, quando surgirem ameaças às liberdades individuais e à dignidade humana. Essa foi uma das pautas promovidas pelo Comitê Local IFMSA Brazil-UFAM por meio de seu Standing Committee on Human Rights and Peace (SCORP) durante o ano de 2019, através da realização de atividades voltadas para populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Dessa forma, este trabalho busca apresentar e refletir acerca das atividades realizadas durante o ano de 2019 pelo Standing Committee on Human Rights and Peace (SCORP) da IFMSA Brazil-UFAM, com vistas a promover a divulgação de ações exitosas no campo dos direitos humanos e paz. Desenvolvimento: o SCORP da IFMSA Brazil-UFAM é estruturado através de uma Local Director of Human Rights and Peace (LORP-D) e Local Coordinators of Human Rights and Peace (LORP) que trabalharam em conjunto para realizar ações para o público externo e incentivar discussões dentro da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (FM-UFAM). A atuação foi pautada em ações de assistencialismo, educação em saúde, educação médica voltada aos direitos humanos e paz, conscientização acerca das desigualdades sociais e do direito fundamental à saúde, sendo realizadas cinco atividades diferentes. A primeira foi a palestra sobre Direitos dos Usuários do SUS realizada para 30 refugiados venezuelanos assistidos pela Caritás Arquidiocese de Manaus, sendo para todos os participantes o primeiro contato com uma população em situação de refúgio e de extrema vulnerabilidade socioeconômica, na qual pode-se constatar  que a grande maioria estava em situação de regularização de documentos, a procura de emprego e com dificuldades no acesso aos serviços básicos como educação e saúde. Um dos pontos-chave foi a participação de uma tradutora que ajudou na comunicação com o público, promovendo assim, acessibilidade linguística. Essa primeira experiência abriu portas para a ampliação das atividades com refugiados, através do Projeto Esperanza: Atenção à Saúde de Refugiados, que foi realizado durante os meses de novembro e dezembro, e foi uma das atividades de maior impacto realizado pelo LC IFMSA Brazil-UFAM durante o ano de 2019. Foi possível envolver um grande número de voluntários de várias áreas do conhecimento que juntaram forças e recursos para atuar de forma humana e responsável para uma população que está em crescimento na cidade de Manaus. A mobilização promovida pelos voluntários é admirável e merece destaque, pois foram mais de 80 voluntários arrecadando doações, divulgando o projeto nas redes sociais, organizando as capacitações, o local da ação e interagindo com os refugiados. Pelas avaliações de impacto, percebe-se que houve ganho tanto para os refugiados que receberam atendimento e acolhimento multidisciplinar, tanto para os acadêmicos. Esse intercâmbio cultural proporcionou uma experiência incrível para os voluntários (sendo a primeira para a maioria dos participantes) e conseguiu inserir de forma mais abrangente esses futuros profissionais em uma realidade que tanto precisa de intervenção. Além disso desenvolvemos o projeto Teddy Bear Hospital (Hospital do Ursinho), na Escola Estadual Aderson de Menezes, que contou com a simulação de um hospital em sala de aula para crianças do segundo ano do ensino fundamental, trabalhamos a desconstrução do papel do profissional de saúde perante o olhar deste coletivo, por meio de tais atividades didáticas. Os futuros médicos, hoje acadêmicos, entram em contato direto com universo infantil; aprendem na prática como lidar com os desafios deste público e as crianças, por sua vez, ganham mais confiança acerca do tema. Igualmente, para as crianças, a realização da ação contribuiu na redução do medo de ir ao médico ou em qualquer unidade de saúde. Já a I Atividade Multicêntrica de Saúde Mental, realizada durante o setembro amarelo, atuou de forma muito importante para a discussão de saúde mental dos estudantes de medicina da UFAM, pois criaram espaços em que os mesmos se sentiram confortáveis para expor seus anseios, decepções, angústias e expectativas. Falar é essencial, e através do compartilhamento de experiências foi possível conhecer mais sobre os membros do projeto, fazendo com que a integração se tornasse mais forte. Além disso, houve disseminação de informações técnicas, o que contribuiu amplamente para a formação acadêmica e profissional. Por fim, houve a realização da I Atividade Multicêntrica de Saúde da População Negra que contou com uma reunião interna para discutir a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), racismo, discriminação e os indicadores de saúde da população negra. A atividade serviu como um importante meio de discussões sobre essas questões dentro do ambiente acadêmico, e por se tratar de uma temática pouco abordada no ensino superior, a abordagem foi muito elogiada pelos participantes. Resultado: As experiências com refugiados permitiram aos acadêmicos a visualização da realidade enfrentada por essas pessoas que relataram a logística para chegar até o Brasil, a difícil despedida aos familiares que ficaram na venezuela, a dificuldade de acesso aos serviços básicos e, principalmente, o fantasma do preconceito e discriminação que os cercam. Um dos pontos chaves foram os depoimentos de pessoas que sofreram discriminação ao tentar acessar o SUS, indo contra os princípios do sistema e do direito básico de acesso à saúde, fundamental para a existência humana. Ao analisar o impacto que as ações trouxeram à comunidade, destacam-se a prestação de assistência em saúde à populações vulneráveis; promoção da educação em saúde e prevenção de agravos; conscientização sobre desigualdade social e discriminação, com vistas a promover acesso não discriminatório à saúde; ensino de habilidades médicas e maior união entre os membros participantes do projeto. Resultado: Os debates promovidos pelo SCORP e a visão mais voltada para as populações negligenciadas buscam soluções para a promoção dos direitos humanos e paz dentro da sociedade, aliando, inclusive, o conceito de determinante social como algo intrínseco à condição de saúde. Principalmente, os estudantes de Medicina compreenderam que a capacidade de se tornarem agentes da transformação social, detectando falhas reais e buscando soluções produtivas é tão importante quanto os assuntos curriculares aprendidos dentro do âmbito da Universidade.  Além disso, é possível notar o desenvolvimento de habilidades comunicativas e empatia entre os estudantes, indo de encontro aos princípios de um ensino médico mais humanizado e que atenda as necessidades da população. O papel social, assim como os demais, deve ser defender os direitos humanos fundamentais com vista ao alcance de um sistema que proporcione equidade, igualdade e universalidade que, na teoria, há desde 1988.

9035 A RESSIGNIFICAÇÃO DO TERMO “BALBÚRDIA” NO ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E GESTÃO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO AMAZONAS
Andreina Maciel de Sena dos Santos, Priscilla Mendes Cordeiro, Firmina Hermelinda Saldanha Albuqerque, Lyandra Cordeiro Peres, Amanda da Silva Melo, Gabriele Pimentel Sinimbu, Karoline Costa de Souza

A RESSIGNIFICAÇÃO DO TERMO “BALBÚRDIA” NO ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E GESTÃO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO AMAZONAS

Autores: Andreina Maciel de Sena dos Santos, Priscilla Mendes Cordeiro, Firmina Hermelinda Saldanha Albuqerque, Lyandra Cordeiro Peres, Amanda da Silva Melo, Gabriele Pimentel Sinimbu, Karoline Costa de Souza

Apresentação: A Universidade pública é o ambiente de formação de profissionais de nível superior e tem como sustentação em suas atividades o tripé do Ensino, da Pesquisa e da Extensão. Até a criação do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a maioria do quadro docente das universidades públicas era composto de professores estrangeiros, devido à falta de profissionais qualificados no Brasil. Entre os anos de 2003 e 2013, houve um acréscimo de 44,51% de docentes atuantes nas Universidades brasileiras, além do aumento do número de professores com título de mestrado (+63,33%) e doutorado (+122,42%), propiciando, assim, um ensino de melhor qualidade nas universidades e possibilitando a expansão de pesquisas científicas nas instituições públicas do país, bem como as atividades de ensino e de extensão. Entretanto há quem possa chamar essas atividades de “balbúrdias”, em discurso político de forma hostilizada e depreciativa, no sentido que são grandes confusões (desordem, tumulto, pandemônio, rebuliço, agitação, alvoroço, bagunça, banzé, complicação, distúrbio, trapalhada, polvorosa, zoeira, entre outros). Conforme Serafim (2019) é necessário reconhecermos que, de alguma forma, falhamos ao nos omitir e somos corresponsáveis pela crise que a Universidade está enfrentando, além da crise moral, cultural, ética e social que desenvolve-se no mundo. Objetivo: Resignificar a palavra “balburdia” diante das atividades desenvolvidas na Universidade pública do interior e capital do Amazonas. Método: trata-se de uma análise de discurso, em frente um discurso político e ideológico, e a palavra Balbúrdia e a ressignificação da mesma por discentes e docentes da universidade pública da capital e interior do Amazonas, descrevendo suas atividades acadêmicas nos três pilares da universidade. Resultado: O progresso social e econômico de um país depende da Pesquisa e a pesquisa depende do ensino de qualidade. Portanto, o investimento nessas áreas é indispensável. Nesse sentido, a disponibilidade de bolsas de iniciação científica, pós-graduação, mestrado e doutorado é realidade em diversas universidades públicas brasileiras, as quais produzem certa de 95% da produção científica no país. O outro elemento do tripé na educação superior é a Extensão, que visa ação de atividades entre a universidade e a comunidade, possibilitando o retorno do ensino e pesquisa para a sociedade. Essas atividades se dividem em PACE (Programa de Atividade Curricular de Extensão), PAREC (Programa de Apoio à Realização de Cursos e Eventos), PIBEX (Programa Institucional de Bolsas de Extensão), LACAD (Ligas Acadêmicas) e Programas de Extensão Institucionalizados, ambas realizadas tanto nas universidades federais do interior quanto da capital do Amazonas. Além de possibilitar o contato com o público externo à faculdade, os programas de extensão proporcionam a complementação e prática do que é aprendido nas aulas, tornando o conhecimento menos metódico e aprimorando o senso crítico e realístico dos discentes. Por fim, temos nessa tríade o pilar do Ensino, esse consiste nas disciplinas da matriz curricular de cada curso, das mais diversas áreas, e imprescindível para construção do conhecimento. Cada pilar existe por si só, no qual são independentes funcionalmente. Contudo, estão também interligados, e, portanto, indissociados em virtude, em prol da universidade. Diante dessa tríade, podemos refletir e verificar quais atividades são realizadas nas universidades públicas brasileiras, na visão e discurso dos professores e alunos, essas são as balbúrdias que acontecem nessas Instituições. Entretanto, para justificar cortes de verbas das mesmas, chefes de setores da educação do Estado, generalizaram que nas Universidades Federais não há melhora de desempenhos e que as mesmas estiveram fazendo “balbúrdia” nessas últimas décadas. Esses cortes comprometem esses três pilares, causando prejuízos ao ensino, pesquisa e extensão, comprometendo as Universidades públicas brasileiras. Compromete também as atividades de gestão dessas Instituições. Um exemplo, encontra-se em um dos cinco polos de interiorização da UFAM, o Instituto de Saúde e Biotecnologia, no qual o PIBIC que no ano de 2012, o instituto desenvolveu 31 trabalhos, no último registro do ano de 2018, 94 trabalhos foram desenvolvidos. Na extensão projetos tais como PACE, PIBEX, ,LACAD juntos beneficiaram a pesquisa, acadêmicos e a comunidade, em 2019 registrou-se 42 trabalhos desenvolvidos. O número de alunos e professores participando de congressos brasileiros também vem crescendo, trabalhando no evento e ganhando prêmios, mesmo sem gerar ônus para as Instituições. A engrenagem da pesquisa está a todo vapor; com elaboração, produção e grandes resultados. No concerne à capital a UFAM tem mais de 40 cursos de graduação, cursos de pós graduações (programas de residências, mestrados e doutorados), desenvolvem vários projetos de pesquisa (PIBIC, PAIC, PIBIT, entre outros) e extensão (PACE, PIBEX, LACAD), tendo pesquisas e projetos premiados, em congresso local, nacional e internacional, com a participação dos docentes e dos discentes. Além dessa tríade, podemos destacar que docentes de ambos os locais também desenvolvem as “balbúrdias” nas atividades administrativas e nas comissões, que por muitas vezes demandam parte da carga horária, responsabilidade e competência para que haja o andamento correto das atividades propostas pela Universidade. Com o cenário que vivemos atualmente, nunca se precisou tanto de profissionais críticos e conscientes como agora, que reflitam, planejem, discutam e, sobretudo, não procedam como meros repassadores de conteúdos e conhecimentos, tomando-se, tanto quanto possível, construtores do conhecimento. Considerações finais: A dialética que mantém a universidade viva é o tripé do ensino, pesquisa e extensão, no qual precisam ser reconhecidos com respeito, com maiores incentivos, com seus devidos valores, no entanto, vivemos atualmente um contexto político, econômico e social no Brasil que ataca as Universidades e Institutos Públicos Federais, querendo inverter esses valores e hostilizar as atividades acadêmicas definindo-as como “balbúrdia”. No mais, o tripé universitário, mais atividades de gestão ressignificam o que seria a “balbúrdia”, que sempre fizemos e que sempre faremos pela defesa das Universidades Públicas, Gratuitas e de Qualidade. Então tudo isso é o que chamamos da Ressignificação do termo “balbúrdia”: são dias e dias na frente do computador, leituras frequentes, enfrentado sol e chuva para levar informação e assistência. Intervir, registrar, ler, corrigir, ler de novo, fazer a diferença, incomodar, é a consolidação das palavras de Paulo Freire: dividir e ao mesmo tempo somar. Parece clichê, mas tudo isso é a “balbúrdia” que escolhemos viver e amar.

9100 JOVENS DO ENSINO MÉDIO E UNIVERSIDADE: EXPECTATIVAS NA TRANSIÇÃO
Keliane Venancio Cunha, Nara Maciel Falcão Lima

JOVENS DO ENSINO MÉDIO E UNIVERSIDADE: EXPECTATIVAS NA TRANSIÇÃO

Autores: Keliane Venancio Cunha, Nara Maciel Falcão Lima

Apresentação: A proposta deste projeto, desenvolvido como uma ação de extensão, representou uma oportunidade de debate e reflexão no espaço escolar acerca do papel que a universidade ocupa na sociedade, pois é muito comum entre os alunos que estão concluindo esse nível de ensino, a insegurança na definição e escolha da profissão que pretendem seguir. Objetivo: Aprofundar conhecimentos sobre o papel da universidade na sociedade e a escolha de uma profissão. Desenvolvimento: As ações foram desenvolvidas em uma escola de ensino médio no município de Coari/Amazonas, e envolveu alunos de 2º e 3º ano do ensino médio. As atividades abordaram temas sobre o que é a universidade, a estrutura dos cursos oferecidos no Instituto de Saúde e Biotecnologia, bem como das formas de ingresso e programas de permanência desenvolvidos nesta instituição de ensino superior. Resultado: Por meio das ações desenvolvidas foi possível constatar que muitos estudantes do ensino médio matriculados em escolas públicas ainda desconhecem o papel que a universidade exerce na sociedade, bem como das formas e trâmites que eles precisam seguir para adentrar nos cursos de graduação depois de concluírem a educação básica. A experiência neste projeto possibilitou uma visão de um cenário escolar com alunos poucos informados sobre os cursos de graduação disponíveis na sua cidade, sobre as formas de ingresso e ainda dos auxílios oferecidos para a permanência de jovens em situação de vulnerabilidade social e econômica. Considerações finais: Neste sentido, acredita-se que o desenvolvimento das ações de extensão propostas junto ao público selecionado, serviram de incentivo e esclarecimento frente às futuras escolhas desses estudantes.

9108 A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICAS DE SERVIÇO SOCIAL DIANTE DO ACESSO AO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PARA USUÁRIOS COM DEFICIÊNCIA NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) BARREIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Fernanda Barreto Gangorra Alho, Eli Do Socorro Gonçalves Pinheiro, Pabliane Almeida Franco, Ediana Cabral dos Reis

A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICAS DE SERVIÇO SOCIAL DIANTE DO ACESSO AO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PARA USUÁRIOS COM DEFICIÊNCIA NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) BARREIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Fernanda Barreto Gangorra Alho, Eli Do Socorro Gonçalves Pinheiro, Pabliane Almeida Franco, Ediana Cabral dos Reis

Apresentação: O período da graduação em Serviço Social requer aprofundamento teórico -prático, diversas reflexões e indagações para posteriormente atuar criticamente como assistentes sociais a partir do projeto ético-político. Esse trabalho apresenta as vivências de discentes de Serviço Social do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) no período de estágio supervisionado no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) - Barreiro, respectivamente de demandas, atendimentos referentes ao acesso ao Benefício de Prestação Continuada sendo o público pessoas com deficiência e idosos. São apresentadas as atividades realizadas cotidianamente a partir do acolhimento, sala de espera e atendimento individual. Apresentação: O Benefício de Prestação Continuada (BPC) foi garantido na Constituição Federal de 1988 como um dos objetivos da Política de Assistência Social da seguinte forma: um salário mínimo mensal a pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não ter meio de prover a própria subsistência e nem tê-la provida por sua família, em relação a aposentadoria pode ser concedida tanto para pessoas que residem na área urbana como na área rural, seja por idade ou tempo de contribuição. O recorte de gênero ocorre a partir de que Homens podem se aposentar a partir de 65 anos de idade e as mulheres a partir de 60 anos, se estes residirem e atuarem na área urbana. Objetivo: O objetivo do trabalho é socializar a vivência no campo de estágio e a expansão de informações sobre o BPC a partir dos acolhimentos realizados no espaço sócio-ocupacional e como os usuários apresentavam conhecimento sobre a temática. Método: Descrever um relato de experiência de uma vivência no campo de estágio, a partir da realização do acolhimento de 30 usuários do CRAS, abordando o conhecimento da temática em relação as regras, procedimentos para acessar o BPC. Resultado: O atual cenário político, econômico e de ameaças de direitos sociais e a escassez, alienação referente a informações ao acesso do BPC é preocupante, devido, muitos idosos/as ter déficit. A importância de informar a população alvo – usuários/as do CRAS Barreiro é primordial para distinguirem o processo de tais serviços, que perpassam orientações no atendimento para provavelmente se chegar até o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Considerações finais: Conclui-se que a temática possui relevância social, política, educativa, devido, o crescente envelhecimento da população brasileira e o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS Barreiro é um espaço público que deve potencializar cada vez mais informações dos referidos serviços, programas sociais para serem acessados.  

9326 ENSINO DE LIBRAS NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE
Nayla Mony Viana de Macena, Beatriz Rodrigues Folha, Beatriz Medeiros, Suzana Matos de Andrade

ENSINO DE LIBRAS NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE

Autores: Nayla Mony Viana de Macena, Beatriz Rodrigues Folha, Beatriz Medeiros, Suzana Matos de Andrade

Apresentação: O indivíduo surdo por um longo período da história foi considerado incomunicável e ineducável, sendo alvo de todo tipo de discriminação. Nos serviços de saúde, a grande maioria dos profissionais não conhece a língua de sinais e é escasso o serviço dos intérpretes no Brasil. Dessa forma, há a necessidade da educação da língua de sinais e suas atualizações para todos os profissionais de saúde para garantir a assistência ao surdo de forma que o mesmo se sinta acolhido e incluso no todo, tendo a troca de informações como o principal ganho dessa sociedade e contemplando a sua cultura com a língua de sinais. A Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, sancionada pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de Libras nos cursos de licenciaturas e como optativa, nos demais cursos superiores. Mas o que se nota é que, devido ao curto tempo destinado ao estudo da língua, muitos assuntos deixam de ser abordados, comprometendo o aprendizado e a comunicação do futuro professor com o aluno surdo e também do profissional de saúde com o usuário do serviço. O presente trabalho tem por objetivo principal verificar o ensino de Libras nos cursos de graduação na área da Saúde. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujos instrumentos para coleta de dados constituíram nos bancos de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e a plataforma Google Acadêmico, sendo utilizados os seguintes descritores: Libras; Ensino Superior; Saúde. O universo do estudo constitui toda a literatura relacionada ao tema, indexada no SciELO, LILACS e Google Acadêmico. A amostragem do universo foi realizada por meio de critérios de delimitação que seguiram parâmetros temáticos – obras encontradas a partir dos descritores e que se adequavam ao tema – e parâmetros linguísticos – artigos em português. Resultado: No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) foi oficialmente reconhecida pela Lei n.º 10.436/2002, que dispõe sobre a garantia de atendimento à saúde da comunidade surda brasileira, e reconhece essa língua como o meio de comunicação oficial dessa população, além de instituir a inclusão da disciplina de Libras em cursos de Licenciatura e Fonoaudiologia. Ademais, há o Decreto n.º 5.626/2005 que regulamenta esta lei e traz diretrizes quanto ao uso e difusão da Libras. No entanto, apesar de todas as conquistas já alcançadas, essa legislação ainda é recente e embora o sujeito surdo, até então, não esteja de fato incluído na sociedade, isso não se deve à falta de garantia legais, mas sim a forma e o modo de como ocorre essa inclusão, pois podemos estar incluindo ao mesmo tempo que excluímos. Destarte, a disciplina de Libras vem sendo implantada gradualmente nos cursos de nível superior, em sua maioria como matéria optativa. Uma pesquisa realizada por professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que tem por objetivo debater a carga horária de sessenta horas, adotada pela maioria das graduações para o ensino de Libras no ensino superior, questiona a realidade desta inserção governamental “superestruturada”, que visa atingir a todos, mas sem estruturar o meio, concluindo que são poucas horas para o ensino eficaz de uma segunda língua, não gerando um conhecimento capaz de promover uma efetiva comunicação entre o futuro profissional e a comunidade surda. A comunicação na área da saúde representa a principal forma de criar vínculos com os pacientes e os familiares, sendo assim, ao questionarem discentes dessa área sobre a importância de Libras em seus cursos, obtiveram 100% dos entrevistados afirmando que acham essencial essa disciplina em todos os cursos. Na UFMT, dos cursos de graduação na área da saúde que disponibilizam essa disciplina na grade curricular, apenas Enfermagem dispõe de dois semestres dedicados ao ensino de Língua Brasileira de Sinais. Nos demais é dada como optativa em apenas um semestre, sendo a carga horária de 32 horas ou 64 horas. A graduação em Saúde Coletiva, uma formação relativamente recente no campo da saúde, consta em sua grade curricular disciplinas das áreas de epidemiologia, gestão e políticas, buscando capacitar um profissional completo para atender todas as demandas do Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, conforme a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), há 20 instituições de ensino superior que oferecem esse curso com nomenclaturas diferenciadas, sendo que desses 13 ofertam a disciplina de Libras como optativa, um oferta a disciplina como optativa, mas com a nomenclatura de Comunicação Brasileira de Sinais, seis não ofertam a disciplina de Libras, nem como optativa e em uma não foi encontrado a matriz curricular. A disciplina de Libras no ensino superior geralmente tem um perfil introdutório, cuja qual aborda conteúdos referentes à história da língua de forma breve, sendo um encontro no semestre destinado para a abordagem histórica da língua e outro à exibição de um filme que aborda a aquisição de linguagem pela pessoa surda. Além disso, nas demais aulas há a iniciação gramatical da Libras, em um processo dialógico, nunca apenas sinais (vocabulário) isolados já que os mesmos são mostrados de forma contextualizada. Tendo em vista essa realidade, muitos discentes consideram a carga horária do ensino de Libras insuficiente para lidar com um público surdo, na área da educação esse percentual chega a 60% dos alunos, já na saúde é ainda maior 85% dos estudantes consideram essa interação ruim devido ao curto contato com a Libras durante o curso. Com isso, para além das dificuldades apresentadas no serviço de saúde por parte do processo de trabalho e o acolhimento dos usuários como um todo, a pessoa surda ainda tem que lidar com o entrave da comunicação com os trabalhadores de saúde. Considerações finais: Esse trabalho possibilitou uma maior compreensão sobre a importância da Libras na formação dos profissionais de saúde do Brasil e o reflexo disso no atendimento do serviço público de saúde no Brasil. O Sistema Único de Saúde, garante que todos tenham acesso integral, equânime e universal à saúde, respeitando as diferenças de cada comunidade, inclusive a surda. Destarte, é fundamental que os profissionais de saúde adaptem sua comunicação, para que dessa forma ofereçam um melhor atendimento à população surda, melhorando a efetividade do serviço de saúde público, conseguindo atingir a integralidade dos diferentes grupos e em especial os dos surdos. A falta de uma comunicação eficaz entre profissionais de saúde e a comunidade surda, não se dá por negligência, mas sim pela má formação curricular dos cursos da saúde. Investir na obrigatoriedade do ensino de Libras com uma maior carga horária nos cursos superiores, além de fornecer cursos voltados aos profissionais do SUS acerca dessa língua, constituem medidas a serem necessárias. Ademais, a falta de estudos acerca desse tema, ainda constitui uma dificuldade a ser ultrapassada, justificando a importância do presente trabalho para o tema.

9533 A PROMOÇÃO DA SAÚDE EM UM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO SANITÁRIO: A BUSCA PELO DIREITO À SAÚDE PARA ALÉM DA JUDICIALIZAÇÃO
Luciana Souza d'Ávila, Roberta Moriya Vaz, Maria Gabriela Araújo Diniz

A PROMOÇÃO DA SAÚDE EM UM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO SANITÁRIO: A BUSCA PELO DIREITO À SAÚDE PARA ALÉM DA JUDICIALIZAÇÃO

Autores: Luciana Souza d'Ávila, Roberta Moriya Vaz, Maria Gabriela Araújo Diniz

Apresentação: O objetivo deste trabalho é apresentar a proposta pedagógica e temática do Curso de Pós-Graduação – nível especialização - lato sensu em Direito Sanitário da Escola de Saúde Púbica do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), tendo em vista uma mudança de perspectiva que busca superar a visão restritiva do direito sanitário enquanto sinônimo de (combate à) judicialização da saúde. A ESP (MG) criada em 1946, vem desenvolvendo ações de educação e pesquisa com o objetivo de produzir conhecimentos e de qualificar profissionais críticos e capazes de transformar a sua prática cotidiana no sistema de saúde. Em seu modelo pedagógico, busca aproximar os discentes à realidade social da população, sempre em diálogo transdisciplinar e intersetorial, apresentando em seu corpo técnico pesquisadores e docentes de diversos campos do saber, além de contar com parcerias importantes no âmbito acadêmico, administrativo, dos serviços de saúde, dos órgãos judiciais e dos movimentos sociais. Nesse contexto, desde o final dos anos 1990, a instituição desenvolve o Curso de Especialização em Direito Sanitário, o qual se encontra em sua oitava turma, tendo como parceiros e alunos, trabalhadores dos principais órgãos estaduais que atuam na defesa do Direito à Saúde no Estado de Minas Gerais, como a Secretaria de Estado de Saúde, a Advocacia Geral do Estado, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública, entre outros. Nesses quase 20 anos, a proposta e os objetivos do curso vêm sendo discutidos e atualizados de forma permanente, com vistas a contribuir para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do desenvolvimento de conhecimentos e práticas articuladas e integradas no campo do direito sanitário. De forma geral, os objetivos do curso são promover, além da reflexão sobre o conteúdo axiológico do direito à saúde e sobre o campo da saúde coletiva, a compreensão da dinamicidade dos contextos políticos, econômicos e culturais, e seus impactos na saúde das pessoas. Ademais, o fato de ter como alunos diversos atores envolvidos na garantia do direito à saúde (gestores, analistas, juízes, promotores, defensores públicos e conselheiros de saúde), o curso torna-se uma oportunidade de troca de saberes e de revisão crítica da atuação profissional nessa seara. Vale ressaltar que apesar da demanda pelo curso ser crescente e coincidir com o aumento progressivo das ações judiciais envolvendo o direito à saúde e de grande parte das discussões e abordagens em sala de aula recair sobre a judicialização enquanto realidade de trabalho dos discentes e docentes, o foco e a compreensão sobre esse fenômeno vêm sendo reconstruídos na perspectiva da Promoção da Saúde. Entende-se que o estudo do Direito Sanitário e a busca pelo direito à saúde vão além do combate à judicialização e que ao se resgatar os princípios da Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Carta de Otawa, 1986), da luta pelos direitos humanos, do Novo Constitucionalismo Latino-Americano e, principalmente, da 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986), constata-se que a ação judicial pode ser uma aliada na efetivação desse direito. Essa mudança de perspectiva se coloca premente na medida em que se observam o esgotamento das discussões acerca das características dessas ações judiciais e um movimento no sentido de se limitar a abrangência do direito à saúde e do papel do poder judiciário em sua a garantia. A Promoção da Saúde, a partir da Carta de Otawa, significa a própria defesa do Direito à Saúde enquanto prioridade dos governantes e da sociedade como um todo, por meio da garantia de condições e recursos fundamentais como a paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, justiça social e equidade. A saúde, portanto, é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e humano. O aparato internacional de proteção aos direitos humanos, desde a promulgação da Constituição da Organização Mundial de Saúde em 1946 e da Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, também traz a saúde como resultado da garantia dos demais direitos, bem como determinante do seu exercício. A 8ª Conferência Nacional de Saúde, por sua vez, em meio ao processo de redemocratização do país, traz em seu relatório a saúde como um direito a ser reconhecido não só constitucionalmente, mas materializado pela atuação do Estado de forma integrada às demais políticas econômicas e sociais, mediante participação e controle popular, tendo como princípios o acesso universal e igualitário às ações e serviços. Paralelamente, o relatório enfatiza que as limitações e obstáculos para a efetivação do direito à saúde são de caráter estrutural, ou seja, para que o direito à saúde seja plenamente garantido, deve haver mudanças nas formas de organização social da produção, bem como o combate às desigualdades dos níveis de vida e à mercantilização do sistema de saúde. O resgate desses princípios no curso se dá tanto na disciplina Princípios do Direito Sanitário e Direito Constitucional Sanitário, quanto de forma transversal em sua matriz curricular, buscando-se uma interlocução com os conteúdos das disciplinas, as quais são distribuídas em três módulos, totalizando 360 horas/aula: 1)Apresentação: ao Estudo do Direito Sanitário; 2) Organização das Políticas Públicas de Saúde e 3) Direito sanitário aplicado. Além das disciplinas voltadas para o modelo de atenção, gestão e organização do SUS, como Políticas Públicas de Saúde, Redes de Atenção, Vigilância em Saúde no SUS, Regulação em Saúde, Economia da Saúde e Financiamento da Saúde, por exemplo, há disciplinas relacionadas aos aspectos jurídicos e doutrinários do Direito Sanitário e também disciplinas cujas ementas promovem a interface entre saúde, direito e ciências sociais. Entre estas, podem-se citar Estado, Saúde e Sociedade;Apresentação: à Saúde Coletiva; Saúde e Ambiente; Aportes das Ciências Sociais e Humanas sobre família e parentesco; Direito Sanitário e Saúde Mental e Determinantes Sociais em Saúde e Trabalho em Saúde. Ao mesmo tempo, são realizadas visitas técnicas a diversos serviços de saúde e discussão de casos com troca de papéis entre os alunos, para que conheçam a realidade do SUS e de seus colegas e possam tentar enxergar o trabalho do outro como parte da busca pelo direito à saúde, repensando, assim, seu próprio processo de trabalho. Ao longo do curso, são ainda realizados seminários com especialistas de diversas partes do país, trazendo suas experiências no âmbito jurídico, acadêmico e na gestão dos serviços de saúde. A judicialização da saúde é discutida na perspectiva estruturante como uma forma de se alcançar impactos coletivos e universalizantes, requalificando sua importância no âmbito individual como garantia de acesso à justiça. Os papeis do Ministério Público e dos órgãos do Poder Judiciário são debatidos no sentido de atuarem em questões macropolíticas e sociais que visam garantir o financiamento adequado e a participação social no SUS; combater o movimento de privatização do sistema e a implementação das políticas de austeridade e de ajuste fiscal; limitar a atuação e pressão da indústria farmacêutica; fazer cumprir o reembolso ao SUS pelas operadores privadas de saúde; entre outros. Diante da proposta pedagógica do curso e do entendimento acerca do Direito Sanitário e do papel da judicialização da saúde, têm sido observados resultados importantes, como a reorganização dos processos de trabalho e qualificação das tomadas de decisão pelos alunos, além de mudanças institucionais com implantação de fluxos (no âmbito da saúde e da justiça) e participação na formulação de políticas.

9480 SAÚDE, PREVIDÊNCIA E CIDADANIA': RESULTADOS DE PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA VOLTADO PARA A EDUCAÇÃO CONTINUADA E A PROMOÇÃO DE CONHECIMENTOS SOBRE DIREITOS E CIDADANIA
Uliana Pontes Vieira, Luciano Pontes Vieira, Helaine Maria Lopes Vasconcelos Piorotti, Paula Amanda Starling Alves, Bruna Fernanda Silva Bastos, Camila Leirós Vasconcelos

SAÚDE, PREVIDÊNCIA E CIDADANIA': RESULTADOS DE PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA VOLTADO PARA A EDUCAÇÃO CONTINUADA E A PROMOÇÃO DE CONHECIMENTOS SOBRE DIREITOS E CIDADANIA

Autores: Uliana Pontes Vieira, Luciano Pontes Vieira, Helaine Maria Lopes Vasconcelos Piorotti, Paula Amanda Starling Alves, Bruna Fernanda Silva Bastos, Camila Leirós Vasconcelos

Apresentação: 'Saúde, Previdência e Cidadania' foi um projeto extensionista que realizou entre 2018 e 2019 série de encontros em Macaé (RJ) abordando temas atuais e relevantes sobre serviços e direitos relativos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à Previdência Social, visando fortalecimento de ações que beneficiam a população brasileira, em especial indivíduos e grupos desfavorecidos e vulneráveis. Coordenado por docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Professor Aloísio Teixeira (UFRJ-Macaé), em parceria com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), articulou duas instituições federais de grande relevância social. A UFRJ-Macaé oferece dois cursos de Licenciatura (Biologia e Química) e quatro graduações em saúde (Enfermagem, Farmácia, Medicina e Nutrição), o que gera público potencialmente disposto a participar de atividades de educação previdenciária, tema pouco abordado nos currículos disciplinares. Desenvolvimento: Em 2017, o projeto de extensão universitária 'Construindo Pontes' (UFRJ-Macaé) realizou bem sucedida parceria com o Programa de Educação Previdenciária do INSS no evento 'Verão com Ciência' (UFRJ-Macaé), para realização da palestra 'Previdência, Cidadania e Inclusão'. Logo após, várias pessoas manifestaram interesse em novas edições, pois notaram lacuna significativa de conhecimentos sobre previdência, por parte do corpo social universitário e também das comunidades participantes das atividades de ensino e extensão da UFRJ. Com isso, a Gerência Executiva de Duque de Caxias do INSS concordou com a criação do presente projeto, específico para este fim, de modo a garantir continuidade e regularidade da proposta. Contou com dois profissionais, uma docente da UFRJ e um técnico do Seguro Social do INSS, com diferentes perfis profissionais e acadêmicos, conferindo, desde sua concepção, caráter interdisciplinar à equipe e à programação. Resultado: Esta foi experiência inédita junto à UFRJ Macaé, não havendo outras iniciativas semelhantes para divulgar direitos previdenciários, em especial junto à comunidade estudantil, na instituição. Muitas vezes, estudantes perdem a oportunidade de tornarem-se segurados e se encontram em situação de vulnerabilidade por desconhecer o acesso à Previdência e Seguridade Social. Ademais, estudantes e docentes das áreas da saúde, que têm forte aproximação com a comunidade mais carente, por meio das atividades de ensino e extensão, podem colaborar na multiplicação de conhecimentos. Ressalta-se que os eventos buscaram ouvir o público participante, possibilitando troca expressiva de conhecimentos sobre como estes indivíduos se relacionam com seus direitos e exercem sua cidadania, conceitos e serviços relacionados à assistência em saúde e previdenciária e os diferentes modos de existir. Considerações finais: A aproximação do INSS com a sociedade e a universidade é de fundamental importância para a promoção de cidadania e acesso a direitos, por meio de vários temas correlatos em saúde e previdência, transformando a formação profissional. Por exemplo, ao abordar a saúde da mulher, é possível abranger também regras previdenciárias sobre auxílio maternidade, o que promove melhor integração ensino-serviço e a garantia da integralidade e resolutividade da assistência. O projeto encerrou-se em 2019, em virtude da Reforma da Previdência, que tornou mais complexa a condução das atividades, mas há intenção tanto da equipe executora quanto da comunidade para a retomada das ações.

9632 PERFIL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU DA GRANDE ÁREA CIÊNCIAS DA SAÚDE CONSIDERADOS DE EXCELÊNCIA
Daniela Côco, Rômulo Oliveira Bittencourt, Flávio Geovanni Vieira e Silva, Livio Amaral

PERFIL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU DA GRANDE ÁREA CIÊNCIAS DA SAÚDE CONSIDERADOS DE EXCELÊNCIA

Autores: Daniela Côco, Rômulo Oliveira Bittencourt, Flávio Geovanni Vieira e Silva, Livio Amaral

Apresentação: A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é responsável por realizar a avaliação dos programas de pós-graduação no Brasil. Considerando a natureza das diversas áreas de conhecimento e as decorrentes sistemáticas e operacionalidades, o sistema brasileiro de pós-graduação abrange atualmente 49 áreas de avaliação. Para favorecer as atividades de avaliação, as 49 áreas são integradas por critério de afinidade, em dois níveis: 1° Colégios e 2° Grandes Áreas. A escala avaliativa é composta por notas de 1 a 7, sendo as notas 6 e 7 consideradas de padrões internacionais de excelência. Programas de pós-graduação notas 6 e 7 são convidados pela CAPES a ingressarem no Programa de Excelência Acadêmica (PROEX), criado em 2004, com o objetivo de manter o padrão de qualidade dos programas. Os programas de pós-graduação inseridos no PROEX são apoiados pela CAPES com a concessão de bolsas de estudo e recursos de custeio. Observa-se que progressivamente os profissionais da área da saúde tem buscado a inserção em programas de pós-graduação como forma de aprimoramento profissional. Neste contexto destacamos os programas de pós-graduação da grande área ciências da saúde (áreas: Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Medicina I, Medicina II, Medicina III, Nutrição, Odontologia e Saúde Coletiva), como grandes responsáveis pelo aperfeiçoamento dos trabalhadores de saúde. Assim, este trabalho objetiva descrever o perfil dos programas de pós-graduação stricto sensu da Grande Área Ciências da Saúde, participantes do PROEX. O estudo caracteriza-se como pesquisa descritiva com adoção da técnica de análise documental. Na análise dos dados foi utilizada uma abordagem quantitativa e considerado o período da última avaliação CAPES (2013 a 2016). Como resultado identificou-se 292 programas de pós-graduação de excelência, predominantemente situados na região Sudeste, em instituições Federais. A concessão de recursos para os programas foi no total de R$ 76.909.652,22 referente a custeio, R$ 3.343.363,09 referentes a capital, média de 11 bolsas de mestrado e 18 de doutorado. Os programas possuíam em média 32 docentes, 52 discentes de mestrado e 72 de doutorado. Produziram em média 129 artigos, titularam média de 15 alunos no mestrado e 13 de doutorado. A caracterização dos programas de pós-graduação de excelência da Grande Área Ciências da Saúde contribui para uma reflexão sobre a situação da área, gerando informações que podem subsidiar políticas e estratégia para desenvolvimento dos programas de pós-graduação e formação de profissionais.

11018 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, PROTAGONISMO ESTUDANTIL E PENSAMENTO CRÍTICO EM SALA DE AULA
Jéssica Sales Gaspar, Claudia March, Anna Beatriz Nogueira, Anna Carolina Rezende Apolonio

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, PROTAGONISMO ESTUDANTIL E PENSAMENTO CRÍTICO EM SALA DE AULA

Autores: Jéssica Sales Gaspar, Claudia March, Anna Beatriz Nogueira, Anna Carolina Rezende Apolonio

Apresentação: A formação dos profissionais de saúde é parte fundamental das políticas e ações que atendam as necessidades de saúde da população. O contexto histórico das políticas públicas traz uma demanda de novos estudos e práticas de atenção à saúde, estabelece desafios às instituições de ensino para profissionais que atuem na perspectiva do SUS. O profissional de saúde precisa abranger conhecimentos que sejam além do seu domínio técnico, enxergar a população como indivíduos complexos que compreendem mais do que sinais e sintomas. As diretrizes curriculares nacionais são métodos que visam romper com o modelo biomédico. A incorporação de novas diretrizes permitem reformular o currículo em busca de novas abordagens aos profissionais de saúde. As novas diretrizes curriculares tem objetivo trazer uma nova abordagem para formação de profissionais críticos, humanizados e reflexivos em sua prática (Resolução CNE/CES n. 5, 2001). A implementação da metodologia que coloca os e as estudantes como protagonistas do seu processo de aprendizagem, assim como a articulação entre teoria e prática desde a graduação são estratégias para que os estudantes compreendam seu papel no Sistema Único de Saúde. Dessa forma, as estratégias pedagógicas desenvolvidas na disciplina no ano de 2019 pressupõem a atuação da professora e monitora como mediadoras e dos alunos como protagonistas do processo de aprendizagem, para construção coletiva de conhecimento. A disciplina Política de Saúde no Brasil, ministrada para o curso de nutrição, educação física e biomedicina de uma universidade federal da região sudeste aborda os direitos em saúde da população, tendo como um dos eixos centrais o tema equidade em saúde. Debater esse tema é necessário para que o aluno seja capaz de compreender seu papel no Sistema Único de Saúde durante a graduação, como usuário e futuramente como profissional, que entenda como as políticas e ações de saúde se configuraram ao longo dos anos, o período a partir da implantação do Sistema Único de Saúde e o atendimento das necessidades em saúde da população. Um conjunto de estratégias pedagógicas foi implementado, com destaque para a atividade denominada “Cria(a)tividade” que congrega temas centrados do direito à saúde e na equidade com abordagens pedagógicas que dão ao estudante o protagonismo do processo de ensinar, estimulando a criatividade. Os temas foram: Atenção à Saúde da População Negra, Atenção à Saúde das Mulheres em Situação de Violência; Atenção à população em situação de rua, saúde, saúde indígena e atenção à saúde de pessoas privadas de liberdade. Os alunos são estimulados a apresentar a temática de forma associados ao debate de sala de aula sobre o SUS, usando meios lúdicos (como jogos, músicas e filmes). Os grupos recebem um roteiro explicativo, contendo uma ementa, objetivo, a data de apresentação, horário previsto e uma bibliografia proposta e um roteiro que norteasse sobre os relatórios, com uma bibliografia em comum para a turma toda. O processo avaliativo ocorre através de relatórios entregues após as apresentações, foi feita avaliação da interpretação dos conceitos citados pelos grupos e a leitura dos textos propostos. O processo avaliativo ocorreu durante a elaboração do seminário e durante a apresentação. Ao final da disciplina foi realizado um questionário avaliativo das práticas pedagógicas empregadas durante o semestre letivo, os alunos foram indagados a respeito dos pontos positivos e negativos de cada prática e se dessa maneira foi possível consolidar o conteúdo empregado na disciplina. As respostas foram anônimas e os alunos tiveram liberdade para expressar todas suas opiniões sobre as atividades exercidas em sala de aula durante o período letivo, dessa forma mudanças puderam ser aplicadas nos períodos seguintes, esse canal foi necessário para valorizar a voz do aluno ao final do período. Analisando o resultado dos questionários, observou-se que o uso das referidas práticas pedagógicas foi positivo para debater os conteúdos empregados na disciplina, destacando que a temática do direito à saúde não é debatida em outra disciplina na grade do referido curso. A opção por utilizar as práticas pedagógicas que permitem que o aluno se torne protagonista do seu processo de aprendizagem se mostrou coerente com o objetivo do trabalho, pois os alunos puderam se questionar sobre seu papel na prática profissional como agente modificador e criar maneiras para discutir os temas das atividades de forma criativa e dinâmica, pois os alunos buscaram músicas, trechos de filmes e poesias para expressar suas ideias. O resultado positivo estimulou que algumas atividades apresentadas pelos grupos fossem incorporadas ao cronograma da disciplina para turmas posteriores, apontando para um protagonismo que extrapola a atividade específica. Outras atividades pedagógicas foram planejadas, como o Seminário em Roda e o Sarau da Saúde, estão em curso, aprofundando a proposta iniciada na disciplina e inserindo mais a questão cultural no diálogo da disciplina. O profissional de saúde precisa dominar conhecimentos que vão além de seu domínio técnico-científico e para que isso seja eficaz, é necessário estimular o pensamento crítico sobre as diferentes realidades que uma sociedade se constitui. O desenvolvimento da autonomia do estudante, a ruptura do modelo de ensino tradicional e a oportunidade de desenvolver novos significados junto às turmas configuraram o trabalho durante a aplicação das práticas pedagógicas na disciplina. Considerando o momento político de crescente retirada de direitos a partir da redução drástica do financiamento e de mudanças nas políticas de saúde e educação, o debate sobre direito em saúde dentro de sala torna-se mais relevante para a formação profissional. As atividades realizadas tiveram objetivo fomentar o pensamento crítico acerca da conquista do direito à saúde ao longo dos anos e a manutenção e garantia de direitos através do protagonismo estudantil no processo de aprendizagem. O processo de ensino da graduação precisa estabelecer uma relação com o estudante, valorizando a construção de conhecimento coletivo através da associação do conhecimento teórico e prático. As práticas pedagógicas apresentadas foram importantes para o diálogo da disciplina com as questões políticas da atualidade, que são necessárias para a formação dos profissionais. Dessa maneira é possível que os próximos períodos letivos se beneficiem de um trabalho cada vez melhor estruturado e pensado através da ótica estudantil. 

9748 TERRITÓRIO VIVO: UMA EXPERIÊNCIA TRANSCULTURAL NA ALDEIA SAHU-APÉ - AMAZONAS, BRASIL
Mariana Paula da Silva, Priscilla Mendes Cordeiro, Paula Andreza Viana Lima, Tatiana Caroline Lima Lobato, Tainan Fabrício da Silva, Natalie Kesle Costa Tavares

TERRITÓRIO VIVO: UMA EXPERIÊNCIA TRANSCULTURAL NA ALDEIA SAHU-APÉ - AMAZONAS, BRASIL

Autores: Mariana Paula da Silva, Priscilla Mendes Cordeiro, Paula Andreza Viana Lima, Tatiana Caroline Lima Lobato, Tainan Fabrício da Silva, Natalie Kesle Costa Tavares

Apresentação: A aldeia Sahu-Apé está situada na estrada AM-070 km 37 no município de Iranduba- AM, porém pertence ao polo base de Manacapuru-AM do Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus (DSEI Manaus), possuindo o grupo étnico Sateré-Mawé. Sua terra indígena ainda não é reconhecida pela FUNAI, a organização da aldeia se deu há 26 anos, pois os Sateré-Mawé são provenientes do rio Andirá do município de Barreirinha-Am, no Baixo Amazonas. Os indígenas Sateré-Mawé habitavam o vasto território entre os rios Madeira e Tapajós, delimitado ao norte pelas ilhas Tupinambaranas, no rio Amazonas e ao sul pela cabeceira do rio Tapajós e tiveram seu primeiro contato com os brancos na época de atuação da Companhia de Jesus; quando os jesuítas fundaram a Missão de Tupinambarana, em 1669. Esta investigação tem como objetivo de relatar a experiência vivenciada de docentes e acadêmicos durante visita a aldeia indígena Sahu-Apé da etnia Sater-Mawé no Amazonas. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência da visita realizada a aldeia indígena Sahu-Apé da etnia Sataré-Mawé. A visita fez parte das atividades de “território vivo” do 13° Congresso Internacional da Rede Unida ocorrido em Manaus (AM) no ano de 2018, do qual participaram 40 pessoas na condição de congressistas. Dentre os congressistas, estavam presentes acadêmicos e docentes do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Resultado: A visita a aldeia indígena propiciou experiências importantes aos participantes, pois foi possível conhecer e entender os costumes dos indígenas da etnia Sateré – Mawé. A comunidade possui 16 composições familiares que perfazem um total de 50 pessoas, suas moradias são de madeira ou alvenaria e algumas cobertas por palhas, dispõe de um centro comunitário onde as crianças aprendem a língua da própria etnia. A aldeia está localizada na região metropolitana de Manaus e com isso influencia na mudança do estilo de vida dessa população com introdução cada vez mais frequente de alimentos e bens industrializados assim como o consumo de álcool e drogas ilícitas. No entanto, os elementos principais da dieta desta etnia são farinha de mandioca, peixe, bananas, carnes de caça entre outros. Durante a visita, oportunizou-se aos participantes o consumo de um jacaré que foi assado pelos indígenas da aldeia e servidos aos visitantes. A principal forma de subsistência desta aldeia se baseia na caça, pesca, artesanato e turismo, apesar de algumas famílias estarem inserida nos programas de Transferência de renda do Governo Federal como Bolsa Família. Desta forma, foi possível perceber que a fabricação de artesanatos ainda é presente na vida social dos Sateré-Mawé, na confecção de paneiros, jamaxis, remos, canoas, colares e pulseiras de sementes e fibras de palmeiras; sendo comercializados na própria aldeia. As pinturas corporais também se fazem presentes nesta etnia e também são usadas como fonte de renda já que muitos turistas visitam o lugar. Nota-se, que estes indígenas fortalecem suas identidades étnicas e buscam alternativas econômicas para sua subsistência, demonstrando que apesar do contexto urbano o vínculo identitário não é perdido. Pelo contrário, eles se organizam e criam novas formas de sociabilidades no espaço da cidade para reprodução física e cultural de suas origens de pertencimento indígena. Essa etnia indígena possui um ritual conhecido mundialmente pela forma como é feito e apresentado, trata-se do ritual da Tucandeira. Este momento de educação, saúde e também ciência foi apresentada aos visitantes. Esse ritual determina a alteridade do jovem Sateré-Mawé frente a sua própria família e as suas escolhas na comunidade como caçador, pescador, constituir família, pajé e proteção espiritual. Esta experiência foi sem igual, pois nos deparamos com um ritual rico culturalmente. As formigas Tucandeiras utilizadas no ritual possuem um ácido fórmico, que ao serem injetadas no organismo contribuem para a defesa endógena do indivíduo, aumentando a imunidade contra doenças. Após preparos, houve uma roda de dança onde indígenas e visitantes cantaram e dançaram juntos durante o ritual. Nesse ritual, as mulheres tem papel importante com o preparo do çapó e comidas a serem oferecidas aos convidados; além de entrarem na roda de danças e cantarem juntamente com os homens. A presença do pajé na aldeia demonstra autoridade e também hierarquia, pois contribui para o fortalecimento da identidade indígena e fortalecimento da cultura local. Nesse sentido, ele é o único responsável pelo preparo de remédios caseiros conhecidos como “Farmácia Viva” e pela realização de rituais. O lugar que ele utiliza para o preparo dos rémedios foi apresentado por ele aos visitantes. Os remédios produzido também são vendidos na aldeia como forma de contribuir para a renda local. Considerações finais: Percebemos o quanto é importante o contato com uma cultura diferente da nossa realidade cotidiana. A etnia indígena Sateré – Mawé contribuiu para o enriquecimento dos nossos conhecimentos e quebra paradigmas como de que são atrasados ou desprovidos de conhecimentos. Se deparar com uma cultura totalmente diferente nos faz refletir o quanto o nosso país é rico culturalmente. Observar eventos culturais como o Ritual da Tucandeira são importantes, o que evidencia o caráter dinâmico da cultura. Apesar do contato urbano, percebe-se uma luta de construção e reconstrução cultural, pois o Ritual da Tucandeira não significa apenas a passagem da infância a idade adulta como também agrega outros significados relacionados ao espetáculo apresentado aos turistas visando a obtenção de renda. Contudo, este contato propiciou também o amadurecimento pessoal, nos colocamos no lugar de cada indígena onde sabemos que seus direitos são atacados de forma direta e que hoje em dia não lutam apenas para sobreviver com água e comida, mas lutam para que suas tribos não sejam dizimadas. Vimos o quanto o trabalho desses indígenas é importante, pois mantém viva sua cultura. Os trabalhos braçais como a confecção de artesanatos e objetos para caça, saberes, crenças, mitos são respeitados como base da construção e apropriação de conhecimentos. A constante sobrevivência destes indígenas concerne em manter viva suas raízes e identidade cultural em um país dotado de preconceitos. A experiência vivenciada na atividade de “território vivo” contribuiu para reconstrução de ideais firmes que farão diferença nas atuações sociais e políticas. A sensibilização quanto a este tipo de temática se faz necessária, tendo em vista, que estas populações necessitam de atenção e valorização cultural. Nesse sentido, esse tipo de experiência valoriza o diálogo e oportuniza o conhecimento da cultura indígena, ou seja, um patrimônio intangível e de valor imensurável.

11428 PROMOÇÃO DA SAÚDE NA UFBA: CONCEPÇÕES E AÇÕES
Liliana Santos, Adriana de Oliveira Lima dos Santos, Monique Azevedo Espiridião

PROMOÇÃO DA SAÚDE NA UFBA: CONCEPÇÕES E AÇÕES

Autores: Liliana Santos, Adriana de Oliveira Lima dos Santos, Monique Azevedo Espiridião

Apresentação: Promoção da Saúde na UFBA: Concepções e Ações As Universidades Promotoras de Saúde são instituições que aplicam os princípios da Promoção da Saúde (PS) em seu planejamento estratégico transversalmente. Nesta pesquisa, realizada de junho de 2018 a março de 2019, são analisadas concepções de gestores, estudantes e trabalhadores e ações de Promoção da Saúde existentes na Universidade Federal da Bahia, bem como identificadas potencialidades desta Universidade como Promotora de Saúde. Realizou-se um estudo qualitativo de natureza exploratória através de análise documental e entrevistas semiestruturadas com informantes-chave. A Universidade Federal da Bahia é uma instituição complexa, formada por uma comunidade de 41.076 estudantes matriculados em cursos de graduação e pós-graduação, 6.560 trabalhadores, entre docentes, técnicos administrativos e servidores terceirizados, conforme dados obtidos na Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas e dados do informativo UFBA em números Ano base 2016 (UFBA, 2017). A realização de estudos sobre a responsabilidade social que a instituição possui sobre a saúde da comunidade interna e externa é importante para a garantia deste direito humano constitucional. Neste contexto, indagou-se nesta pesquisa: Como a UFBA responde à comunidade quanto à questão da Promoção da Saúde? Quais as concepções e ações de Promoção da Saúde nela existentes? Que recursos, potencialidades e desafios a UFBA possui para avançar na direção de ser uma Universidade Promotora de Saúde? Em que medida as concepções de informantes-chave sobre promoção da saúde influenciam as ações realizadas? Buscando-se responder a estas indagações, identificou-se concepções de Promoção da Saúde e sobre Universidades Promotoras de Saúde (UPS) e realizou-se mapeamento das ações de PS referidas pelos participantes, com vistas à análise das concepções e ações quanto a possuir um foco individual, no desenvolvimento de hábitos saudáveis ou mais coletivo, relacionando-se às condições de vida. Trata-se de um estudo qualitativo de natureza exploratória no qual foram realizadas análise documental e entrevistas semiestruturadas com atores-chave. A análise dos dados foi realizada buscando-se identificar relações entre o conteúdo dos discursos e documentos e os princípios e campos de atuação da PS preconizados na Carta de Ottawa, eleitos como categorias para fins da análise das concepções e ações na UFBA. Para a análise das ações, após sua identificação a partir de documentos e entrevistas, foi verificado se consistiam em ações focadas no indivíduo ou se abrangiam aspectos direcionados ao coletivo e ao ambiente. A relação das concepções apreendidas com as ações identificadas também foi analisada. As características encontradas permitiram uma análise da situação atual da Promoção da Saúde na UFBA e da forma como esta instituição responde à sua comunidade com vistas a ser uma Universidade Promotora de Saúde. Verificou-se que as concepções sobre Promoção da Saúde na Universidade Federal da Bahia abrangem um gradiente do estilo de vida às condições de vida e trabalho. Questões amplas como as relações de poder e o modelo de atenção à saúde se apresentam dispersas nos discursos. A concepção sobre PS dos gestores está centrada em aspectos como relações interpessoais, qualidade de vida no trabalho, ações de permanência, qualificação de ambientes, desenvolvimento humano individual e de equipes e gestão do trabalho. Para as entidades representantes dos servidores relaciona-se à disseminação de conhecimento sobre saúde, à realização de atividades com foco no estilo de vida, à criação de ambientes favoráveis à saúde, além da prestação da assistência. Os estudantes relacionam este conceito à oferta de serviços de assistência concomitantemente à função da Universidade de disseminadora de conhecimentos para a sociedade e à sua responsabilidade pela reflexão sobre promoção da saúde. As ações mais referidas pelos participantes como promotoras de saúde foram as relacionadas à assistência e estilo de vida, de cunho individual. Nos documentos foram identificadas ações mais relacionadas aos determinantes intermediários e distais de saúde, conforme referencial teórico, porém se encontravam dispersas, sem clareza sobre a intenção de Promoção da Saúde. Potencialidades e desafios foram apontados para a construção de uma UFBA Promotora de Saúde, como a autonomia universitária, a maturidade institucional, bem como as limitações financeiras e efeitos da conjuntura político econômica e social vivida no Brasil e a prática do princípio da intersetorialidade. Com esta pesquisa foi possível visualizar as possibilidades de construção de uma UFBA mais promotora de saúde alicerçada no conceito ampliado de saúde e no gradiente concepções sobre Promoção da Saúde desde o enfoque sobre o estilo de vida até as condições de vida e trabalho, a partir de ações intersetoriais e participativas.

11062 FATORES QUE INTERFEREM PARA A FALTA DE MOTIVAÇÃO NO TRABALHO DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA.
JUAN FERREIRA CUNHA, JOANA DARC FIALHO DE SOUZA

FATORES QUE INTERFEREM PARA A FALTA DE MOTIVAÇÃO NO TRABALHO DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA.

Autores: JUAN FERREIRA CUNHA, JOANA DARC FIALHO DE SOUZA

Apresentação: O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa, que buscou produções científicas acerca dos fatores que levam a falta de motivação dos profissionais de enfermagem para exercer suas atividades em seu ambiente laboral, e dessa maneira, podendo interferir na qualidade da assistência prestada e no aparecimento de doenças psicossociais nesses trabalhadores. O estudo visa identificar os fatores que levam a falta de motivação dos enfermeiros a realizar suas atividades no ambiente de trabalho. Desenvolvimento: Buscou-se publicações científicas indexadas na Biblioteca virtual em saúde (BVS), nas bases de dados, BDEnf, LILACs e MedLine, no espaço  de tempo entre 2013 a julho de 2019. Seguindo os critérios adotados para a inclusão e após análise minuciosa, foram selecionados um total de 17 publicações que foram utilizadas para leitura e discussão. Resultado: Os estudos apontaram que contribuem como fatores para a falta de motivação no trabalho da enfermagem, questões como: remuneração, falta de apoio institucional, falta de recursos materiais, falta de reconhecimento/valorização do trabalho, o relacionamento multiprofissional, os direitos trabalhistas, a sobrecarga de trabalho/responsabilidade da enfermagem, carga horária. A enfermagem vem se empenhando em cuidar de seus pacientes com qualidade, buscando a eficiência através do conhecimento e princípios científicos que respaldam sua prática profissional, porém, a desmotivação no trabalho  pode gerar uma ruptura nesse processo e como consequência a insatisfação, o desgaste físico e emocional. Considerações finais: O trabalho de enfermagem  requer o cuidado com o outro em seus diversos aspetos e especificidades. Dessa forma, para  seguir com essa  rotina de trabalho e eficiência,  são necessários que gestores, instituições subsidiem recursos para promover ambientes laborais mais saudáveis, melhores condições no processo de trabalho, e a valorização da dimensão humana desse trabalhador, proporcionando sua auto motivação,  resultando positivamente em sua produção do cuidado.