488: Experiências PET Interprofissionalidade Ativando Mudanças na Rede SUS
Debatedor: Marcia Naomi Santos Higashijima
Data: 30/10/2020    Local: Sala 04 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
7663 A PERCEPÇÃO DA INTERPROFISSIONALIDADE NO COTIDIANO PRÁTICO DE ÁREAS DE SAÚDE DE MÉDIA COMPLEXIDADE COMO O CENTRO DE REFERÊNCIA AO DIABÉTICO DE MACAÉ (CRD)
Júlia De Lima Ferreira Nogueira, Roberta De Oliveira Ferreira, Karla Ribeiro Gama, Beatriz Almeida Machado, Dulce Mara Rodrigues, Glaucimara Riguete de Souza Soares, Vivian De Oliveira Sousa Correa

A PERCEPÇÃO DA INTERPROFISSIONALIDADE NO COTIDIANO PRÁTICO DE ÁREAS DE SAÚDE DE MÉDIA COMPLEXIDADE COMO O CENTRO DE REFERÊNCIA AO DIABÉTICO DE MACAÉ (CRD)

Autores: Júlia De Lima Ferreira Nogueira, Roberta De Oliveira Ferreira, Karla Ribeiro Gama, Beatriz Almeida Machado, Dulce Mara Rodrigues, Glaucimara Riguete de Souza Soares, Vivian De Oliveira Sousa Correa

Apresentação: O contexto atual exige que o trabalho em saúde passe por mudanças na organização, valorizando o trabalho integrativo e colaborativo como premissas para uma educação interprofissional (EIP) no processo de aprendizagem. Partindo deste princípio, o PET Interprofissionalidade - Projeto do Ministério da Saúde vinculado ao Projeto de Extensão da UFRJ - Campus Macaé, busca incentivar a cultura da interprofissionalidade no ambiente acadêmico para formar profissionais da saúde que rompam com o estereótipo de cuidado fragmentado e silos profissionais. Assim, como parte das atividades desenvolvidas no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), duas discentes foram enviadas para o Centro de referência ao diabético (CRD), com o objetivo de ampliar sua visão sobre o ambiente profissional da saúde e a execução ou não da interprofissionalidade em prática. Para o desenvolvimento desta atividade foi utilizado o método da observação participante. A escolha deste método foi baseada na perspectiva de coletar dados pela imersão na realidade do objeto de estudo, também, por ser o método que exige menos dos sujeitos objeto de estudo, já que a atividade acontecera durante o atendimento dos usuários. O Centro de referência ao diabético (CRD) é um centro que oferece atendimento multidisciplinar aos diabéticos do município de Macaé e o atendimento aos seus usuários segue um fluxo definido de encaminhamento e acolhimento, é feito de forma individualizada, realizado por cada profissional de determinada área separadamente, sem um contato elevado ou muito íntimo entre os profissionais da equipe sobre determinado atendimento ou durante os atendimentos. Embora o ideal para os pacientes atendidos no CRD seja um atendimento interprofissional, devido, principalmente, às histórias clínicas dos pacientes, pois, o atendimento interprofissional tem como natureza a interação entre profissionais de diferentes campos do conhecimento, proporcionando uma atenção à saúde mais estruturais e infraestruturais para melhor aproveitamento dos recursos profissionais e atendimento das demandas dos pacientes. Durante o período das visitas, observou-se a necessidade da interprofissionalidade neste local, considerando que este é um ambiente de atendimento que antecede e pode prevenir a frequência da utilização das áreas de saúde de alta complexidade pelos usuários. Assim, seria interessante a continuidade das atividades do PET-saúde neste local, para troca de conhecimentos entre os profissionais e os discentes.

7688 PRÁTICA INTERPROFISSIONAL COLABORATIVA ATRAVÉS DE PROCESSOS EDUCACIONAIS INOVADORES NA SAÚDE COLETIVA
Daiene Rosa Gomes, Mússio Pirajá Mattos, Maiara Macedo Silva, Samara Nagla Chaves Trindade, Elizabete Regina Araújo de Oliveira, Raquel Baroni de Carvalho

PRÁTICA INTERPROFISSIONAL COLABORATIVA ATRAVÉS DE PROCESSOS EDUCACIONAIS INOVADORES NA SAÚDE COLETIVA

Autores: Daiene Rosa Gomes, Mússio Pirajá Mattos, Maiara Macedo Silva, Samara Nagla Chaves Trindade, Elizabete Regina Araújo de Oliveira, Raquel Baroni de Carvalho

Apresentação: A prática interprofissional colaborativa em saúde está em processo de construção no Brasil, e tem sido inserida na formação profissional por meio da Educação Interprofissional (EIP), que é definida a partir da interação de duas ou mais profissões que aprendem com, a partir e sobre o outro para melhorar a colaboração e qualidade do cuidado. Além disso, há os processos de trabalho das equipes de saúde que demandam, cada vez mais, qualificação das relações e colaboração entre as categorias profissionais. Nesse contexto, destaca-se a importância de novos métodos educacionais como ponto crucial na construção de práticas interprofissionais colaborativas na saúde coletiva. Assim, o presente trabalho refere-se ao relato de experiência, tendo como objetivo mostrar à vivência do uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem na prática interprofissional colaborativa em saúde coletiva, por meio de processos educacionais inovadores de doutorandos em saúde coletiva.  Desenvolvimento: A presente iniciativa refere-se a um relato de experiência dos doutorandos em saúde coletiva do Doutorado Interinstitucional em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com a Universidade Federal do Oeste da Bahia. Aqui destacamos a experiência vivenciada no componente curricular “Interdisciplinaridade em Saúde Coletiva”, realizada no período de março a junho de 2019.  Na oficina “Dialogando com a interprofissionalidade” utilizamos os processos educacionais como ferramentas de formação construtivista, seguindo as seguintes etapas: 1. Acolhimento; 2. (Re)conhecimento interprofissional; 3. Colar diversidade e formação de grupos diversos; 4. Viagem educacional e compartilhamento dos significados percebidos; 5. Ciranda da Interprofissionalidade. Optou-se por iniciar o diálogo sobre a interprofissionalidade, por meio do processo de acolhimento a fim de que houvesse uma aproximação e consequentemente a criação de um vínculo, sendo um aspecto extremamente importante para a realização da oficina. Nesse momento o grupo foi convidado a encontrar a sua representação profissional expressa em uma lembrancinha feita com biscuit, contemplando as seguintes profissões: Advogadas, Enfermeira, Engenheira Sanitarista, Odontóloga, Farmacêuticos, Nutricionistas e Psicólogo. Posteriormente, foi aberto um espaço de fala para que o grupo trouxesse a sua percepção acerca desse momento de acolhimento e da importância de cada ator na prática interprofissional em saúde. Seguindo os movimentos interprofissionais, foi solicitado aos participantes que trouxesse um “objeto” que expressasse a sua profissão. No primeiro momento todos os objetos ficaram expostos, já gerando expectativa e curiosidade do grupo. No momento do compartilhamento, cada profissional mostrava o seu objeto e relatava o significado do mesmo para a sua profissão. Esse momento possibilitou que todos conhecessem a profissão do colega e reconhecesse as potencialidades para o cuidado compartilhado em saúde. Os grupos de trabalho foram formados a partir da dinâmica do “Colar Diversidade”, que permitiu interação entre os membros, tendo como principal consigna a criação de grupos que apresentassem perfis com características diversas. Nessa perspectiva, todos os participantes escreveram em tarjetas coloridas as seguintes informações: nome; profissão; hobby; qualidade; e defeito.  Após a montagem do colar, todos se levantavam e começavam a circular pela sala, ao som da música “Adorável Chip Novo” de Pitty, com a finalidade de conhecer de forma diferenciada os outros colegas, para a posterior formação dos grupos. Na busca da construção do conhecimento, realizou-se a VE no primeiro momento, em grande grupo, destinado à exposição de obra cinematográfica intitulada “Unidade Básica” e “For The Birds”, com o objetivo de inicial de disparar ideias, sentimentos e emoções, a partir do contato com a produção artística. No segundo momento, utilizaram-se perguntas norteadoras referentes aos sentimentos ou ideias relacionadas à percepção ou interpretação das emoções conquistadas nessa atividade, em consonância com a bibliografia de EIP, disponibilizada previamente. No terceiro momento houve o compartilhamento dos significados percebidos e da prática interprofissional colaborativa observada na viagem educacional, em consonância com os artigos de interprofissionalidade e através das perguntas norteadoras. Ao final do encontro, realizou-se uma ciranda com todos os integrantes – ciranda de integração. A canção utilizada foi “A Roda” da Sarajane. Nesse momento tivemos a possibilidade de observar os sentimentos, satisfação e reunião das emoções transmitidas durante o cântico. Resultado: Diante da importância da construção do saber no contexto da interprofissionalidade em saúde, é que os doutorandos em saúde coletiva visualizaram a construção e o desenvolvimento de uma oficina que possibilitasse o envolvimento de todos os atores, permitindo o mesmo direito a fala. Em todo o processo de construção da aprendizagem houve uma recepção com a escuta qualificada para possibilitar que todos se sentissem parte do processo e compreendessem a importância deles para o sucesso da atividade e posterior aplicação dos conhecimentos construídos na sua práxis. A partir do espaço de construção, a utilização da problematização propiciou a interdisciplinaridade que favoreceu a articulação do conhecimento de várias áreas com os saberes e fazeres, além de semear a atitude, capacidade de cooperação, respeito à diversidade, abertura para o outro e disposição para colaborar. Nessa direção, a EIP foi acolhida como uma abordagem que estimula o processo compartilhado e interativo de aprendizagem, com vistas à melhoria da colaboração e da qualidade da atenção à saúde, se configura como estratégico no estímulo à formação de um novo profissionalismo, coerente com as necessidades de fortalecimento do SUS. A escolha das obras cinematográficas “Birds” e a série Unidade Básica teve a intencionalidade de atribuir forma, cor, reflexão e diálogos possíveis e relações necessárias para algumas características abstratas e complexas como os sentimentos e emoções, de maneira a facilitar a transmissão das mensagens centrada na prática interprofissional colaborativas em saúde. Durante o compartilhamento dos significados percebidos foi possível verificar a empolgação, participação e satisfação do grupo. Nessa construção colaborativa da aprendizagem, a oficina possibilitou observar a consolidação do conhecimento, a partir da valorização dos saberes prévios como determinantes na construção de novos significados, gerando uma aprendizagem significativa. Também possibilitou o desenvolvimento de um trabalho em equipe de forma integrada, tendo o envolvimento dos profissionais que interagiam em entre si e compartilhavam o processo de negociação/tomada de decisão para alcançar os objetivos comuns à equipe, com foco na finalidade central da oficina, que era entender a prática interprofissional em saúde. A ciranda de integração foi um dispositivo utilizado para manter os princípios do reconhecimento, autonomia, ação, apropriação e consciência coletiva no processo da EIP. Essa metodologia participativa reforçou a importância do trabalho interprofissionais com vistas à melhoria do cuidado em saúde. Despertaram-se vários sentimentos e um coletivo unido pelo desejo em mudar as práticas.  Considerações finais: A utilização das metodologias ativas revelou-se como uma oportunidade singular de trocar, ampliar olhares e projetar novos caminhos para a aprendizagem da educação interprofissional colaborativa, possibilitando um melhor engajamento nas práticas compartilhadas, resultante de um trabalho em equipe comprometido com a integralidade do cuidado. Os doutorandos executaram o seu papel enquanto facilitadores, o que foi possível perceber aspectos positivos como a satisfação, o envolvimento, o vínculo, a reflexão, a comunicação e a empatia que contribuíram para gerar um intercâmbio de aprendizagens na disciplina de Interdisciplinaridade em Saúde Coletiva. Assim, a experiência foi assertiva motivando os doutorandos, a interprofissionalidade, a prática colaborativa, a interdisciplinaridade e a construção coletiva do conhecimento.

7720 PET-SAÚDE E A ESCOLA: INTERFACE NA CONSTRUÇÃO COLETIVA COM CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Jennifer Ester de Sousa Bastos, Janaina Cassiano Silva

PET-SAÚDE E A ESCOLA: INTERFACE NA CONSTRUÇÃO COLETIVA COM CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Autores: Jennifer Ester de Sousa Bastos, Janaina Cassiano Silva

Apresentação: O homem é um ser social e sua construção se dá mediante um processo ativo e dialético com o meio, deste modo, a escola configura-se como instituição de importância na vida do sujeito, à medida que em grande parte se responsabiliza pela transmissão da cultura e contribui para a apropriação de conhecimentos sistemáticos. Nesta perspectiva neste trabalho apresentamos um relato de experiência das atividades realizadas com alunos do ensino fundamental, período matutino do Programa Mais Educação de uma escola pública de um município do sudeste goiano, realizado por participantes do Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (Pet-Saúde) nos meses de setembro e dezembro de 2019. Trabalhamos em conjunto com as crianças aspectos relacionados a sexualidade infantil e vivências emocionais. Desenvolvimento Na construção desse relato contamos com a contribuição de uma estudante e uma docente do curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão (UFG – RC) participantes do grupo tutorial 4 do PET-Saúde denominado Atenção à Saúde da Mulher e da Criança e Adolescente. O grupo 4 teve dentre seus objetivos orientar mulheres sobre mitos e tabus relacionados à saúde da mulher, planejamento familiar, uso de métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis, depressão e demais assuntos pertinentes; realizar grupos de apoio, rodas de conversa envolvendo questões psicológicas da saúde da mulher; realizar diagnóstico inicial através da avaliação da saúde das crianças e implementar práticas integrativas complementares, ambos na creche; realizar avaliação de saúde e oficinas com os adolescentes que frequentam o Centro de Convivência do Pequeno Aprendiz e iniciar um grupo de acompanhamento das crianças que participam do projeto Mais Educação da Escola de Ensino Fundamental através de vivências, objetivo do qual se trata o presente texto. Inicialmente foi realizado o contato com a escola municipal para compreensão da demanda da mesma, desse modo definiu-se como público alvo as crianças do projeto Mais Educação. Além disso, a direção da escola sugeriu que fosse trabalhado aspectos relacionados à sexualidade. A equipe foi dividida em dois grupos, um para atuar com crianças do período matutino e outro para o período vespertino. Em relação a turma do período matutino os encontros foram realizados semanalmente às terças-feiras com crianças entre 07 e 10 anos de idade e tiveram duração média de 2 horas. O objetivo inicial era possibilitar um ambiente de escuta e reflexão sobre o conhecimento do próprio corpo e a identidade na infância de modo a desmistificar mitos e tabus sobre a sexualidade e gênero, além de proporcionar orientação referente à violência e abuso sexual. Posteriormente, ao observar a demanda trazida pelas crianças passou-se a trabalhar com as emoções. Para execução das atividades foram realizadas rodas de conversa e atividades em grupo com a confecção de cartazes, desenhos e caixas, além da utilização de músicas, filmes, imagens e brincadeiras. Resultado: e impactos No que tange o grupo matutino foram realizados nove encontros entre os meses de setembro e dezembro de 2019. O primeiro encontro teve como objetivo possibilitar a interação entre a equipe e a turma de modo a contribuir para a formação de vínculo. Inicialmente ocorreu a apresentação através da dinâmica da teia com a utilização de barbante, em seguida as crianças juntamente com a equipe confeccionaram crachás de identificação utilizando cartolina e canetas hidrográficas coloridas. Também foi construída uma caixa de dúvidas para nos orientar sobre os questionamentos que as crianças apresentavam sobre o tema, além disso ocorreu a escolha do nome do grupo definido como “Pantera Cor de Rosa”. Nos demais encontros sobre a temática utilizamos papel pardo para desenhar o esboço do corpo de uma menina e um menino, separadamente. Foi pedido as crianças que preenchessem os desenhos com características que eles entendiam como típicas de cada um (vestuário, acessórios, profissão, aspectos biológicos e etc.). Também foi debatido gênero a partir da apresentação de imagens de homens e mulheres que contrapunham os estereótipos presentes nos cartazes, de modo a provocar reflexão sobre as definições até então recorrentes do feminino e masculino. Buscamos também trabalhar a diferença das partes íntimas de cada corpo, o conhecimento do próprio corpo e questões relacionadas à identidade e à violência sexual através de momentos de conversa e troca de experiências. Ao longo dos encontros surgiu uma nova demanda por parte das crianças em relação às emoções e sua expressão, o que ficava nítido na fala e também nos comportamentos presentes nas vivências. Desse modo decidimos reorganizar o planejamento para contemplar a temática. Iniciamos com a exibição do filme Divertidamente que evidencia as emoções de alegria, tristeza, nojo, medo e raiva que segundo o enredo são personagens que compõem a “sala de controle” do cérebro de uma garotinha de 11 anos de idade. No encontro seguinte levamos os personagens e buscamos juntamente aos alunos definir o significado de cada emoção e as possíveis expressões das mesmas. Os sentimentos que mais se destacaram foram a raiva e a tristeza definidas como foco da atuação. Nos encontros seguintes realizamos a confecção da caixa da raiva e da tristeza. As crianças se dividiram em dois grupos, um ficou responsável por decorar a caixa da raiva com a utilização de imagens de revistas e desenhos que representassem a emoção e outro a caixa da tristeza seguindo as mesmas orientações. Ao final cada um tinha que colocar na caixa da tristeza e da raiva uma frase ou desenho que lhe despertasse tais sentimentos, as crianças ficaram livres para falar sobre o que haviam produzido. Em relação a expressão das emoções foi possível perceber que muitas vezes se dava de modo violento devido à dificuldade de assimilação dos próprios sentimentos, desenvolvemos um jogo de tabuleiro que tinha como objetivo contribuir para o trabalho em equipe e também para formas de se expressar frente a situações baseadas nas vivências relatadas pelos próprios alunos, através de questionamentos sobre como cada um se sentiria e como agiria. Por fim, encerramos a atividade com a realização de um lanche coletivo que ocorreu em sala de aula, no qual contamos com o feedback das crianças e do grupo. Considerações finais: Falar em educação na saúde é ir além do modelo assistencial de modo a possibilitar a participação ativa do usuário. Com as atividades realizadas foi possível observar a importância de proporcionar um espaço de escuta para as crianças, de modo a levar em consideração suas vivências e demandas. Sentimentos como a raiva e a tristeza puderam ser melhor assimilados, o que possibilitou mudanças significativas em suas manifestações. Além disso, em relação a sexualidade ocorreram desmistificações sobre o corpo e também reflexões sobre estereótipos até então cristalizados. Vale destacar a importância das atividades para o grupo do Pet-Saúde visto que por se tratar de uma construção de via dupla possibilitou aprendizagem em relação aos temas trabalhados, a troca de experiências e ao trabalho em equipe.

7656 A INSERÇÃO DE ACADÊMICAS DE PSICOLOGIA EM PRÁTICAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E GESTÃO EM SAÚDE ATRAVÉS DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Carla Cecília Rocha, Thayna Lima da Silva

A INSERÇÃO DE ACADÊMICAS DE PSICOLOGIA EM PRÁTICAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E GESTÃO EM SAÚDE ATRAVÉS DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores: Carla Cecília Rocha, Thayna Lima da Silva

Apresentação: A Universidade do Vale do Itajaí (Univali), é uma das universidades que possuem o programa PET-Saúde Interprofissionalidade. Nesta universidade em questão, os acadêmicos, professores e preceptores, dividem-se em cinco grupos que atuam em diferentes campos. São eles: Grupo um, responsável pelo acompanhamento da implementação e desenvolvimento das disciplinas integradoras do 1º ao 4º período da escolas de Ciências da Saúde da Univali; grupo dois, atuam na Rede de Cuidado da Pessoa com Deficiência; grupo três, atuam nas práticas colaborativas de saúde mental e saúde da criança em um ambulatório de média complexidade; grupo quatro, atuam na atenção primária à saúde; e grupo cinco, que atuam na gestão da atenção em saúde. Dessa maneira, o presente resumo tem como objetivo fazer um discussão sobre a experiência das acadêmicas do curso de Psicologia inseridas nos grupos quatro e cinco, da atenção primária em saúde e gestão em saúde. Desenvolvimento: Mediante a essa realidade o PET-Saúde tem desenvolvido atividades, como a do grupo quatro, em que os acadêmicos e preceptores atuam em três Unidades Básicas de Saúde do município de Itajaí, realizam as atividades de rotina das unidades, como visitas domiciliares, reuniões de equipe e interconsultas. Além disto, neste campo, é possível que os acadêmicos realizem atendimento longitudinal com determinados usuários, deste modo, os mesmos podem participar em conjunto com a equipe do planejamento das futuras ações a respeito dos usuários em questão. Enquanto as ações do grupo cinco estão voltadas aos aspectos gerenciais aos demais grupos do PET-Saúde, tendo com objetivo planejar, avaliar e executar atividades que possam integrar os objetivos dos outros grupos com o do projeto, com propósito de promover práticas pautadas na colaboração e interprofissionalidade. Assim, o grupo cinco busca estratégias de integração do ensino-serviço-comunidade, que possam impulsionar a compreensão do projeto como todo para os membros. Para que todos os envolvidos  compreendam o trabalho interprofissional e a integração do mesmo, o grupo criou um instrumento de avaliação, o qual avalia o entendimento de todos envolvidos, sobre a interprofissionalidade e os aspectos que podem ser melhorado em cada campo, de acordo com sua realidade. Por hora o instrumento está em fase de avaliação com os testes pilotos. Resultado: Para as acadêmicas de Psicologia, estar em espaços proporcionados pelo projeto PET-Saúde contribui para suas respectivas formações, visto que as inserções possibilitam que o olhar para o fazer do psicólogo seja ampliado, sendo possível perceber e desenvolver esse fazer para além da prática clínica. O contato com os serviços de saúde durante a graduação, tem proporcionado o desenvolvimento do raciocínio crítico nas acadêmicas, além de uma prática que visa o cuidado integral para com o usuário. Considerações finais: Percebe-se ainda condutas mecanicistas na rede, além das fragilidade dos serviços como a colaboração em equipe e a não clareza dos papéis entre os serviços. Entretanto, entende-se que o programa propicia a preparação de futuros profissionais com uma perspectiva crítica, reflexiva, oportunizando um novo fazer na saúde coletiva.

7536 PERCEPÇÃO SOBRE A INTERPROFISSIONALIDADE EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM MACAÉ- RJ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE
Roberta de Oliveira Ferreira, Júlia de Lima Ferreira Nogueira, Caren Santos Martins, Fabrizio do Carmo Pereira, Vivian de Oliveira Sousa Corrêa, Glaucimara Riguete de Souza Soares

PERCEPÇÃO SOBRE A INTERPROFISSIONALIDADE EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM MACAÉ- RJ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE

Autores: Roberta de Oliveira Ferreira, Júlia de Lima Ferreira Nogueira, Caren Santos Martins, Fabrizio do Carmo Pereira, Vivian de Oliveira Sousa Corrêa, Glaucimara Riguete de Souza Soares

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) se insere como uma estratégia, que incentiva a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da ESF, por meio da iniciação ao trabalho multiprofissional e interdisciplinar dos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde, constituindo-se como uma iniciativa intersetorial direcionada para o fortalecimento da integração ensino-serviço no âmbito da atenção básica. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é descrever as experiências, reflexões, desafios e contribuições da integração e atuação acadêmica e multiprofissional vivenciadas em uma unidade da ESF. Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, o qual se configura transcorrer uma avaliação sobre o tema da integração acadêmica e multiprofissional na Estratégia de Saúde da Família (ESF), no município de Macaé- Rio de Janeiro. A fase inicial de observação no Programa PET-Saúde na unidade ESF possibilitou uma análise crítica através da observação vivenciada na unidade, realizamos visitas, com instrumento de formulação própria, para observar e relatar como se dava o modo de trabalho no local e se de fato ocorria de maneira interprofissional. As práticas se constituíram a partir da observação e interação em consultas clínicas, na atenção básica, as quais visavam o cuidado, a promoção e proteção da saúde. No decorrer da realização dessas atividades houve a troca de experiências, questionamentos e o esclarecimento de dúvidas. Como proposta de intervenção para melhorar o trabalho interprofissional da equipe, concluímos que seria uma boa estratégia aumentar a equipe e, também, a integração com mais profissionais de outras áreas, de modo a ocorrer a realização de consultas interprofissionais, com profissionais de diferentes áreas em conjunto, pelo menos nos casos clínicos mais complexos. Além disso, uma outra proposta a qual pode ser utilizada é a de aumentar o número de acadêmicos do local, com o propósito de estreitar o vínculo, buscando uma abordagem na qual os membros aprendam em conjunto, interativamente, para melhorar as práticas colaborativas em saúde. Nessa lógica, para que haja a integração interprofissional na unidade deve-se contar com abordagens as quais visem o ensino-serviço para a melhoria das condições da mesma, a partir de elementos teóricos metodológicos com os profissionais da área da saúde. O Programa PET-Saúde proporcionou aos estudantes dos cursos da área da saúde a possibilidade de formulação de propostas que podem contribuir para a melhoria das condições e para a promoção da saúde da população. Destaca-se que houve uma satisfatória integração entre os atores durante o processo de trabalho relatado, tanto no que diz respeito à relação docente-discente, quanto à interação academia e serviço. Deve-se enfocar que, apesar dos avanços alcançados com a proposta de uma atuação profissional diversificada e interdisciplinar, os desafios mencionados só deverão ser superados após a plena integração entre os cursos das ciências da saúde, de modo a permitir, dessa forma, uma maior flexibilidade e compatibilidade curricular.

7554 PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO, PRÁTICA E FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE-SP
Maria Lúcia Garcia Mira, Cristina Sayuri Asano, Rosângela Soares Chriguer, Naysa Cardoso Silva dos Santos, Daniela Crescente Arantes Araújo Marques, Fabiana Siqueira da Silva, Bruna Karina Santiago, Gabriel Cavalcante da Silva

PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO, PRÁTICA E FORMAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE-SP

Autores: Maria Lúcia Garcia Mira, Cristina Sayuri Asano, Rosângela Soares Chriguer, Naysa Cardoso Silva dos Santos, Daniela Crescente Arantes Araújo Marques, Fabiana Siqueira da Silva, Bruna Karina Santiago, Gabriel Cavalcante da Silva

Apresentação: A busca pela melhoria da qualidade da atenção, em reposta às complexas necessidades de saúde é uma questão presente tanto no trabalho quanto na formação profissional. A Educação Interprofissional (EIP) em Saúde tem sido uma estratégia na superação de práticas isoladas e de formação voltada para áreas específicas, com dificuldades de interação e trabalho colaborativo. Este resumo resulta de uma experiência de formação interprofissional para a saúde, realizada na Região Metropolitana da Baixada Santista, no Estado de São Paulo, que procurou aproximar-se de tais dificuldades. Trata-se de um trabalho decorrente do Programa de Educação pelo Trabalho – PET-Saúde Interprofissionalidade, em vigência desde o primeiro semestre de 2019, com duração de dois anos. Participam desta experiência, estudantes e professores dos cursos de Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Educação Física e Serviço Social do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e do curso de Medicina do Centro Universitário Lusíada (UNILUS). Participam também, trabalhadores dos serviços de saúde do município de São Vicente. Os relatos aqui apresentados estão sendo desenvolvidos na Unidade Básica de Saúde Catiapoã/Estratégia de Saúde da Família Sá Catarina a partir da articulação entre PET e o Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) pela participação da Secretaria de Saúde do município. Tem como objetivos a integração ensino-serviço-comunidade; o desenvolvimento de metodologias participativas de ensino-aprendizagem; a melhora da qualidade da atenção através da colaboração e do trabalho em equipe; a formação e a capacitação continuada interprofissional em saúde para uma prática centrada nas necessidades dos usuários. Pensar o campo da integração ensino-serviço-comunidade inscreve-se como fundante no âmbito do PET-Saúde Interprofissionalidade: não se trata, de estruturar arranjos disciplinares mais ‘coletivos’, mas antes, de ter como projeto uma formação que possibilite a aprendizagem do cuidado em saúde a partir do território, da escuta atenta e implicada das pessoas e grupos e de seus modos de pensar a vida, de estar na vida, de andar a vida, como definido no projeto do PET. Nessa perspectiva, o PET desenvolve-se em São Vicente. Desenvolvimento: São Vicente é um dos mais antigos municípios do Brasil, com história da chegada de portugueses desde 1501. Situado no litoral sul do Estado de São Paulo, possui forte potencial turístico, tanto pelos sítios históricos, pelo esporte de asa delta e pelas suas áreas litorâneas. Desenvolve o comércio popular na região. Tem hoje uma população estimada em 365.798 habitantes distribuídos entre a área insular e o continente, sendo que 33,6% da população vive com até ½ salário mínimo e 54,9 da arrecadação do município é proveniente de fontes externas. Apresenta em 2019 uma taxa de mortalidade infantil de 14,7 óbitos por mil nascidos vivos. A população que vive nas áreas periféricas convive com dificuldade de acesso às políticas públicas. O bairro Catiapoã situa-se, porém, próximo à região central do município, mas tem sérios problemas com alagamentos, com a vulnerabilidade social de seus habitantes e com a atuação do tráfico de drogas. Possui uma UBS e uma ESF. A atenção básica de saúde do território, pela Estratégia de Saúde da Família detectou duas situações que demandaram ações de maior complexidade, considerando as condições sociais, físicas e da rede de atenção necessária. Dada a necessidade de atenção integral, o NASF foi acionado para a discussão e planejamento das ações. O NASF foi uma evolução do Programa de Saúde da Família para a atenção integral às necessidades de saúde das populações dos municípios brasileiros que considerou para o trabalho, a interprofissionalidade, a intersetorialidade, e o estabelecimento de redes de atenção. A equipe do NASF que se responsabiliza pelo Catiapoã conta com profissionais de diferentes áreas (nutricionistas, fonoaudiólogas, psicóloga, assistente social, médica e dentista, além da enfermeira, médica, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários da equipe básica) e envolveu também os preceptores, tutores e estudantes do PET. Dos casos em que o PET participou nos planos terapêuticos singulares (PTS), foram escolhidos dois para este relato. No primeiro, o usuário em atenção era um homem de 62 anos, aposentado como técnico em radiologia, mas atuante no território e exercendo as funções de maestro na igreja que frequentava. Vivia com a esposa e uma sobrinha em um sobrado com escadaria íngreme e de difícil acesso. Teve um acidente vascular encefálico em abril de 2019 com consequências na fala e na deambulação, com uso de cadeira de rodas. Esteve hospitalizado no hospital municipal e tinha atendimento em um serviço de desospitalização, com o Melhor em Casa. Apresentava muita dificuldade emocional e física, pela perda de autonomia e para aceitar seu atual estado. A esposa cuidava dele e também sentia dificuldades com suas novas funções. O PTS envolveu a ESF, o NASF, com a psicóloga, a nutricionista e a fonoaudióloga, o PET, o Melhor em Casa e o Reabilitar (serviço de saúde do município para a reabilitação). Na atenção que foi posta a partir de maio, a escuta e as referências que se estabeleceram para o atendimento de suas necessidades, foram permitindo a construção de segurança na atenção e a sua reabilitação. O segundo caso era de uma jovem de 21 anos, com diagnóstico de diabetes tipo 1 que não aderia ao tratamento, mostrando-se pouco participativa. A escuta qualificada que envolveu trabalhadores, preceptores, estudantes e professores em diferentes momentos revelou uma pessoa com papéis de cuidado intenso com a família. Sua atenção voltava-se para o cuidado dos pais, em especial da mãe também diabética, ao ponto de  esquecer-se de si, com pouco tempo e disposição para o auto cuidado. As discussões em grupo puderam elaborar estratégias de atenção que buscavam a construção de vínculos da jovem e sua família com a equipe de saúde, a valorização e o sentido para seguir a vida. Foi possível observar a adesão ao tratamento, o auto cuidado, o desenvolvimento da autoestima e o encontro de cuidados com a família. Resultado: A aproximação dos estudantes nos territórios, com a participação de trabalhadores de saúde nas experiências com o PET Interprofissionalidade vem construindo saberes e fazeres que diferem de outras inserções. Observa-se a preocupação do trabalho centrada no usuário, e com ele, o exercício da escuta qualificada e a construção de vínculos; a colaboração dos diferentes saberes objetivando um mesmo resultado; o trabalho articulado em rede e em diferentes esferas de decisão; as trocas horizontais entre trabalhadores, estudantes e professores que permite formação, capacitação continuada e a construção de estratégias pedagógicas; enfim, a prática que expõe a concepção de saúde como resultante de condições de vida e a necessidade de empenho da construção do Sistema Único de Saúde. Considerações finais: A formação disciplinar na saúde que objetivou o perfil do especialista tem mostrado os limites para o trabalho em equipe, imprescindível para as respostas ao caráter multifacetado que as necessidades de saúde apresentam contemporaneamente. Essa realidade baliza o imperativo encontro com o outro no processo de formação inicial e continuada, aprendendo “com”, “sobre” e “entre si”, como preconiza a OMS, sem que se perca a qualificação de conhecimento específico. Experiências como o PET-Interprofissionalidade ou como o Projeto Político Pedagógico do Instituto Saúde e Sociedade do Campus Baixada Santista da UNIFESP que permite a formação entrelaçada entre eixos comuns e específicos, promovem práticas colaborativas na área da saúde, desde o processo inicial de formação.

7643 SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVENCIADO NO PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE
Isabela Pimentel Ferreira, Ana Laura Salomão Pereira Fernandes, Paula Tamires Lenes da Silva Santos, Filipe Souza de Azevedo, Priscila Perez da Silva Pereira

SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVENCIADO NO PET-SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE

Autores: Isabela Pimentel Ferreira, Ana Laura Salomão Pereira Fernandes, Paula Tamires Lenes da Silva Santos, Filipe Souza de Azevedo, Priscila Perez da Silva Pereira

Apresentação: Cultura de Segurança do Paciente entre os profissionais de saúde é um tema recente e discutido principalmente a nível hospitalar. O programa de segurança do paciente surgiu com o intuito de amenizar os impactos dos eventos adversos ao usuário por meio de seis metas: a) identificação corretamente o paciente; b) melhorar a comunicação entre profissionais de saúde; c) melhorar a segurança no uso de medicamentos; d) assegurar cirurgia segura; e) higienização das mãos para evitar infecções; f) reduzir o risco de quedas e lesão por pressão em pacientes. Durante o cuidado ao usuário ao nível da atenção primária também podem ocorrer eventos adversos. O Estado de Rondônia não possui um programa estabelecido sobre Segurança do Paciente direcionado à atenção primária, assim foi criado um grupo sobre a temática a partir do Programa de Educação para o Trabalho em saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade) envolvendo alunos dos cursos da área da saúde da Universidade Federal de Rondônia. Essa pesquisa tem como objetivo descrever a cultura de segurança do paciente entre os profissionais em uma Unidade de Saúde da Família (USF) no município de Porto Velho. Desenvolvimento: Pesquisa transversal, descritiva de abordagem quanti-qualitativa realizada entre os meses de maio e dezembro do ano de 2019. A USF é composta por três equipes de saúde da família que atuam no período matutino quando ocorreram as atividades do PET. A amostra do estudo foi realizada por conveniência, todos os profissionais foram convidados a participar e os que aceitaram foram entrevistados. Foram excluídos aqueles que estavam afastados por licença médica e férias no período do estudo. A coleta de dados procedeu-se mediante a aplicação do questionário padronizado Medical Office Survey on Patient Safety Culture (MOSPSC) adaptado e validado por pesquisadores da Universidade de Brasília no ano de 2016. Este questionário contém 51 questões sobre aspectos sociodemográficos, formação dos profissionais, tempo de trabalho na unidade e perguntas específicas acerca do conhecimento sobre segurança do paciente. Além disso, realizaram-se grupos focais a fim de estabelecer comparações com os resultados dos questionários. As perguntas disparadoras que nortearam as discussões tiveram como enfoque identificação dos pacientes; higienização; atendimento realizado pelos profissionais; comunicação entre equipe e com os pacientes; demanda de trabalho e administração de medicamentos. Os dados quantitativos foram analisados por meio de frequência absoluta e relativa, média e desvio padrão e as informações qualitativas pela análise do sujeito coletivo. Este projeto está em consonância com o previsto na Resolução de número 466/2012 sobre estudos envolvendo seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética e pesquisa da Universidade Federal de Rondônia por meio do parecer de número 2.548.115. Resultado: Participaram desta pesquisa 35 profissionais. A maioria dos profissionais encontra-se na categoria de técnicos de enfermagem (n= 12) e agentes comunitários de saúde (n= 10), do sexo feminino (n= 26) e idade entre (n= 30 e 45). O predomínio de tempo de trabalho na unidade é entre seis e onze anos, sendo que a carga horária semanal é de 30 a 40 horas. Entre os pontos indicados como fragilidades no serviço estão: mau funcionamento de alguns equipamentos (33.3%); indisponibilidade de exames laboratoriais (38.9%); as relações entre colegas de trabalho são harmoniosas (50%), entretanto o trabalho em equipe às vezes não é eficaz (38.9%); a comunicação poderia ser mais efetiva e os serviços mais organizados (27.8%). A maioria relatou que não há profissionais suficientes para atender a demanda de trabalho e já sentiram que realizavam atividades para as quais não foram preparados (44.4%). Os profissionais relataram que alguns erros se repetem no cuidado ao paciente e sentem medo de serem punidos caso o erro seja evidenciado (33.3%). Alguns apontaram que gostaria que seu trabalho fosse mais valorizado pela gestão e que muitas vezes os profissionais sentem que era valorizada a quantidade de atendimento em detrimento da qualidade (41,2%). A partir da análise das discussões promovidas nos grupos focais percebeu-se que os profissionais desconhecem o que é a cultura de segurança do paciente na atenção primária. Relataram que na identificação do paciente o procedimento é solicitar apenas o cartão do SUS sem considerar outros documentos, muitos descreveram situações de troca de pacientes durante este processo. Em relação à higienização, mencionaram que há escassez de material, porém mesmo com material às vezes não dada a devida atenção para este processo. A comunicação com o paciente foi apontada como uma das principais dificuldades do serviço, pois foram descritas situações de trocas de informações equivocadas, acolhimento frágil e vocabulário de difícil compreensão e, além disso, os profissionais mencionaram a crença de que os usuários têm receio de esclarecer dúvidas. Considerações finais: Dessa forma, a partir dos dados coletados foi possível detectar a existência de um sistema frágil em relação à cultura de segurança do paciente na Unidade em questão. É perceptível a existência de eventos que geram ou que poderiam gerar danos aos pacientes e até mesmo aos profissionais. Neste contexto, entendemos que é necessário investir em: estrutura física; rever a demanda de atendimentos; investir em formação das equipes de saúde; discutir e planejar a dinâmica de trabalho; melhorar o processo de comunicação e identificação do paciente. Portanto, uma vez que a atenção primária é a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde, se percebe a importância de desenvolver ações que promovam a qualidade da assistência para os usuários, evitando que estes se desloquem para níveis de atenção mais complexos sem a devida necessidade. Por este motivo, a segurança do paciente se apresenta como uma importante ferramenta no fortalecimento da qualidade do serviço, assumindo que os erros não podem ser encarados de forma individual, mas que são decorrentes de uma dinâmica complexa em que cada etapa assume igual importância para o resultado final. Por fim, o presente estudo se apresenta como uma rica oportunidade de aprendizado e trocas de conhecimentos entre aqueles que estão na graduação e os que já se encontram no mercado de trabalho, possibilitando e renovando as formas de se pensar o cuidado em saúde e quais os impactos sociais e políticos deste.

7856 ARTICULAÇÃO ENSINO-SERVIÇO: RELATO DE EXPERIÊNCIA SER ATIVO, PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE E PREFEITURA MUNICIPAL DE ITANHAÉM
Rafaela Barroso de Souza Costa Garbus, Rosangela Soares Chriguer, Brenda Isabelly Ribeiro, Júlia do Prado Souza, Marina Diniz Tavares, Isabela Aguiar, Rian Fonseca Szokatz, Danielle Arisa Caranti

ARTICULAÇÃO ENSINO-SERVIÇO: RELATO DE EXPERIÊNCIA SER ATIVO, PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE E PREFEITURA MUNICIPAL DE ITANHAÉM

Autores: Rafaela Barroso de Souza Costa Garbus, Rosangela Soares Chriguer, Brenda Isabelly Ribeiro, Júlia do Prado Souza, Marina Diniz Tavares, Isabela Aguiar, Rian Fonseca Szokatz, Danielle Arisa Caranti

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde) Interprofissionalidade tem como proposta principal a Educação Interprofissional (EIP), uma intervenção na qual os membros de mais de uma profissão de saúde aprendem juntos, interativamente, com o propósito explícito de melhorar a colaboração interprofissional ou a saúde / bem-estar de pacientes / usuários, ou ambos. Adicionalmente, tem como objetivo articular o tripé do ensino, pesquisa e extensão além de trabalhar o cuidado interprofissional em saúde, possibilitando o encontro, a escuta e o olhar ampliado perpassando nos conceitos de integralidade e autocuidado. A parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e o Centro Universitário Lusíadas juntamente com o Ministério da Saúde nos possibilitou a formação de grupos de cuidado, sendo um deles no município de Itanhaém, local este que construímos nossa proposta coletiva. O grupo foi criado por alunos dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Medicina, Serviço Social, professoras da UNIFESP e preceptoras do município de Itanhaém. O PET reforça a importância da interprofissionalidade na área da saúde, do profissional saber transitar no espaço da diferença, sendo que uma realidade pode gerar diferentes formas de abordagem. Com isso, a interprofissionalidade pode proporcionar uma parceria e mediação de conhecimentos para que o cuidado em saúde seja realizado de forma integral. O grupo consistiu-se por uma temática de promoção de saúde e de assuntos relacionadas ao envelhecimento e o enfrentamento de doenças crônicas. Semanalmente visitas foram realizadas, todas às quintas-feiras, tanto em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), quanto em outros setores da rede do município de Itanhaém. Concomitante as visitas, o conhecimento propagado pelos profissionais de cada espaço, às experiências pessoais e o acesso aos dados da cidade, determinou o que seria nossa proposta de intervenção. O qual consiste em um projeto-piloto voltado para o enfrentamento às doenças crônicas, fator preponderante na cidade que apresenta hoje 17,09% da população com mais de 60 anos. É reconhecido que SUS enfrenta desafios na atualidade, o que é causado por motivos além da falta de verba, que dificulta o cuidado mais humanizado e a integralidade. Os acolhimentos medicocêntricos que visam apenas remediar os problemas de saúde apresentados pelos usuários, não conseguem suprir a grande demanda de atendimento, o que mostra cada vez mais a necessidade de serviços interprofissionais que visam à prevenção de doenças e promoção de saúde. A importante demanda por atendimentos interprofissionais realizados por grupos que visem a promoção de saúde foi valorizada pela equipe, porém há diversos fatores que impossibilitam todas as Unidades de Saúde da Família (USF) de adesão a nossa proposta neste momento, mas estivemos em constante diálogo para que isso seja implementado no município em curto espaço de tempo. Desenvolvimento: O PET Saúde Interprofissionalidade criou o Projeto SER Ativo junto aos profissionais de saúde da USF escolhida para construirmos a intervenção, com o objetivo de oferecer exercícios físicos em grupos que trabalhem a convivência, o fortalecimento de vínculos, práticas integrativas e que qualificam o cuidado a partir da prevenção das doenças crônicas e promoção de saúde com um grupo interprofissional. A intervenção teve duração de 16 semanas, na qual os encontros em grupo eram feitos duas vezes na semana no período da manhã em um salão fornecido voluntariamente pela prefeitura. A divulgação do projeto foi realizada em maior proporção pelos agentes de saúde, o que facilitou o conhecimento dos usuários da USF, e também por meio de mídias sociais, a divulgação da proposta do Projeto SER Ativo e a adesão crescente a cada encontro. As intervenções propostas pelo projeto continham a participação de todos do grupo, que era composto pelo PET, os profissionais da USF - psicóloga, enfermeira, agentes de saúde, nutricionista-, alguns profissionais de áreas especializadas como médica endocrinologista e nutricionista do Centro de Diabetes e os próprios usuários da USF. É importante ressaltar a importância dos Agentes Comunitários de Saúde para a execução deste projeto, com a divulgação para os usuários do SUS, o empenho em trazer as pessoas e também para manter o grupo ativo, executando de maneira exemplar o seu trabalho, como é descrito pelo Ministério da Saúde (2006) em algumas das atribuições do Agente Comunitário de Saúde: “estar em contato permanente com as famílias desenvolvendo ações educativas, visando à promoção da saúde e a prevenção das doenças; desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e de agravos, por meio de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade”. O planejamento das intervenções era construído após o encontro junto aos usuários, o PET junto aos profissionais da USF dialogavam sobre como foi o encontro, discutiam as demandas dos usuários e o próximo plano de ação. Cada intervenção era dividida normalmente em quatro momentos: o primeiro era destinado a alongamento e aquecimento com duração de 10 a 15 minutos; o segundo era designado a exercícios físicos como jogos, danças, práticas corporais ou alguma prática integrativa com duração de 30 a 40 minutos; o terceiro era destinado a rodas de conversas sobre temas relacionados à saúde demandados pelos usuários com duração bem variável de 40 a 60 minutos; o quarto e último momento era atribuído a dinâmicas de relaxamento e meditação com duração de 5 a 10 minutos. Os encontros eram baseados em -propostas dos usuários além das atividades relacionadas a um tema de interesse comum, como por exemplo, autoestima, ou algum objetivo importante para a consolidação e fortificação do grupo, como a criação de vínculos entre os participantes. Resultado: Ao início do programa foram aplicados anamneses para obtenções de informações. O objetivo era fazer um comparativo do benefício às intervenções proporcionadas pelo PET. Além de dados pessoais dos 17 participantes, as anamneses continham questões de hábitos de vida diários, alimentação, comportamento, acompanhamento com outros profissionais da saúde. Dentre os dados coletados, alguns foram mais relevantes levando em consideração as propostas do projeto. A média de idade dentre os participantes foi de 61,5 anos. Em relação às doenças crônicas, 83,3% dos pacientes relataram ter hipertensão arterial. Além disso, quando perguntados sobre quais atividades gostariam de realizar, a dança se sobressaiu com 66,7% das respostas, fato que foi muito importante para construção do projeto, junto a expertise da equipe do PET para traçar os planejamentos das atividades a serem realizadas ao longo do projeto. Com o SER Ativo, foi possível analisar a potência de um grupo interprofissional e como a prevenção e promoção de saúde podem ser feitas em corresponsabilização dos usuários para o conceito ampliado de saúde. Empoderamento, autoconhecimento, sociabilização, para além de exercícios físicos, são imprescindíveis para uma vida saudável e fisicamente ativa. Considerações finais: O Projeto SER Ativo conseguiu atender a demanda de serviço em corroboração ao conceito da EIP qual vem se destacando no cenário brasileiro a partir do reconhecimento da capacidade que esta abordagem melhora a qualidade da atenção à saúde no SUS, ao contribuir para a qualificação dos profissionais de saúde e a formação de estudantes das mais diversas graduações

7891 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO NA SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE E O PLANO DE PARTO NA UBS/ESF SAMBAIATUBA - SÃO VICENTE (SP)
Rosangela Soares Chriguer, Cristina Sayuri Asano, Letícia Candido Lopes, Aline Santos Monteiro, Giovana Morenti Bellucci, Isabella Ferreira Custódio, Luciana Schiavetti Oliveira, Maria Lúcia Garcia Mira

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO NA SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE E O PLANO DE PARTO NA UBS/ESF SAMBAIATUBA - SÃO VICENTE (SP)

Autores: Rosangela Soares Chriguer, Cristina Sayuri Asano, Letícia Candido Lopes, Aline Santos Monteiro, Giovana Morenti Bellucci, Isabella Ferreira Custódio, Luciana Schiavetti Oliveira, Maria Lúcia Garcia Mira

Apresentação: O PET-Saúde/Interprofissionalidade, como política de formação em saúde está prevista no  edital n o 10 de 23 de julho de 2018, lançado pelo Ministério da Saúde. Visa atender o chamado da Organização Pan Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde para implementação e fortalecimento da Educação Interprofissional na região das Américas. A participação do PET-Saúde Interprofissionalidade em atividades realizadas por unidades de Estratégia da Saúde da Família (ESF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) justifica-se pelo eixo paradigmático que alinha e organiza a política de educação em saúde, ou seja, integração ensino-serviço com a rede do Serviço Único de Saúde (SUS). No território, os alunos tornam-se potencialmente conhecedores e modificadores da realidade na qual estão inseridos, bem como colaboradores na construção do atendimento humanizado e interprofissional. Neste modelo, os profissionais da rede de serviços de saúde também se beneficiam quando se aproximam da universidade e de práticas pedagógicas, possibilitando a inovação e a transformação dos processos de ambos os lados, ou seja, o Ensino Interprofissional na Saúde e a Educação Permanente em Saúde. O plano de parto é um documento assinado pela gestante, de caráter legal, que expressa desejos pessoais e expectativas sobre o momento da parturição. Está embasado, no âmbito estadual (São Paulo), pela lei 15.759/2015. Em âmbito federal, ainda em tramitação, citamos o projeto de lei PL 7.867/2017. A elaboração do plano de parto é recomendada pela Organização Mundial da Saúde e, no Brasil, as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal do Ministério da Saúde preconizam que mulheres em trabalho de parto devam ser tratadas com respeito, ter acesso às informações baseadas em evidências e participar na tomada das decisões. Além disso, a elaboração do plano de parto resgata o pré-parto e parto como eventos fisiológicos e afetivos, contrapondo à atual medicalização excessiva do procedimento, a qual contribui para a alta prevalência de mulheres que foram submetidas a partos via cesariana. É fundamental que a gestante seja esclarecida sobre a fisiologia do processo de parturição antes da elaboração do plano de parto, visando a tomada de decisões conscientes sobre a via do parto (vaginal ou cesárea), e escolhas relacionadas aos métodos de analgesia farmacológicos e não farmacológicos, conhecimento dos riscos das intervenções, o direito à presença de acompanhantes durante o pré-parto e parto, ingestão de líquidos e alimentos leves,  a posição corporal que deseja parir, quem corta o cordão umbilical do recém nascido, quem autoriza intervenções médicas quando ocorrem as complicações. A apropriação das informações sobre esses direitos promove o protagonismo e autonomia das parturientes, resultando em um impacto positivo na experiência do parto. Os objetivos gerais do trabalho são proporcionar cenários de prática interprofissional para os alunos PET-Saúde Interprofissionalidade e por meio de oficinas, intervenções e outras atividades e disponibilizar às gestantes acesso às informações necessárias para viabilizar a elaboração do plano de parto individual. Para tanto, empregamos a Educação Baseada na Comunidade, uma estratégia didática da Educação Interprofissional. Desenvolvimento: Na Baixada Santista, as atividades iniciaram-se no mês de julho de 2019, quando a Diretoria Regional da Saúde (DRS) IV organizou um encontro com representantes das Secretarias de Saúde para discutir a elaboração e implementação do Plano de Parto nas UBS/ESF dos nove municípios sob esta direção. Neste encontro, o município de São Vicente foi representado pelo NASF e o grupo de alunos, tutores e preceptores do PET-Saúde Interprofissionalidade. A UBS/ESF Sambaiatuba foi escolhida como a unidade piloto para a implementação do Plano de Parto por apresentar vínculo já existente com as gestantes através do LACC – Laboratório de Atenção às Condições Crônicas, uma ferramenta de gestão de cuidado. A unidade encontra-se no município de São Vicente (SP), no bairro do Jockey Club, próxima ao Parque Ambiental Sambaiatuba. Por mais de 30 anos, no mesmo local do parque, existiu o Vazadouro do Sambaiatuba - depósito municipal de resíduos sólidos - que ocupava uma área de 4,7 hectares, perímetro de 1.125 metros e 17 metros de altura. Além do impacto ambiental, por ocupar área de manguezal, havia a questão da insalubridade na qual viviam os catadores de lixo e suas famílias. O programa de desativação incluiu um programa social denominado “Caminhos para a Cidadania” que teve como meta integrar os antigos catadores na coleta seletiva do município, que também envolvia a triagem e enfardamento de materiais recicláveis, numa cooperativa de trabalho chamada de “Coopercial”. As crianças, desde o início do processo de desativação, foram encaminhadas para creches, escolas e centros de convivência. O território ainda é caracterizado pela população de alta vulnerabilidade social e prevalência de gestantes adolescentes, multíparas e com baixa adesão aos cuidados pré-natais. Resultado: Durante o planejamento das reuniões mensais, delineamos metas a serem atingidas, descritas a seguir: o plano de parto deverá ser apresentado e explicado item a item, de modo informativo e com esclarecimento das dúvidas. Preferencialmente deverá ser apresentado o mais precocemente possível a fim de que a gestante tenha a oportunidade de se apropriar do conteúdo e fazer escolhas de forma autônoma e segura. Simultaneamente, informações qualificadas sobre a fisiologia do trabalho de parto e parto via cesárea e via vaginal,  métodos de analgesia, drenagens manuais para edemas nos membros inferiores, controle das náuseas por meio de alimentos e padrões de alimentação, questões psicológicas no período puerperal e a violência obstétrica serão os temas abordados em metodologias ativas: maquetes para as vias de parto e episiotomia, práticas de do-in, massagens, posturas de yoga, exercícios de controle de respiração, práticas das posturas corporais durante o processo de parturição, rodas de conversa sobre a importância da alimentação, procedimentos médicos e violência obstétrica. A discussão dos itens do plano de parto deverá ocorrer em mais de um encontro e com a presença do acompanhante, para que os últimos estejam cientes dos desejos e receios da parturiente e que tenham participado ativamente das reflexões e tomadas de decisões quando da elaboração do plano de parto. Em algumas situações, o acompanhante garante o cumprimento das requisições da gestante durante o processo de parturição, principalmente quando ocorrem eventos imprevistos e complicações. Quando as intervenções envolverem atividades físicas, serão realizadas em salas exclusivas para as gestantes. Considerações finais: A participação do PET-Saúde Interprofissionalidade na implementação deste projeto proporcionou o mapeamento de um território e suas questões socioculturais, oportunidade de construir o olhar humanizado e o cuidado interprofissional em harmonia com a equipe integradora do NASF e UBS/ESF Sambaiatuba. Vivências como essas são peças importantes para a formação de profissionais de saúde reflexivos, críticos e pró-ativos e que objetivam o fortalecimento do SUS, pela perspectiva interprofissional, intersetorial e interdisciplinar na formação e na educação permanente em saúde.

7894 ABORDAGEM INTERPROFISSIONAL SOBRE OS MAUS HÁBITOS ALIMENTARES NO CAPS AD III: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICAS DO PET-SAÚDE NO AMAZONAS
Yan Freitas, Jéssica Oliveira Rocha, Gabriella Bacellar Marques, Bahiyyeh Ahmadpour

ABORDAGEM INTERPROFISSIONAL SOBRE OS MAUS HÁBITOS ALIMENTARES NO CAPS AD III: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICAS DO PET-SAÚDE NO AMAZONAS

Autores: Yan Freitas, Jéssica Oliveira Rocha, Gabriella Bacellar Marques, Bahiyyeh Ahmadpour

Apresentação: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) foi instituído no ano de 2010 pelo Ministério da Saúde e tem por finalidade promover a iniciação dos acadêmicos de saúde no trabalho e qualificar os profissionais participantes. Baseado no pressuposto da integração ensino-serviço-comunidade, o último edital (2019-2020) do PET-Saúde, objetivou-se em realizar ações focando a Educação Interprofissional (EIP), que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é “quando estudantes ou profissionais de dois ou mais cursos, ou núcleos profissionais, aprendem sobre os outros, com os outros e entre si”, visando melhorar a qualidade dos cuidados. No Estado do Amazonas, a Universidade Federal do Amazonas em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, foram contempladas pelo edital PET-Saúde/Interprofissionalidade. Neste sentido, uma das equipes na qual é formada por acadêmicos de diferentes cursos da área da saúde, tutor e coordenação da universidade  e preceptores do serviço de saúde, estão inseridos na rotina de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas 24h (CAPS AD III). Este serviço está destinado a atender os usuários com necessidades relacionadas ao consumo de álcool, crack e outras drogas, vinte e quatro horas por dia e todos os dias da semana, além de realizar acolhimento ou reacolhimento, sem agendamento prévio ou qualquer outro tipo de barreira, de 07 às 19 horas. O cuidado é prestado através da elaboração em conjunto com o usuário e seus familiares de um Projeto Terapêutico Singular (PTS), baseado nos princípios da Redução de Danos, com um profissional de referência para cada usuário. Além da consulta tradicional, durante o dia são realizadas atividades em grupo a fim de facilitar o vínculo e a adesão do paciente à instituição. Em vista disso, nos meses de setembro e outubro de 2019, a coordenadora e o tutor desta equipe organizaram junto aos acadêmicos e preceptores, atividades de educação em saúde para grupos de usuários. As mesmas foram conduzidas por acadêmicos de diferentes áreas de ensino. Logo, o presente estudo relata o desenvolvimento de uma dessas atividades que foi proposta por uma acadêmica de enfermagem e outra de  medicina, com foco na educação nutricional enquanto elemento de promoção à saúde. A ideia partiu da literatura, de um estudo alimentar dos consumidores de crack com e sem tratamento, em Criciúma, uma vez que a mesma tem mostrado que a maior parte dos frequentadores do CAPS AD referem consumo elevado de doces, e comparativamente ingerem maior porção de carne e leite que 50% dos consumidores sem tratamento e o consumo de frutas e verduras é baixo em ambos os grupos, sendo ainda de menor frequência entre aqueles que não estão em tratamento. Além disso, a proporção de gordura corporal está acima da média na maioria dos casos em tratamento, aumentando o risco de doenças ou desordens associadas à obesidade, e abaixo da média, nos casos não tratados, com algum risco para desnutrição. Desenvolvimento: Para desenvolver a atividade foram utilizadas: figuras de alimentos impressas coloridas, pratos de papelão, copos e talheres plásticos sendo 15 unidades de cada, cola, computador, data show, 1 quilograma de açúcar, 1 litro de óleo e 1 quilograma de sal. A metodologia consiste em: Dispor aos participantes diversas fotos de alimentos que podem compor o desjejum, almoço ou jantar; assim, os pacientes devem selecionar as figuras de alimentos de acordo com as suas refeições e colar no prato de papelão. Cada paciente apresenta seu prato e diz sua opinião acerca da refeição (ex. se os alimentos são saudáveis, se algo poderia ser melhorado, por que ele escolheu aquele alimento etc.). Em seguida, as alunas expõem aos participantes sacos transparentes com a quantidade equivalente, conforme o rótulo na embalagem, de açúcar, sal e óleo, dos seguintes produtos: suco em caixa de 1 litro, pacote de bolacha recheada, miojo e refrigerante de 350 mililitros. Por fim, é realizada uma roda de conversa com slides expondo quais alimentos em grande quantidade não são saudáveis, as principais consequências (Diabetes, Dislipidemia e Hipertensão), além dos impactos que estas doenças causam ao corpo e a forma mais saudável de se alimentar. Sugere-se finalizar a atividade com os participantes montando novos pratos com aquilo que eles desejam que seja a nova dieta. Resultado: A atividade foi executada com 8 participantes conforme a metodologia, com exceção da última sugestão. As alunas perceberam não haver necessidade de uma nova montagem dos pratos, pois a atividade poderia se tornar cansativa. No final os participantes iniciaram uma discussão acerca da temática, expressando dúvidas e demonstrando interesse pelo assunto. A fim de avaliar o impacto da atividade, aplicou-se um questionário, para marcar sim ou não nas respostas. Para a pergunta “Você considera sua alimentação saudável?” seis participantes (75,0%) responderam não, já na pergunta “Você acha que come muito açúcar? ” a maioria respondeu sim. Para a pergunta “Você acha que come muito sal?” novamente 75,0% dos participantes responderam sim e, para as quatro últimas perguntas: “Você acha que come muita gordura?”, “Você sabia que se alimentar mal pode prejudicar sua saúde?”, “ Você aprendeu algo hoje sobre alimentação saudável ?”, “ Você pretende comer de forma mais saudável a partir de agora?” todos os participantes responderam sim. A atividade conseguiu expor as consequências dos maus hábitos alimentares na saúde do indivíduo, de modo a fazer os participantes repensarem sua alimentação, e orientou os mesmos sobre quais são os alimentos convenientes a uma dieta saudável. Além de demonstrar bem como a prática interprofissional pode contribuir para educação em saúde. Considerações finais: A atividade foi muito interessante de se realizar da perspectiva de aluno. Como  acadêmicas de diferentes cursos foi concedido a oportunidade de executar um trabalho interprofissional, uma situação que não acontece normalmente na graduação. Durante a execução, a autonomia concedida para elaboração e aplicação da atividade, foi um fator essencial para que as alunas pudessem perceber que a prática interprofissional não é inacessível, pois puderam experimentar que esta prática é completamente viável de ser realizada, contrapondo a linha de formação dos cursos. Esse episódio contribuiu para a construção do perfil acadêmico de ambas, de forma a propiciar que no futuro sejam profissionais receptivas à interprofissionalidade e, sobretudo, engajadas no trabalho em equipe.

7969 CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE – PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE PARA FUTUROS PROFISSIONAIS
Alecsandra Fernandes da Silva, Andriele Gonzalez Santos, Bianca Neves Kaspary, Lucas Sousa Miralles, Thanara dos Santos, Ana Helena da Silva Gimenes, Adriane Pires Batiston

CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO PARA A SAÚDE – PET SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE PARA FUTUROS PROFISSIONAIS

Autores: Alecsandra Fernandes da Silva, Andriele Gonzalez Santos, Bianca Neves Kaspary, Lucas Sousa Miralles, Thanara dos Santos, Ana Helena da Silva Gimenes, Adriane Pires Batiston

Apresentação: O modelo tradicional e hegemônico em que ainda se organizam muitos serviços se mostra insuficiente para dar respostas aos problemas de saúde que a população apresenta. A fragmentação do trabalho das diferentes profissões impacta negativamente na resolutividade de problemas e na segurança do paciente, além de distanciar o alcance do princípio da integralidade. Sabe-se que cada vez mais, os modelos assistenciais se modificam acompanhando as transformações demográficas, epidemiológicas e sociais que influenciam nas necessidades de saúde das pessoas. Assim, a formação profissional deve estar completamente alinhada às necessidades dos serviços de saúde, neste contexto, a educação interprofissional (EIP) surge como a estratégia mais potente para a transformação das práticas cuidadoras dos futuros trabalhadores. Em 2019, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) teve como tema central a interprofissionalidade, buscando a indução da educação interprofissional nas instituições de ensino superior, com bases metodológicas e práticas que contribuam para a formação de profissionais que trabalhem de forma colaborativa. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, possui 5 grupos tutoriais e o objetivo deste relato é descrever as experiências dos acadêmicos de Enfermagem, Odontologia, Educação Física e Psicologia, bem como a contribuição desta participação no PET-Saúde/interprofissionalidade na formação destes estudantes. Desenvolvimento: O subgrupo tutorial Imbirussu é composto por 4 estudantes, Enfermagem, Odontologia, Educação Física e Psicologia, duas preceptoras (Fisioterapia e Farmácia e Bioquímica) e uma tutora (Fisioterapia), e desenvolve suas atividades em uma Unidade Básica de Saúde da Família com 3 equipes ampliadas de Saúde da Família e um Núcleo Ampliado de Saúde da Família-Atenção Básica (NASF-AB). Inicialmente o grupo realizou estudos teóricos sobre a EIP, com discussões apoiadas pela realização do curso de Educação Interprofissional em Saúde, disponibilizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem do SUS (AVASUS). Paralelamente realizou o reconhecimento do território e reuniões com as equipes de saúde para conhecer as atividades desenvolvidas e lacunas que poderiam ser objeto das ações do grupo tutorial. Foi realizado um mapeamento dos equipamentos sociais que o território possui, e o levantamento que seria necessário para voltarmos a nossa atenção para possíveis ações que poderiam ser implementadas no território. Semanalmente eram realizados o planejamento, a execução e a avaliação de ações junto a um grupo de usuários com participação flutuante. As ações baseavam-se em temáticas trazidas pelos próprios usuários e pelas equipes de saúde, através de atividades que envolveram, atividades artísticas (música, dança, artesanato), físicas, cognitivas e afetivas, foram trabalhados temas como cozinhando com o PET, Mitos e Verdades a respeito da saúde, Exercitando com o PET, planejando sua viagem, construção de uma horta vertical, “Batata quente das doenças crônicas”, “Vamos falar sobre saúde mental”, “dançando com o PET” e o “Bingo da Saúde”, no qual reuniu mais de 60 pessoas e tinha por objetivo trabalhar os hábitos de vida. O jogo dito de azar “Bingo” foi modificado para uma cartela com colunas escrito PET, com uma letra em cada coluna, com figuras representativas de cada letra para incluir pessoas que possuem dificuldades na leitura ou que sejam analfabetas, as cartelas foram personalizadas pelo grupo para atender a proposta de falar sobre saúde, cada número tinha uma imagem e aqueles que possuíam o número tinha que descrever o que estava na imagem, estas por sua vez, consistiam em prática de exercícios físicos, utilizar jogos de memória, leitura individual ou com a família, higiene bucal, usar protetor solar, todas com o objetivo de estimular a prevenção e o autocuidado e que o aparecimento das doenças crônicas sejam evitadas e/ou até mesmo postergadas. Além disso, também teve o objetivo de favorecer uma interação positiva entre os participantes e a unidade de saúde, demonstrando que esta é aberta e receptiva a todos os usuários de saúde e que percebe que a prevenção e a resolutividade vão além da cura da doença, e que a construção de vínculos é uma das metas importantes para aproximação do usuário e de perceber que utilizar um serviço público e de qualidade é um direito, garantido pela constituição federal. Resultado: A experiência do grupo foi a primeira oportunidade de trabalho interprofissional e prática colaborativa para todos os alunos participantes, o que foi muito significativo, abrindo-se novos horizontes de pensamento e práticas a cada um. Efetivamente os princípios da EIP foram vivenciados, por meio do aprendizado com, sobre e para o outro, observamos a possibilidade de derrubarmos os muros levantados pela formação fragmentada das profissões, além de vivenciarmos a importância do protagonismo dos usuários nos processos cuidadores. O grupo destacou como potencialidades, o apoio dos agentes comunitários de saúde tanto no diagnóstico inicial, como nas atividades desenvolvidas A intersetorialidade também foi um aspecto que contribuiu para nossa formação, uma vez que estabelecemos parcerias com uma incubadora de artesãos e com o Centro de Referência de Assistência Social, além de potencialmente podermos realizar ações futuras na escola municipal e no centro de educação infantil localizados no território, demonstrando a importância de trabalharmos colaborativamente. Quanto ao aprendizado para o grupo PET-EIP e para os acadêmicos, proporcionou o aprendizado de realizar os planejamentos com antecedência, percebendo possíveis falhas e o que poderia sair fora do planejado, percepção de que o usuário deve fazer parte dessa construção de alguma maneira, o quanto podemos aprender sobre a profissão do outro e como em conjunto colocamos os conhecimentos em prol dos usuários e dos próprios profissionais, fortalecimento e produção de novos vínculos e maior conhecimento sobre a atenção básica e a sua importância no território e para a população que ali reside. Considerações finais: Portanto o PET-EIP contribui positivamente para a formação enquanto acadêmicos, em diversos aspectos, desde o relacionamento interpessoal, o entendimento da importância de cada profissão dentro de um contexto de melhorar a qualidade da assistência em saúde e também a integralidade para que o usuário de saúde seja percebido também como protagonista do seu cuidado e que se sinta pertencido a unidade de saúde. Além de integrar e proporcionar a troca de conhecimentos entre acadêmicos de diferentes profissões favorecendo a ampliação da visão destes e entendendo que o outro pode contribuir positivamente no atendimento ampliado de saúde e favorece o conhecimento do trabalho na área antes da finalização da graduação.

7993 AÇÃO EDUCATIVA SOBRE AS HEPATITES VIRAIS VOLTADA A SAÚDE DO HOMEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA INTERPROFISSIONAL
Ana Gabrielle Pinheiro Cavalcante, Luana Silva Batista, Rafael Martins Boaventura, Michelle Beatriz Maués Pinheiro, Carla Andrea Avelar Pires, Denise da Silva Pinto

AÇÃO EDUCATIVA SOBRE AS HEPATITES VIRAIS VOLTADA A SAÚDE DO HOMEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA INTERPROFISSIONAL

Autores: Ana Gabrielle Pinheiro Cavalcante, Luana Silva Batista, Rafael Martins Boaventura, Michelle Beatriz Maués Pinheiro, Carla Andrea Avelar Pires, Denise da Silva Pinto

Apresentação: As hepatites virais são consideradas um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo, gerando impactos no perfil de morbimortalidade. São doenças causadas por diversos vírus, que têm em comum o hepatotropismo e apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas. São consideradas doenças silenciosas, pois nem sempre manifestam sinais e sintomas, podem apresentar-se nas formas agudas ou crônicas e se não tratadas podem evoluir para doenças hepáticas avançadas podendo levar a cirrose e ao hepatocarcinoma. A disposição das hepatites virais é universal, de modo que a intensidade varia de região para região, de acordo com os diferentes agentes etiológicos. No Brasil, esta variação também ocorre, por exemplo, a região Nordeste concentra a maior proporção das infecções pelo vírus A, na região Sudeste verificam-se as maiores proporções dos vírus B e C, a região Norte, por sua vez, acumula a maior números de casos de hepatite D. Destaca-se que no Brasil as taxas de incidência são maiores nas hepatites do tipo A, B e C, as quais são altamente preveníveis através das vacinas para hepatite A e B disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e por meio de ações em saúde, que forneçam conhecimentos para a população sobre os meios de transmissão. Os indivíduos do sexo masculino continuam sendo os mais acometidos pelas hepatites virais, confirmando a importância da utilização de estratégias que busquem atingir esse público alvo. Ademais, destaca-se que a maioria dos homens, culturalmente, só buscam os serviços de saúde ao apresentarem sinais e sintomas de algum agravo, dificultando a prevenção e o diagnóstico precoce de algumas doenças a exemplo as hepatites virais. Cabe ressaltar que todos os profissionais da área da saúde são essenciais no que tange o aprimoramento e prática das políticas públicas e estratégias que contribuam para a adesão dos homens aos serviços de Atenção Primária à Saúde. Nesse contexto o Programa Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET - Saúde) Interprofissionalidade é destinado ao estímulo do desenvolvimento de grupos interprofissionais visando a formação dos profissionais da saúde para uma prática colaborativa, necessária para a integralidade do cuidado. Objetivo: Relatar a experiência de integrantes do PET - Saúde interprofissionalidade acerca da realização de ação educativa sobre as hepatites virais, voltada a saúde do homem. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, realizado por uma equipe interprofissional composta por uma acadêmica de enfermagem, uma acadêmica de nutrição e um farmacêutico, integrantes do PET - Saúde Interprofissionalidade. A ação foi realizada no dia 17 de julho de 2019 com usuários que estavam na sala de espera da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Terra firme, em Belém do Pará. O evento foi referente à comemoração ao dia do homem e ao julho amarelo (mês de combate às hepatites virais) e contou com a participação, em média, de 30 homens de manhã e 20 à tarde. Esse dia foi dedicado à execução de ações educativas com ênfase nas hepatites virais (A, B e C), realização de testes rápidos, vacinação, consulta com os profissionais da unidade, distribuição de preservativos masculinos e folders referentes ao tabagismo e educação alimentar. Assim, nosso grupo, ficou responsável pela elaboração e realização de uma ação educativa referente às hepatites virais, na qual abordamos os seguintes tópicos: O que são as hepatites virais, como realizar o diagnóstico, meio de transmissão, tratamento e prevenção de cada uma das hepatites virais (A, B e C). O recurso utilizado foi o data show para apresentação expositiva dialogada com o uso do programa PowerPoint para facilitar a demonstração de diversas ilustrações, objetivando deixar seu uso mais didático. A ação educativa aconteceu em três momentos: Primeiramente ocorreu a apresentação do grupo e uma breve explanação acerca do PET - Saúde Interprofissionalidade; Logo após realizamos a apresentação da temática escolhida com tópicos relacionados à transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção de cada uma das hepatites virais; e foram realizados testes rápidos para Hepatite B e C, Sífilis e HIV. Resultado: Os usuários foram participativos, mostraram interesse no assunto e realizaram perguntas sobre os tópicos apresentados. Após a ação educativa houve uma adesão satisfatória dos homens na sala de realização dos testes rápidos para Hepatite B e C, Sífilis e HIV. Nessa perspectiva, o evento realizado obteve resultado positivo no que se refere a tentativa de aproximar os homens aos serviços oferecidos na UBS da Terra Firme. Ademais, também foi possível que nós ajudássemos na realização dos testes rápidos supracitados, nesse momento aprendemos acerca dos principais cuidados que abrangem a realização dos testes, dentre os quais podemos citar: identificação correta do usuário; uso do tampão correspondente a cada teste; realização no tempo preconizado com intuito de evitar falsos negativos, a sigilosidade do resultado, como referenciar o paciente com resultados positivos e o preenchimento correto no prontuário do paciente e na ficha de controle da unidade. Cabe destacar, que esse trabalho interprofissional possibilitou a troca de saberes entre os participantes, contribuindo para uma ação educativa com um conteúdo mais amplo, abrangendo os conhecimentos que são comuns e os que são específicos de cada área de formação. Considerações finais: Os homens vivem, em média, sete anos e meio a menos que as mulheres, em vista disso, torna-se necessário a conscientização dos mesmos para o autocuidado e prevenção das mais diversas doenças. Assim, o evento voltado à saúde do homem configurou-se como um momento de grande aprendizado tanto para os usuários da UBS quanto para nós participantes do PET - Saúde Interprofissionalidade. Os usuários saíram mais esclarecidos acerca de todos os aspectos que circundam as hepatites virais, bem como dos outros temas abordados nas demais apresentações. Para nós participantes do PET - Saúde Interprofissionalidade esse momento foi essencial, pois possibilitou trabalharmos em conjunto com os profissionais da UBS e adquirir e compartilhar conhecimento com os mesmos. Desse modo, na perspectiva do trabalho colaborativo ressalta-se que todas as profissões da área da saúde são essenciais na realização do combate às hepatites virais e na promoção da saúde do homem, haja vista que o trabalho interprofissional contribui para uma assistência integral e efetiva.

8041 FORTALECIMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ATRAVÉS DA INTERPROFISSIONALIDADE DESENVOLVIDA NO PET-SAÚDE
Fernando Vitor Alves Campos, Alexandre Franca Barreto, João Alves Nascimento Júnior, Icaro Alvim Melo Nunes de Souza, Elisangela Cordeiro Alves, Milene Macedo Andrade, João Paulo dos Santos Leite, Millena Coelho Guimarães

FORTALECIMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ATRAVÉS DA INTERPROFISSIONALIDADE DESENVOLVIDA NO PET-SAÚDE

Autores: Fernando Vitor Alves Campos, Alexandre Franca Barreto, João Alves Nascimento Júnior, Icaro Alvim Melo Nunes de Souza, Elisangela Cordeiro Alves, Milene Macedo Andrade, João Paulo dos Santos Leite, Millena Coelho Guimarães

Apresentação: O Brasil é o país pioneiro em oferecer cobertura universal de saúde para mais de 100 mil habitantes, sendo referência internacional em diversos setores na área de Saúde Pública. Dessa forma, constantemente se desenvolve conceitos e práticas inovadoras no trabalho e formação em saúde que promovam experiências efetivas no campo do pensamento interdisciplinar e da vivência em uma equipe multidisciplinar. Sendo assim, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-SAÚDE) é uma parceria do Ministério da Saúde (MS) juntamente com o Ministério da Educação (MEC), que tem como objetivo possibilitar a operação potente através de experiências que transformem os processos formativos assentados na aproximação ensino-serviço-comunidade. Este programa é um exemplo da formulação concreta de políticas que possam ajudar na reflexão e intervenção voltada para as reais demandas do Sistema Único de Saúde (SUS), em consonância com seus princípios e diretrizes, fortalecendo por meio disso um Sistema Público de educação e saúde. Este trabalho do tipo relato de experiência acadêmica aborda a importância das experiências vivenciadas durante as intervenções de um grupo tutorial PET-SAÚDE da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) no município de Lagoa Grande-PE, objetivando fortalecer os propósitos e ideais do SUS através da ótica da interprofissionalidade. A estratégia metodológica utilizada pelo grupo tutorial foi as oficinas formativas que possuem o caráter lógico do grupo de cuidado, espaços construídos através de uma visão plural e integrativa, em que por meio de dinâmicas e técnicas projetivas (como desenhos, nuvem de palavras, caixinha de compreensões etc.) foi possível o diálogo  de discentes, docentes e profissionais da saúde criando um ambiente único de fortalecimento e aprendizado dos princípios e diretrizes do SUS através da realidade ensino-serviço-comunidade, instigando o olhar sensível e ativo para as necessidades destes serviços. Em uma das experiências de aprendizado, o grupo aplicou uma dinâmica chamada de “Caixa de Pandora”, em que os profissionais de saúde (agentes comunitários, médicos, psicólogas, enfermeiras, odontólogos, gestores etc.) tiveram que colocar em dois papeis separadamente o que compreendiam dos encontros do PET-SAÚDE e o que sugeriam que poderia melhorar, depois os profissionais colocavam os papeis em sua determinada caixa (de compreensões e sugestões) e através de pequenos grupos formados por 4 a 5 pessoas, discutiram qual foram os discursos mais comuns encontrados, e explanaram para o grupo geral. Dos discursos, o que se mostrou frequente entre os profissionais foi o caráter singular do programa que por meio da dinamicidade, pluralidade e escuta interprofissional cria ambientes acolhedores e de aprendizado ativo, sem pré-julgamentos ou centralização do conhecimento. Isso fortalece a educação interprofissional em saúde porque se refere ao que se almeja do “fazer saúde” integral, universal e equânime. O foco do programa na Atenção Básica reitera ainda a importância do trabalho voltado para a porta de entrada principal do SUS, que através da educação em saúde e trabalho interprofissional possui potencial de resolutividade de 80-85% dos problemas da população, sendo percebidos pelos integrantes do grupo tutorial que o que se precisa para modificar a realidade em saúde atual do SUS é pessoas comprometidas com o sistema e que tenham vontade de potencializar as ações através de organização multidisciplinar, transdisciplinar e interprofissional. Tanto os profissionais como os discentes colocaram que a experiência promovida pelo programa de educação pelo trabalho para a saúde tem sido transformadora nas suas práticas, muitos inclusive sentem a ausência de matérias ou módulos em seu determinado curso que foquem prioritariamente em questões voltadas para o SUS, e almejam no PET-SAÚDE a oportunidade de crescimento pessoal e profissional voltado para a modificação concreta dos modos de saúde da população através do olhar sensível realístico e escuta ativa promovida através dos encontros com as variadas categorias profissionais de saúde e população. A vivência holística ofertada pelo programa tem feito com que os gestores em saúde sejam ainda mais sensíveis no planejamento das ações para a comunidade, o que se percebe na fala de alguns representantes da gestão presentes no grupo tutorial que afirmaram que a troca de saberes possibilitado pelo programa tem feito com que repensem seus planejamentos e aprendam com a comunidade e os profissionais da ponta da atenção e cuidado em saúde a organizar metas e estratégias que sejam elaboradas através da escuta interprofissional que modifica o trabalho interventivo e formativo no SUS. É importante compreender que o estudo aprofundado da interprofissionalidade possui caráter ainda mais singular quando visto na prática de que cada profissão possuindo seu objeto de análise e intervenção, como por exemplo, a enfermagem o cuidado, a medicina o tratamento da doença, a psicologia a escuta, a medicina veterinária o tratamento animal, faz com que se reflita na complementaridade das ações que buscam exatamente o que traz o principio do SUS de integralidade, ao escutar o outro e compartilhar seus determinados conhecimentos específicos a esse outro, se tem o que se infere de transversalidade de saberes e acesso a informação que empodera o sujeito cuidado, seja ele coletivo ou individual, fazendo com que o “fazer saúde” seja humanístico e efetivo.  Por isso a importância de possuir esses programas sustentados por políticas públicas que promovam o espaço de discussão e aprendizado baseados no SUS, como o PET-SAÚDE. Entretanto, as novas políticas de financiamento visadas para o SUS na Atenção Básica, assim como os cortes em saúde e educação executados nos últimos anos, impactaram de forma significativa na atuação dos grupos tutoriais sentidas pelos profissionais dos serviços em que o grupo atua. Nas sugestões, foi colocado frequentemente que as ações dos grupos tutoriais (Principalmente aqueles que vão a campo distante, como  discentes e docentes de Petrolina(PE) que atuam no município de Lagoa Grande-PE) diminuíram a frequência de presença no serviço e com a equipe por corte de verbas no programa que acabou impossibilitando as idas frequentes ao campo de pratica. Fazendo com que se pense em estratégias inovadoras de fortalecimento nas práticas do programa e do SUS. O pet não apenas modifica a vida do discente que participa do projeto, como também muda a rotina e visão do profissional já formado que vislumbra no programa a oportunidade de repensar suas práticas em saúde, humanizando-a e transformando o contexto do serviço ao qual está inserido, construindo em conjunto o SUS.

8140 SAÚDE NA ESCOLA: Resultado: INICIAIS DO SUBPROJETO MULTIPLICANDO SAÚDE: PROMOÇÃO DE SAÚDE DE ADOLESCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE, DO PET SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE
Carolina Mattoso Lopes de Azevedo, Brenda de Oliveira Silva Ribeiro, Thatyane Moraes Costa, Victória Luzia Neves Pereira

SAÚDE NA ESCOLA: Resultado: INICIAIS DO SUBPROJETO MULTIPLICANDO SAÚDE: PROMOÇÃO DE SAÚDE DE ADOLESCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE, DO PET SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE

Autores: Carolina Mattoso Lopes de Azevedo, Brenda de Oliveira Silva Ribeiro, Thatyane Moraes Costa, Victória Luzia Neves Pereira

Apresentação: O subprojeto “Multiplicando Saúde: promoção de saúde de adolescentes na perspectiva da educação popular em saúde” está inserido no PET Saúde/Interprofissionalidade, que acontece no campus Realengo do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), em conjunto com a Coordenação de Área Programática (CAP) 5.1. O PET visa consolidar a prática colaborativa e educação interprofissional por meio do trabalho conjunto entre estudantes e docentes das mais diversas áreas da saúde e profissionais atuantes nos serviços de saúde. A escola onde o subprojeto é realizado situa-se em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e atende o segundo segmento do ensino fundamental. O objetivo é capacitar adolescentes para que sejam multiplicadores de estratégias promotoras de saúde para os estudantes e demais usuários do território. A formação dos alunos é baseada nos princípios da Educação Popular em Saúde e do Programa Saúde na Escola. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa. Para a coleta dos dados, elaborou-se um questionário para identificação dos temas de maior relevância apontados pelas turmas do 6o e 7o anos. Os temas do questionário foram previamente selecionados pela equipe do PET a partir de evidências científicas que tratam sobre a saúde de adolescentes: violência, gravidez, suicídio, automutilação, álcool e outras drogas, ansiedade e depressão, tabagismo e obesidade. Os alunos responderam anonimamente ao formulário e poderiam marcar mais de um tema. Além disso, na folha havia um espaço no qual era possível indicar algum tema que não estivesse nas opções e que fosse relevante para os alunos. A análise dos resultados foi feita por meio de tabelas no Excel®. Resultado: Após a análise dos resultados do questionário, percebeu-se que nas turmas de 6o ano a média de idade foi de aproximadamente 12 anos e, em relação ao sexo, 47% eram meninas e 37%, meninos. Já nas turmas de 7o ano, a média de idade foi de 13 anos e os sexos 41,8% feminino e 49% masculino. Observou-se que 25,2% dos alunos não identificaram seu sexo e o mesmo ocorreu com a idade, o que representou 7,6% do total de discentes participantes. Os temas mais apontados pelo 6o ano foram: Violência - 18,4%; Ansiedade e Depressão - 17%; Suicídio - 16,2%; Automutilação - 11,6%; Álcool e outras drogas - 10,5%; Gravidez na adolescência - 8,8%; E no 7o ano, os temas foram: Violência - 17%; Ansiedade e Depressão - 16,6%; Suicídio -16,1%; Gravidez na adolescência - 12%; Automutilação - 11; 5%; Álcool e outras drogas -11,5%; Tabagismo - 6%. Considerações finais: Esses resultados permitiram identificar que as demandas dos adolescentes estavam relacionadas a temas como: violência, saúde mental, álcool e drogas e sexualidade, que são atualmente, as principais causas do adoecimento progressivo dessa população. Assim, foi possível à equipe do PET elaborar estratégias direcionadas ao interesse dos alunos, de modo que a construção coletiva das ações tenha favorecido a criação de vínculo entre alunos do PET e da escola e consequentemente sua capacitação como multiplicadores.

8153 RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NO PET INTERPROFISSIONALIDADE EM MACAÉ: O QUE TEMOS APRENDIDO?
Marcia Regina Viana, Shayenne Hubner Noia, Arthur da Rosa Sena Bortone, Lucas Cardoso Albernaz, Ully Militão, Zayra Rayza, Hellen Lessa Martins Maia, Fernanda da Silva dos Reis

RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NO PET INTERPROFISSIONALIDADE EM MACAÉ: O QUE TEMOS APRENDIDO?

Autores: Marcia Regina Viana, Shayenne Hubner Noia, Arthur da Rosa Sena Bortone, Lucas Cardoso Albernaz, Ully Militão, Zayra Rayza, Hellen Lessa Martins Maia, Fernanda da Silva dos Reis

Apresentação: A adequada formação de profissionais de saúde para atuação em equipe multiprofissional na Atenção Básica tem sido pauta frequente de inúmeras discussões no âmbito acadêmico, bem como sinalizado como necessidade pelo Serviço. Atualmente, a UFRJ Macaé desenvolve atividades do PET Interprofissionalidade (PET IP), com cinco grupos articulados em diferentes objetivos e propostas de ações, com estudantes e profissionais de diferentes áreas da saúde, cujos objetivos tendem a se coadunar. Além da Política de Humanização – HumanizaSUS, um dos marcos teóricos utilizados é a Estratégia de recursos humanos para o acesso universal à saúde e a cobertura universal de saúde (OPAS, 2017), a qual se baseia nos “princípios norteadores do direito de todas as pessoas ao gozo do grau máximo de saúde, da igualdade e da solidariedade e no papel central dos recursos humanos da saúde para a superação progressiva das barreiras geográficas, econômicas, socioculturais, organizacionais, étnicas e de gênero, com vistas a que todas as comunidades possam ter acesso equitativo e sem discriminação a serviços integrais de saúde adequados, oportunos e de qualidade”. O Grupo 2 do PET IP Macaé delineou objetivos que visem a maior integração de conteúdos e práticas no processo formativo de estudantes da área de saúde dessa IES, onde, por ser um campus interiorizado, já apresenta demandas específicas do comprometimento social da Universidade, ao buscar o aprimoramento da formação em saúde  em áreas mais vulneráveis. O presente relato pretende apresentar a experiência do Grupo 2, o qual tem desenvolvido pesquisas envolvendo atividades de prevenção e promoção à saúde, proposição de protocolos de atendimento aos usuários de modo a facilitação de acesso às equipes multiprofissionais e inserção de vivências da assistência na formação acadêmica. Desenvolvimento: vivenciamos experiência no Polo Municipal de Oncologia, pertencente à Rede de Saúde de Macaé (RJ), onde observamos como se dava o acolhimento e a escuta na recepção. Participamos de atividades educativas em grupo, denominadas de “Café da Tarde”, onde são abordados temas por profissionais da rede como meditação, família e alimentação saudável. Interagimos com os pacientes em sala de espera e ouvimos seus relatos de vida, trajetória da doença e os mecanismos de superação e enfrentamento cotidianos que utilizam para produzir saúde. Resultado: Percebemos que a política de humanização é um importante referencial do SUS para qualificar o cuidado, produzindo práticas humanizadas que forneçam aos usuários o acolhimento e a resolutividade nas demandas trazidas ao serviço. O paciente com doença oncológica, ao chegar à unidade de saúde, sente-se muito vulnerável pela descoberta da doença. A escuta sensível contribui para a promoção da segurança e confiança do paciente no percurso de seu tratamento. Identificamos que a presença de uma equipe interdisciplinar, com diferentes olhares, permite uma abordagem ampla e integral do processo de saúde/doença. Considerações finais: A experiência do PET Interprofissionalidade tem sido muito valiosa para vivenciar o cotidiano do processo de trabalho nos serviços existentes no SUS, gerando novos aprendizados e possibilitando a articulação entre os docentes, discentes, profissionais de saúde e usuários.

8179 ESTRATÉGIA PARA IDENTIFICAR TEMAS EM SAÚDE DO INTERESSE DE ADOLESCENTES INSERIDOS NO SUBPROJETO "MULTIPLICANDO SAÚDE: PROMOÇÃO DE SAÚDE DE ADOLESCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE" DO PET SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE
Juliana Richter Paes de Lima, Douglas Ian Rosa Emidio, Pamela Oliveiros de Medeiros, Letícia Mota Candal de Matos

ESTRATÉGIA PARA IDENTIFICAR TEMAS EM SAÚDE DO INTERESSE DE ADOLESCENTES INSERIDOS NO SUBPROJETO "MULTIPLICANDO SAÚDE: PROMOÇÃO DE SAÚDE DE ADOLESCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE" DO PET SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE

Autores: Juliana Richter Paes de Lima, Douglas Ian Rosa Emidio, Pamela Oliveiros de Medeiros, Letícia Mota Candal de Matos

Apresentação: O subprojeto “Multiplicando Saúde: Promoção de Saúde de Adolescentes na Perspectiva da Educação Popular em Saúde” tem em sua equipe alunos dos cursos de Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, uma tutora e uma coordenadora do Instituto Federal do Rio de Janeiro, do campus Realengo e quatro preceptoras de uma Clínica da Família (CF). Este subprojeto faz parte do PET Saúde/Interprofissionalidade e tem por objetivo desenvolver ações de educação e promoção de saúde com adolescentes, que possam contribuir na formação de multiplicadores de ações em saúde para os usuários, no território. Desenvolvimento: Trata-se de estudo quantitativo, parte deste subprojeto, realizado em escola municipal de segundo segmento do ensino fundamental. Os resultados descritos referem-se aos dados coletados nas turmas de 8° e 9° ano e Carioca II, por meio da aplicação de um questionário, cujo objetivo foi permitir à equipe do PET conhecer os temas sobre os quais os alunos tinham interesse em discutir e aprofundar seu conhecimento. Em seguida, os resultados foram distribuídos em uma planilha do Excel®. Resultado: Os dados foram separados por ano escolar para elucidar melhor o perfil de cada grupo. De modo geral, em todas as turmas entrevistadas havia mais meninos do que meninas, como por exemplo na turma do Carioca II na qual 62,6% era do sexo masculino. As médias de idade foram de 13,7 anos para o 8º ano que apontou como temas mais relevantes: violência, ansiedade e depressão, suicídio e gravidez. Os alunos do 9º tinham em média 14,6 e os assuntos mais frequentes: ansiedade e depressão, suicídio, violência e gravidez. Nas turmas do Carioca II os temas apontados foram a ansiedade e depressão, suicídio, drogadição e violência a média de idade foi 14,8 anos. Foi perceptível que os 3 grupos de alunos indicaram temas em comum: violência, suicídio e ansiedade e depressão. Em contrapartida, álcool e drogas apareceu nas turmas do Carioca II e, apesar do tema abuso infantil ter sido indicado por alguns alunos do 8º ano, ele foi selecionado pois, devido à sua relevância não poderia ser negligenciado pela equipe. Subsequentemente, realizou-se uma atividade com os multiplicadores, que consistiu em um desafio. Os discentes foram divididos em seis grupos e cada um deveria desvendar um enigma. Após todos obterem a resposta, as equipes leram os textos em voz alta e discutiram sobre o conteúdo. No segundo encontro os alunos deveriam descrever situações relativas aos temas, afim de sugerirem estratégias de auxílio a colegas e pessoas que estivessem vivenciado algo semelhante ao que foi apresentado. Considerações finais: Percebeu-se que os alunos participantes eram capazes de analisar e compartilhar seu saber e experiência sobre diversas situações de vulnerabilidade e, também, se mostraram disponíveis e interessados em construir novos conhecimentos por meio de informações trazidas pela equipe do PET. A todo momento se mostraram proativos e participaram da troca de saberes com os petianos, discutindo e sugerindo estratégias. Desse modo, o grupo iniciou a construção de soluções compartilhadas para as questões apontadas pelos adolescentes.

8201 DESAFIOS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PET – SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SUBPROJETO “MULTIPLICANDO SAÚDE: PROMOÇÃO DE SAÚDE DE ADOLESCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR”
Juliana Richter Paes de Lima, Márcia Cristina de Araújo Silva

DESAFIOS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PET – SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SUBPROJETO “MULTIPLICANDO SAÚDE: PROMOÇÃO DE SAÚDE DE ADOLESCENTES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR”

Autores: Juliana Richter Paes de Lima, Márcia Cristina de Araújo Silva

Apresentação: O Programa Saúde na Escola (PSE), é um programa criado pelos Ministérios da Educação e da Saúde, cujo objetivo é proporcionar, através de ações em saúde, a plena formação de alunos, de modo que sejam capazes de enfrentar e combater fatores que impeçam e dificultem, o desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino brasileira. O ambiente escolar é compreendido, dentro do programa, como um espaço potencial para a educação e promoção da saúde, considerando a integralidade e efetividade das ações, de prevenção de possíveis condições de risco e vulnerabilidade que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar, além de estabelecer e fortalecer o vínculo entre as redes públicas de saúde e educação. Por sua vez, o Programa de Educação pelo Trabalho (PET – Saúde/Interprofissionalidade), que também é uma iniciativa dos referidos ministérios em todo o território nacional, para promover a capacitação dos profissionais em saúde e, melhorar a qualidade dos serviços e atendimento aos usuários. Neste panorama, insere-se o Instituto Federal do Rio de Janeiro, mais precisamente o campus Realengo (IFRJ), onde acontece o subprojeto “Multiplicando saúde: promoção de saúde de adolescentes na perspectiva da educação popular”, que tem por objetivo oportunizar aos adolescentes o desenvolvimento de ações de educação e promoção da saúde por meio do PSE e da Atenção Básica a Saúde a partir da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência sobre os desafios enfrentados pela equipe para implantação e execução do subprojeto “Multiplicando saúde: promoção de saúde de adolescentes na perspectiva da educação popular”, do PET – Saúde/Interprofissionalidade. As observações foram descritas a partir de anotações em um diário de campo, entre abril e novembro de 2019. Resultado: O subprojeto teve suas atividades iniciadas em abril de 2019, com uma equipe formada por oito alunos dos três cursos de graduação, duas docentes do Instituto Federal do Rio de Janeiro campus Realengo (IFRJ), quatro preceptoras de uma Clínica da Família (CF) da zona oeste do Rio de Janeiro. Inicialmente, foram indicadas pela Coordenadoria de Saúde da Área Programática 5.1 (CAP), cinco escolas municipais de segundo seguimento do Ensino Fundamental, localizadas no território da CF. As ações propostas estavam direcionadas tanto à prevenção, quanto à promoção da saúde dos adolescentes, de modo a capacitá-los, tornando-os multiplicadores do que fosse discutido e aprendido nos encontros. Assim, eles repassariam aos colegas, os frutos das discussões, para que todos os alunos pudessem receber conhecimento sobre as questões trabalhadas. Em 2019 aconteceram muitos imprevistos que dificultaram e atrasaram o início do subprojeto nas escolas, e estão descritos a seguir: 1) a equipe foi reestruturada tanto na coordenação, quanto na tutoria e preceptoria do subprojeto; 2) as preceptoras estavam incertas quanto sua permanência no PET devido à troca de Organização Social de Saúde (OSS) em toda Área Programática (AP) 5.1 do Rio de Janeiro; 3) houve greves no serviço de saúde por atraso no pagamento do salário; 4) os alunos tiveram dificuldade para se engajar nas atividades do subprojeto, devido ao pouco tempo livre disponível nas grades de horários dos cursos. Mesmo diante de tantas eventualidades, a equipe continuou a se preparar e organizar o material para fazer o levantamento junto às equipes da CF sobre o perfil das escolas e das ações que as equipes do PSE já realizavam. No entanto, ao se obter essas informações verificou-se que três, das cinco escolas, não apresentavam o perfil para o desenvolvimento do projeto. Paralelamente a isso, as atividades de capacitação das equipes e as atividades do PET continuaram a acontecer como previsto e as visitas às duas instituições de ensino que permaneceram no subprojeto, foram agendadas. Já no primeiro encontro em uma das escolas, ocorrido no mês de maio, percebeu-se, que dentre os 20 alunos selecionados, havia alguns discentes muito tímidos e que não estavam interessados em compor o grupo de multiplicadores. Essa situação fez a equipe do PET propor reuniões prévias com a direção das escolas, com o objetivo de alcançar os adolescentes com perfil mais dinâmico e proativo. Na visita à segunda escola identificou-se, que no local, já aconteciam ações similares às do PET, desenvolvidas por uma assistente social do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (NIAP). Esta nova circunstância, inviabilizou a atuação do grupo do PET naquela instituição e, frente à mais esse desafio, a equipe compreendeu que somente uma escola possuía alunos com o perfil esperado para serem os multiplicadores previstos pelo subprojeto. Analisando-se as dificuldades enfrentadas ao longo dos sete meses iniciais do subprojeto, notou-se que muitas delas estavam relacionadas à falhas na comunicação e na dificuldade dos profissionais da saúde e da educação no desempenho do trabalho intersetorial e interprofissional. Isso pode ser consequência do desconhecimento do que é e como funciona a intersetorialidade, além não terem sido preparados durante sua formação, para atuarem interprofissionalmente mantendo assim, as práticas setorizadas e hierarquizadas. Somente em 2017 o governo federal começou implementar a Educação Interprofissional (EIP) no Brasil, tanto na formação dos discente dos cursos de graduação em saúde, quanto na capacitação dos profissionais já formados. Mesmo com diversos obstáculos, agendou-se uma nova visita à única escola do subprojeto para reaproximar diretores e equipe do PET; selecionar os multiplicadores; estabelecer o vínculo com os alunos e iniciar as ações. Solicitou-se à direção da escola que fosse permitido aos petianos aplicar um breve questionário com os todos os adolescentes, para identificar os principais temas a serem trabalhados com eles. Assim, a coordenadora do PET elaborou o questionário que foi preenchido pelos próprios alunos, de forma anônima, no qual contavam as seguintes informações: idade, sexo, ano escolar, turma e temas que eles gostariam que fossem abordados. Após a realização dessa atividade, houve uma breve análise dos questionários compiladas em tabelas no Excel®, por cada ano escolar, do 6º ao 9º. Essa descrição dos dados permitiu identificar os temas mais frequentes indicados pelos adolescentes: ansiedade e depressão, violência, suicídio, álcool e outras drogas e automutilação. Devido à proximidade do encerramento do ano letivo a equipe optou por não iniciar as atividades de formação dos multiplicadores, contudo, para aproveitar o período restante de aulas, realizaram-se duas atividades na escola: 1) resolução de enigmas, no formato de pequenos textos que falavam sobre os principais temas conforme o resultado dos questionários; 2) discussão em grupo sobre os mesmos temas, onde os alunos deveriam trazer possíveis estratégias para auxiliar os colegas que estivessem vivenciando aquelas situações. Ao realizar a última atividade, verificou-se que as respostas foram maduras e marcantes, demonstrando conhecimento dos participantes, sobre os temas. Dessa forma, foi possível estabelecer um panorama dos possíveis formatos e modelos de atividades que poderão ser utilizados com esses grupos de adolescentes para torna-los multiplicadores após o retorno das aulas em 2020. Considerações finais: Os variados percalços enfrentados em 2019 comprometeram o desenvolvimento do projeto e, falhas na comunicação e o trabalho individualizado e setorizado foram algumas das situações desafiadoras experienciadas. No entanto, esses imprevistos que nada mais são do que reflexos do trabalho na saúde e na educação, permitiram à equipe crescer, se reinventar, se fortalecer e criar estratégias que viabilizassem a continuidade e permanência do subprojeto.

11082 COMPETÊNCIAS INTERPROFISSIONAIS REQUERIDAS NA RESOLUTIVIDADE DE UM CASO DE INIQUIDADE EM SAÚDE COM ALTA COMPLEXIDADE: UMA ANÁLISE APROFUNDADA
ARIELE FREITAS DE OLIVEIRA, Ana Amélia Nascimento da Silva Bones, Aline Gerlach, Rosa Maris Rosado, Helena Caye Dahlem, Isadora Musse Nunes, Patrícia de Souza Rezende, Ricardo de Souza Kuchenbecker

COMPETÊNCIAS INTERPROFISSIONAIS REQUERIDAS NA RESOLUTIVIDADE DE UM CASO DE INIQUIDADE EM SAÚDE COM ALTA COMPLEXIDADE: UMA ANÁLISE APROFUNDADA

Autores: ARIELE FREITAS DE OLIVEIRA, Ana Amélia Nascimento da Silva Bones, Aline Gerlach, Rosa Maris Rosado, Helena Caye Dahlem, Isadora Musse Nunes, Patrícia de Souza Rezende, Ricardo de Souza Kuchenbecker

Apresentação: A resolutividade das ações em saúde requer ações integradas, articuladas einterdependentes entre as várias profissões, principalmente diante da complexidade nassituações de vulnerabilidade, como no caso a ser relatado. O princípio dainterprofissionalidade de aprender com o outro de profissões distintas, desvelapossibilidades inimagináveis. Mas, para tanto, faz-se necessário melhorar as competênciasrelacionadas às práticas colaborativas. Por exemplo, a comunicação é essencial para ainterconexão com as demais, que são: cuidado centrado no paciente e família; elucidaçãodos papéis profissionais; dinâmica de funcionamento da equipe; resolução de conflitos;liderança colaborativa; aprender de forma interativa e respeitosa, e incluir os usuários, famílias e comunidades na tomada de decisões. Objetivo: O objetivo foi descrever uma situação familiar complexa de vulnerabilidade que foi vivenciada e acompanhada pelos integrantes do PET Saúde-Interprofissionalidade UFRGS/SMS/Porto Alegre (PET), traçando uma análise aprofundada das competências requeridas aos diferentes profissionais e equipamentos sociais para se construir odiagnóstico situacional e resolutividade do caso. Desenvolvimento: A pessoa índice é P. C. C., 32 anos, gestante, 7 gestações prévias e que nãovivia com nenhum dos filhos. Possui ensino fundamental incompleto e se autodeclarabranca, pertencendo ao território da Unidade de Saúde da Família (USF) Santa Marta, na cidade de Porto Alegre, RS. P. C. C. refere ser usuária de maconha e iniciou uso de crack há 2 anos, referindo que o seu parceiro é usuário, além de ser seu fornecedor e traficante. P. C. C foi abordada na comunidade por Agentes Comunitários de Saúde (ACS) pela suspeita de gestação atribuída aoventre aumentado. Inúmeras visitas da equipe da USF foram feitas para reaproximar o vínculo de P. C. C., sem sucesso. A difícil adesão ao pré-natal e o uso de drogas ilícitas foram fatores decisivos para a USF buscar apoio em outros pontos da rede de assistência e da suafamília, pois a usuária não comparecia às consultas médicas ou odontológicas agendadas, nem aderia às terapêuticas propostas pelos profissionais em visita domiciliar. A partir disso, o grupo PET juntamente à equipe da USF analisou e discutiu o caso e sua rede de apoio e estruturou o Genograma e o EcoMapa. O resultado foi a identificação de uma relação de grande afinidade entre a usuária e sua sobrinha. Como a dependência química foi um ponto importante, pediu-se a parceria da equipe do Centro de Atendimento Psicosocial Álcool e Drogas(CAPSAD-IV), por também ser uma equipe interdisciplinar que faz buscas ativas no território. Decidiu-se por acompanhar a usuária nas consultas, incluir o pai da criança no cuidado, ofertar anticoncepção ou esterilização. Foram feitas reuniões de rede envolvendo o Ministério Público e o Conselho Tutelar para discussão do caso, que finalizou com o nascimento da criança, e a adoção pela sobrinha. No entanto, a discussão continuou para garantir melhores condições de moradia e garantia de atendimento da usuária e seu cônjuge. O grupo PET, por meio do resgate e reflexão sobre a trajetória da usuária em vulnerabilidade e sua família, e com a construção da linha do tempo e do ecomapa, analisou o caso à luz da teorização acerca da interprofissionalidade e elencou conjuntos de Conhecimentos,Habilidades e Atitudes que foram requeridos para a resolução positiva do caso. Entre eles, aPresença Social: A USF Santa Marta desenvolve atividades dentro do território, através deatendimentos domiciliares e na Unidade Móvel. No caso apresentado, a USF e o CAPSAD-IVrealizaram diversas visitas com o intuito de auxiliar essa família na reorganização e cuidadode saúde com a busca ativa. Contudo, embora participante, o Conselho Tutelar apresentou-se distante. A possível justificativa encontrada para tal fato, foi o período de troca dos mandatos dos conselheiros, dificultando a comunicação e a longitudinalidade. A Autonomia versus o Trabalho em Equipe são competências que tiveram equilíbrio para a tomada de decisões, visto que nem todas as decisões poderiam ser feitas em todas as esferas simultaneamente. A Coordenação do Cuidado pela USF e o CAPSAD-IV, mantendo o contato por aplicativos de mensagens e por vezes, pessoalmente, garantiu que toda a família fosse contemplada pela oferta de assistência psicobiosocial. No decorrer do acompanhamento familiar, enfrentou-se um dilema entre a segurança da criança e o rompimento de vínculo mãe e bebê. A solução encontrada pela equipe foi a busca de apoio por todos os atores sociais para que não houvesse o rompimento total desse vínculo. Assim, a Cooperação pôde ser vista no trabalho compartilhado, uma vez que a complexidade do caso exigiu um olhar mais abrangente e, para tal, uma das estratégias fundamentais requeridas foi a comunicação e a tomada de decisões, que permitiram que os conhecimentos e habilidades de diferentes profissionais atuassem de forma sinérgica entre o usuário e a comunidade. Essa interação entre os profissionais de distintos campos de conhecimento deu-se intra e inter equipes (USF,CAPSAD-IV, Conselho Tutelar) e com a universidade por meio do grupo PET, através da qual foi possível acesso às informações acerca do binômio mãe-bebê no nível de atençãoterciária. Essa estratégia distinta da ótica biomédica, proporcionou a articulação da redeassistencial otimizando o cuidado de forma mais qualificada e efetiva, centrado no usuário e na comunidade de forma integral e longitudinal. Para tanto, através de uma postura ética de todos os atores envolvidos, a organização do processo de trabalho para a condução do caso com construção do Plano Terapêutico Singular, permeou o domínio de diferentes saberes e sensibilidade de escuta realmente efetiva na identificação do problema, para que houvesse clareza no objetivo e, assim, ações condizentes às finalidades. Considerações finais: No caso descrito, houve a disponibilidade para as práticas colaborativas de diferentes profissionais e equipamentos, quais sejam: atenção primária àsaúde e serviço especializado em saúde mental; equipamentos de proteção social(abordagem de rua, Conselho Tutelar, Ministério Público), com a articulação e acomunicação para o atendimento das necessidades da usuária nos distintos níveis deatenção. A resolutividade do caso somente se fez possível pela capacidade de diálogo interprofissional entre enfermeiros, médicos, assistentes sociais, e desses com outros equipamentos, bem como a necessária valorização dos saberes dos Agentes Comunitários de Saúde, que vivenciaram o mesmo território da usuária.

9655 RESGATE DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: DEBATE NECESSÁRIO FRENTE À NORMATIZAÇÃO DO CUIDADO NO MUNO DO TRABALHO EM SAÚDE
Marcia Naomi Santos Higashijima, Mara Lisiane de Moraes dos Santos

RESGATE DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: DEBATE NECESSÁRIO FRENTE À NORMATIZAÇÃO DO CUIDADO NO MUNO DO TRABALHO EM SAÚDE

Autores: Marcia Naomi Santos Higashijima, Mara Lisiane de Moraes dos Santos

Apresentação:  A insuficiência dos setores de formação em atender às competências profissionais exigidas para a Estratégia Saúde da Família (ESF), emergindo a necessidade de se discutir, no cotidiano do trabalho, os processos que permeiam o cuidado em saúde, favorecendo a aprendizagem-trabalho, ou seja, a educação permanente, e superando a lógica fragmentada da formação; disparada, em 2004, a instituição da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), implementada em 2007, como estratégia educativa para a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tornando-se ferramenta de intervenção institucional para o Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de mais de uma década da implantação desta política, ainda há carência de dados consistentes sobre as ações de educação permanente em saúde (EPS) e da implementação da PNEPS no Brasil. Neste sentido, propôs-se uma pesquisa que visa cartografar experiências de EPS em um município de Mato Grosso do Sul na busca da compreensão do processo de implementação da PNEPS, analisar como as experiências de EPS no município estão alinhadas aos princípios da EPS e compreender a processualidade da EPS no cotidiano do trabalho de equipes de Unidades Básicas de Saúde da Família.Uma das etapas desta pesquisa, ainda em desenvolvimento, foi em se debruçar sobre os analisadores e as características da EPS; pois, desde a sua gênese no Brasil a EPS foi caracterizada e, por vezes desconfigurada nas ações e falas de gestores e trabalhadores e no próprio caminhar da política. Assim, este resumo tem por objetivo descrever sobre os princípios norteadores da educação permanente em saúde.  Desenvolvimento:   O conceito de educação permanente começou a ser desenvolvido na década de 60 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que esclareceu o termo como a expressão de um projeto no qual o homem é o agente de sua própria educação por meio da interação permanente de suas ações e reflexões. Neste caminho, a educação é como um processo de mediação emancipatória que possibilita a criticidade ou a formação do pensamento crítico reflexivo, construído, problematizado e não apenas aplicado e consumido, tal como na educação bancária, que apenas transmite conhecimento sem questionamentos. A postura crítico-reflexiva possibilita a busca em profundidade para a análise dos problemas. Os princípios organizativos e doutrinários do SUS, de construção descentralizada do sistema, universalidade, integralidade e participação popular, orientam a construção dos analisadores da Educação Permanente em Saúde (EPS): gestão, atenção, controle social e ensino. Os analisadores podem carregar a potência de expor o trabalho vivo em ato, sujeitando-se a si a sua própria análise, se nestes processos o trabalhador ser posicionado como protagonista, gerando condições e capacidade para problematizar sobre si mesmo e a sua produção de cuidado (vida e morte) individual e coletiva; implicando atores, ampliando e abrindo espaços relacionais, conscientes de que educação e trabalho (nesta proposta) são indissociáveis, pois a prática atualiza conhecimento que gera sentidos. A EPS é uma construção brasileira, com características próprias, desenhadas a partir dos princípios do SUS, na qual há diversos entendimentos no meio acadêmico sobre seu conceito, gerando dificuldades de compreensão, repercutindo na aplicação dos serviços. A EPS é um conceito para pensar a estreita relação entre educação e o trabalho em saúde. Assume o status de atual política de educação na saúde, sendo uma opção político-pedagógica, apoiando-se no ensino problematizador e na aprendizagem significativa; estratégia do SUS para a formação e desenvolvimento de trabalhadores. Tem por objetivo a transformação do processo de trabalho, orientando para a melhoria da qualidade dos serviços e para a equidade no cuidado e no acesso aos serviços de saúde. A EPS pondera o mundo do trabalho como “meio pedagógico”, não caracterizando-se como um espaço formal, constituído para capacitação. É uma escola permanente implicando em processos formativos, que considera a problematização da realidade, o levantamento de conhecimentos prévios e as necessidades identificadas pelos trabalhadores em seus diversos contextos, ou seja, ascendente. Os processos educativos precisam e devem fazer sentido para trabalhadores e usuários, não somente à gestão, reconhecendo que todos sabem, fazem e governam. Perfazendo-se para além de uma ferramenta de gestão compartilhada, compreendo que isto é gestar com a alma dos serviços de saúde, por considerar a produção coletiva do cuidado, estimulando práticas inovadoras e mais democráticas. Deve ser espaço protegido para dar voz, produzir dizibilidades, discussão de processos de trabalho, processamento coletivo e conhecimento compartilhado. Assim como, produzir mobilização, questionamentos, provocação, desacomodar, desterritorializar; construir coletivos que ressignifiquem o cotidiano vivenciado e compartilhado.Torna-se trabalho organizado de reflexão e produção de alternativas, transformando o processo de trabalho no objeto da reflexão participativa e ativa pelos trabalhadores, poroso à realidade, tornando visível o invisível.Há uma condição primária para a mudança das práticas: o incômodo. A partir dos desconfortos experimentados no cotidiano do trabalho, disparados pela detecção e contato com o modo de fazer que se mostra insuficiente para dar conta dos desafios, é que se pode elaborar alternativas, e enfrentar o desafio de produzir transformações, de se permitir estranhar-se e reconhecer-se.É o incômodo que provoca mútuas afetações, desenvolve protagonismo individual e coletivo. Abrem espaços para compartilhamento do cuidado entre trabalhadores e trabalhadores e usuários, novas possibilidades de relações, de agenciamentos, sendo o usuário (e o coletivo em que está inserido) e suas necessidades foco da organização do trabalho em saúde, considerando-o portador de saberes e desejos, propiciando ganhos de autonomia e vida,  promovendo mudança de dentro para fora. Assim, a EPS não se restringe às práticas profissionais, ela diz intrinsicamente das transformações das pessoas posicionadas no campo do trabalhado em saúde, é processo crítico-reflexivo, é desejo, mobilização do ser humano em permitir-se estar em constante construção e desconstrução.  Resultado: O não domínio dos princípios norteadores pode retratar a EPS vinculada a momentos assistemáticos, não contínuos e de base tecnicista, desarticulados do processo de trabalho, aproximando-se das características da educação continuada, em geral mecanizados, enquadrados em técnicas verticalizadas e descontextualizados da prática profissional, fragmentando mais o trabalho, por meio da aquisição de técnicas individualizantes. Propõem-se que não há necessidade de intencionalidade para que a educação permanente aconteça, sendo ela um afetar-se informal do saber e práticas do outro, que vai de encontro com a produção de saberes. Contudo, deve-se destacar que o sofrimento psíquico vivenciado pelos trabalhadores pode ativar mecanismos de defesa ou enfrentamentos que repercutem desfavoravelmente nas relações de trabalho, dificultando que a EPS ocorra de forma espontânea. Neste sentido, faz-se necessária a reflexão sobre a criação de espaços coletivos que oportunizem as trocas de experiências, com um planejamento menos rígido, e que favoreça a incorporação da educação permanente no cotidiano do trabalho e na produção de cuidado.  Considerações finais:  Espera-se à luz dos princípios norteadores da educação permanente em saúde que as ações desenvolvidas possam ser repensadas e problematizadas coletivamente, e caminhar para a construção de espaços que produza dizibilidades, incômodos, processo de transformação das práticas e que reflita na qualidade do serviço, incluindo os usuários no processo. Como um todo, há o desejo de que a pesquisa possa contribuir para a produção de dados, dando novos contornos a esta política, por meio de ações mais efetivas ao que tange à sua implementação, devolvendo à ela os fundantes da EPS.