451: O pluralismo na saúde | |
Debatedor: Mayara Barroso Quintanilha | |
Data: 29/10/2020 Local: Sala 11 - Rodas de Conversa Horário: 10:30 - 12:30 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
7027 | PARTO HUMANIZADO: MITO OU VERDADE? THAYNA PONTES PEREIRA, Laressa Barbosa da Silva, Lucas Almeida Figueiredo PARTO HUMANIZADO: MITO OU VERDADE?Autores: THAYNA PONTES PEREIRA, Laressa Barbosa da Silva, Lucas Almeida Figueiredo
Apresentação: Fisiologicamente o parto é “coisa de mulher”, uma atividade inerentemente feminina, natural e fisiológica, e até o século XVII a obstetrícia era uma ciência sob a ótica masculina aonde se excluía a mulher do momento mais sublime de sua vida: a chegada de seu filho, sendo transformado em um procedimento médico, androcêntrico e tecnocrático, para muitas mulheres uma agressão obstétrica devido a sua não participação ativa no processo do nascimento. O Ministério de Saúde (2000) preocupado em melhorar a forma de humanizar o parto assinou a portaria 569, com o objetivo de respeitar e criar condições para que todas as dimensões do ser humano sejam atendidas: espirituais, psicológicas e biológicas. O conceito de humanização ao parto inclui vários aspectos, pois é um processo que respeita a individualidade das mulheres, valorizando-a como protagonista e permitindo a adequação da assistência à cultura, crenças, valores e diversidade de opiniões. Entretanto, a humanização da assistência ao parto implica também e, principalmente, que a atuação do profissional respeite os aspectos de sua fisiologia, não intervenha desnecessariamente com procedimentos invasivos, reconheça os aspectos sociais e culturais do parto e nascimento, e assim ofereça o necessário suporte emocional à mulher e sua família, facilitando a formação dos laços afetivos familiares e o vínculo mãe-bebê. É uma nova forma de lidar com a mulher/gestante respeitando sua natureza e sua vontade. Objetivo: Refletir acerca da assistência prestada a mulher durante o ciclo gravídico-puerperal, destacando a parturiente, evidenciando o verdadeiro sentido de cuidá-la holística e humanamente, otimizando a assistência oferecida no momento do nascimento, o que evitará traumas e desconforto da mesma numa época onde se veicula grandemente políticas públicas de humanização no sistema de saúde governamental. Desenvolvimento: A metodologia aplicada foram referenciais bibliográficos onde foram analisados 25 artigos por meio de bancos de dados como: Scielo, (sem sugestões). Resultado: Diante da análise observou-se que o tema parto humanizado tem sido alvo de investigação recorrente e recentemente foi constatado que ainda que existe o PHPN o uso de práticas inadequadas como tricotomia, episiotomia, privação da intimidade da parturiente ainda permanece nos centros obstétricos. Quanto ao enfermeiro é possível concluir que esse profissional se faz imprescindível, uma vez que é no momento do TP e nascimento que a atuação do mesmo gera segurança e liberdade. Além disso, cabe também ao enfermeiro identificar possíveis intercorrências e utilizar-se da habilidade técnica e científica, para reduzir os índices de morbimortalidade materna e neonatal. Considerações finais: É necessário que os profissionais visualizem a importância das medidas assistenciais diferenciadas abordadas pelo PHPN, para que essas práticas sejam realmente oferecidas com um atendimento acolhedor, onde possam ser rompidas práticas tradicionais agressivas. Percebe-se, ainda, um longo caminho na busca pela excelência do cuidado, em que uma visão holística do ser humano seja o propósito a ser atendido. Parto humanizado não é moda. É respeito! |
9493 | ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DO PARTO CESÁREO EM SERGIPE Kelly Albuquerque de Oliveira, Elvis Souza, Jaylaine Santos, Josefa Taynara Varjão, Djanilson Barbosa Santos ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DO PARTO CESÁREO EM SERGIPEAutores: Kelly Albuquerque de Oliveira, Elvis Souza, Jaylaine Santos, Josefa Taynara Varjão, Djanilson Barbosa Santos
Apresentação: O parto cesáreo é definido como procedimento cirúrgico alternativo, porém na contemporaneidade está sendo realizado de forma elevada ultrapassando os valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a qual estabelece uma taxa de 15% para a realização da mesma, tendo em vista que tais procedimentos acarretam diversos problemas para a mãe e recém nascido. Objetivo: analisar a ocorrência e os fatores associados do parto cesáreo no Estado de Sergipe no ano de 2016. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório de caráter transversal, realizado a partir do banco de dados do Sistema de informação sobre Nascidos vivos (SINASC) do Estado de Sergipe no ano de 2016. Foram analisados o tipo de parto e as variáveis sociodemográficas, gestacionais e as características do recém nascido. Para análise foi aplicado o teste de qui-quadrado de Pearson adotando o valor de p ≤0,05. A construção do banco de dados foi realizada através do programa Excel. Resultado: No ano de 2016, o SINASC do Estado de Sergipe registrou o número de nascidos vivos de 32.218. Em que 25,8% dos partos foram em mulheres na faixa-etária entre 20 e 24 anos, com mais de 08 anos de estudos (60,0%), solteiras (64,0%). Em relação as características dos recém nascidos prevaleceram o nascimento do sexo masculino com 52% de ocorrência nos partos cesáreos, da raça/cor da pele negra com 86%. Ao analisar as variáveis segundo o tipo de parto cesáreo foi possível evidenciar ainda uma maior prevalência entre as mulheres com nível de escolaridade acima de 8 anos de estudo, e que realizaram 07 ou mais consultas de pré-natal. Considerações finais: A associação entre os tipos de partos e as características sociodemográficas identificaram maior prevalência no parto cesáreo, por isso é necessária uma atenção especial dos serviços de saúde, para minimizar as taxas elevadas de cesárea e favorecer uma atenção humanizada diminuindo complicações. |
11005 | ENTRE PARTOS E PLANTAS: SABERES DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO MÉDIO SOLIMÕES Maria Cecília Lima Rodrigues, Marília De Jesus Da Silva e Souza, Maria Das dores Marinho, Ana Claudeíse Silva do Nascimento ENTRE PARTOS E PLANTAS: SABERES DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS DO MÉDIO SOLIMÕESAutores: Maria Cecília Lima Rodrigues, Marília De Jesus Da Silva e Souza, Maria Das dores Marinho, Ana Claudeíse Silva do Nascimento
Apresentação: A arte de partejar é uma prática milenar que se evidencia até hoje por meio da transmissão de saberes e práticas desenvolvidas e transmitidas pelas parteiras em forma de conhecimento e herança ancestral entre várias gerações. As parteiras são mulheres dotadas de “dons” que participam ativamente nos cuidados da parturiente durante a gestação, no parto e no pós-parto. Contam com elementos naturais para auxiliar em tratamentos conhecidos como medicina tradicional, que é transmissão oral e gestual que não passa pela imediação da medicina convencional, e sim pelo saber da parteira. Os saberes e práticas das parteiras tradicionais tornou- se uma estratégia para a redução da morte materna e neonatal, e de qualificação da assistência obstétrica no país. Nesta pesquisa foi possível identificar o vasto conhecimento das parteiras em vários aspectos, especialmente sobre o uso das plantas medicinais para tratar de possíveis doenças apresentadas pela parturiente e recém nascidos. Por meio de entrevistas com 31 parteiras oriundas de comunidades de vários municípios da região do Médio Solimões sendo Tefé, Maraã, Alvarães, foi realizado um levantamento das plantas utilizadas pelas parteiras. Foram identificadas 53 plantas de diferentes espécies citadas pelas parteiras sendo: Alfavaca, Cibalena, chá-preto, Capim Santo, Erva Cidreira, Mulata Catinga, Hortelãzinho, Crajirú, Chicória, Coentro, Cipó Tuirá, Cravo de Defunto ou de Anjo, Ajuricam, Vassourinha, Sucubinha, Sara tudo, Mucuracaá, Pluma, Gergelim, Amor Crescido, Casca da Azeitona, Açaí, Mangarataia, Casca da Copaíba, Casca do Jatobá, Pracanaúba, Urtiga, Carrapateira, Folha do mamão, Mastruz, Casca do Taperebá, Folha do Abil, Cajú, Acapurana, Folha do Abacate, Casca da Andiroba, Sena, Jambú, Manjericão e Malvarisco. De acordo com as parteiras entrevistadas, dentre as plantas citadas as folhas são as partes mais usadas no preparo dos chás, representando 57%. As receitas preparadas pelas parteiras ribeirinhas e parteiras indígenas e apresentam semelhanças na sua forma de preparação, sendo por infusão e fervura. Identificou-se que as parteiras utilizam na maioria dos casos espécies similares de plantas que são utilizados nos cuidados das parturientes e dos recém nascidos, servindo para fazer chás, mistura de ervas, cascas,óleos e pomadas. As parteiras possuem ciência que para cada enfermidade há uma planta específica, por isso chamam atenção de que não se pode tomar qualquer chá, é necessário ter conhecimento dos efeitos e do que poderá acarretar. Assim, as parteiras tradicionais são sujeitos históricos que habitam as comunidades rurais da Amazônia, cujo conhecimentos advém das práticas e experiências, configurando-se uma prática importante de assistência aos partos e cuidados com a saúde das mulheres que residem áreas rurais da Amazônia onde a saúde pública é limitada. |
7157 | A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E SEUS FATORES DE RISCO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Alice Né Pedrosa, Getúlio José do Carmo Neves Netto, Mirlane da Costa Frois, Rafaela Victoria Camara Soares, Rosângela Carvalho de Sousa, Sara Cristina Pimentel Baia, Simone Aguiar da Silva Figueira A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E SEUS FATORES DE RISCO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Alice Né Pedrosa, Getúlio José do Carmo Neves Netto, Mirlane da Costa Frois, Rafaela Victoria Camara Soares, Rosângela Carvalho de Sousa, Sara Cristina Pimentel Baia, Simone Aguiar da Silva Figueira
Apresentação: No Brasil, o Ministério da Saúde adota a mesma definição de adolescência utilizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo entendida como o período entre os 10 e 19 anos de idade. Essa fase é marcada pelas grandes transformações experienciadas, não só biológicas como sociais, em que ocorre a transição da infância para a inserção inicial à vida adulta. Assim, remodelando a identidade desse indivíduo e o papel que desempenha dentro da sociedade. Este período é marcado pela descoberta e urgência de vivenciar novas experiências, desta forma, é comum o início precoce da vida sexual, sem que haja informações adequadas quanto a isso ou maturidade suficiente. Esse conjunto de fatores contribuem para que haja uma grande vulnerabilidade às ISTs e gravidez na adolescência. Condição essa que ameaça o futuro de muitas jovens e suas metas de vida. Estima-se que, ao redor do mundo, por volta 23 milhões de garotas com idade abaixo de 19 anos ficam grávidas ao ano, sendo 2 milhões dessa parcela correspondentes à menores de 15 anos. Além disso, complicações durante a gravidez e o parto lideram como as principais causas de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos. No Brasil, no ano de 2017, mães de 10 a 19 anos deram à luz a aproximadamente 481 mil crianças. A gestação na adolescência é resultado de muitas variáveis, mas tende a manifestar-se em contextos marcados pela vulnerabilidade social e a falta de oportunidades. Fatores como o baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade e a instabilidade dentro do lar expõem a garota a maiores riscos de uma gravidez indesejada. Essa condição é, de certa forma, causa e consequência da violação de direitos, pois prejudica as possibilidades das meninas de exercerem seus direitos à educação, saúde e autonomia. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem diante de um caso de gravidez na adolescência, correlacionando a condição a fatores de risco maternos e fetais. Desenvolvimento: Se trata de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, elaborado a partir da vivência de acadêmicos em aulas práticas da disciplina de Saúde da Mulher na Atenção Primária do 6º semestre do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Tendo ocorrido na Unidade de Referência de Especialidades em Saúde (URES) do município de Santarém, no segundo semestre de 2019. O trabalho desenvolveu-se em torno da coleta de dados através das informações contidas no prontuário da paciente e ao minucioso estudo de literaturas acerca do tema. Resultado: J. C.G de 16 anos de idade deu início ao acompanhamento pré-natal no dia 23/01/19 na URES devido ser menor de idade, nulípara e de baixa condição socioeconômica. O pré-natal foi composto por 13 consultas, realizadas por profissionais da medicina, enfermagem e nutrição. Durante a inscrição, a paciente apresentou peso de 37.800 kg, sendo o peso anterior à gestação de 49.000 kg, estatura de 1,57 metros e se encontrava com uma idade gestacional de 20 semanas e 6 dias. Foram colhidos antecedentes ginecológicos, entre eles, menarca aos 13 anos, coitarca aos 15 anos, ao último PCCU relatou o aparecimento de processo inflamatório no colo uterino. Informou que, antes de engravidar, fazia uso de contraceptivo oral. Ao exame físico, apresentou abdome piriforme e altura uterina de 15 centímetros. Ao resultado dos exames solicitados, apresentou infecção urinária e resultado positivo para sorologia de citomegalovírus. Devido à perda de peso no início da gestação, foi imprescindível o encaminhamento para nutricionista, para elaboração de dieta e acompanhamento nutricional. A consulta final do pré-natal ocorreu no marco de 38 semanas e 6 dias de gestação, pois a paciente não compareceu para consulta puerperal. Uma vez coletada a história clínica da paciente, foi o momento de buscar fatores que se relacionassem ao caso. Foi possível então associar a gravidez na adolescência diversas variáveis, sendo uma delas a baixa renda familiar da paciente. As classes de baixo nível socioeconômico apresentam maiores índices de gravidez na adolescência, essas meninas estão também mais propensas à evasão escolar, fator esse que limita o crescimento acadêmico e inserção no mercado de trabalho. Além disso, o início da atividade sexual cada vez mais cedo é responsável pelo aparecimento de ISTs e gravidez precoce. A situação se agrava com a falta de conhecimento e consciência crítica frente ao sexo. De forma que é muito comum a falta de informações sobre métodos contraceptivos e o uso indiscriminado e incorreto dos mesmos. Fatos esses relacionados ao caso de J. C.G, evidenciados pela coitarca aos 15 anos, o provável uso indevido do anticoncepcional oral e também a história prévia de inflamação no colo uterino e sorologia positiva para citomegalovírus (CMV), que sugere a prática de sexo desprotegido. O CMV representa um grande perigo durante a gestação, pois o vírus pode ser transmitido de mãe para filho, por via transplacentária, contato com o canal de parto e através do leite materno. É a causa mais comum de infecção congênita no mundo. Os bebês têm grande probabilidade de desenvolver sequelas permanentes, como a surdez neurossensorial e atraso do neurodesenvolvimento. Com a pesquisa foi possível evidenciar que na gravidez na adolescência existem maiores chances de intercorrências materno-fetais. As complicações mais recorrentes são com o recém nascido, como a prematuridade, baixo peso ao nascer e mortalidade. Em relação a mãe, a presença de comorbidades como a infecção do trato urinário são mais comuns nesta faixa etária. Tudo isso podendo estar ligado a cuidados inadequados com a saúde, início tardio de pré-natal e outros fatores, como baixa escolaridade, tabagismo e pobreza. Sobre o estado nutricional da paciente, a inadequação deste antes durante a gestação é um princípio agravante para causas de mortalidade materna e influencia nas condições perinatais e manutenção da saúde a longo prazo, da mãe e recém nascido. A gestante em questão realizou acompanhamento com nutricionista devido emagrecimento na primeira metade da gestação, tendo apresentado ganho de peso ao decorrer da segunda metade. No entanto, seu IMC permaneceu muito abaixo do marco de baixo peso durante toda gravidez, chegando ao valor máximo de 18,3. Dito isso, não foi possível analisar o impacto causado por esse agravante no recém nascido, devido a não realização da consulta no pós-parto. Considerações finais: Diante do exposto, fica evidente que a gravidez na adolescência é um grande problema de saúde pública, devido à maior vulnerabilidade à intercorrências e até mesmo a mortalidade materna, fetal e neonatal. Por isso, é imprescindível a implementação de políticas públicas voltadas para saúde sexual de jovens, pois o nascimento de um filho pode ficar no caminho de planos e melhores oportunidades de vida. É relevante também a introdução de programas de educação sexual em locais de fácil acesso ao jovem, sendo uma maneira eficaz de repassar informações sobre ISTs, gravidez e métodos contraceptivos. Além disso, é importante frisar que a assistência pré-natal de qualidade é vital na prevenção de riscos associados à gestação e ao período neonatal. Iniciando-se logo no começo da gravidez e terminando no puerpério, de forma a ocorrer o acompanhamento adequado às gestantes, parturientes e recém nascido. Assim, todas e quaisquer situações de risco serão diagnosticadas precocemente, reduzindo a mortalidade materna e neonatal. |
8819 | CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS DA INFECÇÃO POR ZIKA VÍRUS NA GRAVIDEZ Lidyane Parente Arruda, Conceição Mikaelly Vasconcelos Linhares, Francisco Lidier Prado Arruda Filho CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS DA INFECÇÃO POR ZIKA VÍRUS NA GRAVIDEZAutores: Lidyane Parente Arruda, Conceição Mikaelly Vasconcelos Linhares, Francisco Lidier Prado Arruda Filho
Apresentação: O vírus Zika (ZIKV) é um vírus transmitido por artrópodes (arbovírus) do gênero Flavivirus e da família Flaviviridae. Os sintomas agudos típicos persistem de dias a uma semana e incluem febre, erupção maculopapular, artralgia e / ou conjuntivite, mialgia, cefaleia, dor retro orbital e vômito. As autoridades consideraram diferentes teorias por trás do surto de microcefalia', incluindo uma possível associação com o surgimento da doença pelo vírus Zika. Esse estudo trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão integrativa realizada no período de Outubro e Novembro de 2019 com o objetivo de evidenciar as consequências clínicas da infecção por Zika vírus na gravidez descritas na literatura científica. A busca foi realizada nas bases de dados SciELO , BDENF, LILACS e MEDLINE nas quais foram usados os seguintes descritores: Zika vírus, gravidez e anomalias, totalizando 101 artigos. Posteriormente foi realizada a filtragem dos artigos buscando aqueles que estivessem com textos completos disponíveis na integra, idioma inglês e português, publicados nos anos de 2015 a 2019 tendo como resultado 46 artigos. Desenvolvimento: Foi realizada uma leitura para ver quais dos artigos estariam ligados diretamente ao tema da pesquisa e ao final restaram 24 artigos. Resultado: A avaliação dos resultados deu-se de acordo com duas categorias, no qual a primeira referiu-se à caracterização dos estudos e na segunda abordou-se sobre as consequências clínicas da infecção por Zika vírus na gravidez, resultados neonatais adversos como a microcefalia, atrofia do tronco cerebral, anormalidades no SNC, calcificações cerebrais, ventriculomegalia, restrição de crescimento fetal, problemas auditivos e de desenvolvimento cognitivo. Considerações finais: Em conclusão, faz-se necessária a análise crítica e continuada de um parâmetro para a vigilância de casos de microcefalia em recém nascidos, no contexto da atual epidemia. É fundamental explorar outros critérios clínicos e/ ou fenotípicos, bem como achados em exames por imagem, na definição de um padrão-ouro mais acurado, orientando, de forma mais efetiva, a notificação, a investigação e a assistência dos casos. Esses aspectos são essenciais para o conhecimento dessa nova síndrome, associada provavelmente à infecção pelo vírus Zika. |
7606 | SAÚDE MENTAL E HUMANIZAÇÃO: UM RELATO DA EXPERIÊNCIA COM O DISPOSITIVO AMBIÊNCIA EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE FORTALEZA/CE Emanuella Cajado Joca, Aline Souza da Costa, Francisca Suyane Silva Nascimento, Magda Ferreira Mendes, Daniele Tavares Alves, Luana Lopes Eleuterio, Vanessa Maria Aguiar SAÚDE MENTAL E HUMANIZAÇÃO: UM RELATO DA EXPERIÊNCIA COM O DISPOSITIVO AMBIÊNCIA EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE FORTALEZA/CEAutores: Emanuella Cajado Joca, Aline Souza da Costa, Francisca Suyane Silva Nascimento, Magda Ferreira Mendes, Daniele Tavares Alves, Luana Lopes Eleuterio, Vanessa Maria Aguiar
Apresentação: A Política Nacional de Humanização (PNH) é uma política pública que transversaliza a atenção e a gestão no Sistema Único de Saúde, formalizada no início dos anos 2000 é estruturada em princípios, método, diretrizes e dispositivos. Este resumo refere-se a experiência com o dispositivo da ambiência em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Geral na Cidade de Fortaleza. Ressalta-se, portanto, práticas de cuidado nos espaços de saúde mental em que ações de humanização tem sido propostas de forma coletiva entre usuários, familiares e trabalhadores da saúde. Objetivando alcançar os princípios e diretrizes da PNH, fortalecendo o acolhimento e construção de vínculos com o serviço e o território. Desenvolvimento: As ações com o dispositivo da ambiência no CAPS Geral está em processo de se fortalecer como construção coletiva e continuada. É importante ressaltar o protagonismo histórico da participação social de usuários e familiares deste serviço através do Conselho Local de Saúde, além da ligação com movimentos sociais a exemplo do Fórum Cearense da Luta Antimanicomial. Após anos de reivindicações foi conquistado uma grande reforma na estrutura física do serviço. Estas mudanças eram extremamente necessárias e reivindicadas. Apesar desta conquista, as alterações não foram de todo pactuadas entre gestão, trabalhadores, usuários e familiares. Durante a reforma estrutural do serviço, as atividades foram realocadas em outra unidade de saúde. Ao retorno das atividades no prédio já reformado foi percebido a necessidade de ocupar novamente o espaço com afetos construídos coletivamente. A chegada de profissionais concursados (também conquista de muita luta), agregando aos demais trabalhadores, estagiários e usuários/familiares proporcionou um ambiente favorável ao questionamento acerca do espaço físico, ainda precisando de melhorias enquanto espaço acolhedor e favorecedor de sociabilidade. Foi nesse sentido que a partir de diálogos construídos em um dos grupos do serviço, focado no cuidado de si, do mundo e do outro, que aconteceram as primeiras ações relacionadas a ambiência. Buscava-se trazer mais sombra e umidade aos espaços de espera dos atendimentos e de sociabilidade, além do cultivo de chás para disponibilizar cotidianamente e acesso a frutas para lanches. Alguns usuários e trabalhadores com domínio no manejo de plantas e hortas atuaram como mestres, ensinando o cultivo e estimulando o processo de implementação do uso de plantas frutíferas e de chás. Nesse ínterim, o grupo buscava trazer mais aconchego ao ambiente quente e agonizante dos locais de espera dos atendimentos, haja vista, os CAPS, ainda, estarem permeados de preconceitos e tabus acerca da loucura, e que espaços pensados, construídos e ressignificados pelos próprios usuários, facilitam também o processo de integração e vínculo com o serviço. A partir da reivindicação dos usuários em Assembleia acerca de hortaliças e frutas que faltavam com frequência, ocorreu a proposta juntar esforços para fortalecer as hortas do serviço, envolvendo demais usuários no manejo e cuidados com as plantas. Foi organizado uma intervenção chamada de Ações de Ambiência no Serviço, em que usuários, trabalhadores, estagiários de psicologia e enfermagem juntaram-se para transformar os espaços para favorecer o cultivo de hortas e plantas funcionais. Também foram formuladas placas orientadoras acerca da importância do cuidado coletivo e respeito ao tempo das plantas. Esta atuação foi acompanhada de outras menores, contando com diferentes atores. Resultado: Destaca-se inicialmente a integração de usuários, familiares e trabalhadores do serviço de forma mais ampliada, focando a saúde. Os conhecimentos dos diferentes atores foram compartilhados e valorizados. Muitas pessoas se mobilizaram para colocar no serviço um pouco de si, cultivando a vida das plantas adubava sua própria existência com relações focadas na saúde, na vida. Chegam jarros diversos, plantas, contribuições de mudas, mãos que regam, que orientam sobre poda e compartilham mudas para o cultivo de chás em casa. Muitas intersecções foram criadas, alianças e ampliações. Apesar das conquistas, têm-se muitos desafios a exemplo do descrédito nos usuários dos serviços como atores que cuidam do ambiente e de si, para além da objetivação de sujeitos doentes e incapazes, quando não agressivos. Há também o questionamento acerca do uso de materiais recicláveis e a busca pela manutenção de uma estética asséptica. Os materiais para os cuidados básicos com as plantas como adubo foi uma das questões que surgiram, no entanto oportunizou para que fosse criado estratégias como o aprendizado sobre composteira, a inclusão de uma no espaço do CAPS. Como resultado, também, foi a estruturação e planejamento de um grupo permanente, intitulado Transformador Cultural Coletivo de Saúde que terá como um dos objetivos específicos o dispositivo da ambiência. E como objetivo geral ações para a transformação cultural da relação social com a loucura, o fortalecimento do cuidado de si, do cuidado com o ambiente e com os outros. Este coletivo está em gestação, fruto do trabalho de usuários e trabalhadores, buscando favorecer a autonomia, a clínica ampliada, o projeto terapêutico singular a inserção maior de demais usuários nas ações de protagonismo social, assim como atuar com/no território para estabelecer laços solidários e comprometidos com a saúde coletiva. O trabalho coletivo potencializa a aproximação de toda a equipe de trabalho, contribuindo para uma ambiente mais agradável, favorecendo também a prática profissional. Considerações finais: Focar na atuação compartilhada, na cogestão, autonomia e na clínica ampliada tem sido uma grande desafio, principalmente, em um contexto político econômico que fragiliza a potência do SUS. As precarizações no trabalho, a redução no número de trabalhadores, a falta de estrutura, a pressão para uma atuação ambulatorial ao invés de territorial e comunitária, o desfinanciamento são alguns pontos cotidianos. Os desafios apesar de serem constantes tem sido fortalecedores das alianças, temos tentado agregar conselho de saúde, universidade, demais usuários, familiares e trabalhadores para pensar não apenas processos de trabalho como espaços de trabalho, buscando pela humanização da atenção e gestão da saúde avançar no sentido dos princípios do SUS, fincado em trocas solidárias dentro e fora do serviço, da valorização dos sujeitos, do fortalecimento da autonomia, do cuidado de si, da valorização dos diferentes saberes e de práticas sustentáveis. Considera-se que trabalhando a ambiência no sentido da humanização tem-se fortalecido práticas de acolhimento, assim como estimulado laços entre diferentes atores sociais focando a atenção à saúde ao invés da doença. A partir de ações como essa, potencializa-se novas reflexões e questionamentos acerca do trabalho voltado para a saúde mental. Traz abertura para novos diálogos entre os profissionais, funcionários e os usuários, pactuar novas mudanças. Ações como essa estimulam a corresponsabilização e a cogestão das práticas de saúde. |
7692 | OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE FRENTE ÀS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/HIV/AIDS NA FRONTEIRA NORTE DO BRASIL Veridiana Barreto do Nascimento, Josiane Monteiro da Silva, Layla de Cássia Bagata, Lays Oliveira Bezerra, Rair Silvio Alves Saraiva, Edcarlos Vasconcelos da Silva, Dinaúria Nunes Cunha de Faria, Letícia Caroline de Sena Nunes OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE FRENTE ÀS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/HIV/AIDS NA FRONTEIRA NORTE DO BRASILAutores: Veridiana Barreto do Nascimento, Josiane Monteiro da Silva, Layla de Cássia Bagata, Lays Oliveira Bezerra, Rair Silvio Alves Saraiva, Edcarlos Vasconcelos da Silva, Dinaúria Nunes Cunha de Faria, Letícia Caroline de Sena Nunes
Apresentação: As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ainda constituem um importante problema de saúde pública a ser gerenciado, visto que incidem em todo território brasileiro, desta forma a união de várias estratégias governamentais, individuais e coletivas devem ser fomentadas, a fim de conter o ciclo de contaminação destes agravos em território nacional, em especial nas fronteiras onde há elevado trânsito de pessoas de diversas nacionalidades. Como a atenção básica é o alicerce/porta de entrada dos usuários ao Sistema Único de Saúde (SUS), pode representa grande aliada, visto que possibilita, por intermédio da Estratégia de Saúde da Família, utilizar os Agentes Comunitários em Saúde como veículos na promoção e prevenção em saúde no tocante as doenças de transmissão sexual. Entretanto estes profissionais nem sempre estão aptos atuar de forma resolutiva, suscitando a necessidade de capacitar e/ou atualiza-los continuamente. Logo, o objetivo deste trabalho é caracterizar as atividades educativas realizadas pelos ACS sobre IST/HIV/AIDS, bem como conhecer o nível de educação continuada/educação no serviço destes profissionais acerca da temática supracitada. Desenvolvimento: Este trabalho é um recorte de um trabalho de conclusão de curso, trata-se de um estudo de campo, descritivo, de caráter quantitativo, realizado no município de Oiapoque. Esta cidade fica situada no interior do Estado do Amapá, faz fronteira com a Guiana Francesa, através do municípios Saint George, é conhecido pelo intenso tráfego de pessoas e mercadorias, inclusive detém muitas zonas de prostituição, casas noturnas e bares, deste modo tornam os munícipes vulneráveis a contrair as IST/HIV. A coleta de dados foi realizada entre os meses de fevereiro a abril de 2019. A pesquisa contou com a participação de 29 ACS, a saber: 7 ACS pertencentes a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Infraero, 5 ACS ao bairro Nova Esperança, 2 ao bairro Julieta Palmerim, 5 de Clevelândia do norte e 4 do bairro Planalto. Quanto a coleta de dados foi efetuada através de questionário contendo perguntas fechadas e mistas, este foi dividido em duas partes onde a primeira continha questionamentos sobre o perfil sociodemográfico e a segunda versa sobre questões relativas ao trabalho e o conhecimento dos profissionais em alusão as IST/HIV/AIDS, os dados resultantes desse objeto de pesquisa foram tratados através de estatística descritiva. Resultado: Mediante análise dos questionários, constatou-se que 82 (60%) dos ACS pertenciam ao sexo feminino, à faixa etária entre 30 a 40 anos foi predominante (60,87%), quanto à escolaridade a maior parcela havia cursado o ensino médio (39,13%), referente ao estado civil grande parte declarou-se casado (43,48%). A maioria dos pesquisados atuava com ACS há mais de 9 anos, durante este período 90% deles afirmaram ter recebido capacitação sobre IST/HIV/AIDS, principalmente no ano de 2016 (34,79%). No que tange as campanhas informativas e atividade relativas as IST/HIV/AIDS, notou-se que, geralmente, são efetuadas mensalmente sob o formato de orientação individual ou na vigência das visitas domiciliares, as atividades junto à comunidade ocorrem cerca de duas vezes ao ano (17,40%), majoritariamente acontecem fora da UBS (56,53%). Normalmente, a realização de teste rápido ocorre nas dependências da UBS, externamente é efetuado de forma esporádica, pois os colaborados julgam que estas atividades fora das dependências da unidade cabem ao governo do estado. No tocante a distribuição das camisinhas a maioria alegou distribuir sempre (69,56%) quando são solicitadas ou durante o percurso das visitas, contudo esse processo é prejudicado em alguns períodos do ano quando há falta de insumos. Quando questionados acerca das atividades que realizavam junto ao público no que cerne as IST/HIV comumente associavam a testagem rápida e aconselhamento (52,17%), as ações educativas ofertadas ao coletivo (34,78%), rodas de conversa (4,35%), por intermédio das visitas quando o cliente solicita (4,35%), e apenas (4,35%) não realizam medidas específicas sobre essa temática. Em relação ao conhecimento destes diagnósticos dentro da sua área adstrita (43,47%) informaram que há pessoas vivendo com o vírus HIV (PVHIV) em acompanhamento no serviço especializado, enquanto que (21,73%) informaram que não há e (34,78%) não sabem informar, vale ressaltar que o Centro de Testagem e Aconselhamento/ Serviço de atendimento especializado (CTA/SAE) está presente apenas na capital Amapá. Segundo os participantes da pesquisa, a maioria dos usuários são encaminhados para serviços especializados, no entanto, apesar do encaminhamento, a área de referência continua sendo o território de atuação da ESF. Destarte, seria esperado que a ESF continuasse informada sobre o acompanhamento realizado à PVHIV, em uma perspectiva de corresponsabilidade. Considerações finais: De um modo geral, as condições de trabalho dos ACS denotam a dificuldade de planejamento, organização e até mesmo de executar suas funções de forma deliberada, devido à falta de material, treinamento e, muitas vezes, o incentivo para que possam contemplar as diretrizes de sua profissão. No tocante as atividades desenvolvidas em relação à promoção das saúde ao PVHIV e a prevenção de IST/HIV/AIDS, é notório que estão muito atreladas/dependentes da secretaria de saúde, não há autonomia para trabalhar a prevenção de maneira individual ou até mesmo coletiva, justamente em virtude da falta de insumos básicos e ausência de estratégias que fomentem as boas práticas e discussão do tema na sociedade local e dentro dos serviços de atenção básica, visto que as ações ocorrem poucas vezes no ano, assistemáticas e com pequeno alcance. Em março de 2019 foi implementado a 1ª linha de cuidado (rede de cuidados) para pessoas vivendo com HIV/AIDS, um projeto fadado ao papel por mais de dez anos e que começou a funcionar proporcionando a distribuição de medicações, informações e os serviços básicos necessários ao paciente. Atualmente, estão em tratamento no município 44 pacientes, sendo 27 homens dentre eles uma criança, 17 mulheres e uma delas estava grávida. Deste modo, considera-se necessário que tanto os gestores quanto os profissionais de saúde estejam sensíveis à problemática da IST/HIV/AIDS e desenvolvam ações educativas como estratégias para a melhoria na qualidade da assistência aos usuários, na prevenção e no controle da doença. Considerando a implantação do programa de IST no município de Oiapoque, espera-se que esses problemas sejam solucionados, e que haja mudanças na forma de trabalhar e conduzir estes agravos, ofertando o bem-estar e melhoria na qualidade da assistência à saúde, direito outrora garantido pela constituição. |
7712 | PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA FÍSICA EM CABEÇA E PESCOÇO NO HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO GURGEL EM NATAL (RN) Davi Silveira Guerra, Oswaldo Gomes Correia Negrão PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA FÍSICA EM CABEÇA E PESCOÇO NO HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO GURGEL EM NATAL (RN)Autores: Davi Silveira Guerra, Oswaldo Gomes Correia Negrão
Apresentação: As raízes do Brasil no aspecto do “povo cordial”, como se conhece através da propaganda nacionalista desde a “Era Vargas”, é revelado, controversamente, através dos dados como o segundo país mais violento do mundo, conforme mostra o relatório sobre taxas de homicídio intencional do mundo em 2017 da ONU. Diante dessa perspectiva, estudar a violência, segundo o Relatório Mundial Sobre Violência e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) do ano de 2002, é um ponto fundamental para traçar novos aportes de resolução de tal problema social. Dessa forma, a saúde tem seu papel fundamental na transformação dos dados médicos em informações úteis para o desenvolvimento das discussões e das políticas nacionais de saúde mais eficientes. Nesse viés, evidencia-se a presença elevada nas pesquisas realizadas em hospitais brasileiros de muitos pacientes vítimas de uma violência especifica que culmina em traumas na região de cabeça e pescoço, sendo esta a primeira causa diante da violência urbana, como visto no estudo realizado no Hospital Geral de Blumenau em Santa Catarina. Em um contexto mais amplo, no recorte do Brasil, a violência mostra-se como uma das principais causas de morte segundo o Atlas da Violência de 2019 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que apresenta um índice preocupante de 31,6 mortes para cada cem mil habitantes no ano de 2017. Nesse cenário, a violência contra mulheres também traz valores preocupantes, como é possível ver no Atlas da Violência do IPEA em 2017 que 4936 mulheres foram mortas, o que repercute no total de 13 feminicídios por dia, nesse eixo, o Rio Grande do Norte aparece em segundo lugar como o estado em que mais mulheres são vítimas de violência letal, com a taxa de 8,3 ficando atrás apenas do Estado de Roraima. Comparando esses valores à média nacional de 4,7, o RN apresenta quase o dobro da média nacional. Como demanda do grupo de trabalho (GT) “Saúde da Mulher” do Programa de Educação pelo Trabalho Interprofissionalidades em Saúde (PET), vinculado ao Ministério da Saúde (MS), coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS – Natal) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), programa este fruto do plano de Educação Interprofissional do Brasil, buscar dados da violência na região de atuação é um caminho fundamental para esmiuçar informações a respeito dos casos de vítimas de violência doméstica. Outrossim, debruçar-se sobre este estudo permite conseguir um panorama estadual mais detalhado na perspectiva da violência física, sobretudo, por meio da análise dos atendimentos no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (Hospital Walfredo), localizado na cidade de Natal, por ser o maior hospital de trauma do Estado do Rio Grande do Norte e atender principalmente Natal e região metropolitana. Nesse sentido, avaliar, por meio desta pesquisa, o banco de dados do hospital a fim de traçar um perfil epidemiológico dos casos atendidos no Setor de Cirurgia e Traumatologia Bulcomaxilofacial, no ano de 2019, buscando possíveis dados referentes a violência doméstica contra mulheres a fim de aprofundar o debate na área de concentração do grupo de trabalho “Saúde da Mulher” propiciando informações detalhadas a serem trabalhadas não só pelo GT como também pelos serviços de saúde, pela segurança pública e pela comunidade cientifica. Com esse fio, traçar estratégias eficientes de atendimento e prevenção deste tipo de violência é um novo ponto de partida, a fim de comprovar a necessidade não só por parte do serviço, como por parte acadêmica. No formato em que o PET propõe, de firmar e fortalecer os laços do serviço com a academia, possibilita-se traçar estratégias mais eficientes de aplicar o conteúdo técnico-científico produzido na UFRN, nas outras universidades e no campo da estratégia dos serviços de Atenção Primária em Saúde. Desenvolvimento: A referente pesquisa se dará através do estudo sistemático do banco de dados do Hospital Walfredo, especificamente do setor de Cirurgia e Traumatologia Bulcomaxilofacial, a fim de tornar os dados quantitativos em informações pertinentes. Desta forma, simplificando-os para o uso do serviço de saúde nas suas atividades de rotina, assim como, das organizações de saúde, segurança pública e Universidades. De tal modo, a pesquisa pretende apurar e organizar as informações em tabelas de dados referentes ao gênero, a idade, a etnia, ao estado civil, ao grau de escolaridade, a profissão, a etiologia, a localização das lesões, a quantidade e aos ossos acometidos. Conseguinte, será avaliada e discutida a tabulação com intuito de contribuir para o desenvolvimento e a problematização da literatura atual dos estudos epidemiológicos, assim como, promover uma discussão sociológica a despeito dos dados obtidos. Resultado: O seguinte trabalho traça um importante panorama estadual da violência de cabeça e pescoço, nesse sentido, pretende alcançar os limiares de um pensamento sociológico que busque saber qual o local da face recorrente nas violências. Assim, visa orientar às ações de prevenção de violência organizadas pela SMS de Natal em parceria com a Secretaria de Segurança Publica (SSP) do Estado do Rio Grande do Norte. Nessa perspectiva, esta pesquisa permite ao PET Saúde mapear o campo da violência, possibilitando pensar estratégias de capacitação dos profissionais da saúde para lidar em uma perspectiva mais humanizada com os pacientes vítimas de traumas bulcomaxilofaciais. Principalmente se tratando das mulheres vítimas de violência doméstica que é um dos pontos de partida da pesquisa do GT Saúde da mulher. Ainda assim, o trabalho permite criar com a concepção permeável do PET Interprofissionalidades que possibilita os alunos das mais diversas graduações em saúde, debaterem óticas distintas, de acordo com sua área do conhecimento, levando em consideração problemáticas como essa e tornando possível o debate de uma maneira Interprofissional de intervir nos serviços de Atenção Primaria em Saúde. Assim, visa-se estruturar estratégias de cuidado com as vítimas e, principalmente, de prevenção das possíveis violências com as pacientes que venham apresentar risco em potencial. Considerações finais: Portanto, compreende-se que traçar um perfil epidemiológico das violências que acometem a cabeça e o pescoço podem nortear estratégias interprofissionais mais eficazes de trabalhos com as pacientes vítimas em sua recuperação física e psicossocial por parte dos profissionais de saúde. Do mesmo modo, o estudo procura trabalhar atentamente na prevenção deste tipo de violência nas comunidades atendidas pelos serviços de Atenção Primaria em Saúde. Ainda, pode-se, através desta análise, definir os principais grupos acometidos, assim como, os grupos de maior risco para possíveis planos de ação individualizados para proteção desses casos, como possivelmente o grupo de mulheres vítimas de violência doméstica, permitindo, mais fortemente, evidenciar a subnotificação rotineira desses casos nos serviços de saúde, o que presumivelmente pode trazer avanços significativos nas denuncias aos órgãos competentes. |
7878 | SEGURANÇA E MEDIDAS PROFILÁTICAS AO PACIENTE COM PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA Julia Gonçalves Oliveira SEGURANÇA E MEDIDAS PROFILÁTICAS AO PACIENTE COM PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICAAutores: Julia Gonçalves Oliveira
Apresentações: A assistência segura tornou-se um assunto das discussões na área da saúde em todo o mundo. A enfermagem tem papel fundamental no gerenciamento de risco, pois é quem fica maior parte do tempo com o paciente, assim podendo reconhecer potenciais riscos e realizar medidas preventivas para que não se tornem eventos adversos. A UTI, que é um ambiente assistencial de alto risco, onde, muitas vezes, é necessário que o cuidado intensivo seja prestado de forma rápida, evolvendo diversos procedimentos, equipamentos e pessoas, e produzindo uma grande quantidade de informações, devido à gravidade dos pacientes assistidos. Portanto, essa área exige profissionais capacitados e com aperfeiçoamento, cabendo à enfermagem um papel essencial para reconhecimento, gerenciamento e prevenção de riscos. Neste sentido a pesquisa tem por objetivo ponderar sobre a necessidade e importância do profissional enfermeiro e suas condutas preventivas frente ao paciente com riscos de Pneumonia associado à ventilação mecânica garantindo a segurança do cliente. O presente estudo trata-se de revisão sistemática de literatura, identificando as produções sobre o tema relacionado às medidas de segurança e profilaxia para pacientes com Pneumonia associada à ventilação mecânica. A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é a infecção adquirida na unidade de terapia intensiva (UTI) entre os pacientes submetidos a este suporte ventilatório. As condutas preventivas da PAVM na maioria das vezes são realizadas pela equipe multidisciplinar, em destaques pela enfermagem, que é de sua responsabilidade vários mecanismos de prevenção sendo em atividades administrativas, de supervisão, orientação e capacitação da equipe. Em uma visão geral a enfermagem busca a excelência no atendimento, competência profissional e consequentemente a minimização da incidência de PAVM. Os cuidados na manipulação dos circuitos respiratórios, presentes nos ventiladores, os clientes com vias aéreas artificiais requerem um cuidado essencial que é a aspiração traqueal, para manter a permeabilidade das vias aéreas, o uso de cabeceira elevada a 30 – 45° é benéfico na redução do risco de refluxo e aspiração do conteúdo gástrico nos clientes, O equipamento de proteção individual deve ser usado adequadamente e descartados corretamente e a higiene oral regularmente deve ser realizada em todos os pacientes sob ventilação mecânica. O acompanhamento da adesão a boas práticas, a educação e o estabelecimento de indicadores de processo, estrutura e resultado são ações essenciais para a redução desse evento. A pneumonia associada a ventilação mecânica pode trazer grave repercussão para o paciente, é uma grave infecção que apresenta múltiplas causas e tem grande impacto nas taxas de morbimortalidade, no tempo de internação hospitalar e aumento dos custos hospitalares. Portanto, é de fundamental importância à aplicação das várias medidas de prevenção da equipe multidisciplinar, principalmente da enfermagem a fim de se prevenir a ocorrência deste evento, a PAV, que é uma das mais frequentes infecções relacionadas à assistência à saúde dentro das unidades de terapia intensiva. |
8033 | MARCAS DA HANSENÍASE: ASPECTOS DE GÊNERO INTERVENIENTES NA PERCEPÇÃO DO CORPO CURADO Rosélly Mascarenhas Amaral Andrade, Daniela Arruda Soares, Paulo Rogers da Silva Ferreira, Eliana Amorim de Souza MARCAS DA HANSENÍASE: ASPECTOS DE GÊNERO INTERVENIENTES NA PERCEPÇÃO DO CORPO CURADOAutores: Rosélly Mascarenhas Amaral Andrade, Daniela Arruda Soares, Paulo Rogers da Silva Ferreira, Eliana Amorim de Souza
Apresentação: A hanseníase é um agravo milenar, e apesar do tratamento ser garantido pelo Sistema Único de Saúde, ainda hoje gera impactos consideráveis na saúde das pessoas acometidas devido seu alto poder em gerar incapacidade física. Sentir-se curado após a experiência de um diagnóstico de hanseníase é um questionamento que se faz, principalmente, por pessoas que carregam em seus corpos as sequelas e deformidades advindas da doença, as quais interferem na imagem corporal, o que pode levar a preconceitos e exclusão social. As pesquisas mostram maior detecção relativa em mulheres, entretanto os homens são acometidos pela forma mais grave da doença. Este maior acometimento ao sexo masculino pode estar relacionado aos contextos culturais dessa população que interferem no diagnóstico tardio, na maior incidência de re-tratamentos, na presença de resistência medicamentosa e por conseguinte as sequelas (marcas) da hanseníase. Por conta disto, normativas recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) propõem a implementação de estratégias para atingir o público masculino, por considerar a existência de uma endemia oculta nesta população. O impacto causado pelas sequelas na percepção de seus corpos torna este público, alvo de pesquisas e ações que visem estabelecer além do diagnóstico precoce um cuidado a saúde masculina de forma integral e efetiva. Assim, este estudo objetiva reconhecer a percepção de corpo curado da hanseníase através da perspectiva de homens com incapacidades visíveis por conta da doença. Utilizou-se como questão norteadora: qual a percepção de corpo, doença e cura de homens acometidos pela hanseníase? Desenvolvimento: O estudo tem abordagem qualitativa interpretativa para desvendar representações e comportamentos diante da hanseníase, levando em conta o contexto cultural masculino. Foi realizado em um município da Região de Saúde de Vitória da Conquista, na Bahia, por considerar a importância da singularidade dos valores locais na interpretação dos discursos relacionados aos signos e significados na população masculina acometido pela hanseníase. Fez parte do estudo a população masculina com diagnóstico prévio de hanseníase e cura da mesma, porém, com sequelas da doença. A população investigada residiu na zona rural deste município. O método adotado foi a etnografia rápida que permite descrever o fenômeno do corpo, da doença e da cura, de forma minuciosa e detalhada. Foram realizados encontros in loco a estas populações descritas, bem como nos domicílios selecionados, por meio da relação fornecida pela Coordenação da Vigilância Epidemiológica no município e pela própria comunidade. Por meio da vinculação estabelecida com a comunidade, as falas tendiam a ser mais detalhadas, refinando o teor das declarações. O trabalho de campo compreendeu o período de julho a dezembro de 2019, sendo os discursos descritos em diários de campo, constituindo esta a ferramenta utilizada para a coleta de dados e posterior análise. Resultado: A população masculina investigada teve diagnósticos tardios e foram acometidos pela forma mais grave da hanseníase, tendo como consequência sequelas irreversíveis. Por meio dos discursos desta população, ficou evidente que as sequelas da doença interferem na percepção de cura, em razão dos impactos na vida diária dessas pessoas nas relações pessoais e de trabalho. Em relação ao trabalho, algumas falas apontaram o desligamento do mesmo por conta da hanseníase: “Tive que receber auxílio doença por ter limitações no trabalho, pois sentia muitas dores nos pés por conta dos ferimentos que apareceram|”. Quanto as relações afetivas afetadas: “depois que descobri a doença a minha mulher me deixou”. As limitações nas atividades domésticas foram expressas em falas do tipo “Não posso coar um café porque perdi a sensibilidade das mãos”, “não posso trabalhar na roça por conta do sol”. A convivência com lesões abertas, as quais são de difícil tratamento também despontaram “tenho esse ferimento há anos e uso uma pomada, mas nunca sarou. Mesmo assim uso o tênis e sem meia, mas, não me incomoda, não sinto dor, pois não sinto a sola do pé”. Sequelas como dedos das mãos em garra, perda de sensibilidade (mãos e pés), perda dos dedos (principalmente dos pés), pé caído, também sobressaíram, tal como exposto na fala “não consigo manter meu chinelo no pé, mesmo fazendo várias seções de fisioterapia particular, mas não resolveu, ainda continuo com dificuldade em caminhar”. A presença de processos migratórios, sobretudo de São Paulo para o interior, foi apontado como fator concorrente para a busca tardia dos Serviços de Saúde, bem como devido a necessidade de manutenção do papel de provedor familiar. “Estava trabalhando em São Paulo quando tive que internar e foi onde descobrir a doença. Mas só comecei o tratamento com os remédios depois que voltei. Não podia parar de trabalhar naquele momento por conta do dinheiro que precisava para manter minha família”. Considerações finais: Analisar a hanseníase na perspectiva do gênero masculino evidenciou que, a despeito da cura clínica obtida com o fim do tratamento medicamento, os homens ainda se percebiam doentes. Concorreu para esta percepção a presença das sequelas físicas que marcaram seus corpos, e dos impactos multidimensionais destas marcas nos âmbitos laboral, afetivo, social e econômico, os quais ainda persistem interferindo na maneira de viver, e tornando-os mais vulneráveis ao adoecimento e a formas mais graves da hanseníase. Esta situação aponta os desafios impostos aos serviços de saúde, bem como a necessidade de reconhecerem elementos particularmente vinculados ao contexto sociocultural de homens curados por hanseníase, porém com sequelas pela mesma. Ao não reconhecerem tais contextos, ao tempo em que tendem a distanciar os homens das práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças, reforçam a invisibilidade do gênero masculino, que por si só carreia um feixe de significações, valores sociais, culturais e econômicos subjacentes à masculinidade. Desta forma, a observação de demandas relativas ao universo masculino é fundamental, pois, concorre para fomentar o autocuidado e a adesão às práticas de saúde não só durante, mas, também após o tratamento, momento em que se tem a cura clínica, mas a necessidade perene de cuidados, face as marcas deixadas pela doença. Reconhecer as especificidades da saúde do homem por parte dos gestores e profissionais de saúde é ação estratégica para ampliar a visibilidade para esta população, bem como incorporar ações que rompam com padrões tradicionais de atenção integral relacionada às questões de gênero. |
8052 | DESAFIOS DE UMA EQUIPE DE SAÚDE QUE ATUA NA ÁREA DE UM CONJUNTO HABITACIONAL INVADIDO Andriele Valentim da Costa, Quênia Valentim Barbosa, Adriana da Silva Zurra, Ana Maria Coelho, Thayana Oliveira Miranda, Maria Adriana Moreira DESAFIOS DE UMA EQUIPE DE SAÚDE QUE ATUA NA ÁREA DE UM CONJUNTO HABITACIONAL INVADIDOAutores: Andriele Valentim da Costa, Quênia Valentim Barbosa, Adriana da Silva Zurra, Ana Maria Coelho, Thayana Oliveira Miranda, Maria Adriana Moreira
Apresentação: Trata-se de um relato de experiência, que tem como objetivo descrever a vivência de uma equipe de saúde que atua em uma área de invasão. Desenvolvimento: Tal equipe está inserida em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), localizada no município de Tefé, distante 575 quilômetros da capital, Manaus-Amazonas, possuindo características peculiares, como: a localização em um bairro rodeado por rio, caracterizando-lhe como ilha, e tendo a implantação do Programa Saúde na Hora! A Unidade supracitada presta assistência a dois bairros com duas áreas de invasão. Em 2013 foram iniciadas as obras para a construção de 692 casas no loteamento Castanheiras, financiada pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, no entanto houveram problemas com a construção e atraso na entrega das casas. Em 2018, muitas dessas casas foram saqueadas por vândalos e outras foram invadidas. No ano de 2019 com a migração de mais de 500 famílias para essa área de ocupação, a Secretaria Municipal de Saúde identificou e analisou a necessidade de integrar uma nova equipe de saúde para atender as demandas desse novo público. Em outubro de 2019, a Unidade Básica de Saúde que antes contava com duas equipes de saúde da família, passou a contar com três, todas contempladas com médicos, enfermeiras, dentistas, auxiliares de consultório odontológico, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. A Unidade conta ainda com uma equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), com atendimentos semanais de fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista, assistente social, farmacêutico e educador físico. Com uma nova área a ser coberta pelos serviços do Sistema Único de Saúde, também surgiram novos desafios. Primeiramente, em conjunto com a coordenação da atenção básica foi elaborado um plano de territorialização, para a divisão do território em oito microáreas. A necessidade de realizar o cadastro dos indivíduos residentes no loteamento Castanheiras veio acompanhada de algumas problemáticas, como o grande fluxo migratório dessas famílias, pois muitas residem na zona rural, permanecendo apenas alguns dias na cidade, outros trabalham, estando em casa em horários incompatíveis com o expediente de trabalho dos agentes comunitários de saúde, além disso a venda frequente dos imóveis também se mostrou um problema, sendo necessário utilizarmos alternativas como: realizar cadastro durante o intervalo de almoço, aos sábados e a constante atualização dos cadastros, pois muitas famílias se mudam com frequência. Resultado: Foram cadastradas mais de 500 (quinhentas) famílias, totalizando mais de três mil indivíduos. Considerações finais: Apesar de estarem em uma área de invasão, esses moradores tem direito de acesso aos serviços de saúde disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dessa forma o cadastramento e a integração de uma nova equipe de saúde vem oportunizar que esses indivíduos sejam contemplados com os serviços oferecidos pela Unidade de Saúde, firmando assim os princípios do SUS, que pregam a universalidade, integralidade e equidade. |
8116 | O CONHECIMENTO DE GESTANTES SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO Ana Luiza Dorneles da Silveira, Clara Nascimento Ramalho, Luciana Rodrigues da Silva, Ana Letícia Monteiro Gomes, Maria Estela Diniz Machado, Marialda Moreira Christoffel, Ana Maria Linares O CONHECIMENTO DE GESTANTES SOBRE O ALEITAMENTO MATERNOAutores: Ana Luiza Dorneles da Silveira, Clara Nascimento Ramalho, Luciana Rodrigues da Silva, Ana Letícia Monteiro Gomes, Maria Estela Diniz Machado, Marialda Moreira Christoffel, Ana Maria Linares
Apresentação: O aleitamento materno pode ser definido como a prática em que a criança se alimenta de leite materno independentemente de estar recebendo ou não outros tipos de alimentos e deve ser realizado exclusivamente por seis meses e complementado até os 2 anos de idade da criança. Neste sentido, uma gestante pode ter um conhecimento prévio do que pode ser o aleitamento materno para ela, mas que pode ser completamente diferente do que realmente a prática significa. A falta de informação, a cultura, situação econômica e familiar são exemplos de fatores que podem influenciar no conhecimento que a gestante tem acerca do aleitamento. Por isto, cabe aos profissionais de saúde, principalmente a enfermagem, orientar e realizar práticas educativas a fim de estimular e ensinar a importância e os benefícios do aleitamento materno caso o conhecimento dessas gestantes seja insuficiente. O objetivo foi avaliar o conhecimento das gestantes sobre o aleitamento materno. O estudo descritivo foi realizado com 19 gestantes por meio de entrevistadas baseadas em instrumentos estruturados, que abordaram os dados sociodemográficos e o conhecimento sobre o aleitamento materno. A análise foi realizada por meio de estatística descritiva. As gestantes apresentaram faixa etária entre 18 e 24 anos (47,4%), solteira (78,9%), residente com companheiro (63,2%) e a maioria possui ensino médio completo ou mais. Cerca de 68,4% não trabalha fora e 84,2% não possui plano de saúde. Com relação a média do conhecimento sobre o aleitamento materno, 81,6% obtiveram pontuação no instrumento considerado como bom. Conclui-se que as gestantes possuem conhecimento bom sobre o aleitamento materno, contudo a temática necessita de constantes orientações pelos profissionais de saúde acerca dos benefícios para a mulher, técnica de retirada do bebê do seio, frequência de mamadas e início da introdução de alimentos sólidos, que foram as questões menos pontuadas. |
8132 | ESTUDO DE USO DE MEDICAÇÃO EM POLICLÍNICA DE NITERÓI Walter Passos Vasconcellos Neto, Ana Augusta Soutto Mayor, Pedro Cezar Rodrigues Dias ESTUDO DE USO DE MEDICAÇÃO EM POLICLÍNICA DE NITERÓIAutores: Walter Passos Vasconcellos Neto, Ana Augusta Soutto Mayor, Pedro Cezar Rodrigues Dias
Apresentação: Esta pesquisa foi localizada na sala de espera da Policlínica Regional Dr. Guilherme Taylor March, localizada no município de Niterói-RJ. Neste a amostra contou com 35 participantes de ambos os sexos, sem restrição de idade ou outros fatores. Nosso objetivo é compreender como é o uso de medicação por parte dos usuários da Policlínica, com um recorte dentro destes, para aqueles que fazem o uso de medicação psiquiátrica, unindo assim saberes de áreas diversas afim de formar um melhor entendimento do todo. Para tanto utilizamos de um questionário estruturado, o qual foi aplicado por dois estudantes do programa PET - Interdisciplinaridade, com posterior tabulação destes dados e confecção de gráficos para melhor apresentação dos resultados obtidos. Além disto utilizamos bibliografia sobre o tema, para analisar as informações coletadas e tirar conclusões dentro de espectros utilizados em outros estudos afins. A partir dos dados coletados e analisados, foi possível perceber qual porcentagem de usuários que faz uso de medicação, quantos desses usam medicamentos psiquiátricos, saber sobre como utilizam, quem prescreveu o medicamento, ter dados sobre a automedicação e sobre o acompanhamento psicológico. Assim sendo possível formar um panorama sobre como estes se relacionam com os medicamentos e se utilizam também o acompanhamento psicológico como uma medida de cuidado de sua saúde. Com esta pesquisa podemos passar a entender melhor os usuários da Policlínica, entendendo a relação destes com o modo de uso de medicamentos, outras formas de cuidado de si, além de poder comparar aqueles que fazem uso de medicamento psiquiátrico e o modo que este grupo específico lida com essa questão. |
8216 | AS TECITURAS DO PROGRAMA CIRCUITO SAUDÁVEL: UM OLHAR PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR DA FIOCRUZ Wanessa Natividade Marinho, ANA CRISTINA GONÇALVES VAZ DOS REIS, ANA LÚCIA DE ALMEIDA SOUTTO MAYOR AS TECITURAS DO PROGRAMA CIRCUITO SAUDÁVEL: UM OLHAR PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR DA FIOCRUZAutores: Wanessa Natividade Marinho, ANA CRISTINA GONÇALVES VAZ DOS REIS, ANA LÚCIA DE ALMEIDA SOUTTO MAYOR
Apresentação: O presente trabalho se propõe descrever a estrutura de um programa institucional, que tem como objetivo a promoção de ações de alimentação, nutrição e saúde para promoção, prevenção e vigilância à saúde de seus trabalhadores, conforme as formulações teóricas do campo da Saúde do Trabalhador, cujo objetivo é contribuir para a redução das Doenças Crônicas Não Transmissíveis que representam a maior carga de morbimortalidade no Brasil e, consequentemente, gerar impactos positivos no perfil epidemiológico do conjunto de trabalhadores. Nesse contexto, o programa que está alinhado as diretrizes do Fiocruz Saudável que propõe melhora do estado físico, nutricional e de saúde dos trabalhadores. Desde o ano de 2014, os trabalhadores do campus Manguinhos e Farmanguinhos no Rio de Janeiro participam de atividades que valorizam o estado de saúde como: acompanhamento do estado nutricional a partir dos atendimentos individualizados, é realizado antropometria (peso, estatura, medida do perímetro da cintura) com base nas medidas obtidas são calculados o Índice de Massa Corporal (IMC), oficina culinária, exercício físico, grupos de educação em saúde com periodicidade semanal durante 3 meses com até 20 trabalhadores. A escolha dos trabalhadores se dá independente do vínculo empregatício. A todos os participantes é aplicado um formulário, contemplando variáveis sociodemográficas (sexo, idade, estado civil, escolaridade, vínculo empregatício) e por meio da equipe multidisciplinar de saúde do trabalhador realizasse as ações de educação em saúde. Destacamos, a Portaria Normativa 7/2016 direcionada a qualidade da alimentação ofertada para os trabalhadores, bem como ações de promoção da saúde no serviço público federal institui que: “As diretrizes de promoção da alimentação adequada e saudável nos ambientes de trabalho, a serem adotadas como referência nas ações de promoção da saúde e qualidade de vida no trabalho dos órgãos e entidades integrantes do sistema de pessoal civil da administração federal – SIPEC”. Esta portaria pautada no Guia Alimentar para a População Brasileira, resgata a atenção para as práticas alimentares saudáveis, culturais e sustentáveis, e orienta os responsáveis pela oferta desta alimentação quanto as melhores escolhas para obtenção de uma alimentação adequada e saudável. Diante do panorama relatado compreende-se a ampliação de recomendações alimentares para a população brasileira, divulgadas através de guias, cartilhas e boletins, entre outros destinados ao apoio às ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) como o Guia Alimentar para a população Brasileira. Contudo, percebe-se que o desenvolvimento de ações educativas de maneira isolada e descontínuas não consegue enfrentar os desafios apresentados. A educação contra-hegemônica e crítica favorece uma discussão dos elementos presentes no contexto social, apontados como indutores das teóricas e metodológicas, referentes à saúde e à alimentação. Nesse contexto, o monitoramento, avaliações sistemáticas das ações e do cenário são etapas indispensáveis de um processo educativo contra-hegemônico definido por Saviani (2007) “estruturam a partir e em função da prática educativa.[...] objetivo de formular diretrizes que orientam a atividade educativa”. O ato de comer é capaz não somente de satisfazer as necessidades biológicas, mas também atuar como fonte de prazer, socialização e expressão cultural. Sendo assim, o modo de vida contemporâneo, fortemente influenciado pelos processos de globalização e industrialização, trouxe mudanças significativas no comportamento alimentar da população. O indivíduo foi gradativamente perdendo o contato social e se distanciando dos rituais que envolvem a preparação e o consumo dos alimentos pertencentes à sua cultura, quando se deparou com a praticidade e o prazer imediato proporcionado pelo consumo de alimentos ultraprocessados. O apelo pela mídia para o consumo desses produtos, a influência do marketing e o desenvolvimento tecnológico minimizaram as diversas culturas alimentares e preconizaram a rapidez, a praticidade, a individualização e a padronização do sabor dos alimentos (JAIME, 2019). Estes desafios estão, igualmente, presentes na materialidade da ação educativa da EAN, como, por exemplo, na elaboração do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional , quando expõe que o foco para sua formulação foi “a educação alimentar e nutricional para as políticas públicas”. Esta estratégia vem sido empregada com amplitude no campo de saúde do trabalhador e tem se mostrado eficaz na mudança de hábitos alimentares e na conscientização dos trabalhadores. Sendo assim, a prevenção e o controle das doenças crônicas não transmissíveis e das deficiências nutricionais, a valorização das diversas expressões das culturas alimentares e corporais, o fortalecimento dos hábitos alimentares regionais, a redução do desperdício de alimentos e a promoção das escolhas alimentares saudáveis e sustentáveis são fundamentais para a população. Nesse sentido, comida e o direito precisam caminhar juntos no campo da Alimentação, Nutrição e Cultura. A Fome e obesidade são dois fatores sociais decorrentes da insegurança alimentar onde muitas vezes a vulnerabilidade social obriga pessoas a trocarem alimentos de qualidade por alimentos baratos. A consequência disso é fenômeno, “sindemia global”, que congrega, ao mesmo tempo, os efeitos perversos das epidemias da obesidade, da desnutrição e do aquecimento planetário global. Eixos que estão correlacionados com as proposta do Programa Circuito Saudável na Fiocruz. Os ingredientes, o modo de preparar os alimentos e os pratos que compõem a mesa dos brasileiros são muito mais que simples hábitos. A alimentação é também uma abordagem para conhecer e entender a cultura e história de nosso povo. Ao retomar a trajetória de um alimento, é possível pensar a história humana a partir de uma nova perspectiva, além de abordar questões sobre deslocamento, colonização e ocupação do território brasileiro. Destacamos, que um olhar mais atento sobre a alimentação e a saúde nos permite compreender formas de viver e de se comportar em diferentes grupos sociais. Resgatar as práticas culturais por meio de habilidades culinárias, estimulando a cultura dos saberes e fazeres da alimentação saudável e adequada e, ainda, propiciar momentos de trocas de experiências e do uso de práticas educativas em saúde. Proporcionar ações de intervenção que promovam a conscientização cidadã sobre a seleção, o consumo e o desperdício dos alimentos, bem como o resgate das tradições culturais e corporais. Sendo assim, promover a alimentação saudável no ambiente de trabalho envolve mais que a escolha de alimentos adequados relaciona-se com a defesa da biodiversidade de espécies, o reconhecimento da herança cultural e o valor histórico do alimento, além do estímulo à cozinha típica regional, contribuindo, assim, para o resgate das tradições e o prazer da alimentação. Estimular os sentidos, apreciando os alimentos, seus sabores, aromas e suas apresentações, torna o ato de comer ainda mais prazeroso e significa cultura, alegria, convívio e troca. É preciso preservar o meio ambiente, fortalecer a culinária tradicional, usufruir a variedade de alimentos regionais e redescobrir a satisfação de preparar e compartilhar as refeições com outras pessoas, bem como, a prática regular de exercício físico favorecendo um efeito positivo na qualidade de vida e em outras variáveis psicológicas. Nesse sentindo, programas de promoção da saúde da natureza do Circuito Saudável contribuem para a saúde dos trabalhadores, buscando mudanças do estilo de vida e valorização da reflexão sobre a relação trabalho, educação e saúde. |
8226 | SAÚDE E TRABALHO: AS METAMORFOSES DO MUNDO DO TRABALHO E AS INFERÊNCIAS PARA O ADOECIMENTO DE ASSISTENTES SOCIAIS NA POLÍTICA DE SAÚDE. Jheninffer Priscila Matos de Figueiredo, Kamila Santibanez de Souza Torres, Ruth Léa da Gama Cristo, Nilvana do Socorro Barbosa da Silva Lima SAÚDE E TRABALHO: AS METAMORFOSES DO MUNDO DO TRABALHO E AS INFERÊNCIAS PARA O ADOECIMENTO DE ASSISTENTES SOCIAIS NA POLÍTICA DE SAÚDE.Autores: Jheninffer Priscila Matos de Figueiredo, Kamila Santibanez de Souza Torres, Ruth Léa da Gama Cristo, Nilvana do Socorro Barbosa da Silva Lima
Apresentação: O presente trabalho trata das inferências das transformações do mundo do trabalho no processo de adoecimento de assistentes sociais na política de saúde. Para isso, analisa as mudanças no sistema capitalista e as consequentes formas de exploração do trabalhador. Pontua ainda, acerca da inserção dos assistentes sociais na saúde e suas atribuições. Analisa os impactos do neoliberalismo no trabalho dos assistentes sociais na saúde, para o adoecimento deste profissional. Além disso, discorre preposições para o enfrentamento deste adoecimento, o qual concluiu-se que as inflexões do capital condicionam aos (as) profissionais precárias condições de trabalho, ocasionando patologias em vários níveis. Constitui-se uma pesquisa bibliográfica, na qual se objetivou analisar os impactos das metamorfoses do mundo do trabalho no cotidiano laboral dos (as) assistentes sociais, especificadamente os que atuam na esfera da saúde pública, considerando que a profissão não apenas emerge, participa e se altera na divisão sociotécnica do trabalho, como também intervém cotidianamente na vida de segmentos (cada vez mais pauperizados) da classe trabalhadora. As transformações em curso vêm reestruturando o trabalho e a vida social, resultante das constantes crises que o próprio capitalismo impõe na busca de manutenção e de novas possibilidades de acumulação, aprofunda-se assim as desigualdades sociais ao apartar as massas do acesso bens de consumo e serviços básicos para sua sobrevivência. Destarte, os (as) trabalhadores (as) estão expostos (as) a flexibilização, precarização e redução dos direitos trabalhistas que fora conquistado na Constituição Federal de 1988 e que agora está sobre o direcionamento do ideário neoliberal. Observa-se que o processo de reestruturação produtiva, expressão privilegiada de resposta capitalista à sua crise, necessita cada vez mais limitar os direitos sociais e os gastos estatais a área social. Nesse contexto, o Estado, pressionado por forças privatistas, começa a se reduzir no campo social. Portanto, tudo deve ser submetido à mercantilização e essa ofensiva ideológica, culminou no que se visualiza hoje: a redução do Estado em relação às políticas sociais em detrimento da esfera econômica e a emergência do mercado como redentor das frações da questão social, e acaba-se por particularizar a questão social e as políticas sociais. O ideário neoliberal atinge todos níveis da esfera pública, incluindo a política de saúde, o qual é concebida como mercadoria onde prevalece a lógica de que o mercado é mais eficiente, é alvo de restrições do financiamento público, bem como da dicotomia entre ações curativas e preventivas, e da criação de subsistemas que rompem com a concepção de integralidade. As condições e relações de trabalho dos (as) assistentes sociais, diante da nova configuração da política de saúde, estão sendo atingidas, assim como sua autonomia relativa, atendendo as pautas da precarização do trabalho por meio da redução e cortes orçamentários no atendimento às novas demandas oriundas deste processo de transformação de reestruturação capitalista no mundo do trabalho. Pelo exposto, compreende-se que a atuação do (a) assistente social é marcada por uma série de complexidades, uma vez que atua frente às expressões da questão social. As novas exigências impostas a este (a) profissional no contexto de exploração dos trabalhadores (as) constituem um elemento adoecedor, mediante a dualidade entre o constante aumento da demanda e restrição orçamentária dos serviços públicos ocasionando a intensificação do trabalho e suas intervenções logrem êxito, resultando nos (as) profissionais desgastes biopsíquico frente a precarização dos serviços. E, no que concerne ao trabalho deste profissional no SUS, o esquema de terceirização também vulnerabiliza organizações coletivas por dentro da categoria profissional. Ao mesmo tempo, o comprometimento ético político da profissão na busca por uma sociedade mais justa, equânime e igualitária, faz com que o (a) assistente social sinta-se impotente diante da realidade capitalista que desfavorece o processo de garantia de direitos, desta forma, adoece física e psiquicamente enquanto trabalhador e interventor em meio a tantas vulnerabilidades. As exigências impostas ao profissional do serviço social dentro de uma lógica estritamente biomédica nos serviços de saúde, e como interlocutor entre as relações sociais, requerem que seja capaz de atenuar conflitos, deixando o ambiente ameno para conferir melhor andamento das ações médicas. Ante o exposto, pôde-se verificar que as inflexões da atual conjuntura para as políticas sociais públicas têm rebatimento na saúde dos trabalhadores, pois a medida em que ocorre o desmonte do aparelho estatal, principalmente no que concerne a política de saúde, dificulta-se a oferta dos serviços básicos a população usuária, bem como a forte pressão em que estes (as) sofrem para atender as imposições das instituições empregadoras, resulta o adoecimento dos (as) assistentes sociais. O mercado de trabalho se moderniza com o passar dos anos e na contemporaneidade tem se tornado um espaço de acirramento, o qual caracteriza-se por ser um ambiente competitivo entre os (as) trabalhadores (as), com poucas possibilidades, ou inexistente, crescimento sob condições mínimas para a realização do trabalho. Diante disto, os (as) assistentes sociais estão imersos nessas circunstâncias, e há casos que necessitam se incluírem a mais de um espaço sócio ocupacional, pois necessita garantir o mínimo necessário para sua sobrevivência, mesmo que a sua qualidade de vida venha a ser comprometida. Sujeito (a) à precárias formas de vínculo empregatícios, baixos salários, cobrança de metas e resultados imediatos e produtivos, dentre outros, em decorrência disto acaba por interferir em sua forma objetiva e subjetiva do trabalho no espaço socio-ocupacional em que está inserido (a). Observa-se a contradição da política em debate, onde é um espaço em que deveria promover a garantia de direito a saúde tanto aos usuários quanto aos (as) trabalhadores (as), mas está condicionada as inflexões do capital. Sob o aumento da demanda por atendimento e o sofrimento pelo rebaixamento das condições tanto do trabalho quanto de vida, os (as) profissionais tende a diminuir em decorrência de adoecimento em variados níveis. Evidencia-se, ainda, o quão é dicotômico o papel do trabalho na vida do indivíduo, de um lado, ele deve dar sentido à vida, enquanto, por outro, ele tende a ser desgastante e adoecedor ao (a) trabalhador(a), levando-o (a) a um quadro significante de afastamentos das suas atividades laborais. Desta feita, é exigido respostas profissionais que sejam capazes propor alternativas de enfrentamento das situações que lhe são demandadas, no entanto, o ambiente sociocupacional da saúde é marcado sob forte pressão, tanto dos pacientes que esperam a resolução das suas necessidades, em geral, são postas como urgentes, quanto atender as expectativas institucionais. Para o enfrentamento do adoecimento profissional de assistentes sociais na saúde é de suma importância problematizar a questão e reconhecer que o trabalho se materializa em uma conjuntura de trabalho flexibilizado e precarizado, e é nesta conjuntura de pauperização do trabalho, que urge a necessidade de a categoria profissional ter formação radicalmente comprometida com os valores democráticos. No contexto da reestruturação produtiva, cabe ao profissional, propagar as normas e regras do jogo de compromisso, sendo sua prática alterada pelas formas de controle da força de trabalho renovadas nos processos e relações de trabalho. |
8298 | REFLEXÕES SOBRE A CONSTRUÇÃO DOS CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES: POSSÍVEIS IMPACTOS NO CUIDADO AOS HOMENS Carolina Oliveira Coutinho, Cristiane Marques Seixas REFLEXÕES SOBRE A CONSTRUÇÃO DOS CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES: POSSÍVEIS IMPACTOS NO CUIDADO AOS HOMENSAutores: Carolina Oliveira Coutinho, Cristiane Marques Seixas
Apresentação: Os transtornos alimentares (TAs) possuem relevância não somente no plano clínico-individual, mas também constituem uma realidade emergente como questão de Saúde Coletiva. Apesar das primeiras descrições médicas sobre os TAs já incluírem o relato de meninos com sintomas característicos, a atenção sobre a ocorrência de distúrbios do comportamento alimentar na população masculina permaneceu marginalizada na medicina, sendo justificada pelo reduzido número de casos identificados. Entretanto, considerando-se o modo como as concepções de homem são formuladas culturalmente e o papel e lugar de poder ocupado pela biomedicina na produção de saberes e na reprodução de valores característicos de um contexto cultural, argumenta-se que as diferenças nas taxas de prevalência de TAs podem refletir um viés de gênero das atuais conceituações e critérios diagnósticos por meio de uma distinção nosológica que pode, por si mesma, ser tendenciosa na detecção dos quadros em mulheres. Ainda, levando-se em conta que o exercício profissional traduz valores e crenças de determinada sociedade em um contexto histórico específico, é possível que a medicalização e o modelo hegemônico de masculinidade desqualifiquem e sejam negadores de determinados carecimentos e necessidades de saúde aos homens, como aqueles inerentes aos quadros de TAs. Assim, este trabalho tem como objetivo refletir sobre a construção dos critérios diagnósticos de TAs e as possíveis implicações na detecção e cuidado dos homens. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa em que se realizou levantamento bibliográfico nas bases de dados Medline, Lilacs e Portal de Periódicos Capes utilizando os descritores “transtornos alimentares”, “DSM” e “critérios diagnósticos” em português e inglês e em combinação, com o intuito de aprofundar a compreensão sobre o tema. Além disso, realizou-se leitura crítica das versões do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria, principal ferramenta utilizada no Brasil para diagnóstico de transtornos mentais. A partir da análise realizada, reforça-se a suposição de que os TAs como são atualmente conceituados podem ser considerados construtos ligados ao gênero. Um claro exemplo disto é o fato de que a amenorreia permaneceu como um critério diagnóstico para anorexia nervosa até o lançamento do DSM-5, em 2013, sem que fosse apontado um critério análogo para homens. Ainda, estudos demonstram que a descrição dos critérios necessários para diagnóstico de compulsão alimentar, sintoma que pode estar presente em todas as principais categorias diagnósticas de TAs, podem não expressar experiências masculinas. Desta forma, existe uma possibilidade amplamente inexplorada de que os homens possam experienciar e expressar sintomas de transtornos alimentares de maneiras diferentes das mulheres possivelmente como resultado de seu papel social de gênero. O reconhecimento destas variantes nos permite repensar os limites das análises realizadas no campo dos TAs e faz-se fundamental para se ampliar não só as possibilidades de investigação acadêmica dessa temática, como também o exercício da clínica. |
8305 | BANCO MUNDIAL E A PRIVATIZAÇÃO DO FUNCIONALISMO PÚBLICO NO BRASIL: DESCORTINANDO AS RELAÇÕES HEGEMÔNICAS Marcus Wallerius Gesteira, Wanessa Natividade Marinho BANCO MUNDIAL E A PRIVATIZAÇÃO DO FUNCIONALISMO PÚBLICO NO BRASIL: DESCORTINANDO AS RELAÇÕES HEGEMÔNICASAutores: Marcus Wallerius Gesteira, Wanessa Natividade Marinho
Apresentação: O presente trabalho tem por objetivo discorrer sobre os aspectos do documento elaborado pelo Banco Mundial “Um Ajuste Justo” de 2017, em particular o capítulo sobre “Peso do Funcionalismo Público”, correlacionando os conceitos e concepções do neoliberalismo, Estado e política social. O relatório elaborado pelo Banco Mundial cita que o Brasil tem que enfrentar situações que acarretam o aumento das despesas primárias, que são aquelas destinadas a promover os serviços públicos à sociedade, dentre os quais, o funcionalismo público. O resultado apontado no relatório foi que os serviços oferecidos à população são ineficientes e que seria possível economizar parte do orçamento sem “prejudicar o acesso e a qualidade do serviço público”. A análise do documento coloca a folha salarial dos servidores como uma das principais despesas do governo em razão da alta diferença salarial comparado ao setor privado e que essa diferença contribui para a desigualdade social no país. O documento faz um comparativo da quantidade de servidores no Brasil com a média mundial e chega à conclusão que não há discrepância no quantitativo médio comparado, destoando apenas a média salarial, considerando que no Brasil os salários são maiores que em outros países. Diante dessa conclusão, a sugestão que se faz é pela redução salarial de forma significativa. O Banco Mundial, na tentativa de corroborar seus argumentos apresentados no presente relatório, faz menção a um estudo realizado por ele em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no ano de 2010, que apresenta recomendações para “melhorar a gestão de recursos humanos no funcionalismo público”, com os seguintes tópicos: Racionalização da remuneração; Priorização do planejamento estratégico da força de trabalho; Reforma do sistema de carreiras; e Seleção com base em competências. As recomendações têm o objetivo de modificar a estrutura do serviço público em todas as esferas e em todos os poderes da seguinte forma: flexibilizar a gestão do governo com a possibilidade de aumentar a mobilidade dos servidores dentro de suas carreiras a fim de viabilizar os funcionários e terceirizados, inclusive servidores aposentados; tornar mais difícil a promoção dos servidores dentro da categoria funcional; e modificar a forma de contratação do servidor ao introduzir a meritocracia ao processo de seleção de pessoal, baseando-se na experiência prévia dos selecionados; e aumentar a complexidade do reajuste da remuneração dos servidores. Dessa forma, o relatório sugere a reforma Administrativa do Estado, direcionando os ataques aos serviços públicos que são prestados à população, sob o pretexto de que os servidores são responsáveis pelos altos gastos públicos, são privilegiados, possuem remunerações elevadas e são ineficientes nos serviços prestados à sociedade. Assim, somente essa reforma estrutural seria o caminho possível para o país. Podemos perceber que esses argumentos não são novos e foram utilizados há tempos por outras organizações internacionais, no que se refere ao desajuste nas contas públicas nos países periféricos, com a produção de outros documentos que supostamente contribuíam para o progresso. O relatório resgata uma agenda neoliberal em pleno governo progressista do Partido dos Trabalhadores e tenta fundamentar o conjunto de afirmativas de ineficiência do Estado com base em dados duvidosos para iniciar a contrarreforma administrativa. Nesse sentido, verifica-se a ausência de elementos técnicos que possam corroborar o relatório de que o funcionalismo público gere gastos exacerbados aos cofres públicos. Dessa forma, conclui-se que o relatório possui cunho essencialmente político. Outro destaque é delimitar as políticas públicas desenvolvidas internamente no Brasil tornando esclarecedora a política neoliberal que se pretende estabelecer no país, principalmente quanto à exploração da classe trabalhadora. Cabe destacar o apontamento de Vilas (2015) sobre o ajuste estrutural como reforma do Estado, definindo a participação de atores externos e internos nesse processo e a estrutura de dominação, corroborando a afirmação que a origem do documento partiu de dentro do país. Podemos ainda mencionar a análise de Pronko (2015), que sintetiza concretamente a atuação dos governantes locais na implantação de políticas públicas de austeridade, e difundem para a sociedade que tais políticas neoliberais são impostas por organismos externos, sem esclarecer as verdadeiras conjunturas e particularidades de cada país. Dessa forma, podemos destacar o pensamento, quanto à formação do Estado, segundo Marx e Engels “é a forma específica como a burguesia, no capitalismo, organiza a sua dominação” (DANTAS & PRONKO, 2015, p. 76). Esse pensamento origina-se pela concepção que o “Estado e sociedade civil não constituem duas esferas separadas da realidade” (Idem). Gramsci (2007) enfatiza a questão da não neutralidade do Estado e o ato de atribuir a luta de classes e aprofunda a concepção de Estado tornando-a muito mais complexa em razão dos diversos organismos de defesa da classe hegemônica. Importante frisar a concepção de Estado e sua estrutura indivisa da sociedade civil, disseminando a função educativa por toda a sociedade. Nesse contexto, podemos observar que o relatório do BM foi solicitado e elaborado durante o governo do Partido dos Trabalhadores em 2016. Nesse período, o país estava no centro de uma crise financeira e política e, portanto, foi aplicada a integralidade da agenda neoliberal pelo governo progressista a fim de obter apoio dos setores privados e financeiro para garantir a manutenção da presidente no poder. Diante desse cenário, resgata-se a concepção de Florestan Fernandes (1975) sobre a “democracia de cooptação” que é centrada no formato de participação dos grupos e das classes dominantes do poder. Observa-se que a estrutura política que consubstancia uma multiplicidade de interesses e valores, muitas vezes contraditórios coopera para a corrupção intrínseca do sistema. Podemos apontar que a democracia de cooptação chegou ao ápice da crise em 2016. A ambígua relação entre o público e privado trouxe para centralidade mais uma o tema da corrupção para o debate na democracia no Brasil. Nessa esteira, o relatório apresentou dados incongruentes e sem base científica a fim de garantir a permanência do grupo hegemônico nas relações de poder e dominação, através de ajuste na estrutura do país. Dessa forma, o povo foi sensibilizado e convencido a desestruturar o serviço público a fim de privatizar os direitos contidos na Constituição da República de 1988. |
8341 | ANEMIA EM PACIENTES DE TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA DE UM HOSPITAL DO OESTE DO PARÁ Cristiano Gonçalves Morais, Marina Gregória Leal Pereira, Gabrielle da Silva Franco, Denilson Soares Gomes Junior, Bruna Jacó Lima Samselski, Emanuel Pinheiro Espósito, Monica Karla Vojta Miranda, Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva ANEMIA EM PACIENTES DE TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA DE UM HOSPITAL DO OESTE DO PARÁAutores: Cristiano Gonçalves Morais, Marina Gregória Leal Pereira, Gabrielle da Silva Franco, Denilson Soares Gomes Junior, Bruna Jacó Lima Samselski, Emanuel Pinheiro Espósito, Monica Karla Vojta Miranda, Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva
Apresentação: A anemia na doença renal crônica é uma manifestação frequente, causada na maioria das vezes por deficiência de eritropoetina, hormônio fundamental para produção de eritrócitos. Objetivo: Investigar a anemia em pacientes de hemodiálise de um hospital público da região oeste do Pará. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, de cunho quantitativo. A amostra foi composta por 180 prontuários de pacientes em tratamento de hemodiálise no Setor de Nefrologia de um hospital de referência do município de SANTARÉM (PA), no ano de 2017. Para coleta de dados utilizou-se um instrumento semiestruturado elaborado para os fins desse estudo. Buscou-se informações referentes à idade, sexo, estado civil, etnia, doença de base e resultados de exames laboratoriais de sangue. A análise dos dados foi por estatística descritiva. Resultado: Constatou-se que o sexo predominante foi o masculino (52%), a maioria dos pacientes têm entre 45 e 64 anos (56%), pertencentes à etnia parda (81%), casados (15%), com doença de base prevalente sendo a hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus (47%). Quanto à anemia, encontrou-se prevalente em todos os meses do ano analisado, com valores médios de hemoglobina e hematócrito abaixo dos valores padrões. Já os valores plaquetários e leucocitários estiveram dentro da normalidade ao longo do ano. Considerações finais: Conclui-se, conforme método proposto, que a anemia mostrou-se frequente no paciente renal crônico ao longo do ano de 2017, sendo fundamental o diagnóstico precoce para a implementação de medidas cabíveis a fim de evitar a progressão e complicações geradas pela mesma, bem como, a manutenção da hemoglobina no alvo terapêutico sugerido. |
8400 | VIVÊNCIAS DE UMA ESTAGIARIA DE PSICOLOGIA EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM ASSISTÊNCIA SOCIAL Flávia Marina da Silva Lopes, Flávia Fernandes de Carvalhaes VIVÊNCIAS DE UMA ESTAGIARIA DE PSICOLOGIA EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM ASSISTÊNCIA SOCIALAutores: Flávia Marina da Silva Lopes, Flávia Fernandes de Carvalhaes
Apresentação: Neste resumo conto a experiência de estágio em Psicologia (promoção e prevenção em saúde) realizada em um Centro de Referência em Assistência Social - CRAS de Londrina. Tendo como referencial teórico e metodológico a perspectiva psicossocial, os objetivos do estágio consistiram em vivenciar o cotidiano da Política de Assistência Social local, bem como, as dificuldades e possibilidades de atuação neste contexto. Historicamente, o trabalho da Assistência Social no Brasil esteve atrelada à caridade. O Estado passou a reconhecer tal viés como direito universal em 1988, ano no qual foi promulgada a Constituição Federal. O SUAS surge como uma aposta na proteção social de sujeitos que vivem em situação de vulnerabilidade, podendo ser risco pessoal, social, assim como violação de outros direitos básicos. Divide-se em Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especializada (PSE). Estes serviços buscam articular estratégias de prevenção de situações de risco, fortalecimento de vínculos afetivos e da função protetiva do Estado com a promoção de espaços coletivos de escuta e trocas de vivências, dentre outras. Em Londrina-PR, que apresenta uma população de cerca de 500 mil habitantes (segundo dados do IBGE), o SUAS se materializa na PSB em 10 CRAS e outros serviços ofertados. O estágio aconteceu no CRAS Sul A, um território que concentra 13.215 habitantes e, apesar de ser a região menos populosa de Londrina, tem uma grande concentração demográfica e um alto índice de pessoas em situação de desproteção social. Dentre a população atendida, 87% destes tem cadastro no IRSAS - Sistema de Informatização da Rede de Serviços Socioassistenciais-, dos quais 1.047 famílias não possuem renda fixa. Sendo que 67% dos usuários tem representantes familiares do sexo feminino e 61% tem representantes familiares de pele negra. Estes dados já anunciam a necessidade de um acompanhamento sistemático e contínuo das políticas públicas neste território. No estágio, a minha atuação teve como metodologia a observação participante, por meio de vivências realizadas em conjunto com a equipe multiprofissional do CRAS Sul A. Ressalto participação em: um grupo de trabalho realizado com mulheres em situação de violência, no qual se utilizou a linguagem do teatro para problematizar com as experiências de opressão vividas; num grupo de gestantes, que teve o objetivo de promoção de saberes locais sobre a gestação; observação de atendimentos individuais, que tiveram o foco na disponibilização de benefícios sociais; participação no evento Conexão-cidadã, que se consolidou como uma ação comunitária no território e, por fim, atuação junto à um grupo de jovens, que teve o intuito de analisar o cotidiano deles por meio da produção de um documentário curta-metragem sobre as Batalhas de Rima que aconteciam na região. Em relação ao grupo de gestantes, destaco um dia que experienciei as técnicas da automaquiagem e pintura gestacional. Eu, que não fiz pinturas na vida até então, me vi com um lápis, tinta coloridao e um molde em formatos de bebê, para proporcionar às usuárias um desenho na barriga. Enquanto pintava, conversamos sobre a gestação, bem como sobre vivências de maternagem. Estavam ali mulheres em diferentes estágios da gestação e com idades diversas. Era-me visível que compartilhavam uma rede de solidariedade, por meio das histórias, conselhos e risadas que emergiram nos encontros. O grupo também estava repleto de crianças e, como muitas delas conviviam na vizinhança, o cuidado com os filhos era organizado em conjunto, de modo coletivo. Os momentos de conversas possibilitaram trocas entre saberes científicos e populares, o que implicou numa simetria das relações de poder entre profissional e usuário. As oficinas de teatro para mulheres eram conduzidas por duas artistas de Londrina, com intuito de trabalhar as potencialidades do corpo, as situações de opressão vivenciadas no cotidiano, a importância do cuidado de si, entre outras experiências que perpassam as trajetórias. Talvez pelo frio, pelo horário, pela falta de recursos que a população apresenta, pelo fato de elas terem receio de expor as violências, entre outras suposições, vivenciei a baixa participação das usuárias frente à proposta e o grupo foi transferido para outro CRAS. Retomamos, então, a proposta de organizar um grupo de jovens com o objetivo de produzir um documentário (curta-metragem) sobre a história das batalhas de rima. A estruturação do documentário consistia em cenas de entrevistas com pessoas-chave das batalhas de rima, que relataram (por meio de rimas) sobre como o rap as auxiliou na construção de outras perspectivas de vida, bem como, de filmagens antigas das batalhas. Na produção do documentário, também realizamos um levantamento de notícias locais sobre o rap londrinense desde 2007, e assistimos a um documentário “Batalha de Rima do Santa Cruz”, que ilustrou questões importantes para produção, como: a exposição das regras, a localização de como esta expressão de arte afeta, a análise das trajetórias das pessoas que construíram as batalhas e, inclusive, os estigmas associados ao rap. Apesar da potência vivenciada no grupo, ele se dissolveu devido ao fato de seus integrantes terem que trabalhar, sendo o documentário não finalizado. Participei também do evento Conexão-cidadã, que reuniu os serviços que compõem o território Sul e a população local, promovendo arte, incentivo à leitura, sorteios e, também, instruções acerca da saúde. Entre peça de teatro, apresentação de circo, espetáculos de danças e conversas informais, o evento se consolidou como um espaço de confraternização e de construção comunitária. Durante o evento, percebi, na concretude, a densidade do território e as potencialidades da população em construir possibilidades de lidar com as durezas do cotidiano. Outra experiência marcante foram os atendimentos para disponibilização de benefícios eventuais. Refleti sobre a disponibilização destes benefícios como estratégia de ampliação de direitos, entretanto, verifiquei também que as regras para concessão dos mesmos consolidam o controle do Estado sobre a população (por meio de critérios normativos de vida). Chamou-me a atenção, também, os relatos de violências sofridas por parte de alguns profissionais de saúde na UBS e a falta de comunicação entre os serviços. Considerei, então, as dificuldades de trabalho para a Psicologia no Sistema Único de Assistência Social, bem como o entendimento (parcial) dos modos rotativos como usuários e profissionais transitam neste serviço, devido à dificuldades de acessibilidade e de comunicação em rede, a precariedade das políticas públicas municipais, entre outras explicações possíveis. Notei a dificuldade em dar continuidade a diversas ações propostas, ainda que eu considere a importância (e potencialidade) de cada encontro promovido. Também questionei as demandas que os campos de atuação convocam à Psicologia. Considerando as vulnerabilidades da população brasileira, nossa profissão tem um compromisso ético nos processos de transformação social, por meio da construção de ferramentas e intervenções interdisciplinares, intersetoriais e que priorizem o trabalho em rede. Nesta perspectiva, entendo a Psicologia, por vezes, busca romper com uma lógica individualizante de compreensão do sujeitos, situando nos processos de produção da subjetivação como múltiplos, complexos e constituídos por marcadores sociais. Logo, minha participação me fez concluir que o trabalho de prevenção e promoção de saúde na assistência social nos convoca a mantermos-nos atentos às múltiplas condições que interferem no cotidiano das comunidades, assim como identificar em nós a reprodução de discursos e práticas normativas, muitas vezes exigidas pelo estado. Aposto, portanto, que analisar criticamente nossos modos de pensar e intervir, contribui para localizarmos a Psicologia como resistência em um país marcados por evidentes desigualdades sociais. |
8405 | INTEGRALIDADE, SAÚDE E A DOENÇA DE PARKINSON: NUANCES PRESENTES NO ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO E EM GRUPO NO CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO II DA UNIDADE DE ENSINO E ASSISTÊNCIA DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ Márcia Goretti Guimarães de Moraes, Ariádme Raiane Sarraff Almeida, Leandra Cristina Coelho Barroso, Gabriele Franco Correa Siqueira, Larissa De Cássia Silva Rodrigues, Wendy da Silva Modesto, Pablo Ryan Galvão Farinha INTEGRALIDADE, SAÚDE E A DOENÇA DE PARKINSON: NUANCES PRESENTES NO ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO E EM GRUPO NO CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO II DA UNIDADE DE ENSINO E ASSISTÊNCIA DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁAutores: Márcia Goretti Guimarães de Moraes, Ariádme Raiane Sarraff Almeida, Leandra Cristina Coelho Barroso, Gabriele Franco Correa Siqueira, Larissa De Cássia Silva Rodrigues, Wendy da Silva Modesto, Pablo Ryan Galvão Farinha
Apresentação: O perfil demográfico do Brasil tem acompanhado a tendência mundial de envelhecimento da população Este contexto reflete na prevalência de doenças crônicas, a qual se direciona para aumentar substancialmente e influenciar de forma direta no funcionamento da Saúde Pública; dado isso, há necessita de novas estratégias para dar suporte aos idosos em todos os níveis de atenção diante desta questão alarmante. O Ministério da Saúde por meio da Portaria nº 228, de 10 de maio de 2010 enfatiza o enfrentamento da Doença de Parkinson (DP) como um dos principais desafios dentro da Atenção em Saúde e impacta nas políticas públicas para a população senil, pois visa estabelecer parâmetros e diretrizes terapêuticas no diagnóstico, tratamento e monitoramento dos indivíduos condicionados a esta patologia de distribuição universal. A DP é um distúrbio neurodegenerativo de caráter progressivo com características clínicas específicas, tais como: rigidez, tremor e bradicinesia que podem repercutir com complicações psicofísicas. Tais implicações agravam o quadro clínico e afetam negativamente a qualidade de vida de pessoas diagnosticadas com a patologia; além disso, estes usuários apresentam declínio de autoestima, alterações de humor, ansiedade e depressão. Deste modo, o processo que se constitui desde diagnóstico até tratamento pode ser complexo e insociável para o indivíduo acometido. Nesse âmbito, é imprescindível a Integralidade, um dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS) e previsto por lei, de origem multifacetada que trata da complexidade dos contextos psicossociais do usuário, que irão além de sua condição patológica. Nesta conjuntura, faz-se necessário socializar a vivência de acadêmicos de Fisioterapia em atendimentos individualizados e em grupo com usuários acometidos pela doença de Parkinson, que permitiu observar a atuação fisioterapêutica na Saúde Coletiva inserida nas esferas da promoção de saúde, prevenção de agravos e qualidade de vida. Dado isso, através da vivência dos acadêmicos de Fisioterapia em atendimentos realizados no Centro Especializado em Reabilitação II da Unidade de Ensino e Assistência a Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UEAFTO), vinculada à Universidade do Estado do Pará (UEPA) que se elaborou este relato de experiência. Os atendimentos aconteceram durante período referente aos meses de agosto a dezembro de 2019, tendo uma frequência de duas vezes na semana, em turno matutino e vespertino. Compõe-se uma amostra de onze usuários diagnosticados com DP, atendidos no ambulatório de Fisioterapia Neurofuncional da Unidade, com a divisão de atendimento grupal e individualizado. Os critérios adotados para a divisão foram baseados no grau de dependência e na gravidade do quadro clínico de cada participante. Ademais, os atendimentos aconteceram com a aplicação de um protocolo adaptado pelos terapeutas a partir de uma avaliação prévia; esta continha exercícios respiratórios, atividades de relaxamento, aquecimento, alongamento, treino de força muscular, equilíbrio, coordenação, cognição e treino de marcha, aplicado igualmente para os dois grupos avaliados. O atendimento individualizado esteve centrado unicamente em um usuário, o que tornou possível detectar com mais precisão as dificuldades apresentadas por ele, permitindo assim ao fisioterapeuta e acadêmicos de Fisioterapia em criar estratégias para solucionar tais dificuldades durante o decorrer das sessões. A relação terapeuta-usuário tornou-se evidenciada, pois as demonstrações de exercício, voz de comando e o incentivo para a realização dos exercícios, ficaram a cargo de um único profissional. Outro aspecto destacado do atendimento individual está na formação de uma relação mais amistosa para ambas as partes, onde o usuário se sente confortável para relatar problemas vivenciados dentro e fora do ambiente ambulatorial, colocando em prática o princípio da integralidade e buscando formas de atender a necessidades expressadas por este indivíduo. No atendimento em grupo, já se atentou para uma abordagem mais dinâmica na realização do atendimento, onde os usuários foram duplamente incentivados: a partir da voz de comando empregada pelos terapeutas e pelos demais participantes que partilham da mesma problemática. Além disso, os usuários eram posicionados em forma de círculo, o que possibilitou a observação dos demais ao realizarem os movimentos e à visualização da forma correta de execução dos exercícios, além do que também foi aberto um espaço para diálogo e a maior interação entre eles em relação ao individual. Os participantes também foram estimulados à formação de duplas em determinados exercícios, fomentando um espírito competitivo de maneira recreativa. Acerca das intercorrências, alguns usuários relataram no início das primeiras sessões, situações de estresse e ansiedade, decorrente de suas limitações, os quais geravam exacerbação de manifestações clássicas da patologia. No entanto, a defluência dos atendimentos em grupo, propiciou uma abordagem mais flexível com atenuação dos sintomas. Ademais, foram realizadas interconsultas ao Serviço Social, Enfermagem, Medicina e encaminhamento interprofissional ao serviço de Psicologia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. Nos atendimentos, o protocolo se diferenciou quanto à intensidade aplicada nos exercícios quando o usuário relatava desconforto ou dor. Vale ressaltar que o protocolo foi modificado a partir da 10º sessão, conforme a evolução dos usuários. Após o término das vinte sessões, os participantes foram submetidos à reavaliação para analisar o quadro psicofísico. Neste sentido, por partirem do mesmo protocolo, observou-se similaridade quanto à adesão dos usuários e participação dos familiares nas condutas terapêuticas, mas no que se refere à interação interpessoal, esta esteve mais presente em grupo, inclusive, na criação de vínculo fraterno entre os participantes e na resolução de sintomas psicofísicos apresentados desde o início do tratamento. Desta forma, tendo em vista um dos princípios embasadores do SUS, a Integralidade, reforça-se a importância da visão globalizada do indivíduo, abrangendo os contextos que o rodeiam. O olhar integralizado na saúde dos Portadores da Doença de Parkinson reforça um cuidado além das condições disfuncionais, composta por conceitos técnicos, o respeito à sua individualidade, seja inserido em grupo ou individualizado. Ser este considerado complexo que perpassa por contextos sociais, mentais e físicos, e que tem garantido por direito todo seu processo de descobrir, entender e tratar-se num contexto global. Isto posto, faz-se necessário ofertar ao usuário meios e serviços em que suas necessidades forem mais bem atendidas, entendendo que suas vontades são diversas, portanto, suas opções assim devem ser. |
10872 | IMIGRANTES E PESSOAS EM SITUAÇÃO DE REFÚGIO NA REDE. INTERCULTURALIDADE E OS DESAFIOS DA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM TEMPOS DE SUCATEAMENTO E XENOFOBIA Sylvia Dantas IMIGRANTES E PESSOAS EM SITUAÇÃO DE REFÚGIO NA REDE. INTERCULTURALIDADE E OS DESAFIOS DA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM TEMPOS DE SUCATEAMENTO E XENOFOBIAAutores: Sylvia Dantas
Apresentação: Médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e demais profissionais da saúde tem se deparado com novos desafios na rede ao receber grupos relativamente recentes de imigrantes e pessoas em situação de refúgio no país. A cidade de São Paulo é onde se encontra o maior número de imigrantes no país. Haitianos, bolivianos, peruanos, paraguaios, venezuelanos, sírios, angolanos, congoleses, individualmente ou em família com suas crianças e adolescentes, muitas vezes encaminhadas pelas escolas, chegam aos serviços público ao qual tem direito como qualquer cidadão. Contudo, como mostram os estudos interculturais, as diferenças culturais são em geral antes um fator de conflito do que de sinergia. Os deslocamentos e seus contatos interculturais apresentam desafios subjetivos profundos tanto para quem migra como para as sociedades que recebem os novos grupos. O contato entre culturas é naturalmente gerador de estresse. Esses desafios são ainda maiores em tempos de precarização das políticas sociais e disseminação mundial da xenofobia. Baseada em uma perspectiva intercultural crítica em saúde mental esse trabalho aborda as dificuldades, impasses, dilemas assim como soluções por parte de profissionais que trabalham com a população de imigrantes e refugiados em São Paulo no SUS em Unidades Básicas de Saúde e Centros de Atenção Psicossocial adulto e infantojuvenil. Apresentamos resultados preliminares de análise qualitativa em teoria baseada nos dados de registros de práticas e casos trazidos para supervisões por profissionais para os cursos de Aperfeiçoamento e Especialização em “Saúde Mental, Imigração e Interculturalidade” oferecido pela Universidade Federal de São Paulo em 2018 e 2019. Através dos mesmos vemos a importância do olhar intercultural na formação dos profissionais no sentido de ampliar e transformar sua prática assim como legitimar práticas criativas e sensíveis diante os complexos desafios do mundo globalizado assimétrico em que vivemos. |