522: Cuidar e ser cuidador: experiências para pensar e conversar
Debatedor: Eduardo Carvalho de Souza
Data: 31/10/2020    Local: Sala 14 - Rodas de Conversa    Horário: 10:30 - 12:30
ID Título do Trabalho/Autores
6433 O SER CUIDADOR DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: ESTRATÉGIAS E MODOS DE ENFRENTAMENTO
Daline da Silva Azevedo, Daiane da Silva Azevedo, Luciana Kelly da Silva Fonseca, Thalita Pachêco Cornélio

O SER CUIDADOR DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: ESTRATÉGIAS E MODOS DE ENFRENTAMENTO

Autores: Daline da Silva Azevedo, Daiane da Silva Azevedo, Luciana Kelly da Silva Fonseca, Thalita Pachêco Cornélio

Apresentação: O presente trabalho apresenta o impacto do processo de cuidar na qualidade de vida dos cuidadores de pacientes com insuficiência renal crônica. Tendo como objetivo geral: Compreender a experiência dos cuidadores diante do processo de adoecer e frente respectivo tratamento de pacientes com Insuficiência renal crônica – IRC. E como objetivos específicos: Perceber como os cuidadores vivenciam o processo de adoecimento do paciente com insuficiência renal crônica; investigar os impactos gerados diante do tratamento do paciente na vida daquele que cuida do mesmo; compreender como a possibilidade de perda iminente do paciente é vista pelo cuidador. Devido à doença renal crônica - DRC ter se tornado um grave problema de saúde pública com o aumento significativo do número de pessoas acometidas pela insuficiência renal crônica, cresce também o número de cuidadores e esses sofrem modificações na sua rotina, afetando assim sua qualidade de vida. Método: Esta pesquisa trata-se, então, de um estudo de campo de abordagem descritiva explicativa em uma clínica especializada da Planície Litorânea do Piauí, onde foi realizada uma entrevista semiestruturada, com oito cuidadores informais de pacientes com insuficiência renal crônica que aceitaram participar da pesquisa e possuíam vinculo familiar com os pacientes. A pesquisa obedeceu aos princípios de autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, e garantiu obrigatoriamente os direitos dos participantes do estudo, segundo a resolução 510/2016 do conselho nacional de saúde que regulamenta pesquisas que envolvem seres humanos. Os dados foram analisados através da análise de conteúdo proposta por Bardin. Resultado: A pesquisa ocorreu em uma clínica especializada da Planície Litorânea do Piauí, onde o procedimento de diálise na modalidade Hemodiálise acontece três vezes na semana e possui uma duração de quatro horas, a clínica também oferece outros serviços ambulatoriais. Foram entrevistados oito cuidadores de pacientes com insuficiência renal crônica de ambos os sexos. A literatura aponta uma predominância do sexo feminino exercendo a função de cuidadora, porém foram encontrados até um número significativo de cuidadores homens e em relação ao tempo de acompanhamento desses cuidadores varia de semanas a anos, sendo que alguns dos entrevistados precisam se deslocar de uma cidade para a outra para a realização do procedimento. Um dos cuidadores relatou estar a oito anos na rotina de acompanhar o seu familiar três vezes por semana para o procedimento. Somente um apresentou um tempo curto de uma semana, porém a mesma já apresentava características e vivências semelhantes aos demais que possuem maior tempo nessa rotina, à idade dos cuidadores variava de 20 a 70 anos. A partir do conteúdo das entrevistas e dos objetivos específicos surgiram 3 categorias: O adoecer e o diagnóstico; lidando com o tratamento no dia a dia; perspectivas futuras. No primeiro tópico em relação ao adoecer e o diagnóstico, foi possível identificar como os cuidadores se sentiram no momento do recebimento do diagnóstico do seu familiar, todos manifestaram sentirem um choque, pois devido a doença ser assintomática, a notícia chegou como uma novidade desagradável. A doença e as medidas substitutivas da função renal para alguns cuidadores e até mesmo para os pacientes só foram apresentadas após o diagnóstico, deixando todos surpresos e assustados com o desconhecido. Existem diretrizes clinicas para o cuidado ao paciente com DRC, porém poucas ações são voltadas para a prevenção e diagnóstico precoce gerando assim o desconhecimento da doença por parte dos usuários de saúde. No tópico sobre o lidar com o tratamento no dia a dia, ficou expressa a rotina do cuidador diante do tratamento, como a literatura aponta, e os cuidadores relataram o tratamento ocorre três vezes na semana com uma duração de 4 horas, causando assim um grande impacto na vida do paciente e do familiar cuidador. Com o tratamento intenso e duradouro o cuidador dispõe do seu tempo para se fazer presente durante o procedimento do seu familiar, deixando assim os seus afazeres próprios em prol daquele que necessita de atenção. Embora estes não serem acometidos pela doença renal, vivem a cargo do familiar doente, exercendo mudanças no seu estilo de vida, incluindo nos hábitos alimentares, devido esse ser o responsável por preparar a dieta do paciente. No tópico sobre perspectivas futuras os cuidadores trazem seus anseios em relação ao próprio futuro e ao do seu familiar, os mesmos tendem a acreditarem em uma cura. Essa esperança de cura é uma forma do familiar lidar com o sofrimento e assim se manter com um pouco de suporte físico e também emocional para auxiliar o paciente, a manutenção desse sentimento de esperança em relação à cura faz também com que a angústia seja minimizada, trazendo um auxílio diante da perda. Considerações finais: Através dessa pesquisa foi possível compreender que apesar da DRC ter se tornado um grave problema de saúde pública, a mesma ainda se mantém como uma pouco evidenciada. Os cuidadores apresentaram não conhecer a doença e suas formas de tratamento antes do recebimento do diagnóstico do seu familiar, o que nos leva a problematizar sobre a falta de políticas públicas voltadas para a prevenção dos usuários do Sistema Único de Saúde em relação a essa doença. A prevenção levaria ao menor número de diagnósticos e, consequentemente de cuidadores, que são pacientes propícios a outros diagnósticos devido à sobrecarga que o cuidar de um paciente crônico exige. Além disso, prevenir adequadamente a doença geraria menos gastos ao poder público com serviços onde se realizam os procedimentos de TRS. Outro ponto que merece um olhar mais especifico das ações de saúde e do poder público é o próprio cuidador. Devido à abdicação dos seus afazeres os mesmos enfrentam dificuldades, inclusive financeiras, e não há um benefício assistencial para esses. Muitos se apresentam em situações de vulnerabilidade e isso amplia suas angústias e medos diante da possibilidade de perda do seu familiar. A maioria dos cuidadores que frequentam o local de pesquisa, inclusive, são de cidades vizinhas e precisam se deslocar para a realização do tratamento e por mais que a prefeitura disponibilize transporte, ocorrem gastos secundários. Diante das especificidades e das demandas que atravessam esse processo, o cuidador se encontra muitas vezes desamparado.

6505 A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE VÍNCULO ENTRE O PACIENTE E SUA FAMÍLIA COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE PARA ÊXITO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM
jayme renato cordeiro, Jessica Soares Barbosa, Franciane Socorro Gomes

A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE VÍNCULO ENTRE O PACIENTE E SUA FAMÍLIA COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE PARA ÊXITO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Autores: jayme renato cordeiro, Jessica Soares Barbosa, Franciane Socorro Gomes

Apresentação: A endogamia, pode ser conceituada de forma breve como sendo a reprodução de indivíduos que possuem o mesmo parentesco, nesse sentido uma carga genética semelhante, como por exemplo o casamento entre irmãos ou primos. Tal forma de reprodução pode ter grande influência no surgimento de indivíduos homozigotos, onde os alelos desse que codificam uma determinada característica são iguais, além de genes recessivos. Por resultar em proles com genes, em sua maioria, de cunho recessivo, a endogamia também tem grande influência no surgimento de doenças relacionadas a genes recessivos, sendo encontrado no ano de 2013 o percentual de 25% dos casais consanguíneos com pelo menos um filho com alguma deficiência que tenha envolvimento com genes recessivos. A Microcefalia pode ser diagnosticada em um indivíduo quando a medida de seu perímetro cefálio apresenta três desvios padrões abaixo da média nacional adequada referente para sua idade e sexo. Essa tem como efeito no recém nascido um atraso no desenvolvimento intelectual e físico desse, além do surgimento de crises convulsivas, podendo também apresentar deficiência auditiva e visual. Tal anomalia possui como uma de suas características principais o fato de ser multifatorial, podendo ser desencadeada por fatores externos / ambientais como a exposição da gestante a soluções químicas e acidentes mecânicos, além de infecções durante a gestação como rubéola e toxoplasmose. Não obstante, a Microcefalia também pode ser desencadeada por fatores genéticos, esses que podem ser anomalias em determinados cromossomos, alterações monogênicas ou distúrbios multifatoriais, sendo a Microcefalia Primaria Recessiva (MCPR) um exemplo de Microcefalia genética em que os genitores da criança possuem o gene recessivo e o passaram para sua prole, tal fato que pode ser potencializado quando o casal é consanguíneo. Diante desse fato, torna-se imprescindível que o profissional de enfermagem saiba compreender quais os cuidados são necessários para garantir o bem-estar da criança e de sua família, bem como entender o contexto social em que a criança e seu genitores estão inseridos para atuar da melhor forma possível. Objetivo: Compreender a importância dos cuidados de Enfermagem a uma criança com microcefalia da ala pediátrica de um hospital de referência materno e infantil localizado em Belém, no estado do Pará. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência dos discentes do Semi-internato em Enfermagem Obstétrica e Pediátrica da Universidade Federal do Pará (UFPA). A atividade curricular ocorreu sobre supervisão docente no mês de junho de 2019 em um hospital de referência materno e infantil localizado em Belém no estado do Pará. Resultado: Ao realizar a visita, percebeu-se a carência da família quanto ao conhecimento sobre a doença e as possíveis causas da malformação, bem como foi avaliado o nível de instrução dos responsáveis pela criança por meio de questionamentos a respeito de toda a situação em que se encontravam, se houveram doenças prévias durante a gestação, acidentes físicos e/ou químicos e descobriu-se a consanguinidade, sendo esse um provável fator desencadeante para tal condição. Acalmar os genitores e ensinar como devem ser realizados os cuidados com a criança, tem como resultado o fortalecimento dos laços familiares, empoderamento dos acompanhantes do paciente e auxilia no tratamento, fomentando a aceitação e desenvolve habilidades. A criança com microcefalia é capaz de desenvolver-se bem, desde que seja incentivada e acompanhada por profissionais das diversas áreas como fisioterapia, psicologia, nutrição, terapia ocupacional, medicina e enfermagem. A equipe multidisciplinar precisa compreender o contexto social da família que irá receber os cuidados, para poder intervir de forma eficaz, bem como amparar eticamente as necessidades de cada um, tendo em mente que cada paciente possui sua individualidade em relação ás suas necessidades no que se refere a assistência a saúde. A família ao descobrir uma malformação congênita pode vir a passar por algumas etapas no processo de aceitação a esta condição: o choque, a descrença (negação), tristeza, cólera e ansiedade, equilíbrio e reorganização. Por esse motivo, a conversa entre a equipe de saúde e os familiares da criança é essencial para sanar as dúvidas, explicar os procedimentos e criar um vínculo de confiança entre profissionais, paciente e a família. O medo faz parte do processo, trabalhar para diminuí-lo é uma das funções que o enfermeiro deve assumir, visto que se enquadra nos cuidados primordiais para o bem-estar do paciente e no enfrentamento das dificuldades encontradas, aprender a conviver com seu próprio tumulto emocional e as expectativas criadas. O enfermeiro deve acompanhar o desenvolvimento e crescimento dessas crianças de modo contínuo através das consultas de enfermagem, orientando sobre a evolução do desenvolvimento físico e mental. Considerações finais: Compreender a importância dos cuidados de Enfermagem na equipe multiprofissional que atente uma criança com microcefalia, teve grande valia no processo de aprendizado dos graduandos, na medida em que foi possível perceber o quanto a escuta atenta e o atendimento humanizado realizado pela equipe de enfermagem para com os responsáveis e a criança em si, tiveram efeito tranquilizador em ambos, além da facilitar a criação do vinco entre a família e a equipe. Tal vinculo, possibilitou que as informações repassadas pela equipe de enfermagem fosse aceitas e compreendidas. O fato de a equipe buscar entender o contexto social em  que o paciente e seus familiares estavam inseridos, contribuiu para a construção de um atendimento voltado para as necessidades da criança e seus genitores, assim evitando o uso de informações desnecessárias ou de difícil compreensão, garantindo dessa forma um cuidado integral. Abordar o fator consanguíneo como uma possível causa da malformação gerou apreensão por parte dos graduandos, na medida em que ressaltar o parentesco entre os pais da criança como possível causa da sua condição de saúde poderia gerar desconforto e/ou culpa por parte desses, tal situação que poderia colocar em risco a relação da equipe com os familiares do paciente. Contudo foi esclarecido aos genitores que a microcefalia e multicausal o que possibilitou a continuidade do atendimento de forma tranquila com a família e cuidado, primordial à criança. Tal situação possibilitou aos graduandos aprender na pratica a importância do profissional de enfermagem na equipe multiprofissional, na media em que esse possui um maior contato com o paciente e seus familiares tornando-se um facilitador de informações e desenvolvedor de um cuidado mais especifico centrado nas necessidades de cada individuo.

6775 DESAFIANDO AS BARREIRAS DA EQUIPE DE ATENÇÃO BÁSICA EM PROMOVER SAÚDE PARA OS USUÁRIOS DE COMUNIDADES RIBEIRINHAS NO PARÁ.
Carmen Carolina Cruz de Lima, Yvina Farias Dias, alessandra de oliveira carvalho, erica mota peres

DESAFIANDO AS BARREIRAS DA EQUIPE DE ATENÇÃO BÁSICA EM PROMOVER SAÚDE PARA OS USUÁRIOS DE COMUNIDADES RIBEIRINHAS NO PARÁ.

Autores: Carmen Carolina Cruz de Lima, Yvina Farias Dias, alessandra de oliveira carvalho, erica mota peres

Apresentação: Contextualização Com um cenário peculiar de rios e furos as equipes de saúde da região Amazônica têm o desafio de promover melhorias de saúde a comunidades que vivem em um contexto limítrofe de acesso a saúde, educação e saneamento básico. No estado do Pará temos várias localidades que possuem esse perfil, entre elas o município de Abaetetuba que é composto por uma área urbana, mas com grande parte de população situada em áreas ribeirinhas. Objetivo Geral Relatar as estratégias de fortalecimento de ações e programas das equipes de saúde que promovem atendimento a comunidade ribeirinha. Metodologia Trata-se de um relato de experiência das estratégias de saúde realizadas pelas Equipes de Agente Comunitário de Saúde (EACS) do município de Abaetetuba (PA) que atendem comunidade ribeirinha. As equipes fazem parte de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) tradicional que tem como público-alvo comunidade rural e urbana, composta por cinco equipes de EACS e a equipe multiprofissional vinculada a unidade, com horários de atendimento em dois turnos. As experiências relatadas são referentes ao período de janeiro a dezembro de 2019. A organização da assistência à saúde das equipes ocorre através de visita domiciliar, consulta individual e atividades coletivas. Desenvolvendo ações e programas como saúde da criança, saúde da mulher, tabagismo, saúde do idoso, saúde mental, saúde na escola, entre outros. Resultado As estratégias para o fortalecimento de saúde da comunidade ribeirinha envolvem os programas preconizados pelo ministério da saúde e são influenciados também pelo calendário da saúde. Podemos destacar o trabalho dos ACS na comunidade levando orientação e identificando as principais demandas de saúde da população residente, com transporte próprio realizam visitas, fazem reuniões e palestras, além de trabalharem em parceria com a pastoral da saúde disseminando informações sobre amamentação e alimentação saudável, coleta de lixo, calendário vacinal e outras temáticas de saúde. Em relação as estratégias que envolvem todos os profissionais temos a saúde da criança com o incentivo amamentação exclusiva e alimentação complementar saudável, no qual é realizado o acompanhamento das crianças de 0 a 5 anos. O serviço oferta um calendário mensal de atividades até o 6º mês, e após esse período segue com o calendário de atendimento da criança proposto pelo caderno de atenção básica do ministério da saúde. Para o fortalecimento dessa ação tivemos a formação de profissionais como tutores da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, que já ofereceram oficinas sobre o tema para 98% dos profissionais da UBS, resultando em um melhor atendimento e vínculo com os usuários. Além disso é organizado todos os anos durante o mês de agosto a semana do bebê com atividades voltadas para a mãe e para a criança em espaços estratégicos da comunidade e na UBS. Na saúde da mulher são realizadas atividades voltadas para o pré-natal, planejamento familiar e a realização do exame preventivo de câncer de colo de útero (PCCU). A maioria dessas ações são feitas na UBS, mas para maior aproximação da comunidade é organizado em locais como escolas e centro comunitário, atividades coletivas sobre prevenção da gravidez na adolescência e métodos contraceptivos. Para intensificar as atividades como a realização do PCCU são organizados nos meses de março e outubro (durante o março lilás e outubro rosa) a realização do exame na comunidade, por meio das embarcações são levados macas e materiais de suporte para o preventivo até os pontos estratégicos da localidade, facilitando o acesso a oferta desse serviço. No campo da saúde mental contamos com a colaboração da equipe de psicologia, médico e nutricionista para os atendimentos individuais. E durante o período da pesquisa foram realizadas ações como o setembro amarelo com a programação de palestras para os profissionais, houve também a parceria com o CAPS na realização de uma orientação para os ACS sobre a prevenção de álcool e outras drogas. No combate as doenças crônicas transmissíveis e não transmissíveis são realizadas as consultas individuais nos casos de hanseníase, tuberculose, tabagismo, obesidade, hipertensão, diabetes, entre outras. Atividades como a semana de combate a hanseníase, palestras sobre hipertensão e diabetes na comunidade, e a formação para os agentes de saúde nas ações de rastreamento de tuberculose e hanseníase. Com as ações do programa saúde na escola as equipes conseguem abranger estratégias de fortalecimento para a maioria dos programas envolvendo principalmente as crianças, adolescentes, pais e professores. Já foram desenvolvidas temáticas como saúde sexual e reprodutiva, combate ao abuso sexual infantil, alimentação saudável, atividades corporais, atualização do calendário vacinal e outros temas propostos pelo próprio programa. O maior desafio das equipes é propiciar a comunidade ribeirinha a oferta de serviços e programas da atenção básica estando localizados fisicamente fora das localidades de abrangência. O modelo de equipe EACS, não caracterizada como ribeirinha, limita a formulação de estratégias mais eficazes e condizentes a realidade dessa população. Com este tipo de equipe não dispomos de embarcações próprias, ou outro suporte que facilite a proximidade com a comunidade. O transporte utilizado nas ações e atividades hoje são custeados pelo município, mas não são de exclusividade das equipes da UBS. Considerações finais: Promover saúde no contexto da comunidade ribeira requer dos profissionais a superação de barreiras geográficas, estruturais e materiais, e além de tudo sociais e econômicas. Nossa atual estrutura de organização ainda tem muitas limitações para ofertar serviços essenciais para a comunidade, mas trabalhamos para melhorar e aproximar cada vez mais os usuários da rede de saúde, reduzindo assim suas dificuldades de acesso. As estratégias utilizadas até o momento tentam amenizar as iniquidades e contribuir para fortalecimento da atenção básica voltada para população ribeirinha. Uma das propostas sugeridas pela equipe e pela gestão municipal para diminuir os impactos relacionados principalmente a acesso é uma mudança futura de modelo de equipe para melhor conformidade com a população (como por exemplo a formação da equipe de saúde ribeirinha), e a instalação de novas equipes dentro das localidades. Enquanto isso não acontece, as equipes que atuam nessas áreas trabalham dentro das suas possibilidades, buscando um SUS equânime, com melhoria de acesso e de qualidade.

7052 APS E OS IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO DE MINERADORAS EM SENHOR DO BONFIM (BA)
Artur Alves da Silva

APS E OS IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO DE MINERADORAS EM SENHOR DO BONFIM (BA)

Autores: Artur Alves da Silva

Apresentação: O cuidado em saúde para as populações do campo consiste em um desafio, visto que determinantes sociais específicos, o acesso limitado aos serviços de saúde e a ausência de formação profissional com foco no respeito às singularidades do povo do campo implicam em desfechos desfavoráveis, se comparados com quem vive nas áreas urbanizadas. Nesse contexto, influências nos modos de vida e de produção afetam a saúde mental das pessoas que vivem no campo, o que, associado à dificuldade de acesso aos serviços de saúde, contribui para o aumento da prevalência de transtornos mentais nessa população. As mineradoras, assim como outras formas de exploração dos recursos naturais, têm como foco resultados econômicos em detrimento do respeito aos territórios onde vivem o povo do campo. No município de Senhor do Bonfim (BA), tem ficado cada vez mais real a implantação de mineradoras na região da Grota, habitada por várias comunidades tradicionais. Nas consultas médicas e visitas domiciliares dessa área tem se tornado mais frequentes os relatos de “preocupação”, “sensação de medo” e “ansiedade”, sendo que, ao explorar a experiência dos moradores com tais sentimentos, a maioria aponta como gênese o medo da implantação das mineradoras. Isso, aliado a sensação de impotência por não serem consultados, a presença de funcionários de empresas retirando amostras do solo dentro de seus territórios, a ameaça da destruição dos mananciais de água doce, da flora e da fauna locais, além dos recentes crimes acontecidos em Mariana-MG e Brumadinho-MG tornaram-se gatilhos para o surgimento de transtornos mentais nessa população. Diante disso, é fundamental que a Atenção Primária participe do debate sobre a implantação de mineradoras nessa região, fortalecendo as manifestações populares que investigam e denunciam os riscos para as comunidades tradicionais e avaliando os impactos que a mineração pode causar no perfil de adoecimento da população.

7215 CARIMBO DE PLACENTA: SINGULARIDADE NA ASSISTÊNCIA AO PARTO
Maria Rafaela Amorim de Araujo, Fernanda Celiberti Soveral Pelizzoli

CARIMBO DE PLACENTA: SINGULARIDADE NA ASSISTÊNCIA AO PARTO

Autores: Maria Rafaela Amorim de Araujo, Fernanda Celiberti Soveral Pelizzoli

Apresentação: A placenta é considerada um órgão misto, a um tempo materno e ovular (fetal); desempenha quatro funções principais a metabólica, endócrina, de trocas e imunológica, todas essas essenciais para a manutenção da gravidez e o desenvolvimento normal do embrião. Na maioria dos países ocidentais, a placenta e outros produtos do parto não são considerados como tendo qualquer valor fora do corpo. Contrapondo a construção biomédica da placenta como resíduo clínico, surge a possibilidade de rituais placentários como elemento integral da experiência do parto. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência, uma vez que o mesmo permite descrever a vivência das autoras frente à produção do carimbo de placenta. O cenário do estudo foi um Centro de Parto Normal, localizado nas dependências internas de um hospital filantrópico que é vinculado ao Sistema Único de Saúde, no município de Recife/PE. A problemática foi desenhada a partir da observação e participação de atividades no período de março a novembro de 2019. Resultado: A placenta emergiu como repleta de significados e também como monumento – um monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação e é um legado à memória coletiva. Neste caso, o carimbo é como uma estampa da placenta em uma tela, feito com sangue ou tintas; a partir dessa base também podem ser criadas mensagens e aquarelas. Após o nascimento da placenta a enfermeira apresenta o órgão que manteve o bebê daquela mulher vivo no útero e a possibilidade de concebê-la fora dos limites do desperdício clínico. O carimbo da placenta é produzido pela equipe e entregue a família, tornando-se um poderoso símbolo de nascimento, espiritualidade, maternidade, fertilidade e vida. A técnica também promoveu a experiência do núcleo subjetivo da vinculação, seja entre mãe-bebê-família ou profissional-usuária-família. Considerações finais: Este trabalho, propõe a integração dessa arte visual na atenção à saúde materna, principalmente pela enfermagem. Além de estimular a educação do parto para facilitação das opções de tratamento da placenta que não são focadas no descarte.

7284 JUVENTUDE E VIOLÊNCIA: O PERFIL DA VULNERABILIDADE SOCIAL
Jordana Rodrigues Moreira, Audenir Tavares Xavier Moreira, Aline Ávila Vasconcelos, Kellinson Campos Catunda, Lucas Queiroz dos Santos

JUVENTUDE E VIOLÊNCIA: O PERFIL DA VULNERABILIDADE SOCIAL

Autores: Jordana Rodrigues Moreira, Audenir Tavares Xavier Moreira, Aline Ávila Vasconcelos, Kellinson Campos Catunda, Lucas Queiroz dos Santos

Apresentação: A violência urbana trata-se de um problema social e de saúde pública. As maiores vítimas da violência urbana no Brasil são jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Além de grave violação dos direitos humanos e da juventude, reflete o sofrimento silencioso e insuperável de genitores, familiares e comunidades que perdem os seus jovens na primavera da vida, precocemente, para a violência urbana. A violência sofrida pelos jovens possui fortes vínculos com a vulnerabilidade social em que se encontra a juventude nos países latino-americanos, dificultando o seu acesso às estruturas de oportunidades, tais como saúde, educação, trabalho, lazer, esporte e cultura. Os adolescentes pobres, negros e das periferias dos centros urbanos têm sido o alvo prioritário desse fenômeno chamado violência urbana. Método: Neste trabalho foram entrevistados dezoito familiares de adolescentes que deram entrada no Instituto Dr. José Frota (IJF) provenientes de Fortaleza e demais municípios do Ceará. A pesquisa ocorreu de maio a agosto de 2018, nas enfermarias 18 e 19, que são de cirurgia geral. O projeto desta pesquisa foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos do Instituto Dr. José Frota (IJF), e aprovado pelo Parecer nº 2.775.515. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa onde utilizamos como metodologia: observação participante, entrevistas, diário de campo. E a para a compreensão e apreensão dos dados utilizamos a Análise de Conteúdo.  Utilizamos o software NVivo¹º para caracterização e sistematização dos dados. Objetivo: Identificar as principais consequências e sequelas geradas pela violência urbana sofrida por esses adolescentes compreendidos na faixa etária entre 12 e 18 anos de idade. Desenvolvimento: A violência urbana reflete diretamente no ambiente hospitalar, pois são jovens que chegam trazidos na sua grande maioria pelo Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foram vitimizados por essa onda de violência que por vezes leva a óbitos. Durante a Residência em Urgência e Emergência pela Escola de Saúde Pública do Ceará entre os anos 2017-2019, pudemos observar que as mortes ocasionadas por causas externas sejam por acidentes de trânsito, agressões físicas e violências em geral têm ceifado muitos jovens. Neste trabalho optamos por pesquisar sobre as sequelas e consequências que vitimam a juventude, tendo como causa principal: a violência urbana. Durante toda a Residência, as internações de adolescentes na faixa etária entre 12 e 18 anos causadas por Perfuração por Arma de Fogo e Ferimento por Arma Branca atraíram a nossa atenção. Essa motivação para a pesquisa veio não como uma curiosidade qualquer, mas como algo que pode contribuir na sinalização e num alerta para a criação e fortalecimento de políticas públicas direcionadas à juventude. E nesse percurso da Residência em saúde, observamos, por meio das vivências das visitas sociais aos leitos de enfermarias e nos atendimentos no Núcleo de Serviço Social, o quanto a violência urbana tem trazido consequências físicas, sociais, psicológicas e tem onerado os gastos na saúde pública. As consequências dizem respeito neste trabalho as perdas sociais como a evasão e abandono escolar, consequentemente, maior índice de extrema pobreza, de desemprego e de não profissionalização desses jovens. As sequelas causadas pela violência dizem respeito a todos os problemas físicos e psicológicos que comprometem a saúde física e psicossomática desses jovens que são vitimizados pela violência urbana. A violência tem cor, sexo, idade e classe social, pois trata-se de adolescentes negros ou pardos, pobres e moradores da periferia. Esses, jovens vitimizados pela violência urbana que dão entrada no serviço de urgência e emergência de referência em Fortaleza, o Instituto Dr. José Frota (IJF), são pessoas em formação e em pleno desenvolvimento psicossocial que têm seus direitos violados pela família, pela sociedade e pelo Estado. São jovens que abandonaram a escola ainda no ensino fundamental, jovens que não trabalham e nem estudam. São moradores da periferia. São negros, de baixa renda, do sexo masculino. Existe todo um perfil etário e social para esses jovens que são vítimas, diariamente, da violência urbana. De acordo com Atlas da Violência (2017), o perfil típico das vítimas: homens, jovens, negros e com baixa escolaridade. Não existe apenas um fator determinante para a violência, ainda mais quando ela se manifesta na adolescência, período em que o indivíduo passa por tantas transformações orgânicas, emocionais, comportamentais e sociais. O jovem da periferia nesse perfil anteriormente mencionado, é tido como “marginal” nos registros policiais. O problema não é a pobreza, mas a desigualdade social que discrimina os menos favorecidos e o coloca num patamar de causador da violência urbana. Precisamos pensar coletivamente: Estado e sociedade numa política pública e social que atendam as demandas advindas dessa juventude que está sendo, assustadoramente, massacrada, vitimizada e ceifada pela própria violência urbana no país. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz no Art. 4, que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. A violência é um fenômeno histórico, social e diversificado por isso não ousamos delimitar a violência como se fosse unicausal. São múltiplas as causas da violência sofrida por esses jovens e adolescentes que estão em situação de vulnerabilidade social. Esta por sua vez, é entendida como a escassez ou ausência de oportunidades sociais, econômicas e culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade. Resultado: Em geral, a população jovem é a mais atingida pela cultura de violência no país. Percebe-se dessa forma, a ausência de políticas públicas direcionadas à juventude da periferia. Os impactos da violência são devastadores: social, humano e economicamente. As consequências e sequelas da violência sofridas pelos adolescentes vão desde sequelas físicas causadas por perfurações por arma de fogo e por arma branca até sequelas psicológicas e consequências que repercutem diretamente na dinâmica de toda a família que precisa, na maioria das vezes, mudar de endereço, deixar a sua casa própria, para resguardarem o seu adolescente. Os impactos da violência são imensuráveis. São perdas irreparáveis e prejuízos aos cofres públicos com gastos com internações, medicamentos, cirurgias, leitos e demais insumos de saúde.     Considerações finais: É preciso combater o “agrotóxico” chamado violência urbana, por meio de políticas públicas direcionadas à juventude. A violência urbana é um problema de saúde pública que deve ser resolvido ou pelo menos amenizado com políticas intersetoriais que primem, prioritariamente, pelas maiores vítimas dessa violência, que são os jovens e adolescentes. O caminho é investir nesses jovens, por meio, do esporte, da escola, do lazer, da preparação e profissionalização desses jovens, no fortalecimento e execução dos seus direitos sociais e fundamentais. Precisamos desconstruir essa visão distorcida e míope da era colonial que cria um estereótipo para a violência urbana dizendo ser o jovem negro, pobre, sem escolaridade e da periferia, o grande causador dessa violência urbana.  Esses jovens e adolescentes são apenas grandes vítimas desse contexto globalizado de exploração e de subordinação dos desfavorecidos econômica e socialmente.  

7347 LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO (LER) NA ODONTOLOGIA: NÍVEL DE EVIDÊNCIAS NAS PUBLICAÇÕES SOBRE O TEMA
Diego Nascimento Alves, Polyana Vivan Vieira Leite

LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO (LER) NA ODONTOLOGIA: NÍVEL DE EVIDÊNCIAS NAS PUBLICAÇÕES SOBRE O TEMA

Autores: Diego Nascimento Alves, Polyana Vivan Vieira Leite

Apresentação: As lesões por esforço repetitivo (LER) estão relacionadas às atividades laborais realizadas pelos cirurgiões-dentistas que podem desenvolvê-las durante sua vida profissional, onde os primeiros sinais e sintomas podem surgir já no período acadêmico, com o início das atividades práticas. Estas lesões não possuem causa única, havendo uma série de fatores que podem colaborar com o seu aparecimento, O presente trabalho objetiva avaliar o nível de evidência científica das publicações sobre as lesões por esforço repetitivo (LER) na Odontologia. Foram realizadas buscas por artigos nas bases de dados Bireme e PubMed com o termo “lesões por esforço repetitivo and Odontologia” no período de  novembro a dezembro de 2019 e foram encontrados 18 e 30 artigos respectivamente. Selecionados os artigos publicados entre 2008 e 2019, com texto completo disponível e nos idiomas inglês e português, dos quais foram encontrados 20 publicações e após a leitura foram eliminados 7 artigos. Os dados foram tabulados considerando Autor/Ano, Revista, Qualis, Tipo de estudo, Diagnóstico, Causas, Sinais e Sintomas, Tratamento, Medidas  preventivas. Dos artigos avaliados 4 (30,1%) o ano com  mais publicações foi 2017. 4 (30,1%)artigos B3 em Odontologia, 2 (15,4%) em B4, 2 (15,4%) em B1. Estudos transversais 5 (38,5%), revisão de literatura 2 (15,4%). Os sinais e sintomas mais citados foram dores em pescoço, costas, ombros e membros superiores 6 (46,1%). 11 (84,6%) dos artigos não citam o tratamento.9 (69,2%) citam sobre medidas preventivas. Os dados sugerem ser possível acesso gratuito a conteúdo de nível de evidência satisfatório sobre o tema favorecendo a discussão sobre a relação das lesões por esforço repetitivo na saúde do trabalhador na área da Odontologia.

7422 VIOLÊNCIA E JUVENTUDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DE FORTALEZA-CEARÁ
Jordana Rodrigues Moreira, Audenir Tavares Xavier Moreira, Aline Ávila Vasconcelos, Kellinson Campos Catunda, Lucas Queiroz dos Santos

VIOLÊNCIA E JUVENTUDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DE FORTALEZA-CEARÁ

Autores: Jordana Rodrigues Moreira, Audenir Tavares Xavier Moreira, Aline Ávila Vasconcelos, Kellinson Campos Catunda, Lucas Queiroz dos Santos

Apresentação: A violência urbana trata-se de um problema social e de saúde pública. Falar de violência não é algo novo; mas é um fenômeno que vem crescendo assustadoramente em todo o país. Conforme o Mapa da Violência de 2013, os homicídios são a principal causa de mortes de jovens de 15 a 24 anos no Brasil e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. A violência que vitimam jovens constitui-se uma questão nacional de saúde pública. Além de grave violação dos direitos humanos e da juventude, reflete o sofrimento silencioso e insuperável de genitores, familiares e comunidades que perdem os seus jovens, precocemente, para a violência urbana. Algumas situações fomentam o aumento da violência e da criminalidade. Conforme UNESCO (2002), a violência sofrida pelos jovens possui fortes vínculos com a vulnerabilidade social em que se encontra a juventude nos países latino-americanos, dificultando, por conseguinte o seu acesso às estruturas de oportunidades, tais como saúde, educação, trabalho, lazer, esporte e cultura. A violência urbana é um problema que onera os gastos com a saúde pública, pois é causada por causas externas, que provavelmente, na maioria das vezes poderiam ser evitadas. Essa violência que se avoluma a cada dia reflete diretamente no cotidiano das comunidades e nos hospitais públicos de urgência e emergência. A violência urbana reflete diretamente no ambiente hospitalar, pois são jovens que chegam trazidos na sua grande maioria pelo Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foram vitimizados por essa onda de violência que por vezes levam a óbitos. Durante a Residência em Urgência e Emergência pela Escola de Saúde Pública do Ceará. A Residência são dois anos com carga horária de sessenta horas semanais. O período da Residência ocorreu de março de 2017 a março de 2019. E nesse percurso, observamos, por meio das vivências das visitas sociais aos leitos de enfermarias e nos atendimentos no Núcleo de Serviço Social, o quanto a violência urbana tem trazido consequências físicas, psicológicas e tem onerado os gastos na saúde. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada durante a residência no acolhimento a jovens que sofriam violência urbana e que deram entrada nesse hospital, vítimas de perfuração por projétil de arma de fogo e ferimento por arma branca. Método: Este trabalho trata-se de um relato de experiência vivenciado no Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza – CE. Hospital da rede de saúde pública, de nível terciário, 100% custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de urgência e emergência, referência Norte e Nordeste no socorro às vítimas de traumas de alta complexidade, com fraturas múltiplas, lesões vasculares e neurológicas graves, queimaduras e intoxicação exógena. Conhecido popularmente como hospital de grandes traumas, o IJF recebe diariamente pacientes vítimas de acidentes automobilísticos e por perfuração de projétil de arma de fogo (PAF) e de perfuração por arma branca (PAB).  A observação participante, prontuários sociais, atendimentos em sala do Serviço Social e nas enfermarias, diário de campo foram os instrumentos utilizados para a realização desse relato de experiência. Resultado: Esses jovens vitimizados pela violência urbana que dão entrada no serviço de urgência e emergência de referência em Fortaleza, o IJF. São pessoas em formação e em pleno desenvolvimento psicossocial que têm seus direitos violados pela família, pela sociedade e pelo Estado. São jovens que abandonaram a escola ainda no ensino fundamental, jovens que não trabalham e nem estudam. São moradores da periferia. São negros, de baixa renda, do sexo masculino. Existe todo um perfil etário e social para esses jovens que são vítimas, diariamente, da violência urbana. De acordo com Atlas da Violência (2017), o perfil típico das vítimas: homens, jovens, negros e com baixa escolaridade. Não existe apenas um fator determinante para a violência, ainda mais quando ela se manifesta na adolescência, período em que o indivíduo passa por tantas transformações orgânicas, emocionais, comportamentais e sociais. O jovem da periferia nesse perfil anteriormente mencionado, é tido como “marginal” nos registros policiais. O problema não é a pobreza, mas a desigualdade social que discrimina os menos favorecidos e o coloca num patamar de causador da violência urbana. Precisamos pensar coletivamente: Estado e sociedade numa política pública e social que atendam as demandas advindas dessa juventude que está sendo, assustadoramente, massacrada, vitimizada e ceifadas pela própria violência urbana no país. É preciso excluir o “agrotóxico” chamado violência, e salvar a nossa juventude dessas mazelas que ceifam os seus direitos à vida digna, ao esporte, a escola, ao lazer, aos seus direitos sociais e fundamentais de pessoas humanas. Precisamos desconstruir essa visão distorcida e míope da era colonial que cria um estereótipo para a violência urbana dizendo que é negro, pobre, sem escolaridade e da periferia. Está na hora de descortinar o cenário e enxergar o todo e não só uma parte ou personagem desse quebra cabeça que se chama comunidade, cidade e país. Está na hora de enxergar todo o cenário socioeconômico: casa grande e senzala. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz no Art. 4, que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. A violência é um fenômeno histórico, social e diversificado por isso não ousamos delimitar a violência como se fosse unicausal. São múltiplas as causas da violência sofrida por esses jovens e adolescentes que estão em situação de vulnerabilidade social. Esta por sua vez, é entendida como a escassez ou ausência de oportunidades sociais, econômicas e culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade. Considerações finais: Pudemos compreender e perceber a grandeza que uma equipe de residentes em saúde pode e deve promover no cuidado em saúde no ambiente hospitalar; sendo assim, apesar dos entraves que impediram o prosseguimento desse projeto. Vivenciamos os princípios do SUS: universalidade, igualdade, equidade, integralidade. A promoção da saúde também acontece no nível terciário, em hospital de grandes traumas de urgência e emergência.  

7514 “A ARTE DO OLHAR E DO TOCAR” VÍNCULO E HUMANIZAÇÃO NAS RESIDÊNCIAS ATRAVÉS DAS VISITAS DOMICILIARES DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA RIO DAS ANTAS
Graziela Lea Gallina

“A ARTE DO OLHAR E DO TOCAR” VÍNCULO E HUMANIZAÇÃO NAS RESIDÊNCIAS ATRAVÉS DAS VISITAS DOMICILIARES DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA RIO DAS ANTAS

Autores: Graziela Lea Gallina

Apresentação: A Estratégia Saúde da Família, iniciado em 1994 (como programa saúde da família), se configura como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Busca a vigilância à saúde por meio de um conjunto de ações individuais e coletivas, situadas no primeiro nível de atenção, voltadas para a promoção, prevenção e tratamento dos agravos à saúde. A visita domiciliar (VD) constitui uma importante ação integrante da Estratégia Saúde da Família (ESF), que tem como objetivo oferecer condutas de promoção, proteção e recuperação da saúde do indivíduo, da família e da coletividade, em seu espaço domiciliar. Assim, possibilita atenção interdisciplinar e multiprofissional no âmbito do domicílio. É um instrumento que promove um grande vínculo entre o profissional de saúde e as famílias de seu território de atuação, fazendo conhecer a realidade do indivíduo e de sua família in loco. Além disso, a espontaneidade deve ser uma marca da VD. Há a necessidade de se conhecer a família em sua espontaneidade cotidiana, tomando-se o devido cuidado de se respeitar a privacidade familiar e individual. A VD tem se revelado instrumento de enorme eficácia e de baixo custo, e deve ser incentivada para que, de fato, a saúde pública esteja disponível de modo universal no país. A VD nasceu com a intenção de privilegiar a prevenção de agravos e a busca ativa da população pelos serviços de atenção primária. No entanto, a atenção primária não é meramente preventiva. Sendo assim, sua atuação por meio da VD deve ser abrangente, desde a promoção à saúde até a recuperação do indivíduo. Essas visitas merecem ser consideradas como uma ferramenta importante e capaz de contribuir para as práticas de saúde promovendo a qualidade de vida, focando na promoção, prevenção e reabilitação, promovendo melhorias das condições de saúde da população assistida. Dessa forma, busca-se a garantia de um cuidado integral e humanizado na perspectiva de identificar os principais riscos à saúde da sua comunidade, evitando internamentos hospitalares, diminuindo os custos socioeconômicos. Neste contexto, percebe-se a visita domiciliar como método, técnica e instrumento, apresentando como um momento importante, no qual se estabelece o movimento das relações como a escuta qualificada e o acolhimento, ações que permitem que os familiares tenham melhores condições de se tornarem mais independentes na sua própria produção de saúde. Compreende-se que a visita domiciliar envolve a realização de ações educativas, orientação, demonstração de procedimentos técnicos a serem ensinadas a família, bem como a execução destes procedimentos pela equipe da ESF no domicílio do usuário. Objetivo:s Conhecer os domicílios com suas características ambientais, socioeconômicas e culturais;Verificar a estrutura e a dinâmica familiares; Prestar assistência domiciliar aos pacientes acamados e em outras situações especiais; Atuar no controle e prevenção de doenças e agravos transmissíveis e não transmissíveis; Estimular a adesão aos tratamentos medicamentosos e não medicamentosos propostos; Propiciar ao indivíduo e à família uma participação ativa em seu processo saúde-doença; Estimular a autonomia do indivíduo e da família na prática do autocuidado em seu domicílio. Ampliar o vínculo entre a equipe de saúde e a comunidade, proporcionado maior envolvimento e humanização entre ambas as partes, efetivando a confiança mútua entre equipe e paciente. Desenvolvimento A equipe multiprofissional (composta a princípio pela enfermeira, médico e dentista) realiza visitas domiciliares semanalmente nas residências solicitadas pelos agentes comunitários de saúde. Além dessa fonte de informação, também é realizado visitas aos pacientes que são atendidos nas consultas convencionais no posto de saúde, porém com certo nível de dificuldade de discernimento de tratamentos ou condutas repassadas a eles durante o atendimento, sendo realizada essa visita pós consulta para averiguação da adesão ao tratamento proposto, bem como para a equipe conhecer a ambiência e estilo de vida dos mesmos. Após a primeira visita, cria-se uma rotina de retornos e se necessário, é solicitado avaliação dos demais membros da equipe, sendo esses os que fazem parte do NASF (fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga e farmacêutico). A equipe possui agenda de acompanhamento semanal, quinzenal e mensal desses pacientes que necessitam de visitas, e de acordo com as necessidades são realizadas as mesmas. Procedimentos individualizados, como aferição de pressão arterial, medicação assistida, curativos são realizados diariamente pelo técnico da equipe e repassado a enfermeira supervisora da mesma, assim sendo todos os membros da equipe sabem dos procedimentos que estão sendo realizados aos seus usuários. Conclusão Diante o exposto, concluímos que as visitas domiciliares são um importante elo de humanização e vínculo entre a equipe e a comunidade. Nossa equipe sempre é muito bem recebida e acolhida por esses público, temos uma troca de carinho, respeito, vivências e responsabilidades.Vemos as visitas domiciliares como peça fundamental para a continuidade do cuidado, uma vez que por meio destas conhecemos a realidade de vivência de cada um, podendo adequar a assistência ao seu modo de viver e suas condições.  

7609 “PRIMEIRO PASSO” ENTENDENDO COMO O TABAGISMO PODE PREJUDICAR A SAÚDE, MEIO AMBIENTE E ECONOMIA NA VISÃO DOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA MUNICIPAL JACINTA NUNES DO MUNICÍPIO DE RIO DAS ANTAS.
Graziela Lea Gallina

“PRIMEIRO PASSO” ENTENDENDO COMO O TABAGISMO PODE PREJUDICAR A SAÚDE, MEIO AMBIENTE E ECONOMIA NA VISÃO DOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA MUNICIPAL JACINTA NUNES DO MUNICÍPIO DE RIO DAS ANTAS.

Autores: Graziela Lea Gallina

Apresentação: O tabaco é responsável por muitas doenças e óbitos, uma vez instalada a dependência, a pessoa tem muita dificuldade em abandonar o vício. O tabaco é mundialmente conhecido por seus malefícios. Mas, afinal, será que nós temos consciência de todos os malefícios que o cigarro pode causar a nossa saúde? E descobrimos quais os efeitos devastadores que cada uma das principais substâncias do cigarro pode causar no organismo. Especialistas afirmam que já foram identificadas mais de 5 mil substâncias na fumaça do tabaco, dentre elas gases e partículas cancerígenas, agrotóxicos usados durante o plantio da folha de tabaco e que são mantidos no processo de ressecamento para a fabricação do cigarro, dentre outros. Antes de tudo é preciso entender que não existe limite seguro de consumo do tabaco. "Diferente do álcool, ele não pode ser consumido com moderação”. Diante disso, cabe às escolas e a equipe de saúde buscar meios através de informações aos alunos sobre os malefícios que o uso do tabaco provoca no organismo, bem como, com aquele que convive com o fumante. Esse trabalho tem como objetivo geral promover ações junto aos alunos da Escola Jacinta Nunes para implantação de um projeto de prevenção ao tabagismo numa perspectiva interdisciplinar, onde todos os professores do ensino médio receberão orientações, para organizar um plano de atividades, de forma que todas as disciplinas abordem o tema tabagismo. Neste sentido, os professores, de acordo com as respectivas disciplinas, estarão desenvolvendo trabalhos com seus alunos envolvendo as seguintes temáticas: Doenças causadas pelo uso do cigarro, Distribuição geográfica do tabaco, Composição química do cigarro, Legislação Federal vigente sobre o tabaco no Brasil, confecção de cartazes, peças teatrais, paródias etc. Espera-se que com essa metodologia todos os professores e alunos se envolvam com a temática e ao final realizem um evento onde o resultado de todas as atividades será apresentado para a comunidade. Desenvolvimento: O trabalho proposto pretende aborda o tema tabagismo de forma que os professores receberam informações que leve seus alunos a pesquisarem sobre o assunto da seguinte forma: O tema tabagismo é discutido nas diversas disciplinas escolares, sendo que cada disciplina trabalha uma questão relacionada ao tabagismo. Sendo na aula de português, os alunos formam frases referentes ao tabagismo e essas frases participam de um concurso valendo prêmio; já aula de inglês é realizada com cartazes; os alunos de matemática farão cálculos da economia que se faz ao parar de fumar e os apresentarão por meio de gráficos e tabelas; na aula de física será trabalhada a questão dos gases e combustão propiciados pelo tabaco; na de biologia, serão levantadas as patologias provenientes do uso do tabagismo; na de química será abordada a composição química de um cigarro, onde são encontrados e os malefícios; na aula de artes serão confeccionados cartazes com desenhos sobre prevenção ao tabagismo, também será feito um concurso com direito a premiação; na aula de educação física será verificado o desempenho físico de uma pessoa tabagista e o de uma que não tem o hábito, além da realização de uma corrida intitulada "Corrida contra o tabagismo" sempre realizada no dia 31 de maio, dia mundial contra o tabaco. Resultado: Ao final de todas as atividades, a secretaria promove a Feira de Conhecimentos sobre o tabagismo, com encerramento com as premiações dos concursos e a corrida. Os alunos se divertem ao realizar cada atividade proposta e com o encerramento sendo uma corrida que fecha com chave de ouro todo o trabalho realizado durante o período proposto pela equipe de saúde com educação sobre o tema. Iniciamos os trabalhos em fevereiro e terminamos em maio, mês que trabalhamos a luta contra o tabagismo.

7627 TUBERCULOSE NAS ESCOLAS: UMA ESTRATÉGIA PARA BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS
JUSSARA ALVES CARDOSO NEVES, ANA MARIA VIEGAS, TÂNIA MARIA MARCIAL, LÉA LUIZ DE OLIVEIRA

TUBERCULOSE NAS ESCOLAS: UMA ESTRATÉGIA PARA BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS

Autores: JUSSARA ALVES CARDOSO NEVES, ANA MARIA VIEGAS, TÂNIA MARIA MARCIAL, LÉA LUIZ DE OLIVEIRA

Apresentação: A tuberculose (TB) ainda é um problema grave de saúde pública no Brasil e requer estratégias para a busca de casos. A busca ativa dos sintomáticos respiratórios (SR) é a principal estratégia para o controle da TB, uma vez que permite a detecção precoce das formas pulmonares, levando-se em consideração sua importância epidemiológica na manutenção da transmissão, o tratamento adequado e alcance da cura. O SR, que é a pessoa com tosse há três semanas ou mais, faz parte do grupo de maior probabilidade diagnóstica para TB. O objetivo desse trabalho foi identificar os SR e possíveis casos novos de TB em pessoas relacionadas direta ou indiretamente à comunidade escolar. Método: Estudo coorte descritivo e exploratório, do tipo inquérito, realizado no período de 28 de agosto de 2017 a 30 de dezembro de 2019, em 22 escolas municipais de Contagem distribuídas nos oito distritos sanitários. Essas escolas foram selecionadas por pertencerem a áreas geográficas de delimitação de Unidades Básicas de Saúde (UBS). Foram realizadas orientações sobre TB a toda comunidade escolar in loco pelos profissionais de saúde. O instrumento utilizado para coleta foi um check list aplicado em 5634 alunos na faixa etária de 10 a 14 anos de idade, dividido em uma seção sobre os sintomas clássicos da TB e a outra de quais pessoas da residência do aluno poderiam apresentar tais sintomas. Os dados foram digitados em planilha do programa Microsoft Excel para posterior análise. O trabalho foi autorizado pela Secretaria Municipal de Educação, em parceria da Secretaria de Saúde, em consonância com as ações do Programa Saúde na Escola (PSE), no eixo doenças em eliminação. Resultado: alcançados: O município de Contagem é um dos cinco municípios de Minas Gerais com maior carga de TB. O município vem monitorando os SR desde 2012, após capacitação de todos os profissionais médicos e enfermeiros da rede municipal de saúde. Entretanto, sempre foi difícil esse monitoramento, havendo necessidade então de criar uma estratégia para se conseguir alcançar os indicadores de maneira a detectar precocemente as formas pulmonares da TB. Pensou-se na comunidade escolar utilizando o PSE, um Programa de política intersetorial, onde as ações de saúde e educação são voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos que se unem para promover saúde e educação integral aos estudantes da rede pública brasileira de ensino. Entre os check list aplicados 748 tinham menção de SR entre alunos e familiares e foram encaminhados para as UBS na área de abrangência da escola. Cada caso suspeito passou por consulta médica, com realização de exames a fim confirmação ou descarte do caso. Após a realização dos exames foram identificados três casos novos de TB. Considerações finais: Com este trabalho foi possível realizar orientação sobre TB nas escolas do PSE que são áreas de maior vulnerabilidade social, além de identificar um maior número de SR e casos novos de TB. Essa estratégia tem como propósito a ampliação da busca ativa dos SR para outras escolas públicas do município de Contagem.

7731 GRUPO DA COLUNA - RELATO DE EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÕES NA DISCIPLINA DE SAÚDE E CIDADANIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
Graziele Martins Correa

GRUPO DA COLUNA - RELATO DE EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÕES NA DISCIPLINA DE SAÚDE E CIDADANIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 

Autores: Graziele Martins Correa

Apresentação: O presente trabalho foi desenvolvido a partir de experiência vivenciada nas aulas da disciplina de Saúde e Cidadania (SACI) do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no período de março a julho de 2019. As atividades executadas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na cidade de Porto Alegre, foram ministradas pelos discentes sob orientação da docente responsável pela disciplina. As aulas aplicadas tinham por objetivo proporcionar conhecimentos, habilidades e competências no campo da promoção e atenção à saúde, e das relações interpessoais para o desenvolvimento de atividades em grupo, assim como, e tornar o público alvo protagonista no seu processo de autocuidado. O trabalho em grupo na Atenção Primária à Saúde (APS) é uma ferramenta de promoção de saúde que complementa o atendimento que o usuário recebe e o torna ativo no seu processo de autocuidado já que existem questões que podem ser deixadas de lado na consulta médica. A vida compartilhada em grupo gera uma sensação de pertencer a um coletivo em que questões comuns podem ser abordadas e nas que não são comuns a todos, pode se pensar em uma solução coletiva. Poder se identificar no outro, desenvolver tolerância e metodologias que façam com que o utilizador do serviço tenha uma participação efetiva no seu processo de saúde-doença-cura não apenas recebendo recomendações médicas e fazendo o uso de medicações, torna a relação do usuário do serviço com os profissionais horizontal. A dor crônica pode afetar as AVDs, humor e formas como a pessoa se porta perante a sociedade, podendo diminuir capacidade física e produtividade. As causas dessa dor são multifatoriais e as políticas públicas que existem no SUS são alternativas para que o indivíduo possa diminuir a dor ou aprender a conviver com a mesma. Os participantes do grupo eram usuários encaminhados pelo médico da UBS que apresentavam dores crônicas, principalmente na coluna, ou que possuem problemas posturais na faixa etária entre 50 e 60 anos. Cada discente era responsável por um eixo temático da aula e, avaliar um participante e auxiliá-lo em qualquer dúvida que tivesse quanto às explicações e execução de movimentos. As atividades contemplavam temas específicos proporcionando exercícios para a melhora da saúde e bem-estar. Dentro destes temas foram abordados aspectos biológicos, socioculturais e psicológicos da dor e da postura; noções sobre a estrutura e funcionalidade da coluna vertebral; atividades do cotidiano como: dormir, sentar e pegar objetos, além de exercícios básicos para a saúde da sua coluna. Observando esse instrumento pedagógico o trabalho em grupo e as potencialidades que ele pode desenvolver, no processo de autocuidado dos participantes foi fundamental pois existem questões que não seriam refletidas se não estivessem participando deste coletivo. Trabalhos em grupos no SUS são de suma importância pois podem desenvolver competências e trazer novos olhares em que o usuário do serviço possa se sentir ativo, acolhido e efetivo no seu cuidado. A finalidade de promover a consciência e cuidados com o corpo foi alcançada e desta forma, ministrar um grupo de estudos na área da saúde, teve como finalidade o trabalho de consciência sobre cuidados com o corpo que reafirmou-se a importância de abordar a autonomia no processo saúde doença. Por fim, esta atividade potencializou minhas competências e habilidades como fisioterapeuta e profissional educadora em saúde.

7935 VIVÊNCIAS DE MÃE ACOMPANHANTES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: TECENDO PROCESSOS DE VÍNCULO E CUIDADO
Paola Carmelo Albertin, Karina Franco Zihlmann

VIVÊNCIAS DE MÃE ACOMPANHANTES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: TECENDO PROCESSOS DE VÍNCULO E CUIDADO

Autores: Paola Carmelo Albertin, Karina Franco Zihlmann

Apresentação: Toda gestação traz significativas transformações objetivas e subjetivas para a família, e ainda mais especialmente para a mulher gestante. Uma condição de gestação e parto normais podem também apresentar condições de risco que precisem de intervenção em saúde de maior complexidade, demandando internação em Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) ao recém nascido (RN) e procedimentos de ordem interdisciplinar mais complexos, que visam não apenas a intervenção imediata em cada caso, mas também podem levar a identificação de fatores prévios intervenientes e pode servir de referência para ações de promoção e prevenção em saúde nesse contexto. Objetivo: identificar necessidades objetivas e subjetivas de cuidado e acolhimento de mães acompanhantes, durante o puerpério, com RN na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) em um hospital do município de São Vicente – São Paulo. Método: será realizada uma pesquisa qualitativa, com uso de diferentes estratégias como, entrevistas individuais e em profundidade com mães acompanhantes de RN internados na UTIN, construção de histórias orais com as mães e observação participante. Os discursos serão categorizados pela técnica de análise de conteúdo temática. Aspectos éticos: serão preservados de acordo com a Resolução 466/12 do CNS. Os participantes assinarão um TCLE e o projeto de pesquisa será avaliado pela instituição onde será realizada a pesquisa - Secretaria de Saúde Municipal de São Vicente (SSMSV), bem como pelo Comitê de Ética da UNIFESP. Resultado: esperados: reconhecimento das necessidades objetivas e subjetivas, que influem nas ações de emancipação em saúde da mulher, consequentemente melhoria do pré-natal e autonomia no cuidado da mulher/gestantes, como também de sua família e comunidade.

7988 REFLEXÃO SOBRE A MEDICINA DO TRABALHO POR ESTUDANTES DE MEDICINA
Enrico D'Alessandro

REFLEXÃO SOBRE A MEDICINA DO TRABALHO POR ESTUDANTES DE MEDICINA

Autores: Enrico D'Alessandro

Apresentação: O trabalho se refere a um resumo sobre a experiência de uma visita na mineradora Usiminas. Embasado na literatura e na passagem pela empresa, o resumo tem como objetivo focar na saúde do trabalhador, abordando diversos focos e programas que visam a melhoria da qualidade de vida e entram no âmbito de vigilância em saúde, buscando a promoção em saúde dos funcionários. Analisando alguns aspectos que envolvem a saúde e segurança dos trabalhadores, essencialmente aqueles que estão ligados diretamente a extração de minério. Desenvolvimento: A constituição de 1988 assegura a todos os cidadãos o direito à saúde, além disso está na base da estruturação do SUS o objetivo de reduzir o risco de doenças e outros agravos. O capitalismo, com a lógica da propriedade privada e da acumulação econômica aparece como um obstáculo para concretização desses direitos previstos na Lei máxima. Nesse contexto, foram criadas as Conferências Nacionais, que tiveram início em 1941, pautadas na discussão da saúde coletiva e na discussão dos desafios de promoção em saúde do trabalhador, principalmente aqueles mais expostos aos riscos ambientais, perfil no qual os trabalhadores das mineradoras se enquadram. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1989), a saúde ambiental é formada por todos aqueles aspectos da saúde Humana, incluindo a qualidade de vida. Desse modo, as empresas buscam firmar políticas, programas e ações que garantam maior justiça ambiental, ou seja, rompe-se com o paradigma puramente biológico saúde-doença, em que o ambiente é visto como um complexo onde a vida se desenvolve como um todo. No ambiente visitado, observa-se uma grande integração entre o ambiente de trabalho e o trabalhador, assim percebe-se a necessidade de um profissional acompanhar de perto a jornada de cada indivíduo, já que esses possuem turnos de oito horas, o que os coloca, muitas vezes, em horários de baixa visibilidade, como o entardecer e a alvorada, os quais agem como facilitadores de acidentes. Assim, a medicina do trabalho se faz essencial no acompanhamento da rotina para prevenção de acidentes, socorros pós acidentes e monitoramento dos sistemas fisiológicos, para reduzir o número de complicações associadas ao ofício. Completando a quebra de paradigma de doença puramente biológica e enxergando a complementação de ambiente e indivíduo. Assim, percebe-se que o modelo industrial da Europa do século 18 já não é mais padrão a ser seguido, já que o trabalhador com saúde consegue dar a empresa muito mais retorno financeiro do que um trabalhador adoecido. A política médica se encaixa no padrão da empresa visitada, já que visa agir exercendo um controle sobre a organização do território. Nesse cenário, o médico conseguirá atuar como um grande gestor da saúde, agindo como coordenador e gestor dos processos a serem realizados em prol de uma saúde coletiva melhor e mais voltada para o ser humano, como preconiza a Medicina Social. A empresa Usiminas também se atenta aos hábitos dos trabalhadores fora do local de trabalho, acompanhando-os rotineiramente na questão de ingestão de álcool ou consumo de drogas, evitando assim que o trabalhador coloque em risco sua integridade e da equipe por sintomas causados por efeitos colaterais das substâncias utilizadas em horário de folga. Resultado: Atualmente, apesar de episódios controversos, nota-se que, nos últimos anos, a segurança e a saúde do trabalhador vêm se tornando cada vez mais uma prioridade dentro de grandes empresas, especialmente da área de mineração. A atenção recente para o bem estar do trabalhador é, em grande parte, decorrente dos grandes desastres que ocorreram recentemente, a exemplo do rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, localizada na cidade de Mariana, ocorrido em 2015; e o rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Feijão em 2019, da cidade de Brumadinho, também de Minas Gerias. Nesses casos, não só trabalhadores, mas também a população circunvizinha foi afetada. A responsabilização financeira não e capaz de trazer as vidas de volta, porém força as empresas a se adequarem integralmente às normas de segurança e saúde para que não venham a sofrer perdas financeiras futuras, e isso causa um impacto positivo direto na qualidade de vida tanto dos trabalhadores, quanto da população da área de abrangência da empresa. Nesse contexto temos o grau de risco, que consiste em uma escala numérica que varia de 1 a 4, definida pela Norma Regulamentadora 4 (NR4), que tem o objetivo de medir os riscos as quais trabalhadores de certa empresa estão submetidos. Quanto mais alto o valor, maiores serão as obrigações para com a manutenção da regularidade das leis trabalhistas, normas de segurança e programas saúde do trabalhador. No caso, a Usiminas está no topo da escala, com a pontuação 4 devido a diversos fatores como: trabalho em áreas de topografia irregular, utilização de maquinário pesado, excesso de ruído, trabalho em grades alturas, explosões periódicas (mesmo que controladas), risco de choques elétricos de alta tensão etc. Tais fatores são potencialmente prejudiciais à saúde dos trabalhadores da empresa. Especificamente sobre a questão da saúde, a empresa possui um sistema denominado SISU (Sistema integrado de saúde Usiminas), que é valido para todas as unidades. Dentre os objetivos da criação do sistema destaca-se a integralização da saúde junto à segurança dos funcionários quanto a: assistência social, saúde ocupacional, assistência médico odontológica e prevenção de doenças. Com esse sistema busca-se integrar e racionalizar recursos e serviços, visando sempre a qualidade das ações, bem como garantir as interfaces com outras áreas corporativas, de forma especial com a segurança. O sistema parece ser eficaz no que diz respeito a promoção de saúde, e é tido como referência no quesito. Considerações finais: O encontro com a empresa de mineração possibilitou inúmeros pensamentos reflexivos no que diz respeito à saúde do trabalhador. O controle manual de máquinas que trabalham na iminência de queda de dezenas de metros de altura, o risco de soterramento e de choque fatal mostraram o quão expostos os trabalhadores são em seus afazeres de mineração. Essa exposição ocorre, pois os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) não são capazes de proteger os trabalhadores de riscos tão mortais. Pelo que foi possível observar, a equipe médica da empresa parece bem grande e preparada. Entretanto, medidas de tratamento possuem efeito mínimo sobre acidentes com risco tão alto de morte, o que significa que a medida mais eficiente para que se reduza a taxa de mortalidade é a prevenção. Em relação a isso, a mineradora visitada parece bem preparada. A equipe médica não só se mostra apta a realizar atendimentos de urgência, como também parece combater situações de saúde que favoreçam acidentes, como diabetes, que pode causar desmaio por hipoglicemia; e problemas de visão que afetam a sensação de profundidade. Portanto, pode-se concluir que, ao minimizar as chances de acidente e estar preparada para receber uma emergência, a equipe médica do local faz muito bem seu papel para preservar a saúde do trabalhador.

8173 O NÚCLEO AMPLIADO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO BÁSICA EM PETRÓPOLIS: HISTÓRICO DE CONSOLIDAÇÃO
luana nunes silva, carlos Alberto Pereira da Silva, Maria Zenith Nunes Carvalho

O NÚCLEO AMPLIADO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO BÁSICA EM PETRÓPOLIS: HISTÓRICO DE CONSOLIDAÇÃO

Autores: luana nunes silva, carlos Alberto Pereira da Silva, Maria Zenith Nunes Carvalho

Apresentação: A Atenção Primária a Saúde (APS) em Petrópolis atende a um total de 231.215 pessoas (61, 39% da população). Destas 110.983 (48, 53%) são cobertas pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), com 45 equipes atuantes. Petrópolis apresenta sete Regiões de Saúde, três delas são contempladas por equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF AB). Atualmente o município conta com duas equipes de NASF AB compostas por Assistente Social, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Educador Físico, Nutricionista e Psicólogo. Essa equipe multiprofissional não apenas atua no matriciamento das equipes de APS e Unidades Básicas de Saúde (UBS) com ou sem ESF. Também trabalham em conjunto com os profissionais, identificando demandas, compartilhando o cuidado, prevenindo agravos, realizando ações de promoção em saúde, identificando situações de risco e vulnerabilidade e atuando para retirar as famílias ou o usuário dessas situações. Todas essas ações são realizadas em conjunto com as equipes de APS com e sem ESF. O NASF AB não atua enquanto ambulatório. Atua numa lógica de atenção à saúde ampliada, visando a identificação das necessidades do território, suas demandas, assim como as necessidades e demandas das unidades de saúde em que está presente. Assim como atuamos com a saúde dos trabalhadores, visando o acolhimento desses profissionais quando preciso. O NASF AB em Petrópolis é recente, sua implantação data de 2018. Mas temos observado experiências exitosas ao longo dessa pequena caminhada. A seguir mostraremos alguns resultados do nosso trabalho, a partir de dados retirados do e- SUS (sistema de informação do Governo Federal) Nesse período de atuação foram identificados no e-SUS 4.964 registros de atendimentos, dentre os quais, 3.662 foram atendimentos individuais ou compartilhados com o médico ou enfermeiro da equipe de APS. Realizamos 1.247 atendimentos domiciliares, geralmente em situações em que o usuário não apresenta condições de se locomover e 52 atendimentos em outros locais (escolas, unidades prisionais, rua etc.). Também foram realizadas 5382 atividades coletivas que se dividiram em participações em reuniões de equipe – visando principalmente o apoio matricial -, grupos de promoção de prevenção em saúde – que incluem atividades físicas, alimentação saudável, grupos de escuta. Além dos trabalhos nas escolas junto ao Programa Saúde na Escola, em que são discutidos diversos temas, a depender das necessidades da escola e das demandas dos alunos. Esse espaço é essencial para identificarmos situações de vulnerabilidade e/ou risco, por exemplo. Além dessas ações, o NASF AB esteve presente no acolhimento as vítimas dos desastres naturais ocorridos em 2019 e 2020. Nos fizemos presentes visitando cada casa afetada, acolhendo as famílias, ouvindo suas necessidades, acionando os demais serviços de apoio, quando se fez necessário (defesa civil, Assistência Social) e trabalhamos juntos com essa rede intersetorial para a garantia do cuidado e dos direitos dessa população afetada. O trabalho intersetorial é de suma importância para o NASF AB, pois nenhum serviço atua de forma integral sozinho. Dessa forma buscamos construir laços com instituições importantes, que possam garantir ou ajudar a garantir o direito do usuário. O NASF AB auxilia nessa comunicação com a rede. Atualmente temos contato direto com serviços como o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), com o Centro de Referência Especializado de assistência Social (CREAS), com o Centro de Cidadania, com a Defensoria Pública, com a Associação de Moradores, dentre outros.  Essa construção da rede intersetorial é essencial para desburocratizar o caminho pelo qual o usuário terá que percorrer para conseguir algum direito. A intersetorialidade com a rede Assistencial se torna ainda mais importante quando vemos, a partir dos dados do e-SUS que 727 atendimentos foram classificados com algum tipo de vulnerabilidade social ou risco. Nesse sentido o NASF AB também realiza ações coletivas visando a prevenção da violência contra a mulher, violência contra o idoso, violência contra a criança, contra o público LGBT+, dentre outros. Além de trabalhar com as equipes essas questões. Outra demanda importante que acompanhamos nas unidades de APS com ou sem ESF são os casos de saúde mental graves ou considerados moderados. Por isso trabalhamos em conjunto com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que está conosco nos casos mais graves. Nos casos consideramos moderados, o NASF AB tem realizado grupos de saúde mental, realizada pelos Psicólogos do Núcleo. Cabe ainda salientar que o NASF AB trabalha em equipe, buscando o entrosamento com as equipes da APS com ou sem ESF. Visando a resolutividade dos casos mais graves a partir do compartilhamento de saberes e práticas. Em casos específicos usamos o Projeto Terapêutico Singular, onde organizamos o caso a ser discutido e buscamos caminhos para cuidar do usuário ou da família que necessita de Projeto Terapêutico. Cada profissional se responsabiliza por uma tarefa nesse projeto, mas todos atuam juntos em prol do usuário ou da família. Identificar as potencialidades do território, construir com as equipes de APS com ou sem ESF meios de otimizar o processo de trabalho, atuar junto com as equipes nos casos mais complexos, ouvir os profissionais quando estes necessitarem. Trabalhar o vínculo, a responsabilização, a escuta, o acolhimento, o estranhamento de questões que parecem ser normais, mas não são. Essas são questões que também fazem parte do nosso trabalho. Como podemos perceber o NASF-AB tem a potencialidade de articular toda uma rede territorial em prol do usuário. Isso porque seguimos a lógica do cuidado ampliado, buscamos cotidianamente olhar o usuário em sua integralidade. Ouvir, tentar ao máximo compreender, para juntos, intervir. Uma das partes mais importantes do nosso trabalho é lembrar aos profissionais da APS sobre essas questões cotidianamente. Cabe destacar que o NASF AB se consolidou nas unidades onde atua. Criou vínculo com os usuários e profissionais e tem estabelecido um trabalho de rede intersetorial importante nos territórios. O trabalho a partir do acolhimento, do vínculo e, principalmente do olhar ampliado sobre o usuário e as possibilidades de cuidado que o NASF AB pode oferecer tem sido um diferencial. Pois para além do atendimento ao usuário, buscamos construir novas formas de cuidado em conjunto com as equipes de APS com e sem ESF.  

8224 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DO DEBATE SOBRE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NAS COMUNIDADES RURAIS DE ITACOATIARA (AM).
Francileny Rodrigues

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DO DEBATE SOBRE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NAS COMUNIDADES RURAIS DE ITACOATIARA (AM).

Autores: Francileny Rodrigues

Apresentação: O Programa Saúde na Escola (PSE) já ocorre há dois anos e possui extrema importância nos debates nas escolas das comunidades da zona rural na estrada AM 010 de Itacoatiara (AM). Com intuito de diminuir casos de gravidez na adolescência, a equipe multiprofissional da UBS Maria da Paz Litaiff se descola para as comunidades rurais e realiza ações nas escolas com promoção de Educação em Saúde, Vacinação, Atendimento Médico e de Enfermagem, objetivando proporcionar cuidado continuado aos alunos das comunidades. Objetivo: Proporcionar através do PSE debate sobre saúde sexual e reprodutiva para os alunos e profissionais das escolas municipais da zona rural. Desenvolvimento: O programa atende alunos e profissionais das escolas municipais da zona rural de Itacoatiara, tendo como principal base a promoção da saúde inclusa nas atividades escolares. Para minimizar casos de gravidez precoce, pensou-se em levar educação em saúde com temas sobre saúde sexual e reprodutiva para que através do conhecimento, adolescentes na faixa de 12 a 17 anos obtivessem entendimentos sobre gravidez na adolescência, ISTs, contraceptivos e abuso sexual. Esses temas são discorridos na presença dos professores e dos gestores. Resultado: O acompanhamento multiprofissional dos alunos nas comunidades resultou com a diminuição de 80% de adolescentes grávidas durante a avaliação trimestral nas comunidades da zona rural da estrada AM 010. Além de aumentar em cerca de 90% o número de adolescentes pela procura nos serviços de atendimento médico, de enfermagem, social e psicológico na unidade. Considerações finais: O Programa Saúde na Escola nas comunidades rurais proporcionou uma aproximação relevante da atenção básica com a escola e proporcionou uma redução significativa dos casos de gravidez na adolescência. As orientações nas escolas possibilitaram debates para aprendizado sobre gravidez na adolescência, prevenção de ISTs, métodos contraceptivos, abuso sexual. A motivação sobre o assunto tanto para os alunos quanto para os profissionais da escola foram de grande interesse e de assimilação para diminuir as ocorrências de evasão escolar e de adolescentes grávidas das escolas.

8450 PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE BRUSQUE: UM OLHAR SINGULAR
Mayara Alessandra Schmitz, Camila Thaís de Andrade, Stella Maris Brum Lopes

PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE BRUSQUE: UM OLHAR SINGULAR

Autores: Mayara Alessandra Schmitz, Camila Thaís de Andrade, Stella Maris Brum Lopes

Apresentação: Esse relato é fruto da vivência de residentes de uma Residência Multiprofissional em Saúde da Família/Atenção Básica sobre um projeto de intervenção que resultou em uma exposição com dados qualitativos obtidos através do processo de territorialização. O objetivo foi ampliar o olhar dos usuários sobre o território e dos profissionais de saúde da equipe Estratégia de Saúde da Família sobre o processo de territorialização. A territorialização é o ponto de partida para o processo de planejamento da vigilância à saúde no trabalho das equipes de ESF. A intenção do processo de territorialização é permitir que as prioridades sejam definidas de acordo com as necessidades da população, refletindo-se no estabelecimento de ações mais adequadas e, portanto, mais resolutivas. A territorialização no município de vivência é realizada através de um trabalho conjunto dos residentes com as equipes ESF. Dados quantitativos são obtidos através de informações sociodemográficos e epidemiológicos referentes à população do território e dados qualitativos são coletados por entrevistas na comunidade, para conhecer os afetos e desafetos das pessoas que vivem no território, e com pessoas que residem há muito tempo no território e possam contar sobre a história e mudanças que ocorreram no local. Outra medida para obter os dados qualitativos é a fotoetnografia, que utiliza a fotografia como forma de análise social. A primeira etapa do processo contou com a construção e organização da exposição, junto a uma comissão organizadora. Já a segunda etapa visou explorar e discutir os desdobramentos, como participação, interação e olhar dos usuários para o território, a partir da exposição.

8567 DIAGNÓSTICO DAS DOAÇÕES EXTERNAS DE LEITE HUMANO REFERENTE A SUA QUALIDADE.
Gabriela Crysthyna Ferreira Silva, Beatriz Santos Medeiros

DIAGNÓSTICO DAS DOAÇÕES EXTERNAS DE LEITE HUMANO REFERENTE A SUA QUALIDADE.

Autores: Gabriela Crysthyna Ferreira Silva, Beatriz Santos Medeiros

Apresentação: As necessidades de micronutrientes como cálcio e fósforo para os recém nascidos são elevadas devido ao rápido processo de crescimento corporal dos bebes. Durante a 28ª à 40ª semana de gestação, a presença do cálcio é quadruplica devido ao aumento da mineralização óssea, sendo assim, em geral os recém nascidos prematuros perdem este período de mineralização. Resultante da sua própria composição, o leite humano (LH) possui uma acidez original, onde as proteínas do soro do leite e os sais minerais são os principais responsáveis por essa propriedade química. A acidez do LH também pode ser classificada como desenvolvida, devido ao fato de ser decorrente do processo de fermentação realizado pela microbiota presente no LH, transformando moléculas de lactose em ácido lático aumentando de forma significativa a acidez do leite. Esse processo de metabolização da lactose também reduz a biodisponibilidade de cálcio e fósforo, ou seja, quanto maior a quantidade de ácido lático presente no LH, menor é a biodisponibilidade desses nutrientes prejudicando a sua qualidade. De acordo com a Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno, o banco de leite humano (BLH) tem como dever garantir a Segurança Alimentar e Nutricional, fornecendo leite humano seguro e de qualidade para crianças em situação de risco e vulnerabilidade social. Objetivo: Identificar a técnica de retirada e armazenamento do leite humano das doadoras externas do banco de leite do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros. Método: Trata-se de um Relato de experiência, de caráter qualitativo, desenvolvido durante o estágio pratico de saúde pública do curso de nutrição, realizado no Banco de Leite Humano Maria José Guardia Mattar do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros (HMLMB), localizado no Município de São Paulo. A pesquisa foi desenvolvida em outubro e novembro de 2019. Foram selecionadas 14 doadoras externas com idades entre 23 e 49 anos, representando uma amostra de 41,2% do total de doadoras que realizaram doações de leite humano durante esse período. O critério de seleção foi de acordo com a análise dos valores de acidez titular do leite. Os leites das doadoras que apresentaram acidez mais elevada foram os selecionados para investigação. A coleta de dados foi realizada através de um questionário estruturado contendo 12 perguntas relacionadas a manipulação e higienização durante a retirada e armazenamento do leite. O questionário foi aplicado através de ligações telefônicas realizadas diretamente para as doadoras, com o objetivo de identificar os possíveis fatores associados à elevação da acidez do LHO prejudicando qualidade do mesmo. Após a coleta e análise dos dados, foi elaborado um folder educativo para ser entregue a todas doadoras, contendo informações sobre a adequada higienização pessoal antes de iniciar a retirada do LH, a forma correta de armazená-lo e como deve ser a higienização das bombinhas e frascos utilizados durante a ordenha Resultado: A ordenha do leite humano deve ser conduzida com rigor higiênico sanitário para garantir as qualidades imunobiológicas e nutricionais do produto. Durante a pesquisa, todas as doadoras informaram utilizar bombas elétricas ou manuais para retirada do leite, porém, no processo de higienização do equipamento, apenas 21% delas realizavam corretamente a etapa de esterilização. Quando focamos na qualidade do leite relacionada aos aspectos microbiológicos, os cuidados com a higiene pessoal são fundamentais. A respeito da paramentação necessária para retirada do leite, o banco de leite do HMLMB, tem como norma a utilização obrigatória de máscara e touca durante a coleta domiciliar, no entendo, aproximadamente 72% das doadoras não utilizava touca ou máscara durante a ordenha, aumentando o risco de gerar fatores que levam a não conformidades do produto. Grande parte Das doadoras alegavam apenas prender o cabelo, pois a bombinha ficava bem posicionada no peito não tendo risco de cair cabelo dentro do recipiente, porém, nas análises realizadas foi identificado frascos de leite com a presença de fios de cabelo. O crescimento microbiano depende de diversos fatores, dentre eles pode-se destacar a temperatura e tempo sob qual o leite humano ordenhado cru é mantido antes do seu processamento. Quando as doadoras foram questionadas sobre o tempo que levavam para armazenar o leite, 86% informou armazenar imediatamente após a ordenha, o restante levava em média 5 minutos. Todas as doadoras armazenavam o leite no freezer, porém, apenas 21% armazenavam de formar correta, colocando o frasco no fundo do freezer evitando fontes de calor e variações de temperatura. Outro fator importante é local onde a ordenha do leite é realizada. Apenas uma doadora relatou fazer a retirada do leite no local de trabalho, as demais doadoras realizavam a ordenha em suas casas. Dentre as quatorze doadoras oito contém animais domésticos, sendo que, três delas informaram que os animais estão presente no ambiente na hora que ordenha é realizada. Para que o ambiente não traga risco à qualidade microbiológica do leite ordenhado, é necessário evitar retirar o leite em locais onde se encontram animais domésticos. Para fornecer um leite de qualidade para os bebes de risco internados, o BLH realiza a determinação da acidez titulável pelo método Dornic. Quando a acidez se apresenta maior ou igual a 6°D desclassifica o leite para o consumo desses bebes, pois o produto apresenta baixa biodisponibilidade de cálcio e fósforo, além de perde suas características imunológicas essenciais para o desenvolvimento adequado dos bebes. Foram analisados 21 dias dos leites pasteurizados e sua respectiva acidez. Do total analisado quatro doadoras apresentaram leites com acidez igual ou superior a 6°D em determinados dias, sendo que, em alguns frascos constava a presença de insetos (formiga), fio de cabelo e alterações no odor, impossibilitando a utilização desses leites. Das quatro doadoras que geraram não conformidades no produto, cada uma delas apresentou mais de um fator causal da desqualificação do leite para consumo Através da análise do questionário de todas doadoras, foi possível determinar os fatores relacionados a elevação da acidez do leite humano ordenhado cru. Das quatorze doadoras onze não esterilizavam as bombinhas de forma adequada; dez não utilizavam touca e máscara na hora da coleta do leite e quatro doadoras armazenavam o leite de maneira inadequada no freezer, possibilitava que o produto sofresse variação de calor. Considerações finais: A fim de corrigir os fatores que elevam acidez do leite, é importante que os funcionários do BLH periodicamente reforcem informações sobre a manipulação domiciliar do LH, sendo necessário perguntar se o tamanho do frasco está cabendo de forma adequada dentro do freezer, para que, o produto seja armazenado adequadamente; se a doadora precisa de máscara ou touca e se a mesma está tendo alguma dificuldade ou contem alguma duvidada sobre a retirada ou armazenamento do leite. Também é necessário que as doadoras sejam reorientadas sobre como deve ser realizado o processo de higienização e esterilização das bombas. Essas informações podem ser ofertadas no momento que é realizado a coleta domiciliar. Em suma, para garantir a segurança alimentar e nutricional através do fornecimento de leites de qualidade, é imprescindível que as doadoras entendam a importância de manipular de forma adequada o leite ordenhado, sendo função do banco de leite fornece essas informações sempre que possível. 

8850 QUEBRANDO A CADEIA DE TRANSMISSÃO DO SARAMPO NO MUNICÍPIO DE PARINTINS (AM): UM TRABALHO INTEGRADO NA PRODUÇÃO DO CUIDADO
Elaine Pires Soares, Tatiana Rodrigues Vieira, Arlindo Pires Machado, Clerton Rodrigues Florencio

QUEBRANDO A CADEIA DE TRANSMISSÃO DO SARAMPO NO MUNICÍPIO DE PARINTINS (AM): UM TRABALHO INTEGRADO NA PRODUÇÃO DO CUIDADO

Autores: Elaine Pires Soares, Tatiana Rodrigues Vieira, Arlindo Pires Machado, Clerton Rodrigues Florencio

Apresentação: Trata-se de um relato de experiência sobre a integração da Vigilancia em Saúde com a Atenção Primária em Saúde para o controle do Sarampo no município de Parintins. Desenvolvimento: A metodologia utilizada foi a abordagem qualitativa e o período avaliado compreende os anos de 2018-2019 de notificações de casos de sarampo (confirmados e descartados) e ações realizadas. Resultado: O Sarampo no município de Parintins teve caracterizado sua introdução em abril 2018, após a explosão de casos positivos em Manaus, capital do Estado do Amazonas. As coberturas vacinais em crianças (até 1 ano de idade) nos últimos cinco anos: 2015 (103,5%); 2016 (55,3%); 2017 (93,6%); 2018 (98,8%) e 2019 (100,3%),  demonstram que no ano de 2016 o município não alcançou a cobertura preconizada pelo Ministério da Saúde que é de 95%, deixando um percentual da população susceptível. O município de Parintins está localizado a margem direita do Rio Amazonas, possui uma população de 114.283 mil habitantes, a sede do município é um arquipélago e é referência quanto à rede de serviços de saúde para os municípios da região do Baixo Amazonas, atendendo os demais circunvizinhos, localiza-se em fronteira com o Estado do Pará, aporta mensalmente navios turísticos e diariamente embarcações de grande porte em trânsito para outros municípios, especialmente Manaus, Santarém e Belém. É a “Ilha da Magia”, onde acontece o Festival Folclórico dos Bois Bumbás, Garantido e Caprichoso, que é realizado tradicionalmente no último final de semana do mês de junho, evento conhecido nacional e internacionalmente. Nos meses que antecedem Festival a cidade recebe turistas e no mês de junho a população literalmente quadriplica. Em decorrência destas características, a estimativa de positividade de casos de sarampo realizada pela Fundação de Vigilancia em Saúde (FVS) do Estado ultrapassava mil casos, visto a transmissibilidade viral da doença ser rápida e a alta concentração de pessoas. Desta forma, a situação epidemiológica do município de Parintins, foi monitorada pela Vigilância em Saúde municipal com aporte da SEMSA/Prefeitura Municipal e realizou ações integradas de prevenção e controle, Vigilancia-Assistência-Educação, dentre elas podemos destacar: Construção do Plano Municipal de Contingência do Sarampo; Participação do Treinamento em Tempo Real organizado pela FVS/OPAS; Organização da rede assistencial e qualificação dos profissionais de saúde médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e ACS da rede básica e especializada, incluindo hospitais e DSEI, sobre manejo do Sarampo; Capacitação em Manejo do Sarampo, ministrado pela FVS para todos os profissionais de saúde da SEMSA, SUSAM, DSEI; Implementação dos fluxos internos referente ao atendimento dos casos suspeitos, nos hospitais e Unidades de Saúde; Aquisição de doses adicionais da Vacina Tríplice Viral, junto ao PNI estadual para atender a demanda extra de intensificação vacinal; Disseminação de informações sobre o Sarampo nos meios de comunicação; Educação em saúde nas UBS e comunidade; Implantação do Comitê de enfrentamento do Sarampo no município, composto pelos seguintes órgãos: SEMSA, CVE, HOSPITAIS, CONSELHO TUTELAR e SEMASTH; Atualização de carteira de vacina nas Escolas Municipais e Estaduais; Intensificação de vacinação contra o sarampo nas unidades básicas de saúde, embarcações, rede hoteleira, galpões dos bumbas, tricicleiros, taxistas e moto taxistas e ambulantes, administrando 1.105 doses da vacina Tríplice Viral; Monitoramento de entrada de Venezuelanos nas micro áreas do município em parceria com a Estratégia Saúde da Família, com a atualização do cartão de vacina e condições de saúde, identificando 02 famílias, sendo 01 na zona urbana e 01 na zona rural; Aquisição e distribuição de insumos para o atendimento aos suspeitos de Sarampo para hospitais e Unidades de saúde; Plano de Ação de Vigilância em Saúde Integrado Festival Folclórico de Parintins, com prioridade para o enfretamento do Sarampo; Parceria coma  Fundação de Vigilância em Saúde, no monitoramento de casos suspeitos de Sarampo durante o 53º Festival Folclórico de Parintins; Notificação de todos os casos suspeitos para Sarampo, os quais apresentaram febre, exantema e/ou tosse, coriza e conjuntivite, nas portas de entrada:  Atenção Básica e Hospitais; Isolamento respiratório e/ou social de casos suspeitos de sarampo em domicílio ou hospital e início imediato da investigação e busca ativa de contatos; Realização de 430 doses de Tríplice Viral como Bloqueio vacinal seletivo nos contatos de casos notificados de sarampo, de acordo com a Nota Técnica Nº09/FVS; Acompanhamento de todos os contatos, pelas equipes da Estratégia Saúde da Família, por até 28 dias ou até o descarte do caso; Monitoramento Epidemiológico diário nas unidades de saúde e hospitais; Intensificação Vacinal na Zona Rural do Município – Campanha de Vacina. Essas ações repercutiram positivamente, visto que no município ocorreu a notificação de 121 casos suspeitos da doença, sendo diagnosticado laboratorialmente 62 casos positivos e descartados 59 casos. Considerações finais: Grande parte dos municípios ainda desenvolvem ações de Vigilancia em Saúde de modo centralizado, sem a devida capilaridade para as UBS, o que provoca restrições no efetivo controle de doenças e agravos prioritários e torna distante a possibilidade de operacionalizar o princípio da integralidade da atenção. Esta experiência demonstra que a integração entre a Vigilancia e a APS no desenvolvimento de um processo de trabalho condizente com a necessidades reais, inserindo a equipe ESF, ACS, ACE e gestores de UBS nas ações de promoção da saúde, é condição obrigatória para a construção da integralidade na atenção e para o alcance de resultados positivos.  

8483 DETERMINAÇÃO SOCIAL DO HIV EM HOMENS GAYS
Victor Hugo Oliveira Brito, Adrielly Lima de Sousa, Karoliny Miranda Barata, Nely Dayse Santos da Mata, Tatiana do Socorro dos Santos Calandrini, Camila Rodrigues Barbosa Nemer

DETERMINAÇÃO SOCIAL DO HIV EM HOMENS GAYS

Autores: Victor Hugo Oliveira Brito, Adrielly Lima de Sousa, Karoliny Miranda Barata, Nely Dayse Santos da Mata, Tatiana do Socorro dos Santos Calandrini, Camila Rodrigues Barbosa Nemer

Apresentação: A determinação social discute a abrangência da coletividade e do caráter histórico-social do processo saúde-doença. Assim, a sociedade e suas formas de organização frente à acometimentos influenciam a história natural de doenças, podendo gerar culpa e representações equivocadas. Percebe-se essa determinação em estudos do Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV). Nesses quase 40 anos desde o início da pandemia em 1983, foram elaboradas representações sociais de culpados dessa transmissão, sendo os homens gays um dos grupos taxados como responsáveis. Portanto, o objetivo desta pesquisa é analisar as evidências sobre os aspectos da determinação social do HIV em homens gays nas publicações dos primeiros 15 anos de epidemia. Desenvolvimento: trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura desenvolvida através do método PICo (pesquisa não clínica), formulando-se o seguinte questionamento: “quais aspectos relacionados à determinação social emergem em estudos sobre HIV/AIDS em homens gays?”. A busca foi realizada em junho de 2019 nas bases de dados BVS e PubMed. Os Descritores em Ciências da Saúde e sinônimos utilizados foram HIV, AIDS, “Minorias Sexuais e de Gênero”, homossexuais e gays, assim como os operadores booleanos AND e OR e o truncador $. Os critérios de inclusão foram: artigos completos, disponíveis on-line, em português ou inglês e que abordassem a temática escolhida. O período para corte foi 1983 a 1998. Resultado: A amostragem final da revisão foi composta por 72 artigos. As informações evidenciam que quase metade dos estudos foram publicados no período de 1993-1998 (30 = 41,66%) e a maioria na língua inglesa (68 = 94,44%). Para geração das categorias, foram identificados cinco aspectos da determinação social do HIV em homens gays: 1) comportamento sexual de risco, 2) perfil epidemiológico, 3) assistência dos profissionais de saúde, 4) bissexualidade e 5) saúde mental. Os estudos do início da epidemia mundial do HIV/AIDS mostram-se carregados de preconceito e estigmas quando abordam sobre grupos específicos e transmissibilidade do vírus, evidenciando a precipitação em expor informações sobre a infecção emergente, porém sem a criticidade e discernimento que a pesquisa científica requer. Considerações finais: até hoje perpetua-se a discriminação que norteia tendenciosamente a vinculação do HIV aos homossexuais. É importante ressaltar que o perfil epidemiológico desse vírus tem mudado através dos anos, apontando recentemente um aumento da infecção em heterossexuais. Portanto, faz-se necessário que os estudos lancem foco sobre outras populações e contextos ao pesquisar a AIDS, visto que a transmissão da doença independe da orientação sexual da pessoa.