468: As experiências de formação profissional no âmbito da APS
Debatedor: Vanessa Alves de Souza
Data: 30/10/2020    Local: Sala 03 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
7677 A SOBREVIVÊNCIA DA FORMAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: MODELOS E IMPACTO NAS PRÁTICAS DE PROMOÇÃO À SAÚDE
Donizete Vago Daher, Andressa Ambrosino Pinto

A SOBREVIVÊNCIA DA FORMAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: MODELOS E IMPACTO NAS PRÁTICAS DE PROMOÇÃO À SAÚDE

Autores: Donizete Vago Daher, Andressa Ambrosino Pinto

Apresentação: Estudos sobre modelos de formação em saúde tornaram-se importantes a partir da inserção do novo modelo de assistência à saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS), que preconiza tanto o trabalho em equipe quanto a primazia de ações de promoção a saúde. O profissional Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o único trabalhador deste campo, que surgiu a partir da criação do SUS. Assim, esses profissionais para darem sustentabilidade a esse modelo de assistência, devem tanto receber formação como capacitações permanentes. Em relação, à formação vale lembrar, que o Curso Introdutório, deveria ser ofertado a todos os profissionais de saúde atuantes na Estratégia de Saúde da Família (ESF), incluindo o ACS. Representaria o espaço de compartilhamento de saberes, conhecimentos e práticas, todavia os municípios cada vez menos disponibilizam este Curso, e quando o fazem, há indícios de que os mesmos decorrem de maneira aligeirada e, por vezes, deslocado das reais necessidades de aprendizagem e de saúde dos profissionais, dos usuários. Objetivo: Descrever os modelos de formação de ACSs utilizados no município de Macaé (RJ) e o impacto destes modelos nas práticas de promoção à saúde a usuários e famílias. Desenvolvimento: Para o desenvolvimento deste Projeto de Pesquisa, inicialmente uma busca inicial, foi realizada para angariar em diversas publicações, os modelos formativos destinados aos ACSs (artigos científicos, Leis, Decretos, Resoluções etc.), após a identificação deste arranjo inicial de publicizações, uma análise reflexiva está sendo realizada. Por seguinte, a segunda etapa, consistirá na coleta de dados, análise e categorização, uma vez aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Método: Para atender aos objetivos desse Projeto de Pesquisa será adotada a abordagem Participativa em Saúde, e o estudo será qualitativo, do tipo descritivo e exploratório. Resultado: Em uma primeira apreensão, percebe-se que a precarização tanto do trabalho, quanto da formação do ACS, é premente. Suas atividades laborais, vêm ganhando cada vez mais aspectos curativistas e individuais, levando a não realização de práticas coletivas, de promotoras da saúde, como idealizadas na década de 90, com o surgimento do SUS, do ACS, da ESF. Intenções essas, que também esbarram nos modelos formativos. Considerações finais: Conhecer e os modelos de formação dos ACSs e as práticas por eles implementadas, especialmente as de promoção da saúde a usuários e famílias nos cenários da Atenção Primária à Saúde de Macaé, se faz necessário e impulsionador, diante do processo de precarização social, dos processos laborais e formativos.  

7787 INTERPROFISSIONALIDADE, HUMANIZAÇÃO E SAÚDE INDÍGENA: RELATOS DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL NA AMAZÔNIA
Izabele Grazielle da Silva Pojo, Antônio Alexandre Valente Meireles, Victor Hugo Oliveira Brito, Aimê Mareco Pinheiro Brandão, Viviane de Souza Bezerra, Grayce Daynara Castro de Andrade, Maria Izabel Tentes Côrtes, Maira Tiyomi Sacata Tongu Nazima

INTERPROFISSIONALIDADE, HUMANIZAÇÃO E SAÚDE INDÍGENA: RELATOS DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL NA AMAZÔNIA

Autores: Izabele Grazielle da Silva Pojo, Antônio Alexandre Valente Meireles, Victor Hugo Oliveira Brito, Aimê Mareco Pinheiro Brandão, Viviane de Souza Bezerra, Grayce Daynara Castro de Andrade, Maria Izabel Tentes Côrtes, Maira Tiyomi Sacata Tongu Nazima

Apresentação: A transição do conceito de saúde para um ideal condizente com a complexidade das relações humanas, demonstrou a necessidade de adequação do sistema vigente às transformações sociais, econômicas e culturais, traduzindo-se em novos perfis demográficos e epidemiológicos, ratificando a importância de uma atenção integral e longitudinal. Nessa perspectiva, a educação interprofissional apresenta-se como proposta à obsoleta educação multiprofissional, determinando um conceito de trabalho em saúde eminentemente coletivo, marcado sobre a premissa de um perfil colaborativo, iniciado desde a formação. O Programa de Educação Tutorial (PET) - Saúde Interprofissionalidade estrutura-se sobre as bases curriculares de uma educação integrativa e transformadora, a qual engloba, sobre o espectro da saúde, todas as áreas que dela derivam, direta ou indiretamente. O projeto possui como objetivo primário a formação de profissionais de saúde mais capacitados, evidentemente envolvidos com o processo saúde-doença, com uma concepção ampla de humanismo, crítico-reflexivos, habituados com o exercício interprofissional, de modo a atender das Diretrizes Curriculares Nacionais (e complementando-a, quando necessário) e às demandas do Sistema Único de Saúde. Objetivo: Relatar a experiência dos autores quanto as suas vivencias em um programa de educação tutorial e suas experiências interprofissionais em saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, de caráter qualitativo, do tipo relato de experiência, vivenciado durante o desenvolvimento das atividades do PET Saúde Interprofissionalidade da Universidade Federal do Amapá. O projeto, no curso de um ano de atividade, propôs-se a se estruturar sobre três eixos elementares de atuação: a Educação Interprofissional (EIP), a Política Nacional de Humanização (PNH) e a Saúde Indígena (SI), no intuito de embasar a necessidade de bases curriculares comuns entre os cursos da saúde e legitimar a importância de uma educação compartilhada, sob a óptica de uma população especial e negligenciada: a indígena. Desenvolveram-se, pois, três tipologias de atividades no intuito de alcançar os objetivos propostos, (1) atividades de capacitação; (2) eventos de fomento ao ensino e pesquisa centrados no aluno; (3) ações de extensão em campo de prática. No primeiro grupo, constaram aulas de Metodologia Científica aplicada, cursos online de EIP e Interculturalidade indígena, palestras sobre Cultura Indígena em antropologia em saúde, capacitações em Territorialização na atenção básica. No segundo, promoveu-se o I Encontro de Interculturalidade e Saúde Indígena do Estado do Amapá, organizado de forma conjunta por alunos, coordenadores e tutores; tutorias e dinâmicas com casos simulados sobre PNH na forma de metodologias ativas; e elaboração de projetos de pesquisa por eixo de atuação, supervisionados constantemente por coordenador e tutor docente de cada grupo responsável. No que concerne à terceira tipologia, promoveram-se encontros seriados na Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI), no intuído de compreender a realidade da disponibilidade dos serviços à parte dessa população na capital do estado (Macapá-AP), além de identificar falhas estruturais e logísticas; posteriormente, realizaram-se visitas na Policlínica da universidade, a qual atua como campo de prática aos discentes dos cursos de saúde, aplicando-se o questionário European Task Force on Patient Evaluation of General Practice Care (EUROPEP) para avaliação de satisfação com os serviços ofertados à nível de Estratégia de Saúde da Família (ESF), paralelamente à produção de um Diagnóstico Situacional da unidade, de modo a, ao final da experiência, produzir um Projeto de Intervenção – a ser apresentado à direção local – para solucionar ou discutir dispositivos e diretrizes de humanização em saúde (ambiência, corresponsabilidade, autonomia dos sujeitos e coletivos, clínica ampliada). Entre os projetos apresentados, propôs-se a confecção de um Mapa Organizacional Ilustrativo, onde seriam mostradas, de forma esquemática e simples, a localização e a função de cada espaço na policlínica, o que se embasou nas respostas ao questionário, em que a menor satisfação dos usuários havia sido com o atendimento, o que se mostrou originar da ausência de informações ao usuário, fazendo-o redirecionar dúvidas a qualquer funcionário no local.  A culminância das ações em extensão se deu com a “Imersão”, 5 dias em terras indígenas em atividades interprofissionais de atendimentos em saúde no município de Oiapoque, a 580 km da capital, uma viagem de horas por terra, e cerca de 6 horas sobre as águas, alternadas com tons de redescobertas e cansaços, florescidos sobre a apreensão do desconhecido. A chegada à primeira aldeia, a Kumarumã, habitada pela etnia Galibi Marworno – descendente dos Karib, Aruã e Marworno das guianas –  começou coberta de desconstruções, o senso comum e o estereótipo de “civilização menor”, se algum dia já havia povoado a mente de algum membro da equipe, foi completamente substituído por uma concepção de diferença e, a partir dela, a de pluralidade, a população mostrou-se reservada e receosa quanto à adesão aos cuidados de saúde, o que se demonstrou ser por uma diferença de acesso e contato com os serviços. Realidade complemente diferente foi vivenciada na segunda aldeia, a Kumenê, habitada pela etnia Palikur, a confiança e aceitação dos cuidados foi muito superior ao esperado, a receptividade foi ímpar e saudosa e a gratidão, plena e visível em seus olhares. Dentro das capacidades logísticas, os atendimentos iniciavam-se com o acolhimento e a triagem, quando os pacientes eram direcionados, então, para a consulta médica (clínico geral, oftalmologista e otorrinolaringologista), assim como para o odontólogo e terapeuta ocupacional, exames como o ginecológico completo (geral, mamas e PCCU) e os testes rápidos eram também realizados, com acompanhamento de alunos de todas as área, em uma ciência mútua dos seus serviços e responsabilidades. Em ambas as aldeias, a dificuldade de comunicação e compreensão fez-se uma realidade inevitável, o letramento e a alfabetização em saúde teve de se redesenhar, adequando-se a nova experiência vivenciada, a cada termo ou fácies de confusão, havia uma nova oportunidade de aprendizado e, para os casos além, intérpretes eram necessários, contudo, a cada dia, a rigidez das entrevistas se fazia fluida e descontraída, o cansaço deu lugar ao pertencimento e à gratidão. Resultado: As atividades proporcionadas pelo programa foram responsáveis pelo desenvolvimento de competências elementares à formação profissional em saúde. A priori, promoveu a maior coesão entre os membros de diferentes cursos da área (fisioterapia, farmácia, biologia, educação física, enfermagem e medicina), legitimando a Educação Interprofissional como prática fulcral à plena vivência em educação superior em saúde. Ademais, forneceu base essencial dos princípios, diretrizes e dispositivos da Política Nacional de Humanização. Proporcionou, também, maior conhecimento téorico-prático sobre a realidade indígena, sua história, seus costumes e suas peculiaridades, um espectro de identidades e culturas, evidenciando falhas e desafios estruturais e humanos no atual sistema de suporte à população, assim como lacunas na formação acadêmica. Considerações finais: A miscelânea de experiências proporcionadas pelo Programa de Educação Tutorial (PET) Interprofissionalidade congrega-se para formar novos sujeitos, plurais por essência e conhecedores por construção. O sistema educacional atual ainda esbarra em obstáculos, muitos comuns àqueles experimentados pelo sistema de saúde, o acesso, a estrutura e carência de recursos humanos são problemáticas palpáveis que ainda impossibilitam o pleno exercício da cidadania. Contudo, a atuação conjunta e a atenção compartilhada do grupo de profissionais responsáveis pelo bem-estar coletivo, ampara as perspectivas dos usuários e alimenta as engrenagens de um sistema que anseia pela universalidade.  

7146 O JOGO DE TABULEIRO COMO INSTRUMENTO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS TECNOLOGIAS LEVES EM SAÚDE JUNTO A ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO
Maycom Maia de Mello

O JOGO DE TABULEIRO COMO INSTRUMENTO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS TECNOLOGIAS LEVES EM SAÚDE JUNTO A ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO

Autores: Maycom Maia de Mello

Apresentação: Modelos técnico-assistenciais organizados em torno das teses flexnerianas influenciaram a produção de serviços de saúde, configurando uma dinâmica médico-hegemônico, hospitalocêntrica, com predomínio do uso das tecnologias duras e focada em intervenções sobre o corpo. Como resultado, as práticas profissionais adquiriram um acentuado caráter de produção de procedimentos - consultas e exames - associado a uma crescente medicamentalização da sociedade, a uma desvalorização das tecnologias relacionais (leves), a uma baixa resolutividade na lida dos problemas encaminhados ao setor saúde e a um alto custo no consumo de recursos, retroalimentando os lucros do capital no setor. Na tentativa de solucionar tais incongruências, diferentes movimentos em prol de uma reestruturação produtiva dos sistemas de saúde foram agenciados, especialmente na América Latina. No âmbito do SUS, a implementação do Programa Saúde da Família (PSF) e dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), além da regionalização e hierarquização da rede de serviços, exemplificam alguns dos direcionamentos que buscaram introduzir mudanças nos modos de elaborar produtos e de promover assistência em saúde, tangenciando uma possível ruptura com os modelos hospitalocêntrico e médico-hegemônico. Contudo, apesar das inovações no campo da organização de tais serviços e sistemas, pouco se produziu em relação à promoção de mudanças no modo de se operacionalizá-los, uma vez que os processos de trabalho continuaram sendo regidos a partir de uma lógica instrumental referenciada no uso das tecnologias duras e leve-duras, e pautados na centralidade do médico como prescritor de procedimentos e insumos medicamentosos, mesmo nos cenários em que o território ou os núcleos familiares compõem o lócus de intervenção. Constata-se, portanto, que para além dos processos de ‘reestruturação produtiva’ dos sistemas de saúde é necessário investir num processo de ‘transição tecnológica’ capaz de promover mudanças nas formas de se operalicionalizar a assistência em saúde - assistência que valorize o protagonismo dos sujeitos (profissionais e usuários assistidos) nos processos de cuidado, e que paute seu planejamento em projetos que respondam às necessidades e aos contextos de cada cenário. Neste sentido, falar em protagonismo dos sujeitos e em conjunturas de atenção à saúde é falar sobre tecnologias relacionais (leves) e sobre as (inter)subjetividades que alicerçam e refletem a movimentação das mesmas. O objetivo da pesquisa em tela será o de elaborar um jogo de tabuleiro que, pautado nos princípios da gamificação enquanto metodologia ativa de ensino-aprendizagem, seja capaz de promover, junto aos participantes, reflexões sobre as (inter)subjetividades que alicerçam os modos de se operacionalizar as tecnologias leves em saúde, bem como sobre o quanto tais tecnologias podem potencializar a qualificação dos serviços do SUS, especialmente no que tange à humanização e à integralidade do cuidado. Será realizado um pré-teste com alunos de graduação dos cursos de Medicina, Psicologia, Enfermagem, Farmácia e Assistência Social no campus de uma Universidade privada de ensino superior. Os resultados serão apresentados no final do ano, em forma de dissertação de mestrado.

7230 ENSINO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA NO BRASIL
Carlos Meister Arenhart, MARIA LUCIA FRIZON RIZZOTTO, ALESSANDRA ROSA CARIJO, FATIMA MOUSTAFA ISSA, LETICIA MILLER MARTINS

ENSINO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA NO BRASIL

Autores: Carlos Meister Arenhart, MARIA LUCIA FRIZON RIZZOTTO, ALESSANDRA ROSA CARIJO, FATIMA MOUSTAFA ISSA, LETICIA MILLER MARTINS

Apresentação: Considerando que o ensino e formação no campo da Promoção da Saúde estão presentes nas bases da Saúde Coletiva em seu contexto histórico e, realizando uma costura lógica, também se fazem presentes na formação dos Sanitaristas Bacharéis em Saúde Coletiva, o presente relato tem por objetivo compartilhar a estruturação da formação e ensino do campo da Promoção da Saúde em algumas matrizes curriculares dos cursos de graduação em saúde coletiva (CGSC). Método: Para se compreender o ensino da promoção da saúde nestas graduações, buscou-se identificar primeiramente as escolas que ofertam este curso e, na sequencia, foram analisadas as cargas horárias nas matrizes curriculares. O ensino da promoção da saúde, caracterizado neste relato pelas cargas horárias disciplinares deste campo nas graduações em saúde coletiva. A sondagem foi realizada no mês de janeiro de 2019 na plataforma online do Ministério da Educação. As plataformas utilizadas para o estudo foram o sistema eletrônico de acompanhamento dos processos que regulam a educação superior no Brasil e as plataformas das universidades que possuem as matrizes disponíveis para o público. Em sondagem na plataforma e-MEC identificou-se mais de quinze CGSC no território nacional. Resultado: Com o acesso às matrizes curriculares e PPC’s, nota-se que o campo da Promoção da Saúde enquanto ensino está presente na grande maioria das graduações em Saúde Coletiva. No curso da Universidade Federal do rio Grande do Sul, a disciplina de “Promoção e Educação da Saúde” tem sua ocorrência em forma de Unidade, sendo elas ofertadas em semestres recorrentes, com carga horária total de 345 horas, diluídas em oito semestres. No curso da Universidade de São Paulo há uma disciplina específica de Promoção da Saúde no quinto período com 30 horas. No curso da Universidade Federal da Bahia há a disciplina de “Vigilância e Promoção da Saúde I, II, III e IV” em um total de 136 horas, diluídas em oito semestres de curso. Na Universidade Estadual do Amazonas existem dezessete campi que ofertam a graduação em Saúde Coletiva, identificando-se na matriz curricular do curso as disciplinas “Promoção da Saúde I e II”, ofertadas no terceiro e quinto período respectivamente, num total de nove semestres. Considerações finais: Este estudo permitiu vislumbrar costuras referentes ao ensino e formação da Promoção da Saúde em alguns CGSC que se encontram em processo de expansão nas universidades latino-americanas. Entende-se que seus pilares formativos estão em sintonia com a teorização e prática da promoção da saúde enquanto estratégia de consolidação da reorientação do modelo de atenção à saúde.

6384 ESCOLA DE SAÚDE COLETIVA: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE TRABALHADORES E ESTUDANTES PARA O SUS
Carlos Alberto Severo Garcia-Jr., Roger Flores Ceccon, João Matheus Acosta Dallmann

ESCOLA DE SAÚDE COLETIVA: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE TRABALHADORES E ESTUDANTES PARA O SUS

Autores: Carlos Alberto Severo Garcia-Jr., Roger Flores Ceccon, João Matheus Acosta Dallmann

Apresentação: A Educação Permanente em Saúde (EPS) se configura como uma proposta de aprendizagem no trabalho, na qual o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações. A EPS se baseia na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais. Caracteriza-se, portanto, como uma intensa vertente educacional com potencialidades ligadas a mecanismos e temas que possibilitam gerar reflexão sobre o processo de trabalho, autogestão, mudança institucional e transformação das práticas em serviço, por meio da proposta do aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de construir cotidianos e eles mesmos constituírem-se como objeto de aprendizagem individual, coletiva e institucional no campo da Saúde Coletiva. A constituição da Saúde Coletiva remonta ao trabalho teórico e político empreendido por docentes e pesquisadores de instituições universitárias e de escolas de Saúde Pública da América Latina e do Brasil ao longo das últimas décadas, dando suporte a um movimento político iniciado na década de 1970 em torno da crise da saúde e no contexto das lutas pela redemocratização do país. Esse movimento difundiu-se a centros de estudos, associações profissionais, sindicatos de trabalhadores, organizações comunitárias, religiosas e partidos políticos, contribuindo para a formulação e execução de um conjunto de mudanças identificadas como a Reforma Sanitária Brasileira. As proposições desse movimento incluem uma profunda modificação na concepção de saúde e seu entendimento como direito de cidadania e dever do Estado. Postula mudanças no modelo gerencial, organizativo e operativo do sistema de saúde, na formação e capacitação de pessoal, no desenvolvimento científico e tecnológico nesta área e, principalmente, nos níveis de consciência sanitária e de participação crítica e criativa dos diversos atores sociais no processo de reorientação das políticas econômicas e sociais no país, tendo em vista a melhoria dos níveis de vida e a redução das desigualdades sociais. A Saúde Coletiva se articula em um tripé interdisciplinar composto pela Epidemiologia, Gestão e Planejamento em Saúde e Ciências Sociais em Saúde, com um enfoque transdisciplinar, que envolve disciplinas auxiliares como a Demografia, Estatística, Ecologia, Geografia, Antropologia, Economia, Sociologia, História e Ciências Políticas, entre outras. Nos últimos anos, acentuou-se a necessidade de formar profissionais de saúde capazes de compreender e atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), ofertando práticas integrais e resolutivas que deem conta da real necessidade da população brasileira dentro da realidade locorregional. Este texto tem como objetivo apresentar uma experiência relacionada à formação de profissionais e estudantes da área da saúde por meio da constituição da Escola de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina - Araranguá (ESC-UFSC). Desenvolvimento: A ESC-UFSC foi criada no ano de 2019 e conta com um coletivo de professores, estudantes, profissionais de saúde, gestores e membros do controle social do município de Araranguá e região do extremo-sul catarinense. Busca suprir lacunas ainda existentes no âmbito das Universidades Federais e dos serviços públicos de saúde, como dificuldades técnicas, administrativas, operacionais e logísticas na oferta de formação de estudantes e profissionais de saúde para atuarem no SUS. A ESC-UFSC aposta na formação para o SUS em todos os âmbitos: formação acadêmica; formação em serviço; e integração ensino-serviço, pautando-se na tecnologia da Educação em Saúde, da Educação Permanente em Saúde e da Educação Popular em Saúde, além do desenvolvimento de outras estratégias de pesquisa e extensão. Ao longo do ano de 2019, foram desenvolvidas ações de promoção e desenvolvimento de educação e produção de conhecimento no campo da Saúde Coletiva por meio do ensino, pesquisa e extensão universitária; difundiu-se informação científica, artística, cultural e de educação em saúde; promoveu-se articulação interinstitucional e intersetorial, de modo a contribuir para a melhoria das condições de saúde da população do extremo sul catarinense. Foram promovidos intercâmbios acadêmicos e profissionais com instituições brasileiras; participou-se da elaboração e desenvolvimento de programas, estratégias, estudos e projetos de educação, desenvolvimento institucional, tecnologia e apoio à gestão, trabalhador e controle social; e apoiou-se políticas públicas e sociais no contexto do extremo sul catarinense. Resultado: Embora o ano de 2019 tenha se caracterizado por inúmeros retrocessos no âmbito das Políticas Públicas no Brasil, sobretudo as relacionadas ao SUS e a Educação, as ações realizadas pela ESC-UFSC neste período apresentaram resultados importantes no que tange a micropolítica do trabalho no extremo sul catarinense. A própria constituição da ESC foi um feito importante, em um contexto de valorização das concepções biomédicas no âmbito universitário dos cursos de graduação da UFSC campus Araranguá, trazendo à tona discussões imprescindíveis acerca dos pilares da Saúde Coletiva: epidemiologia, gestão e planejamento e ciências humanas e sociais. Assim, incorporou-se nos espaços institucionais de educação e saúde um outro compromisso ético, voltado à valorização da vida e do cuidado em todos os âmbitos da sociedade. Pôde-se perceber, a partir das atividades realizadas, uma maior compreensão do SUS, engajamento dos diferentes atores sociais, integração ensino-serviço e melhoria na produção do cuidado em diferentes níveis assistenciais. Incorporou-se nos cursos de graduação e nos serviços que compõe a Rede de Atenção em Saúde o compromisso ético de defesa do SUS, da democracia e da educação púbica como formas de minimizar e superar as desigualdades sociais ainda existentes no país. Considerações finais: Esse coletivo organizado ainda ensaia passos mais ousados. Para citar alguns: Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva (aprovada em Departamento e aguardando avaliação MEC), Mestrado profissional em Saúde Coletiva, Liga de Saúde Coletiva, Revista científica periódica, materiais didático-pedagógico em plataforma virtual, entre outros. Deve-se também considerar a sua capilarização institucional com a conquista de duas vagas para bolsistas vinculados ao Programa de Bolsas de Extensão – PROBOLSAS/UFSC, para o ano de 2020 e reconhecimento de ações de extensão articuladas com os serviços de saúde da região. Os desafios seguem diversos para a defesa da rés publica, contudo, o entusiasmo e a rede de afetos inspiram um movimento solidário de resistência as institucionalidades, alargando os laços de companheirismo. Seja a instituição de ensino superior público ou os serviços públicos de atenção ao cidadão, entende-se a ESC-UFSC como um ponto de resistência em defesa de uma política democrática e reafirmando os esforços para abertura do diálogo e valorização do setor público.

6413 APLICABILIDADES DO CAMPO DA SAÚDE COLETIVA E SAÚDE PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Sâmara da Silva Amaral, Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Maria Francisca da Silva Amaral, Adriana dos Santos Ferreira, Natasha Batilieri Rodrigues, Paulo Bonates da Silva, André de Souza Santos

APLICABILIDADES DO CAMPO DA SAÚDE COLETIVA E SAÚDE PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Sâmara da Silva Amaral, Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Maria Francisca da Silva Amaral, Adriana dos Santos Ferreira, Natasha Batilieri Rodrigues, Paulo Bonates da Silva, André de Souza Santos

Apresentação: Evidenciar, baseado no contexto histórico, o conceito e aplicabilidade de Saúde Pública e Saúde Coletiva. Desenvolvimento: Relato de experiência da disciplina Saúde Coletiva do Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública do Instituto Leônidas & Maria Deane ILMD da Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz Amazônia. Resultado: Inicia conceituando a prática da medicina, século XIX, configurando os registros dos problemas de saúde no âmbito individual e social. Dado o contexto, questiona- se sobre o entendimento por Saúde Pública e o que se pretende dizer com a expressão Saúde Coletiva, além de inquirir se ambas pertencem ao mesmo campo de práticas sociais. Portanto, afirma com base na história, que os campos se diferem, mas se complementam.   Mediante as discussões em sala de aula e os textos de apoio, conceitua-se o campo de saúde pública, e sua constituição como a medicina moderna do século XVII, e seus inquéritos de saúde. Traz a responsabilização da atual estrutura de saúde, devido a influência das ações preventivas. Conclui que a saúde pública solidificou seu “solo na biologia, perdendo assim qualquer medida que relativizasse seus dispositivos e que permitisse considerar a especificidade social das comunidades sobre as quais incide.” Retoma afirmando que a concepção da saúde coletiva se constituiu através da crítica sistemática do universalismo naturalista do saber médico. Enfatiza que o discurso da saúde, em suma, pretende ser uma leitura crítica desse projeto médico-naturalista, estabelecendo historicamente com o advento da sociedade industrial. Aponta a inserção das ciências humanas no território da saúde por volta de 1920. Considerações finais: Define-se saúde pública, como o conjunto de medidas executadas pelo Estado para garantir o mais completo bem-estar da população, no que tange o conceito que mais se aproxima dos seguimentos saúde e doença, sendo o preconizado pela Organização Mundial de Saúde OMS. Com o objetivo de organizar sistemas e serviços de saúde. E a expressão Saúde Coletiva, consiste em um movimento sanitário de caráter social que surgiu no Sistema Único de Saúde SUS, esse movimento é composto da integração das ciências sociais e políticas de saúde pública, a interdisciplinaridade é característico da saúde coletiva. Portanto, faz-se necessário entender as conjunturas e o lugar de fala dessas duas áreas do conhecimento no campo da saúde, que são singulares divergindo-se em suas aplicabilidades, porém complementativas na promoção à saúde e no acesso integral ao SUS.  

6421 ENTENDENDO À SAÚDE COLETIVA NA PÓS-GRADUAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Natasha Batilieri Rodrigues, Adriana dos Santos Ferreira, Paulo Roberto Bonates da Silva, Sâmara da Silva Amaral, Maria Francisca da Silva Amaral, André de Souza Santos

ENTENDENDO À SAÚDE COLETIVA NA PÓS-GRADUAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Thiago Gomes de Oliveira, Flor Ernestina Martinez- Espinosa, Natasha Batilieri Rodrigues, Adriana dos Santos Ferreira, Paulo Roberto Bonates da Silva, Sâmara da Silva Amaral, Maria Francisca da Silva Amaral, André de Souza Santos

Apresentação: Este trabalho pretende descrever as experiências da disciplina Saúde Coletiva na Pós-graduação Stricto Sensu do Norte do Brasil. Método: Relato de experiência da disciplina Saúde Coletiva do Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública do Instituto Leônidas & Maria Deane ILMD da Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz Amazônia Resultado: A configuração proposta da disciplina, possibilitou uma síntese lógica de ideias na construção do entendimento dos diversos assuntos que abrangem o campo da Saúde Coletiva. Compreendendo os campos divergentes, porém complementativos, e todas as aplicabilidades de Saúde Pública e Saúde Coletiva. Contudo, analisando a produção histórica, os seguimentos teórico-metodológicos e desenvolvimento do campo da Saúde Coletiva, enfatizando temas que expressam a pluralidade que caracteriza a prática da Saúde Coletiva no Brasil. O transcorrer histórico do processo saúde-doença apresentado, leva-se a uma profunda reflexão no que se refere ao conceito estabelecido da Organização Mundial de Saúde OMS de saúde-doença, e quais os modelos vigentes nos dias atuais. Observa-se que no atual cenário desse processo, não há um conceito ou modelo majoritário ou mais correto. Pois, deve-se levar em consideração a territorialidade do indivíduo e/ou do coletivo além de todos os determinantes de saúde que influenciam direta e indiretamente, sejam determinantes no âmbito biológico, econômico, geográfico, etino-cultural e espiritual ou etc. Partindo dessa nova compreensão, nota-se a contribuição da inserção das ciências humanas e sociais, e também de outras ciências. Que auxiliam no entendimento das especificidades, complexidades individuais e coletivas, para o garantimento do Acesso e consequentemente promoção integral à saúde. Mesmo sabendo que o país ainda vive em retrocesso, no que diz respeito a interlocução das ciências e outros saberes. Por isso, a Saúde Coletiva, em sua essência critica o modelo curativista tendo como característica a interdisciplinaridade com enfoque na ausculta qualificada, fortemente ocorrida e necessária na Atenção Primária à Saúde APS, e nas Estratégias em Saúde da Família ESF. Ainda que, em alguns casos, haja a reprodução desses modelos. Esse modelo deve continuar sendo explicitado pelos indicadores em saúde e os de cobertura, e a educação permanente e popular são ferramentas indispensáveis. A problematização dos cenários de desigualdades sociais, que reconfiguram o processo saúde-doença na Sociedade contemporânea na perspectiva da Saúde Coletiva. Que oportuniza os princípios expressos do Sistema Único de Saúde SUS, da universalidade, da igualdade e principalmente, da equidade. Visto, a correlação do campo da Saúde Coletiva com os cenários do SUS e outros espaços de promoção à saúde de população em vulnerabilidade. Portanto, garantir as minorias sociais o Acesso integral à saúde, não no sentido quantitativo, mas no sentido de menor oportunidades socioeconômicas, desenvolvimento e consequentemente a equidade, é abrangido pela Saúde Coletiva.  Considerações finais: Concernente aos textos lidos, aulas, mediações e toda interlocução dos saberes no decorrer da disciplina. Concluiu-se, que é necessário ter uma noção de visão cada vez mais ampliada de saúde, que seja capaz de enxergar com sensibilidade os usuários dos serviços de saúde em sua totalidade, para a promoção de saúde.

6965 INTEGRAÇÃO ENSINO/SERVIÇO/COMUNIDADE COMO DIFERENCIAL DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: UMA CONTRIBUIÇÃO, A PARTIR DA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA
Eléia de Macedo

INTEGRAÇÃO ENSINO/SERVIÇO/COMUNIDADE COMO DIFERENCIAL DE FORMAÇÃO EM SAÚDE: UMA CONTRIBUIÇÃO, A PARTIR DA DISCIPLINA DE SAÚDE COLETIVA

Autores: Eléia de Macedo

Apresentação: As crescentes exigências de novas habilidades e competências discentes para o exercício interprofissional no campo da saúde pública é um desafio para a formação acadêmica, exigindo atualização constante dos currículos para que estejam em consonância com as necessidades de saúde das populações. Objetivo: Apresentar a disciplina de saúde coletiva, de formação básica e comum a todos os cursos da área da saúde. A disciplina é resultado de um diagnóstico dos cursos que mostraram que a interdisciplinaridade e a integração ensino/serviço/comunidade ainda é insipiente. Entre as ações definidas está a proposição de disciplinas que possam integrar não apenas os diferentes cursos entre si, mas também estes com os serviços de saúde e, principalmente com a comunidade. Desenvolvimento: A disciplina está centrada no desenvolvimento de metodologias ativas de aprendizagem, onde os estudantes vivenciam situações reais de cuidado ao usuário, sob a ótica da educação interprofissional, a partir das visitas orientadas nas redes de atenção à saúde do município. Estas atividades oportunizam a integração entre os alunos e os diferentes profissionais da saúde, a partir de palestras e participações de ações em saúde para a comunidade. Além disto, os estudantes estão organizados em equipes para incentivar o trabalho interdisciplinary de forma colaborativa. A metodologia de ensino possibilita que os estudantes possam compreender os principais conceitos de saúde; a constituição e a organização do Sistema Único de Saúde; caracterizando os determinantes da saúde e sua influência no processo saúde e doença; identificando os âmbitos de atuação dos diferentes profissionais da saúde; para o planejamento/ desenvolvimento de ações interprofissionais nas diferentes linhas de cuidado. A proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais para todos os cursos da saúde apontam para a necessidade de elaboração compartilhada e interprofissional de projetos terapêuticos que estimulem o autocuidado e a autonomia das pessoas, famílias, grupos e comunidades, reconhecendo os usuários como protagonistas ativos de sua própria saúde. As práticas inovadoras da disciplina estabelecem um novo modo de pensar o cuidado, através do pensamento crítico reflexivo do fazer em saúde. Considerações finais: Esta proposta resulta do trabalho coletivo entre os diferentes cursos e faz parte do eixo estruturante transversal do campo da Saúde Coletiva nos cursos de formação em saúde. As instituições de ensino devem atualizar seus currículos em busca de uma formação interprofissional que esteja preparada para atuar atendendo as necessidades da população na realidade onde estão inseridas.

7141 A SIMULAÇÃO REALISTA EM ENFERMAGEM NA SAÚDE COLETIVA NO INTERIOR DO ESTADO DO AMAZONAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Paula Christine Feitosa de Castro, Paloma de Sousa Passos, Yasmim de Souza Gomes, Abel Santiago Muri Gama, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque

A SIMULAÇÃO REALISTA EM ENFERMAGEM NA SAÚDE COLETIVA NO INTERIOR DO ESTADO DO AMAZONAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Paula Christine Feitosa de Castro, Paloma de Sousa Passos, Yasmim de Souza Gomes, Abel Santiago Muri Gama, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque

Apresentação: Ao longo dos anos vem se notando uma mudança nas formas de ensinar e apreender. Atualmente, tem-se abordado constantemente sobre os novos métodos de ensino, que possibilitem estimular a inquietação intelectual dos estudantes. Adotar alternativas inovadoras, como as metodologias ativas, definem um aprendizado facilitador para a aquisição de habilidades e atitudes inovadoras. Sendo assim, as metodologias ativas têm o potencial de despertar a curiosidade, à medida que os alunos se inserem na teorização e trazem elementos novos, que contribuem para o aprendizado coletivo. Nesse cenário, torna-se essencial a implementação das simulações realísticas (SR) como uma técnica educacional, e é um importante mecanismo facilitador do processo ensino-aprendizagem, pois possibilita a ampliação da teoria e da prática para o aluno. Esse método consiste na elaboração de situações que promovam uma aproximação do aluno com a realidade; a reflexão sobre problemas que geram curiosidade e desafio; a disponibilização de recursos para pesquisar problemas e soluções; a identificação e organização das soluções hipotéticas mais adequadas à situação e a aplicação dessas soluções. Dessa forma, a simulação deve ser avaliada como um meio de trocas de experiência, que contribui para a formação do aluno.  Objetivo: Descrever o relato de experiência das acadêmicas de enfermagem durante as aulas práticas da disciplina de Enfermagem em Saúde Coletiva II. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, desenvolvido no Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB) da Universidade Federal do Amazonas, localizado no município de Coari, Estado do Amazonas. Coari está localizada em meio da floresta amazônica no chamado Médio Solimões a 368km em linha reta e 440 km da capital Manaus no percurso pelo rio Solimões, sendo que nesta região o uso de transporte fluvial através das embarcações é uma realidade regional. O município possui cerca 70 mil habitantes, sendo que desse total 40% são moradores de área rural, e é o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) da região Norte do Brasil, valor este atribuído a exploração de petróleo e gás natural de suas terras. As atividades de extração desses recursos são realizadas pela Petrobrás (Petróleo Brasileiro S/A). A SR ocorreu em proposta para ampliação de conhecimento aos acadêmicos do 7° período do curso de enfermagem, durante as aulas práticas da disciplina de Enfermagem em Saúde Coletiva II, entre outubro a novembro de 2019, totalizando 3 blocos de simulações em turnos alternados (matutino e vespertino). A simulação realística foi dividida em três etapas, onde cada etapa consistia em uma resolução de um problema frente as ações de enfermagem. O primeiro caso foi sobre um idoso com múltiplas patologias, o segundo foi sobre uma mulher que possuía sete filhos e que os mesmos estavam com a caderneta de vacinação atrasada, com anemia e desnutrição e o terceiro caso foi de uma jovem que engravidou e teve depressão pós parto. Foram responsáveis pela organização e execução das atividades sete acadêmicos do curso de enfermagem, sob orientação do preceptor de aulas práticas da disciplina. As atividades de simulação realística em saúde iniciaram com várias reuniões entre os acadêmicos participantes da ação, na qual os mesmos realizaram discussões a respeito de como seriam abordados os casos e os instrumentos a serem utilizados para a execução da mesma, sendo que foi criado um roteiro para cada caso apresentado, contendo a interação dos membros atuantes e as ações do papel principal, que seria o profissional de enfermagem. Sendo assim, optou-se por uma exposição em forma de peça teatral e um recurso de mídia, para explanar perante a turma a questão do caso da paciente, genograma, ecomapa, escala de coelho e ações de enfermagem diante do quadro clínica e social da paciente. 3 Resultado e Discussão 3.1 Reflexões sobre a prática da simulação realística A simulação realística proporcionou aos alunos muitos conhecimentos técnicos científicos sobre a atuação do enfermeiro na atenção primária, da importância do trabalho em equipe e da interação da mesma para uma boa assistência ao paciente, nos mostrou que podemos sempre articular com os outros profissionais e realizar um atendimento de competência apesar de termos pouco recurso financeiro e tecnológico, a enfermagem busca sempre a resolutividade dos casos, agindo assim com inovação e criatividade. Ademais, coloca o estudante de graduação como um educador em saúde, passando assim as orientações e informações aos pacientes de uma forma compreensiva, buscando assim não apenas a cura da patologia, mas sua prevenção principalmente. A atuação do enfermeiro na atenção básica é especialmente de educar, prevenir e promover uma saúde de qualidade aos usuários adscritos. 3.2 Pontos forte e fracos da simulação realística Os pontos fortes da simulação são inúmeros, entre eles a possibilidade de aplicar o conhecimento teórico na prática de enfermagem em muitas situações diferentes, onde os alunos tiveram que buscar referencial teórico para embasar as práticas realizadas durante a simulação, mostrando assim a importância da educação continuada, pois sempre haverá novas atualizações e novos recursos para o cuidado. Outro ponto importante, foi a segurança para atuar na prática, pois quando vamos para os estágios não temos uma previa do que poderemos encontrar e muito menos como agir frente a determinadas situações do cotidiano, sendo que a simulação realística nos proporcionou vivenciar situações semelhantes das que encontraríamos na Unidade Básica de Saúde, durante as consultas ou visitas domiciliar de enfermagem, dando resolutividade aos casos. Ademais o atendimento humanizado sendo bem frisado nas apresentações colocando o graduando de enfermagem para ser desde o cuidador até o paciente, fazendo com que o mesmo aprenda a ter uma visão holística sobre os casos, não buscando resolver apenas a patologia do paciente, mas tendo um olhar coletivo, visto que quando formos atuar na assistência de enfermagem, tenhamos essa visão global sobre cada indivíduo, montando assim um plano de cuidado de excelência. Outro ponto a se destacar foi o envolvimento da equipe de saúde no plano de cuidado do paciente, a interação da equipe durante a assistência traz múltiplos benefícios e nos ensina que para uma boa assistência precisamos de um apoio de todos. Onde a equipe multidisciplinar deve trabalhar em conjunto para melhoria do indivíduo em todos os seus aspectos. Considerações finais: A atividade possibilitou uma melhor interação entre os acadêmicos, pois a pesar de serem da mesma turma, alguns não haviam trabalhado juntos, e interação com os preceptores presentes também, de forma positiva, assim sendo possível contribuir de forma enriquecedora para os conhecimentos dos mesmos através das apresentações, e aprender mais ainda. Além disso, ficou evidente que o profissional da área da saúde tem que buscar sempre novos conhecimentos, pois conforme o passar dos anos, á muitas mudanças e atualizações das habilidades na área, conforme as novas tecnologias e estudos, e a autoconfiança e dedicação dos discentes, tantos antes quanto durante a atuação na simulação, mostrou que os mesmo estão sendo bem preparados e buscam ser profissionais bem capacitados. Percebeu-se também a necessidade de manter essas simulações na disciplina e expandir o método para outras disciplinas dos cursos da saúde do campus, para o melhor aprendizado teórico e prático dos discentes, pois estas simulações trazem a possibilidade de vivência e discussão das tecnologias leves e duras necessárias aos profissionais de saúde.

7618 OLHARES SOBRE O ESPAÇO-TERRITÓRIO NO ENSINO SUPERIOR: ENTRE O ACESSO, AS BARREIRAS E AS FACILIDADES
Donizete Vago Daher, Andressa Ambrosino Pinto, Hércules Rigoni Bossato, Marcelle Loureiro Terra, Mariana da Rocha Marins, Carine Silvestrini Sena Lima da Silva, Eleinne Felix Amim, Alessandra Cristina Azevedo da Conceição

OLHARES SOBRE O ESPAÇO-TERRITÓRIO NO ENSINO SUPERIOR: ENTRE O ACESSO, AS BARREIRAS E AS FACILIDADES

Autores: Donizete Vago Daher, Andressa Ambrosino Pinto, Hércules Rigoni Bossato, Marcelle Loureiro Terra, Mariana da Rocha Marins, Carine Silvestrini Sena Lima da Silva, Eleinne Felix Amim, Alessandra Cristina Azevedo da Conceição

Apresentação: A proposta pedagógica do Curso de Bacharelado de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) campus Macaé (RJ), Professor Aloísio Teixeira, é constituída por várias disciplinas obrigatórias, dentre elas a denominada “Cuidados VI: A pessoa em processo de reabilitação II (CEVI)”. Nela o aluno, além das aulas teóricas, participa de seminários, visitas técnicas e de visitas domiciliárias (VDs) em Estratégias de Saúde da Família (ESF). Para isso, conhecer o espaço-território onde se vivencia o ensino é essencial. Objetivo: Relatar a experiência de alunos em atividade de ensino-aprendizagem que (re)conhecem barreiras e facilidades no espaço-território vivido no Ensino Superior. Desenvolvimento: Ao iniciarem a abordagem, os docentes da disciplina realizaram uma aproximação sobre conceitos de território a partir da obra do geógrafo Milton Santos. Por seguinte, os alunos foram divididos em grupos e foi disponibilizado um roteiro orientador da atividade, que foi o guia na ida aos territórios de Ensino Superior, destacando-se pontos estratégicos a serem mapeados e analisados: Grupo 1 - estacionamento, copiadora e cantina; Grupo 2 - laboratórios provisórios; Grupo 3 - blocos A, B e C. O tempo de uma hora foi disponibilizado para que os graduandos percorressem os espaços e após fizessem uma síntese dos achados e compartilhamento coletivo. Método: Relato de experiência com a premissa dos alunos de enfermagem (re)conhecerem formas de acesso, barreiras e facilidades presentes na Instituição de Ensino Superior que frequentam. Resultado: Entre os achados destacam-se: Grupo 1 Estacionamento – o piso não é antiderrapante, sem rampas, sem vaga para pessoa com deficiência, sem barras de apoio, falta de cobertura. A copiadora possui porta de correr pesada, estreita, trava e não há a dinâmica de fila preferencial. A cantina como espaço de laser, possui balcão alto e falta de espaço, poucas mesas e cadeiras, e há rampa para o acesso, porém sem cobertura. Características marcantes: os espaços citados não possuem piso tátil, identificação sonora e barras de apoio. Sugestões: melhorar a acessibilidade no Polo. Grupo 2 laboratórios - Desnível no piso, prateleiras e bancadas altas. Características marcantes: banheiros não adaptados (ausência de barras), bancadas e pias altas, e não adaptadas. Sugestões: Implementar ações que potencializem o acesso como barras, pisos táteis, coberturas e etc. Grupo 3 blocos A, B e C - Os pisos não são táteis, para acesso as salas, ou auditório, ou demais setores, as rampas são muito íngremes, dificultando o acesso para o cadeirante. Características marcantes: Faltam sinalizações em braile, por exemplo. Sugestões: Promover adaptações estruturais. Evidenciou-se que, mesmo num curto espaço de tempo os alunos apreenderam várias barreiras e algumas facilidades de acesso no Campus, seus espaços-territórios. Considerações finais: Os olhares atuais referentes aos territórios de formação, contribuirão com o processo de sensibilização para os futuros profissionais enfermeiros, quando atuarem no (re)conhecimento dos territórios nas unidades de ESF. Barreiras que dificultam a acessibilidade foram pontuadas, assim como algumas potencialidades. Logo, se faz importante, pensar o acesso e a acessibilidade, tanto nos diversos espaços formativos, quanto nos espaços de saúde.

7267 ATENÇÃO BÁSICA OU PRIMÁRIA: PARA ALÉM DE UMA QUESTÃO MERAMENTE SEMÂNTICA?
Marcos Dias de Moraes

ATENÇÃO BÁSICA OU PRIMÁRIA: PARA ALÉM DE UMA QUESTÃO MERAMENTE SEMÂNTICA?

Autores: Marcos Dias de Moraes

Apresentação: O termo Atenção Básica foi adotado pelo Ministério da Saúde na década de 1990, já Atenção Primária, voltando cada vez mais a ser utilizada, é consagrado universalmente, pelo menos desde a Declaração de Alma-Ata. Diante das definições encontradas, algumas vezes usadas como sinônimos, não as tornam um mero problema conceitual. Não imotivadamente surgem ainda indagações do porquê usar uma ou outra forma, e quais seriam suas origens, pois envolvem aspectos político-ideológicos que tendem a repercutir no tipo de atenção à saúde oferecida, constituindo objetivo de reflexão deste trabalho. Brevíssimo histórico ao desenrolar dos acontecimentos Em relação a conceito, linguística, instituições oficiais traduziram Primary Health Care, como Atenção Primária da Saúde, sendo que em alguns dicionários, "primary" significa primordial, principal, fundamental, essencial, e primário, elementar, rudimentar, limitado, medíocre. Já para Atenção Básica em Saúde, básico significa o que serve de base, essencial, principal, fundamental. Segundo outro autor, Atenção Básica ou Primária expressam em essência o mesmo significado, e que ainda existiriam sugestões de Atenção Ampliada da Saúde, Atenção Integral da Saúde, parcialmente associado à medicina integral, utilizada em determinados países, setores, como da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, na década de 1970. Listas de discussões na internet, indisponível atualmente, promovidas pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade-SBMFC, em 2007, conforme publicação, comparava a APS e Atenção Básica, e entre variados sentidos, destaca-se nesta última, atrelando "cesta básica" às estratégias do Banco Mundial, similar à "medicina simplificada" dos anos 1960. Nota-se a preferência da SBMFC por APS, não somente influenciada pela literatura internacional, mas até por serem membros da Organização Mundial dos Médicos de Família. Nos documentos oficiais Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Vida, em defesa do SUS e de Gestão, encontramos Fortalecimento da Atenção Básica e nenhuma menção ao termo Atenção Primária, porém em texto do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, encontra-se Fortalecimento da Atenção Básica/Primária. A narrativa histórica de serviços orientados pela Atenção Primária mostra várias reconstruções até se consolidar como uma plataforma política de reforma frente à muitas crises dos sistemas de saúde. Igual na Inglaterra com as propostas do Relatório Dawson em 1921. Em trabalho publicado em 1961, ressaltou-se atenção médica primária, ao demonstrar que o cuidado médico nos EUA e Reino Unido era realizado neste nível de assistência. Posteriormente, estudos de métodos de melhoria na saúde básica recuperou um programa dos anos 1950, que focava na promoção de Serviços Básicos de Saúde com cunho assistencial e programático, sem enfatizar as ações comunitárias e intersetoriais. Em 1975, o relatório The Promotion of National Health Services, incorporou a expressão Primary Health Care` - Atenção Primária à Saúde, a defendendo como caminho para serviços de saúde mais efetivos. O diretor geral da Conferência de Alma-Ata, nos 25 anos desse evento, em 2003, comentou a respeito da tradução de care por "atenção" e não por "cuidado" nas línguas latinas, tornando a compreensão da proposta mais laboriosa. Para ele, o "cuidado" teria um sentido mais abrangente, integral, horizontal e participativo. A favor da Atenção Primária à Saúde, defende-se que ela se adequaria mais à proposta de universalidade e participação social do Sistema Único de Saúde e por conseguinte ao modelo comunitário da Estratégia de Saúde da Família. Não se entrará em discussão neste pequeno ensaio as diferentes interpretações conforme uso de dadas preposições, como: Atenção Primária à/de/em/ Saúde, mutatis mutandis às Vigilâncias à/da/em Saúde e Educação em/na/para/com a Saúde, que não necessariamente ficam antagônicas, mas podem distanciarem em suas res/significações. Há indícios para a opção ideológica na determinação das "diretrizes discursivas" envolvidas na conformação de uma visão contra-hegemônica, em concordância às premissas do movimento preventivista, como um posicionamento ativo, distanciando-se de uma atenção primária seletiva, com cesta restritiva de serviços, que nega receita/recomendação do Banco Mundial. Vários autores criticaram a construção conceitual da APS, como conceituações superficiais de seus fundamentos, extensão de práticas medicalizantes, com interesse no controle de tensões sociais, manutenção da força de trabalho, chegando a colocar inicialmente, a reorientação da AB pelo Programa Saúde da Família como idealizado de forma vertical e seletiva. Considerações finais: A atenção à saúde vai para além de seus conceitos, e é influenciada por cooptações, apropriações espúrias. Vai para além que a simples semelhança dos termos na Política Nacional de Atenção Básica-PNAB de 2011 e 2017. Confunde-se um sistema universal com a ‘cobertura universal’ de saúde da Agenda 2030 e meta de um dos `Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Saúde e bem-estar`. A "Atenção Primária" preconizada como estratégia para essa ‘cobertura universal’ coaduna-se aos indicadores do Banco Mundial e Organização Munidial da Saúde, para acompanhar a evolução de cobertura de cesta mínima de serviços. A Atenção Básica, principal porta de entrada do SUS, inicia-se com o ato de acolher, escutar e oferecer resposta resolutiva para a maioria dos problemas de saúde da população, minorando danos e sofrimentos e responsabilizando-se pela efetividade do cuidado, ofertado em outros pontos de atenção da rede, garantindo sua integralidade. Para isso, é necessário que o trabalho seja realizado em equipe, de forma que os saberes se somem e possam se concretizar em cuidados efetivos dirigidos a populações de territórios definidos, pelos quais essa equipe assume a responsabilidade sanitária. Isso foi implementado com o modelo de atenção da Estratégia Saúde da Família-ESF, reformulado com a nova PNAB, de 2017, que rompe com essa prioridade para a ESF, repercutindo negativamente na saúde da população. As mudanças/atualizações nesta portaria da PNAB promovem a relativização/escamoteamento da "cobertura universal", a segmentação do acesso, a recomposição das equipes, a reorganização do processo de trabalho e a fragmentação da coordenação nacional da política, cujas mudanças/flexibilizações reforçam a subtração de direitos e o processo de desconstrução do SUS. Diante dessas mudanças-riscos, persistem a necessidade das equipes de atenção básica perceberem as verdadeiras trajetórias assistenciais de seus usuários na busca pelo cuidado, orientar sua regulação, ampliar o leque das práticas, a tornar mais resolutiva e efetiva, melhorar a qualificação profissional, as estratégias de educação permanente. Essas necessidades, focadas na saúde da população, determinadas pelo perfil epidemiológico loco-regional, requer valorização dos profissionais, estabilidade e plano de carreira no SUS, a evitar a fragmentação do processo de trabalho e a aprofundar, ampliar, o comprometimento com a coordenação do cuidado. Afinal, a atenção à saúde vai além dessas questões não só semânticas.

8162 A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO DA POPULAÇÃO USUÁRIA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DO PROJETO MULTICAMPI SAÚDE
Anderson Reis de Oliveira, Rafael José de Oliveira Leite, Luana Karolina dos Santos Amorim, Janine Brasil Cordovil, Leandro Passarinho Reis Junior

A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO DA POPULAÇÃO USUÁRIA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA E POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DO PROJETO MULTICAMPI SAÚDE

Autores: Anderson Reis de Oliveira, Rafael José de Oliveira Leite, Luana Karolina dos Santos Amorim, Janine Brasil Cordovil, Leandro Passarinho Reis Junior

Apresentação: O seguinte relato foi elaborado a partir da experiência no projeto Multicampi Saúde, da Universidade Federal do Pará. O projeto tem como objetivo proporcionar uma vivência em campo à alunos de cursos da graduação que podem ter como local de atuação a área da saúde, com enfoque na atenção integral à saúde da mulher e da criança. Durante um mês os discentes são alocados em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realizarem atividades em equipe, capacitações, alguns atendimentos e encaminhamentos possíveis. Além de proporcionar um aprendizado com discentes de outras áreas, o projeto proporciona uma experiência para além do enfoque em sala de aula ou meramente teórico. Dentre algumas contribuições que a psicologia pode trazer para o contexto da atenção básica, está a necessidade de acolhimento por parte da equipe de profissionais que atuam no serviço para com os usuários. O seguinte trabalho tem como objetivo relatar a respeito de uma capacitação com os profissionais de uma unidade básica de saúde do município de Castanhal, no estado do Pará sobre a importância do acolhimento da comunidade que frequenta a unidade. Desenvolvimento: Durante o período de imersão em campo, eu, como estudante de psicologia pude perceber por meio do método de observação algumas demandas específicas da Unidade, como os Agentes Comunitários de Saúde se queixarem de que alguns colegas de trabalho não tratavam bem as pessoas que eles haviam encaminhado até ali; além  disso, pude observar que as consultas eram muito rápidas e focalizavam somente nas questões físicas, e que não havia espaço para o usuário falar para além disso. Com isso, notei a necessidade de realizar uma capacitação a respeito de acolhimento. Sendo assim, conversei com meu colega de psicologia que estava em outra unidade e pedi para que fizéssemos esse trabalho juntos em um determinado dia. A partir daí, decidimos elaborar uma roda de conversa a respeito do que é o acolhimento e de sua importância, proporcionando um diálogo entre nós e os profissionais. Pesquisamos por meio da psicologia, que preza esse acolhimento como um principal mecanismo para que o sujeito possa falar de si e se sinta bem no ambiente em que é atendido. A roda de conversa foi realizada no dia 26 de novembro de 2019, no horário de 14h às 16h, participaram da atividade dez Agentes Comunitários de Saúde e uma enfermeira. Senti a necessidade de outros profissionais da Unidade participarem, mas por algum motivo eles não foram. De início, utilizamos como recurso uma dinâmica na qual desenhamos uma pessoa no quadro e perguntamos a eles: o que é uma pessoa? O que uma pessoa pode ser? Diante da pergunta, obtivemos várias respostas, como: mãe, pai, médica, enfermeira, psicólogo etc. Argumentamos a respeito da dinâmica da vida, que cada pessoa pode ser de um jeito, desenvolver um papel social determinado, ter certas opiniões próprias e o principal: lidar com suas questões de forma muito particulares. Ao chegarmos nesse último ponto, começamos a instigá-los a falar de como ele se sentiam realizando aquele trabalho na unidade, quais suas motivações e quais as partes que eles gostavam ou não, tudo isso para criar um ambiente de diálogo e, claro, de acolhimento. Dentre algumas respostas, uma das ACS disse a nós que se sentia mal pois algumas vezes enfrentava diversas resistências por parte da comunidade com relação a ir até a Unidade. As pessoas costumavam desacreditar que o SUS funciona e por isso evitavam ir até lá. E o que mais deixava a ACS mal era que, mesmo depois de horas de diálogo e de finalmente quebrar essa resistência, as pessoas não eram bem recebidas pela recepção da unidade. Dentre uma das queixas estava a de a recepção querer saber qual era o problema do usuário logo na sala de espera, na frente de todos. Ela disse que não adiantava realizar um acolhimento com as pessoas em casa e ao chegarem na unidade esse acolhimento ser rompido, pois a pessoa não voltava mais. Eu e o outro discente de psicologia nos dividimos na fala e dissemos também da importância de não tratar as pessoas que tem algum problema com olhar de pena, pois cada uma lida com as coisas de uma forma. Diante dessa fala, vários ACS começaram a relatar suas experiências com as pessoas, da importância de se acolher e não julgar, alegaram o amor pelo trabalho e o que mais chamou atenção: as dificuldades dentro das unidades; nas quais eles percebem que esse acolhimento falta; além de relatarem questões pessoais. Um dos ACS nos disse que estávamos de parabéns pelo fato de que não levamos uma palestra pronta para que eles passassem a tarde nos escutando, mas que tínhamos elaborado um ambiente no qual eles também podiam falar e dialogar conosco. Resultado: Como resultado dessa atividade, percebi uma inquietação nos profissionais, bem como as dificuldades por ele apresentadas a respeito de se trabalhar em equipe e dialogar; muitos dos problemas destacados por eles mostram o quão importante é o trabalho na atenção básica e como há uma necessidade de se acolher para que o serviço funcione. Diante de todas as falas, eles se sentiram confortáveis e a vontade para pontuar suas experiências e críticas ao próprio serviço. O fato de alguns colegas que trabalham na unidade não terem participado também foi uma fala presente e algo que os incomodou. Considerações finais: Acolher, é um princípio básico da psicologia, é proporcionar esse local de estar disponível a ouvir o outro e atender suas queixas e dentro desse contexto da atenção primária, ele é essencial ser posto em prática, como demonstra esse relato. A psicologia, durante muito tempo esteve longe da atenção primária a saúde, com isso é necessário destacar sua relevância para questões como essa. Destaco aqui a importância de um projeto de extensão como o Multicampi, que além de nos tirar dessa zona de conforto, proporciona um aprendizado muito grande e uma contribuição para as Unidades Básicas de Saúde. Nos inserir nesse ambiente é essencial no contexto de nossa formação, estar no dia a dia de uma realidade brasileira específica que é o SUS. Merece destaque também a importância da universidade pública e de qualidade, que por meio de projetos como esse tem incentivado mais e a mais discentes a viverem uma experiência única.

7777 FACILITADORES E BARREIRAS PARA USAR AS PRÁTICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIA DURANTE O PARTO IDENTIFICADAS POR MULHERES QUE PARTICIPARAM DA EXPOSIÇÃO SENTIDOS DO NASCER
Luisa da Matta Machado Fernandes, Sônia Lansky, Hozana Passos, Bernardo Oliveira, Christine Shaw, Benjamim Shaw

FACILITADORES E BARREIRAS PARA USAR AS PRÁTICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIA DURANTE O PARTO IDENTIFICADAS POR MULHERES QUE PARTICIPARAM DA EXPOSIÇÃO SENTIDOS DO NASCER

Autores: Luisa da Matta Machado Fernandes, Sônia Lansky, Hozana Passos, Bernardo Oliveira, Christine Shaw, Benjamim Shaw

Apresentação: A exposição Sentidos do Nascer (SdN) é uma intervenção de educação em saúde que discute benefícios e riscos do parto normal e da cesariana, bem como o uso práticas baseadas em evidências (PBE) durante o parto, com o objetivo de reduzir as taxas de cesariana e prematuridade iatrogênicas no Brasil. A exposição é itinerante e promove o envolvimento do visitante na temática ao dialogar com a comunidade local, incluindo gestantes, homens e mulheres não gestantes de todas as idades e profissionais de saúde. PBE na saúde perinatal são recomendadas pela OMS desde 1985, respectivamente, reforçadas pelas diretrizes de 2018, por promoverem um parto positivo e melhores resultados de saúde para mãe e bebê. No Brasil, a Pesquisa Nascer no Brasil demonstrou que apenas 3,4% das mulheres em trabalho de parto tiveram acesso a essas práticas. Os índices  de cesarianas chegam a 56% país e 86% no setor privado. Desde 1996 a OMS aponta as barreiras para implementar as PBE, a maioria dos estudos parte da perspectiva dos profissionais de saúde e/ou dados dos prontuários médicos, poucos incluem a perspectiva das mulheres. Este trabalho tem como objetivo identificar o uso das PBE pelas mulheres que participaram da SdN durante a gravidez  e descrever os fatores facilitadores e barreiras encontrados pelas mesmas. Desenvolvimento: 555 mulheres que participaram da SdN quando grávidas responderam ao questionário online auto aplicado no período pós-parto sobre sua experiência de  parto e o uso das PBE, entre junho de 2015 e abril de 2016. Destas, 258 mulheres responderam às questões abertas onde identificaram barreiras e facilitadores para o uso das PBE. Foi realizada análise de triangulação de métodos quantitativos (frequência descritiva, qui-quadrado e ANOVA) e qualitativos (análise do discurso). As categorias de análise emergiram do discurso das mulheres. Resultado: As mulheres eram na maioria negras (53,2%), tinham menos de 34 anos (82,7%), mais de 12 anos de escolaridade (76,3%), e plano de saúde privado (78,8%). Quanto a renda mensal familiar, 32,6% estavam entre 2 e 5 salários mínimos; 45,9% tiveram cesariana;  63,9% pariram em hospital privado, 47,9% eram primíparas. Após participarem da  SdN 93,6% afirmaram acreditar que eram capazes de ter um parto normal. As mulheres relataram aumento de percepção do seu conhecimento sobre as PBE  (85,4%), 65,8% para o conhecimento sobre Parto Normal e 64,2% para o conhecimento sobre cesariana. A maioria das mulheres entrevistadas utilizou as PBE durante o trabalho de parto: plano de parto (55,2%), acompanhante ininterrupto de escolha da mulheres (81,6%), assistência de parteira/enfermeira obstétrica (54,2%), liberdade de movimentação durante o trabalho de parto (57,7%), escolha da posição durante o período expulsivo (57,2%) e métodos não farmacológicos de alívio da dor (74,2%). A única prática que não foi utilizada pela maioria das mulheres foi o apoio da doula (26,9%). As mulheres identificaram como fatores facilitadores para uso das PBE terem suas escolhas e desejos respeitados, ter apoio familiar e ter os métodos oferecidos e acessíveis, fatores  frequentemente relacionados ao ambiente hospitalar adequado, infraestrutura apropriada, acolhimento e apoio individualizado. Discutir o plano de parto com profissionais de saúde e confiar nos profissionais também aparecem como facilitadores. A SdN apresentou-se como mais um facilitador do uso das práticas. Todas as mulheres que usaram PBE durante o parto apresentaram maior conhecimento médio sobre PBE, parto normal e cesariana após a SdN em comparação com o seu conhecimento antes da intervenção. As mulheres que não utilizaram as PBE também perceberam aumento no conhecimento após a SdN, no entanto, elas apresentaram uma média menor de conhecimento Mulheres com menos de 34 anos apresentaram maior probabilidade de receber assistência de parteira (87,6%, p ≤ 0,01) e uso de métodos não farmacológicos (84,9%, p ≤ 0,05) do que as mulheres com mais de 35 anos. Mulheres com escolaridade acima de 12 anos apresentaram maior probabilidade de usar um plano de parto (83,3%, p ≤ 0,01), liberdade de movimentação  durante o parto (84,3%, p ≤ 0,05) e escolha da posição no período expulsivo (83,3 %, p ≤ 0,01) do que as mulheres com menor escolaridade. Como barreiras para uso das PBE as mulheres identificaram: ausência de suporte individualizado, o não respeito às suas escolhas, a não orientação durante o pré-natal, a não oferta das PBE por parte dos profissionais, falta de estrutura e ambiência nos hospitais para usarem as PBE,  protocolos rígidos, não centrados na parturiente e muitas vezes não baseados em evidências. As mulheres que pariram em hospitais privados tiveram maior probabilidade de não usar as PBE: não tiveram acompanhante de sua escolha durante o parto (47,7%, p ≤ 0,05 ), ausência da doula (69,9% p ≤ 0,01 ); não tiveram assistência de parteira (80,2%, p ≤ 0,01 ); restrição de movimentação no parto (74,2%, p ≤ 0,01 ); impossibilidade de escolha da posição no  período expulsivo (71,7%, p ≤ 0,01); não disponibilidade dos métodos não farmacológicos (90,0%, p ≤ 0,01). Ter um plano de saúde privado foi correlacionado com a não utilização de métodos não farmacológicos de alívio da dor (91,7% p ≤ 0,01), possivelmente devido aos custos adicionais cobrados pelos hospitais privados. As disparidades socioeconômicas foram consideradas uma barreira para o uso do plano de parto, assistência de parteira e apoio da doula. As mulheres com  baixa renda (2 a 5 salários mínimos) apresentaram menor probabilidade de usar um plano de parto (35,1%, p ≤ 0,05) e de ter assistência de parteira (40,1%, p ≤ 0,01) em comparação às mulheres com mais de 10 salários mínimos. Ser mulher negra foi correlacionada com a não utilização de plano de parto (59,3%, p ≤ 0,01) e à ausência de apoio da doula (56,7%, p ≤ 0,01). Considerações finais: Mulheres que participaram da SdN tiveram maior uso das PBE, no entanto, observa-se restrição de acesso às práticas, oriundas de barreiras sistêmicas que impedem as mulheres de alcançarem experiências de parto positivas. As mulheres viram no uso da PBE um caminho para se tornarem protagonistas do parto e recuperarem um senso de autonomia perdida provocado quando o cuidado não está centrado na parturiente. O aumento da percepção do conhecimento sobre parto normal, cesárea e PBE deu às mulheres a chance de refletir criticamente sobre o cuidado perinatal no Brasil e defender suas escolhas, desejos e direitos. Promover experiências positivas de parto pode criar novos caminhos para as mulheres exercerem seus direitos reprodutivos e sexuais. No entanto, fica claro que a educação em saúde é elemento essencial para aumentar o uso das melhores práticas recomendadas, mas não pode estar  isolada de mudanças sistêmicas que abordem as barreiras identificadas pelas mulheres, incluindo a implicação e mudança assistencial ofertada pelas instituições/hospitais e pelos profissionais de saúde.

7881 CAPACITAÇÃO EM FERIDAS COMPLEXAS PARA ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
Daniela Claudina de Macêdo, Larissa Viana Almeida de Liebeberenz, Marcela Cláudia Pagano, Salete Maria de Fátima Silqueira

CAPACITAÇÃO EM FERIDAS COMPLEXAS PARA ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Autores: Daniela Claudina de Macêdo, Larissa Viana Almeida de Liebeberenz, Marcela Cláudia Pagano, Salete Maria de Fátima Silqueira

Apresentação: O Relatório Dawson de 1920, considerado o precursor da moderna concepção de Atenção Primária à Saúde (APS), propunha a organização do sistema de atenção à saúde em diversos níveis, constituindo a proposta seminal das Redes de Atenção à Saúde coordenadas pela APS. Posteriormente a APS foi legitimada a partir da Conferência Internacional de Alma-Ata, em 1978, e definida como a porta de entrada dos sistemas de saúde e o primeiro componente de um processo contínuo de atenção. A Atenção Básica, equivalente à APS no que diz respeito ao conjunto de ações individuais, familiares e coletivas, envolve promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, dirigidos à população em território definido, sobre o qual as equipes assumem responsabilidade sanitária. A enfermagem é ciência basilar no processo de cuidado e na consolidação da APS, visto que presta cuidados diretos e indiretos aos indivíduos em todas as suas fases de vida e atua de forma sistemática com outros profissionais no processo de prevenção de doenças, assim como na preservação e recuperação da saúde. Entre os vários procedimentos realizados pela equipe de enfermagem no nível primário de atenção à saúde, destaca-se a avaliação e o cuidado de feridas. No Brasil, as feridas constituem um sério problema de saúde pública. Levantamentos sobre a frequência desse tipo de atendimento aponta uma prevalência de pacientes com feridas em 1,05% da população em geral, e em 1,9% da população atendida na APS. O elevado número de pessoas com lesões contribui para onerar o gasto público, além de interferir na qualidade de vida da população. É responsabilidade do(a) enfermeiro(a) avaliar, prescrever e executar curativos em todos os tipos de feridas em pacientes sob seus cuidados, além de coordenar e supervisionar a equipe de enfermagem na prevenção e cuidado de pessoas com feridas. Frente à evidente importância do domínio do enfermeiro em relação ao cuidado de feridas complexas na APS, fez-se oportuna a construção do presente estudo descritivo-exploratório, com abordagem quantitativa, objetivando analisar o nível de conhecimento dos enfermeiros que atuam na APS de um município do interior de Minas Gerais acerca das abordagens mais adequadas para o tratamento de lesões cutâneas complexas. Desenvolvimento: Este estudo foi desenvolvido em uma cidade de grande porte do interior do Estado de Minas Gerais, que conta com 50 equipes de saúde da família distribuídas em oito centros de saúde. O município contava na época, com 63 enfermeiros atuantes na APS. Destes, foram excluídos os que estavam de férias, licença médica ou não aceitaram participar da etapa de coleta de dados. A amostra final foi composta por 42 enfermeiros. Objetivando manter o sigilo, conforme acordado entre pesquisadores e gestores municipais, o município não será identificado nominalmente, estando assim vetada a divulgação de seu nome. Resultado: prévios mostram que, de modo geral, o conhecimento dos enfermeiros que atuam na APS do município apresenta fragilidades, sugestionando que o cuidado não seria realizado adequadamente, o que poderia acarretar complicações e consequente sobrecarga do sistema. Sendo assim, justifica-se a realização de treinamentos específicos dos enfermeiros objetivando melhor preparação para atuar na prevenção, avaliação e tratamento de feridas complexas. Os profissionais que colaboraram no estudo contam com manual municipal para o manejo de feridas. O manual trata-se de um Procedimento Operacional Padrão (POP) elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde e aborda exclusivamente a avaliação e o tratamento de feridas. Seria, então, a fragilidade do conhecimento destes profissionais a respeito de feridas complexas e seu tratamento relacionada à falta de capacitação em serviço? Resultado: Para a coleta de dados, foi aplicado questionário contendo perguntas referentes ao conhecimento dos enfermeiros acerca do cuidado ao paciente com lesões. Levando-se em consideração o total de 37 perguntas a respeito de lesões e coberturas, foi obtido o total de acertos de 63,06%, 22,84% de erros e 16,16% de dúvidas (não souberam responder). De maneira geral, verificou-se que o conhecimento da amostra a respeito do tema apresenta fragilidades, com considerável índice de erros ou dúvidas. A fase inicial da ação tem como perspectiva capacitar os 63 enfermeiros atuantes na APS do município, sendo excluídos aqueles que estiverem afastados de suas atividades no período de realização. A meta seguinte será a pactuação com o município, para que se realize atualização anual sobre o tema para todos os enfermeiros da APS, contemplando os inicialmente capacitados, bem como eventuais novos servidores. As estratégias que serão utilizadas foram elencadas objetivando responder aos preceitos da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, a qual orienta a educação permanente baseada na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais, além de contemplar as fragilidades apontadas a partir dos problemas enfrentados na realidade e leva em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas já têm. Antes da fase de capacitação ser implementada os pesquisadores farão contato direto com os profissionais através de visitas às unidades de APS, visando a aproximação com a população alvo e possibilidade destes profissionais realizarem a pré-exposição dos dificultadores para adequado manejo das feridas complexas. As atividades serão coordenadas por uma enfermeira. O tempo médio para desenvolvimento da capacitação será de 4 horas, serão aplicadas metodologias ativas com conteúdo teórico e prático. Visto que a população alvo é constituída atualmente por 63 profissionais, sugere-se fracionar a participação em grupos para melhor aproveitamento do conteúdo. Sendo assim, os profissionais serão divididos e quatro turmas: três com 15 alunos cada, e uma com 18 alunos. Cada turma realizará as atividades de capacitação em um dia, totalizando quatro dias de capacitação. A ação será programada para ocorrer em quatro tempos. O primeiro consiste na apresentação do tema da capacitação e os objetivos, com uma síntese expositiva sobre conceitos relacionados ao tema e à prevalência de lesões complexas na população. O segundo momento consiste na sensibilização dos participantes que devem ser distribuídos em 3 grupos de aproximadamente 5 profissionais para discussão dos tópicos anteriormente apresentados e sorteio de estudos de caso. No terceiro momento ocorrerá a exposição do conteúdo do POP municipal e seu embasamento teórico, seguido por coffee break. A seguir, serão construídos, em grupo, planos de cuidados relacionados a estudos de caso distribuídos entre os participantes. O último momento será a exposição verbal dos planos de cuidados construídos e avaliação final do evento. Para avaliação do aproveitamento do conteúdo será novamente aplicado o questionário da primeira fase do projeto. Posteriormente será realizada comparação dos resultados no intento de verificar se houve mudança na porcentagem de acertos. Considerações finais: A intervenção apresenta boa exequibilidade para atingir os objetivos propostos de maneira satisfatória. Embora a capacitação não tenha sido realizada, a estratégia de atividade educativa em serviço com a equipe de enfermagem se mostra factível para atualização das evidências científicas e das boas práticas na APS em relação ao tratamento de feridas complexas.

8015 O LUGAR DA PSICOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA: A EXPERIÊNCIA DE UM ESTUDANTE NO ESTÁGIO MULTICAMPI SAÚDE
Rafael Leite, Károl Cabral, Luana Amorim, Anderson Oliveira

O LUGAR DA PSICOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA: A EXPERIÊNCIA DE UM ESTUDANTE NO ESTÁGIO MULTICAMPI SAÚDE

Autores: Rafael Leite, Károl Cabral, Luana Amorim, Anderson Oliveira

Apresentação: O presente trabalho é fruto da experiência no Programa de capacitação em Atenção à Saúde da Criança - Estágio Multicampi Saúde. O programa, iniciado no ano de 2019, tem como público alvo alunos da graduação que têm ou podem ter atuação no âmbito da saúde. O Multicampi possui, entre os objetivos principais, qualificar os estudantes em processos de formação em cuidado, sendo norteado pela integração ensino - serviço - comunidade, de forma articulada com o Sistema Único de Saúde, no caso, durante a experiência na atenção básica e integrar - na perspectiva da formação Multiprofissional - os estudantes dos 10 cursos da área da saúde da Universidade Federal do Pará que escolheram participar do programa. Cada estudante inscrito, após ter sido selecionado, passa por uma capacitação a fim de conhecer o trabalho que deve ser desenvolvido no município, informações e dados relativas à saúde da criança e o plano de ação que deverá ser realizado por cada estudante. O estágio foi realizado ao longo do mês de dezembro, em Abaetetuba, município brasileiro do Estado do Pará. A estadia no município se caracteriza pela inserção dos estudantes em Unidades Básicas de Saúde, para desenvolver ações previstas no plano de ação, que se referem ao fazer do estudante de acordo com o seu curso de graduação, conhecer o local a partir de seu funcionamento, tendo contato com os profissionais que atuam na unidade. Entre essas ações, podem ser citadas as propostas de atividades a serem realizadas de forma multidisciplinar na unidade, como no caso das ações educativas dentro da unidade ou em espaços externos. Uma das ações a serem desenvolvidas também é o acompanhamento de uma criança guia e sua família, a fim de realizar possíveis encaminhamentos e orientações aos seus cuidadores. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é relatar a experiência de um estudante de Psicologia no programa Multicampi, apresentando informações acerca das vivências, percepções e demandas percebidas durante a realização do programa no município de Abaetetuba. Apesar do caráter multidisciplinar, foi perceptível a disparidade entre o número de discentes de cada curso, sendo a maioria do curso de Enfermagem, tal fato resultou inclusive na equipe em que fui inserido, onde além de mim, a equipe foi formada por 3 discentes da graduação em enfermagem e uma discente de Serviço Social. Cada equipe formada no projeto ficava em uma unidade básica de saúde, e cada unidade contava com uma preceptora, em sua maioria enfermeiras, que acompanhavam os estudantes no período vigente de estágio. Desde o primeiro dia na unidade foi perceptível como as estudantes de enfermagem, diferente de mim, já possuíam familiaridade com o funcionamento de uma unidade básica de saúde e onde poderiam atuar, devido ao fato terem tido diversas práticas desde o início de seu curso de graduação. Já para mim, a experiência, principalmente ao longo da primeira semana, foi pautada por dúvidas no que dizia respeito às possibilidades de atuação que eu poderia encontrar naquele espaço. Ainda que a enfermeira-preceptora tenha se disponibilizado a me perguntar e ouvir, para entender os tipos de ação que eu poderia desenvolver na unidade, boa parte da insegurança inicial que eu estava sentindo, se referia muito ao fato de ter tido disciplinas da saúde, como Psicologia da Saúde, onde conteúdos que poderiam ter sido abordados, não foram sequer mencionados. O que se somou a outros fatores com relação à minha dificuldade em compreender inicialmente a forma com que eu poderia atuar na unidade. Foi possível ter contato com parte da realidade no que se referia a saúde mental e ao lugar do profissional de psicologia na atenção básica, ao menos no caso da UBS onde fiz minha inserção. A unidade conta com um programa denominado “Saúde Mental", no entanto, pude constatar que se referia a um programa voltado a disponibilidade de medicamentos, não possuindo propostas de tratamento que preconizassem outras formas de tratamento ou que poderiam ser desenvolvidas para atender aos inscritos do programa, como rodas de conversa e atividades coletivas, não individualizadas. O que me causou desconforto ao perceber a forma como ainda hoje, a saúde mental é vista como algo a ser conquistado por meio da medicalização. A importância dos medicamentos em variados processos de tratamento não pode ser negada ou diminuída, mas o que me causou inquietação foi perceber como ainda é percebida não como um meio ou etapa, mas como uma solução definitiva. Tal fato, recai sobre a própria construção acerca de saúde mental, e do papel da psicologia na atenção básica, que até hoje é conhecida de forma pouco ampla, devido ao fato de que os profissionais por muito tempo estiveram fora desse campo de atuação. O desconhecimento de minha atuação enquanto estudante de Psicologia, também se evidenciou nos momentos onde foram realizados atendimentos multidisciplinares da equipe, durante os atendimentos da preceptora na unidade ou nas visitas domiciliares que foram realizadas. Sendo momentos onde eu constantemente era solicitado a falar sobre o desenvolvimento infantil, entendido em alguns momentos, como tema único no qual poderia contribuir. Em minha unidade, tive conhecimento de que havia uma profissional de psicologia que realizava atendimentos na unidade. Uma semana depois de iniciado o estágio, tive a oportunidade de conhecê-la. Em sua atuação a profissional realizava atendimentos individuais, não somente de pessoas que marcavam consulta na unidade, mas também de pacientes encaminhados de outras instituições, como escolas, Centros de Referência em Assistência Social, Centros de Referência Especializados em Assistência Social e do Centro de Atenção Psicossocial II ou AD, presentes no município. Esses dois últimos foram apontados como serviços que recebiam muita demanda e que já estavam havia meses sem um psiquiatra. Tais informações vieram a confirmar que a rede de atenção psicossocial do município estava enfrentando problemas relacionados à capacidade de atender o número de pessoas que buscava os serviços relacionados à saúde mental. Apesar dos limites enfrentados, muitas possibilidades também foram proporcionadas ao longo do estágio Multicampi Saúde, conhecimentos que dentro da sala de aula ainda não haviam sido abordados de forma teórica e nem de forma prática. Vivências que foram em direção à ideia de profissional que busco me tornar, somadas à potencialidade desse saber na atenção básica que pude descobrir de forma muito expressiva, durante algumas ações em campo, uma delas realizada com uma comunidade ribeirinha do município de Abaetetuba, assim como a atuação com minha criança guia e sua família. Além de proporcionar encontros e desafios, o programa marcou minha trajetória enquanto estudante e pessoa, com aprendizados que somente podem ser proporcionados pela experiência de ensino de forma conjunta com a comunidade atendida pela atenção básica.

8065 OFICINAS EM DINÂMICA DE GRUPO COMO ESTRATÉGIA METODOLÓGICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA CRECHE
Fernando Vitor Alves Campos, Margaret Olinda de Souza Carvalho Lira, Dhessika Riviery Rodrigues dos Santos Costa, Millena Coelho Guimarães, Vanessa Victória Araujo Pereira, Icaro Alvim Melo Nunes de Souza, Elisangela Cordeiro Alves

OFICINAS EM DINÂMICA DE GRUPO COMO ESTRATÉGIA METODOLÓGICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA CRECHE

Autores: Fernando Vitor Alves Campos, Margaret Olinda de Souza Carvalho Lira, Dhessika Riviery Rodrigues dos Santos Costa, Millena Coelho Guimarães, Vanessa Victória Araujo Pereira, Icaro Alvim Melo Nunes de Souza, Elisangela Cordeiro Alves

Apresentação: O presente trabalho descreve a experiência vivenciada por um estudante de enfermagem e sua professora, durante atividades de promoção à saúde e prevenção de agravos desenvolvidas entre 2017 e 2018 em um Centro de Educação Infantil na cidade de Petrolina(PE), Brasil, que utilizou como estratégia metodológica, “Oficinas em Dinâmica de Grupo”, aplicadas distintamente a crianças menores de seis anos, cuidadoras e professoras, para trabalhar  as temáticas alimentação saudável; higiene corporal; abuso sexual e criatividade infantil, objetivando incentivar a adoção de hábitos alimentares saudáveis, sensibilizar sobre a importância da higiene para a promoção da saúde, estimular a criatividade infantil e identificar situações suspeitas de abuso sexual. Cada oficina durou 1:30 horas e se estruturou em momentos de acolhimento e integração, desenvolvimento da temática e sistematização, por meio de atividades lúdicas, colagens, desenhos, pinturas e contação de histórias. Para falar de alimentação saudável aproveitou-se o momento das refeições para apresentar a pirâmide alimentar e a importância dos alimentos para o crescimento e desenvolvimento infantil. Quanto aos cuidados com a higiene corporal problematizou-se por meio da história adaptada da “fada do dente” sistematizando com animação sobre higiene corporal e escovação. O abuso sexual infantil, por se tratar de temática densa, foi trabalhado por meio de estratégias mais leves, auxiliando-as a diferenciar afetos bons de afetos ruins e a refletir sobre sentimentos que determinadas carícias podem ocasionar, como medo e terror. Assim, foram orientadas a comunicar a um adulto da confiança, atitudes semelhantes que pudessem sofrer. O trabalho sobre estimulo  à criatividade infantil direcionado às cuidadoras e professoras, intencionou auxiliá-las a desenvolver estratégias para estimular a criatividade infantil e consistiu em disponibilizar papel e lápis cera, orientando a dividir a folha desenhando de um lado,  a dia a dia em sala de aula e do outro, o dia a dia fora da sala de aula. Após esta etapa, discutiu-se a importância do estímulo à criatividade infantil e sua relação com a promoção da saúde. Para concluir exibiu-se o desenho animado "Alike", história de uma criança que adoeceu por ter sua criatividade reprimida e recobra a alegria de viver, ao ter sua criatividade estimulada. Conclui-se que o uso de oficinas em dinâmica de grupo auxiliou na mudança de hábitos e conscientização da comunidade escolar. Nas crianças, notou-se progresso nos cuidados com a higiene corporal e na alimentação, pois passaram a selecionar os alimentos que compunham o cardápio e compreenderam que muitos itens continham açucares e gorduras prejudiciais à saúde, favoráveis ao surgimento de problemas como obesidade infantil e cáries. Sobre a prevenção do abuso sexual, elas diferenciaram afeto bom e afeto ruim. Quanto às professoras e cuidadoras pareceram sensibilizadas a estimular a criatividade infantil. Quanto à formação acadêmica, dado ao espaço ocupado pela enfermagem na promoção da saúde da criança, a vivência oportunizou interações e ampliação de conhecimentos, contribuindo para uma prática profissional sensível e solidária.

8166 EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PROMOÇÃO DA HIGIENE PESSOAL COM CRIANÇAS EM UMA ESCOLA NO INTERIOR DA AMAZÔNIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jaciara Pereira de Siqueira, Joyce Keyla Sousa Coimbra, Lília Rocha Pinto, Vanessa Kemilly Gomes Lima, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Érika Marcila de Sousa Couto

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PROMOÇÃO DA HIGIENE PESSOAL COM CRIANÇAS EM UMA ESCOLA NO INTERIOR DA AMAZÔNIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Jaciara Pereira de Siqueira, Joyce Keyla Sousa Coimbra, Lília Rocha Pinto, Vanessa Kemilly Gomes Lima, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Érika Marcila de Sousa Couto

Apresentação: A educação em saúde é uma estratégia utilizada pelo Sistema Único de Saúde para promover saúde na comunidade, contribuindo assim, na melhora da qualidade de vida, bem como na prevenção de doenças. Com isso, o ambiente escolar é um local favorável para o desenvolvimento de ações educativas em saúde, tendo em vista que neste se constrói e perpetua conhecimentos através da transmissão de princípios. Portanto, intervenções abordando a temática de cuidados básicos sobre higiene corporal contribuem para a redução de doenças infectocontagiosas muito frequentes no ambiente escolar. Dessa forma, este resumo tem como objetivo relatar a experiência em uma ação educativa desenvolvida com crianças sobre higiene pessoal. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, vivenciado por discentes do 4° semestre do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará – campus Santarém, durante a aula prática da disciplina de Enfermagem Comunitária I. Assim, foi realizada uma atividade socioeducativa no dia 11 de setembro de 2019, em uma escola pública, no período matutino e vespertino. O público alvo foram estudantes na faixa etária de 5 a12 anos, que cursavam entre o 1° e 5° ano do ensino fundamental. Devido a faixa etária, optou-se por abordar o tema de modo dinâmico com o objetivo de promover a interação das crianças com os acadêmicos. Concomitante a isso, utilizou-se de dinâmicas como forma de exposição dialogada, para abordar sobre os cuidados e a importância da higiene pessoal. Posteriormente, foi realizada uma sequência de perguntas relacionadas ao assunto para se fixar os pontos mais importantes. Resultado: Verificou-se que as causas para o problema da falta de higiene seriam a prática incorreta da escovação e a ausência de outros hábitos de higiene, em virtude da pouca idade de algumas crianças e também pelo fato dos pais não realizarem a higiene apropriada de seus filhos. Os estudantes mostraram-se envolvidos com o auto compromisso de ter o hábito diário de higiene satisfeitos com os conteúdos apresentados. Além disso, durante a ação percebeu-se a necessidade de integrar os familiares dessas crianças em ações de educação em saúde, com o intuito de salientar a importância de zelar pela saúde da criança, visando a educação em saúde para toda a comunidade. Por fim, foi obtido êxito de acertos através da participação ativa das crianças nas atividades propostas com um feedback positivo em relação ao assunto abordado. Considerações finais: Portanto, é fundamental a adesão e manutenção dos hábitos de higiene orientados aos alunos nos seus respectivos cotidianos, bem como a propagação destas orientações para seus familiares. Logo, as ações de educação em saúde são importantes para sensibilizar a comunidade da importância de adquirir hábitos de higiene pessoal, garantindo uma atenção integral de promoção de saúde.

7294 VISITA TÉCNICA EM UBS FLUVIAL NO AMAZONAS - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICAS DE MEDICINA
NEYDE ALEGRE DE SOUZA CAVALCANTE, JULIANA VIEIRA SARAIVA, ANNA LUÍSA OLIVEIRA DOS SANTOS, ANNA LUÍSA OLIVEIRA DOS SANTOS, BAHIYYEH AHMADPOUR

VISITA TÉCNICA EM UBS FLUVIAL NO AMAZONAS - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICAS DE MEDICINA

Autores: NEYDE ALEGRE DE SOUZA CAVALCANTE, JULIANA VIEIRA SARAIVA, ANNA LUÍSA OLIVEIRA DOS SANTOS, ANNA LUÍSA OLIVEIRA DOS SANTOS, BAHIYYEH AHMADPOUR

Apresentação: uma das diretrizes do SUS preconizada pela Política Nacional de Atenção Básica é a territorialização, que garante que os serviços de saúde sejam organizados de acordo com as especificidades de cada território, adequando-se às realidades locais. Visando este objetivo, as Unidades Básicas de Saúde Fluvial (UBSFs), navegam pelos rios da Amazônia Legal e do Pantanal Sul-Mato-Grossense promovendo cobertura universal e saúde de forma equânime para as populações ribeirinhas destas regiões, garantindo o acesso à saúde, transpondo barreiras físicas e geográficas a fim de reduzir iniquidades historicamente construídas. Desenvolvimento: no dia 14 de setembro de 2019, durante uma das aulas práticas de Saúde Coletiva III, os alunos da turma CI de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, na companhia da professora coordenadora da disciplina e monitores, adentraram na UBSF Dr. Ney Lacerda, uma embarcação de dois andares, atracada em um dos portos da cidade de Manaus (AM). O enfermeiro e diretor da UBSF conduziu os alunos, divididos em grupos, pelo interior da embarcação, apresentando os consultórios e dormitórios e explicando sobre o funcionamento da unidade, a rotina dos profissionais da guarnição e a importância do serviço para a população residente às margens do rio Amazonas. Foi explanado que a UBS Fluvial conta com serviços de laboratório, enfermagem, médico (geral e dermatológico) e odontológico; ainda que a tripulação passa 10 dias/mês embarcada durante os quais atraca nas comunidades que se encontram ao longo do rio. Além disso, foi explicado que o regime de cheias e vazantes interferem diretamente na epidemiologia das doenças, sendo essencial que a Equipe de Saúde da Família Fluvial (ESFF) esteja atenta a este fator para poder atuar plenamente na prevenção, promoção e cuidado da saúde das famílias assistidas. Fica evidente que a Unidade Fluvial garante a longitudinalidade do cuidado, uma vez que, através de visitas periódicas gera-se um cuidado integral, humanizado e resolutivo para as comunidades. Resultado: A temática "Política Nacional de Atenção Básica à Saúde e as especificidades Amazônicas" fora introduzida em sala de aula e consolidada no dia da visita técnica à UBSF. A roda de conversa foi fundamental para alicerçar o entendimento de que os rios não são meras barreiras geográficas que separam pessoas e sim o caminho para o acesso, ou seja, um aliado perante a realidade dos trabalhadores da saúde. Outrossim, durante a atividade os acadêmicos puderam tirar dúvidas acerca da rotina dos profissionais, as dificuldades da vida embarcada para atender populações ribeirinhas longínquas e as estratégias de equidade e atenção integral à saúde utilizada na Amazônia, um território líquido. Considerações finais: A ida à UBSF simboliza o processo de como a Universidade pode transpor muros e aliar teoria à prática de maneira eficiente aos seus acadêmicos. Sobretudo, marcou o aprendizado dos alunos presentes, uma vez que a visita se faz necessária para estes terem discernimento de como o SUS exerce seus princípios fundamentais, em especial a equidade, bem como consciência acerca da política e saúde no território das águas.

10345 PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DA EQUIPE LABORATÓRIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
LUCENIR MENDES FURTADO MEDEIROS, HIPÁCIA FAYAME CLARES ALVES, BRENDA PINHEIRO EVANGELISTA, MARIA JACIELMA ALVES DE MELO ARAÚJO, RAFAEL BEZERRA DUARTE, JÉSSICA PINHEIRO CARNAÚBA, MAGNA GEANE PEREIRA DE SOUSA, KERMA MÁRCIA DE FREITAS, DANIELLY PEREIRA DE LIMA

PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DA EQUIPE LABORATÓRIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: LUCENIR MENDES FURTADO MEDEIROS, HIPÁCIA FAYAME CLARES ALVES, BRENDA PINHEIRO EVANGELISTA, MARIA JACIELMA ALVES DE MELO ARAÚJO, RAFAEL BEZERRA DUARTE, JÉSSICA PINHEIRO CARNAÚBA, MAGNA GEANE PEREIRA DE SOUSA, KERMA MÁRCIA DE FREITAS, DANIELLY PEREIRA DE LIMA

Apresentação: A Unidade Básica de Saúde São Geraldo foi escolhida como unidade laboratório por concordância da equipe, liderança do gerente local, por ser uma equipe motivada para implantação e apta a alcançar o Selo de Qualidade. A unidade laboratorial cumpre duas funções principais: gerar um padrão customizado para a realidade do local em que trabalha e tornar-se um ponto de visita para as demais unidades, sinalizando que a proposta é viável na realidade específica do local que funciona. O Selo Bronze de Qualidade reúne os itens que visam garantir a segurança do cidadão e da equipe de trabalho. Objetivo: Relatar a experiência do processo de certificação com o Selo Bronze. Método: Trata-se de um relato de experiência sobre a certificação da Equipe em busca do Selo Bronze. O processo foi iniciado no segundo semestre do ano de 2017, onde tivemos três oficinas regionais. Nesse ano já tivemos a quarta oficina. Foi realizada a implantação de mudanças estruturais e processuais, ou seja, uso de novas tecnologias, ferramentas e processos, com um acompanhamento e monitoramento efetivo e com a participação de um tutor externo que desenvolve uma estratégia educacional de “fazer junto”. A unidade Laboratório deve ser o lócus de capacitação dos tutores. Em abril recebemos a visita técnica para a certificação da equipe e conseguimos a certificação, receberemos o Selo Bronze. Resultado: O selo bronze conquistado por nossa equipe simbolizou um processo de mudança contínua no processo de trabalho, houve uma reorganização em nossa equipe, aumentamos a capacidade de respostas às demandas sociais, sanitárias e assistenciais, passamos a ser uma equipe de referência, de modelo em nosso município. Passamos por uma avaliação que verifica 106 itens, onde tivemos o percentual de 89 de conformidade. Considerações finais: Percebeu-se que quando se tem uma equipe motivada, unida, tudo é possível.  O primeiro passo é sempre o mais difícil, que foi aceitar o desafio de mudar, que depende do envolvimento de toda a equipe e isso essa equipe sempre tem. A conquista do Selo foi o resultado da contribuição de cada colaborador desse grande time, família são Geraldo, como também do apoio da gestão municipal, tutores e técnicos da regional de Saúde. Foram seguidas linhas guias e protocolos preconizados pelo programa APSUS, do Governo do Estado. Foi um desafio para a equipe, mas o potencial, integração e força de vontade foram as principais alavancas para alcançar o selo e agora rumo ao Selo Prata.