485: A Formação de Profissionais de Saúde e a Qualificação do Cuidado no SUS
Debatedor: CASSIA DE ANDRADE ARAUJO
Data: 28/10/2020    Local: Sala 04 - Rodas de Conversa    Horário: 16:00 - 18:00
ID Título do Trabalho/Autores
6372 O PROJETO MULTICAMPI-SAÚDE E O FAZER DA PSICOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Sabryna Lais Tavares de Lima, Ana Caroline dos Santos Rocha, Ananda Aline Barros Pinheiro dos Santos, Maria Lúcia Chaves Lima

O PROJETO MULTICAMPI-SAÚDE E O FAZER DA PSICOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Sabryna Lais Tavares de Lima, Ana Caroline dos Santos Rocha, Ananda Aline Barros Pinheiro dos Santos, Maria Lúcia Chaves Lima

Apresentação: O projeto Multicampi Saúde é um projeto de extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA) voltado para o atendimento à comunidade, visando promover ações de ensino, prevenção e atendimento na Atenção Básica (AB), por meio do ingresso de estudantes em equipes multiprofissionais. O projeto se realiza na região de Belém e outras cinco cidades do interior do estado e participam estudantes de 10 cursos de graduação em saúde da UFPA, incluindo Psicologia. Conforme as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Atenção Básica à Saúde, o fazer psicológico na saúde se encontra em construção, de modo a sair da lógica clínica e tradicional e buscar lugar de um fazer multifacetado. A partir da experiência do estágio Multicampi, o presente trabalho busca relatar e comparar vivências de três estudantes do curso de psicologia da UFPA no Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança - 2019/2020, alocadas em diferentes Estratégias de Saúde da Família (ESF) da cidade de Belém do Pará e no município de Castanhal, com o intuito de demonstrar o fazer da profissional de Psicologia na AB do Sistema Único de Saúde (SUS). Desenvolvimento: Cada experiência teve duração de um mês de imersão em uma equipe multiprofissional em uma ESF. Houve um plano de trabalho a seguir, voltado para as práticas e fazer da psicologia na AB, com competências como: planejar um cuidar que favoreça os aspectos do desenvolvimento psíquico da criança, acompanhar a equipe local na busca ativa de crianças e famílias em situação de vulnerabilidade e visitas domiciliares, acolher usuários em situações de crise, fazer orientações e encaminhamentos necessários, acompanhar e/ou coordenar grupos na instituição, participar das reuniões de equipe, atuar a nível da conscientização e prevenção da comunidade. As equipes serão nomeadas, neste trabalho, da seguinte maneira: Equipe 1: ESF localizada na cidade de Belém; Equipe 2: também localizada na cidade de Belém, em outro bairro e Equipe 3: localizada no município de Castanhal. Todas as equipes possuíam uma estudante de psicologia e cada equipe foi gerida por uma enfermeira preceptora, técnica da instituição. Resultado:O fazer da psicologia na AB é atravessado por diversos entraves, visto que cabe às profissionais da área delimitar seu trabalho e criar condições para suas práticas com enfoque na produção de saúde integral para além do espaço clínico. Na Equipe 1, foi possível perceber quão distantes as profissionais da ESF se encontravam de um fazer psicológico, visto que não há psicóloga do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) na instituição. Foi preciso conquistar um espaço na instituição, tal qual a psicologia ainda conquista de maneira geral, na AB. Os primeiros dias foram cruciais para criar vínculos com os técnicos da ESF e visualizar onde se poderia atuar, visto que ao consultar as demandas da instituição, foram repassadas demandas para atendimentos clínicos individuais, atividade para qual as estudantes de Psicologia não estavam preparadas e que fogem ao escopo do projeto Multicampi. No entanto, a estudante de Psicologia inserida pelo projeto planejou e mediou grupos e atividades de educação em saúde, como rodas de conversas com o público na sala de espera; orientação de pais; acolhimento de usuários; participação da reunião de equipe e intervenção com os funcionários, visando a promoção de saúde dessas profissionais; além de acompanhar as consultas com a enfermeira preceptora. Essas foram ações que a estudante precisou planejar e criar, após observar o funcionamento da instituição, enquanto as companheiras da equipe multiprofissional possuíam um papel bem estabelecido no cotidiano da ESF. A Equipe 2, por sua vez, contava a presença de uma psicóloga no NASF, entretanto, o fazer da profissional se centrava no atendimento clínico, o qual era realizado em uma igreja local e durava cerca de 30 minutos, visto a alta demanda. Na ESF, a Psicologia não atuava frequentemente em conjunto com os profissionais, os quais compreendiam a importância deste cuidado, mas não de uma forma ampliada. Além disso, não possuía lugar na equipe da estratégia, sendo necessário buscar e consolidar este. Foi trabalhada, principalmente, a educação permanente e a promoção de saúde por meio de rodas de conversa e ações com usuários e profissionais da ESF. Dentro dessas dinâmicas foram trabalhados os aspectos psicossociais do adoecimento e cuidado, saúde mental e a importância da prevenção. Em todos esses momentos, a Psicologia precisou emergir do fazer clínico tradicional e criar seu próprio local de fala. A Equipe 3, assim como a segunda equipe, contava com uma psicóloga no NASF, a qual tinha a sua atuação também voltada para o atendimento clínico e individual dentro da unidade de saúde. A profissional relatou ter conhecimento da dinâmica que segue e que apesar de não ser a indicada nos parâmetros do NASF, tornou-se uma forma de conseguir atuar, devido a demanda exacerbada de atendimentos clínicos, marcados pelas outras profissionais da ESF, com uma lista de espera extensa, dificultando a realização de grupos específicos. Assim, foi discutido a consolidação do papel da Psicologia na equipe e suas possíveis contribuições, promoção de saúde por meio da criação de rodas de conversas e acompanhamento das rodas já existentes e os acolhimentos de sala de espera. No entanto, ao acompanhar os locais de atuação que a psicóloga era demandada, fora da ESF, a postura de prevenção e promoção de saúde coletiva se fez mais presente, conseguindo atuar para além dos parâmetros clínicos da profissão. Diante disso, é possível verificar que as três vivências se assemelham no que diz respeito à forma como a Psicologia é vista na AB: a partir de um fazer clínico hegemônico e programado. Essa perspectiva visa a “cura” e não a prevenção e promoção de saúde e se diferenciam na atuação como um todo. No entanto, percebe-se que algumas profissionais da área buscam diferentes estratégias para aproximar a Psicologia da população, o que nos remete às Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) na AB, que relata esses aspectos e levanta reflexões acerca da privatização desses serviços que ainda luta para ser popularizado. Considerações finais: A Psicologia na AB ainda se encontra em um período de consolidação de sua prática, muitas vezes dificultada pela formação clínica hegemônica dos cursos de graduação, assim como da visão estereotipada do fazer psicológico por parte dos profissionais das unidades de saúde. A Psicologia tem como principal função a prevenção e promoção de saúde em todos os níveis, e a prevenção na AB se faz, principalmente, no cotidiano da comunidade. Projetos como o Multicampi Saúde são cruciais para formar profissionais que se voltam a estas questões desde a graduação e se tornem profissionais da Psicologia que defendam sua atuação na AB, no SUS, no cuidado em saúde da população em geral.

6588 PSICOLOGIA NO SUS: EXPERIÊNCIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM.
Bruna Tadeusa Genaro Martins de Oliveira

PSICOLOGIA NO SUS: EXPERIÊNCIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM.

Autores: Bruna Tadeusa Genaro Martins de Oliveira

Apresentação: Trata-se de um relato de experiências, cujo objetivo é apresentar vivências de ensino-aprendizagem no contexto de um Curso de Graduação em Psicologia e pô-las em análise para fomentar a discussão sobre a criatividade e a inventividade na formação e no trabalho em saúde, como formas de repensar e responder as demandas que surgem no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Desenvolvimento: As referidas vivências tiveram como cenário os encontros da matéria de Psicologia da Saúde, do Curso de Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que ocorreram ao longo do segundo semestre letivo de 2019 e direcionaram-se para o ensino-aprendizagem de temáticas referentes às práticas psicológicas nos diferentes serviços que compõem a rede SUS, com foco para reflexões sobre os desafios e as possibilidades da atuação profissional, neste contexto, e para a construção de fazeres que componham clínicas desviantes ao modelo tradicional: clínicas cartográficas, clínicas ampliadas, clínicas dos afetos, clínicas produzidas nas relações com os usuários do SUS, em prol da afirmação das diferenças e da autonomia nos modos de se andar na vida. Para tal, buscou-se pela troca de saberes e perspectivas com os estudantes, pelo incentivo do diálogo entre eles e deles com profissionais da rede SUS, a fim de que, destas conexões, se produzissem novos saberes e ações inventivas, em que a psicologia pudesse ser (re)pensada para além de seu saber-fazer hegemônico. Também houve o incentivo à criatividade e à criticidade para o ensino-aprendizagem sobre a atuação da psicologia junto a populações específicas – como, por exemplo, os indígenas, as pessoas em situação de rua, aquelas encarceradas, em cuidados paliativos e as mulheres em situação de violência – a partir da poesia, da música, do audiovisual, de intervenções e do fazer arte no campo de produção do cuidado e da vida. Resultado: Destas experiências decorreram (des)aprendizagens e construções de conhecimentos e olhares outros a respeito da psicologia, seus limites e suas possibilidades enquanto campo de saber e de prática no SUS. Estes se materializaram em conversas de corredores, em trabalhos escritos, pintados, cantados e contados pelos estudantes, que indicaram um exercício de reflexão e, quiçá, experimentação da potência de se abrir para agenciamentos, das afetações dos encontros e das tecnologias relacionais na produção do cuidado à vida. Assim, a riqueza dos atos criativos e da inventividade foi ganhando sentido a partir do vivido. Considerações finais: Os processos de ensino-aprendizagem supracitados buscaram dialogar a diversidade do fazer criativo com as esferas de produção da vida e de cuidado, para a formação e o trabalho em saúde. Neste cenário, pôde emergir a compreensão de uma psicologia que se faz no movimento e cujo saber-fazer clínico hegemônico é insuficiente para responder às demandas dos usuários do SUS, sendo imprescindível a criação de possibilidades outras, que ressignifiquem as necessidades, as práticas e o próprio cuidado, na direção da construção de uma psicologia menos violenta, normatizadora, colonizadora, normalizadora e mais afirmativa da diferença, em defesa da vida.  

6590 SEMINÁRIOS AVANÇADOS: FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO E CONHECIMENTO PARA ACADÊMICOS DE MEDICINA
Karolliny Correa Barauna, Rodrigo Andrade de Lima, Neyde Alegre de Souza Cavalcante

SEMINÁRIOS AVANÇADOS: FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO E CONHECIMENTO PARA ACADÊMICOS DE MEDICINA

Autores: Karolliny Correa Barauna, Rodrigo Andrade de Lima, Neyde Alegre de Souza Cavalcante

Apresentação: Metodologias ativas mostram-se de extrema importância no aprendizado acadêmico. Um exemplo delas é a realização de seminários, que além de incentivar ou acentuar o gosto pela docência, também é útil no estímulo ao compartilhamento de conhecimento de temas que são pertinentes a área da saúde como um todo. Por isso, a disciplina de Seminários Avançados tem por objetivo fomentar espaços de apresentações de casos clínicos correlacionando aos estudos teóricos que são abordados em outras disciplinas, sendo apresentados por alunos matriculados na disciplina e avaliados tanto por professores do quadro da matéria como também por convidados especialistas nos temas de cada seminário. Objetivo: Relatar as atividades promovidas pelos alunos matriculados na disciplina correlacionando o conteúdo teórico-prático das aulas com situações corriqueiras na vida médica. Desenvolvimento: A disciplina de Seminários Avançados 4 consiste em divisão de grupos proporcionais ao número de alunos matriculados.  O seminário ocorre ao início de cada aula com duração de 50 minutos para cada grupo, onde os alunos primeiro apresentam um breve resumo teórico do que será abordado como caso clínico e em seguida apresentam o caso que foi coletado pelos próprios integrantes do grupo. O método de avaliação consiste em postura, slides, conhecimento sobre o tema e perguntas sobre o caso. Além do grupo que apresenta o seminário, há sempre outro grupo chamado “grupo-questionador-questionado” que também deve estudar o tema amplamente, pois esse grupo, como o nome sugere, também é avaliado pelos professores a partir de questionamentos a eles e também do que o grupo pode contribuir além do que foi explicitado no seminário. Toda a turma tem conhecimento prévio de qual será o tema de cada aula. Dessa forma, a turma em geral também deve estudar com antecedência o tema, posto que, a partir de sorteio, alguns alunos são chamados para responder questões ou contribuir com alguma informação que pensem ser relevante ao tema. De modo geral, todos que estão em sala de aula estão integrados e compromissados com a discussão do caso, a fim de contribuir com a formação acadêmica. A nota é gerada englobando cada um das modalidades supracitadas: apresentação do seminário, grupo questionador-questionado e participação do restante da turma. Resultado: A experiência se fez muito construtiva tanto para professores quanto para alunos, principalmente pela exposição de casos que são recorrentes na prática médica. É perceptível a evolução em compromisso, postura e conteúdo dos alunos ao longo dos seminários e reflete-se até mesmo na melhoria da abordagem dos pacientes que possuem as enfermidades apresentadas e assim contribui de modo geral para a formação médica de qualidade. Considerações finais: A realização de seminários pela disciplina de Seminários Avançados nos moldes de apresentação, questionamentos e contribuições de professores especialistas é uma ferramenta didática de valor contextual entre a teoria e a prática médica, sendo altamente relevante a formação de acadêmicos de medicina, posto que, dessa forma, cria-se um espaço de integração e avaliação para melhora da abordagem do caso e construção de futuros profissionais.

6618 PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA SOBRE QUALIDADE DE VIDA E TRANSTORNOS MENTAIS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO RIO DE JANEIRO
Daniella Loureiro Duarte, Giancarla Martins Correa Coutinho, Gustavo Rocha Lopes De Melo, Nathália Da Fonte Konig, Rafaela Brito Reis, Rayanne Feitosa De Lima Araujo, Ana Maria Florentino, Raquel Juliana de Oliveira Soares

PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA SOBRE QUALIDADE DE VIDA E TRANSTORNOS MENTAIS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO RIO DE JANEIRO

Autores: Daniella Loureiro Duarte, Giancarla Martins Correa Coutinho, Gustavo Rocha Lopes De Melo, Nathália Da Fonte Konig, Rafaela Brito Reis, Rayanne Feitosa De Lima Araujo, Ana Maria Florentino, Raquel Juliana de Oliveira Soares

Apresentação: A associação entre os transtornos mentais e a qualidade vida dos estudantes de Medicina tem sido foco de crescente preocupação mundial, uma vez que há maior vulnerabilidade por esse grupo a transtornos como: depressão, estresse e ansiedade. Estudos sugerem que a saúde mental dos alunos piora durante a graduação em medicina. Durante o período de formação, eles enfrentam uma dualidade entre a realização de um sonho pessoal, por iniciarem a formação médica, e a frustração por viverem, ao mesmo tempo, um período desafiador e conteudista, o que pode gerar repercussões negativas na saúde, na performance acadêmica e até no seguimento da carreira médica de cada indivíduo, desencadeando tais transtornos e reduzindo a qualidade de vida. Objetivo: avaliar saúde mental, qualidade de vida, estresse e Burnout em estudantes de Medicina. Materiais e métodos: A pesquisa investiga a ocorrência de transtornos mentais em alunos de Medicina, dentre os quais foram comparados alunos do primeiro (primeiro e segundo períodos) e quarto (sétimo e oitavo períodos) anos de uma Universidade privada no Rio de Janeiro. Foi realizado um estudo transversal, cujo método para análise investigativa foi um questionário composto por 21 questões, aplicado através de um formulário online na plataforma Google Forms. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, tendo sido iniciada após recebimento da anuência do Projeto de Pesquisa. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi aplicado junto ao formulário e, com o aceite em participar, os alunos responderam às questões. Resultado: Em geral, os resultados se mostram bastante relevantes para uma análise qualitativa na perspectiva da formação médica. Por exemplo, no item “Com que frequência você tem sentimentos negativos?” a opção ‘algumas vezes’ foi escolhida por 57,7% dos estudantes do primeiro ano e por 42,1% dos estudantes do quarto ano; Já no item “se sentir agitado”, 46,2% dos alunos do primeiro ano sentem-se consideravelmente agitados, enquanto somente 23,7% dos alunos do quarto ano sentem-se dessa forma. Discussão: Os resultados evidenciaram indícios de transtornos mentais tanto em alunos do primeiro ano (gerados por grandes expectativas, ansiedade, ruptura entre os modelos de ensino Médio e Superior), quanto em alunos do quarto ano (ocasionados pela maior vivência em ambiente profissional, por ter que lidar com o paciente mais diretamente e a insegurança relacionada a exercer a profissão), tendo esses, porém, maior presença de características como dificuldade de relaxar, percepção de alteração cardíaca, sentir medo sem motivo. Considerações finais: Vê-se que o apoio psicológico ao estudante de Medicina é imprescindível para a manutenção de sua qualidade de vida, visto que os desafios enfrentados são inúmeros e a relação entre transtornos mentais e a graduação de Medicina é comprovada através de pesquisas. Ainda, vê-se a existência de um viés, visto que o estudo realizado foi transversal, em vez de longitudinal. Palavras-chave: depressão, medicina, estudantes e ansiedade.

6628 CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: EXPERIÊNCIAS INOVADORAS NOS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA PUC MINAS
Márcia Colamarco Ferreira Resende, Lucimar Magalhães de Albuquerque

CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: EXPERIÊNCIAS INOVADORAS NOS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA PUC MINAS

Autores: Márcia Colamarco Ferreira Resende, Lucimar Magalhães de Albuquerque

Apresentação: Nas últimas décadas, o ensino superior em saúde tem passado por grandes transformações, partindo de posturas extremamente autoritárias, teóricas e distanciadas da realidade social, para uma postura preocupada com a formação de cidadãos preparados para os desafios que permeiam a saúde na sociedade. Atualmente, é grande o estímulo à projetos pedagógicos de cursos que preveem a articulação entre a teoria e prática, entre o ensino e serviços, de maneira inovadora e exitosa. Mas isso ainda parece bastante distanciado da realidade da maioria dos cursos, que entendem que a resposta para esses estímulos é a inclusão de uma disciplina teórica e um estágio em saúde pública. Com a publicação do Plano Nacional de Educação 2014-2024 e da Resolução n° 7, de 18 de dezembro de 2018, todo esse processo ganha força com a Extensão Universitária, definida como um “processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade”. As ações de extensão têm como diretrizes a interação dialógica, a interdisciplinaridade e interprofissionalidade, a indissociabilidade ensino – pesquisa – extensão, o impacto na formação do estudante, e o impacto e transformação social. Percebe-se claramente, que tais diretrizes corroboram para a formação que desejamos atualmente para os profissionais da saúde. O Plano Nacional de Educação 2014-2024 (PNE) - possui 20 metas, organizadas a partir de 254 estratégias. Dentre elas está a estratégia nº.12.7 que prevê, “no mínimo, dez por cento do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social.” A presença dessa estratégia suscita uma discussão ampla sobre as mudanças de paradigmas no processo de ensino-aprendizagem, entendendo que a formação profissional deverá transcender a sala de aula e não se encerrar na absorção de teorias e técnicas das disciplinas. Tal estratégia também possibilita a compreensão dos currículos como um instrumento que não pode distanciar-se da realidade em sua globalidade. Desenvolvimento: Diante desse cenário, desde 2015, a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), por meio da Pró-reitoria de Extensão (PROEX), iniciou um processo para implementar uma nova modalidade de Extensão Universitária em seus currículos: as práticas curriculares de extensão. Essas práticas foram definidas como “atividades acadêmicas desenvolvidas em estrita vinculação com os componentes curriculares do curso tendo como pressuposto a interação aluno, professor e sociedade, visando estabelecer relações entre a realidade e a produção do conhecimento, tendo em vista proporcionar aos participantes formação integral, comprometida com a mudança social”. O primeiro passo para sua implantação foi definir e registrar tal modalidade nos documentos institucionais da Universidade e definir critérios para sua a avaliação e o seu reconhecimento. A partir disso, todos os departamentos da PUC Minas foram convidados a repensar os currículos dos seus cursos para a inclusão da prática curricular de extensão em, no mínimo, uma disciplina obrigatória. Após um ano de intensas discussões, todos os cursos da PUC Minas alteraram seus currículos e implementaram as práticas curriculares e extensão. Ao mesmo tempo foi desenvolvido um sistema para registro e acompanhamento dessas disciplinas, o Sistema de Gestão das Disciplinas de Extensão (GDE). Nele os respectivos professores registram o plano de trabalho das ações que serão realizadas ao longo daquele semestre, definindo objetivos gerais e um cronograma de atividades para os alunos. Na sequência o coordenador de extensão do curso avalia e chancela o plano, de acordo com os critérios que foram instituídos e que atendem as diretrizes da extensão universitária. Somente após a chancela desse coordenador o plano fica acessível para os alunos e eles poderão iniciar as atividades previstas. No final do semestre, os alunos da disciplina preenchem no GDE um relatório técnico sobre as ações realizadas e avaliam o aprendizado adquirido por meio de um questionário de auto avaliação. Esse questionário é composto por onze perguntas que foram elaboradas a partir dos critérios de avaliação do plano. Ou seja, o objetivo é avaliar se, na percepção dos alunos, as práticas curriculares de extensão atingem as diretrizes previstas. Cada uma das questões é graduada de 01 a 05, sendo que 01 é considerado o menor (pior) valor e 05 o maior (melhor) valor. Resultado: Os resultados apresentados a seguir são referentes ao primeiro semestre de 2019 do Instituto de Ciências Biológicas e Saúde (ICBS) da PUC Minas, que, atualmente, é formado por vinte e dois cursos. Nesse período o Instituto contou com 35 disciplinas realizando práticas curriculares de extensão, ou seja, alguns cursos realizaram essas práticas em mais de uma disciplina. Foram 103 professores envolvidos e 1682 alunos, no total. Com relação aos questionários de auto avaliação, apenas 47% dos alunos responderam as questões. A questão que tratava do exercício da postura ética e respeito às adversidades foi a questão melhor avaliada; cerca de 86% dos alunos atribuíram nota 05 pra ela. A questão que tratava do reconhecimento da importância do trabalho inter ou multiprofissional promovido pela prática foi a questão com a maior porcentagem (0,7%) de notas de valor 01 atribuídas a ela, mas ainda assim foi uma porcentagem muito baixa. Vale dizer também, que 84% dos alunos atribuíram nota 05 para essa mesma questão.  De maneira geral, os resultados mostram que, para todas as onze questões, mais de 70% dos alunos atribuíram nota 05 para o que foi perguntado, demonstrando que as diretrizes da extensão universitária previstas para as práticas curriculares de extensão estão sendo apreendidas pelos alunos. Considerações finais: Apesar do número estabelecido na estratégia nº.12.7 do PNE 2014 – 2024, sabe-se que devemos evitar soluções simplistas, que privilegiem o aspecto meramente quantitativo do cumprimento da meta. A experiência do ICBS da PUC Minas mostra que é possível fazer as alterações curriculares necessárias para se atingir a meta proposta e, ainda assim, manter a qualidade do processo de ensino – aprendizagem oportunizados por esse momento. Após 04 anos desde o início de todo o processo, os cursos do ICBS já apresentam grande maturidade e entendimento sobre as diretrizes da extensão universitária e como integra-las em sala de aula, de maneira a tornar possível traçarmos novas estratégias para contabilizarmos os 10% de créditos previstos.

6629 FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE NA PÓS-GRADUAÇÃO: ANÁLISE DO PERFIL DE EGRESSOS DA ODONTOLOGIA
Helena Weschenfelder Corrêa, Juliana Souza Lamers, Roger Junges, Cassiano Rösing, Susana Maria Werner Samuel, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi

FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE NA PÓS-GRADUAÇÃO: ANÁLISE DO PERFIL DE EGRESSOS DA ODONTOLOGIA

Autores: Helena Weschenfelder Corrêa, Juliana Souza Lamers, Roger Junges, Cassiano Rösing, Susana Maria Werner Samuel, Ramona Fernanda Ceriotti Toassi

Apresentação: Estudo observacional transversal cujo objetivo foi analisar o perfil sociodemográfico e profissional dos egressos do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Odontologia de uma Universidade pública do sul do Brasil, identificando a inserção no mercado de trabalho, satisfação com a profissão, qualificação profissional na pós-graduação e percepções sobre o ensino na graduação e pós-graduação. Desenvolvimento: Participaram do estudo 121 cirurgiões-dentistas egressos do Programa de Pós-graduação stricto sensu, no período de 2007 a 2016, que responderam a um questionário semiestruturado online (38% do total de egressos do período). A coleta de dados aconteceu entre 2011 e 2019. Resultado: A maior parte dos egressos eram mulheres (62%), com idade entre 30 e 35 anos (51,2%), casados ou em união estável (57,1%), sem filhos (68,6%), que residem na cidade em que realizaram a pós-graduação (66,9%). Realizaram a graduação na mesma Universidade do Programa (55,3%). Desses cirurgiões-dentistas, 85,1% relatou exercer a Odontologia como profissão e 57% atuam na capital e região metropolitana. A renda pessoal mensal foi de 10 a 20 salários mínimos para 41,3%. Os pais dos egressos tinham realizado o ensino superior completo (32,2% das mães e 28,9% dos pais) e pós-graduação completa (30,6% das mães e 28,9% dos pais). Em relação à formação na pós-graduação, 51,5% dos egressos realizaram mestrado acadêmico, 27,8% doutorado e 10,9% especialização. Dentre as áreas de concentração da pós-graduação mais citadas, destacam-se a Saúde Coletiva (28,4%), a Patologia (11,6%) e a Periodontia (10,8%). A maior parte desses cirurgiões-dentistas (71,1%) já havia cursado ou estão cursando pós-graduação em outra instituição de ensino superior. Em relação ao emprego atual, 25,6% trabalham exclusivamente na área acadêmica, 20,6% trabalham exclusivamente no setor público e 17,4% no setor privado. Em relação à satisfação com a opção pela Odontologia, 91,7% relataram estar satisfeitos com a profissão pela realização pessoal e profissional, pelo trabalho desafiador e de excelência e qualidade, pelas condições e local de trabalho, e pelas oportunidades e reconhecimento profissional. Dentre os participantes que não estão satisfeitos com a profissão, os motivos foram insegurança, pouca remuneração e pouco reconhecimento e campo de atuação. Sobre o curso de graduação que realizaram, 85,1% dos cirurgiões-dentistas relataram que o ensino teórico foi muito bom ou excelente e 71,1% que a orientação clínica foi excelente ou muito bom. Em relação ao curso de pós-graduação realizado, 85,1% relataram que o ensino teórico era excelente ou muito bom e 55,4% que a orientação clínica recebida foi excelente ou muito boa. Considerações finais: O estudo contribuiu com informações importantes de identificação do perfil do egresso do Programa de Pós-graduação em Odontologia, sua inserção no mercado de trabalho, satisfação com a profissão e contribuição do curso na formação destes profissionais, além da avaliação do próprio processo de formação na pós-graduação.

6644 EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL À LUZ DA ÉTICA
Juliana Praxedes Campagnoni, Janaina Carneiro de Camargo, Luciana Teixeira Waltrick, Virgínia de Menezes Portes, Fernando Hellmann, Marta Inês Machado Verdi, Mirelle Finkler

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL À LUZ DA ÉTICA

Autores: Juliana Praxedes Campagnoni, Janaina Carneiro de Camargo, Luciana Teixeira Waltrick, Virgínia de Menezes Portes, Fernando Hellmann, Marta Inês Machado Verdi, Mirelle Finkler

Apresentação: A Educação Interprofissional (EIP) tem sido uma estratégia recomendada para a reestruturação do modelo de trabalho em saúde. Comprometida com o desenvolvimento de competências comuns a todas as profissões, com competências específicas de cada profissão e com as competências colaborativas, a EIP fomenta redes colaborativas em busca do respeito às particularidades de cada profissão, ao trabalho congestionado e ao exercício da comunicação e negociação. As disrupturas nos modos de formação e atuação profissional provocados por essa nova maneira de realizar a educação dos trabalhadores em saúde pode provocar conflitos éticos nas relações da equipe de saúde. Pensar a dimensão ética da EIP fomenta contextualizar, problematizar e refletir sobre a complexidade da vida, da formação e do trabalho em saúde. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência das autoras na realização de um seminário da disciplina de Bioética, em um curso pós-graduação stricto sensu em Saúde Coletiva, em que buscaram construir, conjuntamente com os demais discentes e docentes, conhecimentos sobre EIP a partir da fundamentação teórica desenvolvida ao longo da disciplina.  Desenvolvimento: Trata-se de um trabalho descritivo uma vez que é um relato de experiência acerca do desenvolvimento da metodologia Dinâmicas de Criatividade e Sensibilidade (DCS). Seu propósito é estimular a criatividade e a expressão da sensibilidade diante da temática, propondo um espaço de problematização e discussão coletiva, em que a experiência é vivenciada por meio de produção artística. Desta maneira, o grupo apresenta-se como protagonista diante da formação de um novo conhecimento, valorizando suas dimensões sociais e coletivas frente à observação, instigando as dimensões criativas e sensíveis dos participantes. A produção do conhecimento é analisada de forma grupal e fundamentada a partir da pedagogia do método de ensino crítico-reflexivo de Freire, cuja reflexão emerge do contexto da práxis de ensino e assistencial. No seminário, foram propostas as seguintes questões norteadoras: 1. O que você entende por EIP? 2. Por que é importante a EIP na formação? 3. Quais as potências que a |EIP pode propor? 4. Qual a relação da Bioética/Ética com a EIP? Tais perguntas foram sendo realizadas durante a dinâmica da “Árvore do Conhecimento”, que estabelece uma analogia com o desenvolvimento e crescimento da árvore e suas partes de acordo com a temática, a saber: raiz, caule e copa e o ambiente que propicia o crescimento. Ao montar a árvore, os estudantes tiveram a oportunidade de, primeiramente, discutir sobre cada questão norteadora com um colega e depois trazer seus conhecimentos para o grande grupo. Assim, ao final, as responsáveis pela condução da dinâmica traziam o que a literatura menciona (em apresentação multimídia), estabelecendo aproximações e distanciamentos do que emergiu da construção coletiva. Em seguida, o grande grupo refletia e debatia os principais conceitos, assim como, questões que foram surgindo ao longo da apresentação. Resultado: No primeiro momento, foi proposto ao grupo a dinâmica de apresentação do seminário em que todos iriam contribuir, inclusive os professores, o que causou certo estranhamento, porém todos aderiram a ideia com grande disposição. Ao se iniciar com a primeira questão norteadora sobre “O que você entende por EIP? – sendo, analogicamente, a raiz da árvore – os estudantes expressaram suas reflexões relatando que se basearam nos conceitos da palavra “interprofissional”, surgindo assim as seguintes premissas: “diferentes profissões”, “coletivo”, “relação horizontal”, “comum”, “experiências”, “colaboração”, “diferente”, “aprender com diferentes profissões”, “interdisciplinaridade”, “integração”, “compartilhar saberes”, “compartilhamento”. A segunda questão, representando o caule, sobre “Por que é importante a EIP na formação?”, trouxe à tona as seguintes interpretações: “mudança no paradigma biomédico”, “trabalho em equipe”, “mudança de modelo”, “complexidade”, “qualificação do cuidado”, “formar para a realidade”, “ampliar olhares”, “produção de novos saberes”. Da terceira questão, simbolizando a copa (folhas), a respeito de “Quais as potências que a EIP pode propor?” emergiram reflexões sobre: “melhor cuidado”, “trabalho em equipe”, “o trabalho coletivo”, “qualifica o trabalho/cuidado”, “democratização das relações”, “respeito a diversidade”, “construção do conhecimento”, “aprendizagem significativa”, “desenvolvimento moral dos estudantes/trabalhadores”, “resolubilidade da assistência”, “novos valores”, e “instrumentalização do trabalho”. E, por último, correspondente ao ambiente que propicia o crescimento da árvore, a questão norteadora “Qual a relação da Bioética/Ética com a EIP?” foi a que mais demorou para os estudantes responderem, por se tratar do englobamento das reflexões de todas as questões anteriores. Porém, surgiram apontamentos muito interessantes: “dependência”, “análise dos valores presente nas relações”, “busca pela valorização dos valores”, “construção de valores”, “promovem deliberação”, “novos valores só são construídos a partir do olhar bioético”, “ampliam os olhares  e relações”, “promovem deliberação”, “a bioética é uma importante ferramenta de reflexão para a transformação da realidade”, e ainda, “EIP e Bioética se relacionam na inter/transdisciplinaridade”. Finalmente, ao refletir com o grande grupo sobre as indagações levantadas e os conhecimentos articulados e criados, concluiu-se pela necessidade de integrar os diversos saberes profissionais, de desfragmentar a forma tradicional de educação, de fazer com que os currículos formativos da área da saúde dialoguem entre si, uma vez que aposta-se nos reflexos positivos da colaboração do trabalho em equipe; que a mitigação das relações de poder e hierárquicas entre os profissionais de saúde e entre profissional de saúde/usuário proporcionará a continuidade de um cuidado seguro, responsável e integral, uma vez que ao compartilhar saberes, a equipe possui maiores chances de obter sucesso no cuidado; e, que a EIP, se considerada e trabalhada em sua dimensão ética poderá contribuir para uma nova forma de pensar e produzir saúde, tendo impacto direto no vínculo entre profissional-usuário e profissional-profissional. Considerações finais: A dinâmica proposta envolveu os princípios e valores da educação de adultos, sobretudo, as metodologias ativas, as quais foram capazes de integrar diversas áreas do conhecimento, ampliar horizontes e apresentar oportunidades de aprender e fazer de maneira interprofissional. O exercício de participação coletiva fez com que, apesar das inibições iniciais, o seminário ocorresse de forma colaborativa, participativa, criativa e livre. Da mesma maneira, identificou-se que os conhecimentos produzidos pelo grupo sobre o tema da “Educação Interprofissional à luz da Ética” estavam de acordo com o referencial teórico da área, assim como, com a abordagem teórico-metodológica desenvolvida pelas pós-graduandas. Sendo assim, recomenda-se utilizar formatos interdisciplinares e interprofissionais na formação em saúde, transcendendo assim aos métodos tradicionais de ensino-aprendizagem, uma vez que os desafios do mundo do trabalho exigem corresponsabilidade, compartilhamento e vínculo entre os profissionais de saúde.

6671 EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NA GESTÃO NO PET-SAÚDE/GRADUASUS: MOVIMENTOS E VISIBILIDADES
Elaine Rocha Correa, Maria Fernanda Petroli Frutuoso

EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NA GESTÃO NO PET-SAÚDE/GRADUASUS: MOVIMENTOS E VISIBILIDADES

Autores: Elaine Rocha Correa, Maria Fernanda Petroli Frutuoso

Apresentação: O PET-Saúde tem por proposta promover a educação pelo trabalho, investindo na qualificação dos processos de integração ensino-serviço-comunidade, com ênfase na Atenção Primária em Saúde, agregando educação permanente para todos os participantes e possibilidade de mudanças na formação do futuro profissional. O PET-Saúde prevê três atores: trabalhadores na função de preceptores, docentes no papel de tutores e estudantes. O edital PET-Saúde/GraduaSUS 2016-2017 estabeleceu, pela primeira vez, a gestão sob responsabilidade das secretarias de saúde, conferindo protagonismo às secretarias, que passaram a ser proponentes do projeto, junto com a universidade, com papel ativo na execução das ações e corresponsáveis pelo alcance de resultados. Para esta edição, a Secretaria Municipal de Saúde de Santos, juntamente com outros dois municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), a Universidade Federal de São Paulo – campus Baixada Santista e o Centro Universitário Lusíada firmaram parceria para um projeto regional, definindo como temática a Mortalidade Materno-Infantil (MMI). Esta configuração levou a um desenho de projeto em três ciclos, de modo a rodiziar a gestão entre os municípios. O edital ainda exigia a articulação com a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e as diretrizes para sua implementação. A Educação Permanente em Saúde (EPS) pode ser compreendida como conceito pedagógico que visa efetivar relações orgânicas entre ensino e ações e serviços de saúde. É um dispositivo de qualificação das práticas de saúde e da educação dos profissionais de saúde, se caracterizando como estratégia do Sistema Único de Saúde para formação e desenvolvimento de trabalhadores, com consequente incremento da capacidade resolutiva dos serviços. Com a proposta de aprendizagem no e pelo trabalho, a EPS incorpora no cotidiano dos serviços os processos de aprender e ensinar, tomando como referência as necessidades de saúde da população. Neste relato de experiência, descrevemos os movimentos da gestão no município de Santos, construídos ao longo de três ciclos do projeto. Este desenho propiciou fases distintas no processo de gestão. A abordagem norteadora para leitura da experiência foi a EPS em Movimento, que nos convoca à ativação do olhar, para tornar visíveis processos formativos que se passam nas brechas, no ‘entre’, não capturados pelas formalidades das instituições, produzindo novos regimes de visibilidades e dizibilidades. No cotidiano do trabalho em saúde, têm lugar muitos encontros entre trabalhadores, que ensejam conversas, as quais podem afetar e modificar o olhar e também o agir desses trabalhadores. Esse espaço pode também ser lugar de invenção, nos quais trabalhadores, gestores e usuários podem fabricar novos modos de atuação, novos conhecimentos, que impactam no cuidado. O PET-Saúde em questão era composto por múltiplos espaços de encontros, reunindo diferentes atores, em diversos formatos e propostas. No primeiro ciclo, vivenciamos a gestão do projeto em Santos acumulada com a gestão de todo o Projeto, aqui chamada gestão regional. Neste âmbito, se destacavam disputas intensas entre os municípios, que buscavam intensificar as ações de integração ensino-serviço nas redes. Os docentes e estudantes possuíam diferentes compreensões e intenções em relação às redes de saúde disponíveis. Para além do projeto aprovado, emergiam múltiplos projetos, entendimentos e desejos por parte dos envolvidos. Também foi um período marcado por atravessamentos sobre os quais não tínhamos governabilidade, como atraso nos pagamentos de bolsas e os movimentos estudantis em defesa da educação pública. Em Santos, surgiu o desafio da execução de um projeto amplo, que pretendia acompanhar a Linha de Cuidado da Gestante, dependendo de conexões entre pontos da rede, as quais não aconteceram naturalmente. Para abordar essa questão, as tensões entre os atores da rede foram expostas à gestão, para que pudessem ser não somente reconhecidas, como trabalhadas, pelo menos no âmbito do PET-Saúde. Este período foi marcado por certa invisibilidade das ações produzidas nos serviços, que dava lugar às dúvidas e inseguranças dos preceptores na condução das atividades. Apenas no encerramento do ciclo conseguimos superar esse fenômeno, propondo uma roda de conversa com exposição dos resultados. Neste ciclo, predominou a dimensão mais burocrática da gestão, com aspectos administrativos ocupando boa parte do tempo. A dimensão relacional da gestão, mais delicada, foi se constituindo de modo intuitivo, enriquecida por observações, estudos e experimentações. O incômodo que se fez presente nesta fase transformou-se em inquietação, curiosidade e desejo por novos saberes, culminando num percurso de pós-graduação. A partir do segundo ciclo, a gestão ficou circunscrita ao município de Santos. Nesta fase, propusemos um novo desenho de projeto, abrangendo outros níveis de atenção. Surgiu mais um desafio: a alteração do grupo de preceptores prevista a cada ciclo, o que acontecia também com estudantes e tutores. A saída foi propor novas formas de aproximação, mais protagonismo e espaços reservados para formação dos preceptores, modificando a relação da gestão com os trabalhadores e construindo um compromisso coletivo em torno do projeto. A operacionalização do projeto evoluiu para um planejamento e gestão compartilhados, envolvendo estudantes, tutores e preceptores. As reuniões previstas se tornaram mais parecidas com encontros, se configurando um espaço de apoio para o grupo. O terceiro ciclo levou à proposição de Grupos de Trabalho (GT), como forma de organização das atividades. Os GT reuniam os três atores do projeto, em torno de temáticas selecionadas pela gestão do PET-Saúde e previamente discutidas com os preceptores, a partir de pontos frágeis da rede, apontados pelos atores nos ciclos anteriores. Os participantes puderam escolher qual GT integrar, apenas com a recomendação que tivesse representação das três categorias. O trabalho nos GT propiciou autonomia e protagonismo aos atores, em torno de uma produção coletiva. Os saberes da experiência se mesclaram aos conhecimentos produzidos na academia na produção de propostas em resposta a demandas da rede. Nesta fase, surgiu a oportunidade de instituir um encontro mensal entre gestão e preceptores, com a proposta inicial de EPS estruturada, que se configurou como oficinas de escuta e apoio ao exercício da preceptoria, com planejamento flexível o suficiente para acompanhar os movimentos dos preceptores, num permanente processo dialógico e reflexivo. Esta experiência aponta para uma gestão construída ao longo do percurso, com elementos previsíveis e burocráticos, mas também com abertura a invenções e experimentações. A EPS se mostrou ferramenta fundamental para a gestão ao longo dos ciclos, estando presente em diversos espaços, na universidade e nos serviços, e adquirindo muitos formatos, planejado ou gerado diretamente no cotidiano do trabalho em saúde. Em nível regional, conseguimos realizar uma edição do VER-SUS, formato seminário, abrindo um debate sobre a MMI com todos os municípios da RMBS, que gerou proposições de enfrentamento do problema, apresentadas à Diretoria Regional de Saúde IV. Em Santos, os GT apresentaram produções técnicas para o aperfeiçoamento da rede, como nova ferramenta para auxiliar no planejamento familiar e sugestão para publicização dos dados da vigilância epidemiológica sobre a MMI. As oficinas de sensibilização representaram um avanço na proposição de um espaço formal e periódico de diálogo com os preceptores, mais dinâmico e reflexivo sobre o exercício da preceptoria. Nesta experiência, a estratégia de gestão se apoiou na EPS e foi construída processualmente, em movimento, para além das predominantes capacitações em saúde. Escrever e falar sobre este processo é reconhecer e encarar o desafio, explícito na EPS em Movimento, de conferir visibilidade e dizibilidade para o conhecimento produzido na prática.

6679 A INSERÇÃO DE ESTUDANTES DO INÍCIO DA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM NAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Lais Sousa da Silva, Renata Oliveira Caetano, Daniel Reis Correia, Debora Mol Mendes, Lara Lelis Dias, Thais Bitencourt Faria, Beatriz Santana Caçador

A INSERÇÃO DE ESTUDANTES DO INÍCIO DA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM NAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Lais Sousa da Silva, Renata Oliveira Caetano, Daniel Reis Correia, Debora Mol Mendes, Lara Lelis Dias, Thais Bitencourt Faria, Beatriz Santana Caçador

Apresentação: As redes de atenção à saúde são três: primária, secundária e terciária. Elas promovem o atendimento de acordo com o grau de complexidade crescente do estado de saúde do cliente. A fim de fazer os ambientes de atuação profissional da enfermagem e suas dinâmicas de trabalho conhecidas, os calouros, do curso de enfermagem da Universidade Federal de Viçosa, foram orientados a observar, presencialmente, cada uma dessas redes. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência de uma aula prática, ocorrida em 26 de Abril de 2019, da disciplina de Enfermagem, Saúde e Sociedade I, em que os alunos do primeiro período da graduação em enfermagem foram divididos em grupos e direcionados às três redes de atenção à saúde para entenderem o funcionamento da profissão que exercerão. Resultado: Os diferentes ambientes de atuação da enfermagem proporcionaram experiências únicas a cada um dos alunos, os quais puderam conhecer o funcionamento de cada área e o exercício profissional em cada setor. Ademais, durante a visita, os discentes acompanharam as estagiárias de enfermagem da UFV, as quais contextualizaram suas atuações, de acordo com o local em que assistem. Além disso, os graduandos, ao vivenciarem essa prática, não se restringiram a compreender apenas o olhar profissional, mas, também, a visão dos pacientes que encontraram quanto ao serviço de saúde prestado em cada rede. Por fim, a partir dessa experiência, os estudantes se reuniram na semana seguinte, junto aos docentes da disciplina, para discutirem e relatarem as observações feitas e os conhecimentos adquiridos, por meio de apresentações em forma de seminário, contando com cartazes, slides e simulações sobre o ambiente, com intuito de trocar informações e integrar os grupos, cada um com a sua rede visitada. Considerações finais: É evidente a importância do primeiro contato com o ambiente de trabalho, em que os discentes irão exercer a enfermagem, logo no início da graduação para que possam identificar a realidade da profissão escolhida e certificar a escolha de curso que fizeram.

6690 REVISÃO CRÍTICA DO FILME INTOCÁVEIS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Daniel Reis Correia, Renata Oliveira Caetano, Débora Mol Mendes, Laís Sousa da Silva, Lara Lelis Dias, Thaís Bitencourt Faria, Pedro Paulo do Prado Júnior

REVISÃO CRÍTICA DO FILME INTOCÁVEIS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Daniel Reis Correia, Renata Oliveira Caetano, Débora Mol Mendes, Laís Sousa da Silva, Lara Lelis Dias, Thaís Bitencourt Faria, Pedro Paulo do Prado Júnior

Apresentação: Proposta de identificação dos sentimentos vividos pelo cuidador e pelo paciente nas realidades ilustradas em filmes. Foram estipulados pelo professor, aos alunos, alguns filmes que mergulham no contexto da enfermagem, dentre eles o filme “Intocáveis”. Este, não possui a imagem de um enfermeiro na sua história, porém o papel cuidador é personificado por um jovem criado no subúrbio e que encontra no serviço a possibilidade de fugir da marginalidade. Já o paciente, um milionário tetraplégico, se depara com a oportunidade de ser livre e de sentir prazer no viver, mesmo preso em uma cadeira de rodas. O objetivo do trabalho foi demonstrar aos alunos outras formas que envolvem o cuidado, o qual possibilitou aos graduandos enxergar em simples gestos que, mesmo sem o vigor técnico, também proporcionam zelo aos clientes. A partir disso, o grupo, responsável pelo filme citado, elaborou uma encenação na qual apresentou os impactos vivenciados ao assistir a obra. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de uma experiência ocorrida no primeiro semestre de 2019, com os calouros de enfermagem da Universidade Federal de Viçosa. Durante essa atividade, proposta pela disciplina de Fundamentos Históricos da Enfermagem, os discentes foram convidados a encontrar nos filmes os vários significados do cuidado presente na rotina das pessoas que lidam com a saúde/doença. E, assim, o grupo encontrou na exibição teatral um método para transmitir aos demais alunos, alguns gestos de diligência absorvidos na interpretação dos dois personagens principais. Resultado: Na perspectiva do grupo, o filme conseguiu demonstrar que, apesar das deficiências existentes entre os dois personagens, social e física, também existiam possibilidades na redescoberta da vida, da existência como ser humano, e principalmente, no poder de nos instigar a perceber que as limitações, mesmo que graves e determinantes, podem ser redimensionadas por aqueles que acreditam. Nesse ponto, o trabalho nos ajudou a entender que, para atender a outra pessoa a formação cientifica nem sempre é o suficiente. Cuidar é dialogar, conhecer não somente a doença, às vezes é melhor esquecê-la, e se envolver com o indivíduo, as sensações e os sentimentos que por ali passam. Considerações finais: O filme é carregado de uma história muito forte que retrata emoções, superação, amizade, cuidado e vida. E, mesmo conhecendo a inabilidade do cuidador, e do pouco conhecimento sobre as limitações do seu paciente, ainda acreditamos que o mesmo pôde lhe oferecer um ponto de vista diferente sobre a sua condição. E nisso, a relação dos dois se construiu em alguém que ajuda em todo e a qualquer momento sem demonstrar pena ou piedade pelo seu cliente, capaz de oferecer autonomia e domínio sobre suas ações, sobretudo em suas relações interpessoais.

6697 O USO DE PORTFÓLIO COMO METODOLOGIA DE ENSINO E APRENDIZADO PARA COMPREENSÃO DAS DIMENSÕES DO CUIDADO EM ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Lais Sousa da Silva, Renata Oliveira Caetano, Daniel Reis Correia, Débora Mol Mendes, Lara Lelis Dias, Thais Bitencourt Faria, Beatriz Santana Caçador

O USO DE PORTFÓLIO COMO METODOLOGIA DE ENSINO E APRENDIZADO PARA COMPREENSÃO DAS DIMENSÕES DO CUIDADO EM ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Lais Sousa da Silva, Renata Oliveira Caetano, Daniel Reis Correia, Débora Mol Mendes, Lara Lelis Dias, Thais Bitencourt Faria, Beatriz Santana Caçador

Apresentação: A utilização de portfólios como metodologia ativa de ensino-aprendizagem tem sido um recurso amplamente explorado no meio acadêmico, a fim de servir como base e norteamento durante os estudos dos discentes perante a algum tema/assunto. Esses são elaborados como forma de organizar os relatórios, feitos pelos alunos durante o semestre, referentes às aulas práticas e teóricas com o intuito de condensar as experiências vivenciadas com as atividades propostas. Ademais, o portfólio é um instrumento que acompanha o desenvolvimento da disciplina, sendo fundamental na aproximação dos alunos com o seu grupo e com os professores responsáveis, contribuindo na relação da teoria com a prática, além de utilizar dos métodos científicos ao saber buscar evidencias na literatura que comprovem o estudo que será aplicado e, por último, funcionar como direcionamento para organizar, planejar e tracejar metas dentro do âmbito do trabalho em equipe. O objetivo da confecção desse trabalho foi despertar um pensamento reflexivo dos estudantes quanto às dimensões do cuidado em enfermagem que foram discutidas durante o decorrer das aulas teóricas do segundo semestre de 2019 e, enquanto isso, os mesmos foram responsabilizados por elaborar um projeto de educação em saúde, a partir dos temas abordados, os quais foram aplicados nas práticas educativas. Outrossim, foi deliberado aos graduandos, a liberdade para complementação do portfólio, por meio da aplicação de recursos como poemas, poesias, músicas, citações literárias e decorações referentes ao ciclo de vida estabelecido. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência vivenciado pelos discentes do segundo período de enfermagem, da Universidade Federal de Viçosa, durante a disciplina de Enfermagem, Saúde e Sociedade II, na qual eles foram divididos em cinco grupos com seus professores e ciclos de vida: Gestantes, Crianças, Adolescentes, Adultos e Idosos. Estes foram distribuídos em diferentes locais dentro da cidade de Viçosa-MG, sendo eles a Unidade Básica de Saúde de Cachoeira de Santa Cruz, a Escola Municipal Pedro Gomide Filho, a Escola Estadual Effie Rolfs, o Centro Estadual de Atenção Especializada (CEAE) e a Unidade Básica de Saúde de Barrinha, respectivamente. Foram realizados projetos de educação em saúde com os públicos-alvo citados, durante o período, tendo em vista os eixos do cuidado na enfermagem, a partir das seguintes aulas teóricas. Iniciou-se a matéria com o tema “As dimensões do cuidar em enfermagem: Interfaces com a identidade social”, o qual nos apresentou os cinco aspectos do processo de trabalho em enfermagem: assistir, administrar, ensinar, pesquisar e participar politicamente.  Na segunda aula, foi abordada a “Promoção da saúde: Aproximações teóricas e implicações para a prática do enfermeiro” em que fizemos o estudo por meio de artigos, o qual foi compartilhado em uma roda de conversa com algumas reflexões sobre as desigualdades existentes no Brasil e os obstáculos para a promoção da saúde. Na seguinte, discutimos sobre “A prática educativa como dimensão do cuidar em enfermagem” por meio da leitura prévia do livro “Pedagogia da autonomia”, de Paulo Freire, e elaboramos um mapa conceitual a respeito da educação na transmissão do saber e da autonomia ao cliente na promoção de saúde. Na quarta aula, por sua vez, estudamos sobre “Comunicação em saúde”, nela foi solicitada a leitura de alguns artigos sobre temas de comunicação não verbal e o uso de protocolos para transmissão de más notícias, na qual utilizamos da metodologia de simulações realísticas para evidenciar a importância da comunicação efetiva entre o profissional e o cliente/família. Nas duas próximas aulas, tratamos acerca do contraste existente entre “As dimensões gerencial e assistencial no processo de cuidar em enfermagem” nas quais aprendemos sobre tais aspectos, a partir de palestras realizadas por um enfermeiro auditor da Secretária Municipal de Saúde que nos contou sobre a sua atuação no âmbito burocrático da gerência, e de uma enfermeira assistencialista da UTI do Hospital São João Batista que detalhou alguns exemplos sobre a gerência no processo do cuidado. Na sétima aula, conhecemos a “Dimensão política na enfermagem” a qual foi ministrada pelos representantes do Centro Acadêmico de Enfermagem da UFV que reforçaram a ideia de como deve ser a nossa postura e ação, tanto como estudantes quanto profissionais, em que exigem engajamento político e reflexivo. Por fim, na última aula teórica intitulada como “Dimensão da pesquisa no processo de cuidar” visualizamos a importância do embasamento científico para o exercício da enfermagem. Resultado: A partir de toda a sustentação teórica adquirida, fomos capazes de fomentar caminhos para a construção dos projetos de educação em saúde. A princípio, os grupos foram destinados ao ambiente estipulado, de acordo com os seus ciclos de vidas estabelecidos, com o intuito de conhecerem o local, a equipe e o público-alvo para que, a partir de visitas, pudessem identificar as fragilidades e necessidades do meio e traçarem, assim, intervenções, além de criar vínculo com os indivíduos que participariam do trabalho. Após realizar o reconhecimento do contexto, discutimos, em sala de aula, por meio de uma aula protegida sobre as possíveis temáticas intervencionistas a serem abordadas nos ciclos de vida. Por conseguinte, os grupos se organizaram para apresentar as ideias tratadas para ao restante dos alunos, a fim de realizar uma troca de experiências que serviu para fornecer um primeiro contato com os avaliadores, o que permitiu uma visão crítica e construtiva pelo ponto de vista da turma e dos professores. Isto é, conseguimos promover uma interação entre o idealizado, a expectativa e a realidade de cada ciclo trabalhado. Por fim, salientamos que todos os grupos conseguiram concretizar o que foi idealizado para o projeto, atingindo as dimensões do cuidar em enfermagem estudadas ao longo do semestre. Além disso, apesar das diferenças entre cada público, os grupos conseguiram se adequar ao facilitarem a linguagem de acordo com o contexto, fazendo com que os participantes compreendessem o conteúdo exposto e a finalidade desse processo de ensino-aprendizagem. Considerações finais: Com o uso da metodologia ativa de avaliação, por meio do portfólio, foi perceptível a evolução dos alunos durante a confecção do mesmo, o qual facilitou mensurar os resultados alcançados e refletir sobre a teoria efetivada na prática e baseada em evidências. Vale ressaltar a importância de se utilizar tal ferramenta para o trabalho em equipe, em busca de tornar toda a produção intelectual palpável, possibilitando e incentivando que a sua elaboração seja livre e criativa.

6700 ECOSAÚDE: VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL EM SAÚDE AMBIENTAL COM GRADUANDOS DE ENFERMAGEM
Ingrid Souza, Marcela Moniz, Thiago Louro, Beatriz Rocha, Isabelle Vieira, Sarah Garcia, Rafaela Moraes, Sthefany Suzana

ECOSAÚDE: VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL EM SAÚDE AMBIENTAL COM GRADUANDOS DE ENFERMAGEM

Autores: Ingrid Souza, Marcela Moniz, Thiago Louro, Beatriz Rocha, Isabelle Vieira, Sarah Garcia, Rafaela Moraes, Sthefany Suzana

Apresentação: As mudanças curriculares nos projetos políticos-pedagógicos dos cursos de graduação em Enfermagem no Brasil com vistas ao preparo de enfermeiros para atuação no campo da saúde ambiental ainda são pontuais, fragmentadas e discretas. Há necessidade da aplicabilidade de novas propostas de práticas de ensino que busquem colocar o educando como protagonista do processo de aprendizagem, e, assim, subsidiar a incorporação de valores do paradigma socioambiental ao cuidado em saúde pelo enfermeiro. Desse modo, este estudo teve por objetivo descrever o processo de validação de conteúdo de uma tecnologia educacional produzida para o ensino sobre a relação entre saneamento ambiental e saúde pública para graduandos de enfermagem. Desenvolvimento: Trata-se de estudo metodológico, de natureza qualiquantitativa. Para investigação sobre os conhecimentos dos estudantes e o desenvolvimento metodológico da Tecnologia Educacional (TE) denominada Ecosaúde foi conduzido o método da pesquisa participante e o emprego da técnica World Cafe. A coleta de dados ocorreu em dois momentos distintos, a saber: no mês de setembro de 2017 com a turma 1 e no mês de maio de 2018 com a turma 2 em sala de aula com duração média de 2 horas. O estudo de caso e as questões propostas aos estudantes foram elaboradas pelos pesquisadores/ moderadores do café com base em uma situação de saneamento básico inadequado diagnosticada em uma pesquisa prévia realizada com uma equipe de saúde da família de um território próximo à universidade. As questões utilizadas no estudo foram: Quais ações de promoção de saúde e prevenção de doenças podem ser realizadas pelo enfermeiro nesse cenário? Você incluiria algum outro efeito à saúde como consequência do saneamento ambiental inadequado? Qual? Justifique. As falas gravadas do grande grupo foram transcritas e em conjunto com os comentários escritos de cada grupo e os registros de campo, os dados foram interpretados e alinhados para o surgimento das unidades de significação e de contexto, à luz da análise de conteúdo na modalidade temática. Houve a codificação temática em categorias a fim de identificar os temas comuns nas respostas de cada questão. As categorias temáticas foram discutidas pelos pesquisadores até alcançarem o consenso. Após o término do desenvolvimento da TE, foi aplicado aos estudantes o instrumento de validação, um questionário organizado conforme a escala de Likert, com três blocos contendo itens avaliativos referentes aos objetivos, estrutura/ organização e motivação do conteúdo do processo educativo. O bloco I foi composto por 5 itens avaliativos, o bloco II por 12 itens e o bloco III por 5 itens. A escala de valoração variou de 1 (Totalmente Adequado- TA), 2 (Adequado- A), 3 (Parcialmente Adequado- PA) e 4 (Inadequado- I). Houve também a avaliação do índice de concordância de cada item com o valor mínimo proposto pela literatura para a maioria das respostas de 70%, considerando os valores maiores 1 e 2. Os dados da fase de validação foram tabulados utilizando o programa SPSS versão 21.0. O estudo é parte integrante do projeto: Educação Ambiental e Enfermagem: caminho para a ética, a sustentabilidade e a promoção da saúde, desenvolvido pelo grupo PET Enfermagem da Universidade Federal Fluminense do campus Rio das Ostras, e que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa desta Universidade em fevereiro de 2017, sob o número de parecer 1.934.809. Resultado: / Resultado: Participaram 23 graduandos de enfermagem (10 da turma 1 e 11 da turma 2) com idade compreendida entre 18 a 35 anos. Emergiram três categorias: Descobrindo o problema ambiental e pensando nas soluções; Identificando os riscos à saúde; e validação da ECOSAÚDE. Observou-se no presente estudo, que houve limitação do conhecimento dos estudantes sobre os serviços que abrangem o saneamento, o papel do enfermeiro neste contexto e os tipos de morbidades que poderiam ser desencadeadas pelo saneamento inadequado nas populações estudadas. Os participantes perceberam que as ações de educação ambiental são fundamentais para estimular a mudança de atitudes humanas em relação à participação social e a busca pelos direitos ao saneamento e à saúde. Assim, no contexto de formação em enfermagem, depreende-se que sejam incluídas metodologias problematizadoras da realidade para educação ambiental nas universidades, visando estimular a motivação e a reflexão do aluno sobre questões contemporâneas socioambientais, de sustentabilidade e de saúde humana. Em relação à validação da TE, concluiu-se que a Ecosaúde alcançou seus objetivos de impactar positivamente na formação profissional do público-alvo; de atender aos objetivos do público-alvo; e de estar adequada para ser usada por qualquer docente que trabalhe com o público-alvo. No bloco dos objetivos, referentes aos propósitos, metas ou fins que se deseja atingir com a utilização da tecnologia, verificou-se que os escores TA e A somaram-se 55, ou seja, 100% das respostas foram válidas e 55 (88%) foram para TA e A. Quanto ao índice de concordância nesse bloco, foi obtido 0,90 para o maior índice e 0,85 para o menor índice. No bloco organização, referente a forma de apresentar as orientações, incluindo organização geral, estrutura, estratégia de apresentação, coerência e formatação, verificou-se que os escores TA e A somaram-se 107, ou seja, 100% das respostas foram válidas e 107 (89%) foram para TA e A. Quanto ao índice de concordância nesse bloco, foi obtido 1,0 para o maior índice e 0,7 para o menor índice. No bloco motivação, referente ao grau de significação da TE e à capacidade do processo educativo causar impacto, motivação e interesse, verificou-se que os escores TA e A somam-se 85, ou seja, 100% das respostas foram válidas e 85 (87%) foram para TA e A. Quanto ao índice de concordância nesse bloco, foi obtido 0,95 para o maior índice e 0,7 para o menor índice dos itens avaliados. Considerações finais: Os resultados apontam usabilidade da tecnologia e boa capacidade de gerar interação para aprendizagem sobre a questão do saneamento básico e sua ressonância na saúde das populações. Assim, a estratégia comunicativa em saúde ambiental desenvolvida alcançou seu objetivo de romper uma prática educativa baseada em uma metodologia meramente informacional e instrumental e buscou produzir discussões relativas às necessidades humanas, à percepção e à atitude ambiental e às ações de promoção da saúde em contextos que se estendem pelos territórios do nível local até o regional e global.

6703 ANÁLISE LITERÁRIA DO LIVRO PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE RELACIONADA À PRÁTICA EDUCATIVA COMO DIMENSÃO DO CUIDAR EM ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Daniel Reis Correia, Renata Oliveira Caetano, Júnia Gabriela Monteiro Campos, Débora Mol Mendes, Giselle Oliveira Paiva, Lais Sousa da Silva, Beatriz Santana Caçador

ANÁLISE LITERÁRIA DO LIVRO PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE RELACIONADA À PRÁTICA EDUCATIVA COMO DIMENSÃO DO CUIDAR EM ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Daniel Reis Correia, Renata Oliveira Caetano, Júnia Gabriela Monteiro Campos, Débora Mol Mendes, Giselle Oliveira Paiva, Lais Sousa da Silva, Beatriz Santana Caçador

Apresentação: Na perspectiva do enfermeiro de atenção básica, o profissional deve ser um agente transformador, investindo em promoção de saúde e incentivando a participação da comunidade nas redes de atenção à saúde, sendo elas, primária, secundária e terciária. Para isso, deve-se compreender o contexto cultural no qual o indivíduo está inserido para que haja um processo contínuo de aplicabilidade e, consequentemente, a formação de um pensamento crítico. No cotidiano da enfermagem, a educação é um dos meios de prática do cuidado, a qual visa à mudança pelo desenvolvimento da autonomia do paciente perante o seu estado de saúde. Isto é, provendo métodos para diminuir as lacunas do conhecimento na equipe, nos indivíduos, na comunidade, na deficiência em práticas de autocuidado, nas dificuldades de adesão a tratamentos e planos terapêuticos e na fragilidade no início de um novo ciclo de vida. Logo, os graduandos do segundo período do curso de enfermagem, da Universidade Federal de Viçosa, foram convidados a fazer uma leitura reflexiva do livro “Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à prática educativa” e, a partir disso, fazer uma análise utilizando a metodologia de Paulo Freire dentro do contexto do enfermeiro de uma unidade básica de saúde, visando à transferência de conhecimento de forma horizontal sobre os acontecimentos que envolvem o processo saúde-doença-cuidado. Os objetivos propostos pela aula ministrada almejavam mobilizar os alunos a conhecer os paradigmas da educação, compreender a importância do processo educativo para romper padrões e oferecer direcionamentos práticos sobre a aplicação do autocuidado. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência, vivenciado no dia 02 de Setembro de 2019, em uma aula teórica da disciplina Enfermagem, Saúde e Sociedade II, a qual teve como temática a prática educativa como dimensão do cuidar em enfermagem. Para isso, foi designado aos discentes realizar uma leitura prévia do livro proposto e levar reportagens, artigos e relatos reais sobre práticas de promoção de saúde para a sala de aula. A princípio, foi aberta a discussão em uma roda de conversa, para os alunos exporem os materiais pesquisados e suas experiências, tanto positivas quanto negativas, sobre o eixo educativo. Em seguida, os estudantes discutiram acerca da leitura do livro, o qual foi dividido entre os grupos que ficaram responsáveis por responder algumas perguntas relacionadas ao tema, como: “Para que ensinar?”, “O que ensinar?”, “Quem ensina?”, “Para quem se ensina?”, “Como se ensina?” e “Sob que condições se ensinam e se aprende?”. Por fim, cada grupo confeccionou e apresentou um mapa conceitual, em forma de cartaz, representado em diagramas, indicando as relações entre o conceito de aprendizagem e de educação com base no que foi proposto. Majoritariamente, na composição dos mapas, destacaram-se as palavras-chave motivação, disposição, possibilidade de mudança, ética, criatividade, determinação, autonomia, liberdade, desafio, posicionamento, aplicabilidade, respeito, solidariedade, sensibilidade, postura crítica, diálogo, altruísmo e transformação social. Indicando, assim, o interesse da turma na valorização do tema referido. Resultado: Com a atividade estipulada, os alunos puderam absorver alguns conceitos sobre a prática educativa e como aplicá-la no âmbito profissional. Identificamos na literatura que o ensino é uma troca, ou seja, o professor aprende com o aluno assim como o aluno aprende com o professor. O ensino exige ética, além do incentivo a criatividade, a curiosidade e ao pensamento crítico. Por conseguinte, os graduandos tiveram um primeiro contato com algumas das realidades do enfermeiro na sua prática de trabalho na atenção primária, o que gerou uma reflexão de como funciona o processo de educação e como deve funcionar a prática de educar. Além disso, nos sensibilizou na forma de como devemos agir como profissionais para lidarmos com nossos clientes no futuro e expandir nosso conhecimento e cuidado por intermédio da promoção de saúde. O educador deve ser um mediador e estar sempre disposto a ouvir e a aprender, incentivando e mostrando, na prática, o que foi ensinado e aprendido. Assim, o educando começa a atribuir sentido e a se sentir pertencente do processo de autocuidado. Isto é, por meio de uma transmissão horizontal do saber, respeitando a autonomia e a dignidade da pessoa, considerando os saberes prévios dos pacientes, os quais exigem o reconhecimento da identidade cultural, proporcionando condições aos usuários, famílias e/ou comunidades para se assumirem como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador e realizador de sonhos. Logo, algumas estratégias de metodologias ativas foram atingidas pelos discentes, dentre elas: provocar o pensamento crítico, a reflexão e a construção das ideias a partir dos conhecimentos prévios dos alunos; sempre perguntar antes de abordar um conteúdo; técnicas didáticas que coloquem os participantes em movimento; atender a demanda do público que viverá a atividade educativa; aproximação dos estudantes a partir do trabalho em equipe; utilizar linguagem simples e acessível. Assim, entendemos que saúde exige compreender o cuidado como forma de intervenção no mundo e de convicção de que é possível uma mudança no estado de saúde, sendo esta feita com alegria e esperança. Considerações finais: Portanto, conclui-se que há importância nas práticas educativas de saúde, estas são exemplificados na necessidade de se adequar a linguagem de acordo com o público-alvo, ter postura, respeitar o conhecimento prévio de cada pessoa, entender a comunidade em que ela está inserida e transmitir de forma clara e objetiva os cuidados, para que as pessoas possam compreender e, assim, aderir ao tratamento que lhe foi atribuído. Dessa forma, ensinar não se refere apenas a uma transferência de conhecimento, mas sim a ter um olhar holístico sobre a condição do enfermo e o ambiente no qual este está inserido. Isto é, o profissional de saúde deve ter discernimento dos determinantes sociais de saúde da comunidade para que possa intervir adequadamente na vida das pessoas, tendo em mente todos os possíveis devaneios existentes dentre as situações de saúde-doença dos indivíduos. Assim, denota-se a importância dessa análise literária para um curso das ciências biológicas, ao reposicionar os graduandos nessa duplicidade de perspectivas, os estudantes como educandos e os estudantes como educadores. Papéis que serão necessários durante a graduação e a vida de todo profissional da enfermagem que implica ter força de vontade, humildade e criatividade para, assim, poder ser revolucionário.

6734 PERCEPÇÃO DE DISCENTES DE ENFERMAGEM ACERCA DO ESTÁGIO MULTICAMPI SAÚDE EM ABAETETUBA – PARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Jennifer Karen Ferreira Macena, Nabila Arianne Azevedo Gomes, Késsia Ailly Santos Hayase, Aline Barros Barbosa, Hilma Solange Lopes Souza

PERCEPÇÃO DE DISCENTES DE ENFERMAGEM ACERCA DO ESTÁGIO MULTICAMPI SAÚDE EM ABAETETUBA – PARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores: Jennifer Karen Ferreira Macena, Nabila Arianne Azevedo Gomes, Késsia Ailly Santos Hayase, Aline Barros Barbosa, Hilma Solange Lopes Souza

Apresentação: O Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança - Estágio Multicampi Saúde, vinculado à Pró-reitoria de Extensão, é voltado para o atendimento à comunidade, em especial na saúde infantil, com ações de ensino, prevenção e atendimento realizados por acadêmicos, possuindo apoio de preceptores, que são profissionais inseridos nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), responsáveis pela equipe da sua unidade. O programa conta com a participação de alunos de dez cursos da Universidade Federal do Pará (UFPA), os quais são integrados no processo de interprofissionalidade do cuidado nos serviços da Atenção Básica (AB) e tem como principais objetivos a Promoção da Atenção Integral à Saúde da Criança a partir da articulação entre o SUS e a Instituição de Ensino e da integração ensino-serviço-comunidade, visando a multiprofissionalidade e interprofissionalidade do cuidado nos serviços de Atenção Básica, a fim de reduzir a morbimortalidade infantil, além de qualificar a formação profissional dos acadêmicos e profissionais de acordo com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no SUS. A PNAISC estabelecida pela Portaria GM/MS nº 1.130, de 5 de agosto de 2015, está estruturada em princípios, diretrizes e eixos estratégicos que norteiam e orientam esta política, bem como os seus gestores e trabalhadores. Essa política tem como objetivo a promoção e proteção da saúde da criança e o aleitamento materno, considerando toda a complexidade e desafios que afetam a morbimortalidade na atualidade. Para tal, constitui-se sobretudo, o compromisso do poder público de todos os municípios e estados/DF, juntamente com os profissionais de saúde, sociedade, comunidade científica e universitária, para alcançar o objetivo da PNAISC em todo o território brasileiro. Os programas de extensão universitária tornam-se essenciais quando mostram a importância que sua existência traz para as relações entre acadêmicos, instituição e comunidade. A aproximação e a troca de experiências entre professores e alunos, juntamente com a população, consolida o processo de ensino-aprendizagem, trazendo consigo a necessidade do confronto da teoria com a realidade. Desta forma, o Programa de Capacitação em Atenção à Saúde da Criança, configura-se como extremamente relevante, justificado por sua contribuição tanto para a população que depende dos serviços do SUS como para os acadêmicos que necessitam da oportunidade de adquirir conhecimentos, não somente vinculada a teoria, mas também da prática proveniente da imersão na realidade. Para tanto, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem a partir da percepção acerca do estágio multicampi saúde em Abaetetuba-Pará. Desenvolvimento: O projeto foi pensado para atender alguns municípios do estado do Pará, ao longo do período de 1 ano, sendo que na capital - Belém - será executado em tempo integral, já nos demais municípios - Abaetetuba, Castanhal, Soure, Bragança e Cametá - apenas no período de 3 meses. A cada mês, é lançado um edital de seleção, sendo que os acadêmicos que atendem aos critérios para preenchimento das vagas, são previamente capacitados pela Secretaria Estadual de Saúde do Pará (SESPA). No mês de dezembro, iniciou o projeto em Abaetetuba, interior do Estado do Pará, onde em 2019 estimou-se cerca de 157,698 habitantes no município. Estudantes com auxílio financeiro da UFPA, viajaram cerca de 2h por meio do sistema rodofluvial para iniciar as atividades, com duração de um mês, de segunda à sexta, oito horas por dia, totalizando quarenta horas semanais. Participaram ao total 17 acadêmicos dos cursos de enfermagem, odontologia, nutrição, psicologia e serviço social. De imediato, os alunos foram proporcionalmente divididos em equipes, de acordo com a necessidade de cada unidade, para atender quatro Estratégias de Saúde da Família (ESF) situadas na zona urbana do município. Entre as atividades propostas pelo projeto, incluíam-se a implementação do correto preenchimento da caderneta da criança durante todas as consultas de avaliação do crescimento e desenvolvimento infantil, a realização de consultas a todos os usuários que compareciam a ESF e a escolha de uma criança guia para realização de condutas com a finalidade de atender todas as suas necessidades e de sua família, sendo essas condutas detalhadamente planejadas através da elaboração de um plano de ação baseado nas observações durante as consultas e visitas domiciliares à criança. Resultado: De maneira geral, o projeto de extensão trouxe inúmeras contribuições para os municípios em que foi executado, dentre as quais, destaca-se a oferta de atendimento aos usuários em uma perspectiva multiprofissional, interprofissional e transprofissional. Na prática, isso favoreceu a otimização dos atendimentos, trazendo um maior potencial resolutivo para os usuários e uma maior fluidez para a rotina da unidade. Ademais, o projeto reforçou a dimensão da educação, seja ela permanente ou continuada, propiciando a discussão de demandas do serviço e dos usuários. Em outro contexto, os acadêmicos puderam adquirir experiências ao ponto de se tornarem mais seguros para efetuar determinadas atividades, como, realizar consultas integrais e humanizadas,  habilidades em se comunicar efetivamente com a comunidade através das ações educativas e flexibilidade diante as adversidades enfrentadas durante o dia a dia das ESF. Além disso, tiveram a oportunidade  de conhecer a realidade de saúde do município, através de visitas técnicas a vários estabelecimentos de saúde - Unidade Básica de Saúde Fluvial, Centro de Atenção Psicossocial, vigilância sanitária e ambiental -  e visita a comunidades ribeirinhas e quilombolas, o que possibilitou uma impressão mais apurada das especificidades locais. Considerações finais: O cenário da AB é essencial para contribuir na formação de profissionais de saúde, críticos e reflexivos sob a ótica da humanização, preparados para atuar em equipe de acordo com as necessidades dos usuários do SUS e dos serviços de saúde, pois é considerada a base para a efetivação da integralidade do cuidado, e o programa consegue diminuir o distanciamento entre a teoria construída na formação acadêmica e as verdadeiras necessidades dos usuários. A imersão dos alunos permite um aprendizado diversificado que contempla dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas, o que beneficamente descarta do acadêmico as oportunidades limitadas ao conhecimento teórico de condutas e procedimentos e contribui para o desenvolvimento de uma visão diferente do usuário, passando a avaliá-lo como um ser que possui necessidades biopsicossociais, uma vez que o discente passa a valorizar aspectos sociais e econômicos. Além disso, impulsiona os acadêmicos a desenvolverem ações inovadoras que possam contribuir para o enfrentamento de limitações e para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, já que a experiência proporcionada pelo estágio apresenta a realidade, e esta, por sua vez, instiga os futuros profissionais a construírem novas formas de intervenção, dessa forma, contribui para o seu amadurecimento pessoal e profissional e para uma postura diferenciada frente às diretrizes do SUS.

6739 INTEGRAÇÃO BÁSICO CLÍNICA NA DISCIPLINA DE ANATOMIA NA ESCOLA MÉDICA
Paula Ingrid Alves da Silva, Noélly Maura de Jesus Guimarães, Larissa Santiago de Freitas, Vivian de Oliveira Sousa Corrêa

INTEGRAÇÃO BÁSICO CLÍNICA NA DISCIPLINA DE ANATOMIA NA ESCOLA MÉDICA

Autores: Paula Ingrid Alves da Silva, Noélly Maura de Jesus Guimarães, Larissa Santiago de Freitas, Vivian de Oliveira Sousa Corrêa

Apresentação: As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação médica propõem a interação ativa do aluno com a população desde o primeiro ano de graduação, proporcionando ao estudante refletir sobre problemas reais, assumindo responsabilidades compatíveis com seu grau de autonomia. Dessa forma, o presente trabalho originou-se da disciplina de Anatomia inserida em Biologia para a Saúde I, componente curricular do 1° período do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus Macaé (UFRJ). A partir de sua metodologia ativa foi possível aproximar o estudante do ciclo básico com casos reais, a fim de instigar a capacidade de raciocínio e a consolidação da aprendizagem de anatomia. O objetivo foi promover a integração dos estudos realizados em sala de aula ao longo do período por meio da análise de um caso clínico oriundo do Hospital Público de Macaé. Assim, através de uma metodologia de aprendizagem ativa, é possível que o estudante também seja o agente produtor de conhecimento ao debater em grupos de 2 a 3 alunos sobre suas descobertas e, posteriormente, ensinar aos outros pela apresentação do pôster construído em conjunto aos seus pares. Relato de experiência: As estudantes realizaram uma visita hospitalar, sob a supervisão de um profissional de saúde, o qual instruiu o grupo ao acesso a prontuários e a equipe do Centro de Tratamento Intensivo – CTI. O quadro observado referia-se a um paciente de 60 anos de idade, em coma, pós-operado de hepatectomia devido a um tumor no fígado que, posteriormente, o evoluiu a óbito. Isso porque antes do procedimento cirúrgico houve uma lesão no diafragma por conta da proximidade da neoplasia ao músculo, a qual levou ao desenvolvimento de atelectasia e dispneia. Além do contato inicial com o ambiente hospitalar, o trabalho envolveu reuniões posteriores para discussões e a produção do banner, culminando na apresentação dos trabalhos propostos pela disciplina e integração com as composições de alunos dos cursos de Enfermagem e Nutrição. Reflexão sobre a experiência: Durante o 1° período, na disciplina de Anatomia, através da realização desse trabalho, as acadêmicas vivenciaram a integração básico-clínico no aprendizado do conteúdo teórico. Ademais, é importante salientar a observância das DCNs, permitindo a habituação com o ambiente hospitalar e o desenvolvimento de uma postura adequada a esse local. Considerações finais: As estudantes assimilaram a ação dos músculos envolvidos durante a inspiração/expiração não patológica e a sobrecarga deles durante a respiração forçada, em um trabalho alicerçado em metodologia ativa que promoveu a “capacidade de compreensão, integração e aplicação dos conhecimentos básicos na prática profissional” prevista nas DCNs. 

6755 FEIRA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CERRADO BAIANO: UMA EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE RURAL
Tarcisio Joaquim de Souza, Ítalo Ricardo Santos Aleluia

FEIRA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO CERRADO BAIANO: UMA EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO-COMUNIDADE PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE RURAL

Autores: Tarcisio Joaquim de Souza, Ítalo Ricardo Santos Aleluia

Apresentação: O protagonismo do estudante de medicina deve ser explorado desde o início de sua graduação, visto que essa habilidade transpassa a formação unicamente técnica, sendo de suma importância na construção de futuros profissionais mais dinâmicos e capazes de resolver situações-problema com maior celeridade. Conseguintemente, deve-se ter uma base curricular que fomente esse ímpeto nos discentes. Uma das formatações válidas para tal é a inserção do estudante no contexto de saúde-doença-cuidado nos territórios comunitários. A experiência ocorreu em outubro de 2019, na comunidade de Chaprão, zona rural do Município de Cristópolis/BA. Participaram discentes do curso de Medicina da Universidade Federal do Oeste da Bahia, profissionais da Estratégia Saúde da Família, gestores da Secretaria Municipal de Saúde e comunidade. As ações educativas foram elaboradas a partir do referencial teórico de Paulo Freire, que serviu de subsídio para o planejamento das técnicas pedagógicas a serem implementadas. O processo educativo se estruturou de forma dialógica, horizontal e protagonizado entre os estudantes e a participação comunitária na construção de novos sentidos em saúde. As temáticas discutidas foram organizadas em grupos de quatro a cinco discentes, que desenvolveram ações educativas referentes à Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), câncer de mama, alimentação saudável, alcoolismo e tabagismo, depressão e ansiedade, planejamento familiar, hipertensão e diabetes. Os temas foram abordados com a inclusão direta da comunidade em vivências atrativas e dialógicas. Pode-se citar os jogos (quiz) sobre mitos e verdades do aborto; experiências sensoriais sobre o corpo (“se toque”) e mente (“simulação sobre a mente depressiva”); vivências visuais sobre os efeitos do cigarro, da hipertensão e diabetes sobre o corpo humano, com uso de materiais reciclados; e cenário simulado sobre IST com “dinâmica do fluxo de contatos”. Também foram ofertados diversos serviços, como consultas de Medicina de Família e Comunidade, testes-rápidos para IST, aferição da tensão arterial e de glicemia, serviços de regulação de exames, dispensação de medicamentos, imunização e atendimentos odontológicos, realizados por profissionais da SMS. A vivência permitiu aos discentes criar e planejar suas metodologias educativas em saúde, propiciando maior autonomia e reafirmação como sujeitos construtores de um conhecimento alinhado ao contexto cultural e social da comunidade. As dinâmicas proporcionaram forte interação entre os acadêmicos e os usuários, ocorrendo uma quebra do estigma do “médico desumano” e, principalmente, a troca e construção compartilhada de saberes em saúde. A inserção na comunidade de contexto rural gerou importantes reflexões acerca das iniquidades em saúde ali presentes e das possíveis estratégias para superá-las, permitindo uma integração que fortaleceu a formação dos discentes e a relação discentes-profissionais-gestão-comunidade. A feira de saúde se mostrou como importante ferramenta na concretização do pressuposto acadêmico da formação médica humanizada e orientada pelas problemáticas e necessidades de saúde do território, aliada a dois pilares fundamentais: o ensino e a extensão. A experiência possibilitou aos discentes o trabalho em grupo e o reconhecimento dos determinantes do processo de saúde-doença-cuidado e uma aprendizagem no contexto real do serviço e do cenário rural.

6837 PARTICIPAÇÃO DE GRADUANDOS DE ENFERMAGEM EM UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL: APRENDER A SER, CONHECER, FAZER E VIVER
Isabelle Vieira S. de Souza, Marcela de Abreu Moniz, Lourdes Maria Nunes de Almeida, Beatriz Cristina de Oliveira Rocha, Brenda Lima de Moraes, Rafaela Lima de Moraes, Sarah Garcia Naslausky, Sthefany Suzana Dantas da Silveira

PARTICIPAÇÃO DE GRADUANDOS DE ENFERMAGEM EM UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL: APRENDER A SER, CONHECER, FAZER E VIVER

Autores: Isabelle Vieira S. de Souza, Marcela de Abreu Moniz, Lourdes Maria Nunes de Almeida, Beatriz Cristina de Oliveira Rocha, Brenda Lima de Moraes, Rafaela Lima de Moraes, Sarah Garcia Naslausky, Sthefany Suzana Dantas da Silveira

Apresentação: A inserção de estudantes no Programa de Educação Tutorial (PET) é de fundamental importância para a ampliação de suas formações de modo a alcançar a excelência acadêmica. O PET, além de estimular a fixação de valores que reforcem a cidadania e a consciência crítico-social dos futuros profissionais, tem por objetivo formular novas estratégias de desenvolvimento e modernização do ensino superior no Brasil, por meio da realização de atividades extracurriculares orientadas pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Objetivo: Relatar a experiência de estudantes e profissionais enfermeiros ex-bolsistas do Programa sobre a contribuição do PET em suas formações acadêmicas. Método: Relato de experiência por meio de entrevista aberta a quatro graduandas de Enfermagem e duas enfermeiras formadas pela Universidade Federal Fluminense, campus Rio das Ostras, todas ex-bolsistas do grupo PET Conexões Enfermagem PURO, no mês de abril de 2019. Resultado: Todas as participantes relataram que suas atividades no grupo PET/Enfermagem foram fundamentais para suas formações profissionais, pois o programa oportunizou ações de ensino, pesquisa e extensão em suas trajetórias acadêmicas. As ex-petianas relataram que participaram de diversos eventos científicos e extensionistas relacionados ao ensino, da elaboração de artigos científicos e trabalhos acadêmicos, fato que as fizeram aproximar-se mais da dimensão da pesquisa. Ademais, as entrevistadas afirmaram que o PET propiciou momentos e espaços para a aprendizagem de valores e competências profissionais do enfermeiro tais como liderança, trabalho em equipe, comunicação, participação política e social. Considerações finais: As vivências estudantis no grupo PET/Enfermagem proporcionaram oportunidades de aprendizagem sobre questões e conteúdos contemporâneos envolvendo o cuidado primário à saúde, que os espaços curriculares formais não possibilitariam aos futuros enfermeiros.

6886 LIGAS ACADÊMICAS NA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA LIGA CATALANA DE CUIDADOS PALIATIVOS
Gabriela Ferreira Mendes, Isabela Victória Teixeira, Keytli Cardoso Paulino

LIGAS ACADÊMICAS NA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA LIGA CATALANA DE CUIDADOS PALIATIVOS

Autores: Gabriela Ferreira Mendes, Isabela Victória Teixeira, Keytli Cardoso Paulino

Apresentação: As Ligas Acadêmicas (LA) são entidades criadas e geridas por estudantes, com a participação de docentes e profissionais da área de saúde, cujo objetivo é aprofundar os estudos sobre determinada temática. Elas não pertencem aos currículos obrigatórios dos cursos, possuem horários e hierarquias mais flexíveis e se fundamentam no compromisso em promover a associação entre ensino, pesquisa e extensão. Dentre as ações desenvolvidas pelas LA, estão aulas teóricas, palestras, projetos de pesquisa, atividades na comunidade para promoção da saúde, cursos e eventos acadêmicos. A primeira Liga Acadêmica foi fundada pelo curso de Medicina da Universidade Federal de São Paulo em 1920, e desde então, houve uma expansão e crescimento dessas entidades, principalmente após as reformas curriculares feitas nos anos 2000. Em relação às motivações para frequentar as LA, os alunos elencam a aproximação com a prática profissional, a busca por conhecimentos ausentes no currículo formal, a qualificação do currículo lattes, o estímulo a autonomia do seu aprendizado e a possibilidade de desenvolver competências colaborativas a partir do contato com outros colegas, docentes e profissionais. Contudo, apesar dos benefícios citados, é preciso ficar atento para as ligas não se tornarem um local de especialização precoce dos estudantes ou espaços que tem a função de remediar falhas e defasagens de disciplinas obrigatórias dos cursos. Com o aumento das Ligas Acadêmicas e a escassa literatura abordando o assunto, faz-se necessário produzir mais pesquisas e publicar trabalhos e artigos sobre as experiências desenvolvidas em todo o país. Assim, este trabalho tem o objetivo de relatar as vivências realizadas na Liga Catalana de Cuidados Paliativos, localizada na cidade de Catalão, no Estado de Goiás, por meio de um estudo qualitativo, de análise descritiva. Desenvolvimento: A Liga Catalana de Cuidados Paliativos (LCCP) iniciou suas atividades no primeiro semestre de 2018 e é vinculada à Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão (UFG-RC), recém emancipada Universidade Federal de Catalão (UFCAT). Integrando ensino, pesquisa e extensão, o objetivo fundamental da LCCP é fomentar a discussão interdisciplinar acerca dos Cuidados Paliativos na interlocução entre a comunidade acadêmica e a comunidade externa. Objetivo: relacionados são a expansão do conhecimento no que tange à temática, a ampla troca de experiências, o desenvolvimento de pesquisas, a capacitação dos membros, a promoção de assistência de saúde humanizada, a realização de eventos científicos e a expansão da prática dos Cuidados Paliativos na rede de atenção de Catalão. Os encontros da LCCP têm periodicidade quinzenal. Cada reunião tem duração de uma hora e meia, sendo realizadas nas dependências da UFG-RC/UFCAT. Conforme o Estatuto da Liga, os participantes devem ser assíduos e podem ser discentes, docentes ou técnicos de qualquer curso de graduação, membros da comunidade externa ou profissionais de saúde de Catalão e região. Os membros devem assinar um termo de anuência coletivo em concordância com o Estatuto e sob nenhuma circunstância são remunerados na participação de ações da LCCP. As funções da diretoria se dividem em presidência, vice-presidência, tesouraria, divulgação de mídia e secretaria, ao passo que todos os membros da diretoria são corresponsáveis pela organização e desenvolvimento das ações e atividades propostas. A atual diretoria da LCCP é composta por discentes do curso de Psicologia e Enfermagem da UFG-RC/UFCAT, uma docente e uma técnica administrativa do curso de Enfermagem. Reuniões com a diretoria são previstas em frequência mensal, enquanto as reuniões de planejamento são feitas a cada semestre, sob consulta às demandas e sugestões dos membros participantes da Liga, que são estudantes dos cursos de Enfermagem e Psicologia, docentes do curso de Enfermagem e psicólogas. As ações executadas desde a fundação da LCCP foram discussões sobre temas implicados aos Cuidados Paliativos, como a espiritualidade do paciente, a utilização de Práticas Integrativas e Complementares, o papel da equipe multiprofissional, a perspectiva da Psicologia sobre a terminalidade da vida, a Capelania Hospitalar, além de palestras com profissionais da área, “Cinepaliativos” com filmes ou documentários que abordam a temática, estudos de caso, entre outras. Desse modo, os esforços realizados para a manutenção e melhoria da Liga Catalana de Cuidados Paliativos pautam-se, essencialmente, na concepção da importância do cuidado integral à saúde com vistas a uma assistência humanizada a pacientes com doenças que ameaçam a vida, assim como a promoção de uma morte digna. Resultado: Pôde-se observar ao longo das atividades realizadas pela LCCP, principalmente as discussões acerca dos Cuidados Paliativos, que estas contribuíram para a formação dos participantes. Os cursos da UFG-RC/UFCAT abordam de forma breve a temática em sua grade curricular, e a Liga mostrou-se relevante para o aprofundamento de um assunto pouco visto ao longo da graduação, além de aproximar os membros da realidade da área através das palestras profissionais que contemplaram a experiência prática do trabalho. Além disso, o caráter interprofissional da Liga resulta no compartilhamento das diferentes estratégias de atuação que se completam e auxiliam no objetivo de manter um olhar integral sobre os pacientes. Outra metodologia que colaborou para a maior interação entre os membros foram os estudos de casos, que colocaram os participantes da LCCP de diferentes profissões para pensar em conjunto as problemáticas de cada situação. Ademais, os “Cinepaliativos” possibilitaram o contato com diversas histórias, estratégias de cuidado e ações existentes em outros locais. Este contato foi responsável pela percepção de outros temas que devem ser trabalhados pela Liga, bem como ações que podem beneficiar o município. Contudo, a LCCP também possui dificuldades. A diretoria passou por uma recente troca de membros e houve uma queda com relação ao número de participantes ativos durante o segundo semestre de 2019, o que pode estar relacionado com o horário, acúmulo de atividades e/ou interesse no tema. Além disso, há pouca integração de outros cursos da saúde, como Medicina e Educação Física, o que acaba limitando as reflexões às perspectivas da Enfermagem e da Psicologia. Por fim, a extensão e promoção de eventos são pontos que ainda não foram explorados, uma vez que o município de Catalão não conta com equipes específicas de Cuidados Paliativos. Considerações finais: Através do exposto, observa-se que as Ligas Acadêmicas contribuem na formação dos estudantes da área da saúde, pois constituem uma possibilidade dos discentes estudarem temas de seu interesse com maior autonomia, entrar em contato com os profissionais da rede e também com a população, através da união entre pesquisa, ensino e extensão. Com relação à LCCP, considera-se que esta vem alcançando resultados na área de ensino e pesquisa, proporcionando maior conhecimento aos membros da comunidade acadêmica. Porém, ressalta-se a necessidade de incluir ações de extensão não só para aperfeiçoar a formação acadêmica dos membros, como também para expandir os Cuidados Paliativos à população. Outras ações que são necessárias na LCCP são a promoção de eventos e também a parceria com profissionais da rede de saúde, uma vez que deve-se investir na divulgação do que são os Cuidados Paliativos e sua importância. Ademais, ressalta-se que incluir a interprofissionalidade na Liga Acadêmica configura um espaço de constante aprendizado, por meio do estímulo ao trabalho em equipe, formulação conjunta de ações de cuidado e o respeito e reconhecimento ao trabalho de todos os profissionais de saúde.

6899 A MONITORIA COMO FERRAMENTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS
Darciane Da Silva Ferreira, Laressa Silva, Karla Vidal De Sousa, Ingrid Tavares Cardoso

A MONITORIA COMO FERRAMENTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DE ENFERMEIROS

Autores: Darciane Da Silva Ferreira, Laressa Silva, Karla Vidal De Sousa, Ingrid Tavares Cardoso

Apresentação: A Enfermagem foi vista durante anos como uma profissão de caráter solidário, com a utilização de conhecimentos empíricos. Com a conquista de direitos sindicais relacionados à área, houve a transição da enfermagem complacente para o meio científico, nas modalidades do ensino técnico e superior. Dentro deste último, há o advento de recursos para o fortalecimento das práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem. Dentre elas, o programa de monitoria consiste em um recurso pedagógico com atividades realizadas por alunos, visando esclarecer dúvidas e prestar orientações quanto às atividades teóricas-práticas. As Instituições de Ensino Superior têm utilizado o programa de monitoria como forma de apoio aos estudos, que permite a aproximação dos estudantes com o monitor, seja por apresentar horários flexíveis, ou por uma dinâmica com linguagem mais informal. Esse processo contribui para o próprio monitor, uma vez que propicia a consolidação de saberes, integração e vínculo com os demais discentes, incentivo à produção científica e a estimulação ao magistério, visto que há a aproximação o aluno monitor com o convívio docente. Desta forma, a monitoria representa um importante recurso para a formação da enfermagem, pois favorece uma aprendizagem mais significativa tanto para quem busca a monitoria, quanto para quem a fornece. O programa de monitorias foi constituído pela Lei nº. 9.394/1996, que estabelece o aproveitamento dos discentes da educação superior em tarefas de ensino e pesquisa dentro do seu rendimento acadêmico, de forma extracurricular e voluntária. Ademais, o Decreto Federal nº 7.416/2010 dispõe da concessão de bolsas para essas atividades, como forma de incentivo e fomento à pesquisa. A contribuição da monitoria têm perpassado a formação acadêmica, estando presente na assistência exercida como profissionais de saúde após a conclusão do curso. Esta afirmação se justifica a partir da necessidade de executar procedimentos com técnicas rigorosas a fim de resguardar o usuário de saúde. Em um cenário que requer precisão científica na terapêutica, as monitorias oportunizam um espaço onde o discente pode treinar e executar com repetição os procedimentos, capacitando-o como um profissional de excelência, para resguardar a comunidade de danos decorrentes de imperícia. Outrossim, o vínculo entre o monitor-discentes possibilita a influência dos mesmos para gerar resultados positivos no âmbito da saúde pública, visto que a partir da interação dialógica exercida, há o auxílio na superação da dicotomia entre a teoria e a prática, onde os monitores relatam aos estudantes mais inexperientes, sua experiência nos cenários de prática dentro do Sistema Único Saúde, ajudando-os a enfrentar as precariedades e as intempéries nos serviços de saúde, e assim permitindo que os mesmos exerçam cuidados pela perspectiva de uma prática clínica mais criativa. Objetivo: Considerando os fatos mencionados, o presente estudo objetiva apresentar em forma de relato, os resultados positivos alcançados pelo monitor na formação acadêmica, bem como o desenvolvimento profissional do enfermeiro. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado a partir da vivência discente na monitoria das disciplinas Bases Morfofuncionais da Vida (BAMOR), Integração Ensino Trabalho Cidadania (IETC) e Laboratório de Habilidades (LH), dentro do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESO. Os sujeitos envolvidos na pesquisa são monitores dos cenários supracitados. Tal experiência ocorreu no Município de Teresópolis (RJ), no período de março a dezembro de 2019. Resultado: O presente trabalho constitui um relato de experiência referente às monitorias das disciplinas de BAMOR, LH e IETC. Descrevemos como BAMOR a ciência dos componentes orgânicos dos seres humanos, tendo como objeto de estudo o corpo do homem e sua constituição. A compreensão da morfologia humana torna-se imprescindível para a atuação profissional dos enfermeiros, sendo imperativo na realização de procedimentos e tecnologias leves no cuidado. As monitorias de BAMOR recebem em média cerca de 60 alunos por mês, onde a demanda se aproxima dos períodos de avaliações bimestrais. No entanto, pudemos vivenciar algumas dificuldades ao longo desse processo, tendo como exemplo a ausência de um espaço físico determinado para os horários semanais das monitorias, o que muitas vezes nos exige mais tempo para procurar espaços transitórios disponíveis no campus. Outro ponto  é o aumento repentino na solicitação de monitorias em véspera de provas, o que torna difícil o agendamento para todos os estudantes nos horários disponíveis, fazendo com que por muitas vezes, tenhamos que disponibilizar mais tempo que o previsto. Em relação às potencialidades do projeto, acredita-se na  maior efetividade pedagógica a partir da interação com os professores responsáveis por esta disciplina, e para tal, mantém-se o contato sistemático com os alunos e professores envolvidos, facilitando a comunicação e melhora do vínculo institucional. O constante uso da oralidade nas monitorias permitiu o aprimoramento de habilidades de comunicação, influenciando em aspectos profissionais, a partir de melhor postura em apresentação de trabalhos e segurança na fala. Em tempo, o constante convívio na área morfológica permite a fixação mental desta temática, onde são necessárias reciclagens dos conteúdos, mantendo-nos atualizados. O laboratório de habilidades (LH) é um cenário destinado ao desenvolvimento as habilidades práticas dos estudantes de enfermagem. Nele são abordados os conhecimentos teórico-práticos necessários na formação, além de disponibilizar simulações para o treino de competências relacionadas à profissão. As monitorias de LH recebem uma média de 40 alunos por mês, se intensificando durante os períodos avaliativos. Como dificuldades, observamos a redução de monitores, que resulta na superlotação de salas em alguns momentos e o difícil acesso aos POP's (Procedimento Operacional Padrão) das técnicas ensinadas para orientação do monitor. Como fortalezas destacam-se o aperfeiçoamento das habilidades adquiridas pelos monitores anteriormente, a aproximação com técnicas abordadas em diferentes períodos e com alunos de diferentes períodos. Na visão dos discentes, a monitoria de IETC auxilia na elaboração de artigos, portfólios e linhas de cuidado, além de abordar o Sistema Único de Saúde, sua legislação, sua historia, programas e estratégias enfatizando sua funcionalidade e importância na vida de toda comunidade. Sua finalidade é incentivar os alunos a desenvolverem publicações e pesquisas, evidenciando a enfermagem como ciência e o fortalecimento do SUS. Contudo, as fragilidades incluem a escassa demanda de alunos, sendo a procura insuficiente em relação à elaboração de trabalho cientifico e assuntos de legislação. Considerações finais: Diante disto, a monitoria é uma ferramenta facilitadora de aprendizagem, visto que o monitor transmite experiências hospitalares, agrega conhecimentos científicos e habilidades que aperfeiçoam tanto os alunos quanto os monitores, pois o contato diário com o assunto e a frequente execução de técnicas aprimora e fortalece uma assistência de qualidade reduzindo dúvidas e erros no ambiente hospitalar. Sendo assim, concluímos que a monitoria é muito importante na formação do aluno de graduação, pois as atualizações mencionadas corroboram no processo de ensino- aprendizagem. Em tempo, destacamos a relevância da interação dialógica nesse processo, visto que sua utilização reforça o vínculo entre os acadêmicos, bem como a troca de saberes imperativa nesta experiência. Embora hajam obstáculos descritos neste relato, observamos que os mesmos foram preponderantes para a formação de uma postura ética e tomada de decisões das monitoras. Ao final deste relato, o ensejo das autoras é de que este trabalho contribua para a valorização e incentivo das monitorias.

9559 ABORDAGEM INTERPROFISSIONAL NO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA EM PERNAMBUCO
Célia Maria Borges da Silva Santana, Bruno Costa de Macedo, Dara Andrade Felipe, Emmanuelly Correia de Lemos, Taís de Jesus Queiroz, Tatiana Rozenfeld, Leila Monteiro Navarro Marques de Oliveira, Neuza Buarque de Macêdo

ABORDAGEM INTERPROFISSIONAL NO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA EM PERNAMBUCO

Autores: Célia Maria Borges da Silva Santana, Bruno Costa de Macedo, Dara Andrade Felipe, Emmanuelly Correia de Lemos, Taís de Jesus Queiroz, Tatiana Rozenfeld, Leila Monteiro Navarro Marques de Oliveira, Neuza Buarque de Macêdo

Apresentação: O presente resumo tem como objetivo descrever a experiência de desenvolvimento de estratégias político-pedagógicas para inclusão da diretriz da interprofisisonalidade no Curso de Especialização Lato Sensu em Saúde Pública da Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (Esppe). Em 2016, a Esppe realizou duas turmas do referido Curso, como resultado do projeto desenvolvido em parceria com a Secretaria Executiva da RedEscola, a Secretaria da Gestão do Trabalho e Educação na Saúde e a Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Em continuidade a oferta dessa formação para o período de 2019-2020, a Esppe e a RedEscola aprofundam  o debate em torno de uma abordagem interprofissional, como resposta a demanda atual do cuidado em saúde. A interprofissionalidade se traduz em um trabalho integrado, realizado em equipe e que considera os diferentes saberes envolvidos, reforçando a necessidade de uma ação colaborativa entre os profissionais. Atualmente, no Estado de Pernambuco, estão em desenvolvimento três turmas descentralizadas desse Curso, com quarenta e cinco discentes cada uma, contemplando trabalhadores das 12 Regiões de Saúde. O curso é organizado em três eixos e as disciplinas são distribuídas em módulos, com encontros presenciais em turno integral, três dias a cada mês, perfazendo 24 horas mensais. A carga horária de dispersão totaliza 6 horas mensais. Para fomento da diretriz da interprofissionalidade no curso de especialização, foram desenvolvidas estratégias político-pedagógicas que envolveram a equipe gestora da Esppe, a equipe técnico-pedagógica do curso e docentes, a saber: revisão do plano de curso e da matriz curricular, das estratégias pedagógicas (atividade de dispersão e projetos de intervenção) e do processo de avaliação discente; realização de curso de atualização e; alinhamentos pedagógicos com os docentes. Todos os envolvidos realizaram o curso em EaD sobre Educação Interprofissional. Foi revisado o plano do curso e matriz curricular indicando a transversalidade da interprofissionalidade no curso. Cada atividade de dispersão, além dos objetivos relacionados aos conteúdos das disciplinas de cada módulo, contempla objetivos relacionados ao desenvolvimento de competências para o trabalho interprofisisonal. Como trabalho de conclusão do curso foi proposta a construção de um Projeto de Intervenção a ser planejado e executado com a participação dos outros profissionais que atuam em seu contexto de trabalho de forma interprofissional, aspecto que terá seção específica a ser registrada no projeto.  Os processos avaliativos definidos para essa oferta contou com um conjunto de aspectos que destacam o caráter formativo da avaliação integrado ao processo de trabalho dos discentes. Contemplando, dentre outros a autoavaliação e o registro do feedback das atividades de dispersão. O desenvolvimento do alinhamento pedagógico com os docentes contou com a participação de especialista na área de Educação Interprofisisonal e com momento específico para inclusão das diretrizes da interprofissionalidade no planejamento das disciplinas. A inclusão dos pilares da interprofissionalidade nas ações educacionais do curso se configura como um desafio; todavia, as estratégias utilizadas têm contribuído para que todos os envolvidos ganhem experiência em trabalho na perspectiva interprofissional e colaborativa e, desenvolva uma compreensão das estruturas do trabalho em equipe no SUS.