487: Universidades nos Cenários da Vida e da Rede SUS | |
Debatedor: Adriane das Neves Silva | |
Data: 29/10/2020 Local: Sala 03 - Rodas de Conversa Horário: 16:00 - 18:00 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
7348 | CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE GRADUANDOS DE BIOLOGIA ACERCA DO CONTROLE DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO AEDES AEGYPTI ANDREIA GUERRA PIMENTEL, Carolina Nascimento SPIEGEL, Ana Paula Massadar MOREL, Suzete Araujo Oliveira GOMES, Gutemberg Gomes ALVES CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE GRADUANDOS DE BIOLOGIA ACERCA DO CONTROLE DAS DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO AEDES AEGYPTIAutores: ANDREIA GUERRA PIMENTEL, Carolina Nascimento SPIEGEL, Ana Paula Massadar MOREL, Suzete Araujo Oliveira GOMES, Gutemberg Gomes ALVES
Apresentação:. Doenças transmitidas pelo aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya, são graves problemas de saúde pública no Brasil, pois os casos aumentam a cada ano. O combate às doenças envolve diversas ações, dentre elas, as de Educação em Saúde, que tem nas campanhas governamentais predominantemente, a concepção de Educação Sanitária. O foco em campanhas é na necessidade de eliminar água parada e se proteger individualmente, não são discutidas as necessidades de melhorias da qualidade de vida da população, através do abastecimento regular de água e coleta adequada de lixo uma vez que tais fatores estão diretamente envolvidos no ciclo de vida dos mosquitos. Por outro lado, a concepção de Educação Popular em Saúde estimula a organização popular para que as pessoas lutem ativamente por melhorias da qualidade de vida e pelo direito à saúde. É importante que profissionais relacionados à área de saúde e meio ambiente, como os biólogos, reflitam sobre as diferentes concepções, pois, seja como professores ou pesquisadores, podem dialogar com a população para a transformação da realidade. O objetivo do presente trabalho foi investigar conhecimentos prévios de graduandos em Ciências Biológicas sobre medidas preventivas contra o aedes aegypti, analisando quais concepções apresentam em Educação em Saúde. Desenvolvimento. O trabalho é parte de uma tese de doutorado do Programa de Pós Graduação em Ciências e Biotecnologia e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF), parecer nº 3.302.318. Para investigar os conhecimentos prévios dos participantes sobre medidas preventivas contra o aedes aegypti, foram realizadas as etapas de elaboração de um texto e um questionário com perguntas abertas. Participaram da pesquisa 74 alunos das Ciências Biológicas da UFF (bacharelado e licenciatura), sendo 46 do primeiro período e 28 de períodos finais (entre 7º e 10º). Inicialmente, os alunos escreveram um texto sobre estratégias para controlar doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti se colocando no lugar de um secretário de saúde de uma cidade fictícia que passa por surto de dengue. Na análise deste texto, verificamos se os alunos incluíram algo relacionado à Educação em Saúde. Posteriormente, os participantes responderam a um questionário com 5 perguntas abertas. No presente trabalho foram analisadas as respostas à pergunta “Você acha que estratégias educativas poderiam ajudar a controlar o problema das doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti? Se sim, exemplifique.” Nos textos e nas respostas foi verificado se apresentavam propostas de Educação Sanitária e Educação Popular. O critério observado para enquadrar como Educação Sanitária foi a apresentação de propostas de práticas verticalizadas, através de palestras, aulas expositivas e campanhas de prevenção para ações individuais, como eliminação de criadouros não deixando água parada em recipientes nas residências e uso de proteção (repelentes e telas). Para enquadrar como Educação Popular era preciso observar a valorização do pensamento crítico, das ações coletivas, dos diálogos e do envolvimento da comunidade para superação de desigualdades sociais, na luta por melhorias na saúde. Resultado:. A análise dos textos sobre estratégias para controlar doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti se colocando no lugar de um secretário de saúde de uma cidade que passa por surto de dengue revelou que 11% dos alunos (5 alunos) não citaram medidas ligadas à educação. A maioria dos alunos do 1º período, 89% (41 alunos) sugeriram medidas relacionadas à Educação em Saúde, mas com exceção de uma resposta, todas as outras estavam relacionadas à Educação Sanitária e apenas um participante deste primeiro grupo fez menção à Educação Popular, pois sugeriu “atividades com a participação da população”, dando exemplo de “debates sobre a dengue”. De forma semelhante, entre os estudantes de períodos finais, 14% (4 alunos) não se referiram no texto às medidas educativas. No entanto, 89% (25 alunos) escreveram sobre Educação Sanitária e um aluno mencionou ideias relacionadas à Educação Popular ao propor “...uma reforma educacional que tenha como objetivo um ensino de fato crítico para que os alunos aprendam em sala, reflitam em suas vidas e para a sociedade e não apenas seja um compilado de conteúdos que precisam ser decorados...” Entre as sugestões referentes à Educação Sanitária foi recomendada a divulgação de informações, através de campanhas de conscientização, palestras, propagandas na mídia, cartilhas, cartazes, panfletos e materiais didáticos. Os temas sugeridos para as informações se referiram ao combate aos focos do mosquito; à adoção de medidas de proteção individual (uso de repelentes e telas); à importância das vacinas e à elucidação sobre os sintomas da doença. Em relação às repostas da pergunta direcionada para estratégias educativas, entre os alunos de primeiro período, nenhum aluno se referiu a Educação Popular e 93% (43 alunos) sugeriram ações ligadas à Educação Sanitária. Algumas das respostas tanto do 1º período como dos períodos finais (3 respostas de cada categoria) foram vagas impossibilitando a identificação da concepção de Educação em Saúde. A Educação Sanitária esteve presente também na maioria das respostas dos alunos dos períodos finais (89%, 25 alunos) que discorriam sobre a realização de campanhas, aulas expositivas ou práticas para tratar sobre o ciclo de vida do mosquito, a transmissão dos vírus, a importância de eliminar criadouros, o diagnóstico e o tratamento das doenças e a importância da vacinação. Outros apresentaram exemplos de estratégias educativas como palestras, campanhas, debates e jogos. Houve ainda os que citaram ferramentas de divulgação como cartazes, panfletos, cartilhas, livretos e vídeos. De um modo geral, predominou a ideia de que o problema da dengue se relaciona a falta de informação e que a solução é instruir a população, como demonstrado na reposta de um dos participantes “Grande parte da população não tem acesso à informação e não tem noção do que fazer para evitar os focos do mosquito, logo uma explicação com linguagem acessível e ilustrativa ajudaria muito a controlar o problema”. Entre os alunos dos períodos finais, um falou sobre Educação Popular ao dizer que a solução não deve ser individual “Não vejo como uma solução do problema, pois permite apenas a formação de uma responsabilidade individual e não social. Seria importante a atuação do poder público”. Considerações finais: Os resultados deste trabalho mostram que a maioria dos participantes se referiu às medidas educativas, sob enfoque da Educação Sanitária, citando o uso de materiais e meios para divulgar informações preventivas de forma vertical, do governo, principalmente através de agentes de saúde, ou de professores para a população/alunos, sugerindo que a falta de conhecimento específico leva a falta de cuidados e aumento da proliferação dos mosquitos. Do total de participantes apenas 3% valorizaram o diálogo para promover a reflexão crítica na educação, sugerindo a necessidade de se pensar mais sobre Educação Popular em cursos de formação do Biólogo. Acreditamos que para solucionar o problema das doenças transmitidas pelo aedes aegypti é preciso transformar a realidade, melhorando as condições de vida dos menos favorecidos e diminuindo desigualdades sociais. Dessa forma, a discussão de Educação Popular deve ser valorizada na formação do Biólogo. A partir desta pesquisa podemos concluir que estimular as relações sociais e o diálogo faz-se necessário para que mudanças sejam promovidas, por isso a concepção de Educação Popular deve ser valorizada. |
7361 | O EXERCÍCIO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NO CONTEXTO ACADÊMICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Bianca Alessandra Gomes do Carmo, Nayla Rayssa Pereira Quadros, Eliã Pinheiro Botelho O EXERCÍCIO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NO CONTEXTO ACADÊMICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA.Autores: Bianca Alessandra Gomes do Carmo, Nayla Rayssa Pereira Quadros, Eliã Pinheiro Botelho
Apresentação: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou AIDS, é uma doença provocada pelo retrovírus HIV (vírus da imunodeficiência humana), que promove perda progressiva da imunidade do indivíduo infectado. A disseminação dessa enfermidade alcançou níveis globais, atualmente considerada uma enfermidade infecciosa grave de caráter emergente na saúde pública do Brasil e do mundo. A região Norte permanece na quarta colocação em relação ao número de casos notificados de infecção pelo HIV, e o estado do Pará, por sua vez, encontra-se em quinto lugar na região de residência com um total de 7.975 casos notificados entre 2007-2018. Além disso, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) possuem destaque pelo aumento da incidência e da prevalência de IST na região Norte, mais especificamente no estado do Pará, vem provocando grande preocupação, devido à sua múltipla etiologia (vírus, bactérias, fungos e protozoários), sintomatologia diversa e a transmissibilidade não só pelo contato sexual direto ou indireto, mas também pela via sanguínea ou da mãe para o recém nascido durante a gestação, parto ou amamentação. Sendo a educação em saúde frequentemente empregada quando se trata da prevenção de doenças, promoção da qualidade de vida e autocuidado de uma determinada população, é extremamente importante colocá-la em prática rotineiramente, através de estratégias diversificadas de ensino e aprendizagem, independentemente do local, a fim de prevenir os riscos, conscientizar e sensibilizar para a adoção de práticas mais seguras e erradicar doenças infectocontagiosas. Por sua vez, a educação na saúde voltada a acadêmicos de enfermagem, contribui para o maior vínculo com informações atualizadas sobre infecções sexualmente transmissíveis, bem como ao estímulo desse público a atuação sobre a promoção de saúde das comunidades, a fim de garantir a prevenção de patologias. O trabalho tem como objetivo descrever a experiência de acadêmicas de Enfermagem na realização de uma ação educativa sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Desenvolvimento: Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência acerca do desenvolvimento da prática de educação em saúde vivenciada por acadêmicas de Enfermagem do sétimo semestre do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pará, durante o mês de dezembro de 2019, a ação educativa constitui parte das atividades do cronograma do projeto de extensão intitulado “Educação em saúde na universidade: mobilização de acadêmicos de enfermagem como agentes transformadores da realidade do HIV na Região Norte”, realizado na Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA) no município de Belém. Assim, à execução da ação foi direcionada ao público acadêmico do1º período da graduação em Enfermagem. O planejamento educativo partiu do diagnóstico da realidade por meio da utilização do Questionário sobre Conhecimento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (STD-KQ), um questionário validado e utilizado em estudos prévios para a avaliação do conhecimento epidemiológico da transmissão e prevenção do HIV e outras IST; após a análise, interpretação dos dados foi identificado os déficits e as demandas em relação ao tema. Dessa forma, delimitaram-se os principais assuntos que seriam abordados e a metodologia educativa que seria escolhida para a prática da educação em saúde, visando a promoção de conhecimentos de modo acessível ao entendimento dos participantes e estímulo ao engajamento dos mesmos para a realidade alarmante das doenças transmissíveis, principalmente o HIV/AIDS, na região norte. Como instrumento organizacional do plano de ação foi utilizada ferramenta 5WH2, assim os recursos necessários definidos e utilizados na ação foram: projetor multimídia, notebook, prótese de órgão genital masculino, preservativo masculino e feminino, cartolina e tinta. Resultado: Sendo assim, a ação em saúde intitulada “IST: epidemiologia, agente etiológico, sintomas e prevenção” foi dividida em dois momentos: No primeiro, houve a utilização de uma tecnologia educativa do tipo leve-dura aplicada a um jogo de 7 perguntas utilizando a “Raspadinha das IST” (Cartela com matéria removível para marcação das alternativas de cada pergunta). Além disso, uma abordagem dialogada utilizando apresentação em PowerPoint acerca dos dados epidemiológicos, agentes causadores de infecções, formas de transmissão, sintomas, prevenção, tipos de tratamento com imagens representativas de sinais, sintomas das IST (HIV/AIDS, Sífilis, Gonorreia, HPV, Hepatite B, Herpes e Clamídia). No segundo momento, ocorreu a demonstração prática do uso dos preservativos masculino e feminino. Com o auxílio de uma peça anatômica do aparelho genital masculino, foi abordado desde o armazenamento, colocação e descarte; Já o preservativo feminino foi apresentado aos acadêmicos com o auxílio de imagens, em ambos foi repassado as orientações sobre como potencializar a eficácia do método de barreira. As atividades da ação possibilitaram atingir em torno de 33 acadêmicos. A etapa de verificação do conhecimento foi de grande relevância, visto que possibilitou identificar as principais necessidades, garantindo também a construção de banco de dados em Excel do diagnóstico do conhecimento epidemiológico e da transmissão e prevenção das IST a partir de questionário validado. O desenvolvimento de ações educativas contribui para a promoção da saúde, ao aumentar o controle sobre a saúde e promover mudanças em comportamento de risco, além de sanar as deficiências sobre as IST dos acadêmicos. Observou-se que durante as ações houve a interação entre os participantes, permitindo a formação do saber de forma mais leve e atrativa por meio de tecnologias educativas. Considerações finais: Portanto, a experiência da ação possibilitou a promoção da educação em saúde para a prevenção e controle da transmissão do HIV em acadêmicos, por meio da análise dos principais déficits em relação ao conhecimento pela medição do nível de conhecimento concernente a epidemiologia e da transmissão e prevenção do HIV/AIDS e o uso de tecnologias educativas para facilitar o entendimento dos acadêmicos. Assim, tendo em vista a problemática, o cenário epidemiológico e o contexto social local na região norte, torna-se necessário a adoção de iniciativas e estratégias educacionais em saúde sexual voltada para o público jovem com a finalidade de responder às suas necessidades. No contexto acadêmico, essas estratégias contribuem para o maior vínculo dos discentes com o conhecimento construído, bem como proporciona a atuação desses discentes na promoção à saúde de suas comunidades, os transformando em agentes multiplicadores e transformadores da realidade do HIV/AIDS desde o início de sua formação. Assim, é visível a importância do acadêmico de enfermagem na promoção e prevenção de IST em adolescentes, por meio da utilização de estratégias educacionais. |
7375 | REDES DE APOIO À ALIMENTAÇÃO E MULHERES URBANAS PERIFÉRICAS: REFLEXÕES PARA A FORMAÇÃO EM SAÚDE E PARA O CUIDADO ALIMENTAR Fernanda Teles Gonzalez, Ligia dos Santos Marteline, Maria Fernanda Petroli Frutuoso REDES DE APOIO À ALIMENTAÇÃO E MULHERES URBANAS PERIFÉRICAS: REFLEXÕES PARA A FORMAÇÃO EM SAÚDE E PARA O CUIDADO ALIMENTARAutores: Fernanda Teles Gonzalez, Ligia dos Santos Marteline, Maria Fernanda Petroli Frutuoso
Apresentação: O conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) revela que a alimentação é um direito humano que pressupõe a manutenção da diversidade cultural e a sustentabilidade ambiental, cultural e econômica, compondo o acesso regular aos alimentos adequados quali e quantitativamente. Nesta perspectiva, pensar na formação em saúde e na produção do cuidado alimentar no Sistema Único de Saúde, para as pessoas residentes em periferias urbanas implica em assumir a complexidade da alimentação, tema interdisciplinar e intersetorial, e superar o olhar biologicista para a comida e para as práticas em saúde nutriente centradas. Em situações de vulnerabilidade, a alimentação quantitativamente insuficiente resulta em diferentes graus de insegurança alimentar, incluindo a fome. Concomitantemente, aspectos macro e micropolíticos favorecem o acesso à alimentos ultraprocessados, de inadequada qualidade nutricional e baixo custo, resultando em um consumo alimentar qualitativo precário. A falta e o excesso alimentar, características da má-alimentação, se agudizam nas periferias urbanas onde há múltiplas violações de direitos. O caráter social de se alimentar e os espaços geográficos, mais que espaços rígidos, um conjunto inseparável de sistemas de objetos, sujeitos e ações mutáveis, trazem à tona desafios para a atuação em saúde, especialmente em situações de violação de direitos, incluindo o direito humano à alimentação adequada (DHAA). Nos espaços periféricos, os sujeitos se agregam e desagregam e, ainda que haja diferenças individuais, constroem relações pautadas em objetivos comuns, as chamadas redes sociais. Neste panorama, as mulheres são, tradicional e historicamente, responsáveis pela alimentação da família e, muitas vezes, acumulam afazeres domésticos, cuidado dos filhos e atividades no mercado de trabalho, incluindo a articulação de tarefas/pessoas para garantir a alimentação diária: cozinhando ou delegando a compra e preparo dos alimentos. Nas periferias urbanas, como as redes sociais podem influenciar e apoiar a alimentação de mulheres adultas que, muitas vezes, são chefes de família? Quais as implicações das redes na formação em saúde e na produção do cuidado alimentar para este público? Estas questões norteiam este relato de experiência de ações de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista. A UNIFESP/BS tem um projeto político pedagógico que aposta na integração ensino-serviço-comunidade, por meio de atividades interdisciplinares que acontecem nos cenários de práticas com estudantes dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Tem um histórico de participação em editais de políticas indutoras de mudança na formação em saúde; é o campus com maior número de projetos sociais de extensão da Universidade e possui o Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde que compõe um cenário ampliado de produção de conhecimento e de cuidado, a partir do contexto de vida e saúde da população da Baixada Santista. Este relato baseia-se em múltiplas experiências de formação e produção de cuidado em território caracterizado por moradias precárias, as palafitas, a partir da aproximação de mulheres e suas narrativas sobre de redes de apoio à alimentação, compostas predominantemente por mulheres. As redes sociais primárias, informais, espontâneas em um processo de socialização das pessoas no cotidiano da família, vizinhos e amigos, foram descritas fortemente nas relações familiares, em situações em que as avós cuidam dos netos para que as filhas possam trabalhar, fortalecendo a presença feminina no mercado de trabalho e ofertando, às crianças, alimentação de qualidade, referida como uma preocupação no cuidado familiar. As mulheres se apoiam, ainda, em situações de insuficiência de alimentos, com doações e informações sobre onde conseguir alimentos evitando a fome. As redes secundárias, ação coletiva de grupos, instituições e movimentos que defendem interesses comuns, emergiram de situações como a horta comunitária e a retirada mensal de cesta básica nas instituições religiosas. Esta experiência traz diversas reflexões sobre o cuidado alimentar em contexto de muitas violações de direitos, onde a figura feminina é ponto chave para a garantia da SAN. Ainda que os estudantes vivenciem discussões interdisciplinares, que ampliam o olhar sobre a comida e o comer, muitas vezes não percebem a existência de uma “demanda da Nutrição”, quando o alimento é insuficiente e/ou quando o conhecimento a partir da relação entre nutriente e adoecimento que produz condutas de correção alimentar parece não caber. Como ser profissional de saúde em situações onde as pessoas passam fome? Os movimentos de discussão teórica e elaboração/execução de ações de cuidado desta experiência evidenciam a desafiadora tarefa de incorporar as redes de apoio à alimentação no cuidado alimentar aproximando as práticas profissionais, e as estratégias de formação, da garantia do DHAA e SAN. A alimentação, desde a aquisição de gêneros, o preparo, o momento da refeição, a limpeza da cozinha e utensílios pode ser um ato compartilhado, dando visibilidade às redes sociais primárias. O acesso concreto aos alimentos pode ser aumentado por meio de redes sociais secundárias, em instituições e coletivos atuantes no território. A presença de redes sociais primárias e secundárias nos territórios vulnerabilizados não garante que as pessoas estejam livres da fome, tampouco garante escolhas alimentares dignas. Há a presença de ações assistencialistas de sobrevivência que não minimizam a importância de políticas públicas intersetoriais que incluam a produção e comercialização de alimentos que favoreçam o acesso à comida de qualidade e a estabilidade da SAN. Entender as tramas que perpassam as periferias, seus campos de força, a forma como a alimentação é percebida pelos sujeitos e as redes sociais que estes pactuam, em um determinado espaço e contexto de vida e saúde, permite pensar em um processo de criação de práticas condizentes com a realidade e que partem da potência de vida e de conexões entre pessoas que passam pela comida e pelo comer. Para este desafio, os estudantes, trabalhadores da saúde e moradores da região são convidados a identificar os atores e locais envolvidos na alimentação, fortalecendo a discussão das redes sociais de apoio à alimentação. Pode-se, com isso, ampliar o pensamento crítico sobre a comida e o repertório alimentar condizente com os aspectos culturais, sociais e econômicos destas mulheres, moradoras de locais onde a produção de alimentos para consumo próprio, por exemplo, não tem lugar diante do solo contaminado e das moradias precárias. Este exercício não acontece apartado da discussão do papel da mulher na sociedade contemporânea, em um território onde a maioria das mulheres é negra, pobre, periférica e nordestina. Assumindo a polissemia das noções de redes, território, lugar e periferia nos interessa marcar a potência desta experiência de formação em saúde e cuidado em alimentação na identificação da complexidade dos sujeitos e suas conexões, buscando ir além do saber tecnicista e disciplinar, a partir de encontro com a diversidade de pessoas e formas de vida. Conhecer as articulações estabelecidas pelo sujeito, possibilita que, de maneira compartilhada, as redes sejam identificadas - tanto as existentes como as que podem ser construídas - e discutidas como forma de enfrentamento das questões alimentares de um local, bem como formas de manejo alimentar contextualizadas e coletivas que, inclusive, incluem outra dimensão para a comensalidade: para além do comer junto, processos de fomes e comidas compartilhadas. |
7394 | O PROCESSO DE ANÁLISE COLETIVA DAS PRÁTICAS DOS DOCENTES DE ENFERMAGEM NA FORMAÇÃO EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOCLÍNICA INSTITUCIONAL Fabíola Braz Penna, Lúcia Cardoso Mourão, Ana Clementina Vieira de Almeida, Isabel Cristina de Moura Leite O PROCESSO DE ANÁLISE COLETIVA DAS PRÁTICAS DOS DOCENTES DE ENFERMAGEM NA FORMAÇÃO EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE: CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOCLÍNICA INSTITUCIONALAutores: Fabíola Braz Penna, Lúcia Cardoso Mourão, Ana Clementina Vieira de Almeida, Isabel Cristina de Moura Leite
Apresentação: Este estudo tem como objeto de investigação o ensino do cuidado baseado na Vigilância em Saúde que é abordado no currículo do curso de graduação em Enfermagem, de uma universidade privada, da região serrana do Estado do Rio de Janeiro. A motivação por este tema se deve à minha prática profissional na qual vivenciei situações de enfrentamento de emergência em saúde pública, a mais recente delas o surto de Febre Amarela na referida região, onde pude observar a falta de preparo dos alunos de enfermagem em desenvolver ações de cuidado nas emergências de saúde pública. Trazendo minha experiência como trabalhadora e docente da área da Vigilância em Saúde, e as leituras realizadas, pude observar a ausência e a necessidade de discussões e preparo na formação dos profissionais de Enfermagem para atuarem nesta área. As emergências em saúde pública requerem respostas mais rápidas dos profissionais para solucionar problemas de saúde, entretanto as lacunas nos currículos de graduação podem influenciar na aquisição das competências e habilidades no perfil do futuro profissional. Esta problemática, levou a primeira autora a desenvolver um estudo no mestrado profissional da Universidade Federal Fluminense iniciado em 2018 tendo como um dos objetivos: analisar o ensino da prática profissional baseada no modelo tecnoassistencial orientado pelos conceitos da Vigilância em Saúde no currículo da Graduação em Enfermagem. Método:Trata-se de uma pesquisa intervenção com abordagem qualitativa, delineada pelo referencial teórico e metodológico da Análise Institucional na modalidade Socioclínica Institucional. Na pesquisa intervenção, o pesquisador se mantém em contato direto com as pessoas e com o contexto, e assim possibilita modificar e modificar-se pela experiência produzida pela intervenção. A Análise Institucional tem por objetivo compreender uma determinada realidade social e organizacional, a partir dos discursos e práticas dos seus sujeitos e a socioclinica institucional traz uma nova abordagem em pesquisas no campo da educação, realizando intervenções alicerçada em suas oito características a saber: a participação dos sujeitos no processo de intervenção, a análise da encomenda e das demandas; as transformações que se produzem à medida que o trabalho de intervenção avança; a aplicação da modalidade de restituição que devolvem os resultados provisórios do trabalho aos participantes; a análise das implicações do pesquisador e do participantes; a intenção de produzir conhecimento; atenção aos contextos e às interferências institucionais nas quais estão implicados os pesquisadores e os outros participantes e o trabalho dos analisadores. Participaram do estudo doze docentes da graduação em Enfermagem. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFF, com o parecer de número 3.346.625 e todos os participantes assinaram o TCLE. Como dispositivos de coleta de dados foram utilizados o diário do pesquisador para análise das implicações da pesquisadora e realizados dois encontros de intervenção nos moldes da socioclinica institucional com os participantes. Os debates foram favorecidos pela seguinte questão norteadora: Que vinculação você percebe que há na disciplina que você ministra com o modelo tecnoassistencial de Vigilância em Saúde? Foi proposto aos participantes que após se colocarem a respeito do tema, escolhessem uma figura que representasse o seu depoimento, de maneira que ao final do encontro fosse produzida uma mandala coletiva, que representasse o pensamento do grupo sobre o trabalho técnico assistencial em vigilância em saúde. Os depoimentos após transcritos, passaram por diversas leituras, que permitiram em um primeiro momento identificar as características da socioclinica institucional, principalmente as implicações dos participantes com o ensino da vigilância em saúde e com a instituição educação e formação. Com o conceito de implicação, os institucionalistas negam a neutralidade científica nas suas intervenções colocando coletivamente em análise os seus pertencimentos, seus desejos, ultrapassando as ilusões positivistas e elucidando a relação do pesquisador com o seu objeto de investigação. Novas leituras permitiram formular os eixos de análise. Resultado: como resultados do primeiro eixo, foi possível evidenciar que: apenas a disciplina de gerência em enfermagem, desenvolvia práticas relacionadas a vigilância em saúde demonstrando a falta de integração curricular no desenvolvimento de algumas temáticas que deveriam ser transversais durante toda formação; a mudança de postura dos docentes durante os debates, reconhecendo a necessidade de ampliar o ensino sobre a vigilância em saúde em diferentes disciplinas e no preparo dos alunos para desenvolverem habilidades e competências nas situações de emergências de saúde pública; as mudanças nas práticas de ensino da pesquisadora ao buscar para os alunos de enfermagem, novos campos de prática em saúde pública, sendo um deles a Subsecretaria de Vigilância em Saúde do município. Esta iniciativa teve como resultado a produção de trabalhos de conclusão de curso sobre o perfil epidemiológico de determinado agravo; a vigilância em saúde do Trabalhador; a importância da notificação compulsória de doenças e agravos temas estes, dificilmente abordados nos trabalhos de conclusão de curso. Com relação a socioclinica institucional, o estudo revelou as transformações que ocorreram nas condutas dos docentes durante o processo de intervenção; a análise das implicações pessoais e profissionais dos participantes com as instituições educação e saúde que interferiam de diferentes maneiras na prática docente de cada profissional e a análise das implicações da pesquisadora ao questionar suas práticas como docente relacionadas a vigilância em saúde; as demandas dos participantes para a instituição ensino e serviços sobre a necessidade de uma revisão curricular de maneira a diminuir as contradições e o distanciamento entre o que se aprende na teoria sobre vigilância em saúde nos documentos oficiais dos Ministérios da Educação e da Saúde, e o que efetivamente é executado na prática; a criação de novos conhecimentos em todos os participantes relacionados a utilização de uma nova metodologia e sobre emergências em saúde pública; a restituição aos participantes da análise parcial dos depoimentos realizados no primeiro encontro, para continuidade de debates no segundo encontro, ampliando as discussões e propostas de estratégias. Considerações finais: destaca-se que os resultados relacionados a análise do ensino da prática profissional baseada no modelo tecnoassistencial neste curso de graduação em enfermagem, revelou a necessidade de mudanças curriculares na teoria e nos campos onde se desenvolve a prática de maneira a ampliar o conhecimento dos alunos sobre a Vigilância em Saúde. Somente com estas mudanças será possível uma melhor apropriação por parte dos futuros enfermeiros de que a vigilância em saúde é transversal não apenas nos currículos dos cursos dos profissionais de saúde, mas em diferentes setores da sociedade, sendo necessário que competências e habilidades relacionadas a práticas intersetoriais e interdisciplinares sejam desenvolvidas durante todo processo de formação. |
7402 | A VISITA TÉCNICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Ricardo Luiz Saldanha da Silva, Eliza Paixão da Silva, Evelyn Rafaela de Almeida dos Santos, Joici Carvalho Barata, Pamela Farias Santos, Breno Augusto Silva Duarte, Alessandra Silva Pantoja, Marcio Yrochy Saldanha dos Santos A VISITA TÉCNICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: Ricardo Luiz Saldanha da Silva, Eliza Paixão da Silva, Evelyn Rafaela de Almeida dos Santos, Joici Carvalho Barata, Pamela Farias Santos, Breno Augusto Silva Duarte, Alessandra Silva Pantoja, Marcio Yrochy Saldanha dos Santos
Apresentação: A visita técnica é uma atividade educacional pedagógica supervisionada realizada no ambiente externo à Instituição de Ensino Superior (IES). Ela é uma metodologia adotada por instituições de ensino, incluindo algumas universidades com o intuito de complementar o ensino e aprendizagem dos acadêmicos, oportunizando uma visão mais ampla dos conceitos analisados durante as aulas teóricas, promovendo, assim, a integração entre teoria e prática no que se refere aos conhecimentos adquiridos na instituição de ensino superior. Esse recurso didático-pedagógico possibilita que os acadêmicos escutem, visualizem e vivenciem a prática do ambiente visitado, além da organização daquele lugar, tornando o processo mais motivador e significativo para a construção do conhecimento, além de permitir a articulação dos processos gerenciais do local visitado. A incorporação desse recurso pelas IES, permite, também, o contato com realidades diferentes das que vivenciam cotidianamente, possibilitando que esses acadêmicos exercitem as habilidades de análise, o olhar aguçado e a sua criticidade. Nessa perspectiva, a visita técnica possui um papel importante no processo de ensino-aprendizagem e pode ser utilizada como recurso para o ensino das Políticas Públicas de Saúde, que são atividades que integram o campo de ação social do Estado que visa melhoria das condições de saúde da população em geral e dos ambientes os quais elas estão inseridas. Essas Políticas Públicas consistem na organização de funções públicas governamentais para a promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde do indivíduo e da coletividade. No Brasil, as Políticas Públicas de Saúde são orientadas desde o início do século XX com a implementação de medidas profiláticas contra doenças infecciosas como Varíola e Febre Amarela - medidas implementadas de forma arbitrária e que causaram a Revolta da Vacina - até as compreensões democráticas que temos hoje, com a sua base na Constituição Federal Brasileira de 1988, tendo como eixos de trabalho os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS): a Universalidade, a Equidade e a Integralidade, apresentados por legislações como a Lei N°8.080/1990 e a Lei N°8.142/1990. O objetivo desse trabalho é relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem em uma visita técnica realizada como forma de ensino da componente curricular Políticas Públicas e Programas de Saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de experiência. O componente curricular Políticas Públicas e Programas de Saúde é estudado pelos acadêmicos de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará no 3º semestre do curso, tendo como principais objetivos construir conhecimentos acerca das bases históricas e conceituais das Políticas Públicas de Saúde no Brasil e apresentar os Princípios e Diretrizes do Sistema Único de Saúde. O componente curricular possui uma carga horária de 80 horas totais - sendo 20 horas de práticas e 60 horas de conteúdos teóricos - no entanto, não possui aulas práticas nas unidades de saúde, ambulatórios ou hospitais de média ou grande complexidade, sendo assim, as aulas práticas deveriam ocorrer dentro da própria universidade. Considerando a dificuldade de se realizar práticas de uma disciplina que é essencialmente teórica dentro de uma sala de aula, o docente do componente curricular realiza uma atividade extramuros, com apoio administrativo e da coordenação de estágios: a visita técnica. Esta tem como objetivo que os acadêmicos possam ter contato com o SUS e que possibilite a visualização das Políticas Públicas de Saúde na prática. A vivência acadêmica foi realizada em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da periferia do município de Belém (PA), no período de dezembro de 2019. Durante a visita, participaram 12 acadêmicos, os quais eram supervisionados e direcionados pelo docente do componente curricular e a monitora. Foram visitadas algumas salas específicas da UBS como a sala de imunização e teste rápido e a sala de aleitamento materno exclusivo, a qual essa UBS é a única além da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará que faz coleta do leite materno. Ademais, os acadêmicos tiveram contato com duas enfermeiras, a primeira explicou sobre o funcionamento da UBS e a segunda sobre as especificidades da sala de aleitamento materno e, por fim, os acadêmicos também tiveram contato com uma assistente social. Resultado: Por meio da visita técnica realizada, os acadêmicos de enfermagem puderam verificar a aplicação dos princípios e diretrizes do SUS dentro da UBS, além disso, percebeu-se como realmente se dá a aplicação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), tendo em vista que assim como foi abordado e discutido em sala durante as aulas teóricas de Políticas Públicas a Atenção Primária Saúde é desenvolvida de forma descentralizada, dessa forma sendo mais acessível aos seus usuários como a principal porta de entrada aos serviços de saúde do SUS. Ademais, notou-se como os programas de assistência e os projetos de Educação em Saúde desenvolvidos pela equipe da UBS consegue cumprir no avanço de uma Atenção Primária mais acolhedora e resolutiva, que avança na gestão e coordenação do cuidado do usuário como propõe a PNAB de 2017. Outrossim, verificou-se parte do gerenciamento da UBS, principalmente, no processo de organização de materiais e as ferramentas que dão suporte para esse processo. Também, os acadêmicos perceberam que a UBS também possui uma sala de imunização que já utiliza o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, possibilitando aos gestores envolvidos no programa uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias. Além disto, foi observada a sala de apoio à amamentação, um espaço que havia inaugurado a pouco tempo, implementado de acordo com as necessidades e realidade das mulheres do território adscrito, podendo verificar, assim, a presença de uma Política Pública de saúde bem presente que é a equidade. Outro fato relevante, os acadêmicos puderam relacionar a visita técnica com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher que foi vista durante as aulas teóricas, que aborda em suas diretrizes a necessidade de criação de políticas e ampliação das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja no âmbito do SUS ou na atuação em parceria do setor de Saúde com outros setores governamentais como foi o caso da criação do espaço de aleitamento materno, dando suporte para as mulheres do território. Ademais, considera essa ampliação de serviço da UBS como uma forma de promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras. Considerações finais: A realização da visita técnica contribuiu de forma significativa para a formação acadêmica dos futuros enfermeiros e da construção de conhecimento, haja vista que possibilitou uma visão mais ampla do que foi discutido dentro de sala durante as aulas teóricas ministradas, possibilitando um maior contato com as Políticas Públicas de saúde na realidade dos usuários do SUS. Dessa maneira, verifica-se a importância de se utilizar esse recurso didático-pedagógico para mostrar a aplicação da teoria na prática, tendo em visto que é uma metodologia que não se aplica somente em disciplinas da área da saúde, mas também para as outras grandes áreas do conhecimento, proporcionando assim, uma maior autonomia aos estudantes, visto que, é uma metodologia ativa, contribuindo para que os estudantes sejam protagonistas do seu aprendizado. |
7411 | ABORDAGEM SOBRE QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA AÇÃO EM SAÚDE NO INTERIOR DA AMAZÔNIA Rafaela Victoria Camara Soares, Sheyla Mara Silva de Oliveira ABORDAGEM SOBRE QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA AÇÃO EM SAÚDE NO INTERIOR DA AMAZÔNIAAutores: Rafaela Victoria Camara Soares, Sheyla Mara Silva de Oliveira
Apresentação: O envelhecimento faz com que o corpo sofra alterações que modificam suas atividades rotineiras. Contudo, o envelhecimento não deve ser associada como uma fase patológica, com isso, devesse até o fim manter uma boa qualidade de vida, garantido não somente, uma sobrevida, mas também um melhor estilo de vida. Benefícios na qual, tangem além da saúde, o trabalho, as condições de moradia, as relações sociais, a autonomia. Estas constituem ações que necessitam ser expandidas dentro da Atenção Básica, visto ser mais próxima das comunidades e permitir maior interação com a família e o idoso. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência da construção e execução de uma ação, na qual, abordava a qualidade de vida na terceira idade. Desenvolvimento: Trata-se de estudo descritivo do tipo, relato de experiência. A ação foi desenvolvida pela Liga Acadêmica de Saúde Coletiva na Amazônia (LIASCOA), através do projeto de extensão chamado Campus Avançado da Universidade do Estado do Pará, Campus XII, intitulado: “Promoção da Qualidade de Vida na terceira idade: orientações para idosos, familiares e profissionais de estratégias saúde da família em Santarém-Pará. Resultado: A ação contou com participação de 30 idosos, familiares e profissionais da equipe saúde da família de bairros da cidade de Santarém-Pa. Os integrantes da liga realizaram orientações práticas abordando as temáticas: “Prevenção de acidentes domésticos”, “polifarmácia e riscos medicamentosos em idosos” e “a importância de ser um idoso ativo para a melhora da qualidade de vida”. A atividade iniciou com a demonstração de alguns exercícios físicos cujo podem ser realizados habitualmente. Os idosos exprimiam muito interesse em aprender e a reproduzir os exercícios, que foram propostos também para romper a timidez, para os próximos momentos da ação, cujo envolveriam diálogos. O público alvo, ao ser questionado sobre as temáticas abordadas, respondiam com bastante entendimento prévio da importância dos fármacos em situações patológicas como o caso da diabetes e da hipertensão arterial; ademais, houve alguns que confessaram praticar a automedicação, mesmo sabendo não ser coerente fazer. Já as temáticas sobre risco de queda, qualidade de vida, levando em consideração à sexualidade na terceira idade, foi cercada de muito bom humor e sorrisos, os idosos contaram muito dos erros cometidos que levaram a acidentes domésticos, como as quedas. Além disso, expuseram perpetuar a vida de forma mais leve após os 60 anos, com mais tempo para os relacionamentos amorosos, bailes de dança e novas amizades. Considerações finais: Dessa forma percebe-se que a experiência foi bastante satisfatória, fazendo-nos refletir que a terceira idade tem assumido um novo perfil, longínquo do estereótipo na qual, algumas vezes, a sociedade tende a presumir como um indivíduo adoentado, dependente, no final da vida. Observa-se que a classe idosa, na verdade têm assumido menores preocupações dos que nas demais fases do viver, sendo assim, tornando oportuna a terceira fase para que eles se sintam mais seguros para apreciar novas experiências. Além disso, expuseram entendimento das prevenções as quedas, a maioria responsabilidade com seus medicamentos, e muitos já ativos na prática de exercícios físicos. |
7433 | PERFIL DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISE DOCUMENTAL Sandra Conceição Ribeiro Chícharo, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Eliane Ramos Pereira, Vilza Handan de Deus, Elina de Oliveira Fernandes PERFIL DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISE DOCUMENTALAutores: Sandra Conceição Ribeiro Chícharo, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Eliane Ramos Pereira, Vilza Handan de Deus, Elina de Oliveira Fernandes
Apresentação: Um componente importante que se tem discutido frente às questões curriculares, e composição dos cursos de graduação, e o número exponencial de instituições de ensino superior (IES) que tem ofertado cursos n área de saúde. Pois, é fato de que nem sempre há a preocupação com as atividades curriculares, tanto as teóricas quanto as práticas, e que estas, não sejam desarticuladas das lutas econômicas, políticas e ideológicas da sociedade mais ampla, que objetiva as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) segundo a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB). Nesse sentido, denota a importância em analisar os contextos sociais, econômicos e políticos do Brasil, do seu estado e da região onde o currículo será desenvolvido para que tais fatores sejam considerados para construção da missão e valores do curso neste currículo, para se formular um Projeto Pedagógico de Curso (PPC) coerente à realidade local. Este estudo teve como objetivos analisar quais as Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado do Rio de janeiro que oferecem curso de graduação em enfermagem, seu conceito no ENADE, e identificar a concentração destes cursos por mesorregião no estado, número de vagas por ano e carga horária ofertada. Utilizamos como metodologia a análise documental nos sites do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e INEP sobre o perfil das instituições de ensino superior que oferecem curso de graduação em enfermagem. Resultado: Segundo o Instituto de Pesquisas e Administração da educação–IPAE, o Estado do Rio de Janeiro (RJ), tem uma população de 15.989.929 pessoas e ocupa uma área geográfica de 43.780,157 km2. Possui a segunda maior economia entre os estados brasileiros. O Produto Interno Bruto (PIB) do estado representa 10,91 % do PIB nacional. O Estado contém 133 instituições de ensino superior, que quantifica 8,4% de matrículas em cursos presenciais no país, abaixo apenas de São Paulo e Minas Gerais que juntos somam 37%. Em 2013, teve uma redução de 2,3% no total de matrículas. As mesorregiões do Rio de Janeiro se subdividem em Baixada litorânea, Centro fluminense, Metropolitana do Rio de Janeiro, Noroeste fluminense, Norte fluminense e Sul fluminense, somando 92 municípios com 16,4 milhões de habitantes. A Metropolitana do Rio de Janeiro contabilizou em 2013 mais de 430 mil matrículas. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o curso de enfermagem presencial nas redes privadas de ensino teve nos últimos treze anos 17.560 alunos matriculados, deste 6.274 ingressantes, com 2563 concluintes, no Brasil o curso de enfermagem fica em sexto lugar no ranking nacional, com 193.420 matriculados com 66895 ingressantes e 27.144 concluintes. Com predominância de alunos matriculados provenientes da rede pública de ensino médio. Em 2010 o Conselho Federal de Enfermagem (COFEn), calculou um número de 287.119 enfermeiros no país, na região Sudeste este número ficou na casa dos 153.648, chegando no Estado do Rio de Janeiro um total de 33.831 profissionais graduados em enfermagem, registrado no seu conselho Regional. No Rio de Janeiro atualmente temos 41 instituições de ensino superior, sendo 04 públicas e 37 privadas, que oferecem o curso de graduação em enfermagem presencial, algumas se destacando pelo número de alunos, e pelo perfil multicampi disposta em vários municípios do estado. Segundo a revista Exame, no ano de 2014, tinha 249.527 alunos matriculados, destes 92.410 ingressantes e 29.819 concluintes. Ao analisarmos sob o ponto de vista curricular, as universidades privadas trabalham com o perfil de disciplinas, enquanto as universidades públicas trabalham com créditos, o que pode gerar conflito curricular no processo de equivalência em caso de transferência entre instituições. Discussão: Entre as 37 Instituições de Ensino Superior, privadas analisadas que ofertam o curso de graduação em enfermagem no Estado do Rio de Janeiro analisando o perfil de vagas ofertadas por ano, tivemos um coeficiente de 0-50 vagas, apenas uma instituição, onze ofertam de 50 a 100 vagas; quatorze entre 101 e 200 vagas, dezessete de 201 a 300 vagas, duas de 401 a 500 vagas e duas mais de 500 vagas por ano, destas uma chegando até 1400 vagas por ano, um número bem expressivo. Quanto a avaliação do Ministério da Educação e Cultura, os números foram alarmantes, treze instituições tem o conceito 02 e segundo o MEC, apenas sete instituições tem conceito 03, pontuação mínima para se manter o funcionamento do curso e duas conceito 04, nenhuma chegou ao conceito máximo de 05 pontos, um outro ponto que devemos nos atentar é que 14 instituições são classificadas como sem conceito. Em referencia a carga horária total do curso, sete instituições possui o coeficiente de 4000 horas, vinte e três ofertam entre 4000 e 4500 horas, quatro cursos ofertam entre 4501 e 5000 horas e apenas três instituições ofertam mais de 5000 horas em seu currículo. Quanto à oferta do curso por região, é importante ressaltar que o Estado do Rio de Janeiro é composto por seis mesorregiões que abrange seus 91 municípios, dentre estas instituições, quatro delas se apresentam com perfil multicampi espalhadas por todo estado, é perceptivo que um número expressivo de vinte instituições estão situada na região metropolitana do Rio, quatro na mesorregião do sul fluminense, três no norte fluminense, quatro no noroeste e não há instituições no centro fluminense, o que pode indicar um escassez de profissionais de enfermagem nesta região. Considerações finais: Devemos reforçar que a formação do enfermeiro deve estar voltada para o conhecimento das seguintes competências e habilidades gerais: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento, educação permanente segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de enfermagem e que a legibilidade para a abertura e manutenção destes cursos devem seguir esse preceito, bem como atender a realidade local, onde os conteúdos ensinados no curso devem ter relação com todo o processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade, integrado à realidade epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade das ações do cuidar em enfermagem, aliados a uma avaliação coerente do MEC sobre as propostas curriculares, estrutura das instituições e desempenho dos alunos do exame Nacional de Desempenho do Ensino Superior (ENADE), pois não adianta ermos um número expressivo de IES ofertando o curso se a qualidade do mesmo é questionável, levando ao mercado de trabalho, profissionais pouco preparados. |
7434 | VER-SUS UM APRENDIZADO HUMANO E PROFISSIONAL Fabíola dos Santos Giani, Fabricius Corrêa VER-SUS UM APRENDIZADO HUMANO E PROFISSIONALAutores: Fabíola dos Santos Giani, Fabricius Corrêa
Apresentação: Durante a graduação em Odontologia, na Universidade de Caxias do Sul, RS, a grade curricular contempla matérias básicas de saúde coletiva, porém, fica restrito a sala de aula e a turmas fechadas, sem ter a oportunidade de grandes trocas de conhecimentos com outras áreas da saúde. No ano de 2018, houve a oportunidade de entrar na imersão do VER-SUS e passar uma semana com colegas de outros cursos como: fisioterapia, psicologia, medicina, biomedicina, nutrição, serviço social. Conhecer a Saúde Pública e sua funcionalidade na cidade de Caxias do Sul, RS, foi o objetivo principal, e no decorrer de toda vivência as trocas de ideias com os colegas, as atividades em grupo, conhecer as políticas públicas, a responsabilidade de levantar problemáticas e tentar resolve-las se tornaram um motivacional durante todo o projeto. Foram 7 dias em que presenciamos a realidade do Sistema Único de Saúde fazendo visitas a unidades básicas de saúde, clínicas psiquiátricas, CAPS, serviço de urgência e emergência, hospitais, observando os territórios da cidade e região, como eram as ações dos agentes de saúde, fazendo atividades em equipe e tendo uma noção de tudo que o SUS engloba. Além disso, a parte lúdica sempre era acionada, quando fazíamos oficinas de criações de mandalas, pinturas, criação de cartazes com o propósito de expressarmos o que aprendemos e, principalmente, nos organizarmos como uma equipe, um ensinando para o outro. As práticas multiprofissionais e interdisciplinares ajudaram para que os resultados e impactos, em cada um que vivenciava o projeto, fosse imediato. Sempre que fazíamos uma visitação, saímos com uma nova mentalidade e vontade de colocar em práticas nossas aprendizagens. Com certeza, quem participa do VER- SUS sai sensibilizado a fazer o melhor para o Sistema Único de Saúde e seus usuários, tendo uma noção de que somos todos agentes transformadores e que o SUS necessita de profissionais dedicados, não só na parte profissional, mas também na humana.sa |
7441 | REFLETINDO SOBRE OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E ENSINAGEM EM SAÚDE elenita sureke abilio, Conrado Neves Sathler, Danilo Cleiton Lopes REFLETINDO SOBRE OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E ENSINAGEM EM SAÚDEAutores: elenita sureke abilio, Conrado Neves Sathler, Danilo Cleiton Lopes
Apresentação: Por onde começamos Este trabalho faz parte de uma pesquisa teórica em andamento que tem como objetivo identificar as contribuições do supervisor de estágio da área da Saúde durante o processo de formação de alunos de Psicologia. O Estágio Curricular Supervisionado é um componente obrigatório da organização curricular do curso, conforme determinam as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos da área da saúde, Resolução nº 5, de 15 de março de 2011. Por onde caminhamos A pesquisa parte de inquietações experienciadas pela autora para garantir o preconizado nas DCNS, no Projeto Pedagógico do curso (PPC), na Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e na singularidade dos cenários de prática que ofertam os estágios. A autora fala deste papel, destacando três espaços que ocupa em campos de trabalho distintos, sendo: a docência de um curso de graduação de Psicologia, a função de psicóloga em um dos cenários de prática da saúde e membro de uma Comissão de Estágios na gestão municipal. O que aprendemos Segundo o PPC, os estágios devem oportunizar ao aluno a realização de atividades práticas em situações reais de trabalho, pois a vivência em campos de estágio que atendam às necessidades cotidianas desse campo faz parte da formação profissional, E, ainda, como contrapartida, essa vivência pode favorecer o campo de estágio com ações que atendam as suas necessidades. O estágio, visto como um complemento essencial para a formação deve ser reconhecido não somente como incremento da competência técnico-científica, mas também como desenvolvimento do compromisso político-social frente à sociedade. Não há uma formação específica para a função para o professor supervisor de campo de estágio, mas a partir das experiências na área e das vivências dos alunos essa formação vai se constituindo subjetivamente. O que descobrimos Este estudo sobre o processo de supervisão do futuro psicólogo permite discutir o quão alienante ou conscientizador tem sido esse processo e o quão contributivo pode ser à compreensão da atividade do psicólogo/supervisor em contextos formativos, baseados na relação instituído e instituinte e nas formas de resistência para garantir um modelo de saúde mais acolhedor e garantidor de direitos. |
7477 | A INFLUÊNCIA DIRETA DO CONTATO QUALIFICADO COM O SUS E O INTERESSE DO ALUNO EM CURSAR MEDICINA DA SAÚDE E COMUNIDADE Vhirginea Helena de Oliveira Staut Federle, Eduardo de Oliveira Ambrósio, Enrico Santin Christino da Silva, Isabela Saori Ishizu, Luiza Arantes Toledo, Débora Cristina Bertussi A INFLUÊNCIA DIRETA DO CONTATO QUALIFICADO COM O SUS E O INTERESSE DO ALUNO EM CURSAR MEDICINA DA SAÚDE E COMUNIDADEAutores: Vhirginea Helena de Oliveira Staut Federle, Eduardo de Oliveira Ambrósio, Enrico Santin Christino da Silva, Isabela Saori Ishizu, Luiza Arantes Toledo, Débora Cristina Bertussi
Apresentação: O sistema público de saúde no Brasil garante acesso integral, universal e gratuito para toda população através do Sistema Único de Saúde (SUS). Mais de 160 milhões de pessoas, são dependentes exclusivamente da rede pública de saúde. A atenção primária, é uma importante porta de entrada do serviço e deveria produzir acesso integral, resolutivo, de qualidade e resultar numa diminuição significativa no número de hospitalizações por doenças crônicas. O médico da família e comunidade é o profissional indicado para atuar nas Unidades Básicas de Saúde, porém, mesmo com uma crescente demanda, apenas 1,5% dos médicos recém formados optam por esta área ao prestar residência. Este trabalho, tem como objetivo, avaliar a intenção de alunos de medicina de uma universidade municipal em São Caetano do Sul (SP) cujo ensino é voltado para o Sistema Único de Saúde e suas competências, em cursar residência em Medicina da Família e Comunidade ao longo da graduação. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário online, disponibilizado na plataforma Google Forms e enviados para alunos do 1º ao 5º ano, que responderam se cogitavam fazer Medicina da Família e Comunidade em diferentes períodos de sua formação. No total, 117 alunos cursando períodos distintos responderam ao questionário. Todos frequentaram a UBS e tiveram aulas sobre o Sistema Único de Saúde semanalmente, durante todos os anos da graduação. Ao entrar no curso, apenas 6% cogitavam fazer medicina da família e comunidade. Após contato com o serviço por pelo menos um ano com profissionais qualificados, houve um aumento de 457,14% na intencionalidade do estudante, subindo para 27,4% de interessados. Não foi constatado ligação entre a quantidade de anos na UBS ou aulas, e o número de graduandos que cogitam cursar Medicina da Família e Comunidade. Porém um contato de qualidade, com profissionais conhecedores do SUS por pelo menos um ano, parece ter influência direta nesses alunos. Esforços devem ser empregados a fim de converter esses futuros médicos interessados, em profissionais efetivos, ajudando assim a suprir o grande déficit brasileiro nessa importante área. |
7495 | A PERCEPÇÃO DO INTERPROFISSIONALISMO NO COTIDIANO PRÁTICO DE ÁREAS DE SAÚDE DE ALTA COMPLEXIDADE COMO O HOSPITAL PÚBLICO DE MACAÉ (HPM) Júlia De Lima Ferreira Nogueira, Roberta De Oliveira Ferreira, Max Martins da Silva, Gabriela Silva Claudio Gomes, Glaucimara Riguete de Souza Soares, Vivian De Oliveira Sousa Correa, Cecília Tavares Borges, Karina Alvitos Pereira A PERCEPÇÃO DO INTERPROFISSIONALISMO NO COTIDIANO PRÁTICO DE ÁREAS DE SAÚDE DE ALTA COMPLEXIDADE COMO O HOSPITAL PÚBLICO DE MACAÉ (HPM)Autores: Júlia De Lima Ferreira Nogueira, Roberta De Oliveira Ferreira, Max Martins da Silva, Gabriela Silva Claudio Gomes, Glaucimara Riguete de Souza Soares, Vivian De Oliveira Sousa Correa, Cecília Tavares Borges, Karina Alvitos Pereira
Apresentação: O interprofissionalismo na saúde possui uma visão integrativa entre distintos campos de atuação, tendo como visão principal o rompimento dos silos profissionais, assim como do estereótipo de cuidado fragmentado. Dessa forma, visa-se incorporar tal conceito já na formação acadêmica dos futuros prestadores de serviço da área da saúde; uma das maneiras mais efetivas é a Educação Interprofissional (EIP), a qual busca espaço nas novas diretrizes curriculares. A fim de concretizar essas mudanças visionárias, o PET Interprofissionalismo – projeto do Ministério da Saúde vinculado ao Projeto de Extensão da UFRJ/Campus Macaé - dedicou-se a analisar a prática interprofissional em um ambiente de saúde de alta complexidade, tal como o CTI 1 e 2 do Hospital Público de Macaé (HPM). Objetiva-se, com isso, compreender as práticas hospitalares interprofissionais, tal como os percalços existentes que impedem a plena concretização do interprofissionalismo no cuidado especializado. A metodologia utilizada foram visitas, mediadas por profissionais da rede, realizadas ao CTI 1 e 2 do HPM pelos alunos dos cursos de Farmácia e Medicina que compõem o projeto; assim, pôde-se observar o serviço e as relações interprofissionais a fim de traçar uma estratégia para melhoria destes. A interprofissionalidade, já existente nos serviços de alta complexidade do HPM, trouxe aprendizado e reflexão para os alunos, de modo a aprimorar seus conhecimentos práticos e aplicabilidade da interprofissionalidade. Para que esse olhar fosse mais apurado, fez-se uso de bases bibliográficas sobre o tema do trabalho em saúde com ênfase no trabalho interprofissional e sua funcionalidade. Mediado pelas visitas realizadas aos CTIs do HPM e pelas discussões embasadas na bibliografia correspondente, obteve-se, como resultado, novas perspectivas acerca do trabalho em saúde em seu âmbito colaborativo. Dessa forma, notou-se a presença da interação e comunicação interprofissional, além do compartilhamento de expertises específicas entre os integrantes de cada área dentre as que compõem o núcleo profissional do setor de alta complexidade. Somado a isso, a experiência vivenciada pelos alunos foi de grande importância para a construção conceitual e prática das aplicabilidades da atuação interprofissional, impactando na forma como esses visionam a prática do trabalho em saúde. Permitiu-se, portanto, com o estudo e a análise do serviço, a sugestão, pelos alunos, de aprimoramento da comunicação pessoal e do rompimento dos nichos profissionais por meio da melhoria dos rounds colaborativos, os quais já ocorrem, mas, em situação de otimização, renderiam um contexto mais integrativo. Como considerações finais, percebe-se que a interprofissionalidade nos serviços de alta complexidade é extremamente relevante; como na Atenção Primária e nos serviços de média complexidade, no cuidado especializado, onde o paciente - na maioria dos casos - encontra-se em estado mais grave, o interprofissionalismo é imprescindível à medida que otimiza o tratamento, assim como facilita o alcance do bom prognóstico do paciente. As experiências compartilhadas no HPM garantiram aos integrantes do PET a percepção acerca de como se concretizar o interprofissionalismo, além de revelar quão eficiente é o trabalho em equipe, em que se visa - a partir de diferentes conhecimentos - o bem supremo do paciente. |
7497 | O USO DA RODA DE CONVERSA COMO FERRAMENTA PARA A ABORDAGEM SOBRE SAÚDE MENTAL DOS ACADÊMICOS Dandara de Fátima Ribeiro Bendelaque, Dorivaldo Pantoja Borges Junior, Suzana Farias Rabelo, Matheus dos Santos da Silveira, Emily Manuelli Mendonça Sena O USO DA RODA DE CONVERSA COMO FERRAMENTA PARA A ABORDAGEM SOBRE SAÚDE MENTAL DOS ACADÊMICOSAutores: Dandara de Fátima Ribeiro Bendelaque, Dorivaldo Pantoja Borges Junior, Suzana Farias Rabelo, Matheus dos Santos da Silveira, Emily Manuelli Mendonça Sena
Apresentação: O presente relato de experiência tem por objetivo descrever a atividade na modalidade roda de conversa, realizada pela Liga Acadêmica Paraense de Saúde Mental (LAPASME) durante uma aula de formação proposta por seus membros, voltada a saúde mental do acadêmico e seu conhecimento acerca da temática. Além disso, pretende-se também destacar a importância da roda de conversa na abordagem e promoção a informações no ambiente acadêmico. A roda de conversa busca por meio da conversação, o compartilhamento de experiências anteriores e vivências pessoais dos participantes, permitindo a formulação de problemas desafiantes que incentivam a aprendizagem, o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos, acontecimentos, noções e conceitos, desencadeando modificações de comportamentos e contribuindo para a utilização do que é aprendido em diferentes situações. Dessa forma, este estudo foi organizado para relatar inicialmente, a execução da aula de formação e posteriormente os resultados obtidos durante a roda de conversa, afim de explorar as percepções dos acadêmicos acerca da sua saúde mental e agravantes presentes no âmbito acadêmico. Por fim, explorar o papel da LAPASME como meio de compartilhamento de informação acerca da saúde mental e a importância da sua manutenção. Desenvolvimento: A Liga Acadêmica Paraense de Saúde Mental (LAPASME), apresenta caráter multidisciplinar e interdisciplinar, com o objetivo de fortalecer e aprimorar a formação acadêmica e profissional, no âmbito da saúde mental por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir com a promoção de saúde mental a sociedade. Diante disso, as aulas de formação apresentam-se como um meio de aprendizagem e discussão entre os acadêmicos, fortalecendo o senso crítico e promovendo um espaço de compartilhamento de pensamentos e dúvidas pertinentes sobre determinado assunto. A atividade foi realizada no dia 25 de outubro de 2019, no Campus de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará e teve como temática a Saúde mental dos acadêmicos. Contou com a participação de 10 acadêmicos e membros da LAPASME, dos cursos de enfermagem e psicologia. Iniciou-se com a abordagem sobre saúde mental no âmbito universitário, principais fatores que influenciam o adoecimento mental dos acadêmicos, os transtornos mentais mais prevalentes e formas de prevenção, assim como os serviços disponíveis. Em. seguida, se deu início a roda de conversa, no qual os acadêmicos tinham espaço para relatar suas experiências vividas e percepções acerca da sua saúde mental e da saúde mental no âmbito universitário. A jornada universitária é um período marcado por características particulares e se constitui como um momento de transição e mudanças na vida do indivíduo. Com todas as mudanças características desta etapa, novas demandas são geradas e o sujeito tem que se adaptar a esta nova realidade. Este processo, por vezes, pode ser percebido como um estressor e impactar diretamente na saúde dos alunos. A população universitária apresenta-se vulnerável ao desenvolvimento de alguns transtornos mentais, como por exemplo, a depressão, a ansiedade e o stress, devido a questões como o excesso de carga horária de estudo, o nível de exigências em relação ao processo de formação, a adaptação a um novo contexto, novas rotinas de sono, novas demandas de organização de tempo e estratégias de estudo etc. Diante disso, torna-se necessário abordar e discutir acerca da saúde mental dos acadêmicos, afim de proporcionar a troca de informações relevantes que os auxiliem quanto a manutenção de sua saúde mental e sua importância. Resultado: Durante a roda de conversa, os presentes puderam expor suas experiências vivenciadas até então na graduação, destacando como fatores agravantes: A carga horária excessiva, dividindo-se entre aulas teóricas e práticas, diversas provas por dia, seminários, estágios curriculares e extracurriculares, monitoria acadêmica e iniciação científica. Além disso, relataram a necessidade de participar de eventos acadêmicos como congressos, simpósios, jornadas, entre outros, que em sua maioria ocorriam aos finais de semanas, momento que deveria ser utilizado para descanso. A busca por um currículo acadêmico exemplar também foi citada, pois exige dos acadêmicos grande esforço e dedicação, a fim de finalizar a graduação com êxito em busca de uma vaga em residências acadêmicas e/ou mestrado. Esta busca demanda, além dos itens já citado, a necessidade de publicação em eventos científicos e artigos em periódicos, participações em grupos acadêmicos tais como grupos de estudos e de pesquisa, participação na organização de eventos, dentre outros pontos que exigem dos alunos grande sacrifício e abdicação do seu tempo e descanso. Os acadêmicos citaram que tal busca causa diversas reações físicas e psicológicas, como a presença de sintomas de ansiedade, estresse, crises de pânico, noites mal dormidas, cansaço físico e psicológico, alimentação inadequada que pode acarretar no aparecimento de outras patologias. Além disso, ocorre o distanciamento social, a exemplo de familiares e amigos, devido a necessidade de foco para as atividades acadêmicas e a sensação de que sair ou encontrar estes pode ser “perda de tempo”. A maioria dos acadêmicos que vieram de outros municípios relataram que o distanciamento de sua cidade raiz, do âmbito familiar e social ao qual já estava acostumado, também atua como fator estressor. A falta do apoio familiar, principalmente em períodos que exigem maior esforço físico e psicológico dos acadêmicos já causaram tristeza e até sentimento de desistência do curso. Também foi discutido sobre a escassez de espaços nas universidades para acolhimento e apoio dos acadêmicos que necessitam de auxílio psicológico. Além das críticas de que instituições ainda apoiam de forma superficial as campanhas voltadas a promoção a saúde mental de qualidade, porém não implantam ações que realmente auxiliem os acadêmicos. A roda de conversa foi de extrema relevância para a promoção a informações sobre a saúde mental, pois proporcionou um espaço de troca de experiências, angústias e dúvidas pertinentes. Através desta, foi possível abordar de forma acessível e discutir sobre a qualidade da saúde mental dos acadêmicos, levando em conta as suas percepções. A LAPASME buscar despertar as discussões acerca da saúde mental nas universidades, enfatizando a importância da sua manutenção e colocando em foco os fatores agravantes e principais formas de buscar auxílio em relação a isso. Através da participação na liga, integração nas atividades e maior protagonismo acadêmico e entendimento acerca da sua saúde mental, os acadêmicos apresentam maior expertise e conseguem identificar quando seus sintomas são patológicos ou não, além de compartilhar as informações adquiridas para outras pessoas, promovendo o despertar para o autocuidado da população acerca da sua saúde mental. Considerações finais: Diante dos fatos apresentados, observa-se a importância de abordar sobre a saúde mental dos universitários, afim de evitar o aparecimento do adoecimento mental e agravos que comprometem diretamente a sua qualidade de vida. São necessárias ações que promovam acesso a informações e ao autocuidado da saúde mental dos acadêmicos. A LAPASME segue em busca de incentivar as discussões acerca da importância da saúde mental no âmbito acadêmico, proporcionando cada vez mais espaços de conhecimento e reflexão, além do protagonismo dos acadêmicos acerca da sua qualidade de vida. |
7522 | CARTA ABERTA AO SUS: COM A FALA ALUNOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DE UM POLO UNIVERSITÁRIO Donizete Vago Daher, Andressa Ambrosino Pinto, Hércules Rigoni Bossato, Marcelle Loureiro Terra, Karla Santa Cruz Coelho, Fabiana Ferreira Koopmans, Hermes Candido de Paula, Isabela Tavares Amaral CARTA ABERTA AO SUS: COM A FALA ALUNOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DE UM POLO UNIVERSITÁRIOAutores: Donizete Vago Daher, Andressa Ambrosino Pinto, Hércules Rigoni Bossato, Marcelle Loureiro Terra, Karla Santa Cruz Coelho, Fabiana Ferreira Koopmans, Hermes Candido de Paula, Isabela Tavares Amaral
Apresentação: O Curso de Bacharelado em Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Macaé (RJ), é um polo universitário intitulado Professor Aloísio Teixeira, surgido dentro do projeto de reestruturação e expansão das Universidades Federais (Reuni). A proposta pedagógica possui disciplinas obrigatórias e eletivas, entre as quais a disciplina “Tópicos Especiais em Políticas e o Sistema Único de Saúde (SUS)”, que trata de conteúdos referentes ao SUS. Seu propósito é o de favorecer reflexões e diálogos sobre as políticas públicas estruturantes e que se conectam com o processo de formação em saúde. Objetivo: Relatar a experiência de alunos de enfermagem de um Polo Universitário junto a disciplina Tópicos Especiais em Políticas e o SUS, especificamente na construção do manuscrito “Carta Aberta a representantes do SUS”. Desenvolvimento: A disciplina utiliza em suas aulas teóricas ferramentas interativas e dinâmicas participativas com vistas a facilitar o processo ensino-aprendizagem. Em uma destas atividades foi feito o diagnóstico do distanciamento e frágil diálogo entre os usuários do SUS e os gestores do mesmo. E, coletivamente, foi proposta e construída uma Carta Aberta a gestores do SUS. A partir da turma de 40 alunos foram formados grupos, que seguiram roteiro de orientação para esta produção. Os alunos acessaram usuários e também documentos como Políticas, artigos e leis que os subsidiaram no processo de elaboração da Carta Aberta. Esta atividade foi concluída no final do semestre em um seminário e posterior avaliação pelos professores. Método do Estudo: Relato de Experiência que discorre sobre o processo de produção de uma Carta Aberta a representantes do SUS, idealizada e produzida por alunos de enfermagem do Polo Universitário Professor Aloísio Teixeira. Resultado: Evidenciou-se pontos relevantes advindos das Cartas: Ao Presidente da República - que garanta as diretrizes do SUS; a contratação de profissionais por meio de concursos públicos; e a necessidade de manter os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Aos membros do Conselho Nacional de Saúde - unificação dos sistemas de atendimento à saúde e maior comprometimento dos profissionais; a implantação da multiprofissionalidade e da informatização. Ao Secretário Municipal de Saúde - ampliar e qualificar o sistema de referência e contrarreferência; revisão da desarticulação dos programas e superlotação dos prontos-socorros, revisão das filas para marcação de consultas, falta de leitos hospitalares, falta de humanização e de acolhimento. Ao Secretário Estadual de Saúde – as potencialidades são os programas de saúde e dos transplantes de órgãos; e o acompanhamento aos usuários crônicos; e as fragilidades, o desinvestimento na saúde, demissão de profissionais, com destaque para os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs). Considerações finais: O objetivo foi alcançado uma vez que os alunos mantiveram-se estimulados na feitura da Carta Aberta. A possibilidade de criar um canal entre usuários e gestores do SUS foi mencionada como inovadora. O aprendizado para além da dinâmica tradicional da aula gerou movimento e posicionou o aluno como coparticipante de seu processo de aprendizagem. |
7523 | USO DE RECURSOS CÊNICOS NO CONTEXTO ENSINO-APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE PARASITOLOGIA MÉDICA Deise Andrade Melo, Luisa Tieme Souza Tuda, Emanuelly Maria Lima Barbosa, Jonathan Nascimento Priantti, Maria Linda Flora de Novaes Benetton USO DE RECURSOS CÊNICOS NO CONTEXTO ENSINO-APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE PARASITOLOGIA MÉDICAAutores: Deise Andrade Melo, Luisa Tieme Souza Tuda, Emanuelly Maria Lima Barbosa, Jonathan Nascimento Priantti, Maria Linda Flora de Novaes Benetton
Apresentação: A formação do futuro profissional de saúde tem sido alvo de diversas discussões, principalmente no que tange à sua capacidade de utilizar habilidades e competências que transpassam o conhecimento técnico-científico a ponto de que ele seja capaz de manejar adequadamente uma gama de situações problema. Assim sendo, urge que metodologias de ensino inovadoras sejam inseridas no contexto educacional dos alunos, como a metodologia ativa. Dentro desse contexto, mesmo em instituições de ensino com metodologia tradicional, alguns docentes utilizam desse método inovador em sua disciplina numa tentativa de possibilitar ao aluno um protagonismo no processo de ensino-aprendizagem sob uma ótica de autonomia freiriana. Desta forma, o presente trabalho busca relatar a experiência de acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas na elaboração de um seminário na disciplina de Parasitologia Médica nos quais os discentes eram o centro do ensino e aprendizagem. Foram utilizados recursos artísticos como música e teatro para promover um maior engajamento e interação entre os alunos, tornando a atmosfera mais didática e sem a presença de uma hierarquia. Diante disso, objetiva-se mostrar a relevância da metodologia ativa e de como ela pode ser inserida no âmbito universitário da saúde, o qual busca o preparo do discente para o mercado de trabalho. Desenvolvimento: Foi proposto a utilização de uma metodologia para abordar uma temática do assunto de parasitologia médica. Os acadêmicos foram desafiados a criar uma apresentação empregando recursos artísticos a fim de evitar a perpetuação da estrutura hierárquica em que o professor na sala de aula é o protagonista, além disso os mesmos só foram informados sobre o tema uma semana antes da exibição do trabalho. Dessa forma, essa metodologia ativa promoveu tanto a criatividade a partir de recursos cênicos quanto estimulou a capacidade de lidar com prazos reduzidos. Os critérios de avaliação englobavam a exposição do assunto didático propriamente dito, no entanto, a maior porcentagem da nota advinha da oratória e desenvoltura do aluno durante a exposição. Diante dessas normas, o tema sorteado, a ser abordado pelos discentes, foi a Toxoplasmose. Desta maneira, os estudantes empenharam-se para desenvolver um conjunto de cenas, inspiradas no filme “As Branquelas”, a fim de proporcionar um cenário cômico, no qual a plateia se sentisse confortável, a fim de abordar os assuntos de forma descontraída utilizando o emocional dos alunos para fixar o conteúdo. Diante dessa ideia, o roteiro, baseado na trama do filme, foi elaborado para que dois acadêmicos se caracterizassem como os personagens principais e um deles estivesse suspeitando estar com a doença abordada, enquanto os dois outros integrantes interpretavam suas amigas. O clímax da peça se configurava em torno da ideia que a personagem possuía sintomas clínicos sugestivos de toxoplasmose, o que levou a uma discussão cômica da patogenia e ciclo de vida do parasita, seus possíveis efeitos na qualidade de vida da paciente e como a transmissão se relacionava com o seu gato de estimação, que é o principal vetor urbano da enfermidade. A partir disso, utilizou-se uma apresentação de PowerPoint como um recurso visual para auxiliar na compreensão dos exames complementares que deveriam ser realizados para confirmar o diagnóstico. Ao final da apresentação, a plateia concluiu, com base nas informações expostas, que a personagem estava com infectada com o agente etiológico da doença. No entanto, os espectadores foram surpreendidos com o uso de mais uma abordagem ativa para fixar as informações essenciais por meio de uma paródia da música icônica do filme, “1000 miles” da cantora Vanessa Carlton. Como pode ser observado a seguir: Música: Toxoplasmiles Fui para o Paraná aproveitar Com meu bebê Fui às compras Comi no restaurante steak tartar Me ofereceram água da casa. Ingestão de cistos Ou oocistos Pela placenta ou congênita. Toxoplasma gondii Eu contraí Taqui ou bradizoíto Eu ingeri Ou será o oocisto que engoli Será que vou viver “Tonight”. Para saber se tem O toxoplasma É só mandar pro lab Analisar Se o ELISA der positivo Eu não acredito Vou viver com cistos Dentro de mim. Sexuado É no gato E olha a Síndrome de Sabin. Resultado: Perante o término da atividade avaliativa, foi constatado um maior envolvimento dos discentes no processo ensino-aprendizagem, principalmente no que tange a busca autônoma pelo conhecimento fora dos padrões tradicionais em que as informações são restritas ao professor. Dessa maneira, ocorreu uma troca de papéis, em que o aluno não é mais um ser passivo do aprendizado, no qual apenas absorvia o conteúdo ministrado pelo professor, ganhando a oportunidade de construir o conhecimento segundo sua própria percepção do conteúdo, correlacionando-o com experiências mais próximas da sua realidade. Ademais, no decorrer da apresentação, estimularam-se habilidades que são deficientes na formação, por exemplo: capacidade de lidar com imprevistos, saber ajustar a oratória de acordo com a plateia e ser competente em converter um assunto complexo em uma linguagem simples e acessível. Considerações finais: A partir da experiência do grupo com uma metodologia ativa, a qual difere da costumeira sala de aula de uma universidade, onde normalmente o professor utiliza-se de slides e da oratória para transmitir o conteúdo, foi possível notar que essa prática empenhou os alunos em buscar o conteúdo antes do professor ministrá-lo em sala, permitindo uma certa autonomia e estimulando os estudantes a pesquisar em livros e demais fontes científicas. Além disso, possibilitou um espaço para os alunos exercerem a sua criatividade a fim de aplicarem o conteúdo de parasitologia médica de forma descontraída, mas promovendo a facilitação no aprendizado dos demais colegas de classe. Também se estabeleceu uma responsabilidade sob os acadêmicos para que eles e os demais colegas pudessem obter o conhecimento de forma eficaz e completa sobre a toxoplasmose, submetendo-os a um trabalho em equipe e visando o entendimento e domínio do assunto transmitido de forma didática, objetiva e que facilita a fixação. Mas também aprenderam na prática a ter uma melhor desenvoltura em público, através de recursos cênicos, preparando-os para lidar com situações que presenciarão ao longo da jornada acadêmica. Diante disso, houve a desconstrução no método tradicional de transmitir o conteúdo acadêmico para os estudantes, expandindo as aplicações que podem ser feitas para se estudar, aprender e também compartilhar o conhecimento sobre determinado assunto para outras pessoas de forma eficiente. Nota-se essa experiência possibilita desenvolver uma consciência crítica e melhor compreensão do método, como também da sua colaboração para o sistema de ensino e aprendizado dos acadêmicos de medicina. |
7553 | PACE “RIOS DE PLÁSTICO”: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA VISÃO DE UMA ESTUDANTE DE ENFERMAGEM Amanda da Silva Melo, Waleska Gravena, Cliviane Farias Cordeiro, Alessandra da Silva Carvalho, Andreina Santos da Silva, Karem Poliana Santos da Silva PACE “RIOS DE PLÁSTICO”: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA VISÃO DE UMA ESTUDANTE DE ENFERMAGEMAutores: Amanda da Silva Melo, Waleska Gravena, Cliviane Farias Cordeiro, Alessandra da Silva Carvalho, Andreina Santos da Silva, Karem Poliana Santos da Silva
Apresentação: Os projetos e ações voltados à sustentabilidade ambiental surgem como um estímulo que deve ser buscado pelos profissionais enfermeiros, pois favorece que os atuais e futuros profissionais possam refletir sobre a promoção de saúde em relação à educação ambiental e sustentabilidade. Desta forma, o presente trabalho possui como objetivo central: Relatar a experiência vivenciada por uma estudante de enfermagem dentro do Projeto de extensão “Rios de Plástico” e uma reflexão levantada sobre sustentabilidade ambiental e sua relação com a saúde. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência sobre um projeto de extensão desenvolvido no Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB-UFAM), realizado por docentes e discentes desse instituto. O projeto teve como objetivo principal minimizar os danos que os recipientes plásticos causam ao meio ambiente, tendo, como público alvo, alunos e população em geral do município de Coari-AM determinados a melhorar o meio ambiente em que vivemos. Resultado: O projeto desenvolvido no ISB, contou com a colaboração de sete docentes e 22 discentes monitores, sendo estes, estudantes do instituto. Antes da data de realização do evento, o grupo reunia-se semanalmente para planejar e discutir ideias, além de testar os objetos que seriam produzidos nas oficinas. O primeiro dia de projeto contou com a realização de palestras, com temas relacionados ao uso excessivo do plástico, poluição ambiental e seus danos à saúde, poluição dos rios e educação ambiental, além de sugestões criativas para diminuição do uso de plásticos no dia a dia. O dia seguinte proporcionou a atividade prática, com a realização de quatro Oficinas utilizando materiais recicláveis, sendo elas: Puffs de PET; Vassouras de PET; Sabão de óleo usado; e Vasos de PET. Os participantes foram divididos em quatro grupos, onde todos puderam participar das 4 oficinas. Considerações finais: O projeto Rios de Plástico proporcionou uma conscientização e um olhar mais abrangente sobre os cuidados que se deve ter com o meio ambiente, onde a reutilização de produtos e a reciclagem de materiais nas oficinas se tornaram eficazes, pois agregaram valor ao que era considerado descarte, além de apresentar um viés social, podendo servir como renda financeira. Outro grande feito deste projeto foi a compra de canecas para todos os discentes e docentes do ISB, visando diminuir o uso de copos descartáveis na instituição. Desta forma, através do projeto Rios de Plástico, foi possível compreender com mais clareza a questão do meio ambiente e sua relação com o processo saúde-doença, levantando a reflexão curiosa de que apesar da enfermagem estar voltada para a promoção da saúde, pouco se vê o engajamento da mesma em temáticas ambientais. Logo, faz-se necessária a realização de mais projetos como este nas instituições de ensino e inserção nos cursos de graduação em saúde a temática “saúde e meio ambiente”, a fim de que os profissionais desenvolvam a concepção de que a saúde humana depende de um planeta saudável. |
7615 | CONSTRUINDO UM PORTFÓLIO COMO ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO E ENSINO-APRENDIZAGEM EM UM ESTÁGIO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: A EXPERIÊNCIA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA PUC MINAS BETIM Hiago Daniel Herédia Luz, Jacqueline do Carmo Reis, Luiza Catarina Campos Andrade, Márcia Colamarco Ferreira Resende, Letícia Mitalle Soares da Silva Cunha, Sabrina Oliveira Viana Balbi CONSTRUINDO UM PORTFÓLIO COMO ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO E ENSINO-APRENDIZAGEM EM UM ESTÁGIO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: A EXPERIÊNCIA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA PUC MINAS BETIMAutores: Hiago Daniel Herédia Luz, Jacqueline do Carmo Reis, Luiza Catarina Campos Andrade, Márcia Colamarco Ferreira Resende, Letícia Mitalle Soares da Silva Cunha, Sabrina Oliveira Viana Balbi
Apresentação: O processo de ensino e aprendizagem nas instituições de ensino superior, ainda hoje, são embasados em modelos verticais e hierarquizados no que diz respeito à transmissão do conhecimento. Nesses modelos o professor é o agente ativo no processo e detém o saber, sendo responsável por transmitir o conhecimento aos alunos, que por sua vez deverão internalizá-lo e reproduzi-lo nas avaliações. Esse modelo de ensino vigente forma profissionais capacitados para atuarem com diversos tipos de tecnologia, no entanto pouco desperta o profissional para o saber cultural, o uso da criatividade e do senso crítico, além de promoverem uma relação pouco humanizada, essa tão necessária no trabalho com pessoas. Esse perfil de profissional, que ainda é formado na maioria das instituições de ensino superior, confronta diretamente o modelo de organização da rede de saúde pública do Brasil, que prevê a humanização do cuidado em todos os seus níveis de atenção. Nesse cenário, o uso de metodologias ativas torna-se cada vez mais importante, pois permite aos estudantes a reflexão de ideias e ainda desenvolve a capacidade de usá-las. Uma abordagem pautada nessas metodologias de ensino, desenvolve nos participantes alguns de seus princípios como: a autonomia, a reflexão e a problematização da reflexão, trabalho em equipe, inovação, o professor como mediador, facilitador ou ativador, o aluno como centro do ensino e da aprendizagem. A partir disso, o conhecimento construído por parte dos alunos pode ser exposto de diversas formas e linguagens, sendo através da escrita, da fala, poesia, fotografias e outras. Essas formas de expressões perpassam o que foi construído em sala de aula e trazem a tona todo um complexo de vivências e experiências. Mas, qual instrumento poderia auxiliar na avaliação do conhecimento construído pelos alunos, no decorrer da graduação e da vida? Pensando nisso, as professoras responsáveis pelo estágio supervisionado de Fisioterapia na Atenção Primária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Betim, propuseram a construção de um portfólio como forma de avaliação problematizadora do processo de aprendizagem, que abordasse a experiência do estágio de Saúde Coletiva, durante o segundo semestre de 2019. O presente trabalho pretende relatar a experiência da construção desse portfólio, na percepção dos alunos e das professoras envolvidas. O processo de construção do trabalho se iniciava nos primeiros dias de estágio com uma pergunta norteadora sobre alguma vivência do aluno na Atenção Primária. A partir dessa pergunta ou questão de aprendizagem, os alunos eram convidados a fazer uma reflexão teórica-científica e pessoal acerca da vivência escolhida. Com a situação alvo e a pergunta norteadora definida, o portfólio deveria ser iniciado com uma autobiografia e este deveria ser elaborado de maneira criativa, não se limitando ao formato técnico-científico. Os alunos foram instigados a experimentarem uma imersão no projeto durante a escrita e construção do portfólio, que poderia conter: poesias, letras de músicas, fotografias, frases, dentre outras manifestações, mas que tivessem relação com a experiência a ser descrita ao longo de todo o semestre. Além disso, deveriam refletir e descrever sobre o ambiente onde estavam introduzidos durante o estágio e as sensações vivenciadas, antes de contextualizar a situação-objeto de desenvolvimento do portfólio. O portfólio deveria basear-se em uma das experiências vividas durante o estágio de saúde coletiva, que poderia ser: visitas domiciliares, atividades de educação em saúde, reuniões de matriciamento, atividades com grupos, atendimentos individuais, dentre outros. Para o referencial teórico os alunos deveriam utilizar no mínimo três bibliografias. A partir dessas orientações cada aluno definiu a maneira que construiria seus respectivos portfólios, considerando a vivência no estágio como um todo, abordando todos os aspectos da experiência, ou através de atuações pontuais nas diferentes ações do fisioterapeuta na APS. Foram produzidos diferentes tipos de portfólios, com diversos tipos de perguntas norteadoras, sendo o livreto mais predominante. Os alunos utilizaram diversas expressões artísticas para a construção do trabalho, fizeram colagem de fotos, inseriram letras de músicas, poemas, políticas de saúde direcionadas aos grupos em que eles se identificavam como por exemplo a Política Nacional de Saúde Integral a Lésbicas, Gays e Transexuais e a Política Nacional de Saúde da População Negra, dentre outros. Ao final do estágio, os portfólios foram entregues para avaliação das professoras e foi agendada uma data para a apresentação e discussão dos mesmos, no formato de roda de conversa. A roda iniciou com as professoras responsáveis pelo estágio de saúde coletiva fazendo uma dinâmica onde cada uma apresentava dez fatos sobre suas próprias vidas e entre esses dez fatos havia um que era mentira. Os alunos participantes deveriam julgar quais das afirmações eram verdadeiras e qual era falsa. Dessa forma objetivaram horizontalizar a conversa e criar um ambiente favorável ao diálogo, visto que os portfólios traziam muitos relatos pessoais dos alunos. Em sequência, cada aluno falou sobre o seu respectivo portfólio, relatando também um pouco sobre sua autobiografia. Segundo os relatos, a experiência de construção do portfólio foi extremamente transformadora, visto que, durante a escrita da autobiografia o olhar para si mesmo e o relato de fatos que ocorreram em suas vidas permitiu resgatar e ressignificar experiências passadas em um processo interativo. Alguns alunos trouxeram relatos de problemas familiares complexos como alcoolismo e violência doméstica, outros fizeram relatos pessoais de racismo, homofobia, assédio sexual, e ainda houveram relatos sobre a graduação e o enfrentamento das angústias e desafios enfrentados durante esse período. Ao falarem sobre as experiências vivenciadas, os alunos destacaram o quanto suas histórias pessoais e suas individualidades influenciaram na maneira de ver o outro e de produzir saúde por meio da interação entre a formação técnica científica e a formação humana ao longo do estágio de saúde coletiva. A pontuação do trabalho representou 20% do total distribuído no semestre e as professoras utilizaram como critério de avaliação os seguintes tópicos: organização geral, bibliografia utilizada, criatividade, redação e sequência lógica/cronológica do texto, apresentação do trabalho e elaboração da pergunta e capacidade de resposta. Conclui-se que a experiência de construção do portfólio de saúde coletiva foi extremamente importante na formação desses alunos, uma vez que essa permitiu uma reflexão crítica sobre “quem sou eu” enquanto pessoa e enquanto profissional da saúde. Mostrou também, que existem diversas formas de produzir e mostrar o conhecimento, sendo o método de construção do portfólio uma ferramenta eficaz no desenvolvimento do senso crítico, da autopercepção e da criatividade. Cabe ressaltar também, que a elaboração de um portfólio permite que seus autores consigam perceber as suas mudanças no decorrer do tempo e permite aos avaliadores entender esse aluno de maneira holística e acompanhar seu desenvolvimento profissional e pessoal. O portfólio mostrou-se também uma ferramenta eficaz no processo de ensino-aprendizagem do estágio em saúde coletiva e permitiu ao aluno, agente do processo, produzir novos significados em um contínuo processo de interação de novas ideias com conceitos e proposições já existentes. |
7667 | A DESVINCULAÇÃO DO MODELO TRADICIONAL DE SALA DE AULA: VIVÊNCIA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE RIBEIRINHA. Ana Clara Lima Moreira, Alessandra Conceição Leal, Ariane Salim do Nascimento, Eliza Paixão da Silva, Ianka Carolline da Silva Saldanha, Vitória Cristiane Leandro da Silva, William Dias Borges, Breno Augusto Silva Duarte A DESVINCULAÇÃO DO MODELO TRADICIONAL DE SALA DE AULA: VIVÊNCIA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE RIBEIRINHA.Autores: Ana Clara Lima Moreira, Alessandra Conceição Leal, Ariane Salim do Nascimento, Eliza Paixão da Silva, Ianka Carolline da Silva Saldanha, Vitória Cristiane Leandro da Silva, William Dias Borges, Breno Augusto Silva Duarte
Apresentação: Os métodos tradicionais de ensino são baseados em uma dicotomia entre um professor detentor do conhecimento e chefe de uma sala de aula e o aluno como receptor vazio do conhecimento e um subordinado dentro do ambiente escolar/universitário. A partir de práticas pedagógicas que buscam estabelecer o senso crítico como objetivo a ser alcançado, evidenciado por pesquisadores importantíssimos para a educação, como Paulo Freire, observa-se que a reflexão sobre algo é necessária para efetivar o seu agir e tal ação, em si, gera uma nova reflexão, processo esse que não se finda em si mesmo. Sair da sala de aula e observar as realidades distintas de um povo pode ser uma experiência que gera reflexões nunca antes pensadas por acadêmicos que observam uma realidade apenas pela teoria apresentada em sala de aula, como no caso das aulas práticas da disciplina Enfermagem e as Populações Tradicionais da Amazônia de uma Universidade do Pará. Esta disciplina foi recentemente adicionada ao projeto pedagógico da instituição, satisfazendo à uma necessidade de estudos específicos acerca de povos tradicionais amazônicos, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, sendo um meio de compreender pelo menos em parte como se dá a assistência de enfermagem à estes, bem como de salientar suas principais características e necessidades específicas. A partir disso, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem nas vivências na Secretaria Estadual de Saúde e em uma Unidade Básica de Saúde Ribeirinha no Estado do Pará. Descrição da Experiência: A Vivência das acadêmicas ocorreu no período de prática da disciplina Enfermagem e as Populações Tradicionais da Amazônia de uma Universidade do Pará e foi dividida em dois momentos: No primeiro momento foi realizada uma visita à Coordenação de Populações Tradicionais da Secretaria de Estado de Saúde Pública, onde foi realizada uma reunião com os membros da coordenação responsáveis pela área, na qual foram abordados diversos temas como Redes de Atenção à Saúde, Importância e Implementação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), distribuição das comunidades quilombolas no estado, organização das Equipes de Saúde da Família (eSF) Ribeirinha e Fluvial. No segundo momento, foi realizada uma observação prática da realidade de uma Unidade Básica de Saúde Ribeirinha, para realizar tal atividade, as acadêmicas encontraram-se com o docente da disciplina em um porto, do qual já haviam programado sair com um barqueiro, por meio de uma lancha - este é um dos meios de transporte utilizados para adentrar a região dos rios, outros meios incluem canoas à remo, pequenas embarcações e canoas à motor, sendo conhecidos pelos nativos da região pelo termo “rabeta” - a travessia de lancha saindo do porto para a UBS durou cerca de 15 minutos. A visita à Unidade Básica de Saúde se deu em uma manhã, onde foi possível dialogar com parte da equipe, observar a dinâmica de trabalho e conhecer as instalações locais da Unidade, bem como realizar uma imersão no cotidiano de um povo que vive tão próximo da área urbanizada da cidade e, mesmo assim, de formas tão diferentes. Resultado: Estar no ambiente da UBS a qual se encontra na beira do rio - a qual dispõe apenas do transporte fluvial para adentrar na comunidade - acabou por se demonstrar uma experiência muito diferente, que se revelou como um olhar singular para com a realidade dos povos ribeirinhos e consequentemente o estilo de vida diferenciado assim como atendimento e necessidades específicas de um povo com sua própria cultura, demanda, infraestrutura e logística, reforçando a importância de um atendimento holístico, fundamentado nas necessidades inerentes à população alvo. Além disso, foi observada a diferença entre o serviço das Agentes Comunitárias de Saúde que atuam na área continental da cidade e das que atuam na área insular (arquipélago do Combú), já que os rios e afluentes são as divisões das áreas e microáreas (ao invés de passagens e ruas), sendo 6 microáreas, da qual uma encontrava-se descoberta, além disso, a UBS precisava de um sistema de transporte diferenciado visto que as visitas domiciliares se dão por meio das rabetas. Tais observações demonstraram o quanto o trabalho da gestão das Secretarias de Saúde é necessário de modo a articular os serviços oferecidos para a população, questão levantada na reunião com a Coordenação de Populações Tradicionais, trazendo à luz do diálogo o quanto este processo ainda precisa avançar para chegar aos resultados que são almejados. Com a união das duas atividades práticas, foi possível destacar que a realidade a ser encontrada no dia a dia do serviço, não é aquela padronizada que se estuda nas salas de aula, pois, para isso ocorrer há a necessidade da junção de fatores como a motivação dos profissionais, dos gestores, dos representantes políticos, de apoio material e financeiro e de articulação entre serviços. É a partir desta perspectiva que se percebe o quanto o sistema educacional ainda precisa avançar, de modo a observar tais problemas gerenciais e poder buscar formas eficazes e criativas de resolvê-los desde a graduação, afinal, enfermeiros que se formam com esse olhar crítico de refletir, agir e refletir, são grandes atores e atrizes de mudança no ambiente de trabalho e social daquele povo. A partir desta percepção, compreende-se que o modelo tradicional de ensino precisa ser ultrapassado em todos os aspectos da aprendizagem, visto que, com o apoio prático destas visitas, a autonomia que as acadêmicas puderam ter permitiram uma melhor reflexão crítica acerca das realidades das duas localidades, de modo a conseguir articular a realidade da UBS com os processos gerenciais necessários para que esta funcione – processos esses observados na reunião com a Coordenação de Populações Tradicionais da Secretaria de Estado de Saúde Pública. Considerações finais: Por isso faz-se necessário cada vez mais uma metodologia estudantil no qual o estudante é o protagonista, criando estímulos para sensibilização e olhar crítico dos mesmos, buscando uma formação mais completa e dinâmica, a qual propõe a interação de teoria e prática, evidenciando assim, a importância de ser trabalhado cada componente curricular. Desta forma, foi notada a relevância da disciplina Enfermagem e as Populações Tradicionais da Amazônia, tendo em vista a indispensabilidade da organização do serviço direcionada a esta população, assim como, um atendimento específico direcionado às suas singularidades, colocando em prática um dos princípios do SUS, que é a equidade, e de profissionais qualificados que conheçam a dinâmica, o desenvolvimento social e a cultura desses povos, para uma assistência de qualidade, e, para isso, percebe-se o quão importante torna-se tratar deste assunto dentro da academia, visando desmitificar preconceitos, juntamente com a aplicação de metodologias que busquem incentivar a autonomia, senso crítico dos alunos, a importância da interação entre as redes de atenção à saúde e a respectiva formação política para luta a favor das mesmas. |
11292 | DESAFIOS DA FORMAÇÃO INTERIORIZADA DE SANITARISTAS “LATO SENSU” EM PERNAMBUCO: A EXPERIÊNCIA DAS TURMAS SERTÃO E AGRESTE BRUNO MACEDO DESAFIOS DA FORMAÇÃO INTERIORIZADA DE SANITARISTAS “LATO SENSU” EM PERNAMBUCO: A EXPERIÊNCIA DAS TURMAS SERTÃO E AGRESTEAutores: BRUNO MACEDO
Apresentação: A condução de uma proposta de formação em saúde pública, na modalidade latu sensu, apresenta-se como um desafio para aqueles presentes nos seus bastidores, principalmente quando se leva em consideração os aspectos conjunturais atuais que posicionam e gestor da saúde pública (público-alvo dessa formação) em um local naturalmente envolvido em conflitos de interesses diversos e muitas vezes antagônicos a égide do direito constitucional a saúde. Para tanto, essa formação foi desenvolvida pela ESPPE estruturada a partir de três eixos didáticos “Conhecendo o lugar da produção social da saúde”; “Analisando e intervindo nos problemas de saúde”; e “Refletindo sobre o processo de trabalho e a gestão em saúde”, a matriz curricular foi composta a partir de quatro grandes áreas do conhecimento: Ciências Humanas e Sociais; Planejamento e Gestão em Saúde; Epidemiologia e Processo Saúde- Doença-Cuidado; Trabalho, Ensino e Pesquisa na Saúde. Uma colcha que costurou dentre muitos retalhos: “concepções de Estado e Sociedade” e “normatizações no processo de organização e de consolidação do SUS”; “saúde como construção sociocultural” e “bases conceituais da economia em saúde, da reforma do Estado e os impactos no setor saúde”; “bases históricas e conceituais da epidemiologia em saúde, seus métodos, principais instrumentos e usos” e “Lutas sociais na América Latina e a presença do pensamento crítico latino-americano na formação do Movimento de Reforma Sanitária Brasileira”; “O pacto federativo e a descentralização após a constituição de 1988” e “A organização da vigilância em saúde e a integração com a atenção à saúde”; “O processo histórico do trabalho em saúde” e “Educação e educação popular em saúde”; “Ética, bioética e o direito à saúde” e “Utilização de softwares para análise e construção de indicadores”. Dessa forma, o objetivo dessa ampliação do período total do curso foi o de promover maior fluidez das diversas atividade de finalização do curso, conferir maior qualidade dos produtos finais da formação, bem como, os aspectos logísticos referentes a realização das defesas também descentralizadas do PI. Assim, o curso foi executado em um total de 13 meses, iniciando-se no mês de outubro de 2016 e finalizando no mês outubro de 2017. Desenvolvimento: E Resultado: O trabalho de conclusão de curso no formato de Projeto de Intervenção Considerando a missão do curso de provocar transformações e o aprimoramento da gestão do SUS no âmbito dos municípios e do estado embasado na Educação Permanente em Saúde, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) consistiu na construção e defesa de um Projeto de Intervenção (PI), voltado ao local de atuação dos discentes. A decisão da ESPPE pela produção do PI permitiu aos discentes tanto o aprendizado sobre a construção de um TCC, visto que esse formato apresenta o mesmo roteiro ou estrutura que os projetos convencionais, como oportunizou elaborá-lo a partir da identificação de problemas do local de trabalho, reconhecendo as suas causas e consequências. Permitindo, assim, propor e experimentar soluções com intervenções, focadas nas principais causas, que garantirão que o problema, se não resolvido, seja minimizado. Outro aspecto do PI que contribuiu para a formação proposta pelo curso é que ele deve ser compreendido e desenvolvido como ação conjunta, partilhada entre atores do contexto. Logo, não se trata da elaboração solitária de um projeto para, posteriormente, outros executarem. Trata-se, ao contrário, de um projeto que, desde sua proposição, ocorre no e com o coletivo. Um PI precisa também ser tecnicamente exequível, economicamente viável, socialmente desejável e politicamente aceitável. Para isso, fundamenta-se nos pressupostos da pesquisa-ação, que envolve a presença efetiva das pessoas ou grupos implicados no problema proposto como alvo de intervenção. Os pesquisadores desempenham um papel ativo na resolução dos problemas identificados, no acompanhamento e na avaliação das intervenções desenvolvidas. Desenvolver um PI é sempre difícil por se tratar de um processo imbricado com os trabalhadores e suas rotinas nos serviços, que busca trazer mudanças institucionais de gestão e no processo de trabalho. Dessa forma, vai sempre encontrar pontos de resistência. Entretanto, por maior que tenham sido as dificuldades na construção do TCC como PI, foi possível verificar que os discentes alcançaram os objetivos de aprendizagem previstos no curso, ao mesmo tempo que conectaram todas as etapas dessa construção com a rotina de sua atuação nos serviços de saúde. Os discentes constataram que o aprendizado vivenciado e construído nesta formação serviu não apenas para chegar até a conclusão do curso com o produto final, mas que a teoria científica não se limita ao âmbito acadêmico, que cabe também na rotina de atuação deles no SUS. Entre esses aprendizados: a construção e utilização de árvore de problemas; definição de métodos coerentes com o objetivo da intervenção e público-alvo almejado; estabelecimento dos instrumentos de monitoramento e avaliação da intervenção; planejar intervenções para serem mais contínuas e profundas; e realizar e sistematizar os registros das intervenções de forma sistemática. Analisando o processo, tem-se a certeza do dever cumprido e objetivos alcançados. Porém, vale citar algumas das barreiras enfrentadas: as experiências anteriores frustrantes dos discentes quanto ao sentido e significado da produção de um TCC; a dificuldade de olhar para “si/serviço” e propor caminhos de melhorias, acreditando que a mudança é possível; a limitada rotina de produção e divulgação sobre o que se desenvolve nos serviços de saúde; o descompasso entre tempo de trabalho e tempo de estudo; poucos orientadores conscientes em relação à proposta do TCC da ESPPE e o tempo de desenvolvimento do próprio curso, que não conseguiu atender aos planejamentos de todas as ações dos PI. Considerações finais: Vencidos os desafios, e certos de que eles sempre existirão, seguimos até a conclusão do curso, que se deu com muita troca de conhecimentos científicos e populares, recheada daquela alegria e satisfação compartilhada por todos que fizeram o curso nas duas turmas. Encerra-se esta seção com uma produção que, entre tantas outras, serviu para motivar e mobilizar todos os envolvidos na construção do TCC como um PI. |
8071 | DECOLONIALIDADE E CIDADANIA NAS FRONTEIRAS: SUBJETIVIDADE, SAÚDE E ENSINO Conrado Neves Sathler, Elenita Sureke Abílio, Danilo Cleiton Lopes DECOLONIALIDADE E CIDADANIA NAS FRONTEIRAS: SUBJETIVIDADE, SAÚDE E ENSINOAutores: Conrado Neves Sathler, Elenita Sureke Abílio, Danilo Cleiton Lopes
Apresentação: Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa docente “Psicopatologia e Decolonialidade: gênero e relações de poder nas políticas públicas” em andamento em uma universidade federal da região centro-oeste do país. O objetivo deste recorte é discutir, a partir de experiências de ensino, os efeitos provocados pelo pensamento decolonial na subjetividade de professores e estudantes de graduação e pós-graduação. Os efeitos aqui apresentados são da ordem da subjetividade cidadã. Para isto, apresentamos um deslocamento no conceito de subjetividade que, de um modelo que parte da concepção de que o sujeito seja um efeito dos discursos, conforme nos fala a abordagem teórica da Análise do Discurso foucaultiana, a qual nos filiamos, passa a considerar a violência colonial e os fundamentos da modernidade eurocentrada (identidade racial, racionalidade, monoteísmo, capitalismo...) como atravessamentos constituintes do sujeito colonizado. Introduzimos, assim, as críticas decoloniais aos estudos de nosso território. Desenvolvimento: Esse deslocamento conceitual, efeito do pensamento Decolonial sobre os estudos da subjetividade, é carregado de elementos desestabilizadores, uma vez que a racionalidade eurocentrada é linear e não percebe rupturas nem modelos distintos de organização subjetiva, planificando e forçando uma continuidade onde há descontinuidade e diferença, criando uma fronteira abissal entre povos e instituindo um poder violento de dominação. O desperdício dos saberes tradicionais, as relações de subalternidade nas relações de poder, de saber e de ser e as violências de gênero e racismos são tocadas em nossos processos de ensino na Graduação e no Mestrado em Psicologia e também na Residência Multiprofissional em Saúde. O contato com as populações mais violentadas – colonizadas –, a análise das políticas de exclusão e dominação e a compreensão de como as políticas de identidade asseguram lugares de discriminação social promovem engajamentos diferenciados nas produções acadêmicas e nos campos de trabalho, sejam eles assistência, ensino, gestão ou controle social. O lugar fonte deste breve relato é território abundante em fronteiras. Geograficamente, o território compreende as fronteiras nacionais Brasil, Paraguai e Bolívia. Uma característica marcante dessas fronteiras geográficas é a de serem porosas, o que quer dizer que não há separação, não há controle administrativo eficiente em nenhum desses países, observa-se livre trânsito de sujeitos e objetos de qualquer nacionalidade. A dificuldade de controle de trânsito se dá seja pela dificuldade de governo das fronteiras secas ou pela grande extensão da linha divisória formada pelo Rio Paraguai, com pouquíssimos habitantes às margens. Ainda, sobre esse trânsito, além de brasileiros, paraguaios e bolivianos, há, devido à forte vocação comercial dessas fronteiras, grande número de negociantes, importadores e atravessadores de mercadorias também de outras nacionalidades: chineses, taiwaneses, israelitas e libaneses, entre vários outros. A vida neste tipo de fronteira carrega outra peculiaridade, há sujeitos com dupla nacionalidade, às vezes, oficial, outras vezes, clandestina. Há famílias da fronteira, com cônjuges e filhos de ambas as margens. No entanto, o mais marcante dessa fronteira é a territorialidade sobreposta. Nos três países dessa região há indígenas, sobretudo guaranis (mas não somente guaranis). Há, portanto, uma nação guarani com população, língua, hábitos, religião e regras sociais próprias. Embora colonizados por portugueses e espanhóis, esses povos são resistentes e mantém seus valores, territórios e modos de existência à revelia da política, principalmente do Brasil. A presença constante das diferenças nos espaços públicos: ruas, escolas, hospitais, oficinas, bancos, lojas e igrejas, nos proporciona convivências impensáveis em outras regiões do país. Em sala de aula na universidade podemos ter alunos/as indígenas, mas há entre eles ainda descendentes de italianos e alemães oriundos do sul do país, negros e negras, japoneses de colônias, paraguaios e paraguaias e ainda os recém imigrantes venezuelanos, haitianos e venezuelanos. Constatamos estudantes falantes das línguas guarani, castelhano, italiano, alemão, russo, catalão, inglês, crioulo, mandarim e tamil. Além dessa diversidade linguística, há diversidade nas comunidades onde vivem o onde vivem suas famílias: aldeias, reservas indígenas, pequenas e distantes cidades, grandes capitais, cidades do exterior, quilombos, assentamentos rurais, latifúndios e colônias, de todas as regiões do país e algumas do exterior. As fronteiras agrárias são também uma realidade presente, produtores rurais brasileiros com terras no Brasil e no Paraguai, pecuaristas e agricultores com propriedades de todos os tamanhos. Na universidade há alunos estrangeiros: guineenses, angolanos, moçambicanos, haitianos e colombianos, além de Paraguaios. Os alunos locais também podem fazer intercâmbios: Peru, Colômbia, Chile, Belize e Portugal foram destinos de alguns de nossos alunos. No Hospital Universitário (HU), residentes de variados núcleos de saber convivem com formações distintas, profissionais de diferentes formações políticas e visões de saúde, participam de reuniões do controle social e de assembleias indígenas. O território com fronteiras plurais, se por um lado, naturaliza e apaga diferenças, pode, por outro lado, servir como campo com eixos de análise dos mecanismos de discriminação social de matizes distintas. A apropriação do pensamento Decolonial permite tocar a Colonialidade do Saber em ato e perceber mecanismo de secundarização dos conhecimentos não produzidos pela academia em modelo eurocentrada. Essa secundarização é enfrentada na academia que discrimina os relatos de experiência como escritos menos valiosos do que os artigos experimentais ou análises com métodos positivistas; no HU, como espaço de trabalho/ensino se enfrenta a secundarização dos núcleos de saber e produções filiadas à Saúde Coletiva e, consequentemente, à Clínica Ampliada e Compartilhada, postos diante dos poderes disciplinares profissionais. O eixo da colonialidade do Poder age por meio da atuação político-administrativa das populações. O direito à cidade, ao deslocamento, à segurança, à educação, à saúde, aos lugares de fala na política secundariza as populações. A centralidade das relações impermeadas pelo capitalismo, voltadas ao lucro e à acumulação do capital, excluem as comunidades que resistem a esse modelo de produção. Impactos Os ambientes pedagógicos voltados ao desenvolvimento da cidadania como valor ético se organizam para a escuta de seus participantes e, por meio da valorização de suas histórias, constrói um lugar de identificação dos mecanismos de discriminação de raça, gênero, orientação religiosa e condição social dos presentes e das comunidades dos cenários das práticas de ensino. As atividades acadêmicas anotadas em relatórios realizados em grupo por alunos da graduação, os trabalhos de conclusão de residência com relatos de experiências individuais e as dissertações de mestrado tem se tornado registros documentais valiosos para nossas análises e também para a construção de uma narrativa sobre esse território peculiar do país. O efeito desses atravessamentos na subjetividade desperta um reposicionamento da cidadania, pois desloca os lugares de injustiça, abandono social, exploração, exclusão, estigmatização e cerceamento da liberdade naturalizados socialmente. A mudança da percepção produz conflitos e instiga os sujeitos à reorganização dos lugares de fala ocupados pelos estudantes e também problematiza as institucionalizações das formas de organização social e das identidades. Considerações finais: Ao problematizarmos, em espaços híbridos de ensino e participação social, as construções discursivas e seus atravessamentos subjetivos, identificamos, nas populações locais, e em nós mesmos, traços de discriminação social que se manifestam nas formas de iniquidade e de exclusão social e nos reposicionamos como sujeitos profissionais ético-políticos em defesa da cidadania plena e dos princípios constitucionais que regem o Sistema Único de Saúde: equidade, integralidade e universalidade. Ainda, nos reafirmamos no movimento de resistência, inspirados nas experiências exitosas que marcam a reinvenção de novas formas de fortalecer as políticas públicas: a participação socialcidadã. |
10158 | INICIATIVA DE EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UFPB: RELATO DE EXPERIÊNCIA MICHELLY SANTOS DE ANDRADE, MARCIA QUEIROZ DE CARVALHO GOMES, MARIA DE LOURDES DE FARIAS PONTES, FILIPE FERREIRA DA COSTA, ÂNGELA CRISTINA DORNELAS DA SILVA, GERALDO EDUARDO GUEDES DE BRITO, ERNANI VIEIRA DE VASCONCELOS FILHO INICIATIVA DE EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UFPB: RELATO DE EXPERIÊNCIAAutores: MICHELLY SANTOS DE ANDRADE, MARCIA QUEIROZ DE CARVALHO GOMES, MARIA DE LOURDES DE FARIAS PONTES, FILIPE FERREIRA DA COSTA, ÂNGELA CRISTINA DORNELAS DA SILVA, GERALDO EDUARDO GUEDES DE BRITO, ERNANI VIEIRA DE VASCONCELOS FILHO
Apresentação: A educação interprofissional em saúde (EIP) é aquela que acontece quando dois ou mais estudantes de diferentes cursos da saúde aprendem, sobre/com os outros e entre si, a produzir saúde. Tem sido apontada como um caminho para incentivar/fomentar as práticas colaborativas em saúde, a fim de produzir melhoria nos serviços de saúde (SS), sobretudo ofertando uma atenção integral e centrada no usuário. Dessa forma, iniciativas EIP têm sido estimuladas por órgãos internacionais e nacionais. No Brasil, por exemplo, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) formulou uma política pública, indutora à mudança da formação e qualificação dos trabalhadores da saúde, o Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-Saúde). O PET-Saúde/Interprofissionalidade, chamada atual do programa, configura-se como a dimensão Macro, uma das três dimensões relacionadas à formação. As duas seguintes são as dimensões Meso, que serefere ao contexto institucional em que os pressupostos da EIP podem ser implementados e Micro, que estárelacionada aos esforços para desenvolver as competências colaborativas, capazes de melhorar as relações interpessoais e interprofissionais. O objetivo desse trabalho é relatar uma experiência de iniciativa EIP no Centro de Ciências da Saúde da UFPB e analisá-la sob essas três dimensões da formação. Desenvolvimento: a UFPB tem participado das edições do PET-Saúde desde seu primeiro edital. Um ano após iniciado o projeto PET-GraduaSUS, em que um dos seus eixos era a adequação dos cursos às diretrizes curriculares nacionais (DCN), um dos objetivos propostos foi a inserção de componentes curriculares de EIP nos projetos pedagógicos do curso (PPC), ancorada na dimensão Meso da formação. Essa proposta foi levada por representantes tutores do PET para a Assessoria de Graduação do Centro de Ciências da Saúde (CCS), a qual foi acolhida, rapidamente, e trabalhada no Fórum de Coordenadores de Curso, sob a forma de oficina, na qual se apresentou a intencionalidade de se adotar a iniciativas EIP nos PPC. Desse encontro, resultou a identificação de um objetivo comum a todos os cursos que seria a produção do cuidado e já a proposição de uma disciplina interprofissional para o período acadêmico seguinte (2017.2), inicialmente, com a participação de docentes alinhados com a proposta. Professores dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional se reuniram e apontaram as temáticas que julgaram ser pertinentes à produção comum do cuidado em saúde, a saber:1. Sistema Único de Saúde: princípios, avanços e desafios; 2. Cuidado em Saúde; 3. Processo de Trabalho em Saúde; 4. Princípios da Interprofissionalidade e 5. Comunicação interprofissional como instrumento para o trabalho em equipe. Para sua operacionalização foi preciso verificar um componente curricular que pudesse abrigar, a princípio, essa iniciativa EIP. Esse foi “Tópicos Especiais I”, disciplina de 45 horas cadastrada como optativa no Departamento de Farmácia, disponibilizando 10 vagas por curso participante. Os encontros aconteciam semanalmente em salas do CCS dos cursos envolvidos com a iniciativa. Como método de ensino, adotou-se a Metodologia Ativa, com estratégias de ensino que valorizassem a aprendizagem compartilhada entre estudantes dos diferentes cursos participantes, tais como Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), Projeto Terapêutico Singular (PTS), entre outras possibilidades, em Grupos Tutoriais (GT). A dinâmica da disciplina ora trabalhava temáticas com a turma toda reunida ora em grupos tutoriais, com dois professores cada e estudantes de cursos, o mais distinto possível. Contudo, àquelas atividades desenvolvidas em GT, tinham dias específicos para socialização do conhecimento com a turma ampliada. Resultado: A disciplina se encontra em sua quinta oferta e já acolheu professores e estudantes dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional. Vale salientar que essa representação não foi constante. Houve turmas compostas ora por todos esses cursos supracitados ora com até três deles ou até curso com apenas um estudante matriculado. Assim como os acadêmicos, a representação dos professores também se modificou em alguns períodos letivos, pois dependia da disponibilidade para o horário alocado para a disciplina que já aconteceu nas tardes da terça-feira e sexta-feira. Houve boa aceitação das temáticas trabalhadas, não tanto da metodologia, devido ainda à cultura do professor como centro do saber e, consequentemente, baixa percepção da aprendizagem compartilhada e protagonismo do estudante. O que se mostrou uma realidade bastante complexa e desafiadora quando se objetiva aprender sobre/com o outro e entre si, pressupostos da EIP para uma prática colaborativa. Essa iniciativa evidenciou ainda: 1. A integração de docentes de vários departamentos se constitui em uma referência de interprofissionalidade para os estudantes da disciplina; 2. Docentes alinhados à proposta, possuem competência técnica e conceitual para alavancar o ensino interprofissional, seguindo as orientações dos órgãos mundiais que estudam, debatem e lançam propostas para melhorar a oferta de cuidados em saúde; 3. o alinhamento teórico dos docentes ao longo desses anos de execução do componente curricular, ainda que optativo, tem possibilitado o aprimoramento da oferta da iniciativa de EIP no CCS da UFPB, tornando-se referência para a comunidade acadêmica; 4. Maior compreensão dos discentes acerca da interprofissionalidade e, consequentemente, da prática colaborativa. Considerações finais: devido à cultura institucional ainda presente e, também das múltiplas mudanças ocorridas nas DCN de vários cursos em andamento naquele momento de inicialização dessa proposta, apostou-se na dimensão micro para executar essa iniciativa. Embora os estudos sobre EIP apontem que muitas das iniciativas de EIP estejam ancoradas nas dimensões Meso da formação, precisando avançar para obter igual apoio nas dimensões Macro e Micro, pode-se notar por esse relato, que a iniciativa no CCS da UFPB conta com apoio institucional (direção de centro), precisando avançar na dimensão Meso. Isso poderá acontecer como desdobramento das ações do PET-Saúde Interprofissionalidade no atendimento ao eixo 1 do projeto que versa sobre “Adequação dos cursos de graduação às Diretrizes Curriculares Nacionais, com ênfase na Interprofissionalidade”, junto às coordenações, docentes e discentes dos cursos do CCS, sobretudo tornando a EIP uma realidade nos projetos pedagógicos dos cursos e na definição das competências colaborativas esperadas como resultados do processo de formação, assim como identificação das competências específicas e comuns necessárias à produção do cuidado em saúde. Espera-se, portanto, avançar dessa iniciativa pontual para permanente na formação em saúde na UFPB. |
5891 | EXPERIÊNCIAS DA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DE MEDICINA INSERIDAS NO CONTEXTO DO MUNDO DO TRABALHO NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Maria Luiza De Barba, Tereza Claudia Camargo, Adriana Leite Macedo EXPERIÊNCIAS DA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DE MEDICINA INSERIDAS NO CONTEXTO DO MUNDO DO TRABALHO NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDEAutores: Maria Luiza De Barba, Tereza Claudia Camargo, Adriana Leite Macedo
Apresentação: Este relato de experiência apresenta a vivência na disciplina Saúde da Família, da Graduação em Medicina, no terceiro período, durante a atuação dos acadêmicos nas atividades práticas. No currículo do curso, o eixo da Saúde da Família é distribuído ao longo dos oito períodos do ciclo básico e clínico, sendo discutido ao longo de toda a formação a interação dos diferentes níveis de atenção com a Rede de Atenção à Saúde. No primeiro e segundo período, são introduzidos conceitos relacionados à Promoção da Saúde e da Educação em Saúde, e apresentada a trajetória política e social de constituição do Sistema Único de Saúde. No terceiro período são abordados temas relacionados à atuação na Atenção Primária em Saúde, abordando políticas, financiamento e gestão, vigilância em saúde e organização da RAS. A disciplina é estruturada em atividades teórico-práticas e busca inserir precocemente o estudante no cenário do mundo do trabalho, visando garantir em sua formação o desenvolvimento de competências sociais e humanizadas. A vivência é realizada em duas Clínicas da Família localizadas próximo à comunidade do Turano, no bairro Rio Comprido, no município do Rio de Janeiro. A região é marcada por constantes conflitos armados, e apresenta altos índices de vulnerabilidade social, ligados, principalmente, à violência e às precárias condições de saneamento básico e moradia. No início das atividades práticas, os alunos visitam o território, buscando entender o contexto biopsicossocial em que os usuários da unidade estão inseridos. Após, os estudantes acompanham profissionais médicos e de enfermagem no atendimento aos usuários, realizando consultas individuais, atividades de grupo, e visitas domiciliares. Ao final de cada dia de prática, o grupo de alunos se reúne com os professores e preceptores para discutir sobre suas experiências e percepções, relacionando as discussões teóricas em sala de aula com a vivências da prática. Concomitante a isso, o estudante também desenvolve um portfólio, no qual descreve suas atividades e as analisa com base no conteúdo estudado neste período e nos anteriores. Dentre as vivências ocorridas no ano de 2019, destacou-se o atendimento a uma adolescente com suspeita de gravidez (G3A1P1), atendida previamente e orientada a retornar em outra data para realização de exames e vacinas. No entanto, a mesma não havia retornado na data solicitada, e comparecia para novo atendimento. Nesta consulta, foi realizado exame de TIG, confirmando-se a gestação. A adolescente relatou ter um filho e ter sofrido aborto na segunda gestação. Iniciou-se imediatamente o pré́-natal. Na Carteira de Serviços da Atenção Primaria à Saúde estão descritas as responsabilidades das equipes, dentre elas, a assistência ao pré́-natal, que deve oferecer o diagnóstico precoce de gravidez e a coleta de exames de gravidez sem restrição de horário. Pode-se observar no relato, que houve uma falha na condução do caso pela equipe de Saúde da Família, ao realizar o primeiro atendimento. No entanto, no segundo contato com a usuária, foi realizado o cuidado integral e humanizado, garantindo as premissas da integralidade, coordenação do cuidado e equidade. Vale destacar que a Saúde da Família é considerada a estratégia fundamental para expansão, organização e consolidação da Atenção Primaria, a partir do acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada, em que são desenvolvidas ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação e reabilitação de doenças e agravos mais frequentes. As equipes de Saúde da Família devem estabelecer vínculo com a população, possibilitando o compromisso e a corresponsabilização dos profissionais com o os usuários e a comunidade, com o desafio de ampliar as fronteiras de atuação e resolubilidade da atenção. Além disso, tem como estratégia de trabalho conhecer a realidade das famílias pelas quais é responsável, por meio do cadastramento e diagnóstico de suas características sociais, demográficas e epidemiológicas, identificando os principais problemas de saúde e situações de risco às quais a população adstrita está exposta, devendo prestar assistência integral e organizar o fluxo de encaminhamento para os demais níveis de atendimento, quando necessário. Considerando as vulnerabilidades sociais que a usuária apresentou, percebe-se que a abordagem realizada pela equipe de Saúde da Família, no segundo contato, seguiu as premissas da Atenção Primaria, e teve fundamental importância para o estabelecimento do vínculo. Salienta-se que a APS deve atuar sobre as determinações sociais para garantir a redução das iniquidades e, principalmente, produzir autonomia dos sujeitos. Nesse caso, em específico, é necessário observar as relações familiares e o contexto social em que a adolescente está inserida, ofertando-lhe, além da assistência ao pré́-natal, o planejamento familiar, a assistência à saúde da criança e o cuidado aos demais membros da família. Além disso, considerando o diagnóstico situacional do território, é necessário observar as condições socioambientais, de moradia, alimentação e acesso à educação e lazer. Também é preciso avaliar as condições de trabalho, posto a prática comum na região de diluição de cloro para venda, apresentando riscos de intoxicação tanto para adolescente, quanto para seu filho. Ademais, seguindo os preceitos da Política Nacional de Humanização, considerando as angústias e preocupações dos sujeitos para garantia da atenção integral, resolutiva e responsável, por meio do acionamento e articulação das redes internas e intersetoriais, e o reconhecimento da saúde com dimensões biopsicossociais, é necessário inserir a adolescente em grupos e oficinas de geração de renda, promovendo a socialização e inserção social, fomentando a construção de redes de apoio, estruturadas por meio das relações interpessoais e troca de experiências com outros usuários. Cabe destacar também a importância da articulação com os serviços da rede de assistência social, promovendo acessibilidade e garantia dos direitos sociais. Neste escopo, é possível garantir que, ao inserir o estudante no cenário do mundo do trabalho, são viabilizadas inúmeras possibilidades de formação, para além dos muros da sala de aula formal, permitindo ao aluno desenvolver competências que se fundamentem no cuidado integral e humanizado, reconhecendo as singularidades da gestão do cuidado e do processo de trabalho na Atenção Primária em Saúde. Busca-se dessa forma, proporcionar uma formação pautada no reconhecimento das iniquidades sociais e na atuação para minimizá-las, permitindo ao estudante o entendimento da abrangência das ações realizadas no âmbito da APS junto ao território e a Rede de Atenção à Saúde. |