445: O trabalho multidisciplinar
Debatedor: Rosane Melo
Data: 29/10/2020    Local: Sala 11 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
10828 ASPECTOS ÉTICOS E BIOÉTICOS DA ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NOS NÚCLEOS AMPLIADOS DE SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF)
DANIELA FERRAZ FRAUCHES CARVALHO

ASPECTOS ÉTICOS E BIOÉTICOS DA ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NOS NÚCLEOS AMPLIADOS DE SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF)

Autores: DANIELA FERRAZ FRAUCHES CARVALHO

Apresentação: O fisioterapeuta esteve ao longo da história da profissão vinculado a uma lógica curativista e reabilitadora, porém através dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, com posterior alteração de nomenclatura para Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF), se vê incorporado à proposta da Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, proposta essa de integralidade, de transversalidade e de longitudinalidade. Neste novo modelo de atenção proposto, pensar o cuidado nas relações é fundamental, o que envolve trabalhar a capacidade de comunicação, alteridade e empatia para se fazer compreender e ao mesmo tempo compreender a fala do outro, fazendo-se essencial a construção de habilidades que se combinem à técnica de modo a construir um profissional, de fato, competente. A Bioética é um campo do saber que possibilita ao profissional lidar com estas questões fundamentais do quotidiano do serviço, das relações entre os profissionais àquelas com os usuários e a comunidade; desta forma ela pode contribuir para que haja uma abordagem mais ampla em relação aos conflitos vivenciados pelo fisioterapeuta no NASF, permitindo uma percepção mais apurada sobre os problemas éticos e bioéticos vivenciados, além de capacitar os profissionais a buscarem soluções dialógicas para os mesmos. Portanto, nesse trabalho buscou-se descrever e refletir sobre os problemas éticos e bioéticos vivenciados pelos fisioterapeutas da APS – especificamente vinculados ao NASF, do município do Rio de Janeiro. Foi utilizado um questionário com perguntas fechadas e abertas, aplicado aos fisioterapeutas atuantes em dois NASFs no município do Rio de Janeiro, e realizada a análise de conteúdo de acordo com o proposto por Bardin. O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (CAAE: 30819414.9.0000.5279) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (CAAE: 29352314.6.0000.5153). No questionário entregue aos fisioterapeutas encontrava-se duas seções de perguntas abertas e fechadas, sendo a primeira referente à identificação, abordagem e soluções encontradas diante de problemas éticos e/ou bioéticos vivenciados pelos mesmos em sua prática no NASF e a segunda referente aos conhecimentos dos profissionais quanto a ética e bioética, definição destes conceitos e conhecimentos das principais correntes da bioética, bem como experiências anteriores de ensino-aprendizagem envolvendo a temática. Quanto a identificação de problemas éticos e/ou bioéticos foi percebido que a maior parte dos problemas identificados dizem respeito a questões envolvendo os profissionais e/ou equipe, sendo apresentado como consequência disso prejuízo ao usuário, além disso apresentou-se a dificuldade em abordar tais problemas, sendo, portanto, negligenciados. Também foi percebido o ainda incipiente conhecimento dos fisioterapeutas atuantes no NASF sobre os conceitos de ética e bioética, bem como o desconhecimento das correntes de bioética mais comumente conhecidas e abordadas, devido a insuficiente ou ausente abordagem do tema no processo de formação. Com os resultados encontrados percebe-se a necessidade de desenvolver competências éticas e bioéticas nos cursos de fisioterapia, bem como que as mesmas sejam trabalhadas em processo de educação continuada com os profissionais que já são atuantes no campo.

8861 VISITA DOMICILIAR REALIZADA POR ENFERMEIROS NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Flavia Pedro dos Anjos Santos, Sonia Acioli, Vanda Palmarella Rodrigues, Tatiana Almeida Couto

VISITA DOMICILIAR REALIZADA POR ENFERMEIROS NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Flavia Pedro dos Anjos Santos, Sonia Acioli, Vanda Palmarella Rodrigues, Tatiana Almeida Couto

Apresentação: No contexto da Atenção Primária à Saúde (APS) é reafirmado o direito de acesso ao cuidado produzido pelos profissionais de saúde por meio de ações desenvolvidas nas unidades de saúde e nos diversos espaços do território, inclusive no domicílio. Assim, o cuidado à saúde realizado no domicílio se configura em potente instrumento para identificação das necessidades de saúde dos usuários e do contexto social no qual estão inseridos, além de contribuir para o fortalecimento do vínculo entre usuários e profissionais de saúde. Entre os membros da equipe de saúde que realizam visita domiciliar destaca-se a atuação do enfermeiro que ao desenvolver ações assistenciais e de promoção à saúde permeada pela escuta sensível, diálogo e acolhimento contribuem significativamente para a aproximação com o cuidado integral. Nessa perspectiva, este estudo objetiva compreender como ocorre a visita domiciliar realizada por enfermeiros que atuam na APS. Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada com 27 enfermeiros que atuam na APS de um município do interior da Bahia, dos quais 12 atuavam nos centros de saúde e 15 nas Unidades de Saúde da Família (USF). Ressalta-se que para selecionar os enfermeiros das USF foi necessário utilizar o critério de inclusão de possuir o tempo mínimo de três meses de atuação na APS, em virtude da constante rotatividade dos enfermeiros que atuam nas USF no município pesquisado. Para os enfermeiros que atuam nos centros de saúde não houve a necessidade de aplicar este critério, pois os mesmos são concursados. No que se refere a critério de exclusão, tanto no centro de saúde como nas USF, foram excluídos os enfermeiros que se encontravam de férias, licença-prêmio ou licença-médica. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada, com a duração média de 50 minutos, no período de julho a dezembro de 2017 e as informações provenientes das entrevistas foram analisadas por meio da hermenêutica filosófica de Gadamer. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste sob parecer nº 1.968.255 e CAEE 65365317.1.0000.5578, e a participação dos enfermeiros ocorreu de forma voluntária após terem lido e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultado: O estudo identificou que as visitas domiciliares nos centros de saúde são realizadas apenas pelos enfermeiros que estão inseridos no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), evidenciando ênfase no cuidado individual, fragmentação na produção do cuidado e fragilidades no trabalho interprofissional, fato que revela a necessidade de ressignificar as práticas de saúde realizada nesses cenários, no intuito de contemplar os propósitos da APS. Por sua vez, as visitas domiciliares realizadas pelos enfermeiros e médicos das USF, na maioria das vezes, ocorrem a partir das visitas realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que em reunião com a equipe sinalizam as famílias que estão necessitando do cuidado domiciliar, com priorização dos usuários que apresentam dificuldade de locomoção e pessoas acamadas. Além disso, em algumas USF ocorre o planejamento mensal das visitas a serem realizadas semanalmente pelo enfermeiro e pelo médico. Também foi identificado que as visitas realizadas geralmente são motivadas pelas necessidades de saúde de um integrante da família; contudo, os enfermeiros referiram que buscam contemplar outros membros da família, por meio de orientações e de realização de procedimentos àqueles que manifestam verbalmente suas demandas de saúde ou mediante a observação do contexto familiar. Os enfermeiros revelaram ainda que o planejamento de suas visitas também ocorre a partir da sua percepção durante a consulta de enfermagem e pelas demandas trazidas por usuários que vão à unidade de saúde e relatam a condição de saúde de seus familiares. Além disso, também informaram que realizam visitas às puérperas, aos recém nascidos e aos usuários que não demonstram adesão ao cuidado produzido na unidade de saúde, sobretudo idosos com diagnóstico de hipertensão e diabetes. Foi destacado pelos enfermeiros que, ao adentrar no domicílio dos usuários, observam com discrição suas condições socioeconômicas e de higiene bem como buscam desenvolver práticas permeadas pelo respeito e escuta ao usuário, no intuito de realizar orientações mais adequadas à sua realidade, o que possibilita maior resolutividade de suas práticas e fortalecimento de vínculo com a família. Ademais, alguns enfermeiros referiram que a partir dessas observações realizam orientações com ênfase no cuidado corporal, higiene, ações de combate ao Aedes aegypti, além de estimular a corresponsabilidade entre os membros da família no que se refere ao cuidado ao familiar que apresenta maior vulnerabilidade. No que concerne às dificuldades encontradas para a realização da visita domiciliar, tanto nos centros de saúde como nas USF, os enfermeiros apontaram que tem acontecido frequentemente a falta de transporte para seu deslocamento da unidade de saúde até os domicílios do usuário, fato que tem levado os enfermeiros a se deslocarem andando para os domicílios. Por sua vez, nas USF o transporte é assegurado regularmente para as visitas realizadas pelos médicos, o que leva alguns enfermeiros a realizarem suas visitas juntamente com este profissional, ocasionando que um número reduzido de famílias seja visitado por dois profissionais da equipe, enquanto outras famílias não são visitadas. Tal situação evidencia que o gestor municipal de saúde possui uma visão hegemônica da saúde, com supervalorização do profissional médico, além de não reconhecer que as visitas realizadas pelos enfermeiros podem ser potentes propulsoras de melhorias na qualidade de vida dos usuários que são visitados, tanto no aspecto assistencial como de promoção à saúde. Considerações finais: O estudo evidenciou que a visita domiciliar realizada pelos enfermeiros da APS do município pesquisado apresenta lacunas na sua implementação, tendo em vista que nos centros de saúde há apenas a interação com o ACS; e nas USF há a interação com o ACS e o médico, o que não favorece o trabalho interprofissional proposto pela APS. Além disso, os direcionamentos provenientes do gestor municipal da saúde parecem evidenciar a falta de reconhecimento do enfermeiro, uma vez que não fornece condições estruturais para a realização de suas visitas, fato que gera impactos negativos para a sua valorização profissional e acesso restrito dos usuários ao cuidado produzido no contexto familiar. Mediante o exposto, o número reduzido de visitas realizadas pelo enfermeiro também pode trazer implicações no que se refere à fragilização do vínculo com a comunidade e ao caráter educativo e assistencial destas visitas, uma vez que o usuário ao não ter acesso regular a visita do enfermeiro, gera a necessidade de promover melhores condições de trabalho para que se desenvolva práticas condizentes com sua potencialidade profissional.

9135 PRINCIPAIS LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS NO HANDEBOL
Nathália Arnoldi Silveira, Mylena Stefany Silva dos Anjos, Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho

PRINCIPAIS LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS NO HANDEBOL

Autores: Nathália Arnoldi Silveira, Mylena Stefany Silva dos Anjos, Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho

Apresentação: A origem do handebol ainda é precisamente definida, porém muitos estudiosos dizem que os alemães foram os responsáveis pela difusão do esporte. Antes de ser jogado em quadras, o handebol deu seus primeiros passos no campo, em meados de 1917 durante o período da Primeira Guerra Mundial. Com o passar dos anos o esporte foi ganhando mais popularidade na Europa, sendo que por volta de 1919 era jogado com 11 integrantes em cada equipe, em um campo de 80 x 40 metros e mais tarde com dimensões próximas à do futebol de campo. O handebol de quadra surgiu em 1924, na Suécia, devido aos rigorosos invernos, quando não era possível jogar em campos abertos. Já no Brasil, o handebol foi introduzido por colônias européias, principalmente alemãs, por volta de 1930, quando ainda era jogado em campo; e, a partir de 1999, passou a ganhar maior destaque devido às medalhas conquistadas nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg; ouro no feminino e prata no masculino. O handebol é um esporte que cresce cada vez mais e tem se tornado referência em diferentes cenários. Esta modalidade é muito dinâmica e capaz de desenvolver vários aspectos sociais, cognitivos e motores, tais, como cooperação, sociabilização e inclusão, lateralidade, agilidade e flexibilidade, além de habilidades como correr, saltar e arremessar. Por conta disso, o atleta precisa apresentar resistência e potência muscular para as diferentes condições do jogo, como por exemplo, os arremessos, contra-ataques e mudanças bruscas de direção. Outra característica é que esta modalidade apresenta contato direto entre os jogadores, desta forma, os atletas estão suscetíveis a traumas diretos ou indiretos. O handebol é propício à ocorrência de lesões, devido aos impactos sofridos pelas atletas, na realização de saltos e mudanças rápidas de direção, ou pelos níveis de alta intensidade de treinamento exigidos pelas atletas e são por esses motivos que seus praticantes devem estar informados sobre tal risco. Segundo Cohen e Abdalla (2003), existem 3 fatores causadores de lesão no handebol: fatores pessoais, que incluem idade, sexo, agilidade, coordenação; fatores da modalidade, como contato com os oponentes e colegas, gesto esportivo, equipamentos; e os fatores ambientais, neste caso, a temperatura e o piso. Uma das melhores maneiras de se prevenir lesões no handebol é respeitando as individualidades de cada atleta e ter um cuidado maior quanto à sobrecarga dos treinos ou jogos, pois é necessário que o treinador de cada equipe tenha o conhecimento de que administrar essa área corretamente ajudará na prevenção de lesões (VERISSIMO, 2012). Uma das formas de reabilitação são as técnicas de propriocepção, que podem aumentar a qualidade e a velocidade das respostas do aparelho neuromuscular, de modo que estimule a sensibilidade e a reação com respostas rápidas e precisas. (ROSSATO et al., 2013). Para Girotto (2012) os riscos de lesões podem ocorrer devido a constantes mudanças de direção, movimentos rápidos de giro e aceleração, paradas bruscas, saltos e aterrisagens com apenas um pé e a rigidez da superfície. As lesões podem ser consequência de outros fatores, como: lesões preexistentes, fatores fisiológicos, ambiente pessoal ou global, equipamentos ou das atividades devido ao nível de competitividade, qualidade e quantidade dos treinos. (GARRICK; WEBB, 2001, apud CORRÊA JUNIOR, 2009). Segundo Santos et al. (2007), os esportes que contêm fundamentos que exigem impactos são aqueles nos quais os praticantes estão mais suscetíveis a lesões. Através disso, foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar as principais lesões acometidas nos atletas do handebol do Brasil. MATERIAIS E MÉTODOS Este estudo caracteriza-se como uma revisão bibliográfica. Para tal, foram selecionados monografias, dissertações, teses e artigos publicados entre 2010 e 2019. A pesquisa foi realizada em quatro bases de dados bibliográficas: PubMed, Scielo, Google Acadêmico e LILACS. Resultado: Um estudo realizado por Sanches (2008) concluiu que quanto aos locais mais acometidos, encontramos joelho (26%), dedos MMSS (21%), tornozelo (16%), ombro (11%), região lombar (5%), punho (5%), quadril (5%) e perna (11%), que corroboram com os dados de Cohen e Abdalla (2003): joelho (35,9%), tornozelo (14,8%), ombro (12%) e região lombar (7,65%). E, também, concluiu que 50% das lesões ocorreram na extremidade inferior e 50% na extremidade superior, diferente do que foi visto por Seil et al. (1998), que em seu estudo encontrou um envolvimento em 37% dos casos da extremidade superior e 54% da extremidade inferior. Através de um estudo realizado por Seil (1998), foram encontrados estes números: 77% de lesões durante os jogos e 23% de lesões durante os treinos. A maior incidência de lesões em jogos é ocasionada pela maior intensidade do jogo e a maior quantidade de contanto durante os movimentos. Segundo Ingham (1), “a literatura mostra uma maior incidência de lesões durante o jogo quando comparado ao treino. Isto pode ser explicado pela maior intensidade e velocidade do jogo comparado ao treino”. De acordo com um estudo realizado por  Barreira (2006), composto por 30 atletas da categoria adulto de handebol masculino das equipes de Blumenau e Itajaí, obtiveram resultados semelhantes aos encontrados neste estudo, cujos locais de maior incidência de lesões foram: o ombro (23%) e tornozelo (21%), resultados também afirmados por Bedo et al. (2012), que, apesar dos resultados de seu estudo, a incidência de lesões no joelho terem sido superiores (21,1%), o número de lesões no ombro e tornozelo também são elevados, 19,2% e 22%, respectivamente. Também, Cohen e Abdalla (2003) observaram em seu estudo 7,65% de lesões ocorridas na região lombar. Na tentativa de diminuir o risco de lesões no handebol, algumas formas de prevenção podem ser realizadas, e uma dessas é através da utilização de equipamentos de proteção como: tornozeleiras, joelheiras ou cotoveleiras. Considerações finais: Através desta pesquisa concluímos que as prevalências de leões no Handebol são ocasionadas durante as partidas e o local mais acometido são os membros superiores, mais especificadamente, o ombro e o joelho. Em seguida tornozelo e os dedos dos membros superiores. Portanto, o acompanhamento e orientação de profissionais da área da saúde, tais como fisioterapeuta, educador físico, médico tem seu feedback positivo para a prevenção de futuras lesões que por muitas vezes podem ser evitadas. Refletir e debater sobre este assunto no Congresso Internacional da Rede Unida é de suma importância, pois o handebol é uma atividade física bastante praticada por jovens nas escolas públicas brasileiras e suas lesões necessitam serem compreendidas para melhor serem tratadas no Sistema Único de Saúde. (1) Ingham et al. (2004, p. 3)

9469 AS CONCEPÇÕES DE ENFERMEIROS(AS) DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O TRABALHO DESENVOLVIDO NESSA INSTÂNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
Amanda Caetano dos Santos, Flávio Adriano Borges

AS CONCEPÇÕES DE ENFERMEIROS(AS) DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O TRABALHO DESENVOLVIDO NESSA INSTÂNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE

Autores: Amanda Caetano dos Santos, Flávio Adriano Borges

Apresentação: É possível identificar a escassez bibliográfica que aborde a concepção de enfermeiros(as) da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre seu respectivo trabalho nessa instância de atenção à saúde. Com o intuito de contribuirmos com esta lacuna de produção do conhecimento, apresentamos o presente trabalho que é fruto de um projeto de iniciação científica em desenvolvimento, financiado pelo CNPq e que tem como objetivo geral analisar as concepções dos(as) enfermeiros(as) da ESF de um município do interior do Estado de São Paulo sobre o trabalho do(a) enfermeiro(a) nessa instância de atuação profissional. Desenvolvimento: – Consiste em um trabalho de caráter exploratório e abordagem qualitativa e está em desenvolvimento com enfermeiros(as) da ESF de um município de médio porte situado no interior do Estado de São Paulo. A coleta dos dados tem se dado por meio de entrevistas semiestruturadas, que estão sendo gravadas e transcritas na íntegra e que serão analisadas por meio de alguns conceitos do referencial teórico da Análise Institucional. Consiste em uma aproximação da primeira autora de alguns conceitos analíticos desse referencial teórico, não se tratando de um processo interventivo segundo os princípios Socioanalíticos e Socioclínicos. Resultado: – Até o momento foram realizadas 6 entrevistas com a população do estudo. Contudo, fazendo uma análise preliminar das mesmas é possível perceber que os(as) enfermeiros(as) da ESF deste município apresentam concepções diversas sobre como se dá o seu trabalho nessa instância de atenção à saúde, como se sentem sendo enfermeiros(as) da ESF e quais as facilidades e dificuldades em suas atuações profissionais na ESF. Os relatos têm sido comuns com relação à sensação de realização profissional por permitir um contato mais próximos aos usuários, pela autonomia no desenvolvimento das consultas de enfermagem, por desenvolver seu trabalho com uma equipe multiprofissional, apesar das dificuldades enfrentadas cotidianamente para que trabalho, de fato, aconteça em equipe. Contudo, alguns relatos perpassam pela contribuição de outros olhares na qualificação do cuidado em saúde, reconhecendo a necessidade de uma equipe multiprofissional para lidar com a complexidade do cuidado em saúde na ESF. Considerações finais: Podemos perceber que o processo de análise de implicação profissional tem se dado por meio da realização dessa pesquisa. Acreditamos que com a finalização das entrevistas e uma prévia análise dos dados obtidos poderemos disparar um processo de análise de implicação com os(as) enfermeiros(as) participantes deste estudo, caminhando para uma perspectiva de Educação Permanente em Saúde a partir da análise da implicação profissional com eles(as).

9477 A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE AO TABAGISMO E SEUS DESAFIOS NO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AM
Antonia Naida Pereira do Nascimento, Adriana Moreira

A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE AO TABAGISMO E SEUS DESAFIOS NO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AM

Autores: Antonia Naida Pereira do Nascimento, Adriana Moreira

Apresentação: O resumo visa apresentar a implantação do Programa Nacional de Controle ao Tabagismo (PNCT) no Município de Tefé (AM) e o cuidado com a saúde dos munícipes dependente de tabaco. Sabemos que no Brasil o uso de tabaco tem sido um grande fator que contribui para o aumento das doenças crônicas não transmissíveis e até mesmo para a morte, dados estes que constantemente vemos nos noticiários e nas paginas do Ministério da Saúde. O PNCT é uma política que objetiva auxiliar os dependentes do tabaco e participantes do programa a pararem de fumar. Através de várias atividades educativas de prevenção e promoção à saúde, é possível ofertar à esse público educação em Saúde, por meio de palestras que lhes forneçam informações e estratégias necessárias para direcionar e incentivá-los a mudar hábitos que estimulem a melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, ele consiste em uma abordagem ativa e programática, em que os participantes são incentivados a praticar o que aprenderam com o programa em outros aspectos de sua vida. Desenvolvimento: No município de Tefé a gestão tem investido em qualificações e capacitações para os profissionais de saúde, proporcionando assim melhoria do processo de trabalho. Entre estas capacitações realizadas, destacamos a participação de alguns profissionais que puderam se qualificar para implantar o programa e desde maio de 2019 a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) de Tefé iniciou o processo de implantação do PNCT nas 23 equipes da Estratégia de Saúde da Família. No primeiro momento foi realizada capacitação com as Equipes de Saúde da Família com os médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de Saúde (ACS), profissionais vinculados às equipes, também foram capacitados dois psicólogos e uma assistente social, juntamente com a coordenação do programa. No segundo momento foi criado e centralizado o Ambulatório do Fumante na Policlínica Santa Teresa, que fica localizada no centro da cidade e de fácil acesso aos usuários, este, foi criado com o objetivo de acompanhar os tabagistas do município de Tefé, com uma agenda semanal nas segundas e quintas feiras, onde os profissionais de psicologia e serviço social capacitados para o funcionamento do programa, realizaram esses atendimentos em grupo e individualmente, e ainda foi possível participar de algumas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como: Auriculoterapia e Dança Circular. É importante lembrar que a captação desses tabagistas aconteceu por áreas de abrangências das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), por meio das visitas domiciliares realizadas pelos ACS, consulta de enfermagem, odontológicas ou médicas, nas atividades das PICS, assim como, por meio de divulgação na rádio e até procura espontânea dos fumantes nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Dessa forma, já foi possível identificarmos no município 1.592 tabagistas declarados, porém, sabemos que este número pode ser ainda maior, devido as pessoas que não se declaram fumantes. No terceiro momento o ambulatório foi descentralizado da Policlínica, em virtude da baixa demanda e adesão ao grupo, foi quando logo pensamos em uma nova estratégia de descentralizar para as UBS, afim de podermos dar continuidade ao trabalho do programa e principalmente podermos contar com maior participação dos tabagistas que residem próximos destas unidades. Resultado: Apesar do grande desafio que é sensibilizar um fumante a parar de fumar, o PNCT está proporcionando impactos positivos na saúde e na vida dos dependentes de tabaco, como também dos fumantes passivos, que são aqueles que convivem com os declarados fumantes. Vale lembrar que um grande passo já foi dado, pois, através da Lei Antifumo, que desde 2014 após sua criação, proíbe fumar em lugares fechados públicos e privados, e já se observou uma grande sensibilização por parte desses fumantes, que entenderam que não prejudicavam apenas eles, mas sim todos ao seu redor. Quanto ao programa, é possível dizer que já temos casos de pessoas que pararam de fumar, outros que estão em tratamento e ainda pessoas que aderiram as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, fazendo uso principalmente de Auriculoterapia, práticas essas que estão trazendo muitos benefícios na vida das pessoas, e por ter protocolos específicos para questões do vício, vêm contribuindo para que esses usuários possam além de parar de fumar, apresentarem melhor qualidade de vida. Outro ponto importantíssimo no tratamento desses tabagistas do PNCT, é a participação nas atividades físicas, onde através da Praça da Saúde que existe no município, coordenado pela SEMSA Tefé, estes participantes do programa podem realizar atividades físicas e aula de zumba que acontece todos os dias das 18hs às 19:30hs, causando alegria, disposição e incentivando-os a terem uma vida ainda mais saudável. Atualmente o PNCT funciona em todas as Unidades de Saúde e cada gerente e enfermeiro responsável pela Equipe de Saúde da Família é um grande aliado no funcionamento e andamento deste trabalho, assim como temos apoio da equipe do Núcleo Ampliado à Saúde da Família (NASF) que identifica, encaminha e acompanha esses usuários. Considerações finais: Portanto, sabemos dos desafios que ainda temos pela frente enquanto profissionais de saúde, bem como a resistência de muitos usuários em aceitarem o tratamento e acompanhamento para deixarem de fumar. Mas destacamos também a importância da implantação do programa PNCT em Tefé e seus benefícios na vidas de todos os cidadão. Parar de fumar não é uma tarefa fácil e nem todos os fumantes estão prontos para abandonarem vícios muitas das vezes tão prazerosos que é um dos efeitos que a nicotina causa na vida dessas pessoas, mas não devemos desacreditar que é possível avançar nesse sentido de transformar vidas. Lembrando ainda que temos uma grande aliada neste processo que são as PICS, assim como as ações que contemplam prevenção, promoção e atenção à saúde de todos os envolvidos no processo de tratamento e cura dos dependentes de tabaco, que são as campanhas pontuais preconizadas pelo programa que acontecem no mês de maio e agosto, campanhas estas que servem para chamar a atenção da comunidade, com finalidade de alertar e sensibilizar toda população sobre os riscos, fatores negativos, impactos na vida social, consequências, entre pontos que podem auxiliar a reduzir o uso do tabaco, evitando dessa forma doenças e até mesmo morte.

9499 PERCEPÇÃO DOS FARMACÊUTICOS SOBRE AS BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DO CUIDADO FARMACÊUTICO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Agnes Nogueira Gossenheimer, Roberto Eduardo Schneiders, Ana Paula Rigo

PERCEPÇÃO DOS FARMACÊUTICOS SOBRE AS BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DO CUIDADO FARMACÊUTICO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Autores: Agnes Nogueira Gossenheimer, Roberto Eduardo Schneiders, Ana Paula Rigo

Apresentação: O cuidado farmacêutico visa promover a utilização adequada de medicamentos de forma a melhorar os resultados em saúde, impactando diretamente na qualidade de vida dos usuários. Porém, apesar de evidências que recomendem sua utilização, a implementação do Cuidado Farmacêutico enfrenta uma série de barreiras para seu desenvolvimento efetivo nos pontos de atenção. No Estado do Rio Grande do Sul (RS), a construção de ações que fomentem o Cuidado Farmacêutico é um dos três subprojetos estratégicos que compõe o projeto agregador “Aprimoramento da Assistência Farmacêutica” no RS, selecionado como projeto prioritário do governo no quadriênio 2019-2022. Em dezembro de 2019 foi realizado um encontro de capacitação organizado pela Coordenação da Política da Assistência Farmacêutica (CPAF) em parceria com o Instituto Nacional de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia durante a qual foi realizada oficina de verificação e priorização das barreiras da implementação do Cuidado Farmacêutico no RS. O objetivo deste trabalho é descrever como foi a metodologia de priorização utilizada e os principais pontos elencados na percepção dos farmacêuticos que trabalham nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) do Estado. Com o objetivo de orientar o planejamento de ações para o fomento do Cuidado farmacêutico no Estado foi realizada oficina de planejamento situacional com profissionais farmacêuticos das 19 CRS. A oficina foi desenvolvida a partir da discussão sobre as principais barreiras para a implementação do Cuidado Farmacêutico no RS. Foi utilizada a metodologia de Planejamento Estratégico Situacional baseado no modelo de Carlos Matus. O processo de planejamento tem 4 momentos: explicativo, normativo, estratégico e táticooperacional. Nesse momento foi realizada a etapa explicativa que é aquela onde se está indagando sobre as oportunidades e problemas que enfrenta o ator que planeja. Os farmacêuticos foram divididos em 3 grupos heterogêneos em relação ao seu local de trabalho. No primeiro momento os grupos realizaram uma tempestade de ideias sobre a questão norteadora: “Quais os principais problemas para a implementação do Cuidado Farmacêutico no RS?”. As ideias semelhantes foram reunidas e foram  definidos de 3 a 4 problemas para a implementação do cuidado. No momento posterior, essas barreiras foram qualificadas em relação à: Magnitude, Transcendência, Vulnerabilidade, Urgência e Factibilidade. Para cada aspecto foi dada uma nota de 0-10 e ao final somados os pontos totais.Quarenta e oito farmacêuticos participaram do evento, sendo 17 farmacêuticos que trabalham nas CRS, 21 que trabalham na CPAF, 2 no Almoxarifado Central, 3 da Farmácia de Medicamentos Especiais, 5 do Departamento de Ações em Saúde. Os problemas priorizados pelo grupo 1 foram: a) Falta de farmacêuticos nas CRS; b) Falta de sensibilidade dos gestores municipais em reconhecer a importância do Cuidado Farmacêutico; c) Falta de tempo do farmacêutico das CRS. Os problemas levantados pelo grupo 2 foram: a) Dificuldade de alinhamento dos municípios com o Cuidado Farmacêutico; b) Falta de dados sobre a importância do Cuidado Farmacêutico, experiências exitosas e resultados clínicos; c) Falta de normativas estaduais para Implementar o Cuidado. Os problemas elencados pelo grupo 3 foram: a) Falta de comunicação entre os profissionais; b) Falta de divulgação da informação; c) Falta do perfil de profissionais farmacêuticos interessados no Cuidado; d) Falta da padronização de fluxos. Os três pontos que receberam uma maior pontuação na priorização foram: 1) Falta de farmacêuticos na CRS; 2) Falta de normativas estaduais para Implementar o Cuidado e 3) Falta de comunicação entre os profissionais. A partir desses problemas priorizados, ações de planejamento estratégico foram pensadas na construção de um Projeto Estratégico intitulado: “Fomento à implantação do Cuidado Farmacêutico no RS”. Como etapas do planejamento foram pensadas as seguintes ações: a) Diagnóstico da estrutura e processos nos serviços do território em relação ao Cuidado Farmacêutico no RS; b) Pesquisa com os usuários para definição do modelo de Cuidado Farmacêutico a ser implantado no RS; c) Publicização de experiências exitosas para os municípios; d) Divulgação dos serviços farmacêuticos, com foco no fomento ao Cuidado Farmacêutico; e) Definição de estrutura e processos  para implantação das linhas de Cuidado Farmacêutico piloto, com ênfase nas doenças crônicas não transmissíveis; f) Realização e divulgação de ações de educação em saúde com foco na promoção da saúde e uso racional de medicamentos; g) Criação de ambiente virtual de aprendizagem com foco no Cuidado Farmacêutico. O problema da falta de farmacêuticos trabalhando nas CRS poderia ser reduzido tendo em vista que as ações relacionadas à gestão da Assistência Farmacêutica tendem a ser descentralizadas e os farmacêuticos que trabalham nas CRS passarão a focar seu trabalho em questões relacionadas ao apoio aos municípios. O problema 2 será minimizado, pois está contemplado no planejamento estratégico atual uma sistematização dos fluxos e processos para nortear os municípios na implementação do Cuidado Farmacêutico. Já a falta de comunicação dos profissionais será contornada com a criação de um ambiente virtual de aprendizado e de trocas entre os farmacêuticos que implantarão o cuidado, bem como está previsto a criação de um Programa de Tele Cuidado que consiste em apoio remoto aos farmacêuticos que participarem do processo de implementação. Os estudos da literatura que pesquisaram a percepção dos farmacêuticos sobre a implantação do cuidado farmacêutico apontaram os seguintes problemas: a) Necessidade de capacitação para a prática do Cuidado Farmacêutico; b) Falta de condições de trabalho para o desempenho das ações de Cuidado Farmacêutico. c) Pouca receptividade da população para receber cuidados farmacêuticos. Destes pontos encontrados na literatura, alguns coincidem com que encontramos nessa fase exploratória do planejamento. Estudos realizados ao redor do mundo indicam as mesmas dificuldades identificadas neste estudo. Na percepção dos farmacêuticos que trabalham nas CRS do RS, muitos são os problemas a serem enfrentados para a implementação do Cuidado Farmacêutico. Dos pontos elencados pelos grupos, a falta de fluxo acaba aparecendo em todos eles, sendo um ponto considerado chave para iniciar o processo de implantação. A falta de profissionais também é uma barreira a ser ultrapassada, tendo em vista que a implantação e suas fases iniciais necessitam de apoio técnico próximo para que as metodologias sejam seguidas e os resultados clínicos possam ser coletados de forma satisfatória. Já a falta de comunicação entre os profissionais deve ser aprimorada com as plataformas virtuais e a otimização dos sistemas de informação que permitam um acesso maior aos dados dos pacientes de forma mais integrada. É importante ressaltar que os dados aqui apresentados fazem parte de um recorte do Planejamento Estratégico que está sendo realizado na Secretaria do Estado do RS, mas traz questões importantes de serem discutidas e utilizadas por pessoas que queiram implementar o cuidado em seus territórios. Assim, novas pesquisas devem ser conduzidas para melhor compreensão do fenômeno, a fim de subsidiar o delineamento de intervenções que proporcionem ao farmacêutico um exercício profissional mais satisfatório e que atenda às reais necessidades de saúde da população. Etapas de diagnóstico aprofundado estão sendo realizadas dentro da CPAF, bem como visitas em locais estratégicos para conhecer os cenários e os contextos da implementação. Além disso pesquisa com os usuários estão programadas para que o processo de implementação seja centrado na pessoa e para que o planejamento estratégico tenha a participação do maior número de atores possível.

9506 FORTALECIMENTO DA REDE ESCOLA-SUS NO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL-RS: UMA EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE
Cássio de Oliveira, Suzete Marchetto Claus, Eveline Campagnolo Schmith, Flávia Raquel Rossi, Nilva Lúcia Rech Stedile, Léia Cristiane Loeblein Fernandes Muniz, Maíra Boeno da Maia, Karina Giane Mendes

FORTALECIMENTO DA REDE ESCOLA-SUS NO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL-RS: UMA EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE

Autores: Cássio de Oliveira, Suzete Marchetto Claus, Eveline Campagnolo Schmith, Flávia Raquel Rossi, Nilva Lúcia Rech Stedile, Léia Cristiane Loeblein Fernandes Muniz, Maíra Boeno da Maia, Karina Giane Mendes

Apresentação: A Universidade de Caxias do Sul (UCS), em parceria com o Núcleo de Educação Permanente em Saúde (NEPS) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Caxias do Sul (RS) vem aprimorando o espaço para a prática do ensino em toda a rede de serviços de saúde do município com a finalidade de fortalecer a Integração Ensino, Serviço e Comunidade. Esta integração é entendida como trabalho coletivo, pactuado e integrado entre discentes, docentes, profissionais e usuários, visando a qualidade da formação e atuação profissional a partir do cotidiano dos serviços. Objetivo: Relatar a forma de consolidação da relação ensino-serviço-comunidade entre a UCS e SMS, entendendo-a como estratégica para se discutir a adequação da formação em saúde às necessidades do SUS e dos territórios e afirmando assim, o papel que o sistema tem de formador e não apenas de simples espaço para campo de práticas. Método: Nas questões referentes à formação todo semestre são pactuados campos de estágio a nível de graduação e pós-graduação para a inserção dos alunos da área da saúde (11 cursos de graduação da UCS) nos serviços de saúde como campo de prática. Esta inserção procura respeitar as vagas já disponíveis em cada serviço, bem como a capacidade instalada nos mesmos. Além disto, são levados em conta para a distribuição dos alunos cinco eixos: a) o processo de territorialização; b) a interprofissionalidade e interdisciplinaridade; c) a construção de novas práticas de saúde; d) o planejamento integrado; e) o monitoramento e avaliação dos processos pedagógicos. Resultado: No período de 2015 à 2018, foram inseridos aproximadamente 4.500 estagiários na rede de serviços, 191 visitas técnicas e foram protocolados 37 projetos de pesquisa. Estes foram inseridos em todos os serviços de saúde como UBSs,SAMU, Hemocentro, Centro Especializado em Saúde, serviços de Saúde Mental, e também nos setores de apoio como Vigilância em Saúde, NEPS, Núcleos técnicos de Atenção em Saúde, CEREST, Central de Diagnóstico, setores de gestão. Para a formalização deste processo foi criado um Manual de Estágio como orientador de fluxos, procedimentos e rotinas que serve como subsídio para um encontro de integração com os alunos, docentes e profissionais realizado pelo NEPS a cada início de semestre. Ainda, no final de cada semestre letivo, é realizada pela UCS uma Mostra de Experiências com apresentação dos alunos de diferentes cursos com a participação de docentes, profissionais e comunidade, que serve também como dispositivo de avaliação do processo da aprendizagem e dos cenários de prática envolvidos. Considerações finais: A utilização pactuada de serviços como cenários privilegiados de prática é fundamental para continuar fortalecendo a Rede Escola SUS como campo de aprendizagem e formação de sujeitos no trabalho, a partir do trabalho e para o trabalho em saúde, visando o desenvolvimento profissional de estudantes e trabalhadores de modo a contemplar as necessidades de saúde da população do município.

9511 ENCONTROS EM SAÚDE: INVISIBILIDADES DO DIA A DIA
Bianca Moraes Assucena, Ruben Araújo de Mattos

ENCONTROS EM SAÚDE: INVISIBILIDADES DO DIA A DIA

Autores: Bianca Moraes Assucena, Ruben Araújo de Mattos

Apresentação: Em um cotidiano de trabalho de muita correria, enfrentamentos constantes, cobrança de produtividade, competição e disputa de poder, tendemos a treinar nosso olhar para enxergarmos somente algumas questões, na grande maioria, voltadas para a clínica, não valorizando, por vezes, o modo concreto de viver a vida dos sujeitos frente a queixa do corpo, nos apontando para um território de algo que possa estar invisível no contexto das práticas. Como parte do produto final do curso de pós graduação em saúde coletiva, em nível de mestrado, este trabalho busca trazer a tona o debate sobre invisibilidades do contexto diário das práticas de profissionais de saúde. Para tanto nos apropriamos deste tema a partir de vivências no contexto do cenário de campo. Utilizamos como metodologia de estudo a observação participante, que foi realizada no setor de emergência de uma maternidade na cidade do Rio de Janeiro.  Buscamos observar o atendimento de profissionais desde a recepção, passando pelo primeiro acolhimento pela equipe técnica de enfermagem, pelo atendimento com classificação de risco pelo profissional enfermeiro e posteriormente o atendimento do profissional médico. Iniciamos nossa pesquisa com mulheres em situação de abortamento confirmada ou em suspeita, porém, na vivência do contexto das práticas, optamos em incluir outras situações de atendimentos a mulheres grávidas que enriqueceram nossa vivência e olhar. Estar inserido no contexto diário dos trabalhadores, sendo participante e pesquisador, nos remeteu a um lugar que possivelmente não nos era comum. Dentre muitas experiências e constatações destacamos a produção de invisibilidades do viver de cada mulher, seja na não percepção do sofrimento, do choro, da angústia, como também, no peso das falas, no entra e sai de pessoas no local de atendimento, nas perguntas realizadas e no momento que são realizadas. Tantas questões que nos provocam a pensar e repensar quem somos, o que defendemos e o que queremos construir enquanto cuidado digno e respeitoso ao outro. A produção de invisibilidades por vezes passa por aspectos perceptíveis e/ou não percebidos pelos profissionais de saúde, que podem gerar sofrimentos e angustias no outro. Superar e perceber nossos atos e atitudes é um desafio para todos nós, profissionais de saúde, no contexto de nossas práticas diárias de vida e de trabalho.

9566 EXPERIÊNCIA DE PRÁTICAS COLABORATIVAS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA MEDIADAS PELO PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL E INTERSETORIAL EM SAÚDE
Cristiane Costa Braga, Terezinha Paes Barreto Trindade, Isaac Holmes Gomes da Costa, Lílian Rodrigues Rocha da Silva, Paulo Vitor de Souza Silva, Talitha Rodrigues Ribeiro Fernandes Pessoa, Michelly Santos de Andrade, Eudes Euler de Souza Lucena

EXPERIÊNCIA DE PRÁTICAS COLABORATIVAS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA MEDIADAS PELO PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL E INTERSETORIAL EM SAÚDE

Autores: Cristiane Costa Braga, Terezinha Paes Barreto Trindade, Isaac Holmes Gomes da Costa, Lílian Rodrigues Rocha da Silva, Paulo Vitor de Souza Silva, Talitha Rodrigues Ribeiro Fernandes Pessoa, Michelly Santos de Andrade, Eudes Euler de Souza Lucena

Apresentação: A crescente demanda de situações de saúde que surgem nos serviços de saúde evidencia ainda mais a fragmentação do cuidado prestado aos usuários. A complexidade que as acompanha requer um cuidado interprofissional em saúde por uma equipe de trabalhadores preparada para interferir em tais situações, com foco na prática colaborativa.  A Estratégia Saúde da Família (ESF) operada pela Equipe Saúde da Família (EqSF) e do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB), promove atividades de promoção, prevenção e recuperação, realizadas por diversos profissionais da saúde: o Agente Comunitário de Saúde, o Auxiliar de Saúde Bucal, o Cirurgião Dentista, o Enfermeiro, o Médico, o Técnico de Enfermagem e os profissionais da Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, dentre outros. Nessa perspectiva, faz-se necessária a integração desses diversos profissionais para que desenvolvam competências colaborativas que produzam mudanças significativas no cuidado em saúde do usuário no Sistema Único de Saúde (SUS), respeitando o princípio da integralidade. A Prática Colaborativa em Saúde ocorre quando profissionais de saúde de diferentes áreas prestam serviços baseados na integralidade do cuidado, mantendo uma forte relação com a atenção centrada no usuário, família e comunidade e suas necessidades, para produzir serviços de saúde de melhor qualidade. No ano de 2018, foi instituído o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade), configurando-se como uma importante política Interministerial devido à sua característica indutora de mudanças na formação em saúde e na integração ensino-serviço-comunidade, com a valorização da interprofissionalidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade, promovendo a Educação Interprofissional e as Práticas Colaborativas. Este trabalho objetiva relatar atividades desenvolvidas por participantes do PET-Saúde/Interprofissionalidade, projeto UFPB/SMS - João Pessoa no que concerne à Prática Colaborativa (PC) na produção do cuidado em saúde em uma Unidade Saúde da Família (USF). Desenvolvimento: Em junho de 2019, a USF Integrada Verdes Mares passou a ser um dos cenários de prática do PET-Saúde/Interprofissionalidade. A equipe de trabalho do projeto, no local, era composta por dois estudantes da graduação, sendo uma do curso de Terapia Ocupacional e o outro do curso de Medicina, uma preceptora Cirurgiã-Dentista da ESF acompanhada por Tutoras, docentes da UFPB dos cursos de Odontologia e Fonoaudiologia, inseridas em Grupo de Aprendizagem Tutorial (GT). As atividades desenvolvidas por este grupo são acompanhadas pela Coordenação de Gestão Local do projeto, a qual está vinculada à Coordenação Geral da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGETES/MS) e são conduzidas por uma equipe de assessores do Programa que auxilia no processo de implementação da Educação Interprofissional (EIP) no âmbito das Universidades e serviços de saúde participantes desse Projeto, contribuindo com a formação em saúde. Foram desenvolvidas atividades individuais e coletivas, baseadas na intersetorialidade e integralidade do cuidado e voltadas para a necessidade dessa comunidade, tais como a imersão no contexto do território adstrito da USF, permitindo o conhecimento da cartografia, dos determinantes sociais, do fluxograma descritor, construindo o diagnóstico situacional. Foi feita a apresentação do Programa para a equipe de profissionais da USF, seguido do planejamento das ações. Nessas atividades, utilizou-se a metodologia problematizadora, com a intencionalidade de promover o desenvolvimento do trabalho interprofissional e das competências colaborativas no efetivo trabalho em equipe, baseadas no diálogo entre profissionais e comunidade, buscando uma melhor comunicação e clareza de papéis dos profissionais, bem como o cuidado centrado no usuário, família e comunidade, refletindo sobre o funcionamento da equipe, instigando a formação de liderança colaborativa, na busca de resolução dos conflitos inerentes a este território. A preceptora e os estudantes de graduação participaram de consultas na clínica de odontologia, de enfermagem e médica, acompanharam a visita domiciliar com o Agente Comunitário de Saúde e o profissional da ESF e ainda em parceria com o NASF em suas atividades coletivas, desenvolvendo atividades de Educação em Saúde (no equipamento social do Centro de Referência em Educação Infantil - CREI) e Educação Permanente em Saúde, nas reuniões de equipe, com o diálogo reflexivo, o compartilhar de saberes e aprendizagem significativa entre os profissionais do serviço. Foram construídos instrumentos educativos importantes na execução das atividades: cartazes informativos, colcha de retalhos com fotografias das atividades, dinâmicas de integração, assim como foi elaborado um caderno de campo para o registro das atividades, acompanhamento e as avaliações necessárias no decorrer do Projeto. Os integrantes do PET Saúde participaram do Grupo de Auriculoterapia e do Grupo de Idosos da USF, como também organizaram grupos de estudos nas temáticas da Educação Interprofissional, Práticas Colaborativas, interconsultas e fomentaram a discussão de casos clínicos entre os profissionais da equipe de saúde. Puderam ainda vivenciar um evento alusivo ao “Setembro Amarelo” no Grupo de Auriculoterapia, organizado por profissionais do NASF e da ESF, em uma atividade fortalecida pela participação significativa dos usuários que estão inseridos neste grupo. Por fim, revisitaram, refletiram e avaliaram as atividades realizadas, com o intuito de aprofundar os conhecimentos, compartilhar saberes e ressignificar o processo de trabalho na USF. Resultado: As práticas colaborativas realizadas melhoraram as relações interpessoais e interprofissionais entre os participantes da equipe PET-Saúde/Interprofissionalidade e os profissionais da equipe ESF e NASF, bem como entre os profissionais e a comunidade, resgatando a importância de ações intersetoriais e um cuidado integral em saúde, auxiliando, dessa forma, na resolução da complexidade dos casos clínicos que surgiram. Além desses resultados, essas práticas permitiram qualificação dos profissionais e dos estudantes para um trabalho em equipe mais efetivo diante das necessidades dessa comunidade, ao potencializar as habilidades desses profissionais de saúde e fazê-los refletir sobre a prática a partir da problematização da realidade. Tal articulação entre os diversos setores da Educação e Saúde (Instituições de Ensino Superior - IES, Serviços de Saúde na ESF, PET-Saúde/Interprofissionalidade, equipamentos sociais e comunidade), a integração das ações e o desejo de se trabalhar em um coletivo possibilitaram diminuir a competição, estimulando a parceria e a colaboração entre profissionais, em busca de uma melhor resposta às necessidades desse serviço de saúde. Como proposta para a continuidade dessas práticas colaborativas nessa USF, foram pensadas e planejadas em equipe ações voltadas ao fortalecimento da Integração Ensino-Serviço-Comunidade na ESF/ NASF com atividades que integrem os estágios curriculares dos cursos de Graduação/Pós-Graduação das IES, o PET-Saúde/Interprofissionalidade e a equipe de profissionais desse serviço, motivando um trabalho interprofissional e práticas colaborativas por meio da construção Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) e interconsultas, por exemplo, assim como, motivar novos participantes no Grupo de Estudo, ampliando o debate e a reflexão acerca de temáticas relativas ao processo de trabalho em equipe e inserir, cada vez mais, a participação da comunidade no planejamento e nas atividades da equipe, na perspectiva da interprofissionalidade. Considerações finais: Faz-se necessária a realização de atividades interprofissionais, no âmbito do trabalho em saúde na ESF, com a participação de diversos núcleos profissionais trabalhando de forma integrada e colaborativa, objetivando intencionalmente o cuidado centrado no usuário, família e comunidade e a melhoria na qualidade dos serviços ofertados para o enfrentamento das necessidades de saúde que emergem a cada dia no território. Ademais, essa integração interprofissional e intersetorial entre os diversos profissionais da saúde e educação, em uma articulação constante com a comunidade em práticas colaborativas, demonstra ser um caminho viável e efetivo no (re)direcionamento e fortalecimento do SUS, garantindo, dessa forma, a efetivação dos direitos assegurados em nossa Constituição.

9969 CONSULTA COMPARTILHADA: UMA FERRAMENTA POTENCIALIZADORA DO CUIDADO INTEGRAL
Júlia Batista Afonso, Carolina Feitoza da Silva Ramos, Bruna de Lima Ferreira

CONSULTA COMPARTILHADA: UMA FERRAMENTA POTENCIALIZADORA DO CUIDADO INTEGRAL

Autores: Júlia Batista Afonso, Carolina Feitoza da Silva Ramos, Bruna de Lima Ferreira

O presente trabalho tem por objetivo apresentar e discutir  a consulta compartilhada dentro da lógica do apoio matricial, como uma ferramenta potencializadora dos processos de integralidade do cuidado, no cotidiano de um serviço de saúde da atenção básica, buscando contribuir para  a discussão e o fortalecimento dessa ferramenta dentro da Estratégia de Saúde da Família (ESF)Trata-se  de um relato de experiência de profissionais das áreas de enfermagem, nutrição e psicologia que estão inseridos em uma Clínica da Família no município  de Mesquita, no processo formativo na Residência Multiprofissional em Saúde da Família. A consulta compartilhada ou conjunta, trata-se de uma  ferramenta que reúne de forma simultânea, profissionais de categorias diferentes e usuário do serviço ou família para juntos traçarem uma conduta ou plano terapêutico.Tal ferramenta, além do momento do atendimento em si, envolve todo o processo de pactuar com a equipe mínima que trata-se de um cuidado compartilhado e não de um encaminhamento, a discussão prévia do caso clínico, o planejamento das intervenções, a explicação da intenção do uso da ferramenta ao usuário para que ele decida se  aceita, a discussão pós atendimento e o acompanhamento e revisão das condutas terapêuticas. Assim, tem sido um dos principais recursos utilizados para a efetivação de um trabalho multiprofissional, que  é uma lacuna na formação acadêmica que perpassa de modo geral, todas as categorias profissionais. No decorrer do primeiro ano da residência, desenvolver essa ferramenta foi um espaço de abertura ao diálogo, apreensão de conhecimentos, esforço para reorganizar fluxos e agendas, alcançar resolutividade dentro de uma alta demanda e principalmente, implementar uma nova lógica de cuidado em um município onde o Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF-AB) é uma experiência recente. Foi um constante compartir de saberes permitiu a enfermeira aprofundar conhecimentos nutricionais, a nutricionista sobre acolhimento em saúde mental, a psicóloga sobre cuidados em saúde, contribuindo para que as profissionais ainda em atendimentos individuais, se sentissem mais aptas a realizar um cuidado ampliado, expandindo o olhar clínico para a complexidade dos sujeitos, além de  identificar de maneira mais acurada a necessidade de outras especialidades. Quanto aos usuários do serviço e famílias atendidas, foi possível observar casos em que a presença das três categorias possibilitou a identificação de demandas a princípio ocultas, por exemplo em um caso que foi solicitado o acompanhamento como saúde mental, e a presença da enfermagem e nutrição identificou sinais orgânicos importantes. Percebeu-se  que a compreensão que uma mesma demanda a partir de áreas diferentes, potencializa a compreensão e resolutividade dos casos. Por fim, destacamos que a consulta compartilhada impacta positivamente como uma prática para o fortalecimento do princípio da integralidade, quando  orientada ético-politicamente para tal. Pois não pode tratar-se apenas de intervenções clínicas e individuais seguidas uma atrás da outra, mas sim de um esforço comum  e horizontal que propicia um olhar mais integral com aquele sujeito ou família, visando a produção de cuidado e fortalecimento da autonomia.

9991 A SAÚDE NO TOPO DO EMPODERAMENTO FEMININO: AÇÃO DE OUTUBRO ROSA
Sâmela Stefane Correa Galvão, Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Francilene da Silva Sodré, Amanda Menezes Medeiros, Romênia Vidal de Freitas Estrela

A SAÚDE NO TOPO DO EMPODERAMENTO FEMININO: AÇÃO DE OUTUBRO ROSA

Autores: Sâmela Stefane Correa Galvão, Kelly Lene Lopes Calderaro Euclides, Francilene da Silva Sodré, Amanda Menezes Medeiros, Romênia Vidal de Freitas Estrela

Apresentação: Outubro Rosa é uma campanha de conscientização, que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de colo do útero. O movimento começou a surgir em 1990, quando aconteceu a primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova Iorque, e desde então, promovida anualmente na cidade. Entretanto, somente em 1997 é que entidades das cidades de Yuba e Lodi, também nos Estados Unidos, começaram a promover atividades voltadas ao diagnóstico e prevenção da doença, escolhendo o mês de Outubro como epicentro das ações. O câncer de mama é considerado, no Brasil e no mundo, o mais comum entre mulheres, sendo diagnosticado 57.120 casos novos no ano de 2015. Dados epidemiológicos do Instituto Nacional de Câncer (INCA) notificaram, em 2016, 74.300 novos casos dessas doenças em todo território nacional. Todos os anos, cerca de 25% dos casos novos de câncer que acometem as mulheres, são de câncer de mama. Atualmente, o outubro rosa é realizado em vários lugares do mundo. No Brasil, este evento faz parte da agenda de ações do Ministério da Saúde, a ser desenvolvida na atenção primária. Contudo, ressalta-se que esta pode ser uma atividade com repercussão além de um fim em si mesma, mas com escopo de instigar os profissionais de saúde e usuárias, no pensar e agir promoção de saúde. A Promoção à Saúde é interpretada como um processo que objetiva ampliar a participação dos indivíduos e comunidades nas ações que atuam sobre os fatores que influenciam sua saúde. Dentre as estratégias priorizadas pela Promoção à Saúde, merecem destaque a constituição de políticas públicas saudáveis, a criação de ambientes sustentáveis, a reorientação dos serviços de saúde, o desenvolvimento da capacidade dos sujeitos individuais e o fortalecimento de ações comunitárias. Subsidiando estas estratégias, encontram-se princípios que afirmam a importância de se atuar nos determinantes e causas da saúde, da participação social e da necessidade de elaboração de alternativas às práticas educativas que se restringem à intervenção sobre os hábitos e estilos de vida individuais. Diretamente associada a Promoção à Saúde, têm-se o empoderamento. Através do empoderamento, esta política procura possibilitar aos indivíduos e coletivos um aprendizado que os torne capazes de viver a vida em suas distintas etapas e de lidar com as limitações impostas por eventuais enfermidades, sugerindo que estas ações devam ser realizadas em distintos cenários. Objetivo: orientar as mulheres que são usuárias do SUS, através da Unidade de Saúde, sobre a prevenção secundária do câncer de mama e de colo de útero, além de motivá-las à prática de hábitos saudáveis, como, por exemplo, alimentação e exercício físico. Desenvolvimento: A atividade foi realizada em outubro de 2019, na cidade de Castanhal, Pará, especificamente na Unidade de Saúde Sara Martins, localizada no bairro Apeú, Castanhal-PA. A equipe de saúde preparou uma programação voltada ao público feminino da unidade. Ao pensar na programação, veio em evidência o empoderamento feminino, que deve, antes de tudo estar alicerçado na saúde e bem-estar, para que possa fluir nos demais aspectos de vida de cada mulher. A análise parte do princípio, de que com saúde, o cuidar da beleza, ter equilíbrio emocional, a segurança, encontram um caminhado mais firme, para se desenvolver e crescer no ser feminino. Com esta premissa, a primeira parte da programação foi uma atividade em frente a unidade, na rua, com carro som, onde todas fizeram atividade física, através de dança de academia. Estiveram presentes, médica, farmacêutica, dentista, enfermeira, ACS’s, técnica de enfermagem. O entusiasmo da equipe foi contagiante somando-se ao público alvo: participaram cerca de 70 mulheres, com idade de 17 a 72 anos. Foi meia hora de muita dança, alegria, sintonia, risos, diversão, liberdade, autoconhecimento e empoderamento. Em seguida, todas foram convidadas a entra na Unidade, acomodar-se na recepção, que estava toda preparada à programação seguinte. A médica da Unidade preparou três animações em power point, acerca da importância do autocuidado, e de atenção à necessidade de realizar os exames de prevenção de câncer. Um fator motivacional foi o depoimento de uma paciente que relatou a descoberta de câncer de mama, ao realizar o autoexame. Contudo, foi contagiante quando esta mesma paciente relatou o processo de cura, por ter descoberto no início. O seu depoimento foi de uma mulher curada. Todas às presentes aplaudiram muito o depoimento. O encerramento deste momento foi emocionante. Em seguida, foi servido um super café da manhã, saudável, o que proporcionou um momento de interação entre todos os presentes. Também houve sorteio de brindes; realização de preventivos, orientação quanto ao autoexame e alimentação saudável. Resultado: Nesta ação, destaca-se a conscientização das mulheres à prevenção primária do câncer de mama e do colo de útero, que envolve a adoção de um estilo de vida saudável, por meio de alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e prevenção secundária, como coleta de preventivo e autoexame das mamas, além da abordagem multiprofissional, o que torna a apresentação do tema mais completo e dinâmico. Ponderou-se que a experiência foi exitosa, devido à participação das mulheres por meio de ativa participação, principalmente, nas atividades práticas. O mais importante é a continuidade do acompanhamento, assim como a continuidade da ação, visto que na comunidade foi um sucesso. Considerações finais: Experiências como esta demonstram a importância de a equipe de saúde estar presente nas atividades de sua comunidade, visto que estas não podem trabalhar separadamente. Especificamente neste caso, a ajuda de todos da equipe foi primordial, pois trata-se de chegar, através delas às famílias da comunidade e que todos entendam a importância de serem protagonistas no autocuidado, assim como na ajuda recíproca, entre profissionais de saúde e usuários. Em vistas de desenvolver a saúde coletiva considera-se a atividade necessária, importante, fundamental de ser realizada. A saúde pública é valorizada e deve sempre mais ser defendida, em todos os aspectos. O meio de mobilização à este reconhecimento é abrir as portas da APS à comunidade, e que esta se aproprie da unidade, para que a sua defesa seja consistente, com união de todos os envolvidos no processo: profissionais de saúde, usuários, poder público.

10038 A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO ESTRATÉGICA DE APRIMORAMENTO DAS AÇÕES DO APOIO DO COSEMS RJ
Lucas Manoel da Silva Cabral Cabral, Ana Maria Auler Matheus Peres, Marcela de Souza Caldas, Solange Isabel das Graças Cirico Costa, Suely Gomes Osório, Marta Gama Magalhães, Maria de Fátima Brito de Rezende, Paulo Henrique Almeida Rodrigues

A EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO ESTRATÉGICA DE APRIMORAMENTO DAS AÇÕES DO APOIO DO COSEMS RJ

Autores: Lucas Manoel da Silva Cabral Cabral, Ana Maria Auler Matheus Peres, Marcela de Souza Caldas, Solange Isabel das Graças Cirico Costa, Suely Gomes Osório, Marta Gama Magalhães, Maria de Fátima Brito de Rezende, Paulo Henrique Almeida Rodrigues

Apresentação: O ideal do acesso à saúde como direito universal conquistado através do Sistema Único de Saúde (SUS) é muitas vezes comprometido por deficiências em sua gestão e por inúmeros obstáculos e desafios que são impostos na efetivação dos seus princípios. Neste sentido, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (COSEMS RJ) criou, em 2012, em parceria com o Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) através do Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Coletiva (CEPESC), um projeto que visa ao fortalecimento da gestão municipal do SUS no Estado do Rio de Janeiro através das atividades de "Apoio". Desde o início da implantação do projeto, a viabilidade econômica e financeira para sua continuidade configurou-se como um desafio institucional, uma vez que o COSEMS RJ não dispõe de receita suficiente para garantir a execução do mesmo. Neste sentido, foram encontrados diferentes arranjos e formas de financiamento que viabilizaram essas atividades até que, em 2017, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) considerando o subfinanciamento histórico do SUS e a busca pela integralidade da assistência como entraves para fortalecimento da gestão municipal na perspectiva da regionalização, firmou parceria com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e elaborou o Projeto Rede Colaborativa para Fortalecimento da Gestão Municipal do SUS. Este Projeto vem sendo desenvolvido no Estado do Rio de Janeiro desde 2017, em cogestão com a estrutura já existente no COSEMS RJ, coordenação, apoiadores e diretoria, de forma a construir coletivamente uma articulação que contemple as necessidades, particularidades e potencialidades da instituição e dos atores envolvidos e considerando a proposta do projeto nacional. O COSEMS RJ entende, como uma de suas ações estratégicas, o desenvolvimento do apoio institucional como ferramenta para o fortalecimento da gestão municipal e de sua capacidade de participação na construção da governança das regiões de saúde do nosso estado. Atualmente o projeto conta com a participação de 6 (seis) apoiadores, profissionais com formação em políticas públicas de saúde, que acompanham as 9 (nove) regiões de saúde fluminenses, de forma presencial e à distância, participando de todas as instâncias de governança regional e estadual, especialmente a Comissão Intergestores Regional (CIR), a Câmara Técnica da CIR, a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e a Câmara Técnica da CIB. Além disso, acompanham grupos de trabalho regionais e estaduais, conforme demanda técnica do COSEMS-RJ. O Projeto vem se mostrando uma experiência exitosa na trajetória da instituição, capaz de produzir impacto na organização e estruturação das regiões de saúde, através dos Apoiadores que atuam no território, socializando a informação e potencializando os canais de comunicação entre todos os atores que trabalham no campo das políticas públicas de saúde, especialmente os gestores municipais e suas equipes técnicas. No Rio de Janeiro, um dos objetivos prioritários desde 2019, tem sido aprimorar o processo já construído, à luz de novas estratégias e saberes, tendo a Política de Educação Permanente (EP) em Saúde como balizadora dessa caminhada. Reconhece-se a necessidade de ampliar a problematização do cotidiano do apoiador nas regiões de saúde como reconhecimento do trabalho do apoio como sendo uma das forças necessárias à ampliação da capacidade local de municípios e regiões de saúde para o fortalecimento do SUS, através do fortalecimento da gestão e dos serviços de saúde. Há diferentes arranjos que podem ampliar e favorecer a gestão para ações mais ou menos compartilhadas e um cuidado mais ou menos eficaz e completo, mas há também outros arranjos que podem reafirmar estratégias do trabalho vivo, construtor, reconstrutor, ressignificante e inovador que se aprende a fazer no próprio modo de fazer, respeitando as singularidades e aprendendo com as adversidades. Nesse sentido, faz-se necessário aprimorar e subsidiar o trabalho do apoiador, garantindo espaços de reflexão e trocas entre pares para que, socializando as ideias e pensamentos, possam aprofundar a reflexão teórica sobre metodologias e tecnologias de intervenção. Fortalecer as ações de Educação Permanente, além de qualificar a ação do apoio no território, aperfeiçoa as intervenções destes apoiadores junto à diretoria e demais atores do COSEMS RJ. Sobre a Política de EP, Sarreta (2009, p.23), destaca que a “Política de Educação Permanente em Saúde aponta o fortalecimento da gestão participativa e da responsabilidade compartilhada, com dispositivos que ampliem os espaços para o exercício do diálogo, integração, participação, troca de experiências e de conhecimentos”. Assim, tornou-se um desafio enfrentar a insuficiência de espaço de Educação Permanente para aprimoramento e monitoramento das ações do apoio nas regiões de saúde, criando espaços vivos de discussão coletiva para o enfrentamento dos problemas que ocorrem no território, através do diálogo e da busca de soluções que garantam atenção à saúde de forma integral e de qualidade. A equipe de Apoiadores realizou atividade de planejamento em 2018, como parte do Projeto da Rede Colaborativa, tendo identificado como nó critico a inexistência de agenda do COSEMS-RJ para programação de EP nas ações do apoio. Assim, foi definido que uma vez por mês, antes da reunião técnica do grupo, seriam realizadas atividades de EP com potencial de reprodução nos espaços regionais. Participam das reuniões a equipe de Apoiadores, as Coordenadoras do Projeto, juntamente com a equipe do IMS/UERJ. Desde agosto, foram realizados 7 encontros tendo como eixos temáticos norteadores: novo financiamento da Atenção Básica, Regionalização e Território. Ao longo desse processo, também foi discutido o trabalho do Apoio; atitudes e comportamentos; e foram (re) definidas suas atividades. As reuniões contaram com a exibição de vídeos, realização de “quiz”, dramatização, "o momento território", dentre outros. Como exemplo, na EP de novembro/19, foram trabalhadas as máscaras do Apoio, quando cada apoiador poderia criar máscaras correspondentes ao "papel" que desempenha. Foi apresentada em seguida uma dramatização, momento lúdico de muita reflexão e aprendizado. Um outro exemplo, foi em janeiro/20 foi trabalhado o “momento território". Cada apoiador recebeu o mapa da sua região de saúde para, naquele momento, apresentar para equipe as especificidades da região saúde e a sua atuação nela. A incorporação da EP ainda se encontra em curso, mas já é muito bem avaliada pela equipe, sendo vista como um potente instrumento de monitoramento do trabalho dos apoiadores. Estes momentos têm produzido uma reflexão crítica sobre a prática cotidiana dos Apoiadores, possibilitando e impulsionando a sua transformação. Além disso, a EP realizada tem inspirado os Apoiadores a replicarem as atividades em seus espaços de atuação gerando assim um efeito multiplicador, revelando todo potencial da estratégia de Educação Permanente. 

10089 A INTEGRAÇÃO ENSINO, TRABALHO, COMUNIDADE/CIDADANIA NO CURSO DE PSICOLOGIA: NA CRIAÇÃO DE INTERFERÊNCIAS ENTRE ESCOLA E MUNDO DO TRABALHO.
Ana Maria Pereira Brasilio de Araujo, Lobato Geórgia, Laura Landi

A INTEGRAÇÃO ENSINO, TRABALHO, COMUNIDADE/CIDADANIA NO CURSO DE PSICOLOGIA: NA CRIAÇÃO DE INTERFERÊNCIAS ENTRE ESCOLA E MUNDO DO TRABALHO.

Autores: Ana Maria Pereira Brasilio de Araujo, Lobato Geórgia, Laura Landi

Apresentação: Na perspectiva da efetivação da proposta curricular de um Curso de Psicologia, localizado na região serrana do RJ, pautado no currículo integrado e orientado por competências, buscamos qualificar a formação a partir da ação e reflexão construídas na integração entre ensino e trabalho. Para tal, apostamos em estratégias de ensino-aprendizagem que visem consolidar a integralidade do cuidado em saúde a partir da inserção de estudantes em cenários reais de prática do SUS e em Comunidades, desde o primeiro período do Curso. Esta inserção, pautada no Projeto Pedagógico de Curso (PPC), orientada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Psicologia, se operacionaliza a partir do componente curricular teórico-prático denominado Integração Ensino, Trabalho e Cidadania (IETC). Este relato possui o objetivo discutir o mundo do trabalho como lócus privilegiado para o desenvolvimento de competências que levem o estudante a apropriar-se, progressivamente, de seu processo de formação, fortemente comprometida com as demandas sociais contemporâneas, no estímulo à cidadania pela ética, autogestão e pluralidade. Desenvolvimento: O IETC é um componente curricular de 80 horas semestrais, obrigatório para a formação de profissionais de saúde que, na Psicologia, se opera com idas ao território na comunidade da Fazenda Ermitage, local onde residem as vítimas oriundas dos impactos ambientais causados por deslizamentos de terra devido ao grande volume de chuvas registrados em Teresópolis, RJ, em 2011. Esta inserção no mundo do trabalho está orientada também por espaços acadêmicos que utilizam a educação permanente como dispositivo fundamental à discussão das experiências vivenciadas nos cenários reais de prática. Outros dispositivos-analisadores utilizados são: os diários de campo, narrativas de prática e análise da implicação. O desenvolvimento de estratégias de intervenção iniciou-se com o mapeamento do território, cartografando os espaços de vulnerabilidade, de cuidado à saúde, de lazer e de prazer. Na continuidade, foram criados projetos que incluíram rodas de conversa, contação de histórias, dramatizações e referenciamento a rede do Sistema Único de Saúde e Sistema Único de Assistência Social. Resultado: A participação da comunidade em pautas e projetos de intervenção buscou a criação de sensibilidades acerca do cuidado em saúde mental e resultaram também em seminários integrados entre a escola e o mundo do trabalho, realizados ao final do semestre letivo. Neles, destacamos os projetos de arteterapia como meio de promoção da saúde e o projeto microfone na mão – o que você tem dizer como forma de estimular as comunicações na criação de autonomia e autogestão. Considerações finais: A exposição dos discentes de psicologia no território solidifica conceitos a respeito de psicologia e saúde, indivíduo e sociedade, diversidade e saúde mental, acolhimento, relação humanizada, trabalho em equipe e o trabalho no território a partir das demandas apresentadas pela comunidade. Os efeitos percebidos decorrem das múltiplas experiências, tomadas como interferências entre mundo do trabalho-escola, em prol de uma formação que vá além do conhecimento teórico, reforçando e ampliando o cuidado em saúde de forma integral. 

10124 MUDANÇAS NO MODELO DE ATENÇÃO E A INTERFACE COM A PRODUÇÃO DO CUIDADO: notas do diário de campo
Kellinson Catunda, Lucia Conde de Oliveira, Jordana Rodrigues Moreira, Aline Ávila Vasconcelos

MUDANÇAS NO MODELO DE ATENÇÃO E A INTERFACE COM A PRODUÇÃO DO CUIDADO: notas do diário de campo

Autores: Kellinson Catunda, Lucia Conde de Oliveira, Jordana Rodrigues Moreira, Aline Ávila Vasconcelos

Apresentação: Segundo Paim (2002), modelos de atenção, assistenciais ou modos de intervenção em saúde são diferentes arranjos tecnológicos, que compreendem diversas finalidades, como solucionar problemas e atender necessidades de saúde, em determinada realidade e população adstrita (indivíduos, grupos, ou comunidades), organizar serviços de saúde ou intervir em situações, em função do perfil epidemiológico e da investigação dos danos e riscos à saúde. Para Campos (1994), modelo assistencial, modelo tecnológico ou modalidade assistencial não deve ser entendido apenas como o desenho organizacional e técnico dos serviços, mas inclui o modo como são produzidas as ações assistenciais e como o Estado se organiza para dar conta deste processo. Nesta perspectiva de organização dos sistemas e serviços de saúde, o objetivo do trabalho é relatar notas do diário de campo a respeito das mudanças nas práticas de produção do cuidado na APS em Sobral/CE. O ponto de partida para a realização da pesquisa decorre do processo de transformação vivenciado pelo município, a partir do ano 2015, quando os gestores da Saúde aderiram ao Modelo de Atenção ás Condições Crônicas (MACC) como proposta para à adoção de novas práticas, do reconhecimento da população usuária por estratos de risco, da organização do serviço de saúde de forma a assistir adequadamente, de forma continuada e resolutiva às condições crônicas. Desenvolvimento do Trabalho Trata-se de um relato de pesquisa de natureza qualitativa oriundo da dissertação “E PARA CUIDAR PRECISA DE MODELO?” Ações e estratégias da atenção primária à saúde e a interface com o modelo de atenção, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletivva da Universidade Estadual do Ceará, no ano de 2018. O estudo foi feito em Sobral, município de médio porte, situado na região norte do Estado do Ceará. O cenário prático foi a Atenção Primária à Saúde (APS), especificamente, o Centro de Saúde da Família (CSF) considerado modelo e pioneiro no desenvolvimento das propostas de mudanças sugeridas pela Secretaria de Saúde. Para produção das informações utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada, observação participante e o apoio de um diário de campo. Para este resumo, foram utilizadas as notas do diário de campo. Resultado: Os participantes foram questionados sobre as principais mudanças ocorridas desde a mudança do modelo de atenção, em 2015. E se essas mudanças interferiram nas práticas dos profissionais, no que se refere à produção do cuidado. Nesse contexto, foi possível perceber a falta de compreensão do termo “modelo de atenção”. Os trabalhadores apontam para uma atualização frequente no que se refere aos protocolos do Ministério da Saúde, na primazia do município em aderir aos programas que pontencializam a qualidade das ações da APS, a exemplos do Núcleo de Apoio á Saúde da Família (NASF). Contundo, a identificação do modelo de atenção no município foi uma tarefa percebida muito mais na imersão no cenário do que na fala nos trabalhadores.  A APS de Sobral é operacionalizada pelo modelo técnico assistencial da Estratégia de Saúde da Família (ESF) coexistindo com a proposta para organização das demandas de Condições Crônicas, o Modelo de Atenção as Condições Crônicas (MAAC). As observações realizadas durante o período da pesquisa indicam mudanças importantes nos processos de trabalho da APS, sendo percebidas tanto nas falas dos trabalhadores quanto dos usuários. Destaca-se a ampliação do horário de atendimento até as 19:00h; o acolhimento em consonância com o documento Acolhimento à Demanda Espontânea, da série Cadernos de Atenção Básica número 28; o uso das  tecnologias como, Autocuidado Apoiado e Grupo Operativo para o acompanhamento dos usuários com condições crônicas; e a substituição da RODAS pelo Gerenciamento Diário (GD). O Método da Roda é um espaço para o exercício da cogestão, propõe a construção de processos de democratização das relações de poder, de organização de coletivos,  de processos de trabalho constituindo, simultaneamente, possibilidades de ensino- aprendizagem, tomada de decisões, produção de saúde, de sujeitos e de desejos. Desde agosto de 2001 a 2016, o sistema de saúde de Sobral fazia uso desta metodologia de organização e de trabalho. Já o GD, é uma reunião diária com duração de 20 a 30 minutos, na qual são repassadas informações importantes, é um momento de esclarecimentos de dúvidas e encaminhamentos de tarefas. Durante o período de imersão no campo da pesquisa, houve oportunidade de participação nos GD’s. Claramente, percebe-se que são momentos estritamente gerenciais, os quais timidamente acontecem uma cogestão do coletivo. Embora no método da Roda os atores sociais expressem seus desejos e interesses e surjam contratos potentes para orientar a produção de cuidado, as falas dos trabalhadores indicam que não havia mais tanto envolvimento na Roda, ela estava estática, sem embalo, o principal movimento relacionava-se ao cumprimento das metas, as posturas reflexiva e participativa estavam incipientes, por vezes, invisibilizadas. Desse modo o GD está sendo considerado uma prática mais objetiva. As impressões e observação anotadas no diário de campo mostram que esse conjunto de estratégias, seja mudança nas Rodas, no acolhimento, o uso de tecnologias, a organização das demandas crônicas e agudas, formam uma diversificada quantidade de práticas voltadas para a produção do cuidado, que por vezes, se aproxima de cuidado que valoriza o a saúde em seu conceito ampliado, e em outros momentos mostra-se mais técnica e procedimental fortalecendo a hegemonia do modelo biomédico.É importante salientar que, embora, os usuários relatem as fragilidades dos serviços principalmente no que referem a marcação de consultas com especialistas, eles reconhecem o empenho dos trabalhadores em promover resolutividade das demandas. Os achados encontrados na pesquisa mostram que a produção do cuidado relaciona-se a diversos significados; assistência, tratamento, cura, educação, acolhimento, proteção, autonomia, atenção. Nesta perspectiva, o cuidado ganha uma aproximação com as ações realizadas pelos profissionais de saúde, as quais são orientadas por uma prática, técnica e modelo. No entanto, percebe-se também que ato de cuidar acontece de forma espontânea distancia-se de protocolos. Nesse sentido, Boff (2005) reforça a dimensão ontológica, a qual indica que o cuidado não é algo que possuímos, mas algo que somos. Assim, percebemos que as mudanças foram percebidas por alguns trabalhadores e outros não atribuíram os novos modos de operacionalização ao um “Modelo de Atenção”, consideraram mais uma atividade.  Nesse sentindo, cabe-nos uma reflexão, feita por um dos participantes da pesquisa, e que se tornou título da dissertação: “E para cuidar, precisa de modelo?” Considerações finaisDiante da realidade do município de Sobral-Ce, é notório o papel que essa estratégia tem ocupado. Percebemos esse cenário como um lócus favorável para o exercício da democracia e fortalecimento da promoção da saúde. No entanto, ainda demonstra algumas práticas cristalizadas no modelo biomédico.É importante destacar que a ESF norteia as ações de produção, coordenação do cuidado no município, muito embora, a SSMS tenha aderido à proposta do MACC para orientar a organização dos atendimentos as condições crônicas, as duas propostas coexistem. Diante dessas considerações, evidenciamos que mesmo a ESF sendo a proposta central de orientação das ações e estratégias da atenção primária, ainda encontra enormes desafios para superar a cristalização de modelos hegemônicos arraigados á condutas profissionais curativas e fragmentadas. No entanto, a coexistência de duas propostas reorganização tem provocado a ressignificação da práxis dos trabalhadores, na tentativa, ainda que muito tímida de reinventar os modos de produzir cuidado, acima de tudo de cuidar de vidas. 

10129 POLÍTICA DE PROMOÇÃO À SAÚDE: UMA APROXIMAÇÃO GENEALÓGICA
Josiane Moreira Germano, Valéria Monteiro Mendes, Laura Camargo Macruz Feuerwerker

POLÍTICA DE PROMOÇÃO À SAÚDE: UMA APROXIMAÇÃO GENEALÓGICA

Autores: Josiane Moreira Germano, Valéria Monteiro Mendes, Laura Camargo Macruz Feuerwerker

Apresentação: Este trabalho integra as análises realizadas no âmbito do Observatório Nacional de Políticas Públicas e Educação em Saúde por meio da Linha de Pesquisa Micropolíticas e Governos de Si que nos últimos anos vem se dedicando à produção de pesquisas explorando o processo de fabricação de políticas com base na análise da Política como dispositivo e na construção de exercícios genealógicos. Neste contexto, para além das análises tradicionais do campo da saúde coletiva bastante fixadas na perspectiva do ciclo de políticas seguindo as etapas de formulação, implementação e avaliação, apostamos na radicalização do modo de analisar a produção das políticas, entendendo que não há linearidade na construção dos problemas e nos conceitos produzidos para enfrentá-los. Assim, a genealogia nos permite visibilizar as forças que se apropriam de determinados problemas e conceitos em diferentes contextos e momentos históricos que resultam na produção de diferentes sentidos e valores. Analisar as forças, os vetores, os projetos, as apostas a eles relacionados faz-se necessário já que nos permite visibilizar que forças ao se apropriarem dos problemas e produzirem valores não necessariamente correspondem aos sujeitos, que produzem distintas forças, algumas simultaneamente. Nosso objetivo é partilhar as visibilidades produzidas na composição de um exercício genealógico da política de promoção à saúde como possibilidade de favorecer outras percepções atribuídas no cotidiano dos serviços de saúde e na sociedade. Tendo como intercessores especialmente Foucault, Nietzsche, Deleuze e Guattari identificamos uma importante linha de força no campo dessa política, a da determinação do social do processo saúde-doença que, no contexto da plataforma biopolítica, incita a responsabilização individual pela saúde como parte de estratégias voltadas ao governo das populações. Neste campo de forças de controle da vida individual e coletiva percebe-se a potencialização de outras duas, a médico-hegemônica e do mercado, que permanentemente engendram modos de significar o corpo, o cuidado, o tralho, a saúde por meio dos quais são produzidos valores, concepções e processos de subjetivação sobre modos de estar no mundo produzidos como “válidos”. Desenvolvimento: Considerando o processo de construção do SUS é possível visibilizar agenciamentos de um conjunto de forças que atravessam os ditos trabalhadores, gestores e usuários. Apesar do SUS, ao longo dos anos, ter apostado em formulações que propõem estratégias que defendiam mudanças na assistência, identifica-se que tais ações têm sido fortemente atravessadas pelo modelo medico-hegemônico o que tem servido como um dispositivo “operador” da governamentalidade neoliberal. Neste contexto, traremos parte de nossas análises enfocando a promoção da saúde e suas tensões na Estratégia Saúde da Família (ESF). Então, cabe considerar que a promoção de saúde não tem uma definição universal, podendo ser visibilizada como campo de práticas, saberes e poderes ancorados em discursividades regulamentadoras e disciplinares e como um campo mais emancipatório com ações mais participativas. Já a formulação da ESF partia de uma proposta de superação do modelo biomédico que buscava colocar a família na centralidade do cuidado por meio de ações de promoção, prevenção, reabilitação, diagnóstico disputando outros modos de produzir o cuidado por meio do trabalho multiprofissional vivo nos territórios. Contudo, nossas análises e vivências mostram que as forças biopolíticas e de mercado atravessaram e capturaram o SUS de modo importante, especialmente considerando que não foram produzidas disputas sobre o modo de construir o SUS, particularmente considerando que seus construtores, de modo geral, foram reduzidos à condição de executores e consumidores de procedimentos. Neste campo de forças a ESF foi sendo construída como um dispositivo fortemente disciplinar valendo-se de mecanismos de poder-saber para controle e vigilância de determinada territorialidade que tem produzido limitadas conversações com o vivido. A potência de considerar os modos singulares como as existências produzem o viver foi sendo capturada por uma perspectiva orientada majoritariamente pelo campo de saber epidemiológico, o que não tem favorecido a produção e o acesso às ações em rede. Disso, decorre um modo de conceber e de estar nos territórios voltado à redução e/ou eliminação fatores de risco, aproximando a promoção da saúde de um conjunto de ações normalizadores avalizadas pelo saber cientifico. Longevidade, equilíbrio, qualidade de vida são noções amplamente difundidas e que ganham um lugar nos processos de subjetivação vividos pelas existencias que a reconhecem como o caminho para a obtenção de saúde ou ser/estar saudável sem ônus. Entretanto, no cotidiano desta lógica da “vida ativa” que pouco favorece saberes e práticas mais próximos da noção de saúde como uma produção, os encontros seguem privilegiando um modelo individualizante, culpabilizante e assujeitador. Assim, viventes vão sendo atravessados e regulados pelo discurso de risco, um dos operadores da perspectiva biopolítica que, articulada à ESF, atribui aos sujeitos a responsabilidade da saúde perfeita na condição de objeto de desejo. Neste processo de subjetivação identifica-se uma forte atuação da linha de força do mercado que produz maneiras de ser, vestir, estar, comer, viver, sentir, ou seja, de consumir uma forma de vida incorporada como saudável no âmbito de uma sociedade do espetáculo que não cessa de produzir empresários de si e celebridades. Apesar da forte atuação de certas forças, a promoção da saúde como o “carro-chefe” da ESF pode ser construída em diferentes direções justamente porque a política é produzida no cotidiano dos encontros. Disso, podem decorrer práticas com forte componente normalizador e de autorresponsabilidade que se vale da educação como estratégia para que famílias e populações alcancem a “saúde positiva”, no sentido de que há um convite para se viver mais com menos peso financeiro na assistência às custas de um esforço individual. Podem decorrer ainda práticas que concebem promoção de saúde por uma perspectiva mais “emancipatória” com base na valorização do saber popular e da singularidade dos modos de viver. Contudo, denotamos que tal perspectiva tende a não ganhar corpo considerando que a retórica da promoção da saúde está orientada para a “saúde positiva” que se vale de indicadores que “atestam” a qualidade da assistência e das ações de promoção da saúde ao serem ativados pelas forças de mercado. A questão é que estes marcadores quando associados ao desempenho, em especial pela mídia, atua ativamente na produção de comportamentos e atitudes moralizantes, a serem consumidos como “estilos de vida”, considerando também o forte discurso de “empoderamento” individual. É nesta perspectiva que a ESF, diferentemente do hospital, tem majoritariamente se voltado ao governo da vida à céu aberto, salvo, quando opera capturas sobre as possibilidades de expansão das existências pela vigilância e controle na atenção domiciliar. Considerações finais: Nossas análises permitem visibilizar que a ESF tem privilegiado práticas fundamentadas no discurso da qualidade de vida contribuindo para que os vínculos entre trabalhadores e usuários atuem como mecanismos de controle em detrimento de um dispositivo para a ampliação da potência do outro, no âmbito de forças como do mercado, das políticas regulatórias, da intersetorialidade, do modelo médico-hegemônico. A composição de exercícios genealógicos que, nos permite visibilizar os campos de força que compõem e tensionam a construção de políticas, torna-se fundamental em especial se considerada a atual experiencia política que vivenciamos no país. Tais análises permitem problematizarmos que as políticas são produzidas no cotidiano e que práticas mais cuidadoras não são revogadas por portarias ou decretos, justamente porque se trata de seguirmos lutando por modos de cuidar mais porosos à diferença e em ato e nos quais o viver é tomado em sua produção singular.

10207 A UTILIZAÇÃO DA LIBRAS COMO FORMA DE HUMANIZAÇÃO E EQUIDADE NA ASSISTÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
LORRANE TEIXEIRA ARAÚJO, JÉSSICA MARIA LINS DA SILVA, KÁTIA DO SOCORRO CARVALHO LIMA, JAQUELINE DANTAS NERES MARTINS, IZABELA MOREIRA PINTO, ADRIAN GABRIELLY RAMOS GUIMARÃES, FILIPE RABELO RODRIGUES, João Victor Elyakim Pantoja Magno

A UTILIZAÇÃO DA LIBRAS COMO FORMA DE HUMANIZAÇÃO E EQUIDADE NA ASSISTÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: LORRANE TEIXEIRA ARAÚJO, JÉSSICA MARIA LINS DA SILVA, KÁTIA DO SOCORRO CARVALHO LIMA, JAQUELINE DANTAS NERES MARTINS, IZABELA MOREIRA PINTO, ADRIAN GABRIELLY RAMOS GUIMARÃES, FILIPE RABELO RODRIGUES, João Victor Elyakim Pantoja Magno

Apresentação: Os direitos da comunidade surda estão ganhando força, apesar das dificuldades enfrentadas para obtenção do acesso aos serviços básicos, como a saúde e a educação. Os direito de acessibilidade da comunidade surda estão garantidos  pela política Nacional de Saúde  à Pessoas com Deficiências, no entanto, as problemáticas são diversas e a propagação de ensino da Língua Brasileira de Sinais ainda é pequena diante da demanda. Diante disso, tem-se buscado maneiras de melhorar a atenção em serviços de saúde para a comunidade, como a qualificação de profissionais da saúde para humanização do trabalho e prestação de serviços com direitos equânimes, portanto, desenvolveu-se este relato buscando descrever uma ação de educação permanente realizada com profissionais da área da saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência realizado na Universidade do Estado do Pará, para a capacitação de profissionais da saúde acerca da LIBRAS básica. A capacitação deu-se a partir do Pet- Saúde- o programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, juntamente com acadêmicos de enfermagem e discentes licenciados em libras da universidade do Estado do Pará, com o intuito de compartilhar ensinamentos sobre a utilização da LIBRAS para a equidade na assistência. A qualificação em LIBRAS ocorreu em dezembro de 2019, no qual foi criado um convite virtual convocando interessados a participar das aulas que teriam como conteúdo o ensino da LIBRAS básica e LIBRAS voltada à saúde. Resultado: No início das aulas houve uma certa dificuldade, por parte dos presentes, na realização de alguns sinais, entretanto, à medida que foram praticando, alcançaram técnicas e aprimoraram-se. Os professores e acadêmicos também puderam partilhar informações e vivências fundamentais para o ensino, sendo que estavam bastante entusiamados com a participação da turma, além disso, relataram que sentiram-se realizados em poder contribuir com a temática, haja vista que a LIBRAS é de suma relevância para os profissionais prestarem cuidados de qualidade e humanizado aos clientes que, por vezes, sofrem com dificuldades assistenciais. A capacitação findou com a turma habilitada para a fala básica em LIBRAS, com bom aproveitamento, compartilhamento e ressignificação de saberes, bem como com a desmistificação e queda de tabus em relação a comunidade surda, promovendo, assim, a criação de novas competências e habilidades que promovam um cuidado equânime, acolhedor e, principalmente, humanizado. Considerações finais: Espera-se que, a partir desse trabalho, haja o fomento para ações semelhantes, voltadas a promoção da educação continuada, em especial abordando esta temática, posto sua importância para a redução das desigualdades assistencias, tanto no acesso à educação, quanto à saúde, para a comunidade surda brasileira.

10251 CAMINHOS CARTOGRÁFICOS… NOTAS SOBRE A INCOMPLETÊS
Valéria Mendonça Mendonça Barreiros, Rossana Staevie Baduy, Silas Oda, Stela Mari dos Santos, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Melchior

CAMINHOS CARTOGRÁFICOS… NOTAS SOBRE A INCOMPLETÊS

Autores: Valéria Mendonça Mendonça Barreiros, Rossana Staevie Baduy, Silas Oda, Stela Mari dos Santos, Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Regina Melchior

Apresentação: Aprendemos de diversas maneiras o que é fazer pesquisa, muitas vezes somos ensinadas que pesquisa é aquilo distante, longe, frio, limpo. Usualmente nos aproximamos à pesquisa em cenários formais de estudo como nas escolas e universidades, com a necessidade de vários quesitos para se pensar e realizar uma pesquisa. Na proposta da pesquisa cartográfica somos convocadas a nos in-mundizar no campo, a nos abrirmos aos encontros, nos implicamos nas possibilidades de construir e desmanchar mundos dentro e fora de nós, acolhendo os efeitos e afetos sentidos pelas pesquisadoras. Dessa forma, subverte a lógica da distância da pesquisa tradicional, da neutralidade, do limpinho e, assim, mergulhamos no mundo da pesquisa, primando muito mais o percurso com seus encontros e potências do que objetivos engessados e traçados previamente. Para tanto, ser grupo de pesquisa com essa proposta é estar aberto para compor um grupo valorizando cada um com suas histórias, valores, sentimentos, desejo e defeitos. Destacando a necessidade de estar aberto ao encontro. Nos encontros do grupo não se processa apenas os objetivos da pesquisa, debatemos os efeitos gerados em nós pelos encontros e vamos nos construindo de forma diferente, nos acolhemos e nos reconhecemos como multidões, emaranhados, afetos, escutas e parcerias. Neste trabalho, objetivamos apresentar momentos do percurso de ser pesquisadoras no Observatório Nacional de Políticas Públicas em Saúde e Educação em Saúde da região de Londrina/PR nessa forma diferente de fazer pesquisa, partilhando nossas narrativas e cartografias dos encontros e afetos que vibram em nossos corpos. Desenvolvimento: Nosso grupo se encontra semanalmente para processarmos as pesquisas que estamos desenvolvendo, como elas nos atravessam, os afetos e potências que começam a explodir. Esses encontros são mundos e na diferença de se construir dessa forma, com a aposta de cada vez criarmos espaços mais inventivos, acolhedores e leves, propomos momentos em que possamos convocar e deixar fluir a multidão de eus que nos habitam, trazendo as tintas e cores que nos compõe, deixando mais coloridos os espaços, o grupo e nosso corpo. Resultado: Aqui partilhamos as cartografias feitas pelas pesquisadoras nesse percurso de estar no fazer pesquisa, trazendo as marcas que vão nos colorindo no mancha e desmancha das possibilidades. Narrativa do Alvorecer (ou notas de pesquisadoras inmundas). Primeiro ato: Ahhhh a pesquisa!!! Que história é essa que nos ensinaram? Lugar de poucos. escolhidos, inteligentes e raros. Cercados (no masculino mesmo, pra marcar o patriarcado) de saberes comprovados, ciência que autoriza só quem comunga do seu olhar hegemônico, limpinho, branco, colonizado. De saberes cinzas, enjaulados em laboratórios/celas, teorias/prisões, tubos, livros, normas, autorizações, doutores e tals...quase tudo pasteurizado, criado em linha de produção… E, atrás do manto da invisibilidade (que protege a “sagrada ciência”), gente. Gente que chora e que ri, que constrói saberes e quereres ”in mundados” de vida que pulsa. Quero pesquisa/gente, não coisa. Quero corpos que vibram na alegria dos encontros. Segundo ato - O encontro: Chegamos. Nosso corpo tem histórias de produzir pesquisa a partir de encontros com gente. Já encontramos muitas gentes nessa vida!!! Encontros com cores, alegria e poesia...e também encontros dores, fedores e horrores. Nosso corpo parte na aposta desse encontro/festa (sabe, aquele com cores, alegria e poesia. Enchemos uma mala de história, porta retrato de família, álbum de casamento, colchas tecidas por ancestrais, cantigas de Orixás, devires...ahhh como foi difícil a escolha. Que história vamos levar? Elas não cabem na mala, fechamos o zíper e transbordam acontecimentos, outros ficam tristes por não poderem ir dessa vez. Tentamos acalmá-los. Outros encontros virão e quem sabe eles caibam neles. Chegamos no possível campo/lugar. No campo/lugar é onde irá acontecer nosso encontro. Um prédio comum (feio como quase todas as construções criadas para o cuidado. Insistimos em não compreender porque afastamos o belo do cuidado!!!). Pessoas entram e saem do prédio, caras tristes, cansadas, de pouca conversa e simpatia. A sala de nosso encontro é no último andar e não tem elevador. O dia está muito quente, sabe aquele quente grudento? Então grudentas, subimos a escada erguendo nossa mala de histórias que insistia em transbordar acontecimentos pelo zíper. Encontramos com outra pesquisadora “in munda”. Nossos olhos brilham de cumplicidade. Nós com a mala, ela com a cadeira de balanço que delicadamente irá embalar nossas histórias. Entramos, na sala. Sala comum, com cara de nada. E com nossos olhos brilhando e corpos vibrando na aposta do encontro transmutamos o espaço impessoal e frio num lindo canto acolhedor de histórias. Cuidamos com zelo de cada detalhe, panos, cores, objetos carregados de emoção começavam e compor aquele lugar. A cadeira de balanço, o altar sincrético de histórias, o círculo de cadeiras, música, comidinhas…. Enfim, a mística de nosso encontro estava pronta!!! Agora era esperar que as pessoas chegassem. Frio na barriga, e insistimos, uma alegre aposta no encontro! As pessoas foram chegando, trazendo seus objetos/história e recompondo nosso lugar de encontro. A cada pessoa que chegava sentíamos que o lugar ia cada vez mais se povoando, povoando de histórias que afetivamente foram escolhidas para a partilha. Fizemos a Tenda do Conto, e a cada pessoa que sentava naquela linda cadeira de balanço e nos presenteava com um pedaço de sua história nossos corpos felizes vibravam e sentiam arrepios. Foi um encontro/festa! Considerações finais: Pode parecer difícil explicar esse jeito de fazer pesquisa, cada um explica do seu jeito, que parece nunca conseguir abarcar esse mundo que é a pesquisa na cartografia. Parece sempre meio incompleto. Mas será cartografia não é isso, uma eterna incompletês? O processo no processo, durante o processo e após o processo iniciando um novo processo? Será que todos esses agenciamentos gerados nos encontros têm fim? Acreditamos que nesse caminho cartográfico os efeitos vividos nas trajetórias não tem fim, entendendo a incompletês como um devir constante. Devir constante pois, não se busca testar uma certa pergunta, mas sim deseja-se vivenciar agenciamentos a todo momento na busca de um certo “não lugar” um lugar a “devir” que produza para nós e para os outros um conhecimento com significado na vida e para vida. Para vida vivida com beleza, afetos e recheada de encontros que produzam incompletês!  

10339 ATIVIDADES EDUCATIVAS DE PROMOÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Ursula Viana Bagni, Maria Thereza Medeiros Fernandes, Julliane Sandriely Melo Pereira, Maria Elionês Oliveira Araújo, Maria Eduarda Bezerra Silva, Josianny Rodrigues dos Santos Silva, Thaís Lima Dias Borges

ATIVIDADES EDUCATIVAS DE PROMOÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Ursula Viana Bagni, Maria Thereza Medeiros Fernandes, Julliane Sandriely Melo Pereira, Maria Elionês Oliveira Araújo, Maria Eduarda Bezerra Silva, Josianny Rodrigues dos Santos Silva, Thaís Lima Dias Borges

Apresentação: As atividades de educação alimentar e nutricional visam estimular de maneira autônoma e voluntária, hábitos alimentares saudáveis. Para pessoas com deficiência visual tornam-se ainda mais necessárias, pois encontram maiores dificuldades para adquirir e manter uma alimentação saudável. Frequentemente os obstáculos enfrentados no preparo e porcionamento das próprias refeições e na aquisição dos alimentos com autonomia, desestimula-os a manter uma rotina alimentar saudável. Nesse sentido, foi desenvolvido um projeto de extensão que realizou atividades educativas inclusivas a fim de promover hábitos alimentares saudáveis que auxiliassem em pessoas com deficiência visual. Desenvolvimento: Foram realizadas 20 atividades educativas no Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, realizadas semanalmente durante todo o ano de 2019. As atividades foram voltadas às pessoas com diferentes graus de deficiência visual, seus familiares e professores da instituição. A equipe responsável era composta por docente e alunos de graduação e pós-graduação em Nutrição, e realizaram capacitações para imersão nos aspectos relacionados à deficiência visual, visando entender melhor quais as necessidades e especificidades desse público, principalmente relacionadas ao aprendizado, comunicação e locomoção. Foram abordadas as diretrizes para promoção de alimentação e estilo de vida saudável, a fisiopatologia, prevenção e tratamento doenças crônicas não transmissíveis, e realizadas de oficinas culinárias e de degustação que contemplaram receitas práticas e acessíveis relacionadas com as patologias que foram discutidas. Todas as atividades foram inclusivas e acessíveis e buscaram estimular o uso dos sentidos remanescentes pelos indivíduos com deficiência visual para facilitar o aprendizado em cada encontro. Resultado: O projeto foi bem recebido pelos participantes e pela instituição, e em todas as atividades havia muitos participantes, que interagiram muito e relatavam estar aprendendo bastante em decorrência das atividades serem planejadas especificamente para essa população. Percebeu-se que para realizar atividades educativas inclusivas e que promovam alimentação e estilo de vida saudável para essa população é extremamente necessário o uso de materiais táteis. O tato é um dos principais sentidos que contribui para o aprendizado e alcança a todos, de forma que tanto pessoas deficiência visual quanto os videntes conseguem compreender o conteúdo de maneira mais eficaz. Além disso, é necessário que esses materiais táteis sejam, preferencialmente, tridimensionais e com diferentes texturas pra que a pessoa com deficiência visual consiga perceber através toque os elementos inseridos no contexto da atividade. As oficinas culinárias com envolvimento do indivíduo com deficiência visual no preparo das receitas em que também foram relatadas como cruciais para a adesão de hábitos alimentares saudáveis. A escolha de preparações práticas, que pudessem ser executadas pelo próprio sujeito, contribuiu para a participação de todos. O toque no alimento e o preparar a receita com autonomia fez com que os participantes sentissem o interesse em provar novos alimentos e percebessem que a alimentação saudável também pode ser saborosa. Considerações finais: Atividades educativas de alimentação e nutrição, quando acessíveis às pessoas deficiência visual, contribuem para melhores escolhas alimentares e melhor relação com a comida, bem como estimulam a autonomia e o autocuidado em relação à saúde e nutrição nessa população.

10425 ÊXITOS DO TRABALHO INTERPROFISSIONAL EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM MANAUS
Gabriel Sarkis Benacon, Bahiyyeh Ahmadpour, Yan Nogueira Leite Freitas, Luciana Costa Pinto da Silva

ÊXITOS DO TRABALHO INTERPROFISSIONAL EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM MANAUS

Autores: Gabriel Sarkis Benacon, Bahiyyeh Ahmadpour, Yan Nogueira Leite Freitas, Luciana Costa Pinto da Silva

Apresentação: Este trabalho busca discutir as experiências exitosas do trabalho em equipe, integrado e comunicativo, que ocorre entre as diferentes áreas de atuação profissional do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III, desenvolvidas durante atividades discentes, presenciais e observacionais, do Programa de Educação pelo Trabalho – Interprofissionalidade (PET-Saúde). Desenvolvimento: O trabalho interprofissional representa uma estratégia em que diversos profissionais, com um objetivo comum, expõem suas competências, negociam entre si e elaboram um plano a ser realizado em consonância com cada indivíduo, contribuindo com suas habilidades a fim de efetuá-lo e implicando em maior resolubilidade. Apesar de ser preconizada por instituições como o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), o trabalho interprofissional carece de uma sistematização aplicável à realidade dos sistemas de saúde internacionais, resultando na escassez de evidências que suportem seus benefícios nestes. Os motivos disto se relacionam com a formação isolada das diferentes categorias profissionais; a falta de capacitação para liderança, comunicação e resolução de conflitos em equipe, e a resistência cultural de outros modelos assistenciais, centrados no médico e na doença. O CAPS AD III de Manaus, por outro lado, apresenta uma equipe interprofissional apta a colaboração e ao trabalho em equipe. Estes profissionais possuem a noção de que a saúde é um conceito complexo e amplo, em que para se promover ao paciente bem-estar biopsicossocial é necessária a atuação conjunta e interdependente de todas as profissões. Observou-se que uma série de fatores contribuiu para que estes profissionais obtivessem êxito em formar a equipe preconizada: 1) Anseio comum de efetuar os objetivos do serviço 2) Implementação recente e pioneira do tipo de serviço na região 3) Experiência de gestão compartilhada entre a equipe 4) Reuniões participativas de equipe semanais e protegidas 5) Existência de atribuições comuns a todos os profissionais 6) Amplo uso de Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) 7) Baixa rotatividade profissional A instituição fora inaugurada em outubro de 2015, representando o primeiro CAPS voltado à assistência de usuários com problemas relacionados ao uso de substâncias, contando com uma equipe formada por médicos psiquiatras e clínicos gerais, psicólogos, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, educadores físicos, nutricionistas, técnicos de enfermagem e administrativos. Seu primeiro ano de funcionamento fora marcado por uma gestão compartilhada do serviço, no qual estas diferentes categorias profissionais interagiam comunicativamente para delimitar objetivos e problemas, encontrar maneiras de solucioná-los, eticamente, e conceber um projeto de ação. Desta maneira, todos os objetivos, as escolhas, os compromissos e os desfechos eram compartilhados. Naturalmente, todos os membros da equipe realizavam uma supervisão compartilhada do processo de trabalho, em que, mesmo com atribuições bem definidas a cada um, a existência de um objetivo comum a ser sucedido por meio de um trabalho interdependente impediu que os profissionais trabalhassem de forma independente, isolada ou descoordenada. Esta organização da cadeia laboral se identifica como uma estrutura horizontalizada da lógica do trabalho, em que cada profissional da equipe tem autonomias relativas na tomada de decisões por meio da interação comunicativa. Apesar da implementação da figura hierárquica do gestor no ambiente de trabalho, um ano após a inauguração, esta estrutura horizontalizada de trabalho em equipe se manteve. A presença do gestor, na verdade, impulsionou esta lógica de trabalho, visto que sua atuação como líder promoveu a melhor administração de conflitos e o estímulo a realização de reuniões mais participativas, promovendo benefícios na convivência e estimulando discussão de problemas. Dentre os planos elaborados pela equipe para atender diretamente as necessidades dos usuários, três foram essenciais para a promoção do trabalho interprofissional: a distribuição de atribuições comuns aos profisssionais, a sistematização de PTS e as reuniões semanais em horário protegido. A equipe deste CAPS optou por garantir o atendimento por demanda espontânea de sua população, através do acolhimento por um Terapeuta de Referência (TR). O TR é um profissional da saúde de nível superior responsável pelo: 1) atendimento inicial do paciente e escuta qualificada de suas necessidades 2) pactuação do Projeto Terapêutico Singular 3) acompanhamento de cada caso e estabelecimento de vínculo. Dentre os profissionais que são responsáveis por acolhimentos no CAPS AD estão presentes farmacêuticos, educadores físicos e nutricionistas, os quais são exemplos de áreas que nem sempre possuem uma formação com preparo adequado para atendimento especializado em saúde mental. Assim sendo, outros membros da equipe, como médicos, psicólogos e enfermeiros, providenciaram capacitação a estes profissionais, configurando um exemplo de educação interprofissional dentro do ambiente de trabalho. Além disso, a sistematização dos acolhimentos por demanda espontânea fora realizada com a participação de toda a equipe em reuniões, o que resultou na elaboração de um documento com todas as informações a serem coletadas num acolhimento e no estabelecimento de todas as orientações e esclarecimentos que devem ser prestados ao acolhido. O amplo uso de PTS dentro do CAPS AD se configurou como um dos principais instrumentos de promoção ao trabalho interdisciplinar. É ferramenta de corresponsabilização e de gestão integrada do cuidado, contendo quatro componentes: 1) avaliação biopsicossocial 2) negociação de propostas intervencionistas com o usuário e estabelecimento de metas 3) divisão de responsabilidades e tarefas entre os membros da equipe 4) reavaliação e correção do PTS corrente. Seu uso, além de promover a valorização de profissionais não médicos na liderança do cuidado de um paciente, impulsionou a interação horizontal entre as diferentes categorias profissionais. O TR, para realizar a divisão de responsabilidades e tarefas entre a equipe, teve de aprender junto, sobre e entre as diferentes categorias profissionais. Durante a breve trajetória de 2015 a 2019, a equipe profissional do CAPS AD se manteve com poucas alterações. A grande maioria dos profissionais ainda é a mesma desde a inauguração, reduzindo a necessidade de dispender tempo em capacitação aos novos profissionais, além de sugerir a existência de uma ambiência satisfatória na instituição, na qual todos são valorizados, ouvidos, respeitados e promovidos a se posicionar. IMPACTOS A equipe do CAPS AD apresenta-se apta ao trabalho interprofissional, o que proporcionou: melhor satisfação do trabalhador e da ambiência; autovalorização de categorias profissionais não médicas; exposição e resolução de problemas via reuniões em horários protegidos; realização de capacitação e educação interprofissional entre os membros da equipe. A melhor articulação da equipe, por sua vez, permitiu alcance de resultados satisfatórios na assistência em saúde. Ademais, o acompanhamento observacional de todos os profissionais e da gestão do serviço pelos discentes do PET-Saúde permitiu que estes aprendessem a sistematizar uma equipe interprofissional, inclusive em posições de liderança. A participação discente do PET-Saúde é extremamente vantajosa, pois integra o ensino de graduação com o serviço de saúde, permitindo disseminar esta forma de trabalho ao contexto de formação profissional e alterar os paradigmas de formação isolada das diferentes áreas e da atenção à saúde centradas no médico e na doença. Considerações finais: O PET-Saúde fora uma ferramenta importante na avaliação do trabalho interprofissional exitoso dentro de uma unidade de saúde, comprovando os benefícios dessa lógica de trabalho dentro da assistência à saúde. Os fatores observados e discutidos neste texto servem como base para a implementação de medidas promotoras do trabalho interprofissional em outros serviços de saúde, com a finalidade de melhorar a satisfação e produtividade profissionais e a assistência ao usuário.

11106 SINGULARIDADES DO SUJEITO QUE VIVE COM O VIRUS HIV: uma reflexão na ótica de Edgar Morin
Suzana Pinto Dal' Berto, Simone Wunsch, Sergio David Jaskulski Filho

SINGULARIDADES DO SUJEITO QUE VIVE COM O VIRUS HIV: uma reflexão na ótica de Edgar Morin

Autores: Suzana Pinto Dal' Berto, Simone Wunsch, Sergio David Jaskulski Filho

Apresentação: Dados epidemiológicos do HIV/AIDS no Brasil, evidenciam que  desde o início da epidemia, período de 1980 até ano 2019, foram notificados mais de 900 mil casos. A utilização e o acesso a terapia antirretroviral (TARV),  aliada ao cuidado,  realizado pelos serviços de saúde, mediante monitoramento e acompanhamento clínico e orientações, possibilitaram mudanças no panorama da  infecção, tornando-a crônica. A cronicidade possibilitou que as pessoas que vivem com HIV/AIDS (PVHA) se tornassem  sujeitos do seu cuidado.  Essa conversão, torna-se possível ao identificarem as singularidades da sua nova condição, revendo-se como sujeitos produtores de sua saúde e não de seu adoecimento, apesar de viverem com HIV. Objetivo: Realizar uma reflexão acerca  do cuidado dos sujeitos que vivem com HIV e suas singularidades. Desenvolvimento: no ano de 2019, em uma cidade do interior do RS, implantou-se um ambulatório microrregional HIV/AIDS. O trabalho  do ambulatório, nesse primeiro ano,  apresentava diversos desafios, destacando-se o fortalecimento do vínculo e o resgate de sujeitos que vivem com HIV para prática do cuidado. Para o estreitamento dos vínculos, fez se necessário conhecer as singularidades da prática cuidado realizados pelos sujeitos,  através  da escuta e do acolhimento. Resultado: Verificou-se, com a implantação do ambulatório, que o cuidado envolve  ativamente o sujeito e suas singularidades, isto é: cuidar-se; cuidar uns dos outros; compreender a vulnerabilidade; não  falar sobre o tema, inclusive com a família; sono tranquilo;  alimentação saudável; exames; medicamentos; abrir mão de atividades prazerosas como o banho de chuva. Pode-se, inferir, diante doobservado junto ao ambulatório, que o sujeito emerge de um processo de auto organização complexa, onde supera medos, incertezas, através de um processo com muitas etapas, onde sujeito e singularidades são constitutivos um do outro, isto é, sujeito perturba o processo e o processo perturba o sujeito. Ser sujeito pressupõe então situar-se no interior de seu próprio ambiente e de si mesmo, de forma autônoma e ao mesmo tempo  dependente para a construção de seu cuidado Considerações finais: Acredita-se que a sensibilização dos profissionais e usuários do ambulatório seja de fundamental importância para que estes últimos protagonizem ações de cuidados no sentido de reconhecerem-se/constituirem-se como sujeitos do cuidado.