515: Quando o movimento faz parte do cuidado em saúde
Debatedor: Joao Agostinho Neto
Data: 30/10/2020    Local: Sala 14 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
5851 MULHERES GUERREIRAS: O FUXICO E O “FUXICAR”
Ivone Leal Benedito, Daniela Emmerich de Barros Araújo, Gabriela Muler, Delza Cecília Massa de Lima, Stefani Batista Alves, Maíra Marques Cotrim

MULHERES GUERREIRAS: O FUXICO E O “FUXICAR”

Autores: Ivone Leal Benedito, Daniela Emmerich de Barros Araújo, Gabriela Muler, Delza Cecília Massa de Lima, Stefani Batista Alves, Maíra Marques Cotrim

Apresentação: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é o modelo prioritário proposto pelo Ministério da Saúde para reorganizar e fortalecer a Atenção Primária em Saúde (APS). Caracteriza-se por ações de promoção de saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação, tanto no âmbito individual quanto coletivo. O Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) é uma equipe interprofissional que tem o intuído de apoiar as Equipes de Saúde da Família (ESF) por meio dos eixos clínico assistencial e técnico pedagógico. Dentre esses eixos faz-se necessário o olhar para o território com vistas a observar seus indicadores e demandas. O NASF Centro apoia 07 ESF, sendo 2 na área rural de Santos (dentre estas, a de Monte Cabrão, bairro que é uma APA – Área de Proteção Ambiental). A Unidade de Saúde da Família (USF) de Monte Cabrão é responsável pela vigilância em saúde de um território de aproximadamente 180 km², caracterizado pela baixa densidade demográfica, ou seja, os moradores do território se concentram em algumas vilas que ficam distantes umas das outras; uma população com alta vulnerabilidade social e econômica; tem poucos recursos culturais, sociais, de lazer, transporte, saneamento básico, empregabilidade, comunicação, entre outros, dependendo mais de iniciativas pessoais do que do poder público. O NASF no processo avaliativo de suas ações realizadas no ano de 2018 e planejamento para 2019, definiu o investimento em ações coletivas e de promoção da saúde. Avaliando Monte Cabrão, observou-se que existia uma demanda alta de atendimentos individuais à crianças e adolescentes. Nestes, constatou-se que o cuidador prioritário eram mulheres, e que estas necessitavam serem fortalecidas, assim refletindo positivamente na dinâmica familiar e na participação social. Em conversas com estas mulheres, percebeu-se que estas tinham necessidade de falar. Entretanto, a fim de criar um dispositivo comum para isso, foi perguntado nos atendimentos seus interesses, sendo que o artesanato apareceu como uma possibilidade recorrente para uma ação em promoção da saúde. Deste modo, com o objetivo de fortalecer as mulheres de Monte Cabrão para maior autonomia e protagonismo de suas vidas, em fevereiro de 2019, buscou-se construir uma proposta de grupalidade, de cunho terapêutico, considerando e articulando os serviços do território e as mulheres, compondo o planejamento o NASF, USF e o NIAS - Núcleo Integrado de Assistência Social, valorizando o trabalho intersetorial e a autonomia destas mulheres. O primeiro encontro foi realizado em 21 de março, com a participação de 7 usuárias do serviço. A partir daí, o grupo acontece quinzenalmente, tendo o artesanato (fuxico) como dispositivo disparador para o “fuxicar” da vida. O trabalho com este artesanato teve como objetivo compartilhar por meio da fala os pensamentos e experiências de cada participante. A partir disto, foi proposta a confecção de um estandarte, com a imagem do rosto de uma mulher e com fuxicos compondo o cabelo dela. O estandarte representou a identificação das mulheres com o grupo e a união entre elas, além de ter sido um disparador para a autorreflexão de seus papéis e de resgate de suas histórias de vida. Após alguns encontros, o nome do grupo foi definido por elas como “Mulheres Guerreiras”. Este grupo é aberto e de cunho terapêutico, e as propostas vêm sendo construídas conjuntamente com as mulheres conforme o desenrolar dos encontros. Já foram pensadas/realizadas conversas e atividades como: “reflexão do que é ser mulher na sociedade e ser mulher em Monte Cabrão”; “o que é ser Guerreira”; meditação; alongamento; automassagem; lazer do/no território; mapeamento e discussão do significado das atividades domésticas e de vida diária; brincadeiras de infância; participação social; levantamento/mapeamento dos locais de acesso aos alimentos, entre outros. Percebeu-se empiricamente após o primeiro encontro a repercussão na autoestima das mulheres envolvidas, por meio de mudanças na forma de se vestirem (o uso de mais cores), se expressarem e esboçarem mais sorrisos. Mulheres que ao início do grupo pouco se expressavam agora conseguem emitir opiniões, iniciar discussões e interagir de forma ativa. Além destes, o número de participantes aumentou significativamente, chegando a ter mais de 20 mulheres em alguns encontros. Houve integração entre os diferentes territórios do bairro, resultando na ampliação de redes de apoio, gerando iniciativas propostas por elas, tais como, o retorno aos estudos, um grupo de caminhada e ações em seus lares. Esses encontros propiciaram e promoveram o sentimento nestas mulheres de serem percebidas, ouvidas e cuidadas no território, porém sempre valorizando e estimulando sua autonomia. E, por ser uma área isolada, constatou-se que os profissionais podem ser agentes que contribuem nas discussões e execução das demandas do território. Ações exitosas como esta motivam e geram maior envolvimento das equipes. O grupo tonou-se um canal de promoção em saúde e prevenção de agravos, além de contribuir na ampliação do vínculo entre as mulheres e equipes, oportunizando a identificação de demandas individuais e coletivas não percebidas anteriormente. A promoção de discussões que problematizem situações que ocorrem no território e a naturalização do papel da mulher na família e na sociedade foi essencial para atingirmos nossos objetivos. Sempre ouviu-se falar que o bairro de Monte Cabrão era “esquecido” pelo poder público, uma vez que, mesmo pertencendo à cidade de Santos, está localizado mais próximo dos equipamentos das cidades de Bertioga, Guarujá e Cubatão. A população traz a angústia de que o território não tem “nada”, que seus pedidos nunca são atendidos, trazendo o sentimento de rejeição e não investimento. Com isso, percebe-se uma população descrente e (in)conformada com a situação posta, apresentando um descrédito frente ao poder público. O NASF e a ESF acreditaram que a criação do grupo de mulheres em Monte Cabrão seria um espaço para que, além do fortalecimento destas e de suas famílias, pudesse ser um instrumento de potencialização do território. A arte possibilita a expressão de sentimentos e ideias muitas vezes não expostas pela linguagem, com isso, o uso do artesanato como “pano de fundo” criou um ambiente que tem permitido a sensação de liberdade para participar com diferentes formas de expressão, seja a fala, escuta ou da própria construção de fuxicos mais alegres e adornados, mais singelos ou sóbrios. Percebe-se que esta é uma ferramenta valiosa nos encontros do grupo, pois enquanto se faz o trabalho manual de transformar retalhos de tecido em arte, elas conseguem se expressar, tornando possível abordar diversas questões de saúde de uma forma leve e cuidadosa. Nota-se que é um momento esperado e muito valorizado pelas mulheres de Monte Cabrão. Além disso, vale ressaltar que o grupo foi pensado por, para e com mulheres. O fortalecimento das mulheres para suas demandas internas e sociais é um movimento constante e progressivo. Neste espaço os profissionais tornam-se importantes para serem mediadores e garantirem o espaço do grupo, potencializando as discussões realizadas, porém, a todo momento trabalha-se a importância deste grupo se consolidar, independente da presença destes. Por o território ter disponível poucos recursos, tornou-se indispensável a articulação intersetorial, nesse processo de valorização da potência e autonomia das mulheres. Frente a isso, foram se desdobrando outras ações de intervenção, atendendo demandas e anseios que fomos descobrindo ao longo do trabalho. Pode-se afirmar que tem sido um processo de fortalecimento mútuo das mulheres do território e da equipe envolvida.

5987 SAÚDE DO TRABALHADOR NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE: O OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL NAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES ATRAVÉS DA AURICULOTERAPIA
Raquel Di Bernardi Miguel, Lívia De Paula Silva

SAÚDE DO TRABALHADOR NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE: O OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL NAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES ATRAVÉS DA AURICULOTERAPIA

Autores: Raquel Di Bernardi Miguel, Lívia De Paula Silva

Apresentação: A auriculoterapia constitui uma parte importante da Medicina Tradicional Chinesa, sendo atualmente um ramo na especialidade chinesa. Foi oficializada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma terapia de microssistema, sendo esta uma prática integrativa e complementar (PIC). (1) As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são caracterizadas como sistemas e recursos terapêuticos que enfatizam abordagens com mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde do indivíduo. (2) A auriculoterapia avalia o estado energético e orgânico da pessoa, na inter-relação harmônica entre as partes, visando tratar quaisquer desequilíbrios em sua integralidade. Este método conseguiu impor-se pelos bons resultados obtidos, pelo baixo custo e por ser pouco invasivo, auxiliando na boa aceitação dos pacientes. Assim, o objetivo deste trabalho é manter e/ou recuperar a saúde física, emocional, mental, melhorar o sistema imunológico, ampliar a energia e a concentração, liberar tensões e intensificar habilidades do corpo, promovendo calma e bem-estar aos profissionais da Atenção Básica em Saúde. (3) MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo e exploratório que obteve como estratégia o conhecimento da realidade, na qual se revela a apreensão e a compreensão da prática social empírica dos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde (UBS) (4) do município de Nova Lima. A coleta de dados se deu por meio de observação e entrevista com anamnese semiestruturada pelas terapeutas ocupacionais que acolheram os profissionais por livre demanda. Desde fevereiro de 2019 já foram realizados vários atendimentos, contemplando os funcionários das Unidades Básicas de Saúde dos bairros Cascalho, Honório Bicalho, Mingú, Nossa Senhora de Fátima, Nova Suiça, Rosário e Santa Rita, os quais possuem as terapeutas ocupacionais integrantes do Núcleo ampliado de Saúde da Família (NASF), que buscaram inserir a técnica auricular a fim de melhorar a qualidade de vida e saúde do trabalhador da Atenção Básica. A escolha da auriculoterapia como recurso terapêutico se deu pelas vantagens apresentadas por esta PIC que não compromete a produtividade do profissional visto que a sessão é rápida e não há a necessidade de deslocamento. A técnica consiste na aplicação de sementes em acupontos localizados no pavilhão auricular que sendo estimulados servem para tratamento de diversas doenças produzindo bem estar, alívio de dores localizadas, sensação de relaxamento e equilíbrio do corpo. Resultado: Em dez meses de projeto já foram contemplados 60 funcionários, dos quais a sua maioria (91%) não conheciam e nem havia experimentado a técnica da auriculoterapia em suas vidas. Através da ficha de anamnese, todos os profissionais relataram sentir melhoras tanto do ponto de vista emocional quanto físico e gostariam de receber mais sessões. Incluir as Práticas Integrativas e Complementares (PIC) no dia a dia dos profissionais de saúde, dentro do seu local de trabalho auxilia a obter resultados concretos na prevenção de doenças e com isto favorecer a melhoria do seu estilo de vida, podendo ser seus efeitos percebidos já ao fim da primeira sessão. As PICs são recursos úteis na promoção da saúde, sobretudo, porque estabelecem uma nova compreensão do processo saúde-doença, em que se destaca a perspectiva holística e o empoderamento individual, com impactos na vida cotidiana dos sujeitos. (5) Considerações finais: A auriculoterapia na saúde do trabalhador nos ofereceu a possibilidade de se pensar em ampliar as práticas integrativas tanto no cuidado do cuidador como junto aos nossos usuários das Unidades Básicas de Saúde, assim como despertou nos profissionais a importância da busca da integralidade da saúde do indivíduo. Trata-se de um importante campo de trabalho para os terapeutas ocupacionais, que, ao longo de sua história já trazem experiências significativas na Atenção Primária em Saúde. Devido à natureza dos serviços prestados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde, a sua qualidade e eficácia tem um impacto decisivo na saúde deste trabalhador, podendo causar transtornos físicos e psíquicos, e a humanização vêm resgatar a autoestima do trabalhador através dos seus princípios, que são partilhados também pelas Práticas Integrativas e Complementares: saúde integrada ao bem estar físico, mental, social e espiritual. Podemos então associar a auriculoterapia a uma melhora do quadro da qualidade de vida no trabalho destes profissionais por conta da sua ação com a redução da tensão, da ansiedade, do estresse, das cargas negativas e o proporcionar do bem estar, o relaxamento e o reequilíbrio energético do corpo como um todo. Deve-se então, incentivar a implementação dessas práticas voltadas à melhoria da qualidade de vida no trabalho dos profissionais da atenção básica. Os resultados indicam que as práticas podem ser recursos úteis na promoção da saúde, especialmente por estabelecerem uma nova compreensão do processo saúde doença, de caráter mais holístico e empoderado. Contudo, para potencializar este modelo de projeto no campo da promoção da saúde e do cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso superar os desafios da sua organização e expansão nos serviços, como aproximar os profissionais dos serviços de referência e de apoio especializados em PIC da Atenção Primária à Saúde, construindo um campo comum de cuidado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - PNPIC. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPICSUS /Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 92 p. - (Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnpic.pdf. 2 - BARROS, N. F.; SIEGEL, P. ; SIMONI, C. de. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: passos para o pluralismo na saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.12, dec. 2007. (resenha). Disponível em: http://tinyurl.com/3zkrqyb. 3 - LANCMAN, S.; BARROS, J. O. Estratégia de saúde da família (ESF), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e terapia ocupacional: problematizando as interfaces. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 22, n. 3, p. 263-269, set./dez. 2011. 4 - Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12a ed. São Paulo: Hucitec; 2010. 5 – ROCHA, A. N., NOVAIS, A. M., SOUZA, M. M. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: Inter-relações no Cotidiano da Enfermagem 2013 Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem- Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2005. Disponível em: http://tinyurl.com/63mn99n. 

6027 CUIDADOS COM O CORPO - RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA INTERVENÇÃO JUNTO AO GRUPO PET CONEXÕES POLÍTICAS DE JUVENTUDE
Graziele Martins Corrêa

CUIDADOS COM O CORPO - RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA INTERVENÇÃO JUNTO AO GRUPO PET CONEXÕES POLÍTICAS DE JUVENTUDE

Autores: Graziele Martins Corrêa

Apresentação: O presente trabalho é um relato de experiência de uma ação realizada junto ao grupo PET Conexões Políticas Públicas de Juventude, que ocorre na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O Grupo PET é constituído por uma equipe multidisciplinar de alunos dos cursos de Fisioterapia, História, Letras, Relações Internacionais, Ciências Econômicas, Psicologia e Serviço Social e visa promover atividades que integrem a comunidade acadêmica com a sociedade. O Grupo de Estudos sobre os Cuidados com o Corpo ocorreu na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID) em meados de outubro de 2019, com a finalidade de orientar os estudantes do Grupo PET quanto aos cuidados com a coluna vertebral, promover uma maior aproximação com a educação popular em saúde e trabalhar a autonomia no processo de autocuidado. O instrumento pedagógico utilizado foi semelhante ao desenvolvido na disciplina de Saúde e Cidadania IV (SACI) do curso de Fisioterapia, que visa fomentar a promoção e educação em saúde junto às intervenções com a comunidade de uma UBS da cidade. O formato do Grupo de Estudos sobre os Cuidados com o Corpo foi semelhante às aulas ministradas na referida disciplina, com um momento inicial de exposição dialogada e posteriormente um espaço para que os participantes expressassem suas dúvidas ou manejos com a dor. Durante o Grupo de Estudos foi realizada uma demonstração de um modelo da coluna explicando sua estrutura, composição, movimentos realizados, possíveis patologias e orientações a respeito de como realizar os movimentos da maneira ideal e como aprender a lidar e conviver com a dor crônica. Após essa abordagem realizada, notou-se a importância de reafirmar que a população deve ser orientada para entender as estruturas que compõem o corpo, as complexidades existentes e sobre como elas podem interferir em processos de autocuidado e entendimento de saúde-doença a fim de possibilitar a aproximação de profissionais de saúde com comunidade. A finalidade de promover a consciência e cuidados com o corpo foi alcançada e desta forma, ministrar um Grupo de Estudos na área da saúde, teve como finalidade o trabalho de consciência sobre os cuidados com o corpo em que se reafirmou a importância de abordar a autonomia no processo saúde doença. Por fim, esta atividade potencializou minhas competências e habilidades como fisioterapeuta e profissional educadora em saúde.

6845 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ENFOQUE EM PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Mariana Nossa Aragão, Amanda Karoline Alves dos Santos, Cristiane Magali Freitas dos Santos, Gustavo Melo Vieira

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ENFOQUE EM PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Mariana Nossa Aragão, Amanda Karoline Alves dos Santos, Cristiane Magali Freitas dos Santos, Gustavo Melo Vieira

Apresentação: A qualidade de vida no trabalho (QVT) está correlacionada com a satisfação do trabalhador dentro ou fora do seu processo produtivo. A Atenção Primária à Saúde (APS) é principal porta de entrada do SUS, traz novos e constantes desafios e o intenso envolvimento com suas tarefas pode contribuir para o comprometimento da QVT. Esse trabalho tem como objetivo geral analisar a QVT em seus domínios físico-saúde, psicológico, pessoal e profissional em profissionais da APS; e como objetivo específico identificar os principais fatores/questões que influenciam na qualidade de vida no trabalho a partir dos destes domínios. Método: estudo observacional, exploratório, transversal, com abordagem quantitativa, cuja amostra não probabilística contemplou profissionais que atuam em UBS/USF na Bahia; recrutados mediante o método snowball sampling, e responderam ao questionário eletrônico contendo dados sociodemográficos e relativos a QVT. Para fins de análise, foram geradas as médias globais e individuais dos escores de satisfação para cada domínio e os resultados foram apresentados sobre forma gráfica. Os domínios da QVT foram estimados em média (DP) com tabulação em planilha do Microsoft Excel® definida pela sintaxe do instrumento (QWLQ–Bref), e para a estatística descritiva do perfil da amostra utilizou-se o software Stata 12®. Resultado: houve entre os 60 trabalhadores da amostra, predominância do gênero feminino (86,7%), com idade média de 38,4 (DP: 9,4), casadas (45%) e com filhos (53,3%), cuja profissão majoritária foi de enfermeiras/os (65%); com especialização completa (45%) e vínculo de trabalho estatutário (71,7%). A QVT global obteve uma avaliação satisfatória (58,57), porém se verificou no domínio profissional um escore de neutralidade (48,66). Considerações finais: apesar dos índices de satisfação com a QVT-global e nos domínios físico-saúde, psicológico e pessoal, a neutralidade identificada no domínio profissional sinaliza para a importância de valorização dos elementos organizacionais do processo de trabalho. Observou-se fatores importantes que influenciaram na percepção insatisfatória quanto às oportunidades de capacitação, privação do sono e suas repercussões no ambiente laboral, nível de participação nas decisões, orgulho da organização onde trabalha e tratamento igualitário recebido com base nas relações entre seus pares.

7261 RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: TRABALHO, ARTE E CULTURA
Jordana Rodrigues Moreira, Audenir Tavares Xavier Moreira

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: TRABALHO, ARTE E CULTURA

Autores: Jordana Rodrigues Moreira, Audenir Tavares Xavier Moreira

Apresentação: A Residência Multiprofissional em Saúde é uma Pós-graduação Lato Sensu voltada para a educação e formação em serviço e direcionada para as categorias que integram a área da saúde, conforme Conselho Nacional de Saúde nº 287/1998. Este trabalho trata-se de um relato de experiência sobre o papel da Residência Multiprofissional em Saúde como um trabalho que envolve a arte, a cultura e o cuidado em saúde aliados à interdisciplinaridade. A Residência Multiprofissional em Saúde envolve diferentes saberes e atores sociais que se entrelaçam na prática profissional. Durante a Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência pela Escola de Saúde Pública do Ceará (2017-2019) vivenciamos diversas experiências no cenário de prática, que foi o Instituto Dr. José Frota (Fortaleza (CE)). Objetivo: relatar o teor das vivências como residente de Serviço Social na ênfase de urgência e emergência. No cenário tão dinâmico que é o hospital público de urgência e emergência pudemos compartilhar saberes e trocas de experiências por meio de atividades de educação em saúde. Método: Trabalhamos em campanhas temáticas de prevenção ao câncer de mama conhecido como Outubro Rosa, Setembro Verde, que objetiva a sensibilização dos familiares sobre a doação de órgão, dentre outros. Mas a experiência que trouxemos à tona neste trabalho trata-se do Setembro Verde que diz respeito ao mês de conscientização da doação de órgãos no Brasil. Nessa campanha enfeitamos a recepção principal do hospital com balões verdes, distribuímos panfletos do Ministério da Saúde sobre Doação de Órgãos e abordamos de forma dialógica, horizontal, empática  e afetiva cada acompanhante de paciente,  profissionais do serviço e visitantes que adentravam ao hospital durante a semana da campanha de doação de órgãos. Foram momentos de grandes e vastos aprendizados onde pudemos dialogar com o outro de forma direta e dissolver dúvidas a respeito da seriedade e legalidade de doação de órgãos no país. Dialogamos com diferentes sujeitos sobre o que é Doação de Órgãos e como fazer para ser um potencial doador. Resultado: Nessa campanha trabalhamos em parceria com a Comissão intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do IJF. Este, portanto, configura-se como o hospital que apresenta maior efetivação de doadores de órgãos no Brasil. Diante da problemática histórica e cultural  de medo de se falar em doação de órgãos, que perpassa a sociedade hodierna e vem desde os primórdios da humanidade, tivemos como Residentes a ousadia de transpor esse mito e tabu da negação da própria morte para trabalharmos num hospital público de urgência e emergência sobre a importância e trâmite legal que é a doação de órgãos. A doação tem um duplo sentido que é o da família que vai doar o órgão ou órgãos e da família que vai receber (doadores e receptores). Lembramos muito bem de um paciente adolescente que perdeu todo o globo ocular por causa de um tiro acidental dado por ele mesmo, e de sua genitora e acompanhante, que procurou saber sobre a possibilidade de seu filho receber uma córnea. Mesmo o paciente não tendo indicação médica para transplante, pois havia perdido todo o globo ocular, acolhemos o mesmo e a sua genitora, de forma humanizada.   O cenário do residente é tenso, mas deve ser criativo, propósito e de desafios para a solidificação de sua prática e exercício profissional. O Residente não é um estagiário, mas um profissional que aprimora os seus conhecimentos por meio da teoria em articulação com a prática, sendo estas indissociáveis.  O Residente é um profissional inscrito no seu Conselho de classe e que tem registro profissional. No cenário de atuação seja ela hospitalar ou comunitário o Residente deve trabalhar em equipe e pela coletividade que são todos os usuários dos serviços de saúde. O contrato do Residente é com o próprio SUS e seus usuários. Ser Residente em saúde é ser um defensor ou defensora de uma saúde pública e de qualidade capaz de contemplar o sujeito na sua integralidade, de forma justa, equitativa e por vezes, igualitária. Usando de equidade quando não houver igualdade.  para todos.  Considerações finais: O Sistema Único de Saúde (SUS) veio de encontro aos interesses privatistas e liberais. Veio trazer saúde de forma universal, integral, interdisciplinar, intersetorial e transdisciplinar e acima de tudo universal.  O SUS que tem a Atenção Básica como ordenadora dos serviços públicos de saúde tem também na atenção terciária nuances de cuidado, de promoção e de prevenção por meio da criatividade da cultura e da arte de se fazer saúde e de fortalecer a saúde como direito de todos e dever do Estado. O modo de trabalhar saúde e na saúde não pode ser engessado em protocolos formais  e rígidos, mecanizado como uma única forma de ser e de se fazer saúde; mas podemos articular os vários saberes e práticas e os atores sociais de saúde na busca da primazia do cuidado de si e do outro.  As tecnologias leves do cuidado e da atenção também devem permear o ambiente hospitalar. Conforme a Rede HumanizaSUS, “Cuidar do outro é cuidar de mim, cuidar de mim é cuidar do mundo.”  Precisamos de processos cuidadores mais horizontais onde o usuário/paciente não é um objeto de intervenção; mas um sujeito capaz de interagir e dialogar sobre saúde/doença/cuidado. Precisamos romper essa cultura que o paciente é passivo e indiferente; mas precisamos envolvê-lo no processo do cuidado e atenção em saúde. O paciente é ator ou atriz nesse processo humanizado de se fazer saúde.  

7341 CONSTRUINDO OUTROS CAMINHOS A PARTIR DA ECONOMIA SOLIDÁRIA
Camila Vieira; Anna Karolina Lacer; João Bizarro

CONSTRUINDO OUTROS CAMINHOS A PARTIR DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

Autores: Camila Vieira; Anna Karolina Lacer; João Bizarro

Apresentação: Como fruto da reunião  tal que ocorreu em janeiro de 2020, diversos profissionais de diferentes setores, alguns estudantes e usuários dos equipamentos de saúde e assistência, encontram-se para construir um coletivo empenhado em discutir práticas e intervenções comprometidas com uma leitura crítica das questões sociais na cidade de Maricá. Apostando em uma prática desinstitucionalizante, apoiada nas mais diversas experiências interventoras cujo intuito é REDEScobrir, analisar e interrogar "que práticas são essas?"; "para quem são essas práticas?" e "é acessível para todos de fato?". O grupo conta com a participação de seis pessoas, sendo três estudantes de psicologia e três usuários do Serviço de Atendimento Psicossocial Álcool e outras drogas (SAPAD), essa divisão foi pensada diante do fato desses três usuários transformarem filtros de motores de ônibus em bancos acolchoados e forrados. Toda essa produção nasce dentro de uma comunidade terapêutica e começa a ser escoada para além dos muros asilares e os valores levantados com as vendas serão repartidos proporcionalmente e os montantes excedentes reinvestidos em prol do projeto. Em contrapartida, os estudantes de psicologia fazem parte da construção de um projeto piloto em economia solidária dentro de uma instituição religiosa com intuito de trocar densas experiências acerca da geração de renda. As ações têm sido dirigidas ao mapeamento dos caminhos da população em situação de vulnerabilidade e a procura de alento, em especial os assistidos pela caridade das organizações religiosas e ou solidárias que são tidas por terceiro setor, ou sociedade civil organizada. Temos o intuito de conhecer este excedente humano que sequer acessa a assistência social formal e os fluxos de solidariedade e resistência, incidindo sobre estas redes. Diante de tal contexto, lançamo-nos em uma apropriação da temática que fundamenta a economia solidária, concebendo-a como estratégia, que já apresenta frutos na prática desinstitucionalizante em saúde mental, diferentemente da assistência social. A economia solidária é uma modalidade de geração de renda que transborda a relação capitalística que se tem com o trabalho, o desafio põe-nos frente aos atravessamentos e potencialidades que se apresentam ao experimentar a implementação desta prática revolucionária, expandindo, principalmente, o conceito acerca do trabalho, conectando-nos à um instrumento produtor com grande potencial, responsável  por viabilizar novos vínculos afetivos, promovendo autocuidado e o  outro, possibilitando uma reinserção na sociedade. Neste sentido, nos apoiamos no método cartográfico apostando na pesquisa-intervenção, na medida em que não há um modo disposto por normativas a serem seguidas em nossa prática, sendo então necessário intervir para conhecer, ao passo que afirmamos e agimos rompendo com qualquer pseudoneutralidade, portanto, ao subverter a lógica tradicional da pesquisa. É a partir do mapeamento dos fluxos, fluxos marginais, e das redes formais sobre as quais atuamos, na tentativa de acompanharmos alguns processos que se fazem presentes no território, para que assim possamos construir conjuntamente com essas pessoas estratégias de intervenção.  

7421 ENVELHECIMENTO, ATIVIDADE FÍSICA E LAZER: COM A PALAVRA OS IDOSOS PARTICIPANTES DE PROJETOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE JEQUERI/MG.
Rodolfo César dos Reis

ENVELHECIMENTO, ATIVIDADE FÍSICA E LAZER: COM A PALAVRA OS IDOSOS PARTICIPANTES DE PROJETOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE JEQUERI/MG.

Autores: Rodolfo César dos Reis

Apresentação: Ao se tratar da pessoa idosa são desassociados a elas momentos voltados ao seu bem estar preocupando-se apenas com a cura imediata da doença ou mesmo na estabilização de seu quadro clínico, isto tem gerado diminuição da oferta de atividades físicas fazendo com que o tempo livre seja convertido a ações ligadas ao sedentarismo. É preciso atender a esta demanda e o profissional de educação física poderá ser mediador deste processo. O uso da atividade física como fator motivador ou mesmo como agente de lazer é uma ótima ferramenta para se solucionar este impasse e se chegar ao resultado esperado. Sendo assim o objetivo deste trabalho foi observar as mudanças na vida de indivíduos idosos e em seu tempo de lazer, pela iniciação da prática de atividade física regular em um projeto social de ginástica. Para fins de estudo a metodologia utilizada foi a de entrevista, sendo utilizados vinte e cinco por cento (seis integrantes) do grupo escolhido, tendo como critério de seleção a frequência dos envolvidos nos últimos seis meses de projeto. Os questionamentos realizados buscaram identificar anseios, motivações, melhorias e mudanças no cotidiano, sendo elas obtidas através da prática de atividade física. Após análise dos dados constatam-se os benefícios provenientes desta prática e que quando analisados reforçam a necessidade de continuidade uma vez que interrompidos poderão vir a ser perdidos, a partir disto nota-se o medo por parte dos idosos de que a pouca oferta ainda seja retirada e os espaços a eles destinados se tornem inexistentes. Nota-se a importância dada ao profissional de educação física no decorrer do processo, seja por estar apto ou mesmo por transmitir confiança, mas apesar disso sua inserção neste meio ainda é falha visto que muitos para atender a tal demanda, têm de acumular funções e ainda lidar com disponibilidade de apenas espaços impróprios. Ao reverter este quadro deve ainda ser agente transformador capaz de criar, adaptar e inserir a todos, cada um em sua especificidade. Conclui-se então que a atividade física pode e deve ser usada como fonte de lazer para proporcionar mudanças positivas na vida do idoso, fazendo com que o processo de envelhecimento aconteça de forma natural e sem que seja confundido com uma etapa de inutilidade. Há a necessidade de um olhar crítico e que promova ações direcionadas a este tema criando mudanças efetivas e concretas na vida de cada um dos envolvidos.

7648 ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE E ATIVIDADE FÍSICA COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS
Hiago Daniel Herédia Luz, Isabela Maria Braga Sclauser Pessoa, Kerolynne Soares Campos, Keteliyn Rayssa Souza e Silva

ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE E ATIVIDADE FÍSICA COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS

Autores: Hiago Daniel Herédia Luz, Isabela Maria Braga Sclauser Pessoa, Kerolynne Soares Campos, Keteliyn Rayssa Souza e Silva

Apresentação: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são causa de 60% das mortes em todo mundo, sendo responsáveis por 69% dos gastos hospitalares no  Sistema Único de Saúde (SUS). Sabe-se que o tabagismo, sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e estresse são os principais fatores de risco relacionados às DCNT. Portanto, faz-se necessárias a elaboração e implementação de estratégias que visem o controle desses fatores de risco junto à população nos diversos âmbitos do SUS. Esse sistema de saúde é fruto de diversas mudanças que aconteceram na sociedade e se doutrina pelos princípios da universalidade, integralidade e equidade, sendo esse modelo de saúde  implementado pela Política Nacional de Saúde (PNS) que visa a promoção de saúde e prevenção de agravos, assim como a garantia do cuidado integral dos usuários do SUS. A educação em saúde têm se mostrado uma medida eficaz no controle dos fatores de risco relacionados às DCNT, essa estratégia auxilia na promoção do autocuidado dos indivíduos que possuem doenças crônicas, como as doenças coronarianas e a hipertensão arterial sistêmica (HAS). Nesse contexto, criou-se o projeto de extensão intitulado: ”Conhecimento e saúde”, a fim de educar/orientar e prescrever atividade física, para usuários do SUS que frequentam  uma clínica escola da PUC Minas Betim e a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Planalto no município de São Joaquim de Bicas, com o objetivo de disseminar conhecimento sobre os fatores de risco para DCNT e promover o autocuidado em saúde aos usuários participantes do projeto. O projeto reuniu professores e graduandos dos cursos de Fisioterapia, Medicina e Biomedicina da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Betim. Os usuários participantes do projeto em questão, foram selecionados através de uma busca ativa nos prontuários de usuários da Unidade de Saúde de São Joaquim de Bicas, e também através da busca ativa de idosos participantes do projeto de extensão “PUC Mais Idade UnAI Betim”, projeto vinculado à mesma universidade, esse projeto em questão instaura a proposta de um centro de convivência para idosos residentes no município de Betim e dos usuários cadastrados na clínica de fisioterapia da PUC Minas Betim. A partir dessa busca ativa foram selecionados os participantes, que deveriam ter pelo menos um fator de risco para DCNT(tabagismo, sedentarismo, obesidade, hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemia e estresse). A partir disso, os usuários elegíveis, foram convidados a participar do projeto e assinaram um Termo de Conhecimento Livre e Esclarecido (TCLE), concordando em participar do projeto. Foi realizada uma entrevista inicial com os participantes, a fim de conhecer o perfil sociodemográfico desses indivíduos. As atividades de educação em saúde na UBS ocorreram às quintas-feiras no período da tarde, enquanto na clínica escola aconteceram nas terças, quintas e sextas-feiras, nos períodos da manhã e da tarde. Foram realizadas palestras educativas no formato de rodas de conversa, que funcionavam como pré-requisito para participar do grupo de atividade física que daria prosseguimento ao processo. Eram executadas três palestra educativas abordando os seguintes temas: Primeiro encontro – Obesidade e Sedentarismo; Segundo encontro – Hipertensão Arterial e Diabetes; Terceiro encontro – Tabagismo e Alcoolismo. Esses encontros tiveram duração de em média duas horas, sendo ministrados pela equipe multiprofissional através de atividades lúdicas e o modelo dialógico proposto por Paulo Freire, criando assim, um ambiente propício e acolhedor para que os participantes do projeto pudessem sanar suas dúvidas. Depois de participar obrigatoriamente de três palestras educativas os participantes eram direcionados para o grupo de atividade física que ficava a cargo dos alunos do curso de fisioterapia. O protocolo de exercício foi elaborado pelos alunos do projeto e incluía exercícios como: fortalecimento muscular de grandes grupos musculares, aquecimento, exercícios de equilíbrio, exercícios aeróbicos, dentre outros. Antes de iniciar as atividades, o grupo de participantes foram submetidos a uma avaliação inicial,  composta pela coleta dos dados demográficos e antropométricos e pela aplicação dos seguintes instrumentos: Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), questionário sobre Fatores de Risco para Doença Coronária (ACSM, 1998), Miniexame do Estado Mental – MEEM e Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional 20 (IVCF-20) com o intuito de realizar o levantamento das vulnerabilidades dessa comunidade e foram também submetidos ao Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6). A Pressão Arterial (PA) dos participantes era aferida, assim como a Saturação Periférica de Oxigênio (SPO2) e a Frequência Cardíaca (FC), a cada dia antes do início das atividades, o procedimento era repetido após a execução do programa de exercícios que tinha em média uma hora de duração. Durante os exercícios eram utilizados dispositivos como bastões, colchonetes, halteres, dentre outros, fornecidos pela UBS ou pela clínica escola, essa última, por ser melhor equipada, eram disponibilizados também esteiras ergométricas e cicloergômetros para as atividades aeróbicas. Cento e trinta e dois usuários foram selecionados na UBS para participarem do projeto, desses apenas vinte e quatro aceitaram participar, cinco desses participaram de ao menos um encontro, oito aderiram aos três encontros e onze não compareceram. Dos oito usuários da UBS que participaram das três oficinas, apenas quatro aderiram ao programa de atividade física, sendo todas mulheres. Ao fim do semestre, por conta da adesão ao projeto e do deslocamento para a UBS, decidiu-se restringir as ações à clínica escola caso o projeto fosse renovado. Agora se tratando da clínica escola teve-se uma adesão maior, das setenta e cinco pessoas selecionadas através da busca ativa, trinta e uma pessoas aceitaram participar do projeto, dessas, dezesseis participaram das três palestras educativas. O grupo de atividade física na UBS aconteceu nas terças-feiras no período da tarde, uma vez por semana, enquanto na clínica escola formaram-se dois grupos, um deles aconteceu nas terças e quintas-feiras no período da tarde, com onze componentes, e o outro nas terças e sextas-feiras no período da manhã, com seis componentes. Conclui-se que as atividades propostas pelo projeto foram efetivas em ambos os espaços, apesar da baixa adesão na UBS, uma vez que, os usuários que participaram das atividades relataram melhora na qualidade de vida e na execução de suas tarefas diárias, sendo um ganho relacionado à prática de atividade física. Em relação às atividades de educação em saúde, observou-se que essas são importantes na mudança do estilo de vida e na melhora do autocuidado das populações por elas atingidas e quando essas ações acontecem em grupos há uma melhora no convívio social e facilita a troca de saberes entre os participantes.

8167 GRUPO MOVA-SE E MEXA-SE
Francileny Rodrigues

GRUPO MOVA-SE E MEXA-SE

Autores: Francileny Rodrigues

Apresentação: O grupo mova-se e mexa-se ocorre há dois anos com os usuários da Zona Rural que frequentam a Unidade Básica de Saúde Maria da Paz Rocha Litaiff em Itacoatiara (AM). Os pacientes que fazem parte desse grupo, são comunitários da zona rural que residem na estrada AM 010 e percorrem cerca de 40km para participar do grupo. A maioria dos usuários possui condução própria. O projeto procurou desenvolver através da atividade física juntamente com o acompanhamento multiprofissional a promoção da saúde e da qualidade de vida dos usuários que realizam acompanhamento na UBS Maria da Paz Rocha Litaiff. O grupo surgiu com intuito de beneficiar os pacientes que já realizavam acompanhamento psicológico. Diante dessa situação percebeu-se a necessidade do acompanhamento com o profissional de Educação Física para que ambos trabalhassem em conjunto e motivassem o tratamento das doenças tanto mentais quanto das físicas. A partir disso o grupo organizado por pessoas com obesidade, hipertensão, transtorno de ansiedade, depressão e bipolaridade começaram a interagir no grupo através das caminhadas. O grupo ocorre durante uma hora, três vezes na semana, na orla, academia ao ar livre e na Avenida Parque. Os participantes realizam alongamento inicial e trajeto para caminhada e alongamento final. Na academia ao ar livre realizam exercícios simples para condicionamento físico do paciente sempre acompanhado do profissional de Educação Física. O grupo atualmente é composto por 10 pessoas que já estão há dois anos no projeto e sentem-se felizes para continuidade do acompanhamento. O acompanhamento multiprofissional ganhou um novo espaço na vida saudável dos usuários que por sua vez, preveniram doenças, estão mais saudáveis e confiantes no acompanhamento na unidade e apresentaram os seguintes resultados, cerca de 90% emagreceram, 80% não utilizam mais medicamentos, 90% tiveram alívio de estresse, 90% combateram a depressão e 100% sentem-se energizados com a atividade física. Concluindo o grupo mova-se e mexa-se procurou inovar através do atendimento em conjunto nas práticas saudáveis da atividade física e contribuiu para a qualidade e vida dos pacientes, além de um conjunto dinâmico de práticas dos exercícios físicos e da terapia. Produz eficácia e resolutividade dos problemas, além da diminuição do uso de medicamentos para o tratamento de pacientes.

8217 A FISIOTERAPIA FITOTERÁPICA NO CONTEXTO AMAZÔNICO: PERSPECTIVAS, IMPACTOS E NOVAS ALTERNATIVAS DO SUS NO CENTRO DE SAÚDE “ IRMÃO FRANCISCO GALIANNE DE PARINTINS
decliane guimaraes

A FISIOTERAPIA FITOTERÁPICA NO CONTEXTO AMAZÔNICO: PERSPECTIVAS, IMPACTOS E NOVAS ALTERNATIVAS DO SUS NO CENTRO DE SAÚDE “ IRMÃO FRANCISCO GALIANNE DE PARINTINS

Autores: decliane guimaraes

Apresentação: O Projeto “ Fisioterapia fitoterápica  no contexto amazônico: perspectivas, impactos e novas alternativas do SUS  no Centro de Saúde “ Irmão Francisco Galianne de Parintins, tem como objetivo integrar o Programa Nacional de Plantas medicinais e Fitoterápicos por meio praticas integrativas e complementares na atenção básica. Trata-se de uma ação inovadora que pretende elaborar uma nova cultura de saúde que questiona a prática, pelos resultados, o ainda latente modelo hegemônico de ofertar cuidado, que excluía outras formas de produzir e legitimar saberes e práticas do uso da medicina alternativa na região Amazônica. Assim, sob um olhar atento e consensual de equipe multiprofissional para enfretamento de questões de alta e média complexidade, articulados prioritariamente com a práxis do profissional da fisioterapia  e respaldado pelas diretrizes da OMS, do Ministério da Saúde, da Portaria GM/MS n° 971, de 3 de maio de 2006 e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC), coloca-se pratica o projeto. A fisioterapia convencional aliada a fitoterapia, integral e gratuita, tem tornado acessível pelo SUS os serviços: Apiterapia, aromaterapia, arteterapia, ayurveda, biodança, bioenergética, cromoterapia, geoterapia e medicina tradicional Chinesa – acupuntura. O Projeto que já está em andamento também tem valorizado e integrado ao tratamento os saberes tracionais das (os) benzedeiras (os), dos puxadores de desmentiduras, uso das erva nativas, óleos e ervas medicinais, fomenta e incentiva, por meio da cultura  familiar, o manejo de ervas e óleos medicinais como forma de procedimentos sustentáveis etc. A iniciativa pautada na atenção básica, por meio práticas inovadoras, integrativas e complementares tem resultado em índices crescentes de satisfação pelos pacientes, que também articulam o tratamento as mais diversas áreas da medicina, além de desafiar os gestores públicos a observar as diretrizes gerais para a incorporação das práticas nos serviços na rede municipal de saúde.

8241 OFICINA TERAPÊUTICA COMO RECURSO ALTERNATIVO PARA A PRODUÇÃO DE ARTESANATO
Tania Mara Andrade Butel

OFICINA TERAPÊUTICA COMO RECURSO ALTERNATIVO PARA A PRODUÇÃO DE ARTESANATO

Autores: Tania Mara Andrade Butel

Apresentação: Este artigo é parte de um projeto que relata as experiências vivenciadas pelos usuários atendidos no Centro de Atendimento Psicossocial -  CAPS II, localizado na cidade de Parintins, Estado do Amazonas. O CAPS II, atende uma clientela de baixa renda, são cadastrados 2.460 pessoas, tem como objetivo oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando acompanhamento clinico e reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários, porém participam das oficinas terapêuticas diariamente 25 usuários. As oficinas tiveram como objetivo desenvolver através da produção artesanal, habilidades motoras, criatividade, expressão e comunicação dos usuários. Entende-se que as oficinas terapêuticas exercem um papel de fundamental importância na vida dessas pessoas, pois, além de trabalhar habilidades motoras e sociais, é uma terapia importante no tratamento psicossocial. Ganharam destaque dois trabalhos de alta relevância desenvolvidos na instituição: a oficina de guirlanda natalina e a oficina de boneca sinhazinha, ambos confeccionados com materiais reciclados encontrados na natureza, uma maneira prática e barata para a decoração, e uma forma de trabalhar a questão da sustentabilidade. A ação foi realizada com cerca de 18 usuários que participam diariamente das atividades oferecidas nas oficinas terapêuticas, a qual contribui no desenvolvimento das habilidades e criatividade, bem como na capacidade de produção, convivência e interação grupal. Na fase de seleção dos materiais, foi possível observar a satisfação de cada usuário em participar, onde cada um ficara responsável por trazer de casa algo que pudesse ser usado nas oficinas, os materiais eram os mais variados tais como: caroço de tucumã, galhos secos, folhas secas, juta, urucum, capim, cacho de açaí, papelão, entre outras matérias prima encontradas na natureza, a ideia era exatamente transformar todos esses objetos nas mais lindas peças de decoração. Ao final da oficina, os usuários se disseram preparados para dar continuidade a produção em casa, e assim buscar clientes para comercializar seus produtos. Percebeu-se que essa prática trouxe grandes benefícios aos usuários, e de fato houve melhora significativa no projeto terapêutico individual como: melhora na coordenação motora, relação interpessoal, as atividades manuais se tornaram mais prazerosas, sentiram se úteis e valorizados, tiveram melhora na autoestima, houve troca de experiência, conversas, troca de ideias e sugestões, e o mais importante, interação social, foi uma demonstração de que embora com  dificuldades e limitações, não desistem de buscar a superação. Dessa forma ao aderirem a essa prática, os envolvidos alcançaram melhoras significativas com relação aos seus problemas mentais e emocionais e outra contribuição significativa foi a reinserção destes na sociedade, e principalmente no seio familiar, uma vez que alguns dos usuários são abandonados pela família levando-os a viverem nas ruas, tornando-os vulneráveis socialmente.

8755 O HIIT (HIGH INTENSITY INTERVAL TRAINING) COMO METODOLOGIA DE AÇÃO, EM ATIVIDADE FÍSICA EM UMA ACADEMIA DA SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA: PERXPECTIVAS DE AÇÃO
Diego Marcos Aguilar, Samuel Gonçalves Pinto, Daniela Gomes Rosado, Luciano José da Silva

O HIIT (HIGH INTENSITY INTERVAL TRAINING) COMO METODOLOGIA DE AÇÃO, EM ATIVIDADE FÍSICA EM UMA ACADEMIA DA SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA: PERXPECTIVAS DE AÇÃO

Autores: Diego Marcos Aguilar, Samuel Gonçalves Pinto, Daniela Gomes Rosado, Luciano José da Silva

Apresentação: O HIIT pode ser definido como um método de condicionamento que usa períodos alternados de trabalho e repouso. É um exercício rápido e eficaz para aquelas pessoas que dispõem de menos tempo e buscam os benefícios do exercício. Entender que o Hiit e um poderoso aliado na perda de peso e da melhora das valências físicas, e que se adequado de maneira correta pode trazer muitos benéficos para a melhora da qualidade de vida o grande desafio de tal tema e saber se todo tipo de HIIT pode ser prescrito para qualquer tipo de pessoa. Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo geral compreender a modalidade HIIT na percepção do profissional de educação Física, inserido na Atenção Primária, num município da Zona da Mata de Minas Gerais. Para auxiliar nessa compreensão foi necessário: mapear o objetivo dos alunos sob a percepção do professor; Diferenciar a metodologia do HIIT de outras modalidades presentes nas academias; Apontar o grupo de pessoas que estão aptas a participar da modalidade estudada; e, Verificar os pontos positivos e negativos da implantação do HIIT na academia. Método: A pesquisa foi quantitativa, transversal e de campo. O estudo teve como amostra os profissionais responsáveis pela aula da modalidade na Academia da Saúde do município de Ponte Nova (MG). No referido projeto todas atividades relativas ao HIIT são devolvidas pelos professores pertencentes à amostra. Os professores responderam um questionário com 5 questões discursivas. Resultado: Podemos perceber no gráfico apresentado que a maioria dos professores acreditam que os objetivos do HIIT, se mostram como um treino de alta intensidade, enquanto 33,3% da amostra, 01 professor acredita que o objetivo principal do HIIT é o Emagrecimento. Os dados mostram que á maior parte dos professores acreditam que o HIIT pode ser aplicado a indivíduos sem determinadas patologias. Outros já dizem que o HIIT pode ser plticado por qualquer tipo de pessoas. Considerações finais: Conclui-se que o HIIT e uma modalidade muito procurada por aqueles que buscam o emagrecimento, segundo a pesquisa ele e um grande aliado para quem tem objetivos a curto prazo devido a sua alta intensidade, há impedimentos para praticar treinos HIIT, entretanto, vale o alerta de que o mais importante o acompanhamento profissional e a avaliação médica antes da prática de qualquer exercício. A metodologia de trabalho, por se tratar de um planejamento em grupo e com pouca necessidade de material, se apresenta como uma alternativa eficaz para estar presente em ações no âmbito dos projetos sociais do município.  

8758 ENVELHECIMENTO E ATIVIDADE FÍSICA: INTERFACES ENTRE SAÚDE, CORPOREIDADE E QUALIDADE DE VIDA
Diego Marcos Aguilar, Kaline Eusébio da Silva, Samuel Gonçalves Pinto

ENVELHECIMENTO E ATIVIDADE FÍSICA: INTERFACES ENTRE SAÚDE, CORPOREIDADE E QUALIDADE DE VIDA

Autores: Diego Marcos Aguilar, Kaline Eusébio da Silva, Samuel Gonçalves Pinto

Apresentação: Este projeto buscou conhecer diretamente como a prática de atividades física pode auxiliar no envelhecimento saudável dos participantes do grupo de terceira idade da cidade de Acaiaca- MG. A atividade física pode ser compreendida como todo e qualquer movimento corporal que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso. Uma prática regular de atividade física pode possibilitar uma maior longevidade e vantagens no cuidado de doenças degenerativas como doença coronária, a hipertensão, a diabetes, no tratamento de doenças de estado emocional nocivas como a depressão. Dessa forma a atividade física pode contribuir na diminuição da morbidade e consequentemente da mortalidade. Objetivo: Com isso o objetivo do presente artigo é conhecer diretamente como a prática de atividades física pode auxiliar no envelhecimento saudável dos participantes do grupo de terceira idade da cidade de Acaiaca-MG. Pesquisar como o envelhecimento saudável está ligado à prática de atividade física do grupo de terceira idade de Acaiaca-MG. Conhecer os benefícios adquiridos com a prática de atividade física no grupo de terceira idade, Analisar como os participantes do grupo observam esses benefícios no dia a dia, Conhecer o que motiva cada um, a praticar atividade física. Método: A pesquisa contou com a colaboração do grupo de terceira idade da cidade de Acaiaca- MG, sendo constituído somente por mulheres. O questionário foi aplicado individualmente, no período de encontro do grupo, no Centro de Recreação e Laser Acaiacão local onde são realizadas as atividades físicas, sendo executado pela pesquisadora. Para o tratamento de dados relacionou-se com autores que embasam a realidade encontrada através do questionário. Resultado: A amostra foi instituída por 11participantes mulheres para um total de 40 pessoas. Foi utilizado o critério de participação para idades de 50 a 80 anos. Os gráficos são relacionados ao tempo, dias por semanada que são praticadas atividades físicas, e os meses/ anos que já estão no grupo. A importância de saber essas informações está ligada a adaptação que o corpo sofre em prol das atividades propostas, o acompanhamento do progresso, os benefícios que conseguem observar em seu dia- a- dia. Assim fica claro que nem sempre a pessoa possuir algum problema de saúde significa não ser saudável. Considerações finais: Assim fica claro que as pessoas não precisam esperar chegar à terceira idade para procurar formas de viver bem, esse processo deve acontecer antes e de forma contínua. O envelhecer é uma particularidade de cada um, cada pessoa vai encarar de uma forma, os programas de atividade física assim, vão buscar formas de ajudar dentro desse processo criando situações em que a qualidade de vida, saúde e bem estar estejam presente dentro deste processo. Com os resultados pode-se observar que para muitos a atividade física significa a forma encontrada de manter uma saúde melhor, diminuir o uso de remédios, além de que os benefícios que esses grupos proporcionam aos idosos de maneira física, psicológica e social, mostra o tamanho da sua importância.

9402 O APOIO INSTITUCIONAL NA CONSTITUIÇÃO DE ESPAÇOS CRITICOS E CRIATIVOS EM DEFESA DO TRABALHO MULTIDISCIPLINAR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Helen ingrid Barreto amorim, Marcelo Rios Lopes, VIVIANE DOS SANTOS PATROCINIO

O APOIO INSTITUCIONAL NA CONSTITUIÇÃO DE ESPAÇOS CRITICOS E CRIATIVOS EM DEFESA DO TRABALHO MULTIDISCIPLINAR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores: Helen ingrid Barreto amorim, Marcelo Rios Lopes, VIVIANE DOS SANTOS PATROCINIO

Apresentação: Este trabalho objetiva apresentar o fazer do Apoio Institucional do Estado da Bahia na Atenção Básica por meio da composição de processos formativos, sendo um dos princípios do apoio, promover espaços horizontais de gestão e de qualificação de gestores e trabalhadores, a fim de empoderar estes sujeitos no fortalecimento da Estratégia Saúde da Família. Considerando a relevância do trabalho multiprofissional e interdisciplinar na gestão do cuidado, a necessidade de fortalecimento da Política do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) e diante da mudança na Política Nacional da Atenção Básica, em especial com a revogação do NASF. O apoio busca promover processos de formação com trabalhadores e gestores, partindo da abordagem crítica e criativa, com o propósito de mobilizá-los para o enfrentamento dos desafios no trabalho multidisciplinar na Atenção Básica. Desenvolvimento: Este trabalho foi desenvolvido durante a operacionalização do encontro regional do NASF, que ocorreu em dois momentos, nas 3 regiões de saúde da macrorregião oeste da Bahia. O primeiro momento foi realizado com gestores da Atenção Básica e o segundo momento com trabalhadores do NASF. A metodologia adotada foi baseada na problematização, com utilização de rodas de conversas e grupos operativos, como forma de induzir os atores a reflexão critica, protagonização e realização de trocas de experiências sobre a temática do NASF como estratégia multidisciplinar na saúde da família. Resultado: Foi possível favorecer, por meio do encontro entre os gestores e trabalhadores de diversas profissões e municípios, a vinculação, a troca de saberes e de práticas distintas que estes realizam e desencadear um processo inicial de organização coletiva para defesa e afirmação do trabalho interdisciplinar e multiprofissional. Para além disto, proporcionou-se a ampliação de conhecimentos acerca do trabalho multidisciplinar na saúde da família relacionados com a práxis do trabalho desses sujeitos, destacando a relação dos seus núcleos de conhecimento, como o da psicologia, educação física, serviço social, fisioterapia, e entre outros e os campos de saberes da saúde coletiva. Considerações finais: A constituição de espaços formativos nos dias atuais têm sido uma das alternativas mais assertivas para reorganizar o processo de trabalho na estratégia de saúde da família, pois é a partir desses espaços possibilita-se o empoderamento dos sujeitos no entendimento crítico da sua realidade, provocando mudanças nas suas práticas e assim, como o fomento da organização coletiva para o enfrentamento dos desafios que perpassam no dia a dia da equipe e no trabalho multidisciplinar. Esta experiência foi mobilizadora, no entanto, precisa-se traçar um plano de ação sistemática para que as mesmas não fiquem no campo das atividades pontuais. Diante disso, busca-se estabelecer articulações com diversos setores da rede de atenção à saúde, assim como também nos campos políticos institucional para garantir o fortalecimento de ações factíveis, resolutivas e contra hegemônicas.

12232 ARTE EM TODA PARTE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS OFICINAS DE ARTE GESTACIONAL
Renata Bezerra Albuquerque, Juliana Cristina Cruz Calazans, Juliana Cristina Cruz Calazans, Danilo Martins Roque Pereira, Danilo Martins Roque Pereira, Almery Sisnando Justo Neta de Albuquerque Melo, Almery Sisnando Justo Neta de Albuquerque Melo, Brena da Cruz Prado, Brena da Cruz Prado

ARTE EM TODA PARTE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS OFICINAS DE ARTE GESTACIONAL

Autores: Renata Bezerra Albuquerque, Juliana Cristina Cruz Calazans, Juliana Cristina Cruz Calazans, Danilo Martins Roque Pereira, Danilo Martins Roque Pereira, Almery Sisnando Justo Neta de Albuquerque Melo, Almery Sisnando Justo Neta de Albuquerque Melo, Brena da Cruz Prado, Brena da Cruz Prado

Apresentação: A arte gestacional é uma atividade que envolve a pintura no ventre da gestante com característica artística e terapêutica na qual são representadas características do bebê imaginário e outros elementos ligados à gestação como o cordão umbilical, a placenta, o útero e a bolsa das águas. As terapias complementares e alternativas (TCA) são abordagens que visam a assistência à saúde do indivíduo, ou seja, na prevenção tratamento ou cura, considerando como mente corpo e espírito, não o enfocando como um conjunto de partes isoladas, sendo estas práticas incentivadas pela Organização Mundial de Saúde  (OMS)  em suas recomendações para o atendimento ao parto, classificando-as como condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas.  O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento, no âmbito do Sistema Único de Saúde tem por objetivo o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém nascidos, promovendo a ampliação do acesso a estas ações, o incremento da qualidade estabelece dentro seus princípios e diretrizes que toda gestante tem direito à assistência ao parto seja realizada de forma humanizada e segura. Assim a arte gestacional contempla essa exigência, já que trata-se de uma prática de cuidado que visa a integração da gestante com o feto através da materialização  lúdica da subjetividade materna e de sua rede de apoio quanto as expectativas, cores, sentimentos e idealizações do processo de gestar ela auxilia no alívio de possíveis tensões, proporciona bem-estar sendo um instrumento diferencial na educação em saúde. O bebê idealizado pela mãe aumenta a expectativa dela no terceiro trimestre gestacional, período em que os movimentos dentro do útero se tornam mais evidentes. A arte quando executada no ambiente de saúde de forma correta traz melhorias na qualidade de vida de quem a executa e participa na construção do processo, tendo repercussão positiva na saúde mental, emocional e física, além de aliviar a ansiedade e possíveis tensões. Essa ferramenta pode vir  a potencializar a vinculação das gestantes com os profissionais de saúde que atuam no SUS, sua família e de forma simultânea, levar a promoção da saúde através de educação popular. Este instrumento lúdico, também pode ser utilizado como estratégia de manter a vinculação das gestantes às unidades de referência. Objetivo: Relatar a experiência da oficina de arte gestacional como ferramenta de inserção da gestante no processo do cuidar. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa na modalidade de relato de experiência, a partir da realização da arte gestacional em 8 (oito) grupos de gestantes residentes em diferentes Regionais de saúde do município de Jaboatão dos Guararapes. No primeiro momento houve uma capacitação conduzida por uma doula convidada, para  alguns profissionais do município, com objetivo de orientar a abordagem e a metodologia a serem utilizadas durante a condução da oficina. No momento da prática as pinturas foram realizadas por equipes multiprofissionais atuantes nas áreas da Coordenação da Rede Cegonha e da Saúde da Criança e do Adolescente do Município, além de Residentes Multiprofissionais de Saúde Coletiva e de Atenção Básica/Saúde da Família, profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Apoio Institucional da Atenção Primária em Saúde e Profissionais da Estratégia de Saúde da Família. A proposta inicial da oficina foi utilizar a arte como ferramenta de  instigar, resgatando a criatividade e materializando o lúdico da gestante bem como fortalecer a rede de apoio da mesma no processo gravídico de cuidar e compartilhar experiências. Além disso, com esta ferramenta é possível uma maior adesão da gestante ao pré-natal. Os recursos didáticos adotados foram escolhidos conforme adequação às necessidades emergentes pelo grupo (tinta para pele, lápis de olho, pincéis, glitter, lenço umedecido, acessórios de decoração) utilizando como ferramenta à roda dialogada simultânea a construção do desenho.  Durante a realização da pintura as gestantes foram posicionadas em local confortável, foi realizada palpação e localização preservando a individualidade e realizados os seguintes questionamentos: “Em que local da sua barriga você sente uma maior movimentação do feto?”, “Como você imagina o seu bebê dentro da barriga?”, “Quais as cores que você gostaria que a barriga fosse pintada? Por quê?”,  “Você já sabe o sexo da sua criança?”, “Com quantas semanas de gestação você está?” “Qual a posição que você imagina que o bebê está? ”. No momento da construção do desenho as gestantes e seus acompanhantes contribuíram no processo da criação, pintura e decoração juntamente com os profissionais da saúde e estudantes, valorizando a mulher gesta em todos os contextos que ela representa, seja ele biológico, psicológico, social, cultural e histórico. Resultado: Os principais tópicos que foram alvos de interesse na sua rede de apoio foram o pré-natal do parceiro, a importância da vinculação da gestante com o bebê, crescimento e desenvolvimento fetal e o momento do parto. A estratégia permitiu a maior participação e interação do acompanhante com a gestante, o que favoreceu o contato direto das gestantes com sua rede de apoio, também foi possível esclarecer dúvidas e compartilhar experiências (positivas e negativas) no momento do parto, e construir uma concepção mais otimista no ato de parir. A pintura serviu como dispositivo de suporte social, pois, com a existência desta houve uma maior interação entre gestantes e familiares e com os profissionais da ESF, isso favorece a adesão da mesma ao  pré-natal  facilitando a aquisição de informações pertinentes e necessárias durante o período pré-natal além da detecção de possíveis problemas obstétricos. Por fim, foi possível resgatar a subjetividade individual das gestantes, proporcionando as mesmas maior interação com o bebê, prazer, bem estar e o empoderamento das gestantes que participaram destas oficinas. Considerações finais: A opção da arte gestacional como abordagem metodológica das oficinas conferiu dinamismo e oportunidade de resgate de participação das gestantes e sua rede de apoio no processo educativo. A arte gestacional é uma ferramenta que pode ser mais utilizada e disponibilizada nas Estratégias de Saúde da Família, visto a sua importância quanto ao resgate do lúdico, além de beneficiar no exercício da maternidade e a preparação para o encontro com o bebê. Desta forma, a arte gestacional associada a uma abordagem humanista e holística revela-se como uma boa opção de cuidado a ser implementada no SUS, uma vez que o mesmo deve garantir atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério. Favorecendo uma maior  expressão, interação, construção de sentimentos positivos e garantia da maior vinculação entre mãe e feto no pré-natal.

6099 SOBRECARGA ESTÉTICA E RISCOS À SAÚDE
Dandara Baçã de Jesus Lima

SOBRECARGA ESTÉTICA E RISCOS À SAÚDE

Autores: Dandara Baçã de Jesus Lima

Apresentação: A estética é socialmente relevante e atinge de formas diferentes homens e mulheres. Quando relacionada à camada interseccional da raça exerce uma pressão importante sobre mulheres negras. A pressão estética coloca mulheres em risco de doenças e agravos transmissíveis e crônicas. Desenvolvimento Assim como o trabalho doméstico, a estética se coloca como uma pressão sobre as mulheres e lhes custa parte dos seus rendimentos financeiros e muitos riscos à saúde. Para poder ter colocação no mercado afetivo e de trabalho a mulher precisa ser socialmente desejável e a estética dentro do padrão as torna aceitáveis. Com a precarização do trabalho e a crise financeira, mulheres são o grupo que estão mais sensíveis a perda do trabalho e a inserção na informalidade. Com poucos recursos financeiros e pressionadas a desempenhar a estética dominante as mulheres serão compelidas a adquirir produtos sem qualidade certificada por órgãos oficiais, que comprometem sua saúde a curto e longo prazo. As mulheres mais vulneráveis na posição social estão mais fragilizadas e em risco à saúde, que são as mulheres negras e travestigêneres. Quando a mulher é negra e travestigênere ela estará duplamente em risco à saúde porque estará por uma pressão da sociedade heteronormativa a desempenhar a cisgeneridade. Por falta de acesso aos meios sociais de capital, por estarem excluídas de todas as formas possíveis de ascensão social, estas mulheres recorreram a procedimentos estéticos de risco como a aplicação de silicone industrial que dão formas socialmente desejáveis aos corpos. Mulheres negras por pressão estética se expõem mais aos riscos do alisamento com formol. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária realiza atividades para informar e conter o uso deste produto, mas isso tem se demonstrado insuficiente para cessar o uso. No “Relatório coleta de informações junto às Vigilâncias Sanitárias locais sobre o uso irregular de formol em salões de beleza”1 a ANVISA ao questionar as vigilâncias sanitárias municipais sobre a suspeita de uso irregular de formol em procedimentos capilares, 35% dos respondentes já identificaram ou identificam na sua atuação essa prática. Quando questionados sobre o tipo de irregularidade identificada, 61,6% dos respondentes suspeitavam que o formol tinha sido adicionado pelo fabricante, 22,4% pelo profissional de beleza e 15,9% as duas situações. Cabe ressaltar que alguns procedimentos de natureza estética foram popularizados sem conhecimento dos efeitos a longo prazo. Como exemplo citamos a bichectomia, procedimento cirúrgico meramente estético que não se tem o conhecimento do que irá acarretar a longo prazo. A gordofobia é a pressão para que o corpo aparente ser magro, ela se expressa também nos cuidados de saúde quando profissionais deixam de examinar o paciente e ignoram suas queixas para analisar somente o IMC para determinar o processo de saúde-doença. O CID E66 é  incapaz de agrupar todas as condições de saúde e não é determinante para todos os agravos catalogados. A obesidade é rotulada como uma patologia social e médica e isso exerce pressão sobre as pessoas, principalmente mulheres, para que elas se enquadrem no padrão. Nesse encaixe no padrão elas irão recorrer a soluções milagrosas de emagrecimento, dietas, programas de exercícios. Todas as possíveis abordagens da obesidade foram captadas pelo mercado e há um fraco controle do Estado para esse tipo de oferta. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem fraco controle sobre shakes, fitoterápicos, emagrecedores que são comercializados de forma pública. Esses produtos emagrecedores prometem emagrecimento rápido, mas eles têm efeitos colaterais sobre as pessoas gordas que os profissionais de saúde ignoram e de certa forma induzem o consumo ao informar que os pacientes gordos estão doentes somente por conta da obesidade. Cresce também junto ao mercado a pressão dos consumidores para que os cosméticos não sejam testados em animais, sejam de origem natural, não tenham aditivos químicos e não possuam nada de origem animal 2. Empresas desse tipo podem ser formais ou informais, que podem não seguir os princípios que apregoam e não utilizar os componentes para criação de cosméticos com biossegurança que pode colocar as usuárias em risco de saúde. Resultado: A interseccionalidade pode ser explicada como um bolo de casamento que quanto mais camadas recebe mais pesado fica. Mulheres recebem uma camada por causa do patriarcado, machismo e misoginia que as colocam na escala social abaixo dos homens. Na questão estética homens também sofrem pressão, mas a camada de bolo desta pressão sobre as masculinidades é mais fina, e nas mulheres mais grossa e com maior peso e consequências. Mulheres negras recebem outra camada, a da raça, que as faz ser na escala social, inferiores às mulheres brancas e homens, sendo que os homens negros estão abaixo das mulheres brancas e acima das mulheres negras. Mulheres travestigêneres estão na escala mais baixa da hierarquia social recebendo a camada do patriarcado, do machismo, da misoginia, e da homotransfobia; e quando são negras recebem também a camada da raça. E quando essas mulheres são gordas elas recebem a camada da gordofobia. Assim como em uma loja de bolos, cada pessoa pertencente a um gênero, grupo racial e de orientação sexual recebe um bolo diferente, com mais camadas que representam as opressões que são exercidas sobre os corpos e os riscos em saúde a que esses corpos estão sujeitos. Considerações finais: Os profissionais da saúde  devem observar as camadas da interseccionalidade em que seus pacientes estão inseridos e que exercem peso sobre sua trajetória de saúde. Os profissionais na saúde que trabalham na construção das políticas de saúde tem que estar atentos às construções sociais de vulnerabilidades que exercem efeitos sobre as trajetórias pessoais dos indivíduos e que desencadeiam problema de saúde que ainda não estão devidamente captados pelas políticas de saúde.

6100 TABAGISMO OUTFIT
Dandara Baçã de Jesus Lima, Kaura Rodrigues Dias Ferreira

TABAGISMO OUTFIT

Autores: Dandara Baçã de Jesus Lima, Kaura Rodrigues Dias Ferreira

Apresentação: Aborda as novas abordagens da indústria do tabaco para atrair novos consumidores, pois diversos dispositivos legislativos restringiram o acesso a produtos derivados do tabaco. Até a década de 1990 era massivo o financiamento da indústria tabagista ao automobilismo. Hernandes (2017) relembra que a Marlboro financiou a McLaren e da Ferrari entre 1974 e 2001, a Lucky Strike a British American Racing, entre 2000 e 2006, a Lotus foi patrocinada pela John Player Special entre 1968 e 1986 e pela Camel. Em 2019 a indústria está se utilizando de formas mais sutis como o uso do slogan  "Mission Winnow" da Philip Morris International. As formas sutis de propaganda tem sido utilizada também pela British American Tobacco, que criou a linha de produtos Dunhill. Esta linha de produtos contempla perfumes, óculos, relógios, roupas e acessórios que elitizam o fumo e o desejo de produtos relacionados a ele. A Marlboro também utiliza o marketing velado ao estampar a caixa flip box nas cores vermelha e branca em diversos produtos, principalmente de vestuário. Nas redes sociais também é possível observar diversas publicações com esse tipo de abordagem por influenciadores digitais. Esse tipo de abordagem busca atrair crianças e adolescentes e buscam criar imagens positivas para tornar esse público consumidor de produtos derivados do tabaco. A indústria também se utiliza de formas tradicionais de propaganda, como as tabacarias instaladas em grandes eventos voltados ao público jovem como o Rock in Rio. Essas novas abordagens da indústria do tabaco são preocupantes devido ao sucesso da implementação delas entre o público jovem para introduzir os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF). Lançados em 2004 como produtos mais seguros e alternativos aos produtos não eletrônicos para consumir nicotina, alcançaram o público jovem com estratégias massivas de marketing. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 46/2009 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), proíbe desde 2009 a comercialização, a importação e a propaganda desses dispositivos no Brasil. No entanto, observa-se que o uso de tais dispositivos a partir do comércio eletrônico e ilegal. Referências: Marcas de cigarro voltam discretamente à Fórmula 1. Estado de Minas [online], Belo Horizonte, 2019. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/02/15/interna_internacional,1030943/marcas-de-cigarro-voltam-discretamente-a-formula-1.shtml. Acesso em: 29 nov. 2019. 2. HERNANDES, Dalmo. As marcas de cigarro mais emblemáticas do automobilismo: parte 1. S.l: FlatOut. 2017. Disponível em: https://www.flatout.com.br/as-marcas-de-cigarro-mais-emblematicas-do-automobilismo-parte-1/. Acesso em: 29 nov. 2019. 3. FEIJÓ, Rodrigo. Pontos de venda de produtos derivados de tabaco: estratégias de marketing e o mercado ilegal. 2015. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//pesquisa-pontos-de-venda-de-produtos-derivados-de-tabaco-2015.pdf. Acesso em: 29 nov. 2019. 4. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada nº 46, de 28 de agosto de 2009. Proíbe a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, conhecidos como cigarro eletrônico. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_46_2009_COMP.pdf/2148a322-03ad-42c3-b5ba-718243bd1919.

6130 A MEDICALIZAÇÃO DA SAÚDE NOS POVOS WAIWAI
Rui Harayama

A MEDICALIZAÇÃO DA SAÚDE NOS POVOS WAIWAI

Autores: Rui Harayama

Apresentação: No Brasil, a assistência à saúde das populações indígenas é realizada centrada em práticas e processos que levam em consideração as especificidades socioculturais dessas populações. Esse arranjo brasileiro reflete a articulação dos pressupostos da Constituição Federal de 1988, sobretudo no Capítulo VIII (Dos Índios) e no Capítulo II Seção II (Da Saúde). No quadro atual, a institucionalização da saúde indígena está sob responsabilidade da SESAI, Secretaria Especial de Saúde Indígena, criada em 2010. A organização dos serviços de saúde indígena, por sua vez, é realizada pelos DSEIs (Distrito Sanitário Especial Indígena) que ordenam os atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSi), Polos Base e Casai (Casa de Saúde Indígena). Faz-se necessário observar como ocorre a implementação da atenção à saúde indígena que está associada ao discurso do ‘diferenciado’ e da ‘interculturalidade’. Nessa pesquisa, baseada em etnografia realizada desde 2018 com indígenas da etnia Waiwai apresentamos elementos que apontam para o processo de medicalização em curso. Desenvolvimento: A discussão sobre assistência à saúde entre povos indígenas é tema controverso e polêmico. De fato, no início da antropologia, pesquisadores como William Halse Rivers , no exterior, e Nina Rodrigues, no Brasil, traziam consigo questionamentos que equiparavam traços comportamentais e culturais e biológicos, por vezes associando práticas percebidas como não ocidentais como exóticas, comparando a questão da subjetividade das populações indígenas e temas da psiquiatria ocidental. Nesse sentido, as peculiaridades de comportamentos e ações foi, ao longo do tempo, consolidando-se em um ‘cultura’ que deveria ser respeitada e preservada. Atitudes vistas como desviantes nas sociedades ocidentais, como transes e práticas de iniciação ritual, modelos de tratamento e cuidado entre pares e intergeracional, processos xamânicos, entre outros elementos foram sendo considerados traços específicos de cada povo e que deveriam ser respeitados e mantidos, pelo menos dentro da discussão teórica da antropologia, sem a intervenção do modelo biomédico ocidental. Entretanto, no caso brasileiro, a implementação do modelo de atenção diferenciada à saúde associado ao Sistema Único de Saúde tem trazido elementos que possibilitam questionar a forma como se compreende as discussões do bem viver e da saúde integral, sobretudo a partir da exotização dos processos de cura espiritual presentes no imaginário dos atores de saúde e das práticas integrativas em saúde. Deve ser observada a perpetuação da medicalização do cuidado na história de implementação do modelo de atendimento diferenciado, que é mediada pelos equipamentos e atores da medicina ocidental e que muitas das vezes são recebidos junto a outros equipamentos ocidentais, como a escola e a religião. A pesquisa baseia-se na investigação da literatura e na pesquisa etnográfica em progresso desde 2018 com os povos da Calha Norte do Pará, em especial os Waiwai, e corroborada pelas discussões travadas com discentes indígenas waiwai estudantes do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Oeste do Pará. Resultado: É recorrente na literatura a observação de que os waiwai foram evangelizados na década de 1950 por missionários americanos e que esse processo de evangelização  modificou hábitos e costumes, como, por exemplo, a territorialização atual em grandes aldeias. Também trouxe consigo o discurso de que entre os waiwai o papel do xamã e da parteira foram perdidos. Essa mudança é datada historicamente, na fala dos próprios waiwais e na literatura, e é a partir da conversão do grande líder espiritual Ewka que a prática xamânica perdeu força e foi sendo associada à prática demoníaca, e proibida entre os convertidos. Entretanto, pode-se obervar que apesar de interdito, na etnografia e em conversas cotidianas, é recorrente a explicação do feitiço como etiologia das doenças. No contexto waiwai, apesar de não expresso pelos próprios atores, ainda circulam fofocas de casos de meninas que adoecem por conta dos feitiços lançados sobre elas e suas famílias. Também são recorrentes as acusações de que homens, velhos e jovens, são feiticeiros e aprendem técnicas de feitiço e de transformação em outros seres, como morcego e onça. Apesar do xamã ter sido substituído pelo pastor, como liderança espiritual, os feiticeiros ainda existem de forma secreta, sendo normalmente enunciado em fofocas e conversas não oficiais. Apesar de uma análise inicial poder tentar associar o xamã como ator do bem e o feiticeiro como do mal, observa-se que no cotidiano a prática do feitiço é compartilhada por diversas pessoas, convertidas e não convertidas, e que além de ferramenta de acusação, torna-se uma competência que precisa ser manejada, uma vez que há feitiços para seduzir mulheres que se não retirados após a efetivação da conquista podem gerar quadros de alucinações. Durante a etnografia pode ser observado que várias das doenças tratadas com medicamentos controlados eram explicados como sendo provocados por feitiços realizados por jovens e que não eram retirados. No que tange ao parto, antigas parteiras informaram que as mulheres desistiam de realizar parto na aldeia por orientação das equipes de saúde, como determinantes para essa escolha citou-se a distância das aldeias dos hospitais e a probabilidade de complicações e morte das crianças. Nesse caso, o período pré-natal também é marcado por um grande presença da medicina ocidental, sendo as parteiras não prestigiadas pelas próprias indígenas para o acompanhamento, sob argumento de que poderiam passar feitiços na consulta indígena que consistia na “pega” da barriga e problemas na gravidez. Considerações finais: Esse quadro, de uma ação de feitiço que gera doenças mentais e má formação de bebês em uma comunidade oficialmente convertida ao cristianismo coloca em tensionamento ruídos que persistem no processo terapêutico, sobretudo na prática medicamentosa alopática e procedimentos hospitalocêntrico normalmente preconizada pelas lideranças políticas - evangélicas. As falas das lideranças que solicitam medicamentos fortes para o trato de dores de cabeça retoma a discussão da bibliografia que indica que a conversão foi um processo de apaziguamento das guerras e mortes causadas pelo feitiço. A promessa da conversão parece estar associada a um mundo sem dores. O que os dados etnográficos demonstram é que o processo terapêutico ocidental não é exitoso em todos os casos, entretanto assumir que a operação de feitiços causa doenças mentais e má formação fetal é assumir que o processo de conversão é falho ou incompleto, podendo gerar um processo de queda de prestígio étnico em relação às outras etnias da calha norte do Pará que foram ‘waiwainizadas’ ou trazidas ao mundo ocidental por intermédio dos wai wais.

6548 COLCHA DE RETALHOS: VIVENCIANDO A PARTICIPAÇÃO POPULAR NOS CUIDADOS EM SAÚDE
Daiane Bottamedi

COLCHA DE RETALHOS: VIVENCIANDO A PARTICIPAÇÃO POPULAR NOS CUIDADOS EM SAÚDE

Autores: Daiane Bottamedi

Apresentação: A confecção da colcha de retalhos surgiu como ideia para aproximação servidor-usuários, entendimento dos interesses e particularidades de cada integrante e participação dos usuários em uma construção coletiva das atividades desenvolvidas no grupo. Desenvolvimento: O presente trabalho refere-se a vivência da Profissional de Educação Física no Município de Botuverá (SC), no ano de 2019, ao final dos encontros do grupo de Atividade Física/Práticas Corporais da Unidade Básica de Saúde Vereador Onório Comandolli. A colcha foi tecida ao decorrer dos encontros, a cada mês uma temática era levada e discutida com o grupo. Diálogos, relatos pessoais de vivências e experiências foram moldando os encontros, tecendo a colcha. Na abertura de cada roda, eram entregues os retalhos e solicitado que escrevessem suas impressões, após este momento, iniciavam-se as discussões, em que todos interagiam em momentos de fala e escuta, enriquecendo o momento. Durante os encontros a colcha foi se tecendo. Resultado: Cada retalho escrito permitiu a aproximação com as vivências de cada integrante. Este trabalho permitiu olhar para trás, entender os processos que trouxeram cada um a situação em que se encontravam e refletir como agir a partir de então. Foram a partir de discussões e escuta que o cronograma de atividades foi organizado, a partir das necessidades e interesse dos integrantes. Ao final dos encontros os retalhos foram apresentados ao grupo, desta vez um ao lado do outro, conectados por uma linha, formando a colcha. Uma colcha simples, com retalhos que caracterizam um pouco da vida de cada integrante. Retalhos unidos que simbolizam a integridade e singularidades do coletivo. Simbolicamente, a conexão dos retalhos em formação da colcha, trouxe a cada integrante a representação de um ser essencial, nas suas particularidades, para a formação do grupo. E o grupo, enquanto voz ativa para as discussões e construções em saúde. Considerações finais: A adaptação desta dinâmica, subdividida em etapas, possibilitou um contato contínuo e próximo entre servidor-comunidade. Através das discussões e resultantes registradas nos retalhos, foi possível a participação ativa das integrantes no cronograma de atividade. A confecção de cada retalho permitiu reflexões e discussões sobre dimensões de saúde e cuidado pessoal e coletivos. E a finalização da colcha trouxe aos participantes além do conceito de grupo e coletividade, empatia e respeito com o próximo.