514: Universalidade do acesso: desafios desde a redução de dano até câmara técnica de investigação de óbitos | |
Debatedor: FLAVIA HELENA M. A. FREIRE | |
Data: 29/10/2020 Local: Sala 14 - Rodas de Conversa Horário: 13:30 - 15:30 | |
ID | Título do Trabalho/Autores |
5768 | REGULAÇÃO - FILA DE ESPERA JHONAS EDWARDO LADEIA JANZ REGULAÇÃO - FILA DE ESPERAAutores: JHONAS EDWARDO LADEIA JANZ
Apresentação: A Unidade regulação do CISMEPAR é o setor responsável por dar apoio e assistir os municípios e pacientes da 17º regional de saúde. Porém, com o envelhecimento, aumento da população e limitação do recurso na saúde pública, fica cada vez mais difícil atender a todos em tempo hábil, criando desta maneira, alguns gargalos gerando longe tempo na fila de espera. Para que haja humanização e equidade no atendimento, o setor regulação tem como sua principal função fazer a estratificação de risco das filas de consultas e exames ambulatórias. A estratificação por sua vez tem um papel essencial que é a otimização a alocação das vagas para os pacientes que mais necessitam, garantindo assim direito do acesso prioritário ao atendimento, evitando agravamento da condição do paciente. Através do banco de dados da fila espera é possível analisar o quadro como um todo analisando desta maneira: quantos são os pacientes; quais são as especialidades; quais municípios; qual o tempo de espera; qual o tipo estratificação; qual tipo de consulta, quais profissionais aguardam. A partir desses dados são elaborados relatórios que são utilizados para apresentação a conselhos de prefeitos e secretariados, possibilitando desta forma que a secretaria de saúde tenha conhecimento de quais são os serviços mais necessitados pelo seu município. Este relatório possibilita criar novos indicadores para avaliar os nós das filas de espera, podendo a partir dai, criar ações estratégicas, e planos de ação que possibilitem amenização dos problemas. Conclui-se que a regulação tem um papel fundamental e indispensável. Através do seu sistema de estratificação promove os princípios do SUS e trata seus pacientes de forma humanizada. |
5881 | SEMINÁRIO INTERNACIONAL CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS: EXPERIÊNCIA DO BRASIL E ITÁLIA: NOVAS PERSPECTIVAS Gilson Luiz Andrade SEMINÁRIO INTERNACIONAL CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS: EXPERIÊNCIA DO BRASIL E ITÁLIA: NOVAS PERSPECTIVASAutores: Gilson Luiz Andrade
Apresentação: Ao participar do Seminário Internacional sobre Cuidados Intermediários: experiências de Brasil e Itália, pude perceber a rica troca de experiências ao participar do grupo temático, a saber: Análise e perspectivas para hospitais de pequeno porte no Brasil. A proposta de sua reconfiguração para Unidades de Cuidados Intermediários, tendo como subsídio a experiência italiana, de que podemos avançar substancialmente diante desta proposta para uma política pública inclusiva e para o fortalecimento da Atenção Básica através de uma maior resolutividade, principalmente no que concerne a Estratégia de Saúde da Família (ESF). Participo como Gerente Intermediário de serviços na área de formação através da EPS e tenho a convicção da necessidade da Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) enquanto um componente da Linha de Cuidado do usuário em estado agudizante e sem uma autonomia para lhe dar com suas pautas de vida básica. Como um dos resultados deste seminário tão profícuo foi perceber diante de tantos profissionais, mas, neste momento destaco o Coordenador do Serviço Especializado de Assistência aos Moradores em Situação de Rua de um determinado município quando viu na UCI a possibilidade da criação de vínculo e de um maior acolhimento a essa população, que segundo Castel seriam os "desfiliados", que são considerados "homens de ninguém", pelo preconceito dos profissionais que se encontram distantes de seus territórios nos hospitais gerais. Mediante tais colocações gostaria de registrar e compartilhar essa experiência que proporcionou não apenas trocas de saberes, mas também a possibilidade real de fortalecimento do SUS em meio a essa onda de desmonte deste sistema que é um exemplo para várias nações. |
6033 | ALTERAÇÕES BUCAIS DE TRANSGÊNEROS EM PROCESSO DE HORMONIZAÇÃO Conceição Mikaelly de Vasconcelos Linhares, Danilo Lopes Ferreira Lima, Carlos Antônio Bruno da Silva, Nara Lhays Texeira Nunes, Zuila Albuquerque Taboza, Ana Patrícia Souza de Lima Alcântara ALTERAÇÕES BUCAIS DE TRANSGÊNEROS EM PROCESSO DE HORMONIZAÇÃOAutores: Conceição Mikaelly de Vasconcelos Linhares, Danilo Lopes Ferreira Lima, Carlos Antônio Bruno da Silva, Nara Lhays Texeira Nunes, Zuila Albuquerque Taboza, Ana Patrícia Souza de Lima Alcântara
Apresentação: A pessoa transgênero se caracteriza pela necessidade interna, constante e permanente de mudança sexual e do padrão fisionômico do seu corpo, o que o leva a passar por um processo transexualizador que percorre o acompanhamento terapêutico, o tratamento hormonal e por fim a cirurgia de redesignação sexual. Objetivo: O objetivo deste estudo foi investigar as condições bucais de indivíduos transgêneros em processo de hormonização. Desenvolvimento: Este estudo transversal contou com 26 indivíduos transgêneros, sendo 13 masculinos e 13 femininos. Foram coletadas informações sobre os hormônios utilizados; tempo de uso de hormônios; uso de álcool, tabaco, medicamentos e drogas ilícitas. Durante o exame bucal foram avaliadas as condições dentárias e periodontais, fluxo salivar, presença de xerostomia e de lesões bucais. Resultado: Transgêneros masculinos apresentaram uma média de CPOD de 11,92 ± 5,6 dentes, fluxo salivar de 1,82 ± 1,2 mL/min com sete (53,8%) indivíduos apresentando algum tipo de redução e nove (69,2%) apresentando xerostomia moderada ou severa. Ninguém apresentou periodontite. Seis (46,2%) apresentaram gengivite localizada/generalizada e apenas dois (15,4%) indivíduos apresentaram lesão em mucosa oral. Transgêneros femininos apresentaram uma média de CPOD de 8,9 ± 5,3 dentes, fluxo salivar de 1,35 ± 7,4 mL/min com dez (76,9%) indivíduos mostrando algum nível de redução do fluxo salivar e 11 (84,6%) com xerostomia de moderada a severa. Apenas um (7,7%) indivíduo apresentou periodontite, seis (46,2%) gengivite localizada/generalizada e dois (15,4%) apresentaram lesão de tecido mole. Considerações finais: Pode-se concluir que dentre as mudanças ocorridas na cavidade bucal durante a terapia medicamentosa no processo de transexualização foram relevantes a diminuição do fluxo salivar e a xerostomia, o que pode impactar na qualidade de vida dessas pessoas. |
6034 | VIGILÂNCIA NAS NUVENS Camila Santos VIGILÂNCIA NAS NUVENSAutores: Camila Santos
Apresentação: Uso planilhas virtuais para o acompanhamento dos usuários que demandam monitoramento. Objetivo: Manter um acompanhamento adequado dos pacientes através da coleta de dados e cálculo dos riscos inerentes a cada um deles. Método: Alimentação de planilhas com os dados dos pacientes em consultas de rotinas. Resultado: Em 01 ano, a vigilância nas nuvens na UBS Nova Suíça já coletou e armazenou dados de 350 pacientes hipertensos e diabéticos: 143 homens, 207 mulheres, 208 hipertensos, 35 diabéticos, 107 diabéticos e hipertensos, 37 diabéticos em insulinoterapia e 36 tabagistas. Foi calculado a TFG de 217 pacientes. A Hb glicada foi avaliada em 126 diabéticos de um total de 142. O risco cardiovascular foi calculado em 230 pacientes. 252 pacientes foram avaliados quanto a prática de exercício físico. 212 pacientes foram avaliados quanto a ingestão de bebida alcoólica. Foi calculado o grau de severidade da condição crônica e a capacidade de autocuidado de 210 pacientes. Considerações finais: A vigilância nas nuvens é uma forma prática de acompanhamento e monitoramento dos pacientes na atenção primária. Os dados e riscos dos pacientes são coletados e calculados nas consultas de rotina, não exigindo agendamentos extras. |
6452 | CÂMARA TÉCNICA DE ANÁLISE DE ÓBITOS EM PORTO SEGURO-BA: UMA ESTRATÉGIA PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA, MULHER EM IDADE FÉRTIL, INFANTIL E FETAL. ANA GEISE, LARISSA ANDRADE, ALTOE SEGURO-BA CÂMARA TÉCNICA DE ANÁLISE DE ÓBITOS EM PORTO SEGURO-BA: UMA ESTRATÉGIA PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA, MULHER EM IDADE FÉRTIL, INFANTIL E FETAL.Autores: ANA GEISE, LARISSA ANDRADE, ALTOE SEGURO-BA
Apresentação: A redução da mortalidade materna, infantil e fetal é um grande desafio para a saúde pública. Uma vez que a mortalidade reflete nas condições de vida da sociedade, e faz parte das metas do desenvolvimento do milênio, de acordo a Organização das Nações Unidas (ONU), que estes índices sejam reduzidos. De acordo dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), a taxa de nascimento no período de 01 de Janeiro de 2017 foi de 5.737, a taxa de mortalidade do mesmo período segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM FEDERAL) em relação à mulher em idade fértil foi de 117 casos e 04 óbitos maternos, residentes de porto Seguro (BA). Em sua grande maioria óbitos fetais precoces podem ser considerados evitáveis, desde que garantido o acesso em tempo oportuno aos serviços qualificados de saúde. Diversos fatores contribuem de forma direta ou indiretamente para a ocorrência destes óbitos como: fatores biológicos, sociais, culturais e falhas do sistema de saúde. A taxa de mortalidade infantil expressa o número de crianças de um determinado local que contempla mortes entre crianças de 0 a 5 anos. Esse dado é um indicador da qualidade dos serviços de saúde, saneamento básico e educação. Entre as principais causas da mortalidade infantil estão falta de assistência e de instrução às gestantes, ausência de acompanhamento médico, situação social, deficiência na assistência hospitalar, desnutrição, déficit nos serviços de saneamento ambiental, entre outros. A ausência de saneamento provoca a contaminação da água e dos alimentos, podendo desencadear doenças como a hepatite A, malária, febre amarela, cólera, diarreia, dentre outras. O óbito materno em especial aos países em desenvolvimento representa uma das maiores violações dos direitos humanos das mulheres, uma vez que mais de 92% desses óbitos são por causas evitáveis. O Ministério da Saúde vem adotando uma série de medidas para melhorar a qualidade da atenção à saúde da mulher e o registro dos óbitos maternos. A Portaria GM/MS nº 1. 172, de 15 de junho de 2004, definiu a vigilância epidemiológica da mortalidade materna como uma atribuição de municípios e estados. Neste sentido, a investigação de óbitos foi instituída com base legal a partir de 2010, e vem sendo utilizada como ferramenta de monitoramento e vigilância. Método: A vigilância de óbitos se enquadra no conceito de vigilância epidemiológica que compreende o conhecimento dos determinantes dos óbitos maternos, infantis, fetais e com causa mal definida e a proposição de medidas de prevenção e controle. Para incorporar o uso da informação na adoção de medidas de prevenção dos óbitos evitáveis, por meio da melhoria da assistência, são executadas ações identificação, investigação, análise e monitoramento dos óbitos. Neste sentido a secretaria Municipal de Porto Seguro- Bahia, por meio da Vigilância em Saúde adotou como estratégia consolidada para tentativa de redução da mortalidade, através da implantação da Câmara Técnica de Análise de Óbitos Infantil/Fetal, Materno/Mulher em idade fértil, tendo sua publicação através da portaria n°05/2018 de 25 de fevereiro de 2018. Objetivando a funcionalidade da câmara técnica como caráter eminente técnico-científico, multiprofissional, congregando representantes do sistema de saúde local com objetivo de analisar as circunstâncias da ocorrência dos óbitos maternos, infantis e fetais, identificando fatores determinantes e condicionantes da mortalidade, propondo medidas que visem à melhoria da qualidade da assistência a saúde para redução da mortalidade. A câmara é constituída pelos seguintes representantes: Responsável técnico pela vigilância do óbito, médico(a) responsável técnico pela investigação dos óbitos, área técnica de saúde da mulher, área técnica de saúde da criança, médico(a) obstetra do Hospital Regional: Deputado Luís Eduardo Magalhães; Coordenação da pediatria e neonatologia do HRDLEM: Representante do Complexo Regulador, Dr. Heraldo Lima. Salientando que anos anteriores às fichas de investigações de óbitos eram encaminhadas a Câmara Técnica Estadual, localizada em Salvador (BA), ocasionando em perda dos prazos para a alimentação do sistema de mortalidade, que são de 120 contando do momento do óbito até a conclusão total de cada caso. Resultado: Aos doze dias do mês de Julho no ano de 2018, iniciaram-se as reuniões da câmara técnica de análise de óbitos, no município de Porto Seguro, os dados da atual pesquisa se deram até 28 de Fevereiro de 2019. Foram analisados 07 óbitos no total, 04 óbitos maternos 02 fetais e 01 infantil. De acordo a análise das investigações segundo a classificação de evitabilidade conclui-se 01 óbito materno era evitável, de acordo a classificação de evitabilidade 1.1 que foram por motivos reduzíveis por ações de imunoprevenção, 1.2 reduzíveis por adequada atenção a mulher na gestação e parto e ao recém nascido e 1.3 reduzíveis por ações adequadas de diagnóstico e tratamento. 02 inevitável cuja causa básica do óbito foram de morte súbita e o outro caso devido a um quadro de tromboembolismo pulmonar. 01 inconclusivo, pois as causas de óbito eram decorrentes da doença autoimune, a esclerodermia sistêmica, onde durante a gravidez o tratamento foi interrompido. Dos óbitos fetais segundo a classificação de evitabilidade conclui-se 02 deles eram evitáveis, recendo o código de evitabilidade 1.1 que foram por motivos reduzíveis por ações de imunoprevenção, 1.2 reduzíveis por adequada atenção a mulher na gestação e parto e ao recém nascido. Cujas causas de óbito foram: Aspiração Neonatal de Mecônio, hemorragia subaracnoidea. Do infantil, 01 evitável segundo a classificação de evitabilidade recebendo o código 1.2.1. Reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação, 1.3. Reduzíveis por ações de diagnóstico e tratamento adequado cuja causa básica do óbito foram de Descolamento prematuro de placenta, prematuridade. Ao analisar a completude das investigações dos óbitos, e no contexto identificado problemas relacionados com a assistência de saúde prestada ao usuário, foram realizados recomendações técnicas para todas as instituições a cerca do atendimento prestado ao indivíduo. As recomendações técnicas são aplicadas para uma melhoria no âmbito da assistência hospitalar, estimulando a atualização do conhecimento, padronização e organização de grupos de estudos sobre mortalidade nos serviços, implantação ou reativação de protocolos, classificação de risco, melhoria na qualidade dos registros realizada pela equipe em prontuário, implantação do partograma, utilização das orientações da política nacional de humanização e das recomendações a OMS de 2018 para melhoria da qualidade de assistência ao parto e nascimento. Considerações finais: Os resultados mostraram que a vigilância do óbito de Porto Seguro (BA), desde a implantação da câmara técnica de análise de óbitos, em 2018, investigou e concluiu 07 casos de óbitos, onde foram identificados possíveis problemas que ocasionaram algumas destas mortes, sendo assim foram feitas recomendações técnicas, propondo para a melhoria da assistência, os óbitos foram analisados e classificados de acordo o as normas técnicas segundo o Ministério da Saúde preconiza, além de contribuir para o processo investigativo na qualificação do sistema de informação sobre mortalidade. Por tanto é imprescindível descrever, o pensamento crítico do papel da câmara técnica e a importância da informação completa, fidedigna e oportuna para o planejamento das ações de melhoria na qualidade do cuidado integrado da assistência como um todo e fortalecendo o trabalho em rede de todo o município, a fim de prevenir novas mortes e reduzir a natimortalidade. |
6888 | “VIGIAR E REDUZIR?”: ANÁLISE CRÍTICA DAS PRÁXIS EM REDUÇÃO DE DANOS DOS PSICÓLOGOS DE UMA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Dassayeve Távora Lima, Camilla Araújo Lopes Vieira, Bianca Waylla Ribeiro Dionisio, Paulo Henrique Dias Quinderé “VIGIAR E REDUZIR?”: ANÁLISE CRÍTICA DAS PRÁXIS EM REDUÇÃO DE DANOS DOS PSICÓLOGOS DE UMA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIALAutores: Dassayeve Távora Lima, Camilla Araújo Lopes Vieira, Bianca Waylla Ribeiro Dionisio, Paulo Henrique Dias Quinderé
Apresentação: Este projeto de pesquisa objetiva analisar de forma crítica, as práxis em redução de danos realizadas por psicólogos que atuam nos serviços da Rede de Atenção Psicossocial do município de Sobral/CE. Objetiva-se realizar um mapeamento das compreensões acerca do conceito de redução de danos, de modo que tal panorama, propicie a construção de produtos técnicos que orientem as práxis de psicólogas e psicólogos que atuam na rede do referido município. Desenvolvimento: Por redução de danos, compreende-se uma estratégia de cuidado que visa reduzir os efeitos adversos do uso de drogas, através do respeito à autonomia do usuário e da promoção do seu protagonismo no processo de construção de projetos de vida. No entanto, a estratégia de redução de danos se situa em um campo de constantes disputas, nos quais os mais diversos projetos sociopolíticos tentam construir uma narrativa acerca do conceito. Nesta ótica, sob uma suposta atuação em redução de danos, é possível que se reproduzam práxis que vão na contramão do que se preconiza como estratégia de cuidado no campo da atenção psicossocial e da saúde coletiva. Resultado: Partindo desta leitura, busca-se entrevistar os psicólogos que atuam no âmbito do cuidado aos usuários de álcool e outras drogas, objetivando identificar quais são as bases discursivas que sustentam suas práticas. Posteriormente, será realizada uma análise crítica destes discursos, buscando construir um panorama dos paradigmas, instituições e dispositivos de poder que endossam o fazer desses profissionais. Por último, será construído um laudo técnico sob o modelo de diagnóstico situacional, objetivando apresentar um panorama geral dos resultados obtidos no decorrer da pesquisa. Tal documento será fruto da análise crítica do objeto estudado, sendo possível elaborar propostas, sugestões e orientações a partir de sua formulação. Além disso, será uma contrapartida ao município, permitindo a avaliação dos serviços ofertados, sendo possível o desenvolvimento de mais intervenções no cenário escolhido. Ao final do estudo, será construído um círculo de cultura para oferecer uma devolutiva dos resultados encontrados na pesquisa, visando contemplar uma postura ética de compartilhamento e socialização do conhecimento construído com os participantes, possibilitando a desnaturalização e reformulação das práticas a partir da problematização desta realidade. Considerações finais: A diversidade de concepções têm sido a tônica da abordagem em redução de danos. Tal estratégia, que inicialmente fora pensada como uma tecnologia de potencialização da vida, tem se deparado com concepções que atuam meramente na gestão biopolítica do sofrimento psíquico, endossando práticas e discursos que vão na contramão dos princípios da saúde coletiva. Diante desta problemática, torna-se relevante investigar quais as práxis em redução de danos que os psicólogos que atuam no âmbito da Rede Atenção Psicossocial, realizam no seu cotidiano dos processos de trabalho. Até que ponto estas práxis, não estariam, de fato, endossando abordagens meramente prescritivas, verticalizadas, muito mais alinhadas com os preceitos normativos e de ajustamento dos sujeitos, em detrimento da construção de vínculos e projetos alternativos de vida. |
7167 | UNIVERSALIDADE DE ACESSO, POLÍTICAS PÚBLICAS E OS MODOS DE PRODUÇÃO DO CUIDADO NA APS Erica Lima de Menezes, Magda Duarte dos Anjos Scherer, Marta Inez Machado Verdi UNIVERSALIDADE DE ACESSO, POLÍTICAS PÚBLICAS E OS MODOS DE PRODUÇÃO DO CUIDADO NA APSAutores: Erica Lima de Menezes, Magda Duarte dos Anjos Scherer, Marta Inez Machado Verdi
Apresentação: O presente trabalho apresenta os resultados da tese de doutorado, da primeira autora, intitulada “Entre o discurso moral e a prática cotidiana – A Universalidade do acesso, as políticas públicas e os modos de produção do cuidado na Atenção Primária à Saúde”. O estudo analisou as diretrizes que ancoram e organizam o processo de trabalho das equipes de APS, no sentido de garantir a universalidade de acesso aos serviços de saúde como componente central na efetivação do SUS como política social, a partir dos referenciais teóricos da bioética cotidiana e da ergologia e é fruto da parceria entre o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Bioética e Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina (NUPEBISC) e do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho, Gestão e Educação em Saúde/ CNPq do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade de Brasília, dentro da linha de pesquisa que discute a relação entre a bioética e as políticas públicas. Partiu-se do pressuposto de que as políticas públicas de saúde têm por objetivo dar respostas aos problemas de saúde de uma sociedade, priorizados em determinado tempo histórico, resultam de disputas de interesses de grupos, instituições e atores diversos, e carregam em si um conjunto de valores que refletem a nação que se quer constituir. Assim como, o modo como o trabalho dos profissionais é realizado, em quais condições e os valores que o norteia, sofre modificações no decorrer da história e influenciam a universalidade do acesso à saúde, sendo o acesso, a capacidade multidimensional dos serviços e sistemas de saúde de dar uma resposta resolutiva às necessidades de saúde apresentadas pelos usuários. A Tese defendida é de que as Políticas Públicas para APS, apesar de elaboradas a partir do ideário e dos valores oriundos da Reforma Sanitária e presentes tanto na Constituição de 88, quando nas leis que regulamentam o SUS, carregam em si valores que por vezes se aproximam e por vezes se afastam da garantia da consolidação do princípio da universalidade do acesso, sendo influenciadas e influenciando os modos de produção do cuidado dos trabalhadores de saúde de maneiras distintas historicamente. Utilizou- se metodologia qualitativa para aproximações da realidade estudada em diálogo com o referencial teórico de escolha. A Ergologia contribuiu para refletir sobre a atividade de trabalho, sobre os modos de produção do cuidado, afirmando a necessidade de se estar perto dos trabalhadores para compreender como estes produzem os atos de saúde cotidianamente e; para olhar para as políticas de saúde como parte do conjunto de normas antecedentes que é acionado e renormalizado, pelos trabalhadores, na relação com o conjunto de valores de uma sociedade que se materializa no agir diante do imprevisível de cada atividade. A bioética cotidiana, o segundo referencial teórico adotado, contribuiu para a reflexão sobre os valores presentes nos modos de produção do cuidado, bem como nas políticas públicas para a APS e sobre os desafios para superação das iniquidades em saúde, ainda muito presentes no Brasil. Para a bioética a equidade é caminho para igualdade, é preciso então estar atento a esses princípios tanto no momento da produção de atos de saúde quanto na construção de políticas para área da saúde, com vistas a garantir a universalidade do acesso. O primeiro estudo descreveu os elementos do trabalho que influenciam a capacidade dos serviços em assegurar acesso. O cenário da pesquisa se delimitou a quatro unidades de saúde das regiões centro-oeste e sul do Brasil e os participantes incluídos foram os profissionais que atuavam em quatro equipes da Estratégia Saúde da Família. A coleta de dados ocorreu entre janeiro e dezembro de 2014. Foram analisadas 34 entrevistas e registros de 16 horas de observação (4 turnos de trabalho) obtidos mediante roteiros que buscavam conhecer as ações realizadas e como as equipes se organizavam para ampliar o acesso. Os achados foram sistematizados com suporte do software para análise de dados qualitativos, ATLAS TI (Qualitative Research and Solutions) e organizados em nove elementos: (I) formação/domínio das normas; (II) experiência; (III) afinidade dos profissionais com determinado tema, agravo ou grupo de pessoas; (IV) satisfação profissional; (V) carga de trabalho; (VI) gestão e organização do processo de trabalho (VII) trabalho em equipe; (VIII) ações realizadas com a participação da comunidade e; (IX) respeito a autonomia das pessoas e aos diferentes saberes e culturas, distribuídos em 3 dimensões (pessoal, organizacional e social). O segundo estudo, desenvolvido a partir de pesquisa documental, buscou analisar as diretrizes que ancoram e organizam o processo de trabalho das equipes de AB no sentido de garantir a universalidade de acesso aos serviços de saúde e a efetivação do SUS como política social, a partir dos referenciais teóricos da bioética cotidiana e da ergologia. Compõem o estudo 29 documentos oficiais relacionados a Política Nacional de Atenção Básica/PNAB, ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica/PMAQ-AB, ao Programa Mais Médicos/PMM e ao Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, disponíveis na página do Ministério da Saúde (MS) e foram incluídas leis, portarias, informes, manuais e publicações técnicas do Departamento de Atenção Básica (DAB) e da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do MS vinculadas ao financiamento da gestão federal e publicadas no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2017, cujos conteúdos apresentassem orientações para as práticas de saúde das equipes de Atenção Primária à Saúde. A opção pelo recorte do financiamento, se deu por ser o recurso financeiro importante indutor da implantação das políticas pelos municípios, que devem cumprir um conjunto de normas e diretrizes para que o repasse seja realizado. Foram excluídas as políticas e programas relacionados aos agravos, ciclos de vidas e programas específicos, como Programa Saúde na Escola e Academia da Saúde. Para os documentos publicados em anos distintos, mas com semelhança de texto, foram sistematizados os dados do mais atual. Foram identificados, nos resultados, elementos do trabalho das equipes de saúde que influenciam a capacidade do serviço em assegurar o acesso. Nas ações analisadas, algumas demonstram avanços para garantia da universalidade do acesso, como as propostas para formação e qualificação profissional na graduação e pós-graduação e o estabelecimento de processos de avaliação para melhoria do acesso e da qualidade; enquanto outras orientam o trabalho das equipes de saúde para o modelo de cobertura universal de saúde, como, por exemplo, o incentivo a implantação de equipes de Atenção Básica com redução da composição multiprofissional das equipes. Por fim, percebe-se, em uma análise que associa o investimento dos governos para APS, tendência para universalidade do acesso no período anterior a 2015, quando considera-se o aumento expressivo dos recursos financeiros para esse nível de atenção e tendência para o modelo de Cobertura Universal de Saúde após 2015, visto o congelamento do teto de gastos do governo federal e o incentivo a criação de planos populares de saúde, entre outras iniciativas. |
7525 | “VOCÊ DE BEM COM O SOL” CUIDADOS DIRECIONADOS AOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICÍPIO DE RIO DAS ANTAS QUANTO AO CÂNCER DE PELE DEVIDO EXPOSIÇÃO SOLAR NAS ATIVIDADES DIÁRIAS DE PRODUÇÃO. Graziela Lea Gallina “VOCÊ DE BEM COM O SOL” CUIDADOS DIRECIONADOS AOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICÍPIO DE RIO DAS ANTAS QUANTO AO CÂNCER DE PELE DEVIDO EXPOSIÇÃO SOLAR NAS ATIVIDADES DIÁRIAS DE PRODUÇÃO.Autores: Graziela Lea Gallina
Apresentação: A exposição constante aos raios solares traz a necessidade de se fazer um alerta para dentro das propriedades rurais, onde a doença de câncer de pele está se tornando cada vez mais comum para aqueles agricultores que persistem em não se prevenir. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), nos últimos cinco anos, tem aumentado consideravelmente os casos de câncer de pele, principalmente, nos trabalhadores rurais. O Câncer de pele pode ser evitado se medidas de prevenção forem aplicadas em tempo apropriado, permitindo assim sua cura. No município de Rio das Antas, o exame realizado para avaliação de lesão de pele é através da fotodermatologia, ou seja, o paciente realiza consulta para achado de mancha de pele, caso tenha incidência, recebe a solicitação para a realização do exame de foto. As fotos são realizadas nas unidade de saúde e encaminhada através do programa de telemedicina - referência estadual, onde são avaliados por profissionais dermatologistas e devolvidos por contra referência com laudos para devidos encaminhamentos. Esses retornos vêm o mais breve possível e são classificados por cores de prioridades (amarelo, verde, azul e branco), sendo que as duas primeiras cores são encaminhadas para ambulatórios de oncologia para biopsias e os devidos tratamentos caso necessário. Observando o crescimento nos casos devolutivos do programa para avaliação onsológica, a seccretaria de saúde iniciou um trabalho juntamente com os agricultores para minimizar esse agravo. Reunimos os agricultores em suas comunidades, orientando e alertando quanto aos riscos da exposição solar sem devida proteção. Intensificamos a orientação e mostramos através de fotos, palestras os achados para malignidade e quando procurar o serviço de saúde. Ainda pensando na prevenção, distribuímos EPS aos mesmos (boné e protetor solar). Resultado: Após os encontros realizados nas comunidades que foi mostrado para todos os malefícios da exposição solar sem a devida proteção, tivemos uma procura acentuadas desse público para a realização dos exames de fotodermatologia. As visitas nas comunidades pelas equipes de saúde da família também são averiguadas lesões de pele e solicitado os exames. Assim, realizamos rastreamento e encaminhamentos para tratamento precoce se necessário, evitando danos maiores a eles. Desenvolvemos esse trabalho desde o ano de 2017, onde foram realizados 76 exames de pele, destes retornaram 45 para avaliação no serviço de oncologia para confirmação de CA de pele, no ano de 2018 realizamos 89 exames, e 17 retornaram para a especialidade, já no ano de 2019 foram realizados 94 exames com retorno de 21 para oncologia. Percebemos que a procura pelos exames vem aumentando, fomentando a preocupação dos agricultores com a prevenção. O uso das ESPs estão sendo utilizados com maior frequência por eles, onde anteriormente não se via o uso de chapéus e nem protetor solar, hoje já conseguimos identificar a prática, além de terem aumentado o consumo diário de água, outra situação que pouco era levantada por eles, pois o esforço no sol aumenta a desidratação, desta forma a equipe também trabalhou neste sentido com esse público. Conclusão. Concluímos que esse tema é de suma importância para que possamos conscientizar principalmente nossos trabalhadores rurais dos malefícios encontrados na exposição solar sem a devida proteção. Queremos que nossa população agrícola, que é a base dos nossos munícipes estejam informados e principalmente protegidos a exposição solar. Temos que promover maior debate a esse tipo de câncer, pouco mencionado mas também de muita importância e malefícios se não diagnosticados e tratados precocemente. |
7740 | A DESCENTRALIZAÇÃO DO CUIDADO ÀS PESSOAS COM HIV/AIDS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Fatima Maria Gomes Rocha, Sandra Lúcia Filgueiras, Ivia Maksud, Eduardo Melo, Jorginete Damião, Rafael Agostini, Kátia Souza, Ana Carolina Maia A DESCENTRALIZAÇÃO DO CUIDADO ÀS PESSOAS COM HIV/AIDS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIROAutores: Fatima Maria Gomes Rocha, Sandra Lúcia Filgueiras, Ivia Maksud, Eduardo Melo, Jorginete Damião, Rafael Agostini, Kátia Souza, Ana Carolina Maia
Apresentação: A experiência de cuidado às pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) no Brasil começa a ser descentralizada para Atenção Primária em Saúde (APS) a partir de 2014. Segundo diretrizes do Ministério da Saúde o acompanhamento de PVHA na APS está condicionado a indicação baseada em critérios clínicos específicos. A descentralização ainda é incipiente no país e visando a obtenção de informações para o aprimoramento desta política desenvolvemos a pesquisa “O cuidado às pessoas com HIV/AIDS na rede de atenção à saúde” realizada no município do Rio de Janeiro entre 2018 e 2019 por pesquisadores de diversas instituições (IFF, ENSP-Fiocruz, SES (RJ), UERJ). O objetivo desta apresentação é compartilhar resultados preliminares do eixo de análise referente à organização da atenção e interface entre APS e especializada no cuidado às PVHA. Desenvolvimento: Pesquisa qualitativa combinando diferentes métodos e técnicas, tais como estudo de caso, observação participante, entrevistas com profissionais, usuários/movimentos sociais e gestores e grupos focais com Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) e médicos. O trabalho de campo foi realizado entre 2018 e 2019, em dois serviços de atenção básica e um de atenção especializada de uma região da cidade do Rio de Janeiro. Tanto a elaboração do projeto quanto a análise dos dados adotou o diálogo entre perspectivas das ciências políticas, humanas, sociais e do planejamento, gestão e cuidado em saúde. Resultado: Entre os resultados encontrados destacamos o aumento significativo de PVHA acompanhadas na atenção básica e a diminuição dos tempos de espera para 1ª consulta de infectologia, a identificação de protocolos clínicos e do sistema eletrônico de regulação do acesso (SISREG) como “ferramentas mediadoras” do cuidado, o desconhecimento e hesitação dos profissionais da atenção especializada sobre a atenção básica e sua capacidade de cuidar das PVHA, a fragmentação do manejo das PVHA com comorbidades, dificuldades de acesso a informações clínicas das PVHA atendidas em mais de um ponto de atenção da rede, a escassez de canais formais e informais de diálogo entre equipes de saúde da família e equipes especializadas e o receio dos usuários em serem acompanhados pela APS e terem seu diagnóstico revelado na comunidade. Considerações finais: A descentralização do cuidado às PVHA para a atenção básica e a sua interface com a atenção especializada não se pautou por uma perspectiva de interação e gestão compartilhada do cuidado, comprometendo desta forma a integralidade da atenção preconizada no SUS. Em que pese potenciais ganhos de acesso e racionalização do uso do especialista, há necessidade de fomentar o apoio matricial e outros mecanismos formais e informais de comunicação e interação na rede de saúde. Destacamos ainda que a consolidação da rede de atenção à saúde para PVHA depende fundamentalmente do enfrentamento de desafios de ordem moral (sexualidade e estigma), ética (sigilo e confidencialidade), técnica (manejo clínico e formação dos profissionais), organizacional (regramentos, fluxos e interações) e política (condução da agenda e diálogo entre diferentes atores). |
7951 | SÍNDROME DE MUNSHAUSEN POR PROCURAÇÃO E O SERVIÇO SOCIAL: APONTAMENTOS PRELIMINARES Rosangela Oliveira Gonzaga de Almeida SÍNDROME DE MUNSHAUSEN POR PROCURAÇÃO E O SERVIÇO SOCIAL: APONTAMENTOS PRELIMINARESAutores: Rosangela Oliveira Gonzaga de Almeida
Apresentação: Os antecedentes do interesse pelo tema estão relacionados à minha dissertação de mestrado e no meu projeto de tese em fase de formulação. O presente trabalho versa acerca de uma expressão de violência, a violência contra crianças e adolescentes. O objetivo do trabalho é apresentar um relato de uma experiência que aborda o atendimento pelo Serviço Social a uma situação que envolvia a forma de violência Síndrome de Munshausen por procuração. E ainda, suscitar a atenção da categoria profissional para que surjam mais estudos a serem formulados pelas equipes de saúde, com especial atenção as compostas pelo assistente social. Desenvolvimento: Hoje trata-se de um tema pouco explorado pelos profissionais de Serviço Social porque a identificação, em especial dessa forma de violência, enquanto violência contra crianças e adolescentes está vinculada à atuação médica. Cabe destacar que a minha experiência profissional aconteceu tendo a unidade de saúde como origem, mas se desenvolveu num órgão de proteção. Apresento uma revisão bibliográfica, construída dentro da perspectiva interdisciplinar, considerando que outras categorias profissionais têm produzido estudos acerca do tema. A busca da produção acadêmica dentro do tema da Síndrome de Munshausen por procuração fez parte do processo de trabalho que compôs a minha ação profissional. Não me detive a relatar particularidades da situação que se constituiu no objeto da ação profissional, do atendimento propriamente dito, devido ao sigilo profissional. Trarei elementos importantes a partir da minha ação profissional quanto ao atendimento à família dentro de um suposto contexto de violência contra crianças e adolescentes. Resultado: Quanto aos resultados, o acesso à produção acadêmica e profissional existente propiciou o planejamento de uma ação profissional afinada com as atribuições e competências do Serviço Social e com a política nacional de proteção a crianças e adolescentes. Considerações finais: A contemporaneidade tem exigido dos profissionais a permanente ação de aprofundar os temas que surgem no cotidiano de suas práticas profissionais mediante pesquisas e/ou inserção em cursos de pós-graduação. A população reconhece os esforços profissionais para um atendimento de qualidade, que se reflete na prontidão de respostas para as mais diversas situações para as quais buscam atendimento nos serviços. Tais respostas surgem do empenho pessoal e coletivo na produção intelectual, ou seja, na busca pela produção de conhecimento. Acredito na ciência e na produção do conhecimento, elementos que dão vida à academia. PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Munshausen por procuração; violência contra crianças e adolescentes; Serviço Social; proteção de crianças e adolescentes |
7959 | ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL E O PROCESSO DE INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM PACIENTES COM TUBERCULOSE PULMONAR THAUANA DOS SANTOS FERNANDES, JOYCE CHAVES DE SOUZA ARAÚJO, MARCIA KAROLAYNE GARCIA DE QUADROS, NOELLE PEDROZA SILVA, ANGELA MARIA BITTENCOURT FERNANDES DA SILVA, JOSÉ ROBERTO LAPA E SILVA ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL E O PROCESSO DE INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM PACIENTES COM TUBERCULOSE PULMONARAutores: THAUANA DOS SANTOS FERNANDES, JOYCE CHAVES DE SOUZA ARAÚJO, MARCIA KAROLAYNE GARCIA DE QUADROS, NOELLE PEDROZA SILVA, ANGELA MARIA BITTENCOURT FERNANDES DA SILVA, JOSÉ ROBERTO LAPA E SILVA
Apresentação: A tuberculose (TB) continua sendo um agravo prioritário para a saúde pública mundial, pois, embora seja uma das doenças mais antiga da humanidade, ainda apresenta grande magnitude. Tal cenário reflete muitas vezes as dificuldades em manter o tratamento ou a demora em procurar ajuda. Um dos maiores desafios no tratamento da tuberculose são os sintomas que interferem em vários aspectos da vida do sujeito, ocasionando impacto nas esferas físicas, funcionais e psicossociais dos mesmos, resultando na diminuição de seu desempenho ocupacional. Neste contexto, as estratégias de tratamento e acompanhamento devem, preferencialmente, ser desenvolvidas por equipe multiprofissional onde o terapeuta ocupacional se destaca como o profissional habilitado para intervir junto ao portador e a sua família, proporcionando acolhimento e esclarecimentos quanto ao prognóstico funcional, contribuindo para manutenção das capacidades remanescentes, proporcionando independência, autonomia e qualidade de vida, utilizando-se da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), a qual determina a condição de funcionalidade a partir das componentes funções do corpo, estruturas do corpo, atividades como um instrumento de avaliação. Objetivo: Este estudo teve o objetivo de analisar alterações das funcionais do portador de tuberculose, utilizando-se da CIF como instrumento de avaliação para intervenções da terapia ocupacional. Metodologia Trata-se de resultados da minha dissertação de mestrado, baseada em um estudo descritivo realizado em três unidades de saúde do município do Rio de Janeiro, com usuários do Sistema Único de Saúde, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, na faixa de 18 a 60 anos, conscientes e orientados no tempo e no espaço, comunicação oral preservada, no 2º mês de tratamento regular e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Município do Rio de Janeiro sob o número do parecer: 927.737. Para análise dos dados foi aplicado questionário referente aos dados sócios demográficos e a CIF visando identificar o perfil funcional dos pacientes com tuberculose. Os dados foram submetidos ao Iramuteq e SPSS. Resultado: Os dados analisados apontaram um total de 50 pacientes, com baixo índice de escolaridade e que possuíam renda familiar igual um salário mínimo. Ao analisar os dados do questionário de funcionalidade, identificou-se que após avaliação terapêutica ocupacional segundo a CIF, o nível de dor descrito pelos clientes foi alto, se caracterizando como a principal queixa. Ocasionando uma diminuição de sua capacidade de realizar as atividades de vida diária devido ao cansaço, a diminuição da resistência, dificuldade no movimento, levando-os ao sedentarismo, a dificuldade de dormir, à queda na qualidade de vida e alterações emocionais. Considerações finais: Neste estudo, observou-se que o cansaço e a dor são os sintomas que mais interferem no cotidiano de seu portador. A intervenção da terapia ocupacional oportunizou o cuidado em relação à funcionalidade, a qual foi expressa pelas dificuldades de resistência a dor, limitando a realização das atividades rotineiras. Atuando como facilitadora e habilitando o portador a fazer o melhor uso possível das capacidades remanescentes, gerando melhoria na autoestima, capacitando-o a tomar suas próprias decisões e assegurando alternativas significativas para sua vida. |
8296 | ENTRE IDAS E VINDAS: CONSTRUINDO FLUXOS E FORTALECENDO REDES DE CUIDADO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL REI Tatiana Teixeira de Miranda, Ana Paula da Silva Santos, Korian Leite Carvalho, Bárbara Diniz Viana, Bianca de Araújo Liboreiro, Ana Luiza Morais, Lorena Eduarda Mendes Santos, Sofia Rezende Paes ENTRE IDAS E VINDAS: CONSTRUINDO FLUXOS E FORTALECENDO REDES DE CUIDADO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL REIAutores: Tatiana Teixeira de Miranda, Ana Paula da Silva Santos, Korian Leite Carvalho, Bárbara Diniz Viana, Bianca de Araújo Liboreiro, Ana Luiza Morais, Lorena Eduarda Mendes Santos, Sofia Rezende Paes
Apresentação: O presente relato trata-se da experiência do primeiro ano de um programa de extensão da Universidade Federal de São João Del Rei. O programa tem como objetivo promover o fortalecimento e maior articulação da rede de enfrentamento à violência contra a mulher do município de São João del Rei. Em sua primeira etapa, propôs o mapeamento da rede de acolhimento de mulheres em situação de violência no município de São João del Rei, identificando os dispositivos jurídico-políticos, policiais, assistenciais e da saúde que se articulam com o acolhimento dessa população. Essa etapa teve como foco a identificação dos pontos de acesso das mulheres em situação de violência à rede, bem como os encaminhamentos realizados junto a essas mulheres pelos profissionais envolvidos e as possibilidades de articulação entre os elementos da rede. Em seguida, foi proposto a elaboração e divulgação de material informativo acerca da rede de acolhimento à mulher em situação de violência, nos pontos de acolhimento. Espera-se que o material gráfico informativo auxilie na divulgação da rede de enfrentamento e na difusão de informações adequadas sobre a violência contra a mulher. A segunda etapa do programa, que será realizada no segundo ano do programa, consiste na realização de capacitação dos (as) trabalhadores (as) de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de São João Del Rei, com vistas a capacitar as Equipes de Saúde da Família sobre os tipos de violência contra a mulher, formas de identificá-los e abordá-los, além de promover esta Unidade Básica de Saúde como ponto de referência para o acolhimento de mulheres em situação de violência na atenção básica no município. |
8345 | HOMENS TRANSEXUAIS E O ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVA Tamires Nunes Miranda, Adriana Pereira Lemos, Eliza Cristina Cristina Macedo, Giovanna Thayla Caetano de Lima HOMENS TRANSEXUAIS E O ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVAAutores: Tamires Nunes Miranda, Adriana Pereira Lemos, Eliza Cristina Cristina Macedo, Giovanna Thayla Caetano de Lima
Apresentação: A transexualidade é uma palavra que trata da identificação de gênero pela divergência das regras sociais sobre o tema. Entende-se por homem trans aqueles cujo não se identificam com seus genitais biológicos femininos, nem com suas atribuições socioculturais e, em alguns casos podem, através de modificações corporais (hormonioterapia e/ou cirurgia de redesignação sexual), exercer sua identidade de gênero masculina de acordo com seu bem estar biopsicossocial. Identificam-se como homens (identidade de gênero) e podem ser heterossexuais, homossexuais e bissexuais (orientação sexual). Pelo crescimento, nos últimos anos do movimento LGBT na luta por direitos sociais e de saúde, a falta de preparo dos profissionais de saúde e a ausência de interesse sobre o assunto gera desrespeito à própria legislação vigente, que impacta de forma negativa no acesso aos serviços de saúde, uma vez que esta população é invisível nos serviços de saúde. Neste sentido, o profissional enfermeiro desempenha um importante papel durante as consultas de enfermagem, em qualquer nível de atenção, diante desta população, a fim de reproduzir diagnóstico, orientação, promoção, reabilitação e prevenção da saúde. Diante de barreiras discriminatórias ou falta de acolhimento nos serviços de saúde, homens trans podem buscar um atendimento precário nos serviços clandestinos, o que pode trazer riscos para a saúde em geral e, consequentemente, aumentar suas vulnerabilidades, fatos estes que apontam para a necessidade de aumentar o uso de tecnologias leves no cuidado em saúde. Este estudo é justificado pela necessidade de contemplação das especificidades dos diversos grupos sociais, a fim de possibilitar a discussão qualificada em torno do direito à saúde. Tem-se como objetivo identificar e analisar a produção científica nacional sobre o acesso aos serviços de saúde de homens transexuais e o papel da enfermagem durante o atendimento a essa população. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. A escolha pela revisão integrativa justifica-se por ser a mais ampla abordagem referente às revisões, pois permite a inclusão de estudos experimentais e não experimentais e por possibilitar a síntese e análise do conhecimento científico já produzido sobre o tema investigado. Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se por seguir as etapas da revisão integrativa da literatura, conforme a seguir: 1) Identificação do tema e seleção da questão da pesquisa; 2) Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão; 3) Identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados; 4) Categorização dos estudos selecionados; 5) Análise e interpretação dos resultados; 6)Apresentação: da revisão/síntese do conhecimento. Na primeira etapa, foi elaborada a pergunta de pesquisa conforme o estratégia de busca a utilização do acrônimo PICO ou PICo, onde P = Population (população), C = Concept or Phenomenon of Interest (Conceito ou fenômeno de Interesse) e C = Context (contexto). A partir disso, levantou-se a seguinte questão norteadora: “Como se dá o acesso aos serviços de saúde de homens transexuais no Brasil?” Nesta pesquisa, a busca dos estudos científicos primários foi desenvolvida em importantes bases de dados da área da saúde: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDENF (Bases de Dados em Enfermagem) e MEDLINE (Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Os descritores utilizados para a busca nas bases de dados, conforme a plataforma de Descritores em Ciências da Saúde (DECS), foram: Pessoas Transgênero, Transexualismo, Minorias Sexuais e de Gênero, Acesso aos Serviços de Saúde; Enfermagem, utilizando-se as seguintes combinações: “Acesso aos Serviços de Saúde” AND “Pessoas Transgênero”, “Acesso aos Serviços de Saúde” AND “Transexualismo” e “Acesso aos Serviços de Saúde” AND “Minorias Sexuais e de Gênero”. Na segunda etapa, foram traçados os seguintes critérios de inclusão: artigos científicos que retratassem a realidade brasileira no acesso aos serviços de saúde aos homens transexuais, redigidos nos idiomas português, inglês ou espanhol. E como critérios de exclusão: artigos científicos não disponíveis com conteúdo na íntegra; revisões integrativas, teses, dissertações, protocolos ou manuais. Na terceira etapa, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foi realizada a identificação dos artigos pré-selecionados, a partir da leitura do título, resumo, objetivos e autores e resultados na própria base de dados. Na quarta etapa realizou-se a categorização e análise dos estudos selecionados. Na quinta etapa, apresentou-se a interpretação dos resultados. Na última etapa, realizou-se a síntese do conhecimento produzido. Após a varredura nas bases de dados, foram identificados 330 estudos no total e 16 pré-selecionados para avaliação e leitura do conteúdo completo. Destes registros, restou-se apenas 5 artigos selecionados para análise, sendo: 1 artigo na base de dados SciELO , 1 na LILACS, 1 na BDENF e 2 na SciELO. Os 5 artigos selecionados para análise evidenciaram que os homens transexuais pouco acessam as Unidades Básicas de Saúde devido episódios de preconceito e desrespeito ao nome social, concentrando-se diretamente em ambulatórios especializados. dentre a população LGBT, as pessoas travestis e transexuais são as que mais enfrentam dificuldades ao buscarem atendimentos nos serviços públicos de saúde e pela escassez de serviços de saúde específicos. Homens trans são encontrados, na maior parte das vezes, em ambulatórios especializados para atendimento da população transexual, com foco em atendimento psicológico e psiquiátrico, hormonioterapia e encaminhamento para cirurgia de redesignação de sexo, devido ao atendimento hétero cis normativo e também a episódios de preconceito, constrangimento e falta de respeito ao nome social. Evidencia-se, principalmente, o desrespeito ao nome social e a transfobia como obstáculo à busca de serviços de saúde e causas dos abandonos de tratamentos em andamento. Ainda discute-se a patologização da identidade de gênero do homem transexual no processo transexualizador do SUS como promotor de seletividade nos serviços de saúde, obstruindo o acesso a muitos homens trans. os homens trans acabam que, por sua vez, não conseguem acessar o primeiro nível de atenção - Unidades Básicas de Saúde -, que os auxiliaria a seguir o fluxo ideal de atendimento para os outros níveis e o atendimento especializado acompanhado e de forma orientada. A assistência de enfermagem não foi encontrada nos estudos em nenhum nível de atenção. No que diz respeito ao Código de Ética da Enfermagem, ainda há uma séria contradição, pois, embora alguns avanços tenham se apresentado nos últimos anos, essas normativas ainda não foram integralmente acolhidas no cotidiano de trabalho dos profissionais da saúde, impedindo a garantia do acesso universal à saúde por homens trans. Durante a elaboração deste estudo, observou-se pouco material disponível acerca da temática acesso aos serviços de saúde por homens transexuais e também de materiais de enfermagem sobre o assunto. Faz-se necessário problematizar, junto aos profissionais da saúde, as consequências do gênero binário e da heteronormatividade para a saúde dos homens trans por meio de intervenções, como a realização de campanhas de caráter permanente de divulgação do direito ao atendimento livre de discriminação e ao uso do nome social, além da importância do acesso ao SUS a partir da sua porta de entrada. É certo afirmar que ainda existe um grande caminho a ser percorrido pela enfermagem e pelos demais profissionais de saúde, para concretização do Sistema Único de Saúde preconizado na Constituição Brasileira no que diz respeito ao acesso aos serviços de saúde para os homens transexuais, principalmente para que o acesso siga um fluxo de atendimento entre os níveis de atenção que não sature o sistema, além de manter a continuidade do cuidado. |
8398 | QUEBRA-CABEÇA DO CUIDADO: relações com o verbo cuidar e seus encontros reais Bianca Waylla Ribeiro Dionsio, Francisca Denise Silva Vasconcelos, Dassayeve Távora Lima, Paulo César de Moura Luz, Anny Caroline dos Santos Olímpio, Ana Cristina Mesquita Peres, Micaelle de Oliveira Vieira, Klívia Sibele Távora Lima QUEBRA-CABEÇA DO CUIDADO: relações com o verbo cuidar e seus encontros reaisAutores: Bianca Waylla Ribeiro Dionsio, Francisca Denise Silva Vasconcelos, Dassayeve Távora Lima, Paulo César de Moura Luz, Anny Caroline dos Santos Olímpio, Ana Cristina Mesquita Peres, Micaelle de Oliveira Vieira, Klívia Sibele Távora Lima
Apresentação: Tradicionalmente o acolhimento é identificado em duas vertentes, uma direcionada a dimensão espacial e outra a triagem administrativa e encaminhamentos. Ambas apresentam ações que se restringem a atividades isoladas com o enfoque na doença e nos procedimentos, descomprometidas com o processo de produção e fortalecimento de vínculo. Os serviços de saúde brasileiros, vem demonstrado constantemente a necessidade de transformar tal realidade, através da implementação de processos de trabalho que envolvam o acesso, universalidade, integridade e equidade aos cidadãos, priorizando e reorganizando o acolhimento, com o intuito de superar o modelo biomédico hegemônico, que intensifica o processo de exclusão, selecionando qual paciente será atendido no dia e quais retornaram aos seus lares sem resposta para suas queixas (LIMA, 2011). Com a crescente demanda nos serviços de saúde correlacionado a busca de promover uma abordagem integral ao indivíduo, o SUS vem buscando alternativas que priorizem o atendimento aos usuários com maior gravidade, a fim de diminuir os riscos advindos do tempo e espera para o atendimento. Nesse sentido o Ministério da Saúde, vem redefinindo os objetivos para a prática de acolhimento com qualidade, resolutivo e humanizado, que parte da perspectiva de aprimorar a entrada do usuários ao serviços de saúde, humanizar as relações referente a escuta, fortalecer vínculos e a continuidade do cuidado, aperfeiçoar o trabalho multiprofissional, mudar o foco da doença para sujeito e aumenta a responsabilização dos profissionais de saúde/usuários e elevação dos graus de vínculo e confiança entre eles (BRASIL, 2009a). A Política Nacional de Humanização (PNH) enfatiza que uma postura acolhedora profissional é de extrema importância para efetivar os processos de cuidado. Tal postura, implica em estar atento e poroso à diversidade cultural, racial e étnica, bem como ser capaz de avaliar riscos e vulnerabilidades, desde características territoriais ao sofrimento físico e psíquico. O acolher deve estar pautado na inclusão social, no respeito e no diálogo que promove afetos, visando reduzir as práticas exclusivas de classificação de risco rápidas, sem garantia de escuta, tornando-se apenas mais um passo no fluxograma da unidade (BRASIL, 2004; GIRÃO, FREITA, 2016). Franco, Bueno e Merhy (1999) em suas experiências buscaram reorganizar os serviços de saúde, a fim de garantir acesso universal, resolubilidade e atendimento humanizado, isto é, inverter a lógica do atendimento de quem chega primeiro para quem precisa mais. Nesse sentido, todos devem ser ouvidos e, na medida do possível, ter seus problemas de saúde atendidos. Mas, para que a implantação do acolhimento ocorra de maneira efetiva e eficaz, as equipes de saúde devem iniciar o processo de (re)organização a partir da transformação de suas relações interpessoais, ou seja, das micropolíticas de trabalho, para que assim, o trabalho possa fluir em prol da comunidade/usuário. Desde modo, objetiva-se discutir os significados do cuidado para equipes de saúde da família através de uma metodologia ativa. Desenvolvimento: Este resumo é um recorte da pesquisa/intervenção desenvolvida durante Residência Multiprofissional em Saúde da Família em Sobral- Ceará entre 2015 a 2017, aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA com Parecer nº 1.878.665. A pesquisa desenvolveu-se durante a imersão em um Centro de Saúde da Família no município de Sobral, a partir da observação de uma dissonância entre os princípios e disposições sobre acolhimento e a prática dos profissionais. Percebeu-se ao longo da vivência, que havia um fosso entre os profissionais e usuários/comunidade, de um lado, trabalhadores com pouca implicação diante do acolhimento do usuário e suas demandas; e do outro, usuários/comunidade desacreditados e desorientados em relação ao trabalho da equipe, mesmo com a ESF há mais de nove anos implantada no território, que agravasse pelos inúmeros entráveis e problemas referentes a relação interpessoal da equipe. Tais implicações reverberavam em filas intermináveis, atendimentos focais queixa-conduta, medicalização da vida, a supervalorização do saber médico e principalmente, a fragmentação do processo de trabalho multidisciplinar, inviabilizando a produção do cuidado continuado. Diante dessa realidade, evidenciou-se a necessidade de iniciar uma reorganização do acolhimento a partir da problematização das relações interpessoais da equipe. Desde modo, surge o quebra-cabeça do cuidado, ferramenta inovadora, que nasce a partir do interesse de estimular a reflexão coletiva sobre o cuidar multiprofissional e as redes de cuidados. Além de, tentar possibilitar a alusão entre os profissionais e as peças do quebra-cabeça, uma vez que para atingirmos o objetivo final proposto pela atenção básica como ordenadora do cuidado humanizado e resolutivo necessitamos nos encaixar. Resultado: Percebeu-se a partir dos discursos dos profissionais que essa ferramenta possibilitou uma reflexão para além dos nossos objetivos, que visavam problematizar a relação profissional versus cuidado. Os profissionais abordaram o cuidado, a importância do trabalho em equipe e a compreensão acerca dos diversos saberes, como podemos visualizar nas falas: “ O cuidado é tudo isso mesmo, é respeito ao próximo, é amar, são todas essas palavras juntas (...) (Profissional 1) ; “. é muito importante o trabalho em equipe mesmo, a gente encaixa por que todos sabem um pouco” (Profissional 2); “ No começo foi difícil montar, muitas peças! Mas é assim mesmo (risos) as pessoas são difíceis e quando começamos a ajudar o outro ficou mais fácil (...)” (Profissional 3). Evidencia-se que os profissionais conseguem perceber a necessidade do trabalho em equipe pelo fato de compreenderem a multiprofissionalidade e interdisciplinaridade, ou seja, os profissionais possuem conhecimentos diferentes, mas, que ao final o intuito é colaboração mutua para uma assistência integral. Nota-se também, que os profissionais pontuam as dificuldades que surgem no cotidiano da unidade, mas, como no quebra-cabeça, se toda equipe colaborar, haverá a resolução dos empecilhos. Diante disso cabe elencar que o acolhimento “é uma prática em todas as relações de cuidado, nos encontros reais entre trabalhadores de saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas (BRASIL, 2011, p. 19). Considerações finais: Notou-se que ao final desse momento, a equipe consegui percebeu a importância de conjugar o verbo cuidar, e que esse nasce a partir dos encontros reais. Pois, entende-se que acolhimento vai além de uma prática respeitosa e humanizada nas relações usuários-profissionais, esse deve garantir o acesso equitativo e universal aos serviços de saúde, equilibrando a oferta, ampliando o cuidado para além da queixa-conduta, e se implicando no acompanhamento continuado aos sujeitos, uma vez que a AB é um serviço que está ao lado da casa dos usuários, sendo assim a unidade precisar conhecer o território adscrito, bem como o perfil do usuário e seu caminhar dentro e fora dos serviços de saúde. |
8482 | ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM HIV: EXPECTATIVA DE ACOLHIMENTO ECUIDADOS Marcia Karolayne Garcia de Quadros, Thauana dos Santos Fernandes, Noelle Pedroza Silva, Angela Maria Bittencourt Fernandes Silva ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM HIV: EXPECTATIVA DE ACOLHIMENTO ECUIDADOSAutores: Marcia Karolayne Garcia de Quadros, Thauana dos Santos Fernandes, Noelle Pedroza Silva, Angela Maria Bittencourt Fernandes Silva
Apresentação: O número de crianças com a Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS) tem apresentando um preocupante crescimento no cenário das ações e serviços de saúde, tanto pelo aumento quantitativo de infectados, quanto pela sua sobrevida em decorrência do uso do coquetel antirretroviral, chegando à adolescência com todas as questões sociais, culturais, econômicas e sexuais presentes nesta faixa etária. A sua modificação de agravo com alta letalidade para enfermidade crônica, têm repercussão no desenvolvimento físico, cognitivo, funcional e psicológico de crianças e adolescentes soropositivos, notadamente aqueles infectados pela transmissão vertical. Os déficits no desenvolvimento psicomotor e neurocognitivo são ocasionados pela ação do HIV sobre o sistema nervoso central. Portanto, esse fato remete a uma atuação que extrapola os cuidados biomédicos, já que envolve outros aspectos de cunho funcional. Desta forma, aprofundar o conhecimento sobre as necessidades especiais de saúde dessa clientela, é imperativo na ordenação de intervenções clínicas junto aos cuidadores primários que adotam estratégias de enfrentamento diversas para o manejo de estressores, visando o bem-estar físico, psicológico e social de crianças e adolescentes. O Terapeuta Ocupacional tem envolvimento ativo com as crianças no decorrer do processo terapêutico, pois tem como base de estudo a atividade humana e a utiliza como recurso terapêutico para prevenir e tratar dificuldades que interfiram no desenvolvimento e na independência do cliente em relação às atividades de vida diária, estudo, trabalho e lazer. Desenvolvimento: Foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados Lilacs, Scielo, BVS etc. Sob os seguintes descritores: Terapia ocupacional, AIDS, Impactos funcional, AVD e AIVD. Foram selecionados um total de 16 artigos entre estes, apenas 7 abrangeram aos descritores já citados de forma satisfatória e relevante para a pesquisa, sendo apenas uma publicação que vinculava o descritor AIDS e Terapia Ocupacional concomitantemente, os demais artigos envolveram as demais áreas da saúde, como a Medicina, Fisioterapia, Enfermagem e Psicologia. Observa-se uma escassez em publicações científicas vinculado a atuação da Terapia Ocupacional em pacientes com AIDS/HIV. Resultado: A pesquisa encontra-se em estágio inicial, mas os dados nos artigos revisados indicam que as particularidades de viver com HIV/AIDS podem afetar negativamente as relações sociais (relações pessoais, suporte social, atividade sexual). Considerações finais: apesar dessa pesquisa não estar concluída, podemos observar o quão relevante se torna essa discussão, enriquecendo a produção de cuidado na prática a Terapia Ocupacional. |
9333 | MULHERES LÉSBICAS BRASILEIRAS: UM ESTUDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA VELHICE LGBT Luciana Fonseca, Daline Azevedo, Ludgleydson Fernandes MULHERES LÉSBICAS BRASILEIRAS: UM ESTUDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA VELHICE LGBTAutores: Luciana Fonseca, Daline Azevedo, Ludgleydson Fernandes
Apresentação: Sabe-se que a população idosa global encontra-se em crescimento acelerado e concomitante a este fenômeno demarca-se o aumento expresso da população idosa de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e travestis (LGBT). Tal acontecimento pode ser explicado pela melhoria nos serviços de saúde, informação e aos direitos de acesso à saúde e a educação continuada. Destarte, este trabalho buscou analisar as representações sociais da velhice LGBT sob a ótica de mulheres lésbicas brasileiras. Desenvolvimento: Participaram 105 mulheres lésbicas, com idades entre 18 e 49 anos (M= 23,7; DP= 5), utilizou-se como instrumentos para captura dos dados a entrevista semiestruturada, TALP e questionários sociodemográficos. Resultado: Apreendeu-se a partir dos dados obtidos entre as mulheres lésbicas entrevistas três sentenças máximas, que são intituladas: Sociedade preconceituosa para com a comunidade LGBT; A naturalização da velhice LGBT; Falta de conhecimento ou contato com algum idoso LGBT. Dessa forma, as representações sociais das mulheres lésbicas ditam sobre diversas questões como incerteza e medo, devido a forma como a sociedade lida com pessoas diferentes da heteronormativa. Apontam, ainda, que não deve existir distinção entre as velhices, sendo ela hétero ou homossexual, pois na visão destas mulheres todos irão passar pelos mesmos estágios da vida, e por fim, a falta de conhecimento ou contato com algum idoso LGBT, onde as próprias entrevistadas apontam tal fato como deficiência na própria comunidade, uma vez que, as informações necessárias deveriam partir dos próprios indivíduos pertencentes a comunidade LGBT. Considerações finais: Espera-se que essa pesquisa possa encorajar outros estudos a respeito do tema, bem como disseminar informação e incitar reflexões e discussões, a fim de dissolver os estereótipos negativos dessa fase da vida. |
9347 | CONCEPÇÃO, PROCESSO E EXPECTATIVAS DE UM NASCENTE COMITÊ DISTRITAL DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO NO MUNICÍPIO DE SALVADOR (BA) Talita Rocha de Aquino, VICTOR ROCHA SANTANA, CAROLINA DÓREA CONCEPÇÃO, PROCESSO E EXPECTATIVAS DE UM NASCENTE COMITÊ DISTRITAL DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO NO MUNICÍPIO DE SALVADOR (BA)Autores: Talita Rocha de Aquino, VICTOR ROCHA SANTANA, CAROLINA DÓREA
Apresentação: Diante da crescente incidência de suicídio no Estado da Bahia, profissionais da saúde de diferentes serviços do Distrito Sanitário de Pau da Lima, em Salvador, se juntam para formalizar um Comitê Local para Prevenção ao Suicídio. Este relato tem objetivo de registrar as ideias, concepções dos sujeitos implicados e o processo de articulação do comitê distrital de prevenção ao suicídio, assim como expectativas nas análises de banco de dados locais sobre tentativa e consumação de suicídio no território. Desenvolvimento: Após uma reunião temática com trabalhadores de diferentes serviços da rede de saúde mais o curso de medicina da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), foi criado um comitê reunindo representantes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II), duas Unidades de Saúde da Família, Companhia da Policia Militar, Pronto Atendimento, internato de Medicina de Família e Comunidade da UNEB e a gestão do Distrito Sanitário. O referencial para pensar a rede de saúde sobre esse agravo foi o da linha de cuidado temática, cogerido por um colegiado gestor (o comitê) onde representantes desses serviços de saúde mais a UNEB e Polícia Militar pudessem produzir dados locais para conhecer o perfil e a distribuição territorial dos suicídios ocorridos, além de monitorar e induzir ações para as pessoas em alto risco. A polícia militar frequentemente é a primeira a chegar nas ocorrências, produzindo boletins de ocorrências que ficam registrados no banco CIGIP, enquanto o Pronto Atendimento local (PA São Marcos) acolhe e cuida de casos de tentativa de suicídio, registrando na ficha de notificação de violência interpessoal/autoprovocada do SINAN. Estes dois bancos de dados reúnem preciosas informações locais para definição de perfil e planejamento de ações. O Comitê pretende inicialmente induzir ações em tempo real de busca ativa pelas Equipes de saúde da família das pessoas que tiveram alta do PA como sobreviventes de uma tentativa, investigar óbitos por suicídio para ter maiores informações (vulnerabilidade social, informações sobre transtorno mental, meio utilizado, identificação de atingidos etc.) e produzir boletins com os dados locais para divulgar informações e embasar políticas e investimentos dos gestores. Para operar essas ações, o comitê vem utilizando a transmissão de dados pela internet, planilhas eletrônicas, software de georeferenciamento googleEarth e reuniões presenciais mensais. Resultado: Tem sido possível a ativação e integração de atores voltados para a prevenção do suicídio e refletindo como intensificar ações na sua instituição. A potência da ação Inter setorial tem sido experimentada entre a saúde e a segurança pública. Considerações finais: Se os distritos sanitários foram concebidos para produzir ações mais eficazes em um território menor e bem delimitado, a emergência do suicídio e do sofrimento psíquico e social nos convoca a reunir toda a potência desses recursos para defender a vida. |
9466 | THE EFFECTIVE AND HUMANIZED PARTICIPATION OF THE PROFESSIONAL NURSE IN THE TREATMENT OF CHILDREN WITH CHILD AUTISM RENATO RAFAEL COSTA LIMA THE EFFECTIVE AND HUMANIZED PARTICIPATION OF THE PROFESSIONAL NURSE IN THE TREATMENT OF CHILDREN WITH CHILD AUTISMAutores: RENATO RAFAEL COSTA LIMA
Introduction: Among so many pathologies of different degrees and complexity that nurses can deal with, autism has received more attention and confrontation and has been the focus of many studies and researches. The term autism was first used by Bleuler and defined one of the symptoms of adult schizophrenia. He defined the autism barrier as a marked interest in the inner life to the detriment of the outside world, which could result in the creation of a closed, own, impenetrable world. METHODS: A systematic review of the scientific literature on child autism was used: nurses and the family as part of the treatment. Systematic and non-systematic reviews of the literature were searched, quantitative and qualitative studies, and case reports published by August from 2010 to August 2015 in the Virtual Health Library Portal, Scielo (Scientific Electronic Library Online), Cochrane, Periodical Capes (Coordination of Improvement of Higher Education Personnel), scientific journals of the area, We must understand and accept their degree of withdrawal, refusal or inability to respond to the proposals, so we must know more about them. RESULTS:about the development of these children, for who knows, we can understand more their unique way CONCLUSION: Of all the health professionals involved in care, it is the nurses' responsibility to play the great role of humanization and this must be the great difference of all the professionals involved. The humanized presence of caregivers may mean that the health professional is sure to have promoted, within their possibilities, a better quality of life and well-being. |
9044 | DANÇAS CIRCULARES COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL DE ESTUDANTES NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Bruna de Almeida Cruz, Rosineide de Belém Lourinho dos Santos DANÇAS CIRCULARES COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL DE ESTUDANTES NA EDUCAÇÃO PROFISSIONALAutores: Bruna de Almeida Cruz, Rosineide de Belém Lourinho dos Santos
Apresentação: A saúde mental de estudantes é um tópico necessário, visto que nossos sistemas educacionais são hegemonicamente pautados na competitividade, na lógica de consumo e absorção pelo mercado, bem como na produtividade em tempo integral. Na educação profissional e tecnológica, tal cenário se acentua, na medida em que boa parte dos estudantes vive intensa rotina de estudos presenciais, como no caso da forma de ensino integrada, em que se concilia o ensino básico e o ensino técnico profissionalizante. Já está evidente a realidade de adoecimento de estudantes no que se refere à saúde mental, tendo como sintoma frequente o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão, que podem ser relacionados a esse ritmo de vida exigente e estressante, combinado com baixa qualidade do descanso, do lazer e do cuidado com a saúde. Diante dessa realidade, uma das autoras, atuando como psicóloga na assistência estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) Campus Belém, passou a questionar junto à equipe quais lugares de cuidado eram possíveis naquele campo de trabalho, quais dispositivos poderiam atender a tal demanda de modo coerente com o papel de uma instituição de ensino no cuidado em saúde mental. Partindo do princípio de que psicólogas/os atuantes em instituições de ensino devem preferencialmente atuar na prevenção e promoção da saúde mental, em equipes multiprofissionais, atentando para o contexto mais amplo em que ocorrem os processos educacionais e tendo como diretriz o trabalho de produção coletiva de transformações nesse campo, a equipe entendeu que a maneira de enfrentar os processos de adoecimento de estudantes deveria estar pautada no favorecimento de espaços onde se pudessem praticar a escuta e a troca de experiências entre atores educacionais, tais como discentes, servidores técnicos e docentes. Neste sentido, começou-se a discutir na assistência estudantil possibilidades de se estabelecer fluxos de cuidado que extrapolassem a lógica do atendimento por demanda individual, que proporciona uma abordagem reducionista, quando não articulada com outras esferas mais abrangentes. A partir dessa demanda, no segundo semestre de 2019, a psicóloga firmou parceria com uma professora de artes do campus, a segunda autora, a qual já vinha realizando diversos projetos junto aos discentes, para que desenvolvessem uma prática integrativa como espaço de cuidado dedicado a estudantes na instituição: as danças circulares. Trata-se de uma prática reconhecida pelo Sistema Único de Saúde desde 2017, a qual é compreendida como uma espécie de meditação pelo movimento, a partir de danças tradicionais e contemporâneas, realizadas em roda e sob a focalização de uma ou mais pessoas. Sendo assim, elaborou-se um projeto de extensão que conta com a colaboração de alunos/as do ensino técnico integrado ao ensino médio, com o objetivo de oferecer rodas semanais de danças circulares no campus, tendo como público-alvo estudantes. Já havia sido realizada uma experiência interessante no mês de setembro em atividade alusiva à campanha do Setembro Amarelo, em que estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do IFPA participaram juntos/as de uma roda de dança nas dependências do nosso campus. Por isso, optou-se por abarcar como público tanto alunos/as do IFPA, quanto da rede estadual e da UFPA. O projeto foi então aprovado e iniciou-se o trabalho com uma equipe de cinco estudantes, uma docente e uma psicóloga que já tinham experiência com as danças circulares. De novembro a dezembro de 2019, foi realizado um primeiro ciclo de rodas cujo tema foi “os quatro elementos”: fogo, terra, água e ar. Em cada roda, eram trabalhadas de duas a três danças relacionadas a um dos elementos e, ao final, abria-se a roda para partilha livre de impressões, de modo que o encontro tinha a duração de aproximadamente 1h. O espaço de realização da atividade era, via de regra, o mini-auditório da biblioteca do campus, que dispõe de equipamento de som e espaço para aproximadamente 30 pessoas em uma roda. Houve rodas com dez participantes, assim como rodas com mais de trinta. O segundo ciclo, programado para 2020, está em andamento. Além do que estava previsto no projeto, foram realizadas duas rodas fora do campus, uma no IFPA Campus Castanhal e outra no Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil de Belém, como forma de expandir o trabalho e proporcionar o encontro com outros públicos, ainda dentro dos objetivos do projeto. Ao longo da execução do projeto, observaram-se alguns pontos de potência e também alguns fatores de dificuldade que podem ser discutidos neste trabalho. Percebeu-se grande potência proporcionada pela prática das danças circulares no contexto escolar como forma de promoção da saúde mental, tanto pelas impressões positivas compartilhadas por participantes, quanto pela observação de processos ao longo das rodas. Após participarem da atividade, algumas pessoas expressavam melhora ou ressignificação de estados de preocupação, raiva, estresse e tristeza, podendo-se, em alguns casos, observar que o movimento, a fala e o uso alegórico de símbolos operavam como fatores que facilitavam a elaboração daquela experiência. Outro aspecto potente da experiência foi a participação ativa dos/as estudantes voluntários, que trabalharam na escolha de canções, na composição de algumas danças e na focalização dessas danças nas rodas, o que podemos avaliar como elemento valioso de troca, uma vez que, nessa relação de cooperação, foram sendo reconhecidas as diferenças, ampliando-se as formas de fazer junto e de cuidar. Nota-se, portanto, como o trabalho criativo, simbólico e corporal que essa prática oferece pode tornar tangível a possibilidade de cuidado no espaço escolar. O baixo custo, a utilização de tecnologia leve, o enfoque na participação coletiva, bem como o uso e a troca de elementos culturais e artísticos na atividade depõem a favor do seu desenvolvimento, como forma de aliar processos educacionais, processos de criação e processos de cuidado. Entre as dificuldades encontradas, destacam-se fatores relacionados à articulação com a rede externa ao campus, como a rede estadual e a universidade e ao fato de ser uma atividade recente que ainda precisa se consolidar na cultura institucional para atingir maior público e de forma mais efetiva. Esta experiência configura uma das tentativas de aproximação da assistência estudantil de uma atuação que auxilie a formação integral de estudantes na instituição de ensino, favorecendo a sua permanência, não apenas pela concessão de bolsas de auxílio estudantil, mas também pela promoção de dispositivos que favoreçam a saúde na vida acadêmica. É importante ressaltar que a realização de parcerias da equipe de assistência com docentes e estudantes tem sido uma das estratégias mais efetivas para a operacionalização de ações como a descrita neste trabalho. No nível micropolítico, essa é uma aliança que se mostra necessária e frutífera para a construção de ações que visem à transformação de processos adoecidos no contexto educacional, uma vez que se trata de atores centrais e necessariamente implicados nas problemáticas que atravessam tal contexto. Existem possibilidades de articulações futuras no âmbito do IFPA para se avançar nesse sentido, pois já são desenvolvidas outras atividades envolvendo práticas integrativas ou a prática artística como lugar de desenvolvimento humano no campus, também como trabalhos de extensão. A ideia é que se possa articular uma política institucional que atenda as necessidades de cuidado da saúde mental dos estudantes da educação profissional, levando-se em conta as particularidades dessa modalidade de ensino e aprimorando-se também a compreensão do lugar que a instituição de ensino ocupa na rede, seus limites e possibilidades. |
6066 | A PRODUÇÃO DO CUIDADO NO PALMAS QUE TE ACOLHE: REDUÇÃO DE DANOS E GARANTIA DE DIREITOS Ana Carolina Peixoto, Carlos Mendes Rosa A PRODUÇÃO DO CUIDADO NO PALMAS QUE TE ACOLHE: REDUÇÃO DE DANOS E GARANTIA DE DIREITOSAutores: Ana Carolina Peixoto, Carlos Mendes Rosa
Apresentação: Esse trabalho é fruto da dissertação de mestrado realizada na cidade de Palmas, Tocantins, entre os anos de 2017 a 2019. O Palmas Que Te Acolhe (PQTA) é um serviço que compõem a rede de atenção à população em situação de rua do município de Palmas, Tocantins, baseado no modelo de Housing First (Casa primeiro) que propõe garantir o acesso ao pacote de direitos (moradia, alimentação, trabalho e renda, cultura e lazer) às pessoas em situação de rua e usuários de álcool e outras drogas. A metodologia de Housing First teve seu início na década de 1990, nos Estados Unidos, com Sam Tsemberis, como uma estratégia para lidar com o fenômeno da população em situação de rua. O objetivo desse trabalho, de caráter qualitativo e sustentado por inspirações cartográficas, foi compreender quais os modos de vida são produzidos na experiência do Palmas Que Te Acolhe, e como esses modos de ser e de viver se configuram a partir da experiência da/na rua. O processo de pesquisa valorizou a percepção dos beneficiários e trabalhadores que compõem o projeto, bem como da pesquisadora, narrando os encontros tecidos nessa rede de relações e como se articulam. Foram realizadas treze entrevistas com beneficiários e trabalhadores, com duração média de 30 (trinta) minutos, a partir de um roteiro semiestruturado, além dos Diários de Campo a fim de captar as sensações e percepções produzidas nessa trajetória. O PQTA foi contextualizado, nesse trabalho, como um dispositivo de cuidado baseado no modelo Housing First embasado no paradigma da Redução de Danos. O PQTA enquanto dispositivo de cuidado às pessoas em situação de rua que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas produz novas formas de ser e de viver nessas pessoas que experimentam a vivência na rua, ressignificando os vínculos comunitários, familiares e sociais, melhorando a qualidade de vida, o acesso aos serviços e escapando à lógica manicomial e repressiva. O PQTA enquanto um dispositivo de cuidado opera formas de fazer ver e fazer falar em relação ao fenômeno da população em situação de rua e usuários de álcool e outras drogas, permite a transformação do olhar aos contextos socioculturais desses atores, resgatando-lhes a cidadania, a autonomia e a possibilidade de ressignificar sua existência e sua relação consigo, com os outros e com o mundo. Essa transformação passa, também, pela aprendizagem no processo de cuidado como parte da construção de um contrato social que abarca, não somente o direito de ter uma casa para morar, alimentação regular e de qualidade, o acesso às políticas públicas, mas também os deveres enquanto cidadão. A construção desses deveres está presente nas falas dos participantes quando explicitam o cuidado com o outro, com o espaço que habitam e com o próprio serviço. Esse modo de construção do dever social não passa pela imposição de autoridade ou pela tutela do Estado, mas o acesso básico que implica a possibilidade de abrir para a experiência dessa construção, um contrato social traduzido em um modo de cuidado mais solidário, de pertencimento e de afeto. |